cap1-legislacao

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Capítulo 1 O setor elétrico brasileiro e a geração termelétrica 1.1 CAPÍTULO 1 O SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO E A GERAÇÃO TERMELÉTRICA Jamil Haddad Fabiano da Rosa Carvalho Alexandre Ramos Peixoto Rodolfo Silva Cabral Gilma dos Passos Rocha 1.1 - INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1 1.2 - O NOVO MODELO ............................................................................................................ 1 1.3 - CARACTERIZAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO ........................................ 7 1.4 - POLÍTICAS ENERGÁTICAS E REGULAMENTAÇÃO DO SETOR ELÉTRICO ...... 13 1.5 - REGULAMENTAÇÃO DO SETOR DE COMBUSTÍVEIS ........................................... 29 1.6 - LEGISLAÇÃO DE REFERÊNCIA .................................................................................. 33 1.1 - INTRODUÇÃO O setor elétrico brasileiro tem sido objeto de forte reestruturação nos últimos sete anos. Neste capítulo tratam-se os aspectos mais relevantes relacionados com esta reestruturação. Inicialmente é apresentado o novo modelo para o setor elétrico brasileiro, identificando-se os principais órgãos, funções e objetivos. Na seqüência realiza-se uma caracterização do setor elétrico, com destaque para o papel da termeletricidade . Por fim são tratados os aspectos regulatórios gerais, incluindo regulamentação do setor de combustíveis e listadas as leis e decretos de maior importância dentro do setor elétrico brasileiro. 1.2 - O NOVO MODELO A partir de 1995, o setor elétrico brasileiro vem sendo profundamente reestruturado, com o objetivo de introduzir a livre competição nos segmentos de geração e de comercialização, assim como possibilitar a inserção de novos agentes na prestação dos serviços de energia elétrica. Como decisão de Governo, conduzida pelo Ministério de Minas e Energia MME, esta adequação teve como objetivos principais: A redução do papel do Estado nas funções do setor tipicamente empresariais; A privatização das empresas existentes e a licitação da expansão, com atração do capital privado; O estabelecimento e fortalecimento institucional dos órgãos reguladores. Em decorrência, procedeu-se legalmente: A instituição da Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL, com a atribuição de regular e fiscalizar os serviços de energia elétrica; A desverticalização das empresas, segmentando as atividades de produção, transmissão, distribuição e comercialização, ver Figura 1.1; A instituição de um modelo comercial competitivo, com a criação do Produtor Independente de Energia, do Consumidor Livre e do Mercado Atacadista de Energia MAE; A garantia do livre acesso às redes de transmissão e de distribuição, com a definição da Rede Básica de Transmissão e criação do Operador Nacional do Sistema Elétrico ONS;

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  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.1

    CAPTULO 1

    O SETOR ELTRICO BRASILEIRO E A GERAO TERMELTRICA

    Jamil Haddad

    Fabiano da Rosa Carvalho

    Alexandre Ramos Peixoto

    Rodolfo Silva Cabral

    Gilma dos Passos Rocha

    1.1 - INTRODUO ................................................................................................................... 1 1.2 - O NOVO MODELO ............................................................................................................ 1 1.3 - CARACTERIZAO DO SETOR ELTRICO BRASILEIRO ........................................ 7

    1.4 - POLTICAS ENERGTICAS E REGULAMENTAO DO SETOR ELTRICO ...... 13

    1.5 - REGULAMENTAO DO SETOR DE COMBUSTVEIS ........................................... 29

    1.6 - LEGISLAO DE REFERNCIA .................................................................................. 33

    1.1 - INTRODUO

    O setor eltrico brasileiro tem sido objeto de forte reestruturao nos ltimos sete anos. Neste

    captulo tratam-se os aspectos mais relevantes relacionados com esta reestruturao. Inicialmente

    apresentado o novo modelo para o setor eltrico brasileiro, identificando-se os principais

    rgos, funes e objetivos. Na seqncia realiza-se uma caracterizao do setor eltrico, com

    destaque para o papel da termeletricidade . Por fim so tratados os aspectos regulatrios gerais,

    incluindo regulamentao do setor de combustveis e listadas as leis e decretos de maior

    importncia dentro do setor eltrico brasileiro.

    1.2 - O NOVO MODELO

    A partir de 1995, o setor eltrico brasileiro vem sendo profundamente reestruturado, com o

    objetivo de introduzir a livre competio nos segmentos de gerao e de comercializao, assim

    como possibilitar a insero de novos agentes na prestao dos servios de energia eltrica.

    Como deciso de Governo, conduzida pelo Ministrio de Minas e Energia MME, esta adequao teve como objetivos principais:

    A reduo do papel do Estado nas funes do setor tipicamente empresariais;

    A privatizao das empresas existentes e a licitao da expanso, com atrao do capital privado;

    O estabelecimento e fortalecimento institucional dos rgos reguladores.

    Em decorrncia, procedeu-se legalmente:

    A instituio da Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL, com a atribuio de regular e fiscalizar os servios de energia eltrica;

    A desverticalizao das empresas, segmentando as atividades de produo, transmisso, distribuio e comercializao, ver Figura 1.1;

    A instituio de um modelo comercial competitivo, com a criao do Produtor Independente de Energia, do Consumidor Livre e do Mercado Atacadista de Energia MAE;

    A garantia do livre acesso s redes de transmisso e de distribuio, com a definio da Rede Bsica de Transmisso e criao do Operador Nacional do Sistema Eltrico ONS;

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.2

    A transio do ambiente regulado para o competitivo, com o estabelecimento dos contratos iniciais.

    Figura 1.1 Atividades dos agentes.

    No segmento de produo de energia eltrica, onde ressalta-se o carter competitivo, o

    modelo implementado abrange trs modalidades de explorao: servio pblico, produo

    independente e autoproduo. A produo independente possibilita a entrada de novos

    investidores com autonomia para realizao de contratos bilaterais de compra e venda, de forma

    competitiva e com flexibilidade para consolidao de suas estratgias neste segmento.

    Os segmentos de transporte de energia eltrica, monoplios naturais, submetem-se de

    maneira mais expressiva regulao, sendo as atividades de transmisso e distribuio exercidas

    com base no faturamento dos servios prestados por meio de tarifas fixadas pela ANEEL. Em

    especial as redes de transmisso, componentes da Rede Bsica de Transmisso, so

    administradas pelo ONS, via contratos de prestao de servios entre este e os detentores dos

    ativos desta natureza.

    A insero de agentes privados nestas atividades possvel nos processos de privatizao

    de ativos e nas concorrncias para a implantao de novos empreendimentos. Na distribuio a

    participao do capital privado j majoritria em funo do processo de desestatizao dos

    ativos ocorrido nas empresas concessionrias de distribuio de energia eltrica (da ordem de

    80%). Na transmisso este processo encontra-se em implementao com a execuo do

    programa de licitaes de linhas de transmisso, em andamento.

    A atividade de comercializao, estabelecida como forma de permitir a intermediao ou a

    venda direta aos consumidores e distribuidores, tem o objetivo de flexibilizar e dar efetividade ao

    mercado competitivo de energia eltrica. Sem os requisitos de deteno de ativos, esta atividade

    pode ser exercida pelos agentes de produo e por aqueles especficos autorizados pela Aneel

    para o exerccio desta atividade, incrementando as opes de escolha e de negociao dos

    consumidores. Neste segmento incluem-se as possibilidades de importao e exportao de

    energia eltrica.

    No mbito do modelo estabelecido, estas atividades so executadas sob a regulao e

    fiscalizao da Aneel, visando garantir a continuidade e qualidade dos servios prestados. A

    operao dos sistemas eltricos tem coordenao e superviso do ONS, enquanto que a parte

    comercial do mercado competitivo esta sob a abrangncia do MAE (Figura 1.2). Outras

    instituies tm papel relevante no modelo do setor eltrico brasileiro, em especial na questo do

    planejamento da expanso e no financiamento desta expanso, sendo estas mesmas e as

    anteriormente citadas descritas nos tpicos a seguir.

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.3

    Figura 1.2 Estrutura institucional do setor eltrico.

    1.2.1 - Ministrio de Minas e Energia MME

    rgo do Poder Executivo, responsvel pela poltica e pelo planejamento governamental,

    tem sob sua atuao assunto ligados a:

    Geologia, recursos minerais;

    Combustveis;

    Energia eltrica.

    Relativamente ao setor eltrico, ao MME compete o estabelecimento das polticas,

    programas governamentais, metas e instrumentos para a consecuo da prestao dos servios

    pblicos de energia eltrica aos consumidores. Tem ainda sob sua responsabilidade a conduo

    do planejamento da expanso dos sistemas, incluindo a gerao de energia eltrica, estabelecido

    de forma indicativa, e as instalaes de transmisso, em carter determinativo, para a consecuo

    dos processos de licitao de concesso ou outorga de autorizao, conduzidos pela ANEEL.

    Este planejamento elaborado por coordenao do CCPE Comit Coordenador do Planejamento da Expanso dos Sistemas Eltricos.

    Outras informaes sobre o MME e detalhamentos das polticas governamentais para o

    setor eltrico brasileiro podem ser obtidas na internet, na pgina www.mme.gov.br.

    1.2.2 - Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL

    Agncia Nacional de Energia Eltrica - ANEEL, foi instituda como autarquia especial,

    vinculada ao Ministrio de Minas e Energia, atravs da Lei no 9.427, de 26 de dezembro de 1996,

    com a finalidade de regular e fiscalizar a produo, transmisso, distribuio e comercializao

    de energia eltrica, de acordo com a legislao e em conformidade com as diretrizes e as

    polticas do governo federal.

    Estrutura Institucional do Setor EltricoEstrutura Institucional do Setor Eltrico

    AGNCIASAGNCIAS

    ESTADUAISESTADUAIS

    MMAMMA

    CONAMACONAMA

    PROCONS PROCONS

    CONSELHOS DE CONSELHOS DE

    CONSUMIDORESCONSUMIDORES

    SDESDE

    CADE CADE -- SEAESEAE

    CONSUMIDORESCONSUMIDORES

    ANEELANEELANPANP

    GG

    MAEMAE ONSONS

    BNDESBNDES P&DP&D

    Regulao e

    Fiscalizao

    Regulao e

    Fiscalizao

    MercadoMercado

    Agentes

    Institucionais

    Agentes

    Institucionais

    TT

    DD

    CC

    MINISTRIO MINISTRIO

    PBLICOPBLICO

    CMARA E SENADOCMARA E SENADO PRESIDNCIAPRESIDNCIA CNPE/MMECNPE/MME CCPE/SEN CCPE/SEN

    MMEMMEPolticasPolticas

    ControleControle TCU MME/CISET

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.4

    A ANEEL orienta a execuo de suas atividades de forma a proporcionar condies

    favorveis para que o desenvolvimento do mercado de energia eltrica ocorra com equilbrio

    entre os agentes e em benefcio da sociedade, tendo como principais competncias:

    Garantir a modicidade tarifria;

    Zelar pela qualidade do servio prestado;

    Arbitrar conflitos de interesses;

    Fiscalizar de forma ampla;

    Defender o interesse pblico;

    Alm das atribuies anteriores foi delegada a ANEEL o papel de Poder Concedente,

    atribuindo a ela a responsabilidade pela conduo das outorgas de concesso, autorizao e

    permisso para explorao dos servios de energia eltrica. Alm do conjunto das normas que

    abrangem o setor de energia eltrica brasileiro, outras informaes podem ser encontradas na

    Internet, na pgina www.aneel.gov.br.

    1.2.3 - Operador Nacional do Sistema ONS

    O Operador Nacional do Sistema Eltrico uma entidade privada, criada em 26 de agosto

    de 1998, responsvel pela coordenao e controle da operao das instalaes de gerao e

    transmisso de energia eltrica nos sistemas interligados brasileiros.

    O ONS uma associao civil, cujos integrantes so as empresas de gerao, transmisso,

    distribuio, importadores e exportadores de energia eltrica, e consumidores livres, tendo o

    Ministrio de Minas e Energia como membro participante, com poder de veto em questes que

    conflitem com as diretrizes e polticas governamentais para o setor. Tambm tomam parte nessa

    associao os Conselhos de Consumidores.

    O ONS foi criado pela Lei n 9.648, de 27 de maio de 1998, regulamentado pelo Decreto n

    2.655, de 2 de julho de 1998, e teve seu funcionamento autorizado pela Resoluo ANEEL

    n 351, de 11 de novembro de 1998. A Resoluo Aneel n 25 de 10 de fevereiro de 1999

    aprovou, em carter provisrio, o Manual de Procedimentos da Operao do ONS.

    misso do ONS executar as atividades de coordenao e controle da operao da gerao

    e da transmisso de energia eltrica nos sistemas interligados, assegurando a qualidade e a

    economicidade do suprimento de energia eltrica e garantindo o livre acesso rede bsica. So

    atribuies do ONS:

    Planejamento e programao da operao e despacho centralizado da gerao, com vistas a otimizao dos sistemas eletroenergticos interligados;

    Superviso e coordenao dos centros de operao dos sistemas eltricos;

    Superviso e controle da operao dos sistemas eletroenergticos nacionais e das interligaes internacionais;

    Contratao e administrao dos servios de transmisso de energia eltrica e respectivas condies de acesso, bem como dos servios ancilares;

    Elaborao, e envio ANEEL, da proposta anual de ampliaes e reforos das instalaes da rede bsica de transmisso, aps compatibilizada e validada pelo Ministrio de Minas e

    Energia, responsvel pelo planejamento do setor eltrico;

    Definio de regras para a operao da rede bsica de transmisso, a serem aprovadas pela ANEEL.

    A Lei n 9.648, de 27 de maio de 1998, estabelecia um prazo at 26 de maio de 1999 para

    a transferncia ao ONS das funes de coordenao da operao executadas pelo Grupo

    Coordenador para Operao Interligada - GCOI, e pelo Comit Coordenador da Operao

    Norte/Nordeste - CCON.

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.5

    A transferncia foi efetivada em primeiro de maro de 1999, tendo o ONS assumido as

    funes de superviso e controle da operao, envolvendo a pr-operao, a operao em tempo

    real e a ps-operao. Nessa data, foram transferidos para o ONS o Centro Nacional de Operao

    dos Sistemas CNOS e os centros de operao das supridoras regionais do Sistema Eletrobrs. No site do ONS (www.ons.org.br) podem ser encontradas informaes sobre a produo

    de energia, intercmbio entre regies, balano dirio, demandas mximas, gerao no horrio de

    ponta, situao hidrolgica dos principais reservatrios e principais ocorrncias.

    1.2.4 - Mercado Atacadista de Energia MAE

    O Mercado Atacadista de Energia - MAE o ambiente onde se processa a contabilizao

    de toda a energia eltrica produzida e consumida no Brasil. No MAE se realiza, portanto, a

    compra, venda e liquidao das necessidades de energia eltrica de curto prazo, no coberto por

    contratos bilaterais (Figura 1.3).

    Figura 1.3 Ambiente fsico e comercial relativo ao setor eltrico brasileiro

    A Lei n 9.648, de 27 de maio de 1998, regulamentada pelo Decreto n 2.655, de 2 de julho

    de 1998, criou o Mercado Atacadista de Energia Eltrica MAE. Aps amplas discusses no mbito do Projeto RESEB (Reestruturao do Setor Eltrico Brasileiro), a ANEEL tomou a

    deciso de anexar o Documento Bsico para o Estabelecimento das Regras do MAE ao Acordo de Mercado. Foi tambm deciso do Poder Concedente no impor unilateralmente as regras para funcionamento desse mercado, transferindo aos agentes integrantes do mercado

    atacadista a elaborao das mesmas, segundo as orientaes do Documento Bsico e submet-las posteriormente homologao da ANEEL.

    O MAE regulado por um contrato multilateral chamado Acordo de Mercado, assinado

    em agosto de 1998. Este contrato estabelece, entre outros pontos, as diretrizes de funcionamento;

    as obrigaes e direitos de seus membros; as condies de adeso; as garantias financeiras e as

    competncias da Assemblia Geral, do Comit Executivo COEX e da Administradora de Servios do MAE ASMAE.

    O Comit Executivo COEX a primeira instncia decisria, formado por 26 conselheiros com direito a voto, sendo13 representantes dos agentes da categoria consumo e 13 da categoria

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.6

    produo, dois conselheiros sem direito a voto, os presidentes do ONS e da ASMAE, e

    observadores convidados (indicados pelo Ministrio de Minas e Energia - MME, Banco

    Nacional de Desenvolvimento Econmico BNDES e membros dos Conselhos de Consumidores).

    A clusula 10 do Acordo de Mercado define que so membros obrigatrios do MAE:

    Gerador que possua instalao com capacidade igual ou maior a 50 MW;

    Comercializador de energia eltrica com mercado igual ou superior a 300 GWh/ano;

    Importador ou exportador com capacidade igual ou maior a 50 MW.

    Podem participar do MAE os demais agentes de gerao, comercializao e

    importao/exportao, que no se enquadrem nos casos acima, e tambm os consumidores

    livres. Para tanto, basta manifestar o interesse, junto a ASMAE, e assinar um contrato de adeso,

    onde esto explicitados os direitos e deveres.

    A ASMAE uma sociedade civil de direito privado, criada e mantida pelos agentes do

    MAE. Seu objetivo operar o mercado e prover todo o suporte administrativo, jurdico e,

    eventualmente, tcnico, para que o ambiente do MAE possa funcionar adequadamente. O quadro

    de pessoal da ASMAE definido e aprovado pelo COEX.

    So atribuies da ASMAE:

    Operar e administrar o mercado de energia eltrica de curto prazo;

    Implantar e monitorar as Regras de Mercado, a serem homologadas pela Aneel;

    Definir os Procedimentos de Mercado, a serem aprovados pelo COEX;

    Registrar os agentes e os contratos bilaterais;

    Estabelecer o preo da energia do MAE;

    Administrar o Sistema de Contabilizao e Liquidao de Energia SINERCOM;

    Disponibilizar informaes e atendimento aos agentes: Central de Atendimento, site da ASMAE e Sistema de Contabilizao.

    O MAE que j vinha operando com regras provisrias, passou a faz-lo com as definitivas

    a partir do dia 3 de agosto de 2000, quando as Regras de Mercado foram homologadas pela

    ANEEL atravs da Resoluo n 290/2000, onde tambm so fixadas as diretrizes para sua

    implantao gradual. Alm dos procedimentos e metodologia para definio do preo da energia

    eltrica, as regras propostas contemplam aspectos como: proviso de dados, medio, encargo de

    capacidade, encargos de servios do sistema, penalidades e procedimentos para contabilizao e

    liquidao da compra e venda de energia de curto prazo.

    A implantao do MAE est ocorrendo em etapas, em funo da necessidade de

    implantao e adequao do sistema de medio e do desenvolvimento de modelos

    computacionais que iro determinar os preos. A ltima etapa deveria estar concluda no final do

    ano 2001, quando os preos de energia seriam estabelecidos a cada meia hora.

    Em abril de 2001, a ANEEL, atravs das Resolues 160, 161 e 162, interveio no MAE

    determinando trs mudanas na estrutura e no funcionamento do mercado de energia. O COEX

    (Comit Executivo do MAE) foi extinto, sendo substitudo pelo COMAE (Conselho do Mercado

    Atacadista de Energia). O novo conselho formado por seis profissionais que no podem ter

    vnculos com os agentes do mercado, pelo menos nos ltimos quatro meses, e estaro sujeitos a

    uma quarentena aps deixarem a instituio. O COEX formado apenas por membros do

    mercado. O ONS e a ASMAE passam a ter um representante no conselho, sem direito a voto. O

    COMAE tambm ter dois representantes indicados pelos consumidores, dois pelos produtores e

    dois pela ANEEL. A agncia tambm definiu garantias e penalidades para a comercializao de

    energia no MAE. As penalidades aplicadas sero de R$ 100 mil, chegando a 10 % da receita da

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.7

    empresa. Na terceira resoluo a ASMAE, que era um rgo independente, passa a ser regulada

    pela ANEEL e sujeita a sua fiscalizao. Segundo a ANEEL, estas resolues tm como objetivo

    aumentar a agilidade das negociaes no mercado de energia, garantir a competio, estimular os

    investimentos na expanso da oferta e em defesa do interesse pblico.

    Outras informaes sobre as Regras de Mercado e os procedimentos do MAE podem ser

    obtidas no CD-ROM ou na pgina da ASMAE www.asmae.com.br

    A CMARA DE GESTO DA CRISE DE ENERGIA ELTRICA GCE, atravs da Resoluo n

    o 95, de 10 de janeiro de 2002, aprovou a divulgao das propostas integrantes do

    Relatrio de Progresso no 1, elaborado pelo Comit de Revitalizao do Modelo do Setor

    Eltrico. Solicitou ainda deste Comit o detalhamento das propostas, devendo apresentar, at 22

    de janeiro de 2002, o Relatrio de Progresso no 2 ao Ncleo Executivo da Cmara de Gesto da

    Crise de Energia Eltrica - GCE. As mudanas prevem, entre outros pontos, novas regras para

    formao de preo da energia, para o funcionamento das usinas, a eliminao de subsdios

    cruzados e a concesso de subsdios para o transporte de gs pelo gasoduto Brasil-Bolvia. Entre

    as medidas anunciadas est a deciso de o preo da energia produzida pelas geradoras estatais

    continuar sendo regulado pelo governo. A chamada "energia velha" no ser mais objeto da

    liberalizao do mercado prevista para janeiro de 2003. Tambm est prevista a extino do

    Mercado Atacadista de Energia (MAE), que dar lugar ao Mercado Brasileiro de Energia

    (MBE), regulado pela Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL). Algumas medidas so de

    implantao imediata, a maior parte delas, entretanto, ainda ser submetida consulta pblica.

    1.3 - CARACTERIZAO DO SETOR ELTRICO BRASILEIRO

    O sistema eltrico brasileiro apresenta como peculiaridade grandes extenses de linhas de

    transmisso e um parque gerador predominantemente hidreltrico. O mercado consumidor

    (aproximadamente 43 milhes de unidades consumidoras) concentra-se nas regies mais

    desenvolvidas, existindo uma reas esparsas na Regies Norte e parte do Centro-oeste, quando o

    atendimento com sistemas isolados, empregando-se pequenas plantas de gerao, na maioria

    termeltricas a leo diesel (Figura 1.4).

    Figura 1.4 Participao das regies no Brasil 1999.

    Ao longo das ltimas duas dcadas, o consumo de energia eltrica apresentou ndices de

    expanso bem superiores ao Produto Interno Bruto - PIB, fruto do crescimento populacional nas

    zonas urbanas, do esforo de universalizao da oferta e da modernizao da economia.

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.8

    A dcada de 90 apresenta dois perodos distintos, pr e ps Plano Real. O Plano Real

    obteve, alm do controle do processo inflacionrio, a reverso das expectativas de inflao que

    ao lado da abertura da economia, criaram condies para a retomada do crescimento. Evidncia

    disso, so os indicadores do perodo 1994/1997 que apresentam um crescimento mdio anual do

    consumo de energia eltrica de 5,5 % contra um crescimento de 3,3 % de 1990/1994. Em 1998, a

    atividade econmica do pas comeou a refletir as medidas de ajuste econmico adotadas pelo

    governo para enfrentar a conjuntura internacional, impactando o desempenho do mercado de

    energia eltrica que apresentou taxas de crescimento de 4,1 % e 2,2 % em 1998 e 1999,

    respectivamente.

    A retomada do crescimento econmico, e por conseguinte do aumento do consumo de

    energia eltrica, levou a necessidades de expanso da capacidade geradora da ordem de 3.500

    MW por ano no quinqunio 2000/2004, o que significa investimentos de 2,5 bilhes de dlares

    anuais. As classes de consumo residencial, comercial e rural obtiveram expressivos ganhos de

    participao, enquanto o segmento industrial teve participao menor neste crescimento,

    principalmente pela utilizao de tecnologias mais eficientes no uso final da eletricidade, aliada

    s medidas de racionalizao de consumo postas em prtica especialmente na dcada de 1990.

    Contudo, no ano de 2001, condio hidrolgica significativamente desfavorvel aliada a

    sucessivos anos em que o crescimento da demanda no era acompanhado pelo da oferta, resultou

    em situao de racionamento energtico superado com redues no consumo da ordem de 20 %.

    Como resultado imediato voltou-se a ter demanda equivalente a observada em 1995, com

    recuperaes aps o trmino do racionamento. De qualquer forma os investimentos privados no

    setor, a busca da universalizao dos servios e o crescimento histrico indicam que o consumo

    de energia eltrica deve expandir-se, nos prximos anos, a uma taxa mdia anual de 3,5 %, sendo

    7 % na classe residencial, 6 % na comercial e 2,5 % na industrial.

    O segmento de distribuio, incorporando a comercializao direta com os consumidores

    finais (cativos) feito atravs de 64 concessionrias de servios pblicos, abrangendo toda a

    extenso territorial do pas. Cerca de 80 % deste segmento encontra-se sob a administrao

    privada de grupos nacionais e conglomerados estrangeiros, como os americanos e espanhis.

    A atividades de transporte de energia eltrica, envolvendo as redes de transmisso e

    distribuio, tm carter de monoplio natural regulado, sendo garantido o livre acesso s

    mesmas, contra o pagamento dos encargos decorrentes.

    O sistema de transmisso apresentado na Figura 1.5, com mais de 170.000 km de extenso,

    desenvolvido por 15 empresas desta natureza, sendo na sua maioria de controle dos governos

    federal e estaduais , no estando previsto a curto prazo a privatizao destes ativos. O ingresso

    de capital privado neste setor exercitado atravs da concesso para os novos empreendimentos,

    objetos de processo de concorrncia, via licitao.

    A operao e superviso do sistema de transmisso de responsabilidade do ONS, a quem

    compete tambm a administrao do acesso e uso das instalaes pelos usurios interessados.

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.9

    Figura 1.6 Sistema de transmisso brasileiro.

    1.3.1 - Investimentos no setor eltrico brasileiro

    Os investimentos realizados nos ltimos anos, da ordem de 4,5 a 5,0 bilhes de dlares ao

    ano, dos quais cerca de 50 % , forma destinados a gerao, no tm sido suficientes para garantir

    acrscimos anuais em torno de 3.500 MW capacidade instalada de gerao, potncia necessria

    para atender ao crescimento verificado da demanda.

    Para o futuro, algumas alteraes devem ocorrer na estrutura dos investimentos em

    energia, incluindo a instalao de trmicas a gs natural, que exigem investimentos menores que

    as hidroeltricas, visando uma reduo relativa nos investimentos em gerao. De outro lado,

    devero ser fortalecidas as interligaes eltricas com a Argentina e do Sul com o Norte do

    Brasil, o que passar a exigir maiores investimentos em transmisso.

    Assim, as principais oportunidades de negcios do Setor Eltrico Brasileiro esto ligadas,

    sobretudo, oferta de novos empreendimentos de gerao para explorao pela iniciativa privada

    e construo de sistemas de transmisso, bem como, privatizao de ativos de sistemas de

    distribuio e de gerao. Cabe acrescentar neste conjunto as grandes oportunidades de negcios

    decorrentes da necessidade de atendimento s comunidades isoladas e ao meio rural,

    representadas pela instalao de sistemas energticos descentralizados, utilizando fontes de

    energia locais renovveis, complementando a eletrificao rural convencional.

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.10

    1.3.2 - Gerao de energia eltrica oportunidades de negcios

    O segmento de gerao de energia eltrica constitui, no modelo estabelecido para o setor

    eltrico brasileiro, atividade de carter competitivo, sendo o seu exerccio e a colocao da

    energia produzida no mercado por conta e risco do empreendedor. A energia produzida pode ser

    comercializada diretamente com comercializadores, consumidores livres ou concessionrias

    distribuidoras, atravs de contratos bilaterais, ou ofertada no MAE.

    Atualmente, em observncia ao perodo de transio do modelo regulado para o

    competitivo, fixado em lei, atuam no setor trs classe de produtores de energia eltrica: os

    concessionrios de servio pblico, os produtores independentes e os auto-produtores. Os

    concessionrios de servio pblico ainda de controle estatal, constituem a sustentao dos

    contratos iniciais, celebrados com as distribuidoras com base em montantes e tarifas fixadas pela

    ANEEL. Dentro do programa de desestatizao do Governo, este parque gerador dever ser

    privatizado, constituindo, em curto prazo, forma de ingresso de novos agentes privados e

    significativa oportunidade de negcio no setor.

    A produo independente de energia eltrica constitui a forma de outorga de explorao de

    gerao de energia para novos empreendimentos concedidos ou autorizados pela ANEEL. Esta

    produo livremente negociada no mercado, sendo exercida por empreendedores vencedores

    de processos licitatrios, conduzidos para empreendimentos hidreltricos, ou detentores de

    autorizaes emitidas, por solicitao dos interessados, para termeltricas, pequenas centrais

    hidreltricas ou fontes alternativas de gerao, observadas as restries e requisitos de direito em

    cada caso.

    1.3.3 - A termeletricidade no Brasil

    As projees do consumo de eletricidade e as perspectivas de expanso do sistema eltrico

    em todo o mundo indicam que as participaes dos leos combustveis, da hidreletricidade e da

    energia nuclear (esta inclusive em termos absolutos) devem cair nos prximos 20-25 anos. Por

    outro lado, as participaes do gs natural e fontes renovveis (exceto hidreletricidade) tendem a

    crescer, mantendo-se aproximadamente constante a participao do carvo mineral.

    Figura 1.7 Gerao de energia eltrica 1999.

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.11

    Para atender a crescimento da demanda, alm da hidreletricidade, cujo potencial

    remanescente expressivo o Brasil s utiliza 25 % de sua capacidade, novas opes de gerao termeltrica, especialmente a gs natural e carvo mineral, podem se revelar atrativas ao

    investidor, em face da disponibilidade destes combustveis no mercado brasileiro e a existncia

    de poltica energticas de incentivo (mecanismo da CDE). Tambm esperado um crescimento

    expressivo das fontes locais de energias renovveis, ainda pouco exploradas (PROINFA).

    Com uma potncia instalada prxima a 69 GW, o setor eltrico brasileiro experimenta um

    crescimento da ordem de 4,2 % ao ano, devendo ultrapassar a casa dos 100 mil MW em 2009.

    (Figura 1.8).

    At agosto de 2000 haviam 42 centrais de gerao termeltricas com registro para realizar

    estudos de viabilidade, 19 centrais com projetos em anlise para autorizao de implantao e 27

    centrais com autorizao para ampliao e/ou construo. No conjunto, so 79 centrais com uma

    capacidade total prevista de 30.098,19 MW. Desse total, 22.495,35 MW (74,74 %)

    correspondem gerao com gs natural, 5.024MW (16,69 %) correspondem gerao com

    carvo mineral e o restante 2.578,84 MW (8,57 %) prev o uso de outros combustveis.

    Figura 1.8 Viso geral da gerao de energia eltrica no Brasil.

    Em termos regionais, a regio Sudeste responde por 15.994,54 MW (53,14 %), dos quais,

    14.005,2 MW (46,53 %) esto concentrados no Rio de Janeiro e no Estado de So Paulo, onde se

    pretende instalar novas centrais termeltricas.

    A proximidade dos gasodutos existentes ou em construo, bem como a existncia de

    grandes mercados de energia eltrica e linhas de transmisso capazes de absorver centrais de

    grande porte, explicam, em grande medida, a distribuio espacial das centrais propostas.

    1.3.4 - Cogerao

    Essa tecnologia tem um potencial de aplicao importante em setores que produzem

    combustvel residual atravs de seus processos produtivos, tais como: o sucroalcooleiro, o de

    papel, o siderrgico e o de refino. A expanso da malha de gasodutos brasileiros permitir uma

    ampliao do uso de processos de cogerao nos setores qumico, txtil, de alimentos e bebidas,

    hotis, centros comerciais e outros do setor de servios. Dada a implcita racionalidade

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.12

    energtica e econmica dessa atividade, a mesma deve s desenvolver num mercado competitivo

    e indutor da eficincia econmica.

    A potncia atualmente instalada em cogerao da ordem de 2.600 MW, com perspectiva

    de evoluo para 6.300 MW at o ano de 2006, perfazendo 4.600 MW em regime de

    autoproduo e 4.300 MW de excedente comercializvel. Em termos de tecnologias de

    cogerao convencionais, estima-se que outros 12.000 MW poderiam ser teoricamente

    adicionados somente no setor industrial.

    Como o potencial de cogerao no setor de servios est relacionado aos

    empreendimentos que tm uso de ar condicionado central com gua gelada, foram considerados

    (para elaborao desta estimativa) os dados do mercado brasileiro de ar condicionado central dos

    ltimos 15 anos e a expectativa de crescimento para os prximos 4 anos (Tabela 1.1)

    Tabela 1.1 - Potencial de cogerao

    Potencial de cogerao no setor de servios 2000 2001 2002 2003

    Centros Comerciais 72 88 108 135

    Hotis 48 59 72 90

    Hospitais 38 47 57 72

    Edifcios Comerciais 96 117 144 179

    Total anual (MW) 254 311 381 476

    Total geral (MW) 1.422

    No mbito do Ministrio de Minas e Energia, a Portaria n 212, de 25 de julho de 2000,

    define um elenco de incentivos cogerao, desde que devidamente qualificada pela ANEEL.

    1.4 - POLTICAS ENERGTICAS E REGULAMENTAO DO SETOR ELTRICO

    1.4.1 - Conta de consumo de combustveis - CCC

    A Conta de Consumo de Combustveis - CCC, criada atravs da Lei n 5.899, de 05 de julho de

    1973, determinou que o consumo de combustveis fsseis utilizado para atender s necessidades

    dos sistemas interligados ou por imposio de interesse social, fosse rateado entre todas as

    empresas concessionrias daquele sistema. Posteriormente, a Lei n 8.631, de 04 de maro de

    1993, estendeu a todos os concessionrios distribuidores do pas, o rateio do custo do consumo

    de combustveis necessrio gerao de energia eltrica nos sistemas isolados.

    Ficou estabelecido, ainda, atravs do Decreto n 774, de 18 de maro de 1993, o

    desdobramento da CCC em 3 subcontas distintas: CCC Sul/sudeste/Centro-Oeste, CCC

    Norte/Nordeste e CCC dos Sistemas Isolados, as quais se constituem em reservas financeiras

    para cobertura do custo do combustvel utilizado na gerao de energia eltrica.

    A Lei n 9.648 de 27 de maio de 1998 estabelece a extino da CCC nos sistemas

    interligados e isolados, de acordo com os seguintes prazos:

    As usinas termeltricas, situadas nos sistemas interligados, que iniciarem sua operao a partir de 6 de fevereiro de 1998, no faro jus aos benefcios da CCC;

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.13

    Para as usinas termeltricas, situadas nas regies abrangidas pelos sistemas interligados e que estivessem em operao em 6 de fevereiro de 1998, a aplicao da CCC foi mantida

    temporariamente, considerando prazos e condies de transio, at sua extino, ao final

    de 2005;

    Foi mantida, pelo prazo de 20 anos, aps a publicao da lei, a aplicao da CCC para os sistemas isolados;

    A CCC gerenciada pela ELETROBRS, de acordo com os procedimentos definidos por

    regulamentao da ANEEL (Resoluo ANEEL n 350, de 22 de dezembro de 1999).

    A quantidade de combustvel necessria ao atendimento da gerao termeltrica prevista,

    ser estabelecida, a cada ano, pela ELETROBRS, atravs do Plano Anual de Combustveis do

    Sistema Interligado e dos Sistemas Isolados. Com base nessa previso, sero estimados os

    recursos financeiros necessrios cobertura das despesas com a aquisio de combustveis, que

    sero rateados entre todos os concessionrios e autorizados do Sistema Eltrico Brasileiro, de

    modo proporcional a sua participao nas vendas diretas.

    A ANEEL, com base nos valores definidos no Plano Anual de Combustveis, determinar

    as quotas a serem recolhidas, pelas concessionrias ou autorizadas, que atendam o consumidor

    final.

    A ELETROBRS far o reembolso mensal das despesas com a aquisio de combustveis

    utilizados para a gerao de energia eltrica, debitando esses valores na respectiva subconta.

    A sistemtica de funcionamento da CCC nos Sistemas Interligados obedece ao esquema de

    reembolso. Ou seja, a empresa efetua a compra do combustvel, junto ao fornecedor, efetuando o

    pagamento que, aps anlise, se aprovado, ser reembolsado pela ELETROBRS.

    Para os Sistemas Isolados foi introduzido o conceito de Equivalente Hidrulico, que

    representa uma parcela de responsabilidade do concessionrio ou autorizado , que equivale

    energia hidrulica que poderia substituir a gerao trmica correspondente, caso os sistemas

    estivessem completamente interligados.

    A Energia Hidrulica Equivalente valorizada por uma tarifa, publicada em resoluo

    especfica da ANEEL, que multiplicada pela gerao trmica de cada empresa resulta no valor,

    em moeda corrente, a ser pago pela empresa, diretamente ao fornecedor de combustveis, ficando

    o restante das despesas com combustvel a ser coberto pela CCC.

    No Sistema Interligado no existe a figura do Equivalente Hidrulico, uma vez que todos

    os sistemas esto conectados. A Figura 1.9 apresenta o mecanismo de funcionamento da CCC.

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.14

    Figura 1.9 Mecanismo da CCC.

    1.4.2 - A Conta de Desenvolvimento Energtico - CDE e o Programa de Incentivo s Fontes Alternativas de Energia Eltrica - PROINFA

    A Lei 10.438, de 26 de abril de 2002, em seu artigo 13, instituiu a Conta de

    Desenvolvimento Energtico - CDE, visando o desenvolvimento energtico do Estados, a

    universalizao dos servios e a competitividade da gerao de energia eltrica a partir de fontes

    renovveis, do gs natural e do carvo mineral nacional. Tal poltica energtica afeta diretamente

    algumas modalidades da gerao termeltrica nacional. A CDE ser administrada pela Eletrobrs

    e ter durao de 25 anos. Os recursos dessa conta sero provenientes, principalmente, da atual

    arrecadao para a CCC dos sistemas interligados(a ser extinta) e tambm das multas aplicadas

    pela ANEEL e dos pagamentos pelo uso de bem pblico, resultante dos processos de licitao.

    a) Gerao termeltrica a gs natural

    O programa prev o custeio compartilhado pela CDE e pela tarifa de transmisso de

    energia eltrica das instalaes de transporte de gs, nos Estados que at o final de 2002, no

    exista fornecimento de gs natural canalizado. Certamente significar reduo significativa dos

    custos de gerao e possvel viabilizao da competio desta modalidade de gerao.

    b) Gerao termeltrica com carvo mineral nacional

    O programa prev o custeio pela CDE de 75 % do combustvel empregado na gerao

    termeltrica com carvo mineral de produo nacional. Representa reduo significativa dos

    custos de gerao e possvel viabilizao da competio desta modalidade de gerao e uma

    continuidade do mecanismo da CCC para centrais a carvo j em operao.

    c) Gerao termeltrica com biomassa

    A Lei 10.438, em seu artigo 3, tambm criou o Programa de Incentivo Fontes

    Alternativas de Energia Eltrica - PROINFA, o qual inclui a gerao termeltrica a partir de

    biomassa e se constitui essencialmente da utilizao dos recursos da CDE, no sentido de tornar

    tais fontes competitivas e ainda da compra compulsria por todos os consumidores finais da

    energia proveniente, tendo a ELETROBRS como comercializadora. Na primeira etapa do

    PROINFA, com meta de novos 3.300 MW de gerao a partir das fontes elica, PCH's e

    Biomassa (igualmente distribudos), a viabilizao por meio da compra compulsria a todos os

    consumidores finais, conforme apresenta a figura 1.10 a seguir.

    ELETROBRS

    Ser repassado, adicionado dos

    custos administrativos, para

    todos os consumidores finais.

    (alnea c, inciso I, art. 3)

    Valor econmico correspondente

    tecnologia especfica de cada

    fonte, a ser definido pelo Poder

    Executivo, tendo como piso 80 %

    da tarifa mdia de fornecimento

    ao consumidor final (alnea b,

    inciso I, art. 3)

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.15

    Figura 1.10 - Etapa I do PROINFA

    J na segunda etapa do PROINFA prevista a utilizao de recursos da CDE

    adicionalmente compulsoriedade de compra pelos consumidores finais, conforme

    representado na figura 1.11 a seguir, existindo alm da possibilidade de compra pela

    ELETROBRS, a compra pelo consumidor final.

    Etapa II - meta : 10 % da matriz do setor at 2022 (Etapa I contribui)

    a) Contratao pela Eletrobrs (no mnimo 15% do crescimento anual)

    b) Contratao por consumidor final

    Figura 1.11 - Estrutura Econmica da Etapa II do PROINFA

    1.4.3 - Processo de outorga para a gerao termeltrica

    Procura-se aqui apresentar o processo de obteno da Autorizao ou Registro, junto a

    Agncia Nacional de Energia Eltrica ANEEL, para fins de implementao de centrais termeltricas.

    Na Constituio Federal, o art. 21, IV, b, incumbe a Unio de explorar diretamente ou

    mediante Autorizao, Concesso ou Permisso os servios e instalaes de energia eltrica.

    Valor econmico

    correspondente a energia

    competitiva, definida pelo

    Executivo, como o custo

    mdio ponderado p/ novas

    UHE's e UTE's a gs.

    (alnea b, inciso II, art 3)

    CDE: CCC 2001,

    UBP e multas

    ANEEL.(inciso III e 1,

    art. 13)

    Valor econmico

    correspondente

    tecnologia especfica

    de cada fonte.

    (alnea d, inciso II,

    art.3 )

    ELETROBRS

    Ser repassado, adicionado dos

    custos administrativos, para

    todos os consumidores finais.

    (alnea c, inciso I, art. 3)

    Valor econmico

    correspondente a energia

    competitiva, definida pelo

    Executivo, como o custo

    mdio ponderado p/ novas

    UHE's e UTE's a gs.

    (alnea b), inciso II, art 3)

    CDE: CCC 2001, UBP

    e multas ANEEL

    (inciso II e 1, art. 13) Valor econmico

    correspondente

    tecnologia especfica

    de cada fonte.

    (inciso II, art 13)

    CONSUMIDOR FINAL

    No est explicito que

    necessariamente o valor pago

    o competitivo, como sugere a

    figura. (inciso II, art. 13)

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.16

    Quando tratar-se de prestao de servios pblicos, o art. 175 , dispe que s podero ser

    entregues a particulares, sob regime de Concesso ou Permisso e sempre atravs de licitao,

    conforme estabelece a Lei. Por sua vez, o art. 176 . 4, dispensa de Autorizao ou Concesso o

    aproveitamento do potencial de energia renovvel de pequena capacidade, cujo conceito foi

    estendido por lei a outras formas.

    Nos artigos 5, 6, 7 e 8 da Lei no 9.074, de 7 de julho de 1995, so estabelecidos critrios

    e limites, a partir dos quais a explorao de servios e instalaes de energia eltrica so objeto

    de Concesso, Autorizao ou Registro.

    O licenciamento pela ANEEL dever ser anterior fase de implantao da central.

    A Autorizao uma das formas de delegao de servios aos particulares, em que

    predomina o interesse privado, mas que no pode ser executado sem o licenciamento e o

    controle estatal. uma delegao que insere-se no campo discricionrio estatal, em princpio

    sem exigir licitao e originando-se pela provocao do interessado.

    O processo de outorga passou, no ano de 1999, por uma ampla reestruturao.

    Reestruturao esta que vislumbrou a adoo de critrios mais simplificados e a agilizao da

    emisso do ato sem colocar em risco o fator qualidade. Substituiu-se a antiga e demorada

    aprovao do projeto por requisitos de habilitao.

    A matria foi regulada pela Resoluo ANEEL n 112, de 18 de maio de 1999, a qual

    estabelece os requisitos necessrios obteno de Registro (centrais at 5 MW) ou Autorizao

    (centrais acima de 5 MW ) para a implantao, ampliao ou repotenciao de centrais geradoras

    termeltricas, elicas e de outras fontes alternativas de energia.

    A implementao dessas centrais ficou condicionada ao atendimento dos requisitos

    tcnicos e legais previstos na Resoluo supracitada e o seu licenciamento pela ANEEL no

    exime o empreendedor de providenciar em separado suas obrigaes perante outros rgos

    devendo se submeter respectiva legislao aplicvel, entre outros, ao exerccio tcnico-

    profissional de Engenharia, recursos hdricos, ambiental, de insero da central na rede.

    No tocante comercializao, a matria regulada pelo art. 26 da Lei n 9.427, de 26 de

    dezembro de 1996, modificado pelo art. 1 da Lei n 9.648, de 27 de maio de 1998, que poder

    estar atribuda na outorga ou em ato especfico, como adiante caracterizado.

    O ato da Autorizao assume a forma de Resoluo aprovada pela Diretoria da ANEEL e

    publicada no D.O.U.

    A Autorizao de implementao da central investe, tambm, o Produtor Independente na

    comercializao de energia, porm condiciona-a no Autoprodutor, que dever requerer ato

    especfico e prvio a cada caso em que desejar comercializar os seus excedentes eventuais e

    temporrios de energia.

    a) Como obter a autorizao (centrais termeltricas maiores que 5MW)

    O processo de obteno da Autorizao inicia-se com o envio, pelo empreendedor, de

    requerimento formal solicitando ANEEL (SCG-Superintendncia de Concesses e

    Autorizaes de Gerao) a emisso do ato autorizativo para fins de implementao da central

    geradora. No requerimento deve ser destacado o nome da central (para fins de abertura de

    processo), o local onde esta ser instalada (Municpio e Estado), a razo social do proprietrio, a

    potncia a ser instalada (potncia ativa nominal de placa dos geradores - MW), a modalidade de

    atuao (Autoproduo ou Produo Independente).

    Anexo ao requerimento, dever constar ainda um relatrio contendo os seguintes requisitos

    legais:

    Nome ou razo social, nmero de inscrio no Cadastro de Pessoas Fsicas CPF ou nmero do registro no Cadastro Nacional de Pessoas Jurdicas CNPJ do Ministrio da

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.17

    Fazenda MF, endereo da empresa ou empreendedor e o nome do representante legal da empresa;

    Contrato ou estatuto social da empresa, com indicao da composio acionria;

    Denominao e localizao da central geradora, com indicao do Municpio e do Estado da Federao;

    Prova de propriedade da rea ou do direito de dispor livremente do terreno, onde ser implantada a central geradora;

    Acordo (contrato, termo de inteno ou declarao da distribuidora) de fornecimento comprovando, quando for o caso, a disponibilidade do combustvel a ser utilizado;

    Certificados de regularidade perante a Seguridade Social e o FGTS, e certides de regularidade para com as Fazendas Federal, Estadual e Municipal do domiclio ou sede do

    interessado.

    Alm dos anteriores, o relatrio dever conter os seguintes requisitos tcnicos :

    Arranjo geral e memorial descritivo da central geradora, contendo suas caractersticas tcnicas principais, incluindo a respectiva subestao e as demais instalaes de conexo

    ao sistema de transmisso, rede de distribuio e/ou diretamente a outros consumidores;

    Finalidade a que se destina a energia eltrica (autoproduo / produo independente);

    Finalidades previstas alm da gerao de energia eltrica (para centrais cogeradoras);

    Estudo comprovando a disponibilidade dos combustveis previstos;

    Fluxograma simplificado do processo;

    Diagrama eltrico unifilar geral;

    Balano trmico da planta para as condies de operao com cem, setenta e cinco e cinqenta por cento de carga;

    Fluxograma do sistema de resfriamento da central geradora, contendo vazes e temperatura;

    Ficha tcnica preenchida na forma do modelo anexo Resoluo ANEEL n 112/1999;

    Cronograma geral de implantao da central geradora, destacando as datas (dia/ms/ano) de elaborao do projeto bsico, elaborao do projeto executivo, obteno das licenas

    ambientais (licenas de instalao e operao), incio da construo, implementao da

    subestao e respectivo sistema de transmisso associado, concluso da montagem

    eletromecnica, comissionamentos e incio da operao comercial de cada unidade

    geradora.

    b) Como obter o registro (centrais termeltricas at 5 MW)

    O ato de Registro assume a forma de Despacho expedido pela ANEEL (SCG-

    Superintendncia de Concesses e Autorizaes de Gerao) e publicado no D.O.U.

    O Registro pressupe o uso exclusivo pelo empreendedor da energia eltrica que produzir como

    Autoprodutor. Contudo, para comercializao de energia como Produtor Independente ou dos

    excedentes eventuais e temporrios como Autoprodutor, o empreendedor dever requerer ato

    especfico cuja exigncia limita-se aos requisitos legais de uma Autorizao.

    O processo de obteno do Registro inicia-se com o envio, pelo empreendedor, de

    requerimento formal solicitando ANEEL (SCG-Superintendncia de Concesses e

    Autorizaes de Gerao) a efetivao do Registro para fins de implementao da central

    geradora com potncia instalada de at 5 MW. Neste requerimento devem ser destacados o nome

    da central (para fins de abertura de processo), o local onde esta ser instalada (Municpio e

    Estado), a razo social do proprietrio, a potncia a ser instalada (potncia ativa nominal de placa

    dos geradores - MW), a modalidade de atuao (Autoproduo ou Produo Independente).

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.18

    1.4.4 - Anexo ao requerimento dever constar a Ficha Tcnica preenchida, na forma do modelo anexo Resoluo ANEEL n 112/1999.

    c) Disposies gerais

    Toda documentao a ser apresentada dever estar no idioma portugus e, caso possvel,

    tambm seja reproduzida em igual teor, em meio digital, em CD ROM, informando o software utilizado.

    Os desenhos, mapas, plantas e grficos devero ser numerados e apresentados obedecendo

    s correspondentes normas da Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT, em escalas grficas, de tal forma que se permita identificar claramente os seus elementos, em todas as

    folhas, abrangendo a identificao e o local do empreendimento, sua rea de influncia e outros

    detalhes imprescindveis sua localizao e insero na regio.

    Toda documentao tcnica a ser apresentada dever ser assinada pelo Engenheiro

    Responsvel Tcnico pelo empreendimento (RT), no sendo aceitas cpias de assinaturas.

    O empreendedor ser responsvel pelas Anotaes de Responsabilidade Tcnica (ARTs) da central perante o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CREA, sendo que para cada responsvel Tcnico (RT), dever ser indicada a regio e o nmero de seu registro.

    O empreendedor dever submeter-se em separado:

    legislao de recursos hdricos;

    legislao ambiental;

    Aos Procedimentos de Rede, elaborados pelo Operador Nacional do Sistema Eltrico - ONS e aprovados pela ANEEL, nos requisitos de planejamento, implantao, conexo,

    operao e de todas as responsabilidades relacionadas ao seu sistema de transmisso.

    O empreendedor dever encaminhar ANEEL, previamente, cpias das Licenas

    Ambientais de Instalao (LI) e de Operao (LO), referentes ao incio das obras e da operao.

    O empreendedor dever ainda manter em perfeitas condies seus arquivos na central e

    disposio da ANEEL: o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), o Relatrio de Impacto Ambiental

    (RIMA) ou estudo formalmente requerido pelo rgo licenciador ambiental; projeto bsico e os

    resultados dos ensaios de comissionamento.

    A ANEEL, a cada iniciativa do empreendedor dever se pronunciar em um prazo de at 30

    dias.

    1.4.5 - Qualificao de centrais cogeradoras

    As centrais cogeradoras, depois de licenciadas pela ANEEL, caso atendam requisitos

    mnimos de racionalidade energtica e seja de interesse do empreendedor, podero ser

    enquadradas na modalidade "cogerao qualificada".

    Esta qualificao est regulada pela Resoluo ANEEL n 21, de 20 de janeiro de 2000, e

    credencial para participar das polticas de incentivos estabelecidas para a cogerao.

    O ato para qualificao assume a forma de Despacho, a ser expedido pela SCG -

    Superintendncia de Concesses e Autorizaes de Gerao da ANEEL e publicado no D.O.U.

    A cogerao definida como o processo de produo combinada de calor til e energia

    mecnica, esta convertida total ou parcialmente em energia eltrica, a partir da energia qumica

    proporcionada por um ou mais combustveis.

    Os requisitos mnimos de racionalidade energtica para fins da qualificao da central

    cogeradora compreendem em simultneo:

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.19

    A disponibilizao sob a forma de calor til de pelo menos 15 % da energia proporcionada pelo combustvel, ou combustveis;

    Uma economia de energia no combustvel, ou combustveis, em relao aos processos tradicionais de produo ou aquisio em separado das utilidades, de pelo menos 15 %

    com combustveis fsseis comerciais ou 5 % para as demais fontes.

    A demonstrao energtica deve cobrir um perodo de 12 meses. Se baseada em dados de

    planejamento, a qualificao ser concedida em regime precrio para 18 meses, improrrogveis.

    Converte-se em regime definitivo pela comprovao com dados medidos na efetiva operao.

    O processo de obteno da qualificao inicia-se com o envio, pelo empreendedor, de

    requerimento formal solicitando SCG-Superintendncia de Concesses e Autorizaes de

    Gerao (ANEEL) a efetivao da qualificao da central cogeradora. Neste requerimento

    devem ser destacados o nome da central (para fins de incluso no existente processo de

    licenciamento), o local de instalao (Municpio e Estado), a razo social do proprietrio, a

    potncia instalada (potncia ativa nominal de placa dos geradores - MW) e a capacidade em

    outras utilidades, a modalidade de atuao (Autoproduo ou Produo Independente).

    Anexo ao requerimento dever constar: a Ficha Requerimento de Qualificao preenchida,

    na forma do modelo anexo Resoluo ANEEL n 21/2000; o Desenho Esquemtico com o

    Balano Trmico Anual; o Demonstrativo dos Requisitos de Racionalidade Energtica em

    atendimento ao art.4 daquela Resoluo.

    1.4.6 - Condies e procedimentos para acesso e uso do sistema eltrico

    O Livre Acesso o direito de utilizao das redes eltricas que prestam servio pblico de

    energia eltrica, independentemente de suas caractersticas tcnicas, para transportar energia

    desde os pontos de produo (centrais geradoras) at os consumidores. O Livre Acesso viabiliza

    a implantao da competio nos segmentos de gerao e comercializao de energia eltrica.

    Esta possibilidade de utilizao das redes eltricas (sistemas de transmisso e de

    distribuio) por terceiros um direito estabelecido na Lei n 9.074, de 7 de julho de 1995, com

    o objetivo de viabilizar as transaes de compra e venda de energia entre os produtores e

    consumidores, independente de suas localizaes fsicas. As redes eltricas de transmisso e

    distribuio funcionam como meio para a entrega de energia devendo executar uma funo

    neutra e imparcial, estando disponveis a quem quiser utiliz-las, desde que haja capacidade.

    Os sistemas de transmisso e de distribuio so constitudos pelas linhas e subestaes

    existentes, de propriedade das vrias empresas concessionrias dos servios pblicos de energia

    eltrica. Faro tambm parte dos mesmos os novos empreendimentos, implantados para atender

    o crescimento do mercado de energia eltrica, permitindo o desenvolvimento econmico das

    diversas regies.

    O servio de transporte de energia eltrica prestado mediante a utilizao de instalaes

    e de recursos operacionais. As empresas prestadoras do servio so aquelas que detm a

    concesso ou permisso, outorgada pela ANEEL, para prestar os servios de transporte da

    energia eltrica.

    1.4.7 - Os usurios do livre acesso

    So usurios do servio de transporte de energia eltrica os agentes produtores

    (concessionrios de servios pblicos de gerao, produtores independentes e autoprodutores) e

    os agentes de consumo (consumidores livres e concessionrias ou permissionrias de

    distribuio).

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.20

    O servio de transmisso de energia eltrica feito atravs das instalaes da Rede Bsica,

    com tenso igual ou superior a 230 kV, e dos recursos operacionais das empresas, sendo a

    operao coordenada pelo ONS. Nesta coordenao, o ONS busca facilitar a relao entre os

    prestadores dos servios de transporte e os usurios, celebrando os contratos de uso e

    supervisionando o cumprimento destes servios, bem como executando o clculo dos

    faturamentos decorrentes.

    As redes de baixa tenso (abaixo de 230 kV) geralmente tm abrangncia regional (redes

    de distribuio), tendo sua coordenao e operao executadas pela concessionria de

    distribuio local.

    Por determinao da Lei n 9.074, de 07 de julho de 1995, as condies gerais (atribuies,

    formas de solicitao, obrigaes, direitos, ndices de qualidade, formas de faturamento, tarifas,

    etc.) para a contratao e operacionalizao do acesso aos sistemas de transmisso e de

    distribuio so estabelecidas pela ANEEL, por meio da Resoluo n 281, de 1 de outubro de

    1999.

    As tarifas estabelecidas pela ANEEL so calculadas mediante rateio dos custos associados

    aos servios de transporte de energia eltrica a serem pagos pelos usurios destes servios.

    Metodologicamente, as tarifas fornecem uma sinalizao econmica, que induz ao uso

    racional das redes eltricas (buscando evitar a construo de novas linhas e subestaes

    desnecessrias) e indicam as regies carentes de oferta de energia, ou com disponibilidade para

    atendimento de novos consumidores.

    1.4.8 - Operacionalizao do livre acesso

    O ONS coordena a operao das redes eltricas, determinando como cada elemento deve

    ser operado, de forma que o sistema eltrico tenha seu melhor desempenho. Ele administra o

    Livre Acesso aos sistemas de alta tenso componentes da rede bsica, ou seja, s instalaes de

    energia eltrica com tenso igual ou superior a 230 kV, sendo o responsvel pelo relacionamento

    com os interessados em utiliz-las.

    O ONS tambm responsvel pela anlise e coordenao dos estudos associados s

    solicitaes de novos acessos e pela celebrao, do contrato de uso do sistema de transmisso e,

    como interveniente, dos contratos de conexo transmisso.

    Todas as rotinas a serem seguidas, os formulrios, as informaes necessrias, e os prazos

    estabelecidos, fazem parte dos Procedimentos de Rede, elaborados pelo ONS, que contemplam

    tambm os procedimentos para solicitao de acesso rede bsica de transmisso.

    Os interessados em utilizar as redes eltricas para o transporte de energia eltrica devem

    encaminhar a solicitao ao ONS ou concessionria de transmisso (quando pretender se

    conectar numa subestao com tenso igual ou superior a 230 kV) ou concessionria de

    distribuio local (quando pretender se conectar em uma subestao com tenso abaixo de 230

    kV).

    Considerando uma transao entre um Produtor Independente de Energia - PIE e um

    consumidor livre, ambos devero efetuar as respectivas solicitaes de acesso, cada um no seu

    local de conexo rede eltrica e com os seus respectivos encargos. Tudo se passa assim: ao

    solicitar e ter implementado o acesso rede eltrica, as tarifas de uso estabelecidas e os encargos

    de conexo acertados no variaro conforme este PIE comercialize a energia produzida com

    aquele usurio ou quaisquer outros, ou ainda, oferte a energia produzida para ser comercializada

    no MAE.

    Tanto o ONS quanto a concessionria de distribuio tem prazo de at 30 dias para

    responder ao interessado sobre as condies do acesso e os respectivos encargos, podendo este

    prazo ser estendido at o mximo de 120 dias, caso haja necessidade de realizao de estudos

    adicionais visando a definio de obras de reforo ou ampliao na rede eltrica.

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.21

    Caso haja necessidade de se implementar reforos na rede bsica de transmisso, os

    mesmos sero identificados pelo ONS ou pelo planejamento setorial e a licitao promovida pela

    ANEEL. Reforos na rede de distribuio so de responsabilidade da concessionria ou

    permissionria de distribuio local.

    Os valores dos encargos a serem pagos so determinados pelas tarifas de uso, calculadas

    utilizando-se a metodologia nodal estabelecida na Resoluo n 281, de 1999, e publicadas por

    meio das Resolues ANEEL n 282 e 286/1999, tendo como parmetros o local de conexo e o

    porte do uso. O faturamento feito diretamente pelas empresas de transmisso e de distribuio,

    a partir de informaes do ONS.

    Ressalte-se que a metodologia nodal, utilizada para determinao das tarifas de uso do

    sistema de transmisso da rede bsica, busca identificar o impacto que cada usurio imputa

    rede eltrica, no ponto onde est conectado. Isto , centrais geradoras que acessem o sistema

    eltrico prximo de centros de carga tero tarifas de uso bastante reduzidas, podendo ser at

    negativas em funo do local e do porte da central, situao na qual devero receber encargos de

    uso, em vez de pag-los.

    Por outro lado, geradores que entrem em operao em regies exportadoras, onde h

    abundncia de gerao de energia eltrica, tm tarifas de uso mais elevadas, refletindo o uso da

    rede eltrica.

    Alm do benefcio pela reduo das tarifas, resultante da localizao e do porte da central

    geradora, cite-se a reduo de perdas eltricas para aqueles conectados prximos aos centros de

    carga, o que uma situao tpica de empreendimentos de gerao termeltrica.

    Ainda com relao aos benefcios aplicveis a centrais geradoras, cabe ressaltar o desconto

    pela contratao da reserva de capacidade. Explicando: aquela central geradora que, eventual e

    temporariamente, v utilizar o sistema de distribuio para o atendimento a sua carga, como

    explicado no pargrafo anterior, poder contratar esse uso como reserva de capacidade, nos

    termos da resoluo n 371, de 1999, tendo um desconto nas tarifas de uso dos sistemas de

    transmisso e de distribuio, calculado em funo do nmero de horas previsto para a

    indisponibilidade ou reduo de gerao. Quanto menos tempo utilizar a rede eltrica tanto

    maior ser o desconto.

    Para a simulao das tarifas de transmisso, por conta e risco dos interessados, a ANEEL

    disponibiliza gratuitamente o programa nodal, acompanhado dos manuais do usurio e de

    metodologia. Os arquivos contendo a representao da topologia do sistema eltrico esto

    disponibilizados pelo ONS, em sua pgina na Internet.

    1.4.9 - Implantao de instalaes de transmisso de energia eltrica destinadas a conexo de centrais geradoras rede de distribuio ou rede bsica

    Os Produtores Independentes ou Autoprodutores de energia que, para se conectarem rede

    eltrica dos concessionrios necessitarem implantar instalaes de transmisso de energia

    eltrica, de interesse restrito das centrais de gerao de energia eltrica, podem solicitar

    ANEEL as seguintes licenas:

    Autorizao para o desenvolvimento de estudos geolgicos e topogrficos, necessrios elaborao de projeto bsico de instalao de transmisso;

    Autorizao para implantao de linha de transmisso de energia eltrica de interesse restrito s centrais de gerao de energia eltrica;

    Declarao de utilidade pblica, para fins de instituio de servido administrativa de faixa de terra destinada passagem de linhas de transmisso;

    Declarao de utilidade pblica, para fins de desapropriao de reas de terra destinadas implantao de subestaes.

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.22

    Os interessados em obter autorizao de instalaes de transmisso de energia eltrica, de

    interesse restrito das centrais geradoras de energia eltrica, qualquer que seja o destino da

    energia, devero satisfazer as seguintes condies gerais quanto ao projeto:

    O texto dever ser apresentado em portugus, em todas as suas partes e componentes;

    Todos os elementos exigidos devero ser preenchidos em duas vias, ficando a segunda via disposio fiscalizao da ANEEL;

    Os Projetos devero ser apresentados devidamente encapados com material resistente tendo o nome do Projeto escrito na capa;

    Os Projetos devero ser capeados pelos respectivos requerimentos, no podendo vir estes inseridos nas pastas;

    Todas as plantas devero ser numeradas, sendo que o nmero correspondente dever vir mostrado em destaque, assim como seus elementos descritivos essenciais identificao da

    planta;

    Todos os desenhos, mapas, plantas, grficos, oramentos, cronogramas, pareceres, relatrios tcnicos, devero vir assinados por engenheiro responsvel com a declarao do

    nmero de seu registro e a regio do CREA correspondente, no sendo aceitas cpias de

    assinaturas;

    Os mapas e plantas devero mostrar os obstculos, benfeitorias, acidentes geogrficos, parques florestais e outros detalhes imprescindveis a uma real anlise por parte da

    ANEEL;

    Os desenhos, mapas, plantas e grficos devero ser apresentados de tal forma que se permita identificar claramente os seus elementos, em todas as folhas e cpias;

    Toda a documentao tcnica poder ser apresentada em meio magntico, em disquete de 3 ou em CD-ROM, informando o software utilizado.

    Cpias mal feitas ou rasuradas, que no permitam a identificao clara de todos os seus

    elementos no sero consideradas, devendo ser substitudas. No sero aceitas redues ou

    ampliaes cujas escalas no tenham tambm sido modificadas de forma a se compatibilizarem

    com os desenhos, mapas, plantas e grficos apresentados. A qualidade da apresentao dos

    Projetos fator determinante para sua anlise e aprovao por parte da ANEEL, constituindo

    tambm um item das exigncias previstas nesta Norma.

    Os interessados no desenvolvimento de estudos geolgicos e topogrficos, para a

    elaborao de projetos bsicos de instalaes de transmisso de energia eltrica, de interesse

    restrito das centrais de gerao, para obter autorizao da ANEEL, devero informar os

    seguintes requisitos:

    Razo social, CGC e sede da empresa ou empresas associadas;

    Justificativa da necessidade da autorizao requerida;

    Planta com a diretriz preliminar da linha de transmisso identificando os estados e municpios;

    Tenso da linha e sua interligao com o sistema eltrico;

    Identificao dos pontos de incio e trmino da linha;

    Prazo necessrio para a realizao dos estudos.

    No h necessidade de autorizao expressa da ANEEL para elaborao de projetos

    bsicos de sistemas de transmisso de energia eltrica.

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.23

    a) Projetos bsicos de linhas areas de transmisso

    O interessado dever requerer a ANEEL a autorizao para implantao de projeto bsico

    de linha de transmisso, devendo informar: razo social, CGC e sede do(s) requerente(s), bem

    como apresentar relatrio tcnico contendo:

    Memorial tcnico descritivo;

    Caractersticas eltricas e mecnicas;

    Planta do traado da linha de transmisso em escala adequada;

    Planta de localizao da linha de transmisso e sua interligao com o sistema eltrico regional, em escala adequada;

    Estudos de interferncias eletromagnticas;

    Desenho esquemtico das estruturas, com as respectivas dimenses principais;

    Detalhamento das travessias, com a concordncia do rgo, sob cuja jurisdio estiver as reas a serem atravessadas;

    As instalaes devero estar dentro do gabarito especificado nas zonas de proteo de aerodrmos, conforme o disposto no Decreto n 60.304, de 06 de maro de 1967;

    Licena Prvia LP, obtida junto ao rgo Licenciador Ambiental;

    Oramento com data de referncia; e,

    Cronograma para a implantao da obra.

    b) Projetos bsicos de linhas subterrneas de transmisso

    O interessado dever requerer a ANEEL a autorizao para implantao de projeto bsico

    de linha subterrnea de transmisso, devendo informar: razo social, CGC e sede do(s)

    requerente(s), bem como apresentar relatrio tcnico contendo:

    Memorial tcnico descritivo;

    Planta de localizao da linha e de interligao com o sistema eltrico regional, em escala apropriada;

    Planta de caminhamento da linha subterrnea, em escala adequada, com indicao de travessias eventualmente existentes no curso da linha;

    Detalhamento de travessias por ventura existentes no curso da linha, com a concordncia do rgo, sob cuja jurisdio estiver a rea a ser atravessada;

    Licena Prvia-LP, obtida junto ao rgo Licenciador Ambiental;

    Oramento com data de referncia; e,

    Cronograma para a implantao da obra.

    c) Projetos bsicos de subestaes

    O interessado dever requerer a ANEEL a autorizao para implantao de projeto bsico

    de subestao, devendo informar: razo social, CGC e sede do(s) requerente(s), bem como

    apresentar relatrio tcnico contendo:

    Memorial tcnico descritivo;

    Esquema eltrico unifilar, indicando tambm todo o sistema de proteo;

    Arranjo geral da subestao;

    Planta de interligao com o sistema eltrico regional, em escala adequada;

    Planta de localizao topogrfica no Municpio, definida por coordenadas, em escala adequada;

    Oramento com data de referncia;

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.24

    Cronograma da obra, com datas previstas de incio e trmino;

    Descrio de ampliaes previstas, se houver;

    Licena Prvia-LP, obtida junto ao rgo Licenciador Ambiental.

    Em caso de necessidade de declarao de utilidade pblica, para fins de instituio de

    servido administrativa, a empresa dever apresentar em complementao ao projeto bsico da

    linha de transmisso, os seguintes elementos:

    Planta do traado da linha de transmisso em escala adequada (1:50.000 ou 1:100.000), identificando Estados e Municpios;

    Cadastro das propriedades e benfeitorias afetadas;

    Identificao do incio e trmino da linha;

    Identificao do incio e trmino da faixa de servido solicitada;

    Clculo da faixa de segurana e largura mnima da faixa, calculada de acordo com a Norma Brasileira NBR 5422, da Associao Brasileira de Normas Tcnicas ABNT;

    Licena ambiental acompanhada dos documentos de referncia do empreendimento;

    Atas de reunies de esclarecimentos com os proprietrios diretamente afetados pelo empreendimento;

    Relao de propriedades negociadas amigavelmente;

    Relao das negociaes frustradas, indicando os pontos de divergncia entre o empreendedor e os proprietrios.

    Adicionalmente, devem ser apresentados estudos demonstrando a viabilidade do

    empreendimento,abordando os seguintes tpicos:

    Anlise comparativa (tcnico-econmica e scio-ambiental) entre a soluo adotada e as demais possveis, para a implantao do empreendimento;

    Justificativas das condies tcnico-econmica e scio-ambientais, que levaram definio do traado adotado;

    Demonstrao de que a alternativa do traado adotada a que contempla a menor afetao populao e meio ambiente;

    Indicao das questes scio-ambientais mais relevantes, recomendando as reas mais propcias implantao do empreendimento;

    Benefcios proporcionados pelo empreendimento;

    Fatores relevantes na definio do traado e na instituio da servido para passagem da linha de transmisso.

    Cadastro das propriedades e benfeitorias afetadas.

    norma no se declarar de utilidade pblica, para fins de instituio de servido

    administrativa, rea de terra destinadas passagem de linha de transmisso j concluda, por ser

    entendido que no houve embarao para a construo da mesma. Tal servido s ser admitida

    se fato superveniente concluso da obra ocorrer, devidamente fundamentado pela requerente.

    No sero objeto de declarao de utilidade pblica, para fins de instituio de servido

    administrativa, as passagens e travessias de linha de transmisso em reas de propriedades de

    rgos Pblicos Federais, Estaduais ou Municipais ou sob sua administrao e em terras

    indgenas, rodovias, ferrovias, hidrovias, gasodutos e patrimnios culturais, naturais e histricos.

    Para esses casos dever ser obtida a autorizao dos respectivos rgos ou observar o que

    determina a legislao. Essa autorizao ou procedimentos previstos na legislao especfica

    devero ser obtidos sem a intervenincia da ANEEL.

    Em caso de necessidade de declarao de utilidade pblica, para fins de desapropriao de

    reas de terra, a empresa dever apresentar tambm os seguintes elementos:

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.25

    Descrio topogrfica definida da rea de terra, objeto da desapropriao;

    Definir Municpio e Estado;

    Informar se trata de propriedade particular;

    Informar se a rea a ser expropriada tem ou no benfeitorias; no primeiro caso descrever as mesmas;

    Esclarecer a extenso da rea, a qual dever ser compatvel com a ocupao pretendida com as obras da subestao;

    Apresentar planta topograficamente definida da rea objeto da desapropriao que dever obrigatoriamente conferir com a descrio topogrfica por escrito;

    Apresentar planta da ocupao da rea com as instalaes e equipamentos da subestao;

    Licena ambiental acompanhada dos documentos de referncia do empreendimento;

    Atas de reunies de esclarecimentos com os proprietrios diretamente afetados pelo empreendimento;

    1.4.10 - Reserva de capacidade

    Um autoprodutor ou produtor independente, que utilize uma central geradora para

    atendimento unidade consumidora, diretamente conectada s suas instalaes de gerao, pode

    estabelecer contratos bilaterais livremente negociados com a distribuidora de sua rea, ou um

    comercializador, ou mesmo outros geradores guisa de reserva para as ocasies de parada para

    manuteno programada e tambm no evento de sada intempestiva.

    Buscando proporcionar o devido sinal econmico para o impacto na rede da gerao

    descentralizada, a ANEEL regulamentou a possibilidade de contratao em separado da energia

    para suprimento emergencial da reserva de capacidade da rede, Resoluo 371/1999, prevendo

    ainda, descontos nos custos de acesso e uso dos sistemas de transmisso e distribuio, para o

    caso de centrais de potncia at 30 MW. Esses descontos so diretamente proporcionais ao

    desempenho da central, ou seja, quanto menos o agente usa a reserva de capacidade, mais

    desconto lhe concedido.

    1.4.11 - Processo de fiscalizao da gerao

    Com relao execuo de obras e instalaes de energia eltrica, compete s reas de

    fiscalizao da ANEEL:

    Verificar se as obras foram executadas de acordo com os projetos aprovados;

    Permitir ou determinar modificaes nos projetos;

    Autorizar o incio da explorao.

    Da mesma forma, com relao explorao dos servios, compete ANEEL:

    Garantir a utilizao apropriada das instalaes;

    Garantir a observncia dos regulamentos, das instrues e normas tcnicas relativas explorao do servio, operao e conservao dos bens e instalaes;

    Garantir a segurana e salubridade pblicas.

    A Superintendncia de Fiscalizao dos Servios de Gerao - SFG da ANEEL a

    responsvel pelo cumprimento, pelos agentes de gerao, de suas obrigaes legais e contratuais.

    Sua atuao se inicia com o ato autorizativo ou com a assinatura do contrato de concesso, ou

    seja, as atividades da superintendncia englobam a construo e operao de centrais geradoras

    de energia eltrica.

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.26

    No caso de centrais termeltricas, a autorizao, concedida pela Superintendncia de

    Autorizaes e Concesses de Gerao SCG, contm marcos a serem cumpridos pelo empreendedor. Atuando sobre esses marcos que se inicia a ao da fiscalizao.

    A ao fiscalizadora, visa orientar os agentes do setor de energia eltrica, preveno de

    condutas violadoras da lei e dos contratos e descentralizao de atividades complementares aos

    Estados, com os propsitos de:

    Instruir os agentes e consumidores quanto ao cumprimento de suas obrigaes contratuais e regulamentares;

    Fazer cumprir os contratos, as normas e os regulamentos da explorao dos servios e instalaes de energia eltrica;

    Garantir o atendimento aos padres de qualidade, custo, prazo e segurana compatveis com as necessidades regionais e especficas de cada categoria de agente envolvido;

    Garantir o atendimento aos requisitos de quantidade, adequao e finalidade dos servios e instalaes de energia eltrica;

    Subsidiar, com informaes e dados necessrios, a ao regulatria, visando modernizao do ambiente institucional de atuao da ANEEL.

    1.4.12 - Limites de Participao dos Agentes no Mercado

    A entrada no mercado de empresas capazes de ampliar e melhorar as condies de oferta e

    prestao de servios de energia, tendo como garantia o livre acesso aos sistemas eltricos,

    concorrncia leal no setor de energia e viabilidade econmica e financeira das concesses,

    configura-se como condio primordial para assegurar o desenvolvimento sustentvel do setor

    eltrico.

    A obrigatoriedade de licitao para as concesses de servios pblicos; a separao do

    mercado de energia por meio da desverticalizao dos segmentos de gerao, transmisso e

    distribuio, a separao das funes de distribuio e comercializao e a garantia do livre

    acesso aos consumidores existentes e potenciais, so regras pertinentes e marcantes no novo

    contexto.

    Assim sendo, configurou-se a necessidade do estabelecimento de limites e condies para

    participaes de agentes econmicos nas atividades do setor de energia eltrica de forma a

    garantir esse modelo concorrencial. Destarte, um agente econmico no poder deter

    participao superior a 20 % na capacidade instalada ou na energia distribuda do sistema

    eltrico brasileiro, sujeito tambm a limites de concentrao nas diferentes regies, conforme

    estabelece a Resoluo ANEEL n 278/2000 (Figura 1.10).

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.27

    Figura 1.12 Aspectos da resoluo ANEEL n 278, de 19/07/2000.

    1.5 - REGULAMENTAO DO SETOR DE COMBUSTVEIS

    A Emenda Constitucional n 9, de 9 de novembro de 1995, deu nova redao ao art. 177 da

    Constituio Federal, flexibilizando o monoplio da Unio, exercido at ento pela Petrobrs,

    sobre as atividades de explorao, produo, refino, processamento, importao, exportao e

    transporte de petrleo, seus derivados e gs natural. A redao atual permite Unio contratar

    com empresas privadas ou estatais a realizao das atividades citadas acima.

    A legislao bsica vigente para o setor de petrleo e gs natural est contida na Lei 9.478,

    de 06 de agosto de 1997, que dispe sobre a poltica energtica nacional, as atividades relativas

    ao monoplio do petrleo, institui o Conselho Nacional de Poltica Energtica CNPE e a Agncia Nacional do Petrleo ANP. O CNPE vinculado Presidncia da Repblica e tem como atribuio propor a poltica energtica nacional. Entre os objetivos desta poltica

    preconizados na Lei 9.478, constam: incrementar, em bases econmicas, a utilizao do gs

    natural; proteger o interesse do consumidor quanto ao preo, qualidade e oferta de produtos e

    atrair investimentos na produo de energia. Cabe ANP promover a regulao, a contratao e

    a fiscalizao das atividades econmicas integrantes da indstria do petrleo e gs natural, e

    implementar, em sua esfera de atribuies, a poltica nacional de petrleo e gs natural, contida

    na poltica energtica nacional definida pelo CNPE.

    A ANP tem como desafio implementar a meta anunciada pelo Governo Federal, e prevista

    no Plano Nacional de Desenvolvimento do Gs Natural, de 1987, ampliando a participao do

    gs natural na matriz energtica do Pas dos atuais 2,8 % para 12 % at 2010, observando sempre

    a necessidade de se preservar nveis elevados de racionalizao, competitividade e uso eficiente

    de energia.

    Neste sentido, a ANP tem envidado esforos para regulamentar e promover as atividades

    relacionadas com indstria do gs natural. Destacam-se as Portarias ANP n 43, de 15 de abril de

    1998 (republicada no DOU de 22/05/98), que regulamenta a importao de gs natural, e a

    Portaria ANP n 170, de 26 de novembro de 1998, que regulamenta a construo, a ampliao e a

    operao de instalaes de transporte ou de transferncia de petrleo, seus derivados e gs

    natural, inclusive liquefeito (GNL). Vale ressaltar que a atividade de distribuio de gs

    canalizado constitui monoplio estadual, nos termos do pargrafo 2 do Art. 25 da Constituio

    Federal, podendo ser explorado diretamente pelos Estados, ou mediante concesso.

    Nos termos da Portaria ANP n 43, de 15 de abril de 1998, a importao de gs natural

    (Tabela 1.4) somente ser efetuada mediante prvia e expressa autorizao da ANP, nos termos

    da legislao aplicvel e da referida Portaria. Sero autorizadas a exercer a atividade de

    importao de gs natural as empresas constitudas sob as leis brasileiras, com sede e

    administrao no Pas, e que atendam, em carter permanente, aos requisitos estabelecidos na

    legislao sobre comrcio exterior. Sero igualmente autorizados, os consrcios de empresas

    constitudos com observncia, no que couber, do disposto no art. 38 da Lei n 9.478, de 6 de

    agosto de 1997.

    O requerimento de autorizao dever ser instrudo com os seguintes dados e informaes:

    Razo social, endereo, nmero do registro da empresa no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministrio da Fazenda - CGC-MF e prova de atendimento do disposto no artigo

    anterior;

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.28

    Volume de gs natural a ser importado e o pas de origem;

    Data prevista para o incio da importao;

    Mercado potencial a ser atendido;

    Meio de transporte a ser utilizado para a importao do gs natural;

    Local de entrega no Pas e, no caso de o gs importado estar na forma liqefeita, a localizao do terminal martimo e da estao de revaporizao do gs;

    Especificaes tcnicas do gs natural a ser importado, que devero estar de acordo com os termos da Portaria ANP n 41, de 15 de abril de 1998.

    Tabela 1.4 - Autorizaes vlidas para importao de gs natural -perodo 1998/2000

    Empresa Importadora Pas de

    Origem

    Previso

    de incio

    Volume

    mximo Mercado potencial

    Sulgs Argentina 2 trim./2000 15 Mm3/d RS

    Petrobrs Bolvia 1 trim./1999 30 Mm3/d

    MS, SP, PR, SC,

    RJ, RS, MG,

    REPLAN, REPAR

    e REFAP

    EPE - Emp.Prod.de Energia (2) Argentina 1 trim./2000 2,21 Mm3/d Usina de Cuiab

    Gerao Centro Oeste GCO Bolvia julho de 2001 2,5 Mm3/d Usina de Cuiab II

    Enersil - Energia do Brasil Bolvia julho de 2000 365 Mm

    3/ano

    no firme

    CEG, CEG RIO e

    GASMIG

    Pan American Energy (2) Argentina 1 trim./2003 15 Mm3/d RS, SC e PR

    Pan American Energy (3) Bolvia 2 trim./2000 3,5 Mm3/d SP

    OBS: Duas empresas j iniciaram suas atividades: a Petrobrs, que iniciou a importao da Bolvia em julho de

    1999, e a SULGAS, que iniciou a importao da Argentina em junho de 2000.

    O contrato de compra e venda de gs natural celebrado pela empresa interessada com o

    exportador no pas de origem dever ser apresentado ANP dentro de 15 (quinze) dias

    consecutivos, contados da assinatura do mesmo, sob pena de imediata suspenso da autorizao

    at o cumprimento desse requisito.

    A empresa interessada poder requerer ANP a renovao do prazo de validade da

    autorizao, justificando, para tanto, o seu pedido.

    As empresas ou consrcios autorizados na forma da referida Portaria devero apresentar

    ANP, at o dia 30 (trinta) de cada ms, um relatrio detalhado sobre as atividades de importao

    realizadas no ms imediatamente anterior, contendo especialmente os volumes importados de

    gs natural e outros dados pertinentes. A ANP publicar no Dirio Oficial da Unio os dados e

    informaes que devam ser divulgados para conhecimento geral.

    A ANP o rgo responsvel pela anuncia de toda importao e exportao de petrleo,

    seus derivados e gs natural, atravs do Sistema Integrado de Comrcio Exterior SISCOMEX, vinculado Secretaria de Comrcio Exterior - SECEX. No caso particular do gs natural

    importado por meio de gasoduto, a Secretaria da Receita Federal SRF estabeleceu, atravs das Instrues Normativas SRF 71/99, de 17 de junho de 1999, e SRF N 103, de 20 de agosto de

    1999, novos procedimentos para o despacho aduaneiro, que ser processado na unidade da SRF

    da jurisdio do local de entrada do produto no territrio nacional, com base em Declarao de

    Importao DI registrada no SISCOMEX pelo importador, podendo ser registrada uma nica DI relativamente quantidade total de produto ingressado no Pas em cada ms. A DI dever ser

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao termeltrica 1.29

    registrada at o vigsimo dia subseqente quele da medio mensal que ocorre no primeiro dia

    til subseqente ao ms calendrio em que se realizou a importao. O despacho aduaneiro

    submetido automaticamente anuncia da ANP, atravs do SISCOMEX, na forma de Licena de

    Importao - LI. A autorizao da ANP para importao de gs natural pr-requisito bsico

    para o importador receber a anuncia da ANP nas respectivas LIs mensais. As Instrues Normativas supracitadas tambm estabelecem procedimentos referentes medio do gs

    natural.

    Nos termos da Portaria ANP n 170, de 26 de novembro de 1998, a construo, a

    ampliao e a operao de instalaes de transporte ou de transferncia de petrleo, (tab. 1.5)

    seus derivados e gs natural, inclusive liqefeito (GNL), dependem de prvia e expressa

    autorizao da ANP. Somente podero solicitar autorizao ANP empresas ou consrcio de

    empresas que atendam as disposies do art. 5 da Lei 9.478, de 6 de agosto de 1997.

    Consideram-se instalaes de transporte ou de transferncia:

    Dutos;

    Terminais terrestres, martimos, fluviais ou lacustres;

    Unidades de liquefao de gs natural e de regaseificao de GNL;

    As mencionadas instalaes incluem os sistemas indispensveis operao das mesmas, tais

    como: estaes de bombeamento ou compresso, tanques de armazenagem e sistemas de

    controle. Os dutos de transferncia internos a uma planta industrial no esto sujeitos referida

    Portaria.

    A autorizao ser concedida pela ANP em 2 (duas) etapas:

    Autorizao de Construo (AC);

    Autorizao de Operao (AO).

    O pedido da Autorizao de Construo (AC) ser encaminhado ANP, instrudo com as

    seguinte informaes:

    Ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, devidamente registrado na Junta Comercial, em se tratando de sociedades comerciais e, no caso de sociedades por aes,

    acompanhado de documentos de eleio de seus administradores ou diretores;

    Comprovao de inscrio nas Fazendas Federal e Estadual;

    Sumrio do projeto da instalao, apresentando o servio pretendido, as capacidades de movimentao e armazenagem discriminadas para cada etapa de implantao do projeto,

    alm de dados tcnicos bsicos pertinentes a cada tipo de instalao;

    Planta ou esquema preliminar das instalaes;

    Cronograma fsico-financeiro de implantao do empreendimento;

    Licena de Instalao (LI) expedida pelo rgo ambiental competente.

    A ANP publicar no Dirio Oficial da Unio um sumrio do projeto pretendido, para o

    oferecimento de comentrios e sugestes, por um prazo de 30 (trinta) dias.

    Caso a ANP classifique as instalaes como de transporte para gs natural, a autorizao

    s ser concedida a pessoa jurdica cujo objeto social contemple, exclusivamente, a atividade de

    construo e operao de instalaes de transporte.

    Caso a empresa participe do capital social de outras empresas atuantes na indstria do gs

    natural, inclusive na atividade de distribuio, ou estas participem do capital social daquela, tal

    participao societria dever ser comprovada com os documentos pertinentes.

    O pedido da Autorizao de Operao (AO) ser encaminhado ANP, contendo a seguinte

    documentao:

    Licena de Operao (LO) expedida pelo rgo ambiental competente;

  • Captulo 1 O setor eltrico brasileiro e a gerao ter