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FECHAMENTO AUTORIZADO PODE SER ABERTO PELA ECT A Serviço das Comunidades Impresso Especial 9912259129/2005-DR/MG CORREIOS MITRA JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 320 | JULHO DE 2016 “O homem, ser uno, composto de corpo e alma, sintetiza em si mesmo, pela sua natureza corporal, os elementos do mundo material, os quais, por meio dele, atingem a sua máxima elevação e louvam livremente o Criador”. (Gaudium et Spes 14)

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A Serviço das Comunidades

ImpressoEspecial

9912259129/2005-DR/MG

CORREIOSMITRA

JORNAL DA DIOCESE DE GUAXUPÉ | ANO XXXII - 320 | JULHO DE 2016

“O homem, ser uno, composto de corpo e alma, sintetiza em si mesmo, pela sua natureza corporal, os elementos do mundo material, os quais, por meio dele,

atingem a sua máxima elevação e louvam livremente o Criador”.(Gaudium et Spes 14)

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Dom José Lanza Neto

2 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Editorial

A Voz do Pastor

Jornalista responsável ALEXANDRE ANTONIO DE OLIVEIRA - MTB: MG 14.265 JPProjeto grá�co e editoração BANANA, CANELA E DESIGN - bananacanelaedesign.com.br (35) 3713-6160ImpressãoGRÁFICA SÃO SEBASTIÃOTiragem3.950 EXEMPLARES

ExpedienteDiretor geralDOM JOSÉ LANZA NETO EditorSÉRGIO BERNARDES - MTB - MG14.808Equipe responsávelJANE MARTINS e JULIANNE BATISTARevisãoJANE MARTINS

RedaçãoRua Francisco Ribeiro do Vale, 242 – Centro CEP: 37.800-000 – Guaxupé (MG)Telefone(35) 3551.1013E-mail [email protected] Artigos assinados não representam necessariamente a opinião do Jornal.Uma Publicação da Diocese de Guaxupéwww.guaxupe.org.br

Depois de Deus ter criado todas as coisas criou o homem, dando a ele um corpo, soprou sobre este corpo dando alma e espírito diferentemente de todo o mais. O criou à sua imagem e semelhança. Num primeiro momen-to parece existir uma dicotomia corpo e alma, corpo e espírito, quando, na realidade da criação, Deus constituiu o homem-ser humano numa unidade. Para muitos ainda prevalece o enten-dimento de que o corpo é algo infe-rior - só matéria para receber a alma e o espírito. Deus nos quer por inteiro: corpo-alma-espírito.

O corpo fala e fala da sua beleza e grandeza naquilo que é constituí-

do. Gostar do seu corpo é gostar de si mesmo. Diz a Bíblia que ninguém despreza a própria carne - seu corpo, ao contrário, cuida e nutre-o. O cor-po fala do nosso interior, dos nossos sentimentos, das nossas emoções, do nosso grande desejo de construir bem a vida.

Podemos ter diferentes maneiras de concebermos o corpo colocando--o num pedestal a tal ponto de ser até cultuado, buscado e desejado como expressão máxima da beleza e da vida ou desprezarmos colocando-o como uma segunda ou terceira cate-goria diante da vida e dos valores.

Nos dias de hoje se dá muito va-

lor ao corpo em todas as idades e até mesmo na morte se faz uma maquia-gem para parecer tudo muito bonito e natural. Quanto se gasta na questão do embelezamento do corpo! O sur-gimento das grandes empresas é pro-va do que estamos falando.

Queremos tudo muito bonito e isso é necessário para o nosso bem--estar e harmonia das coisas. Quem é que não gosta do belo e do que fas-cina? Estamos vivendo a cultura do descartável e é preciso muita atenção quanto ao corpo para que seja respei-tado. Muitas questões são levantadas como: mutilações, vendas, abortos, migrações, exploração sexual, escra-

vidão, pobreza e tantos outros des-respeitos em relação ao corpo em que muitos são tratados como coisas e objetos.

São Paulo Apóstolo afirma que nosso corpo pertence ao Senhor, com ele devemos buscar e louvar a Deus e, por último, na ressurreição, nos fala de um corpo pneumático: transfigu-rado, iluminado e transformado.

Demos ao nosso corpo o valor que ele tem, nem mais nem menos. Cada qual com seu corpo embeleza a vida, assim como cada planta ou flor embe-leza a natureza a seu modo.

Deus seja louvado em nosso cor-po, sua santa morada!

Nesta edição, o Jornal Comunhão se dedica a compreender o valor funda-mental do corpo humano, afastando-se da perspectiva biologicista de alguns grupos que negam o valor do sentido transcendente dessa dimensão huma-na; assim como da tendência de outras correntes, inclusive intra-eclesiais, que se condicionam a uma experiência es-tritamente espiritual, como se fosse possível abandonar a corporeidade e a existência histórica no processo de fé.

A humanidade, e junto dela a co-munidade cristã, vai se perfazendo ao longo da história, respondendo a seu modo ao projeto divino, que tem como meta a realização da dignidade humana. Entretanto, os tempos atuais exigem dos cristãos uma compreensão profunda de aspectos inerentes à tradi-ção católica. Diante de transformações

sociais, é cada vez mais exigente man-ter-se coerente com os desdobramen-tos da fé e as situações de hoje, como a autonomia absoluta do corpo e a luta pela legitimidade de ações contra a vida. São casos variados e complexos, entre eles: a liberação total do aborto, as transformações corporais de gênero e, também, as intervenções estéticas intermináveis, além do caso de pacien-tes terminais etc.

Por isso, a reflexão contribui para instigar os cristãos sobre os temas de-licados e, que muitas das vezes, ficam sem uma resposta satisfatória. Entre es-ses debates está o sofrimento humano que ganha contornos no mistério re-dentor de Cristo. Uma reportagem es-pecial traz uma síntese do pensamento moral da Igreja nos últimos anos e o leitor poderá perceber os fundamen-

“O corpo humano não é redutível a um mero objeto que pode ser estudado exaustivamente pelas ciências, precisamente porque é corpo humano. A pessoa

humana é corpórea e, assim, o corpo humano não deve ser considerado um mero instrumento da alma, como queria o platonismo; também não é pura exterioridade,

como afirmava o dualismo cartesiano. A corporeidade é uma dimensão da pessoa humana, do ‘eu’ humano. De fato, é a pessoa humana quem experimenta como

próprios a dor ou o prazer bem como as outras atividades do corpo”.Alfonso García Rubio

tos principais que embasam a postura eclesial na área da Bioética.

Estabelecendo um diálogo entre fé e saúde, estreia como articulista a médica e professora Gabriela Itagiba Aguiar Vieira, que destaca a relevância da fé no desenvolvimento do proces-so terapêutico nos pacientes. O padre José Luiz Gonzaga do Prado apresenta um panorama bíblico, no qual destaca as características peculiares aos dois testamentos, concluindo seu itinerário com a analogia paulina da Igreja como Corpo de Cristo.

A edição traz ainda um artigo sobre a dignidade do corpo humano, refleti-da sob a autoria marcante de padre Gil-vair Messias, editor deste periódico por alguns anos e que atualmente reside em Roma.

Dignidade do corpo e da vida humana

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3JULHO/2016

Opinião

A face do corpoO tema corporeidade

e teologia é instigante e amplo. Com o advento da pós-modernidade, tornou--se uma preocupação. Se no passado vigorou-se uma “espiritolatria”, como culto ao espírito desencarnado, hoje se vê uma “corpolatria”, o culto ao corpo sem espí-rito e significado antropoló-gico.

O corpo é um micro-cosmo, ou um pequeno mundo, no qual ocorrem transformações naturais, culturais, sociológicas e relacionais. Ele é o experi-mento imediato de todas as coisas, é uma leitura da realidade. Interessante é notar que o corpo, com os componentes que lhe são agregados, já é uma mos-tra evidente do que somos e a que grupo sociocultural pertencemos.

Um olhar sobre o corpo

Cada tempo e cada cultura lidam com o corpo de uma maneira. Desde o corpo do sacrifício ao corpo do espetá-culo, o corpo do escravo ao corpo ab-solutizado dos reis, os corpos postos ao esquecimento nas fogueiras e nos cam-pos de concentração ao corpo embalsa-mado e perenizado nas tumbas, o corpo silenciado pela tortura e pela censura ao corpo dono da ideologia controladora das mentes, o corpo faminto e miserá-vel ao corpo farto e supérfluo, o corpo nu e esfarrapado ao corpo bem vestido e “vitrinizado” pelos padrões da moda, o corpo do mártir ao corpo da violência, o corpo da autoflagelação ao corpo pro-duto de consumo, o corpo violentado ao corpo embalagem do mercado. São incontáveis contrastes sobre a corporei-dade e todos apresentam um mundo de profundas mudanças. Por isso, o corpo faz história e é história.

Entretanto, o corpo, na arte, é reve-lação que cultua a beleza e descreve uma percepção social. As formas físicas expressam diversas concepções e ideais. Se, de um lado, temos a beleza teológica na arte de Michelangelo, de outro, em uma época diversa, temos uma crítica social aos corpos sofridos dos trabalha-dores nas obras de Candido Portinari. A corporeidade na arte cristã é uma verda-deira catequese. Se vemos ainda obras de Caravaggio ou de Giotto, teremos em cada detalhe físico uma revelação simbólico-teológica. O papa João Pau-lo II chegou a dizer em suas catequeses sobre a corporeidade, por exemplo, que “a Capela Sistina é um santuário da teo-logia do corpo humano”.

O corpo como lugar teológico: Deus se fez carne...

Somos ainda marcados por um con-ceito muito espiritual da salvação. Pen-samos pouco que somos filhos da terra, todavia o próprio Logos Divino uniu-se à carne. A realidade corpórea ocupa toda a economia salvífica. Na encarna-ção, a terra ganhou o peso de Deus. As vias divinas sempre desembocam na corporeidade. Deus quis fazer da carne e da terra o seu sacramento vivo, a ma-téria de sua autorevelação. A salvação é encarnada.

O cristianismo é a religião que mais valoriza a corporeidade humana. Sua fé é comunicada na carne. Se já no judaís-mo o corpo era um lugar de memória e promessa divina, para o cristianismo não há salvação fora do corpo. Para isto, basta recordar as premissas evan-gélicas: “eu tive fome e me destes de comer, eu tive sede...” (Mt 25, 35-36).

O corpo é, no cristianismo, lugar de conhecimento espiritual. Nascendo, morrendo e ressurgindo no corpo e es-colhendo os elementos “pão e vinho” para memória de sua corporeidade, Je-sus santificou o homem e a terra e ensi-nou-lhes o seu destino. As cavidades do útero de Maria guardaram as paredes do templo de Deus. E a Igreja, o novo templo de Cristo elevado, tornou-se o útero que faz nascer novos cristãos. Or-dinariamente as igrejas antigas foram construídas em forma de corpo ou de cruz (o crucificado). Em algumas, no lado direito estava a fonte batismal, o lado aberto do corpo de Cristo que jor-ra a vida eterna. E no centro superior, região do rosto, celebrava-se a Eucaris-tia e a Palavra, os lábios do Cristo que proveem o alimento. No centro, o co-ração, estava a assembleia, o povo reu-

nido no amor. Os corpos congregados no corpo da Igreja se fazem o material humano para o corpo de Deus. A Igreja assumiu em seus espaços a exposição de um corpo crucificado que perpetua-ria no imaginário cristão. Porquanto, no corpo Dele a humanidade se reinter-preta e se ressignifica cotidianamente.

Jesus mesmo declarou que a lam-parina do corpo são os olhos (Mt 6,22). E Goethe, na doutrina das Cores, refe-re-se ao olho como o órgão que a luz mesma produziu como sua semelhan-ça. Em outras palavras, a beleza passa pela carne e se expressa na carne, o que evoca que o homem é o que seu corpo vê e discerne. “Fitando-o, Jesus o amou” (Mc 10, 21). O corpo de Jesus tornou--se a escolha de seus olhos. Dos olhos às vísceras, pelos canais da compaixão. Pedagogicamente, Jesus tomou sobre seus ombros os tantos corpos das pe-riferias dos caminhos e foi assemelhan-do-se a cada um. No alto da cruz, o cor-po de Jesus era o corpo da humanidade de todos quantos ele havia fitado pela estrada até ao calvário.

Não é o pecado a consequência de ser corpóreo, mas a santificação. Há na matéria uma vocação espiritual, trans-cendente. A santidade não é uma fuga do corpo, mas elevação à sua dignida-de e o esforço contínuo de descobrir-se nas incontáveis possibilidades de ser virtuoso e belo. No corpo é que Jesus mantém-se obediente ao Pai. O corpo é um lugar de resistência e de profecia.

Creio na ressurreição da carne

A graça cristã não é restrita aos limi-tes de uma interioridade puritana, que não salva e que negligencia a obra final da criação. Para que serve uma espiri-tualidade desencarnada? É insossa, não

tempera o solo, a terra hu-mana. Não é possível fugir do corpo aprisionando-o em uma “torre espiritua-lística”. O corpo não é uma construção provisória a ser demolida. Não é algo opos-to ou diverso à alma como se prega no platonismo. É no corpo que Deus gera a eternidade. É no invólucro humano que Deus uniu-se à carne e, após a espera, deu à luz o Verbo da Vida e raiou a ressurreição e a eter-nidade. No corpo encontra--se o homem inteiro, a sua profundidade e expressão interior.

Com o capital terreno, Deus inaugurou o céu, que é a glorificação definitiva da terra e do corpo. A glo-rificação consiste no reves-timento que Deus fará em cada um. “É necessário ain-

da que este corpo mortal se revista de imortalidade” (1 Cor 15, 50-53). O corpo é acima de tudo um lugar escatológi-co, no qual as últimas maravilhas ainda serão realizadas. Ou seja, ele ainda não está pronto nos planos divinos. Há um acabamento que pertence ao mistério e às surpresas futuras de Deus.

O corpo não é uma parte do ho-mem, é o homem. E o espírito é todo o homem corpóreo, enquanto ordena-do a Deus. Na concepção hebraica, no corpo é que ocorre a epifania do mis-tério. Cântico dos Cânticos é uma bela ilustração. Na degustação amorosa dos sentidos, homem e mulher se desco-brem uma “faísca de Iahweh”. O corpo é espaço das delícias de Deus, realização do paraíso, fragmento da eternidade, local teofânico. Na sensorialidade da carne, os amantes desvendam sutilezas como se passeassem pelo Jardim do Éden ou pelos auspícios da eternidade. A contemplação corpórea eleva-os a Deus. Na leitura antropológica hebrai-ca, o conhecimento se dá pelo toque, pela experiência carnal da relação.

Conhecer o corpo como lugar da revelação de Deus e de autoconhe-cimento é um desafio... Geralmente, procuramos os sinais de Deus fora de nossos espaços corpóreos. Aceitar pro-gressivamente no corpo os seus pró-prios limites e sua natureza é o primeiro lugar para conhecer e aceitar os outros. Nele se realiza o grande amém da vida, no qual se professa o amor e a fé e se autodetermina a enfrentar os sacrifícios existenciais. É no corpo histórico que renovamos o mundo e o preparamos para a eternidade.

Por padre Gilvair Messias, faz mestrado em Teologia pela Pontifícia Universidade Gre-goriana de Roma, reside em Roma - Itália

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4 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Realizado nos dias 3 e 4 de julho, o Congresso Diocesano do Ministério de Pregação reuniu cerca de 400 pessoas interessadas em conhecer mais e reno-var o seu chamado neste ministério. O evento, organizado pela Renovação Carismática Católica, aconteceu no Sa-lão Paroquial da Paróquia Santa Rita de Cássia, em Nova Resende/MG.

Na manhã do sábado (3), os prega-dores vindos dos Grupos de Oração dos sete setores pastorais da Diocese de Guaxupé foram acolhidos pelo co-ordenador diocesano do ministério, Re-nato dos Reis, com um café da manhã e momentos de animação e oração. Na sequência, a vice-coordenadora da RCC na diocese, Rosemary Castro, conduziu um momento mariano.

Entre os legados mais concretos dei-xados pela Campanha da Fraternidade de cada ano, de forma destacada, está o investimento em projetos através do Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS). Os recursos disponíveis são uma parcela das doações realizadas no Domingo de Ramos em todas as paróquias do Brasil.

No intuito de concretizar a temáti-ca deste ano, Casa comum: nossa res-ponsabilidade, a Diocese de Guaxupé iniciou o processo de inscrição dos projetos que serão apoiados financei-

Foi realizado entre os dias 10 e 12 de junho, o primeiro encontro vocacional de 2016. O evento reuniu, no Seminário Diocesano São José, em Guaxupé, 48 jovens acompanhados pelo Serviço de Animação Vocacional (SAV).

Na sexta, após recepção e dinâmica de apresentação, os participantes e os seminaristas do Propedêutico se colo-caram em oração diante do Santíssimo Sacramento. No sábado, após a oração da manhã e o café, iniciaram-se as pa-lestras. A primeira foi proferida pelo ca-sal passense Kelly e Gilmar, abordando o tema O valor da família; após a par-tilha dos seminaristas, o formador do Seminário São José, o diácono Leandro Melo, abordou o tema O jovem voca-cionado ao sacerdócio à luz da ‘Regra

As formações, realizadas ao longo dos dois dias, foram conduzidas por Renato Alves, atual coordenador do Mi-nistério de Pregação da RCC Minas Ge-rais, e Lázaro Praxedes, que é membro do núcleo nacional do ministério.

O participante Mario, do Setor Poços de Caldas, comentou que o congresso foi uma maravilha. “Tivemos pregações muito boas, direcionadas ao que eu precisava ouvir. Foram momentos de muita motivação e reabastecimento. Agradeço a Deus por esse encontro”, destacou. O Congresso foi encerrado com a Santa Missa, celebrada pelos pa-dres Heraldo Lamin, de Petúnia, e Ales-sandro Oliveira, de Itaú de Minas.

Por Ministério de Comunicação - RCC

ramente pelo FDS.Os interessados deverão inscrever-

-se com o preenchimento do formulá-rio, disponível no site guaxupe.org.br, e posterior envio para a Cúria Diocesana até 20 de julho deste ano. A partir dessa data, os projetos serão analisados por uma comissão que priorizará os proje-tos consonantes com a CFE 2016, con-forme a realidade e a necessidade das comunidades, abrangendo todos os setores da Diocese.

Da Redação

Pastoral’ de São Gregório Magno. Ao meio-dia, antes do almoço, todos se reuniram para uma oração com temá-tica mariana.

No decorrer do encontro, houve ain-da explanações, entre outros assuntos, sobre vocação, convivência e tempo de acompanhamento. Os jovens participa-ram ainda de uma dinâmica vocacional iluminada pelo exemplo de alguns san-tos e beatos.

Atualmente, a Diocese de Guaxupé realiza três encontros anuais com jo-vens vocacionados ao sacerdócio, mas cada um deles com realidade e objetivo diferentes, sempre no intuito de provo-car uma profunda reflexão nos partici-pantes..

Por Dione Piza, estagiário pastoral

Notícias

Congresso reúne cerca de 400 pregadores em Nova Resende

Fundo de Solidariedade oferece recursos para projetos na região

Diocese de Guaxupé promove primeiro Encontro Vocacional de 2016

Intimidade com a Bíblia é um dos pilares da pregação, segundo assessor do encontro

Foto: Ministério de Comunicação - RCC

Foto: Equipe de Comunicação – Seminário São José

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5JULHO/2016

De 6 a 9 de junho, os bispos e os coor-denadores de pastoral das dioceses per-tencentes ao regional Leste 2 da Conferên-cia Nacional dos Bispos do Brasil estiveram reunidos na Assembleia do Conselho Episcopal de Pastoral, realizada conjunta-mente com o Encontro Regional dos Coor-denadores Diocesanos de Pastoral. Nessa edição, esteve presente o núncio apostóli-co no Brasil, dom Giovanni d’Aniello.

De acordo com o coordenador dioce-sano de pastoral da Diocese de Guaxupé, padre Henrique Neveston, que acompa-nhou dom José Lanza no evento, um dos temas mais debatidos foi a questão da mineração, uma das prioridades de ação definidas no encontro do ano passado que coincidiu com o rompimento da bar-ragem em Mariana.

Para oferecer um teor técnico às re-flexões dos participantes, um grupo de

Esse versículo da carta de São Paulo aos Efésios (3, 8) foi o tema escolhido pelo atual diácono da Diocese de Guaxupé, Le-

Proporcionar caminhos e propostas à caminhada catequética a partir dos an-seios dos catequistas de toda a Diocese. Esse foi o objetivo do Encontro Diocesano de Catequistas, realizado no dia 19 de ju-nho, na Cúria Diocesana, em Guaxupé. Por meio de uma pesquisa, realizada no ano passado e que ouviu catequistas de todas as paróquias, a coordenação diocesana de Catequese pôde priorizar temáticas mais urgentes às necessidades das realidades paroquiais.

Os assuntos mais difíceis para aborda-gem nos encontros, principalmente com jovens, foram a Afetividade e a Sexuali-dade, de acordo com dados levantados. Para oportunizar uma formação propícia para 175 coordenadores paroquiais de Ca-tequese, o encontro contou com a asses-soria do irmão César Pereira, religioso dos Irmãos do Sagrado Coração.

O assessor destacou a importância da diocese incentivar a formação e a reflexão

pesquisadores da PUC Minas partilhou o resultado de um estudo sobre os impac-tos ambientais e socioculturais do desas-tre. “Através de fotos e relatórios de perícia, eles apontaram os danos ao patrimônio ambiental, histórico e às pessoas. Tudo isso levará centenas de anos para se re-compor. Esse estudo considerou as pes-soas atingidas numa perspectiva bastante séria”, avaliou padre Henrique.

Numa reunião por províncias ecle-siásticas, os bispos e coordenadores de pastoral fizeram uma avaliação dos da-dos levantados pelos técnicos e de suas realidades, destacando alguns problemas peculiares: pedreiras, exploração de água mineral na Diocese da Campanha por grandes empresas, localização da represa de Furnas na região, exploração mineral na Diocese de Guaxupé, em cidades como Itaú de Minas, Fortaleza de Minas e Poços

Bispo e padre participam de Assembleia do Conselho Episcopal de Pastoral

Ordenação Diaconal : “Para anunciar a insondável riqueza de Cristo”

Encontro de Catequese propicia formação sobre afetividade e sexualidade

Dom Lanza e padre Henrique se encontram com núncio apostólico (ao centro)

Foto: Padre Henrique Neveston

Foto: Mariangela Queiroz

Foto: Lázara Assunção

de Caldas. A partir dessa análise conjunta, foi proposta a produção de um material informativo sobre uma economia susten-tável que considere o impacto ambiental

das atividades econômicas, inclusive a ca-feicultura, com a utilização de agrotóxicos nas lavouras.

Da Redação

andro José de Melo. “Uma ordenação não é uma festa apenas para o can-didato que se consagra, mas para toda a Igreja”, afirmou o diácono em entrevista antes de sua ordenação, no dia 17 de junho, pela imposição das mãos de dom José Lanza Neto, bispo diocesano. A celebração eucarística foi realizada na Paróquia São João Bosco, em Poços de Caldas. Estiveram presen-tes mais de trinta padres,

além de inúmeros fiéis das comunidades onde o diácono atuou pastoralmente.

Natural de Campestre, o novo diácono tem 29 anos e está em sua caminhada vo-cacional há 15 anos. Em 2001, ingressou no Seminário Menor dos Redentoristas em Aparecida (SP). Após três anos de vida religiosa, Leandro retornou à sua cidade natal e deu início ao acompanhamento vocacional em sua diocese de origem. No ano de 2007, ingressou no Seminário Dio-cesano São José, em Guaxupé. Após qua-tro anos, mudou-se para o Seminário Dio-cesano Santo Antônio, em Pouso Alegre, onde realizou seus estudos de Teologia. Atualmente, trabalha na formação dos se-minaristas do Propedêutico, em Guaxupé.

“Confesso que estou com o coração vi-brando de alegria, pois com a ordenação diaconal faço a minha consagração a Deus

e ao serviço do seu Reino. É mais uma gra-ça que se realiza em minha vida. Desde criança, desejo ser padre e o diaconato é mais um passo rumo a esta missão que é divina”, comentou o diácono Leandro.

Ao refletir sobre o tema escolhido pelo ordenado, “Para anunciar a insondável ri-queza de Cristo” (Ef. 3,8), dom José Lanza disse em sua homilia: “Com esse momento você está dizendo para Jesus: ‘pode contar comigo’. Estou pronto para anunciar sua insondável riqueza”. “Em todo o meu pro-cesso formativo quem me sustentou e me segurou foi o Senhor”, afirmou o diácono Leandro em seu agradecimento final, des-tacando a figura de Maria de Nazaré em sua vocação.

Por Luiz Fernando Gomes

nessas áreas. “É viável a Diocese de Guaxu-pé ter escolhido esses temas, a partir dos clamores dos próprios catequistas, para que eles possam se debruçar sobre si e se reconhecer como obra e projeto de Deus. Assim, [eles] podem responder aos cate-quizandos com muita maturidade sobre as questões, que às vezes causam estra-nheza, e isso vai ter um impacto na vida de fé, porque um ser humano livre é um cristão livre”.

A opção por um encontro voltado aos coordenadores paroquiais, de acordo com o coordenador diocesano da catequese, Edon Fonseca, não é aleatória. “Além da importância do encontro dos catequistas por si, essa formação proporciona ao coor-denador condições de passar para os seus catequistas”.

Essa partilha de conteúdos e experi-ências foi o que destacou o assessor dio-cesano, padre Luciano Campos Cabral,

ao justificar a importância do encontro. “Quando nós não cuidamos da formação do catequista, estamos correndo um sério risco de comprometer a qualidade do tra-balho realizado na catequese de nossas paróquias. Apresentando essa temática, os catequistas têm meios para melhorar qualitativamente a abordagem desse as-sunto tão importante na vida dos jovens, adolescentes e de todos nós”.

De acordo com o irmão César, a difi-culdade em lidar com este assunto, sexu-alidade e afetividade, vem justamente de uma fragilidade na formação humana de muitos daqueles que trabalham com ca-tequese. “Acredito que a temática é perti-nente, pois são dimensões que compõem e formam o ser humano na sua totalidade. Se a Igreja deseja que a sua pastoral seja eficaz, neste caso a pastoral catequética, precisa de homens e mulheres integra-dos”, concluiu o assessor do encontro.

Da Redação

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6 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Reportagem

Os últimos tempos, especialmente os dois últimos séculos, têm sido palco de profundas transformações no mun-do, de ordem cultural, social-econô-mico, científico e tecnológico. Em um primeiro olhar, tais mudanças configu-ram-se como avanços e conquistas, que são geradores de um relativo conforto e bem-estar. Vários setores da socieda-de ratificam este progresso, tais como a promoção e valorização da mulher e de minorias étnicas, o apelo ecológico crescente, a consciência dos direitos básicos do ser humano, entre outros (cf. CNBB, doc. 102, n. 19). As técnicas científicas também têm se aprimorado em uma velocidade vertiginosa, trazen-do soluções para problemas que, até há pouco tempo, a medicina não dava conta de responder. É plausível, contu-do, que em meio a tantos passos dados, haja a pergunta se deve existir um dire-cionamento, ou ainda alguma fronteira a ser evitada, de modo que os avanços científico-tecnológicos realmente tra-gam o crescimento para a humanidade.

Uma vez que se valoriza e se incen-tiva o progresso científico, é necessá-rio atentar-se para o fato de que nem a ciência dá conta de resolver tudo sozinha, e de que técnicas avançadas não são suficientes para se resolver as situações desoladoras do mundo. Bas-ta notar que as tecnologias na área da produção de alimentos, como produ-tos transgênicos, resistentes a pragas e que produzam em maior quantidade do que alimentos não modificados, não

Igreja, Ser Humano e Bioética: Sim ou Não?

foram capazes ainda de resolver o gra-ve problema da fome mundial. Dados de 2015 das Organizações das Nações Unidas (ONU) afirmam que, apesar de a produção alimentar estar subindo proporcionalmente superior ao cres-cimento da população, cerca de 795 milhões de pessoas passam fome no mundo (http://www.wfp.org/hunger/stats). Existe grande incoerência, por-tanto. Este dado leva a entender que os avanços tecnológicos não devem estar isolados e muito menos diviniza-dos como único caminho de solução para as dificuldades humanas. É preci-so algo que auxilie a ciência a fazer sua autocrítica, de modo que os progressos tecnológicos tragam benefícios para a humanidade toda, e não para uma par-te privilegiada dela.

Neste contexto insere-se a Bioética. Segundo o moralista Marciano Vidal, a bioética pode ser definida como “o es-tudo sistemático da conduta humana na área das ciências da vida e do cui-dado da saúde, enquanto tal conduta é examinada à luz dos valores e dos prin-cípios morais” (Moral cristã em tempos de relativismos e fundamentalismos, 2010). Em outras palavras, trata-se de uma disciplina auxiliar às ciências e à tecnologia, que busca dotar as técnicas de aspectos morais e éticos, a fim de que elas não descuidem do valor e da dignidade de cada ser humano. Embo-ra o termo “bioética” tenha aparecido nos meios científicos apenas em 1971, seus conteúdos e preocupações são

bem anteriores. Inserem-se na Bioética diversos aspectos morais, alguns carre-gados de polêmica e divergências de opiniões, como as questões do aborto, eutanásia, processos artificiais de re-produção, uso terapêutico de embriões humanos.

A Igreja, como grande defensora da vida e promotora da dignidade hu-mana, também atua na área da ética biológica. Inúmeras são as declarações do magistério eclesiástico acerca do assunto. Na realidade, desde a Dida-qué, documento do primeiro século cristão conhecido como “Instrução dos Doze Apóstolos”, a Igreja afirma sua tu-tela em favor dos indefesos. Lê-se no número 2.2 do documento patrístico: “Não mate a criança no seio de sua mãe e nem depois que ela tenha nascido”. Mais recentemente, contudo, a Igreja percebeu a necessidade de se posicio-nar mais claramente diante de todos os avanços científicos alcançados e diante da relativização dada à vida humana. Os posicionamentos oficiais são conhe-cidos amplamente, e alvos de inúmeras críticas. É quase que um chavão atribuir a qualidade de retrógrada à Igreja, por se posicionar contrária ao aborto, téc-nicas de fertilização artificial, eutanásia e demais pontos conflituosos na rela-ção bioética. Há poucos meses foi vei-culado na internet um vídeo intitulado “Meu corpo, minhas regras”, no qual ar-tistas defendiam abertamente o direito ao aborto legalizado, com uma crítica ao discurso religioso. No vídeo dá-se a

entender que o posicionamento proibi-tivo da maioria das religiões não refle-te a realidade da opinião das pessoas. Contudo, este foi um dos vídeos que mais recebeu qualificações negativas no ano de 2015. Cabe perguntar se o ensinamento religioso realmente está defasado ou ainda permanece como sendo uma luz norteadora para o mun-do.

Neste sentido, é costume aparecer durante o debate bioético a afirmação da laicidade do Estado, e que, portan-to, as comunidades religiosas deveriam ficar caladas e presas em seus templos. Entretanto, a laicidade do Estado quer exprimir tão somente a neutralidade do mesmo diante de todas as religiões, e não a reclusão e afastamento delas no debate sociopolítico. Na realidade, a sociedade está impregnada de va-lores religiosos e a presença de “uma teologia de diálogo e discernimento pode assumir no debate bioético um papel de iluminadora de valores e es-timulante utópico de metas” (Marciano Vidal). Uma sociedade que pretende ser democrática e dar voz a todos deve ouvir necessariamente também a pala-vra dos religiosos. Estes, porém, devem estar imbuídos de postura dialogante, discente e discernidora: que conhece a realidade, mas não deixa de anunciar valores que escapam aos sentidos tão somente. Fé teológica e razão científica podem, assim, caminhar juntos, a fim de buscar uma plena realização para a vida e a atividade humanas.

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7JULHO/2016

De fato, a Igreja entende que toda atividade humana, aqui inclusas as técnicas científicas, partem do homem para retornar para ele mesmo, ou seja, trazer seu crescimento e realização, e não simplesmente um conforto efême-ro e anestesiante. Assim, “tudo o que os homens podem fazer para alcançar maior justiça, mais ampla fraternidade e uma organização mais humana nas relações sociais ultrapassa o valor do progresso técnico”, como afirma a Gau-dium et Spes (GS 35). O discurso ecle-sial sobre os avanços das tecnologias insere-se neste limiar. Antes de se olhar para o que as possibilidades técnicas permitem fazer, deve-se atentar para a validade moral do processo, cuidando--se para não ferir a dignidade humana. Insiste a Igreja que o corpo humano é sempre um bem valioso, e não um meio para se atingir algum fim, ainda que útil. O valor individual e inerente do corpo humano leva a entender que o mesmo nunca deve ser relativizado ou instrumentalizado (CNBB, Estudos 98, p. 21). Em outras palavras, mais do que contrária à ciência, a Igreja é a favor da vida humana.

Nesta perspectiva é que se podem compreender os posicionamentos con-trários da Igreja diante de técnicas e práticas que não somente relativizam o valor intrínseco de cada ser humano, como também chegam ao limite de passar por cima da dignidade do corpo e da vida humana. Justamente por en-xergar em cada ser humano uma obra querida e um filho amado de Deus, des-de um simples embrião até um idoso acamado e inconsciente, é que a Igreja insiste na defesa da vida. Nos últimos cinquenta anos a Igreja tem manifesta-do mais veementemente sua posição em relação às técnicas que denigrem o ser humano. Em 1968, o papa Paulo VI escreveu a encíclica Humanae Vitae (HV), sobre a regulação da natalidade. No documento, o pontífice convida a lançar o olhar sobre métodos anticon-cepcionais artificiais e o aborto para além da ordem biológica, psicológica ou sociológica, para procurar valores sobrenaturais e eternos. Paulo VI con-vida, assim, os esposos a respeitar a lei natural e a dupla finalidade do ma-trimônio, a união e a procriação. Neste sentido, “é absolutamente de excluir, (...) o aborto querido diretamente e procurado, (...) e de igual modo, como o Magistério da Igreja repetidamente declarou, a esterilização direta, quer perpétua quer temporária, tanto do ho-mem como da mulher” (HV 14). Nota-se que o respeito ao corpo humano e aos processos naturais da vida é o escopo da afirmação papal.

A Igreja é anunciadora e continua-dora da missão de Jesus Cristo. O centro desta sua missão é trazer a vida plena

para o ser humano (cf. Jo 10,10). É aco-lhê-lo em suas idiossincrasias, salvá-lo de suas mazelas e incoerências e levá--lo à realização plena e última. O evan-gelho de Jesus é o evangelho da vida. Esta é a expressão chave da encíclica homônima de João Paulo II, lançada em 1995. Na Evangelium Vitae (EV), o pontífice aborda temáticas da Bioética, retomando o aborto e incluindo a euta-násia. O papa polonês denuncia a “cul-tura de morte” em que alguns setores do mundo estão imersos, reafirmando que a “vida humana, dom precioso de Deus, é sagrada e inviolável, e, por isso mesmo, o aborto provocado e a euta-násia são absolutamente inaceitáveis; a

vida do homem não apenas não deve ser eliminada, mas há de ser protegida com toda a atenção e carinho” (EV 81). O Sumo Pontífice João Paulo II lança mão da máxima de Santo Agostinho: “Nunca é lícito matar o outro: ainda que ele o quisesse, mesmo se ele o pedisse”. Com isso, compreende-se que a vida é um mistério, que ultrapassa as barreiras dos sentidos físicos e biológicos. O ho-mem é mais do que um amontoado de células. É um ser, uma pessoa, em ato ou em potência, que possui um corpo físico e uma alma transcendente úni-cos e, por isso, valiosos. A Igreja, na fala de João Paulo II, compreende-se como Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37), que

cuida daqueles que são excluídos e não têm capacidade de se defenderem so-zinhos.

Deste modo, a Igreja declara que deve haver dois compromissos em re-lação ao homem, segundo a Instrução Dignitas Personae (DP), da Congrega-ção para a doutrina da fé. Às ciências biomédicas a Igreja recorda o com-promisso ético que deve existir de sua parte, tanto em relação ao respeito in-condicional devido a cada ser humano quanto à especificidade dos atos que transmitem a vida. A si mesma outor-ga o compromisso de ser formadora das consciências, ensinando a verdade que é o próprio Cristo e confirmando os princípios morais que emanam da pró-pria natureza humana (cf. DP 10). A Dig-nitas Personae, promulgada em 2008, é o documento sobre bioética mais re-cente do magistério eclesiástico. Nela, a Igreja re-avalia as mais novas técnicas de procriação, examinando uma a uma. Mantém seu veto a técnicas que não respeitam alguns bens fundamentais, como “o direito à vida e à integridade física de cada ser humano, desde a con-cepção até à morte natural; a unidade do matrimônio, que comporta o recí-proco respeito do direito dos cônjuges a tornarem-se pai e mãe somente um através do outro; e os valores especifi-camente humanos da sexualidade, que exigem que a procriação de uma pessoa humana deva ser buscada como o fru-to do ato conjugal específico do amor entre os esposos” (DP 12). Entretanto, as intervenções que buscam apenas re-mover as barreiras que impedem à fer-tilidade natural, como cura hormonal de infertilidade, entre outras técnicas, são lícitas e valorizadas (DP 13).

Diante dessa exposição, compreen-de-se que para o discurso teológico não se trata simplesmente de proibir esta ou outra prática. A Igreja deseja a vida para seus filhos, a vida plena de Jesus. “A Igreja ama todos os seus filhos como uma mãe amorosa, mas cuida de todos e protege com um carinho especial aqueles que são menores e indefesos”, para se utilizar as mais recentes pala-vras do papa Francisco (Carta apostó-lica “Como uma mãe amorosa”). Como uma mãe amorosa, a Igreja sabe que tem o dever de ensinar, acompanhar e conscientizar seus filhos a respeito da-quilo que lhes pode afetar e diminuir a dignidade. Não se trata, pois, de dizer sim ou não para a ciência, ou para téc-nicas diversas; trata-se de zelar e cuidar da vida do ser humano, em todos os seus estágios. Valorizar o que traz cres-cimento ao homem, denunciar o que o denigre. Para a dignidade da vida e do corpo humano, a palavra da Igreja será sempre SIM.

Por Vinícius Pereira Silva,estagiário pastoral

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8 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Ano da Misericórdia

Pastoral da Saúde: da visita solidária ao enfermo à efetivação de uma saúde igualitária“Os evangelhos atestam amplamente quanto o próprio Senhor se empenhou em cuidar corporalmente e espiritualmente dos enfermos, ordenando aos fiéis que fizessem o mesmo”. (Ritual da Unção dos Enfermos e sua Assistência Pastoral, n.5)

Em maio deste ano, durante a 22ª Conferência Mundial de Promoção da Saúde, realizada em Curitiba (PR), o re-presentante da Organização Pan-Ame-ricana da Saúde (OPAS/OMS), Joaquín Molina, destacou a importância em concretizar uma saúde pública que, de fato, atenda a toda a população. Pois, de acordo com Molina, em todos os pa-íses e territórios das Américas, os mais ricos têm maior expectativa de vida e usufruem de melhor saúde que os me-nos favorecidos. “Isso é injusto. E alguns grupos ainda enfrentam diferentes for-mas de desigualdade, que podem so-brepor-se à posição e à condição eco-nômica, como as relacionadas ao sexo e à etnia”.

É na busca de equidade e justiça que se inserem as atividades da Pas-toral da Saúde que, com seu trabalho, realiza uma das Obras de Misericórdia, visitar os enfermos. Porém, a ação dos agentes não se esgota nesse exercício de caridade, articula-se em três dimen-sões centrais: solidária, comunitária e político-institucional.

No artigo Um grito ético por justi-

ça e equidade no mundo da saúde, do padre camiliano Léo Pessini, é possível vislumbrar um trabalho sistemático que não só acompanhe os enfermos, mas que favoreça o desenvolvimento amplo na área da saúde. “É necessário agir para promover e proteger a vida humana e a saúde, não somente cui-dando das necessidades individuais imediatas, das comunidades e relações interpessoais, mas também apoiando a construção de políticas públicas e projetos de desenvolvimento de abran-gência nacional, regional e local, dentro de uma estrutura marcada pelos valo-res e referenciais éticos de solidarieda-de”.

De acordo com as Diretrizes de Ação da Pastoral da Saúde, aprovadas em 1997, quanto à solidariedade, as ações se destacam na sensibilização da socie-dade e das comunidades cristãs a res-peito do sofrimento humano, denun-ciando as situações de marginalização de enfermos, deficientes físicos e ido-sos. O trabalho oferece uma comple-mentação ao atendimento de doentes e de seus cuidadores, em casa ou nas

unidades de saúde, além de se esforçar no processo de humanização das estru-turas e dos profissionais da área.

No âmbito da comunidade cristã, os agentes propiciam ações de evange-lização aliadas à implantação de uma cultura saudável com ações preventi-vas, que valorizam o bem estar a partir de uma relação segura com tradições populares e recursos naturais. Em gru-pos de estudo e reflexão, os voluntários da Pastoral da Saúde iluminam a reali-dade com a fé cristã, estabelecendo pa-râmetros morais para os avanços e os procedimentos da medicina.

De natureza civil e religiosa, a Pasto-ral da Saúde realiza uma espécie de in-tercâmbio de conhecimentos, o religio-so e o terapêutico, cada um com seus desdobramentos, por isso, se esforça em ingressar em instâncias oficias e de-mocráticas nas esferas municipais, esta-duais e federais. Principalmente desse modo, os representantes podem intei-rar-se dos orçamentos, acompanhar os investimentos no setor e fiscalizar para que as ações governamentais mante-nham-se coerentes com as proposições

e a legislação vigente. Nessa área, os agentes exercem seu profetismo ao de-nunciarem situações equívocas, erros profissionais ou precariedade das uni-dades de saúde, e isso tudo garante o cumprimento dos direitos de todos os cidadãos.

Na Diocese de Guaxupé, desde 1983, os Camilianos concretizam o ca-risma de seu fundador, são Camilo de Lélis, “pela promoção da saúde, cura da doença e alívio do sofrimento”, coope-rando “na obra de Deus criador”, con-forme a constituição da ordem.

Em 1986, o Instituto Camiliano de Pastoral da Saúde (ICAPS), departa-mento da Província Camiliana Brasilei-ra, realizou uma parceria com a Pastoral da Saúde nacional, pela qual promove cursos, palestras e congressos por todo o país. Com o instituto, os camilianos introduzem e dinamizam, há mais de trinta anos, a Pastoral da Saúde em todos os ambientes da área, além de publicar um vasto material bibliográfi-co, utilizado na formação de agentes e profissionais da saúde.Por Sérgio Bernardes, estagiário pastoral

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9JULHO/2016

Bíblia

A visão bíblica do corpoVêm aí as Olimpíadas e as Parao-

limpíadas. O mundo inteiro estará acompanhando as mais diversas mo-dalidades esportivas e apreciando a preparação física dos atletas, a habi-lidade e a agilidade de cada atleta, a elegância e a beleza de seus movi-mentos. Serão corpos em ação fasci-nando o mundo.

Corpo, sinônimode atividade humana

O Primeiro Testamento, de Gênesis até o último dos Profetas, utiliza raramente a palavra corpo. Emprega fre-quentemente a palavra ‘car-ne’ para indicar a fragilidade e debilidade dos seres vivos, humanos e animais irracio-nais. Umas poucas vezes usa a palavra corpo como nós a uti-lizamos como sinônimo de ca-dáver e, vez por outra, como também fazemos, para aludir à genitália ou à sexualidade.

Há, porém, um emprego que merece consideração. Trata-se do corpo como ca-pacidade de trabalho, de ati-vidade humana. Assim é que oferecer o corpo, como em Gênesis 47,18, é oferecer-se como escravo. É o caso dos pobres do Império Egípcio que, no período das “vacas magras”, não tendo mais nada a dar em troca de comida, se oferecem como escravos e agradecem ao Faraó por acei-tá-los como tais.

Esse emprego vai repercu-tir no Segundo Testamento. O verso 3 do capítulo 13 da Primeira aos Coríntios é geral-mente traduzido por “entre-gar o meu corpo às chamas”, ou seja, para ser queimado. O texto grego, porém, que tem maior probabilidade de ser o original, com a mudança de apenas uma letra, diz “para me gloriar”, o que leva a en-tender que “entregar o meu corpo” significa “entregar-me como escravo, para me glo-riar” ou contar vantagens ou fazer crescer minha autoesti-ma. A Nova Vulgata, tradução latina oficial do Vaticano, ado-ta essa leitura.

Corpo, o todo da pessoa

No Novo, ou Segundo Tes-tamento, corpo é o todo da pessoa, não apenas sua carne, o seu físico, como afirmam os grandes filósofos gregos. O

corpo não se opõe à alma, que é a garganta, o hálito, a respiração, a vida e, até mesmo, o paladar e o apetite. E nem mesmo ao espírito que é o inte-rior dinâmico da pessoa. Assim é que Paulo fala em ressurreição e não em imortalidade da alma. E pode falar até em “corpo espiritual” (1Cor 15,44).

Corpo, um organismo vivo

Falando do movimento carismá-tico em Corinto, Paulo recorre à ima-gem do corpo como organismo vivo. Mais tarde, em Romanos 12, para lembrar a solidariedade que deve haver entre cristãos judeus e cristãos

gentios, ele retoma a mesma metá-fora. O corpo é um todo que vive e atua, não há nenhuma parte que se sinta superior e nem inferiorizada ou fora do corpo, que não contribua para o todo.

Não há competição ou rivalidade entre as diferentes partes que com-

põem o organismo único do corpo. Assim o olho não faz pouco caso dos pés nem es-ses se sentem inferiorizados por não enxergarem nem fa-larem, todos os membros do corpo contribuem, cada um a seu modo, para a saúde e o crescimento do todo.

Não mais corpo, tumor

Quando um Movimento ou uma Pastoral se fecham em si mesmos, deixam de ser um membro do organismo todo do corpo de Cristo que é a Igreja, tornam-se um tumor. O tumor está no corpo, mas se isola do corpo, fecha-se em si mesmo, e, o pior, suga do corpo o que ele tem de mais saudável. É o que acontece quando traz para o Movimen-to os elementos mais ativos e atuantes das comunidades. Agora eles vão trabalhar para o tumor e não para o corpo.

Considerar o Corpo

Mesmo na celebração da Ceia do Senhor em Corinto, os poucos ricos, sábios e impor-tantes (1Cor 1,26) se apressa-vam em comer a própria ceia até se embriagarem, enquan-to os outros passavam fome. Estavam fazendo pouco caso da Igreja de Deus, o corpo de Cristo, e envergonhando os que nada têm (1Cor 11,21-22). Comendo e bebendo sem levar em conta o “corpo” que é a Igreja, organismo único e vivo, comiam e bebiam a pró-pria condenação (1Cor 11,29), reproduzindo na Eucaristia as desigualdades da sociedade que aquela celebração con-denava. Não reconhecendo o corpo, estavam se condenan-do com este mundo (v. 32).

Por José Luiz Gonzaga do Prado, mestre em Teologia e

em Sagrada Escritura, profes-sor da Faculdade Católica de

Pouso Alegre, reside em Nova Resende

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10 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

A dignidade do sofrimento humano à luz da mensagem cristã

O sofrimento sempre será uma re-alidade complexa e misteriosa à vida humana. Entretanto, torna-se vazio quando enfrentado sem sentido. O ser humano pertence, desde o início, a um projeto criador e salvador de Deus, que não visava o sofrimento e a morte. O Criador sopra sobre a humanidade um hálito de vida plena, sua Palavra cria-dora rompe com o silêncio e cria o ser humano para estabelecer com ele uma relação dialogal.

O ser humano recebe a mais digna vocação: ser imagem e semelhança Da-quele que o criou. Todavia, livre como fora criado, se afasta do projeto inicial de Deus e passa a experimentar o mal como ausência do Sumo Bem. Mesmo rejeitando seu Criador, o homem não é abandonado. Deus cria e salva constan-temente seu povo, é um Deus Criador e Salvador que sente compaixão da dor daqueles que sofrem.

Todo sofrimento encontra seu sen-tido pleno quando Deus, por amor, entrega seu Filho para salvar e libertar todos os seus filhos e filhas. O amor salvífico de Deus, manifestado desde a criação, se torna pleno em Jesus Cristo. O Criador agora encarna e sente a dor humana daqueles que criou. O Filho de Deus é entregue à humanidade para protegê-la de todos os males, inclusive do sofrimento. Esta é a grande resposta de Deus à dor de seus filhos e filhas.

Os questionamentos acerca do so-frimento são compreensíveis na di-

mensão humana. Mas quantos não são os porquês que surgem a partir dessa realidade e devem ser superados e transformados num para quê?! Em ní-veis diversos, o sofrimento atormenta e desespera aqueles que dele padecem. Entretanto, a pergunta do para quê, quando realizada à luz da fé, transfor-ma essa dura realidade em caminho de maturação e erguimento.

Não se trata simplesmente de acei-tar e cultivar um amor pelo sofrimento, mas de conferir-lhe um sentido que possibilite esperança e dignidade. Ve-em-se, nos dias atuais, inúmeras prega-ções que prometem uma vida sem so-frimentos. No entanto, percebe-se que não se pode eliminá-lo completamente da realidade humana. O próprio Deus sofreu quando seu Filho enfrentou a cruz como redenção de toda humani-dade. A grandeza do sofrer está, por-tanto, no humanizar-se.

Quando atormentado pelo sofri-mento, o ser humano tem a oportuni-dade de se tonar melhor e transformar a vida daqueles que estão à sua volta. À luz da fé no Cristo sofredor, ele deve buscar enfrentar seu sofrimento e crer na presença de um Deus que não é alheio à sua dor, mas que conduz e une-se ao sofrimento daqueles que pa-decem.

A mensagem cristã diante do sofri-mento é clara: se por um lado o sofri-mento na sua dimensão física, psíqui-ca, espiritual e moral deve levar o ser

humano a encontrar um sentido para erguer-se e dignificar-se, por outro, deve fazer com que se questione sobre os inúmeros males e sofrimentos cau-sados por suas próprias atitudes. Há inúmeros inocentes sofrendo por força de poderes políticos e econômicos que visam apenas seus interesses próprios.

O sofrimento e a cruz de Jesus são redentores, mas sua pregação também motivou a libertação de muitos sofri-mentos que atormentavam os mais simples e excluídos da sociedade. O poeta da misericórdia revelou sua pre-ferência por aqueles que sofriam aban-donados às margens. Deste modo, muitas dores humanas não podem ser eliminadas, mas podem ser suprimidas atitudes de descaso e descompromis-sos que geram sofrimento e morte.

Portanto, é possível afirmar que o ser humano pode, à luz da fé, unir-se a Cristo e à sua cruz e encontrar sentido para o vazio provocado pela dor, como também deve lutar para que muitos inocentes não sofram e não sejam cru-cificados por poderes opressores, pois o sofrimento, enfrentado com sentido, pode provocar transformações pesso-ais e comunitárias.

O intuito desta reflexão não é veri-ficar se o sofrimento é necessário ou não, mas o de descobrir qual o sentido que o ser humano pode encontrar ao passar pela experiência da dor, porém a partir do mistério da redenção. Verifica--se que, em seus diversos níveis, o sofri-

mento sempre marcará a vida humana. Contudo, à medida que completa em si os sofrimentos de Cristo, o homem é capaz de se deixar conduzir pela espe-rança e pelo amor.

“Com Cristo estou cravado na cruz; e já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. E, quando vivo a vida mortal, vivo na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim” (Cf. Gl 2, 19-20). Com base nessa verdadeira profissão de fé de Paulo, po-de-se entender que o sentido encontra-do no sofrimento está intrinsecamente ligado ao sentido da vida. Quanto mais vazio de si e fechado às relações con-cretas de sua vida, mais distante de en-contrar sentido para o sofrimento ficará o ser humano.

Portanto, o sofrimento educa e faz crescer, dá oportunidade para o ama-durecimento, mostra que Deus está próximo e que Nele todos conseguem suportar e dar sentido para as muitas cruzes que lhes são impostas ao longo da vida. Somente olhando para a cruz de Cristo e firmando Nele a sua espe-rança que será possível compreender o grande mistério da fé na Ressurreição, que permite ao ser humano ser tam-bém presença de Deus na vida dos tan-tos outros irmãos e irmãs que passam a vida toda tentando dar sentido para suas angústias e tristezas.

Por Michel Pires, estagiário pastoral

Atualidade

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11JULHO/2016

A influência da fé no processo terapêuticoMedicina e religião estão intima-

mente ligadas desde os tempos an-tigos, quando os papéis de padre e médico eram realizados pela mesma pessoa e quando a cura espiritual e física eram administradas sob orienta-ção divina. Contudo, a chegada da era tecnológica resultou no esquecimento desses laços antigos entre medicina, cura e fé e lançou uma pergunta: Fé e ciência são opostas ou devem se com-plementar? Este é um assunto em foco que desperta o interesse de estudio-sos na busca da verdade.

Fé do doente em si mesmo, no médico, na disposição favorável dos deuses e na piedade de Jesus Cristo. Albert Einstein declarou: “Quanto mais acredito na ciência, mais acredito em Deus”. A história desta relação passou por várias fases intercaladas entre dis-tanciamentos e alianças.

Um segmento da sociedade per-manece acreditando na influência da fé na melhora ou, até mesmo, na cura de algumas doenças. São inúmeros os depoimentos de pessoas que acham ser a fé responsável pelos resultados positivos nos tratamentos de doenças graves.

A ciência vem investigando a ve-racidade destes fatos, com inúmeras pesquisas sobre este tema. Estes es-tudos visam fundamentos científicos, não apenas para esclarecimento da sociedade, como também, para a pro-vável prática conjunta da fé com a me-dicina.

A ciência biológica nos diz que a fé é o resultado da interconexão de diversas regiões cerebrais. Foi de-monstrado que orações repetidas di-minuem os batimentos cardíacos e o ritmo da respiração, baixam a pressão sanguínea e reduzem a velocidade das ondas cerebrais. Há evidências de que a medicina, a psiquiatria e a psicologia se propõem a respeitar a importância da fé e das crenças, religiosas ou não, do paciente na evolução de sua doen-ça.

Estudos sobre espiritualidade re-velam que ela é parte do ser humano multidimensional, complexo e indi-vidual que sofre influências de suas crenças e experiências. A fé dá sentido à vida e interfere positivamente sobre ela, na sua imunidade e nas suas rela-ções pessoais e sociais.

A fé é um instrumento de resiliên-cia e ajuda o ser humano a sobrepor às pressões e aos desconfortos gerados pelos sintomas físicos e emocionais, habitualmente presentes na vida e, es-pecialmente, na vivência de doenças graves.

A fé tem sido utilizada no enfrenta-mento de crises e como solução para sérios problemas sociais e/ou de saú-de. Em prognósticos ameaçadores à

saúde da família, a espiritualidade tem ajudado a aceitar a morte como condi-ção inexorável da vida.

A ciência revela que práticas espi-rituais, no mínimo, reforçam o sistema imunológico do indivíduo ao propor-cionar uma sensação de segurança, controle, otimismo, capacidade de adaptação e esperança. Evidências científicas têm demonstrado que a es-piritualidade produz efeitos positivos na saúde pela ação neurotransmissora ao atuar em nível cardiovascular, bem como nos sistemas imunológico e en-dócrino. Através do sistema nervoso simpático e parassimpático, provo-ca diminuição dos níveis de cortisol, ativando, dessa forma, as funções de defesa, diminuindo os níveis de ansie-dade.

Diversos estudos demonstram a influência benéfica da espiritualidade em transtornos mentais, na qualidade de vida e sobrevida e diminuição do tempo de internação, dentre outros aspectos.

Até aqui apresento dados de re-visão bibliográfica, mas não posso

perder a oportunidade de partilhar minhas constatações pessoais. A Orga-nização Mundial da Saúde apresenta um conceito ampliado de saúde como completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de do-enças, o que me leva a incluir as ques-tões espirituais em minha abordagem clínica.

Da mesma maneira que o organis-mo físico definha quando suas neces-sidades essenciais não são satisfeitas (privado de água, ele se desidrata ra-pidamente; de alimento, fica desnutri-do), também o organismo espiritual, ao ser frustrado nas suas necessidades vitais, apresenta fenômenos análogos: anemia espiritual, queda da vitalidade, perda do gosto pela vida.

Recomendo três nutrientes essen-ciais para nosso espírito: a Palavra de Deus, a intimidade com Ele através da oração e a Eucaristia. Como médica, chego a indicá-los para meus irmãos católicos como remédios potentes, seguros e sem contraindicações. O re-sultado é fantástico: vitalidade, força espiritual e, sobretudo, física!

Alguns me perguntam como en-contrar tempo para ir à missa, ler a Bí-blia e orar mediante a correria do dia a dia, após sermos consumidos pelas ta-refas profissionais ou domésticas e eu respondo que encontro tempo para escutar Deus em sua Palavra, orar e co-mungar Seu Corpo Eucarístico da mes-ma forma que encontro tempo para comer e dormir! Não podemos deixar que nossas almas sofram de inanição.

A fé e a intimidade com Deus são essenciais para minha vida e por isso tinha medo de que, para ser médica e cientista de qualidade, precisasse abandonar os valores que me susten-tam, que dão sentido à minha vida e que motivaram a escolha da minha profissão, mas a prática clínica, os es-tudos e a ciência mostraram que a educação dada por papai e mamãe estava completamente certa. Sou feliz porque a razão e a fé me completam!

Por Gabriela Itagiba Aguiar Vieira, médica de Família, homeopata, profes-

sora da Universidade Federal de Alfenas e participante das Equipes de Nossa

Senhora

Saúde

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12 Jornal Comunhão - A Serviço das Comunidades

Comunicações

Agenda Pastoral de Julho

Comemorações de Julho

Atos da Cúria

2-3 Retiro do Conselho Diocesano da RCC7 Reunião do Conselho de Presbíteros - Guaxupé8-10 Visita Pastoral de Dom José Lanza – Itaú de Minas 11 Reunião dos Presbíteros dos setores Alfenas e Areado - Monte Belo13 Reunião dos Presbíteros do setor Passos – Paróquia Nossa Senhor da Penha - Passos14 Reunião dos Presbíteros do setor Guaxupé – Paróquia Santa Bárbara – Guaranésia14-17 Cursilho Masculino Jovem15 Reunião dos Presbíteros dos setores Cássia e São Sebastião do Paraíso – Paróquia São José – São Sebastião do Paraíso18-21 Formação Permanente do Clero – Brodowski (SP)

Natalício03 Padre Edimar Mendes Xavier09 Padre Francisco dos Santos11 Frei Adilson Gonçalves 11 Padre Antonio Carlos Melo12 Padre Ailton Goulart Rosa16 Padre José Milton Reis17 Padre Rovilson Ângelo da Silva22 Padre José Pimenta dos Santos

22 Padre Vicente Pinto Ribeiro28 Padre Dirceu Soares Alves28 Padre Claudionor de Barros28 Padre Juvenal Cândido Martins

Ordenação02 Padre Denis Nunes de Araújo06 Padre Norival Sardinha Filho09 Padre Edson Alves de Oliveira

10 Padre Antônio Donizeti de Oliveira15 Padre Robison Inácio de Souza Santos16 Padre Francisco Clóvis Nery16 Padre Sidney da Silva Carvalho16 Padre Weberton Reis Magno17 Padre Reinaldo Marques Rezende17 Padre Paulo Carmo Pereira20 Monsenhor José dos Reis

23 Dom José Geraldo Oliveira do Valle (episcopal)30 Padre José Ricardo Esteves Pereira30 Padre Ademir da Silva Ribeiro30 Padre Sebastião Marcos Ferreira31 Padre Thomaz Patrick O’Brien – OMI

21-24 Cursilho Feminino Jovem23 Reunião do Conselho Diocesano do ECC na Paróquia São Sebastião - Poços de Caldas23-24 Encontro Diocesano Ministério Jovem RCC – Petúnia24 Encontro dos MECE’s do setor Guaxupé – Escola Agrícola - Muzambinho26 Romaria do Clero e do Bispo à Aparecida para acolhida da Imagem Peregrina de Nossa Senhora Aparecida – Missa às 9 horas, transmitida pela TV Aparecida27 Reunião dos Presbíteros do setor Poços de Caldas na Paróquia Santo Expedito – Poços de Caldas31 Encontrão Diocesano de Missionários e Grupos de Reflexão e envio dos Missionários para a Semana Missionária – Juruaia

Permissão para entronizar a Santíssima Eucaristia em sacrário devidamente colo-cado na comunidade rural N. Sra. Aparecida no bairro Bocaina da Paróquia Nossa Senhora da Assunção em Cabo Verde (MG), no dia 05 de maio de 2016. Provisão nº 02/14- Livro nº 12 – Folha 23v..- Concedendo a Provisão de Pároco ao Revmo. Pe. Paulo Sergio Barbosa, no dia 03 de maio de 2016, da Paróquia São João Bosco de Poços de Caldas (MG). Provisão nº 03/20- Livro nº 12 – Folha 24.- Concedendo a Provisão de Uso de Or-dens na diocese ao Revmo. Pe. Jeremias Nicanor Alves Moreira, no dia 18 de maio de 2016.

Provisão nº 03/15- Livro nº 12 – Folha 24- Concedendo a Provisão de Pároco ao Revmo. Pe. Henrique Neveston da Silva, no dia 02 de junho de 2016, da Paróquia Nossa Senhora Assunção de Cabo Verde (MG).

Provisão nº 02/16- Livro nº 12 – Folha 24.- Concedendo a Provisão de Uso de Or-dens na diocese ao Revmo. Pe. Helder José da Silva, no dia 02 de junho de 2016.

Provisão nº 03/17 Livro nº 12 – Folha 24- Concedendo a Provisão de Vigário Pa-roquial ao Revmo. Pe. Rovilson Angelo da Silva, da Paróquia Sagrada Família e Santo Antônio de Machado (MG), no dia 02 de junho de 2016. Provisão nº 04/18 Livro nº 12 – Folha 24- Concedendo a Provisão de Vigário Paro-quial ao Revmo. Pe. Lucas de Souza Muniz, da Paróquia Nossa Senhora da Saúde de Poços de Caldas (MG), no dia 02 de junho de 2016. Provisão nº 05/19 Livro nº 12 – Folha 24- Concedendo a Provisão de Vigário Pa-roquial ao Revmo. Pe. Julio César Agripino, da Paróquia Santa Rita de Cássia de Cássia (MG), no dia 02 de junho de 2016. Provisão nº 01/19 Livro nº 12 – Folha 24- Concedendo a Provisão de Administra-dor Paroquial ao Revmo. Pe. Willian Franquis Venâncio, da Paróquia São Joaquim de Alterosa (MG), no dia 02 de junho de 2016.

MAIO E JUNHO de 2016