cap1 Áreas de selva

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    CAPTULO l

    REAS DE SELVA

    ARTIGO I

    INTRODUO

    1-1. FINALIDADE

    a. As presentes Instrues Provisrias tm por finalidade divulgar conhe-cimentos gerais, tcnicas e processos que podero contribuir para a sobrevivn-cia na selva, particularmente na Selva AMAZNICA, de indivduos isolados ouem grupos, seja em tempo de paz, seja no curso de operaes militares.

    b. Contudo, somente em situaes muito especiais deve ser adotada a pos-sibilidade de conduzir operaes militares e sobreviver, simultaneamente. A so-brevivncia pressupe tempo para obter e preparar alimentos e, ainda, entre ou-tras tarefas construir abrigos. Devido s dificuldades enfrentadas, os indivduosisolados ou em pequenos grupos estaro, normalmente, se sustentando abaixo desuas necessidades normais. Tudo isto dificulta, quando no inviabiliza, realizarmarchas e combater o inimigo com eficincia.

    c. Sua consulta ser til por ocasio do manuseio das IP 72-l - OPERA-ES NA SELVA , IP 72-20 - O BATALHO DE INFANTARIA DE SELVAe IP 72/7 - 10 - A COMPANHIA DE FUZILEIROS DE SELVA.

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    ARTIGO IICONSIDERAES GERAIS

    1-2. LOCALIZAO GERAL

    As reas geogrficas com caractersticas de selva situam-se, em sua quasetotalidade, na zona tropical, limitada pelos paralelos de CNCER e de CAPRI-CRNIO. Assim que, no continente americano, encontram-se a Selva AMA-

    ZNICA , a mais vasta do mundo, abrangendo pores territoriais do BRASIL,GUIANA FRANCESA, SURINAME, GUIANA, VENEZUELA, COLMBIA,PERU, EQUADOR e BOLVIA, e a Selva da AMRICA CENTRAL. NaFRICA, encontram-se as grandes florestas das bacias dos Rios NGER, CON-GO e ZAMBEZE, a da costa oriental e a da ilha MADAGSCAR. Na SIA,as florestas do sul da NDIA e do sudeste do continente. Na OCEANIA, as ilhasem geral so cobertas por vegetao com caractersticas de selva (Fig 1-1).

    1-3. SELVAS TROPICAIS

    a. No h tipo de selva que se possa chamar de padro comum. A sua vege-tao depende do clima e, at certo ponto, da influncia exercida pelo homematravs dos sculos.

    b. As rvores tropicais levam mais de 100 anos para atingir a sua ma-turidade e somente nas florestas primitivas, virgens, no tocadas pelo homem,encontram-se em completo crescimento.

    c. Essa selva primitiva, por sua abundncia de rvores gigantescas, torna-sefacilmente identificvel. Apresenta uma cobertura densa, formada pelas copasde rvores que, por vezes, atingem mais de 30 metros de altura, e sob as quaishmuito pouca luz e uma vegetao suja, o que no impede a progresso atravs damesma.

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    d. A vegetao, nas florestas primitivas, tem sido destruda para permitir ocultivo em algumas reas. Estas reas, mais tarde, deixando de ser cultiva-das, propiciam o crescimento de uma vegetao densa, cheia de enredadeiras,constituindo a selva secundria, muito mais difcil de atravessar do que a selvaprimitiva.

    e. Em qualquer desses tipos de selva, so encontradas plantas e frutas nati-vas diversas, pssaros, animais e abundante variedade de insetos.

    1-4. REAS DE SELVA NO BRASIL

    a. No BRASIL, encontram-se reas cobertas com vegetao caractersticadas grandes florestas. A principal e a maior do mundo a Floresta AMAZNI-CA ou Selva AMAZNICA, como j conhecida internacionalmente. As ou-tras, bastante limitadas, quer pelas extenses que ocupam, quer pelas condiesde povoamento e conseqente existncia de ncleos populacionais e de estradas,quer ainda pelas diferentes condies climticas, topogrficas e de vegetao,so encontradas formando os conjuntos florestais que se desenvolvem a sudoes-te do Estado do PARAN, a noroeste do Estado de SANTA CATARINA e pr-

    ximo ao litoral, sendo conhecida por MATA ATLNTICA.

    b. Outras reas de florestas existem, embora possam ser consideradas pe-queninas manchas se comparadas com as mencionadas; entretanto, dentro dafinalidade a que se prope este manual, no sero consideradas, porquanto nojustificam apreciaes especiais relacionadas quer com sobrevivncia, quer comoperaes militares na selva.

    c. As prprias reas florestais PARAN - SANTA CATARINA e a MATAATLNTICA no sero apreciadas em particular, uma vez que aquilo que fordito para a Selva AMAZNICA ter aplicao, feitos os ajustamentos relativos,para essas reas. Entretanto, sobreviver e operar militarmente nelas ser menosdifcil do que na Selva AMAZNICA, no s porque as condies de clima, detopografia e de vegetao so diferentes, como tambm pelo progresso decorren-te da ao do homem sobre a rea.

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    Fig 1-1. reas de selva.

    ARTIGO III

    SELVA AMAZNICA

    1-5. DELIMITAO

    A Selva AMAZNICA cobre os Estados do AMAZONAS, do PAR, doACRE,do AMAP, de RORAIMA, de RONDNIA e do TOCANTINS e pene-tra ainda nos Estados do MARANHO e MATO GROSSO, perfazendo umarea aproximada de 5 milhes de quilmetros quadrados, o que representa57,72% da superfcie do BRASIL. Entretanto, nesta imensido, a densidade po-pulacional no atinge a 4 (quatro) habitantes por quilmetro quadrado. Nestesdados no esto computadas as pores florestais que se estendem pelos pasesvizinhos, quer ao norte, quer a oeste, onde predominam tambm as mesmas ca-ractersticas de vegetao.

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    1-6. TIPOS DE VEGETAODo ponto de vista dos tipos de vegetao, a Regio AMAZNICA pode sercaracterizada, em linhas gerais, como uma rea constituda, em quase toda a ex-tenso, isto , acima de 80%, pela Floresta Equatorial, com rvores de grandeporte, folhas perenes e considervel densidade. Em pequenas propores, en-contram-se ainda a floresta de palmeiras, a faixa costeira de vegetao hidrfila(mangues), as manchas campestres disseminadas no mbito da floresta e a vege-tao secundria.

    a. Floresta EquatorialConhecida tambm por HILIA, constitui, sem dvida, a caractersticadominante da rea, tornando-a uma das grandes regies fitogeogrficas do mun-do. Entretanto, essa floresta no apresenta um aspecto uniforme. Assim, poderser comumente dividida em dois tipos principais: a floresta de terra firme e afloresta de terras inundveis.

    l) Floresta de terra firme (Fig 1-2)Tambm conhecida por floresta das terras altas, ocupa as reas que se

    acham fora do alcance das guas das cheias e constitui a floresta amaznica tpi-ca, com rvores de grande porte, lianas, cips e epfitas, onde as copas se entre-

    laam, impedindo a penetrao dos raios solares e permitindo o aparecimento deoutros estratos de vegetao, densos, e que recobrem solos humosos. Abaixodesse macio vegetal, o ambiente mido e sombrio, o que favorece o desen-volvimento da intensa vida microbiana que transforma rapidamente todos os de-tritos vegetais continuamente lanados ao solo. Esta floresta estende-se pelosEstados do AMAP, PAR, AMAZONAS e ACRE, noroeste do MARA-NHO, norte do MATO GROSSO, norte de RONDNIA e sul de RORAI-MA; reveste aproximadamente 3 milhes e 500 mil quilmetros quadrados darea amaznica. As espcies que predominam nos estratos superiores so o cas-

    tanheiro, o acapu, a macaba, a andiroba, a sapucaia, a tatajuba etc. As varia-es das condies do solo, do relevo e mesmo do clima, nessa imensa rea, nopermitem generalizar, caracterizando em funo de uma espcie principal, a ve-getao da floresta de terra firme, mesmo porque a maior parte da rea desco-nhecida em seu interior. Pode-se, entretanto, citar como caractersticas geraisdesse tipo de floresta:

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    - a existncia de vrios estratos, os quais, a partir do solo, so consti-tudos por uma cobertura de gramnea mais ou menos rarefeita, por elementos deporte subarbustivo, de porte arbustivo e, por fim, de aspecto arbreo:

    - o alto porte das rvores que compem o estrato superior;- a diversificao das espcies.

    2) Floresta de terras inundveisTambm conhecida por floresta de vrzea alagadia ou floresta pan-

    tanosa, caracteriza a vegetao que se desenvolve nas imediaes das margensdo Rio AMAZONAS e seus principais afluentes, alcanando, por vezes, 100quilmetros de largura. , em suma, a vegetao arbrea dos leitos dos princi-pais rios da Plancie AMAZNICA. Nela, a denominao catival ou carrascal(Fig 1-3) aplica-se vegetao onde predominam rvores de grande porte, quecrescem em detrimento de espcies menores. Em seu interior o terreno relati-vamente limpo, no prejudicando em muito o movimento a p. Ela se desenvol-ve, normalmente, nas partes mais altas dos terrenos sujeitos aos alagamentos ese constitui no que vulgarmente se chama mata de vrzea (Fig 1-4) e mata deigap(Fig 1-5). Na primeira, a seringueira e o pau-mulato formam o estratomais alto; abundante o nmero e espcies de palmceas e lianas, enquanto que,no cho, desenvolvem-se plantas herbceas. Por vezes, acompanhando os cur-

    sos dos rios, estreitas faixas mais elevadas de aluvio, raramente invadidas pelasguas - as chamadas restingas(Fig 1-6) - apresentam um desenvolvimento ve-getal semelhante ao da terra firme, no que tange s espcies encontradas. Namata de igap, a vegetao apresenta-se mais densa e bastante variada em esp-cies, porm o porte das rvores menor que o das de terra firme e de vrzea. Adistino entre esses dois tipos de mata, de vrzea e de igap, no fcil, inclu-sive para os prprios habitantes da regio; para eles, mata de vrzea a que ocu-pa os terrenos periodicamente recobertos pela gua, enquanto a de igap aque-la que recobre terreno lodoso (em decorrncia do acmulo de matria orgnica).

    Contudo, a mata de igap o trecho da floresta onde a gua, aps a enchentedos rios, fica por algum tempo estagnada, enquanto a mata de vrzea deixa adescoberto o solo to logo ocorra a vazante dos rios. justificvel, at o mo-mento, a existncia dessas concepes variadas, porquanto a gigantesca florestaainda no foi palmilhada em seu mago; muito h que se ver e estudar sobre aSelva AMAZNICA. At aqui, porm, po-

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    de-se generalizar: na terra firme, na vrzea ou no igap que se constata a pu-

    jana da floresta.

    b. Floresta de Palmeiras1) A mais caracterizada no BRASIL aquela que conhecida como zo-

    na dos cocais e situa-se na parte oriental da Regio Norte, prolongando-se paraleste em direo s caatingas nordestinas; por isso mesmo, constitui uma regiode transio entre aquela que mida e florestal - a amaznica - e aquela semi-rida das caatingas - a nordestina; para o sudoeste, atinge a Ilha do BANANAL,no Estado de TOCANTINS.

    2) A palmeira de maior porte e valor econmico o babau; alm destaexistem a carnaba, o aa, o patau etc., todas servindo para caracterizar indivi-dualmente o palmeiral.

    3) Um palmeiral, apesar da natural mesclagem com outros tipos de vege-tao, no constitui obstculo de vulto transitabilidade.

    4) interessante lembrar que palmeiras de inmeras espcies so encon-tradas tambm nas matas de terra firme, de vrzea ou de igap, se bem que noconstituindo um aglomerado individualizado e distinto; sua existncia , pois,dispersa naqueles conjuntos florestais e tem grande significao em se tratandode sobrevivncia, uma vez que fornecem palmitos, frutos, folhagem para cober-tura, fibras e no raro indicam a existncia de gua nas proximidades.

    c. Manguesl) Tambm denominados mangais (Fig 1-7), so encontrados bordejando

    o litoral amapaense, paraense e maranhense e realizando incurses variveis pa-ra o interior, particularmente ao longo das margens de alguns rios que sofrer in-fluncia da gua salgada das mars.

    2) Sua vegetao inconfundvel e apresenta caractersticas muito espe-ciais: vive em ambiente salgado ou salobro, tem grande capacidade de reprodu-

    o e invade zonas lodosas, para cuja consolidao concorre.3) As trs variaes, vermelho, branco e preto, sucedem-se nesta ordem,geralmente a partir da linha da baixa-mar para o interior, ocupando as duas pri-meiras a frente, e a terceira, a retaguarda. A vegetao do mangue vermelho - omangueiro - e do mangue preto - a siriba - alcana alturas de at 20 metrose

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    algumas vezes apresenta um emaranhado denso e bastante largo; mais comum,

    entretanto, constituir uma faixa de uns 20 metros de largura, ao longo dos cursosde gua ou beira-mar. O mangueiro caracterizado pela massa compacta de ra-zes areas que partem dos galhos em direo gua e, em conjunto, constituiobstculo a vencer; j a siriba, com o seu tronco mais ereto, no apresenta esseaspecto.

    4) freqente encontrar-se misturada vegetao de mangue uma outra,denominada matagal litorneo, onde podem sobressair diversas espcies de plan-tas, entre elas as palmeiras ou coqueiros esparsos, como o meriti, o aa, o jupati,a aninga, a samama etc.

    d. Manchas CampestresAs ocorrncias campestres na regio apresentam desenvolvimento espa-

    cial reduzido em comparao com a rea ocupada pela floresta. No ocorremem grandes extenses contnuas, mas sim constituindo verdadeiras manchas iso-ladas na vastido da selva, com contornos geralmente bem definidos. So tam-bm provocadas pela retirada da vegetao pelo crescimento de localidades, a-bertura de estradas, queimadas, derrubadas de rvores para formao de pasto ouqualquer outro tipo de atividade econmica. Abrangem campos limpos, campos

    cerrados, campos de vrzeas, campinaranas, campos artificiais e caatingas.l) Campos limpos e cerradosOs campos limpos (Fig 1-8) so compostos por gramneas e outras er-

    vas altas, muitas vezes com algumas rvores esparsas. Os cerrados (Fig 1-9) e-xistentes no se diferenciam muito daqueles das demais regies brasileiras; no-ta-se apenas que h uma reduo no nmero de espcies que os compem, natu-ralmente em decorrncia das caractersticas do solo. O capim barba-de-bode,chamado pelos locais de rabo-de-burro, a gramnea que reveste a maior partedo solo atapetado, encontrando-se, esparsamente, rvores de galhos retorcidos,de folhagem pouco desenvolvida. Esses campos so encontrados no Estado doAMAP, em uma faixa que ocorre paralelamente costa e aps a faixa de vege-tao litornea dos mangues, no Estado de RORAIMA, onde ocupam toda aporo nordeste, no Estado de RONDNIA, no Estado de TOCANTINS e emparte do sudoeste maranhense, como prolongamento dos cerrados do cen-

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    tro-oeste, que buscam um contato com a floresta amaznica e com a zona doscocais.IP 21-80 1-6

    Outras manchas bem menores so encontradas entre as localidades de HUMAI-T e LBREA, no Estado do AMAZONAS, e ao norte da linha MONTE ALE-GRE-ALENQUER-BIDOS, no Estado do PAR. De modo geral, os camposlimpos e os cerrados apresentam-se associados.

    2) CampinaranasNo so mais do que os campos limpos e os cerrados que se encon-

    tram nos limites da sua transio para a vegetao de matas. Apresentam maiornmero de rvores do que as campinas.

    3) Campos de vrzeas (Fig 1-10)So os que surgem ao longo dos rios, geralmente como faixas parale-

    las estreitas, no raramente mltiplas, separadas por elevaes ou tesos revesti-dos de mata; so, portanto, manchas perdidas na vastido da floresta de vrzea,sujeitas ao alagamento, o que os diferenciam dos demais tipos de campos, almde serem de durao efmera e conseqentes sedimentao resultante das -guas das cheias. Vasta rea desses campos encontrada na parte leste da Ilha deMARAJ, onde so conhecidas como campos inundveis e, ao contrrio da re-

    gra geral, permanentes. Tal fato se deve, possivelmente, formao sedimentarpermanente e antiga e ao resultado da conjugao de trs fatores: a topografiaplana e baixa, a grande quantidade de argila, que toma o solo impermevel pe-quena profundidade, e a intensa precipitao local que, encontrando solo de di-fcil drenagem, encharca-o durante vrios meses do ano.

    4) Campos Artificiais (Fig 1-11)So aqueles que resultam da ao do homem que, visando explorar a

    pecuria ou agricultura provoca o desmatamento e substituio da floresta poroutro tipo de vegetao. Ocorrem, com maior freqncia, nas lavouras e pastos

    dos Estados de RONDNIA, do MATO GROSSO e do TOCANTINS, do suldo Estado do PAR e do oeste do MARANHO.5) Caatingas (Fig 1-12)

    As caatingas amaznicas so semelhantes s do Nordeste e ocorremem terras altas, de terrenos silicosos recobertos por uma camada de humo pretocido. So variveis em estrutura, aparecendo ora com rvores baixas e arbus-

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    tos, ora com rvores altas de permeio, ora ainda com arbustos e rvores a-ns, de1-6 IP 21-80

    altura mais ou menos uniforme; as plantas lenhosas geralmente possuem folhaspersistentes. Entretanto, ao contrrio do que ocorre com a caatinga nordestina, aamaznica situa-se em reas de intensa pluviosidade, onde as chuvas so bemdistribudas durante o ano inteiro, razo por que sua flora e ecologia diferem da-quela; h, pois, semelhana, mas no igualdade. Situam-se em algumas reas dabacia do Rio NEGRO e nas proximidades da localidade de SO PAULO DEOLIVENA, no Rio SOLIMES, no Estado do AMAZONAS.

    e. Vegetao Secundria

    1) a vegetao decorrente do impacto da ao humana sobre a selva;em conseqncia, encontrada nos arredores das localidades, nas margens dasrodovias e ferrovias e nas adjacncias de clareiras indgenas, onde a luz solaratinge o solo. Entretanto, no s a ao humana a responsvel por ela; os cur-sos de gua, as quedas de rvores gigantes, os lagos ou lagoas tambm contribu-em para a existncia de grandes vazios, ao redor dos quais, conseqente pene-trao solar, desenvolve-se a vegetao secundria.

    2) Em se tratando de sobrevivncia ou operaes militares, essa ve-getao tem grande significado, pois o homem, ao se defrontar com ela - identi-ficada pela colorao verde-clara de suas folhagens, em comparao com a ver-de-escura da selva - ter sempre a esperana de encontrar, a seguir, uma locali-dade, uma estrada, clareiras, rios ou lagos. claro que o encontro de uma locali-dade ou de uma estrada significa, na quase totalidade dos casos, a salvao. Po-rm, clareiras, rios ou lagos, muitas vezes so acidentes perdidos na imensidoda selva, os quais, primeira vista, podero parecer sem significado para quem

    procura livrar-se da floresta; assim sendo, o encontro com um acidente destes,na realidade, pode ser considerado tambm como a salvao, pois dele muitomais fcil, quase certa, a ligao terra-ar. Da a importncia da vegetao secun-dria, sem esquecer, contudo, que a selva amaznica imensa e o seu desconhe-cimento ainda quase total, razo por que as surpresas podero apresentar-se a

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    cada passo, de modo a confundir ou mesmo anular as primeiras esperanas deum sobrevivente ou de um grupo operacional-militar.IP 21-80 1-6

    Fig 1-2. Floresta de terra firme.

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    Fig 1-3. Catival ou carrascal.1-6 IP 21-80

    Fig 1-4. Mata de vrzea.

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    Fig 1-5. Mata de igap.IP 21-80 1-6

    Fig 1-6. Restinga.

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    Fig 1-7. Mangue.

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    Fig 1-8. Campos limpos.

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    Fig 1-9. Cerrado.IP 21-80 1-7

    1-7. RELEVO

    a. Em linhas gerais, o relevo brasileiro pode ser caracterizado pelo amplopredomnio das superfcies planas, ou melhor, onduladas. Naturalmente estasformas de relevo esto situadas a alturas variveis e possuem estruturas geolgi-cas que as diferenciam umas das outras. No territrio brasileiro, cerca de 5/8so de terras altas, isto , planaltos, enquanto 3/8 so de plancies.

    b. A grande Regio AMAZNICA caracterizada, do ponto de vista topo-grfico e dentro da terminologia moderna, por um imenso baixo-plat, abran-gendo as reas das terras firmes, por uma plancie, englobando as reas das ter-

    ras alagadias de vrzeas, e pelas encostas de dois planaltos, o brasileiro ao sul eo guianense ao norte.

    c. A plancie prolonga-se para o oeste, ultrapassando o mbito nacional, atatingir os sops andinos; desde sua penetrao em fronteiras brasileiras, agoravinda do oeste, essa plancie vai ter ao ATLNTICO com fraca declividade,

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    uma vez que a mais de mil quilmetros do litoral, em TABATINGA, sua altitude de apenas 65 metros.

    d. A densa cobertura vegetal amaznica no permitiu, at hoje, que se tenhanoo exata do seu relevo. Entretanto, pode-se afirmar, com base nas observa-es feitas, particularmente pelo pessoal militar do Exrcito que presta serviosprofissionais na rea, que no interior da selva 500 metros no so percorridossem que se encontre uma subida ou uma descida, na maioria das vezes ngremes;a impresso que d a quem se desloca atravs da selva que o relevo totalmen-te ondulado (Fig 1-13). Somando se a essatopografia as dificuldades impostaspela vegetao e pelas condiesclimticas, pode-se ter uma idia de como po-der ser penoso um deslocamento sob tais condies.

    e. Sob o aspecto didtico, as seguintes apreciaes sobre a topografia da -rea amaznica podem ser feitas:1-7 IP 21-80

    l) Baixo plat - So as reas de terras firmes que, em direo ao norte,vo ligar-se s garupas meridionais do sistema guiano, e, em direo ao sul, con-finam com os bordos setentrionais do planalto brasileiro. Dentro da montona

    paisagem, aparentemente plana, distinguem-se vrios nveis de terrao, entre osquais se sobressaem: os de BELM, ICORACI e GURUP, entre 6 e 8 metros;o nvel de 15 a 20 metros, correspondente s terras mais altas de MARAJ, sterras altas das vizinhanas de BELM, s da ilha CAVIANA, ao terrao deSANTARM e ao da regio de PONTA PELADA, onde se encontra a base a-rea de MANAUS; o nvel entre 35 e 40 metros, correspondente ao plat deMANAUS, s terras firmes entre o baixo Rio NEGRO e o baixo SOLIMES, e maior parte dos plats entre o TOCANTINS e o MADEIRA; e, finalmente, en-contra-se o nvel mais elevado, de 110 metros, que ocorre nas reas de PARIN-

    TINS, HUMAIT, BELTERRA e no plat de SANTARM.

    2) Plancie de inundao - Por ela responsvel o Rio AMAZONAS -SOLIMES, bem como os cursos inferiores de seus afluentes. Constitui a me-nor poro da AMAZNIA. As principais reas aluviais so as do SOLIMES,do JAVARI, do PURUS, do MADEIRA, do AMAZONAS, dos furos de BRE-

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    VES, das partes oeste e sul da ilha de MARAJ e do vale do TOCANTINS.Nela encontram-se: as vrzeas - terreno alcanado pelas guas apenas na pocadas cheias; os igaps (Fig 1-14) - terreno inundvel durante grande parte do

    ano; os lagos - reservatrios naturais que recebem o excesso das guas dos riosdurante as enchentes; e os tesos -pequenas elevaes no atingidas pelas guasdas cheias.

    3) Encosta guianense - A delimitao entre o baixo plat e as encostasmeridionais do sistema guianense feita usualmente pelas primeiras corredeirasque aparecem no leito dos afluentes do AMAZONAS-SOLIMES. Essas en-costas pertencem s duas grandes massas orogrficas que constituem o sistema:serras ocidentais e serras orientais, que so separadas pela depresso do RioBRANCO, e que, tambm, servem de divisor de guas entre os rios que vertem

    para a bacia AMAZNICA e os que correm para o litoral norte da AMRICADO SUL. A leste da localidade de CUCU, encontra-se o ponto culminante doBRASIL, o Pico da NEBLINA, com mais de 3.000 metros de altura. No Estadode RORAIMA, a grande rea que constitui os campos situa-se em uma plancie.IP 21-80 1-7

    Fig 1-10. Campos de vrzea.

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    Fig 1-11. Campos artifciais.

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    Fig 1-12. Caatinga.

    Fig 1-13. Relevo ondulado da selva.IP 21-80 1-7/1-8

    4) Encosta setentrional do planalto central brasileiro - Seu relevo sobegradativamente na direo do sul, at chegar ao nvel dos chapades que consti-

    tuem o relevo tpico do planalto central. As cotas de 500 metros do a essas en-costas algum vulto e so comuns; os leitos dos rios sofrem desnveis que soresponsveis pelas inmeras cachoeiras encontradas nos tributrios do AMA-ZONAS - SOLIMES, como o TAPAJS, o XINGU, o MADEIRA e outros.As massas orogrficas so representadas pela serra do CACHIMBO, no sudoestedo PAR, pela serra do NORTE, a noroeste de MATO GROSSO, e pelas cha-padas dos PARECIS e PACAS NOVOS, as quais penetram no Estado deRONDNIA.

    1-8. HIDROGRAFIA

    a. Cursos de gual) A bacia amaznica possui rea que ultrapassa os 6 milhes de quil-

    metros quadrados, dos quais cerca de 70% encontram-se em solo brasileiro e os

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    restantes esto distribudas por solos peruano, boliviano, equatoriano, colombia-no, venezuelano e guiano.

    2) O Rio AMAZONAS seu representante principal; seus tributrios da

    margem sul so bem mais extensos que os da margem norte. Ela interliga-secom a bacia do ORINOCO, pelo canal CASSIQUIARE e h condies de unir-se com as bacias do MADALENA e do PRATA, alm de outras.

    3) Na terminologia regional, alguns rios, em funo da colorao de suasguas, so conhecidos como rios brancos, rios negros e rios de guas claras.

    4) Os rios brancos (ou barrentos) transportam sedimentos em grandequantidade, o que d a suas guas um tom francamente amarelado, conseqenteda existncia da argila em suspenso; se chamados amarelos, haveria mais coe-rncia. Outra de suas caractersticas a instabilidade dos seus leitos, decorrenteda eroso marginal que, na poca das cheias, provoca o incidente das terras ca-das, uma das fontes de material argiloso em suspenso nas guas. So rios destetipo o prprio AMAZONAS, o MADEIRA, o TROMBETAS, o PURUS, oBRANCO e outros.

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    5) Os rios negros, ou pretos, ou de guas pretas como tambm so cha-mados, em compensao, justificam plenamente a denominao; suas guas, em

    grande massa, so realmente muito escuras, o que decorre da forte dissoluo docido provindo da decomposio da matria orgnica vegetal (hmus) que reco-bre o cho das florestas situadas nas plancies de inundao de suas margens enas de seus afluentes. Tpico exemplo o Rio NEGRO. Fenmeno interessante o chamado encontro das guas, nas proximidades de MANAUS, quando asguas brancas do Rio SOLIMOES recebem as guas negras do Rio NEGRO (Fig1-15).

    6) Os rios de guas claras so aqueles em que as mesmas apresentam umtom verde-oliva nos trechos profundos e verde-esmeralda nas partes rasas e o

    leito de areias brancas, estas constituindo o principal material de sedimentao,razo da existncia de praias e baixios arenosos. So ricos representantes des-tetipo o TAPAJS, famoso por suas praias de areia branca, o JURUENA, o TE-LES PIRES, o VERDE, o XINGU e outros.

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    7) Ainda de acordo com a terminologia regional, alguns elementos hdri-cos, responsveis pela diversificada drenagem na bacia, so conhecidos por pa-ran, furo e igarap (Fig 1-16).

    8) Paran um extenso (largo e caudaloso) brao de um rio, como seformasse uma grande ilha, isto , sai e retorna ao mesmo rio; geralmente nave-gvel.

    9) Furo um canal, geralmente estreito, que comunica um lago com umrio ou que estabelece ligao entre dois rios; digna de meno, pela sua granderea geogrfica, a extensa rede de furos existente a oeste da Ilha de MARAJ,que estabelece a comunicao entre os rios AMAZONAS e PAR, e na qualsobressai o chamado furo de BREVES, inclusive navegvel.

    10) Igarap um estreito e sinuoso curso de gua que se intromete sob a

    copa das rvores das matas de vrzea e que significa "caminho da gua"; comesta denominao tambm so conhecidos aqueles cursos de gua que, pelo seuporte relativamente menor, no merecem o designativo de rio, reservado, na re-gio, queles realmente grandes; corresponde ao ribeiro, do sul do BRASIL.

    b. Lagos1) Distinguem-se dois tipos principais de lagos amaznicos: os de vrzea

    e os de terra firme.IP 21-80 1-8/1-9

    2) Os lagos de vrzea ocupam as depresses da plancie aluvial, isto , asreas ainda no preenchidas pelo limo das enchentes. So geralmente rasos, al-guns mesmo temporrios, transformando-se em brejos na poca da vazante; suasmargens so baixas, planas e, s vezes, prestam-se a campos e pastagens. Sobons pesqueiros, pois grande parte dos peixes, neles refugiados por ocasio dascheias, no conseguem retornar aos rios de onde vieram; so, por excelncia, o"habitat" do tucunar e do pirarucu.

    3) Os lagos de terra firme so as massas de gua encontradas nas depres-ses conseqentes da eroso, nas terras altas; suas margens so mais elevadas ematosas e suas praias so de areia branca; neles vo desaguar, geralmente, vriospequenos rios.

    c. Pororocaum fenmeno peculiar na Regio AMAZNICA, mas no exclusivo,

    pois ocorre tambm na FRANA, no Rio SENA ("mascaret"), e na INDIA, no

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    Rio GANGES ("bore"). A denominao "pororoca" refere-se ao estrondeante erepetido rudo que acompanha o fenmeno e que o aborgene batizou de "poroc-poroc", para significar "arrebentar seguidamente". um fenmeno de mar e

    no restrito ao esturio do grande rio; tem lugar tambm nos rios que des-guam na costa amapaense e em outros j no interior da bacia amaznica. Suasconseqncias so antes de tudo destruidoras; so prejudiciais navegao, im-possibilitando, inclusive, a preciso dos levantamentos hidrogrficos, uma vezque acarretam modificaes constantes no fundo dos rios onde tem lugar o fe-nmeno.

    1-9. CLIMATOLOGIA

    a. Ventos e Massas Frias1) Os ventos dominantes na regio so os alsios de SE e NE, que se fa-

    zem sentir mais na foz e no trecho inferior do baixo AMAZONAS. Penetrandopelo NE carregados de umidade, os alsios so responsveis pelas chuvas da re-gio litornea guianense, atingindo o baixo AMAZONAS j transformados emventos secos e quentes; vindos do SE, porm, eles agem no territrio brasileiroda AMAZNIA trocando calor por umidade e chuva.

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    2) Na regio da foz, durante parte do ano, sopra um vento N ou NE querefresca o litoral belenense. No baixo AMAZONAS, com bom tempo, comumsoprar de terra, perpendicularmente ao grande rio, um vento noturno que tornaagradvel a temperatura.

    3) A penetrao de massas frias faz-se no extremo oeste da plancie, a-vanando para o norte, entre os ANDES e o macio brasileiro, atravs da de-presso matogrossense e at o Alto AMAZONAS. Isso provoca, em casos ex-cepcionais de intensidade, o chamado fenmeno das friagens, que ultrapassapraticamente o Equador, atingindo a COLMBIA.

    4) Essas massas frias atingem ainda a AMAZNIA a leste, e, na sua tra-jetria martima, vo juntar-se aos alsios de SE, que elas resfriam e saturam,

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    indo, em conseqncia, provocar grandes chuvas e trovoadas em todo o litoralnorte-oriental, at BELM. Se, entretanto, os alsios de SE resistem invaso,as massas frias permanecem no sul.

    b. Chuvas1) A quantidade mdia anual de chuva apresenta na regio um ndice

    muito elevado e sua distribuio geogrfica est intimamente ligada ao dasmassas de ar, principalmente equatorial continental, que ocupa grande parte doterritrio durante largo perodo do ano, provocando precipitaes abundantes.

    2) A pluviosidade mdia varia de 1.097mm (BARRA DO CORDA, noMARANHO) a 3.496mm (alto vale do Rio NEGRO); igualmente elevado ondice apresentado em CLEVELNDIA, no AMAP.

    3) Resumidamente, existem dois ncleos chuvosos bem distintos: um,onde predomina a massa equatorial continental, que abrange quase a totalidadedos Estados do AMAZONAS e de RONDNIA, o SW do PAR e N do MA-TO GROSSO; e outro, na zona do litoral, abrangendo o Estado do AMAP, azona de MARAJ e ilhas, e o L paraense, onde h predomnio da massa equato-rial norte e das calmarias, com chuvas quase dirias. Estes ncleos se separampor uma faixa de menor pluviosidade, que se estende do Estado de RORAIMAaos campos do PAR, na direo geral NW - SE.IP 21-80 1-9

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    Fig 1-14. Igap.

    Fig 1-15. O encontro das guas (Rios NEGRO e AMAZONAS).1-9 IP 21-80

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    Fig 1-16. Exemplos de Paran, Furo e Igarap.

    4) As conseqncias, alm de outras, fazem-se sentir sobre as proteesutilizadas pelo homem, base de lonas impermeabilizadas, que aps certo tempose tornam imprestveis, aconselhando, em substituio, a utilizao de plsticos,inclusive para proteo de materiais e vveres; calados de couro no resistem edevero ser substitudos por outros confeccionados com lona, solado de borra-

    cha e cordes de "nylon"; o mofo e a ferrugem atacam, em pequeno espao detempo, qualquer tipo de material, particularmente se em contato com o solopermanentemente mido. A prpria navegao apresenta problemas de trans-porte na fase de estiagem, pois o regime dos rios depende em grande parte dapluviosidade; fcil navegar nas enchentes e pode haver dificuldade, at mesmoimpossibilidade, nas estiagens, devido aos obstculos que esto fixados no fun-do dos cursos de gua.

    c. Temperatura

    1) A temperatura mdia na grande regio de 27 C e a variao da am-plitude mnima, apesar da continentalidade, e se constitui, no caso, na caracte-rstica essencial do regime trmico.

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    2) A temperatura mdia diria varia no correr do ano do seguinte modo:no vero ela cresce de 26,9 C a 31,0 C e no inverno varia entre 24,5 C a 29,4

    C. Alis, a variao da temperatura, em geral, faz-se mais em funo do regimede chuvas do que das estaes do ano, sendo o mximo trmico correspondenteao ms de novembro (um dos de menor precipitao), no clima supermido doalto AMAZONAS e em BELM, e ao fim do perodo seco (variando de agosto adezembro), nas reas de chuvas de vero-outono. Mais para o sul, nas zonas deinfluncia da massa equatorial atlntica, a temperatura j sofre a influncia daaltitude atrs referida, diminuindo os valores trmicos proporo que aumen-tam as cotas altimtricas em direo ao planalto central. A, o ms mais quenteocorre na primavera, variando de setembro a novembro, sendo a mdia mais ele-vada a que corresponde ao ms de outubro, quando j grande o aquecimento eas chuvas que o reduzem ainda no so abundantes.

    3) As mdias mais baixas de temperatura ocorrem no inverno, no perodode junho a julho, em toda a AMAZNIA, exceo feita ao vale do grande rio,em que o ms mais frio corresponde a fevereiro e o mais quente, no final da pri-mavera, coincidindo o decrscimo de temperatura com o mximo pluviomtrico.

    4) Da apreciao e comparao desses dados com aqueles que se regis-tram no NORDESTE, chega-se concluso de que a, e no na AMAZNIA, que ocorrem as temperaturas mdias mais elevadas no BRASIL, ao contrrio doque pode parecer primeira vista.

    5) Todavia, foi na estao meteorolgica de TEF que se registrou amaior "mxima absoluta" de todo o pas: 44,2 C, em 30 de janeiro de 1930. As"mnimas absolutas" atingem valores muito baixos a W da grande regio, ondechegam os ventos frios da massa polar atlntica sul, que investem durante o in-verno, indo causar quedas bruscas da temperatura, ou seja, a friagem, j anteri-ormente referida.

    6) H um fato caracterstico das reas equatoriais, que como tal, no dei-xa de ocorrer na AMAZNIA: variao significativa entre as temperaturas dodia e da noite; assim, a ttulo de ilustrao, em SENA MADUREIRA, a amplitu-

    de da variao chega a 13,5 C , em BELM a 9,6 C e em MANAUS a 8,7 C.7) medida que se vai afastando da margem do rio-mar, subindo o curso

    de um dos seus afluentes e chegando a terrenos mais elevados, menos distantesao1-9 IP 21-80

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    norte do rio do que do lado sul, o calor geralmente diminui e, sobretudo, aumen-

    ta a diferena de temperatura entre o dia e a noite.

    d.Umidade1)A AMAZNIA a regio brasileira que apresenta a maior porcenta-

    gem anual de umidade relativa. Seus valores variam entre 73% a 94%; a quasetotalidade da regio possui ndice superior a 80%.

    2) Existem dois ncleos de maior ndice de umidade relativa, que se lo-calizam, o primeiro, no litoral, onde chegam os alsios de NE carregados da u-midade do oceano, e o segundo, no interior, no oeste, abrangendo todo o Estadodo ACRE e a quase totalidade do AMAZONAS, onde predomina a massa equa-torial continental.

    3) O maior ndice registrado foi o de SENA MADUREIRA, 94%, o queindica um estado de quase saturao, fato que contribui em alto grau para agra-var a friagem que a ocorre no perodo do inverno.

    4) Interessante ressaltar que, em contraposio s conseqncias deterio-rantes da umidade sobre materiais e vveres, h uma benfica sobre o ser huma-no: a umidade, absorvendo parte das radiaes solares, reduz a possibilidade deinsolao.

    e. Efeitos dos Fatores Meteorolgicos sobre o Clima da AMAZNIA1) Estaes do ano - So duas, reguladas mais pela distribuio das chu-

    vas do que por outros motivos. O perodo de maior precipitao pluvial corres-ponde ao vero boreal, para a rea acima da linha do Equador e, ao sul desta,corresponde ainda ao vero austral (23 Dez a 22 Mar) e parte do outono (23 Mara 22 Jun), pois at o ms de abril as descargas pluviais so intensas. Na regio,esse perodo chuvoso denominado "inverno", correspondendo ao perodo denovembro a abril, quando as chuvas so violentas e caracterizam os aguaceiros.O perodo mais seco chamado de vero.

    2) Tipo e subtipos climticos - O tipo de clima "mido tropical, sem es-tao fria, e com temperatura mdia do ms menos quente acima de l8 C.

    Dentro do territrio amaznico, com perto de 5 milhes de quilmetros quadra-dos de rea, no seria possvel a uniformidade climtica, o que fcil decompreenderIP 21-80 1-9

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    caso se atente para as variaes que apresentam os fatores meteorolgicos cons-

    titutivos do clima, ainda mais numa regio que se estende por 18 graus de latitu-de e 28 de longitude. Considere-se ainda o diminuto e precrio nmero de esta-es meteorolgicas existentes, as quais, entretanto, a despeito da insuficinciade dados, permitiram distinguir uma distribuio climtica base de subtipos, nagrande regio. Assim, encontram-se:

    a) Clima quente e mido, caracterizado pela inexistncia de estaoseca verdadeira e delimitado por um mnimo de pluviosidade no ms mais seco: prprio das regies equatoriais (Fig 1-17). Corresponde ao tipo de florestastropicais e ocorre no Alto AMAZONAS, na rea que se estende do limite do Es-tado do AMAZONAS com o de RORAIMA, at 6 de latitude S; seu limite aleste no atinge a cidade de MANAUS. So dominantes durante o ano os ventosfracos e as calmarias causadoras de abundantes e constantes chuvas; estas e astemperaturas sofrem pequena variao anual, mantendo-se sempre em nvel bemelevado. Embora no haja estao seca verdadeira h uma poca menosmida,correspondente aos meses de inverno, e um longo perodo muito chuvoso, que seestende da primavera ao outono, com uma ligeira diminuio da pluviosidadeem fevereiro. Pode-se dizer, devido a isso, que no Alto AMAZONAS predo-mina uma dupla poca de chuvas, isto , aparecem duas estaes chuvosas ao

    ano, devido s quais o nvel do grande rio sobe e baixa duas vezes. A grandeenchente comea em maro e dura at junho, e a segunda, denominada repique-te, menor que a primeira, vai de outubro a janeiro. Na Amaznia, a palavra repi-quete tambm usada no caso do crescimento repentino do nvel das guas, oca-sionado pelas chuvas em uma regio especfica, mesmo que em pouco temporetorne ao estado anterior. A porcentagem dos dias chuvosos nos meses de "in-verno" de 70% ao ms e nos de "vero" de 40%. No inverno tem lugar a fri-agem, com quedas baixas e violentas de temperatura, que no perdura por maisde 4dias, em mdia. O ms mais quente ocorre em outubro ou novembro, neste

    mais freqentemente, e o mais frio, em junho ou julho.b) Clima quente e mido, caracterizado por precipitaes muito ele-

    vadas, cujo total anual compensa a ocorrncia de uma estao seca (Fig 1-17),permitindo a existncia da floresta tropical; quanto ao regime de temperatura, semelhante ao subtipo anterior, mas a altura de chuvas no ms mais seco infe-rior.

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    1-9 IP 21-80

    Abrange uma enorme rea que se estende do Estado do ACRE ao do MARA-NHO, e do extremo norte do Estado do AMAP ao de MATO GROSSO, sen-do seu limite S uma linha que segue aproximadamente a direo geral SW-NE, acompanhando a encosta setentrional do planalto brasileiro no Estado deRONDNIA e norte de MATO GROSSO e passando a SE do PAR e W doMARANHO. Nessa rea predominam, na maior parte do ano, as massas equa-toriais continental e norte que, sob o regime dos alsios de N E e das grandescalmarias, so responsveis pelas abundantes chuvas. A porcentagem dos diaschuvosos nos meses de "inverno" de cerca de 60% ao ms, e no perodo de"vero", 25%. A umidade relativa varia de 81 a 94%, sendo este ltimo o valorextremo na AMAZNIA, registrado em SENA MADUREIRA. O ms maisquente corresponde sempre ao fim do perodo seco, variando de agosto a outu-bro, nas reas de seca de inverno, de novembro a dezembro, nas de seca de pri-mavera, e de setembro a novembro, nas de seca de inverno-primavera. O msmais frio ocorre em junho-julho, nas reas de seca de inverno (sub-regio doSOLIMES e zonas do ALTO MADEIRA, ARIPUAN e rio MADEIRA), on-de chegam os ventos frios da massa polar atlntica sul que acarretam nestas re-gies uma extraordinria queda de temperatura. No extremo ocidental da enor-me rea tem lugar tambm a

    friagem, nos meses de maio, junho, julho e agosto, quando o sol est no hemis-frio norte, tornando, assim, mais fcil a queda de temperatura noite, sob omenor aquecimento diurno.

    c) Clima quente e mido, caracterizado por uma estao seca bemacentuada no perodo do inverno (Fig 1-17), tendo pelo menos um ms com umaaltura de chuvas ainda inferior do primeiro subtipo; a mdia anual das tempe-raturas sempre elevada. Ocorre no extremo meridional da rea amaznica,numa faixa contnua, desde a fronteira BRASIL-BOLVIA, no Estado de MATOGROSSO, at o extremo leste da rea, e tambm nos campos do Estado de RO-

    RAIMA. As chuvas abundantes ocorrem de outubro a maro, com o mximoem janeiro, fevereiro ou maro; mais de 80% de precipitao anual correspondea este perodo, sendo comuns, no vero, as chuvas de trovoadas e os fortes agua-ceiros. Na estao seca, a estiagem muito rigorosa, sendo pequena ou nula aprecipitao nos meses de junho ou julho. A distribuio do nmero de dias do

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    ano d uma mdia de 16 dias de chuva para cada um dos meses compreendidosentreIP 21-80 1-9

    outubro e maro; entretanto, no limite leste da rea abrangida pelo subtipo declima ora apreciado, ou seja, no MARANHO, o regime de chuvas sofre ligeiramodificao: as chuvas iniciam em dezembro ou janeiro, atingindo o mxi-mo no outono, sendo o ms de maro o mais chuvoso. A umidade relativa oscilamensalmente, em virtude da estao seca muito rigorosa; a mdia anual inferi-or a 80%. essa estao seca pronunciada, associada variao da temperaturaem funo do relevo, a principal responsvel pelo aparecimento da coberturaflorstica de transio entre a floresta e os cerrados, nos Estados do MATOGROSSO, TOCANTINS e MARANHO, e entre a floresta e os campos, emRORAIMA.

    Fig 1-17. Clima quente e mido:

    - com inexistncia de estao seca verdadeira (em azul);- com precipitaes muito elevadas e estao seca (em verde);- com estao seca acentuada no perodo do inverno austral (em ver-

    melho).