caminhos para a soberania alimentar

2
Caminhos para a Soberania Alimentar Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 9 nº 1977 Abril/2015 Terezinha Conheça a história de uma agricultora que, a partir da cisterna-calçadão, descobriu que é possível se alimentar melhor, ter qualidade de vida e ainda economizar Essa é a história da agricultora Juleide de Lucena Monteiro, de 47 anos, que é casada com Silvano Monteiro da Silva, de 50 anos. O casal tem dois filhos: Jine Kácia de Lucena Monteiro, de 26 anos, e Jonas Carlos de Lucena Monteiro, de 22 anos. A família mora na comunidade Poços, no município de Terezinha e em 2014 foi contemplada com uma cisterna calçadão. “Houve uma mudança significativa a partir da cisterna, ou melhor, antes mesmo da gente tê-la em nosso terreiro de casa, porque durante as capacitações de Gestão de Água (Gapa) e de Sistemas Simplificados (Sisma) destinadas à produção de alimentos, eu já comecei a ver os benefícios que pequenas ações podem trazer. Tudo começou com as hortas candeeiros, que são pequenos cultivos que fazemos em garrafas de plástico e têm como objetivo aproveitar os espaços. Então eu comecei a plantar cebolinha e coentro e, como eles crescem rápido, em pouco tempo, nós já estávamos consumindo”, afirma. Se os primeiros resultados já podiam ser vistos antes da cisterna calçadão ser construída, a conclusão da obra fortaleceu ainda mais o conhecimento adquirido. “A partir do que eu aprendi nas capacitações, eu comecei a plantar. Lembro que eu ia para feira, comprava várias verduras e, quando eu chegava em casa, colocava-as no hipoclorito para fazer a higienização, porque sabemos que ali há veneno. Dona Juleide e seu Silvano Agricultora mostra a plantação de tomates ao redor da cisterna

Upload: articulacaosemiarido

Post on 22-Jul-2016

216 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Conheça a história de uma agricultora que, a partir da cisterna-calçadão, descobriu que é possível se alimentar melhor, ter qualidade de vida e ainda economizar.

TRANSCRIPT

Page 1: Caminhos para a soberania alimentar

Caminhos para a Soberania Alimentar

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 9 nº 1977

Abril/2015

Terezinha

Conheça a história de uma agricultora que, a partir da cisterna-calçadão, descobriu que é possível se alimentar melhor, ter qualidade de vida e ainda economizar

Essa é a história da agricultora Juleide de Lucena Monteiro, de 47 anos, que é casada com Silvano Monteiro da Silva, de 50 anos. O casal tem dois filhos: Jine Kácia de Lucena Monteiro, de 26 anos, e Jonas Carlos de Lucena Monteiro, de 22 anos. A família mora na comunidade Poços, no município de Terezinha e em 2014 foi contemplada com uma cisterna calçadão. “Houve uma mudança significativa a partir da cisterna, ou melhor, antes mesmo da gente tê-la em nosso terreiro de casa, porque durante as capacitações de Gestão de Água (Gapa) e de Sistemas Simplificados (Sisma) destinadas à produção de alimentos, eu já comecei a ver os benefícios que pequenas ações podem trazer. Tudo começou com as hortas candeeiros, que são pequenos cultivos que fazemos em garrafas de plástico e têm como objetivo aproveitar os espaços. Então eu comecei a plantar cebolinha e coentro e, como eles crescem rápido, em pouco tempo, nós já estávamos consumindo”, afirma. Se os primeiros resultados já podiam ser vistos antes da cisterna calçadão ser construída, a conclusão da obra fortaleceu ainda mais o conhecimento adquirido. “A partir do que eu aprendi nas capacitações, eu comecei a plantar. Lembro que eu ia para feira, comprava várias verduras e, quando eu chegava em casa, colocava-as no hipoclorito para fazer a higienização, porque sabemos que ali há veneno.

Dona Juleide e seu Silvano

Agricultora mostra a plantação de tomates ao redor da cisterna

Page 2: Caminhos para a soberania alimentar

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Pernambuco

Hoje é diferente, a gente come cebola, coentro, tomate, alface, quiabo, tudo plantado ao redor da casa. Então, não é só a questão financeira que mudou, mas também na qualidade de vida. Está muito bom desse jeito, a gente come sem medo”, completa. Nascida e criada na zona rural, muitas co i sas v i s tas nas capac i t ações fo ram relembradas. “Eu já conhecia algumas coisas, mas eu nunca tinha tido essa força de vontade. A capacitação envolve a gente, desperta aquela coragem para colocar em prática, faz com que sintamos a necessidade de ver que podemos

mudar nossa realidade”, conta. Mas dona Juleide não está sozinha, ela conta com o apoio da família para realizar esse trabalho. “O meu filho me ajuda. Ele prepara a terra e eu planto, ele cultiva e eu molho e assim a gente vai cultivando. Se fosse apenas eu, não teria condições de cuidar. Continuaria apenas com as hortas candeeiros, que ficam próximas

à casa e não pesam. Como eu tenho problemas na coluna, não posso trabalhar agachada, mas com a ajuda do meu filho e esposo foi possível ter uma horta maior e melhor”, comemora. E é repassando o que aprendeu e fazendo com que outras pessoas despertem para esse trabalho que a agricultora afirma que a falta de tempo não é desculpa para quem quer trabalhar, pois ressalta que o importante é ter vontade para ver as coisas acontecerem. Além da produção vegetal, a família também investiu na criação de galinhas e tem planos de criar ovelhas, assim que construir uma estrutura para os animais, no terreiro de casa, com o caráter produtivo que acompanha a implementação hídrica.

Realização Apoio

Da cisterna calçadão ao alimento: as fotos acima mostram um dos caminhos da segurança alimentar