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A JUSTIFICAÇÃO DO ESTADO MODERNO CAPÍTULO 11 Profº José Ferreira Júnior

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Page 1: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

A JUSTIFICAÇÃO DO ESTADO MODERNOCAPÍTULO 11Profº José Ferreira Júnior

Page 2: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES

O HOMEM É O LOBO DO HOMEM

“Homo homini lupus.”

Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/File:Thomas_Hobbes_%28portrait%29.jpg

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THOMAS HOBBES

Nasceu numa aldeia inglesa, Westport. Filho de família pobre, mas apoiado por um

tio próspero, estudou em Oxford, tornando-se preceptor do príncipe de Gales, futuro rei Carlos II.

Hobbes tinha 5 anos quando morreu Elizabeth I, última monarca dos Tudor.

Elizabeth governara em consonância com os interesses da burguesia, tornando o país um potência naval e mercantilista.

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THOMAS HOBBES

A Inglaterra passaria a viver então um período de turbulência política, fruto da disputa pelo poder entre a monarquia absolutista e o parlamento inglês, dominado pela burguesia puritana.

Esses conflitos se explicitaram durante o governo do primeiro monarca da dinasia dos Stuart, Jaime I, que pretendeu fortalecer o absolutismo invocando a doutrina do direito divino dos reis.

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THOMAS HOBBES

Carlos I entrou em confronto direto com o parlamento.

Desencadeou-se uma guerra civil na Inglaterra, que culminaria com a instauração da república puritana de Cromwell e a decapitação do rei.

Hobbes posicionou-se a favor do poder real e teve de exilar-se em Paris.

A partir do século XVI, as monarquias absolutistas eram um regime difundido na Europa.

Page 6: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES

Buscou-se então fundamentar, no plano teórico, o poder ilimitado que os monarcas possuíam.

O que daria ao rei tal poder? RESPOSTAS: a doutrina do direito divino dos

reis, defendida por pensadores franceses como Jean Bodin e Jacques Bussuet.

Essa doutrina apresenta o poder real como tendo sido concedido pelo próprio Deus.

A autoridade do rei é perpétua e absoluta, e suas atitudes não precisam ser justificadas.

Page 7: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES

Essa origem sobrenatural do poder real faz com que ele ultrapasse o corpo do monarca: o rei morre mas seu poder não, é transmitido ao seu sucessor, o que explica a conhecida frase: “O rei está morto; viva o rei”.

Após a morte de Cromwell (1658), sobe ao trono da Inglaterra o líder dos monarquistas revoltosos, Carlos II (1660-1685), que se torna ditador. Filho de Carlos I e ex-pupilo de Hobbes, ele acumula todos os poderes em suas mãos, com a intenção de reinstalar o absolutismo.

Page 8: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES

Hobbes trabalhou com Francis Bacon, encontrou-se com Galileu Galilei, polemizou com Descartes e elaborou um sistema filosófico completo.

Suas teorias, que levam a extremos a tendências mecanicistas da época, procuram explicar toda a realidade.

Essas teorias, porém, não se fecham em si mesmas; elas se articulam de tal forma que parecem buscar a resposta para os problemas práticos do homem, vividos pelo pensador.

Page 9: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES

Sua filosofia foi influenciada pelas idéias de Bacon e Galileu.

Buscou investigar as causas e propriedades das coisas.

FILOSOFIA ciência dos corpos, isto é, tudo que tem existência material.

Os corpos se dividiriam em:CORPOS NATURAIS filosofia da natureza;

CORPOS ARTIFICIAIS ou ESTADOS filosofia política.

Page 10: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES

Toda a realidade poderia ser explicada a partir de dois elementos:Do Corpo entendido como o elemento

material que existe, independentemente do nosso pensamento; e

Do Movimento que pode ser determinado matematicamente.

As qualidades das coisas seriam “fantasmas do sensível”, ou seja, efeitos dos corpos e de seus movimentos.

Page 11: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES

As principais características do empirismo hobbesiano são, portanto, o materialismo e o mecanicismo de suas teses.

Uma conseqüência dessa tese é que, no pensamento de Hobbes, não há lugar para o acaso e a liberdade, porque os movimentos resultam necessariamente dos nexos causais que lhe dão origem.

Não há espaço em sua filosofia para o bem e o mal como valores universais que deveriam ser introjetados nas pessoas.

Page 12: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES

O que chamamos de BEM é tão-somente aquilo que desejamos alcançar.

O que chamamos de MAL é apenas aquilo do qual fugimos.

O valor fundamental para cada indivíduo seria a conservação da vida, isto é, a afirmação e o crescimento de si mesmo.

Cada pessoa sempre tenderá a considerar como bem o que lhe agrada e mal o que lhe desagrada ou ameaça.

Page 13: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES

Pergunta-se: Se o bem e o mal são relativos, isto é, são determinados pelos indivíduos, como será possível a convivência entre os homens?

Resposta: Livros: Leviatã e De Cive, nos quais sustenta a necessidade de um poder absoluto que mantenha os homens em sociedade e impeça que eles se destruam mutuamente.

Page 14: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES

Hobbes formula o que denominamos uma teoria contratualista para questão da origem das associações políticas: o medo, a violência, a necessidade natural de segurança e tranquilidade teriam levado os homens a renunciar, por meio de um contrato, à sua liberdade original em troca de promessa – o PACTO – feita por todos os membros do grupo social de se respeitarem mutuamente para a manutenção da paz.

Page 15: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES

Essa paz alcançada pelo pacto não é algo estável, pois o homem não tem um disposição natural para viver em sociedade.

A sociabilidade do homem não é natural como a das abelhas e a das formigas: elas não competem por honra e dignidade, não distinguem bem individual de bem comum, não se julgam mais sábias que as outras, não são maledicentes, não se ofendem, por pouco.

A socialização humana é difícil e só ocorre por meio de um pacto, isto é, artificialmente.

Page 16: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES Já que a natureza do homem tende sempre

ao descumprimento do pacto, houve a necessidade de instituir algo mais que obrigasse todos os homens ao seu cumprimento: um elemento que reunisse em si todas as forças, vontades e poderes de cada um.

Para que isso acontecesse foi necessário realizar um novo pacto, em que cada homem teria de dizer a cada homem:

“cedo e transfiro meu direito de governar a mim mesmo a este homem, ou esta assembléia de homens, ...”

Page 17: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES O Estado corpo artificial representado

por um ou mais homens, que estariam acima dos indivíduos, embora fossem criação e representação destes.

Quem comandasse esse corpo político seria denominado soberano e possuiria um poder soberano. Os demais seriam os súditos.

Para atingir seu objetivo, a paz geral, o soberano deveria exercer um poder despótico, ou seja, totalitário, absoluto, podendo fazer e desfazer as leis conforme necessário.

Page 18: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES O Estado seria um verdadeiro monstro, tanto

assim que Hobbes o compara a Leviatã, personagem da mitologia fenícia, conhecido sobretudo pr sua aparição na Bíblia, no Livro de Jó.

Hobbes se mostra um defensor do absolutismo.

Colocou-se contra a monarquia constitucional, pois acreditava que a divisão do poder gerava competições que comprometiam a paz.

Se o soberano não cumprisse sua parte no pacto, os súditos poderiam desobedecer-lhe, pois o pacto teria sido quebrado.

Page 19: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

THOMAS HOBBES Defendeu a submissão da Igreja ao Estado,

inserindo-se no processo geral de secularização do poder que ocorreu na Idade Moderna.

As razões de Estado tornaram-se mais importantes que as razões teológicas.

A paz civil dependia também da paz religiosa: o soberano deveria decidir também sobre matéria religiosa e instituir um culto único e obrigatório.

Os súditos poderiam deixar de obedecer-lhe apenas se ele mandasse ultrajar a Deus ou adorar um homem comum.

Page 20: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

LA BOÉTIE Na contracorrente das teorias absolutistas

está um texto do século XVI, denominado Discurso da Servidão voluntária (ou Contra um), escrito pelo jovem filósofo francês, Étienne de la Boétie.

Trata-se de uma obra original, que traz uma visão libertária, isto é, de revolta contra a opressão dos poderosos.

Indignado com a divisão entre aqueles que mandam e os que obedecem, e sobretudo com a obediência de muitos a um só.

Page 21: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

LA BOÉTIE O pensador então formula a tese da servidão

voluntária. O tirano cerca-se de seis cumplices que

influem no governo e se beneficiam de seu poder. Estes comandam e favorecem seiscentos, os quais, por sua vez, subjugam seis mil e os elevam, e assim por diante. Desse modo, cada um de nós obedece porque tem dentro de si um pequeno tirano, que deseja ter poder e mandar no outro.

Esse desejo de mandar se explica por outro desejo: o de possuir.

Page 22: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

LA BOÉTIE Pelo desejo de possuir trocamos a nossa

liberdade, uma vez que servimos voluntariamente na esperança de que o tirano nos dê coisas e garanta a propriedade de nosos bens.

Essa servidão se eterniza porque os homens não se lembram de que já foram livres e de como era uma sociedade sem divisões, em que prevalecia a amizade, a união, o único antídoto contra a tirania.

Page 23: Cap 11   A Justificação do Estado Moderno

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA COTRIM, Gilberto. Fundamentos da

Filosofia: história e grandes temas. 16 ed. reform. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2006.

CHALITA, Gabriel. Vivendo a Filosofia. 4. ed. São Paulo: Ática, 2011.