sociedade por acoes fabio ulhoa coelho[1]

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Fábip., Ulhoa Coelho P¡ofe6so¡..Tif ular da porltiff cia Universidade CatóIica de São paulo

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Sociedade Por Acoes Fabio Ulhoa Coelho[1]

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Page 1: Sociedade Por Acoes Fabio Ulhoa Coelho[1]

Fábip., Ulhoa CoelhoP¡ofe6so¡..Tif ular da porltiff cia Universidade

CatóIica de São paulo

Page 2: Sociedade Por Acoes Fabio Ulhoa Coelho[1]

6. DrssoLUÇÃO DE FATO

. É, lamentaveimente, mais comum do que seria de seoesejar a c[ssolução de fato da sociedade ernpresiíria. Os

sócios, em vez de observarem o p¡ocedimento extintivo o¡e_visto em lei, limitam-se a vendeiprecipitadam";r;;å",a enceÍar as atividades e se dispersarem. Comportamentode todo ir¡egular, que o meio empresarial conheôe, amarga_mente, por "golpe na praça". Tal comportamento é causideoecretação da falência da sociedade (ln, art. 94, Itr,/). Mas,além disso, os sócios respondem pelos prejuízo;d";il;;",oe$e comportamento inegular. Com efeito, o procedimentoexuntlvo da sociedade empresária é prescrito pìlo direito noresguardo dos interesses não apenal dos sOclàs, como tam_bém dos credo¡es da sociedadè. Se aqueles ¿"i*"_-ã"

"U_servar 1s

normal disciplinadoras do procedìmento extintivo,responderão pela liquidação io"g"lur, de forma p".rout

",consequentemente, ilimitada. Não há dispositivo èspecíficoque preveja esta hipótese, mas basta a invocação ¿" t"ã¡uclássica. da responsabilidade civi-l por ¿*o, ¿Ë"o.r"nt", ã"atos ilícitos, para se colcluir pela possibilidade de.".fo"*_bthzação dos sócios da sociedade dissolvida de fato pelasobrigações pendentes, sem que tenha apticação qoulõã;;"gra.de limitação desta responsabilidade, visto quå ," äut" ¿"rtlcrto perpetrado pessoalmente por eles, sócios.

::i1,4¡;iìi;CAPÍTULO 15

210

f . INTRODUÇÃo

Duas são as sociedades por ações, também classifica_das como institucionais: a.sociedade anônima e a sociedadeem comandita por ações. No ,"u ..ruãã, ã"iä"_*"p.år"¡"das nonnas relarivas à sociedade ""ori-" frri-¡äï""il_"_

3jj'-**n'rya',),que,r"e","i,ì*ä-"iî"iäiålÏn".açoes, reservando um ite¡rd; iliedad;;;;#:iï i:.t"i:jIu

u' especincidades

A sociedade anônima.sujeita_se as regras da Lei dasSociedades porAções (LSA), ã" ".

e .+u,'ai'öå. öu*_go Civit seria apticávet ^".;;;'IJ,lI='^i'Y Y.iî.ossl. lá-ã' rä"iääJ":JïT: -nas

omissões desta (art.

nos. arrs. 1.0e0 a r¡e; d" "."ä,iiåffi:t:H :"i:"fomissão dessas normas, ao regime ¿".".¡"ä¿"ä"0ü,1 .

2.ç+*tgTzusTrcAs cERAls DA SOCTEDADEANONIMA

A sociedade anônima ,

ú.T:iî ;"e*, * ä ;;äi'ffi *-*:"ji¡#: î:tå3 .?iuv_remenre negociáveis. Nenhum oõs acio*srai p;ä;r;"_or, por conseguinre. o ingresso d" q";;ì;;* ..äi"

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socmpaDEs PORAÇÕES

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i

quadro associativo. por outro lado, será sempre possível apenhora da ação em execução promovida conåa o u"ioUrru.

- Finalmente, em falecendo o titula¡ de uma ação, não

ï^o::iji:ilgdo o. ingresso ¿" ,"o. ,u."r.ã."s' ã'ö"_ori assoclaüvo. Inclusive, por se tratar de sociedade institu_clonal, nem será Iícito aos sucessores do acionista mortopleitear a apuração dos haveres desre. o ¡*ã"ìråî" rääe-rio de uma ação transforma-se, queira ou não, em ""io'Jr,uda sociedade anônima.

O capital social deste tipo societ,írio é f¡acionado emojìdades representadas por ações. Os seus sócios,;;;;.ro,são chamados de acionistas, e eles respondem;;i;í;;;g"_ções sociais aré o limite do que falta paru u iåt"g.¿irãçaodas ações de que sejam titularis. Oo Or"n¿o;^JË;äã;"_,as.expressões usadas pelo legislador: o acionista responde,pelo preço de emissão das acães n,," ",i¡".," *.1,, :;:(LSA, arr. 1e). preço o" "*o:ri:J;#::ïï:::::S#de com o valor nominal ou de negoãiação.

'---- -- -"

, Se alguém indagar quanto vale uma ação de determi_nada companhia, a resposta depen¿er¿ ¿e um escta¡eciirrln_to: a respeito de que valor esta¡á sendo feita a perzunta. ¿ação de uma sociedade anônima u¿. ¿if"r""t"f.nie ¿"acordo com os objetivos da avaliação. Urnu *¿àgiu, o_,lanto grosseira, pode ajudar o entendimento da q"u.stao.u_ma €asa tem, também, dive¡sos valores: se o objetivo é ocálculo e pagamento do imposto de propriedade, ;;;;;*ressa é o valor venal da casu; se for ó pugament;delm;tode t¡ansmissão, é o valo¡ decla¡adoìa"es"ri;;;;:;"_nhum destes terá qualquer importância no -o-"áro ãu o"_gociação desse bem, hipótese em que tem peso o valor deT"r:idg Com a ação ocorre algo ìemelhante. ¡* n nìaodo objetivo perseguido, o seu valãr é um oo out o.

-- ----''

272

Assirn¡ Sena.se:

a) Valor nominal _ o resultante da operação matemá_tica de.divisão do valor do capital ...a p"ñï,:rnärî,d.ações é o valor nominal. Opressar esre valo¡ ou ru". f^tt:1"^,0,1

sociedade pode ex-

ão,uuro.no;iü1";"."JJ:å:irinliì";"liîî;i,îf ålapresentando, cada uma. ñr

, å'ao "**JnäiiJ;;:ä"iå* "s van tasens próprias' q ue

*:*:r: :.låginônio "*iffi ;íö"iff:ffi,i;da operação matõmática de -'---" -s vvulP4ruuö' ¡(esultå

Delo n¡írn."^ ¡1a --;<.^^^* _ d"iyo. 9o patrimônio líquido

2Y:!:,::,:y"yt. ..o vator da participação do ti_

3i,t:-y-::: .: ações em que se ãì"r¿. JöiäïJ",ätävalor devido uo uõiooi.tu "ro ""r"

¿" äq"iãinäT¿ì"i'åä"ã"|de ou amortização da ação.

. . O yfor nominai, quando existenfe, é previsto nos es_3T,".. Ji o vator patrimoniat se pode ;"i;;;;"r* à"_T:nstrações

contiábeis que a sociedade ."ñ;;;ã;;"d.LliT:T i:.:1Tïo do exercíci o,""i d. a ;;;; ;;;.i", _

TT:".r estão defasados no rempo, " l"ièrd;l;;;;"u_

ï:T^or _p*u a sua aruatização (LSA, arr. 45, $$-i;;;;jì demodo que o valor patrimonial da ação .or¡.rpånau jour""fu

do. parrimônio líquido aruatizadJ dr-;;;i;'d;;;ffi; "cada ação.

-^^^:)^!:P, de.negocíação _ é o preço que o titular daaçao consegue obre¡ na sua alienaçãã. ö "äi".ìäeîì"blllu_fo:"* é definids pe¡ uma séne de farores econômiios,como as perspecrivas de rentabilidade, o patrimo"iã lloìj¿"da sociedade, o desempenho d" ;*-",i ffi ;ffi;, ä;pfla conjuntura mac¡oeconômrca etc.

- .Q Valor econômico _ é o calculado, por avaliadoresde ativos, pormeio de técnicas específicas 1p,.;;;;;:ä"_xo de caixa descontado"), e representa o montante que é

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råcional.pagä-por uma ação, tendo em vista as perspectivasde rentabilidade da companhia emissora.

e) Preço de emíssão - é o preço pago por quem subs_creve a ação, à vista ou parceladamente. Deitila_se a men_surar a contribuição que o acionista dá para o capital social(e, eventualmente, para à reserva ae capiø; da companhia,bem como o limite de sua responsabilidade subsidiária.

O preço de emissão é fixado pelos fundadores. quandoda constituição da companhia, e pela assembleia !ËrU oupelo conselho de administração, quando do auniento docapital social com emissão de novai ações. Se a companhiatem 9 sI capital social representado por ações com valornominal, o preço de emissão das açõeJnão poderá se¡ infe-rior ao seu valor nominal. E se fôr ,up".iär, a diferença,chamada ágio, constituirá reserva de ôapital, que poderáposteriormente ser capitalizada (LSA, arts-. t: e âOO,'fÐ.

^ A ñxação do preço de emissão de ações emitidas por

força de aumento do capital social deve ábed"cer a d"i"._minados critérios previstos em lei (art. 170, $ 1o), dos quaisse_¡essalta o seguinte: não se poderá impingir uo. *ùgo.acionistas uma diluição injustiñcada do valor patrimonijdesuas ações. Com efeito, sempre que as novas ações foremsubscritas po¡ preço inferio¡ ao valor patrimonial das exis_tentes, este sofrerá uma redução (diluição). Tal redução po_derá ser justificada ou não. euer dizer: se u.o-p*iriu

"f"_tivamente necessita dos recu¡sos provenientes àa emissãodas novas ações, os acionistas antigos devem suportar a di_luição do valor patrimonial de seus títulos. Já, se não eúsætal necessidade ou se os recursos de que carece a sociedadeqgdgdam ser obtidos por outros meios, não se justifica adiluição. Essa regra vigora para a sociedade por ãções comou sem valor nominal. O acionista de qualquer companhianão pode sofrer, injustificadamente, dituição do valoi patri,

2t4

monial de suas_4ções. Contudo, o acionista de sociedade porações com valor nominal encontra_se mais protegido contraessa diluição, mesmo justificada, do qo" o uãiooirá O"sociedade por ações exclusivamente sem valor nominal.

Em razão da proibição de fixação do preço de emissãode novas ações abaixo do valor nominal, telí aquele acionis_ta uma relativa garantia contra a diluição do valor patrimo_nial de suas ações. por outro lado, a doutrina

"or*åu ufon_

tar a facilidade e economia na emissão de certificados deagões como a vantagem da adoção do sistema de ausênciado valor nominal, posto que seria dispensavet a suUstituiçaodos ce¡tificados sempre que o capitJsocial

", "onr.qu"nt"_mente, o valor nominal das ações fossem aumentados.

A sociedade anônima é sempre empresária, mesmoque seu objeto seja atividade econômica civit (CC, art. ggî-,parágrafo único; LSA, a¡t. 2o, $ 1). Uma companhia consti_tuída.só por dentistas para a prestação de serviços de odon-tologia pelos próprios acionist¿s, embora tenhâ por objetouma atividade não empresarial (CC, art. 966, parágrafo iini_co), será empresária e estará sujeita ao regimì ¡uidico_co_me¡cill, pela só adoção do tipo societário, o qo", salvo nocaso das cooperativas, não ocor¡e com as demais sociedadestipificadas em lei que podem, em função da natureza de suaatividade, ser simples ou empresárias.

A companhia adota denominação, obrigatoriamente.Desta constará refe¡ência ao tipo socieüário, pelas expres_sões "sociedade anônima" ou ,.companhia',, pòr extenso ouab¡eviadamente (S/A ou Cia.), sendo qo"

"ìt última ex_pressão somente poderá ser utilizada no início ou no meiodo nome empresarial. A menção ao ramo do comércio nadenominação é essencial (CC, aft. 1.160).

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3. CLASSTFTCAÇÃO

As sociedades anônimas se classificam em abertas oufechadas, conforme tenham, ou não, admitidos à negocia-ção, na Bolsa ou no mercado de balcão, os valores mobiliá_rios de sua emissão. Anote-se que o critério de identificaçãode uma ou outra categoria de sociedade anônima é mera_mente formal. Basta que a companhia tenha seus valoresmobiliários admitidos à negociação na Bolsa ou me¡cado debalcão (que compõem o "mercado de valores mobiliários,'),para ser considerada abertz. É i¡¡elevante se os valores mo-bilirá¡ios de sua emissão efetivamente são negociados nessasinstituições.

Para que uma companhia tenha seus valores mobiliá-rios admitidos à negociação na Bolsa ou mercado de balcão

- o que permitirá maior liquidez do investimento represen-tado por tais títulos - necessita obte¡ do governo fede¡al arespectiva autorização. A compan}ia somente pode se¡ aber-ta se autorizada nesses tennos. O órgão do governo federalencarregado pela lei de conceder tal autorização é umaautarquia denominada Comissão de Valores Mobiliiírios -CVM. Essa autarquia foi criada pela Lei n. 6.385, de 1976,e juntamente com o Banco Central exerce ã supervisão e ocontrole do mercado de capitais, de acordo com as diretrizestraçadas pelo Conselho Monetiírio Nacional - CMN.

O interesse do govemo federal no acompanhamentodas sociedades anônimas abertas - que justi_fica o regimede controle específico a que estas se enconfam submetidas

- está relacionado com a proteção ao investidor popular emespecial, e com o papel que tais entidades desempenham naeconomia em geral. Em virtude desse interesse é que a legis-lação do anonimato prevê deterrninadas regras de aplicação¡estrita a uma ou a outra categoria de sociedade anônima.

2t6

a po-ts1 ae"${ores é uma entidade privada (pode seruma sociedade âäörrima, como é a SlvlAFBou"rpJouì.uassociação de corretores, que exerce o serviço público demanter o pregão dos valores mobiliários; sua criação d"o"o_de de autorização do Banco Central e ,"" il;;;;;;;controlado pela CVM. Mercado de balcão

"o_p.""nã" ioOuoperação relativa a valores mobitários realiiada fo¡a ¿aBolsa.de Valores, por sociedade conerora

"--rã"¡ðåä n_nancei¡a ou sociedade intermediária aurorizadas. t;;;p"_nhia aberta pode estar registrada na CVM p*" t",

"r-r"",valores mobiliários negociados somente no ine¡"u¿o ã"ta_cao ou neste e na Bolsa.

A Bolsa só opera com o mercado secundário, ou seja,para venda e aquisição de valores mobiliárior, uo p*ro qo"o me¡cado de balcão opera com o mercado prim^rario tam_Dem, ou seJa, para a subscrição de valores mobili¡írios. Aemissão de novas,ações, por êxemplo, nao poOJsèr feitana Bolsa, mas poderá ser feita no mercado dè balcao.

A I-ei n. 7.9I3, de 19g9, reconhece legitimidade arivaao Ministério priblico para propo¡ de oficiJou u plaiAo auCVM, ação civil pública para evitar prejuízos oo ãbt", ,"r_sa¡cimento de danos causados aos titulares de valores Áåbi_ii¿í¡ios e aos investidores do mercado, decorrentes princi_palmente de práticas irregulares. Embora a disposiçáoìe¡abastante oportuna, a verdade é que o legislador não ádotou usolução mais feliz, confundindo interesie difuso, cuja prote_ção deve ser feita mesmo por meio de ação civit iriitica,com inte¡esses individuais passíveis de proteção óoletiva,que é o caso dos investidores do mercado de ca¡tais lesadospor práticas irregulares.

Outro critério de classificação das companhias tem emvista a sua nacionalidade. De acordo com a antiea lesislàcaodo anonimato, o Decreto-lei n. 2.62j , de te+0, å*s ireci'sa_

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m^ente por seu art. 60. manddo em vigor pelo art. 300 daLSA. considera-se nacionat u .o*pàüriJ.ãoî,iïiä o"acordo com a tegistação brasiteira " "åÃìËã"ãäiä"t ir""_

ção localizada no Biasil, sen¿o tnele.'antl-ã,ãäääil"¿"do.capitaì ou dos acionistas. A sociedade anônima o¡ganì_zada de acordo com legislação

"ii."rc.";,;;.T;';0." ""t:^"1*,é con^side¡adalporr¿nto, estrangeira, submetendo--se, em decorrência, a um controle gou"ãr*"ntul ".oäin_co,.disciplinado pelos dispositiv", f"¿"-"ö.*ä, oãärr-ga lei do anonimato.

4. CONSTTTITTçÃo

O tema da constituição das companhias encontra_sef¡acionado em três níveis diìtintor,,),",1:rirl;*p;;ì;;;;,(arts. 80 e 81); å) modalidades de constirrição (-a;;. g;îö2.),c) providências complementares (arts. 94 a 99). Não se trata,ngorosamente, de etapas da constituição, porto ," inte;cruzarem as medidas disciplinadas em caãa uira dertu. ,"ç*r.

Qualquer companhia, para constituir_se, deve atenderaos seguintes três requisitos prelimina¡es:

, a) Subscrição de todo o capiál social por, pelo menos,duas pessoas. Não se exige mars, como no passado, o míni_mo de.sere subscritores para validade àu

"on.ti*ia¿o.lY..:To, no entanto, é que todas as ações represenhdvasoo caprtat socral estejam subscritas. A subscrição é contratoplurilarerat.comptexo pelo qual uma pesso" ;;;;;-dorr*oe açao enDûda por uma sociedade anônima. A subscrição éi¡¡etratável

b) Realtzação, como entrada, de, no mínimo, 10Zo dopreço de emissão das ações subscritas em dinheiro'ñ;;ir_cnçao a prazo em dinhei¡o, pelo menos 1/10 do preço da

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,1ç1o-d:"_" ser integralizado como entrada. Em se tatando denshtuição fffÞnCeira. a r

,.,''o, ø uäãiã; î.i ii:iJ:å:Tiuof; " n*u 50 vo, no s

c) Depósito das entradas em dinhei¡o no Banco doBras_il- ou esrabelecimenro banc¿írio *ä¡äø oä,Ëvrro(CVM-AD n. 2/7 B). Esre depósito d";.;;ï;,ãiår'""_dado¡.aré 5 dias do rec.bimento ¿as qîäïåo å,iiåT. *subscrito¡ e em favor da companhia em constituição. Con_ctuído o processo ¿e constiruiçaì-ì"oä;äoiui:t#;

"montante depositado; se este p¡ocesso ,aå ," "ãr.1.îrî* o

iåffi o"nu.ito' o subscritoì é e* ù;;',ää;îd n".

. A lei prevê duas modalidades de constituição de socie_dade.a¡ônima, de aco¡do com a existência ou não de apeloao púbtico invesridor: a consriruçã pãi,"¡räriä}i;1.",em que os fundadores buscam.recursos para a ðonriituiçaoda sociedade junto aos i"v"stidoresr-; ãi;;;äî#,p".subscrição particular, em orparte aos fu"dilr;. ''- Y're mexlste esta preocupação por

- 1 caractenzação de emissão pública de ações encon_

3:l'-.9:Pi* "o an. le. $ 34, da Lei n.i:siiiã, ãi"ü.e.os segurntes elementos Darå a sua configuraç ã"r,:;;;;;;;r"_

ção de listas ou bolerins de venda ou subscricão fôthêrp¡ospecros ou anrÍncios d"srin;;; ì,JË;rä[;,"';ä:ï:de subscritores ou adquirentes p*u o, títutor, pá. ,å"ìã'¿"empregados, agentes ou conbg,";;;;;.i;";il,äb.ä::i.,ä"')";"ïåïå"iïriTi:îcom a ufiliz¿ção dos servicos públicos d" ;;ñ""i;ä"".S1tn1" qu" o fundador de uma companhia pretender lancarmão de expedienres como os referidãs p". ilä;;;rï;deverá observar as normas relariu*;;Jr.rñi;#;å;ä;,crição pública, também denominada, d""Ë;;;;;;",constituição sucessiva, posto compreen¿er v,a¡as ;"p;;;"

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fases. Caso não pretenda lrvera o tundaJffi ;; ;:,'fl:i#ff

til;j."Jri.i iîlï ;.åucuLar, nmbém conhecida por c*"i*içã" ,i.î"r,äïå".

A constituição sucessiva tem início com o registro naCVM. cujo pedidô deve "*tu.

inrt uiàã.ãÀï"*ãå,åi "ir_bilidade econômica e financei¡a.d"

"ror*"'ot "ä", ö*._ro dos€sraruros e o prospeclo. Aq".r;;;;ö;;;i"rå;""_cuclonar a concessão do rêpno p-¡",o å.

"räil";î:"il:1"^i^f!11eo"s n9

9'gspecto ou

.' ru¿o" ¿" ;ilffi "ä""iåï:;i"trffi:'åi"ffi ,#dimenro. no enLanro. não sarisfizer ""rìJä¡î. ä.,iTå, ¿"CVM - revelando_se, segundo ø, "¡re¡*,ãilî.tiî"¿"

::1."T":ï*d_:gr"rnp..ri_, não será o caso de se procederq orlç¡ dçuËù nete, uma vez rlue este deve retalar umi reaüda_de, e não dispor sobre ela, como é o caso dos outros dois ins_.TTrentos.

Nesta hipóres¿ o .i"i"o .*in¡ïã ,""* n"iil*tenmenro do regisro. A CVN,Í po¿..¿ tu.¡¿m,îõuiJËgir_tro baseada na inidoneidade ¿os funø¿ores.

"e ""ós v rul

Para requerer o resisrro junto à CVM, o fundador dacompanhia deveni neceäa¡ir#;;" -":;";:-". ï"1"Y: .

çag n"¡.'""i,u p;;#;ì"äff""åï"ïåiffi "ffi ff H_cado. O prospecto deverá, inclusrve, conter a assinatua dela.

Concedido o resistro da emissão e da sociedade, naCVì4. passa-se à seg"unda f"r. d;;;;;;:ö:""îJ;"",que compreende a subscricão das ações ,"prårtäãräia"capiml. social. O invesümåto é ofe¡ecido ao público oelainstituição financeira i"t"r-"¿ia¡u. qr"î ;;"i#:;ril,liy 3tu.. dessa. companhiu a.u. iro.*ã.;ì#;;;"nnancera para assinar o boletim ou u ü.ru ã. ,;'b"."r.i;å",que jnsrrumenhtizam

o negócio j*ài.". i*il¿_;;;Hr_ï:11::Mfro po.

"unu"qu" ut"a" .à, ,"q"tri;;;ïiä,

no prospecto. Em uma ou outra hìpótese, ,"ril;;;i;;;a integralização, o subscritor pag ará. a enl¡ada.

220

o"o"*1'#Íi.iîXå"";::1$ sociar estiver subscriro, os tun-

åtÏrl:trfïifr ii"ii,ff äËîi1ï","rî"îïïbreia, rodas * õoäi,::,iÍ:,:iËHî ilAî X.jH-nr- ao ao seu rirular o *"]lg,O: voto. Confirmadu u àU..._v¿lncta de todas as formatrdarles leooi" ^ _*^subsc¡itores representad! ----" ¡eðanù c rrao se ooondo

'o"ia, s"øp.ããi]}';äi:.: 0" '1' 9u metade do Ëapiulseguiáa, ;; ãã;ääñsua constituição' elegendo-se, em

::i:1,: 0"0",á *;ä;;::i:: äi#,äf ï##ijasuoscntores. Esra é a te¡cei¡a ã ¿"*.¿.i." Lr"äîîülì*i_çao por subscrição pública.

. Já a constituição porü_vamenre mais simprei. p:::::i:1-p'*cular é significa-

ção dos ,uu..¡ror.i.1ï;::*" processar-se por delibera-ou por escritura p,jbrì;;. ïri ;åXì::Tlîåå: i::ï::subscritores deverão assinada' todos eles assina¡ão

" :: l.tojtto -g:.estatuto; na segun-

req uisi tos iiää,i ä hiifil i|lÄ'!:;.que conte; os

Em relação à constinrição, independentemente de suam_odalidade, previu a lei alsão etas: a.¡ a Ësc,ú;ñ#fÏ|-t ttgtut gerais e comuns.

çao ae itn óu"i s parãîí"äîi ol toen s.ável para a incorpora-o subscriro¡ p"ä; ;"r'.J-1o

do capitai social (aft. 8Ö): å)poderes

"rp.Ji;r;';;r:'"eFr,es.en3d9 por procurador óom

ia p':uu.a'rartlöò;î;i::.:Ï:i::de tundação ou na escriru-

#HtråäË#*ï,.îtri*'tå!;H"ij]äHos preJuízos decor¡entes da i¡regarËostu"ã";;;.pï""d':,?iitrffihffii:ii:î:

221

Page 8: Sociedade Por Acoes Fabio Ulhoa Coelho[1]

nos decorrentes de culpa ou dolo em atos anteriores à cons_tituição (art. 92 e seu parágrafo único); e) os fundadores de_v9ln e,ntregar aos primeiros administradores eleitos os pa_péis, documentos e livros pertinentes à constituição da corn_panhia ou de propriedade desta (art. 93).

Na seção refe¡ente às providências complementares,que são comuns a ambas as modalidades de constituição, fixåa lei a necessidade de registro e publicação dos atos ;onstitu_tivos da companhia. Somente após estas providências é que acompanhia poderá da¡ início à exploração de suas atividãdescomerciais, de forma regular. Além disso, se houver hcorpo_ração de bem ao capital social, deverá ser providenciada, porseus primeiros administ¡adores, a transferência da titulariãa_de-desse bem para a companhia, por transcrição no registropúblico competente (se bem imóvel, o Registro de Imóveis;se marca, o registro no INPI etc.). A certidão dos atos consti_tutivos expedida pela Junta Comercial é documento hábilpara i¡strumenl2lizar esta transferência.

5. VALORES MOBILIÁRIOS

São ltulos de investimento que a sociedade anônimaemite para obtenção dos recursos de que necessita. Além daação, valor mobiiiário representativo de unidade do capitalsocial, que será objeto de estudo no próximo item, a compa-nhia poderá emitir os seguintes principais valores mobiliá-rios: a) debêntures (arts. 52 a 74); b) partes beneficiiárias(arts.46a51); c) bônus de subscrição (arrs.75 a79); d)notapromissória (Inst. CVM n. 134t90¡.

As debêntures são definidas, pela doutrina, como títu-los representativos de um contrato de mútuo, em que a com-panhia é a mutuária e o debenturista o mutuante. Os titularesde debêntu¡es têm dfueito de c¡édito, perante a companhia,

222

nas condiçõ.,çr.ûxadas por um ìnstrumento elaborado poresta, qüe s,e.-Çhâma "escritura de emissão',. Tal instrumentoestabelece se o crédito é monet¿riamente corrigido ou não,as garantias desfrutadas pelos debennristas, ålpocas ¿evencrmento da obrigação e demais requisitos detenninadospor Iei (-SA, arr. 59).

A comunidade de interesses dos deben[uristas podeser represeltada por um agente fiduciiírio, nomeado'pelaescritura de emissão. Sempre que as debêntures folemdistribuídas, ou admitidas no merc-ado, u no*"uçao ã"ig"rr_te fiduciário é obrigarória. Se a negoóiação áaJ d.bãrrrì"",não. se fizer no mercado, sení faculãdva u .uu irræ*eoÇ¿o.Pode exerce.r a função de agente fido"i¿rio ¿o" ¿"U"ntoriiã.a pessoa física que preencher os requisitos que a lei esta¡ele_ce para os administrado¡es e a instituição financeira especial_mente autorizada pelo Banco Central do Brasil, observadosos impedimentos que a lei contempla no art. OO,'g 3;.

- -

As debêntu¡es, de acordo com a garantia oferecida aosseus titulares, podem ser de quatro espãcies: ,) "o-À*ttiu1"d, ",* 9r1"

um bem, pefiencenre ou não à companhia, éoner.adg (hipoteca de um imóvel, por exemplo); fj com gu_ran i1 flutuanre. que confere aos dêbenturiså. úi" i.irifegi"geral sobre o ativo da companhia, pelo qual terao prefeien_cla soÞre os credores quirografi4rios, em caso de falência dacompanhia emissora; c) quirografária, cujo tihrlar

"on"árr"com os demais credo¡es sem g¿¡antia, nã ma.sa faltda; d)

::_TlT-"i9 f"" subquirografrária). em que o tirut- t..ol."_terencla apenas sobre os acionistas, em caso de falênciâ dasociedade devedora.

- As debêntures podem ter a cláusula de conversibilida_de em ações e podem ser nominativas ou escriturais.--

---

As partes benefici¿árias são definidas como títulos ne_gociáveis, sem valor nominal e estranhos ao capital sociai,

223

Page 9: Sociedade Por Acoes Fabio Ulhoa Coelho[1]

que conferem aos seus titulares direito dé crédito eventual,consistente na participação nos lucios da companhia e¡nisso_ra (LSA. art. 46 e seu g le.).

Dos lucros da sociedade anônima não poderá ser desti_nado às partes beneficiiírias mais do qte l}fo. Esr"s titotospoderão ser alienados ou atribuídos. A atribuição, poi ruuvez, poderá ser onerosa, em pagamento a prestação d^e servi_ços, ou glatuiÞ. A companhia aberta não poderã emitir par_tes beneficiiírias.

As partes beneficiiárias terão a duração estabelecidapelos estatutos, nunca superior a 10 anos nó caso de títulosde atribuição gatuita, salvo se emitidos em favor ¿" sàcie_dl9.9g fundação beneficente de empregados da compa-nhia, hipótese em que os estatutos pod".aã fixar a duraiãodo ltulo livremente.

As partes beneficiárias podem conter, também, a cláu_sula de conversibilidade em ações, devendo, neste caso, serconstituída uma reserva especial para capitalização.

A alteração dos estatutos que importe em modificação9u

r"gu.ç_.g das valtagens conferidas aõs drulares das panesbenefici¡árias somente terâ eftcircia após sua aprovaçãå pelametade, no mínimo, dos titulares dãs partes beneficl¿rius,reunidos em assembleia.

Os bônus de subscrição, tírulos de investimento depouca presença no me¡cado de valo¡es mobiliá¡ios b¡asilei_ro, conferem aos seus tih¡lares o direito de subscreveremações da companhia emissora, quando de futuro aumento decapital social desta. O titular de um bônus não estará dispen_sado do pagamento do respectivo preço de enrissão. Sãã tí_fulos criados pela sociedade anônima para alienação onero_sa ou atribuição como vantagem adicional aos subscritoresde suas ações ou debêntu¡es.

n1À

_ ^^^ Por fim,4,C.VM disciplinou, pela Instrução n. 134, de1990, a emiss{g de notas promissåriu. ¿"riiiuã*'¿

'Orri_buição pública-..Tmaø-se a"ialo, -oUifia.io a"rtñOä ì'""p_tação de rec_ursos para restiruição u "*o prazo fiO áå, nomínimo e 360 no miíximo). Conhecido pri C.lì""rä p"_per, este valor mobihário somente podeà s". n"go"iadãm"_diante endosso em preto com a clíusula ."-;;;;;:"

6. AçÕES

_ As ações são valo¡es mobiliiírios representativos de uni_dade do capital social de uma so"iøa¿e anOnimã, qr"

"""f*rem aos seus tififares um complexo de di¡eitos e deveres-

_ Classiñcam-se as ações segundo três critérios disti¡l_tos: espécie. classe e forma.

Segundo a espécie, as ações são:

a) -Ordiruirias - aquelas que conferem aos seus titula_

¡es os direitos que a lei reserva ao acionista "o_u*. São

ações de emissão obrigatória. Não há ,o"i"¿aãe u.rO'Àusem ações.desta especie. O estatuto não precisará disciplinaresta.espécie de ação, uma vez que dela dìcorem, up"Jur, o,direitos normalmente concedildos ao sócio ¿ã ,ã"ìä¿"anônima.

, b) Preferenciais - ações que conferem aos seus fitu_

rares um complexo de direitos dife¡enciado, como, Dorexemplo, a prioridade na distribuição de dividendos ou'noreembolso do capital, com ou sem prêmio etc. As açõespreferenciais podem ou não conferirì direito de uãtã'u",seus titula¡es. Para serem negociadas no mercado de capi_tjis (bolsa de valores ou mercado de balcão),

". ¿rr.ii*ä_

fe^re1cgd99 das preferenciais devem ,", p"íé ;;; "-;"t¡ês definidos naLSA (arr. 17, g 1g.

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Page 10: Sociedade Por Acoes Fabio Ulhoa Coelho[1]

c) De fruição - são aquelas atribuídas aos acionistascujas ações fo¡am totalmente amortizadas. O seu tiû¡la¡ es-tará sujeito às mesmas restrições ou desfrutará das mesmasvantagens da ação ordiniíria ou preferencial amortizada, sal-vo se os estatutos ou a assembleia geral que autorizar aamortização dispuserem em outro sentido.

O máximo de ações preferenciais sem direito a voto,ou com restrições a esse direito, tolerado por lei é de 5OVo

das ações emitidas (art. 15, g 2).

As ações preferenciais se dividem em classes de acor-do com o complexo de di¡eitos ou restrições que, nos termosdos estatutos, forem conferidos aos seus titula¡es. As açõesordiniírias, em tese, não deveriam ser divisíveis em classes,na medida em que se conceituam justamente por conferiremum mesmo conjunto de direitos aos seus titula¡es. No entan-to, a lei possibilita aos estatutos da companhia fechada aprevisão de classes de ações ordinárias, em função de suaconversibilidade em ações preferenciais, exigência de na-cionalidade brasileira do acionista ou direito de eleger, emseparado, membros dos órgãos de administração (art. 16).As ações ordiniá¡ias das companhias abertas não poderão serdivididas em classes (art. 15, $ 19.

Anteriormente à Medida Provisória que deu origem àLei n. 8.021, de 1990, as ações eram classificadas, quanto àforma, em nominativas, endossáveis, ao portador ou escri-turais. Com a nova redação que aquele diploma conferiu aoafi.20 da LSA, foram extintas as formas ao portador e en-dossável. Presentemente, portanto, segundo este critério, as

ações serão nominafivas ou escritu¡ais.

O critério de diferenciação entre uma forma e outa levaem conta o negócio jurídico que opera a fansferência de titu-laridade dz ação, ou seja, a maneira pela qual são transmissí-

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veis. As nomilativas circulam mediante registro no liwo pró-prio da socied&rderemissora. Já as ações escriturais são ma¡-tidas, por autorização ou determinação dos estatutos, emcontas de depésito em nome de seu tih¡lar. Essas ações sãodesprovidas de certificado e sua cìrculação se opera por lan-çaûìento da operação nos registros próprios da instituiçãofinaaceira depositária, a débito da conta de depósito do alie-narìte e a crédito da conta de depósito do adquirente.

Os estatutos da companhia fechada podem estabeiecerümites à livre circulação das ações representativas de seu ca-pital social, desde que, dispõe a lei (art. 36), não impeçam asua negociação nem sujeitem o acionista ao a¡bítrio dos ór-gãos de administração ou à maioria dos acionistas. O exem-plo mais conente de aproveitamento dessa faculdade do le-gislador encontra-se na previsão do direito de preferênciapara a compra de ações reconhecido aos demais acionistas dacompanhia. Nesse caso, aquele que pretender alienar suasações estará obrigado a oferecê-las, inicialmente, aos demaishte$antes do quadro associativo da sociedade anônima. Acirculação das ações da companhia aberta, no entanto, nãopoderá sofrer qualquer restrição por parte dos estatutos.

As ações nominativas são documentadas em um certi-ficado, em regra de emissão da companhia, cujos requisitosse encontram fixados em Ieí (aú. 24). Poderá, no entanto, acompanhia contratar os serviços de escrituração e guardados livros de registro e transferência de ações, bem como osde expedição de certificados, de uma instituição financeiraavlorrZada pela CVM, chamada pela lei de agente emissorde certificados. Nesta hipótese, caberá exclusivamentê aoagente a prática dos atos relativos aos registros e emissão decertificados .

A lei possibiïta, também, às instituições financeirasautorizadas para este fi.m, pela CVM, prestarem serviços de

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Page 11: Sociedade Por Acoes Fabio Ulhoa Coelho[1]

c L'stódia_ de ações fungíveis, recebendo em depósito, comovalores fungíveis, as ações de cada espécie, classe e compa-nhia. Neste caso,. a instituição finanðeìra representará, ie_rante a companhia, os titula¡es das ações depositadas èmcustódia, para recebimento de dividendos

" açõ"s bonifica_

das, bem como exercício de direito de preferéncia na subs_crição de novas ações.

7. CAPITAL SOCIAL

O capital social de uma sociedade anônima, comoocorre em relação às demais sociedades empresiárias, podeser integralizado pelo acionista em dinheiro-(hipótese maiscomum), bens ou créditos.

Para a integralização do capital social em bens é neces_sário iealiza¡-se a avaliação desses bens, que deve ser feitacom observância de determinadas regral fixadas em lei(LSA, art. 8e). Assim, devem se¡ contratados três peritos, ouuma empresa especializada, para a elaboração de um laudofundamentado com indicação dos critérios È dos elementosde comparação utilizados e instruído pelos documentos rela_tivos ao bem. Este laudo será objeto de votação por assem_bleia^geral da companhia. Se o valor obtido pelo iaudo peri_cial for aprovado pelo órgão social e aceito þelo subscãtor,perfaz-se a integralização do capital social pèlo bem avalia_do. Qualquer bem, corpóreo ou incorpóreo (registro de mar_ca, patente etc.), móvel ou imóvel, pode ser usado para atntegralização do capital social da companhia. O bemtra¡s-fe¡e-se a título de propriedade, salvo estipulação diversa(usufruto, por exemplo), e a responsabilidade do subscritorequipara-se, outrossim, à do vendedor.

tocante à irltegralização por créditos de que sejatitular o subscritor, há de se observa¡ u t"rponrubiliduà"

228

deste pela existência do crédito e pela solvência do devedor.Mesmo em se h_a{þndo de cessão civil (em que, em regra, ocedente não resþonde pela solvência do devàor, nos tJrmosdo art. 296 do CC), será sempre possível demandar o subs_critor quando o devedor não hornar o títrfo junto à compa-nhia cessioná¡ia (I-SA, art. 10, parágrafo único). O mesmose verifica na hipótese de endosso ,.sem garantia", sendoineficaz perante a companhia a cláusula exoneratória de res_ponsabilidade do acionista-endossante. Além disso, o certi_ficado de ação integralizada por transferência de crédito so_mente poderá ser expedido após a sua realização (lSA, art.23, S 2e).

O capitai social pode - e, em certos casos, deve _ser aumentado. O aumento do capital social, no entanto,nem sempre decorre de ingresso de novos ¡ecu¡sos na com_panhia.

O capitai social da sociedade anônima é aumentadonas seguintes hipóteses:

a) Emissão de ações - hipótese em que há efetivo in_gresso de novos recursos no pahimônio social. O aumentose¡á delibe¡ado em assembleia geral extraordinrária (LSA,art. 166, fV) e tem por pressuposto a realízaçáo de, pelomenos, 3/4 do capital social então existente (LSA, art. 170).

Pode, também, ser feito por deliberação da assembleiageral ou do conselho de administração, nos limites do capi-tal autorizado (LSA, art. 166, n).

b) Valores mabilùirios - a conve¡são de debênturesou partes benefici¡írias conversíveis em ações, bem como oexercício dos direitos conferidos por bônus de subscrição ouopção de compra, importam em aumento de capital social,com emissão de novas ações (I-SA, art. 166, III).

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_ c) CapitaliTação de lucros e reseryas _ a assembleia

geral ordinária pode destinar uma parcela do luc¡o líouidoll9:'::"** tya 1f_opo ao ca¡tar .o.i¿, .-irinão_r",ou nao,.novas ações (LSA, art. 169), mas sempre sem o il_gresso de novos recursos.

. 9 es?luto da companhia pode autorizar o aumento docapital social, denrro de ierro li-it", ,"_ n"""rriããããä".r"alteração. A medida visa a agilizar o p.o."rro åã-a-JJrao

"lmi¡sio d¡.1o¡as ações. Estè timite é "tu_u¿ã

¿1"ãoit lauronzad.o". O est¿tuto deverá, quando fixar o capital aito_

rizado, definir qual o órgão comperente para decidir a emis_são das novas ações, se u u.r"-úl"iu g"rul oo o .Ã"rnã ¿"administração (LSA, art. 16g).

, O capital social da companhia pode, também, ser re_duzido. Duas são as causas que a lei cànsid".u o*u o"rïrriri,esta redução: excesso do capital social, qu*ao ,"

"o'n.àL o

seu superdimensionamento; e i¡realidaáe ao capiø social,quando houver prejuízo patrimoniat (LSA, *. iZ¡i. õ"an_09 ocorre redução do capital social com restiruição aosàcio_tllsøs de parte do valor das ações ou diminuição do valordestas, se não integralizadas, á importan"a Jui

""oã¿"r:¿feitas, a lei busca proteger os inie¡esses ¿o, ".àJor"r'¿uflfpanhia, sujeitando a eficácia da deJiberação da assem_

bleia geral ao transcurso do prazo de 60 dias após u ou¡t_cação de sua correspondente ata. Durarte este làpso tJmpo_r!, os gre{gr9s quirografários exisrentes à d"r" ä;;;i:"_ção terão di¡eito de manifestar oposição à redução á"li;;"_da, hipótese em que o arquivamenró da atz d,à u.r.n-rUì"iugerat. hca condicionado ao pagamento ou ao depósito iudi_clal do crédito do oponente. Outrossim. nesta mesma hipó_tese. será.necessiíria, para a pretendida redução. u up.ouãËãooa matona de seus debenturistas, reunidos em asiembleiaespecial (LSA, arr. 174).

230

. Discute-se.a responsabilidade do acionista controla_

{or em,fa¡9

$sr$capifâlização da sociedade anônima. Cui-qa^-se da lupótese em que o capital social é ostensivamentelnlenor ao necessiário para o desenvolvimento do objeto so_cial. Pa¡a obter os recursos faltantes, u

"o-puohiu .Ë.Ào" u

expedientes como empréstimos feitos pelo f,róprio controla_dor. Este, em vez de subsc¡ever novas ações, cóntrai um mú_fuo com a sociedade, para apresentar_se, em caso de falênciadesta, não como acionista, mas como um credor a mais.Mesmo não havendo empréstimo, pode ser ut iUuiáu-r"r_ponsabilidade ao controlador em caìo de subcapitalizafao,fundada no fato de configurar abuso da fo.ma so"ieráiu aconstituição_de pessoa jurídica sem os reclusos indispensá_veis ao seu desenvolvimento.

8. ÓRGÃOS socIAIS

. -Q3atro são os principais órgãos da companhia: a as_

sembleia geral, o conselho de administração, a di¡etoria e oconselho fiscal. Além destes, o estatuto poderá prever, lirre_mente, a existência de órgãos técnicos de assessoramento oude execução.

A assembleia geral é o órgão miáximo da sociedadeanônima, de ca¡áter exclusivamente deliberativo, que reúnetodos os acionistas com ou sem direito a voto. òomo sesabe, nem todas as ações conferem ao seu titular o di¡eito departicipar do encaminhamento dos negócios sociais. Assim,os acionistas titr¡lares de ações preferenciais nominativaspodem ter este di¡eito limitado ou suprimido p"to

"riun to.

Tlais acionistas poderão exe¡cer o direito a votõ somente emcasos. excepcionalmente previstos, como a deliberação daconstituição, eleição em separado de membros do conselhode adminiskação ou fiscal, não pagamento de dividendos

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fixos ou mínimos etc. Salvo, pois, tais casos, os titulares dasações destas categorias não têm voto na assembleia geral.Assegura-lhes a 1ei aþenas o direito de voz na discussãã dasmatérias em pauta (I-SA, art. 125, parágrafo único).

A lei exige a rcalízação de uma assembleia geral nosquatro meses imediatamente seguintes ao término do exer_cício social, para fins de apreciação de um conjunto de ma_térias específicas. Esta é a assembleia geral ordinária que serealiza anualmente. Sua competência estiá restrita aos iemaselencados no afi. 732 da LSÀ, a sabe¡: a) tomar as contasdos administradores, examinar, discuti¡ e votår as demons-trações financeiras; å) deliberar sobre a destinação do lucrolíquido e a dishibuição de dividendos; c) eleger os adminis_tradores e fiscais, se for o caso. eualquer outro tema nãopoderá ser objeto de deliberação da assembleia geral ordiná-ria, fazendo-se indispensável a convocação de uma assem-bleia extraordiniária.

Fixa a lei Dm quorum para validade das deliberaçõesda assembleia, ordiniária ou extraordinária. primeiro, cogi-ta-se de im quorum de instalação, ou seja, sem a presençade acionistas que representem, no mínimo, l/4 do capitalsocial votante, em primeira convocação, não poderá serdado início aos trabalhos (I-SA, arr. 125). Em constando,porém, da pauta a apreciação de proposta de reforma dosestatutos, o quorum de instalação em primeira convocaçãopassa a ser de acionistas represenLantes de 2/3, no mínimo,do capital social votanre (LSA, art. 135). Em qualquer hipó-tese, a assembieia se instala, em segunda convocação, comqualquer nrímero de acionistas.

Para aprovação de proposta dirigida à assembleia ge-¡al, basta a concorrência da vontade de acionistas titula¡esde ações com direito a voto representativas de mais da me-

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tade do total de.a.gões com direito a volo presenf¿s à reuniãodaquele órgão; 'deçontados os votos em branco. É esæ osentido do conceito de maioria absoluta constante do art.129 da LSA. Existem, entretanto, hipóteses em que a lei fixaDm quorum mais elevado para a deliberação. Trata-se doqaorum qualificado do art. 136, que impõe, para a ap¡o-vação das matérias nele elencadas, a concordância de acio-nistas que representem metade, no mínimo, do capital socialvotante. Pa¡a a deliberação de assunto recolhido pelo le-gislador neste dispositivo, é necessória a aprovação de acio-nistas titulares de, no mínìmo, 50Va das ações com direito avoto. Note-se bem que este percentual é necessário para aaprovação, mas nem sempte suficienf¿: no caso de a pro-posta contar com a aprovação de metade dos acionistas comdireito a voto e com a reprovação da outra metade, será ocaso de empate, aplicando-se o art. 129, g 2e, da LSA. Oquorum de deliberação, simples ou qualificado, poderá seraumentado pelos estatutos da companhia fechada.

hescreve em 2 anos a ação para anulação de deliberaçõestomadas em assemblei4 em virtude de vício na convocação ouinstalação, bem como infração da lei ou do estatuto, ou, aindaeno, dolo, fraude ou simulação (IJA, art. 286).

O conselho de administração é órgão, em regra, facul-tativo. Trata-se de colegiado de caráter deliberativo, ao quala lei atribui parcela da competência da assembleia geral,com vistas a agiltzar a tomada de decisões de interesse dacompanhia. Este órgão só é obrigatório nas sociedades anô-nimas abertas, nas de capital autorizado e nas de economiamista (I-SA, arts. 138, 5 2e, e 239).

Cabe ao estatuto fixar, observado o mínimo legal de

três, o número de conselheiros, podendo optar pela fixaçãode mínimo ou miáximo permitidos. Deve, também, fixa¡ o

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prazo deduração do mandato de seus intégrantes, nunca su_perior a 3 anos; e estabelece¡ ¡rormas regimentais do órgão,notadamenre no que se refere à er.ot u "îùr-tiËffi ãJ r",-rlj,e-1gen:e,

substituição de seus membror, .onuoåiäo. m._Éuaçao, ïunclonamento e deliberação. O conselho ä"úb"rupor maioria de votos, se o estaruro;ão pr.re quiü oiai_ficado para uma ou mais marérias (;. ítój;ä;."'r.ä¡"_nista é elegívet para o cargo de c"À"th;;i;. öö"_elege,e pode, a qualquer tempo, destituir à, -"rrt¡rå, ¿oconselho de administração é a-assembleiag"r¿ -*^""-"''" Ig^".l-"_"a-é

órgão. .e.representação Iegal da compa_

lï1 e d:.exTução das deliberações dã asseñrbleia seral e(]o consetho de adminishação. O estatuto deverá preier, emrelação à direroria: a) númåro d. *;ñ;d;,in;íinräo, udois,_ou o mínimo e miíximo perrnitidos; å) duracão doSandato, 1ão superior a 3 anos; c¡ modo dè'ruúrriäiäo"oo.diretores; d) atribuições e podereá ¿.

""¿" ¿i..iã. iä. iì¡¡.

. . Os di¡etores não precisam ser, necessariamente, acio_rusras da companhia, e são eleitos pelo conselho de adminis_hação, se.houyer, ou pela urr"ro-bl"ia g"r¿, ì"-in"fJÅ o:.:ir:T9 de administração. São, a qualqîer r"-pã, ã"rrtr"ivels

p€lo orgao competente pa¡a a eleição. Até 1/3 dos mem_

:1:r_ T,T"*rho de adminisrração poderá hregrar, rambém,a ofetona.

^ A representação legal compete àquele diretor ao oual

:I :lnbu1da esta.co.mperência específica pelo estaturo, ou,

orrusso este, por deliberação do conselho de administracão.ùe lnextsttr seja previsão estatutiíria, seja deliberacão doconselho, a represenração Iegal competiráä q"¿ì*iä", À_retores da comp anhja (a¡t. lM).

Tantg os integrantes do conselho de administraçãoquanto os da diretoria são, sempre, reelegívei, (urtr. i40;ä,e i43, Itr).

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O consel&o:úscal é órgão de existência obrigatória,mas de funcionarnento facultativo, compos; de;; å;"r_"três, e, no máximo, citco membros,

^acionist¿s å" ia".

9oTdo-." Tug d" órgão que, pelo esr¿tuto, t".o t o"ioou_mento facultativo, este deverá ìcoüer por ¿"fi¡"ræãl ¿.assembleìa.ge^ral, por proposra ¿e acionista ñ;-r"nÄ;*",na sociedade fechada, IOVa das ações com dùito ;;;; ou57o das ações sem direito a volo (art. 161, g 2e); ;";"b;;.,os percentuais são menores, fixados pela ôViø

". t oçaodo capital social. Os mesmos requisitos, impøi_"rì", "

¿"_veres que a lei estabelece para os administrådo¡es são exten_stvels aos memb¡os do conselho fiscal. Além d.isso, nãopode ser eleito fiscal o membro de órgão O" uaroloirt aao,e.mpregado da companhia ou de socieãade po.

"tu *onàU_

da, ou do mesmo grupo, bem como o cônjuge ou parenæ atérerceiro grau de adminisrrador da compäníúa 1ai. i¿;" $

]i), Os tilutires de ações preferen.t¿, såÀ teito ä uä, ou

com restrições desse di¡eito, poderão eleger, em ,"p_áOo,um membro do conselho fiscal. Igual direiL ie_ o,

"'"i*ir_tas minorit¡írios que rep¡esentem lTVo ou maís do capitalvotante. Assim, se o conselho fiscal tinha três memb¡ás, oórgão passa a ter ci¡co se ambos os grupos rni";;tário.exerce¡em os seus di¡eitos de eleição de fisõal em separado,em vi¡rude do disposto no art. I6i, g 4e, da LSA.

. _ Oconselho fiscal é órgão destinado à fisc¡tiz¿ç¿6 ¿65orgaos de administração, atribuição que exerce p_u á p.ot"_ção dos inreresses da companhiã e ãe todos

"', ..iã,iiìLr.

sua competência vem detalhada no an. I63 da LSA.

9. ADMTNTSTRAçÃO Oe SOCreOeop

Sob a rubrica de .,administrado¡es',, a lei definiu um

conjunto de regras jurídicas aplicáveis tanto ao ;;b-;"

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conselho de administração quanto ao da diretoria (aÍs. 145a 160). Desse conjunto, destacam-se as referentes aos deve-dores e responsabilidades dos adminisEadores.

São os seguintes os deveres impostos por lei aos mem-bros do conselho de administração e da di¡etoria:

a) Dever de diligêncía - pelo qual o administradordeve empregar, no desempenlo de suas atribuições, o cui-dado e diügência que todo homem ativo e probo, costumei-ramente, emprega na administração de seus próprios negó-cios (art. 153). Para melho¡ nortear o cumprimento destedever, determina a lei que o administrado¡ exerça suas atri-buições com vistas à realização dos fins e i¡teresses da com-panhia, satisfeitas as exigências do bem público e da funçãosocial da empresa (aft. 154).

b) Dever de lealdade - o administrador não podeusar, em proveito próprio ou de terceiro, informação perti-nente aos plalos ou interesses da companhia e à qual teveacesso em razão do cargo que ocupa, agindo sempre comlealdade para com aquela (art. 155). Deve, pois, abster-se deintervir em qualquer operação social em que tiver interesseconflitante com o da sociedade anônima, bem como ria deli-beração que a respeito toma¡ o órgão no qual tenha assento(aft. 156). O descumprimento do deve¡ de lealdade pode ca-ftcfetrzar, em alguns casos, crime de concorrência desleal(LPI, art. 195, XI e g 1q).

c) Dever de informar - o administrador de compa-nhia aberta tem o deve¡ de informar, imediatamente, à Bolsade Valores e divulgar pela imprensa qualquer deliberaçãodos órgãos sociais ou fato relevante que possa influir, demodo ponderável, na decisão dos investidores do mercadode vender ou compra¡ valores mobilirários de emissão dacompanhia (art. 157, $ 4Ð. Oufo aspecto do dever de i¡for-

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mar diz respeito aos interesses que o administrador de com-panhia aberta possua nos negócios sociais, os quais têm osacionistas o direito de conhecer, nos termos do caput e do $lq do art. 157 da LSA.

. O administrador não é responsável pelas obrigaçõesassumidas pela companhia por ato regular de gestão, masresponderá por ato ilícito seu, pelos prejuízos que causar,com culpa ou dolo, ainda que dentro de suas atribuições oupoderes, ou com violação da lei ou do estatuto. É o que pro-clama o art. 158 da LSA. A companhia pode promover aresponsabiüzação judicial de seu administrador, por prejuí-zo que este lhe tenla causado, mediante prévia deliberaçãoda assembleia geral. A deliberação poderá ser tomada emassembleia ordinária, ou, se constar da ordem do dia, ou ti-ver relação direta com matéria em apreciação, pela assem-bleia extraordinríria. Em qualquer caso, o administrador serádestituído do cargo de adminisfação e substituído, nos ter-mos estatutádos.

Se os órgãos de administração retardarem a propositu-ra da competente ação por mais de 3 meses, qualquer acio-nista poderá fazê-lo em nome da companhia. É hipótese desubstituição processual derivada (art. 159, g 3e). Se, porém,a assembleia geral decidiu não promover a responsabiliza-ção do administrador, os acionistas que possuam ações re-present¿tivas de SVo ott mais do capital social poderão, emnome da companhia, promover a ação judicial. E hipótesede substituição processual originríria (aft. 159, g 4).

A ação para responsabihzação dos administradoresprescreve em 3 anos, contados da data da publicação da atada assembleia geral que votar o balanço referente ao exercí-cio em que o ilícito ocorreu. O mesmo prazo conta-se, noentanto, da prescrição da ação penal ou da sentença penaldefinitiva, caso o fato ensejador da ação de responsabilidade

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civil deva ser objeto de apuração na esfera criminal (LSA,arts. 287 ,11, b,2 e 288).

Além da responsabilidade civil e penal, têm os admi-nistradores responsabilidade de caráter administrativo pe-rante a CVM. Esta autarquia pode impor-lhes, por infraçãoa dever prescrito na legislação do anonimato, sanções quevariam de multa ou advertência até suspensão do exe¡cíciodo cargo ou inabilitação Q-ein.6.835176, arr. 11).

Até aqui, estudamos os deveres e responsabilidadesdos administradores em relação à propria sociedade anôni-ma que administram. Eles, no entanto, também podem serresponsabilizados por danos que causam a terceiros, noexercício da função. Os consumidores, por exemplo, têmação contra os administradores que conduziram a compa-nhia fornecedo¡a à falência ou inatividade, em decorrênciade má administração (CDC, art.28). Os administradores deoperadoras de planos de assistência à saúde respondem sub-sidiariamente pelos direitos contratuais e legais de consumi-dores, prestado¡es de serviço e fornecedores, bem como pe-las obrigações fiscais e trabalhistas da sociedade (Iei n.9.656198, art. 35-J).

10. O ACIONISTA

O dever principal do acionista - defi¡e o a¡t. 106 daLSA - é o de pagar o preço de emissão das ações que subs-crever. O vencimento das prestações será o definido peloestatuto ou pelo boletim de subscrição. Se omissos tais ins-trumentos, os órgãos da administração procederão à cha-mada dos subscritores, por avisos publicados na imprensa,por três vezes pelo menos, estabelecendo prazo não inferiora 30 dias para o pagamento. O acionista que deixar de pagara prestação devida, no prazo assim fixado, estará constituído

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em mora indepe@entemente de qualquer interpelação. Nes-ta situação, deÃæirâþagar o priacipal de seu d6bito, acrescidode juros, coreção,rnonetária e multa estâtutária de, no má-xtmo, lÙVo. Estas três parcelas são devidas apenas se exisfirprevisão estatutária.

A companhia poderá promove¡ cont¡a o acionista emmora (chamado pela lei de "remisso"), a cobrança judicialdo devido, por ação de execução, servindo o boletim desubscrição, acompanhado, se for o caso, da chamada, comotítulo executivo extrajudicial. Poderá" também, optar pelavenda das ações subscrifas pelo acionista remisso em Bo1sa.Esta regra, porque a venda referida se faz mediante leilãoespecial, também se aplica às companhias fechadas. Do pro-duto arrecadado nessa venda serão descont¿das as despesascom a operação e os juros, correção monetã¡ia e multâ pre-vistos em estatuto, ficando o saldo à disposição do ex-acio-nista. A lei faculta à companhia promover a venda em Bolsarnesmo após o ajuizamento da execução judicial, assimcomo promover esta em caso de se revela¡ frustrada a vendaem leilão especial da Bolsa. Baldadas, no entanto, ambas asprovidências, a companhia pode declarar a caducidade dasações, apropriando-se das entradas porventura já reaLizadas.Se, então, possuir fundos ou reservas (exceto a legal) dispo-níveis, poderá integral)zat z ação, para vendê-la, se e quandodesejar. Se não possuir f,rndos ou reservas suficientes para aintegralização, terá a companhia o prazo de I ano para con-seguir um comprador para as ações em questão, findo oqual, o capital social deve¡á ser reduzido, por decisão daassembleia geral, em importância correspondente.

O art. 109 da LSA elenca os di¡eitos essenciais doacionista, a sabe¡:

a) Participação nos resultados sociais - o acionist¿tem direito de receber o dividendo, que é a parcela dos lu-

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cros sociais que lhe cabe, bem como parti'cipar do acervo dacompanhia, em caso de liquidação (arr. 109, I e II). Este di-reito não pode ser exercido se a sociedade anônima é deve-dora do INSS, já que a lei do custeio da segwidade socialproíbe a distribuição de lucros nas sociedades com débitoprevidenciiário (Lei n. 8.212/9 l, æt. 5Z).

b) Fiscalização dn gestõo dos negócios sociais - alegislação do anonimato prevê formas de fiscalização diretae indireta dos negócios sociais. Do primeiro caso é exemploa exibição dos livros sociais aos acionistas que tepresentem57o ou mais do capital social, nos casos de violação da lei oudo estatuto ou fundada suspeita de grave irregularidade (art.105); do segundo, é exemplo o conselho fiscal.

c) Direito de preferência - os acionistas têm direitode preferência na subscrição de ações e de valor mobiliárioconversível em ação, segundo os critérios do art. 171, g ls,da LSA. Trata-se de um di¡eito cedível.

Q Direito de retiradn - o asionista dissidente de deter-mimdas deliberações da assembleia geral (arts. 136, I a VI, eß., 221,,230 e 252) ou de companhia cujo controle foi desa-propriado (art.236, pañgralo único) tem o direito de se reti¡a¡da sociedade, recebendo o reembolso de suas ações (art. 45).

A base para o c¡ílculo do reembolso é o valor patrimo-nial das ações do acionista dissidente. Assim, o acionistaque se retira terá direito de receber da sociedade, por cãdaação que titulariza, a importância equivalente à divisão dopatrimônio líquido da companhia pelo número de ações. Emprincípio, o patrimônio líquido da sociedade é o constantedo último balanço aprovado. Pode-se verificar, no entanto, adefasagem desse valor, caso em que inevitavelrnente ocorre-ria uma injustiça (em desfavor do dissidente, se o valo¡ his-tórico é inferio¡ ao atual, ou em desfavo¡ da sociedade, se ésuperior). Para evitar a injustiça contra o acionista dissiden-

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te, a lei admite que ele peça o levantamento de um balançoespecial (LSA; art. 45, g 2a); para evitar a injustiça contra asociedade, ela faculta aos estatutos a previsão de pagarnen-to, a título de reembolso, do valo¡ econômico das ações(LSA, art. 45, gg 3q e 4e).

Deve-se atotar que, para boa parte da doutrina, após areforma de 1997, o reembolso do acionista dissidente podeser feito também pelo valor econômico das ações, quandoassim previsto em estatuto.

O direito de voto, conforme já assinalado, não é di¡ei-to essencial, posto existirem ações que não o conferem aseus titulares. A lei disciplina o exercício do direito de voto,e coíbe o voto abusivo e o conflitante. Voto abusivo é aqueleem que o acionista tem em vista causar dano à companhiaou a outro acionista, ou obter. para si ou para outrem, van-tagem indevida e da qual ¡esulte ou possa resultar prejuízopara a sociedade ou outro acionista. O acionista responde,civilmente, pelos danos que causar com o voto abusivo. Já ovoto conflitante, cuja caracterização dispensa qualquer ele-mento subjetivo, vem elencado em lei. O acionista não podevotar nas deliberações sobre o laudo de avaliação de benscom os quais pretende integralizar suas ações, nem na apro-vação das suas contas como administ¡ador, nem nas ques-tões que possam beneficiálo de modo particular ou nas quetiver interesse conflitante com o da companhia (art. 115, g

1e). A decisão tomada em função de voto conflitante é anu-lável, sem prejuízo da responsabiLidade civil do acionistapor eventuais danos decorrentes.

11. ACORDO DEACIOMSTAS

Os acionistas podem, liwemente, compor seus interes-ses por acordo que celebrem entre si. Tþrão, em decorrência,

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a proteção que a lei dispensa aos contratbs em geral. Caso,entretanto, tais acordos ve¡sem sobre três temas determina_dos, a seguir referidos, e estejam registrados .ru

"o-p*hi4tais.acordos estarão sujeitos a uma proteção especifiõamen_te liberada pela legislação do anonimato.

Assim, se o acordo tem em vista o poder de controle,exercício do direito de voto, a compra e vènda de ações ou apreferência de sua aquisição, o seu regisffo junto à

"o*po_nhia importará nas seguintes modalidades de tutela: a; a so_ciedade anônima não poderá praticar atos que conüa;em oconteúdo próprio do acordo; å) poderá ser ottida a execuçãoespecífica do avençado, mediante ação judicial.

Assim, se um acionista acordou em conceder di¡eitode preferência a outro, mas vendeu suas ações a um tercei_ro, descumprindo o acordo, a companhia não poderá regis_t¡ar a transferência de titularidade das ações, *so o a"oidose encontre averbado. Não há, no entanto, como tornar efe_tivo o direito de preferência, por parte do acionista pre_judicado, senão com recurso ao podi¡ Judicirário que, subs_tituindo a vontade do acionist¿ alienante, concedå a prefe_rência àquele.

No tocante ao acordo de acionista que tenha por objetoo exercício do direito de voto, há duas observaçOès a faze¡:la) não pode ocorrer a venda de voto, fato tipiiicado comocrime pelas legislações mais avançadas. O que as partesacordam é a uniformização da poltica administrativaj Zu¡ ochamado voto "de ve¡dade', é insuscetível de ser objeto'deacordo. Nesta categoria se incluem os votos do acionista emmatéria não propriamente deliberativa, mas homologatória,como é o caso da votação das contas dos administrãdores,ou do laudo de avaliação de bens para int egraltzação do ca_pital sociai etc.

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12. PODERÐECONTROLE

O acioústa (ou grupo de acionistas vinculados poracordo de volo) tiflrlar de direitos de sócio que lhe assegu-rem, de modo pennanente, a maioria de votos na assembleiageral e o poder de eleger a maioria dos administrado¡es eusa, efetivamente, desse poder para dirigir as atividades so-ciais e orientar o funcionamento dos órgãos da companhia éconsiderado, pelo art. 116 da LSA, acionista controlador.Pa¡a a sua configuração, é necessária a convergência destesdois elementos: ser maioria societiá¡ia (não no sentido denecessa¡iarnente tinrlariza¡ a maior parte do capital social,mas no de possuir ações que ihe garantam a maioria nasdecisões tomadas pelas 3 últimas assembleias) e faze¡ usodos direitos decorrentes desta situação para dirigir a socie-dade. O acionista controlador responde pelos danos quecausar por abuso de pode¡ exemplificando a lei o exercícioabusivo do poder de controle no art. l17. Denfie as hipó-teses ali encontradas, destacam-se o desvio de finalidade dacompanhia, a liquidação de sociedade prósper4 a eleição deadministrador ou fiscal sabidamente inapto, moral ou tecni-camente etc. Se de qualquer destes atos, ou outros que con_fi-gurem abuso de pode¡ decorrer dano à companhia, seusacionistas e empregados, ou à comunidade em que atua, ocontrolador responderá pela respectiva composição.

Para responsabilizar o controlador pelos danos advin-dos do exercício abusivo do poder de controle, não é neces-sário provar a sua intenção. Entende a doutrina que exigir talprova (diabólica) poderia significar o esvaziamento do di¡ei-to à indenização reconhecido pelo legislador, dada a exfe-ma dificuldade de sua produção.

Cabe menciona¡, ainda, outras hipóteses em que a leiimputa responsabilidade ao controlador da sociedade anôni-ma. Por exemplo, ele pode ser responsabilizado, em caso de

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dolo ou culpa, se a sociedade anônima é instituição financei_ra, na hipótese de decretação, pelo Banco Cent¡áI, do regimede administração especial temporiíria (Dec._lei n. Z.ZZïISS,5.]5_I ìicluidação extrajudicial ou intervenção (Lei n.9.447 /97). Igual responsabiLidade tem o controiador de se_guradora, entidade de previdência privada aberta e compa_nhia de capiratização (I_ei n. 10.19d/2001)

As ações que dão sustentação ao poder de cont¡olecostumam ser negociadas por valor substancialmente maiorque o das demais, inclusive ordiniá¡ias emitidas pela mesmasociedade. A diferença é chamada, no me¡cado,ìe .þrêmiode controle". Quando alguém adquire ações que lhe possibi_litam passar a controla¡ a sociedade *éni-á, não eitrí ape_nas acrescendo ao seu patrimônio o direito de parricipar ãosseus dividendos e resuitados, mas também viários ìutros,como o de eleger os administradores, definir a estr atégia ge_ral da empresa, reestrutüar a sociedade, aumentar o õupiøsocial, estabelecer a destinação não vinculada dos resulta_dos etc. É racional e justo que, em razáo disso, pague maispelas ações de sustentação do controle.

Aìgumas vezes, porém, no ,þrêmio de cont¡ole" estáembutida retribuição a valor agregado à companhia não pelocontrolador, mas por minoritírios. Se a sociedade havia ðap_tado ¡ecursos no mercado de capitais, com a emissão ãeações preferenciais não votantes, pouco antes da alienaçãodo controle, o caixa elevado da companhia decorrente destaoperação certamente será levado em conta na negociação dopreço das ações do cont¡olador. A liquidez da companhia,no entanto, é valor agregado pelos que haviam subscrito aspreferenciais. Aqui, o controlado¡ estiá apropriando, via'þrêmio de controle", valor que não agregou ao negócio.

Para evita¡ esta distorção, os acionistas mjnorit¿íriosdevem condicionar o ingresso na sociedade à cláusula de

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saída conjuntø;no eståtuto ou em acordo de acionistas (eminglês, rag along). Quando prevista esta cláusula, o contro-lador não pode vender suas ações isoladamente. Quer dizer,só poderá vendê-las a quem se comprometa a adquirir tam-bém as dos beneficiados pela cláusula. Viabiliza-se, destemodo, a distribuição do "prêmio de controle" entre os acio-nistas com direito de saída conjunta.

Nas companhias abertas, a cláusula de saída conjuntaestiá prevista na lei em favor dos acionistas com direito avoto. Nelas, a alienação das ações que dão sustentação aopoder de controle só pode ser feita mediante condição (sus-pensiva ou resolutiva) de o adquirente adquirir, por ofertapública, as demais ações com direito a voto daquela socie-dade, pagando no mínimo 807o do preço pago pelas do con-trolado¡ (LSA, art. 254-A). Os preferencialistas sem di¡eitoa voto só têm direito de saída conjunta se previsto comovantagem estatut¿iria.

1 3. DEMONSTRAçÕBS rnqeNCeRAS

A legislação do anonimato estabelece a obrigação de acompanhia levantar, ao término do exercício social, um con-junto de demonstrações contiábeis, com vistas a possibilitaro conhecimento, pelos acionistas e por terceiros, de sua situ-ação patrimonial, econômica e financeira, bem como dosresulødos positivos ou negativos alcançados pela empresa.

Essas demonstrações não são úteis apenas para o di-¡eito societiírio comercial. Servem também a firalidadespreceituadas pela legislação tribut¡íria, que exige das socie-dades anônimas ai¡da outras demonstrações. São instru-mentos valiosos, por out¡o lado, para a administração dasociedade e o controle gerencial, desempenhando, dessemodo, funções não jurídicas também. O estudo dessas

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