caderno de empresarial i -...

44
Professor Eduardo Goulart Pimenta Carolina Paim Silva Monitoras: Maria Raquel Melo ([email protected]) e Ana Paula Fonseca ([email protected]) Conteúdo A atividade empresarial é, atualmente, o centro da economia brasileira. O Direito Empresarial, então, estuda as normas jurídicas que disciplinam a atividade empresarial. Será estudada a Teoria Geral do Direito Empresarial. Legislação O Direito Empresarial está disciplinado no Código Civil, em seu Livro II. Lei n. 8934/94: registro público de empresas mercantis. Lei n. 9.279: código da propriedade industrial. Sugestões bibliográficas Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria geral do direito societário); Marlon Tomazette: "Curso de Direito Empresarial", vol. I; Ricardo Negrão: "Curso de Direito Comercial e da Empresa", vol. I; Clássicos: Rubens Requião e Fran Martins; Alfredo de Assis Gonçalves Neto: "Direito de Empresa" - comentários ao livro II do Código Civil. Avaliações Primeira avaliação: 16/09 Segunda avaliação: 21/10 Terceira avaliação: 18/11 Exame especial: 25/11 DE 1 44 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Direito DIREITO EMPRESARIAL I

Upload: lykhanh

Post on 09-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

!Professor Eduardo Goulart Pimenta

Carolina Paim Silva !!

Monitoras: Maria Raquel Melo ([email protected]) e Ana Paula Fonseca ([email protected]) Conteúdo ❖ A atividade empresarial é, atualmente, o centro da economia brasileira. ❖ O Direito Empresarial, então, estuda as normas jurídicas que disciplinam a atividade

empresarial. ❖ Será estudada a Teoria Geral do Direito Empresarial. Legislação ❖ O Direito Empresarial está disciplinado no Código Civil, em seu Livro II. ❖ Lei n. 8934/94: registro público de empresas mercantis. ❖ Lei n. 9.279: código da propriedade industrial. Sugestões bibliográficas ❖ Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria geral do direito

societário); ❖ Marlon Tomazette: "Curso de Direito Empresarial", vol. I; ❖ Ricardo Negrão: "Curso de Direito Comercial e da Empresa", vol. I; ❖ Clássicos: Rubens Requião e Fran Martins; ❖ Alfredo de Assis Gonçalves Neto: "Direito de Empresa" - comentários ao livro II do Código

Civil. Avaliações ❖ Primeira avaliação: 16/09 ❖ Segunda avaliação: 21/10 ❖ Terceira avaliação: 18/11 ❖ Exame especial: 25/11 !!!

� DE �1 44

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Faculdade de Direito

DIREITO EMPRESARIAL I

Page 2: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

I. ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA

• O Direito Empresarial nasce de uma razão econômica e não metodológica.

(a) Comércio

❖ É atividade econômica;

❖ É o conjunto de atividades humanas que se dedicam à intermediação de bens de natureza móvel com o intuito de gerar lucro.

❖ Todo bem tem um produtor e um consumidor, como pontos da cadeia produtiva econômica. O comércio, assim é a atividade que media a circulação dos bens dentro da cadeia produtiva.

❖ Há de se ressaltar que a definição traz apenas bens moveis já que as origens do direito empresarial remontam à Idade Média e naquela época a relação dos homens e do direito com os bens imóveis era inegavelmente diferente. Hoje, pode-se falar em comércio de bens imóveis.

❖ No comércio, há sempre o objetivo de lucro.

!(b) Direito Comercial

❖ É direito de origem medieval e privada. ❖ São as normas criadas que disciplinam o regime jurídico comercial e as pessoas que se

dedicam ao comércio. ❖ As relações entre os membros das corporações passam a ser regidas pelos usos e

costumes (direito consuetudinário) dos comerciantes. ❖ As normas civis, à época, eram muito rígidas e pouco práticas à atividade comercial, que

exigia flexibilidade e agilidade. ❖ Há, então, uma cisão no direito privado entre as normas gerais (direito civil) e o direito

comercial. !(c) Perfil objetivo

❖ Código Comercial francês (1807): havia códigos distintos para disciplinar as normas civis e as normas comerciais, mostrando a cisão já consolidada anteriormente. Nesse texto legal, as normas se aplicariam apenas a um grupo específico de pessoas, os comerciantes. Percebe-se, portanto, que ainda há uma subjetividade - vinda do medievo - no direito comercial.

❖ Atos de comércio: substituíram o código comercial, sendo o direito comercial agora aplicado a um conjunto de atos jurídicos e não a uma classe específica de pessoas.

- O direito comercial passa a ser embasado de forma objetiva e de acordo com o princípio da igualdade formal.

- Os atos de comércio eram definidos legalmente e não mais pela doutrina.

� DE �2 44

Page 3: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

❖ Código Comercial brasileiro (1850) - Teve grande influência da legislação comercial francesa - O termo usado pelo código brasileiro foi mercancia e não ato de comércio, por influência

portuguesa, que não era definido na legislação. ❖ Regulamento 737/1850: foi editado para tratar de processo comercial (tribunais de

comércio e de direito civil eram distintos). - Art. 19: definia o que vinha a ser mercancia - A doutrina e a jurisprudência brasileiras passaram a usar esse regulamento como

referência de definição de atos de mercancia. - Com o fim dos tribunais de comércio, o regulamento foi revogado em 1875, mas o art. 19

permaneceu vigente como referência conceitual. !(d) Empresa

❖ Código italiano (1942): - Foi o primeiro código a usar a empresa como novo centro do código comercial, que agora

passaria a ser conhecido como direito empresarial. - Positivou a empresa como critério de definição do objeto das normas comerciais.

❖ Perfis da empresa (Asquini): - Subjetivo: empresa é o sujeito de direito ou agente econômico, dotado de capacidade de

exercer atividades econômicas. Nesse sentido, há a pessoa física e a pessoa jurídica. - Objetivo: empresa é confundida com o complexo de bens usado pelo sujeito para praticar

as atividades econômicas, configurando-se como o perfil patrimonial da empresa. - Funcional: empresa é a própria atividade praticada pelo agente econômico. - Corporativo:

❖ Código Civil brasileiro (2002): - Foi inspirado no código italiano de 1942. - Vem de um projeto de 1969 - Art. 966: foi fortemente influenciado pela definição de empresa trazida pela legislação

italiana da década de 40. - Empresa no código civil não é sujeito de direitos, esse agente é o empresário (sendo

pessoa física ou jurídica).

- Empresa no código civil não é um complexo de bens usado na atividade econômica, que é definido como estabelecimento.

- A empresa, então, é a "atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços", definição deduzida do art. 966. !!

� DE �3 44

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços.

Art. 1142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, ou por sociedade empresária.

Page 4: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

II. EMPRESÁRIO: CARACTERIZAÇÃO (a) Sujeito de direito

❖ O empresário é antes de tudo um sujeito de direitos, caracterizado pela sua atividade profissional ("atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços" ); 1

❖ Pessoa física: - Deve ser capaz; - Empresário individual: exerce a atividade empresarial em seu nome.

❖ Pessoa jurídica: - Duas ou mais pessoas fazem um contrato, criando uma sociedade e originando,

consequentemente, uma pessoa jurídica; - A pessoa jurídica exerce a atividade em seu nome e não em nome de seus sócios; - A pessoa jurídica empresária exerce a atividade empresarial em forma de sociedade

empresária; - Sociedades limitadas (Ltda.): não tem ações; - Sociedades anônimas (S.A.): têm ações.

(b) Atividade: a empresa ❖ Objeto: "produção ou circulação de bens ou serviços" ou prestação de serviços lícita; ❖ Forma:

- A constituição de uma empresa pressupõe uma organização constante, na perenidade de produção, circulação ou prestação de bens ou serviços;

- Fatores de produção básicos: capital, trabalho, matéria prima e tecnologia. ❖ Finalidade: lucro; ❖ Risco econômico: a pessoa, ao exercer a empresa, assume todo o risco de sucesso ou

insucesso da atividade (c) Elemento de empresa: art. 966, parágrafo único

❖ Essas atividades foram afastadas do direito empresarial uma vez que todas essas atividades são de natureza personalíssima;

❖ Não há que se falar que eles não visam lucro; ❖ "Salvo se constituir elemento de empresa": se for descaracterizado o caráter

personalíssimo da atividade, ela será empresa. (d) Inscrição ou registro público: art. 967 a art. 969

❖ Todo empresário, antes mesmo do inicio da sua atividade, deve realizar sua inscrição no órgão público de Registro de Empresas Mercantis e Atividades Afins;

Art. 9661

� DE �4 44

Parágrafo único, art. 966. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

Art. 967. É obrigatória a inscrição do empresário no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, antes do início de sua atividade.

Page 5: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

❖ Local: faz-se a inscrição na Junta Comercial, que é o órgão público de Registro de Empresas Mercantis;

❖ Momento/prazo: a inscrição deve ser realizada antes do início da atividade empresarial; ❖ Efeito: figurando-se entre as exigências legais para o exercício da atividade empresarial, a

ausência de registro ou inscrição é uma das formas de configurar um empresário enquanto irregular;

❖ O que torna alguém empresário não é o registro na Junta Comercial, mas sua atividade; ❖ O registro na Junta Comercial é declaratório, ou seja, é um ato de regularização da

atividade do empresário e não constitutivo, ou seja, não torna ninguém empresário . (e) Empresário: art. 966

❖ É o agente econômico, o sujeito, uma pessoa (física ou jurídica) dotada de capacidade; ❖ Alguém é caracterizado enquanto empresário pela atividade por ele exercida; ❖ Regular: aquele que exerce a atividade empresarial atendendo a todas as exigências

formais feitas pela legislação; ❖ Irregular: aquele empresário que está no exercício da atividade empresarial, mas

negligencia uma ou mais das exigências formais impostas pela legislação. - Exemplo: feirante que exerce sua atividade sem estar registrado na Junta Comercial; - Um empresário, mesmo que irregular, tem sua atividade regida pelo direito empresarial e

não pelo direito civil; - É importante ressaltar que tanto o empresário regular quanto o irregular exercem a

atividade empresarial, o que os coloca sob a regulamentação do direito empresarial, mas o empresário que é irregular, em vista de sua irregularidade, não é protegido pelo direito empresarial, ou seja, ele não pode invocar os benefícios trazidos pela lei empresarial, para ele recaem apenas os ônus.

(f) Tratamento favorecido: art. 970, CC

❖ Microempresa: é caracterizada pelo seu faturamento bruto anual; ❖ Empresa de Pequeno Porte: também é caracterizada por um valor específico de

faturamento bruto anual; ❖ É importante ressaltar que a microempresa e a empresa de pequeno porte não são tipos

de empresas, mas empresas caracterizadas por um faturamento bruto anual inferior a um valor específico;

❖ A lei estipula formas mais brandas de cumprimento de obrigação para as microempresas e as empresas de pequeno porte, entendidas como um tratamento favorecido;

❖ A lei geral das microempresas veda a possibilidade de uma S.A. de ser uma microempresa, excepcionalmente.

(g) Empresário rural: art. 971, CC

� DE �5 44

Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes.

Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.

Page 6: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

❖ Caracterização: aquele que faz da atividade agrícola ou pecuária a sua principal 2

atividade econômica; é o antigo "produtor rural"; ❖ Regime jurídico: o empresário rural é o único tipo de empresário que tem a prerrogativa

de optar entre o direito civil e o empresarial como regime jurídico. O empresário rural só estará sob o regime jurídico empresarial se se registrar na Junta Comercial, não fazendo a inscrição, ele estará sob o regime jurídico civil;

❖ Assim, o registro no caso de empresários rurais é constitutivo e não meramente declaratório. !

III. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL (a) Caracterização e capacidade: art. 972, CC

❖ É aquele empresário que é pessoa física; o sujeito que realiza as atividades empresárias em seu nome e o que responde pelos riscos é o patrimônio da própria pessoa;

❖ A capacidade empresarial é requerida para constituição de empresário individual; ❖ A capacidade empresarial é defina conforme a capacidade civil.

- Assim, os emancipados podem ser empresários individuais (Art. 976), basta que provem sua emancipação;

(b) Impedimentos: art. 973, CC

❖ Os impedidos não são incapazes; ❖ Impedidos são aqueles que, apesar de serem civil e empresarialmente capazes, não

podem ser empresários pela incompatibilidade de suas atividades ou cargos com o exercício da atividade empresarial;

- Exemplo: juízes; promotores; militares na ativa; servidores públicos. ❖ Os impedimentos devem estar expressos em lei de maneira taxativa; ❖ O código civil não elenca os impedidos, eles são elencados nas leis específicas que

regulamentam cada carreira; ❖ Há impedimentos que são totais e há os que são apenas parciais, ou seja, restritos a um

tipo específico de atividade empresarial; - Exemplo: o médico não pode comercializar produtos farmacêuticos.

(c) Incapaz: art. 974, CC ❖ A princípio, o incapaz está fora do direito empresarial; ❖ Sócio: o incapaz pode ser sócio de uma empresa, já que nesse caso quem é empresária é

a sociedade e não diretamente o sócio; ❖ Há casos, no entanto, que um incapaz pode vir a se tornar um empresário individual. É o

caso de continuação da empresa: por herança ou por incapacidade superveniente.

Por analogia, pode-se considerar também a atividade extrativista.2

� DE �6 44

Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade civil e não forem legalmente impedidos.

Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer, responderá pelas obrigações contraídas.

Page 7: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

- Representação: para concretização dessa hipóteses, o incapaz deve estar devidamente representado;

- Autorização: deve haver uma autorização judicial para que a empresa continue com o incapaz. Essa autorização é prévia e revogável;

- Responsabilidade: há uma exceção à responsabilidade do empresário individual que é incapaz, já que, via de regra, o empresário individual responderá ilimitadamente pela atividade empresarial, mas o empresário individual incapaz tem responsabilidade limitada;

(d) Sociedade entre cônjuges: art. 977

❖ A sociedade entre cônjuges não é possível em qualquer caso, dependerá do regime de bens do casamento;

❖ Aqueles cônjuges que são casados em separação obrigatória de bens ou comunhão universal de bens não podem ser sócios entre si, mesmo que haja outros sócios na sociedade;

❖ Se os cônjuges forem sócios em um desses dois regimes de bens, a sociedade será nula; ❖ Sócios casados em um desses regimes antes de 2003:

- Tese do ato jurídico perfeito: a lei não pode afetar atos jurídicos perfeitos praticados anteriormente;

- Fábio Ulhôa Coelho: o casamento não pode ser interpretado como ato jurídico perfeito, já que seus efeitos se prolongam no tempo;

- O Departamento Nacional de Registros Comercial entendeu (e a jurisprudência acompanhou), por fim, que a tese mais correta seria a do ato jurídico perfeito.

(e) Empresário individual casado: art. 978

❖ O empresário individual casado pode alienar bens imóveis usados na atividade empresarial sem o consentimento de seu cônjuge, o que é interpretado como uma exceção à regra

� DE �7 44

Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.

Art. 974. § 1º Nos casos deste artigo, precederá autorização judicial, após exame das circunstâncias e dos riscos da empresa, bem como da conveniência em continuá-la, podendo a autorização ser revogada pelo juiz, ouvidos os pais, tutores ou representantes legais do menor ou do interdito, sem prejuízo dos direitos adquiridos por terceiros.

Art. 974. § 2º Não ficam sujeitos ao resultado da empresa os bens que o incapaz já possuía, ao tempo da sucessão ou da interdição, desde que estranhos ao acervo daquela, devendo tais fatos constar do alvará que conceder a autorização.

Art. 977. Faculta-se aos cônjuges contratar sociedade, entre si ou com terceiros, desde que não tenham casado no regime da comunhão universal de bens, ou no da separação obrigatória.

Art. 978. O empresário casado pode, sem necessidade de outorga conjugal, qualquer que seja o regime de bens, alienar os imóveis que integrem o patrimônio da empresa ou gravá-los de ônus real.

Page 8: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

imposta pela lei civil que entende que toda alienação de bens por um cônjuge precisa de ter a ciência e consciência do outro;

❖ Isso se dá porque entende-se que os bens usados na atividade empresarial nada tem a ver com o cônjuge do empresário individual. !

IV. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (a) Lei n. 12.441/2011: art. 980-A, CC

❖ A lei n. 12.441/2011 veio preencher uma enorme lacuna existente no Direito Empresarial, que eram as sociedades de fachadas;

❖ A lei criou, então, a figura do empresário individual de responsabilidade limitada. (b) Personalidade: art. 44

(c) Capital Mínimo: 100 vezes o salário mínimo vigente no País. (d) Nome: ao final do nome civil do investidor será acrescentada a sigla EIRELI para fins

empresárias e identificação da pessoa jurídica.

(e) Constituição: ❖ A EIRELI é resultado de uma manifestação unipessoal; ❖ A EIRELI é constituída através do registro por parte de uma pessoa física na Junta

Comercial; ❖ Entende-se que pessoas jurídicas também podem criar EIRELIs e uma liminar já foi

concedida nesse sentido, entretanto o DNRC entende que apenas pessoas físicas podem criar EIRELIs, na instrução normativa 117, que ainda está em vigor;

❖ Pessoas físicas só podem criar uma EIRELI, enquanto as pessoas jurídicas poderiam criar mais de uma;

❖ Se se interpreta que pessoas jurídicas podem criar EIRELIs, fica a dúvida: EIRELIs podem criar EIRELIs?

❖ Concentração: na hipótese de exclusão de um sócio, o sócio remanescente pode optar por transformar sua sociedade em uma EIRELI ao invés de reestabelecer o número mínimo de sócios novamente;

� DE �8 44

Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País.

Art. 44. São pessoas jurídicas do Direito Privado: VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.

Art. 980-A. § 2º. A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade.

Art. 980-A. § 3º. A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração.

Art. 980-A. § 1º. O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada.

Page 9: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

(f) Objeto e regime jurídico: ❖ A EIRELI é só para atividades de natureza empresarial? Não, podem ser criadas EIRELIs

para serviços de qualquer natureza, podendo ser artístico, intelectual, esportivo, etc.

❖ EIRELIs com fins que não empresárias são registradas no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas, já que essas pessoas jurídicas serão regidas pelo Direito Civil.

(g) Regras supletivas: ❖ O regime supletivo das EIRELIs é o que cabe às sociedades limitadas.

!V. SOCIEDADES (a) Contrato: art. 981

❖ Toda sociedade é um contrato e a primeira característica que se verifica em um contrato é a pluripessoalidade;

❖ Partes: as partes de um contrato de sociedade são denominadas sócios; ❖ Prestações: os sócios se obrigam a contribuir com bens e ou serviços para a sociedade; 3

❖ Objeto: atividade de natureza econômica; ❖ Finalidade: partilha do lucro entre os sócios;

Sócio exclusivamente se serviços só é admitido excepcionalmente dentro do Direito Empresarial brasileiro.3

� DE �9 44

Art. 980-A. § 5º. Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional.

Art. 980-A. § 6º. Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras previstas para as sociedades limitadas.

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.

Lucro

!Atividade econômica

!Bens e serviços

!Sócios

Page 10: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

(b) Pessoa Jurídica: art. 985

❖ Para se tornarem pessoas jurídicas, as sociedades devem ser registradas; ❖ Sociedades personificadas: sociedades de contrato registrado segundo as exigências

do art. 985 que se tornaram, portanto, pessoas jurídicas; ❖ Sociedades não personificadas: sociedades que não foram registradas e, portanto, não

foram transformadas em pessoas jurídicas; - Há dois tipos apenas de sociedades não personificadas: as sociedades em comum e as

sociedades em conta de participação. (c) Classificação quanto ao objeto: art. 982

❖ As sociedades só podem ser diferenciadas quanto ao seu objeto, posto que para se configurarem como sociedades, todas apresentam a mesma finalidade;

❖ Sociedade empresária: aquelas que exercem atividade empresarial, como descreve o art. 966;

❖ Sociedades simples (não empresárias): aquelas que exercem atividade não empresarial, como explicita o parágrafo único do art. 966;

❖ Há duas exceções: as sociedades anônimas e as sociedades cooperativas: - Todas as sociedades anônimas são empresárias, independentemente de seu objeto, ou

seja, toda sociedade anônima é regida pelo Direito Empresarial; - Todas as sociedades cooperativas são simples, independentemente de seu objeto, ou

seja, toda sociedade cooperativa é regida pelo Direito Civil; (d) Classificação quanto a responsabilidade dos sócios: art. 982

❖ A pessoa jurídica sempre terá responsabilidade ilimitada pelas dívidas que adquire em seu nome;

❖ Sociedades ilimitadas: nessas sociedades todos os sócios garantem com seu patrimônio pessoal todas as dívidas da pessoa jurídica;

- A responsabilidade dos sócios tem quatro modelos: pessoal, ilimitada, subsidiária , 4

solidária; - Exemplo: sociedade em nome coletivo.

O sócio só responde pelas dívidas se todo o patrimônio da pessoa jurídica já tiver acabado.4

� DE �10 44

Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Art. 966. parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.

Page 11: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

❖ Sociedades limitadas: são as sociedades em que o patrimônio dos sócios não garante os credores da pessoa jurídica;

- Exemplos: sociedades Ltda. e S.A. ❖ Sociedades mistas: há um ou mais sócios de responsabilidade limitada e um ou mais

sócios de responsabilidade ilimitada; - Exemplo: sociedades comandita simples e por ações

VI. REGISTRO PÚBLICO DE EMPRESAS MERCANTIS (a) Disciplina legal: lei nº 8934/94

❖ É a lei que dispõe sobre o Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins e dá outras providências.

(b) Finalidades: art. 1º

❖ O Registro Público visa dar publicidade aos atos das empresas;

❖ A publicidade tem também um caráter de oponibilidade perante terceiros; ❖ O Registro Público também funciona como um grande cadastro;

(c) NIRE (Número de Identificação do Registro de Empresas): art. 2º

(d) Órgãos: art. 3º

� DE �11 44

Art. 1º O Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, subordinado às normas gerais prescritas nesta lei, será exercido em todo o território nacional, de forma sistêmica, por órgãos federais e estaduais, com as seguintes finalidades: I- dar garantia, publicidade, autenticidade, segurança e eficácia aos atos jurídicos das empresas mercantis, submetidos a registro na forma desta lei; II- cadastrar as empresas nacionais e estrangeiras em funcionamento no País e manter atualizadas as informações pertinentes; III- proceder à matrícula dos agentes auxiliares do comércio, bem como ao seu cancelamento.

Art. 29. Qualquer pessoa, sem necessidade de provar interesse, poderá consultar os assentamentos existentes nas juntas comerciais e obter certidões, mediante pagamento do preço devido.

Art. 2º Os atos das firmas mercantis individuais e das sociedades mercantis serão arquivados no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, independentemente de seu objeto, salvo as exceções previstas em lei. !Parágrafo único. Fica instituído o Número de Identificação do Registro de Empresas (NIRE), o qual será atribuído a todo ato constitutivo de empresa, devendo ser compatibilizado com os números adotados pelos demais cadastros federais, na forma de regulamentação do Poder Executivo.

Art. 3º Os serviços do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins serão exercidos, em todo o território nacional, de maneira uniforme, harmônica e interdependente, pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem), composto pelos seguintes órgãos: I - o Departamento Nacional de Registro do Comércio, órgão central Sinrem, com funções supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, no plano técnico; e supletiva, no plano administrativo; II - as Juntas Comerciais, como órgãos locais, com funções executora e administradora dos serviços de registro.

Page 12: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

❖ SINREM: Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis - DREI: Departamento de Registro de Empresas e Integração

~ Departamento e atribuições: art. 4º

~ As atribuições do DREI são as do antigo DNRC: de orientação, de normatização e de fiscalização; ~ Lei n. 12.742/11: acabou com o DNRC e criou o DREI.

- Juntas Comerciais: ~ Atuação: art. 5º

~ Subornidação: art. 6º

!!� DE �12 44

Art. 5º. Haverá uma junta comercial em cada unidade federativa, com sede na capital e jurisdição na área da circunscrição territorial respectiva.

Art. 6º As juntas comerciais subordinam-se administrativamente ao governo da unidade federativa de sua jurisdição e, tecnicamente, ao DNRC, nos termos desta lei.

Art. 4º O Departamento Nacional de Registro do Comércio (DNRC), criado pelos arts. 17, II, e 20 da Lei nº 4.048, de 29 de dezembro de 1961, órgão integrante do Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo, tem por finalidade: I - supervisionar e coordenar, no plano técnico, os órgãos incumbidos da execução dos serviços de Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; II - estabelecer e consolidar, com exclusividade, as normas e diretrizes gerais do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; III - solucionar dúvidas ocorrentes na interpretação das leis, regulamentos e demais normas relacionadas com o registro de empresas mercantis, baixando instruções para esse fim; IV - prestar orientação às Juntas Comerciais, com vistas à solução de consultas e à observância das normas legais e regulamentares do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; V - exercer ampla fiscalização jurídica sobre os órgãos incumbidos do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, representando para os devidos fins às autoridades administrativas contra abusos e infrações das respectivas normas, e requerendo tudo o que se afigurar necessário ao cumprimento dessas normas; VI - estabelecer normas procedimentais de arquivamento de atos de firmas mercantis individuais e sociedades mercantis de qualquer natureza; VII - promover ou providenciar, supletivamente, as medidas tendentes a suprir ou corrigir as ausências, falhas ou deficiências dos serviços de Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; VIII - prestar colaboração técnica e financeira às juntas comerciais para a melhoria dos serviços pertinentes ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; IX - organizar e manter atualizado o cadastro nacional das empresas mercantis em funcionamento no País, com a cooperação das juntas comerciais; X - instruir, examinar e encaminhar os processos e recursos a serem decididos pelo Ministro de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo, inclusive os pedidos de autorização para nacionalização ou instalação de filial, agência, sucursal ou estabelecimento no País, por sociedade estrangeira, sem prejuízo da competência de outros órgãos federais; XI - promover e efetuar estudos, reuniões e publicações sobre assuntos pertinentes ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins.

Page 13: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

~ Desconcentração: art. 7º

~ Atribuições: art. 8º

(e) Atos de registro: art. 32, lei n. 8.934/94 ❖ Matrícula: inscrição dos funcionários que são doutrinariamente chamados de "auxiliares

do comércio" para que exerçam regularmente suas atividades;

❖ Arquivamento: diz respeito à função da Junta Comercial enquanto banco de dados;

- Criação, alteração e dissolução de empresas e empresários (individuais, sociedades e EIRELI's);

- Atos jurídicos que criam grupos de sociedade ou consórcios ; 5

- Atos jurídicos relativos a empresas estrangeiras; - Qualquer ato concernente a microempresas.

❖ Autenticação: declaração da veracidade de determinados documentos.

Não se confundem com os contratos de consórcios.5

� DE �13 44

Art. 32. O registro compreende: I - a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais;

Art. 32. O registro compreende: II - O arquivamento: a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas; b) dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; c) dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a funcionar no Brasil; d) das declarações de microempresa; e) de atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que possam interessar ao empresário e às empresas mercantis;

Art. 32. O registro compreende: III - a autenticação dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis registradas e dos agentes auxiliares do comércio, na forma de lei própria.

Art. 7º As juntas comerciais poderão desconcentrar os seus serviços, mediante convênios com órgãos públicos e entidades privadas sem fins lucrativos, preservada a competência das atuais delegacias.

Art. 8º Às Juntas Comerciais incumbe: I - executar os serviços previstos no art. 32 desta lei; II - elaborar a tabela de preços de seus serviços, observadas as normas legais pertinentes; III - processar a habilitação e a nomeação dos tradutores públicos e intérpretes comerciais; IV - elaborar os respectivos Regimentos Internos e suas alterações, bem como as resoluções de caráter administrativo necessárias ao fiel cumprimento das normas legais, regulamentares e regimentais; V - expedir carteiras de exercício profissional de pessoas legalmente inscritas no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; VI - o assentamento dos usos e práticas mercantis.

Page 14: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

- Exemplos de documentos autenticados: livros contábeis, que só tem validade se avaliados pela Junta Comercial.

(f) Procedimento ❖ Prazo: art. 36

❖ Análise: art. 40

- A junta não faz análise de mérito, mas da admissibilidade formal dos documentos; - Deferimentos: efeitos

• Os efeitos do arquivamento são retroativos (ex tunc) até a data da assinatura, desde que formalmente perfeitos.

- Vícios formais: • Vícios insanáveis: são indeferidos de plano;

• Vícios sanáveis: são colocados em exigência por um prazo de 30 dias.

❖ Obs.: quando os prazos não são respeitados, os efeitos serão ex nunc. (g) Processo decisório

❖ Singular: art. 42 (é a regra);

❖ Colegiado: art. 41

� DE �14 44

Art. 36. Os documentos referidos no inciso II do art. 32 deverão ser apresentados a arquivamento na junta, dentro de 30 (trinta) dias contados de sua assinatura, a cuja data retroagirão os efeitos do arquivamento; fora desse prazo, o arquivamento só terá eficácia a partir do despacho que o conceder.

Art. 40. Todo ato, documento ou instrumento apresentado a arquivamento será objeto de exame do cumprimento das formalidades legais pela junta comercial.

Art. 40. § 1º Verificada a existência de vício insanável, o requerimento será indeferido; quando for sanável, o processo será colocado em exigência.

Art. 40 § 2º As exigências formuladas pela junta comercial deverão ser cumpridas em até 30 (trinta) dias, contados da data da ciência pelo interessado ou da publicação do despacho. § 3º O processo em exigência será entregue completo ao interessado; não devolvido no prazo previsto no parágrafo anterior, será considerado como novo pedido de arquivamento, sujeito ao pagamento dos preços dos serviços correspondentes.

Art. 42. Os atos próprios do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, não previstos no artigo anterior, serão objeto de decisão singular proferida pelo presidente da junta comercial, por vogal ou servidor que possua comprovados conhecimentos de Direito Comercial e de Registro de Empresas Mercantis.

Art. 41. Estão sujeitos ao regime de decisão colegiada pelas juntas comerciais, na forma desta lei: I - o arquivamento: a) dos atos de constituição de sociedades anônimas, bem como das atas de assembléias gerais e demais atos, relativos a essas sociedades, sujeitos ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins; b) dos atos referentes à transformação, incorporação, fusão e cisão de empresas mercantis; c) dos atos de constituição e alterações de consórcio e de grupo de sociedades, conforme previsto na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976; II - o julgamento do recurso previsto nesta lei.

Page 15: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

- São 3 servidores; - Os documentos que passam por colegiado são enumerados taxativamente no art. 41, já

que esse procedimento é de caráter excepcional. (h) Processo revisional: art. 44

❖ Pedido de reconsideração: art. 45

- Objeto: vício sanável (art. 42, §2º); - Prazo: o mesmo prazo para sanar a exigência (30 dias); - Decreto 1.800/90: o pedido de reconsideração suspende a contagem do prazo do

processo de exigência. ❖ Recurso ao plenário: art. 46

- Objeto: pedidos de reconsideração frustrados e vícios insanáveis; - Prazo: art. 50 (10 dias)

- Composição: 11 a 23 vogais • Requisitos: art. 11;

!� DE �15 44

Art. 44. O processo revisional pertinente ao Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins dar-se-á mediante: I - Pedido de Reconsideração; II - Recurso ao Plenário; III - Recurso ao Ministro de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo.

Art. 45. O Pedido de Reconsideração terá por objeto obter a revisão de despachos singulares ou de Turmas que formulem exigências para o deferimento do arquivamento e será apresentado no prazo para cumprimento da exigência para apreciação pela autoridade recorrida em 3 (três) dias úteis ou 5 (cinco) dias úteis, respectivamente.

Art. 46. Das decisões definitivas, singulares ou de turmas, cabe recurso ao plenário, que deverá ser decidido no prazo máximo de 30 (trinta) dias, a contar da data do recebimento da peça recursal, ouvida a procuradoria, no prazo de 10 (dez) dias, quando a mesma não for a recorrente.

Art. 50. Todos os recursos previstos nesta lei deverão ser interpostos no prazo de 10 (dez) dias úteis, cuja fluência começa na data da intimação da parte ou da publicação do ato no órgão oficial de publicidade da junta comercial.

Art. 11. Os Vogais e respectivos suplentes serão nomeados, no Distrito Federal, pelo Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e nos Estados, salvo disposição em contrário, pelos governos dessas circunscrições, dentre brasileiros que satisfaçam as seguintes condições: I - estejam em pleno gozo dos direitos civis e políticos; II - não estejam condenados por crime cuja pena vede o acesso a cargo, emprego e funções públicas, ou por crime de prevaricação, falência fraudulenta, peita ou suborno, concussão, peculato, contra a propriedade, a fé pública e a economia popular; III - sejam, ou tenham sido, por mais de cinco anos, titulares de firma mercantil individual, sócios ou administradores de sociedade mercantil, valendo como prova, para esse fim, certidão expedida pela junta comercial; IV - estejam quites com o serviço militar e o serviço eleitoral. Parágrafo único. Qualquer pessoa poderá representar fundadamente à autoridade competente contra a nomeação de vogal ou suplente, contrária aos preceitos desta lei, no prazo de quinze dias, contados da data da posse.

Page 16: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

• Nomeação: art. 12 (nomeados pelo governador);

• Mandato de 4 anos (art. 16).

❖ Recurso ao ministro: art. 47

- Prazo: art. 50 (10 dias); - A DREI é subordinada ao ministério do comércio e, dessa forma, o ministro é sua a

autoridade máxima. !VII. ESCRITURAÇÃO (a) Função:

❖ Se realiza em duas partes: o devido preenchimento dos livros contábeis obrigatórios e elaboração periódica de balanços contábeis;

❖ Os livros contábeis permitem que o empresário tenha um controle periódico do resultado econômico da sua atividade, ou seja, são a memória econômica do empresário;

❖ O exame dos livros contábeis permite o acompanhamento e fiscalização do poder público sobre a atividade de cada empresário;

❖ Uniformidade temporal: a escrituração deve ser feita mediante um método contábil uniforme em todo o decurso temporal.;

❖ Fidelidade: a escrituração deve corresponder à realidade que apresenta, garantindo sua confiabilidade. Nesse sentido, a lei proíbe rasuras, espaços em branco, entrelinhas ou borrões nos livros.

(b) Obrigatoriedade: art. 1.179

� DE �16 44

Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. § 1º Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. § 2º É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970.

Art. 12. Os vogais e respectivos suplentes serão escolhidos da seguinte forma: I - a metade do número de vogais e suplentes será designada mediante indicação de nomes, em listas tríplices, pelas entidades patronais de grau superior e pelas Associações Comerciais, com sede na jurisdição da junta; II - um Vogal e respectivo suplente, representando a União, por nomeação do Ministro de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; III – quatro vogais e respectivos suplentes representando a classe dos advogados, a dos economistas, a dos contadores e a dos administradores, todos mediante indicação, em lista tríplice, do Conselho Seccional ou Regional do Órgão Corporativo dessas categorias profissionais; IV - os demais vogais e suplentes serão designados, no Distrito Federal, por livre escolha do Ministro de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo; e, nos Estados, pelos respectivos governadores.

Art. 16. O mandato de vogal e respectivo suplente será de 4 (quatro) anos, permitida apenas uma recondução.

Art. 47. Das decisões do plenário cabe recurso ao Ministro de Estado da Indústria, do Comércio e do Turismo, como última instância administrativa.

Page 17: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

❖ O Código exige o preenchimento de livros contábeis, a fim de montar um sistema de contabilidade da empresa;

❖ Além disso, são exigidos os balanços patrimoniais a e de resultado econômico da empresa;

❖ O micro-empresário é dispensado dessa obrigação, ou seja, a sua escrituração é simplificada, mas ela existe;

❖ O não preenchimento dos livros obrigatórios tem como conseqüência jurídica a irregularidade da empresa, colocando-a apenas sob o efeito dos ônus do direito empresarial e não mais dos bônus.

(c) Livros contábeis: ❖ O livro contábil é físico, apesar dos avanços tecnológicos; ❖ Os livros contábeis são equiparados a documentos públicos para efeitos penais; ❖ Obrigatórios: exigidos pela lei.

- Comum: é aquele, em regra, exigido de todos, a não ser que haja uma exceção feita pelo próprio Código, ou seja, são sempre supostos como obrigatórios;

~ Livro Diário: art. 1.180

~ Conteúdo do Diário: art. 1.184

- Especiais: são aqueles que não são obrigatórios a não ser que o Código exija, ou seja, são sempre supostos como não obrigatórios. Só são obrigatórios em casos específicos. Os livros especiais são obrigatórios apenas para certos empresários, seja em função da especialidade da atividade empresarial que exerce ou em função da forma da atividade empresarial exercida.

~ Lei n. 6.404/76: lei das Sociedades Anônimas. Seu art. 100 dispõe sobre todos os livros obrigatórios exigidos das S/A's. ~ Lei n. 5.474/68: lei das duplicatas. Exige do empresário que emite duplicatas um livro de registro de duplicatas, em seu art. 17.

❖ Facultativos: não são exigidos pela lei, mas são geralmente usados pelos empresários como prova a seu favor, usando como documento do que foi praticado.

(d) Livros não empresariais: são livros contábeis obrigatórios exigidos não pelo Direito Empresarial, mas por obrigações de outra natureza. Inclusive, a exigência desses livros está especificada nos códigos e leis específicas de outros ramos do Direito, como, por exemplo o Direito do Trabalho. Inclusive, as eventuais sanções são previstas nesses outros ramos jurídicos.

(e) Preenchimento: art. 1.184, § 2º e art. 1.182

� DE �17 44

Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica.

Art. 1.184. No Diário serão lançadas, com individuação, clareza e caracterização do documento respectivo, dia a dia, por escrita direta ou reprodução, todas as operações relativas ao exercício da empresa.

Art. 1.184. § 2º. Serão lançados no Diário o balanço patrimonial e o de resultado econômico, devendo ambos ser assinados por técnico em Ciências Contábeis legalmente habilitado e pelo empresário ou sociedade empresária. Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade.

Page 18: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

❖ Os livros contábeis ficam com o empresário, mas devem ser preenchidos por um contador; (f) Formalidades:

❖ Para que tenham valor probatório, sendo obrigatórios ou não, os livros contábeis devem cumprir com todas as exigências formais juridicamente colocadas;

❖ Extrínsecas (art. 1.181): dizem respeito ao aspecto exterior do livro

❖ Intrínsecas (art. 1.183): dizem respeito aos aspectos internos do livro

(g) Princípio da inviolabilidade dos livros

❖ Esse princípio existe pelo conteúdo presente nos livros contábeis; ❖ Não é um princípio absoluto, há exceções:

(1) Agentes administrativos: art. 1.193

• Os agentes administrativos são conhecidos genericamente como fiscais e o código os denomina como agentes fazendários;

• Os agentes são autorizados a quebrar a inviolabilidade dos livros com o intuito de fiscalizar as atividades praticadas pela empresa;

• O exame dos livros contábeis deve preencher a alguns requisitos: - Autorização legal : apenas os agentes determinados em lei tem a prerrogativa 6

de quebrar a inviolabilidade dos livros contábeis; - Sigilo funcional: o agente é obrigado a manter o sigilo funcional dos dados que

ele tem acesso, ou seja, ele não pode divulgar as informações que ele extrai dos livros contábeis (a não ser que isso faça parte do estrito cumprimento de sua função ou atividade);

- Pontos de interesse: o agente fiscal só tem acesso aos livros contábeis que contem as informações e os documentos que tem direta ligação com as obrigações que ele se prestou a fiscalizar ; 7

(2) Exibição judicial: art. 1.191

Constam no CTN, lei 8.112, etc.6

Esse requisito foi construído pela jurisprudência e não é expressamente previsto em lei.7

� DE �18 44

Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis.

Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens.

Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei.

Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais.

Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência.

Page 19: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

• Ela se dá perante um juiz perante um processo ou ação judicial, já que o livro contábil pode funcionar como meio de prova no curso de um processo;

• Modalidades: - Total: quando todos os livros contábeis são exibidos em juízo, ou seja, são

colocados à disposição do Poder Judiciário no curso de um processo. Há quatro casos - em que é necessária uma visão ampla da situação patrimonial do empresário - de possibilidade de exibição total da escrituração: ~ Sucessão: é necessário que se tenha acesso a todo o patrimônio do empresário, nesse caso, para que seja feita a sucessão com êxito; ~ Sociedade: no caso, por exemplo, de necessidade de devolução de cotas mediante a saída de um dos sócios; ~ Gestão: questionamento dos atos praticados pelo empresário por um indivíduo que é parte da empresa; ~ Falência: há a necessidade de analisar por completo o patrimônio da empresa.

- Parcial: quando apenas pontos da escrituração são disponibilizados em juízo. ~ Como é menos invasiva, não há limite de hipótese no caso da exibição parcial dos livros contábeis.

• Requerimento: a exibição parcial dos livros contábeis pode ser feita de ofício, ou seja, não é necessário que ele aguarde a um requerimento de qualquer das partes. No caso de exibição total, há, no entanto, a necessidade de requerimento de uma das partes do processo em curso;

• Posse: o empresário perde a posse dos livros na hipótese de exibição total dos livros contábeis. Já na exibição parcial, não há perda de posse e nesse caso pode-se abrir uma audiência para exibição dos livros ou se pode nomear um perito que examinará o livro;

• Recusa: art. 1192

- Apreensão: o juiz, na hipótese de recusa de exibição total dos livros contábeis, ordenará a busca e apreensão dos livros;

- Presunção: o juiz, na hipótese de recusa da exibição parcial dos livros contábeis, presumirá a veracidade das alegações da parte contrária que seriam provadas (ou não) com a exibição da escrituração. A presunção é relativa, já que são admitidas outras formas em sentido contrário que não o livro contábil.

(h) Balanços contábeis ❖ Finalidade: resumir ou colocar esquematicamente o conteúdo presente nos livros

contábeis; ❖ Modalidades:

- Balanço patrimonial: art. 1.188. Ele contrapõe o ativo (bens e direitos da sociedade) e o passivo (as obrigações da sociedade) do patrimônio da sociedade;

� DE �19 44

Art. 1.192. Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo antecedente, serão apreendidos judicialmente e, no do seu § 1o, ter-se-á como verdadeiro o alegado pela parte contrária para se provar pelos livros.

Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo.

Page 20: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

- Balanço de resultado econômico: art. 1.189, Ele contrapõe as entradas e as saídas no patrimônio da sociedade, ou seja, as receitas e as despesas, quanto foi a faturação e o gasto em um período determinado da empresa.

❖ Livro "Balancetes Diários e Balanços": art. 1.186

- É um livro obrigatório; - Diário: art. 1.185

❖ Periodicidade: o balanço deve ser feito a cada exercício social (período de um ano, que não necessariamente coincide com o início e término do ano civil);

❖ Publicação: são necessariamente publicados apenas os livros das sociedades anônimas abertas, no restante das sociedades vigora o princípio da inviolabilidade. !

VII. ESTABELECIMENTO (art. 1.142 a 1.149) (a) Definição: art. 1.142

❖ O estabelecimento é o complexo de bens destinado à atividade da empresa; ❖ O estabelecimento é objeto de direito e nunca sujeito de direitos, já que está sob a

titularidade do empresário; ❖ Composição: o estabelecimento é composto por bens corpóreos, móveis e imóveis (ou

seja, que tem existência física) e incorpóreos, como a marca e o título; ❖ Estabelecimento em sentido amplo: todos os bens do empresário usados no exercício da

atividade empresarial, é a única significação usada pelo Código Civil; ❖ Estabelecimento em sentido estrito: cada unidade autônoma de produção. Esse sentido

não é encontrado no Código Civil. (b) Alienação: art. 1.143

❖ Sendo um conjunto de bens, o estabelecimento pode ser alienado, ou seja pode ser transferido;

❖ Contrato de trespasse: contrato de transferência da titularidade do estabelecimento, ou seja, dispõe sobre a sua alienação;

❖ A venda de cotas da sociedade não caracteriza trespasse, já que não há transferencia de titularidade do estabelecimento, que se encontra sob a titularidade da mesma pessoa jurídica;

❖ A venda de um estabelecimento em sentido estrito não caracteriza trespasse, apenas a venda completa dos bens do empresário, ou seja, o estabelecimento em sentido amplo.

� DE �20 44

Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial.

Art. 1.186. O livro Balancetes Diários e Balanços será escriturado de modo que registre: I - a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, pelo respectivo saldo, em forma de balancetes diários; II - o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encerramento do exercício.

Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.

Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.

Page 21: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

(c) Formalidades do trespasse: art. 1.144

❖ Averbação: trespasse é contrato solene, feito somente por escrito, e arquivado no Registro Público de Empresas Mercantis;

❖ Publicação: art. 1.152, §3º

- Uma cópia do contrato de repasse deve ser publicada, ao menos três vezes, no órgão de imprensa oficial.

❖ Efeito: o não cumprimento dessas formalidades gera a inoponibilidade (a ineficácia) em relação a terceiros, não há nulidade nem anulabilidade. Entre as partes o contrato gerará efeitos normalmente, mas um terceiro, como um credor do alienante, não é alvo desses efeitos.

(d) Pagamento ou consentimento dos credores: art. 1.145

❖ Aplicação: essa exigência só se aplica na hipótese de o alienante não ter patrimônio suficiente para quitar suas dívidas;

❖ Nessa hipótese exclusivamente, a lei exige que haja o pagamento dos credores do alienante ou que seja obtido o seu consentimento em relação ao trespasse;

❖ Consentimento expresso: ocorre quando o credor dá seu consentimento de maneira clara, se expressando positivamente no sentido de consentir;

❖ Consentimento tácito: ocorre com a notificação e a espera de 30 dias; ❖ Art. 94, lei n. 11.101/05: se o art. 1.145 é violado, esse ato se constitui como ato que

justifica o pedido de falência. (e) Efeitos do trespasse:

1. Débitos: art. 1.146

❖ Em regra geral, os débitos do alienante passam a ser respondidos pelo adquirente no momento do trespasse;

❖ Há requisitos que são necessários para que a dívida passe do alienante para o adquirente:

- Anterioridade: o adquirente só responde pelas dívidas contraídas pelo alienante no momento anterior ao trespasse;

� DE �21 44

Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento.

Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.

Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabelecimento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na imprensa oficial.

Art. 1.152. § 3º O anúncio de convocação da assembléia de sócios será publicado por três vezes, ao menos, devendo mediar, entre a data da primeira inserção e a da realização da assembléia, o prazo mínimo de oito dias, para a primeira convocação, e de cinco dias, para as posteriores.

Page 22: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

- Contabilidade: o adquirente só responde pelas dívidas devidamente contabilizadas, já que o adquirente só pode acessar os débitos que estão nos livros contábeis;

- Origem: o adquirente só responde pelas dívidas de origem empresária. ❖ A lei, em proteção aos credores do alienante, cria uma solidariedade temporária entre

alienante e adquirente em relação às dívidas contraídas. Se o alienante pagar, em regra, ele pode cobrar o pagamento do adquirente.

- Prazo: a solidariedade só vale por um ano. Passado o período de um ano, o credor só pode cobrar o débito do adquirente;

- Termo inicial do período de um ano de solidariedade: • Dívidas já vencidas na data da publicação: a solidariedade tem seu prazo contado

desde a data da publicação do contrato de trespasse; • Dívidas que não se encontravam vencidas até a data da publicação: o prazo da

solidariedade passa a ser contado a partir da data de vencimento do débito. 2. Contratos: art. 1.148

❖ A quais contratos os efeitos das disposições do art. 1.148 alcançam : - Finalidade: só se aplica a contratos firmados pelo alienante do estabelecimento com

finalidade de viabilização de sua atividade empresarial; - Anterioridade: só se aplica a contratos firmados em período anterior ao momento do

trespasse do estabelecimento; - Prestação: as prestações de natureza personalíssima não são transferidas do alienante

ao adquirente com o trespasse do estabelecimento; - Cláusula: se houver cláusulas em sentido contrário, a transferencia dos contratos será

disciplinada de acordo com essa cláusula. ❖ Sub-rogação: o adquirente, ao adquirir os contratos, se obriga a cumprir os contratos

que lhe foram transferidos com o trespasse; ❖ Rescisão: - A recisão deve ser pedida por qualquer das partes (alienante ou adquirente) desde que

por meio de vias judiciais; - A parte requerente deve comprovar justa causa para que o juiz determine a recisão do

contrato; - Prazo (termo inicial): 90 dias contados da data da publicação do trespasse.

3. Créditos: art. 1.149

❖ Só se aplicam as disposições do art. 1.149 a créditos adquiridos em período anterior ao trespasse e que apresentem finalidade empresarial;

� DE �22 44

Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.

Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em relação aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente.

Page 23: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

❖ Em regra, há a transferência dos créditos: os devedores do alienante passam, com o trespasse do estabelecimento, a dever ao adquirente e deverá procurá-lo para realizar o pagamento da obrigação;

❖ Exceção: se o devedor pagar, de boa-fé, ao alienante, esse pagamento será considerado como quitação da dívida. Se isso ocorrer, o alienante deverá transferir esse pagamento ao adquirente;

❖ Cláusulas no contrato de trespasse podem dispor em contrário e isso será válido entre as partes, mas não será oponível a terceiros.

(f) Cláusula de não concorrência: art. 1.147

❖ Ao comprar um estabelecimento, o adquirente paga pelo seu potencial de lucratividade e, nesse sentido, a pessoa que recebeu pela venda desse potencial não poderia comprometê-lo;

❖ A cláusula de não concorrência está sempre implícita nos contratos de trespasse, ou seja, ela é sempre presumida, mas as partes podem acordar em contrário;

❖ Limites: a cláusula de não concorrência não é absoluta - Tempo: 5 anos (previsto em lei); - Espaço: - Objeto - Basta que haja apenas uma dessas limitações para que seja válida a cláusula de não

concorrência. !VIII. NOME EMPRESARIAL (a) Definição: art. 1.155

❖ O nome empresarial compõe a personalidade do empresário (seja pessoa física, seja jurídica) dentro do ramo empresarial;

❖ Necessidade: todo empresário deve ter um termo que o identifique dentro da atividade empresarial;

❖ Singularidade: (b) Título de estabelecimento: ❖ Também é conhecido por nome de fantasia; ❖ Não se confunde com o nome empresarial, já que o título de estabelecimento é criado pelo

empresário para identifica não sua pessoa física ou jurídica mas o estabelecimento (em sentido estrito) que usa para viabilizar sua atividade empresarial;

❖ Um empresário pode ter uma quantidade ilimitada de títulos de estabelecimento, já que eles não identificam a pessoa do empresário;

❖ É facultativo.

� DE �23 44

Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência.

Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. Parágrafo único. Equipara-se ao nome empresarial, para os efeitos da proteção da lei, a denominação das sociedades simples, associações e fundações.

Page 24: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

(c) Espécies: ❖ Há duas espécies de nome empresarial; ❖ Firma ou razão: é necessariamente vinculada ao nome civil do empresário, em caso de

empresário individual, ou dos sócios que compõem a sociedade empresarial - Firma individual: é a firma do empresário individual; - Razão social: é a firma do empresário que é sociedade.

❖ Denominação social: é vinculada ao elemento de fantasia, ou seja, é de criação livre do empresário ou dos sócios.

(d) Especificidades de cada sujeito empresarial: ❖ O código dispõe sobre como cada tipo de empresário formará seu nome empresarial; ❖ Empresário individual: art. 1.156

• O nome empresarial de empresários individuais deve ser na forma de firma ou razão; • É o nome civil da pessoa física escrito por extenso ou abreviado, podendo ser acrescido de

algo que remeta à atividade que a pessoa pratica. ❖ Sociedade com sócios de responsabilidade ilimitada: art. 1.157

• O nome dessa sociedade é criado na forma de firma ou razão; • Enumera-se o nome (sobrenome) dos sócios, separados por vírgulas e no final usando-se a

partícula & ("e" comercial)"; - Exemplo: Silva, Souza & Andrade.

• Se o número de sócios for extremamente grande, pode-se colocar apenas alguns nomes e adicionar "& cia." ao final, que significa "acompanhados de"; - Exemplo: Silva, Souza & cia.

• Na firma só podem aparecer os nomes dos sócios de responsabilidade ilimitada. Nesse sentido, o sócio só responde ilimitadamente pelas dívidas feitas com o seu nome explícito;

• Alterando-se a composição dos sócios, o nome deve ser alterado. ❖ Sociedade anônima: art. 1.160

• Obrigatoriamente usa o nome na forma de denominação, por uma razão prática; • A denominação é construída a partir de três elementos:

i. Elemento de fantasia: nome de criação livre dos sócios, que pode ser o nome civil de uma pessoa física, que não necessariamente é sócia da sociedade;

ii. Objeto social: o tipo de atividade econômica exercida pela sociedade; iii. Tipo societário: no caso da sociedade anônima é "S.A.", que pode ser incluído antes

ou depois do nome, embora seja pouco usual que se use antes. O termo "S.A." pode

� DE �24 44

Art. 1.156. O empresário opera sob firma constituída por seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade.

Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a expressão "e companhia" ou sua abreviatura.

Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente. Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa.

Page 25: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

ser substituído por "Cia.", mas com a exigência de que seja usado apenas antes do nome.

❖ Sociedade cooperativa: art. 1.159

• Também opera com denominação; • A criação do nome parte dos mesmos três elementos explicados para as sociedades

anônimas, com a ressalva de que seu tipo societário é marcado por "cooperativa". ❖ Sociedade limitada: art. 1.158

• Pode ter firma ou denominação como nome social, já que a sociedade limitada é um tipo societário híbrido;

• A firma é criada pelo nome de um, alguns ou todos os sócios acompanhados pela marca do tipo societário: "Ltda.";

• Novamente, na proteção do terceiro de boa-fé, se não constar o termo limitada ao final do nome, os sujeitos cujos nomes aparecerem no nome responderão ilimitadamente pelas dívidas contraídas dessa forma.

❖ Sociedade simples: • Art. 997 trata das cláusulas essenciais do contrato da sociedade simples, dentre as quais

disciplina-se como necessária a denominação da sociedade. Assim, a doutrina entende majoritariamente que o nome empresarial da sociedade simples é feito na forma de denominação;

• O tipo societário da sociedade simples foi doutrinariamente definido como "S.S.". ❖ Sociedade em conta de participação: art. 1.162

• A sociedade em conta de participação não é pessoa nem física nem jurídica, por ser meramente um contrato;

• Assim, ela não tem nome empresarial. ❖ EIRELI: art. 980-A

• O nome empresarial da EIRELI é formado a partir do nome do instituidor da empresa juntamente com a sigla "EIRELI" ao final.

❖ Microempresas e empresas de pequeno porte: • É obrigatório que microempresas e empresas de pequeno porte adicionem ao final do seu

nome empresarial "M.E." e "E.P.P.", respectivamente;

� DE �25 44

Art. 1,159. A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada pelo vocábulo "cooperativa".

Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura.

Art. 1.162. A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação.

Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. !§ 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada.

Page 26: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

• Com o desenquadramento na categoria de microempresa ou empresa de pequeno porte, 8

o nome empresarial deve ser alterado. (e) Registro de nome: ❖ O nome empresarial é parte do contrato social; ❖ Local: junta comercial; ❖ Efeito: art. 1.166

- Os efeitos do nome empresarial são estaduais, já que a junta comercial é de jurisdição estadual;

- Para que o nome seja protegido em âmbito nacional, pode-se entrar com pedido na junta comercial para a ampliação dos efeitos do nome empresarial;

❖ Requisitos: art. 34, lei n. 8.934/94

- Princípio da veracidade: o nome deve ser verídico; - Princípio da novidade : o nome deve ser novo. 9

(f) Alienação: art. 1.164

❖ O nome empresarial é inalienável, já que ele está vinculado necessariamente àquela pessoa empresária;

❖ O título de estabelecimento, por outro lado, é alienável, já que está vinculado ao estabelecimento e não à pessoa do empresário.

(g) Alteração: art. 1.165 ❖ Tanto a firma quanto a denominação podem ser alteradas, pela alteração da cláusula do

estatuo da sociedade ou de seu contrato social que disciplina o nome empresarial; ❖ A modificação de cláusulas se dá por convocação dos sócios e deliberação; ❖ Há casos em que o nome empresarial precisa necessariamente ser alterado:

• Quando um ou mais sócios cujos nomes integrem a firma deixarem a sociedade (seja pela morte, pela exclusão ou pela saída deliberada do sócio), o nome empresarial deverá ser alterado, sob pena de afrontar o princípio da veracidade da firma;

(h) Cessação: ❖ Com a extinção da da atividade empresarial, o nome empresarial é cessado;

O desenquadramento ocorre com o aumento do faturamento em valor acima do caracterizado como das microempresas e 8

empresas de pequeno porte.

Também está disciplinado no código civil, no art. 1.163.9

� DE �26 44

Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social.

Art. 1.164. O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. Parágrafo único. O adquirente de estabelecimento, por ato entre vivos, pode, se o contrato o permitir, usar o nome do alienante, precedido do seu próprio, com a qualificação de sucessor.

Art. 34. O nome empresarial obedecerá aos princípios da veracidade e da novidade.

Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado.

Art. 1.166, parágrafo único. Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial.

Page 27: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

❖ O direito ao nome empresarial subsiste enquanto o empresário exercer a atividade empresarial. !

IX. DIREITO DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL (a) Estabelecimento: ❖ Bens corpóreos: bens móveis e imóveis que são usados para fins empresariais; ❖ Bens incorpóreos: são o resultado da atividade intelectual do empresário, quando o

empresário usa de seu intelecto para compor a atividade empresarial. (b) Propriedade imaterial (propriedade intelectual): ❖ A propriedade do criador sobre a sua criação intelectual, no Brasil, é protegida por dois

regimes jurídicos diferentes; ❖ Direitos de autor (direitos autorais): lei n. 9.610/98

- Propriedades protegidas pelos direitos autorais: criações artísticas, científicas e literárias.

❖ Direito da Propriedade Industrial: lei n. 9.279/96 - Propriedades protegidas pelo direito da propriedade industrial: aqueles que não são fins em

si mesmos, são voltados diretamente para a atividade empresarial, tais como as marcas, as invenções, os modelos de utilidade e os desenhos industriais.

(c) Organização Mundial da Propriedade Intelectual - ONU ❖ Órgão que preza por vias políticas e econômicas de preservação da propriedade intelectual

em âmbito nacional. (d) Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI ❖ No Brasil, as patentes e marcas são protegidas pelo INPI; ❖ As patentes são requeridas nele. (e) Constituição Federal: art. 5º

(f) Marca: ❖ Definição: art. 122

- Elemento de identificação: a marca é o sinal ou expressão gráfica que é usada para identificar e individualizar um produto ou serviço em relação aos seus similares;

- A marca necessariamente se exprime de forma gráfica, apesar de a doutrina entender que seria possível que algo sonoro fosse uma marca, a legislação não abarca isso.

❖ Espécies: art. 123

� DE �27 44

Art. 7º. São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro [...]

Art. 122. São suscetíveis de registro como marca os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais.

Art. 123. Para os efeitos desta Lei, considera-se: I - marca de produto ou serviço: aquela usada para distinguir produto ou serviço de outro idêntico, semelhante ou afim, de origem diversa; II - marca de certificação: aquela usada para atestar a conformidade de um produto ou serviço com determinadas normas ou especificações técnicas, notadamente quanto à qualidade, natureza, material utilizado e metodologia empregada; e III - marca coletiva: aquela usada para identificar produtos ou serviços provindos de membros de uma determinada entidade.

Art. 5º, XXIX. A lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização, bem como proteção às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

Page 28: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

- Marca de produto ou serviço: elemento gráfico que é usado para identificar um produto ou serviço; • Exemplo: Nike, Apple, Bombril, etc.

- Marca de certificação: é usada para autenticar a qualidade de um produto ou serviço, atestando que ele atende a determinadas exigências técnicas; • Exemplos: Inmetro, anvisa.

- Marca coletiva: é usada por diferentes empresários (pessoas físicas ou jurídicas) que fabricam produtos semelhantes para vincular os seus produtos a uma origem geográfica. • Exemplo: Champagne.

❖ Classificações: 1) Segundo a composição:

- Figurativa: há referência a uma figura, um conjunto de linhas ou traços, que não fazem alusão a letras ou números;

- Nominativa: há referência a um conjunto de letras e ou números que se organizam para formar uma marca, que não necessariamente devem apresentar sentido próprio anterior;

- Mista : é um conjunto de letras e ou números que é expresso em uma determinada 10

forma própria de apresentação; - Tridimensional: a forma física pela qual o produto se apresenta ao pública, como, por

exemplo, o formato das garrafas da Coca-Cola ou as embalagens dos produtos da Apple. A composição tridimensional da marca não pode ser confundida com o design dos produtos.

2) Segundo a origem: - Brasileira: é aquela que foi originalmente depositada no Brasil e cujo titular é domiciliado

no País; - Estrangeira: é definida por exclusão (a que não é brasileira).

❖ Requisitos: 1) Capacidade distintiva: a marca deve poder distinguir o produto ou serviço feito pela

atividade empresarial em questão; 2) Novidade: é a base da marca, já que a marca pressupõe exclusividade no uso;

- Absoluta: aquele termo não pode estar em uso por ninguém em nenhum outro tipo de atividade econômica;

- Relativa: se liga ao princípio da especialidade da marca, no sentido de que, a marca é exclusiva dentro do seu determinado espaço de atividade. A maioria das legislações exige apenas a novidade relativa para a criação de uma marca.

3) Desimpedimento: art. 124 - Sinais públicos: elementos que identificam o poder público (como bandeiras) não

podem ser reclamados como marcas; - Sinais genéricos: se relaciona com o princípio da novidade, a marca deve ser capaz de

distinguir o produto; - Sinais ofensivos: alusões a atos ilícitos e máculas e agressões a elementos de natureza

religiosa;

É a forma mais comum das marcas atuais.10

� DE �28 44

Page 29: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

- Sinais capazes de gerar dúvida: é mais uma forma de proteção à novidade; - Sinais que afrontem direitos de personalidade: não se pode usar nomes e apelidos

notórios de outras pessoas como marca sem prévia e expressa autorização.

❖ Aquisição: a marca é adquirida por registro expedido de forma válida, conforme as disposições da lei de Propriedade intelectual, sendo assegurado ao titular seu uso exclusivo em todo o território nacional

❖ Depósito do pedido: quando do depósito do pedido, ele passará pelo exame de todas as formalidades requeridas em lei (art. 19)

❖ Legitimidade: art. 128

• Marca de produto: para requerer uma marca de produto, a pessoa deve atuar na área da marca que deseja adquirir;

� DE �29 44

Art. 124. Não são registráveis como marca: I - brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e monumento oficiais, públicos, nacionais, estrangeiros ou internacionais, bem como a respectiva designação, figura ou imitação; II - letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva; III - expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou idéia e sentimento dignos de respeito e veneração; IV - designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não requerido o registro pela própria entidade ou órgão público; V - reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciador de título de estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscetível de causar confusão ou associação com estes sinais distintivos; VI - sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou simplesmente descritivo, quando tiver relação com o produto ou serviço a distinguir, ou aquele empregado comumente para designar uma característica do produto ou serviço, quanto à natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época de produção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de suficiente forma distintiva; VII - sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda; VIII - cores e suas denominações, salvo se dispostas ou combinadas de modo peculiar e distintivo; IX - indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão ou sinal que possa falsamente induzir indicação geográfica; X - sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência, natureza, qualidade ou utilidade do produto ou serviço a que a marca se destina; XI - reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente adotada para garantia de padrão de qualquer gênero ou natureza; XII - reprodução ou imitação de sinal que tenha sido registrado como marca coletiva ou de certificação por terceiro, observado o disposto no art. 154; XIII - nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural, social, político, econômico ou técnico, oficial ou oficialmente reconhecido, bem como a imitação suscetível de criar confusão, salvo quando autorizados pela autoridade competente ou entidade promotora do evento; XIV - reprodução ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos Municípios, ou de país; XV - nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico e imagem de terceiros, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores; XVI - pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico singular ou coletivo, salvo com consentimento do titular, herdeiros ou sucessores; XVII - obra literária, artística ou científica, assim como os títulos que estejam protegidos pelo direito autoral e sejam suscetíveis de causar confusão ou associação, salvo com consentimento do autor ou titular; XVIII - termo técnico usado na indústria, na ciência e na arte, que tenha relação com o produto ou serviço a distinguir; XIX - reprodução ou imitação, no todo ou em parte, ainda que com acréscimo, de marca alheia registrada, para distinguir ou certificar produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com marca alheia; XX - dualidade de marcas de um só titular para o mesmo produto ou serviço, salvo quando, no caso de marcas de mesma natureza, se revestirem de suficiente forma distintiva; XXI - a forma necessária, comum ou vulgar do produto ou de acondicionamento, ou, ainda, aquela que não possa ser dissociada de efeito técnico; XXII - objeto que estiver protegido por registro de desenho industrial de terceiro; e XXIII - sinal que imite ou reproduza, no todo ou em parte, marca que o requerente evidentemente não poderia desconhecer em razão de sua atividade, cujo titular seja sediado ou domiciliado em território nacional ou em país com o qual o Brasil mantenha acordo ou que assegure reciprocidade de tratamento, se a marca se destinar a distinguir produto ou serviço idêntico, semelhante ou afim, suscetível de causar confusão ou associação com aquela marca alheia.

Art. 128. § 1º As pessoas de direito privado só podem requerer registro de marca relativo à atividade que exerçam efetiva e licitamente, de modo direto ou através de empresas que controlem direta ou indiretamente, declarando, no próprio requerimento, esta condição, sob as penas da lei.

Art. 128. Podem requerer registro de marca as pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou de direito privado.

Art. 129. A propriedade da marca adquire-se pelo registro validamente expedido, conforme as disposições desta Lei, sendo assegurado ao titular seu uso exclusivo em todo o território nacional, observado quanto às marcas coletivas e de certificação o disposto nos arts. 147 e 148.

Page 30: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

• Marca de certificação: ao contrário da marca de produto, quem deseja registrar uma marca de certificação não pode possuir nenhum tipo de interesse econômico na área em que deseja que sua marca atue.

• Marca coletiva: aquele que requer a marca deverá comprovar o pertencimento à região a que se relaciona a marca coletiva que pleiteia registrar.

❖ Vigência: art. 133

• O direito dado a propriedade industrial é, em regra, temporário; • Período: 10 anos; • Apesar de temporário, o direito sobre a marca pode ser sucessivamente renovado por igual

período; • O prazo para pedido de renovação é de um ano; • Perdido esse prazo, a renovação ainda pode ser pedida nos 6 meses subsequentes à

expiração do prazo mediante pagamento de maiores taxas. ❖ Proteção: arts. 130 a 132 • O registro da marca confere exclusividade na exploração econômica dessa marca, ou

seja, só a pessoa que registrou pode usar a marca em questão com fins econômicos; • Limites:

- Territorialidade: o INPI só pode garantir a exclusividade dentro do território nacional, não é competência do INPI a proteção da marca em território estrangeiro;

- Especialidade: a proteção da marca só é válida para o determinado setor econômico em que a pessoa que registrou atua.

• Classificação Internacional de Produtos e Serviços: estabelece a padronização da classificação dos produtos em categorias quanto à especialidade de cada um para facilitar o trabalho de quem atua no ramo empresarial e do depósito de marcas - Categorias - Auxiliares

• Marca de alto renome: art. 125

- É aquela que quebra o princípio de especialidade da marca; - A marca de alto renome tem exclusividade em todos os setores de atividade econômica, - É a dimensão que a marca ganha no mercado que justifica a quebra de especialidade;

� DE �30 44

Art. 128. § 3º O registro da marca de certificação só poderá ser requerido por pessoa sem interesse comercial ou industrial direto no produto ou serviço atestado.

Art. 128. § 2º O registro de marca coletiva só poderá ser requerido por pessoa jurídica representativa de coletividade, a qual poderá exercer atividade distinta da de seus membros.

Art. 133. O registro da marca vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos, contados da data da concessão do registro, prorrogável por períodos iguais e sucessivos. § 1º - O pedido de prorrogação deverá ser formulado durante o último ano de vigência do registro, instruído com o comprovante do pagamento da respectiva retribuição. § 2º - Se o pedido de prorrogação não tiver sido efetuado até o termo final da vigência do registro, o titular poderá fazê-lo nos 6 (seis) meses subseqüentes, mediante o pagamento de retribuição adicional. § 3º - A prorrogação não será concedida se não atendido o disposto no art. 128.

Art. 125. À marca registrada no Brasil considerada de alto renome será assegurada proteção especial, em todos os ramos de atividade.

Page 31: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

- O reconhecimento do alto renome se dá incidentalmente, ou seja, apenas quando outro indivíduo tenta registrar a marca em outro setor que não o primordial da marca é que pode ser invocado e alegado seu alto renome;

- Exemplo: Ferrari. • Marca notoriedade conhecida: art. 126

- Quebra o princípio da territorialidade; - É aquela que será reconhecida pelo INPI apesar de não ter sido registrada em território

brasileiro, em vista da grande notoriedade da marca; - Também é de reconhecimento incidental e não abstrato.

❖ Extinção: art. 142

• O fim do prazo de vigência sem a sua renovação; • A renúncia também é uma hipótese de perda do direito sobre a marca; • Caducidade: o não uso efetivo da marca por um período igual ou superior a 5 anos leva à

extinção do direito sobre ela. • A saída da pessoa que registrou a marca sem deixar um representante em território

nacional acarreta na perda de sua proteção: art. 217 ❖ Nome de domínio • Não cabe ao INPI o registro de nomes de domínio; • O Comitê Gestor da Internet no Brasil é onde se registram os nomes de domínio das

marcas na internet; • Núcleo de Informação e Proteção do "ponto br" compõe o CGIB; • Os nomes de domínio não podem ferir a proteção das marcas.

(g) Invenção: art. 8º

❖ Não há uma definição de invenção na lei 9.279/96, bem como se verifica em legislações estrangeiras;

❖ A invenção é, basicamente, algo novo; ❖ A lei enumera, no entanto, os requisitos de uma invenção:

A. Novidade: a ideia de novidade é inerente ao conceito de invenção

• A novidade se verifica quando algo não é compreendido estado da técnica (arts. 11 e 12), que é tudo aquilo que já foi tornado público e disponibilizado, seja por forma escrita, oral, ou qualquer outra, dentro de uma determinada área do conhecimento humano, ou seja, novo é o que não se tem notícia a respeito;

� DE �31 44

Art. 126. A marca notoriamente conhecida em seu ramo de atividade nos termos do art. 6º bis (I), da Convenção da União de Paris para Proteção da Propriedade Industrial, goza de proteção especial, independentemente de estar previamente depositada ou registrada no Brasil.

Art. 142. O registro da marca extingue-se: I - pela expiração do prazo de vigência; II - pela renúncia, que poderá ser total ou parcial em relação aos produtos ou serviços assinalados pela marca; III - pela caducidade; ou IV - pela inobservância do disposto no art. 217.

Art. 8º. É patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.

Art. 11. A invenção e o modelo de utilidade são considerados novos quando não compreendidos no estado da técnica.

Page 32: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

• Novidade absoluta: é aquela que só se satisfaz se não houver reivindicação anterior em todos os ordenamentos;

• Novidade relativa: é aquela que se satisfaz apenas por não haver reivindicação anterior dentro do ordenamento pátrio e é a regra seguida internacionalmente.

B. Atividade inventiva (art. 13): a invenção deve ser acrescentada ao estado da técnica por meio de exercício intelectual humano, diferenciando-se assim de uma mera descoberta, que é a constatação de um fenômeno da natureza;

C. Aplicação industrial (art. 15): a invenção é algo que pode ser reproduzido industrialmente e explorado economicamente, possuída a técnica correta, sem perder seu valor.

❖ Exceções: • Há determinadas coisas que não são passíveis de ser patenteadas e consideradas

invenções por serem exclusivamente abstratas;

• Há outras coisas que não podem ser patenteadas por motivo de segurança pública, concedendo as invenções desses ramos específicos à União.

(h) Modelo de utilidade: art. 9º

� DE �32 44

Art. 13. A invenção é dotada de atividade inventiva sempre que, para um técnico no assunto, não decorra de maneira evidente ou óbvia do estado da técnica.

Art. 15. A invenção e o modelo de utilidade são considerados suscetíveis de aplicação industrial quando possam ser utilizados ou produzidos em qualquer tipo de indústria.

Art. 18. Não são patenteáveis: I - o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; II - as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes de transformação do núcleo atômico; e III - o todo ou parte dos seres vivos, exceto os microorganismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta. Parágrafo único. Para os fins desta Lei, microorganismos transgênicos são organismos, exceto o todo ou parte de plantas ou de animais, que expressem, mediante intervenção humana direta em sua composição genética, uma característica normalmente não alcançável pela espécie em condições naturais.

Art. 10. Não se considera invenção nem modelo de utilidade: I - descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos; II - concepções puramente abstratas; III - esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização; IV - as obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética; V - programas de computador em si; VI - apresentação de informações; VII - regras de jogo; VIII - técnicas e métodos operatórios ou cirúrgicos, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; e IX - o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda que dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais.

Art. 9º. É patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação.

Page 33: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

❖ Também é chamado pela doutrina de pequena invenção, já que o modelo de utilidade é acréscimo ou modificação que se realiza a um produto já existente para aumentar seu conforto ou seu potencial de utilização, alterando sua estrutura originalmente patenteada;

❖ Os requisitos para algo se configurar como modelo de utilidade são os mesmos da invenção, só que em menor grau;

❖ Adição de invenção (art. 76): é a modificação feita pelo próprio inventor no curso da patente em sua invenção já existente;

❖ Patente de processo (art. 42): é o know-how, ou seja, a forma de fabricação de um

determinado produto. (i) Desenho industrial: art. 95

❖ Também é conhecido como design, configurando-se, assim, como o aspecto ornamental do produto que amplia seu uso, mas não o modifica essencialmente;

❖ Princípio da futilidade : usado na diferenciação entre o desenho industrial e o modelo 11

industrial, já que o produto funciona da mesma maneira que antes, mas o desenho industrial é o que confere uma forma estética exclusiva a esse produto;

❖ O desenho industrial não é patenteado, mas registrado; ❖ Exceções (art. 100):

(j) Segredo industrial: é uma forma de tangenciar a temporalidade da patente. (k) Processo de obtenção de patente: I. Pedido

• Anterioridade: a data de depósito do pedido de patente é o critério usado para se avaliar a anterioridade de uma patente;

• Documentos (art. 19):

COELHO, Fábio Ulhoa 11

� DE �33 44

Não são patentes

próprias e independentes

Art. 19. O pedido de patente, nas condições estabelecidas pelo INPI, conterá: I- requerimento; II- relatório descritivo; III- reivindicações; IV- desenhos, se for o caso; V- resumo; e VI- comprovante do pagamento da retribuição relativa ao depósito.

{Art. 76. O depositante do pedido ou titular de patente de invenção poderá requerer, mediante pagamento de retribuição específica, certificado de adição para proteger aperfeiçoamento ou desenvolvimento introduzido no objeto da invenção, mesmo que destituído de atividade inventiva, desde que a matéria se inclua no mesmo conceito inventivo.

Art. 42. A patente confere ao seu titular o direito de impedir terceiro, sem o seu consentimento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com estes propósitos: I - produto objeto de patente; II - processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado.

Art. 95. Considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial.

Art. 100. Não é registrável como desenho industrial: I - o que for contrário à moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de pessoas, ou atente contra liberdade de consciência, crença, culto religioso ou idéia e sentimentos dignos de respeito e veneração; II - a forma necessária comum ou vulgar do objeto ou, ainda, aquela determinada essencialmente por considerações técnicas ou funcionais.

Page 34: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

- Formulário; - Relatório descritivo (art. 24): só é possível que se peça a patente se souber descrever

como funciona a invenção, como ela é feita e que ela de fato funciona;

- Reivindicações (art. 25 e art. 41): é o destaque dos pontos da invenção ou do modelo de utilidade que a caracterizam como nova;

- Desenhos; - Resumo; - Pagamento.

• Desenho industrial: art. 101

• Pedido de prioridade de patente ou de registro: - Pode ser pedida no Brasil prioridade de pedido de patente ou de registro no estrangeiro,

ou seja, todo pedido feito no exterior após o pedido de prioridade será considerado posterior a ele, mesmo que ainda não tenha sido feito efetivamente o depósito no país;

- Finalidade: art. 16

- União de Paris: é o conjunto de países que concordam em disciplinar de forma semelhante à proteção às patentes e adotaram o texto da Convenção de Paris, originalmente de 1908 com o objetivo de uniformizar seu regimento pátrio sobre a matéria;

- O pedido de prioridade pode ser feito em relação aos membros da União de Paris; - O pedido de prioridade em relação a determinado país não dispensa o pedido de

depósito no estrangeiro; - Prazo: 12 meses para que haja solicitação de depósito de patente nos países em que foi

pedida prioridade e 6 meses para o caso de marcas. II. Exame formal preliminar: art. 20

• Complementação:

� DE �34 44

Art. 101. O pedido de registro, nas condições estabelecidas pelo INPI, conterá: I - requerimento; II - relatório descritivo, se for o caso; III - reivindicações, se for o caso; IV - desenhos ou fotografias; V - campo de aplicação do objeto; e VI - comprovante do pagamento da retribuição relativa ao depósito. Parágrafo único. Os documentos que integram o pedido de registro deverão ser apresentados em língua portuguesa.

Art. 24. O relatório deverá descrever clara e suficientemente o objeto, de modo a possibilitar sua realização por técnico no assunto e indicar, quando for o caso, a melhor forma de execução.

Art. 41. A extensão da proteção conferida pela patente será determinada pelo teor das reivindicações, interpretado com base no relatório descritivo e nos desenhos.

Art. 25. As reivindicações deverão ser fundamentadas no relatório descritivo, caracterizando as particularidades do pedido e definindo, de modo claro e preciso, a matéria objeto da proteção.

Art. 16. Ao pedido de patente depositado em país que mantenha acordo com o Brasil, ou em organização internacional, que produza efeito de depósito nacional, será assegurado direito de prioridade, nos prazos estabelecidos no acordo, não sendo o depósito invalidado nem prejudicado por fatos ocorridos nesses prazos.

Art. 20. Apresentado o pedido, será ele submetido a exame formal preliminar e, se devidamente instruído, será protocolizado, considerada a data de depósito a da sua apresentação.

Page 35: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

• Prazo: 30 dias para complementação de prazos relativos ao objeto, ao depositante e ao inventor e 5 dias para complementação do que foi exigido no art. 101;

• Se o prazo for desrespeitado, o pedido será arquivado. III. Período de sigilo: art. 30

• Enquanto o processo de patente ocorre, é conferido um período de sigilo de 18 meses, em que o processo fica parado;

• Antecipação • Exclusão (art. 106): não há período de sigilo para desenho industrial.

IV. Publicação: deve ser feita na Revista da Propriedade Intelectual. V. Exame: art. 31 a 36

• No exame, há, finalmente, a análise de mérito da questão; • Início (art. 31): 60 dias após a publicação;

• Multilateralismo (art. 31): não só o autor do pedido e o INPI participam do processe de exame, mas qualquer pessoa pode participar do período de exame se o indivíduo que o pedido de patente afronta a lei ou a um direito seu;

• Relatório (art. 35): é feito pela concessão ou não da patente de maneira fundamentada;

• Manifestação (art. 36): em caso de patentes não concedidas, o autor do pedido tem 90 dias para tentar modificar essa conclusão apresentada no relatório.

VI. Decisão:

� DE �35 44

Art. 21. O pedido que não atender formalmente ao disposto no art. 19, mas que contiver dados relativos ao objeto, ao depositante e ao inventor, poderá ser entregue, mediante recibo datado, ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem cumpridas, no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de devolução ou arquivamento da documentação.

Art. 103. O pedido que não atender formalmente ao disposto no art. 101, mas que contiver dados suficientes relativos ao depositante, ao desenho industrial e ao autor, poderá ser entregue, mediante recibo datado, ao INPI, que estabelecerá as exigências a serem cumpridas, em 5 (cinco) dias, sob pena de ser considerado inexistente.

Art. 30. O pedido de patente será mantido em sigilo durante 18 (dezoito) meses contados da data de depósito ou da prioridade mais antiga, quando houver, após o que será publicado, à exceção do caso previsto no art. 75.

Art. 106. Depositado o pedido de registro de desenho industrial e observado o disposto nos arts. 100, 101 e 104, será automaticamente publicado e simultaneamente concedido o registro, expedindo-se o respectivo certificado.

Art. 31. Publicado o pedido de patente e até o final do exame, será facultada a apresentação, pelos interessados, de documentos e informações para subsidiarem o exame.

Art. 31. Parágrafo único. O exame não será iniciado antes de decorridos 60 (sessenta) dias da publicação do pedido.

Art. 35. Por ocasião do exame técnico, será elaborado o relatório de busca e parecer relativo a: I - patenteabilidade do pedido; II - adaptação do pedido à natureza reivindicada; III - reformulação do pedido ou divisão; ou IV - exigências técnicas.

Art. 36. Quando o parecer for pela não patenteabilidade ou pelo não enquadramento do pedido na natureza reivindicada ou formular qualquer exigência, o depositante será intimado para manifestar-se no prazo de 90 (noventa) dias.

Page 36: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

• Vigência: a patente de vigência tem prazo de 20 anos e a de modelo de utilidade tem 15, ambos contados desde a data do depósito do pedido de registro

• Desenho industrial: tem um prazo inicial de 10 anos, renovável mais três vezes por um período de 5 anos.

(g) Anulação de patente: I. Via administrativa:

• Quem tem prerrogativa de anulação administrativa é quem concedeu a patente, ou seja, o INPI;

• É conferido ao INPI a prerrogativa de rever as patentes por ele concedidas; • Fundamento (arts. 50, 112 e 113): erro no processo de obtenção com irregularidades no

processo de concessão ou abuso do direito de patente ; 12

• Prazo e iniciativa (art. 51): 6 meses contados a partir da data da concessão da patente;

• Perdido o prazo administrativo, só restará a via judicial para anulação da patente. II. Judicial

• Propositura (art. 56): qualquer pessoa interessada na anulação da patente;

• Contestação (art. 57): 60 dias para contestar os pedidos iniciais;

• O processo é decidido pela Justiça Federal, já que o INPI é órgão de esfera federal; • Nulidade de registro (art. 118):

O caso clássico do abuso do direito de patente é o não uso da invenção para fins econômicos.12

� DE �36 44

Art. 40. A patente de invenção vigorará pelo prazo de 20 (vinte) anos e a de modelo de utilidade pelo prazo 15 (quinze) anos contados da data de depósito.

Art. 108. O registro vigorará pelo prazo de 10 (dez) anos contados da data do depósito, prorrogável por 3 (três) períodos sucessivos de 5 (cinco) anos cada.

Art. 50. A nulidade da patente será declarada administrativamente quando: I - não tiver sido atendido qualquer dos requisitos legais; II - o relatório e as reivindicações não atenderem ao disposto nos arts. 24 e 25, respectivamente; III - o objeto da patente se estenda além do conteúdo do pedido originalmente depositado; ou IV - no seu processamento, tiver sido omitida qualquer das formalidades essenciais, indispensáveis à concessão.

Art. 51. O processo de nulidade poderá ser instaurado de ofício ou mediante requerimento de qualquer pessoa com legítimo interesse, no prazo de 6 (seis) meses contados da concessão da patente.

Art. 112. É nulo o registro concedido em desacordo com as disposições desta Lei. § 1º A nulidade do registro produzirá efeitos a partir da data do depósito do pedido..

Art. 113. A nulidade do registro será declarada administrativamente quando tiver sido concedido com infringência dos arts. 94 a 98.

Art. 56. A ação de nulidade poderá ser proposta a qualquer tempo da vigência da patente, pelo INPI ou por qualquer pessoa com legítimo interesse.

Art. 57. A ação de nulidade de patente será ajuizada no foro da Justiça Federal e o INPI, quando não for autor, intervirá no feito.

Art. 118. Aplicam-se à ação de nulidade de registro de desenho industrial, no que couber, as disposições dos arts. 56 e 57.

Page 37: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

(c) Licenciamento de patente: ❖ É a autenticação que o titular da patente e registro dá para que outros a explorem

economicamente; ❖ Licença voluntária:

- Há necessidade apenas de averbação do contrato no INPI para que o contrato seja plenamente eficaz;

- Não há nenhum exame por parte do INP sobre as cláusulas do contrato de licenciamento, ficando as partes livres para redigi-las;

- O que é titular da patente receberá royalties pela exploração concedida ao terceiro. ❖ Licença compulsória:

- Ocorre mediante abuso ou ato ilícito no uso da patente por seu dono; - O rol apresentado pelo art. 68 é exemplificativo e não taxativo; - A exigência para requerimento de licença compulsória é a prova de que o autor da ação

tem interesse econômica na exploração da patente e condições técnicas de explorá-la;

- Prazo: para que se peça a licença compulsória, a patente em questão deverá ter sido concedida a pelo menos 3 anos;

- Interessados poderão contestar o pedido; - O dono da patente licenciada compulsoriamente ainda poderá receber dela, só não poderá

impedir que ela seja licenciada se todos os requisitos aqui explicados forem comprovados presentes no caso;

- Também pode haver licença compulsória em casos de proteção à segurança pública.

❖ Oferta pública:

- Ocorre mediante pedido do dono de uma patente que não tem condições econômicas de explorar;

� DE �37 44

Art. 61. O titular de patente ou o depositante poderá celebrar contrato de licença para exploração.

Art. 68. O titular ficará sujeito a ter a patente licenciada compulsoriamente se exercer os direitos dela decorrentes de forma abusiva, ou por meio dela praticar abuso de poder econômico, comprovado, nos termos da Lei, por decisão administrativa ou judicial.

Art. 68. § 2º A licença só poderá ser requerida por pessoa com legítimo interesse e que tenha capacidade técnica e econômica para realizar a exploração eficiente do objeto da patente, que deverá destinar-se, predominantemente, ao mercado interno, extinguindo-se nesse caso a excepcionalidade prevista no inciso I do parágrafo anterior.

Art. 68. § 5º A licença compulsória de que trata o § 1º somente será requerida após decorridos 3 (três) anos da concessão da patente..

Art. 71. Nos casos de emergência nacional ou interesse público, declarados em ato do Poder Executivo Federal, desde que o titular da patente ou seu licenciado não atenda a essa necessidade, poderá ser concedida, de ofício, licença compulsória, temporária e não exclusiva, para a exploração da patente, sem prejuízo dos direitos do respectivo titular.

Art. 64. O titular da patente poderá solicitar ao INPI que a coloque em oferta para fins de exploração. § 1º O INPI promoverá a publicação da oferta. § 2º Nenhum contrato de licença voluntária de caráter exclusivo será averbado no INPI sem que o titular tenha desistido da oferta. § 3º A patente sob licença voluntária, com caráter de exclusividade, não poderá ser objeto de oferta. § 4º O titular poderá, a qualquer momento, antes da expressa aceitação de seus termos pelo interessado, desistir da oferta, não se aplicando o disposto no art. 66.

Page 38: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

- A oferta pública é feita, então mediante publicação por parte do INPI de um edital. IX. DIREITO SOCIETÁRIO (a) Noções: ❖ Sociedade: é um contrato cujas partes recebem o nome de sócios e combinam esforços

para exercer uma atividade econômica em comum, com a partilha, ao final, dos lucros (ou, eventualmente, ônus) obtidos;

❖ Nem todo contrato de sociedade origina uma pessoa jurídica.

(b) Sociedades não personificadas: são aquelas desprovidas de personalidade jurídica ❖ Sociedade em comum (arts. 986 a 900, Código Civil):

• As sociedades que não são registradas devidamente não dão origem a pessoas jurídicas, tornando-se, portanto, sociedades sem personalidade jurídica;

• Não há ilegalidade na não personificação da sociedade, as sociedades não personificadas são apenas informais;

• Não registrar o contrato de sociedade incorre, no entanto, em alguns empecilhos jurídicos para estabelecer a prova de que a sociedade de fato existe e de dispor sobre eventual responsabilidade dos sócios em alguma querela;

• As sociedades em comum não constituem um tipo societário em si, mas configuram-se como a denominação daquelas sociedades que se originam de um contrato mas são irregulares, ou seja, operam sem o devido registro no órgão competente;

I. Prova da existência da sociedade em comum:

- Sócios: para provar da existência de uma sociedade não registrada, um dos sócios deverá recolher provas documentais, ou seja, aquelas que estejam reduzidas a escrito, a exemplo de recibos dados em conjunto, e-mails que provem que havia uma atividade desempenhada em conjunto com fins lucrativos, etc.;

- Terceiros: para que um terceiro possa provar a existência da sociedade em comum, ele poderá se valer de quaisquer tipos de provas, a exemplo de provas testemunhais.

II. Responsabilidade dos sócios: - A responsabilidade de cada sócio é pessoal, ilimitada, solidária entre os sócios e

subsidiária em relação ao patrimônio especial ; 13

- Patrimônio especial: é composto pelos bens dos sócios que foram disponibilizados para a atividade econômica que eles desempenham juntos, via sociedade em comum; também é conhecido por patrimônio de afetação, já que é ele o primeiro a ser atingido;

Há discussões quanto a esse ponto, já que não há, juridicamente, uma pessoa jurídica constituída para que haja um patrimônio 13

relacionado a ela.

� DE �38 44

Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados.

Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e 1.150).

Art. 987. Os sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de qualquer modo.

Art. 988. Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum.

Page 39: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

- A subsidiariedade é verificada, então, a partir da consideração de que o patrimônio particular de cada sócio só será afetado por dívidas e créditos da sociedade quando o patrimônio especial já tiver sido esgotado;

- Não há solidariedade nem subsidiariedade nas obrigações de benefício de ordem , 14

situação em que aquele que contratou responderá diretamente com seus bens particulares.

❖ Sociedade em conta de participação (arts. 991 a 996, Código Civil): 15

I. Caracterização: - Sócio ostensivo: é aquele que exerce a atividade em nome dele, assumindo todas

as responsabilidades em nome próprio, respondendo, assim, parente terceiros de forma direta e ilimitada.

- Sócio participante: é aquele que não assume nenhuma responsabilidade perante terceiros, não sendo também revelado a eles. As obrigações adquiridas pelo sócio participante só gerarão efeitos em relação aos sócios ostensivos, sendo exigíveis apenas por eles, ou seja, se houver uma dívida da sociedade que os sócios ostensivos não possam pagar, o credor não poderá obrigar o sócio participante a quitar o débito.

II. Prova: para provar a existência da sociedade em conta de participação, será válido qualquer meio, já que sua constituição é informal, chegando a poder ser celebrada verbalmente entre as partes.

III. Inscrição: o eventual registro da sociedade em conta de participação na Junta Comercial não fará com que ela ganhe personalidade jurídica.

(c) Sociedades personificadas: ❖ Sociedade em nome coletivo:

"Prerrogativa legal conferida ao fiador demandado para exigir, até a contestação da lide, que sejam executados inicialmente os 14

bens do devedor principal. Também chamado de benefício de excussão."

É um tipo societário comum na área de exploração de gado. Geralmente, o dono do pasto é sócio participante e o vendedor é 15

sócio ostensivo.

� DE �39 44

Art. 990. Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que contratou pela sociedade.

Art. 991. Na sociedade em conta de participação, a atividade constitutiva do objeto social é exercida unicamente pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade, participando os demais dos resultados correspondentes.

Art. 991, parágrafo único. Obriga-se perante terceiro tão-somente o sócio ostensivo; e, exclusivamente perante este, o sócio participante, nos termos do contrato social.

Art. 992. A constituição da sociedade em conta de participação independe de qualquer formalidade e pode provar-se por todos os meios de direito.

Art. 993. O contrato social produz efeito somente entre os sócios, e a eventual inscrição de seu instrumento em qualquer registro não confere personalidade jurídica à sociedade

Art. 993, parágrafo único. Sem prejuízo do direito de fiscalizar a gestão dos negócios sociais, o sócio participante não pode tomar parte nas relações do sócio ostensivo com terceiros, sob pena de responder solidariamente com este pelas obrigações em que intervier.

Page 40: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

• Assim como a sociedade em comandita simples, a sociedade em nome coletivo é extremamente rara, já que uma de suas características é ter um dos sócios com responsabilidade ilimitada, aspecto sempre evitado pelos sócios;

• Caracterização (art. 1039): - Responsabilidade dos sócios pelas dívidas em relação a terceiros: todos os sócios estão

sujeitos a responder com todos os seus bens por todas as dívidas que forem criadas em nome pessoa jurídica. Há responsabilidade pessoal, ilimitada, solidária e subsidiária por parte de todos os sócios que compõem a sociedade em relação aos débitos e dívidas;

- Responsabilidade dos sócios pelas dívidas entre si: os sócios podem criar cláusulas internas dentro da sociedade (que não serão oponíveis a terceiros) que limitem a responsabilidade dos sócios entre eles;

- Só podem ser sócias de sociedades em nomes coletivos pessoas físicas. • Administração (art. 1042):

- Toda pessoa jurídica precisa de um administrador, que será a pessoa física que agirá em nome da pessoa jurídica e como se ela fosse;

- O administrador ou os administradores deverão ser indicados no contrato; - Se não houver nenhuma menção a isso no contrato, todos os sócios terão o poder de

assumir obrigações e direitos em nome da pessoa jurídica; - Só podem ser administradores da sociedade em nome coletivo os seus sócios, já que

eles respondem ilimitadamente pelas dívidas contraídas.

• Nome empresarial (art. 1041): o nome deverá ser uma firma ou razão social, já que há sócios com responsabilidade ilimitada.

❖ Sociedade em comandita simples: • Caracterização (art. 1045):

- Comanditados: só podem ser pessoas físicas e responderão pessoal, ilimitada, solidária e subsidiariamente pelas dívidas e débitos;

- Comanditários: só respondem pelo valor estipulado para a sua contribuição no contrato social;

- É sociedade do tipo misto, já que há sócios de responsabilidade ilimitada e sócios de responsabilidade limitada.

� DE �40 44

Art. 1039. Somente pessoas físicas podem tomar parte na sociedade em nome coletivo, respondendo todos os sócios, solidária e ilimitadamente, pelas obrigações sociais.

Art. 1039, parágrafo único. Sem prejuízo da responsabilidade perante terceiros, podem os sócios, no ato constitutivo, ou por unânime convenção posterior, limitar entre si a responsabilidade de cada um.

Art. 1042. A administração da sociedade compete exclusivamente a sócios, sendo o uso da firma, nos limites do contrato, privativo dos que tenham os necessários poderes.

Art. 1041. O contrato deve mencionar, além das indicações referidas no art. 997, a firma social.

Art. 1045. Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota.

Page 41: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

• Administração (art. 1047): só podem ser administradores da sociedade em comandita simples os comanditados, já que são eles que responderão ilimitadamente pelos débitos contraídos. Se os comanditários participarem do processo administrativos, eles serão equiparados a comanditados, ou seja, responderão ilimitadamente pelas dívidas contraídas nesse processo;

• Fiscalização da administração e deliberações: podem ser feitas por qualquer dos sócios, independentemente de sua responsabilidade;

• Nome empresarial: só poderão estar no nome empresarial os comanditados. ❖ Sociedade simples:

• Há duas conotações para o termo sociedade simples no Código Civil Brasileiro: - Gênero (art. 982): classificação das sociedades quanto ao objeto (sociedades

empresariais e sociedades simples), sendo a sociedade simples aquela que não tem por objeto atividade empresarial;

- Espécie (art. 997 e ss.): modelo ou tipo de sociedade; • O regime jurídico da sociedade simples sempre será o Direito Civil, já que seu objeto deverá

ser sempre não empresarial; • Registro: deve ser feito no Cartório do Registro Civil de Pessoas Jurídicas; • Contrato social: cláusulas essenciais (art. 997) 16

A. Nome e qualificação dos sócios:

- Quem toma parte em um contrato de sociedade é denominado sócio; - Os sócios podem ser pessoas físicas ou jurídicas; - Devem constar informações como: nacionalidade, profissão, residência e domicílio,

estado civil, etc. B. Denominação, objeto, sede e prazo:

- A sociedade simples opera sob denominação, sendo requeridos o objeto social, o nome de fantasia e o termo "S.S." ao final;

- Deve ser descrita detalhadamente e de maneira completa no contrato a atividade a que a sociedade irá se dedicar e isso delimitará os atos que poderão ser praticados por ela;

- É importante ressaltar que o objeto da sociedade não se confunde com o seu fim. O fim de toda sociedade é sempre o mesmo: gerar lucros;

Por reger subsidiariamente todos os tipos societários, as cláusulas essenciais do contrato da sociedade simples são as mesmas 16

para as outras espécies de sociedade.

� DE �41 44

Art. 1047. Sem prejuízo da faculdade de participar das deliberações da sociedade e de lhe fiscalizar as operações, não pode o comanditário praticar qualquer ato de gestão, nem ter o nome na firma social, sob pena de ficar sujeito às responsabilidades de sócio comanditado.

Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.

Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:

Art. 997, I. nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;

Art. 997, II. denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;

Page 42: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

- A sede é o local de domicílio para todos os fins da sociedade, sendo onde ela será processada, por exemplo;

- O prazo estipulado em contrato pode ser determinado ou indeterminado, o que influenciará diretamente no regime jurídico de saída dos sócios. Em regra, as sociedades em regra são constituídas sob prazo indeterminado.

C. Capital social: é a soma das contribuições dos sócios para a formação do patrimônio da sociedade

- Deverá ser indicado o valor do capital social; - Quotas ou frações: é a contribuição de cada sócio para compor o capital social; - O valor de cada quota e o número de quotas deverão ser colocados no contrato social; - O capital social da sociedade deve ser descrito em moeda corrente, ou seja, em reais; - Integralização: é a transferência do valor do patrimônio de cada sócio para o capital

social da sociedade em que ele é parte; - Deverá constar no contrato a forma pela qual a integralização de cada quota será feita,

sendo que não só quantias pecuniárias, mas bens imóveis poderão ser usados para integralizar o capital social;

- Sócio de serviços: é aquele que não colabora para o capital social, sua contribuição se dá apenas por serviços e trabalhos e não por bens que podem ser atacados pelos credores;

- O sócio de serviços receberá o que estiver disposto no contrato e, se não houver disciplina sobre o assunto no contrato, ele receberá a média dos outros sócios;

D. Administração (Art. 1022):

- Administrador é aquele que tem a competência para adquirir direitos e contrair deveres em nome da pessoa jurídica por meio de seus atos;

- Os administradores devem ser sempre pessoas naturais. E. Participação nos lucros:

- A divisão dos lucros não precisa estar no contrato social, mas pode constar; - Princípio da Proporcionalidade (art. 1007) : será aplicado na participação em lucros 17

por cada sócio se não houver disposição sobre a matéria no contrato. Entende-se que a participação nos lucros deverá ser proporcional à quota integralizada ao capital social;

O princípio da proporcionalidade também será aplicado para estipular o peso de voto de cada sócio nas assembléias.17

� DE �42 44

Art. 1006. O sócio, cuja contribuição consista em serviços, não pode, salvo convenção em contrário, empregar-se em atividade estranha à sociedade, sob pena de ser privado de seus lucros e dela excluído.

Art. 997, III. capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;

Art. 1007. [...] aquele (sócio), cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas.

Art. 1022. A sociedade adquire direitos, assume obrigações e procede judicialmente, por meio de administradores com poderes especiais, ou, não os havendo, por intermédio de qualquer administrador.

Art. 1007. Salvo estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das perdas, na proporção das respectivas quotas, mas aquele, cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos lucros na proporção da média do valor das quotas.

Art. 997, III. capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;

Page 43: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

- A regra da proporcionalidade poderá ser modificada conforme a vontade das partes no tempo de redação do contrato, com a adoção de outros critérios, como, por exemplo, usar o rendimento das ações como critério da proporcionalidade alternativamente à quota no capital social;

- Vedação de cláusula leonina (art. 1008): é nula de pleno direito qualquer cláusula que exclua o direito de um sócio a participar dos lucros;

- É requisito fundamental para a sociedade que todos os sócios participem dos lucros da sociedade, mas não há previsão mínima de lucro.

F. Responsabilidade:

- A responsabilidade dos sócios nas sociedades simples será sempre ilimitada, mas cabe, no entanto, que seja decidido sobre a subsidiariedade de cada sócio;

- A subsidiariedade corresponde a possibilidade de o sócio responder por ação de ordem.

• Cláusulas acidentais: são aquelas que correspondem a disciplinas que não são consideradas essenciais ao registro da sociedade no Cartório, como, por exemplo, a disposição sobre a exclusão de sócios;

• Registro (art. 998): se dá no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas;

• Modificações (art. 999): - Modificação de cláusulas essenciais: deverá ser feita em decisão por unanimidade dos

sócios;

- Modificação de cláusulas acidentais (art. 1010): será necessária maioria absoluta do capital social e não do número de sócios;

• Penhora de quotas (art. 1026)

• Falecimento de sócio (art. 1028)

- O contrato é soberano para tratar da matéria, ou seja, o que estiver disposto no contrato prevalecerá;

� DE �43 44

Art. 1008. É nula a estipulação contratual que exclua qualquer sócio de participar dos lucros e das perdas.

Art. 997. Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separados contrário ao disposto no instrumento do contrato.

Art. 998. Nos trinta dias subsequentes à sua constituição, a sociedade deverá requerer a inscrição do contrato social no Registro Civil de Pessoas Jurídicas do local de sua sede.

Art. 999. As modificações do contrato social, que tenham por objeto matéria indicada no art. 997, dependem do consentimento de todos os sócios; as demais podem ser decidia por maioria absoluta de viriam se o contrato não determinar a necessidade de deliberação unânime.

Art. 1010. Quando, por lei ou pelo contrato social, competir aos sócios decidir sobre os negócios da sociedade, as deliberações serão tomadas por maioria de votos, contados segundo o valor das quotas de cada um.

Art. 1026. O credor particular de sócio pode, na insuficiência de outros bens do devedor, fazer recair a execução sobre o que a este couber nos lucros da sociedade, ou na parte que lhe tocar em liquidação.

Art. 1028. No caso de morte de sócio, liquidar-se-á sua quota, salvo: I - se o contrato dispuser diferentemente; II - se os sócios remanescentes optarem pela dissolução da sociedade; III - se, por acordo com os herdeiros, regular-se a substituição do sócio falido.

Page 44: Caderno de Empresarial I - vetustup.comvetustup.com/wp-content/uploads/2015/09/Carolina-Paim-3.pdf · Fábio Ulhoa Coelho: "Curso de Direito Comercial", vol. I e II (parte da teoria

Direito Empresarial I 2014/2

• Recesso: saída voluntária de um sócio da sociedade

- Prazo determinado: se a saída for por prazo determinado, deverá ser provada justa causa em juízo;

- Prazo indeterminado: se a saída for por prazo determinado, não será necessária nenhuma prova, apenas a notificação dos outros sócios com 60 dias mínimos de antecedência.

• Exclusão: saída compulsória do sócio da sociedade - A exclusão não é um poder da maioria sobre uma minoria, ela é uma sanção e deve,

portanto, ter uma fundamentação é uma causa geradora; - Deveres dos sócios: dever de integralização da quota (análogo ao dever de cumprir as 18

prestações para os sócios de prestação) e o dever de colaboração , que visa coibir o 19

sócio que compromete o sucesso da sociedade com sua conduta; - A violação dos deveres é que pode justificar a exclusão de um sócio; - Extrajudicial (art. 1004): é usada nas hipóteses de violação do dever de integralização;

- Judicial (art. 1030): é usada nas hipóteses de violação do dever de colaboração.

• Apuração de haveres (art. 1031): é a quantificação da quota de um sócio para que ela seja devolvida quando da sua saída (seja por recesso, exclusão ou morte de um sócio, desde que os herdeiros não ocupem o lugar do sócio na sociedade).

O sócio que viola esse dever é chamado sócio remisso.18

Violação clássica do dever de colaboração: o sócio concorre com a sociedade em que é parte.19

� DE �44 44

Art. 1029. Além dos casos previstos na lei ou no contrato, qualquer sócio pode retirar-se da sociedade; se de prazo indeterminado, mediante notificação aos demais sócios, com antecedência mínima de sessenta dias; se de prazo determinado, provando judicialmente justa causa.

Art. 1030. Ressalvado o disposto no art. 1.004 e seu parágrafo único, pode o sócio ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por incapacidade superveniente.

Art. 1004. Os sócios são obrigados, na forma e prazo previstos, às contribuições estabelecidas no contrato social, e aquele que deixar de fazê-lo, nos trinta dias seguintes ao da notificação pela sociedade, responderá perante esta pelo dano emergente da mora.

Art. 1031. Nos casos em que a sociedade se resolver em relação a um sócio, o valor da sua quota, considerada pelo montante efetivamente realizado, liquidar-se-á, salvo disposição contratual em contrário, com base na situação patrimonial da sociedade, à data da resolução, verificada em balanço especialmente levantado.