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CIRCULAÇÕES LOCAIS EM BRAGANÇA.Ludmila Monteiro da Silva – [email protected]
Júlia Clarinda Paiva Cohen - [email protected] Universidade Federal do Pará - Departamento de Meteorologia
Resumo
A região Leste da Amazônia é influenciada por muitos sistemas atmosféricos, dentre eles destacam-se a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e as linhas de instabilidade (LI), cuja origem de formação na costa está associada à
circulação de brisa marítima. O presente estudo é feito no ecossistema de Manguezal (00°50’31’’S, 46°38’56’’W) em Ajuruteua município de Bragança, com o objetivo de avaliar os efeitos combinados da floresta de manguezal e o oceano
atlântico, sobre a circulação atmosférica local (brisa marítima e terrestre). Estão sendo analisados, nesta pesquisa, dados de vento, razão de mistura e temperatura potencial, coletados em radiossondagens lançadas, sobre o continente a cada 6
horas no período de 8 a 22/ 04/2002 (Período Chuvoso no Leste da Amazônia-PeChuLA) e de 27/10 a 15/11/2003 (Circulações de Mesoescala no Leste da Amazônia- CiMeLA). A velocidade do vento indicou maior intensidade durante o
período menos chuvoso (Cimela). Também foi detectada a presença de JBN durante os dois períodos, com valores mais intensos durante a atuação da brisa terrestre (em torno das 0000 UTC). As variações da razão de mistura e da temperatura
potencial indicaram uma camada de mistura bem definida com maior espessura durante o período seco.
Fig. 1- Localização Geográfica do ecossistema.
Resultados e discussão
1) Comportamento médio da baixa atmosfera durante o PeChuLA e
CiMeLA.
• O perfil vertical médio da magnitude do vento, apresentou-se mais forte
durante o período menos chuvoso, Fig. (2.b). Isso decorre, dentre outros
fatores, porque durante o período chuvoso a Zona de Convergência
Intertropical (ZCIT), causa uma moderação na intensidade dos alísios.
Portanto, os ventos em Bragança passam a ficar mais intenso quando a ZCIT
encontra-se na sua posição extrema ao norte. Isto é, afastada de Bragança.
• No perfil vertical médio da razão de mistura e da temperatura potencial,
Figuras (2.c), (2.d), (2.e) e (2.f), observa-se que nos dois períodos há uma
camada quase constante, conhecida como camada de mistura (CM), que vai
da superfície até 900 hPa, durante o PeChuLA e até 890 hPa, durante o
CiMeLA.
• Também nota-se a presença de Jatos de Baixos Níveis (JBN) durante os dois
períodos. Como mostrado por Sousa (2005), num estudo observacional para
a mesma região e mesmo período, aqui estudados, que constatou a presença
de Jatos de Baixos Níveis (JBN) em 40% dos dias do experimento PeChuLA
(6 dias) e 50% dos dias do experimento CiMeLA (10 dias).
Fig. 3 - Variação diária da Velocidade do Vento durante o PeChuLA.
• A da velocidade do vento durante o CiMeLA, Fig. (4), foi maior se
comparado com período chuvoso, com um máximo de 18 m/s, entre os
níveis de 870 e 800 hPa, porém apresentando valores abaixo da média
(anomalia negativa) na maioria dos dias.
• Sousa (2005), analisando os perfis verticais de velocidade do vento, para o
mesmo período, detectou 24 casos de JBN, com valores máximos de 14,4
m/s.No entanto, esses JBN apresentaram-se mais intensos durante a atuação
da brisa terrestre (em torno das 0000 UTC).
Conclusão
Os resultados observacionais indicam maior intensidade da
velocidade do vento durante o período menos chuvoso (Cimela) decorrente,
entre outros fatores, pela menor atuação da ZCIT na região nessa época do
ano. Contudo, ela se sobressai em relação ao efeito local do sistema de
brisa devido a sua grande escala.
Também foi detectada a predominância de JBN durante os dois
períodos, com valores mais intensos durante a atuação da brisa terrestre
(em torno das 0000 UTC).
Por outro lado, as variações da razão de mistura e da temperatura
potencial indicaram uma camada de mistura bem definida com maior
espessura durante o período seco, devido ao maior aquecimento durante
essa época do ano.
Os dias 21 e 22 de abril são destacados pela presença de uma linha
de instabilidade continental, que já foi mais bem detalhada por outros
autores, podendo ser o principal sistema responsável pelos valores, acima
da média, indicado pela velocidade do vento nesses dois dias.
Figura 2- Perfil vertical da Velocidade Média do Vento durante (a) o experimento Pechula e (b) durante o Cimela; (c) Razão de Mistura Média durante o Pechula e (d) durante o Cimela; (e) Temperatura Potencial Média durante o Pechula e (f) durante o Cimela.
Área de estudo
(a) (b)
(d)
(c)
(e)(f)
Velocidade do Vento (m/ s)Velocidade do Vento (m/ s)
Velocidade do Vento (m/s)Velocidade do Vento (m/s)
Fig. 4 - Variação diária da Velocidade do Vento durante o CiMeLA.
2) Comportamento diário da velocidade do vento na baixa
atmosfera durante o PeChuLA e CiMeLA.
• Durante a maior parte do PeChuLA a magnitude do vento
oscilou entre 0 e 10 m/s, Fig. (3) . No entanto, ocorreram
valores bem acima da média no nível de 920 hPa,
aproximadamente, o que poderiam indicar a presença JBN.
• Braga (2003), estudou casos de linhas de instabilidade no
Leste da Amazônia durante o mesmo período, e no dia 21 de
abril (através de imagens de satélite) observou a formação de
uma linha de instabilidade junto a costa atlântica que se
propagou como uma LIP2 (Linha de Instabilidade com
Propagação do tipo 2) de maneira paralela á linha da costa,
sendo similar àquelas estudadas na região amazônica por
Cohen et al. (1995), ou seja, originadas em associação á
circulação de brisa marítima.
AgradecimentosAgradecemos CNPq pela concessão da bolsa através do Projeto LBA.
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