cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se...

12
JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 343 | JUNHO DE 2018 FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo Francisco, Gaudete et Exsultate

Upload: trandat

Post on 10-Nov-2018

238 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 343 | JUNHO DE 2018FECH

AMEN

TO A

UTOR

IZAD

O PO

DE S

ER A

BERT

O PE

LA EC

T

Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna

para o mundo

“Francisco, Gaudete et Exsultate

“Na noite mais escura, surgem os maiores profetas e os santos. Todavia a corrente vivificante da vida mística permanece invisível. Certamente, os eventos

decisivos da história do mundo foram essencialmente influenciados por almas sobre as quais nada se diz nos livros de história. E saber quais sejam as almas a

quem devemos agradecer os acontecimentos decisivos da nossa vida pessoal, é algo que só conheceremos no dia em que tudo o está oculto for revelado”

[Santa Teresa Benedita da Cruz]

O homem, fruto de uma mentalidade moderna, passa por uma questão paradoxal que o afasta da experi-

ência cristã, que lhe parece se impor sobre toda humanidade, com seu caráter de uni-cidade e universalidade. Essa mentalidade racionalista considera a ação divina como intromissão intervencionista, contrariando os ideais de autonomia e liberdade, além de questionar a ineficácia desta relação Deus-humanidade, em relação à complexi-dade da vida humana.

O momento histórico da modernidade é um desafio para a fé, pois com a auto-nomia da razão, passa-se a desconsiderar a dimensão religiosa como força transfor-

madora, limitando-lhe ao universo pessoal. Marcada por um forte individualismo,

hedonismo e consumismo, o ideal moder-no exclui a intervenção religiosa em suas principais discussões, a transcendência passa a ser rotulada como alienação, só seria verdade o que pode ser verificado e experimentado. Nesse contexto, a revela-ção não é compreendida em sua dinâmica salvífica, numa relação proposta por Deus ao ser humano.

Entretanto, esse mesmo ser humano só consegue compreender a fé e a santidade, a partir das suas experiências cotidianas, assim, marcadas pela liberdade, em meios aos obstáculos em contemplar a realidade

da salvação no seu cotidiano. O homem busca ininterruptamente e

às apalpadelas um sentido para sua vida, procurando as condições que permitam a vivência de um horizonte transcendental, que lhe aproxime da Palavra e da via da santidade.

Somente ao abrir-se à revelação divina, o homem se compreende como ser em re-lação com os outros e é capaz de estabe-lecer um diálogo com o Criador, que acon-tece num contínuo e sutil desenrolar-se do plano salvífico, inesgotavelmente, que se-gue num acúmulo que se reinterpreta até a Eternidade.

editorial

voz do pastor

expediente

Em que ambiente surge a busca da san-tidade? É possível a santidade aconte-cer em um ambiente hostil? Árido? O

apelo à santidade vem de Deus e é respon-dida por alguém que reage na transforma-ção de situações difíceis.

Em nosso século, creio que duas situ-ações inusitadas nos fazem refletir sobre o tema. A primeira vem de São João Pau-lo II, por ocasião da Jornada da Juventu-de, quando o papa propõe aos jovens que acreditem na santidade e busquem-na. Por que esse desafio aos jovens? Certa-mente, devido às circunstâncias do mundo de hoje. E mesmo porque o jovem gosta de ser desafiado.

Agora, o papa Francisco desafia o mo-mento presente pós-moderno, se é que ainda podemos chamar assim, escrevendo uma exortação apostólica Gaudete et Ex-sultate - sobre o chamado à santidade no mundo atual. O Espírito sopra sempre onde e quando quer e em qualquer situação. A santidade é um sair de si, ir em busca, transformar a realidade, dar um sentido

novo, um penetrar no mais profundo do ser humano.

A santidade de Deus contagia o mundo, renova-o plenamente. Deus sempre agiu numa situação limite para nos salvar. A pro-posta do Evangelho e a atitude do Santo Padre, e mesmo a vida dos grandes santos e santas, bebem nesta fonte, que é a San-tidade de Deus.

O que é mais forte, inspirador, novo e fascinante para este momento é a busca da santidade, sem ela permaneceremos na inércia, na mediocridade, na aparência e na superficialidade da vida. Tudo aquilo que realizamos no nosso dia a dia pode nos massacrar e fazer com que percamos o sentido da vida quando, na verdade, de-vemos descobrir que a santidade se dá nas coisas simples e que a santidade não é só para alguns ou uma elite.

Propor a busca da santidade é mais do que um programa, uma sugestão, é real-mente o sentido mais genuíno do Evange-lho de Jesus. Buscar só a Deus, porque Ele é santo.

Diretor geralDOM JOSÉ LANZA NETO EditorPE. SÉRGIO BERNARDES | MTB - MG 14.808

Equipe de produçãoLUIZ FERNANDO GOMESJANE MARTINS

RevisãoJANE MARTINS

Jornalista responsável ALEXANDRE A. OLIVEIRA | MTB: MG 14.265

Projeto gráfico e editoração BANANA, CANELA bananacanela.com.br | 35 3713.6160

ImpressãoGRÁFICA SÃO SEBASTIÃO

Tiragem3.950 EXEMPLARES

RedaçãoRua Francisco Ribeiro do Vale, 242 Centro - CEP: 37.800-000 | Guaxupé (MG)

Telefone35 3551.1013

[email protected]

Os Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal.

Uma Publicação da Diocese de Guaxupé

www.guaxupe.org.br

Dom José Lanza Neto,Bispo da Diocese de Guaxupé

Quando ouvimos dizer que estamos vi-vendo em um mundo de religião sem Deus ou, ainda o que é pior, uma fé sem Deus, isso representa um esvaziamento total e absoluto da revelação divina. O ser huma-no está se bastando a si mesmo.

Tomemos a exortação do papa Fran-cisco e levemos a sério suas indicações e certamente encontraremos o melhor cami-nho da vida nova e da santidade. Gosto de ler e, muitas vezes, reler a vida dos santos, especialmente daqueles que receberam a coroa da glória a partir do martírio e da en-trega de si mesmo em favor de uma grande causa.

Em meio a esta mudança de época, pre-cisamos de pessoas iluminadas, corajosas e empenhadas a nos propor o caminho da santidade, que será a grande força renova-dora e transformadora no mundo, tão de-sacreditado.

Invoquemos como exemplo aquela que é santa, plena da graça de Deus, a senhora fiel, a Mãe de Deus e nossa!

2 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

Desde minha infância, no bairro Barra Bonita (Muzambinho, MG), os dias de inverno têm mais aroma que qual-

quer outra estação: é tempo da panha de café! Seria mais culto dizer colheita, mas panhar café não é só recolher o fruto do cafeeiro mas, sim, acordar de manhã em meio ao frio da geada fina; encher a garrafa de água e os olhos de esperança; é abraçar o embornal com tanto afeto a ponto de es-quentar a marmita; é preparar os objetos com a mesma devoção com que o padre prepara o altar, é ver a mãe ou a esposa, ao romper da aurora, ajeitar o almoço den-tro do embornal; ver os trabalhadores se paramentarem com esmero: sapatos bem fechados e vestes grossas, toscas luvas para as mãos e para a cabeça um boné ou chapéu, que será a proteção contra a garoa, o sol e a chuva. É sair cortando o nevoeiro, tal como os discípulos de Emaús, passo lento e coração carregado, mas cer-to de que não se está só: embora os olhos não vejam, é sentir o coração arder pela presença de Deus e Nossa Senhora, que também são boias-frias conosco, e nos cumprimentam no canto do bem-te-vi, na pressa da siriema, no voo do gavião e no calor dos primeiros raios de sol, colorindo

os picos orvalhados das montanhas. A lida é dura, mas cada um traz em si algo que não se explica e que chamamos esperança.

Após ir para o seminário, pensei que estas coisas da panha se apartariam de mim. Vã ilusão! Quem vive junto do cafezal, comunga tanto de seu perfume que nunca se arreda dele! Certo dia, preparando uma palestra sobre o documento Evangelho da Alegria (Evangelii Gaudium), caiu-me a citação “a vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros” (EG 10). Por divina inspiração, pen-sei: “o ciclo do café é a melhor comparação para isto!” E foi aí que passei a contemplar a teologia dos boias-frias, a qual agora re-lato:

Durante meses, o pé de café gera seu fruto com mestria: grãos perfilados nos galhos e revestidos de uma veste, de cor cereja ou dourada, tão bela “que nem Sa-lomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles” (Lc 12, 27). Seus galhos não possuem espinhos que ofereçam re-sistência. Porém, no auge de sua doçura, cada grão é brutalmente arrancado e o ca-feeiro os oferta sem protesto: seu fruto é “como um cordeiro levado ao matadouro” (Is 53,7). Ah, se soubéssemos nos ofertar

como oferta o café! Sem prestígio, sem re-compensa, sem suborno, sem propina!

Após a colheita, os grãos passam pela seca. Esparramados no terreiro, são ex-postos ao sol para desidratarem. E quanto mais exposto está, mais perfume oferta! Como é bom retornar à tarde e ser recebi-do pelo seu perfume! O sumo de cada grão concentra-se e então adquire mais sabor! Às vezes, é necessário que a gente passe pela provação do sol e adquira mais aroma! Não podemos ser católicos que “ouvem a Palavra e a aceita com alegria. Mas, sem raiz, não dura muito tempo” (Mt 13,19s). As provações não apenas nos queimam, mas também fazem com que apuremos a fé e, apesar da dor, exalemos o “suave perfume de Cristo” (2Cor 2,15).

Após a seca, é preciso tirar a casca. Só então um peculiar dourado se revela e, se a veste do grão maduro era bela, esta ou-tra é ainda mais! Não deve ser fácil tal me-tamorfose, mas é necessária. Necessária também o é na vida de fé: é preciso sem-pre mudar a roupagem para emergir a no-vidade. Já disse Paulo: “Vós vos despistes do homem velho com os seus vícios, e vos revestistes do novo” (Cl 3, 9s). Ah, se acre-ditássemos nisto de verdade! De fato “um

opiniãoFÉ E A CULTURA DO CAFÉ: GOLINHOS DE FORÇA PARA CAMINHAR

evangelizador não deveria ter constante-mente uma cara de funeral!” (EG 10). Quem dera se entendêssemos que, tal como na história de Bartimeu, o milagre só acontece quando temos a coragem de “jogar fora o manto, erguer-se em um salto e ir para Je-sus” (cf. Mc 10,50)!

Após isso, vem a torrefação e a moa-gem. No fogo, cada grão é experimentado! E quanto mais queimado e moído, mais perfuma! Também Jesus, quanto mais hu-milhado e pisado foi, mais amor verteu nos braços da Santa Cruz! Aí reside a loucura do cristianismo: amar mesmo quando só se sente dor! Assim escreveu o Papa: “somos chamados a ser pessoas-jarro para dar de beber aos outros. Às vezes, o jarro transfor-ma-se numa cruz, mas foi precisamente na Cruz que o Senhor se entregou como fonte de água viva!” (EG 86).

E mais ou menos assim, aprendi teolo-gia com o café. Quando tomo um gole de café, lembro-me que a cada ano meu povo renova sua esperança, e que cada golinho é uma oportunidade de prosear com um amigo, de refletir as crises pessoais, teolo-gizar e perceber Deus no comum de cada dia!

Por padre Dione Piza, administrador paroquial em Juruaia

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 3

notícias

Texto/Imagem: Padre Juliano Borges de Lima

Texto/Imagem: Fabrício Marques

Texto: Portal A12/Imagem: Arquivo Pessoal

Texto: Douglas Ribeiro | Fotos: Pascom Auxiliadora

Paróquia investe em formação dos fiéis no Ano do Laicato

Jovens coordenadores do TLC participam de formação

Encontro Nacional de Presbíteros destaca o discipulado e pastoreiona evangelização

Poços de Caldas acolhe ordenação diaconal

A Paróquia São Francisco e Santa Cla-ra, em Poços de Caldas, promoveu, entre os dias 16 e 18 de abril, encon-

tros de reflexão sobre o Laicato. Foram dias de aprofundamento no conhecimento e na meditação sobre o papel, a identidade e a missão do leigo na Igreja.

A formação abordou a valorização do leigo na Igreja primitiva, sistematizando os diversos concílios em relação ao laicato, valorizando o histórico do leigo na Igreja do Brasil, assim como o período pré-tridentino,

No dia 22 de abril, os coordenadores do Treinamento de Liderança Cristã (TLC) da Diocese de Guaxupé estive-

ram reunidos na sede do Instituto Federal do Sul de Minas, em Muzambinho, para uma formação com os membros do Secretariado Nacional do movimento, Maycon Leite e Gio-vana Marcon.

O TLC é um movimento da Igreja Católica direcionado à Juventude. Nasceu em Cam-pinas, em 1967, com o padre Haroldo Rahm, jesuíta americano nascido no Texas e hoje naturalizado brasileiro.

Na Diocese de Guaxupé, o TLC atua em 14 paróquias, ajudando a despertar jovens

De 26 de abril a 2 de maio, o Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almei-da, no Santuário Nacional, acolheu a

17ª edição do Encontro Nacional de Presbí-teros. A reunião contou com a participação de mais de 500 padres, representando to-das as dioceses e arquidioceses do Brasil. Os trabalhos foram orientados com o tema: “Presbítero: discípulo do Senhor e pastor do rebanho” e o lema: “cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho, pois o Espírito Santo vos constituiu como guardiães” (At 20,28).

Segundo o presidente da Comissão Na-cional dos Presbíteros, padre José Adelson

Na manhã do dia 21 de abril, às 09h30, na paróquia São Sebastião em Poços de Caldas, Antônio Batista Cirino foi

ordenado diácono pela imposição das mãos de dom José Lanza e pela oração da Igreja. Escolheu como lema: “Faça-se em mim se-gundo a Tua palavra” (cf. Lc 1, 38).

“Para apascentar e fazer crescer cada vez mais o povo de Deus, o Cristo Senhor instituiu na Igreja diversos ministérios, desti-nados ao bem de todo o povo” (Lumen Gen-

com a romanização e seus impactos sobre o laicato até chegar ao Concílio Vaticano II, “divisor de águas” para a compreensão da urgência da missão do laicato (LG 4).

O percurso de formação foi concluído com o documento 105 da CNBB, “Cristãos Leigos e leigas na Igreja e na Sociedade: Sal da Terra e Luz do Mundo!”, enfatizando o leigo como sujeito eclesial, protagonista em meio a um mundo para ser fermento transformador, inclusive na política.

para o serviço a Deus nas comunidades como líderes cristãos.

Estiveram presentes coordenadores de 12 cidades. A temática da formação girou em torno dos fundamentos principais do encon-tro, bem como metodologias e cronograma.

De acordo com o coordenador nacional e condutor do dia de formação, Maycon Leite, as formações são necessárias para aprimorar cada vez mais as atividades re-alizadas pelo movimento. “O estudo se faz necessário para aquele que está à frente do movimento em sua paróquia, pois é preciso ter sempre certeza e clareza naquilo que se está orientando”, conclui.

da Silva Rodrigues, o encontro acontece a cada dois anos, em Aparecida (SP), inter-calando com os encontros regionais. “É um encontro de participação, comunhão e refle-xão da missão. Com certeza, o encontro faz reflexão sobre as dimensões da formação dos presbíteros, pois precisamos pensar e fazer uma avaliação de nossas ações atuais, para projetar ações futuras”.

Representaram a diocese os padres Cé-sar Acorinte (representante dos presbíteros e coordenador da pastoral presbiteral), Re-ginaldo da Silva e Alexandre José Gonçalves (delegados eleitos para o encontro).

tium, n. 18). Santo Inácio de Antioquia afirma claramente nos seus escritos que o ofício de diácono é o próprio ministério de Jesus Cris-to, que antes dos séculos estava junto do Pai e se manifestou a toda a humanidade.

O diácono Antônio é natural de Para-guaçu, da Paróquia Nossa Senhora Auxilia-dora, e exercerá seu ministério diaconal na Paróquia São Francisco de Paula em Monte Santo de Minas, onde já exerce a função de diretor da Rádio Progresso.

4 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

Texto: Vatican News

Texto: padre José Luiz Gonzaga do Prado/ Imagem: Arquivo

Richard Oliveira, seminarista e coordenador do Comise na Diocese de Guaxupé/ Imagem: Divulgação

Vaticano lança documento sobre questões econômicas e sociais do dinheiro

CEB’s discutem a urgênciadas pautas sociais em encontro diocesano

Regional Leste 2 promove formação missionária para seminaristas

As temáticas econômicas e financeiras para progredirem “no caminho de um bem-estar para o homem que seja real

e integral”, devem estar ligadas a um claro “fundamento ético” e à necessária “união entre o conhecimento técnico e a sabedo-ria humana”. Esta é uma das premissas que orientam o novo documento: “Oeconomicae pecuniariae quaestiones”.

Considerações para um discernimento ético sobre alguns aspectos do atual sistema econômico-financeiro”. Trata-se de conside-rações aprovadas pelo Papa Francisco, que também ordenou a sua publicação.

Participaram na apresentação do texto, na Sala de Imprensa da Santa Sé, no dia 17 de maio, o cardeal Peter Kodwo Appiah Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço do De-senvolvimento Humano Integral, e Dom Luis Francisco Ladaria Ferrer, prefeito da Congre-gação para a Doutrina da Fé. No encontro com os jornalistas, tomaram parte, também, os economistas Leonardo Becchetti, profes-sor de economia política na Universidade Tor Vergata de Roma, e Lorenzo Caprio, profes-sor de finanças corporativas na Universidade Católica.

Aconteceu em Machado, de 27 a 29 de abril, o 35° Encontro Diocesano das Comunidades Eclesiais de Base

(CEBs). Veio de Roma, para assessorar o encontro, o padre Alfredo J. Gonçalves, su-perior Geral da Congregação dos Padres de São Carlos Borromeu, também chamados de carlistas ou escalabrinianos.

Acolhidos os mais de cem representan-tes de todos os setores pastorais da Diocese de Guaxupé, além de um grupo da Diocese de Leopoldina, membros da coordenação estadual, o encontro teve início com a cele-bração dos Mártires de hoje, preparada pela equipe de Machado.

O tema do encontro era Podres Poderes, indicando a força corruptora do poder em toda sociedade, inclusive na Igreja. O lema era a palavra evangélica: “Entre vocês, não pode ser assim”.

O assessor propôs suas reflexões com a metáfora das quatro estações do ano. A

Nos dias 4 a 6 de maio, aconteceu, na cidade de Luz (MG), o 8º Formise (For-mação Missionária de Seminaristas).

O encontro reuniu cinquenta representantes de 21 dioceses do Regional Leste 2 da CNBB e duas dioceses convidadas: Parintins (AM) e Livramento (BA).

Na abertura, o bispo referencial para Ação Missionária no Regional Leste 2, dom José Lanza Neto, destacou a importância da formação missionária para seminaristas e a organização dos conselhos missionários para seminaristas (Comise).

Para assessorar o encontro, foi convidado o padre Antônio Niemiec, secretário da Pon-tifícia União Missionária. O assessor fez uma retomada história do desenvolvimento da ação missionária na América Latina e no Bra-sil e do desenvolvimento do Documento de Aparecida. Ressaltou, ainda, que com o pon-tificado de Francisco e por meio da encíclica Alegria do Evangelho, as propostas de Apare-cida foram estendidas para toda a Igreja.

O Assessor chamou a atenção para uma

primeira estação é o túnel escuro, a crise social, econômica, política e eclesial que atravessamos. “A tentação é pararmos no chororê (sic) ou sonharmos com a volta ao passado, com saudade do que não foi vivi-do. No entanto, basta abrirmos os olhos que

vemos a encruzilhada à frente, com muitas saídas”, indicou padre Alfredo.

A segunda estação é a democracia. A democracia chegou à política e acabou com a dinastia ou sucessão familiar no poder po-lítico. Ninguém mais tem direito hereditário

ao poder político, o poder é do povo. Não chegou, porém, à economia. O poder eco-nômico continua passando de pai para filho, continua no sistema da dinastia. E hoje tem muito mais força do que o poder político. O voto é importante, mas não é tudo. Hoje se pode fazer a democracia direta (não repre-sentativa) através das redes sociais.

3ª Estação: Novo Brasil. Diversas leituras da realidade sócio-econômico-política do Brasil dos autores Caio Prado Júnior, Celso Furtado, Sérgio Buarque de Holanda, Gilber-to Freire e Henrique Faoro.

4ª Estação: De volta às fontes. À luz do episódio dos discípulos de Emaús, padre Al-fredo propôs ações e atitudes cristãs para se enfrentar os desafios da realidade.

Domingo de manhã, após a Missa, reu-niram-se os setores para as conclusões e decisões finais.

mudança de visão com relação à missão. “Ela deve deixar de ser programática para se tornar paradigmática, ou seja, a missão não pode se resumir a eventos missionários, ela é a essência da Igreja e deve ser cultivada nos formandos como verdadeira espiritualidade”.

O encontro teve espaço ainda para um momento de partilha entre os coordenado-res de Comises e entre membros de provín-cias eclesiásticas para avaliar a caminhada da formação missionária nos seminários e elaborar propostas de ação para o Regional.

Cabe ressaltar a comunhão que há entre o Plano Trienal Nacional do Comise, os três eixos de ação sugeridos pelas províncias eclesiásticas, e a proposta da coordenação regional do Comise: promover encontros com as Províncias para facilitar a compreen-são e articulação da ação missionária.

O encontro foi encerrada com a celebra-ção eucarística presidida por dom José Aris-teu, bispo diocesano de Luz, concelebrada por dom José Lanza e o padre Antônio Nie-miec, na Catedral de Luz.

O documento também analisa a história recente do tecido econômico mundial. “A re-cente crise financeira – é enfatizado -, pode-ria ser uma oportunidade para desenvolver uma nova economia mais atenta aos princí-pios éticos e para uma nova regulamentação da atividade financeira, neutralizando os as-pectos predatórios e especulativos e valori-zando os serviços à economia real”. Apesar dos “esforços positivos em vários níveis”, não houve “uma reação que tenha levado a re-pensar os critérios obsoletos que continuam a governar o mundo”.

Para remodelar os atuais sistemas eco-nômico-financeiros, cada um de nós – lê-se, enfim, no documento – “pode fazer muito, especialmente se não permanecer sozinho”: “muitas associações da sociedade civil re-presentam, neste sentido, uma reserva de consciência e responsabilidade social”. Hoje, mais do que nunca, “todos somos chamados a vigiar como sentinelas da vida boa e a nos tornarmos intérpretes de um novo protago-nismo social, marcando nossa ação na busca do bem comum e baseando-a nos sólidos princípios da solidariedade e da subsidiarie-dade”.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 5

em pautaGAUDETE ET EXSULTATE:“CADA SANTO É UMA MISSÃO; É UM PROJETO DO PAI”A exortação Apostólica Gaudete et exul-

tate, “Alegrai-vos e Exultai”, sobre o chamado à santidade no mundo

contemporâneo é um documento de cinco capítulos e 177 parágrafos que convida à san-tidade hoje. O Papa explica que a santidade não é uma chamada para poucos, mas um caminho para todos.

A “classe média” da santidadeNo primeiro capítulo, o Papa convida:

“não pensemos apenas em quantos já estão beatificados ou canonizados” (6). E continua: “Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que conti-nuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é, muitas vezes, a santi-dade ‘da porta do lado’, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus, ou – por outras palavras – da ‘classe média da santidade’” (7)

Cada um de nósO Papa deseja recordar a chamada “de

cada um de nós” (10) à santidade, cada um no seu caminho. E de modos muito variados. “A propósito de tais formas distintas, quero assinalar que também o ‘gênio feminino’ se manifesta em estilos femininos de santidade, indispensáveis para refletir a santidade de Deus neste mundo.

“Para ser santo, não é necessário ser bis-po, sacerdote, religiosa ou religioso. Muitas vezes somos tentados a pensar que a santida-de esteja reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada

dia, onde cada um se encontra” (14).

A santidade dos pequenos gestos“Esta santidade, a que o Senhor te cha-

ma, irá crescendo com pequenos gestos. Por exemplo, uma senhora vai ao mercado fazer as compras, encontra uma vizinha, começam a falar e… surgem as críticas. Mas esta mulher diz para consigo: ‘Não! Não falarei mal de nin-guém’. Isto é um passo rumo à santidade. De-pois, em casa, o seu filho reclama a atenção dela para falar das suas fantasias e ela, embo-ra cansada, senta-se ao seu lado e escuta com paciência e carinho. Trata-se doutra oferta que santifica. Ou então atravessa um momento de angústia, mas lembra-se do amor da Virgem Maria, pega no terço e reza com fé” (16).

Santidade e missão“Para um cristão, não é possível imaginar a

própria missão na terra sem a conceber como um caminho de santidade, porque esta é, na verdade, a vontade de Deus: a [nossa] santifi-cação (1 Ts 4, 3). Cada santo é uma missão; é um projeto do Pai que visa refletir e encarnar, num momento determinado da história, um aspeto do Evangelho” (19). “Esta missão tem o seu sentido pleno em Cristo e só se com-preende a partir d’Ele. No fundo, a santidade é viver em união com Ele os mistérios da sua vida” (20). “O desígnio do Pai é Cristo, e nós n’Ele. Em última análise, é Cristo que ama em nós, porque a santidade ‘mais não é do que a caridade plenamente vivida’” (21).

Sem medoO Papa Francisco repete várias vezes no

documento que não devemos temer: “não te-nhas medo da santidade. Não te tirará forças, nem vida nem alegria. Muito pelo contrário, porque chegarás a ser o que o Pai pensou quando te criou e serás fiel ao teu próprio ser. Depender d’Ele liberta-nos das escravidões e leva-nos a reconhecer a nossa dignidade” (32).

Dois inimigos sutisNo segundo capítulo, o Santo Padre cha-

ma a atenção “para duas falsificações da santidade que poderiam extraviar-nos: o gnosticismo e o pelagianismo”. São formas de segurança doutrinária que dão origem “a um elitismo narcisista e autoritário, onde, em vez de evangelizar, se analisam e classificam os demais e, em vez de facilitar o acesso à graça, consomem-se as energias a controlar” (35). O Papa adverte que podemos encontrar estas atitudes dentro da própria Igreja: “é típico dos gnósticos crer que eles, com as suas explica-ções, podem tornar perfeitamente compreen-sível toda a fé e todo o Evangelho” (39).

Deus é sempre uma surpresa“Quando alguém tem resposta para todas

as perguntas, demonstra que não está no bom caminho e é possível que seja um falso profeta, que usa a religião para seu benefício, ao serviço das próprias lucubrações psicológi-cas e mentais. Deus supera-nos infinitamente, é sempre uma surpresa e não somos nós que determinamos a circunstância histórica em que O encontramos, já que não dependem de nós o tempo, nem o lugar, nem a modalidade do encontro. Quem quer tudo claro e seguro, pretende dominar a transcendência de Deus” (42).

A caridade no centroO Papa conclui recordando que “existe

uma hierarquia das virtudes” e que “no cen-tro, está a caridade” (60). Ou, de um modo gráfico: “no meio da densa selva de preceitos e prescrições, Jesus abre uma brecha que permite vislumbrar dois rostos: o do Pai e o do irmão” (61).

As bem-aventuranças lidas nos dias de hoje

No terceiro capítulo, o Papa se refere às Bem-Aventuranças como “a carteira de iden-

tidade do cristão”, e oferece pautas para viver estas recomendações de Jesus nos dias de hoje. “ Nelas está delineado o rosto do Mes-tre, que somos chamados a deixar transpare-cer no dia-a-dia da nossa vida” (63).

• «Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu» “As riquezas não te dão segurança al-guma. Mais ainda: quando o coração se sente rico, fica tão satisfeito de si mesmo que não tem espaço para a Palavra de Deus, para amar os irmãos” (68).

• «Felizes os mansos, porque possuirão a terra» “É uma frase forte, neste mundo que, desde o início, é um lugar de inimizade, onde se litiga por todo o lado, onde há ódio (...). Embora pareça impossível, Jesus propõe outro estilo: a mansidão” (71). E recorda aos cristãos que “Mesmo quando alguém defende a sua fé e as suas convicções, deve fazê-lo com mansidão (cf. 1 Ped 3, 16), e os próprios adversários devem ser tratados com mansidão (cf. 2 Tm 2, 25). Na Igreja, er-ramos muitas vezes por não ter acolhido este apelo da Palavra divina” (73).

• «Felizes os que choram, porque serão consolados» “A pessoa que, vendo as coisas como re-almente estão, se deixa trespassar pela aflição e chora no seu coração, é capaz de alcançar as profundezas da vida e ser autenticamente feliz” (76).

• «Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados» “A justiça, que Jesus propõe, não é como a que o mundo procura, uma justiça muitas vezes manchada por interesses mesquinhos, manipulada para um lado ou para outro. A realidade mostra-nos como é fácil entrar nas súcias da cor-rupção, fazer parte dessa política diária do ‘dou para que me deem’, onde tudo

6 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

Por Opus Dei

é negócio” (78). “Buscar a justiça com fome e sede: isto é santidade”.

• «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia» “O que quiserdes que vos façam os ho-mens, fazei-o também a eles (7, 12). O Ca-tecismo lembra-nos que esta lei se deve aplicar ‘a todos os casos’” (80). “Dar e perdoar é tentar reproduzir na nossa vida um pequeno reflexo da perfeição de Deus, que dá e perdoa superabundante-mente” (81).

• «Felizes os puros de coração, porque verão a Deus» “Esta bem-aventurança diz respeito a quem tem um coração simples, puro, sem imundície, pois um coração que sabe amar não deixa entrar na sua vida algo que atente contra esse amor, algo que o enfraqueça ou coloque em risco” (83).

• «Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus» “Os pacíficos são fonte de paz, cons-troem paz e amizade social. Àqueles que cuidam de semear a paz por todo o lado, Jesus faz-lhes uma promessa maravilhosa: serão chamados filhos de Deus (Mt 5, 9). Aos discípulos, pedia-lhes que, ao chegar a uma casa, dissessem: a paz esteja nesta casa! (Lc 10, 5) (...). E na nossa comunidade, se alguma vez tivermos dúvidas acerca do que se deve fazer, procuremos aquilo que leva à paz (Rm 14, 19)” (88).

• «Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu» “Se não queremos afundar numa obs-cura mediocridade, não pretendamos uma vida cômoda”, recomenda-nos o Papa (90). “Para viver o Evangelho, não podemos esperar que tudo à nossa volta seja favorável” (91). Mas, por outro lado, esclarece que “um santo não é uma pessoa excêntrica, distante, que se torna insuportável pela sua vaidade, negativismo e ressentimento. Não eram assim os Apóstolos de Cristo. O livro dos Atos se refere, com insistência, que eles

gozavam da simpatia de todo o povo (2, 47; cf. 4, 21.33; 5, 13)” (93).

Uma regra de comportamento“No capítulo 25 do Evangelho de Mateus

(vv. 31-46), Jesus volta a deter-se numa des-tas bem-aventuranças: a que declara felizes os misericordiosos”. “O texto de Mateus 25, 35-36 ‘não é um mero convite à caridade, mas uma página de cristologia que projeta um feixe de luz sobre o mistério de Cristo’. Neste apelo a reconhecê-Lo nos pobres e atribula-dos, revela-se o próprio coração de Cristo, os seus sentimentos e as suas opções mais pro-fundas, com os quais se procura configurar todo o santo” (96).

Cinco grandes manifestações de amorNo quarto capítulo, Francisco mostra al-

gumas características “indispensáveis” da santidade no mundo atual, que constituem “cinco grandes manifestações do amor a Deus e ao próximo, que considero particular-mente importantes devido a alguns riscos e limites da cultura de hoje” (111). Começa com “suportação, paciência e mansidão”. Reco-mendando estas virtudes, constata como “é impressionante como, às vezes, pretenden-do defender outros mandamentos, se ignora completamente o oitavo: não levantar falsos testemunhos e destrói-se sem piedade a ima-gem alheia”.

O Papa recomenda a humildade, expli-cando que “uma pessoa, precisamente por-que está liberta do egocentrismo, pode ter a coragem de discutir amavelmente, reclamar justiça ou defender os fracos diante dos pode-rosos, mesmo que isso traga consequências negativas para a sua imagem” (119).

Alegria e Bom humorO Santo Padre esclarece: “O que ficou dito

até agora não implica um espírito retraído, tris-tonho, amargo, melancólico ou um perfil su-mido, sem energia. O santo é capaz de viver com alegria e sentido de humor. Sem perder o realismo, ilumina os outros com um espírito positivo e rico de esperança” (122).

Audácia e fervor

O Papa explica a palavra grega parresia: “é ousadia, é impulso evangelizador que dei-xa uma marca neste mundo” (129). “Olhemos para Jesus! A sua entranhada compaixão não era algo que O ensimesmava, não era uma compaixão paralisadora, tímida ou envergo-nhada, como sucede muitas vezes conosco. Era exatamente o contrário: era uma com-paixão que O impelia fortemente a sair de Si mesmo a fim de anunciar, mandar em missão, enviar a curar e libertar” (131).

“Deus é sempre novidade, que nos impele a partir sem cessar e a mover-nos para ir mais além do conhecido, rumo às periferias e aos confins. Leva-nos aonde se encontra a huma-nidade mais ferida e aonde os seres humanos, sob a aparência da superficialidade e do con-formismo, continuam à procura de resposta para a questão do sentido da vida. Deus não tem medo! Não tem medo! Ultrapassa sempre os nossos esquemas e não Lhe metem medo as periferias. Ele próprio Se fez periferia (cf. Flp 2, 6-8; Jo 1, 14). Por isso, se ousarmos ir às periferias, lá O encontraremos: Ele já estará lá. Jesus antecipa-se a nós no coração daquele irmão, na sua carne ferida, na sua vida oprimi-da, na sua alma sombria. Ele já está lá” (135).

A importância da comunidadeO Papa recordou a importância da ajuda

recíproca dos cristãos, mencionando comuni-dades que foram canonizadas juntas, grupos de mártires, e “de igual modo, há muitos ca-sais santos, onde cada cônjuge foi um ins-trumento para a santificação do outro” (141). Depois ressaltou que esta vida comunitária “compõe-se de tantos pequenos detalhes di-ários. Assim acontecia na comunidade santa formada por Jesus, Maria e José” (143).

Oração e adoração“Por fim, mesmo que pareça óbvio, lem-

bremos que a santidade é feita de abertura habitual à transcendência, que se expressa na oração e na adoração” (147). E pergunta a cada um se tem “momentos em que você se coloca na Sua presença em silêncio, perma-nece com Ele sem pressa, e se deixa olhar por Ele?” (151).

A Luta contra o malAo início do quinto e último capítulo, o

Papa lembra que a vida cristã é “uma luta permanente” (158). “É também uma luta cons-tante contra o demônio, que é o príncipe do mal” (159). “De fato, quando Jesus nos deixou a oração do Pai-Nosso, quis que a concluís-semos pedindo ao Pai que nos livrasse do Maligno. A expressão usada não se refere ao mal em abstrato; a sua tradução mais precisa é ‘o Maligno’. Indica um ser pessoal que nos atormenta. Jesus ensinou-nos a pedir cada dia esta libertação para que o seu poder não nos domine” (160).

O discernimentoPara “saber se algo vem do Espírito Santo

ou se deriva do espírito do mundo e do espíri-to maligno” (166), o único caminho é o discer-nimento. “O discernimento não é necessário apenas em momentos extraordinários, quan-do temos de resolver problemas graves ou quando se deve tomar uma decisão crucial; mas é um instrumento de luta, para seguir me-lhor o Senhor. É-nos sempre útil, para sermos capazes de reconhecer os tempos de Deus e a sua graça” (169).

Sempre“Quando perscrutamos na presença de

Deus os caminhos da vida, não há espaços que fiquem excluídos. Em todos os aspetos da existência, podemos continuar a crescer e dar algo mais a Deus, mesmo naqueles em que experimentamos as dificuldades mais fortes”. “Aquele que pede tudo, também dá tudo, e não quer entrar em nós para mutilar ou enfra-quecer, mas para levar à perfeição” (175).

A figura de Maria“Desejo coroar estas reflexões com a figu-

ra de Maria, porque Ela viveu como ninguém as bem-aventuranças de Jesus” (176). “Espero que estas páginas sejam úteis para que toda a Igreja se dedique a promover o desejo da san-tidade. Peçamos ao Espírito Santo que infunda em nós um desejo intenso de ser santos para a maior glória de Deus” (177).

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 7

laicatoJORNADA DE FORMAÇÃO PARA O LAICATO:“A DIOCESE CONVOCA E O POVO COMPARECE”

Na Solenidade de Pentecostes, ce-lebrada no dia 20 de maio, mais de 1300 líderes leigos e leigas

da Diocese de Guaxupé se reuniram em Juruaia para a Jornada Diocesana de Formação para Leigos. O encontro foi destinado aos integrantes dos conse-lhos pastorais paroquiais (CPP’s) e dos conselhos administrativos e econômicos paroquiais (CAEP’s).

O evento contou com a participação de leigos e leigas dos 41 municípios que compõem a diocese. O objetivo central do evento foi oferecer uma formação eclesial sobre a realidade e a missão do laicato na Igreja. A assessoria do evento foi feita especialmente por leigos e um presbítero da própria diocese, além de um leigo convidado da Arquidiocese de Pouso Alegre.

Testemunho e Santidade Na abertura do encontro foi rezado

o Ofício Divino das Comunidades. Logo em seguida, a primeira colocação foi realizada pelo leigo Giovanni Marques da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG) e

professor da Faculdade Católica de Pou-so Alegre, onde estudam os seminaristas diocesanos.

Para o assessor, a vocação laical pode ser compreendida em três eixos fundamentais: santidade, comunhão e testemunho. “A principal contribuição que nós podemos oferecer [à Igreja] como leigos é a consagração de toda nossa vida a Deus, deixando o Espírito Santo conduzir o nosso caminho”.

Ele ainda comentou a importância do testemunho e da santidade: “Procu-rando descobrir os dons que cada um tem, para que Deus possa dar através da nossa vida o recado de salvação ao mundo. Ou buscamos de modo sincero a santidade que é deixar Deus agir em nossa vida ou a nossa vida de atuação na Igreja é vazia”.

Para Giovanni, a Diocese apresenta características essenciais para vivenciar a missão cristã, com dinamismo e fideli-dade. “Eu senti uma animação, um en-tusiasmo muito grande que só pode vir do Espírito Santo. Eu vi uma Igreja viva, uma Igreja que está querendo crescer na

fidelidade do Espírito Santo e de viver esse mandato missionário”.

“Mais do que ir de porta em porta, vi-sitando, indo ao encontro das pessoas, o que é necessário, mas que ao mesmo tempo é consequência de uma missão existencial, de uma missão de vida que a gente deve procurar desenvolver, que é ouvir o chamado de Deus para cada um de nós”, aprofunda o sentido central da experiência missionária.

Missão e ServiçoA segunda fala do evento foi do pa-

dre Alexandre José Gonçalves, asses-sor diocesano da Formação de Leigos, que refletiu sobre o tema Conselheiros e agentes de Pastoral. Na visão apre-sentada pelo padre, os líderes estão no conselho de pastoral, mas antes, estão na comunidade, fazem parte dos segui-dores de Jesus e agem de acordo com sua fé. Os leigos devem desenvolver sua missão na alegria de saber que fazem parte da Igreja e são portadores da Boa Nova que trabalham na articulação da comunidade cristã.

Muito além de exercer um trabalho na Igreja, o leigo atuante deve estar marca-do por uma experiência de fé vivida em comunhão e com vontade de anunciá-la. O padre apresentou uma afirmação do papa Francisco na exortação apostó-lica  A Alegria do Evangelho. “O cristão ‘tem que ser missionário’, e agora em sua última exortação Alegrai-vos e Exul-tai, o papa indica que ‘o cristão tem de ser um missionário, mas um missionário santo’, tornando-se um evangelizador que reza e trabalha”.

Continuando a meditar a proposta do papa Francisco, disse que não ser-vem propostas místicas desprovidas de uma espiritualidade missionária, mas é necessário uma mística que seja capaz transformar o coração e a realidade das pessoas. “Precisamos ser pessoas em estado permanente de conversão”, afir-mou o padre.

Para Maria Vita dos Reis de Alfenas, participante do evento, “as pessoas po-dem estar a serviço em uma pastoral, ser um padre, ou até um bispo, mas se ela não tiver uma afinidade com Deus,

Encontro faz parte do calendário diocesano de comemorações em ocasião do Ano Nacional do Laicato

8 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

Por Douglas Ribeiro/Luiz Fernando Gomes / Imagens: Renan Beraldo

um espírito de ora-ção, não conseguirá entender bem qual é seu papel e execu-tar bem sua missão, pois, sem espiritua-lidade, não conse-guimos pensar como Jesus pensou a ação pastoral”.

“Fé não é somen-te olhar para Cristo, esse é o primeiro passo, mas ela deve ser também, a partir do olhar a Cristo, um olhar para o mundo. Em outras palavras, o cristão precisa olhar o mundo com os olhos de Jesus”. Nesse sentido, pa-dre Alexandre ainda completou: “vocês têm a missão de transformar o mun-do, e a grande base para fazer isso é a comunidade de fé, a qual vocês perten-cem”.

A indicação é que o serviço do conselheiro deve ser reali-zado em equipe, pois ninguém é capaz de dar conta de tudo, servindo-se da cooperação e não da competição. Co-ordenar não deve ser executar sozinho, mas favorecer a união e a ajuda mútua. E, além disso, abrir caminhos para que outros assumam seu papel depois. “Se um líder não tem essas atitudes, ele tem falhado feio no seu papel de líder”, afir-mou o padre.

“O leigo deve se colocar a serviço, mas com o coração aberto, colocando a si mesmo em saída, se dispondo a servir integralmente. Nós não podemos ser apegados a nosso trabalho pastoral, achando que todo mérito é nosso. Pelo contrário, nós devemos servir por amor, sabendo que o mérito é de Jesus. Deve-mos estender nossas mãos, enxergando o bem comum”, partilhou a missionária Adalgisa Anunciação, de Botelhos.

Padre Alexandre pontuou ainda que “a missão é de Jesus, mas feita pelas mãos de seus discípulos, é um compro-misso inerente à fé que eles professam”. O discípulo deve ser marcado pelo fogo de anunciar, curar e perdoar dado aos discípulos no texto bíblico dos Atos dos Apóstolos (At 2, 1-11). “Ou a Igreja é mis-sionária, ou ela deixa de ser cristã. So-mos cristãos e, por isso, temos que viver todos os momentos de nossa vida à luz da fé, como um casamento, na busca constante de conversão”, terminou.

Comunhão e UnidadeConcluindo o ciclo das colocações da

Jornada, os membros leigos da equipe preparatória da 5º Assembleia Diocesa-na de Pastoral, Jorge Damasceno e Rosi-nei Costa Papi Dei Agnoli, apresentaram aos participantes algumas contribuições a respeito do protagonismo do leigo na comunidade paroquial e na ação evan-gelizadora no mundo.

Ao falar sobre a organização dos agentes de pastoral, Jorge enfatizou que, “os conselhos dos leigos devem ser constituídos por um espaço de comu-nhão e unidade, na busca pelo serviço fraterno. Por isso, desde a sua criação já deve ter em mente o acolhimento de to-dos”. E concluiu: “Que cada um prossiga no seu caminho, sabendo da importân-cia de nos acolhermos e não brigarmos por cargos e espaços”.

Dando continuidade à reflexão sobre a missão dos seguidores de Jesus, Ro-sinei afirmou: “Nós não somos objetos, nós não somos tarefeiros. O nosso maior compromisso, como leigos, não é dentro da Igreja, mas o nosso campo de missão é o mundo. Nós vamos servir na Igreja e na sociedade”.

Em consonância com o apelo do papa Francisco de uma Igreja em saída, a conferência destacou que os cristãos são convocados a sair de si mesmos e ir ao encontro das pessoas que estão afas-tadas da comunidade e à margem da so-ciedade, sendo sinal de Deus nas mais diversas realidades, agindo como sal da terra e luz do mundo.

Ao se referir aos presbíteros e ao bis-po, Rosinei disse aos sacerdotes presen-tes: “Nós estamos com vocês, nós esta-

mos juntos de vocês, nós assumimos o nosso compromisso, a nossa identidade de filhos e filhas de Deus, nós abraça-mos juntos com vocês a nossa missão, o nosso compromisso com Jesus Cristo. Nós nos comprometemos a não mais reclamar, a não mais murmurar, mas ter essa mística de olhos abertos. Estamos aqui para servir e pedimos: nos enviem sem medo para o mundo”.

A proposta diocesana indica inves-timento na formação de ‘autênticos su-jeitos eclesiais’. Assim afirma Rosinei: “[A Diocese] oferece oportunidades de estudo, de formação integral e percebo que deseja ampliar e favorecer cada vez mais as possibilidades e modalidades de formação”.

Em uma entrevista após a formação, Rosinei compartilhou sua alegria pela realização do evento: “A Jornada foi um forte sinal e uma resposta dos leigos e leigas da diocese de corresponsabili-dade e comunhão. E mais, da sede do povo de Deus de aprender e o desejo de amadurecer a fé. É bonito ver: a diocese convoca e o povo comparece! Lá tínha-mos um povo atento e disposto. Sinal de Pentecostes!”, terminou.

Missa de EncerramentoNa missa de encerramento do even-

to, o bispo diocesano, dom José Lanza Neto, destacou a formação como ele-mento fundamental para a vida ecle-sial. “Acredito numa formação popular, abrangente, para que nossos fiéis rece-bam toda informação a respeito da sua Igreja, porém é aí que está o nosso desa-

fio. Pois, só assim entenderemos melhor o caminho de fé da verdadeira família de Deus, que nós queremos ser”.

A Igreja de Guaxupé reunida na Jor-nada de Formação suplicou a vinda do Espírito Santo para fortalecer e abrir os caminhos da sua ação evangelizado-ra. A diocese, que concluiu há pouco o processo das Santas Missões Populares, agora se prepara para a realização da 5º Assembleia Diocesana de Pastoral, estu-dando e delimitando seus objetivos de ação evangelizadora.

Em sua reflexão, o bispo comentou a necessidade de uma Igreja ministerial, formada por lideranças locais, que seja capaz de superar seus conflitos, cami-nhando com disposição e alegria, rumo ao Reino de Deus, imprimindo em cada discípulo de Jesus a marca da santidade.

Sobre a Solenidade de Pentecostes, o bispo comentou que “só é possível en-tender Pentecostes a partir do Pai que ama e nunca desiste dos seus filhos. E, no tempo oportuno, mandou seu Filho, que mesmo sendo morto, não parou na morte, mas ressuscitou. Ademais, antes de sua paixão, ensinou e formou seus discípulos, mostrou-lhes o caminho do Reino e, depois de sua ascensão, enviou o Espírito Santo sobre eles fortalecen-do-os e enchendo-os de coragem para anunciá-lo”.

“É com essa marca que devemos sair dessa celebração: acolhendo o Espírito Santo de Deus, suplicando que Ele nos ajude a transformar a nossa realidade”, concluiu Dom José Lanza.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 9

políticaCARTA AO FUTURO PRESIDENTE DA REPÚBLICA

Por padre Alfredo J. Gonçalves, CS, assessor do 35º Encontro Diocesano de CEBs

Texto/Imagem: Divulgação

Estimado Senhor Presidente!

Está em curso o processo eleitoral de 2018. Por isso, não sei ainda seu nome, o

que não me impede de escre-ver-lhe. Quero ser um simples porta-voz de milhões de brasi-leiros e brasileiras dos porões, grotões e periferias do país.

Quando o Senhor entrar no Palácio da Alvorada, sua futura habitação, lembre-se da multi-dão de brasileiros sem nome, sem rosto e sem endereço fixo. Cidadãos e cidadãs que “não moram, apenas se escondem” como ratos assustados.

Quando o Senhor cruzar a rampa do Palácio do Planalto, lembre-se dos que, nas imensas planícies, erram pelo território nacional sem terra, sem trabalho, sem teto... e sem destino!

Quando o Senhor tomar posse de seu escritório, lembre-se de dialogar com os movimentos e organizações sociais, des-confiando de quem sempre se apressa a “pagar a conta”.

Quando o Senhor pegar o carro oficial do chefe de Estado, lembre-se daqueles que, um dia após outro, se deslocam para o trabalho nos raros e precários meios de transporte público.

Quando o Senhor visitar um médico

particular de alta confiança, lembre-se das longas filas de enfermos que sofrem e ago-nizam em frente aos hospitais e postos de saúde ou daqueles que sequer chegam até as proximidades de um pronto-socorro.

Quando o Senhor realizar sua primeira viagem ao exterior como nosso represen-tante maior, lembre-se não só da boa vizi-nhança diplomática com os países centrais, mas em particular da cultura solidária com as outras nações subdesenvolvidas.

Quando o Senhor receber seu primeiro salário na função de presidente, lembre-se dos milhões de desempregados e subem-

pregados, trabalhando nos subterrâneos da economia, que não conseguem colocar o “pão nosso de cada dia” na mesa de seus filhos.

Quando o Senhor escolher seus cola-boradores Ministros, em lugar dos privilé-gios de quem historicamente ocupa o pico da pirâmide social, lembre-se das políticas públicas em favor dos interesses e necessi-dades da população de baixa renda.

Quando o Senhor percorrer as estradas do país, lembre-se dos brasileiros que, por falta de condições de sobrevivência, tive-ram de abandonar sua terra natal, como

também dos que chegam a esta nação em busca de um solo que possa ser chamado de pátria.

Quando o Senhor con-sultar o mapa brasileiro, lembre-se de olhar não so-mente para os centros mais economicamente dinâmicos, mas de modo especial para as populações, regiões e biomas que necessitam de maior cuidado por parte do poder público.

Quando o Senhor visitar a Amazônia, lembre-se de que o globo é um organismo dinâmico que, para viver e garantir a biodiversidade, necessita de água transpa-

rente, sangue de suas veias, bem como de ar puro para seus pulmões.

Quando o Senhor elaborar seu projeto de governo, use o poder como um serviço à justiça e ao direito, depurando, sem medo, os vírus e vícios dos poderes Judiciário, Le-gislativo e Executivo.

Quando o Senhor se sentar na cadeira presidenciável, lembre-se de trocar o piloto automático das leis de mercado pelo piloto manual, no sentido de ajustar a rota desta gigantesca nave em favor de uma trajetória popular e participativa.

para aprofundarDOUTRINA SOCIAL DA IGREJA E O VATICANO II

Este ensaio foi concebido como fer-ramenta com a qual o leitor poderá lapidar a pedra preciosa da vida hu-

mana e cristã, ao oferecer-lhe um mapea-mento que aponta para as quatro grandes direções da opção cristã: produzir frutos para a vida do mundo (OT 16).

A primeira direção se volta para a bus-ca do seu sentido: qual é o mistério que lhe dá razão de viver? A segunda direção equaciona a práxis existencial: o que fa-zer para viver humana e cristãmente? A terceira direção é: com que mística se cul-tiva a opção de vida humana e cristã? Por fim, a quarta direção: onde ou em que se dá a celebração da vida autenticamente humana e cristã? Portanto, o presente en-saio não pretende dispensar o leitor de se

aproximar do rico e dinâmico conteúdo do ensinamento social da Igreja. Mas, para isso, ousa apresentar uma possível chave de leitura das encíclicas sociais.

A partir da constituição conciliar Gau-dium et Spes, a história humana onde se situa a Igreja adquire a consistência de um lugar teológico pelo que o presente da existência humana é “espaço de uma pos-sível palavra de Deus (na história)”. Ora, isso abre a história humana para novos horizontes de compreensão e impulsiona a novos compromissos éticos e políticos. Assim, a nova forma de pensar a história como lugar onde se situam os tradicionais lugares teológicos (Escritura, Tradição e Magistério) aponta para um caminho a ser percorrido em dois âmbitos essenciais: o

da antropologia e o da eclesiologia.Por outro lado, ao constatar que o

Concílio assume a historicidade como princípio pelo qual o pensar teológico é levado a entender as formas de conceber o homem e a sociedade, percebe-se que ambos se tornaram mais complexos e ri-cos. Essa maneira de entender a própria realidade do conhecimento humano em sintonia com o espírito do tempo e de lhe captar a complexidade indica um marco hermenêutico pelo qual os padres conci-liares apontam para um contexto no qual seus pronunciamentos foram gerados. Não se trata de pôr acento em novidades nem de distinguir, de forma excludente, o dogmático do pastoral.

10 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ

vocaçõesDIACONADO PERMANENTE:RIQUEZA MINISTERIAL PARA A IGREJA

ÍCONE SANTO ESTEVÃO

Por padre Leandro Melo, reitor do Seminário São José e membro da Comissão para o Diaconado Permanente

A Igreja diocesana de Guaxupé celebrou recentemente seu centenário. Em tantos anos de história missionária sementes

foram lançadas e hoje já é possível colher fru-tos de uma Igreja Particular, que avança em sua missão de ser toda ministerial. Para enriquecer ainda mais a missão diocesana, alguns passos foram dados para a instalação do ministério do Diaconado Permanente.

O diácono é uma vocação ministerial para o serviço, seu nome vem do termo diakonia, que significa serviço. O diaconado é um ministério presente desde os primórdios da Igreja. A Igreja situa sua origem na escolha de sete homens de “boa reputação, repletos do Espírito e de Sabe-doria para o serviço das mesas” (At 6,1-6). Existe também outro escrito antigo que faz referência à missão do diácono, como a Didaqué no capítulo 15, que assevera a escolha de homens “dóceis, desprendidos, verazes e firmes”. Por séculos, a missão do diácono firmou-se na dimensão da caridade, no serviço do culto e da pastoral. Po-rém, na Igreja Latina, após várias mudanças na disciplina, esse ministério ficou adormecido. O “Concílio de Trento dispôs que o diaconado per-manente fosse retomado como era antigamen-te, segundo a natureza própria, como função originária da Igreja, porém tal prescrição não foi posta em prática” (DH, 2013, p. 1198)

Contudo, o ministério do diaconado per-manente ganhou forças novamente no Concí-lio Vaticano II. A constituição Lumen Gentium, promulgada em 1964, fomentou a restauração do diaconado em um “grau próprio e perma-nente da hierarquia, onde poderia recebê-lo os homens de idade madura, mesmo casados, ou moços idôneos, para os quais prevaleceria a lei do celibato” (29). Ainda afirma a Lumen Gen-tium que os “diáconos estão em grau inferior da

“O diácono, colaborador do bispo e do presbítero, recebe uma graça sacramental própria. O carisma do diácono, sinal sacramental de Cristo-Servo, tem grande eficácia para a realização de uma Igreja servidora e pobre, que exerce sua função missionária com vistas à libertação integral do homem” (Puebla, 697).

patrimônioLUMEN GENTIUM: OS DIÁCONOSEm grau inferior da hierarquia estão os di-

áconos, sobre quem foram impostas as mãos «não em ordem ao sacerdócio mas

ao ministério». Pois que, fortalecidos com a graça sacramental, servem o Povo de Deus em união com o Bispo e o seu presbitério, no ministério da Liturgia, da palavra e da caridade. É próprio do diácono, segundo for cometido pela competente autoridade, administrar solenemente o Batismo, guardar e distribuir a Eucaristia, assistir e abenço-ar o Matrimônio em nome da Igreja, levar o viático

aos moribundos, ler aos fiéis a Sagrada Escritura, instruir e exortar o povo, presidir ao culto e à ora-ção dos fiéis, administrar os sacramentais, dirigir os ritos do funeral e da sepultura. Consagrados aos ofícios da caridade e da administração, lem-brem-se os diáconos da recomendação de S. Po-licarpo: «misericordiosos, diligentes, caminhando na verdade do Senhor, que se fez servo de todos».

Como, porém, estes ofícios, muito necessá-rios para a vida da Igreja na disciplina atual da Igreja latina, dificilmente podem ser exercidos

em muitas regiões, o diaconado poderá ser, para o futuro, restaurado como grau próprio e perma-nente da Hierarquia. Às diversas Conferências episcopais territoriais competentes cabe decidir, com a aprovação do Sumo Pontífice, se e onde é oportuno instituir tais diáconos para a cura das al-mas. Com o consentimento do Romano Pontífice, poderá este diaconado ser conferido a homens de idade madura, mesmo casados, e a jovens idôneos; em relação a estes últimos, porém, per-manece em vigor a lei do celibato.)

hierarquia. São impostas as mãos não para o sa-cerdócio, mas para o mi-nistério. Servem o povo de Deus na diaconia da liturgia, da palavra e da caridade em comunhão com o bispo e o presbi-tério” (29).

Anos mais tarde, após acolher diversos pedidos para a restau-ração do diaconado permanente, em 1967, o Papa Paulo VI promul-gou a carta apostólica Sacrum Diaconatus Or-dinem, que regulamentou a restauração do dia-conado permanente onde o então papa afirmou que cabe “às diversas Conferências Episcopais territoriais competentes decidir, com a aprova-ção do Sumo Pontífice, se e onde é oportuno instituir tais diáconos para a cura de almas, julga-mos, todavia, não só oportuno mas necessário que se publiquem a este respeito normas certas e precisas para adaptar a disciplina em vigor às novas determinações do Concílio Ecumênico, e para definir as justas condições não só para regulamentar da maneira mais conveniente o ministério diaconal, mas também para que a preparação dos candidatos corresponda mais adequadamente às diversas condições da sua vida, às suas tarefas comuns e à sua dignidade sagrada”.

Julio Bendinelli, ao apresentar a carta apos-tólica do Papa Paulo VI, destacou as competên-cias do ministério do diácono permanente que são: “auxiliar o bispo e o presbítero durante as ações litúrgicas; administrar o batismo; conser-

var e distribuir a eucaris-tia; levá-la como viático aos doentes, conceder a bênção eucarística, assistir matrimônios e abençoá-los; administrar sacramentais e presidir aos ritos fúnebres; ler para os fiéis a Escritura, instruir e animar o povo. Presidir cultos e orações na ausência do sacerdo-te; dirigir as celebrações da palavra; exercer, em nome da hierarquia, os deveres da caridade e da administração; con-

duzir, em nome do bispo e presbítero, comuni-dades cristãs dispersas; promover e sustentar as atividades apostólicas dos leigos” (Diaconia da Palavra, 2009, p. 179).

Evidentemente que, para assumir esse mi-nistério na Igreja, será exigido dos candidatos ao diaconado permanente um processo de acompanhamento e discernimento real das intenções do mesmo. As diretrizes para o dia-conado permanente da Igreja no Brasil elucida que o diácono, por estar “inserido nas comple-xas situações humanas, tem um amplo campo de serviço em nosso Continente. Através da vivência da dupla sacramentalidade, a do ma-trimônio e o da Ordem, ele realiza seu serviço, detectando e promovendo líderes, promovendo a corresponsabilidade de todos para uma cultu-ra da reconciliação e da solidariedade, principal-mente nas zonas rurais distantes e nas grandes áreas urbanas” (CNBB 96, 41).

No mesmo documento, a CNBB elucida que para que tal ministério seja exercido com

grandeza, requer-se uma formação integral e exigente dos candidatos. A formação integral compreenderá, também, as dimensões hu-mano-afetiva, intelectual, espiritual e pastoral missionária. Para uma formação da maturidade humano-afetiva do candidato, deve-se “privi-legiar a capacidade de abertura, sentir com o outro; de doação, capacidade de partilha e de relacionamento; o ser flexível, respeitar as dife-renças” (CNBB 96, 150). Já a dimensão intelec-tual deve provocar no candidato alcançar uma melhor “compreensão da realidade humana, interpretando-a à luz da fé e da Palavra de Deus e discernindo as linhas de ação evangelizadora” (CNBB 96, 162).

A formação do diácono também requer uma sólida formação espiritual. Provocar-se-á no candidato uma espiritualidade “centrada e vivi-da na Eucaristia; na vivência dos sacramentos e de toda a liturgia; na leitura orante da Palavra de Deus; na recitação da Liturgia das Horas; na ora-ção pessoal, familiar e contemplativa; no serviço do povo pela caridade pastoral; na orientação espiritual; na partilha comunitária e na comu-nhão eclesial” (CNBB 96, 172).

Também o documento da CNBB 96 eluci-da que a formação deve favorecer a dimensão pastoral, onde o candidato encontre condições para “crescer na assimilação das atitudes de Cristo-Servo; no compromisso pessoal, com o povo de Deus, Bispo e presbitério; na promoção do ecumenismo e diálogo inter-religioso” (CNBB 96, 177) e no acompanhar a formação de novas comunidades eclesiais (DAp 205). Na formação, dar-se-á ênfase especial à dimensão da carida-de e da promoção social, como um dos pilares da organização da Igreja de Jesus Cristo. Desta-car-se-á a Doutrina Social da Igreja e a organiza-ção da caridade, ao nível diocesano e paroquial.

COMUNIDADES EM MISSÃO - IGREJA VIVA | 11

comunicaçõesaniversários junho

agenda pastoral

Natalício14 Padre Sidney da Silva Carvalho15 Padre Adivaldo Antônio Ferreira

2 Reunião do Conselho Diocesano de Pastoral – Guaxupé3 Ultréia do Cursilho Encontro Setorial da Mãe Rainha Encontro dos MECE’s do Setor Alfenas4 – 7 Assembleia CONSER e Encontro Regional dos Coordenadores Diocesanos Pastoral – Caeté8 Solenidade do Sagrado Coração de Jesus Encontro do Clero para Dia de Oração pela Santificação do Clero – Guaxupé8 – 10 Encontro Vocacional no Seminário São José – Guaxupé

19 Padre Wellington Cristian Tavares22 Padre Donizete Miranda Mendes29 Padre Pedro Alcides Sousa

9 Reunião do Conselho Diocesano do ECC – Cássia10 Encontro Setorial da Mãe Rainha – Setor Cássia Encontro dos MECE’s – Setor Poços de Caldas11 Reunião da Pastoral Presbiteral – Guaxupé14 Reunião do Conselho de Formação Presbiteral – Guaxupé16 Reunião dos Conselhos de Pastoral dos Setores (CPS’s)17 Encontro Diocesano para Coordenações Paroquiais de Catequese – Guaxupé23 Reunião da Coordenação Diocesana de CEBs – Nova Resende 27 Encontro com os Presbíteros até 5 anos de ministério

Ordenação 19 Padre Clayton Bueno Mendonça19 Padre Juliano Borges Lima

25 Padre Eder Carlos de Oliveira26 Padre Bruce Éder Nascimento

atos da cúria

missão

Provisões• Nomeação do ecônomo da Diocese de Guaxupé: o revmo. Padre José Augusto da

Silva por um quinquênio a partir de 11 de maio de 2018.• Nomeação do reitor do Seminário Santo Antônio, em Pouso Alegre: o revmo. Padre

Edimar Mendes Xavier.

Envio Missionário• A Diocese de Guaxupé enviou dois presbíteros para servirem à Diocese de São Ga-

briel da Cachoeira (AM). Os padres que estarão servindo em missão serão: padre Antônio Carlos de Melo e padre Heraldo de Freitas Lamim.

Transferências• Padre Dione Romualdo Ferreira Piza assume como administrador paroquial da Paró-

quia São Sebastião, em Juruaia.• Padre Edimar Mendes Xavier assume como administrador paroquial da Paróquia

São Benedito, em Petúnia.

SÃO GABRIEL DA CACHOEIRACom território do tamanho do estado

de São Paulo, a Diocese de São Ga-briel da Cachoeira no estado do Ama-

zonas está no extremo noroeste do país, com 95% da população de origem indígena. São 23 etnias e 18 línguas nativas, entre elas o nheengatu, idioma sancionado pelo Esta-do Brasileiro, ensinado nas escolas e com validade em órgãos e documentos oficiais.

Fundada em 1761 pelo capitão de Por-tugal José da Silva Delgado, São Gabriel da Cachoeira passou pouco mais de dois séculos alheia ao desenvolvimento experi-mentado por outras cidades amazonenses.

A extensão da diocese é de 293 mil km2, para se ter uma ideia a extensão territorial da Diocese de Guaxupé é de 15 mil km2. A área ocupada pela diocese abrange toda a bacia do Rio Negro. A população chega aproximadamente a 100 mil habitantes de maioria católica.

Curiosamente, a diocese é composta por somente 3 municípios: Barcelos, Santa Isabel do Rio Negro e São Gabriel da Ca-choeira. É também nessa região que está cercado pela floresta tropical o Pico da Ne-blina, o pico mais alto do Brasil.

Explicar onde fica é fácil: olhando no mapa do Amazonas, está no extremo no-roeste, no limite com a Colômbia e a Ve-nezuela, às margens da Bacia do Rio Ne-gro. Chegar lá não é tão fácil assim: são 850km de Manaus, viajando de barco três ou quatro dias, de lanchas ou, 4 vezes por semana, com o pequeno avião que parte de Manaus.

Dom Edson Tasquetto Damian, desde 2009, é o bispo de São Gabriel da Cachoei-ra, ex-prelazia apostólica da Amazônia des-de 1925 e diocese desde 1981. A diocese possui 10 paróquias atendidas por sacerdo-tes diocesanos, religiosos e missionários.

12 | JORNAL COMUNHÃO - DIOCESE DE GUAXUPÉ