a resistência do agricultor para garantir a soberania alimentar

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 7 • nº1329 Junho/2013 A resistência do agricultor para garantir a soberania alimentar Maravilha A riqueza que brota na terra e a criação de pequenos animais transformaram a vida do agricultor familiar Francisco de Assis da Silva (popular Preguinho), 50, casado, vive na comunidade São Luiz em Maravilha - AL. “Eu deixei de trabalhar para os outros depois que comecei a plantar hortaliças, a criar galinha de postura e ovelhas e trabalhar com abelha. Agora trabalho para mim e consigo ganhar o sustento da família”, disse o agricultor. Segundo Francisco de Assis a atividade no campo começou desde os sete anos, quando trabalhava com os pais. Cresceu plantando o milho, o feijão, a mandioca e o algodão, mas a mudança de cultura vem contribuindo para geração de renda e a garantia de alimentos sem agrotóxico na mesa da família. Com o apoio do Centro de Desenvolvimento Comunitário de Maravilha (Cdecma), Francisco de Assis junto com outros agricultores e agricultoras desde 2011 produziam para comercializar na feira da Agricultura Familiar, realizada toda primeira e terceira quinta feira de cada mês, porém há cerca de quatro meses, o grupo parou de comercializar devido a estiagem prolongada. No entanto, o agricultor continuou plantando. “Tenho muita freguesia para entregar as hortaliças em Maravilha e ainda tem outras pessoas que vêm comprar, onde planto. Se tivesse mais apoio técnico para aumentar minha produção, aumentaria a freguesia. A ajuda que tenho é dos amigos”, falou. Atualmente o agricultor planta rúcula, couve, alface, pimentão, coentro, cebolinha, maxixe, quiabo, pimenta, macaxeira, milho. Além das hortaliças , ele planta a palma e ervas medicinais. “Hoje não tenho como sair da minha função, porque adoro o que faço e ganho meu sustento”, declarou o agricultor.

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Page 1: A resistência do agricultor para garantir a soberania alimentar

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 7 • nº1329

Junho/2013

A resistência do agricultor para garantir a soberania alimentar

Maravilha

A riqueza que brota na terra e a criação de pequenos

animais transformaram a vida do agricultor familiar

Francisco de Assis da Silva (popular Preguinho), 50, casado,

vive na comunidade São Luiz em Maravilha - AL. “Eu deixei de

trabalhar para os outros depois que comecei a plantar

hortaliças, a criar galinha de postura e ovelhas e trabalhar

com abelha. Agora trabalho para mim e consigo ganhar o

sustento da família”, disse o agricultor.

Segundo Francisco de Assis a atividade no campo começou desde os sete anos, quando

trabalhava com os pais. Cresceu plantando o milho, o feijão, a mandioca e o algodão, mas a

mudança de cultura vem contribuindo para geração de renda e a garantia de alimentos sem

agrotóxico na mesa da família.

Com o apoio do Centro de Desenvolvimento Comunitário de Maravilha (Cdecma), Francisco

de Assis junto com outros agricultores e agricultoras desde 2011 produziam para comercializar na

feira da Agricultura Familiar, realizada toda primeira e terceira quinta feira de cada mês, porém há

cerca de quatro meses, o grupo parou de comercializar devido a estiagem prolongada.

No entanto, o agricultor continuou plantando.

“Tenho muita freguesia para entregar as hortaliças em

Maravilha e ainda tem outras pessoas que vêm comprar,

onde planto. Se tivesse mais apoio técnico para aumentar

minha produção, aumentaria a freguesia. A ajuda que

tenho é dos amigos”, falou.

Atualmente o agricultor planta rúcula, couve,

alface, pimentão, coentro, cebolinha, maxixe, quiabo,

pimenta, macaxeira, milho. Além das hortaliças , ele

planta a palma e ervas medicinais. “Hoje não tenho como sair da minha função, porque adoro o

que faço e ganho meu sustento”, declarou o agricultor.

Page 2: A resistência do agricultor para garantir a soberania alimentar

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Alagoas

Realização Patrocínio

Conservação dos recursos naturais e Apicultura

“Quando comprei esse pedacinho de terra há doze

anos não tinha nem uma árvore plantada. Nem uma vara para

fazer um espeto para assar um pedaço de carne, então eu

plantei umburana, sabiá, catingueira, craibeira e outras.

Além de árvores nativas, ele planta frutíferas e

mantém um pequeno viveiro de mudas.

De acordo com Francisco de Assis é da terra que ele

grande e minhas galinhas poderiam estar pondo mais,

porque de 45, somente 20 estão pondo ”, desabafou.

O agricultor espera que, com o apoio do Cdecma e da

Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), a situação possa

melhorar.

“A gente tem condições de produzir no sítio, se

alimentar junto com a família e ainda dividir com amigos e

visitantes. Porque, aqui tudo que se planta cresce, já plantei

até rabanete, mais de 20 espécies de hortaliças.

25 kg de mel. Mas, agora as abelhas estão se recuperando e espero que minha produção venha

aumentar”, ressaltou.

Há cinco anos o agricultor faz parte da Associação dos Apicultores e Apicultoras de

Maravilha (Apimar). Através da Apimar ele vendeu para Cooperativa dos Produtores de Mel de

Abelha (Coopemel), de Pão de Açúcar-A , trinta por cento da produção do mel e setenta por cento

comercializado nas feiras de agricultura familiar, mercadinhos e em casa.

As galinhas de postura são mantidas no espaço com acesso a área de pasto e se alimentam

de ração e resto de hortaliças. “Os ovos consumo com a família e o excedente vendo. A procura é

L

Galinha de postura

A dificuldade é a água, mas a gente luta pede força a Deus e com o apoio de vocês a gente consegue

vencer”, concluiu Francisco de Assis.

consegue o sustento da família, por isso, usa defensivos naturais como a urina da vaca e o nim para

repelir as pragas. “Se eu usasse veneno contaminava a terra, os alimentos, minha saúde e as

abelhas não iriam produzir mel de qualidade”.

A atividade de apicultura associada à criação das ovelhas fortalece a vida da família no

campo. “Em 2011 tinha 48 colméias e consegui 480 kg de mel, em 2012 devido à estiagem foram