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GUARANI RETGUARANI RET 0820POVOS GUARANI NA FRONTEIRA ARGENTINA, BRASIL e PARAGUAI

GUARANI RET

POVOS GUARANI NA FRONTEIRA ARGENTINA, BRASIL e PARAGUAI

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APRESENTAOOs Guarani so um povo? Uma cultura de mltiplas expresses As lnguas guarani hoje Em que crem os Guarani? A histria de Nossa Palavra Dar e receber A formao do territrio guarani O cerco aos Guarani Nhandeva e Kaiow, em Mato Grosso do Sul: erva mate, gado, soja e cana-de-acar 3.2. Erva mate, a primeira riqueza extrada do territrio indgena - dcada de 1880 a 1940 3.3. O confronto com colonos e projetos agropecurios 3.4. A presena do Servio de Proteo aos ndios - SPI. 3.5. Da soja cana - agrava-se o confinamento 3.6. As terras Kaiow e Guarani no MS - etnocdio silencioso e luta incansvel 3.7. Do confinamento violncia e expulso para as cidades 4. Quantos so e onde vivem os Guarani 5. Os Ach no Paragui 6. E amanh? Nosso Futuro Para saber mais - bibliografia 1. 1.1. 1.2. 2. 2.1. 2.2. 3. 3.1.1

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ApresentaoEsta publicao explica o mapa GUARANI RET 2008 e uma introduo ao mundo dos Guarani de hoje na regio das fronteiras entre Brasil, Argentina e Paraguai. So cerca de 100.000 pessoas distribudas em aproximadamente 500 aldeias e/ou comunidades nos trs pases. Incluindo os que habitam o litoral Atlntico no Brasil, a regio do Chaco no Paraguai, o noroeste da Argentina e o leste da Bolvia, os Guarani constituem uma das populaes indgenas de maior presena territorial no continente sul-americano. Este mapa mostra onde vivem, quantos so, como se denominam seus lugares e quais so as ameaas de destruio de seu espao de vida. Os Guarani vm seu mundo como uma regio de matas, campos e rios, como um territrio onde vivem segundo seu modo de ser e sua cultura milenar. Mas, o mapa mostra, tambm, os problemas que afetam os povos guarani. As cores do mapa indicam onde ainda existem as matas e onde quase no sobrou uma rvore sequer, devido s plantaes de soja e cana-de-acar. Convivemos com os Guarani em seu territrio, apesar de nem sempre em harmonia com eles. Estamos em territrio historicamente ocupado pelos Guarani; do territrio tradicional, que se estende por parte da Argentina, Paraguai, Bolvia e Brasil, os Guarani ocupam hoje apenas pequenas ilhas. O mapa que apresentamos mostra onde esto os Guarani hoje. Suas aldeias e comunidades so muitas vezes pequenas, quase invisveis, porm, ali esto, vivendo seu modo de vida prprio, sua economia, sua organizao social e poltica, sua religio, sua lngua. Mesmo com todas as transformaes que ocorreram em seus sistemas scio-poltico-econmicos seguem fazendo histria e construindo seu futuro.

Os Guarani, so um povo?So um povo sim: povo um conjunto de indivduos que falam a mesma lngua, tm costumes e hbitos idnticos, afinidade de interesses, uma histria e tradies comuns (Novo Aurlio, Sec XXI, 1999). Aqui tomamos a palavra povo como um conjunto de pessoas que tem uma origem tnica comum, que foram se diferenciando entre si no decorrer da histria. Os Guarani so conhecidos por distintos nomes: Chirip, Kaingu, Monteses, Baticola, Apyter, Tembeku, e outros. Porm, a denominao com que se designam a si mesmos Av, que significa, em guarani, pessoa. Os Guarani, so iguais? Sim e no. Na atualidade continuam existindo na rea deste mapa trinacional - Brasil, Paraguai, Argentina - quatro povos guarani, muito semelhantes nos aspectos fundamentais de sua cultura e organizaes scio-polticas, porm, diferentes no modo de falar a lngua guarani, de praticar sua religio as diversas tecnologias que aplicam na relao com o meio ambiente. Tais diferenas, que podem ser consideradas pequenas do ponto de vista do observador, cumprem o papel de marcadores tnicos, distinguindo comunidades polticas exclusivas. Esses grupos reconhecem a origem e proximidade histrica, lingstica e cultural e, ao mesmo tempo, diferenciam-se entre si como forma de manter suas organizaes sciopolticas e econmicas.

Uma cultura de mltiplas expressesOs Guarani que hoje vivem nesta regio so: Os Mbya Os Pi-Tavyter, no Brasil conhecidos como Kaiow, Os Av Guarani, no Brasil denominados Guarani ou andeva, e Os Ache-Guayak Como se v, os Guarani se denominam a si prprios com palavras que em sua lngua significam que eles so verdadeiras e autnticas pessoas e tm conscincia de serem gente e povo. Quando da chegada dos espanhis e portugueses a esta parte da Amrica, por volta de 1500, os Guarani j formavam um conjunto de povos com a mesma origem, falavam um mesmo idioma, haviam desenvolvido um modo de ser que mantinha viva a memria de antigas tradies e se projetavam para o futuro,

praticando uma agricultura muito produtiva, que inclua milho, mandioca, batatas, feijo andu, amendoim, car, abboras e repolhos, bananas e anans- abacaxi, de diferentes espcies, assim como outros cultivos. A agricultura dos Guarani gerava amplos excedentes que motivavam grandes festas e a distribuio dos produtos, conforme determinava a economia de reciprocidade. Na realidade pode-se falar de um grande 'territrio guarani', e assim o viram os antigos conquistadores europeus e os colonos que os conheceram. Essa identidade se fundamenta num 'guarani reko', um modo de ser e proceder, com caractersticas prprias. Seu territrio, o solo que se pisa, um tekoha, o lugar fsico, o espao geogrfico onde os Guarani so o que so, onde se movem e onde existem. Os jesutas respeitaram em grande parte a unidade do territrio guarani, entre os rios Paranapanema, ao norte, o Rio da Prata ao sul, ao p do monte andino, ao oeste e ao Atlntico, ao leste, fundando entre os sculos XVII e XVIII meia centena de povoaes. Migraes e conflitos, atravs de uma longa histria de milnios, produziram diferenas motivadas pelos vrios lugares habitados, sua peculiar relao com outros povos indgenas e sua maneira histrica de integrar-se ao meio ambiente. A economia da reciprocidade que adotaram se relaciona com os aspectos fundamentais de sua poltica e cultura. Os Guarani guardam tradies de tempos muito antigos. Delas conservam a memria que vo atualizando em seu cotidiano, atravs de seus mitos e rituais.

As lnguas guarani hojeA unidade de origem e a diversidade se traduzem tambm na lngua. A lngua guarani pertence famlia lingstica Tupi-Guarani e apresenta uma grande unidade com variedades, que, por sua vez, podem ser consideradas lnguas diferentes. Algo assim como o castelhano e o portugus.Durante a poca colonial criou-se uma lngua guarani comum, que falada na atualidade por uns seis milhes de paraguaios. Na realidade, os quatro povos guarani falam outras variedades da lngua guarani, nem sempre compreensveis entre si e diferentes do guarani paraguaio moderno.

Em que crem os Guarani?A vida dos Guarani em todos os seus momentos importantes - concepo, nascimento, nominao, iniciao, paternidade e maternidade velhice e morte - se baseia na 'palavra-alma' que cada pessoa recebe. O nome, ao nascer, uma "palavra / alma" que estrutura o ser humano, a pessoa individual, inserindo-a no conjunto social de seres humanos e meio ambiente, ou seja, no mundo guarani. . "Quando est por tomar assento um ser que alegrar os adornados com plumas, s adornadas, envia, pois, a nossa terra, uma palavra boa que ali ponha o p", diz Nosso Pai Primeiro aos verdadeiros Pais das palavras de seus prprios filhos. (Len Cadogan, Ayvu Rapyta). Os Pais das Palavras-Almas, desde seus respectivos cus, se comunicam, ordinariamente, atravs do sonho com aquele que ser seu pai. E a palavra sonhada que, comunicada mulher, toma assento nela e comea a concepo do novo ser humano. A cultura guarani reconhece a necessidade das relaes sexuais para a existncia da gravidez, mas elas no so suficientes para assegurar a concepo. A criatura enviada por Aqueles de Cima. "O pai a recebe em sonho, conta o sonho me e esta fica grvida" (Egon Schaden, Aspectos Fundamentais da Cultura Guarani, 1974, p. 108). o lder religioso que deve encontrar, mediante a inspirao e as longas oraes, o nome da pessoa, segundo o lugar espiritual de onde vem. O nome parte integrante da pessoa. Os Guarani no "se chamam" de tal ou qual maneira, eles "so" tal ou qual. Os Guarani acham ridculo que o sacerdote catlico, por exemplo, tenha que perguntar aos pais o nome da criana, pois ele mesmo quem deveria saber e dar a conhecer esse 'nome'. O nome parte integrante da pessoa. A doutrina da concepo do ser humano difere entre os grupos guarani, mas est sempre referida descida da alma de origem divina que toma assento entre os seres humanos, renovando a relao entre deuses e homens.

A histria de Nossa PalavraA educao dos Guarani uma educao da palavra e pela palavra, porm, no para aprender ou memorizar palavras j ditas, mas para escutar as palavras que receber 'dos de Acima', geralmente atravs de sonhos. Os Guarani buscam a perfeio de seu ser na perfeio de seu 'dizer', de seu 'falar'.

Nas aldeias no pode faltar a "casa de reza", que adquire formas diferentes em cada um dos povos. Nessas casas e nos ptios abertos em sua frente onde se desenvolvem a festa do milho novo, onde se canta e dana durante longas horas. Com muita propriedade tem-se dito que "toda a vida mental dos Guarani converge para "O Alm"... O seu ideal de cultura de outra ordem; a vivncia mstica da divindade, que no depende das qualidades ticas do indivduo, mas da disposio espiritual de ouvir a voz da revelao. Essa atitude e esse ideal que lhe determinam a personalidade" (SCHADEN, Egon, 1954. O estudo do ndio brasileiro ontem e hoje, Amrica Indgena, XIV, 3, p. 248-49). A Palavra no ensinada, nem aprendida humanamente. E, para muitos Guarani, resulta insensato e at provocador pretender ensinar s crianas na escola; a est seu receio e s vezes seu enrgico rechao escola formal. A Palavra um dom que se recebe dos de Acima e no um conhecimento aprendido de um professor.

Dar e receberUm aspecto importante da vida dos Guarani a economia chamada de reciprocidade, mediante a qual se comunicam seus bens, dando e recebendo dons gratuitos. Os Guarani no so nmades nem vivem somente da caa, da coleta e da pesca. So agricultores, e bons agricultores, que produziam abundncia de comida. Quando os europeus chegaram ao lugar que hoje Assuno, no Paraguai, ficaram maravilhados com a "divina abundncia" que encontraram. Contatados pelos europeus, desde 1505, os Guarani manifestam uma grande unidade lingstica e cultural. Com muita propriedade lhes foi dado o nome de Guarani, como haviam sido conhecidos os do inicio do contato, no Rio da Prata, e como eles mesmos se distinguiam. Viviam em aldeias de duas, trs ou quatro casas grandes, onde habitavam mais de 100 pessoas. Podemos encontrar algumas dessas casas entre os Kaiow e Pi Tavyter no Paraguai. Sua cermica era de notvel beleza esttica e sua arte plumria muito delicada e atrativa. Tudo isto desapareceu quase por completo. O que segue muito presente seu sistema de intercmbio de produtos e coisas, que se rege pelo dom. Assegurada a subsistncia familiar, tem-se ainda algo ou muito para dar. Este o sentido da festa, do arete , o "dia verdadeiro". No vero, quando abundante a colheita do milho, da mandioca e outros produtos, como a batata, o feijo e abboras, so freqentes as festas. A festa guarani no somente para o consumo de excedentes, o motivo para renovar relaes de amizade e de trabalho em comum. Sem festas a produo baixa, sensivelmente. A palavra jopi, comum a todos os povos guarani, significa abrir as mos mutuamente. Esta a lei fundamental da economia guarani, a lei da casa e das casas entre si.

A formao do territrio guaraniGuarani um nome conhecido. No Paraguai, sobretudo, mas, tambm, no Brasil, na Argentina e na Bolvia. Atualmente, os Guarani seguem vivendo onde sempre viveram, apesar de inumerveis presses, ameaas e mortes. Habitam desde dois mil anos atrs esse vasto territrio. Diversos grupos Guarani foram se estendendo por esta parte da Amrica, mediante sucessivas migraes aliadas ao crescimento demogrfico, que comearam h uns dois mil anos atrs e que continuam at a atualidade. No Brasil, nas ltimas dcadas, os Guarani tm migrado at o Par, j na regio amaznica. So povos que costumam se deslocar no seu territrio, no espao geogrfico, porm, no nmades ou sem residncia fixa. So, de fato, bons agricultores e migram quando determinadas condies, problemas, assim o exigem. So problemas, desde o ponto de vista dos Guarani, as terras esgotadas, que j no prestam para a agricultura, onde a prpria paisagem se tornou desrtica. Estar em meio a um campo sem rvores ou junto a extensas monoculturas de soja, pinheiros ou cana de acar, um grande mal, um deserto. A mata, a gua e outros elementos do ambiente so espaos ocupados por uma srie de seres espirituais, com os quais os Guarani necessitam interagir para reproduzir seu modo de vida. Um dos maiores males que os Guarani tm que suportar a invaso e destruio de sua terra, a ameaa contra seu modo de ser, a expulso, a discriminao e o desprezo que vieram com a chegada dos "outros", dos colonos e dos fazendeiros e, mais recentemente, dos produtores de soja e de acar. As fronteiras se converteram em linhas de separao que em poucos anos provocaram alguma fragmentao dos Guarani, at mesmo os de um mesmo grupo. Os Pi Tavyter, no Paraguai, so originalmente os mesmos que os Kaiow, no Brasil, e, sem dvida, as fronteiras polticas dos estados nacionais j tm provocado fortes diferenas culturais, polticas, religiosas e at lingsticas. O mesmo sucedeu com os Av Guarani e os Mby. Na fronteira se construiu duas enormes represas: Itaipu, pelo Brasil e Paraguai, e Yacyret-Apip, pelo Paraguai e Argentina. Numerosas aldeias dos Mby e Av Guaran, como se v no mapa, foram inundadas e aos atingidos no se lhes restituiu terras adequadas ou suficientes. Esse abuso e injustia repercutiram muito negativamente na vida dos Guarani. Apesar dos prejuzos provocados, planeja-se a construo de mais uma represa no mesmo rio Paran, em Corpus.

O cerco aos Guarani Nhandeva e Kaiow, em Mato Grosso do Sul: erva mate, gado, soja e cana-de-acarNo Brasil, a situao dos Guarani andeva e dos Kaiow sofre profundas alteraes logo aps a Guerra do Paraguai (entre 1864-1870) - ou Grande Guerra,

como conhecida no Paraguai - aps essa guerra inicia-se a ocupao sistemtica do territrio guarani no sul do ento Estado de Mato Grosso, por diversas frentes de explorao econmica. Podemos afirmar que a partir dessa data a histria dos Guarani e Kaiow nessa regio vem fortemente marcada pelos rumos dessa explorao econmica: inicialmente, da erva-mate, a seguir a implantao dos projetos agropecurios e de colonizao, a soja e correspondente mecanizao, na dcada de 1970, e, finalmente, a cana-de-acar, a partir da dcada de 1980. Ao mesmo tempo em que viram suas terras de ocupao tradicional sendo transformadas e as matas derrubadas, os Guarani so percebidos pelos novos colonizadores como importante reserva de mo-de-obra nas diversas etapas dessa explorao regional.

Erva mate, a primeira riqueza extrada do territrio indgena - dcada de 1880 a 1940Percebendo a grande quantidade de ervais nativos na regio, Thomas Laranjeira solicitou do Governo Federal, em 1882, o arrendamento das terras no sul do ento Estado de Mato Grosso para explor-las. Para isso, fundou, em 1892, a Companhia Mate Laranjeira. A rea de concesso para a explorao ervateira foi sendo sucessivamente ampliada, sempre com o apoio de polticos influentes, em Mato Grosso, como os Murtinho e Antnio Maria Coelho. Com a Repblica, as terras devolutas - aquelas que originalmente pertenciam Unio - passaram para a responsabilidade dos Estados, o que favoreceu os interesses da Cia. Mate Laranjeira. Dessa forma, o Decreto n 520, de 23/06/1890, ampliou os limites da posse da Cia. Mate Laranjeira e deu-lhe o monoplio na explorao da erva-mate em toda a regio, que compreendia o territrio de ocupao tradicional dos Kaiow e Guarani. Embora a Companhia no questionasse a posse da terra ocupada pelos ndios, nem fixasse colonos e desalojasse comunidades, definitivamente, das suas terras, essa atividade foi, contudo, responsvel pelo deslocamento de inmeras famlias e ncleos populacionais, tendo em vista a colheita da erva mate, e pela disseminao de vrias doenas com grave impacto sobre a sade dos ndios. Interferiu menos, ao que parece, na vida dos Kaiow e Guarani do que iniciativas posteriores. Tampouco constituram problema mais srio as primeiras fazendas de gado que no final do sculo XIX e incio do sculo XX, que se instalaram nas regies de campos entre Amambai, Ponta Por e Bela Vista, pois, como j dito acima, os Kaiow e Guarani localizavam suas aldeias, preferencialmente, nas regies de matas. Assim, a maior parte dos estudiosos da histria desse perodo consideram que os Kaiow e Guarani seguiram dispondo dos espaos de suas aldeias no decorrer desse perodo de explorao da erva mate.

O confronto com colonos e projetos agropecurios Em 1943, o ento Presidente da Repblica Getlio Vargas criou em pleno territrio indgena a Colnia Agrcola Nacional de Dourados, CAND, que tinha como objetivo possibilitar o acesso terra a milhares de famlias de colonos, migrantes de outras regies do pas. A criao dessa e de outras colnias agrcolas nacionais (CAN) situou-se dentro da poltica da "Marcha para o Oeste", buscando incorporar novas terras e aumentar a produo de alimentos e produtos primrios necessrios industrializao a preos baixos. No caso havia, tambm, claro interesse em povoar a fronteira, onde a Cia. Mate Laranjeira mantinha forte presena. A CAND, criada pelo Decreto-lei no. 5.941, de 28 de outubro de l943, abarcava uma rea no inferior a 300 mil hectares, a ser retirada das terras da Unio no ento Territrio Federal de Ponta Por. A instalao dos colonos, em terras ocupadas pelos Kaiow provocou problemas diversos e graves, pois questionou a presena indgena e imps a sua transferncia para outros espaos. A implantao da CAND alavanca, tambm, a ocupao agropecuria e a expanso da presena no-indgena e da infra-estrutura de servios na regio. A partir da dcada de 1950 acentua-se a instalao de empreendimentos agropecurios nos demais espaos ocupados pelos Kaiow e Guarani, ampliando o processo de desmatamento desse territrio. Nmero significativo de comunidades indgenas obrigado a abandonar suas aldeias e deslocar-se para dentro de oito reservas de terra demarcadas pelo SPI (Servio de Proteo ao ndio, antiga FUNAI), acentuando-se o confinamento das aldeias. A reserva impe o controle poltico da populao, submetida a uma srie de prticas que tinham como objetivo principal a assimilao. Os Guarani e Kaiow constituem-se ento em importante contingente de mo-de-obra na formao dos empreendimentos agropecurios em diversas regies, muitas vezes trabalhando na implantao de fazendas no espao de suas antigas aldeias. A presena do Servio de Proteo aos ndios - SPI: Entre os anos de 1915 e 1928, o Servio de Proteo aos ndios, SPI, demarcou oito pequenas extenses de terra para usufruto dessa populao indgena, perfazendo um total de 18.124 ha, com o objetivo de confinar os inmeros ncleos populacionais guarani dispersos em amplo territrio no atual Estado de Mato Grosso do Sul. A demarcao dessas reservas constitui-se em importante estratgia governamental de liberao de terras para a colonizao e conseqente submisso da populao indgena aos projetos de ocupao e explorao dos recursos naturais por frentes no-indgenas. Ignorou-se, na sua definio, os padres indgenas de

relacionamento com o territrio e seus recursos naturais e, principalmente, a sua organizao social. A partir da dcada de 1980, os Guarani e Kaiow, com forte apoio de setores da sociedade civil, recuperam a posse de 11 terras de antigas aldeias, que juntas somam um total de 22.450 ha, hoje j devidamente demarcadas e de posse desses ndios. Inmeras outras comunidades que, tambm, perderam suas terras durante o processo de colonizao, esto exigindo do governo o mesmo procedimento, apoiadas no texto da Constituio Federal de 1988. Cabe destacar, no entanto, que a maior parte da populao guarani e kaiow, cerca de 80 % segue nas oito reservas demarcadas pelo SPI, nas quais h forte concentrao dos servios de sade, educao e assistncia oferecidos pelo governo. O caso mais grave diz respeito s terras indgenas de Dourados, Amambai e Caarap - que juntas somam 9.498 hectares de terra e abrigam mais da metade do total de 40 mil Guarani e Kaiow residentes no MS, permitindo compreender a extenso do confinamento imposto a essa populao. Da soja cana - agrava-se o confinamento A introduo da soja, a partir da dcada de 1970, junto com a ampla mecanizao das atividades agrcolas, provocou o fim das aldeias refgio nos fundos de fazendas, nas quais os Kaiow e Guarani resistiam e encontravam melhores condies de reproduzirem seu sistema social. Comprometeu a biodiversidade, substituindo os restos de mata, capoeiras e campos pela monocultura da soja. Com a criao do Pr-lcool, tem incio no Mato Grosso do Sul, no incio da dcada de 1980, a indstria sucroalcooleira, com a instalao das primeiras usinas de produo de acar e lcool. Segundo informaes (Jornal Campo Grande News, de 14 de maio de 2007) , na primeira colheita de cana, no MS, em 1984/1985, teriam sido colhidos cerca de 2 milhes de toneladas. Gradativamente, a mo-de-obra indgena, disponibilizada em decorrncia da crescente mecanizao das demais atividades agrcolas e do acirramento do confinamento nas reservas, passa a ser direcionada para as usinas de produo de acar e lcool. Passam a ser freqentes as denncias de trabalho escravo e de superexplorao dos trabalhadores indgenas e noindgenas engajados nessa atividade. Nas usinas de produo de acar e lcool verifica-se total precariedade nas condies de trabalho e extrema explorao da mo-de-obra indgena. Percebe-se que o cultivo da cana no conseguia, ainda, livrar-se de sua principal caracterstica colonial. Entretanto, necessrio considerar que a manuteno de milhares de famlias indgenas se tornou cada vez mais dependente do trabalho assalariado nas usinas, o que coloca o desafio de encontrar outras formas de sustentabilidade econmica para as comunidades indgenas no Mato Grosso do Sul.

Da aldeia na mata ao confinamento nas reservas: as conseqncias da expanso econmica e conseqente perda territorial. O processo de perda territorial e conseqente confinamento em espaos extremamente exguos de um contingente populacional muito superior ao padro historicamente conhecido pelos Kaiow e Guarani imps profundas limitaes a sua economia, decorrente da inviabilizao da itinerncia, do 'oguat', e do rpido esgotamento dos recursos naturais, importantes para a qualidade de vida numa aldeia kaiow e guarani. A aldeia kaiow e guarani era composta por um complexo de casas, roas e mata, que manteve, historicamente, caractersticas muito semelhantes, especialmente no que se refere distribuio e organizao scioeconmica, poltica e religiosa. Esses ncleos familiares eram relativamente autnomos, caracterizando-se pela mobilidade que, ao mesmo tempo em que se constitua uma estratgia de manejo ambiental, evitando o esgotamento dos recursos naturais, era tambm importante recurso para a superao de eventuais conflitos e disputas polticas. O confinamento em espaos exguos trouxe o desafio de adequar a organizao social dos Guarani e Kaiow nova situao marcada pela superpopulao numa mesma regio, pela sobreposio de famlias e pelas transformaes de ordem econmica. O confinamento na reserva resulta assim num processo que limita drasticamente as possibilidades de reproduo do sistema social indgena - o 'ava reko'. Este processo est na raiz dos principais problemas sociais e impasses vividos pela populao kaiow e guarani de hoje em MS. As terras Kaiow e Guarani no MS - etnocdio silencioso e luta incansvel Abordar a questo das terras Guarani e Kaiow no Brasil trazer a pblico a dramtica situao desse povo: so menos de um hectare por pessoa, chegando a situaes absurdas como na Terra Indgena Dourados, com mais de 12 mil pessoas em 3 mil e quinhentos hectares. Nesta "reserva" vivem mais de 40 grupos familiares distintos. Expulsos de outras aldeias foram obrigados a deslocar-se para essa rea que, proporcionalmente, apresenta um dos maiores ndices de violncia, superiores a So Paulo e Rio de Janeiro. Essas circunstncias tiveram um impacto muito forte sobre as comunidades guarani e kaiow e caracterizam-se como um processo de etnocdio lento e silencioso. Os Guarani, no entanto, seguem buscando novas foras e estratgias para sua sobrevivncia. Em 1978, um grupo de ndios Kaiow e Guarani, do Rancho Jacar, da Companhia Mate Laranjeira, municpio de Laguna Caraap, foi levado fora, com a participao

da Funai, para terra indgena Kadiwu, na serra do Bodoquena, municpio de Porto Murtinho. Depois de um tempo no desterro, iniciaram uma longa e penosa volta sua prpria terra donde haviam sido expulsos. Foi um dramtico retorno, com mortes pelo caminho, demonstrando claramente que preferiam morrer a ficar exilados. Infelizmente, propostas semelhantes de transferncia dos Guarani para outras terras continua at hoje, no Mato Grosso do Sul. No demorou e outras aldeias iniciaram a retomada de suas terras de ocupao tradicional. Em 28 de outubro de 1983 foi feita a retomada da aldeia Piraku, municpio de Bela Vista, na fronteira com o Paraguai, onde permaneciam algumas famlias indgenas. Por apoiar decididamente a luta dos moradores dessa aldeia, Maral Tup'i foi assassinado, menos de um ms depois. E da em diante a articulao e mobilizao dos Kaiow Guarani, com o apoio de aliados da sociedade civil, possibilitou o retorno a mais de uma dezena de territrios tradicionais. Hoje permanecem em aproximadamente 20 aldeias tradicionais retomadas a partir da dcada de oitenta. Porm, de vrios delas foram retirados fora, com inmeros mortos e feridos. Nesse momento, mais de uma dezena de acampamentos indgenas seguem espalhados na beira das estradas. Em conseqncia desse processo de disperso podemos constatar a presena de membros de uma famlia extensa em vrias terras indgenas da regio. Aguardam a oportunidade de retornar terra onde nasceram, onde esto enterrados seus antepassados e onde est a base de sua cultura, viso de mundo e perspectiva de futuro. A dramtica situao das terras e a presso exercida pelos Kaiow e Guarani fizeram com que nos ltimos quatro anos a Funai colocasse essa questo como prioridade em seu planejamento. O Ministrio Pblico Federal, em atendimento das demandas dos ndios, elaborou um Termo de Ajustamento de Conduta - TAC -, assinado entre a FUNAI, em nome do governo federal, e as lideranas indgenas, pelo qual o rgo indigenista assumiu o compromisso de identificar um total de 36 novas terras indgenas O processo de identificao est em andamento e representa motivo de esperana para essa populao. A expulso das comunidades denominada pelos ndios como "esparramo" ou "sarambi", entendido como um processo de disperso e fragmentao que criou srias dificuldades para a sua reproduo fsica e cultural. Por outro lado, o processo de reterritorializao, a partir do retorno para as suas antigas reas, compreendido como oportunidade de revigoramento do sistema social indgena, com a intensificao das prticas rituais e de outras formas de sociabilidade j quase em desuso nas reservas.

Do confinamento violncia e expulso para as cidades Nos relatrios de violncia contra os povos indgenas no Brasil elaborado pelo Conselho Indigenista Missionrio CIMI - nos ltimos anos possvel perceber a gravidade da situao dos Kaiow e Guarani. Dos 92 assassinatos de indgenas, verificados no ano de 2007, 53 ocorreram entre os mesmos. As causas dessa violncia so as mais diversas, desde a luta pela terra at conflitos internos. Porm, incontestvel que o principal motivo a situao de confinamento e a falta de terra onde possam viver em paz. Em funo desse quadro de violncia extrema em que se encontram os Guarani e Kaiow em praticamente todas as terras indgenas, nas quais tambm cresce o comrcio de lcool, drogas e a prostituio, muitas famlias tm migrado para outros espaos, especialmente para as cidades. Esse fenmeno de migrao para as periferias das cidades da regio tem se acentuado nos ltimos anos. Hoje possvel identificar vrios grupos familiares que vo se estabelecendo de maneira precria nas periferias urbanas. Essas migraes decorrem das difceis condies de vida nas reservas kaiow e guarani, nas quais falta espao para produzir seus alimentos e das dificuldades em encontrar trabalho fora das reservas, a no ser nas usinas de cana de acar e lcool. Nelas trabalham, conforme o Ministrio Pblico do Trabalho, mais de 13 mil indgenas.

Quantos so e como vivem os Guarani Assim como os demais povos indgenas na Amrica Latina, os povos Guarani encontram-se num processo de crescimento populacional. Altos nveis de fecundidade - nmero mdio de filhos por mulher - aliados queda - ainda que lenta - dos nveis de mortalidade esto sendo mantidos nos ltimos 10 anos pelo menos. Na tabela abaixo seguem algumas estimativas sobre a populao Guarani nos trs pases nos ltimos 20 e poucos anos. Essas estimativas foram feitas com base em inmeras fontes: governamentais e no governamentais dos trs pases.

Povos Guarani*Mby Ava-Guarani andeva Pi Tavyter Kaiow Ach total Argentina 5.500 1.000 0 0 6.500 Brasil** 7.000 13.000 31.000 0 51.000 Paraguay 15.000 13.200 13.000 1.200 42.400 total 27.500 27.200 44.000 1.200 99.900

*A cifra no inclue a populaao urbana ** Em todo o Brasil

Distribuio tnica1%

Estimativas de populao Guarani (todos os grupos) Brasil Paraguay Argentina total 1981/1985 20.000 17.000 1.000 38.000 1996/2000 38.000 25.000 3.000 66.000 2001/2005 45.787 42.870 6.000 94.65744%

26%

Ach Av / andeva Mby Pi / Kaiow

As taxas de fecundidade ou o nmero mdio de filhos por mulher atual dos povos guarani deve estar em torno de 5 a 6, segundo as estimativas feitas pelo Censo dos Povos Indgenas do Paraguay em 2002, e segundo as estimativas feitas no Brasil a partir dos dados da FUNASA e dos Censos Demogrficos. Com as taxas de mortalidade infantil ainda altas, embora em declnio, estimadas em 80 por mil nascidos vivos, a populao guarani extremamente jovem, com uma proporo de cerca de 45% de pessoas de 0 a 14 anos. Na tabela foram feitas estimativas da populao total dos diferentes grupos Guarani para cada pas. Essas estimativas no caso do Brasil so para toda a populao Guarani, inclusive aquela que vive no litoral dos diferentes estados do sul e sudeste que no esto includas neste mapa.

28%

Distribuio por pases120000

100000

80000

Pessoas

60000

40000

20000

Pi / Kaiow Mby Av / andeva Ach

0 Argentina Brasil Paraguay Total

Neste mapa aparecem somente as comunidades guarani da regio central, compreendida entre os rios Paraguai, Paran e Uruguai. No esto includos parte dos Mby e dos Av Guarani que esto no Brasil, assim como os Guarani do Chaco paraguaio, no oriente da Bolvia e no norte da Argentina. um mapa das

comunidades que se encontram num espao transfronteirio, caracterizado pela realidade poltica prpria dos trs Estados e das profundas transformaes ecolgicas que ali se passam

Os Ache Entre os Guarani esto tambm os Ache - as pessoas - chamados impropriamente de Guajaki. Sua existncia era conhecida desde o sculo XVII. Coletores de mel e caadores ocupavam as matas do centro do Paraguai oriental. Foi somente a partir da dcada de 1950 que ocorreu realmente o contato, numa poca em que foram perseguidos e massacrados pelos camponeses e colonos vizinhos pelo fato de serem considerados como animais sem cultura e religio. As crianas, deixadas pelos pais, mortos ou fugidos, eram em regra vendidas como pequenos escravos para tarefas domsticas. Um verdadeiro genocdio! Leon Cadogan, desde 1959 denunciou essa situao, mas os massacres e capturas continuaram at pelo menos 1976. Aos poucos foram sendo concentrados em reservas e colnias onde muitos sucumbiram s doenas e a tristeza de se sentirem mortos em vida. Essa realidade foi denunciada perante diversos organismos internacionais, mas o governo ditatorial de ento tentou negar o genocdio. Atualmente eles esto em seis aldeias, conforme consta no mapa. Os Ache tiveram que enfrentar uma nova vida e hoje buscam fortalecer sua identidade, cultura e religio, enquanto lutam para recuperar pelo menos uma parte de seu territrio tradicional.

E amanh? Nosso Futuro Os Guarani diante da encruzilhada colonial seguiram rumos diferentes: integraram a sociedade paraguaia, na qual seguiram falando guarani, ao mesmo tempo em que deixaram de ser indgenas. Outros seguiram mantendo uma distino de identidade com relao aos colonizadores. Para esses ltimos, recentemente, as matas desapareceram, restando-lhes cada vez mais como fonte de recursos o trabalho assalariado e programas de ajuda externos. A terra nas reservas est em rpido processo de deteriorao. difcil manter a ecologia guarani nos pequenos refgios que lhes restam. certo que a presso do sistema colonial no de agora e os Guarani tm resistido durante sculos. No entanto, parece hoje que a situao dos Guarani se agrava. Como nunca antes diversas religies de carter fundamentalista se instalam nas aldeias guarani. Os suicdios em algumas delas, sobretudo no Brasil, tm alcanado cifras alarmantes. Com profunda tristeza e grande sagacidade, um Guarani, diante desses fatos, concluiu que "no existe (mais) caminho para a Palavra". No caso dos Kaiow e Guarani do Brasil eles convivem em uma regio

amplamente explorada pela agroindstria moderna e sem espao para seguirem reproduzindo suas comunidades de acordo com seus padres culturais. So coagidos a viver em reservas superpovoadas e a buscar o sustento no trabalho assalariado nas usinas de processamento da cana-de-acar e lcool. Podemos ver grandes ameaas para o futuro, no somente dos Guarani, mas sim de todos ns, porque diante da destruio massiva do meio ambiente e da excluso econmica de tantos brasileiros, pode-se afirmar que "todos somos Guarani", e, tambm, estamos ameaados pelo neocolonialismo que traz pobreza e destruio. Mas, tanto os Ach como os Guarani v buscando superar o carter desagregador e debilitante dos modos de viver individualistas, introduzidos nos ltimos anos, especialmente pelas religies, e afirmam cada vez mais seus direitos coletivos sobre seu "patrimnio cultural, intelectual, bio-gentico, territorial e ambiental", como relatam os estatutos da Federao Nativa Ach do Paraguay. Apoiando os Guarani e participando com eles em sua luta por um espao de vida, na defesa de seus direitos, em especial contra a destruio da natureza, estamos fortalecendo nosso prprio futuro.

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Pginas en la WEBCTI - Centro de Trabalho Indigenista http://www.trabalhoindigenista.org.br ISA - Instituto Scio Ambiental http://www.socioambiental.org/pib/portugues/quonqua/verbetes guarani.sht/ www.socioambiental.org CIMI - Conselho Indigenista Missionrio http://www.cimi.org.br/ http://www.campanhaguarani.org.br/ http://www.guarani.roguata.com/ www.guarani.roguata.com Survival - http://www.survival.es/ www.survival.es CPI/SP - Comisso Pr-ndio/So Paulo http://www.cpisp.org.br NEPPI - Ncleo de Estudos e Pesquisas sobre Populaes Indgenas http://www.neppi.org

Coordenador geral do Mapa 2008: Georg Grnberg Editor: Bartomeu Meli Autores: Marta Azevedo, Antonio Brand, Egon Heck, Levi Marques Pereira, Bartomeu Meli Fotos: Josep M Blanch, Friedl Grnberg, Bartomeu Meli, Jorge Servn, Filemn Torres Mapas: Alicia Rolla, Alexandre Degan, Wolfgang Grnberg Desenho e diagramao: Vera Feitosa y Alfredo Queiroz Realizao: UNaM, ENDEPA; CTI, CIMI, ISA, UFGD; CEPAG, CONAPI, SAI, GAT, SPSAJ, CAPI

Colaborao: AECID, CAFOD, EED, Brot fr di Welt (Po para o Mundo), UNICEF