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DIREITO EMPRESARIAL II Abordagem dos tópicos sob o ponto de vista de Fabio Ulhoa Coelho Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa – 1° Bimestre Considerações Iniciais: O resumo foi elaborado conforme as aulas ministradas pelo professor, na mesma ordem de temas, tópicos, subtópicos etc. O que não pude extrair do livro, coloquei a classificação do professor ou alguma observação subseqüente ao tema. Apontamentos Gerais Empresário (art. 966, CC): - Busca lucro; - Atividade deve ser Profissional e Habitual (constante); - Organização. Não se considera empresário (exceções): aqueles que exercem profissão intelectual, de natureza artística, científica ou literária, salvo se constituir elemento de empresa. São chamados de Profissional Liberal ou Autônomo. Classificação do Empresário a) Empresário Singular: É aquele que exerce a atividade econômica organizada de forma singular (empresário individual); b) Empresário Coletivo: É a exploração em conjunto (sociedade empresária). Classificação dos Não Empresários a) Singular: Profissional autônomo ou Liberal;

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DIREITO EMPRESARIAL IIAbordagem dos tópicos sob o ponto de vista de Fabio Ulhoa Coelho

Curso de Direito Comercial – Direito de Empresa – 1° Bimestre

Considerações Iniciais: O resumo foi elaborado conforme as aulas ministradas pelo professor, na mesma ordem de temas, tópicos, subtópicos etc. O que não pude extrair do livro, coloquei a classificação do professor ou alguma observação subseqüente ao tema.

Apontamentos Gerais

Empresário (art. 966, CC): - Busca lucro;

- Atividade deve ser Profissional e Habitual (constante);

- Organização.

Não se considera empresário (exceções): aqueles que exercem profissão intelectual, de natureza

artística, científica ou literária, salvo se constituir elemento de empresa. São chamados de Profissional

Liberal ou Autônomo.

Classificação do Empresário

a) Empresário Singular: É aquele que exerce a atividade econômica organizada de forma singular

(empresário individual);

b) Empresário Coletivo: É a exploração em conjunto (sociedade empresária).

Classificação dos Não Empresários

a) Singular: Profissional autônomo ou Liberal;

b) Coletivo: Sociedade simples. Obs. Até 2002, era S/c (sociedade civil); após, passou a ser S/s

(sociedade simples).

Quadro Comparativo Sociedade Simples e Empresária

SOCIEDADE EMPRESÁRIA SOCIEDADE SIMPLES

É regulada pelo Código Civil e outras legislações Regulada apenas pelo Código Civil

Registro perante a Junta Comercial Registro no Cartório Do Registro Civil Das

Pessoas Jurídicas

Está sujeita ao processo de falência É impossível falir

Exemplo: Banco Itaú S/a Exemplo: Cocamar.

Obrigação Inicial: atribuição de Nome Empresarial.

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Para a regularidade de sua atividade o empresário deverá registrá-la, atribuindo um nome para melhor

individualizá-la. Assim, em sociedade poderá ser adotado o nome empresarial nas modalidades:

a) Firma Social: É composta pelo nome civil + seu ramo de atividade (opção essa facultativa) + a

Espécie Societária (LTDA).

Exemplo: “João” e “José”, constituíram uma sociedade limitada com o objeto vender materiais de

construção. Adotaram a firma social. Poderão Utilizar, assim, o seguinte nome: João e José LTDA; ou,

João e José Materiais de Construção (lembre-se, aqui é facultativo) LTDA; ou, ainda, João e Cia LTDA.

Obs. A expressão “Cia”, que significa companhia, na firma social, deve ser utilizada após os nomes ou,

se houver, ao ramo de atividade, pois se inserida no começo, caracterizará Sociedade Anônima.

b) Denominação: É composta pela Expressão Linguística + Ramo de Atividade (atente-se, aqui é

obrigatório!) + Espécie Societária.

Exemplo: “João” e “José”, na constituição de Sociedade Limitada para venda de materiais de construção,

operando sob denominação, poderão adotar: Casa Nova Materiais de Construção LTDA. Obs. Como já

dito, a utilização do Cia no início do nome caracterizará sociedade anônima. Ex: Cia Cacique Café

Solúvel.

Ainda, a ordem os seus elementos não precisa ser a mesma. Ex: Café Solúvel Cacique S/a. Em regra, é

vedado o uso de nome civil na composição de denominação. Há, como podemos notar, exceções: Arthur

Lunderberg Tecidos S/a (Pernambucanas). Neste caso em análise, apesar de ser uma homenagem ao seu

fundador, continuando operando sob denominação.

Considerações Finais sobre o Nome Empresarial

A sociedade limitada poderá adotar tanto a firma social como a denominação. Já as Anônimas, sempre

adotarão a denominação.

Requisitos para a Constituição de Sociedades

Em regra, são quatro os requisitos para a constituição da sociedade empresária no Brasil:

a) Pluralidade de Agentes: A sociedade deve possuir, no mínimo, dois ou mais sócios na sua

constituição, excepcionando tal regra somente no caso de sociedade anônima subsidiária integral e,

durante, no caso do sócio remanescente pelo prazo improrrogável de 180 dias. Poderá ser formada por

duas pessoas jurídicas, duas físicas ou uma jurídica e outra física.

b) Affectio Societatis: é entendido como a disposição, vontade ou desejo comum dos sócios de manter,

mediante a conjugação de esforços, uma sociedade com os mesmos interesses.

c) Contribuição dos Sócios: os sócios devem contribuir através dinheiro, bens ou direitos, para a

formação do capital social, vedada a contribuição que consista em prestação de serviços;

d) Distribuição dos Resultados: os sócios devem, sem exceção, participar dos lucros da sociedade

empresária, quando houver distribuição dos resultados (por força do artigo 1008 do Código Civil).

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Sociedade Limitada

A sociedade limitada é aquela em que os sócios assumem a obrigação fundamental de contribuir com o

valor de sua quota-parte para a formação do capital social da sociedade. Sua historio é pequena e pobre.

Sua criação é, em relação às demais sociedades, recente, e decorre da iniciativa de parlamentares, para

atender ao interesse de pequeno e médios empreendedores, que queriam beneficiar-se, na exploração de

atividade econômica, da limitação da responsabilidade típica das anônimas, mas sem atender às

complexas formalidades destas, nem se sujeitar à prévia autorização governamental.

Integralização do Capital Social

A principal obrigação que o sócio contrai ao assinar o contrato social é a de investir, na sociedade,

determinado recursos, geralmente referidos em moeda. Na linguagem própria do direito societário, cada

sócio tem o dever de integralizar a quota do capital social que subscreveu.

Omissões Legislativas e Legislação Aplicável: Aplicam-se às sociedades limitadas, os dispositivos

contidos no Código Civil relativos à mesma. Entretanto, poderão os sócios convencionar a aplicação

supletiva de dois outros tipos societários:

a) Da Sociedade Simples, que é a regra nos casos de omissão.

b) Da Lei das Sociedades por Ações, caso este que deve estar previsto expressamente.

Porém, quando sujeito a aplicação subsidiária da Sociedade Simples e, ainda, persistir a omissão, poderá

ser aplicado, analogicamente, a Lei das Sociedades por Ações.

Prazos de Registros: Em regra, a apresentação do Contrato Social perante a Junta deve ser realizada no

prazo de até 30 dias, a contar da assinatura do contrato. Nesta hipótese, considerar-se-á existente a pessoa

jurídica desde a data da assinatura (efeito ex tunc). Ultrapassado o referido prazo, considera-se existente a

pessoa jurídica no momento da decisão da Junta Comercial (ex nunc).

Qual a conseqüência? A personalização restringe a limitação da responsabilidade dos sócios ao capital

social subscrito, ainda que não esteja totalmente integralizado. Assim, se após a assinatura os sócios

realizam negócios e registram após o prazo específico (30 dias), a sua existência contará a partir da

decisão da junta. Se, porventura, não lograrem êxito, com o consequente inadimplemente de suas

obrigações, aqueles negócios realizados após a assinatura foram feitos por sociedade irregular e, por isso,

a responsabilidade do sócio é ilimitada e solidária, ou seja, os bens particulares dos sócios poderão ser

executados independentemente do exaurimento do patrimônio social. Exemplificando: “A” e “B”,

assinam contrato social no dia 02/09/11 e em 07/09/11, contraem empréstimo com “C” de R$100.000,00

(para ser pago, integralmente, no dia 20/04/12). Entretanto, perdem o prazo de 30 dias e a decisão da

junta concedendo e atestando o registro ocorre no dia 05/02/12. Como o efeito é ex nunc (dali para

frente), o empréstimo realizado no dia 07/09/11 foi concluído por sociedade irregular. Nesse sentido, “C”

poderá executar os bens particulares dos sócios “A” e/ou “B”, pela tal obrigação social. Em sentido

contrário, se “A” e “B” tivessem registro a sociedade no dia 27/09/11, a situação seria diferente: Como no

caso, o registro retroagiria a data de assinatura, o empréstimo contraído 07/09 foi realizado por sociedade

personificada e, assim, a responsabilidade do sócio restringe-se ao montante investido no capital social.

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Isto quer dizer, se “A” integralizou R$50.000,00 e “B” R$30.000,00, o credor “C” poderá executar

somente a quantia investida pelos sócios (R$ 80.000,00). Como se trata de sociedade limitada, “C” sabia

ou deveria saber o montante investido e a restrição da responsabilidade dos sócios. Se quisesse assegurar

o cumprimento integral da prestação, deveria condicionar o empréstimo à garantia fornecida pó um ou

por ambos os sócios.

Procedimento Administrativo do Contrato Social na Junta: Após a entrega, a junta tem três atitudes a

tomar:

a) Concede o registro por atendes a todos os requisitos essenciais;

b) Declara haver vício a ser sanável pelo prazo de 30 dias;

c) Indefere por conter vício insanável (cabendo recurso ao plenário).

Quanto ao disposto em “a” e “b” não ocorre maiores problemas. Entretanto, se ocorrer “b”, os sócios

podem:

a) Pedido de Reconsideração;

b) Sanar os vícios apontados pela Junta. No caso “b” a Junta já concede registro. Já no “a”, se ela

reconsiderar, concederá o registro. Se discordar, caberá recurso, por parte dos sócios, ao Plenário da Junta

(prazo de 15 dias para apresentação). Mantendo o plenário a mesma posição, caberá recurso ao Ministro

do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, onde se encerra a instância administrativa.Esquema:

Concessão do Registro

OK

Saneamento do Vício Sim

J.C Vício Sanável (30 dias) Pedido de Reconsideração Junta Reconsiderou?

Vício Não

Insanável Recurso Plenário (15dias)

Plenário Julgou favorável Recurso?

Sim Não Recurso p/ Ministro do D. I.e C.E.

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Concessão do Registro Julgou Favorável?

Não

Sim

Fim da Instância Administrativa

Contrato Social

O Contrato deve conter, obrigatoriamente, cláusulas essenciais. Poderá, se assim for a vontade dos sócios,

possuir cláusulas acidentais.

a) Cláusulas Essenciais (obrigatórias): são aquelas indispensáveis a todo contrato social, sem o qual

será impossível conceder o registro que personificará a sociedade. Como omisso o tema na Sociedade

Limitada, aplica-se, no que couber, o disposto no art. 997, Código Civil, quanto às cláusulas essenciais;

b) Cláusulas Acidentes (facultativas): são cláusulas facultativas que regulam determinados interesses

dos sócios, porém, a sua falta não obsta a concessão do registro.

Capital Social

Quota/Cota: Unidade representativa do capital social. Fórmula:

Obs. A cota não pode ser fracionada!

Exemplos Correto: A> 50%; B > 50% - Capital Social: 100 mil. N° de cotas escolhido pelos sócios: 20

Cotas.

1Q= 100mil = 1Q = 5 mil reais. Assim, cada sócio será titular de 10 Cotas, correspondendo a 50 mil reais. 20 Q

Exemplo Errado: A> 33,3%; B> 33,3%; C> 33,3 % Capital Social: 300 Mil. N° Cotas: 10

1Q= 300mil = 1Q = 30mil reais. Assim, cada sócio teria 3,3 Q correspondendo a 30 cada uma. 10 Q

Lembre-se que cada sócio tem que possuir, no mínimo, uma cota. Assim, se houver 3 sócios, haverá o

mínimo de 3 cotas.

Exemplo Correto em Porcentagem Diferente: A> 40%; B> 35%; C> 25%. Capital: 200 mil. Cotas: 200

mil.

1Q= 200mil = 1Q= 1 real. Assim, Sócio A> 80 mil cotas; B> 70 mil cotas; C> 50 mil cotas. 200 mil cotas

Segue nas próximas folhas, modelo de contrato Social e os respectivos indicativos de clausulas acidentais ou

essenciais.

Também, constarão os incisos correspondentes ao art. 997.

C.E. = Cláusula Essencial

C.A. = Cláusula Acidental

1Q= Capital Social N° de Quotas

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Direitos e Deveres dos Sócios

São direitos que todos os sócios possuem, pela simples qualidade de participarem do capital social.

Constituem direitos inerentes à condição de sócio: retirar-se da sociedade, fiscalizar a festão da empresa,

participar do resultado social e contribuir para as deliberações.

a) Direito de Retirada (recesso): trata-se de direito inerente à titularidade de quotas sociais, denominado

também recesso ou dissidência. Defini-se a retirada como o direito de o sócio se desligar dos vínculos que

mo unem aos demais sócios e à sociedade, por ato unilateral de vontade.

Para isso, há a necessidade d se verificar o prazo de duração da sociedade:

I- Prazo Indeterminado (art. 1029, CC): o sócio pode retirar-se a qualquer momento, já que, em

decorrência do princípio da autonomia da vontade, que informa o direito contratual, ninguém pode ser

obrigado a manter-se vinculado contra a sua vontade, por tempo indeterminado. Para isso, é preciso

notificar os demais sócios com 60 dias de antecedência. Os sócios possuem 30 dias para a reunião (com o

número inferior a 11 de sócios) ou para assembléia (se o número de sócios for superior a 10). Nela os

sócios poderão deliberar pela dissolução da sociedade. Findo a reunião ou assembléia, a ata deverá ser

registrada em até 30 dias, para alteração do contrato social.

Obs. O sócio dissente continua responsável pelas obrigações sociais por até 2 anos, a contar da averbação

da resolução da sociedade.

II- Prazo Determinado: o sócio, em regra, não pode desligar-se das obrigações que contratou sem a

concordância dos demais contratantes, enquanto não transcorrer o tempo escolhido de comum acordo.

Entretanto, poderá retirar-se, comprovando, judicialmente, justa causa. Através da Ação de Dissolução

Parcial de Sociedade Empresária, o sócio dissidente deverá comprovar a justa causa (fraude perpetradas

por outros sócios, por exemplo), cumulando, em decorrência da morosa atividade jurisdicional, pedido de

antecipação de tutela, desde que haja verossimilhança e o perigo na demora.

b) Direito de Fiscalização: As informações econômicas e financeiras atinentes à exploração da empresa

social são indispensáveis para o sócio avaliar a propriedade das decisões gerenciais adotadas na condução

da sociedade. Obs. Os empresários têm o dever de manter a escrituração dos negócios de que participam.

Ou seja, o exercício regular da atividade empresarial pressupõe a organização de uma contabilidade, a

cargo de profissionais habilitados.

c) Participar do Resultado Social: Se o contrato eleger LSA como diploma de regência supletiva e não

disciplinar a destinação dos resultados, pelo menos metade do lucro líquido ajustado deve ser distribuída

entre os sócios, no fim do exercício. Caso seja pela aplicação supletiva das regras atinentes à sociedade

simples, em que não há nenhuma regra sobre destinação do resultado, os sócios poderão estabelecer que a

destinação será decidida pelos mesmos, sem fixar nenhum percentual mínimo para os dividendos.

d) Contribuir para as Deliberações: A extensão do direito de participar das deliberações sociais é

proporcional à quota do sócio no capital social. O sócio que contribui com mais da metade do capital

social, neste sentido, delibera sozinho. Aquele que titulariza um décimo das quotas, numa sociedade em

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que os outros dois sócios têm 45% cada, em caso de divergência entre estes últimos, terá a incumbência

do desempate.

Livros Mercantis

Há determinados livros que servem á memória de valores relacionados às operações de compra e venda,

mútuo, liquidação de obrigações etc. Outros servem à memória de dados fáticos, como o livro de registro

de empregados ou o de atas das assembléias gerais. Chamem-se os primeiros livros contábeis, e os outros

livros simplesmente memoriais.

Espécies de Livros

Os livros contábeis e os simplesmente memoriais se classificam, segundo a exigibilidade de sua

escrituração, em obrigatórios e facultativos. Obrigatórios são os livros cuja escrituração é imposta aos

empresários; a sua falta implica sanções. Já os facultativos são os que o empresário escritura para fins

gerenciais. O primeiro livro obrigatório comum que se deve mencionar é o Diário. Trata-se de livro

contábil em que se devem lançar, dia a dia, diretamente ou por reprodução, os atos ou operações da

atividade empresarial, bem como os atos que modificam ou podem modificar o patrimônio da empresa.

Podemos citar, ainda, um livro especial obrigatório: é o Registro de Duplicatas, para aqueles

empresários que emitem duplicata mercantil ou prestem serviços.

Exibição dos Livros

O Código Civil consagra o princípio do sigilo dos livros comerciais. Tal princípio preceitua que os dados

e lançamentos contábeis, bem como a forma de se lançar, interessam tão somente ao seu titular.

Entretanto, este princípio foi sendo paulatinamente excepcionado e, hoje em dia, não pode ser oposto

contra autoridades fiscais, ou contra ordem do juiz.

Quanto ás autoridades administrativas com poderes de determinar a exibição dos livros, há de se ressaltar

que a fiscalização não poderá extravasar certos limites, ou seja, deve-se ater apenas aos elementos objeto

de investigação.

A exibição judicial, ocorre quando a prova de um fato em juízo depende do exame do livro mercantil.

A Exibição pode ser:

a) Total: somente quando requerido pela parte, caso este que importa a retenção dos livres em cartório e

possibilita o seu depósito em mãos dos litigantes. Ela só cabe nas ações de liquidação de sociedade, na

sucessão por morte de sócio de sociedade empresária ou de empresário individual, administração ou

gestão à conta de outrem ou em hipótese expressamente prevista em lei. Obs. A única possibilidade de o

juiz solicitar a exibição total de ofício é na falência;

b) Parcial: Ela se viabiliza com a designação de audiência, para que o livro seja apresentado ao juiz.

Nesta audiência, extrai-se a suma dos elementos que interessam à demanda e reduz-se a termo. É só,

Aqui, o empresário permanece na posse do livro. Obs. Aqui, a regra geral é que o juiz pode determinar de

ofício essa exibição parcial.

Obs. Tanto na modalidade parcial como na total, há a necessidade de satisfazer dois requisitos:

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a) Quem requer a exibição deve mostrar legítimo interesse;

b) A exibição só terá lugar se o empresário que escritura o livro for parte da relação processual.

Dois tipos de ações a ser ressaltada, pois foi comentada pelo professor:

a) Ação de Exibição de Documento: destinada a obter a exibição do livro requisitado;

b) Ação de Apuração de Haveres: ação movida pelo sócio que se retira, para apurar o valor de suas

cotas.

Dissolução da Sociedade

Dissolução é um conceito ambíguo, no direito societário. Em sentido amplo, significa o procedimento de

terminação da personalidade jurídica da sociedade empresária. Em sentido estrito, a dissolução se refere

ao ato, judicial ou extrajudicial, que desencadeia o procedimento da extinção da pessoa jurídica.

Dissolução Total

Neste caso, extingue-se a pessoa jurídica, de forma judicial ou extrajudicial.

a) Dissolução Extrajudicial: é aquela feita sem a intervenção do Poder Judiciário, isto é, sem a

necessidade de uma ação de dissolução de sociedade empresária. Casos em que é possível:

I - o vencimento do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar a

sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;

II - o consenso unânime dos sócios;

III - a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;

IV - a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;

V - a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar.

Assim, além dessas, é possível estipular no contrato outras causas de dissolução da sociedade empresária.

b) Dissolução Judicial: é aquela em que somente é possível com a decisão judicial nesse sentido. Casos

em que isso é possível:

I - anulada a sua constituição;

II - exaurido o fim social, ou verificada a sua inexequibilidade.

Ainda, é possível a dissolução judicial nos casos de falência e, também, nos casos em que houver

previsão contratual e forem contestadas.

Obs. O código usa o termo “dissolução” para referir-se à dissolução total e “resolução” à liquidação

parcial.

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Dissolução Parcial

Nos casos de dissolução parcial, a sociedade empresária não se extingue; pelo contrário, é dado início à

sua liquidação parcial, para apuração dos haveres. Podemos citar, dentre as possíveis, as seguintes causas

de dissolução:

a) Exercício do Direito de Retirada: o exercício desse direito é ato unilateral do sócio desinteressado de

permanecer na sociedade (observando as regras atinentes ao prazo de duração.

b) Expulsão: quando o sócio descumpre seu deveres com a sociedade, pode ser expulso pelos demais.

Casos em que pode haver a expulsão judicial ou extrajudicial do sócio:

b.1) Caso do art. 1085,CC, ou seja, quando: a) maioria dos sócios; b) representativas de mais da

metade do capital social; entender que um ou mais sócio está pode em risco a continuidade da empresa,

em virtude de c) atos de inegável gravidade; poderá excluí-los da sociedade, mediante d) alteração

contratual; e) desde que prevista neste a exclusão por justa causa. Aqui, a expulsão é extrajudicial.

b.2) Caso do art. 1030, CC, ou seja, pode o sócio ser excluído a) judicialmente, mediante iniciativa da

b) maioria dos demais sócios, por c) falta grave no cumprimento de suas obrigações, ou, ainda, por

incapacidade superveniente.

b.3) Mora na integralização do Capital Social: Ocorre quando o sócio, ao subscrever as cotas, não a

integraliza no prazo estipulado. Neste caso, a expulsão é extrajudicial, podendo os sócios, no que toca a

cota do sócio remisso, tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, excluindo o primitivo titular e

devolvendo-lhe o que houver pago, deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato

mais as despesas.

Obs. Todos os sócios são solidariamente responsáveis pela integralização do capital social. Assim, “A”,

“B” e “C”, subscreveram R$50.000,00 cada um. Entretanto, apenas “B” e “C” integralizaram a quantia

prometida. Caso a sociedade deva R$120.000,00, todos os sócios serão solidariamente responsáveis pela

integralização remanescente.

c) Morte do Sócio: Se falece o sócio, isso pode implicar a dissolução parcial desta. A liquidação vai

depender da espécie de sociedade limitada adotada. Se se escolher a aplicação subsidiária da sociedade

simples, e não houver cláusula contratual expressa obstando a liquidação da quota em caso de falecimento

do sócio, os sócios sobreviventes podem impedir o ingresso, na sociedade, do sucessor do falecido,

mediante a apuração de haveres correspondentes. Já na sociedade limitada de aplicação supletiva da

LSA. A regra se inverte. Se os sócios sobreviventes não querem o ingresso dos sucessores na sociedade,

ou estes não se interessam por fazer parte dela, a dissolução parcial dependerá necessariamente de acordo

entre eles. Se uma das partes não querem a apuração de haveres, a outra tem de se conformar com a

transferência das quotas do falecido aos sucessores.

d) Liquidação da Quota a Pedido do Credor do Sócio: acolhida a pretensão pelo juiz, a sociedade é

obrigada a proceder à apuração de haveres do sócio e, em 90 dias, depositar, no juízo da execução, do

valor do reembolso o quanto o bastante para a satisfação do crédito exequendo.

Última Aula

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Caso Prático (Questões)

Bom, nesta aula o professor focou o tema do sigilo dos livros mercantis, na parte em que não houve

fundamentação da autora, e passou as seguintes questões (coloquei minha resposta):

1) Qual o significado do princípio do sigilo nas escriturações mercantis?

Resposta: Preconiza o mencionado princípio que as escriturações mercantis interessam apenas aos seus

titulares, sendo exceção a sua exibição a terceiros.

2) Em que caso o princípio pode ser relativizado?

Resposta: Por ordem judicial (arts. 381, 382 CPC; art. 1191, CC) ou por ato de autoridade administrativa.

3) Qual a decisão tomada no caso em tela?

Resposta: Foi mantido o julgamento do juiz de primeiro grau pela improcedência do pedido, já que

carece a autora de fundamentação suficiente que legitima a exibição de tais documentos. Ainda, foi

condenada ao pagamento das verbas da sucumbência.

4) Por qual motivo se ajuizou a cautelar preparatória? Qual o prazo? Quais seus requisitos?

Resposta: O motivo foi a exibição dos livros da sociedade empresária, com o intuito de examinar os

livros da empresa requerida, verificar os gastos dos sócios e da empresa, e confeccionar um balanço

especial da apuração do patrimônio social. Os requisitos são: a) perigo na demora; e b) verossimilhança

na alegação. A cautelar poderá ser proposta sempre que for indispensável à conservação de um direito,

porém, terá o autor o prazo de 30 dias para propor a ação principal (contado a partir da data da efetivação

da medida cautelar).

5) Qual a função dos livros mercantis?

Resposta: Objetiva ter em registro a vida contábil da empresa, facilitando o controle das despesas e da

receita (conceito do professor).

Tabela Sobre materiais de estudo (passado pelo Professor)

Livro A Sociedade Limitada no Novo Código

Civil

Apostila

Páginas: 1 a 49... 67 a 79... 84 a 91... 102 a 104...

106 a 111... 129 a 181...

Texto n° 8... Texto n° 6, exceto letras: “i”, “k” e

“L”... Pg. 67, Texto da Bovespa

Obs. Essas páginas, praticamente, estão no resumo (ou seja, de forma sucinta). Quem puder, fique atento as mesmas.

Considerações Finais: o resumo foi elaborado tendo por base o livro indicado, com algumas observações minhas, seguindo a ordem e alguns conceitos do caderno. Não me responsabilizo por eventuais erros ou omissões.