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CADERNO DA INFÂNCIA Nº 1

Educação da Infância Sem Terra

– Orientações para o trabalho de base –

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Expediente

Produção: Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Elaboração: Setores de Educação, Gênero e Cultura

Diagramação: Chico Barros

Ilustrações: Chico Barros e Elaine Z.

1ª edição: Dezembro de 2011

Secretaria Nacional do MST

Alameda Barão de Limeira, nº 1232

São Paulo - SP CEP 01202-002

Fone/Fax: 11 3361-3866

Correio Eletrônico: [email protected]

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Sumário

Apresentação..........................................................................................................4

Orientações para utilização do caderno.............................................................5

1º Encontro – A Infância: que tempo de vida é este?.....................................6

2º Encontro - A Família.....................................................................................15

3º Encontro - A Criança e a Coletividade........................................................20

4º Encontro - O cuidar e o educar....................................................................25

5º Encontro – O Trabalho …...........................................................................31

Bibliografia...........................................................................................................37

Anexos

Indicação de filmes e sinopse ...................................................................................38

Orientações para a construção de Parques Infantis ....................................................43

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APRESENTAÇÃO

Companheiros e Companheiras, famílias e dirigentes do MST nos estados, nos assentamentos e acampamentos deste Brasil.

Temos a alegria de apresentar o Caderno da Infância, que nesse primeiro número tem a temática a “Educação da Infância Sem Terra – orientações para o trabalho de base”, com objetivo de iniciar o debate e a reflexão coletiva sobre este tempo de vida que é a infância. Pensando nisso, elaboramos este material para auxiliar na organização de encontros, em que estudaremos e discutiremos nos Núcleos de Base dos assentamentos e acampamentos a temática da INFÂNCIA SEM TERRA.

O debate sobre a infância no Movimento não começa nem termina com este caderno, afinal, já nos primeiros acampamentos do MST as crianças se faziam presentes na luta – o que levou a organização discutir a educação para as suas crianças. Nesse percurso de quase três décadas de existência do Movimento, as crianças Sem Terrinha conquistaram escolas, cirandas infantis, coletivos infantis, encontros e a Jornada Nacional dos Sem Terrinha; conquistaram também o direito de brincar, de criar e recriar, de imaginar e sonhar.

Foi pensando no acúmulo de experiências práticas com a infância Sem Terra que os Setores de Educação, Gênero e Cultura organizaram um coletivo que teve a tarefa de se dedicar à elaboração deste material, com a contribuição de vários outros coletivos nos estados, em cooperativas, cursos sobre a infância, coletivos de educadores e no Coletivo Nacional de Educação do MST.

Depois desse longo processo de produção coletiva, apresentamos a proposta de formação a ser realizada nos núcleos de base, nos grupos de famílias dos acampamentos e assentamentos. Este caderno está organizado em cinco encontros: 1º A Infância: que tempo de vida é este? 2º A Família. 3º A Criança e a Coletividade. 4º O cuidar e educar. 5º O Trabalho.

Bom Estudo !

Coordenação Nacional do MST

São Paulo, novembro de 2011

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ORIENTAÇÕES GERAIS

PARA UTILIZAÇÃO DO CADERNO

Este caderno deverá ser estudado nos núcleos de base do MST e pela militância. Os/as coordenadores (as) das reuniões deverão preparar as mesmas com antecedência:

1. Convidar todas as pessoas que fazem parte do grupo a participarem dos encontros: homens, mulheres, jovens, adolescentes, crianças e idosos. Se alguém não vier em algum dos encontros, convidar novamente, pois este é um assunto que precisamos refletir enquanto Movimento Sem Terra.

2. Preparar o ambiente onde vai se realizar a reunião com cadeiras ou bancos, a bandeira do MST, da Via Campesina e os símbolos sugeridos para cada encontro. Preparar um ambiente aconchegante e alegre.

3. Preparar o conteúdo e os materiais que serão necessários, por exemplo: os mapas do Brasil e/ou do estado, materiais que podem ser articulados com a escola local.

4. Ao final de cada encontro, distribuir todas as tarefas para o próximo (mística, coordenação da reunião, organização do ambiente, disciplina, Ciranda Infantil, animação, lanche) definindo o dia, o local e um horário que facilite a participação de todos.

5. Não fazer reuniões muito longas, definir com o grupo o tempo que será utilizado.

6. Se o grupo tiver muitas crianças pequenas, organizar uma Ciranda Infantil, para que as mães e pais possam participar.

7. É importante que em cada encontro seja feita alguma forma de registro do debate, como fotografias, vídeos, relatos escritos, no sentido de contribuir com as reflexões para o conjunto do Movimento.

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1º Encontro - A infância: que tempo da vida é este?

Objetivos do encontro

a) Discutir o que é a infância e o seu sentido para as pessoas

dos assentamentos / acampamentos;

b) Entender como as crianças de nossos acampamentos e

assentamentos vivem sua infância.

Preparando o encontro

Sugestão de ornamentação: flores, gravuras de crianças em diferentes circunstâncias

(brincando, comendo, trabalhando, alegres, tristes...), garantindo um ambiente bonito e

alegre.

Organização da mística: resgate da cultura infantil; músicas infantis, brincadeiras,

poemas, jogos, trava-línguas etc.

O Encontro

Apresentação da Mística

Coordenador e coordenadora:

Dar boas vindas ao grupo, pedir para que as pessoas se

apresentem, dizendo como receberam o convite para esse encontro e o

motivo de terem vindo.

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Apresentar o caderno (você pode ler a apresentação do caderno).

Em seguida, apresentar os objetivos deste primeiro encontro e como será

desenvolvido.

Atividade I – Nossa Infância

Leitura do Poema:

“Meus oito anos” (1859)

de Casimiro de Abreu

Oh! que saudades que eu tenho

Da aurora da minha vida,

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias

Do despontar da existência!

– Respira a alma inocência

Como perfumes a flor;

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O mar é – lago sereno,

O céu – um manto azulado,

O mundo – um sonho dourado,

A vida – um hino d’amor!

Que auroras, que sol, que vida,

Que noites de melodia

Naquela doce alegria,

Naquele ingênuo folgar!

O céu bordado d’estrelas,

A terra de aromas cheia,

As ondas beijando a areia

E a lua beijando o mar!

Oh! dias de minha infância!

Oh! meu céu de primavera!

Que doce a vida não era

Nessa risonha manhã!

Em vez de mágoas de agora,

Eu tinha nessas delícias

De minha mãe as carícias

E beijos de minha irmã!

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Livre filho das montanhas,

Eu ia bem satisfeito,

De camisa aberta ao peito,

- Pés descalços, braços nus

Correndo pelas campinas

À roda das cachoeiras,

Atrás das asas ligeiras

Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos

Ia colher as pitangas,

Trepava a tirar as mangas,

Brincava à beira do mar;

Rezava às Ave-Marias,

Achava o céu sempre lindo,

Adormecia sorrindo,

E despertava a cantar!

Oh ! que saudades que eu tenho

Da aurora da minha vida

Da minha infância querida

Que os anos não trazem mais!

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- Que amor, que sonhos, que flores,

Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras,

Debaixo dos laranjais!

A partir do poema de Casimiro de Abreu, motivar para que as

pessoas falem sobre lembranças de sua infância: pode ser um

acontecimento ou uma passagem marcante (um medo, uma alegria, uma

tristeza, as brincadeiras, os brinquedos, as amizades, as histórias etc.)

Leitor: Escutando a história de cada companheiro e companheira

já percebemos que cada um viveu o seu tempo de criança de forma

diferente. E se formos olhar hoje como vivem nossas crianças, vamos

perceber que há uma distância muito grande entre o nosso tempo de

infância e como se vive hoje. Mas que tempo da vida é este que chamamos

de infância?

Atividade II – desenvolvimento do tema

Coordenador e coordenadora: discutir com o grupo como será

feita a leitura (convidando algumas pessoas para ler, ou sugerindo que cada

um leia um parágrafo, por exemplo).

“Na Idade Média, há muitos séculos atrás (entre os séc. V e XV) as

crianças eram tratadas como gente grande. Não existia um mundo das

crianças separado do mundo dos adultos, com 6 ou 7 anos a criança já era

considerada capaz de se comportar como um adulto e vivia no meio deles

sem qualquer diferenciação no tratamento ou cuidado.

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Nesse tempo, o sentimento de pai e mãe era diferente. Como ainda

não se tinha muito conhecimento sobre as doenças e como tratar delas, a

mortalidade infantil era muito grande. Por isso, as pessoas não

costumavam se apegar muito aos filhos pequenos, porque a chance deles

sobreviverem era pequena.

A partir do séc. XVIII, as transformações provocadas pelo avanço

do capitalismo – a solidificação da sociedade de classes, o avanço da

ciência e a luta dos trabalhadores – é que vão atribuindo à criança um lugar

social diferente dos adultos e vai se dando outro sentido à infância. A

criança não é mais vista como o adulto que será, e a infância passa a ser

compreendida como um tempo próprio de vida, com suas características e

necessidades, um tempo a ser vivido por todo ser humano.

No capitalismo, o período da infância se torna importante também

para preparar o novo consumidor, o trabalhador obediente e disciplinado,

que não reage, não se organiza e aceita a realidade como está. Muitos

fatores têm contribuído para que nossas crianças não vivam a sua infância.

No Brasil, vivemos um longo processo de lutas para garantir os direitos

das crianças; somente nos anos 90 foram criados o Estatuto da Criança e

do Adolescente e o Conselho Tutelar. Mas mesmo com todas estas leis,

será que nossa sociedade trata melhor as crianças do que antigamente?

Olhando de perto o que vemos sobre a realidade vivenciada por nossas

crianças?

• o êxodo rural, provocado pelo avanço do capitalismo no campo,

através do agronegócio;

• a negação do direito à educação: no período de 2003 a 2011 foram

fechadas 24 mil escolas no campo, tirando as crianças de suas

comunidades para estudarem na cidade;

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• a atuação questionável dos órgãos governamentais e do Estado,

como, por exemplo, o Conselho Tutelar, a escola, unidades de

saúde, que, muitas vezes, em vez de orientarem os pais, jogam

sobre eles a culpa pela miséria em que vivem;

• a violência contra a criança;

• o abandono;

• a exploração do trabalho infantil;

• o aumento do consumo de drogas etc;

Segundo a FAO – Organização das Nações Unidas para a

Alimentação e Agricultura – a cada hora morrem 600 crianças no mundo

por causa da fome, o que equivale dizer que a cada seis segundos uma

criança morre em consequência da falta de comida. Mas será que falta

comida no mundo? Certamente, o problema não é a produção de comida,

mas para que e para quem ela é produzida. Hoje, o alimento não é

produzido somente para alimentar as pessoas, mas para dar lucro às

grandes empresas, mesmo que se tenha que usar sementes transgênicas e

veneno, não interessando se com isso se fará mal ou bem a quem os

consome.

As propagandas na televisão não dizem que o agronegócio está

resolvendo o problema da produção de alimentos? Em Lucas do Rio

Verde (MT) foram encontrados resíduos de agrotóxicos até no leite

materno. Por isso que nos assentamentos temos que evitar o uso dos

agrotóxicos.

O projeto de sociedade que estamos construindo vai além da luta

pela reforma agrária e da produção de alimentos saudáveis para todos,

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pretende a transformação da sociedade como um todo. Para tanto, é

preciso que o MST se debruce sobre os sujeitos dessa construção e, por

isso, temos que nos voltar para este tempo da vida, a infância, um tempo

tão importante para a formação do sujeito. O MST entende que o ser

humano se faz em toda a sua existência, sendo que nos primeiros anos de

vida é que se constroem as bases dos valores e princípios da vida em

sociedade.

A primeira experiência de cuidado coletivo das crianças no

Movimento aconteceu nos anos 90, no Ceará, depois nos cursos de

formação, nos encontros e nas cooperativas. A preocupação com as

crianças no MST apareceu com a libertação das mulheres, quando estas

começaram a vir para as atividades públicas (cursos, produção, militância),

quando saíram de casa. Quando as mulheres se descobriram como seres

sociais, como cidadãs, com capacidades, direitos e deveres. No meio

camponês, ainda hoje, é tarefa exclusiva das mulheres cuidar e educar as

crianças, principalmente até os 5 ou 6 anos.

A Marcha Nacional de 2005, onde marcharam para Brasília 12 mil

pessoas de acampamentos e assentamentos de todo o Brasil, foi muito

importante para que o Movimento Sem Terra se desse conta da situação

em que vivem os Sem Terrinha.

Foi organizada uma Ciranda Infantil Itinerante para as crianças que

estavam na Marcha. Era muita criança, e nos preocupava como estávamos

tratando nossas crianças, pois de manhã fazia muito frio e tinha criança

que vinha descalça e sem agasalho, sem tomar café, sem tomar banho, do

jeitinho que tinha sido entregue no dia anterior para seus pais; muita

criança com piolho, feridas, desnutridas, com marcas de violência pelo

corpo.

Esta realidade foi discutida pela Direção Nacional e pela

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Coordenação Nacional do Movimento, compreendendo o debate sobre a

infância e as crianças Sem Terra como fundamental para avançarmos na

luta, pois a luta por uma nova sociedade depende da construção de novas

relações entre as pessoas e com a natureza. Uma sociedade igualitária, justa

e fraterna, onde cada ser vivo humano, animal ou vegetal seja respeitado.

Os debates levaram ao primeiro Seminário Nacional sobre a

Infância no MST, em maio de 2007, com a participação de dirigentes

nacionais, militância dos setores, educadores e especialistas em educação.

Neste seminário foram debatidas importantes questões sobre o lugar da

infância no MST e que ainda devem ser constantemente discutidas em

nosso meio, como estamos fazendo agora, pois assim poderemos

contribuir de forma mais consciente para a formação de nossas crianças

como sujeitos Sem Terra.

Atividade III – Para conversar:

a) Diante das histórias que ouvimos e do texto lido, por que a infância

é um tempo importante da vida da gente?

b) Nos nossos assentamentos e acampamentos, como vivem, o que

fazem, como são tratadas as crianças?

Atividade IV – O que fazer?

Para o próximo encontro, cada família deve recordar com as

crianças os brinquedos de sua infância e construir um destes brinquedos

junto com elas. Estes brinquedos devem ser trazidos ao próximo encontro

para a mística e ornamentação do espaço.

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Resumindo:

O lugar da criança do Movimento é no MOVIMENTO. Ela não

pode ser pensada em separado da luta de sua família, de todos e todas Sem

Terra. Ela está presente no dia a dia da comunidade, nos acampamentos,

nas mobilizações, nos Encontros e cursos de formação. Por isso, temos

que reconhecer a criança como sujeito do nosso Movimento. Temos que

garantir espaços para o protagonismo das crianças, espaços para brincar e

com intencionalidade pedagógica. Valorizar os/as educadores/as infantis,

garantindo a eles melhor formação pedagógica e humana. Repensar

constantemente nossa relação com as crianças. Lutar por políticas públicas

que garantam espaços e condições para que nossas crianças vivam sua

infância com dignidade.

Orientações gerais para o próximo encontro:

a) Marcar o próximo encontro - dia, hora e local.

b) Distribuir as tarefas e fazer os combinados para o próximo

encontro – mística, preparação do local, lanche (se houver).

c) Lembrar com o grupo de quem não veio, para que seja convidado

para participar do próximo encontro e ver quem fará o convite.

d) Não esqueça de reforçar que cada família deverá trazer o

brinquedo feito em casa.

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2º Encontro – A Família

Objetivos do encontro

a) Compreender a família de hoje em nosso meio;

b) Refletir como a família pode contribuir para que nossas crianças

vivam sua infância.

Preparando o encontro

Sugestão de ornamentação: brinquedos produzidos em casa pelas famílias, bandeiras, buscar ou desenhar um mapa do Brasil.

Organização da mística: Preparar uma mística que fale da vida das famílias no acampamento / assentamento.

O Encontro

Apresentação da Mística

Coordenador e coordenadora:

Dar boas vindas ao grupo, pedir para as pessoas novas se

apresentarem (se houver), dizendo como receberam o convite para esse

encontro e o motivo de terem vindo.

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De maneira breve, resgatar o encontro anterior (tema, objetivos,

discussões etc.).

Em seguida, apresentar os objetivos deste segundo encontro e

como será desenvolvido.

Atividade I – Somos uma grande família

Desenhe um mapa do Brasil ou do Estado no chão ou em papel,

grande o suficiente para que todos possam interagir com ele.

Cada família deve relatar como chegou até o acampamento ou

assentamento. Estimule para que falem por onde já moraram, e por que

vieram para a luta pela terra. Ao terminar seu relato, cada família deve

tentar localizar de onde veio, colocando o brinquedo produzido em casa na

região de onde veio para o acampamento / assentamento.

Leitor: O MST é a nossa grande obra coletiva, composta por

famílias, pessoas vindas de vários lugares, com culturas, costumes, valores

diferentes, mas que se uniram por objetivos comuns: lutar pela terra, pela

reforma agrária e que têm o desafio diário de construir coletivamente uma

nova sociedade, um novo homem e uma nova mulher, e é muito

importante a participação da família neste processo.

Atividade II – Desenvolvimento do tema

“A família talvez seja a mais antiga das instituições criadas pela

humanidade. A família sempre foi um espelho do jeito da sociedade se

organizar para produzir aquilo que necessitava para viver, expressando os

valores que foram predominantes em cada momento da história. Por isso,

a família nem sempre foi como a conhecemos hoje: nuclear (um homem,

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uma mulher e filhos).

A organização da família que conhecemos é a da família burguesa,

que é monogâmica, em que a sexualidade é reprimida, fechada na

residência e separada do trabalho. Neste modelo familiar acontece uma

divisão sexual dos papéis, cabendo às mulheres o cuidado com a casa e a

educação dos filhos, e aos homens o trabalho fora, a liberdade.

Convivem com este padrão familiar muitos outros tipos de família

e seus traços continuam presentes até os dias atuais.

No modelo de família trazido pelos imigrantes da Europa que se

fixaram no campo brasileiro, por exemplo, a moradia e o trabalho

coincidiam no mesmo lugar – apesar de, muitas vezes, a família não ter a

posse da terra – o trabalho era valorizado e aos homens cabia a produção

que iria trazer renda para a família. Este tipo de família tinha um sentido

comunitário maior, a comunidade era fundamental para a produção e a

vida social girava em torno da igreja, da escola, dos espaços comunitários.

Já em diversas sociedades indígenas, as famílias se confundiam com

a própria aldeia, os filhos iam sendo educados também por esta

comunidade, o casamento aparecia como um ritual, e se diferenciava

também pelo grande número de filhos, necessários para o trabalho.

Em ambas estruturas familiares, a criança ainda é cuidada pela

mulher, que também é responsável pelo trabalho doméstico e pelo cuidado

dos pequenos animais e da produção agrícola para o sustento da família.

As famílias camponesas assimilaram muitas características destas

organizações familiares, mas também tem passado por profundas

transformações: diminuíram o número de filhos, a rigidez (em relação à

disciplina, ao trabalho, à sexualidade etc.) e as mulheres ainda assumem um

papel de destaque no sustento da família.

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Em 2007, dados do IBGE dizem que nas áreas urbanas 37% das

famílias são chefiadas por mulheres e no campo 19%. Chefe, segundo o

IBGE, é quem detém a maior renda da casa.

De modo geral, podemos dizer que o modelo de família mudou

muito. A família está mudando o seu jeito de ser e também o jeito de

educar os filhos. O que vemos hoje não são somente famílias compostas

por pai, mãe e seus filhos, mas famílias em que convivem crianças de pais

diferentes ou de mães diferentes, em que as várias gerações (avós, pais, tios,

filhos, primos) moram todas em uma mesma casa. Há também diversas

situações em que as crianças são criadas somente pelos avós, pela mãe,

pelos tios, ou mesmo por outras famílias, mas raramente somente pelo pai.

Pelo que vimos anteriormente, num grande número de famílias a mulher é

a única responsável pela manutenção da vida e educação dos filhos, muitas

vezes sem qualquer participação do pai.

A expansão do agronegócio e dos valores da sociedade de

consumo têm levado os trabalhadores do campo à condição de pobreza e

enfraquecimento de sua identidade. E com isso a família camponesa está

deixando de produzir alimentos diversificados, passando a produzir um só

tipo de cultura (soja, cana, leite etc.) tendo que comprar o alimento que

poderia produzir na terra.

Vários problemas sociais, que antes eram mais presentes nas

cidades, passam a ser frequentes também no campo, como a violência, a

dependência do álcool, do fumo e de drogas, que são doenças físicas e

sociais e precisam ser tratadas. Sozinho ninguém sai dessa dependência,

estas pessoas precisam da ajuda coletiva para se recuperar.

As famílias Sem Terra têm importantes tarefas na construção desta

vida coletiva. Lembramos que a família é o primeiro espaço de produção e

reprodução da vida, pois é nela que se dá o inicio da formação dos seres

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humanos, que constituirão a sociedade. É a família aquela que prime-

iramente apresenta à criança um conjunto de regras, moral, formas e

procedimentos que podem estar vinculados com maior ou menor força

aos valores da sociedade capitalista.

A reforma agrária é uma forma de garantir a soberania alimentar

de nosso país, produzindo uma grande variedade de alimentos de

qualidade (grãos, legumes, verduras, frutas, pequenos animais, leite, ovos),

sem veneno, protegendo o ambiente, as águas e o solo. Mesmo sabendo

das contradições e problemas produzidos pela sociedade de classes, se-

guimos lutando porque acreditamos ser possível viver melhor.

Essa construção é cotidiana e deve se dar em todas as dimensões

de nossa vida. Em nossa casa, por exemplo, os serviços que garantem a

sobrevivência de todos devem ser responsabilidade de toda a família, pois

todos precisam comer, ter sua roupa lavada, a casa arrumada e isto não é

tarefa só de mulher, mas de cada morador/a. Se cada um fizer alguma

coisa em casa, não fica pesado para ninguém, aí tem mais tempo para

brincar, passear, ler, assistir um filme juntos.

É preciso que possamos desde agora educar nossas crianças com

valores como: igualdade nas relações entre homem e mulher, respeito aos

idosos, à orientação sexual, às crianças, às pessoas com deficiências,

responsabilidade frente à vida e a tudo que é vivo; ter solidariedade,

indignação diante de qualquer injustiça contra o ser humano e a vida,

valorizando, assim, a coletividade.”

Atividade III – Para conversar

a) Como as crianças vivem em nossas famílias?

b) Como educamos as crianças?

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c) Vamos olhar um pouquinho para as famílias do assentamento / acam-

pamento? As famílias têm problemas com álcool, drogas, fumo,

violência? Como isso pode influenciar na educação das crianças?

Atividade IV – O que fazer?

Os participantes deverão trazer para o próximo encontro fotos da

sua família, da comunidade, da escola, de encontros e atividades realizadas,

em que participou no assentamento / acampamento ou fora.

Resumindo:

A família, independente de como ela esteja organizada, é um dos

espaços importantes de vivência da infância das crianças. É também um

espaço de formação de valores, de princípios, de jeito de viver a vida, por

isso, em nossos assentamentos precisamos nos preocupar sempre em

como as famílias vivem, cuidam e educam as crianças.

Orientações gerais para o próximo encontro:

a) Marcar o próximo encontro: dia, hora e local.

b) Distribuir as tarefas e fazer os combinados para o próximo encontro:

mistica, preparação do local, lanche (se houver).

c) Lembrar com o grupo de quem ainda não veio, para que seja convidado

para participar do próximo encontro e ver quem fará o convite.

d) Se faltaram alguns membros do grupo, ver quem fará a visita para saber

o motivo da falta e convidar para participar do próximo encontro.

e) Lembrar cada família de trazer as fotos para o próximo encontro.

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3º Encontro: A Criança e a Coletividade

Objetivos:

a) Debater a importância da coletividade na formação da criança;

b) Perceber que a criança se educa nas relações que se estabelecem onde ela vive, na família, no assentamento ou acampamento, na

escola.

Preparando o Encontro

Sugestão de ornamentação: Preparar um cartaz com as figuras, fotografias nas quais aparecerão pessoas (adultos, jovens, idosos e crianças) trabalhando,

se divertindo, na plantação, na escola, na igreja, na comunidade.

Organização da mística: Aproveitar as fotos trazidas pelas famílias, construindo juntos um grande cartaz explorando o tema da criança e a

coletividade.

Materiais necessários: Papel ou cartolina, pincel atômico/canetão, fita adesiva

ou cola.

Sugestão de Filme: Sem Terrinha em movimento.

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O Encontro

Apresentação da Mística

Coordenador e Coordenadora:

Dar boas vindas ao grupo, pedir para as pessoas novas se apre-

sentarem (se houver), dizendo como receberam o convite para esse em-

contro e o motivo de terem vindo.

De maneira breve, resgatar o encontro anterior (o tema, objetivos,

discussões etc.).

Em seguida, apresentar os objetivos deste terceiro encontro e

como será desenvolvido.

Atividade I – Nossa fotografia: A vida no assentamento /

acampamento

Já é o terceiro encontro que fazemos para debater, estudar e

entender a infância. Vamos começar o dia de hoje lendo a fala de um

menino de 10 anos, Juninho, ele falou assim do seu assentamento:

“É legal aqui no assentamento! Tem muita brincadeira, tem campo

de futebol, tem flores, tem fruta (pitanga, uva, abacate, manga, e tem

árvores), tem trabalho em grupo na horta, na oficina mecânica, na

plantação, tem criação de porco, tem o viveiro...”.

Para despertar a atenção sobre as relações que acontecem na

comunidade:

Colocar no meio da sala o cartaz produzido para a mística. Pedir

para que as pessoas falem sobre o que estão vendo. Na reflexão ajudar as

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pessoas a perceberem as diferenças que aparecem nas relações entre os

adultos e as crianças.

Atividade II – Desenvolvendo o Tema

“Pensando na MÃE TERRA, que acolhe todos os filhos e filhas

sem cobrar nada de nós, percebemos que o sistema capitalista vem

destruindo a vida no planeta com uso intensivo de agrotóxicos, praticando

um consumismo desenfreado, na apropriação inconsequente dos recursos

naturais por grandes grupos econômicos. A destruição promovida pelo

capitalismo provoca na humanidade uma crise de valores e princípios, será

que isso tem atingido nossas crianças? Nós já nos perguntamos sobre

como elas enxergam e constroem o mundo a sua volta?

Para o povo cubano, as crianças são como a Mãe Terra, precisam

da luz para viver, precisam umas da outras e dos adultos para se

alimentarem, andarem, estudarem, conhecerem, criarem, recriarem e se

relacionarem.

Na sociedade em que vivemos, praticamente todo tipo de relação

que foi concebida até hoje foi mediada por adultos: em casa, na escola, nas

brincadeiras, nas relações diversas, na alimentação, na saúde e em todas as

formas de cuidado com a criança.

Precisamos entender que as crianças têm iniciativas, têm opiniões, e

que, muitas vezes, ao questionarem os adultos em suas atitudes,

impulsionam mudanças. Se observarmos atentamente e dermos espaço é

possível vermos na auto-organização das crianças em suas atividades e na

relação com os adultos a criação e produção de coisas novas e autênticas.

O MST, desde sua origem, é fruto da organização coletiva.

Entende que as pessoas devem ser sujeitos de suas ações e, por isso,

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procura garantir uma organicidade interna, partindo dos núcleos de base,

das brigadas de famílias, da organização da produção e da comercialização

com formas de cooperação entre as famílias. Valoriza a organização da

comunidade como um espaço de encontro, onde haja espaço para todos

(adultos, crianças, idosos), no lazer, no esporte, na escola, onde a

comunidade participa e intervém.

Viver em coletivo é uma grande aprendizagem para nós adultos e

para as crianças. Aprendemos e ensinamos no coletivo, daí a importância

de cultivar os valores e princípios da classe trabalhadora, como a

solidariedade, o respeito à pessoa humana e às decisões coletivas, o valor

da vida.

O MST na sua filosofia defende e trabalha na perspectiva da

construção de um outro ser humano, baseado em outros valores, para

tanto, viemos fazendo o esforço de criar espaços coletivos, como os

encontros de Sem Terrinha, as Escolas Itinerantes, as Cirandas Infantis

permanentes ou itinerantes para que as crianças, que em geral têm pouca

voz, possam dialogar e reivindicar para o poder público e para o próprio

Movimento o que querem para os assentamentos e acampamentos de

Reforma Agrária, para que possam vivenciar experiências coletivas e dizer

o que pensam sobre o mundo.”

Atividade III – Para conversar

a) Estamos conseguindo enxergar a criança como criança? Estamos

permitindo que as crianças participem da vida do acampamento ou

assentamento como sujeitos da história?

b) Que comportamento temos nos espaços coletivos (assentamentos,

acampamentos, escolas, centros de formação, mobilizações)? Será que

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nos preocupamos com nossa conduta frente às crianças, como o

consumo de bebidas alcoólicas, palavrões, discriminação e preconceito

racial, de gênero, com a orientação sexual etc.?

c) Que espaços coletivos temos para as crianças na nossa comunidade? Se

temos, o que pode ser melhorado para que as crianças de todas as

idades possam usufruir dele e, se não temos, o que podemos fazer?

Atividade IV – O que fazer?

Discutir ações que podem ser desenvolvidas: parque infantil,

biblioteca com livros infantis, narração de histórias, espaço para projeção

de vídeo, lutar por ciranda infantil, espaço da saúde das crianças. Tirar uma

proposta no grupo e organizar sua execução.

Na sua comunidade já tem um parque infantil? Se não tem, é

possível pensar nessa possibilidade? Vamos discutir com os outros grupos

a possibilidade de construir o parque infantil na comunidade?

Distribuir as tarefas e combinar como e quando farão a ação. (ver

orientações de como fazer em anexo)

Resumindo:

A criança observa e aprende no meio em que vive, por isso,

precisamos ficar atentos sobre o nosso comportamento como adulto.

Muitas vezes chamamos a atenção das crianças por conta de seu

comportamento e não nos damos conta de que elas aprenderam conosco

(por exemplo: discriminar pessoas, ser violento com os outros, destruir a

natureza)

As crianças devem ser vistas e tratadas por nós adultos como

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sujeitos capazes de realizarem muitas ações. Precisam ser respeitadas na

sua individualidade. Elas se educam na comunidade, nas relações entre elas,

com os adultos e no contato com a natureza.

Orientações para o próximo Encontro:

a) Marcar o próximo encontro: dia, hora e local.

b) Distribuir as tarefas e fazer os combinados para o próximo en-

contro: mística, preparação do local, lanche (se houver).

c) Lembrar com o grupo de quem ainda não veio, para que seja con-

vidado para participar do próximo encontro e ver quem fará o

convite.

d) Se faltaram alguns membros do grupo, ver quem fará a visita para

saber o motivo da falta e convidar para participar do próximo

encontro.

e) Relatar o que foi feito em relação à ação concreta definida nesse

encontro.

f) Cada família deve trazer um símbolo que fale do cuidar e educar a

criança.

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4º Encontro – Cuidar e Educar

Objetivos do encontro

a) Entender que a educação e o cuidado na infância não estão sepa-

rados;

b) Compreender como a sociedade cuida e educa as crianças;

c) Refletir que tipo de educação dará conta de formar o ser humano

nas suas diferentes dimensões.

Preparando o encontro

Sugestão de ornamentação: Ao preparar o ambiente, ter presentes os símbolos

que representem o tema deste encontro que é o Cuidar e o Educar na

Infância (brinquedos educativos, colchão, livros de histórias infantis,

banheirinha, lápis de cor etc.)

Organização da mística: Ao preparar a mística, ter presente o tema do en-contro, que é o Cuidar e o Educar na Infância.

Sugestão de Filme: O pequeno príncipe

O Encontro

Apresentar a Mística

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Coordenador e coordenadora:

Dar boas vindas ao grupo, pedir para as pessoas novas se

apresentarem (se houver), dizendo como receberam o convite para esse

encontro e o motivo de terem vindo.

De maneira breve resgatar o encontro anterior (o tema, objetivos,

discussões etc.).

Em seguida, apresentar os objetivos deste quarto encontro e como

será desenvolvido.

Atividade I – O coletivo cuida e defende seus membros

Organizando a brincadeira: A raposa, a galinha e os pintinhos.

Três pessoas para serem as raposas, cinco pessoas para serem as

galinhas e oito pessoas para serem os pintinhos (o número de pessoas varia

de acordo com o número de participantes).

Procedimento: As raposas formam uma fileira à frente e têm como

objetivo atacar e roubar os pintinhos.

As galinhas se colocarão em fileira à frente das raposas e terão co-

mo objetivo proteger os pintinhos e impedir o ataque das raposas.

Os pintinhos formarão uma fileira atrás das galinhas e devem

proteger-se das raposas, piando quando iniciar o ataque.

A um sinal combinado, inicia-se a brincadeira. Se as raposas

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conseguirem atacar os pintinhos com facilidade, o número de galinhas

pode ser aumentado e vice-versa. Após a brincadeira, realizar uma

conversa, fazendo comparações com a realidade da vida.

Atividade II – Desenvolvimento do tema

“Esse tempo da vida chamado infância, através da história, vem

sendo vivido de forma diferente em cada momento, de acordo com a

forma com que os seres humanos se organizam em sociedade para garantir

a sua existência. Por isso, as crianças de hoje não brincam como nós e o

jeito de cuidar e educar as crianças também foi mudando.

Ao cuidar de uma criança, já estamos educando-a, pois,

dependendo da forma como atendemos às suas necessidades básicas, ela

irá formando hábitos, se desenvolvendo fisicamente, afetivamente,

socialmente e intelectualmente. Por isso, o simples gesto de alimentar a

criança, trocar suas roupas, conversar e brincar vai lhe formando, passando

segurança, autoconfiança, deixando-a que enfrente as dificuldades, dando a

ela o direito de fazer o que já consegue e, assim, vamos cuidando do seu

desenvolvimento.

Para educar nossos filhos com os valores humanistas e socialistas,

este cuidado já se inicia antes de o bebê nascer. A gravidez é um tempo de

espera e de preparação dos pais e dos familiares para receber essa criança.

Por isso, o pré-natal é um direito da mãe e da criança, para que possam

viver esse processo de modificações e irem se assumindo mutuamente

como mãe e filho.

O cuidado com a saúde da mãe também é fundamental nesse

momento. Hoje, já temos assegurado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) o

direito ao acompanhamento pré-natal, que prevê pelo menos 7 consultas

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médicas com exames para a mãe, que tem o direito de ser acompanhada

em todos os momentos, da gravidez ao parto.

Ainda temos muito forte em nosso meio a ideia de que educar os

filhos é tarefa apenas da mãe. Como temos discutido nos outros en-

contros, a tarefa de educar os filhos envolve toda a família (pais, mães,

irmãos, avós...) e também a comunidade, a escola, cada um exercendo seu

papel nessa tarefa.

Além da família, da escola e da comunidade existem outros meios

que influenciam no comportamento das pessoas e no jeito de ver as coisas

do mundo, como por exemplo a televisão, o rádio, o jornal, a revista que

estão a serviço dos que concentram a riqueza. Por isso, devemos estimular

um olhar crítico de nossos Sem Terrinha sobre os meios de comunicação e

fortalecer as nossas iniciativas de comunicação popular.

Um aspecto importante é a educação alimentar. A criança forma o

seu gosto pelos alimentos desde muito cedo, daí a importância de oferecer

todo tipo de alimento a elas como verduras, frutas, legumes, carne, ovos,

cereais, evitando o excesso de doces e açúcares, alimentos industrializados

e produzidos com agrotóxicos.

Entendemos que nos espaços onde convivem adultos e crianças, o

jeito que os adultos se relacionam entre si e com a elas vão educando-as

para a convivência social, que pode ser plena de autonomia, liberdade,

responsabilidade, respeito e solidariedade - ou não.

O diálogo é fundamental para a criança aprender a ter confiança

em si mesma, aprender a tomar decisões e ir compreendendo a realidade a

sua volta. Quando nos dirigirmos a uma criança sempre devemos nos

colocar na sua altura (sentado, de cócoras), pois isso facilita o diálogo,

aproxima o mundo dos pequeninos dos adultos. É preciso ter clareza de

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que fazemos parte do mesmo mundo, no entanto as crianças vivem um

tempo de vida diferente dos adultos.

A criança também aprende brincando, aguça sua curiosidade e

desperta criatividade, por isso, a importância de valorizarmos o brincar e

de brincarmos com as crianças, resgatando inclusive a cultura popular e os

brinquedos e brincadeiras que estão desaparecendo com a “plastificação” e

“mecanização” dos brinquedos. Construir brinquedos com as crianças e

brincar com elas é uma forma criativa de educar. Nos centros comunitários

de nossos assentamentos e acampamentos é importante garantir os

espaços específicos para as crianças brincarem (ex.: Parque infantil),

mesmo sabendo que as crianças vão continuar brincando em todos os

espaços.

Educar com amor não significa permitir que a criança faça tudo

aquilo que deseja fazer, significa também colocar limites, tratando a criança

com respeito, conversando com ela sobre o motivo dos limites,

orientando-a e garantindo que ela possa compreender e participar das

decisões coletivas. Não podemos também fazer tudo pelos filhos, a

superproteção impede o crescimento, a iniciativa, a criatividade da criança.

Em nosso meio temos muitas crianças com necessidades especiais.

Elas têm direito ao convívio social e a desenvolver tarefas e ações, desa-

fiando seus limites. Cuidar e educar essas crianças são um grande

aprendizado e compromisso com seu desenvolvimento humano, e quando

necessário devemos buscar informações e ajuda de especialistas.

O ambiente afetivo e de respeito entre pais, os filhos e a

comunidade é necessário para a criança firmar-se dentro de si mesma, ter

condições para dar conta das tarefas que pode exercer sozinha como:

tomar banho, vestir-se, divertir-se, brincar, limpar, colaborar com as tarefas

da casa ou do assentamento e acampamento, dormir e alimentar-se.

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É num clima de diálogo e de confiança que os pais e adultos vão

colocando os limites para a criança, rumo à conquista da verdadeira

autonomia, em que a criança entenderá que nem tudo o que ela quer é

possível de realizar, mas que há um mundo de possibilidades a ser cons-

truído por todos nós.”

Atividade III – Para conversar

a) Vivemos em uma sociedade capitalista, em que muitas vezes aquilo

que é valorizado como certo, bom ou verdadeiro vai na direção

contrária dos valores por nós defendidos (solidariedade, luta,

cooperação, respeito, estudo...). Como lidar com isso na educação

de nossas crianças?

b) Quais são as nossas principais dificuldades no cuidado e educação

das nossas crianças sem a necessidade do uso de violência física ou

psicológica (desqualificar a criança com afirmações negativas,

chantagens, ameaças)? Que ações podemos desenvolver para

superarmos estas dificuldades?

c) De quem é a responsabilidade pelo cuidar das crianças? Quem tem

cumprido este papel? Como?

d) Como cuidar e educar as crianças com necessidades especiais?

Atividade IV – O que fazer?

Continuar a atividade que está em desenvolvimento desde o

encontro anterior. (construção de espaços para as crianças como parque infantil,

biblioteca com livros infantis, contação de história, espaço para projeção de vídeo, luta

por ciranda infantil, espaço da saúde).

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Resumindo:

Ao cuidar de uma criança, já estamos educando-a, pois dependen-

do da forma como atendemos suas necessidades básicas ela irá formando

hábitos, sentimentos, se desenvolvendo fisicamente, afetivamente, social-

mente e intelectualmente. É importante que tenhamos sempre presentes

em nossas atitudes, para com o outro e para com a gente mesmo, os

valores e princípios da sociedade que queremos construir.

Orientações para o próximo encontro:

a) Marcar o próximo encontro: dia, hora e local.

b) Distribuir as tarefas e fazer os combinados para o próximo en-

contro: mística, preparação do local, lanche (se houver).

c) Se nesse quarto encontro faltaram alguns membros do grupo, ver

quem fará a visita para saber o motivo da ausência e convidar para

participar do próximo encontro.

d) Relatar o que foi feito em relação à ação concreta definida nos

encontros anteriores.

e) Cada família deve trazer ferramentas de trabalho, produção do

assentamento/acampamento e objetos que tenham sido

construídos coletivamente para ornamentação do ambiente.

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5º Encontro: O Trabalho

Objetivos do encontro

a) Refletir sobre o sentido do trabalho na vida das pessoas;

b) Discutir de que maneira as crianças estão inseridas no trabalho no

assentamento/acampamento.

Preparando o encontro

Sugestão de ornamentação: ferramentas de trabalho; produção do assen-tamento: frutas e verduras; materiais e objetos que tenham sido cons-

truídos coletivamente.

Organização da mística: Ao preparar a mística ter presente o tema deste

encontro que é O Trabalho.

Sugestão de filme: Documentário “Crianças Invisíveis”, o curta “João e Bilu”

ou o curta “Ciganos”.

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O Encontro

Apresentação da Mística

Coordenador e coordenadora:

Dar boas vindas ao grupo, pedir para as pessoas novas se apresen-

tarem (se houver), dizendo como receberam o convite para esse encontro

e o motivo de terem vindo.

De maneira breve resgatar o encontro anterior (o tema, objetivos,

discussões etc.).

Em seguida, apresentar os objetivos deste quinto e último encontro

de nosso caderno e como será desenvolvido.

Atividade I

Leitura dos versos da história:

“Trabalho de criança não é brincadeira, não!”

de Rossana Ramos.

Trabalho de criança

não pode ser com facão,

tampouco com veneno

que se põe na plantação.

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Trabalho de criança

não é no canavial,

é dar milho pra galinha

que anda pelo quintal.

Trabalho de criança

tem que ser pra aprender

que todo mundo precisa

cooperar, mas não sofrer.

Trabalho de criança

é tarefa, ocupação,

mas é preciso ter cuidado

pra não virar exploração.

Coordenador e Coordenadora: A partir dos versos da história de

Rossana Ramos, motivar para que as pessoas falem sobre suas experiências

com o trabalho, tanto hoje como na sua infância e como enxergam hoje o

lugar do trabalho na vida das crianças do assentamento/acampamento.

Leitor: Ouvindo cada companheiro e companheira, percebemos

que o trabalho está presente em toda a nossa vida e é ele que garante a

nossa sobrevivência. Percebemos também que na sociedade em que vive-

mos, na maioria das vezes, nosso trabalho é explorado por outros, que

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ficam com grande parte da riqueza que produzimos. Mas será que o

trabalho que hoje está tão ligado à exploração, pode também ser impor-

tante para a construção de uma outra sociedade, em que se transformará

em forma de libertação, de educação?

Atividade II – Desenvolvimento do tema.

“Atualmente existe um grande debate na sociedade sobre

relação da criança com o trabalho. Em geral, se diz que a criança não deve

exercer uma porção de atividades identificadas como trabalho, pois isso

pode comprometer o seu desenvolvimento, sua aprendizagem. É fato que

diariamente homens e mulheres são explorados no trabalho e que essa

exploração, muitas vezes, se deu desde sua infância, por conta das desi-

gualdades sociais produzidas na sociedade em que vivemos, que os obri-

garam a trabalhar como adultos desde cedo para sobreviverem.

Temos claro que o trabalho é essencial para a humanidade, pois

além de ser a única forma de produção de riqueza, já que é pelo trabalho

que os seres humanos intervêm na natureza para suprir suas necessidades;

ao intervir na natureza, modificando-a, também o ser humano se modifica

e vai se fazendo como humano. O trabalho assim realizado torna-se uma

atividade libertadora da humanidade, pois através dele nos tornamos

agentes da história.

Porém, na sociedade capitalista, o trabalho não representa a Possi-

bilidade de construção da liberdade, pois a forma de apropriação da

riqueza produzida pelo trabalho, faz com que a riqueza produzida por

todos fique nas mãos de poucos, enquanto que o trabalhador fica apenas

com o mínimo, que mal dá para a sua reprodução como trabalhador

(morar, comer e beber). A isso chamamos de trabalho explorado.

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No entanto, não podemos considerar toda atividade de trabalho

que realizamos como trabalho explorado, pois em nossas práticas coti-

dianas, seja no assentamento ou acampamento, seja em nossas mobili-

zações e espaços de estudos, o trabalho adquire outro significado, resga-

tando seu caráter libertador.

A concepção de trabalho do MST tem como base a formação

humana. Isso significa que o trabalho educativo é aquele não explorado

pelo capital, mas o trabalho que permite a criação, a construção de novas

relações com outro ser humano e com a natureza.

Neste sentido, o trabalho faz parte do cotidiano de todos os

membros de nossa comunidade, inclusive das crianças, não como

exploração infantil, mas como atividade privilegiada de construção de

valores e do exercício da cooperação. Nos acampamentos e assenta-

mentos as crianças estão presentes em todos os espaços: nas casas, nas

festas, encontros, na Ciranda Infantil, nos roçados, na Escola e na

organização do próprio acampamento e assentamento. Por exemplo, na

escola, organizando um quintal agroecológico onde as crianças aprendem a

se relacionar com a terra, produzindo para complementar alimentação

escolar. Ao participar desses espaços, as crianças também vão contribuindo

com seu trabalho para a produção da vida, da resistência dos sujeitos do

campo, construindo suas relações e experiências dentro das suas

possibilidades reais, e nesse processo vão construído sua existência na

coletividade.

Como, então, poderíamos diferenciar a participação das crianças

em atividades que criem o senso de responsabilidade, de ações que

podemos considerar como exploração do trabalho infantil? Na nossa

compreensão, o que caracteriza uma atividade de exploração do trabalho

infantil é quando a atividade envolve principalmente: a) período integral,

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horário inadequado e uma carga horária elevada; b) atividades estressantes,

em locais inadequados, incompatíveis com a idade; c) quando impedem a

criança de ter acesso à escola, às brincadeiras, a se relacionar com outras

crianças; d) quando compromete a sua dignidade, a saúde e a autoestima, a

convivência com a família e outras pessoas.

Feita esta diferenciação do que é o trabalho que explora a criança,

do trabalho capaz de construir novas relações sociais e novas consciências,

é preciso que integremos as crianças às atividades diárias que

desenvolvemos. Educamo-nos no trabalho, na família, na comunidade, nas

brincadeiras, nos movimentos sociais, na escola; na ciranda Infantil, no

parque infantil, aprendemos e ensinamos no coletivo, pois viver em

coletivo é o que dá possibilidade à existência humana.”

Para conversar:

a) Qual a diferença do trabalho na agricultura familiar/camponesa

com relação ao trabalho no agronegócio? Existe exploração? Co-

mo? Onde? De quem é a terra, os instrumentos de trabalho?

Quem fica com o lucro?

b) Em que medida o trabalho realizado por nossas crianças é educa-

tivo e em que medida ele pode se tornar um processo de explora-

ção?

c) A criança não é um pequeno adulto, mas como vamos educando-a

para que assuma a responsabilidade dentro de suas possibilidades

(como a organização dos seus brinquedos, da sua roupa, das suas

coisas, ou mesmo das tarefas diárias da família)?

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Resumindo:

O trabalho tem uma grande importância para o desenvolvimento

da humanidade, pois é ele quem permite aos homens e mulheres,

organizados coletivamente, modificarem a natureza e, assim, modificarem

a sua própria condição no mundo, transformando-os em construtores de

sua história. Na sociedade capitalista, o trabalho se torna a base da

exploração de homens, mulheres e crianças, pois a riqueza socialmente

produzida é dividida de forma desigual. Nosso esforço no MST é resgatar,

através de práticas sociais e coletivas, o trabalho como elemento libertador,

capaz de construir novas relações sociais, novas consciências individuais e

coletivas e cultivar os valores socialistas.

Orientações para avaliação do estudo

Avaliação

Marcar uma avaliação de todo o processo feito até aqui com base nas

questões:

a) Foi importante o estudo sobre a infância? Destaque o que mais lhe

chamou a atenção.

b) O material utilizado (cartilha, filmes, anexos) ajudou na com-

preensão do tema? Existem sugestões para um próximo encontro?

c) Que outros temas a comunidade gostaria que fossem abordados?

Confraternização

Combinar com o coletivo como fazer uma festa de encerramento

com as crianças, inaugurando a ação proposta (ex. parque infantil, ciranda,

biblioteca).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARIÉS, Philippe. História Social da Criança e da Família. Trad. Dora

Flaksman. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.

HILARIO, Erivan. O trabalho como processo educativo/formativo.

Petrolina/PE: Revasf, 2010.

LEUDEMANN, Cecília da Silveira. Anton Makarenko vida e obra – a

pedagogia na revolução. São Paulo: Expressão Popular, 2002.

MST. Crianças em Movimento – as mobilizações infantis no MST. Porto

Alegre, 1999.

____. Dossiê MST escola: documentos e estudos 1990-2001. Edição

especial. S/Cidade: S/E. Caderno de educação, n°13, ITERRA, 2005.

____. Relatório do Seminário “O lugar da infância no MST”. São

Paulo, 2007.

RAMOS, Rossana. Trabalho de criança não é brincadeira, não! 5ª

edição. São Paulo: Cortez, 2011.

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Filmes e Documentários

Curta - Crianças invisíveis

A invenção da Infância

Sem Terrinha em Movimento

O pequeno Príncipe

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ANEXO I: Sinopse de filmes

A COR DO

PARAÍSO

O filme, uma produção iraniana que recebeu

muitos prêmios mundo afora, narra a como-

vente história de Mohammad, um menino

cego que mora numa escola para deficientes

visuais e que, nas férias, volta para seu vilarejo

nas montanhas, onde convive com as irmãs e

sua adorada avó. O pai, que é viúvo, se prepara

para casar novamente.

AS 200

CRIANÇAS

DO DR.

KORCZAC

Conta a história real de um médico, escritor e

pedagogo que dirige um orfanato de crianças

judias na Polônia. Com a invasão do território

polonês por tropas alemãs na II Grande Gue-

rra, em 1942, todos são obrigados a viver mise-

ravelmente nos chamados guetos judeus. Paira,

ainda, a ameaça do campo de concentração de

Treblinka, para os órfãos. Aos poucos, o cerco

se fecha contra o orfanato do Dr. Korczak.

Seus amigos mais próximos tentam convencê-

lo a fugir, para salvar a própria vida. Ele se

recusa a abandonar seus órfãos.

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FILHOS DO

PARAÍSO

Ali, menino de 9 anos e filho de pais humildes,

perde o único par de sapatos da irmã. Os dois

começam a revezar a utilização do par restante,

enquanto Ali treina para conseguir uma boa

colocação em corrida, o prêmio da qual será

um novo par de sapatos.

ONDE FICA A

CASA DO MEU

AMIGO?

O garoto Ahmad, ao fazer seu dever de casa,

percebe que pegou o caderno de seu amigo

por engano. Sabendo que o professor exige

que as tarefas sejam feitas no caderno, escapa

das vistas de sua mãe e parte em busca do

colega. Ele vai até uma vila nos arredores com

o intuito de encontrá-lo para devolver o cader-

no. Chegando lá, encontra-se com diversos

moradores e vivencia o dia-a-dia de cada um

num ritmo lento e extremamente real. A vila

fica no alto das montanhas e já foi utilizada em

outros dois filmes de Kiarostami. Com essa

história, o diretor deu início a uma trilogia que

mostra a vida dos moradores de um vilarejo

simples e pacato do Irã, retratando como estes

se recuperam de um terremoto devastador.

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CENTRAL DO

BRASIL

Mulher que escreve cartas para analfabetos na

Central do Brasil ajuda menino, após sua mãe

ser atropelada, a tentar encontrar o pai que

nunca conheceu, no interior do Nordeste. Prê-

mio de melhor atriz e melhor filme no Festival

de Berlim e vencedor do Globo de Ouro de

melhor filme estrangeiro.

CRIANÇAS

INVISÍVEIS

Seja coletando sucata nas ruas de São Paulo ou

roubando para viver em Nápoles e no interior

da Sérvia, os filmes são protagonizados por

personagens infantis que lidam com uma dura

realidade, na qual crescer muito cedo acaba

sendo a única saída.

INFÂNCIA

ROUBADA

Ganhador do Oscar de Melhor Filme Estran-

geiro, Infância Roubada é um filme que des-

perta muita emoção ao narrar os seis dias da

vida de um líder de uma gangue de Johanes-

burgo que furta o carro de uma mulher sem

saber - por estar em pânico e nervoso - que o

bebê dela está no banco de trás. Assustado

com a situação, ele tenta manter a criança

alimentada, ao mesmo tempo em que foge da

polícia.

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NENHUM A

MENOS

Quando o professor da escola primária de

Shuiquan tem de se ausentar durante um mês,

o presidente da pequena aldeia, Tian, apenas

consegue encontrar uma adolescente de 13

anos, Wei Minzhi, para o substituir. O profe-

ssor Gao adverte-a para que não permita que

mais alunos abandonem a escola, garantindo-

lhe o pagamento de 50 yuan e mais um

pequeno extra se for bem sucedida. Minzhi,

pouco mais velha que alguns dos seus alunos

(do 1º ao 4º ano, na mesma classe), pouco mais

pode fazer do que escrever texto no quadro e

ensinar uma ou outra canção.

O BALÃO

BRANCO

O filme se passa em 21 de março, Ano Novo

no Irã. Uma menina deseja comprar um

peixinho dourado. Com a ajuda do irmão, ela

convence a mãe a dar o dinheiro para a compra

do peixe. O caminho para o mercado é cheio

de surpresas, dificultando que a menina alcance

seu objetivo. Isso, no entanto, não é motivo

para que ela desista, iniciando uma aventura

pelas ruas de Teerã. Essa história traz a

imagem de uma criança que não desiste de seu

propósito, apesar de todas as dificuldades que

encontra em seu caminho.

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PAISAGEM NA

NEBLINA

Dois irmãos ainda crianças partem em um

trem para a Alemanha, onde supostamente

vive o pai que nunca conheceram. Durante a

viagem, eles enfrentam sérias dificuldades e

são obrigados a amadurecer, abandonando

precocemente a infância.

COMO NASCEM

OS ANJOS

Duas crianças são os protagonistas de uma a-

ventura que explora os limites tragicômicos do

absurdo social que divide os moradores das fa-

velas e os habitantes da cidade. Reféns de uma

situação criada por uma sucessão de equívocos,

Japa e Branquinha acabam presos numa man-

são onde mora uma família Americana. As cri-

anças sem saber lidar com essa situação, vêm

suas chances de saírem 'dessa' afunilar e tomar

rumos que eles jamais poderiam imaginar.

PROMESSAS DE

UM NOVO

MUNDO

Retrata a história de sete crianças israelenses e

palestinas em Jerusalém que, apesar de mora-

rem no mesmo lugar vivem em mundos com-

pletamente distintos, separados por diferenças

religiosas. Com idades entre 8 e 13 anos,

raramente elas falam por si mesmas e estão

isoladas pelo medo. Neste filme, suas histórias

oferecem uma nova e emocionante perspectiva

sobre o conflito no Oriente Médio.

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O CONTADOR

DE HISTÓRIAS

Anos 70. Aos 6 anos Roberto Carlos Ramos

(Marco Ribeiro) foi escolhido por sua mãe (Jú

Colombo) para ser interno em uma instituição

oficial que, segundo apregoava a propaganda,

visava a formação de crianças em médicos,

advogados e engenheiros. Entretanto a reali-

dade era bem diferente, o que fez com que

Roberto aprendesse as regras de sobrevivência

no local. Pouco depois de completar 7 anos ele

é transferido, passando a conviver com crian-

ças até 14 anos. Aos 13 anos, ainda analfabeto,

Roberto tem contato com as drogas e já

acumula mais de 100 tentativas de fuga.

Considerado irrecuperável por muitos, Rober-

to recebe a visita da psicóloga francesa Mar-

gherit Duvas (Maria de Medeiros). Tratando-o

com respeito, ela inicia o processo de recu-

peração e aprendizagem de Roberto.

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ANEXO II: Orientações para construir um parque infantil

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“CAIXA DE AREIA” “Brincar, viver e ser feliz”

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“BALANÇOS” “Precisa ter muitos balanços.

Tem até fila para brincar” (educando)

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“O PÓDIUM” “O pódium é muito legal para brincarmos,

dá uma sensação de vencedor” (educando)

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“FAROLZINHO” “O farolzinho é o mais legal de todos” (educando)

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“PULA MACACO” “Mesmo quem não conseguir, o importante é tentar.

O desafio ajuda a educação a avançar” (Zé Pinto – educador popular)

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“TUNEL” “A vida é um túnel e as crianças

gostam de brincar nele” (educando)

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Hino do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Letra: Ademar Bogo Musíca: Willy C. de Oliveira

Vem, teçamos a nossa liberdade braços fortes que rasgam o chão sob a sombra de nossa valentia desfraldemos a nossa rebeldia

e plantemos nesta terra como irmãos!

Refrão: Vem, lutemos punho erguido Nossa Força nos leva a edificar

Nossa Pátria livre e forte Construída pelo poder popular

Braços Erguidos ditemos nossa história

sufocando com força os opressores hasteemos a bandeira colorida

despertemos esta pátria adormecida o amanhã pertence a nós trabalhadores !

Refrão:

Vem, lutemos punho erguido Nossa Força nos leva a edificar

Nossa Pátria livre e forte Construída pelo poder popular

Nossa Força regatada pela chama da esperança no triunfo que virá forjaremos desta luta com certeza pátria livre operária camponesa nossa estrela enfim triunfará!

Refrão:

Vem, lutemos punho erguido Nossa Força nos leva a edificar

Nossa Pátria livre e forte Construída pelo poder popular