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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS || FACULDADE DE DIREITO || PROFESSORA JULIANA CORDEIRO DE FARIA Carolina Paim Silva Belo Horizonte Segundo semestre de 2015 D eito Processual Civil II

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Faculdade de Direito

Professora Juliana Cordeiro

Carolina Paim Silva

Belo Horizonte Segundo semestre de 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS || FACULDADE DE DIREITO ||

PROFESSORA JULIANA CORDEIRO DE FARIA

Carolina Paim Silva

Belo Horizonte Segundo semestre de 2015

Direito Processual Civil II

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

Calendário de provas: ❖ Primeira prova (30 pontos): 15/10/2015; ❖ Segunda prova (30 pontos): 24/11/2015; ❖ Prova final (40 pontos): 17/12/2015; ❖ Exame Especial: 28/12/2015.

REVISÃO:

❖ Três acepções de ação e suas relações com a jurisdição e o processo: • Ação em sentido material: todo direito subjetivo tem como conteúdo latente um

poder conferido ao seu titular de exigir a satisfação desse direito, que é a ação em sentido material. Nesse sentido, havendo condutas de não dever-ser no mundo dos fatos que violem ou ameacem de violação um direito, nasce a pretensão. A ação em sentido material é, então, equivalente à noção de pretensão.

• Ação em sentido constitucional: é, em um plano estático e abstrato, o direito subjetivo público de ir a juízo, ou seja, de provocar a jurisdição e exercer a pretensão de agir diante de uma violação ou ameaça de violação de um direito. O ordenamento, diante dessa violação ou ameaça de violação, apresenta ao indivíduo as formas que ele pode agir, a saber a autotutela (em situações excepcionais), a ação em sentido constitucional, bem como caminhos alternativos como a arbitragem. O Estado evocou para si a função de resolver os conflitos, através do exercício do poder-dever da Jurisdição;

- Autotutela: é uma forma de agir cada vez menos presente no sistema civilizatório, já que alude aos tempos em que a justiça era feita pelas próprias mãos dos indivíduos;

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VIOLAÇÃO OU AMEAÇA DE VIOLAÇÃO DE UM DIREITO SUBJETIVO (NÃO DEVER-SER)

PRETENSÃO (PODER//FACULDADE DE EXIGIR)

PRETENSÃO RESISTIDA OU INSATISFEITA

CONFLITO DE INTERESSES

JUDICIALIZAÇÃO DO CONFLITO

LIDE (É a pretensão resistida ou insatisfeita posta em juízo, ou seja, judicializada)

Art. 5º, XXXV, Constituição Federal. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;

Art. 75, Código Civil de 1916. A todo o direito corresponde uma ação, que o assegura.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

- Princípio da inércia da jurisdição: o aparelho estatal de resolução de conflitos só será acionado mediante provocação;

- Programa de garantia de acesso à Jurisdição. • Ação em sentido processual: é, sob uma perspectiva dinâmica e concreta, o

exercício da ação em sentido constitucional e em sentido material, submetido a condições, a direitos e a deveres e a toda a técnica da ciência processual. - Processo: é o método de provocação da Jurisdição, ou seja, é o método de

judicialização dos conflitos de interesses qualificados por pretensões resistidas ou insatisfeitas, cuja finalidade é a sua solução (pacificação social).

❖ Processo de conhecimento: • Pretensão resistida: há a necessidade de acertamento, ou seja, há um ambiente

de dúvidas quanto aos fatos e/ou ao direito aplicável; • Princípio do livre convencimento motivado do juiz: as partes trazem

argumentos e contra argumentos e produzam e contradigam as provas; - O processo de cognição é um método estruturado sobre produção (lícita) de

provas, sendo este um traço distintivo do processo de conhecimento em relação ao de execução e ao cautelar.

• Finalidade: acertamento, ou seja, uma sentença de mérito com produção de coisa julgada material, tornando imutável e indiscutível o que foi acertado na sentença. O objetivo do processo de conhecimento é a formação de um título executivo, por meio de uma sentença de mérito;

• A sentença terminativa , ou qualquer outro resultado que não seja uma sentença de 1

mérito com coisa julgada material, é a frustração do método processual; • Ação rescisória: mecanismo de correção de sentenças com transito em julgado

material; • Procedimento: compõe-se de uma sequência ordenada de atos em respeito ao

devido processo legal; • Sucumbência: é a consequência patrimonial para aquele que restou vencido no

processo. É a obrigação de cunho pecuniário de reembolso das custas processuais iniciais, reembolso das despesas da parte vencedora, pagamento das custas finais e pagamento dos honorários advocatícios;

• Fases: A. Fase Postulatória: da petição inicial à resposta do réu; B. Fase de saneamento: é o momento em que o juiz decide se há a necessidade

de entrar no campo probatório ou se já é possível que se chegue à sentença;

Sentença terminativa é aquela que finaliza o processo por constatação de um vício formal, produzindo apenas a coisa julgada formal e 1

não atingindo, portanto, a coisa julgada material.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

C. Fase instrutória: dedicada preponderantemente às atividades probatórias; D. Fase decisória: a sentença pode ser terminativa ou de mérito; E. Cumprimento de sentença: o processo de conhecimento já se encaminha

para as vias satisfativas (a exceção de sentenças condenatórias de caráter alimentício, em razão da possibilidade de prisão civil, e as sentenças condenatórias contra a Fazenda Pública), com uma burocracia bem menor da que seria a instauração de um processo autônomo de execução.

❖ Processo de execução: • Pretensão insatisfeita: em determinadas situações, o ordenamento confere aos

indivíduos títulos executivos, em que o seu portador presumidamente tem um direito que é certo. Dessa forma, esse titular é tratado diferentemente dentro do processo, já que ele quer unicamente a satisfação do direito, ou seja, a entrega do bem que é objeto da prestação. Há um caminho mais breve para o credor de títulos executivos, que é o processo autônomo de execução;

• Não se discute no processo de execução o crédito (o direito material), mas muito mais questões formais;

• Embargos à execução: é um processo incidental de conhecimento e prejudicial à execução em que o devedor do título executivo pretende acabar com a presunção da certeza do direito alegado pelo credor. É a forma que o alegado devedor (executado) tem de discutir o direito material em meio ao processo de execução. Como método cognitivo, os embargos à execução funciona dentro dos procedimentos característicos do processo de conhecimento;

• Não há fase probatória; • Não há sentença de mérito; • Há uma sentença formal com produção de coisa julgada formal, ou seja, meramente

homologatória; • Finalidade: satisfação do título executivo; • Resultado: pagamento, ou seja, a entrega do bem que é objeto da prestação.

❖ Processo cautelar: diante de uma situação em que alguém visa determinado resultado mediante um processo de conhecimento ou de execução e esse resultado encontra-se ameaçado, nasce a necessidade de garantir a utilidade do resultado dos processos de execução e de conhecimento

• O credor não passa a usufruir da tutela requerida no processo principal com o processo cautelar, ou seja, ela não impacta a relação material entre as partes, ao contrário da tutela antecipada, que é satisfativa;

• Não é o objetivo do processo cautelar criar uma vantagem para o autor/exequente em relação ao direito material;

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

• Finalidade: tutela de um processo de conhecimento ou de execução; • Resultado: medida cautelar, ou seja, uma medida conservativa do status quo

patrimonial do devedor; ❖ Processo sincrético (sincretismo processual):

• O CPC/73 tratou os três processos (conhecimento, execução e cautelar) como sendo estanques, ou seja, o processo de execução só se iniciava com o exaurimento completo do processo de conhecimento;

• Processo sincrético é aquele em que se permite numa mesma relação processual (em um mesmo método) que sejam praticados atos típicos de outro processo. Em uma mesma relação processual pratica-se atos de acertamento (cognitivos), de satisfação e de acautelamento em prol do alcance da plenitude da tutela dos direitos;

• A implementação do processo sincrético é a simplificação e a desburocratização do processo brasileiro gradualmente;

• O Novo Código de Processo Civil trouxe muitos avanços em relação ao processo sincrético;

• Procedimentos:

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PROCESSO CPC/73 CPC/15

CONHECIMENTO

U M A

Ú N I

C A

C I T A Ç Ã O

1) FASE POSTULATÓRIA

2) FASE DE SANEAMENTO

3) FASE INSTRUTÓRIA

4) FASE DECISÓRIA

FASE COGNITIVANo CPC/15,

as cinco fases

mencionadas serão

seguidas sem

qualquer exceção.

5) FASE DE CUMPRIMENTO

DE SENTENÇA

Exceções: condenações ao pagamento de valores de

caráter alimentício e condenações à Fazenda

Pública

FASE SATISFATIVA: Adicionada ao processo de

conhecimento com a implantação do

sincretismo processual.

PROCESSO CPC/73 CPC/15

CONHECIMENTO Resultado: sentença

de mérito com produção de coisa

material julgada (título executivo)

Ordinário (o réu é citado para responder a petição

inicial)

Sumário (o réu é citado para comparecer em

audiência de conciliação)

Sumaríssimo

Especiais

Comum

Juizados

Livro IV (a sua finalidade é conceder a efetividade da tutela dos direitos)

Comum (Negócio processual)

Não há mais a distinção entre ordinário e sumário

Especiais (reduzidos em seu espectro de

hipóteses)

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

❖ Teoria das condições da ação e pressupostos processuais: para que o processo cumpra a sua finalidade (a sentença de mérito ou a satisfação/pagamento do título executivo), é necessário que se atenda a requisitos, ou seja, condições mínimas que assegurem a defesa e proporcionem um ambiente adequado de discussão;

• Pressupostos processuais subjetivos: relacionados às partes e ao juiz - Investidura: o juiz precisa estar investido da Jurisdição e a ausência desse

pressuposto configura a inexistência do ato processual, ou seja, o juiz precisa ter passado no concurso e não estar em período de férias ou recesso;

- Competência: o juiz precisa estar investido da parcela adequada da Jurisdição para julgar a causa em questão Absoluta: é cognoscível de ofício pelo juiz e a ausência de competência absoluta configura a nulidade automática de todos os atos decisórios. A inobservância desse critério leva inclusive à desconstituição da coisa julgada material, pela sua gravidade.

Relativa: é vício sanável e, portanto, é prorrogável.

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RELAÇÃO JURÍDICA MATERIAL

RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL

Relação linear Relação triangular

Ex: relação jurídica material de compra e venda

Vendedor ---------- Comprador

Juiz

Autor------------Réu

É descrita na petição inicial por meio da narrativa dos fatos

Art. 485, CPC/73. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente.

PROCESSO CPC/73 CPC/15

EXECUÇÃO

Fazer e não fazer Dar coisa certa ou incerta

Quantia em dinheiro

O rito é feito de acordo com a obrigação contida no título executivo e o erro do rito importa em nulidade de todo o procedimento adotado, não havendo como ser

reaproveitado.

Não há alterações significativas quanto aos

ritos. Há a adoção de uma

série de medidas coercitivas.

CAUTELAR

Procedimento Comum Cautelar Destinado a medidas inominadas.

Procedimento Especial Cautelar Destinado a medidas nomidadas, ou seja, está prevista

no CPC (Livro III). Haverá um procedimento especial para aquela medida determinada.

Não há mais o processo cautelar como gênero

autônomo. Ele é visto como

procedimento, na figura da tutela cautelar.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

- Imparcialidade: é necessário que o juiz não incorra em qualquer das hipóteses de suspeição e impedimento; Impedimento: a existência no processo de um juiz impedido configura nulidade dos atos decisórios e pode ser arguida mesmo depois da extinção da relacão processual, via ação rescisória;

Suspeição: é vício sanável se não arguido na primeira oportunidade. - Capacidade processual (legitimidade ad processum): coincidente com a

capacidade descrita no Código Civil. Se o sujeito é capaz de configurar uma relação jurídica material, ele poderá configurar uma processual;

Incapacidade absoluta: são aqueles desprovidos de capacidade processual, a saber: os menores de 16 anos, os enfermos e doentes mentais que não tem o discernimento necessário para praticar os atos, os que não conseguirem exprimir a sua vontade.

Incapacidade relativa: são aqueles que são relativamente incapazes de praticar determinados atos, a saber: os maiores de 16 anos e os menores de 18 anos, os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, os deficientes mentais de discernimento reduzido, os excepcionais (sem desenvolvimento mental completo) e os pródigos.

- Capacidade postulatória: a lei exige que a parte seja representada, em juízo, por advogado regularmente inscrito na OAB.

- Citação válida:; • Pressupostos processuais objetivos:

- Petição inicial apta: a petição inicial deverá conter os elementos elencados no CPC;

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Art. 3º, CC. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil: I - os menores de dezesseis anos; II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos; III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

Art. 4º, CC. São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; IV - os pródigos.

Art. 319, CPC/15. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

• Questões preliminares ou processuais: guardam relação com os pressupostos processuais e são cognoscíveis de ofício, via de regra;

• A inobservância de um dos pressupostos processuais leva ou à sanação do vício ou a correção por parte do Estado;

• Condições da ação: - Interesse de agir: - Legitimidade das partes (legitimidade ad causam): parte legítima é aquela

que tem a qualidade que diz respeito a titularidade do direito afirmado em juízo, quer seja autora, quer seja ré. Deve haver uma conexão entre os sujeitos da relação jurídica material e as partes que constam na relação jurídica processual;

- A impossibilidade jurídica do pedido leva a uma sentença de improcedência prima facie, com produção de coisa julgada material, e não uma sentença terminativa, constando, portanto, como uma questão de mérito;

- O controle das condições da ação é o controle em abstrato do direito material afirmado na petição inicial e, nesse sentido, as condições da ação são analisadas não mais em um plano puramente processual, havendo análise, em alguma medida, de direito material;

- Via de regra, a ausência de uma das condições da ação leva a uma sentença terminativa, ou seja, o autor pode ingressar novamente com a ação.

❖ Elementos da ação: são aqueles que permitem a distinção de uma determinada ação para outra, individualizando-a. Três elementos da ação podem ser identificados já na petição inicial: as partes, a causa de pedir e o pedido;

• Partes: segundo Chiovenda, partes são aquele que demanda em seu próprio nome e aquele em face de quem se demanda.

Pólo ativo: parte autora é aquela que demanda; Pólo passivo: parte ré é aquela contra quem se demanda.

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Art. 268, CPC/73. Salvo o disposto no art. 267, V [quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de coisa julgada], a extinção do processo não obsta a que o autor intente de novo a ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado.

POLO ATIVO POLO PASSIVO

PROCESSO DE CONHECIMENTO

Autor Suplicante

Demandante

Réu Suplicado

Demandado

PROCESSO DE EXECUÇÃO Exeqüente Executado

PROCESSO CAUTELAR Requerente Requerido

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

• Causa de pedir: são os fatos e os fundamentos jurídicos presentes no pedido e afirmados na petição inicial pela parte autora Causa de pedir remota: é o fato afirmado pelo autor; Causa de pedir próxima: são os fundamentos jurídicos afirmados e relacionados ao fato relatado.

• Pedido: Pedido mediato: é o bem que o autor pretende conseguir com a providência jurisdicional que requer do Estado; Pedido imediato: é o pedido, certo e determinado, de uma providência jurisdicional do Estado.

❖ Prazos: • Prazo decadencial: relacionado a uma pretensão constitutiva (ou seja, aquela que

pretende criar, modificar ou extinguir um estado ou relação jurídica material); • Prazo prescricional: relacionado a uma pretensão condenatória (ou seja, aquela

que requer um comando que imponha uma determinada prestação, aquela que requer a formação de um título executivo).

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

❖ Celeridade e Efetividade: o desafio atual do processo é equacionar a segurança do contraditório e a razoável duração do processo;

• O processo, segundo o CPC/15, é um método de resolução de conflitos, por meio do qual se realizam valores constitucionais, visando a simplificação e a agilização e com o intuito de impedir que se use o processo como método de procrastinação;

• Além disso o processo, visto à luz da Constituição de 1988, é pragmático, em uma fase de "in put", que é a garantia de acesso ao processo. O CPC/15 complementa essa fase trazida pela Constituição democrática de "in put", introduzindo uma segunda fase programática, de "out put", em uma preocupação com a conduta tomada pelas partes durante o processo e consequentemente com a garantia de decisões de qualidade, de um processo de duração razoável. O processo não pode ser, ele próprio, o gerador/retroalimentador do conflito;

• Direito à duração razoável do processo:

• São causas que comprometem a eficiência da jurisdição (a) a gestão do processo, (b) o excesso de litigiosidade presente na sociedade, (c) o executivo fiscal e (d) o excesso de teorização;

• Diretrizes do Novo Código de Processo Civil:

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Art. 4º, CPC/15. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.

I) DA TUTELA PROVISÓRIA

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 1973

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL 2015

TUTELA DE URGÊNCIA (LIMINAR) TUTELA PROVISÓRIA

CAUTELAR (LIVRO III)

ANTECIPADA (ART. 273/461)

TUTELA DE URGÊNCIA (ARTS. 300-310)

TUTELA DE EVIDÊNCIA (ART. 311)

CONSERVATIVA PROCESSO AUTÔNOMO

SATISFATIVA CAUTELAR ANTECIPADA

DURAÇÃO RAZOÁVEL SEGURANÇA

SIMPLIFICAÇÃO CONTRADITÓRIO

CONCILIAÇÃO PRECEDENTES (estabilidade)

RECURSOS QUALIDADE DAS DECISÕES

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

❖ O requerente da tutela provisória age por sua própria conta e risco, ou seja, ele está sujeito a responsabilidade civil objetiva das consequências do cumprimento provisório, seja sob as disposições do CPC/73 ou do CPC/15;

❖ As tutelas provisórias tem um tempo de eficácia no processo e tendem a uma tutela definitiva, com uma sentença de mérito com coisa julgada material. A tutela provisória vigora até que haja a penhora ou o pagamento;

❖ Tutela de urgência e tutela de evidência:

❖ A tutela de evidência, prevista no CPC/15, estava presente no CPC/73 como uma espécie de tutela antecipada, prevista no art. 273, II e §6º;

❖ O recurso cabível contra atos decisórios que versam sobre tutelas provisórias é o agravo de instrumento (art. 1.015, CPC/15), já que trata-se de uma decisão interlocutória, considerando as tutelas analisadas em primeira instância.

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Art. 811, CPC/73. Sem prejuízo do disposto no art. 16, o requerente do procedimento cautelar responde ao requerido pelo prejuízo que Ihe causar a execução da medida: I - se a sentença no processo principal Ihe for desfavorável; II - se, obtida liminarmente a medida no caso do art. 804 deste Código, não promover a citação do requerido dentro em 5 (cinco) dias; III - se ocorrer a cessação da eficácia da medida, em qualquer dos casos previstos no art. 808, deste Código; IV - se o juiz acolher, no procedimento cautelar, a alegação de decadência ou de prescrição do direito do autor (art. 810). Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos do procedimento cautelar.

Art. 302, CPC/15. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se: I - a sentença lhe for desfavorável; II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias; III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal; IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor. Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido concedida, sempre que possível.

TUTELA DE URGÊNCIA TUTELA DE EVIDÊNCIA

Periculum in mora Há o risco

Independe de demonstração de dano

Cautelar e antecipada (art. 294, parágrafo único) Hipóteses taxativas previstas no art. 311

Pode ser antecedente ou incidental É satisfativa De alguma forma vai modificar o status quo da relação jurídica material

Art. 1.015, CPC/15. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre: I - tutelas provisórias.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

(A) DA TUTELA DE URGÊNCIA:

❖ A figura da tutela de urgência trabalha com a ideia de perigo de dano e com o risco gerado pela passagem do tempo e de aguardar toda a fase de acertamento;

❖ Risco direto para o direito material: é eliminado/corrigido através da tutela antecipada; • Há um desequilíbrio na relação jurídica processual; • A satisfação da tutela requerida na petição inicial é antecipada e o postulante passa

a ter acesso ao cumprimento provisório da sentença. ❖ Risco direito para o processo e indireto para o direito material: é corrigido

pela tutela cautelar, que é uma medida meramente conservativa da fotografia patrimonial das partes, com o fim de manter a utilidade do processo em questão; • Não há nenhuma alteração na relação jurídica material entre as partes; • Não é conteúdo das tutelas cautelares a antecipação do acesso de uma das partes

ao direito requerido inicialmente; • São antecipadas fases do processo, mas não o cumprimento da sentença.

❖ Fungibilidade (procedimental) da tutela: a medida de urgência é analisada à luz dos seus requisitos, mesmo que a via eleita tenha sido inadequada.

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TUTELA DE URGÊNCIA NO CPC/73

TUTELA CAUTELAR TUTELA ANTECIPADA

Conservativa: apenas mantém a posição (patrimonial) das partes em defesa da futura utilidade do processo

Satisfativa: altera a posição das partes no plano material

Requisitos: periculum in mora

+ fumus boni iuris

Requisitos (art. 273): periculum in mora

+ verossimilhança das alegações

+ prova inequívoca

A tutela cautelar é deferida com menor rigor, já que não é medida satisfativa.

Há maior rigor para o deferimento da tutela antecipada. Há um juízo de propabilidade e de cognição por parte do juiz que analisa o pedido de tutela antecipada, em observância da relação material.

É uma ação autônoma cautelar. Não há um processo autônomo, o pedido de tutela antecipada é feito na própria ação de conhecimento.

Pode ser requerida a tutela cautelar pode ser requerida tanto no processo de conhecimento quanto no processo de execução.

É absolutamente inadequado que se peça tutela antecipada em processo de execução, já que ela é uma medida de adiantamento da fase satisfativa e seria, portanto, ilógica dentro da fase satisfativa do processo.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

• É uma fungibilidade temporária, já que o autor deverá emendar a petição feita inicialmente, adequando-a;

• Em hipóteses de recebimento de um pedido de tutela antecipada, que deveria ter sido requerido como tutela cautelar, o juiz poderá recebê-lo como pedido inicial em processo cautelar e requerer que o autor proceda à autuação de uma petição inicial em processo de conhecimento. O juiz, alternativamente, poderá receber como processo cautelar e ele mesmo realizar a distribuição da petição para processo de conhecimento.

• Há duas correntes de interpretação quanto à possibilidade de realizar o mesmo procedimento de fungibilidade para a hipótese contrária: uma petição de tutela cautelar que, na realidade, requer uma tutela antecipada.

Teoria de interpretação restritiva: não admite que o dispositivo do art. 273 possa ser adotado em via reversa (pedidos de tutela antecipada feitos em forma de pedido de tutela cautelar) pela excepcionalidade trazida pelo próprio dispositivo. A petição inicial é indeferida por inadequação da via eleita (ausência de uma das condições da ação) e o processo será extinto sem resolução de mérito. Essa teoria se baseia no princípio da adistrição (ou da congruência), em que a resposta do juiz deve estar estritamente contida no pedido, sob pena de sentença ultra , extra ou 2 3

citra petita ; 4

Teoria de interpretação ampliativa: admite que há essa possibilidade de fungibilidade em via reversa, adimitindo-se que na hipótese de haver um pedido de tutela antecipada feita nos moldes de um pedido de tutela cautelar pode ser aplicada a fungibilidade disposta no art. 273, § 7º, CPC/73

- Primeira sub-teoria: entende que só poderá haver a fungibilidade na hipótese de pedido incidental de tutela cautelar. Basta, então, que o requerimento liminar seja encaminhado ao processo principal já existente. Dessa forma, o juiz analisa a petição, extingue o processo cautelar enquanto processo autônomo e recebe a petição como endereçada ao processo principal;

Sentença ultra petita: quando o magistrado concede a tutela jurisdicional correta, entregando o bem da vida perseguido pelo autor, 2

sobrepujando, contudo, a sua quantidade.

Sentença extra petita: quando o juiz conceder algo diverso do pedido formulado na inicial; quando o magistrado se utilizar de 3

fundamento de causa de pedir não ventilada pelas partes; ou quando a sentença atingir terceiro estranho à relação jurídica processual instaurada, deixando de decidir em relação a quem dela participou.

Sentença citra ou infra petita: é aquela que não decide todos os pedidos realizados pelo autor, que deixa analisar causa de pedir 4

ou alegação de defesa do demandado ou que não julga a demanda em relação a todos os sujeitos processuais que dela fazem parte

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Art. 273, § 7º, CPC/73. Se o autor, a título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar, poderá o juiz, quando presentes os respectivos pressupostos, deferir a medida cautelar em caráter incidental do processo ajuizado.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

- Segunda sub-teoria: entende que mesmo em casos de pedido cautelar não incidental, o pedido poderá ser recebido como pedido antecedente. Nessa hipótese, juiz recebe o pedido como petição inicial em processo de conhecimento e despacha pedido complementação dos pedidos em relação aos requerimentos principais (tutela definitiva). As custas são aproveitadas pelo juiz e o processo, incialmente distribuído como ação cautelar autônoma, passa a ser autuado como processo de conhecimento.

• É importante ressaltar que a instituição da fungibilidade não caracteriza um método de sincretismo processual.

❖ Em hipótese de ajuizamento de ação cautelar antes de haver uma ação principal, o CPC/73 prevê que deve ser protocolada a petição inicial do processo de conhecimento ou de execução em, no máximo, 30 dias após a protocolização da petição inicial cautelar;

❖ O CPC/15 eliminou o processo cautelar como um terceiro gênero processual. Admite-se que a situação de risco em que caiba tutela cautelar seja remediada por requerimento feito em uma simples petição incidental nos próprios autos do processo de conhecimento, não sendo mais necessário que a parte autue um novo processo, relacionado a novas citações, novos pagamentos de custas, etc. Permanece a mesma relação processual;

❖ Em caso de o requerimento cautelar ser anterior ao pedido principal, o CPC/15 dispõe que deverá ser protocolada a petição inicial cautelar e, no mesmo prazo de 30 dias, deverá ser aditado o pedido principal (seja cognitivo ou seja executivo) mediante petição feita nos próprios autos já existentes. Como na hipótese de pedido cautelar incidental, mantém-se a mesma relação processual, os mesmos autos, não há necessidade de nova citação nem de novo pagamento de custas processuais;

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Art. 295, CPC/15. A tutela provisória requerida em caráter incidental independe do pagamento de custas.

Art. 296, CPC/15. A tutela provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer tempo, ser revogada ou modificada. Parágrafo único. Salvo decisão judicial em contrário, a tutela provisória conservará a eficácia durante o período de suspensão do processo.

INCIDENTAL SIMPLES PETIÇÃO

ANTECEDENTE

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

❖ Tempo de eficácia das tutelas provisórias: se as medidas provisórias não forem expressamente modificadas ou revogadas por um ato decisório até que se realize o ato que elas visavam proteger do risco;

❖ O juiz não pode, sob nenhuma hipótese, deferir um pedido de tutela provisória de ofício, ou seja, sem que a haja requerimento da parte;

❖ Tutelas de urgência no CPC/73: • Tutela antecipada:

• Tutela específica: é determinada diante de um ilícito contratual; • Tutela inibitória: é determinada diante de ilícitos extra-contratuais.

❖ Por outro lado, a tutela provisória no CPC/15 se subdivide em tutela de urgência e tutela de evidência, sendo que a de urgência ainda se classifica em tutela cautelar e tutela antecipada. Na tutela de evidência, ao contrário da tutela de urgência que busca remediar um risco ao processo ou ao direito material, busca-se remediar as injustiças que podem ser frutos da passagem do tempo;

❖ Requisitos no CPC/15: apesar de alguns doutrinadores cogitarem a unificação total dos requisitos para todas as espécies de tutela de urgência, uma vez que o juiz continuará a analisar de maneira distinta pedidos de tutela antecipada dos pedidos de tutela cautelar, pela sua própria natureza, na medida em que uma é meramente conservativa e outra é satisfativa e, nesse sentido, deve ser analisada com muito mais rigor.

• Probabilidade do direito: a análise do juiz será diferente para pedidos de tutela cautelar e antecipada, já que pretendem proteger direitos de natureza distintas, uma vez que a tutela antecipada aplica-se para a contenção do risco ao direito material discutido, enquanto que a tutela cautelar é meramente conservativa, protegendo o direito à formulação do pedido principal. O rigor para o deferimento de tutelas cautelares continuará a ser menor;

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Art. 273, CPC/73. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória. Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber.

Art. 300, CPC/15. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. § 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

(B) DA TUTELA DE EVIDÊNCIA ❖ A tutela de evidência vem para remediar uma possível injustiça que pode ser causada

pelo risco de se aguardar o fluxo normal do andamento do processo; ❖ Responsabilidade pela tutela de evidência concedida, mas posteriormente revogada: ❖ Não há que se provar, para a concessão de tutela de evidência, o perigo ou risco de

dano; ❖ A tutela de evidência pressupõe a existência de formulação de um pedido principal; ❖ Toda tutela provisória pode ser deferida em qualquer momento do processo até que se

transite em julgado a sentença; ❖ Hipóteses de tutela de evidência no CPC/73:

• Julgamento antecipado da lide e tutela de evidência:

❖ Hipóteses de tutela de evidência no CPC/15:

• A partir da petição inicial: é possível o requerimento de tutela de evidência desde a interposição da petição inicial nos casos elencados no art. 311, II (fatos provados exclusivamente por documentos em caso de tese já firmada em casos repetitivos) e III (pedido reipersecutório); - Pedido reipersecutório: pedido de busca e apreensão (adequado para causas

que envolvem contratos de depósito).

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Art. 273, CPC/73. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória. Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber.

Art. 311, CPC/15. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando: I - ficar caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte; II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante; III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa; IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

CPC/73

IMPROCEDÊNCIA LIMINAR TUTELA DE EVIDÊNCIA

Art. 285-A. Quando a matéria controvertida for unicamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de total improcedência em outros casos idênticos, poderá ser dispensada a citação e proferida sentença, reproduzindo-se o teor da anteriormente prolatada.

Art. 273, II. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório do réu.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

• A partir da defesa do réu: já os pedidos dispostos no art. 311, I (abuso de direito e manifesto propósito protelatório) e IV (apresentação de provas suficientes pela parte autora sem que a ré tenha sido capaz de provocar dúvida razoável) só podem ser queridos após o oferecimento de defesa por parte do réu.

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CPC/15

IMPROCEDÊNCIA LIMINAR TUTELA DE EVIDÊNCIA

Art. 332. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.

Art. 311, II. A tutela da evidência será concedida […] quando as alegações de fato p u d e r e m s e r c o m p r o v a d a s a p e n a s documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante

Incidente de resolução de demandas repetitivas: é uma técnica de valorização do precedente.

Há uma sentença de mérito. Há uma decisão em tutela provisória (decisão interlocutória)

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(C) DAS TÉCNICAS DE EXECUÇÃO INDIRETA

❖ As técnicas de execução indireta buscam dar efetividade para as decisões judiciais na hipótese de descumprimento de decisões, na medida em que se estimule o cumprimento das decisões judiciais;

❖ Poder mandamental do juiz: o juiz poderá determinar que sejam cumpridas todas as suas decisões, sob pena de o indivíduo incorrer no crime de desobediência, em preserva ao poder das decisões;

• Decisões condenatórias stricto sensu: geram um processo autônomo de execução;

• Decisões condenatórias executivas lato sensu: são aquelas decisões que trazem, dentro do processo cognitivo, capacidade executória, possibilitando que o juízo determine, desde logo, e independentemente de qualquer outra providencia, a entrega do bem da vida objeto da lide, isto porque o provimento jurisdicional tem

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Art. 297, CPC/15. O juiz poderá determinar as medidas que considerar adequadas para efetivação da tutela provisória. Parágrafo único. A efetivação da tutela provisória observará as normas referentes ao cumprimento provisório da sentença, no que couber.

Art. 139, CPC/15. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive as ações que tenham por objeto prestação pecuniária.

ESPÉCIE DE CONDENAÇÃO TÉCNICA DE EXECUÇÃO INDIRETA (CPC/73)

TÉCNICA DE EXECUÇÃO INDIRETA (CPC/15)

PECUNIÁRIA Penhora (execução direta da decisão)

O CPC/15 inova ao permitir que haja o protesto da sentença condenatória e a possibilidade de inserção no SPC e no Serasa, para sentença transitada em julgado.

FAZER/NÃO FAZER

Não há técnica de execução direta, a menos que se trate de recusa em assinatura de contrato em hipótese de haver um pré-contrato, em que a sentença será considerada como a declaração de vontade. Aplica-se a multa astreinte.

O CPC/15 prevê a prisão por crime de deseobediência no caso de descumprimento de sentença condenatória a fazer/não fazer (no caso de sentença definitiva).

DAR COISA QUE NÃO SEJA DINHEIRO

Busca e apreensão para bens móveis Imissão da posse para bens imóveis Há mandado e uso de força policial.

Não houve mudança significativa no CPC/15, a não ser quanto a p rev i são de ap l i cação de astreinte.

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caráter executório. Assim, dispensam uma ação autônoma, há, nos próprios autos, a simples ordenação para a entrega do bem/coisa;

• Decisões condenatórias mandamentais: têm por objetivo principal a busca de uma ordem do juízo para que se faça ou deixe de fazer alguma coisa, de acordo com o sentido da pretensão deduzida. São, geralmente, as decisões em Mandado de Segurança e em Ação de Modificação de Registro Público e quando descumpridas podem implicar na condenação da parte por crime de desobediência ; 5

❖ Multa astreinte: multa diária por descumprimento de decisão judicial. Tem caráter essencialmente processual e é cumulativa com a indenização por penas e danos, já que não tem caráter de recompor o que foi perdido pela parte, mas de penalizar aquele que não cumpre as decisões judiciais; • É aplicada, geralmente, na hipótese de haver descumprimento de decisões em tutela

provisória; • Possibilidade de uso de astreinte em condenações pecuniárias:

- Sim: como a astreinte é de natureza processual e se dá em razão do descumprimento da decisão judicial e não da obrigação, não haveria problemas em aplicá-la também no caso de sentenças de natureza pecuniária. No CPC/15, os defensores do uso da astreinte na hipótese de pagamento de soma em dinheiro alegam que essa aplicação seria autorizada pelo art. 139, IV, CPC/15;

- Não: a fixação de astreinete é inócua, uma vez que já existem métodos adequados para desestimular o descumprimento de sentenças que determinam o pagamento de soma em dinheiro, a saber (a) o pagamento de multa fixa de 10% ; (b) os juros de 6

mora (1% a.m. ou aplicação da taxa SELIC) e (c) a aplicação do INPC. Haveria, portanto, a cumulação de duas multas de mesma natureza, o que, segundo a professora, atentaria contra o sistema processual brasileiro. É essencial que se interprete o art. 139, IV, CPC/15, sistematicamente e não literalmente, já que interpretá-lo como uma autorização de uso de astreinte em condenação de caráter pecuniário seria extremamente ilógico.

• Termo de exigibilidade da multa astreinte em tutela provisória: - Imediata: é a corrente minoritária atualmente, que alega que a partir do

descumprimento, pode-se ser executada a astreinte;

Art. 330, Código Penal. Desobedecer a ordem legal de funcionário público. Pena: detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.5

Art. 475-J, CPC/736

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Art. 139, CPC/15. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;

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- Diferida: havendo a fixação de astreinte, ela não pode ser cobrada imediatamente. A partir do descumprimento ela já se torna devida, mas só pode ser executada depois que a tutela provisória for confirmada em definitivo, cobrando-se, nesse caso, retroativamente por todo o período de mora do devedor;

- O CPC/15 criou uma solução mista das correntes anteriores, em que a astreinte já pode ser cobrada desde o momento do descumprimento da tutela, mas só pode ser levantada pelo credor quando da sentença definitiva.

• Termo inicial: o termo inicial da multa diária é o primeiro dia do não cumprimento da decisão;

• Termo final: o termo final da multa astreinte é o inadimplemento absoluto da obrigação (quando a obrigação já não é mais útil para o credor), ou seja, quando a prestação em questão torna-se inútil, torna-se inútil também a cobrança de uma multa astreinte, considerando que sendo inútil a obrigação, não há como obrigar, via multa, o devedor a cumpri-la, passando o caminho do credor a ser o das perdas e danos. É fundamental reforçar que a astreinte tem finalidade acessória, dedicando-se a preservar a utilidade do processo e da prestação.

• Revisibilidade: a multa astreinte tem alta revisibilidade, não se submetendo à coisa julgada, como a sentença de mérito.

- H

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Art. 461, §4º, CPC/73. O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito.

Art. 537, CPC/15. A multa independe de requerimento da parte e poderá ser aplicada na fase de conhecimento, em tutela provisória ou na sentença, ou na fase de execução, desde que seja suficiente e compatível com a obrigação e que se determine prazo razoável para cumprimento do preceito. § 1º O juiz poderá, de ofício ou a requerimento, modificar o valor ou a periodicidade da multa vincenda ou excluí-la, caso verifique que: I - se tornou insuficiente ou excessiva; II - o obrigado demonstrou cumprimento parcial superveniente da obrigação ou justa causa para o descumprimento.

Art. 537, §3º, CPC/15. A decisão que fixa a multa é passível de cumprimento provisório, devendo ser depositada em juízo, permitido o levantamento do valor após o trânsito em julgado da sentença favorável à parte ou na pendência do agravo fundado nos incisos II ou III do art. 1.042.

Art. 537, §4º, CPC/15. A multa será devida desde o dia em que se configurar o descumprimento da decisão e incidirá enquanto não for cumprida a decisão que a tiver cominado.

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(D) DA ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ❖ Nos moldes do CPC/73, para que uma mão tenha autorização para abortar um feto

anencéfalo (ou tutelas analogamente auto-satisfativas), tecnicamente haveria que haver o processo de conhecimento com uma sentença declaratória e com pedido de tutela antecipada, mas o que a parte autora quer é meramente uma resposta pontual, mediante uma técnica menos morosa. Criou-se, então, uma medida cautelar satisfativa, que, cumprida, exaure-se e não há mais sentido em prosseguir com o feito e ajuizar uma ação principal;

❖ Em situações em que a medida de urgência já exaure definitivamente o que a parte autora requer (casos de aborto, transfusão de sangue, cirurgias e outros pedidos geralmente relacionados ao direito à vida e à saúde) e dispensa a continuidade do processo, foi moldado o instituto da tutela antecipada antecedente;

❖ Na tutela antecipada antecedente pelas previsões do CPC/15, a parte requer apenas a medida de urgência satisfativa. A partir do CPC/15, a parte, então, poderá requerer perante juízo algo diferente de uma sentença de mérito, mas apenas uma decisão interlocutória;

❖ Não concedida a tutela requerida pela parte autora e havendo a dedução (mesmo que por mera indicação de que haverá futuramente) de um pedido principal, o processo retomará o procedimento cognitivo comum, a fim de que se alcance uma sentença de mérito;

❖ No caso de o requerimento do autor se restringir a estabilização da tutela, requerendo apenas a tutela antecipada em caráter antecedente, sem deduzir um pedido principal (nem futuro) na petição inicial, a decisão que indeferir essa tutela será uma sentença extintiva do processo com resolução de mérito, recorrível, portanto, por apelação;

❖ Por outro lado, sendo concedida a tutela requerida e não havendo recurso da parte ré, a tutela restará estabilizada:

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Art. 303, CPC/15. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.

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❖ A tutela estabilizada por não interposição de recurso pela parte ré só poderá ser alterada pelo ajuizamento de nova ação, no prazo de 2 anos. Após o prazo de dois anos há divergência quanto ao caráter da decisão, formando-se duas correntes doutrinárias:

I. Forma-se coisa julgada material, cabendo a interporsição de ação rescisória (pelo prazo também de 2 anos); II. A decisão que estabilizou a tutela torna-se imutável e, portanto, definitiva e irrecorrível.

❖ O ato decisório que estabiliza a tutela não faz coisa julgada; ❖ Resumo esquemático:

❖ Críticas à estabilização da tutela: o CPC/15 desvirtuou a própria premissa da estabilização da tutela provisória, uma vez que é um instituto pensado para ser da vontade da parte autora e restou condicionada à não interposição de recurso pela parte ré • A coisa julgada é, em si mesma, uma fonte para a demora da prestação

jurisdicional; - Inconformismo natural da parte e a sucessão de recursos; - Custo da cognição plena.

• Direito de ação hoje é visto numa dimensão mais ampla como: - Direito de provocar e obter a cognição exauriente com uma sentença de mérito

com coisa julgada material;

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Art. 303, § 1º, CPC/15. Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo: I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confirmação do pedido de tutela final, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fixar; II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do art. 334; III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335.

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- Direito de provocar e obter a cognição provisória com a estabilização da tutela concedida.

❖ A estabilização é uma técnica de sumarização da prestação jurisidicional, em que se dispensa o processo de conhecimento e a sentença de mérito com coisa julgada material;

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

❖ As fases que compõem o procedimento comum são dispostas logicamente, mas diante do caso concreto, como será estudado posteriormente, as fases podem ser simplificadas e suprimidas;

❖ Há duas espécies de procedimento comum: • Procedimento comum sumário: é obrigatória uma audiência preliminar para o qual

o réu será citado para comparecer e se defender, que pode ser usada para fins de saneamento. O procedimento sumário não permite a produção de provas complexas.

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II) PROCEDIMENTO COMUM:

CPC/73 CPC/15

FASE COGNITIVA

1) FASE POSTULATÓRIA

2) FASE DE SANEAMENTO

3) FASE INSTRUTÓRIA

4) FASE DECISÓRIA

O que o NCPC traz de novo em relação ao processo de conhecimento não são as fases, mas os atos que as

compõem

FASE SATISFATIVA 5) FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

FASES ATOS

1) FASE POSTULATÓRIA:Petição Inicial Resposta do réu

Ocorre a delimitação do objeto da lide.

2) FASE SANEADORA: Provisões preliminares Despacho saneador

3) FASE PROBATÓRIA:

Fase pericial: ocorre quando o fatos relevantes à lide exigem conhecimento técnico para serem comprovados, com a produção de um laudo técnico; Audiência de Instrução e Julgamento: produção de prova oral, com os depoimentos pessoais das partes, os esclarecimentos do perito e a prova testemunhal.

4) FASE DECISÓRIA: Sentença (feita dentro dos limites estabelecidos na fase postulatória)

5) FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

Art. 275, CPC/73. Observar-se-á o procedimento sumário: I - nas causas cujo valor não exceda a 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo; II - nas causas, qualquer que seja o valor a) de arrendamento rural e de parceria agrícola; b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução; f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial; g) que versem sobre revogação de doação; h) nos demais casos previstos em lei.

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- Hipóteses: as causas podem ser submetidas a esse procedimento se o seu valor for de até 40 salários mínimos ou, independentemente do valor da causa, ela estiver prevista no rol do art. 275;

• Procedimento comum ordinário: ❖ Na prática forense, não se vê o uso do procedimento sumário, apenas do ordinário,

principalmente em razão de não haver pauta para a audiência preliminar. Em atenção a isso, o NCPC aboliu essa subdivisão existente dentro do procedimento comum.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

(A) PETIÇÃO INICIAL: ❖ A petição inicial é uma peça técnica, submetida a requisitos formais, que serão

analisados antes da citação do réu e deve ser preenchidos sob pena de ser declarada inepta a petição e se não emendada dentro do prazo, sob pena de haver uma sentença terminativa (art. 267, I);

❖ Requisitos para aptidão da petição inicial: • Requisitos formais:

- Havendo a constatação de um vício formal, o juiz ordenará a sua emenda. Não sendo emendada, haverá uma sentença extintiva da ação;

• Controle de conteúdo: haverá, além do controle formal dos requisitos elencados no CPC, o controle do conteúdo destes mesmos requisitos; (A) Endereçamento da petição inicial (juízo competente): via de regra, a competência originária para ajuizamento de ação é a primeira instância, sendo que a segunda instância e os Tribunais Superiores são acessados via impulso recursal.

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Art. 282, CPC/73. A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu.

Art. 319, CPC/15. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.

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A parte, então, deverá endereçar a petição para a comarca (no caso de ser competência da Justiça Estadual) ou a seção (no caso da Justiça Federal) adequadas, de acordo com a Lei de Organização Judiciária;

Entretanto, há causas, legalmente expressas na Constituição Federal ou nas constituições estaduais, em que a competência originária é de um juízo de segunda instância ou de um tribunal superior;

É importante ressaltar que o endereçamento para o juízo absolutamente incompetente é requisito válido para que a sentença prolatada seja anulada em ação rescisória, já que acarreta nulidade absoluta.

(B) Indicação das partes: caracterização de quem integra os polos ativo e passivo, indicando todas as informações exigidas pelo CPC. O CPC/15 passou a exigir que a parte indique o próprio CPF ou CNPJ e o da parte ré, em uma medida que visa evitar a fraude contra credores e a criação de um sistema único de consulta de partes em processo. A indicação das partes integra a análise da legitimidade ad processum e a 7

legitimidade ad causam das partes; 8

- Verificação de vício na indicação das partes: Corrente majoritária (CPC/73): constatado o vício na legitimidade das partes,

na vigência do CPC/73, antes de ser citada a parte ré, haverá a extinção prematura do processo, mediante prolação de uma sentença terminativa, nos termos do art. 267, I, com o pagamento apenas das custas; Entretanto, se o vício só for constatado após a citação do réu, haverá uma sentença terminativa, sem resolução do mérito, nos termos do art. 267, VI, com o pagamento dos ônus sucumbenciais (custas e honorários advocatícios);

Corrente minoritária (CPC/73): no que tange erros de legitimidade passiva, poderá haver a emenda da inicial, para que não se onere a parte com a necessidade do ajuizamento de nova ação e o consequente pagamento de novas custas processuais;

CPC/15: adotou a corrente minoritária existente na vigência do CPC/73 como regra, ou seja, em casos de ilegitimidade ativa, será extinto o processo, mas em casos de ilegitimidade passiva, será concedida à parte autora a possibilidade de emenda da inicial;

- Litisconsórcio: é a pluralidade de partes em um dos polos da relação processual

VER A PARTE DE REVISÃO DO CADERNO (PÁGINA 7)7

VER A PARTE DE REVISÃO DO CADERNO (PÁGINA 8)8

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LITISCONSÓRCIO ATIVO LITISCONSÓRCIO PASSIVO LITISCONSÓRCIO MISTO

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

Classificação quanto à obrigatoriedade de participação: ❖ Litisconsórcio necessário: o litisconsórcio será necessário por força de lei ou, 9

na maioria das vezes, pela natureza da relação jurídica controvertida (exigindo, portanto, uma análise de direito material e não de direito processual). Assim, deverá haver a pluralidade de partes sob pena de ser inútil a sentença futuramente dada (inutilitev data), ou seja, não produz nenhum efeito. O litisconsórcio necessário é sempre inicial, nunca superveniente à ação, para que seja garantido o contraditório e, nesse sentido, se emitida sentença, mas ausente algum dos litisconsortes necessários, ela será cassada para que o autor emende a inicial, para que seja incluído e citado o litisconsorte;

• É importante ressaltar que o juiz, hora alguma, suprime o direito de agir da parte. Nesse sentido, ele não inclui, por ele mesmo, a parte necessária que não estava presente na petição inicial, ele meramente sinaliza, recomenda e aconselha que a parte autora promova essa inclusão, sob pena de indeferimento da petição inicial e, consequentemente, de uma sentença terminativa, nos termos do art. 267, I, CPC/73 e do art. 485, I, CPC/15;

• A inclusão, apesar da recomendação do magistrado, fica a cargo da decisão da parte que detém o direito de agir, que pode optar por não litigar contra determinadas pessoas, mesmo que elas sejam litisconsortes necessárias, preferindo que a ação tenha uma sentença extintiva.

• Já quando o erro no polo passivo é constatado depois de ter sido recebida a petição inicial, o juiz recomendará a emenda sob pena de haver uma sentença sem resolução de mérito, nos termos do art. 267, IV, CPC/73 e do art. 485, IV, CPC/15;

Art. 6º da Lei de Ação Popular: prevê o litisconsórcio necessário passivo entre todos aqueles que se beneficiaram do ato e que 9

concorreram para a concretização ato, na hipótese de danos contra o patrimônio público.

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Art. 47, parágrafo único, CPC/73. O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo.

Art. 115, parágrafo único, CPC/15. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do processo.

Art. 267, I, CPC/73. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I - quando o juiz indeferir a petição inicial.

Art. 267, IV, CPC/73. Extingue-se o processo, sem resolução de mérito: I - quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

• O único ato que se preserva diante da constatação de ausência de um dos litisconsortes necessários é o de citação dos demais réus.

❖ Litisconsórcio facultativo: não há a obrigatoriedade de participação de todos os sujeitos da relação jurídico material para que a sentença seja eficaz. O litisconsórcio facultativo não precisa ser inicial, podendo ser também superveniente. • No caso de obrigação solidária, não é necessário o litisconsórcio passivo entre

os co-devedores solidários, uma vez que, no plano do direito material, é facultado ao credor cobrar apenas de um dos devedores a totalidade do crédito. Entretanto, na hipótese de a ação ter se formado apenas contra um dos devedores, este devedor poderá usar do instituto do chamamento ao processo (durante o prazo concedido para a defesa da parte ré), em que o outro devedor será chamado a compor a lide, para que seja parte, em litisconsórcio passivo superveniente;

• Não sendo chamado a compor o processo, o co-devedor solidário, interessado na improcedência da ação (considerando que haverá futura ação de regresso do réu contra ele), poderá se tornar parte no processo, como assistente litisconsorcial.

Classificação quanto à incindibilidade da decisão para todos os litisconsortes: ❖ Litisconsórcio unitário: há uma solução uniforme para todos os litisconsortes,

ou seja, a sentença deve ser idêntica para todos eles. Há uma análise do conteúdo da sentença;

❖ Litisconsórcio simples: ocorre quando, apesar de plurais um dos polos, a solução conferida judicialmente pode ser diferente para cada um deles.

A questão do "litisconsórcio ativo necessário": ❖ Na hipótese de haver um conflito incindível de direito material que implicaria na

necessidade de um litisconsórcio ativo (entre A e B), como, por exemplo, na hipótese de revisão de um contrato ou na previsão do art. 10 do CPC/73 , os co-10

autores (A e B) podem espontaneamente ajuizar a ação juntos. Exemplo:

Art. 10, CPC/73. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versam sobre direitos reais 10

imobiliários.

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

❖ O problema está, no entanto, quando falta alguém que deveria compor o polo ativo, comprometendo a eficácia da sentença. Entretanto, não se pode falar tecnicamente em litisconsórcio ativo necessário, uma vez que não se pode obrigar compulsoriamente ninguém a ajuizar ação;

❖ Nesse caso, na petição inicial, o autor (A) deverá pedir pela citação tanto daquele que já figuraria como réu (C) na ação quanto daquele que seria co-autor (B), considerado, nos termos do art. 283 do CPC/15, um interessado. Citado o B, ele poderá optar, no prazo de resposta dos réus, por compor o polo ativo, aderindo às razões do autor ou acrescentando algo a elas, ou passivo da ação, apresentando contestação. Havendo a revelia da parte, ela será considerada ré;

❖ É importante ressaltar que a solução apresentada anteriormente já era a adotada pela doutrina na vigência do CPC/73, o que o NCPC fez foi melhorar a redação da norma processual;

❖ No caso dos cônjuges, entretanto, em proteção à instituição da família, a solução concedida pelo código é distinta. A primeira delas é a possibilidade de um cônjuge autorizar o outro a litigar por ele, denominada outorga conjugal (outorga uxória e outorga marital).

❖ Ainda, se recusando o cônjuge a autorizar que o outro litigue, há um novo procedimento: o suprimento. Não sendo justificada a recusa do cônjuge, a outorga será suprida judicialmente.

❖ Em situações de urgência, o pressuposto processual é flexibilizado para que seja concedida a medida primeiramente e, depois, regularizada a situação processual, como é feito com a ausência de procuração;

Litisconsórcio necessário passivo: ❖ A sentença só pode produzir efeitos para quem foi assegurada a participação na

relação jurídico processual e para quem foi garantido o direito do contraditório; ❖ A ausência de um dos litisconsortes necessários faz com que os atos decisórios

não sejam passíveis de produzir efeitos e as consequências jurídicas variam de

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Art. 238, CPC/15. Citação é o ato pelo qual são convocados o réu, o executado ou o interessado para integrar a relação processual.

Art. 10, CPC/73. O cônjuge somente necessitará do consentimento do outro para propor ações que versem sobre direitos reais imobiliários.

Art. 37, CPC/73. Sem instrumento de mandato, o advogado não será admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte, intentar ação, a fim de evitar decadência ou prescrição, bem como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes. Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do juiz.

Art. 11, CPC/73. A autorização do marido e a outorga da mulher podem suprir-se judicialmente, quando um cônjuge a recuse ao outro sem justo motivo, ou lhe seja impossível dá-la.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

acordo com a fase em que e detectada essa ausência de pressuposto processual:

❖ Tanto o CPC atual quanto o novo admitem, no entanto, a improcedência liminar do pedido , sustentados sobre o fato de que a improcedência é favorável ao réu e, 11

se não o prejudica, não precisa ser anulado. Litisconsórcio na dinâmica do processo: ❖ Direito societário:

• Aumento de capital (em sociedades de capital ou de pessoas): na hipótese de um dos sócios (acionista minoritário) pretender anular a decisão tomada em assembleia para aumentar o capital social e, assim, ajuizar ação, ele deverá entrar unicamente em desfavor da pessoa jurídica. Isso ocorre porque, na medida em que a pessoa jurídica expressa-se mediante seus órgãos e suas

A improcedência liminar do pedido é feita antes de haver qualquer participação da parte ré, que só é intimada/citada quando da 11

interposição de recurso de apelação da parte autora, para contrarrazoar.

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FASES CONSEQUÊNCIAS (CPC/73)

Após a sentença de procedência

A relação jurídico processual é nula ab initio e todos os atos processuais também o são, havendo a necessidade de se retroceder o processo ao seu momento inicial para que o autor emende a inicial com a participação do litisconsorte necessário.

Após sentença de

improcedência

Duas correntes: - Primeira corrente: à luz da teoria das nulidades processuais e do princípio da

instrumentalidade do processo, não seria possível anular a sentença visto que não há prejuízos ao litisconsorte que não participou do processo. Esse litisconsorte não tem interesse na anulação da sentença, porque ela já lhe favorece;

- Segunda corrente (mais adequada, segundo a Professora): mesmo que a sentença seja favorável ao réu, o resultado de improcedência é incerto, não se pode assegurar que o resultado final será favorável ao litisconsorte que não é parte. Assim, por estar na pendência da relação jurídico processual, deve haver a anulação quando identificado o vício. Como a nulidade da relação jurídico processual é ab initio, não há que se falar no princípio da instrumentalidade das formas processuais (art. 249, p2).

A segunda corrente foi a adotada pelo CPC/15, já que não se diferencia mais, para fins de anulação quando há vício referente a litisconsórcio necessário, a sentença de mérito de improcedência e de procedência.

Após trânsito em julgado de sentença de procedência

Via de regra, ninguém deve sofrer os efeitos de uma sentença fruto de um processo em que não participou (à exceção daquele que adquire bem litigioso). A sentença é resultado de uma relação nula e seus efeitos não podem persistir. Vício transrescisório: é aquele que pode ser arguido a qualquer tempo (mesmo após o prazo de 2 anos da ação rescisória) e a qualquer momento, via impugnação ao cumprimento de sentença e ou por querella nulitatis (ação declaratória de nulidade da relação processual). São aqueles, via de regra, relacionados ao nascimento da relação jurídico processual. Nesse sentido, a ausência de litisconsorte necessário vem sendo considerada como vício transrescisório.

Após trânsito em julgado de sentença de

improcedência

Duas correntes: Primeira corrente (majoritária): o processo, enquanto caráter instrumental, terá suas nulidades apreciadas enquanto subsistir prejuízo para a parte que os alega. Segunda corrente (formalista): como o vício é do nascimento da relação jurídico processual, a sentença pode ser anulada. Seria extremamente incomum que a parte, por prestígio pelo debate, entrasse com pedido de declaração de nulidade e a parte autora não pode se beneficiar de nulidade a que ela mesma deu causa. O essencial é avaliar o prejuízo concreto às partes.

DIREITO PROCESSUAL CIVIL II

deliberações, a decisão assemblear é um ato da sociedade e não de seus sócios individualmente. Assim, nesse caso, não se cogita a hipótese de haver litisconsórcio passivo, já que quem vai ser afetado juridicamente de maneira direta pelos atos decisórios será a sociedade e não os sócios, que só serão 12

impactados reflexamente; - Seria diferente se a pretensão do sócio fosse a responsabilização civil (como no

caso de apuração de fraude, nulidade por abuso de controle ou de qualquer outro ato que possa ser imputado diretamente a um sócio), já que aí sim seria essencial que houvesse a individualização de cada sócio e, portanto, a ação seria ajuizada contra cada um em litisconsórcio necessário com a pessoa jurídica;

- Entretanto, a partir do momento em que a pretensão é a desconstituição de um ato da pessoa jurídica, é ela quem deve figurar no polo passivo da relação jurídico processual.

• Exclusão de sócio em sociedade de pessoas: em assembleia, deliberou-se no sentido de excluir um dos sócios e esse sócio quer, em juízo, questionar a validade dessa deliberação, discutindo-se o seu conteúdo. Deve-se analisar se houve uma dissolução parcial ou total da affectio societatis , em alteração ao 13

contrato social inicial. Dessa forma, todos os sócios devem ser parte na relação jurídico processual. Há uma discussão doutrinária sobre a participação da pessoa jurídica nessa relação jurídico processual:

(1) O litígio só alcança reflexamente a sociedade. Alegando que a discussão da exclusão de um sócio é afeta apenas a relação das pessoas, essa corrente, hoje majoritária, entende que a pessoa jurídica não é parte legítima para compor o polo passivo da relação jurídico processual, sendo legitimados apenas os sócios; (2) O litígio afeta diretamente o patrimônio da pessoa jurídica. Essa segunda corrente defende como que aquele sócio que é retirado tem direito a apuração de haveres, há um impacto direto ao patrimônio da sociedade. Assim, a pessoa jurídica, assim como os outros sócios, é legítima para integrar o polo passivo da relação jurídico processual.

• Exclusão de sócios em sociedade capital: nesse caso, a exclusão de um dos sócios ano impacta a existência da sociedade e, portanto, quem comporá o polo passivo de ação que questione essa decisão será a pessoa jurídica;

Nesse sentido, cabe ressaltar que só é parte legítima aquele que tem sua esfera jurídica diretamente afetada pelos atos decisórios 12

que virão a ser proferidos no processo.

É, segundo Marlon Tomazette, a vontade de cooperação ativa dos sócios, a vontade de atingir um fim comum13

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• Ação uti universi: o sócio, na inércia da administração da sociedade, ajuiza uma ação em substituição à pessoa jurídica da sociedade, em que a pretensão, se julgada procedente traz bônus para o patrimônio da sociedade e não diretamente para o sócio;

• Ação uti singuli: ocorre no caso em que a assembleia delibera contra o ajuizamento de ação e, mesmo assim, o(s) acionista(s) minoritário(s) (que deve representar 5% do capital social) ingressa(m) em juízo em defesa dos interesses da S.A. Nessa hipótese não há substituição processual.

❖ Comunhão de direitos: qualquer uma das partes pode, em juízo, representar o direito de todos, sob o instituto da substituição processual, pela legitimação extraordinária. Assim, há litisconsórcio facultativo, mas unitário, em que a parte poderá figurar como assistente litisconsorcial. • Exemplo: há uma propriedade de duas pessoas (A e B) em que houve uma

invasão (por C). Nessa situação, A poderia ajuizar ação contra C, não havendo a necessidade de B compor a lide. Entretanto, B poderia ser chamado ao processo, ou participar dela por iniciativa própria, como assistente litisconsorcial;

• O impacto da sentença desfavorável para aquele que eventualmente não participou da relação jurídico processual gera divergências doutrinárias: - A sentença produz efeitos contra o terceiro (majoritária): como este

terceiro foi substituído processualmente e devidamente representado por quem figurou na relação jurídico processual, não há porque ele não suporte os efeitos da decisão, mesmo que ela lhe seja desfavorável. Entende-se que, se o terceiro quisesse, ele poderia ter figurado no processo como assistente litisconsorcial, participando como parte no processo, mas, como manteve-se inerte, terá que suportar os efeitos da sentença;

- A sentença não produz efeitos contra o terceiro: como o terceiro não teve a oportunidade de participar da relação jurídico processual, ele não pode ser obrigado a suportar os ônus de uma sentença que tenha sido desfavorável

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Art. 159, Lei das Sociedades Anônimas. Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembléia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio. § 3º Qualquer acionista poderá promover a ação, se não for proposta no prazo de 3 (três) meses da deliberação da assembléia-geral.

Art. 159, Lei das Sociedades Anônimas. Compete à companhia, mediante prévia deliberação da assembléia-geral, a ação de responsabilidade civil contra o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio. § 4º Se a assembléia deliberar não promover a ação, poderá ela ser proposta por acionistas que representem 5% (cinco por cento), pelo menos, do capital social.

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aos seus direitos. Nesse sentido, ele poderá ajuizar nova ação com os mesmos pedidos e a mesma causa de pedir;

- O entendimento só não se encontra pacificado nas hipóteses que se refiram a comunhão de direitos que seja consequente de relações de direito societário, em que se entende que o sócio que não participou do processo poderá ajuizar nova ação, quando houver uma sentença que lhe seja desfavorável em um processo em que não figurou como parte.

❖ Contrato de locação: quando o locador ajuiza ação de despejo contra o locatário, na hipótese, por exemplo, de não pagamento por parte do locatário, o sublocatário, juridicamente interessado que a sentença seja favorável, poderá figurar como assistente simples do réu (locatário);

❖ Ação popular: exige que todos os participantes do ato lesivo obrigatoriamente figurem no polo passivo (para que a ação popular não seja utilizada como instrumento de perseguição política), mas não necessariamente a sentença prolatada determinará as mesmas consequências para todos eles, com aplicação de diferentes sanções, configurando-se como um exemplo de litisconsórcio necessário e simples.

❖ Solidariedade:

❖ Responsabilidade civil do Estado: para que uma vítima seja indenizada por um dano causado em situação regida pela responsabilidade objetiva, que é o caso dos atos imputados ao Estado, basta que seja comprovado o dano e o nexo causal deste dano a um ato ou atividade do Estado. No plano processual, a consequência gerada é a simplificação da fase probatória e a celerização do processo, uma vez que a discussão sobre a culpa do agente é completamente esvaziada e aquela sobre o ato ou atividade é razoavelmente minimizada.

• Há casos em que a essa atividade danosa não se pode vincular diretamente nenhum agente, mas apenas a pessoa de direito público (Município, Estado, União, etc.);

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SOLIDARIEDADE

ESPÉCIE DE LITISCONSÓRCIO

AÇÃO ENTRE UM TERCEIRO À RELAÇÃO DE SOLIDARIEDADE

E OS CO-DEVEDORES SOLIDÁRIOS

AÇÃO ENTRE OS CO-DEVEDORES SOLIDÁRIOS

ENTRE SI

SOLIDARIEDADE PRÓPRIA

O litisconsórcio entre os co-d e v e d o re s s o l i d á r i o s s e r á facultativo, já que o credor poderá cobrar de qualquer um deles a dívida em sua plenitude.

O litisconsórcio entre os co-d e v e d o re s s o l i d á r i o s s e r á obrigatório, já que internamente à relação de solidariedade, cada um é individualmente responsável por um quota parte específica.

SOLIDARIEDADE IMPRÓPRIA

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• O importante, no entanto, é analisar as situações em que essa pessoa pode ser identificada e como se formará o polo passível em uma ação que discuta essa lide. Nesse sentido há três possibilidades de constituição do polo passivo:

(1) A vítima pode ajuizar a ação indenizatória exclusivamente em desfavor do Estado.

Nasce, então, uma discussão doutrinária e jurisprudencial relacionada à possibilidade de o Estado denunciar a lide ao agente:

(a) Corrente que admite a denunciação: partindo do pressuposto de que o Estado poderá entrar com ação regressiva contra o agente havendo a sua condenação, ele poderá denunciar a lide. (b) Corrente que não admite a denunciação: fundamentando-se, por outro lado, na necessidade da vítima e no seu objetivo de acelerar o andamento do processo, esta corrente entende que a denunciação da lide não pode ser usada como empecilho ao andamento célere do processo. Nesse sentido, a denunciação traz novas discussões ao processo, relacionadas à culpa do agente, que não seriam abordadas em uma ação exclusivamente contra o Estado, em uma forma de protelação. Assim, sustentando-se em decisões recentes do STJ, esta corrente defende que a denunciação da lide só pode ocorrer quando os modelos de responsabilidade forem os mesmos ("objetiva e objetiva" e "subjetiva e subjetiva", ou, ainda, "subjetiva e objetiva", mas não "objetiva e subjetiva").

(2) A vítima ajuíza a ação indenizatória exclusivamente contra o agente responsável. Nesse caso, não se admite que a vítima possa ajuizar uma ação contra o agente, já que fundamenta-se que o direito de ação da vítima é apenas contra o Estado e não diretamente em desfavor do agente, que só poderá ser acionado regressivamente pelo Estado.

(3) A vítima ajuíza a ação indenizatória contra o Estado e contra o agente, em litisconsórcio facultativo. Entretanto, recentemente, o entendimento é de que a vítima não pode entrar contra ambos, mas exclusivamente contra o Estado, sob o fundamento de que a vítima não tem o direito de ação diretamente

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contra o agente, mas apenas contra o Estado, sendo que é ele o detentor do direito de ação (regressiva) contra o agente.

A professora critica veementemente o modelo atualmente adotado, já que a proteção não está na vítima do dano, mas no agente causador do dano, em um modelo em os juízes estão politicamente interessados em protelar as possibilidades de serem partes de ações indenizatórias, já que poderiam, como comumente são, considerados como esse tipo de agente. Assim, retiram o direito da vítima de tentar ajuizar uma ação que não termine em pagamento via precatório. A professora entende que o modelo a ser adotado deveria permitir que a vítima ajuíze ação indenizatória contra a vítima, seja exclusivamente, seja em litisconsórcio com o Estado, mas que o Estado não poderia denunciar a lide ao agente, como já vem sendo adotado.

❖ Seguro facultativo de responsabilidade civil: nos termos do Código Civil de 1916, o segurado poderia denunciar a lide à seguradora, já que não se considerava que havia nenhum tipo de relação entre a seguradora e a vítima. Era um modelo de seguro que não permitia a melhor reparação da vítima. Já o Código Civil de 2002 introduziu um novo modelo de contrato de seguro, em que o segurado contrata o reembolso, mas em que a segura assume a obrigação de pagar a indenização à vítima, mediante a figura da estipulação em favor de terceiro. Assim sendo, a vítima passa a poder exigir a indenização tanto do estipulante (segurado) quanto do estipulado (seguradora), em um modelo de litisconsórcio necessário, por força da estrutura contratual da relação de direito material. A vítima continua não podendo demandar diretamente da seguradora, mas da seguradora e do segurado conjuntamente. Nesse novo modelo, na hipótese de a ação ser ajuizada exclusivamente em desfavor do segurado, ele poderá chamar a seguradora ao processo.

❖ Relações de responsabilidade por fato de terceiro (nos termos do art. 932 do Código Civil): há um litisconsórcio facultativo entre o responsável diretamente e o responsável indiretamente, podendo qualquer um dos dois ser

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Súmula 529, STJ. No seguro de responsabilidade civil facultativo, não cabe o ajuizamento de ação pelo terceiro prejudicado direta e exclusivamente em face da seguradora do apontado causador do dano.

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demandado em ação indenizatória, seja individualmente, seja em litisconsórcio. Nesses casos, se houver a ação contra apenas um deles, aquele que é parte poderá denunciar o outro à lide, que, se aceitar, poderá se tornar não apenas denunciado, mas também litisconsorte passivo, contestando não apenas na ação de denunciação, mas também na ação principal.

- Interpretação do art. 115 do NCPC: o art. 115 versa sobre a sentença de mérito proferida sem o respeito ao contraditório. ❖ Se o litisconsórcio é necessário e unitário (art. 115, I, CPC/15), a sentença será

nula, quando for desfavorável (se trouxer prejuízos) àquele ou àqueles que não participaram da relação jurídico processual;

❖ Já no caso de litisconsórcio necessário simples (art. 115, II, CPC/15), a sentença, quando for desfavorável àquele que não foi parte, será ineficaz apenas para aqueles que não compuseram a relação jurídico processual.

- Intervenção de terceiros: ❖ Terceiro é todo aquele que não é parte, mas vem a integrar a relação jurídico

processual; ❖ Intervenção provocada: ocorre no caso em que o terceiro é chamado ao

processo por uma das partes, como no caso da nomeação à autoria, da denunciação da lide e do chamamento ao processo;

❖ Intervenção por iniciativa do terceiro: ocorre no caso em que o terceiro intervém no processo por iniciativa própria, como no caso da assistência, da oposição e do recurso de terceiro prejudicado;

- Assistência: se há um terceiro juridicamente interessado, ou seja, se a esfera jurídica dele será afetada pelos atos decisórios do processo em questão, ele poderá integrar a relação jurídico processual. O assistente tem interesse que a sentença seja favorável a uma das partes;

❖ Assistência simples: é aquele que que não guarda vinculo direto com a parte contrária àquela que lhe interessa que seja a parte vencedora, ou seja, o assistente simples não poderia figurar como uma das partes desde o início do processo. O

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Art. 115, CPC/15. A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será: I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam ter integrado o processo;

Art. 115, CPC/15. A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do contraditório, será: II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados.

Art. 50, CPC/73. Pendendo causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la.

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assistente simples está restrito aos atos do assistido, nunca figurando como ator principal no processo, mas como mero coadjuvante;

❖ Assistência litisconsorcial: é aquele que poderia ter sido qualificado como parte na petição inicial desde o ajuizamento da ação. O assistente litisconsorcial se torna parte, como a autora e a ré, compartilhando seus ônus e bônus, tendo plenos poderes no processo.

- Amicus curiae (art. 138, CPC/2015): é denominado historicamente como "amigo da corte", não sendo a sua colaboração no processo movida por interesse jurídico, mas na qualidade da decisão final, pelo interesse no debate;

❖ O amicus curiae foi introduzido legislativamente no ordenamento jurídico brasileiro pela lei que regulamenta as ações diretas de inconstitucionalidade e declaratórias de constitucionalidade;

❖ O campo de atuação do amicus curiae foi ampliado com a valorização dos precedentes judiciais, por exemplo com a questão dos recursos repetitivos e dos recursos paradigma;

❖ Situações que justificam a intervenção do amicus curiae: • Relevância da matéria; • Especificidade técnica do tema; • Repercussão social da questão.

❖ O magistrado poderá escolher quem será chamado a intervir como amicus curiae, bem como o próprio amicus curiae poderá requerer a possibilidade de intervir no processo;

❖ A decisão que versa sobre a admissão de amici curiae não é passível de ser recorrida, até para que se permita que os procedimentos sejam devidamente julgados e o amicus curiae não seja usado como instrumento de protelação do andamento normal do processo;

❖ Como o amicus curiae não é parte, ele não tem plenitude de poderes no processo, podendo apenas interpor o recurso de embargos de declaração, a menos que o relator permita que outros recursos possam ser interpostos;

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Art. 138, CPC/15. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.

Art. 52, CPC/73. O assistente atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.

Art. 52, CPC/73. Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente, toda vez que a sentença houver de influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.

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- Nomeação à autoria: é instrumento de correção do polo passivo, chamando ao processo o verdadeiro legitimado a ser réu no processo;

❖ Tem o objetivo de evitar que o processo chegue a uma sentença terminativa por ilegitimidade de partes, preservando o pagamento das custas iniciais e evitando o pagamento de custas sucumbenciais pelo autor;

❖ Assim, é dada ao autor a oportunidade de corrigir a sua petição inicial, em que o próprio réu colabora para que o processo não seja inútil;

❖ Entretanto, é importante ressaltar que, nos termos do CPC/73, o réu não é obrigado a fazer a nomeação à autoria, podendo alegar, simplesmente, que não é parte legítima para a causa. Ainda, no CPC/73, só cabe a nomeação à autoria nas causas de posse e propriedade e de indenização por ato ilícito. Em processos que não sejam uma das duas hipóteses citadas, se alegada a ilegitimidade passiva, o juiz é obrigado a extinguir o processo sem resolução de mérito. ART 62;

❖ Já o CPC/15, em harmonia com a ideia de constante colaboração entre as partes, promoveu algumas mudanças no regime da nomeação à autoria, principalmente com o fortalecimento do princípio da instrumentalidade das formas. Com o intuito de viabilizar uma sentença de mérito, o NCPC ampliou as hipóteses em que é cabível a nomeação à autoria, não impondo um rol taxativo de casos em que se pode fazer uso desse instrumento, cabendo em todo e qualquer processo. Embora seja uma técnica de aproveitamento, o autor tem que arcar com os ônus de ter ajuizado petição inicial com equívoco, reembolsando os custos gastos pelo "réu ilegítimo";

• Além disso, se o réu apenas alegou sua ilegitmidade, sem indicar quem era o legítimo, mesmo sabendo quem era, ele arcará com os ônus gastos pela parte autora.

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Art. 338, CPC/15. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8o.

Art. 138, §1º, CPC/15. A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º.

Art. 62, CPC/73. Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.

Art. 63, CPC/73. Aplica-se também o disposto no artigo antecedente à ação de indenização, intentada pelo proprietário ou pelo titular de um direito sobre a coisa, toda vez que o responsável pelos prejuízos alegar que praticou o ato por ordem, ou em cumprimento de instruções de terceiro.

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❖ Além disso, no NCPC a nomeação à autoria já não é tratada como intervenção de terceiros, já que não se trata de participação de um terceiro, mas de correção do polo passivo da relação jurídico-processual.

- Oposição: um terceiro, juridicamente interessando no processo, ajuiza ação autônoma incidental ao processo principal, com petição inicial, em que ele postula em nome e interesse próprios contra o réu e o autor principais, em litisconsórcio passivo necessário. O terceiro que opõe visa ser reconhecido como titular do direito que está sendo disputado na relação processual originária;

❖ A oposição pode ser acionada até a sentença. ❖ Novamente, apesar do CPC/73 colocar a oposição como uma forma de

intervenção de terceiro, isso foi feita de maneira equivocada, considerando que, na realidade, há o ajuizamento de nova ação (incidental), distribuída por dependência em relação ao processo originário. Há duas relações jurídico processuais autônomas, com pagamento de custas e sucumbência igualmente independentes entre si. Essa imprecisão foi corrigida pelo CPC/15 e a oposição já não figura mais como hipótese de intervenção de terceiro;

❖ A relação entre a ação principal e ação secundária incidental de oposição é de prejudicialidade, sendo que ambos são julgados por sentença única, em que a oposição é analisada primeiramente em relação à ação originária;

❖ A citação é feita na pessoa dos procuradores das partes, tendo em vista que é um procedimento especial, sujeito a regras especiais, para que se estimule a economia processual.

- Chamamento ao processo:

❖ O chamamento ao processo adequa-se aos casos em que, posteriormente, caberia uma ação regressiva contra o terceiro. Dessa forma, o chamamento ao processo possibilita que seja emitida uma decisão que já vincule todos os envolvidos na relação jurídico processual, com produção de um único título executivo judicial;

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Art. 339, CPC/15. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. § 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338. § 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.

Art. 56, CPC/73. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.

Art. 77, CPC/73. É admissível o chamamento ao processo: I - do devedor, na ação em que o fiador for réu; II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum.

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❖ Assim, o chamamento ao processo é uma técnica de acertamento único das relações que, no plano material, são guiadas pela solidariedade;

❖ O devedor solidário que é réu em um determinado processo que verse sobre esse crédito solidário, poderá chamar a compor o polo passivo os outros co-devedores solidários;

❖ Não há mudança signiticativa alguma entre os procedimentos previstos no CPC/73 e aqueles previstos no CPC/15 para o chamamento ao processo.

- Denunciação da lide:

❖ A denunciação da lide, no regime do CPC/73, é prevista como obrigatória, mas entende-se que ela só será realmente obrigatória se as regras do direito material exigirem que haja a denunciação para que o direito de regresso não pereça, que é o caso da evicção ; 14

❖ Embora no CPC/15 não conste mais o termo obrigatório, para as relações de evicção, por força das normas do direito material, a denunciação da lide permanece sendo obrigatória;

❖ A novidade trazida pelo CPC/15 é a referente às sucessivas denunciações da lide, formando uma cadeia de lides secundárias, já que, nos seus termos, só poderá haver uma única denunciação sucessiva. Nada impede, no entanto, que o denunciante salte um ou alguns na cadeia para promover a denunciação, na chamada denunciação per saltum.

- Incidente de desconsideração da personalidade jurídica: ❖ Desconsideração da personalidade jurídica (art. 50, Código Civil): muito

comumente, as pessoas jurídicas são utilizadas para a prática de atos ilícitos e consequente proteção das pessoas físicas por trás dessas fraudes, mediante o uso de técnicas jurídicas com a finalidade de ocultar as pessoas naturais que comandam verdadeiramente as ilegalidades.

A evicção ocorre quando há a perda (total ou parcial) de um bem pelo adquirente, mediante decisão judicial ou administrativa em razão de 14

haver um defeito que se configurou anteriormente ao momento de aquisição, ou seja, verifica-se que a integridade jurídica da prestação (mais especificamente do objeto da prestação) está comprometida.

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Art. 70, CPC/73. A denunciação da lide é obrigatória: I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta; II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada; III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.

Art. 50, Código Civil. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

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❖ Assim, observa-se duas formas de praticar esses ilícitos: 1) O distanciamento ao máximo da pessoa jurídica em relação à pessoa física, mediante introdução de variadas estruturas societárias estrangeiras como sócias das pessoas naturais ou; 2) Laranja: ocultamento do verdadeiro sócio, com a introdução de um nome completamente alheio à real estrutura da pessoa jurídica com o fim de ocultar as verdadeiras pessoas naturais que coordenam os ilícitos.

❖ A personificação de um grupo de pessoas naturais visa a autonomia patrimonial e de interesses, uma vez que não mais se confundirão o patrimônio e os interesses da pessoa jurídica com aqueles individuais dos sócios que a compõem. Para que haja responsabilidade ilimitada, é essencial que haja a autonomia patrimonial, na medida em que, em caso de execução, primeiramente será executado o patrimônio da sociedade, para que apenas subsidiariamente seja atingido o patrimônio dos sócios . 15

❖ Há, portanto, toda uma estrutura jurídica que foi feita para incentivar o agrupamento das pessoas naturais e, consequentemente, fomentar o empreendimento na forma organizada de uma pessoa jurídica.

❖ O CPC/15 resgata, no art. 795, essa autonomia patrimonial da pessoa jurídica:

❖ No caso de a pessoa jurídica não ter bens a serem executados, a primeira coisa a ser feita, antes da desconsideração da personalidade jurídica, é a verificação do patrimônio da pessoa jurídica quando ela assumiu o débito contra o credor em questão, com o fim de verificar se houve a caracterização de fraude contra 16

credores ou à execução. • A fraude contra credores tem como requisito, nos termos do art. 158 do Código

Civil:

(a) Anterioridade do crédito em relação à transmissão dos bens; (b) Insolvência do devedor, ou seja, a incapacidade do devedor de honrar com as dívidas que tenha assumido, uma vez que o seu ativo (o seu patrimônio) é inferior ao seu passivo, em um fenômeno denominado eventus damni;

Importante lembrar que a responsabilidade do sócio se limita ao patrimônio com o qual ele tenha contribuído para compor o capital 15

social da pessoa jurídica.

A fraude contém duas subespécies: fraude contra credores e fraude à execução e caracteriza-se essencialmente pela transferência 16

ou oneração por parte do devedor em favor de terceiros. Se houver a configuração da fraude, torna-se muito mais fácil a recuperação dos bens em favor do credor do que seria pela via da desconsideração da personalidade jurídica.

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Art. 795, CPC/15. Os bens particulares dos sócios não respondem pelas dívidas da sociedade, senão nos casos previstos em lei.

Art. 158, Código Civil. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.

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(c) Scientia fraudis : o terceiro adquirente do bem deve ter ciência, ou deveria 17

se esperar dele uma diligência no sentido de ter conhecimento, em relação à insolvência gerada pelo ato de transferência de bens, criando, assim, uma responsabilidade para os adquirentes. Percebe-se que, atualmente, não é mais necessário que se prove que houve um conluio entre o devedor e o terceiro adquirente, mas apenas que se prove que esse adquirente tivesse a possibilidade de saber que o ato aquisição do bem levaria o devedor à situação de insolvência, lesando credores.

• Efeitos da fraude contra credores: (a) Ineficácia (e não a anulação) da oponibilidade do negócio de transferência de bens contra o credor primitivo, em que o credor propõe Ação Pauliana em desfavor do devedor (pessoa jurídica) e do adquirente , demonstrando a 18

presença de todos os requisitos essenciais à configuração da fraude contra credores; (b) Responsabilidade de terceiro sem dívida, em que terceiro responde patrimonialmente não por ter assumido a dívida, mas pela inserção em um contexto de fraude contra credores;

• Como é um problema de ineficácia do negócio jurídico contra o credor, ele poderá pedir diretamente a penhora dos bens do adquirente;

• Diferença da fraude contra credores em relação à fraude contra a execução: inicialmente, os requisitos são os mesmos, entretanto, a diferença se encontra no momento em que se deu o ato de transferência dos bens. É importante ressaltar que, para que se configure a fraude à execução, não é necessária a existência de execução, mas de qualquer ação que pretenda a condenação ao pagamento de uma dívida, em que a alienação irá frustrar futuramente uma penhora. Se a data do ato de transferência foi antes de uma litispendência , configura-se a fraude contra credores. Por outro lado, se a 19

alienação do bem se deu em momento posterior à configuração da litispendência, há uma fraude à execução.

• A fraude à execução tem procedimento muito mais simples que a fraude contra credores: basta uma simples petição incidental e o juiz ordenará a penhora do

Só é necessária a comprovação da scientia fraudis no caso de transferência onerosa de bens.17

Há uma discussão doutrinária e jurisprudencial sobre a natureza do litisconsórcio formado entre o devedor e o terceiro adquirente. 18

Alguns defendem que é necessário, já que a declaração ineficácia de um negócio jurídico de transferência de bens atinge ambas as partes, tanto o devedor quanto o adquirente. Entretanto há quem alegue, por outro lado, que como o credor pode penhorar os bens adquiridos diretamente do terceiro, inexiste pretensão necessária entre o credor e o devedor, configurando-se litisconsórcio necessário. Nessa hipótese, pode haver, no entanto, uma denunciação da lide por parte do adquirente, já que há claramente direito regressivo contra o devedor primitivo.

O que induz a formação da litispendência é a citação.19

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bem. Há uma presunção de fraude e o terceiro não será ouvido inicialmente, mas apenas pela via de embargos de terceiro, em que ele poderá defender-se, alegando a sua boa fé;

❖ Abuso da personalidade jurídica: o credor terá que demonstrar, em um procedimento muito mais complexo que os demonstrados anteriormente, que a personalidade jurídica foi usada:

(1) Para fraudar a lei, ou seja, praticar atos ilícitos; (2) Com abuso de gestão, por exemplo, pela distribuição de lucros entre os

sócios com prejuízo da pessoa jurídica. ❖ Quando se fala em desconsideração da personalidade jurídica, há uma

responsabilidade ilimitada e solidária entre os sócios, independentemente de se ter ou não auferido um benefício direto, sendo uma medida muito mais drástica que a técnica da fraude, uma vez que ela é limitada ao valor desviado;

❖ Desconsideração clássica da personalidade jurídica: a autonomia da pessoa jurídica é levantada, para que se possa alcançar os sócios. Os sócios, então, responderão por obrigações da pessoa jurídica;

❖ Desconsideração inversa da personalidade jurídica: em um fenômeno mais atual, há a situação contrária à descrita anteriormente, em que a pessoa jurídica responde por dívidas de seus sócios, em consequência de uma exagerada especialização que tem sido vista no direito;

❖ Há uma discussão doutrinária no que se refere à necessidade de ação autônoma para que haja a desconsideração da personalidade jurídica, nos termos do CPC/73: • Primeira corrente: é necessária ação autônoma. Para que se afete o

patrimônio dos sócios e, para isso, se levante a autonomia da pessoa jurídica, com a declaração do abuso de direito, alguns defendem que é necessária uma ação jurídica autônoma, com a citação dos sócios que seriam afetados, em que estes figurariam em litisconsórcio necessário com a pessoa jurídica;

• Segunda corrente: não é necessária uma ação autônoma, mas a desconsideração pode ser requerida por simples petição incidental nos próprios autos, em procedimento análogo ao que ocorre na fraude à execução. Segundo essa corrente, os sócios só serão ouvidos se tiverem essa iniciativa de se pronunciar, uma vez que o juiz, nem a parte, ordenará que eles sejam chamados a compor o processo, já que se presumirá o abuso de direito, se provados os seus requisitos na petição de desconsideração. Essa é a corrente de entendimento adotada pelo Superior Tribunal de Justiça.

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❖ O NCPC, em um modelo de contraditório substancial, não está em consonância com essa orientação do STJ, que determina que pode ser instaurada a desconsideração da personalidade jurídica sem necessidade de ouvir os afetados pela decisão. O novo Código altera essa dinâmica e cria um novo procedimento incidente, em que há a citação daqueles que serão envolvidos pela possível futura decisão, com a garantia do contraditório. O procedimento já poderá ser requerido nos pedidos da própria petição inicial da ação de cobrança, incluindo os sócios no rol de pessoas a serem citadas. Não sendo requerida na petição inicial, poderá ser feita petição incidental, em que o requerente narrará a situação de abuso e requererá a citação dos sócios envolvidos (ou da pessoa jurídica no caso de desconsideração inversa), que serão inseridos na relação jurídico processual para se manifestarem sobre pedido.

(C) Fatos e fundamentos jurídicos (causa de pedir): - Os fatos e fundamentos jurídicos devem guardar lógica com o pedido, sob pena de

ser indeferida a petição inicial; - Causa de pedir remota: é a premissa maior, ou seja, a relação jurídica base; - Causa de pedir próxima: é a premissa menor, ou seja, - A causa de pedir delineia o objeto do litígio e, portanto, delimita toda a discussão

que se dará futuramente no processo, já que todos os atos decisórios devem se limitar à causa de pedir;

- O suporte fático contido na causa de pedir é a base da pretensão que será deduzida em juízo, devendo demonstrar, a partir de uma situação concreta (nunca hipotética) uma violação ou uma ameaça de violação a direito. A adequada descrição dos fatos é fundamental para que a relação jurídico processual possa se desenvolver, principalmente no que concerne a fase probatória;

(D) Pedido: - Pedido imediato: é a natureza da tutela pretendida, a saber: condenatória,

declaratória ou constitutiva; - Pedido mediato: é o bem da vida pretendido pelo autor, como, por exemplo, uma

indenização, uma cirurgia, etc. (E) Valor da causa: toda petição inicial deve apresentar o valor da causa, que deve se aproximar ao máximo do proveito econômico pretendido pela parte autora. Todas as custas (sejam iniciais, sejam recursais), assim como as multas processuais têm como base de cálculo o valor da causa. Além disso, pode ser usado como um dos critérios de cálculo do valor dos honorários advocatícios;

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Art. 135, CPC/15. Instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias.

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- Critérios objetivos (arts. 259, CPC/73, e 292, CPC/15): a lei fixa parâmetros objetivos para a determinação do valor da causa em determinadas ações:

• Ações de cobrança: o valor da causa corresponderá ao valor da dívida, corrigida monetariamente e acrescida de eventuais encargos (multa e juros de mora vencidos até a data de propositura da ação);

• Ações que questionam a validade de negócios jurídicos: o valor da causa corresponderá ao valor do contrato;

• Ações indenizatórias: a fixação de critérios objetivos para a determinação do valor da causa em ações indenizatórias, inclusive aquelas fundadas em danos morais, é uma novidade trazida pelo CPC/15, que prevê que será correspondente

- Critérios subjetivos: quando não há um proveito econômico aferível de imediato, seja porque os pedidos feitos são ilíquidos ou seja porque a causa não tem conteúdo econômico imediato, a parte estimará o valor da causa, que deverá ser o mais próximo do proveito econômico o possível;

- Dentro da vigência do CPC/73, para as causas cujo valor se fundamenta nos critérios objetivos arrolados no art. 259, há um poder-dever do juiz em corrigir, de ofício o valor da causa. Já na hipótese de causas cujo valor é estimado, a sua correção só poderá ser feita mediante impugnação do valor da causa pela parte contrária, em autos incidentais, nos termos do art. 261, CPC/73. Há portanto, uma limitação para a alteração de ofício do valor da causa;

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Art. 259, CPC/73. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será: I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até a propositura da ação; II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor; IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal; V - quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato; VI - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais, pedidas pelo autor; VII - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, a estimativa oficial para lançamento do imposto.

Art. 292, CPC/15. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será: I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação; II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida; III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor; IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido; V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido; VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles; VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor; VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.

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- Já nos termos do CPC/15, o juiz poderá, de ofício e por arbitramento, corrigir de ofício o valor da causa e ja em seguida intimar a parte para o recolhimento do restante das custas devidas, tendo um poder amplo sobre essa fixação. Essa alteração trazida pelo NCPC se deu. Além disso, não há mais petição incidental de correção do valor da causa, esse pedido de correção é feito na própria peça de resposta do réu.

(F) Indicação das provas; (G) Pedido de citação da parte ré (CPC/73); (H) Opção pela audiência de mediação e conciliação (CPC/15):

- O processo é a técnica da solução judicializada de conflitos; - Há, no entanto, três mecanismos extrajudiciais de solução de conflitos, que

representam técnicas de solução não judicializada de conflitos: a arbitragem, a conciliação e a mediação;

- Com a evolução do processo enquanto técnica de efetiva solução de conflitos, as medidas extrajudiciais passaram a ser incorporadas ao ambiente jurisdicional. A primeira previsão em relação a isso foi a previsão de uma audiência conciliatória preliminar, nos termos do art. 331, do CPC/73. Em seguida, em 1996, foi incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro, a Lei da Arbitragem (Lei 9.307/1996 - Lei Marco Maciel) e, em 2015, foi aprovada a Lei da Mediação (Lei 13.140/2015);

- As técnicas de autocomposição, como é o caso da mediação, traz resultados mais efetivos e que satisfazem mais ambas as partes, tendo, portanto, decisões com uma tendência de maior estabilidade;

- O Código Civil de 2015 traz mais avanços relacionados ao tema. Ele traz, expressamente, a mediação e a conciliação como métodos de auxílio à técnica da solução judicializada de conflitos;

- Na própria petição inicial, o CPC/15 exige que o autor demonstre se quer ou não uma audiência de conciliação e mediação, sendo que a omissão do autor quanto à sua opção será interpretada como favorável ao acontecimento da audiência (art. 319-321)

- Se o autor optar, expressamente, por não requerer a mediação ou a conciliação, há duas correntes de interpretação sobre como será a resposta do juiz diante disso:

1. Não haverá audiência inicial e o réu será citado, no despacho da inicial, para responder aos pedidos iniciais; 2. Em uma interpretação exageradamente literal do art. 334 do CPC/15, autores 20

defendem que haverá uma audiência inicial, designada com o despacho da inicial e a citação do réu, já que ela só não ocorrerá se ambas as partes manifestarem

Segundo entendimento firmado no Fórum Permanente dos Processualistas Civis.20

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que não desejam a mediação e a conciliação. Só não haveria a audiência se o réu se manifesta-se contrariamente no prazo de 10 dias previsto no parágrafo 5 do referido artigo. Cabe ressaltar que isso seria pouco comum, uma vez que com a existência da audiência, há um maior prazo de resposta para a parte ré. Essa corrente claramente desvirtua o próprio caráter das técnicas de solução de conflitos não judicializada, que se fundamenta essencialmente na vontade de ambas as partes pela autocomposição;

❖ No conteúdo, a petição inicial deverá conter a causa de pedir (próxima e remota) e o pedido (certo e determinado). O pedido deve guardar nexo lógico com a narrativa dos fatos, sob pena de ser declarada inepta a petição inicial;

❖ O ajuizamento de uma petição inicial é o exercício formal do direito de ação; ❖ A relação jurídico-processual não se forma perfeitamente apenas pelo ajuizamento da

inicial, mas há que se aguardar a devida citação da parte ré. ❖ Despacho da inicial: ao receber a petição inicial o juiz poderá:

• Ordenar a emenda da petição inicial no prazo de 15 dias;

• Indeferir a petição inicial, nas hipóteses estabelecidas no Código:

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Art. 330, CPC/15. A petição inicial será indeferida quando: I - for inepta; II - a parte for manifestamente ilegítima; III - o autor carecer de interesse processual; IV - não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321. § 1o Considera-se inepta a petição inicial quando: I - lhe faltar pedido ou causa de pedir; II - o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico; III - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; IV - contiver pedidos incompatíveis entre si. § 2o Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o valor incontroverso do débito. § 3o Na hipótese do § 2o, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.

Art. 321, CPC/15. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.

Art. 284, CPC/73. Verificando o juiz que a petição inicial não preenche os requisitos exigidos nos arts. 282 e 283, ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor a emende, ou a complete, no prazo de 10 (dez) dias.

Art. 295, parágrafo único, II, CPC/73. Considera-se inepta a petição inicial quando: II - da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;

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• Declarar a improcedência liminar do pedido (art.332);

- O autor poderá recorrer da decisão do juiz, que, por ser uma sentença, é rebatida mediante apelação;

- Essa apelação, quando recebida pelo juiz, traz a ele duas vias de atuação: (a) Juízo de retratação: o próprio juiz que deu a improcedência liminar dos pedidos iniciais, poderá voltar atrás em sua decisão e o processo retomará seu caminho normal, com a citação da parte ré para contestar; (b) Citação da parte ré para contrarrazoar: não voltando atrás na decisão de improcedência liminar, em respeito ao contraditório, o juiz citará o réu para responder ao recurso de apelação feito, em forma de contrarrazões à apelação.

• Receber a petição inicial, designando a audiência de conciliação ou citando para realizar a contestação dos pedidos iniciais; - Rito comum ordinário (CPC/73): o juiz recebe a inicial e simplesmente ordena

a citação da parte ré; - Rito comum sumário (CPC/73): o juiz recebe a inicial e marca a audiência de

conciliação; - No CPC/15 não há mais a diferenciação entre rito sumário e ordinário, como já

visto antes, e, assim, o conteúdo do despacho que recebe a petição inicial dependerá da opção ou não do autor pela audiência de conciliação e mediação como explicado acima, no tópico (H).

❖ h

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Art. 331, CPC/15. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-se. § 1o Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso. § 2o Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos, observado o disposto no art. 334. § 3o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença.

Art. 332, CPC/15. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que contrariar: I - enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça; II - acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos repetitivos; III - entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV - enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local. § 1o O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência ou de prescrição. § 2o Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241. § 3o Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias. § 4o Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.