caderno aniversário paranaguá

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Paranaguá 363 anos Guardiões da memória e cultura

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Jornal Folha do Litoral - Caderno Especial de Aniversário de Paranaguá. Editora-chefe: Aline Benvenutti Diagramação; Gediel Mendes e Cleverson Lucas

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Page 1: Caderno Aniversário Paranaguá

Paranaguá 363 anosGuardiões da memória e cultura

Page 2: Caderno Aniversário Paranaguá

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Edifício Palácio do Café50 anos da fase áurea de exportação

Sendo um marco da fase áurea, na qual Paranaguá os-tentou o título de maior porto exportador de café do mundo, o Edifício Palácio do Café, neste ano, completa 50 anos de fundação. O imponente prédio foi inaugurado em 29 de julho de 1961, durante as comemo-rações dos 313 anos da cidade de Paranaguá.

O jornalista e radialista Amilton Aquim, é um dos par-nanguaras que esteve presente na inauguração do prédio e relata detalhes do evento, que foi um marco na história da ci-dade. “Paranaguá vivia naquela época, o ciclo do café. O Centro do Comércio do Café que co-mandava esse ciclo, precisava de uma sede própria para fazer com que o mercado crescesse ainda mais em Paranaguá. Foi então construído na Avenida Arthur de Abreu, esquina com a Rua Dr. Leocádio, um prédio denominado Edifício Palácio do Café. Foi uma inauguração solene, quando cafeicultores de São Paulo, Minas Gerais e de outros estados, compareceram somando-se às autoridades estaduais e locais”, relata Am-ilton Aquim, destacando que presenciou o evento fazendo a cobertura jornalística. “Estive presente ao lado do saudoso companheiro de rádio Airton Poli, oportunidade em que fize-mos a cobertura deste presti-giado evento para a Rádio Di-fusora de Paranaguá”, relembra, com emoção.

Aquim destaca ainda, que a inauguração marcou o ciclo do café em Paranaguá. “Com a inauguração do Centro do Co-mércio do Café, no Palácio do Café, a coisa ficou mais orga-nizada. Da sobreloja até o 4.º andar foi ocupado pelo Instituto Brasileiro do Café, local onde trabalhei por muitos anos, na Seção de Registros, quando o chefe foi o saudoso Alexandre Antonio Gebran, o “Xandoca”, e os demais andares na sua maio-ria eram ocupados pelas em-presas cafeeiras, que na época trabalhavam em nossa cidade como, por exemplo, Sertaneja e Produtores. Isso definiu ainda mais a era do café. Realmente foi um fato importante, a gente sentiu a emoção e a importância da inauguração”, diz o jornalista. “Existe um vídeo na rede mun-dial de computadores, do com-panheiro Celso Lück, que relata em alguns minutos a solenidade da inauguração do Edifício Palá-cio do Café. Confesso que cada vez que assisto este vídeo em casa me emociono, como tam-bém nas várias inaugurações que participei. Nesta época, além de cobrir eventos, eu fa-zia o esporte na Rádio Difusora, ao lado de Airton Poli, quando andávamos por todos os quatro cantos de Paranaguá levando a notícia”, externa Aquim. Ele lembra também que no último andar do Palácio do Café exis-tia um restaurante panorâmico bem frequentado. “No último andar, por muito tempo fun-cionou o restaurante do Luighi, um italiano, os principais even-tos da gastronomia aconteciam

neste local. Inclusive como as-sessor de imprensa da Câmara Municipal, na época do general João da Silva Rebello e Nelson de Freitas Barbosa, tive a opor-tunidade de participar e fre-quentar muitos eventos neste restaurante, que era ao lado da sede do Centro do Comércio do Café”, recorda. “Foi realmente um momento áureo em nossa cidade”, avalia Aquim, desta-cando que com as empresas ca-feeiras que eram em número de aproximadamente 26, vieram as instituições bancárias.

Com isso, o ciclo do café terminou praticamente no final da década de 70 e início da dé-cada de 80, e chegaram a existir aproximadamente 27 instituições bancárias em Paranaguá, pois todos os bancos que existiam no país tinham uma filial em Para-naguá. “Teve um ano em que foram movimentadas por Para-naguá 60 milhões de sacas, o que fez do Porto de Paranaguá o maior porto exportador de Café. E com o encerramento destas atividades do café, mui-tas empresas bancárias encerr-aram suas atividades em nossa cidade. Eu que acompanhei de 1958 até o seu encerramento, sei que o ciclo do café foi um momento rico para a cidade de Paranaguá. Vivíamos uma atividade rica, pois éramos centro das atenções não só no Paraná, mas no país”, finaliza Aquim.

Naquela época, no último andar do Palácio do Café funcionava um

restaurante panorâmico, bastante conceituado

O jornalista Amilton

Aquim acompanhou a

inauguração do Edifício

Palácio do Café, que

aconteceu em 1961

18Sexta-feira, 29 a Domingo, 31 de Julho de 2011

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Edifício Palácio do Café19Sexta-feira, 29 a Domingo, 31 de Julho de 2011

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Instituto de EducaçãoProsperidade de Paranaguá na década de 20

Quando Caetano Munhoz da Rocha foi presidente do estado (1924-1928), ele re-alizou diversas obras públi-cas no Paraná, entre elas, a construção da Escola Nor-mal de Paranaguá. As obras iniciaram em 1924 e foram concluídas em 1927. A inau-guração foi marcada por um dia festivo na cidade. Isso porque Paranaguá estava comemorando 279 anos. Para a época, a obra foi con-siderada um suntuoso edifí-cio com suas vinte e quatro salas de aula e demais de-pendências. As aulas iniciar-am em seguida, sendo regis-tradas por vários fotógrafos e posteriormente, o local se tornou um dos cartões post-ais da cidade.

Na década de 20 e 30, o Paraná estava no auge da produção agrícola de café e chá, e o Porto de Paranaguá exportava intensamente. A riqueza era tanta, que todos os armazéns de Paranaguá permaneciam lotados. Os registros da época contam ainda, que todas as famílias, grandes e pequenas, conhe-ciam o conforto e a prosperi-dade. E foi neste contexto de grande prosperidade, que Paranaguá ganhou o suntu-oso prédio, que atualmente, ainda é grande comparado aos demais estabelecimen-tos de ensino da capital.

Escola sEcundária Em 1952, o local passa

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à denominação de Escola Secundária Dr. Caetano Mu-nhoz da Rocha e, em 1967, Instituto de Educação, man-tendo, porém, o nome de seu fundador. O prédio expressa no ecletismo, a linguagem neoclássica, que caracteriza os edifícios públicos daquele período.

A história do Instituto de Educação é extensa e faz jus à sua importância para a contribuição da educação do litoral. O estabelecimento em 1971, passou a centralizar a administração de todos os grupos escolares de Para-naguá, tornando-se núcleo regional. Naquele período também entrou em atividade o curso profissionalizante de assistente em administração que existiu até o final da dé-cada de 90.

O Instituto de Educação de Paranaguá é considerado um dos colégios modelos do Paraná, além de represen-tar uma parcela da história dessa cidade. Implantado em terreno mais alto que as ruas que o circundam, impõe-se não só pelas suas dimensões, mas, so-bretudo pela sua qualidade arquitetônica.

Recentemente restau-rado pelo governo, foram então evidenciadas a deco-ração interna das pinturas murais, os espaços internos, a escada em madeira, os vi-trais e demais componentes que o tornam um belo exem-

plar da arquitetura educacio-nal do Paraná.

O colégio faz aniversário junto com Paranaguá. Neste dia 29, completa 84 anos de fundação. Calcula-se que o estabelecimento de ensino já tenha formado pelo me-nos 20 mil profissionais ao longo de sua existência.

Devido a sua importância histórica, o prédio foi tomba-do em 1991 pela coordena-doria do Patrimônio Cultural do Estado do Paraná. Em todo este período o estabe-lecimento teve 24 diretores. O primeiro foi Segismundo Santos e atualmente, o Insti-

tuto é dirigido pela professo-ra Elaine Bestana Gimenes.

odiléa PEdroni: aluna quE sE tornou

ProfEssora da Escola O Instituto Estadual de

Educação formou inúmeros professores ao longo dos úl-timos 80 anos. Entre eles se destaca a professora Odiléa Pedroni, que concluiu em 1951, o curso ginasial e em 1954, a Escola Normal (Magis-tério). “Naquele tempo, a cidade oferecia apenas dois cursos que hoje, equivalem ao Ensino Médio. Tínhamos que optar entre o curso Co-

Primeiro dia de aula

em 1927, no Instituto

de Educação

Terreno onde foi construído o Instituto

de Educação

Sexta-feira, 29 a Domingo, 31 de Julho de 2011

Page 5: Caderno Aniversário Paranaguá

Especial

Paranaguá 363 anos21mercial que era oferecido no

Colégio Alberto Gomes Veiga ou o Normal, no Instituto de Educação”, lembra a profes-sora, que optou pela carreira do magistério seguindo uma propensão da família.

Odiléa sempre foi destaque em sala de aula, vindo a receber no tempo de Magistério uma medalha de melhor aluna juntamente com sua colega de classe Rose Mari Correa Brande. Após três anos de estudo (1952 – 1954) concluiu o curso se formando profes-sora.

Foi nomeada professora em 1956 por Vidal Vanho-ni, que na época, exercia o cargo de secretário de Edu-cação e que havia sido seu professor. “Nossos profes-sores naquela época, eram basicamente parnanguaras”, destacou ela, citando alguns nomes como Dr. Joaquim Tramujas e Heloina de Ca-margo Viana.

Entre os fatos curiosos, a professora Odiléia desta-ca um episódio ocorrido na formatura. “A secretária do Instituto era a professora Helena Viana Sundin e certo dia ela me chamou dizendo que eu não poderia assinar com o sobrenome Rocha que era da minha mãe, pois na minha certidão de nascimen-to original constava apenas o sobrenome Pedroni, que é

do meu pai. A partir daquele dia passei a assinar apenas como Odiléa Pedroni, devido ao aviso feito pela Helena Sundin”, recorda-se, contan-do que ficou surpresa com a notícia.

Ainda na década de 50, época em que se matriculou e se formou no Instituto, a professora Odiléa conta que era muito difícil entrar no curso ginasial da escola. “Tínhamos que fazer um ex-ame de admissão. Era como um vestibular concorrido hoje em dia”, diz.

E foi assim, fazendo ex-ames e sendo aprovada e posteriormente premiada, que Odiléa fez sua história na educação parnanguara. Foram 45 anos sem inter-rupção dedicados ao Mag-istério. “Olhando para trás, vejo tudo que passou como se fosse ontem. Passou tão rápido!”, exclamou a professora, enquanto ol-hava as fotos dos tempos de aluno e professora e relembrado cada momento compartilhado.

Em todo esse tempo, ela perdeu a conta e não sabe dizer um número aproxi-mado de quantos alunos passaram por suas mãos. “Foram muitos para não diz-er milhares e que hoje, me

Dr. Roque Vernalha foi paraninfo da turma de 1954

Professora Odiléa com

sua primeira turma de

alunos em 1957

(turma do Pré-

1.ª A) da instituição

Professora Odiléa se

aposentou em 2002,

quando lecionava na faculdade

gratifica muito. Me levanta o astral sair às ruas e ouvir os chamados dos ex-alunos, em cada esquina sempre tem algum deles me fazendo re-cordar os fatos do passado. É maravilhoso porque ainda me chamam de professora, título que não exerço, mas guardo no coração. É nesse momento que tenho certeza que tudo valeu a pena”, fi-naliza a professora.

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Gruta de Nossa Senhora do Rocio

Local guarda histórias e relatos de bênçãosFeita de granito, foi no

final de 1959, que aconte-ceu a construção da primei-ra gruta no bairro Rocio, em devoção à Padroeira do Paraná. Na época, as águas do mar chegavam quase à entrada da gruta, separada apenas por um muro con-struído para evitar a aproxi-mação das águas da baía de Paranaguá. Mais tarde, por volta de 1975, o mar foi ater-rado e durante muito tempo, o aterro permaneceu inal-terado, sendo apenas usado como campo de futebol para moradores da localidade. A gruta foi construída na mes-ma época que ocorreu a re-forma do Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rocio, no final dos anos 50 e início dos anos 60.

Amante da história de Paranaguá e conhecedor dessas lembranças, o pro-fessor Nilande Ribeiro Filho relembra cada momento do passado. “Ao lado da gruta existe até os dias de hoje, uma pedra que simboliza o local onde a imagem de Nossa Senhora do Rocio foi encontrada pelo pescador Berê”, ressaltou. “Quando ocorreu uma transformação paisagística, em 1999, a

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primeira gruta foi demolida e construída a atual. Na mes-ma ocasião foi construída a Praça da Fé e o aterro deix-ou de ser apenas um campin-ho de futebol para dar espaço a um ambiente mais bonito e acolhedor para os visitantes e parnanguaras. Em 2007, a gruta passou por uma refor-ma. Atualmente, os romeiros visitam o local não somente em novembro, quando ocorre a festa em louvor à Nossa Senhora do Rocio, mas tam-bém nos domingos de roma-ria. Desde 2005, o Santuário vem recebendo uma grande quantidade de devotos du-rante o ano inteiro”, contou o professor.

No passado, muitas pes-soas vinham com suas famí-lias, passear pela Praça do Rocio, tiravam fotos na pe-dra ao lado da gruta, na pra-ça, na beira do mar. Muitos aproveitavam a sombra das mangueiras centenárias para fazer piqueniques com famí-lias e amigos. “Aos domingos era normal as pessoas fre-quentarem a praça com seus familiares, para lanchar, tirar fotos e descansar à sombra. Tinha também os vendedores de pipoca, era um outro Ro-cio na época da minha infân-

cia e toda essa tradição foi aca-bando com o tempo. Agora, os padres redentoristas querem resgatar esses costumes, essa imagem do Rocio antigo”, lem-brou emocionado.

a Gruta do PassadoA gruta até 1999 era uti-

lizada pelos devotos como local para agradecer graças alcançadas e fazer promes-sas. A localidade era repleta de velas, roupas e outros objetos que simbolizavam o pedido. Devido ao grande número de velas acesas no ambiente, pequenos incên-dios eram comuns. Além dis-so, a gruta era escura e pos-suía as marcas do fogo em sua estrutura interna. “As pessoas que vinham agrade-cer à Nossa Senhora do Ro-cio traziam seus agradeci-mentos simbolizados por objetos, roupas, fotos, ima-gens e velas. Anteriormente à gruta, havia uma sala de promessas e com a extin-ção dessa sala, as pessoas começaram a depositar suas ofertas de agradecimento na gruta. Atualmente, isso não ocorre mais. Na parte su-perior do Santuário, existe hoje, uma Sala dos Milagres, e lá ficam então esses objetos.

Na gruta atual, apenas poucas velas são acesas, até por uma questão de estética, de con-servar a gruta porque muitas velas eram acesas na gruta anterior e incêndios acabavam ocorrendo”, detalhou.

PalMEirasHá muitos anos, havia três

palmeiras em frente ao San-tuário e ao lado da gruta, com o passar do tempo, apenas duas palmeiras restaram. “Em 1975, aproximadamente, mais uma das palmeiras centenárias morreu e a prefeitura precisou cortá-la. Agora só resta uma que tem mais de cem anos, talvez duzentos anos, mas também talvez precise ser re-tirada”, enfatizou Nilande.

O Santuário do Rocio mantém a gruta como sinal de que a mãe do Rocio foi abrigada em um lugar simples, que era a casa do pescador Berê, e hoje também significa o coração de todos os seus devotos. Seja para agradecer, pedir bênçãos ou para man-ter a tradição, os devotos que chegam ao Santuário Estadual não deixam o local sem visitar a gruta da Mãe do Rocio. Al-guns trazem flores e velas em forma de agradecimento pelas graças alcançadas.

Construída em 1959,

primeira gruta foi

substituída pela atual

a partir dos anos 90

Professor Nilande é

morador no Rocio e

acompanhou as

modificações na região

do santuário

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Gruta de Nossa Senhora do Rocio

Especial

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Albertina SalmonGinásioEs

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População lotou a região

do antigo “Aterro” para

prestigiar a festa de

inauguração

Obra do ginásio era tida

como um dos grandes

empreendimentos es-

portivos do estado

Alguns políticos parnan-guaras poderão chegar na melhor idade e se orgulhar do legado deixado no perío-do em que foram represen-tantes desta sociedade, que hoje completa 363 anos. Isso porque, antes, difer-entemente dos dias atuais, a representatividade política não estava tão afundada em notícias e suspeitas de ações corruptas e inescrupulosas. No entanto, valorizar a vida dos políticos honrados se faz necessário para mostrar que a cidade saberá sem-pre reconhecer aqueles que zelaram por seu progresso e desenvolvimento através de obras e benfeitorias.

O ex-prefeito Waldir Salmon, hoje com 76 anos, olha para trás e vê com sau-dades os tempos em que foi prefeito. Chefe do Poder

Executivo no ano de 1982 até 1986, foi ele quem man-dou construir uma das “joias” do esporte parnanguara, o Ginásio de Esportes Albertina Salmon, que ficou conhecido durante muitos anos como “Ginásio do Aterro”. “Eu me recordo com grande alegria daqueles tempos em que tínhamos como objetivo tor-nar a cidade sede dos Jogos Abertos do Paraná. Para isso, no meu governo, era preciso fazer uma praça esportiva que não deixasse dúvidas da nossa capacidade de sediar um grande evento”, conta o ex-prefeito.

Erguido no ano de 1985 com uma grande festa e apoio popular, o “Ginásio do Aterro”, como também passou a ser chamado, exigiu da prefeitura a aquisição de duas dragas para melhorar as condições

do local. “O pai do atual gov-ernador era figura presente em Paranaguá e nos ajudava muito quando precisávamos. Naquela época tínhamos uma grande parceria com o gov-erno José Richa”, comenta.

Apesar da cooperação financeira do governo es-tadual em Paranaguá, em 1985, o ginásio de esportes, orçado em R$ 1,5 milhões, foi 100% pago pelos cofres do próprio município. “Isso foi possível porque tínhamos

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Ex-prefeito relata sonhos para o esporte Especial

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Ex-prefeito Waldir

Salmon relembra com

saudades o período que

comandou Paranaguá

80, pois era um ginásio para dez mil pessoas que intimi-daria quem aqui visse para nos desafiar”, afirmou.

A rivalidade com a cidade de Ponta Grossa, segundo ele, era tamanha que houve uma grande decepção de to-dos quando o título dos Jogos Abertos de 1985 ficou com a região dos Campos Gerais. “Fizemos o ginásio para ser-mos campeões daquele ano, mas acabou que os ponta-grossenses nos superaram na classificação geral”, observou.

Mas a derrota para Pon-ta Grossa não afastou de Waldir Salmon o orgulho por ter conseguido executar algo que até hoje é motivo de satisfação para todos os parnanguaras. “Temos aqui o melhor ginásio do Paraná. Sua estrutura foi pensada para desenvolver três mo-dalidades ao mesmo tempo. A juventude da época tinha uma vida esportiva ativa e se empolgava com o fato de poder competir em pé de ig-ualdade com qualquer cidade do Paraná. As empresas do município nos ajudavam com investimentos porque sa-biam da fidelidade para com a aplicação dos recursos. Ao contrário de hoje em dia, que mesmo com leis de incentivo, não vemos os jovens sendo incentivados”, declara o ex-prefeito.

uma administração coerente e zeladora da economia. Além disso, havia um planejamento capaz de prever os custos de tudo aquilo que podíamos fazer sem endividar o municí-pio”, declarou Salmon.

dEcEPção E frustração

Waldir Salmon, que revelou ter sido recentemente chama-do para fazer parte do pleito municipal em 2012, fez um de-sabafo. “Hoje fico triste com o fato de termos um espaço tão importante para o esporte, que ainda se soma com a pi-scina olímpica e com o está-dio de futebol, mas que segue subutilizado. Questiono-me o porquê não temos equipes de ponta no cenário estadual, se temos o melhor complexo es-portivo do Paraná”, diz o ex-prefeito.

O ex-prefeito lembra ainda que na oportunidade da construção do ginásio, as equipes de futsal, basquete e handebol estavam entre as melhores do estado e que a construção de um grande ginásio daria o ‘status’ mere-cido para os times daquela época. “Foi uma obra ousada para os padrões da década de

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Page 10: Caderno Aniversário Paranaguá

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EnqueteParanaguá, uma cidade construída junto com o Paraná

Neste dia 29, Paranaguá completa 363 anos de fundação. Considerada a mãe da civilização paranaense, dotada de uma arquitetura peculiar, a cidade exala cultura e histórias contadas em cada monumento, rua e casario, sem contar que há décadas acolhe o porto, que é um dos agentes motrizes da região e do Paraná.

Genaro Verone, 80 anos, natural de Nápoles

(Itália), morador no Conjunto Bertioga“Conheço Paranaguá desde 1954. Eu admiro

tudo. O patrimônio histórico é todo bonito, tem um potencial turístico para mim fora de sério, mas não é explorado”.

Carlos dos Santos, 83 anos, morador no Parque São João

“Todo o patrimônio é muito bonito, porque isso aqui vem de muitos anos, a cidade conta sua historia por si. Eu já estou com 83 anos e já vi muita coisa boa e bonita nesta cidade”.

Edson de França César, 49 anos, morador no Jardim Esperança

“O que mais chama a minha atenção é a Praça 29 de Julho devido à estrutura que possui. Pro-porciona a quem chega na cidade, lazer realmente fora do comum e muitas das vezes que eu vou com a minha família ali me sinto muito realizado”.

Dirceu Miranda Paredes, 18 anos,morador no Parque São João

“O Museu de Arqueologia e Etnologia porque é um lugar atrativo e conta a história de Parana-guá ao longo dos anos”.

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O que você mais gosta e admira em Paranaguá?

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Especial

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Page 12: Caderno Aniversário Paranaguá

Ilha dos Valadares

Passarela marca o desenvolvimento na região

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Conta a história, que há muitos anos, onde atual-mente está hoje uma das localidades de maior cresci-mento em Paranaguá, a Ilha dos Valadares, morava uma família de sobrenome “Valadares”, que se dedi-cava ao tráfico de escravos entre as primeiras décadas do século XVIII. Depois da extinção total do tráfico ne-greiro, a família “Valadares” saiu de Paranaguá, deixando a ilha, que já era conhecida e chamada pelo mesmo so-brenome. Com o passar dos anos, a localidade insulana, que antigamente era habi-tada apenas pela família “Valadares”, foi crescendo

e se desenvolvendo, o que atraiu a chegada de muitas outras famílias. Porém, foi na gestão do ex-prefeito José Vicente Elias, de 1989 a 1992, que a localidade deu um salto. A construção da passarela Dr. Antônio José Sant´Ana Lobo Neto, que na época comportava apenas a passagem de pedestres e ciclistas, possibilitou a en-trada e saída dos moradores com mais facilidade. Hoje, apenas uma ponte com 400 metros de extensão separa a Ilha dos Valadares do conti-nente. Apesar da distância,

ela não é suficiente para ex-tinguir laços históricos entre a ilha e a cidade berço do Paraná.

O morador mais antigo da ilha, Romão Costa, de 82 anos, popularmente conhe-cido como Mestre Romão, reside na localidade desde a infância. Romão conta como os moradores na localidade viviam antes da construção da ponte. “No início, a ilha era dividida em duas partes, a do Itiberê e a do Cidron, uma em cada ponta da ilha.

Primeira travessia na passarelafoi realizada pelo prefeito da época, Vicente Elias

Mestre Romão conta que

a construção da passare-

la foi a realização de um

sonho para os moradores

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Page 13: Caderno Aniversário Paranaguá

Especial

Paranaguá 363 anos29Nessa época tinha apenas

64 casas em todo local. Por volta de 1958, o município disponibilizou aos mora-dores uma lancha para fazer a travessia da ilha para a ci-dade, porque muitos tinham canoa que fazia essa traves-sia, mas depois da lancha muitas pessoas vieram morar para cá e que então foram surgindo os outros bairros”, lembra Costa. “Quando as pessoas tinham que fazer a travessia de canoa, muitas morriam afogadas, porque a maré enchia e as canoas não aguentavam e viravam”, completa o morador.

A realização de um son-ho. Assim Costa resume o dia da inauguração da pas-sarela da Ilha dos Valadares. Lembrando os detalhes da cerimônia, o morador res-salta que a ponte foi o ponto mais marcante para o desen-volvimento da ilha. “A ponte foi um sonho realizado para nós, foi inaugurada na gestão do ex-prefeito Vicente Elias. Para nós, moradores, foi muito bom, porque ninguém mais aguentava atravessar de canoa e batera. Se con-tinuasse assim, a ilha nunca ia se desenvolver do jeito que está hoje. Além de ser um cartão postal para os turistas”, enfatiza Romão.

Há alguns anos, o de-senvolvimento da região era tanto, que foi necessário a

ampliação da passarela Dr. Antônio José Sant´Ana Lobo Neto. Foi então que o pre-feito da época, Mário Manoel das Dores Roque fez o reforço das fundações e o alargamen-to da passarela, reinaugurada em 2003. “Nessa época, mui-tas famílias já tinham vindo morar na ilha, e a ponte já estava pequena para tanta gente. Hoje são mais de 30 mil casas na ilha, e isso nos deixa muito felizes, porque eu nasci aqui, e minha famí-lia, viu a ilha no seu início, quando tudo ainda era sí-tio. Hoje, vemos todo esse desenvolvimento, e a ilha passou a ser quase que uma nova cidade. Isso nos alegra muito”, completa o mora-dor, ressaltando que não há mais terrenos vazios na Ilha dos Valadares. “Fico pen-sando onde essas milhares de crianças que moram aqui na ilha, vão morar quando formarem as suas famílias, porque não há mais terrenos vazios. Acho que vão ter que construir prédios, igual na cidade”, afirma Romão.

Histórias da ilHa dos ValadarEs

Entre diversos nomes

e cores, uma única história se confunde. É a própria memória da ilha, que nas primeiras décadas do século pas-sado, davam espaço a navios negreiros car-regados de escravos. Durante o período da noite, contam seus mo-radores mais antigos, que as embarcações “jogavam” os escra-vos, já que havia um entreposto apropriado para a compra dos mes-mos. No dia seguinte, vinham os “traficantes” à ilha, a fim de negociar com os “escravagistas” da terra. Vendida essa “mercadoria humana”, era então transportada, à noite por homens de sobrenome Valadares. Muitos tentaram apagar a triste história, mas ela não conseguiu manchar a real importância da ilha para a própria co-munidade.

Passarela Dr. Antônio José Sant´Ana Lobo Neto foi inaugurada entre 1989 a 1992

Em 2003, a passarela foi ampliada, comportando

um número maior de pessoas

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Page 14: Caderno Aniversário Paranaguá

Instituto Histórico e Geográfico

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Guardião da Cultura, História e Geografia parnanguara

Alessandro Staniscia,

presidente do instituto:

“A finalidade maior do insti-

tuto é o amor a Paranaguá

“A História é a Mestra da Vida”. Frase criada pelo pen-sador romano Cícero, serviu de “tema” à palestra de três idealistas que, animados em seus propósitos, esperavam vencer na empreitada que se propunham realizar. Che-fiava o “trio” a figura ímpar de Vicente Nascimento Ju-nior, historiador de mérito incontestável, a quem nossa Paranaguá muito deve e ja-mais deixará de lhe tributar a homenagem.

Em conjunto com o Hugo Pereira Corrêa e Manoel Vi-ana, resolveu Nascimento Junior criar uma Sociedade Cultural, tendo por base os estudos históricos e geográ-ficos em ligação com o pas-sado de Paranaguá. E o trio, assim constituído, contando com o apoio de mais de uma dezena de companheiros amigos, pensou e agiu. As-

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Page 15: Caderno Aniversário Paranaguá

Especial

Paranaguá 363 anos31sim, nasceu um “Sodalício”,

que recebeu o nome de In-stituto Histórico e Geográ-fico de Paranaguá no dia 26 de setembro de 1931.

O atual presidente do instituto, Alessandro Pires Staniscia, relata sobre os quase 80 anos que se pas-saram desde a fundação da entidade. “Além do trio, composto por Nascimento Junior, Hugo Pereira Corrêa e Manoel Viana, foram fun-dadores os confrades: Zenon Pereira Leite, Bernardino Pereira Neto, Ari Santos, Luiz Torres, João Salvador Dos Santos, Genaro Regis, Severo Canziani e Dario Nogueira dos Santos. A to-dos os fundadores, nesta oportunidade, reconhece-mos a vitória daquele grupo de jovens, voluntariosos e cultos, que após 79 anos da semente por eles lançada, vingou e segue como um grande desafio para todos nós”, externa Staniscia.

O presidente conta que em 1948 houve a comemo-ração do tricentenário de fundação política e social. “A terra ‘Carijó’ se preparou para celebrar seu programa de festejos para tão grande efeméride. E o Instituto Histórico, o nosso querido Sodalício não podia deixar de se fazer ‘presente’ a esse evento quando promoveu e instalou o 1.° Congresso Es-tadual de História e Geogra-fia, trazendo de Curitiba in-telectuais paranaenses, bem como de outros estados”, diz o presidente.

a sEdE PróPria do instituto

O atual prédio próprio do Instituto Histórico foi, primi-tivamente, uma “casa esco-lar” no início do século XX. Anteriormente serviu como uma espécie de Casa de Saúde, onde existia uma so-ciedade de auxílio às famílias e se intitulava “Associação Humanitária Paranaense” (a exemplo dos atuais Institu-tos de Previdência), que foi extinta em 1895.

O instituto ganhara uma sede, passo fundamental para sua posteridade. De lá para cá, muito se passou, e foram eleitos como presi-dentes na ordem de gestão: Zenon Pereira Leite, Vicente Nascimento Junior, Joaquim Tramujas, Nelson de Freitas Barbosa, Hugo Pereira Cor-rea e Alceu Maron.

o instituto dE HoJE

O Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá é uma instituição civil, cultural, sem caráter político nem re-ligioso, de duração ilimitada. A entidade foi fundada no dia 26 de setembro de 1931 na cidade de Paranaguá e devi-damente registrada onde tem sua sede própria, na Rua XV de Novembro, n.º 621.

O Instituto Histórico e

Geográfico já foi declarado de utilidade pública pelo Mu-nicípio de Paranaguá através da Lei n.º 991, de 29 de ag-osto de 1.974, pelo Estado do Paraná através da Lei n.º 12.584 de 08 de junho de 1.999 e pela União Federal através da Portaria n.° 734 do Ministério da Justiça de 13 de agosto de 2001.

O Instituto Histórico e Geográfico serve desinteres-sadamente à coletividade, não remunera a qualquer título os cargos da sua dire-toria e não distribui lucros, bonificações ou vantagens a dirigentes e mantenedores sob nenhuma forma ou pre-texto.

A entidade tem como in-tuito principal conservar o passado do “Berço da Civi-lização Paranaense” tornan-do-se útil à sociedade no que tange ao processo educacio-nal e cultural, assim como: estudar e investigar a história

e a geografia de modo geral, promovendo estudos e pes-quisas principalmente sobre o Paraná e Paranaguá; estu-dar e pesquisar o folclore do litoral paranaense; cul-tivar as tradições históricas do Brasil, comemorando datas cívicas e cultuando a memória dos grandes vultos brasileiros, paranaenses e parnanguaras; promover e manter intercâmbio cultural com instituições congêneres, nacionais e estrangeiras.

BiBliotEca HuGo PErEira corrêa

Criada pelo Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá, entre livros, jornais, revistas, álbuns e documentos alcança 25 mil exemplares, possuindo im-portantes documentos do Império como manuscritos de Vieira dos Santos datado de 1.850. A biblioteca e o arquivo de documentação vem servindo para estu-dos e pesquisas de profis-sionais liberais, professores e estudantes de todos os níveis, fornecendo subsí-dios para o preparo de te-ses e trabalhos de mestrado e pós-graduação. O museu e a biblioteca do Instituto Histórico e Geográfico são com frequência consideráv-el, visitados e consultados por estudiosos, também o são por uma gama de turis-tas que chegam diariamente a Paranaguá diante de sua invejável situação geográ-fica.

MusEu da iMaGEM E do soM

No intuito de ver preser-vado o acervo visual e auditivo da história do Paraná existente no Insti-tuto Histórico e Geográfico de Paranaguá, disponibili-zando-o inclusive na rede mundial de computadores a Internet, é que se pro-cessou a instalação do Mu-seu da Imagem e do Som – MIS, durante o ano de 2003, que tem por objetivo a compilação e a digitaliza-ção de filmes, livros, fotos, quadros, fitas cassetes, dis-cos de vinil e tudo mais que justifique registrar para a posteridade possibilitando inovadora sistematização e divulgação do acervo, di-vulgando o conteúdo de tez pretérita através de instru-mentos futuristas, o que por certo atrairá sobretudo o interesse da juventude pela História.

O Museu e a Biblioteca do

instituto são com frequência

considerável, visitados e

consultados por estudiosos

O Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá é

uma instituição civil, cultural,

sem caráter político nem reli-

gioso, de duração ilimitada

O atual presidente do insti-

tuto, Staniscia, fala sobre

os quase 80 anos que se

passaram desde a fundação

da entidade, que foi cheia de

lutas e percalços

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Paranaguá 363 anos

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Museu do Instituto Histórico

Paranaguá é uma cidade que preserva e valoriza sua memória. E isso se deve em grande parte às pes-soas abnegadas pela cau-sa, como é o caso do Dr. José Maria de Freitas, um homem apaixonado por Paranaguá que cumpre com muita dedicação seu expedi-ente no Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá.

Todos os dias lá está ele, sempre pronto a mostrar à nova geração de parnan-guaras as relíquias que aque-le prédio guarda. Por fora, quatro paredes antigas, mas por dentro, um vultoso acer-vo que é capaz de mostrar a identidade histórica de toda uma sociedade que nos úl-timos séculos, deixaram os registros de modos de vidas, costumes e tradições.

Dr. José Maria acom-panhou as transformações do museu que leva o nome “Dr. Aníbal Ribeiro Filho”, um médico que viveu em Paranaguá no século pas-sado que assim como Dr. José Maria, que é dentista, tinha a mesma preocupação em preservar a memória da cidade. Ao olhar o passado e observar tudo organizado nas paredes e armários, ele destaca com expressão de orgulho que o museu é a con-

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A memória da cidade entre quatro paredescretização de um sonho. “Era um velho sonho do Instituto Histórico instalar e manter um museu para preserva-ção do patrimônio histórico artístico de Paranaguá, que estava sendo desfalcado pela evasão de preciosas peças transferidas para mãos de colecionadores e entidades de outras cidades”, desta-ca José Maria, em meio às relíquias preservadas no local. Para concretizar tal desejo, em 1953, no gov-erno do Bento Munhoz da Rocha Neto, aconteceu uma reunião no Clube Literário onde foi convocado o Insti-tuto Histórico para a cam-panha de fundação de um museu na cidade, sendo na ocasião criada a Sociedade Amigos do Museu. A diretoria tinha como presidente nato o Dr. Roque Vernalha, além de vários membros, dentre os quais o Dr. Aníbal Ribeiro Filho.

A princípio, o museu de-veria ser instalado no antigo Convento dos Jesuítas (atual MAE/UFPR), cujo prédio es-tava em tombamento pelo Serviço do Patrimônio Históri-co Artístico Nacional. Proble-mas de ordem burocrática retardavam a restauração do velho convento e o Instituto lutava então pela aquisição

Dr. José Maria mostra caixa

registradora de 1901 que

pertenceu ao Alberto

Gomes Veiga

Coroa de prata que ficava na igreja das Mercês, na Ilha da Cotinga, de 1677

Uniforme completo de

um Guarda Nacional do

século XIX

Ferro de engomar roupa

de 1790, que pertenceu

à Dona Baduca

Porta pentes que per-tenceu ao ex-prefeito José Lobo

Jornal O Mez,

Paranaguá de 1917

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Museu do Instituto Histórico

Especial

Paranaguá 363 anos35de uma sede própria onde

pudesse definitivamente se instalar.

Mas a história mudou de rumo e Instituto conseguiu abrigo a princípio de forma provisória no prédio atual, ao lado do antigo convento. A partir disso, passou a pleitear junto ao Governo do Estado sua ocupação definitiva.

concrEtização dE uM sonHo

Em 30 de novembro de 1963, o Governo do Estado doou o prédio ao instituto. Foram feitas várias reformas até que foi possível inaugurar o Museu Histórico. Terminava assim dez anos de trabalho e sacrifício para a instalação do Museu.

Em 1962 foi criado o car-go de diretor, sendo aclama-do o Dr. Aníbal Ribeiro Filho em virtude dos relevantes serviços prestados. “A sua importância foi tanta que lhe foi concedido à prerrogativa de Diretor Perpétuo do Mu-seu”, enfatiza.

Com o falecimento do Dr. Aníbal em 1988, quem assumiu a direção do Mu-seu foi o professor Leônidas Boutin com a colaboração do Dr. José Maria de Freitas que juntos, favoreceram o engrandecimento do acervo e resgate de documentos e peças de valor histórico. Em 1997, o Dr. José Maria foi

eleito diretor, quando ocorreu a revitalização com elevados investi-mentos em restauro dos quadros, novas vitrines expositoras, recupe-ração das instalações, registro das peças e significativo aumento do acervo. Desde 1998 o museu está aberto todos os dias do ano para visitação, com acervo de aproxi-madamente 2 mil peças.

Dr. José Maria de Freitas

ao lado do canhão do

século XVII do corsário

francês que naufragou

na Ilha da Cotinga

Primeiros rádios fabricados fazem parte do acervo

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Matando a saudade

Paranaguá de ontem e de hoje, com saudade e emoção percebida na voz. É com essas característi-cas que dois parnanguaras relembram o passado da cidade que é berço da civi-lização e completa hoje, seus 363 anos de existência e modificações contínuas. A Praça Fernando Amaro já foi palco para bandinhas que emocionavam casais de namorados e famílias com suas crianças que aproveit-avam os dias especialmente de sol para descansar às sombras das centenárias árvores. Os dois cinemas da época eram os principais divertimentos dos jovens, além das “festas america-nas” de finais de semana. Como destaque também do passado, os parnanguaras lembraram dos matadouros. Há cerca de 40 anos, as carnes eram vendidas assim que cortadas, sem frigorí-ficos para ficarem estoca-das, era distribuído apenas o necessário para venda naquele dia, evitando que as carnes dos bois estragas-sem.

Alexandra também foi lembrada pela venda de frutas frescas na Estação Ferroviária, que era feita,

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muitas vezes, pelos ado-lescentes que ao sair da es-cola, corria para ganhar uns “trocadinhos” com a venda das guloseimas, além da tranquilidade que a época proporcionava aos mora-dores.

Milton Evangelista de Souza tem 65 anos e viveu os “bons tempos de Para-naguá” e lembra com sau-dade da época da Jovem Guarda. “Dá saudade do tempo de antigamente. Há cerca de 40 anos, a Praça Fernando Amaro era bem mais alegre que nos dias de hoje, havia bandinhas to-cando no coreto, as famílias se reuniam embaixo das ár-vores. Era uma alegria”, re-cordou. Os cinemas Santa Helena e Rosário, que hoje

não existem mais, tam-bém foram lembrados pelo saudosista. “Tinha aquela tradição da roupa de do-mingo, principalmente no tempo da Jovem Guarda, com calças boca de sino e rapazes com cabelos lon-gos”, contou o parnanguara, que também citou como destaque a tranquilidade do passado. “Era muito difer-ente, a cidade era tran-quila, as pessoas dormiam com as janelas abertas, não se preocupavam. Claro que o número de habitantes era muito menor, hoje a cidade cresceu e com isso tam-bém a insegurança, hoje a gente olha para todos os lados com medo de ser as-saltado”, acrescentou. “A saudade é muito grande,

principalmente falando dessa tranquilidade. Todos se conheciam, vínhamos à Praça Fernando Amaro para paquerar, convidávamos as meninas e na semana seguinte já estávamos no cinema. Pensando no pas-sado dá muita saudade”, enfatiza o aposentado.

Matadouro E alEXandra

Natural de Alexandra, onde ainda vive, Airton Zella, lembrou do tempo em que Paranaguá contava com matadouros que serviam os açougues da região. “Os bois vinham de trem e a ‘moleca-da’ cutucava os bichos. Toda mercadoria que vinha para o porto era de trem. Não tinha frigorífico. Era cortada com

machadinhas e vendida”, lembrou Zella. “Quando um boi fugia, a cidade parava, não tinha aula, muitos não trabalhavam, todos se uniam para pegar o boi fujão, era uma festa”, acrescentou Mil-ton, que também lembra da história vivida há cerca de 40 anos. Em 1877, os produ-tos vendidos no interior do mercado, foram organizados através de sua setorização, em uma sequência de cas-inhas e a exclusividade da venda de carne verde, visto que os animais deveriam ser esquartejados somente no Matadouro Municipal, seu sangue enterrado e a carne transportada até o mercado em carros perfeitamente fechados, de forma que não fossem vistos.

Airton lembrou de sua região com carinho e sau-dade dos velhos tempos. “Al-exandra também era muito melhor. Saí por alguns anos e retornei, senti a diferença. Na época, a Estação Fer-roviária de Alexandra era muito movimentada, o trem era nosso meio de trans-porte, só havia esse, na ver-dade. Eram dois horários, um pela manhã que vinha para Alexandra e outro após às 16 horas que retornava a Curiti-ba. A criançada aproveitava para vender frutas para os turistas, goiaba, carambola e outras frutas”, contou Airton, que também vendeu muitas frutas ao visitantes. “Quería-mos ter um ‘dinheirinho’ e como tinha pé de goiaba em casa, eu cortava e ia para a Estação vender, era muito di-vertido, vendia tudo rapidin-ho. Dá muita saudade. Hoje, muitos dos meus amigos faleceram, há alguns ainda, mas são poucos”, recordou o morador, que estudava no Grupo Escolar de Alexan-dra, hoje, Escola Tiradentes. Milton também lembrou de sua antiga escola. “Antes se chamava Grupo Escolar No-turno da Costeira, hoje é o Colégio Helena Viana Sun-dim”, registrou.

Os parnanguaras Milton e

Airton lembram com sau-

dade da antiga Praça Fer-

nando Amaro, do movimento

na Estação Ferroviária de

Alexandra e dos cinemas de

Paranaguá

Praça Fernando Amaro sempre foi ponto de

encontro do parnanguara

Parnanguaras recordam histórias do passado

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Matando a saudade

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Clube Atlético SeletoA história do futebol par-

nanguara teve vários dos seus capítulos contados através dos jogos do Rio Branco Sport Club. No entanto, quis o destino que o rival do alvirrubro, o rubro negro Seleto, fosse o protago-nista da principal conquista estadual da região litorânea do estado.

O título seletense de 1964 foi o único em toda a história de Paranaguá dentro do Campeonato Paranaense de Futebol. Motivo de orgulho para a cidade, os jogadores da “Baleia”, autores do inédito feito, estão imortalizados na mente da torcida seletense e na mente de todos os parnan-guaras que amam o futebol.

Como forma de hom-enagear a conquista que em muito felicitou a cidade, a Folha do Litoral conversou com o principal jogador da equipe seletense, Alcedir Madureira, o “Quarentinha”. Autor do gol do título contra o Água Verde, o atacante fez lembranças iné-ditas e reveladoras sobre o ano em que a “Baleia sagrou-se campeã estadual.

“Sou e sempre serei grato a Paranaguá e ao Seleto, pois minha maior felicidade no fute-bol foi ter participado daquele grupo vencedor e, particular-mente, ter sido um dos destaques do time campeão. No entanto, quase deixei de ir para o Seleto em 1964 em razão do sonho de me tornar um dos maiores ídolos da história do Coritiba, time que eu defendia antes do Seleto”, lembrou.

A contratação de “Qua-rentinha”, a peso de ouro, só ocorreu após a insistência do dirigente João Hélio Alves, que aceitou todas as imposições do jovem promissor atacante. “Esse homem fez o possível e o impossível para me contratar, pois ele atendeu as minhas exigências de ter um emprego na cidade, morar no centro e ter um alto salário”, recorda.

De acordo com o próprio “Quarentinha”, o investimento para tê-lo no elenco foi alto, porém não menor do que a tática de convencimento do dirigente seletense para fazê-lo jogar no Rubro Negro. “Ele veio por inúmeras vezes me procurar e eu o recusava, mas, após as minhas exigências terem sido aceitas fui a Parana-guá para mostrar meu futebol. O Hélio enfatizava que eu se-ria o grande jogador do título que o Seleto iria conquistar em 1964. Ele estava convicto que eu seria uma peça importante para os planos do clube. Sua certeza era tamanha, que não tive como deixar de acreditar”, afirmou.

Apesar das promessas do dirigente, o atacante que tam-bém despertava o interesse de clubes como Flamengo e Bota-fogo, via com certa desconfi-

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ança a crença de Hélio Alves no título estadual. “O Seleto acabara de subir para primeira divisão e queria já naquele ano ser campeão. Aquilo me soava como inimaginável”, comentou o ex-jogador.

O AZARÃO CAMPEÃOSe antes da competição ini-

ciar o time do Seleto era tido como o azarão, o desenrolar do campeonato mostrou que a força parnanguara no certame era muito grande. “O time tinha brio, garra e talento. Logo me deparei com jogadores de primeira grandeza e sentia que o sonho de João Hélio Alves tinha tudo para se tornar reali-dade. Os jogos foram passan-do e nós superando, um a um, os adversários até que chega-mos na decisão contra o Água Verde”, conta o ex-jogador.

Foram necessárias cinco partidas para que o título fosse, enfim, definido. As duas primeiras terminaram em 0 x 0. Na terceira, o Seleto venceu pelo placar de 2 a 0, com um dos gols marcados por “Qua-rentinha”. Na quarta partida da final deu Água Verde. Com isso, houve a necessidade de uma quinta partida, em campo neutro, para ver quem ficaria com a taça.

O GRANDE JOGOCercado de grande expec-

tativa em todo o estado, a tor-cida seletense se via em meio a um sonho prestes a ser real-izado. “O jogo começou e os dois times lutavam por todas as jogadas. Não dávamos es-paços para o time adversário, mas sabíamos que o jogo se-ria decido em pequenos det-alhes. Tanto é que até os 36 minutos do segundo tempo, o placar seguia inalterado. No minuto 37, da etapa final, veio, enfim, o lance que mu-dou a nossa história dentro daquele campeonato. Recebi uma bola na ponta direita e ao invés de chutar com o pé direito, arrisquei com a es-querda. A bola foi para a rede e eu, enlouquecido, corri para o vestiário querendo o fim do jogo. Obviamente que tive que retornar, pois faltavam alguns minutos para o fim. Eu estava nervoso e ansioso demais para ouvir o apito final. Quando ele aconteceu, chorei igual a uma criança. Na verdade, todos choravam e se abraça-vam, pois naquele momento chegávamos ao auge, ao topo, entrávamos para a história”, detalhou o ainda emocionado “Quarentinha”, artilheiro da competição com 16 gols.

A FESTA

Na volta para Paranaguá o time é recebido com grande festa. Ainda em Curitiba, próximo à saída da cidade, muitos eram os carros que se

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Um gol histórico para alegria eterna dos parnanguaras Especial

Paranaguá 363 anos

enfileiravam rumo a Parana-guá com bandeiras e fogos de artifício. Ao passarem por Mor-retes, o povo estava nas ruas aplaudindo o time campeão. Mas, a grande festa estava preparada para a Praça Fer-nando Amaro, onde milhares de pessoas estavam aguar-dando a chegada da equipe. “Quando chegamos na praça todos ficaram impressionados com a multidão presente. Fi-camos a madrugada comemo-rando e até hoje, lembramos emocionados o dia em que o futebol paranaense se ren-deu ao querido e inesquecível Clube Atlético Seleto”, concluiu “Quarentinha”, hoje com 69 anos de pura vitalidade.

Time do Seleto foi campeão paranaense de 1964

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Sociedade Amigos da Música de Paranaguá

Uma história de arte e talentos

Corria o ano de 1954. Com uma paisagem de in-verno, a histórica terra de Fernando Amaro presencia-va o alvorecer de mais uma entidade cultural e artística. Assim começou a conversa com a presidente da Socie-dade Amigos da Música de

Paranaguá, Terezinha Cor-deiro Hamud.

A artista conta que “o sonho acalentado no cora-ção de alguns idealizadores que amam o belo, cultivam o gosto musical, começou a criar corpo, alçar vôo e concretizar-se em uma reali-

dade. E essa magnífica con-cepção onírica já completou Jubileu de Ouro e, em 2011, completa 56 anos de realiza-ções”.

Terezinha conta que ainda na infância, participava das memoráveis reuniões liter-omusicais realizadas nas

Sociedade representa o sonho dos idealizadores que cultivam o bom gosto musical

Órgão Cultural

foi fundado em 1955,

na “cidade mãe”

do Paraná

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residências parnanguaras, como do casal Alberto e Malvina Barletta Cordeiro, seus pais, Anita Ribeiro Fon-tes, Alceu Zanardini, Alcí-dia de Mello, Clovis Beraldi e outros, que culminaram na fundação da Sociedade Amigos da Música de Para-naguá. “Temos muito para nos orgulhar, pois Parana-guá, terra de grandes po-etas como Fernando Amaro, Júlia da Costa, Ada Mac-caggi, Anita Fontes, Malvina Barletta Cordeiro, Manoel Viana, pode orgulhar-se de ter a primeira Sociedade Amigos da Música do Brasil. Acontecimento este mar-cante nos registros de nossa história, e que se faz con-tinuidade nos dias atuais, com filhos, netos, amigos desses valorosos desbrava-dores de nossas artes que perpetuam o seu sonho e

levam as novas gerações a esse caminhar artístico e cultural”, destaca a funda-dora.

Passados 56 anos de sua fundação, a Sociedade Amigos da Música de Pa-ranaguá orgulha-se em manter acesa a chama do fazer acontecer a arte e a cultura e de congregar os amantes da boa música, da arte poética, do vivenciar artístico. “Hoje, as reuniões acontecem mensalmente na sede da Fundação Musical de Cultura, na Casa Cecy, congregando desde os cul-tuadores de música clás-sica aos amantes da música popular, cantores, corais in-strumentais, os mais variad-os jovens talentos que des-pontam no cenário cultural, musicistas renomados e to-dos aqueles que apreciam a música e arte”, enfatiza a musicista, destacando que muitos eventos já foram realizados pela Sociedade Amigos da Música. “Dentre vários eventos que partici-pamos podemos destacar a participação da Sociedade

nos festejos do aniversário de Paranaguá, com dois riquíssimos momentos: a noite da seresta e a noite dos pianistas. Esses es-petáculos são participados por inúmeros adeptos desta modalidade musical, a seres-ta e o piano. As comemora-ções da Semana da Marinha, também já é marca da Socie-dade, pois a Capitania dos Portos do Paraná sente-se enaltecida com a participação da Sociedade em sua pro-gramação. Como também as Instituições de Ensino Superior locais que solicitam a presença da Sociedade em suas atividades culturais”, ressalta a presidente.

“É, nesse congraçamen-to pleno do ontem no hoje, que a Sociedade Amigos da Música se empenha para legar as futuras gerações a nossa cultura, nossas raízes, nossa tradição, com muita garra, entusiasmo e per-tinência, vivenciando toda riqueza artística e beleza cultural de que somos de-tentores”, enfatiza a presi-dente.

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Sociedade Amigos da Música de Paranaguá

Uma história de arte e talentos

Corria o ano de 1954. Com uma paisagem de in-verno, a histórica terra de Fernando Amaro presencia-va o alvorecer de mais uma entidade cultural e artística. Assim começou a conversa com a presidente da Socie-dade Amigos da Música de

Paranaguá, Terezinha Cor-deiro Hamud.

A artista conta que “o sonho acalentado no cora-ção de alguns idealizadores que amam o belo, cultivam o gosto musical, começou a criar corpo, alçar vôo e concretizar-se em uma reali-

dade. E essa magnífica con-cepção onírica já completou Jubileu de Ouro e, em 2011, completa 56 anos de realiza-ções”.

Terezinha conta que ainda na infância, participava das memoráveis reuniões liter-omusicais realizadas nas

Sociedade representa o sonho dos idealizadores que cultivam o bom gosto musical

Órgão Cultural

foi fundado em 1955,

na “cidade mãe”

do Paraná

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residências parnanguaras, como do casal Alberto e Malvina Barletta Cordeiro, seus pais, Anita Ribeiro Fon-tes, Alceu Zanardini, Alcí-dia de Mello, Clovis Beraldi e outros, que culminaram na fundação da Sociedade Amigos da Música de Para-naguá. “Temos muito para nos orgulhar, pois Parana-guá, terra de grandes po-etas como Fernando Amaro, Júlia da Costa, Ada Mac-caggi, Anita Fontes, Malvina Barletta Cordeiro, Manoel Viana, pode orgulhar-se de ter a primeira Sociedade Amigos da Música do Brasil. Acontecimento este mar-cante nos registros de nossa história, e que se faz con-tinuidade nos dias atuais, com filhos, netos, amigos desses valorosos desbrava-dores de nossas artes que perpetuam o seu sonho e

levam as novas gerações a esse caminhar artístico e cultural”, destaca a funda-dora.

Passados 56 anos de sua fundação, a Sociedade Amigos da Música de Pa-ranaguá orgulha-se em manter acesa a chama do fazer acontecer a arte e a cultura e de congregar os amantes da boa música, da arte poética, do vivenciar artístico. “Hoje, as reuniões acontecem mensalmente na sede da Fundação Musical de Cultura, na Casa Cecy, congregando desde os cul-tuadores de música clás-sica aos amantes da música popular, cantores, corais in-strumentais, os mais variad-os jovens talentos que des-pontam no cenário cultural, musicistas renomados e to-dos aqueles que apreciam a música e arte”, enfatiza a musicista, destacando que muitos eventos já foram realizados pela Sociedade Amigos da Música. “Dentre vários eventos que partici-pamos podemos destacar a participação da Sociedade

nos festejos do aniversário de Paranaguá, com dois riquíssimos momentos: a noite da seresta e a noite dos pianistas. Esses es-petáculos são participados por inúmeros adeptos desta modalidade musical, a seres-ta e o piano. As comemora-ções da Semana da Marinha, também já é marca da Socie-dade, pois a Capitania dos Portos do Paraná sente-se enaltecida com a participação da Sociedade em sua pro-gramação. Como também as Instituições de Ensino Superior locais que solicitam a presença da Sociedade em suas atividades culturais”, ressalta a presidente.

“É, nesse congraçamen-to pleno do ontem no hoje, que a Sociedade Amigos da Música se empenha para legar as futuras gerações a nossa cultura, nossas raízes, nossa tradição, com muita garra, entusiasmo e per-tinência, vivenciando toda riqueza artística e beleza cultural de que somos de-tentores”, enfatiza a presi-dente.

Page 28: Caderno Aniversário Paranaguá

Rua da PraiaGrande avanço ao Centro Histórico de Paranaguá

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Borges mora na

Rua General Carneiro

há 37 anos

As turvas águas do Rio Itiberê deram espaço a uma linda praça, a um ginásio, onde jovens e adolescentes aperfeiçoam e mostram seus talentos no esporte, e até à nova sede da Câmara de Vere-adores de Paranaguá. Conta a história popular, que tudo começou com um sonho, que anos após o seu início, se tor-nou realidade. O desejo de construir o aeroporto da cidade naquela região, impulsionou o ex-prefeito da cidade mãe do Paraná, Constantino João Kotzias, mais conhecido como “Costinha”, a dar início ao aterro do Rio Itiberê por volta de 1969. Entretanto, por ironia do destino, “Costinha” acabou cassado pela Ditadura Militar, sendo obrigado a abandonar a obra. Segundo informações do historiador Floriando Wistuba

Junior, desde então, prefeitos entravam e saíam do poder dando continuidade ao aterro, e o serviço de grande porte foi sendo finalizado na gestão do ex-prefeito José Vicente Elias, quando começaram as con-struções no local.

A cargo de Vicente Elias ficou a construção do Mercado de Peixe “Brasílio Abud”. Logo após, o prefeito Waldir Salmon garantiu em seu currículo a construção da Rodoviária Mu-nicipal e do Ginásio de Esportes “Albertina Salmon”. Alguns anos depois, à frente da Pre-feitura de Paranaguá, Carlos Alberto Tortato projetou algu-mas obras, e na gestão do pre-feito Mário das Dores Roque é que a região aterrada adquiriu o formato de hoje. Com a Pra-ça de Eventos, popularmente conhecida como Rua da Praia,

e toda pavimentação do Centro Histórico, com a construção do local conhecido como “Ferradu-ra” e o Centro Gastronômico, ponto de encontro dos parnan-guaras e turistas naquele local, é que o desenvolvimento foi registrado na região.

Sendo um período bastante marcante na história de Para-naguá, as cenas dos camin-hões de areia trabalhando na região da atual Rua da Praia, ficam marcadas na memória de muitos parnanguaras, como é o caso do comerciante Nicolau Borges. Vindo de Guaraque-çaba, por volta de 32 anos, Borges conta que quando che-gou na cidade, já residindo na Rua General Carneiro, à beira do Rio Itiberê, nunca imagi-nava que aquela imensidão de água poderia se tornar o que hoje, denomina-se Praça 29 de Julho. “Tudo aqui era uma im-ensidão de água, o Rio Itiberê chegava bem próximo dos casarios históricos, e com o passar do tempo, esse cenário foi se modificando. Tudo aqui era rio, onde hoje, é a Câ-mara de Vereadores, a Praça 29 de Julho toda, o Mercado do Peixe, era bem diferente”, lembra o comerciante, que hoje, está com 69 anos. “Nessa época, não tinha esse calçadão em frente aos casarios da Gen-eral Carneiro, a rua era de duas mãos, isso também lembro-me bastante. Com todas as mu-danças, foi construído esse calçadão e diminuíram a rua para uma faixa só, mais estre-ita”, conta Borges.

As gestões do ex-prefeito

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Vicente Elias, foram as que de fato o cenário na Praça 29 de Julho começou a ser modificado. “Acom-panhei todo esse processo de mudança. Era incrível ver aqueles maquinários retirando montantes de areia e aterrando. Foram muitos caminhões de areia retirados daqui, e fora os que foram levados para outros locais que estavam aterrando também”, diz o comerciante. “Sem som-bra de dúvidas, o aterro do Itiberê só veio a somar para o desenvolvimento e história de Paranaguá. Foi a partir do aterro, que os próximos prefeitos pud-eram construir as edifi-cações que hoje, temos aqui como, por exemplo, a Câmara de Vereadores, o Ginásio de Esportes, a Praça 29 de Julho, se não fosse o início do aterro com o Costinha, nada disso exi-stiria em Paranaguá”, res-salta Borges.

Há 37 anos residindo na localidade, Borges lem-bra também da infância dos filhos, que hoje, com idade adulta, também con-tam das brincadeiras que participavam à beira do Rio Itiberê. “Na época que chegamos aqui, os meus filhos adoravam brincar à beira do Rio Itiberê, e com o início do aterro,

eles também brincavam em meio a tudo isso”, diz Borges. “Hoje, eles também fazem parte dessa história e lembram os detalhes da construção dessa região da cidade. É bom fazer parte de tudo isso, e poder contar um pouco do desenvolvimento de Paranaguá”, conclui o co-merciante.

BElEza incontEstáVEl

Todos os anos de muito trabalho e estudos no aterro do Itiberê valeram à pena. Com o passar dos anos, com a estrutura sendo ap-rimorada, a popular Rua da

Praia e Praça 29 de Julho se tornaram o principal cartão postal de Paranaguá. Pela preservação de suas formas, pela fidelidade de suas lin-has, a Rua General Carneiro é o cenário da beleza que se oferece a cada olhar.

Inaugurada no dia 29 de julho de 1998, nos 350 anos de Paranaguá, a Praça 29 de Julho é o palco de festivi-dades, passeios e diversão na cidade. Já a Rua General Carneiro, encanta os que por ali passam. O seu cenário histórico acompanhado dos casarios são fundamentais para exaltar a beleza da ci-dade berço do Paraná.

A construção do local teve início em 1969

Especial

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Brasil Colônia

A história do Brasil está cheia de relatos em busca de minas de ouro. O vasto ter-ritório brasileiro formou-se pela ocupação do solo para encontrar a riqueza doura-da, que movia a economia mercantilista da época do Brasil Colônia. O recém lan-çado livro “Boa Ventura - A corrida do ouro no Brasil (1697 -1810)”, do jornalista

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Paranaguá se destacou com a Casa de Fundição de Ouro

e escritor Lucas Figueire-do, mostra aos brasileiros como foi a saga dos pionei-ros lusitanos na busca do descobrimento das minas de ouro pelo sertão brasil-eiro. Embora não tenha sido citado na obra, Para-naguá também foi, a partir de 1650, um centro de min-eração de ouro, inclusive, com o estabelecimento de

uma casa de fundição para a cobrança do “quinto” (im-posto cobrado pelo governo colonial).

A partir da elevação de Paranaguá a categoria de vila (1648), consequên-cia direta da importância da mineração de ouro na região, foi necessária a in-stalação de uma casa de fundição para a legalização

do ouro com a cobrança do “quinto”, pois na época era proibida a circulação de ouro em petitas ou em pó, sendo permitida sua cir-culação apenas em barras cunhadas com o brasão da casa de fundição.

Quem é conhecedora dessa época é a moradora na Rua Conselheiro Si-numbú há mais de 60 anos, Maria Chemure Chechelero, conta que desde criança escutava “histórias” ou “es-tórias” da referida casa. “Paranaguá acabou virando o centro das atenções, uma vez que as pessoas vinham

para cá para ‘garimpar’ o ouro, com isso conta à história, que por volta de 1650 até meados de 1730, a cidade de Paranaguá pos-suía uma casa de fundição. Muitas pessoas e um histo-riador relatam que um im-óvel localizado na Rua Con-selheiro Sinumbú esquina com Antonio Bittencourt poderia ter sido a sede desta fundição, casa esta que atualmente pertence a nossa família”, explica Ma-ria. Ela lembra ainda que o mar chegava até a atual Rua Pêssego Junior, onde atualmente se localizada a

Maria Chemure Checheler:

“Paranaguá acabou

virando o centro das

atenções, uma vez que as

pessoas vinham para cá

para ‘garimpar’ o ouro”

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Brasil Colônia Especial

Paranaguá 363 anos47Escola Eva Cavani. “Acredi-

ta-se que os navios ou bar-cos chegavam até o fundo dessas casas para carregar, pois existiam saídas para o mar. Inclusive a fontinha da Gamboa foi construída com essas pedras, descarrega-das dos navios negreiros. Aqui na casa existia essa entrada para encostar o navio, assim como vi na Bahia, quando fui visitar um forte. Ali percebi que a arquitetura era muito pare-cida, era o mesmo formato feito para a entrada das embarcações. Isso eu vi e presenciei”, destaca Ma-ria, que hoje está com 64 anos.

Com o nome sugestivo de “Gruta do Tesouro”, pe-las informações que orbita-vam o local, foi aberta uma churrascaria na década de 50. “Quando meu pai com-prou o imóvel, funcionava naquele local uma chur-rascaria, que tinha o nome de ‘Gruta do Tesouro’, que foi muito famosa em nossa cidade, onde ultimamente funcionou uma casa no-turna e hoje, está instalada uma marcenaria”, afirma.

O prédio é muito an-tigo, construído com pedra e óleo de baleia. São blo-

cos de pedras, e as paredes têm mais de um metro de largura, todas com pedras, sendo muito parecidas com a construção da Igreja de São Benedito. Na parte de baixo para o lado do Rio Itiberê existiam uma gal-erias, que pressupõem ser o local onde se embarca-vam os navios com o ouro que devia seguir para o Rio de Janeiro. “As pes-soas mais antigas sempre

nos falavam, que naquele lugar havia ouro. Muitas vezes meu pai pegou pes-soas com aparelhos que procuram metais ‘fuçando’, como se diz popularmente, o terreno a procura de ouro escondido”, explica Maria Chemure.

O historiador Francisco Carlos Fanine, também con-ta algumas histórias envol-vendo a extração de ouro em Paranaguá. “O ouro da região de Paranaguá era de aluvião, encontrado em rios da Serra do Mar e de difícil extração através de bateias (bacias rasas), ao contrário do ouro encontrado em Minas Gerais, a partir de 1720, que era de veio (filão de ouro), mais farto e de extração facilitada. Antes da descoberta de ouro em Minas Gerais, Paranaguá concentrava a atenção do governo colonial, e foi um importante pólo minerador entre 1650 e 1710, entran-do em decadência a partir de 1710, diante das fartas levas de ouro encontradas em Minas Gerais. Durante esses 60 anos que a ‘real casa de fundição dos quin-tos de ouro de Paranaguá’ operou foram fundidos

mais de 1.000 quilos de ouro e enviados para a Coroa Portuguesa mais de 200 quilos a título de imposto (quinto). Es-ses fatos mostram a im-portância de Paranaguá na formação territorial, histórica e cultural do Estado do Paraná mere-cendo ser lembrada e estudada por todos os paranaenses”, relata Fa-nine. “A ‘Real Casa de Fundição dos Quintos de Ouro de Paranaguá’ foi a terceira casa de fundição de ouro do Bra-sil e ainda existem pelo menos suas paredes. Ela está localizada na Rua Conselheiro Sinim-bu esquina com a Rua Coronel Antônio Bitten-court, sendo atualmente ocupada por uma mar-cenaria, antigo Clube Brasileirinho”, completa.

A Real Casa de Fundição

dos Quintos de Ouro de

Paranaguá foi a terceira

casa de fundição de ouro

do Brasil

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Arte e CulturaApresentações

prometem agitar o final de semana

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Paranaguá está em festa desde a véspera do feriado de Corpus Christi, 22 de junho, quando foi aberta a Festa da Tainha. A programação, que não parou um dia sequer, tem seu grande momento à meia noite de 29 de julho com a queima de fogos, e segue até domingo com shows na Praça de Eventos.

Nesta sexta-feira, 29, fe-riado municipal, a programa-ção começa ao meio-dia com o fundo musical na Feira das Nações. O cantor Aroldo Amer toca no palco principal most-rando o melhor da música popular brasileira com o acom-panhamento do violão. Ainda na sexta, às 22h, se apresenta o cantor Kleber Lucas e ban-da, um dos grandes nomes da música gospel. O cantor já lançou 10 CD´s, sendo o mais recente em 2011, intitu-lado “Deus é Fiel”. O trabalho de maior repercussão foi em

CD demonstrativo em 2011 intitulado ‘Outono’, ganhando repercussão em toda região sul do Brasil.

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2001, quando teve mais de 500 mil cópias vendidas, de-nominado “Aos pés da cruz”.

No sábado, dia 30, ao meio-dia se apresenta o can-tor João Nertea e às 22h a Banda Vinagretchen. O grupo é reconhecido pela irreverên-cia e as brincadeiras no palco fazendo um show interativo. Vinagretchen tem um rep-ertório dançante com sertane-

jo universitário, gauchesco, funk, pop rock e clássicos da Village People.

A programação encerra no domingo, 31. Ao meio-dia acontece a apresentação da Família Nascimento (MPB).

A noite promete um grande público pelo fato de reunir duas bandas parnanguaras de estilos diferentes e que nos últimos meses se projetaram no cenário da música para-naense. Às 21h toca a banda

The Revenge, que tem rep-ertório voltado para o rock, do metal ao clássico, pas-sando pelos grandes sucessos dos anos 80. Em seguida é a vez da banda Dizcov, grupo de pop/rock que lançou um

Banda Dizcov fecha a

programação no domingo