caderno de resumos da i jornada de história da infância, juventude e família

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CADERNO de RESUMOS da I Jornada de História da Infância, Juventude e Família

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    CADERNO DE

    RESUMOS

  • 1

    Carina Martiny Cludia Gisele Masiero

    Denize Terezinha Leal Freitas Jonathan Fachini da Silva

    Jos Carlos da Silva Cardozo Luciano Costa Gomes

    Max Roberto Pereira Ribeiro Nathan Camilo

    Rachel dos Santos Marques (Orgs.)

    I Jornada de Histria da Infncia,

    Juventude e Famlia

    Caderno de Resumos

    Grupo de Trabalho Histria da Infncia, Juventude e Famlia

    Associao Nacional de Histria

    Seo Rio Grande do Sul\ANPUH-RS

    16 e 17 de outubro de 2015

    Arquivo Pblico do Estado do Rio Grande do Sul APERS

    Porto Alegre RS Brasil

    2015

  • 2

    Organizao: Carina Martiny (UFRGS)

    Cludia Gisele Masiero (Universidade Feevale)

    Denize Terezinha Leal Freitas (UFRGS)

    Jonathan Fachini da Silva (UNISINOS)

    Jos Carlos da Silva Cardozo (UNISINOS)

    Luciano Costa Gomes (UFRGS)

    Max Roberto Pereira Ribeiro (UNISINOS)

    Nathan Camilo (UNISINOS)

    Rachel dos Santos Marques (UFPR)

    Editorao: GT Histria da Infncia, Juventude e Famlia ANPUH-RS

    ISSN 2179-6475

    MARQUES, Rachel dos Santos et al (Orgs.). Caderno de Resumos da I Jornada de Histria da Infncia, Juventude e Famlia. Porto Alegre: ANPUH-RS, 2015.

    Observao: A redao e o contedo dos resumos das comunicaes e psteres de responsabilidade de seus respectivos autores.

  • 3

    Comisso Organizadora da

    I Jornada de Histria da Infncia, Juventude e Famlia

    Diretoria do GT Histria da Infncia, Juventude e Famlia

    Gesto 2014-2016 Coordenadora: Denize Terezinha Leal Freitas

    Vice-Coordenador: Luciano Costa Gomes Secretria: Rachel dos Santos Marques

    Comisso Organizadora e Comisso Cientfica Carina Martiny (UFRGS)

    Cludia Gisele Masiero (Universidade Feevale) Denize Terezinha Leal Freitas (UFRGS) Jonathan Fachini da Silva (UNISINOS)

    Jos Carlos da Silva Cardozo (UNISINOS) Luciano Costa Gomes (UFRGS)

    Max Roberto Pereira Ribeiro (UNISINOS) Nathan Camilo (UNISINOS)

    Rachel dos Santos Marques (UFPR)

    Redes Sociais Blog: http://gthistoriadafamiliars.blogspot.com.br/

    Facebook: https://www.facebook.com/groups/1142955915720494/?fref=ts

    Realizao Grupo de Trabalho Histria da Infncia, Juventude e Famlia Associao

    Nacional de Histria Seo Rio Grande do Sul / ANPUH-RS

    Apoio Associao Nacional de Histria Seo Rio Grande do Sul / ANPUH-RS

    Arquivo Pblico do Estado do Rio Grande do Sul APERS Banco do Estado do Rio Grande do Sul S.A. BANRISUL

  • 4

    Sumrio

    Programao Geral .................................................................................. 5

    Apresentao ............................................................................................. 6

    Oficina ......................................................................................................... 7

    Conferncias .............................................................................................. 7

    Comunicaes Programao ............................................................... 8

    Psteres Programao ........................................................................ 11

    Comunicaes Resumos ..................................................................... 12

    Psteres Resumos ............................................................................... 31

  • 5

    Programao Geral

    Horrio 15 de outubro 16 de outubro 17 de outubro

    MANH

    9h 30m Oficina

    Prof. Dr. Martha Daisson

    Hameister (UFPR)

    8h 30m Credenciamento

    9 h Comunicaes

    10h30m Coffee Break e

    sesso de apresentao dos

    psteres

    11h Comunicaes

    TARDE

    13h 30m Credenciamento

    13h 30m Credenciamento

    14h Conferncias de

    Abertura Prof. Dr. Ana

    Silvia Volpi Scott (UNICAMP)

    Prof. Dr. Martha Daisson Hameister

    (UFPR)

    14h Conferncias de Encerramento Prof. Dr. Paulo Staudt Moreira

    (UNISINOS) Dr. Gabriel Santos

    Berute UNISINOS (Ps-

    doutorado DOCFIX-FAPERGS)

    16h Coffee Break

    16h Coffee Break

    16h30 Comunicaes

    16h30 Comunicaes

    18h Comunicaes

    18h Comunicaes

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    Apresentao I Jornada de Histria da Infncia, Juventude e Famlia

    Fundado no ano de 2012, o Grupo de Trabalho (GT) Histria da Infncia, Juventude e Famlia da Associao Nacional de Histria Seo Rio Grande do Sul (ANPUH-RS) est promovendo sua primeira jornada de estudos entre os dias 16 e 17 de Outubro de 2015 nas dependncias do Arquivo Pblico do Estado do Rio Grande do Sul (APERS).

    Desde a dcada de 1950, h um crescente interesse em pesquisas histricas que tenham como objeto de investigao a criana, a juventude ou a famlia; no Rio Grande do Sul, em particular, esse fenmeno pode ser verificado de forma sistemtica a partir do sculo XXI, quando pesquisas dirigidas ao estudo da famlia, na regio mais meridional do Brasil, comeam a fazer parte do programa de pesquisa de alguns historiadores.

    Nesse sentido, a I Jornada do GT Histria da Infncia, Juventude

    e Famlia da ANPUH-RS busca congregar investigadores que discutam e

    promovam a reflexo sobre essa temtica no estado para o fomento e

    colaborao entre os pesquisadores das reas e a discusso de uma

    agenda de estudos histricos.

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    Oficina

    Quinta-feira, 15 de Outubro

    Mtodos para o estudo da Famlia: Experincias com fontes eclesisticas Prof. Dr. Martha Daisson Hameister (UFPR) 15 de outubro, s 9h30 Local: Sede da ANPUH-RS, Porto Alegre- RS

    Conferncias

    Sexta-feira, dia 16 de Outubro

    Conferncias de Abertura: Histria da Infncia e Histria da Famlia: que caminhos percorrer? - Prof. Dr. Ana Silvia Volpi Scott (UNICAMP) Famlia: discutindo definies e mtodos para o estudo de sua histria - Prof. Dr. Martha Daisson Hameister (UFPR) 16 de outubro, 14h Local: APERS, Porto Alegre - RS

    Sbado, dia 17 de Outubro

    Conferncias de encerramento: "E se fazendo a adivinhao da peneira cara no preto acusado": Famlia, africanidade e lideranas etno-religiosas numa sociedade escravista (Porto Alegre, sc. XIX) - Prof. Dr. Paulo Staudt Moreira (UNISINOS) Famlia e redes mercantis: Porto Alegre, sculo XIX - Dr. Gabriel Santos Berute UNISINOS (Ps-doutorado DOCFIX-FAPERGS) 17 de outubro, 14h Local: APERS, Porto Alegre RS

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    Comunicaes Programao

    Dia 16/10/2015 Sexta-feira

    16h30 Sesso de comunicaes 1 Mediao: Prof. Dr. Ana Silvia Volpi Scott (UNICAMP)

    Prof. Dr. Martha Daisson Hameister (UFPR)

    Populaes e Procedncias na Regio das Misses (1817 1822) Leandro Goya Fontella (UFRJ)

    Fontes Paroquiais e Famlia Indgena no RS (sculo XVIII) Max Roberto Pereira Ribeiro (Unisinos)

    Famlia e compadrio escravo em Porto Alegre, dcadas finais do sculo XVIII Luciano Costa Gomes (UFRGS)

    Madrinhas ausentes e presentes (Rio Grande de So Pedro 1776-1795) Rachel dos Santos Marques (UFPR)

    18h - Sesso de comunicaes 2 Mediao: Prof. Dr. Ana Silvia Volpi Scott (UNICAMP)

    Prof. Dr. Martha Daisson Hameister (UFPR)

    O lugar da famlia na poltica: contribuies terico-metodolgicas para um estudo da Repblica brasileira (segunda metade do sculo XIX) Carina Martiny (UFRGS)

    Prticas de nominao e estudo de trajetrias: possibilidades de pesquisa Nathan Camilo (Unisinos)

    Os filhos naturais da Madre de Deus de Porto Alegre (1772-1822) Denize Terezinha Leal Freitas (UFRGS)

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    Dia 17/10/2015 Sbado

    9h - Sesso de comunicaes 3 Mediao: Dra. Ana Paula Korndrfer - UNISINOS (Ps-Doutorado

    PNPD/CAPES) MS. Jos Carlos da Silva Cardozo (Doutorando PPGH- UNISINOS)

    Um estudo sobre a assistncia e controle de crianas e jovens ditas anormais e delinquentes em Santa Catarina (1931-1951) Bruna Viana (UDESC) e Fernanda Biava Cassettari (UDESC)

    A pobreza que infesta a cidade: os pequenos mendigos e esmoleiros mirins e as representaes da misria em Caxias do Sul na dcada de 1970 Franciele Becher (UFRGS)

    A infncia amparada pela caridade: Creche So Francisco de Paula (1936- 1946) Josu Eicholz (UFPel)

    "Educal-as e instruil-as prevenir males futuros, preparar o cidado de amanh - O trabalho de crianas como ato de correo e instruo na Primeira Republica em Porto Alegre/RS Lisiane Ribas Cruz (Unisinos)

    11h - Sesso de comunicaes 4 Mediao: Dra. Ana Paula Korndrfer - UNISINOS (Ps-Doutorado

    PNPD/CAPES) MS. Jos Carlos da Silva Cardozo (Doutorando PPGH- UNISINOS)

    Discurso, direito e infrao: reflexes sobre a menoridade no tempo presente a partir da legislao brasileira do sculo XX Camila Serafim Daminelli (UDESC)

    Concepes Mdicas e Sade Infantil no Mxico: primeiras impresses acerca dos cuidados mdicos com a primeira infncia durante segunda metade do sculo XIX Julio Cesar Pereira da Silva (FFLCH/USP)

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    Era uma vez... um estudo sobre concepes de infncia em narrativas Cludia Gisele Masiero (Universidade Feevale)

    16h30m - Sesso de comunicaes 5 Mediao: - Prof. Dr. Paulo Staudt Moreira (UNISINOS)

    Dr. Gabriel Santos Berute UNISINOS (Ps-doutorado DOCFIX-FAPERGS)

    As cmaras municipais e suas medidas policiais para o cuidado dos

    meninos no Brasil oitocentista Williams Andrade de Souza (Unisinos)

    A funo da criana na Amrica Portuguesa Thiago do Nascimento Torres de Paula (UFPR)

    Os filhos da alteridade: a criao de expostos por mulheres indgenas (Rio Grande do So Pedro, sc. XVIII-XIX) Jonathan Fachini da Silva (Unisinos)

    O batismo dos filhos do ventre livre (Porto Alegre/RS - 1871-1888) Jos Carlos da Silva Cardozo (Unisinos)

    18h - Sesso de comunicaes 6 Mediao: - Prof. Dr. Paulo Staudt Moreira (UNISINOS)

    Dr. Gabriel Santos Berute UNISINOS (Ps-doutorado DOCFIX-FAPERGS)

    Do amor da castidade, & horror a toda torpeza, com que se deve crear os mininos: anlise do imperativo da inocncia infantil em uma obra do

    Padre Alexandre de Gusmo Fernando Cezar Ripe da Cruz (UFPel)

    Histria e pertencimento: o reconhecimento da identidade da juventude do povo tradicional Pomerano Beatriz Hellwig Neunfeld (FURG)

    Escrita de si e dirios: construes do gnero diante de paradigmas socioculturais - Letcia Portella Milan (UFPel)

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    Psteres Programao

    Dia 17/10/2015 Sbado

    10h30m-11h - Sesso de apresentao dos psteres Ser abandonado e enjeitado, Ser mulher e exposta na Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre, no sculo XIX Thuanny de Azevedo Bedinote (Unilasalle)

    A morte teria significado a liberdade: o crime de Leopoldina e as relaes familiares em um contexto de escravido, Cachoeira, sculo XIX Marina Haack (Unisinos)

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    Comunicaes Resumos

    Dia 16/10/2015 Sexta-feira

    16h30 Sesso de comunicaes 1

    Populaes e Procedncias na Regio das Misses (1817 1822) Leandro Goya Fontella (UFRJ)

    Resumo: Nesta comunicao apresenta-se um exame da composio demogrfica da regio das Misses entre 1817 e 1822 a partir dos assentos de batismos da Matriz de So Francisco de Borja. Deter-me-ei especificamente na anlise da naturalidade das mes e dos pais dos batizandos que era registrada pelos procos. Este procedimento revela a procedncia de boa parte dos sujeitos que habitavam a regio em tal perodo e, portanto, configura-se como um significativo indicativo de como desenrolou-se a ocupao do espao missioneiro ao longo do processo de conquista luso-brasileiro. Em outras palavras, a partir deste expediente metodolgico se pode, parcialmente, identificar de quais reas brasileiras, platina e outras paragens efluiu considervel parte dos habitantes da regio da Misses. No perodo considerado foram lavrados 1008 registros de batismos. Deste total, o registro do nome da me se deu em 953, dos quais em 834 assentos foram discriminados a procedncia da me. No que concerne a figura paterna, em 673 registros esta foi identificada, e a informao de procedncia aparece em 584 deles. Preliminarmente pode-se destacar que dentro do esperado, a maioria das mes e pais so naturais dos Sete Povos das Misses Orientais do Rio Uruguai, embora no seja desprezvel a presena indivduos e casais oriundos dos outros 23 povos missioneiros ocidentais, dado que insinua a intensa circulao dos guaranis missioneiros naquele espao. Por outro lado, a populao luso-brasileira provm, sobretudo, da faixa leste do prprio Rio Grande de So Pedro, especialmente da chamada Fronteira do Rio Pardo. Todavia, h considervel presena de paulistas e sujeitos naturais de Santa Catarina. Por fim, a presena de batismos de escravos, boa parte deles africanos, indica que a regio das Misses estava sendo integrada ao complexo produtivo escravista luso- brasileiro.

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    Fontes Paroquiais e Famlia Indgena no RS (sculo XVIII) Max Roberto Pereira Ribeiro (Unisinos)

    Resumo: As fontes paroquiais, ou fontes vitais como so definidas pela Demografia Histrica, representam um seleto conjunto de fontes distribudas entre registros de batizados, matrimnios e bitos, que proporcionam aos historiadores analisar indivduos, grupos ou sociedades inteiras. Atravs delas, se podem investigar inmeras caractersticas de uma dada populao quanto aos seus deslocamentos, nascimentos, padres matrimoniais, formas de compadrio e reconstituio de famlias e agregados. Isso para ficar com alguns exemplos deste inesgotvel manancial emprico. Estas fontes ganham maior importncia quando se trata de estudos sobre populaes menos abastadas economicamente e que no recorreram tanto a produo de documentos manuscritos como o caso das populaes indgenas, escravas e gente de toda sorte que viveu no contexto colonial. Em especial, tais fontes se tornam, por vezes, a nica forma de se proceder empiricamente por meio de metodologias capazes de elucidar a organizao social das populaes indgenas, sobretudo, daquelas que sofreram interveno por parte da Igreja Catlica e do cristianismo. Neste sentido, se destaca os guaranis das redues do Paraguai os quais passaram por um processo evangelizador por mais de um sculo e meio. Assim sendo, esta apresentao tratar de parte desta populao, em especial, dos guaranis que se rebelaram contra o Tratado de Madrid (1750), os quais passaram a no aceitar a entrega das suas terras aos portugueses. Parte daquela populao se estabeleceu em territrio de suas estncias, a partir de 1757, onde os portugueses haviam construdo um forte s margens do rio Jacu. Cerca de 4000 guaranis passaram a conviver junto com aorianos e portugueses no que viria a se chamar de Freguesia de Santo ngelo do Rio Pardo, aps significativo incremento populacional. Destacam-se nesta apresentao os registros batismais daquela localidade e a presena dos guaranis nesta documentao. Sero mostradas algumas caractersticas da presena guarani nos batismos, bem como, a exposio de metodologia que torna possvel identificar a composio familiar destes atores sociais. Com isso, chega- se a observao de formas sociais auto-organizadas por cadeias de parentesco por onde, possivelmente, passavam importantes decises de modo coletivo, como por exemplo, a busca de refgio no vale do Jacu, antigo territrio das primeiras redues dos guaranis do Tape. As grandes malhas de parentesco, possivelmente, envolviam diversas famlias que tinham sua centralidade na figura dos caciques.

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    Famlia e compadrio escravo em Porto Alegre, dcadas finais do sculo XVIII Luciano Costa Gomes (UFRGS)

    Resumo: Nesta apresentao, abordaremos o apadrinhamento e o compadrio em Porto Alegre, entre 1772 e 1800. Analisaremos, particularmente, as ligaes entre escravarias resultantes da escolha de cativos como padrinhos/madrinhas e compadres/comadres de outros escravos. Nosso interesse o de apreender algumas tendncias gerais pertinentes ao processo de vinculao dos escravos entre si por meio da criao do lao espiritual e lanar algumas hipteses sobre alguns dos elementos presentes no ato de escolha dos padrinhos.

    Madrinhas ausentes e presentes (Rio Grande de So Pedro 1776-1795) Rachel dos Santos Marques (UFPR)

    Resumo: A comunicao aqui proposta pretende discutir algumas possibilidades de leitura do papel de madrinha tal como se apresentava no Rio Grande de So Pedro em finais do sculo XVIII. O estudo das relaes subjacentes ao batismo tem se multiplicado no Brasil nos ltimos anos. No entanto, a maior parte deles trata mais de padrinhos e de compadres do que de madrinhas e de comadres, o que em parte pode ser explicado pelo carter da documentao disponvel a qual d mais enfoque aos homens mas em parte tambm est relacionado ao pressuposto implcito de que de que o tecido social de uma famlia era traado primordialmente por via masculina. A esse respeito preciso salientar que os assentos de batismo fornecem o registro das escolhas feitas no momento de estabelecer vnculos de parentesco espiritual, mas no informaes a respeito das motivaes que levaram a determinada escolha, tampouco apontam qual relao entre pais e padrinhos (ou mes e madrinhas, ou ainda pais e madrinhas e mes e padrinhos) preexistia ao momento do ritual, tampouco de que maneira foram estabelecidas. Assim sendo, a comunicao busca traar hipteses a respeito do papel de madrinha, trazendo muito mais perguntas do que respostas, mas buscando salientar a importncia de repensar esse tema. O estudo se deu pelo avesso da questo: tratando dos casos de ausncia de madrinhas e aqueles em que a mesma foi substituda por uma entidade espiritual (santas), partindo-se do pressuposto de que esses casos extremos podem lanar luz sobre que elementos poderiam ser idealmente esperados de uma madrinha. Utilizaram-se na anlise um universo total de 3382 registros de batismo de livres e escravos da Vila

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    do Rio Grande entre os anos 1776 e 1795. A partir desses registros foram identificados 1579 casais ou mes que deram a batizar mais de uma criana ao longo desse breve perodo, e observadas suas escolhas com relao madrinha: carnal, ausente ou sobrenatural. Os resultados obtidos a partir dessa abordagem fornecem uma imagem distinta daqueles aos quais se chega observando apenas as ausncias de madrinhas carnais considerando o conjunto de batismos sem distino. Isso indica comportamentos distintos para diferentes famlias, e ajuda a estabelecer hipteses a respeito dos motivos das ausncias de madrinhas carnais pia que possam ir alm da to apregoada desvalorizao da mulher na sociedade colonial. No caso das madrinhas sobrenaturais, uma vez que foram indicadas na localidade apenas Nossas Senhoras e Santa Ana, pode-se pensar, por exemplo, numa valorizao do feminino via a imagem da Santa Me. No se pretende com isso negar o status hierarquicamente inferior das mulheres com relao aos homens naquela sociedade, apenas apontar as vantagens de se questionar esse pressuposto em algumas situaes, a fim de no se limitarem as perguntas lanadas ao passado para que um conhecimento mais refinado da sociedade que se estuda possa ser obtido.

    18h - Sesso de comunicaes 2

    O lugar da famlia na poltica: contribuies terico-metodolgicas para um estudo da Repblica brasileira (segunda metade do sculo XIX) Carina Martiny (UFRGS)

    Resumo: Esta comunicao trata das contribuies que uma anlise que considere a perspectiva familiar pode fornecer ao estudo sobre poltica. O trabalho que desenvolvemos para elaborao da tese de Doutorado tem por tema central o processo poltico de estruturao da Repblica no Brasil, em seus anos iniciais (1889-1903). Parte importante do estudo deste processo est relacionada compreenso de como se formaram as lideranas republicanas ao final do Imprio e incio da Repblica. Atravs da anlise do caso de Jlio de Castilhos, chefe republicano no Rio Grande do Sul, propomos pensar a infinidade de elementos que convergiram e possibilitaram a formao de lideranas polticas em uma conjuntura histrica especfica, marcada pelo crescimento das ideias republicanas e pela mudana de regime poltico no pas. Esta anlise evidenciou a impossibilidade de entender o indivduo descolado de seu universo familiar. A estrutura econmica, as escolhas e estratgias

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    familiares, bem como as diferentes relaes sociais dos membros de sua famlia se tornam elementos essenciais para compreender o caminho trilhado por Jlio de Castilhos at o exerccio da liderana poltica, bem como suas prprias escolhas individuais. Distanciando-se de uma leitura teleolgica, o que se quer destacar o peso e influncia da famlia na trajetria individual. Tendo por referencial terico a anlise holstica, busca-se compreender a interao dos mais variveis fatores na conformao de uma liderana individual. Utilizando metodologias prprias da micro-histria italiana, como a anlise intensiva das fontes, pretende-se remontar o universo familiar no qual Castilhos cresceu e que, direta ou indiretamente, foi essencial para sua formao poltica. As fontes utilizadas so variadas, entre as quais se destacam inventrios, testamentos, registros paroquiais, documentao contbil, anotaes pessoais e correspondncia familiar. Emerge desta anlise a ideia de que foi a inter-relao entre um contexto especfico e as aes individuais e familiares que possibilitou o exerccio da liderana poltica. Conclui-se que uma anlise do papel exercido pelas lideranas republicanas no perodo inicial da Repblica no pode prescindir de considerar a dimenso familiar, tanto econmica quanto social, inclusive a existente anteriormente proclamao do regime em 1889.

    Prticas de nominao e estudo de trajetrias: possibilidades de pesquisa Nathan Camilo (Unisinos)

    Resumo: Os estudos referentes s prticas de nominao no mbito da Demografia Histrica e Histria da Famlia costumavam se valer tradicionalmente de metodologias quantitativas e seriais de anlise. A despeito de apontarem importantes constataes, abordagens puramente macroanalticas limitam as possibilidades de compreenso relativa ao tema, conforme apontado por estudos mais recentes. Seguindo essa linha e considerando as reflexes advindas de projeto de mestrado em andamento, esta comunicao tem como proposta apresentar possibilidades de pesquisa referentes a prticas de nominao a partir da combinao entre anlise quantitativa e investigao de trajetrias individuais e familiares. Utilizaremos o caso de uma famlia residente na freguesia Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre entre o final do sculo XVIII e o incio do sculo XIX. Parte- se das premissas de que as prticas nominativas tm carter significativo e de que os nomes possuem tambm fins de classificao social. A partir de anlise quantitativa de estoque e origem de prenomes, segundos

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    nomes e sobrenomes, uma srie de questionamentos foram suscitados, seja a respeito das possveis motivaes e implicaes decorrentes da escolha de determinados nomes em detrimento de outros, seja referentes constituio e ao uso do nome ao longo de uma existncia. Tais questes s so possveis de serem elucidadas reduzindo-se a escala de observao e circunscrevendo a investigao a trajetrias familiares, reconstitudas mediante cruzamento nominativo de sries documentais. O caso pesquisado, inserido em contexto de prticas nominativas luso- brasileiras, possibilitou maior compreenso das possveis motivaes que levaram os sujeitos escolha dos nomes utilizados, tais como pertencimento social e familiar, consolidao de relaes de compadrio e processos de mobilidade social e manuteno de hierarquias. Panorama que indicia o nome como patrimnio imaterial.

    Os filhos naturais da Madre de Deus de Porto Alegre (1772-1822) Denize Terezinha Leal Freitas (UFRGS)

    Resumo: A presente comunicao pretende apresentar uma prospeco sobre os filhos naturais da Parquia Madre de Deus de Porto Alegre desde sua fundao 1772 at 1822. Estas primeiras palavras a respeito deste assunto tem por objetivo central identificar e problematizar a presena de outras organizaes familiares e outras formas de relacionamento. Deste modo buscamos, atravs da anlise quantitativa dos registros paroquiais de batismo, levantar dados que nos permitam entender e compreender o perfil dos filhos naturais e de suas progenitoras. De modo geral, a partir dos aportes metodolgicos e do suporte terico dos estudos sobre Histria Social, da Famlia e das Populaes ser realizada a nossa reflexo acerca da problematizao dos filhos naturais e as outras formas de unio constitudas nesta comunidade. De imediato podemos concluir que esta investigao primordial no sentido em que revela o perfil e as condies sociais dos indivduos que se relacionaram e formaram famlias fora dos padres normativos da poca.

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    Dia 17/10/2015 Sbado

    9h - Sesso de comunicaes 3

    Um estudo sobre a assistncia e controle de crianas e jovens ditas anormais e delinquentes em Santa Catarina (1931-1951) Bruna Viana (UDESC) e Fernanda Biava Cassettari (UDESC)

    Resumo: Neste trabalho procura-se discutir algumas das prticas de assistncia e controle voltadas para infncia e juventude considerada anormal e/ou infratora em Santa Catarina entre as dcadas de 1930 e 1950. Em consonncia com a poltica varguista, foram realizadas uma srie de mudanas no mbito da sade pblica, educacional e penal no estado, que acabaram por se desdobrar na criao de uma rede de instituies. Esto localizadas neste perodo a construo do Hospital Colnia SantAna (HCS) e a ampliao da Penitenciria da Pedra Grande. possvel pensar, neste sentido, as prticas de internamento e recluso das crianas e jovens, considerados anormais e/ou delinquentes, como resultado de uma forte normatizao das condutas da populao. A pesquisa surgiu do projeto de extenso e pesquisa intitulado Arquivos marginais. Ligado ao Laboratrio de Patrimnio Cultural do curso de Histria da Universidade do Estado de Santa Catarina, o projeto conta com a coordenao da Profa. Dra. Viviane Trindade Borges. Realizando um trabalho que busca salvaguardar os arquivos de pronturios do antigo HCS, hoje Instituto de Psiquiatria de Santa Catarina (Ipq/SC), e da Penitenciria da Pedra Grande, atual Penitenciria Estadual de Florianpolis, ambas instituies localizadas na Grande Florianpolis, o projeto deu origem a dois acervos documentais. Para o trabalho aqui apresentado utilizou-se como fonte para pesquisa histrica pronturios salvaguardados por estas instituies. A criao da Penitenciria da Pedra Grande foi em 1930, sendo a primeira do estado. A instituio era voltada para o confinamento de adultos, homens e mulheres. No ano de 1927, foi promulgado o Decreto n 17.943-A, que determinava constitucionalmente o direito e deveres dos menores. No caso de menores infratores, no havendo um espao de recluso especfico para estes em Santa Catarina, deveriam ser encaminhados Penitenciria da Pedra Grande, localizada em Florianpolis, permanecendo em um espao restrito, separado dos adultos. Assim, busca-se aqui, problematizar de que forma os pronturios e os regulamentos da Penitenciria instituem quem seriam os menores infratores ao longo da dcada de 1930, mais precisamente dentro do recorte de 1931 a 1939, buscando a relao entre

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    menoridade, crime e ausncia de um espao especfico para abrigar tais sujeitos, relacionando estes dados Legislao vigente. A criao do HCS, em 1942, foi considerada o advento de uma assistncia psiquitrica especializada no estado de Santa Catarina. O tratamento empregado aos pacientes passaria a ter um carter cientfico, no mais respaldados em assistncia filantrpica. Apesar das significativas transformaes ocorridas neste perodo no tratamento aos considerados doentes mentais no estado, muitas so as permanncias identificadas. Uma delas diz respeito internao e tratamento a crianas e jovens. Conforme a legislao vigente no perodo estes no deveriam permanecer internados juntos aos adultos, sendo exigido instituies dedicadas exclusivamente eles. Apesar disso, a prtica de internamento compartilhado esteve presente no hospital. Entre os principais dados analisados esto aqueles que ajudam compreender, especialmente, quem foram essas crianas e jovens; como foram diagnosticadas e os tratamentos aos quais foram submetidas dentro de um recorte de 10 anos, de 1942 a 1951.

    A pobreza que infesta a cidade: os pequenos mendigos e esmoleiros mirins e as representaes da misria em Caxias do Sul na dcada de 1970 Franciele Becher (UFRGS)

    Resumo: A presente comunicao tem como objetivo analisar de forma qualitativa as representaes construdas em reportagens e crnicas de jornais sobre crianas em situao de rua da cidade de Caxias do Sul na dcada de 1970. Parte integrante de uma pesquisa de mestrado que refletiu sobre a relao, em diferentes escalas, entre infncia, juventude, pobreza e autoritarismo, essa anlise procura situar as diferentes formas de controle e os discursos de moralizao construdos durante a ditadura civil-militar brasileira em torno das camadas sociais consideradas como potencialmente perigosas, vistas inclusive como um problema para a segurana nacional do pas. Produtos de uma ordem social degradante, e de um momento em que a sociedade se tornava cada vez mais complexa em meio ao aprofundamento da desigualdade social em tempos de milagre brasileiro, os esmoleiros mirins e pequenos mendigos que

    habitavam o centro da cidade de Caxias do Sul, importante polo metalomecnico do sul do Brasil e local de intensas migraes regionais, eram temidos e representados nas fontes jornalsticas como hordas de invasores que infestavam os logradouros pblicos. A estigmatizao da pobreza, reforada em diversas crnicas e reportagens atravs da

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    construo de esteretipos degradantes e generalizantes, funcionava como uma representao social da infncia que desconsiderava as estratgias de sobrevivncia precria daquelas crianas e de suas famlias. Dessa forma, contriburam para o aumento de um ressentimento social contra essa parcela mais humilde da populao da cidade, desencadeando sentimentos conflitantes. Evidenciou-se a construo discursiva de uma oposio entre os cidados corretos, os que seguiam as leis e amparavam-se nos valores cristos da caridade; e os outros, marginalizados, representados de forma sempre pejorativa e sensacionalista, que buscavam uma pretensa vida fcil atravs de pequenos crimes ou do abuso da caridade alheia. Os esmoleiros mirins eram vistos, por conseguinte, como inteis para a composio social da cidade, que teve a sua histria construda em torno do ideal do esforo e do empreendedorismo individual, herdado dos imigrantes italianos. A rua, vista historicamente como um local de amoralidades e perverses, poderia levar os pequenos mendigos a se tornarem perigosos delinquentes juvenis caso as autoridades competentes no tomassem as devidas atitudes. As reportagens indicavam, nesse sentido, que havia uma tnue linha que separava os pequenos pedintes, ainda crianas, do jovem criminoso que certamente se tornariam. Por fim, apesar de serem apontadas possveis solues para a questo, tais como a necessidade de escolarizao, profissionalizao e assistncia social para a famlia daquelas crianas, essas iniciativas no eram analisadas de forma concreta nas reportagens, que viam o problema como definitivamente insolvel. Mais do que a inquietao com a situao daquela parcela da infncia, diversos setores da sociedade caxiense manifestavam uma maior preocupao com a insegurana da populao e dos turistas que, expostos visibilidade da misria, seriam afugentados enquanto visitavam a cidade.

    A infncia amparada pela caridade: Creche So Francisco de Paula (1936- 1946) Josu Eicholz (UFPel)

    Resumo: Este trabalho ir abordar o histrico da Creche So Francisco de Paula, quais os personagens que implantaram a referida instituio na cidade de Pelotas na dcada de 1930, qual o cotidiano das pessoas responsveis pelo cuidar das crianas, e estas quais atividades praticavam quando ali ficavam sob os cuidados das irms da congregao de Jesus Crucificado. Pretende-se num segundo momento

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    adentrar, ainda que de forma sucinta na discusso dos seguintes temas: caridade e religio como baluartes para a infncia na cidade de Pelotas.

    Em relao aos responsveis pelo estabelecimento, verifica-se a grande participao e influncia do gnero feminino, seja no cuidar das crianas, ou atravs da participao macia na diretoria, onde se constata que todas as presidentes da Creche So Francisco de Paula so mulheres. A instituio, no perodo pesquisado, possua fortes traos religiosos, tambm mantinha um espao para recreao, alm de fornecer abrigo e refeies.

    A elite pelotense, de forma geral, tinha como hbito o ato de praticar a caridade, este hbito remonta ao sculo XIX e persiste no sculo XX, mais precisamente na Pelotas da dcada de 1930, a caridade direcionada no sentido de amparar a infncia das crianas assistidas pela Creche So Francisco de Paula continua muito ativa e de certo modo incentivada pela sociedade. Uma das discusses possveis de se fazer vai de encontro com a questo da retribuio, algumas pessoas que praticavam aes caridosas, no estariam interessadas nas formas de retribuio pelos seus atos? Esta uma questo chave que ser analisada no trabalho, com o auxlio de bibliografia especfica e fontes primrias.

    "Educal-as e instruil-as prevenir males futuros, preparar o cidado de amanh - O trabalho de crianas como ato de correo e instruo na Primeira Republica em Porto Alegre/RS Lisiane Ribas Cruz (Unisinos)

    Resumo: Na Primeira Repblica, em Porto Alegre, o trabalho exercido por crianas pobres atingidas pelo abandono e criminalidade foi prtica dentro de instituies de proteo e reparo como forma de instruo e correo. Em uma sociedade acostumada com o trabalho escravagista, aps a abolio e com a proclamao da Repblica, foram necessrios artifcios para a formao de uma sociedade trabalhadora e preparada para lidar com o crescimento urbano e das indstrias. Dentro desse contexto, o ensino profissional ganhou mais ateno para a formao de futuros trabalhadores e diminuio do nmero de crianas que perambulavam nas ruas da capital. A presente pesquisa prope uma anlise e compreenso dos sentidos atribudos a essas prticas dentro de orfanatos, asilos e a casa de correo, bem como identificar as diferentes funes exercidas e o tratamento dedicado a esses menores. Alm disso, tambm buscamos entender os ideais, valores e justificativas que influenciaram para a continuidade do trabalho de menores na transio do perodo imperial para o republicano na capital do Rio Grande do Sul.

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    Para a realizao dessa pesquisa, foi necessria a consulta de fontes primrias, entre os anos de 1890 e 1925, em relatrios, falas e mensagens de secretrios e governantes, livros de sentenciados e anurios estatsticos.

    11h - Sesso de comunicaes 4

    Discurso, direito e infrao: reflexes sobre a menoridade no tempo presente a partir da legislao brasileira do sculo XX Camila Serafim Daminelli (UDESC)

    Resumo: Emergida no campo do direito, a noo de menoridade referia- se, em meados do sculo XIX, menoridade do prncipe. Utilizada largamente da em diante, v-se a incapacidade do termo-raz menor em valer-se por si s: os conceitos compostos de menor de idade, ou menor de 18 anos corroboram a noo de que o sujeito menor inexiste enquanto experincia social ou discursiva. A partir da construo de polticas sociais voltadas exclusivamente ao pblico infantojuvenil, como o longevo Cdigo de Menores de 1927, delineia-se um perfil menorista, a saber, a prole das famlias pobres urbanas. Durante grande parte da vigncia desse corpo de leis, s referncias aos menores acompanham caractersticas que enquadravam as crianas e os jovens numa ou noutra medida protetiva: fala-se, nos discursos dos operadores do direito, em menores abandonados, menores carentes e menores infratores.

    Ainda que se entenda a populao infantojuvenil alvo do Cdigo de Menores como um amlgama dessas experincias, nenhum termo, seja infrator, abandonado ou carente referncia autoevidente de menor ou de menoridade.

    No tempo presente acompanhamos os debates em torno de uma proposta reincidente no Brasil: a reduo da idade de responsabilidade penal. Como possvel inferir pela repercusso da proposta (PEC 171/92), ela visa a penalizao de jovens entre 16 e 18 anos a partir do Cdigo Penal da Repblica, no mais se pautando pelas prerrogativas do Estatuto da Criana e do Adolescente. Percebe-se a ruptura da noo de menoridade ao dado etrio, ou, se se prefere, a consolidao da experincia da menoridade referindo-se ao conflito com a lei. A partir de que momento histrico a problemtica em torno da proteo/preveno dos infantojuvenis se desloca de uma srie de questes, como a explorao sexual, as violncias e o trabalho, por exemplo, para estabelecer a infrao e o conflito com a lei como o problema do menor? Sob que condies discursivas pde uma

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    experincia deixar de ser entendida como demanda de ateno especial, acordes fase especial de desenvolvimento, para tornar-se sinnimo de um problema social identificado a partir da referncia sua fase da vida, ou seja, a menoridade? Como hiptese-problema de nossa pesquisa de doutoramento em Histria, propomos investigar os processos de significao colocados em jogo pela utilizao do conceito menor como uma experincia emergida e propalada pelos discursos da Poltica Nacional do Bem Estar do Menor, vinculada infrao e a institucionalizao de carter preventivo.

    O objetivo dessa comunicao refletir sobre as rupturas e as continuidades percebidas nas polticas pblicas relativas aos adolescentes em conflito com a lei, ao longo do sculo XX, na legislao brasileira. Busca-se investigar como o aparato jurdico construiu, junto a outras sociedades de discurso, a menoridade como uma experincia ligada ao conflito com a lei e institucionalizao de meninos e meninas esquadrinados em termos de classe social, raa/etnicidade e gnero. So analisados com maior nfase os dois Cdigos de Menores que legislaram sobre a populao infantojuvenil, o de 1927 e o de 1979, e as Constituies brasileiras de 1967 e 1988, a includas suas emendas.

    Concepes Mdicas e Sade Infantil no Mxico: primeiras impresses acerca dos cuidados mdicos com a primeira infncia durante segunda metade do sculo XIX Julio Cesar Pereira da Silva (FFLCH/USP)

    Resumo: Pretende-se com a seguinte comunicao apresentar e discutir algumas constataes preliminares a despeito das inflexes e deslocamentos na concepo de infncia e na sensibilidade mdica acerca da sade e morte infantis durante o perodo da segunda metade do sculo XIX at a dcada inicial do sculo XX no Mxico. Os questionamentos e inquietaes que sero discutidos fazem parte de uma pesquisa de mestrado em desenvolvimento que tem como principal objetivo identificar as transformaes tanto nos discursos quanto nas prticas de um grupo especfico de profissionais os mdicos, no caso sobre a sade infantil e os cuidados com a criana desde o perodo de gestao at os anos iniciais de vida dos pequenos a primeira infncia. A pesquisa tambm procura compreender como determinadas concepes e prticas mdicas sobre o fenmeno da infncia geraram controvrsias cientficas dentro do prprio grupo de mdicos que tinham formao, gerao e pontos de vista polticos e religiosos distintos em relao aos infantes. Uma das questes sobre a infncia veemente

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    debatida entre as dcadas de 1860 e 1870 em alguns textos sobre teratologia, obstetrcia e medicina legal, por exemplo, publicados no peridico Gaceta Mdica de Mxico por mdicos atuantes e professores de medicina da Escola Nacional de Medicina (ENM), todos congregados em torno da Academia Nacional de Medicina, refere-se ao aspecto fundamental que permitia afirmar a existncia ou no de vida independente do feto para, ento, ser considerado produto vivel. Para alguns mdicos, somente a confirmao da viabilidade da vida extrauterina independente conferia ao feto o estatuto de criana (nio). Contudo, essa concepo no foi unanime entre aqueles cientistas. A bem dizer, o que se discutia era qual aspecto biolgico ocasionava a condio elementar da vida: se os batimentos cardacos ou a respirao independente da criatura. Alm dessas questes, na presente comunicao, sero abordadas como as discusses a respeito da sade e bem-estar infantis, bem como sobre as inflexes na sensibilidade das autoridades mdica e governamental (percebidas principalmente atravs dos esforos pblicos de ateno s crianas nas regies urbanas do Mxico) so, ao mesmo tempo, causas e efeitos da constituio de uma outra concepo de infncia que se constituiu por meio das prticas dirias desses atores. Como procedimento metodolgico de pesquisa, ao contrrio do que normalmente se estuda a respeito dos cuidados com os infantes no final do sculo XIX, por meio de uma perspectiva que aborda a fundao de instituies estatais de vigilncia e ateno s crianas e da abertura da ctedra de Enfermidades Infantis na ENM, concebe-se e ser abordado neste texto esses processos como desdobramentos de preocupaes antecessoras dessas movimentaes. Por fim, ser observado que as mudanas ocorridas em terras mexicanas em relao aos cuidados com infncia esto interligadas a um movimento amplo de transformaes ocorridas na Amrica Latina a partir da segunda metade dos oitocentos, mas que, no obstante, cada pas as experimentou de maneiras e modos distintos, resguardando, assim, suas especificidades. Sero essas questes que se almeja apresentar e discutir.

    Era uma vez... um estudo sobre concepes de infncia em narrativas Cludia Gisele Masiero (Universidade Feevale)

    Resumo: Este estudo tem como tema a concepo de infncia presente nos contos de fadas Chapeuzinho Vermelho e Rapunzel, escritos pelos Irmos Grimm, no incio do sculo XIX, bem como nos filmes de

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    animao Deu a Louca na Chapeuzinho (2005) e Enrolados (2010), que se inspiram nesses contos. O objetivo identificar e analisar a concepo de infncia representada nesses produtos culturais de tempos e sociedades distintas, buscando compreender semelhanas e diferenas que apresentam, veiculadas, claro, aos seus respectivos contextos de produo. Dessa forma, reflete-se sobre a infncia entendendo-a como uma construo social que pode apresentar transformaes segundo tempo e lugar, at mesmo em uma mesma sociedade. Assim, para compreender a infncia e sua histria se tem por base os estudos de Aris (1981), Badinter (1985), Postman (1999), Heywood (2004), Steinberg e Kincheloe (2004) e Stearns (2006). A metodologia utilizada para tanto a Anlise de Contedo, segundo Bardin (2004), Moraes (1999) e Fonseca Jnior (2011). O tratamento dado a cada uma das fontes centrou-se na perspectiva de analis-los sob trs aspectos: a) como a protagonista se relaciona com seus pais ou pessoas mais velhas; b) a maneira como esses produtos culturais representam a sua subjetividade; e c) como age nas situaes de conflito ou de aprendizagem. Neste sentido, tambm sero analisadas questes relativas ao imaginrio, principalmente conforme Backzo (1985) e a representao social, segundo Chartier (2002). Os contos de fadas de Grimm Chapeuzinho Vermelho e Rapunzel refletem, de certa maneira, o processo de implantao do modelo moderno de infncia em sua concepo, uma vez que este conceito se consolidava na poca em que foram publicados. No podem ser considerados como literatura originalmente escrita para crianas, fato que no exclui que os autores tenham pensado nelas, ao escreverem-nos. H uma preocupao em suavizar estas narrativas e retirar elementos violentos ou obscenos, se forem comparadas a verses anteriores. O ttulo do livro, Contos da Crianas e do Lar, evidencia que adultos e crianas ainda

    compartilhavam muitas coisas, inclusive a leitura e a audio dessas histrias. Contudo, justamente por estarem inseridos no processo de consolidao do que se entende por universo propriamente infantil, tornam-se referncia do tipo de narrativa que agrada s crianas e contribuem para o prprio estabelecimento das bases da Literatura Infantil. No contexto das ltimas dcadas, esto os filmes Deu a Louca na Chapeuzinho (2005) e Enrolados (2010), que, por sua vez, j no buscam mais um pblico unicamente infantil, embora sejam filmes de animao, gnero que historicamente relaciona-se bastante a tal universo. Em contraponto aos contos de fadas que se analisaram, os quais acabaram por ajudar a construir o universo infantil e se mantiveram atrelados a ele como representao do que infantil, os filmes parecem contribuir para

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    a consolidao de uma concepo de infncia diferente. No somente parecem buscar atingir e incentivar um pblico de crianas adultizadas, mas tambm de adultos infantilizados.

    16h30m - Sesso de comunicaes 5

    As cmaras municipais e suas medidas policiais para o cuidado dos meninos no Brasil oitocentista Williams Andrade de Souza (Unisinos)

    Resumo: A criana pobre e desvalida no Imprio do Brasil era percebida a partir de dois extremos que inspiravam cuidados e faziam dela objeto de tutela de homens e instituies. De um lado, era vista como um perigo para a sociedade, necessitando de controle; do outro, como membro frgil, que precisava de direo. Nesses ngulos, a sua posio era a de subalterna, devendo ser controlada, educada, civilizada, sendo estes os cuidados a serem dispensados para ela. Dentre as instituies brasileiras oitocentistas, as cmaras municipais figuraram como importantes reguladoras do cotidiano citadino cujas medidas policiais poderiam redundar no controle desse grupo social ou no

    fomento das instituies por ele responsvel. A proposta basilar dessa comunicao discorrer sobre essa temtica. Ainda que os limites desse texto impeam avanar na discusso, pretendemos lanar algumas notas sobre o governo municipal e o seu cuidado com o que atualmente

    chamamos de o menor.

    A funo da criana na Amrica Portuguesa Thiago do Nascimento Torres de Paula (UFPR)

    Resumo: Segundo Norbert Elias, todos os indivduos em uma figurao so dotados de funes, sejam crianas ou mesmo os idosos. Sendo assim, o objetivo deste trabalho apresentar como homens e mulheres, indivduos adultos atriburam funes as crianas durante todo o sculo XVIII e primeiros anos do sculo XIX, no espao da Amrica portuguesa. As fontes consultadas e analisadas para o desenvolvimento da pesquisa foram: os assentos de batismo e bito; os termos de vereao do Senado da Cmara e testamentos, toda a documentao referente a Capitania do Rio Grande do Norte, especificamente ao Termo da Cidade do Natal. Por fim, conectamos os casos selecionados a outros casos

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    identificados no espao da colnia portuguesa na Amrica, a partir de outros estudos em histria social.

    Os filhos da alteridade: a criao de expostos por mulheres indgenas (Rio Grande do So Pedro, sc. XVIII-XIX) Jonathan Fachini da Silva (Unisinos)

    Resumo: A exposio de crianas foi um fenmeno amplamente praticado em nosso passado colonial. A historiografia afirma que tal fenmeno foi trazido na bagagem dos colonizadores portugueses, visto a existncia dessa prtica no Antigo Regime europeu. Como argumento a essa afirmativa, estudos clssicos sobre o tema alegam que as populaes indgenas no abandonavam sua prole bem como as populaes africanas escravizadas. Testar essa hiptese, se indgenas enjeitavam ou no sua prole, ainda um caminho a ser trilhado, mas como ponto de partida podemos perceber que mulheres indgenas foram receptoras de crianas enjeitadas bem como receberam salrios da Cmara por criarem esses inocentes. O laboratrio de nossa anlise a freguesia Madre de Deus de Porto Alegre, o centro administrativo da provncia do Rio Grande de So Pedro entre 1773 at 1809. Os registros de batismos e a documentao camararia sero nossas fontes para essa investigao. Por meio de um cruzamento nominativo de fontes - registros paroquiais e termos de vereana - e os mtodos quantitativos da Demografia Histrica, nos viabilizou o acesso Histria Social e Histria da Famlia.

    O batismo dos filhos do ventre livre (Porto Alegre/RS - 1871-1888) Jos Carlos da Silva Cardozo (Unisinos)

    Resumo: Esta comunicao, luz da Histria Social, analisa os registros de batismo de crianas ingnuas nascidas em Porto Alegre/RS, entre

    1871-1888, contingente populacional ainda profundamente ligado ao cativeiro. Nesse perodo, Porto Alegre teve grande dinamismo econmico advindo da exportao de produtos das reas coloniais, o que proporcionou a reformulao do espao urbano e dos hbitos e costumes da populao. Dessa forma, analisamos algumas variveis que as fontes nos permitiram, como a frequncia do batismo no perodo, a diferena temporal entre o registro de batismo e o nascimento da criana, bem como a condio social dos padrinhos.

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    18h - Sesso de comunicaes 6

    Do amor da castidade, & horror a toda torpeza, com que se deve crear os mininos: anlise do imperativo da inocncia infantil em uma obra do Padre Alexandre de Gusmo Fernando Cezar Ripe da Cruz (UFPel)

    Resumo: Entre os sculos XVII e XVIII, foi crescente, nos domnios portugueses, a circulao de obras escritas por religiosos, filsofos, cientistas e mestres divulgando ideais cristos, morais e polticos da infncia. Estas obras tinham o interesse de persuadir, certos grupos sociais, determinados valores, normas de comportamentos e virtudes prximas aos padres de conduta exclusivos da Corte portuguesa.

    Mesmo considerando a limitada prtica da leitura e escrita na Europa Ocidental do perodo moderno, o mercado editorial se beneficiou das publicaes para um pblico letrado que continha grandes expectativas relativas ao pleno domnio das vivncias normativas da nobreza e da alta burguesia. Propagava-se, ento, uma srie de obras dedicadas civilidade, cortesia e polidez. Eram textos que codificavam modificaes nos pensamentos e nas condutas de uma condio de privacidade moderna. Entretanto, vale lembrar a argumentao do historiador Jacques Revel (1991, p. 176) de que a publicao destes conjuntos de normativas sobre a infncia tendia a disciplinar as almas por meio da coero exercida sobre os corpos e impor coletividade das crianas uma mesma norma de comportamento socivel.

    A partir deste cenrio da expanso da cultura escrita e da produo de sujeitos infantis com comportamentos sociais e morais desejveis, que propomos para esta comunicao a anlise dos enunciados sobre a castidade infantil presentes na obra Arte de crear bem os Filhos na idade da Puericia. Publicada inicialmente em Portugal no ano de 1685, a obra de autoria do padre jesuta Alexandre de Gusmo (16291724) apresentava um conjunto de normativas que definiam como se deveria formar um perfeito menino. Nesse sentido, o tratado descrito por Gusmo percebido como evidncia e expresso de determinado sentido da infncia no contexto contrarreformista do sculo XVII, tanto em Portugal, como no seu principal domnio ultramarino.

    Foi nesse contexto, de doutrinamento da f catlica e de otimismo na crena da cincia que a educao das crianas teve seu papel ressignificado no meio social. As prticas de disciplinamento, prescritas na citada obra do padre Gusmo, no se restringiam somente

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    ao controle dos corpos, pois percebe-se a recomendao de uma srie de atividades de submisso inerentes a produo de conhecimentos e saberes. Nesse sentido ocorreu uma verdadeira reorganizao, depurao e censura dos saberes contidos nas prticas sociais da poca (FOUCAULT, 1987). importante destacar que, uma espcie de ordenamento moral da sexualidade influenciou significativamente o comportamento social. Esta operao moralizadora atuava na prescrio de certos ditames prticos da vivncia de corte, tidos como legtimos e adequados na construo de discursos que previam produzir um sujeito infantil casto, puro, inocente. Desta forma, proliferaram, neste perodo, os discursos em torno da infncia e de seu sexo, que de acordo com Michel Foucault (1990, p. 232), cujo fim era constituir, atravs da sexualidade infantil, tomada subitamente importante e misteriosa, uma rede de poder sobre a infncia. Assim, discursos religiosos, como o do

    padre Alexandre de Gusmo, promoviam maneiras de ver a infncia associadas a noes de pureza, doura, etc, para garantir a castidade infantil.

    Histria e pertencimento: o reconhecimento da identidade da juventude do povo tradicional Pomerano Beatriz Hellwig Neunfeld (FURG)

    Resumo: Este trabalho visa promover uma reflexo sobre a identidade que os jovens alunos do ensino fundamental e ensino mdio adotam dentro do contexto escolar e social quando confrontados com o estudo e conhecimento da diversidade tnica cultural. Estes adolescentes estudam em uma escola rural e seus familiares trabalham na atividade da agricultura familiar no interior do municpio de So Loureno do Sul, e em sua totalidade so descendentes de imigrantes pomeranos que vieram no sculo XIX para a regio que denominada a Serra dos Tapes. Todos os jovens falam a lngua pomerana e em alguns se percebe notoriamente o sotaque quando falam em lngua portuguesa, isso porque a lngua pomerana geralmente a sua lngua me dessa comunidade. Propor essa discusso em torno da identidade que os jovens assumem vem em decorrncia da forte presena que tem a tradio gacha do 20 de setembro no estado do Rio Grande do Sul. Na escola em que os alunos estudam alguns estudantes integram o Grupo de Danas Gachas Heranas

    Farroupilha. Dentro do contexto familiar a grande maioria destes jovens ao concluir o ensino mdio continua mantendo a tradio familiar de continuar morando no meio rural e trabalhando na lavoura conforme a atividade da famlia. interessante observar que neste momento os jovens preservam a

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    sua tradio pomerana na realizao das festas de casamentos e na constituio do ncleo familiar. A investigao e pesquisa da histria da juventude pomerana auxilia no conhecimento e no respeito s diferenas e semelhanas que compem a grande riqueza da diversidade tnica, cultural e familiar, alm de dar visibilidade e reconhecimento tambm contribuio dessa comunidade no processo histrico do Rio Grande do Sul.

    Escrita de si e dirios: construes do gnero diante de paradigmas socioculturais Letcia Portella Milan (UFPel)

    Resumo: Os dirios se constituram como modos tpicos da escrita de si feminina, desde que as mulheres conquistaram o direito alfabetizao, servindo como um instrumento para construo do ser; uma maneira de se conhecer e de se fazer conhecer. O objetivo deste trabalho est em situar os dirios ntimos como prticas culturais pertencentes, geralmente, a classes sociais abastadas, nas quais as mulheres estiveram delegadas a praticar a escritura, com o intuito de construir sua feminilidade. O presente trabalho faz parte de um projeto de pesquisa que tem como tema uma investigao histrica sobre os espaos de lazer e sociabilidade da elite pelotense na dcada de 1950. O principal ponto de referncia para este estudo constitui-se no dirio pessoal de Clarisse Tavares Xavier, jovem pertencente a uma tradicional famlia gacha que, atravs do seu olhar, descreve o seu cotidiano e as diferentes impresses que tinha sobre os lugares que frequentava na cidade de Pelotas.

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    Psteres - Resumos

    Dia 17/10/2015 Sbado

    10h30m-11h - Sesso de apresentao dos psteres

    A morte teria significado a liberdade: o crime de Leopoldina e as relaes familiares em um contexto de escravido, Cachoeira, sculo XIX Marina Haack (Unisinos)

    Resumo: No sculo XIX a vila de Cachoeira compreendia um espao composto por campo e floresta. O rio Jacu tornou-a um forte centro comercial, favorecida pelo acesso a Porto Alegre e Rio Grande. A partir da segunda metade do sculo XIX duas levas de imigrantes foram incorporadas quela sociedade: os alemes em 1857 e os italianos em territrio prximo a vila em 1877. Alm disto ainda havia a participao indgena nas proximidades da vila.

    Em 31 de dezembro de 1874 a escrava Leopoldina comete infanticdio ao menino Fortunato, seu filho. Afirmou ainda que, logo aps o assassinato iria tirar a prpria vida. O plano de Leopoldina no pde ser concludo, e logo o caso foi a julgamento.

    O objetivo deste trabalho tentar compreender o ato de Leopoldina a partir da anlise deste processo crime, levando em considerao o contexto de Cachoeira e as questes pertinentes ao debate da famlia escrava. Este processo encontra-se disponvel para pesquisa no Arquivo Pblico do Estado do Rio Grande do Sul.

    Esta comunicao est vinculada ao projeto de pesquisa: Ele ru pobre e negro, mas no se vende por dinheiro: Alforria, trabalho, irmandades e a arte da resistncia (Cachoeira, RS, 1813/1860), orientado

    pelo professor Dr. Paulo Roberto Staudt Moreira, no qual estou inserida desde o ms de agosto do presente ano, portanto esta apresentao relativa apenas aos primeiros passos deste estudo.

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    Ser abandonado e enjeitado, Ser mulher e exposta na Santa Casa de Misericrdia de Porto Alegre, no sculo XIX Thuanny de Azevedo Bedinote (Unilasalle)

    Resumo: Na Europa o cuidado com as crianas abandonadas passou a ser um problema de Estado. Buscando minimizar a abandono das crianas e o grande nmero de mortos foi institudo um mecanismo que procurava manter os pais incgnitos e ao mesmo tempo tentar salvar o maior nmero de crianas possveis do abandono das ruas. A Roda dos Expostos foi instituda na Europa no sculo XVIII em Florena, depois se espalhou para as demais regies, como Portugal na cidade do Porto em 1689. Essa prtica se espalhou nas colnias, chegando ao Brasil, as primeiras casas surgiram no Rio de Janeiro (1738), Recife (1789), Salvador (1796) e no Rio Grande do Sul surgiu no ano de 1838 ficando responsvel a Santa Casa de Misericrdia. Ao trabalharmos com as Atas da Santa Casa de Misericrdia encontramos aquela que pode ser possivelmente a primeira menina exposta na Roda que contraiu casamento. Atravs de uma perspectiva micro-histrica procuramos entender a sociedade de Porto Alegre em que essa menina, Emlia, estava inserida, quais foram os caminhos trilhados por ela aps o casamento e quais eram suas origens. Por outro lado, nossa pesquisa procurou analisar o significado simblico da doao do enxoval para as meninas no momento do casamento. Assim, atravs da Histria Social, procuramos entender o mundo da infncia e da famlia numa Porto Alegre que estava se inserindo num contexto mais urbano, e onde a preocupao com a infncia passava a ser uma preocupao dos rgos pblicos e da sociedade civil.

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