a seguranÇa e soberania alimentar: contribuiÇÃo ao … · a soberania alimentar vem sendo...
TRANSCRIPT
1
A SEGURANÇA E SOBERANIA ALIMENTAR: CONTRIBUIÇÃO AO DEBATE A PARTIR DE ESTUDO NO ASSENTAMENTO FAZENDA
ESPERANÇA EM RONDONÓPOLIS – MT
Heli Heros Teodoro de Assunção Universidade Federal de Mato Grosso –UFMT/ Campus Rondonópolis
Iolanda Lopes de Oliveira Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT/Campus Rondonópolis
Roney da Cruz Barbosa Universidade Federal de Mato Grosso –UFMT/ Campus Rondonópolis
José Adolfo Iriam Sturza Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT/Campus Rondonópolis
Resumo
O texto procura discutir a segurança e a soberania alimentar dentro das perspectivas locais e nacionais, a partir de uma pequena problematização da evolução e das formas predominantes de agriculturas desenvolvidas no Brasil. Ao final apresenta a agroecologia como alternativa de reparar o agrário e o agrícola do país. É baseado em vivencias e em analises de questionários realizados junto ao projeto “Parceria de Fibra: ações para inclusão social, geração de renda e implantação de sistema de produção da bananicultura com práticas agroecológicas no Assentamento Fazenda Esperança, Município de Rondonópolis - MT”, financiado pelo CNPq (Edital MCT/CNPq/MDA/SAF/Dater N°. 033/2009).
Palavras-chave: Segurança Alimentar. Soberania Alimentar. Agricultura Familiar. Agroecologia.
Introdução
A recente historia da moderna agricultura brasileira impulsionada no pós-revolução
verde e apoiada no período da ditadura, ocasionou uma transformação radical do campo
no país. Com o incentivo de programas de financiamentos estatais a “colonização” no
Centro Oeste e Norte resultaram em: uso indiscriminado de insumos químicos,
maquinários agrícolas em grandes monocultivos, variedades geneticamente melhoradas
de alto rendimento e irrigação, entre outras consequências. Por outro lado, a agricultura
tradicional camponesa realizada em pequenas áreas de policultivos sem uso de insumos
industrializados ou maquinários pesados, e mantenedores de suas especificidades
2
culturais regionais, pareceu inferior e ultrapassada diante desta agricultura moderna
industrializada que se iniciava a partir da década de 1960 no Brasil.
Por conseguinte, vários países latino-americanos introduziram-se no ideário
produtivista, alavancado pelos países mais desenvolvidos, berço da chamada Revolução
Verde. Com isso, os camponeses foram arruinados pela política de subsídios dos
“grandes”, neste setor cada vez mais globalizado da produção capitalista.
A partir dai foram surgindo as denominações com intuito de inferiorizar a agricultura
camponesa como: pequeno agricultor, agricultura de pequena escala e agricultura de
subsistência. Aliado a isso, criou-se a ideia que a agricultura produtora de alimentos era
aquela que se submetia a lógica perversa do mercado, ou seja, a moderna e
industrializada, que mantinha suas metas na propagação de um capital globalizado. Esta
agricultura empresarial foi atropelando culturas, crenças, credos, saberes tradicionais,
realidades locais, lugares (STURZA, 2005, 2008), questões ambientais e soberanias
governamentais com o simples intuito de geração de lucros e melhoria da qualidade de
vida para uma minoria, em detrimento da maioria. A este atual modelo se denomina
agronegócio¹.
Ao longo desse processo e contexto vai surgindo a preocupação acerca de como se
alimentar o mundo cuja população cresce vertiginosamente. Assim, aparecem
designações e termos novos como segurança alimentar e, em seguida, soberania
alimentar, que serão debatidas ao longo deste artigo.
A maioria das definições e debates sobre segurança alimentar foram desencadeados a
partir da Declaração de Roma sobre a Segurança Alimentar Mundial (1997)
intensificando-se até a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento
Sustentável (Rio+20) em 2012. Infelizmente ainda não foram tratadas as reais causas
dos problemas e se atêm em soluções tímidas e superficiais como resposta à população
que não tem acesso a informações de qualidade e fica apenas com as informações
disponibilizadas pela grande mídia. Essas soluções: [...] não define em que condições se devem estimular a produção de alimentos, abrindo as portas para o desenvolvimento e fortalecimento do agronegócio e marginalizando a agricultura de base familiar. O foco de sua ação está na compra e acesso de alimentos como direito individual à alimentação, sem problematizar a produção e a manutenção da monocultura e grandes latifúndios, a comercialização e o monopólio desta, a produção para a exportação e a dependência de países, as relações e condições de reprodução das famílias camponesas etc. Dessa forma, a promoção da segurança alimentar esbarra na satisfação de outras necessidades básicas. É a partir deste entendimento que iniciamos o debate no Brasil.(JALIL, 2009, p.33)
3
O artigo enfatiza a importância da agricultura familiar e camponesa para a construção
da soberania e segurança alimentar visando à melhoria da qualidade de vida e
autossuficiência dos povos, destacando alguns aspectos, tanto da soberania como da
segurança alimentar, aplicados ao Assentamento Fazenda Esperança, Rondonópolis,
MT.
Soberania e segurança alimentar
Os números mostram que 13,921 milhões de brasileiros e brasileiras vivem com a
realidade de insegurança alimentar grave, totalizando 7,7% da população. Ainda, 72,163
milhões de pessoas (39,8%) se encontram em situação de insegurança alimentar de leve
a moderada. Os dados da PNAD (IBGE, 2006) revelam ainda que no meio rural
encontra-se a maior prevalência domiciliar de insegurança alimentar moderada ou grave
e, também, a maior proporção de população vivendo nessa condição. Enquanto na área
urbana 11,4 % dos domicílios estão em condição de insegurança alimentar moderada e
6% grave; no meio rural as prevalências são 17% e 9%, respectivamente. A pesquisa
mostra ainda que cerca de 9,5 milhões de pessoas moradoras em áreas rurais vivem em
domicílios com restrição quantitativa de alimentos, ou seja, em insegurança alimentar
moderada ou grave e 3,4 milhões delas convivem com a experiência de fome. (IBGE,
2004, 2006 apud JALIL, 2009).
O relatório do Fundo Internacional do Desenvolvimento Agrícola (FIDA) (2006),
entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), aponta que a realidade do
rural brasileiro é ainda pior que o urbano, pois cerca de 80% dos habitantes rurais Brasil
(quase 30 milhões de pessoas) vivem em condições de pobreza sem acesso à educação,
saúde, agua, saneamento básico e tecnologias que melhorem sua qualidade de vida.
(JALIL, 2009)
Em meio a essas grandes transformações do mundo e do campo brasileiro, os
movimentos sociais do campo, um grupo seleto de pesquisadores e estudantes se
opuseram contra tais mudanças com intuito de questionar seus reais benefícios. Surgem
então no Brasil as discussões à cerca da segurança alimentar que a FAO (1997) entende
como: [...] o direito das pessoas em se alimentar em todos os momentos, ter uma alimentação que seja suficiente, segura e que atenda a necessidades nutricionais e preferências alimentares de modo a propiciar vida ativa a saudável (FAO, 1997).
4
Na definição do Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA, 2007)
segurança alimentar e nutricional foi assim expressada:
[...] realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a uma alimentação saudável, de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente. Deve ser totalmente baseada em práticas alimentares promotoras da saúde, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais. Esse é um direito do brasileiro, um direito de se alimentar devidamente, respeitando particularidades e características culturais de cada região. (CONSEA, 2007, p. 7).
Porem, para que fosse possível alcançar esta segurança alimentar era preciso que os
povos fossem soberanos nas suas comunidades, através do fortalecimento da agricultura
familiar e camponesa, dificultada após a Revolução Verde. O surgimento da
biotecnologia forçou os agricultores e agricultoras a adotar essas “novas tecnologias”
que deveriam melhorar a qualidade de vida da população como um todo, não apenas
torná-los escravos do mercado moderno, descaracterizando-os de camponeses à
agricultura familiar empresarial. Petersen (2009) analisa a situação assim: [...] a principal característica que distingue o modo empresarial de produção do típico modo camponês esta no fato de que esta estratégia de reprodução econômica e social coloca a agricultura familiar em posição de permanente e crescente dependência em relação aos mercados de insumos e de produtos. No entanto, essa nova e mais complexa realidade não pode ser interpretada como um novo dualismo que situa o modo empresarial e o modo camponês em campos opostos. A agricultura familiar empresarial retêm o essencial da existência camponesa, que é exatamente a centralidade do trabalho na família, a preservação do patrimônio familiar e a busca pela otimização das rendas [...] (PETERSEN, 2009, p.7).
A política econômica com perfil neoliberal e seus atuais reflexos recessivos continuam
remando contra a segurança alimentar do povo brasileiro e dificultando a
implementação de ações compensatórias na área social (MALUF, 2007).
Uma das grandes lutas hoje no campo é por soberania alimentar que vem sendo definida
de diversas formas e podendo ser entendida como:
[...] o direito dos povos definirem suas próprias políticas e estratégias sustentáveis de produção, distribuição e consumo de alimentos que garantam o direito à alimentação para toda a população, com base na pequena e média produção, respeitando suas próprias culturas e a diversidade dos modos camponeses, pesqueiros e indígenas de produção agropecuária, de comercialização e gestão dos espaços rurais, nos quais a mulher desempenha um papel fundamental […]. A Soberania Alimentar é a via para erradicar a fome e a desnutrição e garantir a segurança alimentar duradoura e sustentável para todos os povos (Declaração do Fórum Mundial sobre Soberania Alimentar. Havana, 2001. In MALUF, 2007, p. 13).
5
Como um direito, Nyéléni (2007) definiu soberania alimentar no Fórum pela Soberania
Alimentar como: [...] um direito dos povos a alimentos nutritivos e culturalmente adequados, acessíveis, produzidos de forma sustentável e ecológica, e seu direito de decidir seu próprio sistema alimentício e produtivo. Isso coloca aqueles que produzem, distribuem e consomem alimentos no coração dos sistemas e políticas alimentares, por cima das exigências dos mercados e das empresas. Defendendo os interesses de, inclusive, futuras gerações. Nos oferece uma estratégia para resistir e desmantelar o comércio livre e corporativo e o regime alimentício atual, e para enfocar os sistemas alimentares, agrícolas, pastoris e de pesca para a prioridade das economias locais e os mercados locais e nacionais; outorga o poder aos camponeses e à agricultura familiar, a pesca artesanal e o pastoreio tradicional, e coloca a produção alimentícia, a distribuição e o consumo sobre as bases da sustentabilidade meio ambiente, social e econômica. (NYÉLÉNI, 2007, informação verbal²)
Recentemente na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável
(RIO + 20), realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU), as discussões acerca
da segurança alimentar não englobaram preceitos de soberania alimentar, confirmando
assim, decisões políticas, e somente políticas, que não tem efeitos reais e
transformadores da realidade agrária e agrícola brasileira. Nós reafirmamos o direito à alimentação e convocamos todos os Estados a darem prioridade à intensificação sustentável da produção de alimentos através da ampliação do investimento na produção local de alimentos, da melhoria do acesso a mercados locais e globais de agro-alimentos, e a redução do nível de dejetos em toda a cadeia de abastecimento, com atenção especial para mulheres, pequenos agricultores, jovens, e agricultores nativos. Estamos comprometidos em assegurar uma nutrição apropriada para nossos povos. (ONU, 2012, p.12)
A soberania alimentar vem sendo enfraquecida perante as novas formas de exploração
ambiental e social. O avanço, por exemplo, do agronegócio na Amazônia tem
comprometido a soberania dos povos que lá habitam, assim como alavancando a
destruição de biodiversidade na escalada da logica de acumulo de capital privado e a
privatização da vida como vem acontecendo com os organismos geneticamente
modificados (OGMs). Grandes corporações detêm o direito a sementes e de
fornecimento de insumos o que traz como consequência a dependência e
vulnerabilidade da agricultura, e os agrocombustíveis³, que vem tomando os espaços de
produção de alimentos defendendo uma forma “verde” e que se transformou em “ouro
verde” para as empresas do ramo.
Todas essas formas de “desenvolvimento tecnológico” excluem o que deveria ser seu
maior objetivo, a melhoria da qualidade de vida das pessoas, a reprodução de uma
simbiose entre humanos e natureza e a conquista de uma sociedade mais horizontal.
6
Os princípios agroecológicos que procuram reavivar os traços culturais do campesinato
que foi se extinguindo ao longo dos anos transformando-se numa agricultura familiar de
base capitalista produzindo essencialmente para o mercado (PETERSEN; DAL
SOGLIO; CAPORAL, 2009), a extensão rural agroecológica procura apoiar e atender
os interesses sociais locais (CAPORAL; COSTABEBER, 2002), contribuindo assim
para a manutenção da soberania alimentar.
O Projeto desenvolvido no Assentamento Fazenda Esperança no Município de
Rondonópolis – MT
Os assentamentos rurais, recentes ou antigos, encontram-se ultimamente em situação de
abandono, com inúmeras dificuldades como: a falta de financiamento para projetos,
solos desgastados, carência de agua, áreas de topografia acentuada dificultando a
produção local, falta de assistência técnica, enorme burocracia para recebimento de
credito rural, serviços de saúde e educação precárias, e a total precariedade das vias de
acesso. Sua reprodução social esta cada vez mais difícil, resultando no abandono dos
lotes pelos assentados que vão procurar e inchar as cidades. Um dos problemas mais
sérios encontrado no Assentamento Fazenda Esperança foi a situação de
empobrecimento de agricultores e agricultoras familiares, com sistemas produtivos
ainda em implantação, em ambientes degradados de Cerrado, aliado a falta de
conhecimento dos agroecossistemas e recursos do Bioma.
Para planejar as atividades do projeto de acordo com a realidade local, aplicamos o
Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), que consistiu num processo de aprendizagem
intensivo, sistemático e semiestruturado, realizado por uma equipe de animadores na
comunidade rural, contando com a participação e colaboração das pessoas que vivem e
trabalham na área. (TARSITANO et al, 1999).
O Projeto desenvolvido no Assentamento apresenta um
[...] um caráter educativo, com ênfase na pedagogia da prática, promovendo a geração e apropriação coletiva de conhecimentos, a construção de processos de desenvolvimento sustentável e a adaptação e adoção de tecnologias voltadas para a construção de agriculturas sustentáveis. (BRASIL/PNATER, 2007, p.11)
Desta forma, as atividades vinculam-se à chamada “extensão rural agroecológica” que
coaduna o processo educativo e a sistematização das experiências, socializando o
conhecimento e os saberes e fortalecendo as capacidades decisórias, individual e
7
coletiva (CAPORAL, 2004; CAPORAL; COSTABEBER, 2002). O Projeto teve inicio
a partir da demanda levantada em diálogos e reuniões participativas de representantes
das Associações e Professores do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), do Assentamento;
Extensionistas da EMPAER/MT, Coordenadora e Monitores do Curso de Artesanato em
Fibra da Bananeira (Campus Universitário de Rondonópolis/UFMT) e Professores dos
Cursos de Geografia, Biologia e Engenharia Agrícola e Ambiental do Campus
Universitário de Rondonópolis/UFMT.
O desenvolvimento rural sustentável, conhecimento e conservação dos recursos
naturais, são os principais objetivos do Projeto, tudo isso a partir de atividades
multidisciplinares de extensão tecnológica oferecida aos agricultores e agricultoras
familiares do Assentamento Fazenda Esperança, no Município de Rondonópolis-MT.
Descrição e localização do assentamento
O Assentamento Fazenda Esperança possui uma área de 1.585,5 ha, localizado às
margens da Rodovia MT-270, sentido Rondonópolis-Guiratinga, a 3 km da entrada para
o Distrito de Nova Galiléia e distante 30 km de Rondonópolis, na região sul do Estado
de Mato Grosso.
8
Figura 1 – Localização do Assentamento Fazenda Esperança, Rondonópolis, Mato Groso.
Geograficamente é uma área de topografia ondulada, com relevo dissecado e impróprio
para a agricultura anual e inexistência de córregos permanentes para abastecimento
tanto de criações como o consumo familiar. Os solos predominantes são do tipo
argissolos e cambissolos associados. A população é heterogênea, tanto na aptidão
9
agrícola como na cultura, com 151 famílias assentadas e filiadas a 05 (cinco)
associações.
Os questionários de DRP aplicados junto a 42 famílias mostraram um total de 98
pessoas com 2,3 pessoas por família, média etária de 41,7 anos (17,9% até 15 anos;
55,5% entre 15 e 59 anos e 26,6% acima de 60 anos). A média etária pode ser
considerada elevada para as atividades agropastoris, e uma alta percentagem de idosos
que moram no assentamento. Quanto a posse do lote, 63,2% são primeiro proprietário,
5,2% segundo proprietário, 15,8%, terceiro proprietário e 15,8 não responderam. A
venda dos lotes é alta e está relacionada às dificuldades naturais (condições dos solos e
escassez de água, principalmente), ausência de cultura e experiência agrícola e
problemas de saúde.
Uma breve análise da segurança e soberania alimentar do Assentamento Fazenda
Esperança- Rondonópolis – MT
Foram elencadas aqui algumas características importantes do Assentamento Fazenda
Esperança de Rondonópolis - MT, destacando os aspectos relacionados ao sistema
alimentar da região, fazendo um comparativo entre as realidades local e nacional.
-Condições de segurança alimentar
Como se pode observar é um assentamento recente que herdou de um latifúndio a
monocultura das pastagens, pois era uma fazenda de pecuária extensiva, e que apresenta
diversas dificuldades para seus atuais moradores. Como ilustra bem Maluf (2007) ao
afirmar que:
O padrão tecnológico fundado no uso intensivo de insumos químicos, sementes melhoradas e híbridas e maquinaria pesada, exige forte consumo de energia, mostra-se extremamente dispendioso e não se ajusta às condições da pequena agricultura familiar. Como já foi assinalado, gera desequilíbrios irreparáveis sobre os ecossistemas, com multiplicação de pragas, esterilização dos solos, assoreamento dos rios e reservatórios, poluição das águas, devastação de florestas, redução da biodiversidade, contaminação dos alimentos e envenenamento dos trabalhadores rurais. (MALUF, 2007, p. 74)
A realidade que se encontra no assentamento é de aguas de má qualidade uso
indiscriminado e incorreto de agrotóxicos, solos degradados e monoculturas. Todos
esses aspectos contribuem para níveis de insegurança alimentar. O que se encontra aqui
não é diferente em outras regiões do país.
10
Como indicado pelo DRP, 29% das famílias têm hortas em seus quintais, sendo estas
uma produção não significativa do orçamento familiar, pois a maioria das famílias não
comercializam seus hortifrútis por não terem condições de transportar seus produtos até
a cidade, um equivalente a 29% utilizam manejo orgânico e 29% algum tipo de
agroquímico, não muito diferente da realidade brasileira que, com base nos dados do
Censo Agropecuário Brasileiro (IBGE, 2006), Bombardi (2011) indica a intensidade do
uso de agrotóxicos por municípios no Brasil. Verifica-se que 27% das pequenas
propriedades (0 – 10 hectares) usam agrotóxicos.
Os poucos traços de agricultura orgânica presente se deve mais a falta de recursos
financeiros das famílias, pois, a maioria só não utiliza agroquímicos porque não tem
condições financeiras de adquiri-los.
Isto remete a uma falta de serviços adequados de assistência técnica e extensão rural,
que em 20% das famílias é apontada como o maior desejo para o assentamento, pois a
falta de informações de qualidade dos assentados faz com que estes façam uso indevido
de agrotóxicos, podendo causar sérios problemas de saúde por contaminação direta,
contato com alimentos ou agua.
A diminuição e erradicação dos agrotóxicos são de suma importância, pois estes causam
graves danos à saúde e ao agroecossistema. Segundo análise de amostras coletadas em
todas as 26 Unidades Federadas do Brasil, realizadas pelo Programa de Análise de
Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) da ANVISA (2011), um terço dos
alimentos consumidos cotidianamente pelos brasileiros está contaminado pelos
agrotóxicos. A análise demostrou que 63% das amostras analisadas apresentaram
contaminação por agrotóxicos, sendo que 28% apresentaram ingredientes ativos não
autorizados para aquele cultivo e/ou ultrapassaram os limites máximos de resíduos
considerados aceitáveis.
Outro fator preponderante é a questão da agua, já que 46% dos entrevistados apontam a
distribuição adequada da agua como seu maior desejo, e 62% como o maior problema
do assentamento. A escassez e a baixa qualidade da agua implicam em dificuldades para
tratar animais, irrigar pomares e cultivos. E o mais importante a qualidade desta agua
influi diretamente na saúde das pessoas.
A maioria dos problemas de saúde encontrada é pressão alta, diabetes, colesterol e
gripe, sendo que dentre esses a maior parte pode ser controlada com uma alimentação
de qualidade e exercícios físicos.
11
Por apresentar dificuldades topográficas e de acesso à agua, torna-se realmente difícil
manter uma boa renda e uma boa alimentação. Os solos predominantes são do tipo
argissolos e cambissolos associados. Solos esses degradados por resultado do uso
exaustivo da antiga fazenda de pecuária, que necessitam de um manejo adequado,
consequentemente de difícil produção de alimentos e que continuam sendo manejados
mecanicamente sem nenhum apoio técnico como é o caso de 62% dos lotes. Segundo
Cordani (1995),
Solos aráveis, produto final da alteração intempérica das rochas, levam muitos milhares de anos para serem formados. Os solos ideais possuem bom suprimento de nutrientes, estrutura e mineralogia adequadas para a retenção de água e hospedagem de microorganismos, bem como espessura necessária para suportar vários tipos de vida vegetal. Por outro lado, em terrenos utilizados exaustivamente na agricultura, muito material é perdido por diversos fatores, entre os quais a salinização devida à irrigação malfeita, a toxificação pelo uso incorreto de fertilizantes e pesticidas, e a erosão devida ao manejo inadequado, como cultivo em declives, desflorestamento, atividades extrativas. Estimativas recentes dão conta da perda anual de cinco a sete milhões de hectares que vão parar nos oceanos, sem reposição possível: solos também têm que ser considerados recursos não-renováveis, sendo de grande importância a sua conservação e adequada utilização. (CORDANI, 1995, p.18).
Outra fraqueza do assentamento é o pequeno numero de hortas. A horticultura sempre
foi uma tradição para os camponeses, pois é dela que se tira a maioria dos alimentos que
vão diretamente para a mesa. Além de proporcionar alimentos de grande riqueza
nutricional as hortas também servem de fonte alternativa de recurso financeiro, evitando
que as agricultoras e agricultores tenham que comprar em mercados distantes de suas
propriedades, diminuindo assim as despesas com alimentação.
Porem, o que se observa no assentamento é justamente o contrario, pois 71% das
famílias não cultivam hortaliças, tendo que desta maneira, quando suas reservas
permitem, adquirirem em mercados distantes.
Entre estas dificuldades se torna cada vez mais difícil se manter no campo, fazendo com
que os assentados abandonem seus lotes e mudem para as cidades.
O intuito do projeto é realizar uma extensão rural agroecológica de forma a desenvolver
a percepção ambiental dos agricultores, agricultoras e estudantes da turma do EJA à
importância da conservação do meio ambiente natural, de seus traços culturais e de que
possam produzir hoje sem atrapalhar o amanha, melhorando suas relações com a
natureza, trazendo renda e estímulos para que todos se mantenham em seus lotes.
12
-Condições de soberania alimentar
Em assentamentos recentes, como é o caso do estudado, a reprodução de uma
agricultura de fato camponesa se torna muito mais difícil, pois os assentados se deparam
com áreas devastadas e todos com alto grau de empobrecimento. O que faz com que
arranjem formas de produzir para vender não tendo como se atentar com a qualidade
dos alimentos e o porquê de produzir certos produtos, pois estes devem se preocupar
com a sobrevivência de suas famílias. Produzindo assim, mini monocultivos para o
mercado que os enfraquece e arruína mais sua soberania alimentar, os deixando
vulneráveis às flutuações de mercado devido a sua especificidade, e condicionando sua
boa alimentação à situação de menos importância.
Hoje, os agrotóxicos e os transgênicos são um dos maiores vilões para os camponeses,
pois, o seu aumento de consumo provoca cada vez mais a sua dependência, trazendo ao
mesmo tempo prejuízos para os trabalhadores e à natureza. Segundo Pignati e Machado
(2011), Os desequilíbrios da relação de “vigilância-produção-controle social” nos indicou a dinâmica social e econômica imposta por este setor do neoliberalismo no Mato Grosso e que podem ser considerados como reflexos das forças de poder político - no sentido da desorganização sindical dos trabalhadores e dos privilégios de políticas públicas concedida pelo Estado às instituições do agronegócio; de injustiça social - no sentido de desigualdade de direitos humanos; e de injustiça ambiental - no sentido de se aumentar a produtividade agropecuária com prejuízo sócio-ambiental para a maioria da população. Eles podem ser apontados como as causas básicas das situações de riscos à saúde-ambiente “induzidos” pelo desenvolvimento agro-industrial-florestal (PIGNATI; MACHADO, 2011, p. 258, grifo do autor).
A expansão das culturas transgênicas vem colocando a agricultura sob o controle das
empresas transnacionais do ramo da biotecnologia, ameaçando a soberania dos povos na
determinação do que e de como produzir. (WEID, 2009)
As novas formas de desenvolvimento único e exclusivamente econômico resultam num
desenho de paisagens homogêneas onde o trabalho é desmerecido e reduzido. O Censo
Agropecuário (BRASIL, 2006) realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) apontou que o agronegócio emprega menos de duas pessoas (1,7
pessoas), para cada 100 hectares (Quadro 1). Já na agricultura familiar em cada 100
hectares trabalham 15 pessoas; se produz 40% da produção agropecuária do Brasil
(Valor Bruto da Produção Agropecuária Total), em apenas 24% das terras. Em cada
hectare da agricultura camponesa é gerada, em média, uma renda de R$ 677,00
enquanto um hectare do agronegócio gera, em média, R$ 368,00.
13
O modelo agrícola predominante atual é excludente, incentiva a desigualdade, degrada
os recursos naturais, as culturas locais, comanda as politicas nacionais e fortalece o
poder das grandes corporações perante a agricultura e aos governos.
Em meio a todas essas contradições o assentamento Fazenda Esperança se encontra
esquecido das políticas publicas e em lento desenvolvimento, tentando assim sua
reprodução e inserção continuada nos mercados locais. A fraca produção econômica
(Gráfico 1) mostra que o leite é o sustentáculo da renda familiar, regra esta para quase a
totalidade dos assentamentos rurais no Brasil e já constatado por diversos autores
(ALTAFIN et al, 2011; CAMPOS; NETO, 2008; LEITE et al, 2002).
14
Nota-se no assentamento uma produção pouco diversificada, com base na
comercialização do leite e um pouco de aves, com assentados ainda vivendo em
condição de subsistência. Isso demonstra uma economia local muito exposta a
intempéries de clima, a logística e flutuações de preço no mercado.
A Agroecologia e as questões alimentares
Na contraposição de uma agricultura tecnificada e inadequada social e ambientalmente,
tem surgido a agroecologia, uma ciência em constante construção que corresponde a
uma: [...] agricultura menos agressiva ao meio ambiente, que promove a inclusão social e proporciona melhores condições econômicas para os agricultores de nosso estado. [...] a Agroecologia nos traz a idéia e a expectativa de uma nova agricultura, capaz de fazer bem aos homens e ao meio ambiente como um todo, afastando-nos da orientação dominante de uma agricultura intensiva em capital, energia e recursos naturais não renováveis, agressiva ao meio ambiente, excludente do ponto de vista social e causadora de dependência econômica. (CAPORAL; COSTABEBER, 2002, p.6).
O modelo agroecológico é uma forma de recampesinizar4 o meio rural trazendo,
portanto, alternativas para que os povos consigam atingir a soberania alimentar e, por
consequência, a segurança alimentar. Ele gera mais emprego, renda e qualidade de vida
para os trabalhadores, aumentando o numero de pessoas no campo, o que ajudaria a
controlar o atual caos em que vivem as cidades. Consorciando assim, os
desenvolvimentos econômico e social, com maior socialização do conhecimento
científico, através do melhor manejo dos agroecossistemas. “A produtividade e
sustentabilidade destes agroecossistemas pode ser aperfeiçoada com métodos
agroecológicos e desta maneira pode formar a base sólida de soberania alimentar [...]”
(ALTIERI, 2009, p.28-29, tradução nossa). Conclusões
As realidades da agricultura local e nacional apresentadas no texto, não diferem tanto
uma da outra, uma vez que as características da produção nacional, principalmente em
assentamentos rurais, podem ser constatadas nos dados da pesquisa no Assentamento
Fazenda Esperança, em Rondonópolis, Mato Grosso.
As denuncias que o campo brasileiro esta em crise são feitas diariamente por estudantes,
pesquisadores, moradores do campo, ativistas de movimentos sociais e organizações
não governamentais. No entanto, não existem politicas que defendam e realmente
15
incentivem a permanência e a volta das pessoas do campo com dignidade. A maioria
daqueles que ainda se mantem no campo tem assimilado a lógica tecno-economica da
modernização, sendo esses uma parcela significativa da agricultura familiar, mantendo-
se em constante dependência dos mercados de insumos e de produtos. Essa dependência
interfere nos valores da agricultura familiar de produzir com qualidade e diversidade,
retirando do agricultor sua soberania e dificultando sua reprodução social.
Apesar do grande chamado mundial para a sustentabilidade, a grande maioria das
pessoas, empresas, grandes corporações e governos absorveram o termo com o preceito
comercial. Com isso, fazem-nos acreditar que estão combatendo os grandes problemas
sociais, quando na verdade só estão defendendo interesses próprios de acumulo e
concentração de capital.
Todas essas formas de globalização perversa do capitalismo só agravam os níveis de
insegurança alimentar e afligem drasticamente as soberanias dos povos em todas as
regiões do globo. Trazendo, desta forma, uma mudança ideológica que transforma tudo
em mercadoria. É o que se pode constar no Assentamento Fazenda Esperança embora
considerássemos um limitado número de indicadores para o estudo referente a
segurança alimentar.
Portanto, a retomada da agricultura camponesa não é vista como um retrocesso, mas sim
um avanço para o meio rural, possibilitando maior intercâmbio local das dinâmicas
agrárias e agrícolas, permitindo melhores interações com a natureza e retomando a
soberania dos povos. Apesar das limitadas condições de segurança alimentar, os
assentamentos rurais tem uma importância vital na produção de alimentos e, portanto,
contribuem para amenizar o grande dilema mundial que é alimentar uma população
cada vez mais crescente.
Notas ________________ ¹Agronegócio é o novo nome do modelo de desenvolvimento econômico da agropecuária capitalista. Esse modelo não é novo, sua origem está no sistema plantation, em que grandes propriedades são utilizadas na produção para exportação. [...] é também uma construção ideológica para tentar mudar a imagem latifundista da agricultura capitalista. (FERNANDES, 2005, p.1) ²Declaração de Nyéléni no Fórum pela Soberania Alimentar, em Sélingué, em 2007. ³[...] los combustibles líquidos de cosechas cultivadas y producidas a gran escala agroindustrial conocida como "agrocombustibles”. [...] como el etanol y el biodiesel, se producen actualmente de plantas como el maíz, la palma de aceite, la soya, la caña de azúcar, la remolacha, la colza, la canola, la jatropha, el arroz y el trigo. (HOLT-GIMÉNEZ e SHATTUCK, 2009, p. 180)
16
4Este conceito vem sendo utilizado por diferentes autores como Guzmán (2003), Petersen (2009) e Ploeg (2008). Segundo Petersen “[...] o conceito de recampesinização pode ser apreendido por sua dimensão quantitativa - o aumento do numero de famílias camponesas, com a democratização da estrutura agrária – e por sua dimensão qualitativa – o fortalecimento da natureza camponesa na parcela da agricultura familiar que assimilou elementos do modo empresarial de produção em decorrência dos processos de modernização.” (2009, p.7)
Referências
ALTAFIN, I.; PINHEIRO, M. E. F.; VALONE, G. V.; GREGOLIN, A. C. Produção familiar de leite no Brasil: um estudo sobre os assentamentos de reforma agrária no município de Unaí (MG). Imperatriz (MA): Revista UNI, n.1, 2011, p. 31-49. ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. 4. ed. – Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004. _______. Agroecología, pequeñas fincas y soberanía alimentaria. Revista ecología política, Nº38, 2009, (Ejemplar dedicado a: La agricultura del siglo XXI), págs. 25-35. ANVISA. Programa de Análise de Resíduo de Agrotóxico em Alimentos (PARA), dados da coleta e análise de alimentos de 2010, ANVISA, dezembro de 2011. Disponível em:<www.anvisa.gov.br>. Acesso em: 15 jun. 2012. BOMBARDI, L.M. A intoxicação por agrotóxicos no Brasil e a violação dos direitos humanos. In: Merlino, T; Mendonça, ML. (Org.). Direitos Humanos no Brasil 2011: Relatório. São Paulo: Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, 2011, p. 71-82. BRASIL. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA). III Conferência Nacional de segurança alimentar e Nutricional. Brasília, DF. Disponível em < https://www.planalto.gov.br/consea/3conferencia>. Acesso em: 12 jun. 2012. BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Censo agropecuário. Brasília (DF), 2006. Disponível em <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 15 jun. 2012. BRASIL. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO/MDA. Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural. 2007. Disponível em:< www.mda.gov.br/portal/saf/arquivos/download/Pnater.doc>. Acesso em: 10 jun. 2012. CAMPOS, S. A. C., NETO, J. A. F. Eficiência técnica dos produtores de leite em assentados rurais da reforma agrária. Viçosa: Revista de Economia e Agronegócio, vol.6, nº 3, 2008, p. 395-414. Disponível em: <www.economia-aplicada.ufv.br/revista/pdf/2008/3/Artigo05.pdf > Acesso em: 17 jun. 2012. CAPORAL, F. R., COSTABEBER, J.A. Agroecologia. Enfoque científico e estratégico. Revista Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável. Porto Alegre, v.3, n.2, abr./jun. 2002. CAPORAL, F.R. Agroecologia e Extensão Rural: Contribuições para a promoção do Desenvolvimento Rural Sustentável. Brasília: MDA/SAF/DATER-IICA. 2004, EMBRAPA, 2005. (Documento 80).
17
CAPORAL, F. R. Bases para uma nova ATER pública. Imprensa oficial, 2003. Disponível em <www.pronaf.gov.br/dater. Acesso em: 10 jun. 2012. CARNEIRO, F. F.; PIGNATI, W.; RIGOTTO, R. M.; AUGUSTO, L. G. S.; RIZOLLO, A.; MULLER, N. M.; ALEXANDRE, V. P. FRIEDRICH, K.; MELLO, M. S. C. Dossiê ABRASCO – Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. ABRASCO, Rio de Janeiro, abril de 2012. 1ª Parte. 98p. CONSEA. III Conferência Nacional de Segurança Alimentar. Brasília: Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Documento final, 2007. CORDANI, Umberto G.. As Ciências da Terra e a mundialização das sociedades. Estudos Avançados. [online]. 1995, vol.9, n.25, pp. 13-27. ISSN 0103-4014. FAO. Declaração de Roma sobre a Segurança Alimentar Mundial e Plano de Ação da Cimeira Mundial da Alimentação. Cimeira Mundial da Alimentação, 13 a 17 de novembro. Roma, 1996. FERNANDES, B. M. Agronegócio e Reforma Agrária. Presidente Prudente: NERA – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária. 2005. Disponível em:< http://www4.fct.unesp.br/nera/publicacoes/AgronegocioeReformaAgrariA_Bernardo.pdf > Acesso em: 27 jun. 2012. FORUM MUNDIAL SOBRE SOBERANÍA ALIMENTARIA. Por el derecho de los pueblos a producir, a alimentarse y a ejercer su soberanía alimentaria. Declaración final. Havana, Cuba, 2001. FREIRE, P. Extensão ou comunicação? Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. GUZMÁN, E. S. El desarrollo rural de la “otra modernidad”: elementos para recampenizar la agricultura desde la Agroecología. In: ENCINA, J. et al. (coord.). Praxis Participativas desde el Medio Rural, construyendo ciudadanía 6, Madrid: IEPALA EDITORIAL, CIMAS, 2003. HOLT-GIMÉNEZ, E. SHATTUCK, A. La transición de los agrocombustibles: Reestructurando lugares y espacios en el sistema alimentario mundial. Boletín de ciencia, tecnología y sociedade. BERKELEY: SAGE, vol. 29, n. 3, 2009, pp. 180-188. Disponível em <http://online.sagepub.com>. Acesso em: 15 jun. 2012. JALIL, L. M. Mulheres e soberania alimentar: a luta para a transformação do meio rural brasileiro. 2009.198 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Ciências Humanas e Sociais, Seropédica. 2009. LEITE, S. Impactos econômicos dos assentamentos rurais no Brasil: análise das suas dimensões regionais, XXX Encontro Nacional de Economia (Anpec), Nova Friburgo, RJ, 2002. MALUF, R.; MENEZES, F.; e VALENTE, F. L. Contribuição ao tema da segurança alimentar no Brasil. Revista Cadernos de Debate, vol. 4. Campinas: Nepa/UNICAMP, 1996, pp. 66-88.
18
MALUF, R. Segurança Alimentar e Nutricional. Petrópolis (RJ): Vozes, 2007, 174 p. MOVIMENTO DOS PEQUENOS AGRICULTORES (MPA). Censo agropecuário 2006 informações importantes. Disponível em:< www.mpa.com.br>. Acesso em: 12: jun. 2012. NYÉLÉNI. Fórum pela Soberania Alimentar. Sélingué, Mali: 2007. Disponível em:< http://www.nyeleni2007.org/spip.php?article7>. Acesso em: 17 jun. 2012. ONU. “Esboço zero” do documento final da conferência: o futuro que queremos. Disponível em:<http://www.rio20.gov.br/documentos/documentos-da-conferencia>. Acesso em: 28 jun. 2012. PETERSEN, P. (org.) Agricultura familiar camponesa na construção do futuro. Rio de Janeiro: AS-PTA, 2009.168 p. PIGNATI, W.A.; MACHADO, J.M.H. O agronegócio e seus impactos na saúde dos trabalhadores e da população do Estado de Mato Grosso. In: Gomez, Machado, Pena. (Orgs.). Saúde do trabalhador na sociedade brasileira contemporânea. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2011, p. 245-272. PLOEG, J. D. V. der. Camponeses e impérios alimentares: lutas por autonomia e sustentabilidade na era da globalização. Porto Alegre: UFRGS, 2008. TARSITANO, M. A. A.; SANT’ANA, A.L.;ARAUJO, C. A. M E BOLIANI, A. C. Projeto de reassentamento rural Cinturão Verde de Ilha Solteira – SP.: Duas perspectivas de análise. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 36, 1999, FOZ DO IGUAÇU (PR). Anais... FOZ DO IGUAÇU (PR), 1999. (CD-ROM). STURZA, J.A.I. Lugar e não-lugar em Rondonópolis-MT: um estudo de cognição ambiental. 2005. 163 p. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Estadual Paulista, Rio Claro. 2005. _______. Topocídio do cerrado em Rondonópolis-MT: um estudo de cognição ambiental. In: SIMPÓSIO NACIONAL DO CERRADO, 9 e SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE SAVANAS TROPICAIS, 2, 2008, Brasília. Anais... Brasília: EMBRAPA, s.p., 2008. (1 CD Room)