boletim do kaos 8

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Jornal de Litera Rua

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Page 1: Boletim do Kaos 8
Page 2: Boletim do Kaos 8

ONDE PEGAR O SEU EXEMPLARSÃO PAULO - CAPITAL

Região CentralDGT Filmes Rua 13 de Maio, 70Ação Educativa Rua General Jardim, 660Sebo 264 Rua Rua Álvares Machado, 42Liberdade - (11) 3105-8217Restaurante Santa MadalenaRua Sta Madalena, 27 - Bela VistaConduta Galeria 24 de MaioPorte Ilegal - Galeria 24 de MaioEspaço MatilhaRua Rêgo Freitas, 542

Zona LesteLoja Suburbano ConvictoRua Nogueira Vioti, 56 - Itaim Pta(11) 2569-9151Locadora New HolidayRua Nogueira Vioti (11) 2572-2000Casa de Cultura do Itaim PaulistaPça Lions Clube, s/nº - Itaim Pta.Sebo MutanteRua Barão de Alagoas, 76-A - Itaim Paulista

Zona SulItaú Cultural (Na Biblioteca/Midiateca)Av. Paulista, 149 - 2º MezaninoBar do Zé Batidão Rua Bartolomeu dosSantos, 797 - Chácara SantanaLoja 1 da Sul Rua Comendador Santana,138 - Capão RedondoLoja 1 da Sul Av Adolfo Pinheiro, 384Loja 31 - Galeria Borba GatoEstudio 1 da SulRua Grissom, 80-a - Metrô CapãoSarau da Cooperifa (Toda quarta as 20h30)Rua Bartolomeu dos Santos, 797Chácara SantanaSarau do Binho Rua Avelino Lemos Jr., 60Campo Limpo (11) 5844-6521Sarau da Ademar Rua Pablo Pimentel, 65Cidade Ademar (11) 5622-4410

Zona OesteBar do Santista/Sarau Elo da CorrenteRua Jurubim, 788-a Pirituba

Zona NorteCCJ - Vila Nova CachoeirinhaAv Dep. Emílio Carlos, 3641Banca de JornalAlt. Nº 450 da Rua Dr César Castiglioni Jr.Sarau da Brasa - Bar da CarlitaRua Prof.Viveiros Raposo, 234

SuzanoCentro Cultural de SuzanoRua Benjamin Constant, 682 - Centro

SantosDULIXO no Marapé[email protected]

www.boletimdokaos.blogspot.comPeça pelo email:[email protected]

besouro

Estamos chegando ao final de 2009, opróximo é o último número do JornalBoletim do Kaos nesse ano. Realmente ofinal dessa primeira década foi incrível,num futuro distante poderíamos se basearnessa edição para ver como foi eferves-cente o mês de outubro.

Na capa Buzo, que além dos seus diversosprojetos, inaugurou com chave de ourosua carreira no cinema. Eleilson talvezdesconhecido para o público, mas comcerteza um dos grandes nomes, que agenos bastidores e faz muito. Leia entrevistae descubra tudo que a Ação educativarealiza, mas um exemplo de que outroBrasil é possível.

A matéria da Semana da II Mostra Cul-tural da Cooperifa vai ser lembradacomo um marco da organização e do poderde realização dessa nova cena culturalque explode nas periferias.

Vou confessar, em nosso planejamento, acapa desse mês seria o Ferréz, mas omomento é tão bom, que ele saiu na capada Caros Amigos, um veículo queadmiramos e que faz parte dessa corrente,a edição além da excelente entrevistacom criador da 1 Da Sul, traz uma matériasobre o assassinato sistemático nasabordagens policias do Rio de janeiro en-tre outros assuntos importantes.

Um mês para ser lembrado, porque aindateve lançamentos de livros periféricos ede filmes de grandes verbas, mas comtemas, até então marginais, como Besouro.

Poetas, poesias, rimas, cinema, música,literatura e quadrinhos.

Boletim do Kaos a mistura do KAOS urbanoscom riqueza humana.

Alexandre De Maio

Page 3: Boletim do Kaos 8

ELE COMEÇOU COMA LITERATURA,

ESCREVEU LIVROS,FEZ EVENTOS,

FOI PARA ATELEVISÃO E

PARA AMÍDIA IMPRESSA.

RECENTEMENTELANÇOU UM FILME E

LOTOU SALAS DOCIRCUITO

ALTERNATIVODE CINEMA.

BUZO SONHA ALTO,SE CONQUISTAR

A METADE...

Como surgiu a ideia de fazer o filmeProfissão MC?Comecei a trabalhar numa produtora(DGT Filmes) que hoje produz o meuquadro "Buzão Circular Periférico" doPrograma Manos e Minas da TV Cultura.Fiquei mais próximo à cena de áudiovisual e fui assistente de produção de2 filmes: "Povo Lindo, Povo Inteligente- Sarau da Cooperifa", de Mauricio Falcãoe Sérgio Gagliardi; e "Osvaldinho daCuíca - Cidadão Samba" de Toni Noguei-ra, Simone Soul e Osvaldinho da Cuíca.Acompanhei filmagem, produção, pós-produção, edição e lançamento. Vi queera possível fazer um roteiro, que tinhana cabeça, sem grana, mas demorei umano para convencer o Toni Nogueira aencarar a direção comigo, sem captarum único real, usando câmeras e ilha deedição da DGT Filmes. Filmamos uns 10dias entre novembro de 2008 e fevereirode 2009 e lançamos o filme dia 5/10/09no Cine Olido.

Qual era o objetivo do projeto epor que a escolha do ItaimPaulista como cenário?O objetivo era fazer um filmede ficção porque a maioriados filmes feitos na periferiasão documentários. Nadacontra, mas queria umaficção. Quanto ao ItaimPaulista, é meu habitatnatural, sou nascido ecriado no bairro, não teriacomo ser em outro lugar.Ainda mais semgrana. Gravar

numa comunidade, só conhecendo an-tes como é o caso da Favela do D´Avóonde filmamos.

Existe incentivo na realização deprojetos como esse?Nosso filme não obteve nenhumincentivo, mas também não chegueia procurar, a ideia era mesmo essa,fazer 0800. No próximo filme preten-do captar grana antes, não sei se éfácil ou não, mas vou tentar.

Além da exibição dos filmes,existem outras atividades quesão realizadas visando ao progre-sso e discussões sobre o cinema?Hoje, em São Paulo, existe uma cena cul-tural periférica que vai dos saraus aoslançamentos de livros, aos filmes. Tem:"Cine Becos", Cinema na Laje, Cine-escadão e outros. Tudo isso é novo,conquistas através da persistência.

Qual a importância das discussõese dos debates realizados nas ses-

sões, e quais as mudançasque o projeto trouxe

para a comunidade?É muito bom nos de-bates, mostrar que so-mos de verdade, que ofilme é de verdade e quefizemos, mesmo a eliteachando que não podía-mos, que a literatura e ocinema eram o biscoito

fino da sociedade e agora é nossotambém. Todos atores são inicia-ntes e 90% moram no Itaim Paulista,Itaqua. Isso só pode trazer benefí-cios, mesmo que seja elevar a auto-estima, no mínimo. O futuro a Deuspertence.

Nos últimos anos, os filmesbrasileiros de maior bilheteriaestavam de algum modo liga-dos à periferia. Isso mostra ointeresse em retratar a realida-de do Brasil ou os grandes dire-tores enxergam a periferia so-mente como lucro, já que o uni-verso periférico gera curiosi-dade no público?Acho que eles visam mais ao lucro,então se é lucrativo, vamos meter acara e pegar nossa fatia do bolo, chegade esperar que venham nos mostrar,vamos nós mesmos produzir. Senãooutros vêm e fazem, o que de algumaforma também é válido, mas vamos dara cara para bater também. Assista ao"Profissão MC" e tire suas própriasconclusões. Mas lembre-se: nãotínhamos dinheiro enem experiência,para mim superamosas expectativas,mas sou suspeitopara falar.

SER UMSUBURBANOCONVICTO É

QUERER OMELHOR DAQUEBRADA

Page 4: Boletim do Kaos 8

Quem é Alessandro Buzo, como vocêdefine o que faz?Sou um escritor que virou escritor e quese mete hoje a ser ainda cineasta ecircula pela TV, esse sou eu. Cultu-ralmente falando.

Como é sua rotina e como consegueenergia para fazer tantas coisas?Minha fonte de energia é pensar semprenum futuro melhor para o meu filho. Minharotina é simples, geralmente tenho amanhã livre, levo meu filho à escola, tomocafé com minha esposa, pago as contasno banco, faço isso, aquilo. À tarde passona produtora, onde produzo o meuquadro na TV, quando tem agenda (pales-tra, viagens), fico dispensado da pro-dutora. No meio disso eu faço matériaspara o jornal Boletim do Kaos, atualizovários blogs (alguns diariamente),respondo a todos os e-mails que chegam,mantenho minha loja (que tem umfuncionário). Simples assim.

Como você define “Suburbano Con-victo”? Qual é a essência desse es-tilo de vida?Ser um Suburbano Convicto é querer omelhor da quebrada, levá-la às paginasculturais, e não policiais. É acreditar an-tes de todo mundo e fazer acontecer.

Como descobriu o rap? Ainda existeaquela visão nas comunidades deque rap é “coisa de maloqueiro”?Nas comunidades nem tanto, o rap já fazparte há mais de 20 anos, acho que aelite que nem conhece o rap (porque nãoestá na TV, nas rádios), pode ter essavisão ainda, mas é preconceito. Essesmesmos curtem um monte de enlatadoque vai ao Faustão, acham bonito oLatino, Daniel, Bruno e Marrone, IveteSangalo. Alienados, só aceitam quem vaiao programa do Jô.

Nas suas andanças pelo Brasil no“Buzão da Periferia”, quais são assemelhanças mais marcantes quevocê viu nessas diversas periferias?A alegria apesar das dificuldades, asuperação.

A PALAVRAComo você começou a escrever?Quando percebeu que seria escritor?Comecei a escrever em fanzine e jornaisde bairro, no Itaim Paulista. Percebi que

seria escritor quando um texto que fiz sobreos trens teve uma puta repercussão e oscaras ficaram falando: ”Por que você nãoescreve um livro do trem?” Escrevi e lanceiindependente em 2000, mas faltavamreferências naquela época. Hoje está maisfácil, com os saraus formou-se um público.

Quais livros você não consegueesquecer e por quê?Capitães de Areia de Jorge Amado, porqueme surpreendeu; Christiane F porque metrouxe de volta o hábito da leitura; e ROTA66 pela coragem.

Quais são suas inspirações para acriação de personagens?As ruas.

Você foi um dos 10 autores publicadosna Coletânea Caros Amigos - LiteraturaMarginal. Como foi a repercussão na-quela época? Você ficou surpreso, oque sentiu?Abriram-se algumas portas, os intelectuaise universitários descobriram que a genteescrevia, pensavam antes que não sabía-mos nem ler.

Existe uma preocupação do mercadoeditorial em rotular o trabalho de vo-cês como literatura “marginal”, “peri-férica”, etc. O que acha disso?Sinto-me bem com esses títulos, rótulos nãome incomodam, mas o que fazemos éapenas literatura.

É difícil colocar um livro “periférico”na rua, conseguir espaços de venda?Como os autores de periferia conse-guem furar o “sistema”?É difícil, acho que vai ser sempre assim.Conseguimos furar o sistema vendendo demão em mão, de mano em mano.

A periferia está lendo os autores deperiferia? Como o público tem acesso àcultura produzida na própria quebrada?Eu fico sabendo de cada lançamento ecompro todos os livros que são lançados,mas leio de tudo, não só autores periféricos,leio muito. Acabei de ler Gomorra, agoraestou lendo Marçal Aquino.

OS SARAUSVocê frequenta saraus?Os que mais frequento são Cooperifa e Eloda Corrente, mas circulo, quando possível,por vários outros como Ademar. No próximo

sábado vou pela primeira vez ao Brasa, naBrasilândia. Gosto de todos.

Os saraus são uma coisa nova naperiferia? Qual é a importância dossaraus que acontecem em São Paulo?A Cooperifa está completando oito anos eacho que foi o primeiro. Acho importa-ntíssimo porque forma leitores e novospoetas.

Qual é o papel dos saraus para osaspirantes a autores?Uma porta de entrada, antes não tinha isso,no meu tempo tinha que meter o pé na porta.

A PRODUÇÃO DE LITERATURA PERIFÉRICAVocê participa de diversas coletâneasliterárias com novos autores de pe-riferia. Como você enxerga a produçãode textos no Brasil?Organizo o “Pelas Periferias do Brasil”, dia17/11 lançaremos o VOL III, acho que é umacena crescente. Alguns coletivos, como Eloda Corrente e Brasa, lançaram livros comapoio do VAI da PMSP, a rapaziada está searticulando e fazendo acontecer.

As editoras estão interessadas eabertas à literatura da periferia?Não. Teve a coleção “Tramas Urbanos”, daAeroplano do Rio de Janeiro e a coleção“Literatura Periférica”, da Global Editora. Émuito pouco.

A periferia está acessando a Internet.Você mantém muitos blogs e os saraustambém sempre atualizam seus pró-prios blogs. Qual é a importância daInternet para a atual cultura de periferia?Importantíssima porque tem grandeseventos que organizamos, como o FavelaToma Conta, no meu caso, e a mídia nãocobre. Hoje a gente mesmo cobre.

APOIO E PARCERIASAs iniciativas culturais de periferiacontam com o apoio de quais recursos?Pouco apoio e muitas ações, tem gente queestá aprendendo a participar de editais, esseé o caminho, os boys seguem nele háséculos.

Você é apresentador do quadro “Buzão- Circular Periférico”. Você acha que amídia está descobrindo a cultura daperiferia ou a grande mídia ainda nãodeu o espaço que merecemos?Está longe de nos darem o espaço que a

gente merece, só o Manos e Minas, daTV Cultura, é muito pouco. Tinha quehaver pelo menos um programa em cadacanal aberto, mas eles não sabem fazer.Veja a Turma do Gueto, da Record.Começa bem, depois vira só tiro.Queremos transformar o Buzão numprograma, é um parto mostrar em 4minutos um conteúdo que seria para meiahora, perdemos muito do que filmamos.

Se a cultura de rua tivesse a divul-gação e cobertura da grande mídia,ela teria a mesma essência?Acho que sim, porque traria mais público.Claro que uns e outros poderiam sedeslumbrar, mas tem aqueles que, comoeu, encaram como parte do compromissoe fazem com os pés no chão.

Voce se destaca por ser um dosescritores que mais faz atividades,é TV, eventos, jornal, blogs e cin-ema. O que mais te da prazer?No momento o que me da mais prazer éver várias exibições do meu primeirofilme, lotado e o pessoal curtindo, meparabenizando. Mas lançar um livro pramim, que tenho como base ser escritor,é sempre gratificante. Quando alguémcomenta que viu e curtiu o quadro doBuzão na TV, também me da prazer.

Quando vem e sobre o que é seupróximo livro?Não sei ainda, tenho dois prontos e nãosei qual lanço primeiro, um é meu infantil"Dia das Crianças na Periferia" e o outro é"Do conto à Poesia".

Como esta sendo esse seu novotrabalho no Itaú Cultural quais seusplanos pra 2010?É uma assessoria, teve início em outubrode 2009, minha função é fazer o meio decampo entre a periferia e o Itaú Cultural.Frizar que tem várias atividades, shows,exposições, debates e muito mais, tudode graça. Não importa se é na Av Paulista,vamos ir e usufruir do que é grátis. Para2010 quero ampliar esse trabalho. Estoupensando em algumas possibilidades.

www.buzo.com.brwww.youtube.com e busque: buzao dgtwww.profissaomc.blogspot.com

MINHA FONTE DE ENERGIA É PENSAR SEMPRENUM FUTURO MELHOR PARA O MEU FILHO

CAPITÃES DE AREIA DE JORGEAMADO, PORQUE MESURPREENDEU; CHRISTIANE FPORQUE ME TROUXE DE VOLTAO HÁBITO DA LEITURA; E ROTA66 PELA CORAGEM

Lançamento do filme Profissão MC na galeria olido, lotado.

NO MOMENTO O QUE ME DA MAIS PRAZER É VERVÁRIAS EXIBIÇÕES DO MEU PRIMEIRO FILME, LOTADOE O PESSOAL CURTINDO, ME PARABENIZANDO.

Page 5: Boletim do Kaos 8

Por um chorarDesfaço-me no sofrimento da paixãoPedaços de mim caem para tentar tirar a ilusãoPeço para que se esvazie toda essa sensação

O choro seria uma forma de soluçãoMas nem há essa rendiçãoLágrimas não saem por educaçãoA tristeza não vem por defesaCongelo minha reflexão

Não sei se é purezaMas sinto que arrebento meu coraçãoÉ muita interiorização

Tenho medo de uma explosãoEssa lamentação parece incertezaPara quem não aprendeu a chorar na solidão.

Naila Broislerblog:tarjamaisquepreta.blogspot.com

--

Lei oficializa o Dia Nacional da Leitura

O ano de 2009 será um marco para todos os brasileirosque acreditam na importância da leitura literária e noslivros. Pela primeira vez, come-moraremos oficialmenteo Dia Nacional da Leitura, no próximo dia 12 de outubro,e também a Semana da Leitura e Literatura. Para celebraressa importante data, o Central Hip-Hop lança a seçãoRevista Central, nessa primeira edição o leitor poderáconferir uma série de matérias relacionadas aos temasleitura e literatura periférica. A Revista Central destemês vem recheada de informações sobre leitura e trazuma entrevista com Sérgio Vaz; aborda a literatura mar-ginal; traça um breve histórico da Fundação BibliotecaNacional; e mostra a iniciativa popular numa bibliotecacomunitária de São Paulo, entre outras iniciativas.

Fonte: Blog do Central

Urbanias: você faz a cidade!Trânsito caótico, lixo acumulado nas ruas, violência.Esses e tantos outros problemas de São Paulo nãosão novidade para quem vive na cidade. Nem adificuldade para resolvê-los: mau atendimento,burocracia, reclamações que não recebem atençãoda prefeitura. Isso se a pessoa souber para ondeligar ou como mobilizar outras pessoas, o que nemsempre acontece.

Mas agora a população da maior cidade do Brasil temà disposição uma ferramenta inovadora para secomunicar em rede e entrar em contato com osórgãos públicos da cidade de São Paulo. No siteUrbanias, qualquer um pode abrir um tópico paraescrever sua reclamação ou sugestão; ouvircomentários de outros para melhorá-la; ou pedir apoiopara que os governantes vejam que o problema érelevante, além de poder comentar e apoiar propostasque achar interessante de outras pessoas.

Feito isso, a demanda é enviada ao órgão com-petente, e a resposta cobrada e publicada no site.As respostas também são postadas, e caso sejasatisfatória, o tópico é encerrado. Caso contrário, oprocesso é reiniciado.

Como exemplos de problemas resolvidos com oauxílio do Urbanias, podemos citar os sacos de lixoque foram recolhidos da região de Pinheiros,descartados por bares e casas noturnas nascalçadas. O mau cheiro deu lugar ao perfume dacomida preparada pelos restaurantes da região.

Também ajudamos o Programa de Silêncio Urbano(Psiu) a atuar uma obra na R. Luís Correia de Melo quecomeçava diariamente – inclusive sábados edomingos - antes das 7:00 da manhã e não paravaantes da 21:00, o que atrapalhava o descanso damoradora Patrícia Pinheiro e de seu filho recém-nascido.

Papo rápido com Ricardo Joseph:Há quanto tempo existe o Urbanias?A parte de resolução de problemas, de contato comos órgãos públicos, começou em junho. Mas o siteainda está em fase beta, ou seja, ainda seráaperfeiçoado para ficar ainda mais útil para o cidadãopaulistano.Quem pode usar o site?Qualquer pessoa com acesso à Internet. Problemasexistem em toda a cidade: buracos, barulho, lixo nasruas. Nós encaminhamos reclamações de qualquerbairro, desde que esteja na cidade de São Paulo.O que você acha que as pessoas podem fazerpara melhorar a cidade?Nosso slogan é “Você faz a cidade”. Acreditamosque cada pessoa tem o papel de ajudar a melhorar acidade. As pessoas costumam reclamar muito dogoverno – e com razão – mas também não agem.Cada um pode fazer a sua parte, e o Urbanias é umaferramenta que as pessoas podem usar para participarcada vez mais. Seja reclamar de problemas, ajudaras questões das outras pessoas ou cobrar asrespostas dos órgãos públicos.

21ª FAVELATOMACONTA

Edição Especial Ribeirão PretoMês da Consciência Negra

Dias 27 e 28 de Novembro

Dia 2719H30 - Exibição do filme Profissão MCDebate com os diretores Alessandro Buzo e ToniNogueira e o protagonista Criolo Doido21h - Lançamento do livro "Pelas Periferias doBrasil - VOL III”Presença dos autores, Alessandro Buzo, Tubarão,Da Antiga e Walter LimonadaLocal: Cine Cauim

Dia 289H Abertura oficial com a Prefeita Darcy Vera eautoridades9H30 – Alunos do Centro Cultural Campos ElíseosOrquestra Executa Compositores Negros na Música10H - Alunos do Centro Cultural Campos ElíseosGrupo de dança – Maracatu10H30 – Alunos do Projeto Circo “Só Riso”11H Exibição do filme “Profissão MC” na VilaTecnológica e debate “Periferia, e sua produçãoliterária” com os autores Alessandro Buzo, WalterLimonada e Róbson CantoLocal:Salão do Centro de Convivência da Vila

11H – Apresentação de dança do Grupo Arte e Vida(Palco externo)12H – Grupos do Centro de Jornada Ampliada doMaria Casagrande Pulsação de Rua, Style Crew,Nação de Rua, Hop Campany Kids, Eclipse, StreetLesson - Coordenação de Alexandre Snoop13H às 14H30 – Projeto Universo Arte sobcoordenação de Alexandre Snoop e Rodrigo Araújo.14H30 – Intervenção poética com AlessandroBuzo, Walter Limonada, Róbson Canto e Tubarão(Du Lixo) - Grupo Tamboreando – Bate Lata15 h – Criolo Doido16 h – Atração local17 h – DMN09 às 18 HSHOW(Vila Tecnológica)Nas pick Ups: DJ Bibiano

Local Vila Tecnológica – BairroMariacasagrande Lopes

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Page 6: Boletim do Kaos 8

Um sonhador e um batalhadorem prol da cultura periférica

Eleilson Leite, nascido no Ceará em 16 de fevereiro de 1968, migrou paraSão Paulo, oriundo de família pobre, foi morar na periferia da zona norte, deonde saiu em 1988 quando entrou na USP, lugar em que também morou porcinco anos. Formou-se em História.

Sempre trabalhou, desde criança. Puxou carreto na feira, foi engraxate esorveteiro. Aos 11 tornou-se assalariado, trabalhando em padaria.

Tirou carteira profissional com 12 anos, algo permitido na época. Seu primeiroregistro foi aos 13 anos. Trabalhou em cartório dos 14 aos 18. De 1987 a1990 trabalhou na Secretaria Nacional do Movimento Sem Terra, onde entroupara ser office boy e saiu como diretor do Jornal Sem Terra (foi aí que aprendeua trabalhar com imprensa).

Trabalhou no CEDI - Centro Ecumênico de Documentação e Informação de1991 a 1994, ONG que deu origem à Ação Educativa. Depois disso ele abriuuma livraria. Sua experiência como empresário durou apenas três anos.Trabalhou no governo do Estado de São Paulo de 1998 a 2000, quandofinalmente entrou para a Ação Educativa.

Foi diretor regional da ABONG - Associação Brasileira de ONGs no Estado de SãoPaulo (2003 a 2006) e atualmente integra a coordenação estadual da mesma. Écasado há 20 anos com Angela Maria Schwengber e pai de Cecilia SchwengberLeite, de cinco anos. Mora no Jardim da Glória e nesta entrevista, exclusiva aoBoletim do Kaos, vamos ver o que pensa um dos maiores articuladores culturaisda cidade.

Nos fale sobre a Ação Educativa, comovocê vê a importância dessa instituiçãona cena cultural da cidade de São Paulo?A Ação Educativa é uma ONG fundada em1994, portanto está completando 15 anos.Até o ano 2000 a instituição teve sua sedeno Colégio Sión, em Higienópolis, e só atuavanos temas de juventude e educação. Emnovembro daquele ano ela mudou-se para oendereço onde está até hoje, na Vila Buarque,Centro. Essa mudança de sede foi marcantepara se pensar a presença da Ação Educativana cena cultural da Região Metropolitana deSão Paulo. A partir daí passamos a ter umcentro de eventos que nos permitiu realizaruma série de atividades culturais. A principaldelas foi a Semana de Cultura Hip Hop, queteve sua primeira edição em 2001 e não paroumais de acontecer, estando hoje indo para adécima edição. Essa experiência foi funda-mental para nossa atuação na área de cultura.Foi primeiro sinal efetivo de que nosso baratoera a cultura de periferia. Depois do hip hop,outros movimentos foram chegando: graffiti,literatura, vídeo, rodas de samba e a gente foipercebendo o quanto a cena cultural nasbordas da metrópole era forte e diversificada.Em 2006 discutimos a necessidade de se terum Programa de Cultura por meio do qualpassaríamos a ter ações estratégicas dedifusão e produção cultural, políticas públi-cas e sistematização de conhecimento. OPrograma foi criado em 2007 e, em três anos,conseguiu se firmar tendo como carro-chefea Agenda Cultural da Periferia.

Desde quando você está na Ação Educa-tiva e o que você faz nessa ONG?Entrei na Ação Educativa no ano 2000justamente para coordenar o centro de even-tos que naquela época chamávamos deCentro de Juventude e Educação Continuada.Hoje eu coordeno o Programa de Cultura epassei, a partir de setembro deste ano, acompor a Coordenação da Ação Educativa.

Por que apostar ou apoiar a cena cul-tural da periferia?Apesar de todas as dificuldades que reinamnas periferias, nossa motivação em trabalharcom cultura nos fundões da cidade se justi-fica menos pela precariedade e mais pelapotencialidade, porque uma comunidadepobre em termos econômicos e sociais podeser rica em termos culturais. Entendemos quea produção artística tem um papel fundamen-tal nas comunidades periféricas na medidaem que fortalece laços de pertencimentoentre as pessoas, criando um ambiente desolidariedade e coletividade. Ou seja, acultura, mais do que qualquer outra dimensãosocial, tem o poder de mobilizar corações ementes.

Pessoas e projetos que você destaca naperiferia.São inúmeros. Somente na Agenda Culturalda Periferia a gente divulga mensalmente maisde 100 eventos na Quebrada. Mas a periferiapaulistana já tem seus artistas consagrados eprojetos consolidados. A citação sempreimplica omissão, por isso antecipo minhasdesculpas. Mas vai aí um Top Ten, somentecom pessoas e projetos culturais: AlessandroBuzo, com seus livros, eventos, programa deTV e este jornal; Sérgio Vaz, com a Cooperifa;Paquera, Chapinha, Maurílio e Magno, com o

Samba da Vela; Ferréz, com a 1 Da Sul ; Coletivode Graffiti 5 Zonas; Allan da Rosa, com aEdições Toró; Mônica Nador, com o JAMAC –Jardim Miriam Arte Clube; Wagner (Lôko) doSamba do Beco, na Favela da Vila Prudente;Michel Ciriaco, com o Sarau do Elo da Corrente;e Fernanda Nascimento, do Núcleo CulturalForça Ativa.

Quando e de quem foi a ideia de lançar a“Agenda Cultural da Periferia”?Quando estávamos preparando as diretrizesdo Programa de Cultura, no final de 2006,definimos que nossa atuação seria junto aosmovimentos culturais da periferia. Percebí-amos que a cena era vibrante e abrangente,mas nos faltava uma caracterização quanti-tativa e qualitativa. Pensamos em fazer ummapeamento que na época nem estava tão emmoda como agora. Na hora em que fui colocara ideia no papel para fazer um projeto e captarrecurso, pensei que seria melhor fazer um guiacultural. Eu já era programador cultural doCentro de Juventude e Educação Continuadae tinha experiência com edição de periódicos.Bolei projeto editorial e a Bete Nóbrega,grafiteira e artista gráfica, fez o projeto gráfico.Consegui recursos para as seis primeirasedições e lançamos a Agenda em maio de 2007,que graças a Deus está aí até hoje com 29edições e 290 mil exemplares distribuídosgratuitamente em mais de 100 pontos portoda a periferia paulistana.

Ouvi pessoas dizerem que tem em SãoPaulo o Guia da Folha de S. Paulo, doEstadão e da Ação, focado para o gueto.Como vê a comparação com os Guias dosgrandes jornais?Por um lado somos semelhantes sim e tomamosa comparação como elogio. A Agenda Culturalda Periferia é antes de tudo um serviço. A genteoferece ao morador dos bairros periféricosinformações sobre atividades culturais as quaisele não tomaria conhecimento se não fossepor meio da Agenda. Procuramos também terum padrão editorial semelhante aos dos guiasda grande mídia com informação precisa sobrelocal, horário, preço, acessibilidade, etc. Mas,por outro lado, somos a antítese dos guias dagrande imprensa porque neles pobre não temvez, já que normalmente divulgam o que é deinteresse da indústria cultural.

Então, a Agenda da Periferia mostra o quea mídia se nega a mostrar?Sem dúvida. Mas a gente não funciona nalógica da oposição a eles. Gostaríamos que osguias da grande imprensa divulgassem maisos eventos da periferia ou pelo menos oseventos do Centro onde os artistas periféricosse apresentam. A gente trabalha contra asegregação. Tudo que a gente quer é criarfluxos, circuitos amplos que juntem Periferia eCentro. Uma das minhas maiores alegrias équando fico sabendo que uma pessoa quevive no Centro Expandido foi até a Periferiacurtir um sarau ou uma roda de samba porquesoube do evento pela Agenda Cultural. Oinverso também nos interessa porque no fim agente quer é que as pessoas se apropriem doespaço urbano ampliando a noção de direito àcidade. Acho que isso não interessa aos guiasculturais tradicionais. Mas eu sou um idealistaincorrigível e espero que a gente possainfluenciá-los um pouco.

Page 7: Boletim do Kaos 8

FICO MUITO FELIZ QUANDO SOMOS PROCURADOS PELA MÍDIA PARA SERMOS FONTE DEMATÉRIAS SOBRE A CENA CULTURAL DA PERIFERIA. MAS ELES... PODERIAM DAR CRÉDITOPARA A GENTE. MAS, PARAFRASEANDO O OSWALD DE ANDRADE, “UM DIA ELES VÃO COMERO BISCOITO FINO QUE A PERIFERIA FABRICA”.

Sabemos que muita gente da im-prensa usa a Agenda para se atua-lizar do que está rolando. Se elessabem o que rola, por que não dãodestaque, não cobrem?Fico muito feliz quando somos procura-dos pela mídia para sermos fonte dematérias sobre a cena cultural da perife-ria. Mas eles não só poderiam divulgarregularmente na medida em que tomamconhecimento, como poderiam dar crédi-to para a gente. Normalmente eles nãofazem nem uma coisa, nem outra. Mas,parafraseando o Oswald de Andrade, “umdia eles vão comer o biscoito fino que aperiferia fabrica”.

Você é coordenador da "coleçãoliteratura periférica" da Editora Glo-bal, comente essa coleção.Da cena cultural periférica, sem dúvida aliteratura é a expressão mais instigantedo ponto de vista criativo. Talvez sejapor meio da análise da produção literáriaque a gente possa conceituar com rigoro que vem a ser a própria cultura deperiferia que tanto defendemos. Emboraseja uma vertente que vem ganhandoespaço mais recentemente, mais especi-ficamente a partir da publicação do livroCapão Pecado, do Ferréz, a literatura quese produz na periferia é de uma abundân-cia impressionante. Certamente já passa-mos de 100 títulos publicados. Só noSarau da Cooperifa foram laçados uns 40.Tem até uma editora que é a gloriosaEdições Toró. Nós na Ação Educativa jáapoiamos a publicação de 18 obras desde2005. Diante de tamanha produção, noteique havia uns livros que tinham potencialpara serem publicados numa editoracomercial. Conheço a Global Editora há20 anos e procurei o Luiz Alves e oJefferson e apresentei a proposta. Elestoparam porque a Global tem tradição napublicação dos marginais como PlínioMarcos e João Antonio.

Fale um pouco dos títulos já publica-dos pela coleção.Abrimos a Coleção em julho de 2007 emgrande estilo com o maior poeta daperiferia e, agora, também reconhecidocomo dos mais importantes da atualidade:Sérgio Vaz com uma antologia de 20 anosde poesia, “Colecionador de Pedras”.Depois veio Alessandro Buzo com o ro-mance “Guerreira”. Em seguida veio oSacolinha com um livro de contos: “85Letras e um Disparo”. Allan da Rosa, queé mais conhecido como poeta, publicouuma dramaturgia chamada “Da Cabula”e Dinha lançou seu livro de poemas “DePassagem, mas Não a Passeio”. Todosesses livros já tinham edições indepen-dentes bancadas pelos autores, quasetodos com o apoio da Ação Educativa.Agora, como diz o jargão: estão nasmelhores livrarias do Brasil.

Quem vem a seguir na Coleção?Em dezembro sai um título muito aguar-dado e inédito que é o livro do GOG: “ARima Denuncia”. Será um aconteci-mento. Todo mundo conhece o GOGcomo o poeta do rap. Há tempos que euaprecio a poética do rap e comprei todosos discos do GOG para conferir. Não tive

dúvidas: esse é o cara. Mas para colocaros versos dele no papel precisamos daassessoria do Nelson Maka que, além degrande poeta e estudioso de literatura, èum profundo conhecedor da obra do GOG.O resultado foi magnífico. Estou muitoansioso para ver o livro pronto. Acho quevai ter uma repercussão muito grande.

Poucas editoras abrem as portas paraa periferia. Tem a coleção da Global;a Coleção Tramas Urbanos, da Aero-plano do Rio de Janeiro; o Ferréz e oMV Bill na Objetiva. Por que ainda étão difícil as editoras apostarem nessaliteratura produzida nas margens?O movimento literário das periferias érecente e aos poucos vai ganhando espaço,mas dificilmente será uma literatura comgrande presença de mercado. Veja o rap.Há mais de 20 anos saiu o primeiro disco noBrasil e até hoje é um gênero que tem poucavendagem. Tirando os Racionais MCs, queoutro artista vende muito? Mas na literaturaa gente tem uma chance que a Global vemexplorando, embora ainda sem êxito, e quepode vir a dar resultado, que é a vendagovernamental. O Governo Federal é omaior comprador de livros do Brasil. Háeditais de todo tipo. Por meio dessemecanismo público a gente pode ver umtítulo de autor periférico vender 50 milexemplares ou mais.

Cite os livros periféricos que mais temarcaram e explique o porquê.Os cinco livros que levei para a ColeçãoLiteratura Periférica foram, dentre os “forado Mercado”, aqueles de que mais gostei.São obras de grande qualidade querealmente dão prazer de ler. Mas há diver-sos poemas e escritos publicados emcoletâneas que me impactaram bastante.Tenho a honra de conviver no trabalhocom uma poeta muito bacana que é aElizandra Souza, nossa redatora da Agen-da da Periferia. Gosto de muitas poesiasdela pela busca de uma afirmação deidentidade negra; é contundente, mas semperder a leveza. Depois disso, os livrosdo Rodrigo Ciriaco – “Te Pego Lá Fora”e “Meninos do Brasil”, do Marcio Batista,ambos da Cooperifa, me impressionarambastante. São livros de estreia queparecem obra de veteranos. Adorei aColetânea infanto-juvenil “Um Segredono Céu da Boca”, organizada pelo Allanda Rosa.

Como vê a cena dos saraus nas perife-rias de São Paulo?É o que há de mais novo e instigante nacena cultural da periferia. É celebrativo,se assemelha, às vezes, a um culto. Àsvezes é saborosamente anárquico. O quemais me encanta é que o sarau na periferiaé a afirmação do improvável. Veja. ACooperifa fica no distrito do Jardim SãoLuiz que junto com o distrito do JardimAngela formam a Subprefeitura do M’BoiMirim. Nessa região moram mais de 400mil pessoas e lá não tem uma bibliotecapública sequer. De repente, num Bar, unsmalucos há oito anos recitam poesias efazem chover livros, literalmente. Comodiz o poeta Chacal: “o impossível acon-tece; o possível se repete”.

Por que a literatura é importante navida de uma pessoa?Para quem adquire o hábito de ler, aliteratura passa a ser tão importante comoo ar que ela respira.

Fundação CasaTrata-se do Projeto Arte na Casa, por meiodo qual a gente atende a 1200 adoles-centes que cumprem medida socioe-ducativa em regime de internação em 17unidades da Fundação Casa, na GrandeSão Paulo. Levamos para este projeto anossa concepção de cultura de periferia.Os educadores que dão as oficinas sãoquase todos oriundos do movimento cul-tural das quebradas. Já levamos para asunidades uma série de artistas periféricospara darem workshops. Destaco, entreeles, o Mano Brown, Edy Rock e KL Jaydos Racionais, Fernandinho Beat Box,Sérgio Vaz, entre outros. Todo início domês os adolescentes tomam contato coma Agenda Cultural da Periferia. A ideia éque eles possam dar continuidade aoaprendizado artístico obtido com asoficinas quando voltarem para casa que,na maioria dos casos, fica na periferia.Acreditamos muito nesse Projeto porquenele a gente comprova de forma contun-dente o quanto a arte transforma aspessoas.

O que acha do Boletim do Kaos?Uma grande sacada. Vocês tambémfizeram o que parecia impossível. Achoque junto com a Agenda da Periferia, elefica melhor ainda porque destrinchamelhor muita coisa que sai no nosso guia,com a vantagem de ter uma abrangêncianacional. Editorialmente acho brilhante.Quando vi, logo pensei: é a imprensaalternativa dos anos 70 com o frescor dacultura da periferia atual. É um trampo deheróis. Pouquíssimas pessoas botandoum jornal com essa qualidade na rua todomês é a prova de que é possível dar vidaaos nossos sonhos. Longa vida ao Boletimdo Kaos!

Nos fale da Semana do Hip Hop quea Ação promove há 10 anos.Um evento que teve uma grande contri-buição para o hip hop, mas que está emvias de concluir um ciclo. Ano que vemfaremos a décima edição e talvez seja aúltima. Estamos pensando inclusive defazê-la nacional envolvendo a galera doNorte e Nordeste, Sul e Centro-Oeste e,quem sabe, começaremos um novo ciclo.Mas a Semana de Cultura Hip Hop é feitaem parceria com grupos e posses e agente ainda vai sentar para discutir oassunto.

Para finalizar, acha que a periferiaestá na moda, ou tem alicerce parase manter na literatura e na música?Não está na moda, não. Eu leio porobrigação, todos os dias os cadernos decultura da Folha de S. Paulo e do Estadãoe recorto tudo que se trata de periferia. Éinsignificante. A gente não pode se iludircom essa história de moda, não. Temmuito espaço para conquistar. Mas o

momento agora também já não é maissó de afirmação. Precisamos investircada vez mais na qualidade. Precisa-mos nos apropriar das políticaspúblicas de fomento e fazer uso delaspara fortalecer a cultura. Porque senão investirmos em qualidade logo,vão se esquecer. Ferréz não estariaaí há mais de 10 anos se seu textonão tivesse qualidade. Temos umlongo caminho pela frente.

Uma escritora: Eliane BrumUm poeta: Sérgio Vaz

Um filme:12 Trabalhos, de Ricardo Elias

Uma personalidade:Nelson Mandela

Um artista: Gilberto GilUm sonho: O fim da pobreza

Um time: Santos FCUma personalidade:

Oscar Niemeyer

PRECISAMOS INVESTIR

CADA VEZ MAIS NA

QUALIDADE.

PRECISAMOS NOS

APROPRIAR DAS

POLÍTICAS PÚBLICAS

DE FOMENTO E FAZER

USO DELAS PARA

FORTALECER A

CULTURA

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Jorge Amado nasceu em 10 de agosto de 1912, nafazenda Auricídia, no distrito de Ferradas, municípiode Itabuna, sul do Estado da Bahia. Filho dofazendeiro de cacau João Amado de Faria e de EuláliaLeal Amado.

Com um ano de idade, foi para Ilhéus, onde passoua infância. Fez os estudos secundários no ColégioAntônio Vieira e no Ginásio Ipiranga, em Salvador.Neste período, começou a trabalhar em jornais e aparticipar da vida literária, sendo umdos fundadores da Academia dosRebeldes.

Publicou seu primeiro romance, O paísdo carnaval, em 1931. Casou-se em1933, com Matilde Garcia Rosa, comquem teve uma filha, Lila. Nesse anopublicou seu segundo romance,Cacau.

Formou-se pela Faculdade Nacionalde Direito, no Rio de Janeiro, em 1935.Militante comunista, foi obrigado aexilar-se na Argentina e no Uruguai entre 1941 e1942, período em que fez longa viagem pela AméricaLatina. Ao voltar, em 1944, separou-se de MatildeGarcia Rosa.

Em 1945, foi eleito membro da Assembléia NacionalConstituinte, na legenda do Partido ComunistaBrasileiro (PCB), tendo sido o deputado federal maisvotado do Estado de São Paulo. Jorge Amado foi oautor da lei, ainda hoje em vigor, que assegura odireito à liberdade de culto religioso. Nesse mesmoano, casou-se com Zélia Gattai.

Tragédia paulistanapor Berimba de Jesus

Jabaquara conheceu Conceição / que foiapresentada por São Judas / o qual dizemque é santo / os dois com Saúdetrabalharam na Praça da Árvore / na SantaCruz se casaram / e foram morar na VilaMariana. / Conceição pariu Ana Rosa etudo foi um Paraíso, / só que Conceiçãoconheceu Vergueiro / que foiapresentado por São Joaquim / o qualtambém falam que é santo./ E elaexcitada, traiu Jabaquara, na Liberdade nacara larga. / Para se vingar Jabaquara foia um puteiro e conheceu a Sé, / que foiapresentada por São Bento, / o qual,também falam que é santo. / E a Sé deuà Luz / a Tiradentes e Armênia. /Jabaquara discutiu com Conceição pelasbandas do Tietê / e injuriado matouConceição afogada. / Foi parar noCarandiru. / Santana, irmão de Jabaquara,/ ficou com a Sé, / assumindo Ana Rosa,Tiradentes e Armênia, / e foram todosmorar no Jardim São Paulo. /Mas numbelo passeio de domingo pela ParadaInglesa, / todos morreram atropelados nalinha um azul do metrô, / e foramenterrados como indigentes no Tucuruvi.

Em 1947, ano do nascimento de João Jorge, primeiro filho docasal, o PCB foi declarado ilegal e seus membros perseguidose presos. Jorge Amado teve que se exilar com a família naFrança, onde ficou até 1950, quando foi expulso. Em 1949,morreu no Rio de Janeiro sua filha Lila. Entre 1950 e 1952,viveu na Tchecoslováquia, onde nasceu sua filha Paloma.

De volta ao Brasil, Jorge Amado afastou-se, em 1955, damilitância política, sem, no entanto, deixar os quadros doPartido Comunista. Dedicou-se, a partir de então, inteiramente

à literatura. Foi eleito, em 6 de abril de 1961, para acadeira de número 23, da Academia Brasileira deLetras, que tem por patrono José de Alencar e porprimeiro ocupante Machado de Assis. Doutor Hon-oris Causa por diversas universidades, Jorge Amadoorgulhava-se do título de Obá, posto civil que exerciano Ilê Axé Opô Afonjá, na Bahia.

A obra literária de Jorge Amado conheceu inúmerasadaptações para cinema, teatro e televisão, além deter sido tema de escolas de samba por todo o Brasil.Seus livros foram traduzidos em 55 países, em 49idiomas, existindo também exemplares em braile eem fitas gravadas para cegos.

Em 1987, foi inaugurada em Salvador, Bahia, no Largo doPelourinho, a Fundação Casa de Jorge Amado, que abriga epreserva seu acervo, colocando-o à disposição depesquisadores. A Fundação objetiva ainda o desenvolvimentodas atividades culturais na Bahia.

Jorge Amado morreu em Salvador, no dia 6 de agosto de 2001.Foi cremado, e suas cinzas foram enterradas no jardim de suaresidência, na Rua Alagoinhas, em 10 de agosto, dia em quecompletaria 89 anos.

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Por Crônica MendesNina Fideles

Time: Clube de Regatas do FlamengoEscritor: George OrwellPoeta: Zé da LuzFilme: Faça a Coisa Certa – Spike LeeAtor: Benicio del ToroSerafim Gonzáles

1 – Antigo grupo derap paulistano2 – Livre de Mv Bill3 – Apocalipse 16 a sigla4 – Filme e clássico dos Racionais Mcs5 – DMN e Edi Rock6 – Lançado por Alessandro Buzo e Toni Nogueira7 – Um dos maiores poetas nordestinos. ? do Assaré.8 – Livro de Marcio Batista9 – Autor do livro “A menina que roubava livros” ? Zusak10 – Elemento do Hip Hop

1 COMANDO DMC2 CABEÇA DE PORCO

3 APC 164 MÁGICO DE OZ

5 H.AÇO6 PROFISSÃO MC

7 PATATIVA8 MENINOS DO BRASIL

10 BREAK

Atriz: Fernanda MontenegroLivro: Papillon - Hernri CharriereO que dá prazer: minha arteO que você não suporta: exploraçãoTrês lugares que frequenta: a rua, a Cooperifa e a casa da minha namorada.Um sonho: viver da arte, por enquanto sobrevivoUma personalidade: Bob Marley, espalhou o som do Terceiro MundoUm artista: o já falecido escultor Serafim Gonzáles, do Marapé, minha quebrada em Santos

O ESTUDO DA MARGINALIDADE Por Alessandro Buzo

O que aborda seu livro?O livro Vozes marginais na literatura toma como motea atribuição do adjetivo marginal, por parte de algunsescritores da periferia, para caracterizar a si ou aosseus produtos literários no limiar do século XXI. Trata-se de um trabalho que parte da análise da CarosAmigos/Literatura Marginal e da relevante cena literáriaque se constituiu nas periferias após o lançamentodessas revistas. A obra dá ênfase às carreiras e obrasde três escritores, Ferréz, Sérgio Vaz e Sacolinha(Ademiro Alves), além de abordar seus respectivosprojetos de atuação político-cultural: o movimento1daSul, a Cooperifa e o Projeto Literatura no Brasil.

Como foi o processo de pesquisa?A pesquisa foi desenvolvida entre 2004 e 2006, naUniversidade de São Paulo, na área de AntropologiaUrbana. As reflexões foram produzidas a partir deobservação de campo de 32 eventos culturais eentrevistas com 12 escritores residentes em SãoPaulo, dentre eles Allan da Rosa, Alessandro Buzo,Claudia Canto, Dugueto Shabazz e Elizandra Souza.O foco do meu estudo foram os autores quepublicaram nas três edições Caros Amigos/LiteraturaMarginal e, embora aborde as principais característicasdessa produção literária que emergiu da periferia,privilegia a trajetória e atuação dos escritores.

Você fala da cena literária na periferia, quaisautores e livros você mais gosta?Mais do que considerar essa cena literáriaextremamente relevante do ponto de vista político,considero que há contribuições importantes queajudam a diversificar o discurso literário, trazendo àtona novas linguagens, temáticas e personagens.Neste contexto, gostaria de destacar Capão Pecado,de Ferréz, e as poesias de Colecionador de pedras,de Sérgio Vaz, e de De passagem, mas não apasseio, de Dinha. Gosto muito do livro Notíciasjugulares, do Dugueto Shabazz, porque mesclacontos, crônicas e raps, e tem um trabalho gráficomuito bonito. Também gosto bastante da veia cronistae jornalística de Alessandro Buzo e das performancesdos poetas da Cooperifa.

Sempre foi sua intenção publicar suapesquisa em livro ou isso pintou depois?É muito difícil publicar pesquisa acadêmicano Brasil, tanto porque as editoras dão poucoespaço para intelectuais em início de carreira,quanto porque a linguagem dos textos, porvezes, dificulta o interesse de um públicoamplo. Por isso mesmo, não imaginei que apesquisa fosse ser publicada em livro. Masfiquei bastante contente quando surgiu aoportunidade de participar da Coleção TramasUrbanas.

Agora você é uma escritora, podemosdizer que da Literatura Marginal?Refletindo sobre a minha trajetória, cer-tamente,relembro situações de marginalidade social quevivenciei em diferentes momentos, por sernegra e de origem pobre. Mas não me considerouma escritora marginal, sou uma antropólogaque está publicando seu primeiro livro.

Porque ler seu livro?

PRIMEIRAMENTE, PORQUEÉ O PRIMEIRO REGISTROACADÊMICO SOBRE AATUAÇÃO E PRODUÇÃO DOSESCRITORES DA PERIFERIAQUE SE ASSOCIARAM OUFORAM ASSOCIADOS AOADJETIVO MARGINAL NOCENÁRIOCONTEMPORÂNEO.

Quem é Érica Peçanha?Apaixonada por seus familiares e amigos,pelos livros e pela música brasileira. Umaantropóloga que gosta muito da sua profissãoe dos temas que escolheu estudar.

MAS NÃO ME CONSIDEROUMA ESCRITORA MARGINAL,SOU UMA ANTROPÓLOGA QUEESTÁ PUBLICANDOSEU PRIMEIRO LIVRO

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www.marildafoto.blogger.com.br

Diversão garantida ou suatelevisão de volta!

A Poesia Maloqueirista nasceu em2002, a partir do encontro de poetas queveiculavam seus livretos artesanais pelasruas. Assim, passou a gerar um diálogoessencialmente mambembe, indo aonde opovo está, tradição esta que sempre resistiuaos meios de comunicação padrão. Passoua criar identidade em sua produção literáriae artística a partir da vivência cotidiana nacidade, interagindo com todo tipo de tran-seunte, além de intervenções e assaltosculturais em praças públicas e bares,reunindo poetas como Berimba de Jesus,Caco Pontes, Pedro Tostes, Aline Binns,Renato Limão, Inayara Samuel, MaurícioMarques, Aline Reis, entre outros, advindosdas mais variadas regiões suburbanas deSão Paulo, ou mesmo do Rio de Janeiro,onde se aliou a movimentos como Filé dePeixe e Ratos di Versos.

Acompanhando também a trajetó-ria dos saraus espalhados pelas vilas eguetos de São Paulo, o coletivo fortaleceua corrente tendo como característica umapegada nômade, com traços de terrorismopoético, irreverência e denúncia, semlevantar bandeiras específicas. Desdeentão mantém uma proposta multifacetada,sendo a poesia base de linguagem, abrindoo campo de criação e troca de experiên-cias desenvolvendo sarau, oficinas, even-tos multimídia, banda, possibilitando assimuma popularização maior da poesia. Algunsacontecimentos já se tornaram clássicos,como Revista Não Funciona, C.A.I-MAL

(Centro de Ação In-formal), InterferênciaModulada, óperArua, Orquestra Megafô-nica e Experimento Prosótypo. Atualmenteo coletivo mantém atividades e sede nobairro do Morro do Querosene, zonaoeste de São Paulo e, desde maio,acontece mensalmente a Récita Maloquei-rista, no Espaço dos Parlapatões, Pça.Roosevelt, com a idéia de centralizar umsarau que possa reunir pessoas de outrasquebradas, além da comunidade local,buscando diversidade e entretenimento.

Mais informações, acesse:poesiamaloqueirista.blogspot.com

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Esse texto não é um pedidodo Itaú Cultural, que patrocina o custográfico deste periódico que é oBoletim do Kaos, muito menos é a gentedo jornal querendo fazer uma médiacom o patrocinador.

Mesmo eu afirmando que semele, o apoio, o jornal para, porque équase um milagre a gente fazer ele como conteúdo que têm, mensal, sem falha,com uma equipe de três pessoas(Alessandro Buzo, Alexandre De Maioe Marilda Borges), mais equipe deredação e distribuição, manos e minasque espalham essa informação pelasquebradas, traficando informação.

Mas não estou aqui para falardo Boletim do Kaos e sim do Itaú Cultural.

POR QUE REPRESENTA?Sei que os críticos de plantão,

vão dizer: “Um banco? Não faz maisque a obrigação”. Concordo, mas mepreocupo mais com outros bancos quenem as obrigações fazem.

Assim como o Itaú Cultural,destaco positivamente o Banco doBrasil, por exemplo. Ambos oferecematividades culturais gratuitas.

Então deixe quem quiser cri-ticar, para mim o Itaú Cultural representaporque foi quem acreditou que erapossível um jornal de literatura, feitopor pessoas vindas da periferia. Não eranenhum boyzinho de olho azul, di-

ploma na mão, éramos eu (Buzo) e oAlexandre De Maio. Dois vagabundosnatos, no bom sentido da palavra.

Representa porque sempre es-teve presente na cena literária periféricada quebrada, apoiou o CD de poesias daCooperifa e também a coletânea literária“Rastrilho da Pólvora”, com autores dosarau e convidados.

Representa porque abre suasportas para receber, por exemplo, olançamento do DVD do Ferréz, que elestambém apoiaram. Dia desses teve por láshow do Wesley Nóog, da hora ver osmanos invadindo os espaços disponíveise ótimos eles existirem.

Representa porque tem bibliote-ca, sala de leitura, videoteca. Tá bom, vãodizer que é na avenida Paulista, tudo bem.Mas quantas pessoas que trabalham naregião não têm acesso?

Eu mesmo peguei alguns filmesnacionais por lá, que não achava naslocadoras, como “Amarelo Manga” e outros,um grande acervo de filmes e livros, tudode graça. Vamos nós à Paulista e usamos oque é “para todos”, nem tudo na Paulista épara todos e quase nada é de graça.Sempre tem exposições, shows, debatese filmes gratuitos.

A “Ocupação Paulo Leminsk”,outro exemplo, está imperdível. Para mim,que utilizo, o Itaú Cultural representa. Sevocê é do time que só fica “É na Paulista, éna Paulista!”, eu lamento, não sabe o queestá perdendo.

Mande e-mail com suaproposta de diálogo para

[email protected]

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Maiores informações e muito mais opções acesse nossosparceiros e informe-se no site da Ação Educativa que tem umaagenda sobre os vários eventos no mêswww.acaoeducativa.org.br/agendadaperiferia

No site Catraca Livre você tem uma agenda que tem eventos,cursos, cinema, teatro, exposições, palestras e encontroswww.catracalivre.com.br

Quem quiser divulgar seu evento na próxima ediçãoentre em contato pelo e-mail:[email protected]

Cronista de um tempo ruim - Ferréz - Selo PovoTextos inéditos, é o primeiro do Selo Povo, ao preço de R$ 5com mais de 125 páginas

O que é Selo Povo?Selo feito para livros de bolso, livros esses escritos por e paramãos operárias, rebeldes, marginais, periféricas. Que possaalcançar o público despossuído de recurso que geralmentevê o livro como um item raro e elitista. Um vinho guardado enunca degustado, enquanto queremos que todos bebam pelomenos sua tubaína diária. Um selo em um livro de bolso, paraser posto na sexta básica, para ser lido na rua, no horário dealmoço, nas prisões, nos acampamentos, nas zonas, nos bares,barracos e barrancos desse imenso país periferia.Esse selo garante um livro de fácil leitura e que será lido, relido,emprestado, e gasto, andando de mão em mão até que voltepara onde veio, a vida. Ao preço de 1 cerveja e meia, e maisbarato que um prato feito, a desculpa para não ler acabou.Bem vindo ao Selo Povo, feito pra você e pra todo mundo.

Dia 7 às 20h30 Sarau da Brasa -Lançamento do livro "Histórias de TioAlípio e Kauê - O Beabá do Berimbau",com ilustrações e roteiro de Márcio Folha.

Dia 17 Lançamento do Livro "PelasPeriferias do Brasil - VOL III" na AçãoEducativa (Rua General Jardim, 660 -Centro de SP)

Dia 18 Seminário Hutúz no Rio deJaneiro. Debate "Evolução e Revoluçãodo Hip Hop” com Alessandro Buzo,DMC, Marcos Faustini. Mediadora:Sandra Almada Local:CCBB - CentroCultural Banco do Brasil (RJ)

Dia 19 as 20H Lançamento do livro"Tambores da Noite" do poeta de 82anos Carlos de Assumpção no Sarau Eloda Corrente

Dia 20 O evento Balada Literária traza edição “Viva o Povo Brasileiro” noSESC Pinheiros às 19h. Uma noite emhomenagem ao Dia da ConsciênciaNegra e aos 50 anos de carreira de JoãoUbaldo Ribeiro, com o pianista VitorAraújo e os cantores Rubi e FabianaCozza. Participação especial dasatrizes Naruna Costa e Olívia Araújo.Teatro Paulo Autran. Sérgio Vaz e Ferréztambém serão homenageados.

Dia 20 as 15H Homenagen no C.C.J. aCarlos de Assumpção com o o grupode percussão Refúgio da ComunidadeQuilombaque

Dias 20, 21 e 22 A Coopermusp(Cooperativa dos músicos da periferia)traz o evento Evento Igualdade paratodos. No palco nomes como GOG,Mano Brown, Planta e Raiz, DemenosCrime, Raiz Coral entre outrosMais informaçõescoopermusp.blogspot.com

Dia 21 as 15H Coletivo Cultural Poesiana Brasa faz mesa de discussões coma participação de mulheres Negras emmovimentos Sócio-culturais, com apresença de Raquel Almeida (ColetivoElo da Corrente), Lid's (Sarau da Ademar)e Maria Helena (Presidente da Ala daVelha Guarda da Rosas de Ouro e daEmbaixa do Samba Paulista) - Local CCJDia 21 as 19H Sarau da Brasa comSamba do Kolombolo Diá Piratiniga e aVelha Guarda da Rosas de Ouro21h Lançamento do livro "Tambores daNoite" do poeta Carlos de Assumpção

Dia 22 as 15 H Mesa - O papel da Literatura,com os poetas Diego Arias e Leko de Moraes(SarauPoesia na Brasa), Rui Mascarenhas(Poiesis) e Caco Pontes (Poesia Maloquerista).

Dia 23 Lançamento oficial "Cronista de umtempo ruim" (Ferréz), o primeiro livro do SeloPovo na Ação Educativa.

Dia 30 as 19H Edição especial "Ultima doAno" do evento "Suburbano no Centro"19H30 - Exibição do filme "Profissão MC" Nasequencia pocket show com Fim do Silencioe Comunidade Rasta (DRR) e Criolo Doido.

Exibição do filme "Profissão MC"Dia 09 as 19H Com debate na Semana deArte Maloqueira em Guaianazes. Local:Espaço Cultural Guianás (antiga SubPrefeitura de Guaianazes) Rua CosmeDeodato Tadeu, s/n (Zona Leste de SP) Gratis- 100 lugaresDia 13 as 19h30 Com debate no CEUCURUÇA. Av Marechal Tito- Itaim Paulista(Zona Leste de SP) Gratis - 450 lugaresDia 19 as 19H no Rio de Janeiro-RJ - HutúzFilme Festival - Debate com os diretoresAlessandro Buzo, Toni Nogueira e oprotagonista Criolo Doido. Local: CinemaOdeon Petrobrás - Cinelândia - Centro do Riode Janeiro - Ingresso R$ 4,00 - Meia R$ 2,00 -584 lugaresDia 27 - Exibição do filme "Profissão MC" naCidade de Ribeirão Preto com debate.

Lançamentos do Vozes Marginais naLiteraturaPrimeiro livro de Érica Peçanha "Vozesmarginais na literatura” é resultado de umapesquisa de mestrado em Antropologia So-cial, desenvolvida entre 2004 e 2006 naUniversidade de São Paulo.Lançamentos:Dia 05 às 19H30 – Ação Educativa Rua Gen-eral Jardim, 660 – Vila BuarqueDia 07 às 16h – Loja Suburbano ConvictoRua Nogueira Viotti, 56 – Itaim PaulistaDia 12 às 20H – Sarau Elo da Corrente Bardo Cláudio Santista – Rua Jurubim, 788 –PiritubaDia 14 às 20 – Pavio da Cultura Centro deEducação e Cultura Francisco Moriconi RuaBenjamin Constant, 682 – Centro de SuzanoDIa 18 às 20H – Sarau da CooperifaBar doZé Batidão – Rua Bartolomeu dos Santos, 797– Chácara Santana

Hip Hop Mulher – Conquistando Espaços

O livro organizado por Tiely Queen traz poesias deElizandra Souza e textos de Valéria Melki Busin,Latoya Guimaraes, Re.Fem. e Roseane Arévalocom Ilustrações: Fernanda Sunega e Ana ClaraMarques (Rede Graffiteiras Br) na Concepção edito-rial: Allan da Rosa e Silvio Diogo (Edições Toró)

O Beabá do Berimbau de Marcio Folha.

Escrita em prosa, poesia e quadrinhos, a obra revela o universoda capoeira ao mostrar um berimbau como mediador de umadisputa de conhecimentos entre os personagens Tio Alípio eKauê sobre esse instrumento musical e outros assuntos, comoorixás e cultura negra em geral. Histórias de Tio Alípio e Kauê - OBeabá do Berimbau tem 108 páginas e foi produzido sob opatrocínio do programa VAI - Valorização de Iniciativas Culturaisda Secretaria de Cultura de São Paulo.

Graduado em Marginalidade2ª edição - Sacolinha

Lançamento da 2ª edição dia 25 de novembro,a partir das 19h Local: Casa das Rosas AvenidaPaulista, 37 - Bela Vista - SP Metrô Brigadeiro-Informações: (11) 4749-7556 - Entrada gratuita

O Samba e a literatura de Esmeraldano SESC Pinheiros

Quando – Dia 13 novembro - Sexta, às 20h.

Numa intervenção artística com poesia e música,Esmeralda Ortiz, contará sua história de experiênciade uma infância na rua, em situação de risco.Apresentará seu novo projeto musical comcomposições de sambas de roda e de partido alto elançará seus livros "Porque não dancei" e "O diário

da rua" que contam sua trajetória.

Auditório - 3º andar. Não é permitida a entradaapós o início da intervenção. Retirada deingressos pelo sistema INGRESSOSESC, a partir

de 01/ 11. Recomendável para maiores de 14 anos.Rua Paes Leme, 195. Pinheiros São Paulo - 11 3095-9400

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Seu nome legal é Pedro, mas éconhecido como Adnalla e gosta de serchamado assim. Afinal, foi ele quem lhe deuesse nome. O motivo de só usar o nomeverdadeiro em ocasiões extremamentenecessárias estava quando respondia apergunta:

- Qual é a sua graça, moço?- Meu nome de escravo é Pedro, mas

pode me chamar de Adnalla, que deveria ser omeu nome verdadeiro.

Em sua infância já era marrentoquando se tratava de piada racista, tanto quecerta vez levou suspensão na escola por tersocado o colega de classe que cantou:

Negro fedorento,Bate a bunda no cimento,Pra ganhar mil e quinhentos.Mas sua consciência crítica veio

mesmo depois que começou a fazer teatroalternativo. Isso lhe exigiu muita pesquisa,busca de conhecimentos e milhares depáginas em altas madrugadas. Foi inevitávelnão cair no tema dos seus antepassados.

Acabou saindo do coletivo em quefez parte, há mais de cinco anos, porque ogrupo tinha o pensamento humano comotrabalho central em suas peças.

Adnalla partiu de São Paulo para oRio de Janeiro onde se envolveu com a ONG“Nós do Morro” e lá pôde desenvolver umgrande trabalho em torno das questões raciais.

Passou toda a década de 90 imersoem discussões, pesquisas e publicações. Sóno ano de 2001 é que voltou a morar emSampa, porque nas suas vindas para a capitalpaulista conheceu uma branca de nomeMarília. Namoraram por dois anos só se vendouma vez ao mês. Então resolveram casar.

Foi ele que mudou de estado.O sogro cedeu 15 metros do seu

terreno para a filha construir e morar com omarido. Aproveitaram a oportunidade e hojeestão casados.

Adnalla continua no teatro e detabela trouxe Marília para junto das artes, jáque antes de casar ela trabalhava comprojetos sociais.

A vida de casados estava ótima, atéo momento em que começaram as cobranças,mesmo por brincadeiras, por parte dos paisde Marília.

Queriam logo um neto, e a sogra eraquem mais se mostrava afim. Quando todosestavam em casa no domingo e se reuniampara almoçar, ela logo investia em indiretas.

- Assim que você ficar grávida minhafilha, eu é quem vou escolher o berço.

O sogro não ficava atrás:- E eu vou fazer um balanço para ele

nessa árvore aí do quintal.Adnalla e Marília olhavam um para o

outro sem graça, procurando sempre mudarde assunto. É que filho era o que eles maisqueriam, já estavam tentando há uns dois anos.E começaram a ficar desconfiados.

Procuraram médicos. Nada havia deerrado, podiam ir tentando que logo daria certo.E foi o que fizeram. Tentaram por mais um anoe nada. Então recorreram à medicina popular.Primeiro foram atrás da Nêga Lurdes, mineirade 70 anos que teve dez filhos, todos de parto

caseiro. É famosa aqui em São Paulo porter dado a felicidade a muitos casais comsua milagrosa garrafada.

Tanto um como outro bebeu dolíquido, mas nada sucedeu.

Continuaram recorrendo a tudoe a todos, e logo todas as pessoas queos cercavam ficaram sabendo da sagado casal que não conseguia ter filhos.

É aí que entra Marcos Torellinessa história. Cineasta de 32 anos com10 documentários e dois longas-metragens no currículo, é ainda poucofamoso. Conheceu Adnalla em uma peçade teatro onde o texto era assinado porele. A simpatia cresceu quando os doissouberam que moravam no mesmobairro. Logo fizeram parceria em filmese peças teatrais. A amizade cresceu,tanto que um ia sempre visitar o outro. Efoi numa dessas visitas que Adnallapercebeu o olhar de cobiça que Torellidirigia a Marília.

Resolveu levar no banho-maria,já que o dramaturgo sabia que o cineastaera um bom malandro, e macaco velhonão põe a mão na cumbuca,principalmente dos outros. Logo iaperceber que estava fazendo coisaerrada e pararia sem precisar de umaconversa responsa.

Mas não parou, e às vezes nemdisfarçava quando, trabalhando emalgum texto novo na casa do amigo, davaumas espiadelas nas coxas de Maríliaque passava de um lado a outro da casa.

Adnalla chamou a atenção deMarília várias vezes e, embalados com acrise da não-gravidez, brigavam sempre.Ele até começou a desconfiar. E nessadesconfiança passaram-se três anos.Juntando todas as crises e dilemas ocasal se separou e voltou algumasvezes. Na última separação não tevevolta.

Torelli e Adnalla já não tinhamaquele trabalho intenso como nocomeço da parceria e a desconfiança,junto com as intrigas, rompeu com otrabalho dos dois. A amizade continu-ava, até que numa noite de estreia dumapeça dirigida por Adnalla, Marília e Torellichegaram de mãos dadas. Todo o mundoviu, todo o mundo comentou e a suspeitado dramaturgo teve confirmação.

Cortou relações com o cineastae só conversava com sua ex porquegostava muito dela. Dava conselhos otempo todo, dizendo que Torelli não erahomem de confiança, que conhecia ele,e isso e aquilo. Mas Marília não queriaacreditar e, uma vez cega de amor einfluenciada pelo namorado, ligou paraAdnalla e falou que ele não era capaz dedar o que ela queria, que nunca deu aatenção que ela merecia, e que só queriasaber de teatro e coisas de negro.

O dramaturgo pensou que nãohavia coisa pior do que ouvir isso dealguém com quem viveu por sete anos.Mas havia sim. Marília ficou grávida. Nãodemorou para que as pessoas percebe-

ssem sua barriga, e soltassem a língua:- O cara ficou mó tempão

tentando engravidar a mina e nãoconseguiu, chegou outro e rapidinho fezo serviço.

- Muié nenhuma merece casarcom homi estéril.

- O Ricardão mandou vê naMarília e embuchou a danada.

Adnalla se achava parecido comesses personagens das tragédias gregas,e achou mesmo que cometeria algumacoisa errada. Estava em conflito interno.Passou duas semanas sem produzir e lernada, só pensava nos últimos aconteci-mentos. E como se não bastasse tudoisso, chegou aos seus ouvidos a notíciade que Torelli estava morando comMarília na casa que ele construiu.

Refletir foi o único remédio.Adnalla superou, ergueu a

cabeça e voltou à produção. Viveriatranquilamente se não fosse Marília noseu pé.

Depois que a criança nasceu,Torelli abandonou Marília, e esta vivialigando para Adnalla e pedindodesculpas, querendo voltar. Ele bem quepensou em reatar, já que a amava tanto,mas orgulhoso que é resolveu não sofrera humilhação.

Ajudava Marília no que podia,conversava, dava conselhos e faziafavores, mesmo estando no Rio deJaneiro, onde vivia atualmente.

Torelli não parava de viajar,envolvido com filmes aqui e ali. Mas nãodeixava de pagar a pensão. Vez ou outraia atrás de Marília a procura de sexo, eela sempre cedia.

Na época em que Adnalla eTorelli eram parceiros os dois produziramum roteiro de um longa-metragemtratando sobre o tema da exclusão so-cial. Adnalla foi o responsável pelapesquisa e compôs praticamente tudo.O cineasta só deu uma enxugada notexto. Aconteceu que nenhum dos doisregistrou esse roteiro.

Em 2008 lançaram um filme nosEstados Unidos que foi sucesso depúblico e crítica, e logo começou a serexibido em diversos países. Os direitosautorais do filme estavam em nome deMarcos Torelli. Adnalla ouvira falar muitodessa longa e resolveu assisti-lo. Não deuoutra, era o roteiro feito por ele emparceria com Torelli.

Superou a crise existencial quefoi mais difícil, mas esse fato ia aoencontro do ego e ganância humanas.“Trabalho há mais de 20 anos com arte eaté hoje não consegui fama e nemdinheiro, aí vem um filho da puta e ganhatudo isso me passando a perna duasvezes”.

Não ia reivindicar seus direitospelas vias legais, não teria como provar,então resolveu fazer justiça.

Chegou a São Paulo e foi diretopara o bairro onde Torelli morava.

Informaram-no que não estava em casa eque chegaria mais tarde. Ficou de tocaianum canto da rua, e lá pelas três damanhã, sentindo muito frio e fome,resolveu ir até a casa da sua ex.

Quando lá chegou viu o carrode Torelli no portão da casa. Pulou o muroe vagarosamente chegou até a janela. Osdois transavam.

Filho, traição, ciúmes, jogo sujoe as crises. Tudo juntou em sua cabeça efoi ganhando tamanho até explodir.Diante disso perdeu o juízo. Arrombou ajanela e já entrou apontando a arma equerendo satisfações. O cineasta foipedindo calma enquanto colocava acalça. Marília só gritava. Num vacilo dodramaturgo, Torelli conseguiu escapar ecorreu rua a fora sem nem lembrar docarro. Adnalla foi atrás e conseguiualcançá-lo numa esquina do bairro.

Torelli pediu calma.Caiu com três tiros no peito em

frente a uma padaria que exalava o cheiroda primeira remessa do pão damadrugada. O dramaturgo sentou ao ladodo corpo, começou a entoar baixinho o“Canto das três raças”.

Ninguém ouviu,Um soluçar de dorNum canto do Brasil,Um lamento triste sempre

ecoou...E ficou ali, a sentir aquele cheiro

de padaria, a última coisa boa queresolveu sentir em vida antes de ir aoencontro dos seus ancestrais.Sacolinha

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Qualidade, requinte, mobilização, avirada cultural da periferia.

Uma semana de eventos dequalidade realizados na periferia dazona sul de São Paulo. A periferia comocentro da produção cultural. Muitacoisa aconteceu e o encerramento foiuma catarse assim com descreveuSérgio Vaz em seu blog. O samba doKolombolo, a música requintada deWésley Nóog, Periafricania, VersãoPopular, B Valente, Gaspar (ZáfricaBrasil), Funk Buia e Crônia mendes(A Família) e direto de Brasília GOGpassaram pela Casa de Cultura M´BoiMirim para encerrar 7 dias de eventosque ficarão para história.

O sábado anterior foi oCaldeirão cultural com feira de livros,acompanhado das exposições "Me-talmor-fose" do Casulo, as telasdo Guilherme e a arte retirada dolixo do poeta Tubarão. Também te-ve um debate sobre a arte de rua como grafiteiro Michel Onguer, o pixadorCripta Djan, o artista plástico JairGuilherme, mediado pelo fotógrafoJoão Wainer e para finalizar show ins-trumental com o violinista Brau Men-donça. Á noite grande encontro dapoesia com vários coletivos poéticoscomo o Sarau da Cooperifa, doBinho, Elo da Corrente, da Ademar,Rascunhos poéticos, Do Povo eSarau Rap. A cada dia da Mostra umaoverdose de expressões culturais dequalidade.

A sexta feira começou como debate mediado por com RoseliLoturco – jornalista e professora daONG Papel Jornal e na mesa, Xico Sá,Sacolinha e Marcelino Freire, seguidacom apresentações teatrais, para aplatéia de mais de 500 expectadores,das peças “Os Tronconenses – NúcleoTeatral Filhos da Dita (InstitutoPombas Urbanas) e Solano Trindadee suas negras poesias – CapulanasCia de Arte Negra.

A quinta feira foi dedicada aocinema com exibição de filmes "Os12 trabalhos" de Ricardo Elias; Pro-fissão MC de Alessandro Buzo e ToniNogueira; Povo lindo, povo inteli-gente de Sérgio Gagliard e MaurícioFalcão; Amanhã, talvez de RogérioPixote; Literatura e resistência,1DaSul Filmes e Literatura MarginalEditora; Graffiti de Lílian Santiago ePode me chamar de Nadí de DéoCardoso. No debate posterior Ricar-

do Elias, Pixote, Toni Nogueira e BarataQuarta foi o dia da literatura que

começou com o debate Engajamento erevolta na ponta da caneta com RodrigoCiríaco – professor e escritor, Michelda Silva – arte-educador e escritor,fundador do Sarau Elo da Corrente,Márcio Batista – professor e poeta daCooperifa, Elizandra Souza – escritorae redatora da Agenda Cultural da Periferiae Ecio Salles (RJ) – colaborador decoletivos atuantes em favelas e perife-rias, pesquisador e autor do livro “Poesiarevoltada”. O segundo foi Literatura Mar-ginal através dos tempos com Chacal(RJ) – protagonista da literatura marginaldos anos 1970, poeta e produtor cultural,Sérgio Vaz, Ferréz com coordenação:Heloisa Buarque de Hollanda. Parafechar a noite em grande estilo, o Sarauda Cooperifa completou 8 anos ecomemorou com mais de 500 pessoas.

Terça teve espetáculo da Cia.Bambalina da Espanha, que encantoua todos, inclusive os adultos, com suainterpretação mágica de bonecos segui-do de debate coordenados por ÉrikaPeçanha com Nelson Maca - Blackitude(BA), Guti Fraga - Nós do Morro (RJ),Alessandro Buzo - Favela toma conta(SP), Adriana - Feira Preta (SP) seguidodas apresentações da Cia. Sansacroma(Rascunho de Solano) e o Balé CapãoCidadão.

Essa saga toda começou comum debate sobre a mudança da LeiRouanet com Roberto Nascimentorepresentando o Ministro da Cultura, AnaTomé do Centro Cul-tural da Espanha, Pro-fessor Carlos Gianna-zi e Adriano da AçãoEducativa seguido pelade um sarau de impro-visado para aquecer ogrande show na IzzyGordon, uma misturade MPB, Jazz e Blues.II Mostra Cultural daCooperifa, a virada cul-tural da periferia.

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IMAGENS PERI-FÉRICASRegistrando a cultura periférica

O Coletivo que nasceu da união grupos da regiãodo Peri, periferia da zona norte de São Paulo, se solidificoufazendo eventos mensais sem ajuda de ninguém. Uns pelosonho do hip hop, outros pelo sonho do áudio visual, mastodos com o objetivo em comum, o de levar cultura einformação pras ruas mais periféricas, literalmente para osbecos e vielas.

A reunião mensal que une cinema, projetado numtelão, com direito a pipoca e lanche pra molecada, músicacom o som do grupo Cagebê, vizinho ao local, ficouconhecido como Cine Escadão.

Programação certa de cinema e música na periferiapaulista, o projeto cresceu e esse ano se transformou emImagens Periféricas. Realizado durante o ano de 2009, oprojeto percorreu várias vielas como o Jd Peri Novo, Favelado Sem Terra, Jd. Elisa Maria, Favela do Flamengo eFavela do Sapo. O resultado final vai ser uma revista comDVD, registrando essa turnê cultural pelas vielas com direitoa videoclipe inédito de cada grupo, bancado pelo projeto.

A programação além de levar a tradicional projeçãode curtas educativos para a molecada, tinha também a cadaapresentação uma exibição do trio de DJ´s da equipeDécibeis. A cada evento grupos de rap de outras periferiasforam convidados para consolidar esse intercâmbio cultural.

O graffiti também estava presente nas seisapresentações por conta do artista GO, um revelação daarte de rua da zona norte. Também o jornal Boletim do Kaosfez parte do projeto sendo distribuído em cada ediçãojuntamente com material sobre o E.C.A. (Estatuto da Criançae do Adolescente) e guias culturais. A dança de rua ficoupor conta B.Boy Gerson Tatu.

O projeto percorreu os becos, levou cultura paraas vielas e incentivou a produção cultural da favela. ImagensPeriféricas foi um dos 100 projetos contemplados pelo VAI(Valorização das Inicativas Culturais), programa do governode incentivo a atividades culturais. É a periferia seapropriando dos seus recursos.

Para saber sobre os outros projetos do VAI acesse:programavai.blogspot.com

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Tempos diferentes,estilos diferentes,

o mesmo vicío:a literatura.

Por Alexandre De Maio

Da redação

Uma referência no Brasil comochargista que trabalha a questão donegro. Maurício Pestana é conhecidopelo seu talento para fazer charges quetrabalham uma delicada questão, anegritude. Mesmo os mais ácidoscartunistas não se arriscam muitonesse tema, e foi assim que Pestana sedestacou. Ele também é publicitário,escritor e roteirista, com trabalhospublicados no Brasil e no exterior.

Pestana é presidente doconselho editorial da revista Raça Brasil(Escala), do Conselho Nacional dePolíticas Culturais e do Conselho Paulistade Leitura. Publicou nesse ano a versãoem quadrinhos da Revolução Consti-tucionalista de 1932. No ano passadolançou dois livros ; Negro: Uma outra

HUMOR DE CHOQUESeu trabalho traz grande carga de crítica social, Alexandre Cruz

conhecido como Xandão, aprimorou seu humor nas ruas de São Pauloenfrentando o preconceito do dia a dia.

O rapaz, natural de Rio Claro, interior de São Paulo, se criou emNova Odessa, onde sempre desenhou. Ainda na adolescência colaboravano "jornal da cidade" com seus cartuns.

Mas seu talento para música falou mais alto e Xandão se destacouna cena underground do rap, do reggae e do ragga, fazendo uma misturadesses estilos nas suas apresentações.

Paralelo à sua carreira na música, colaborou com inúmeros fanzinesnos anos 90 como "vírus”, "el toskero zine", "ekletik zine", "ahhhh zine", etambém realizou parcerias com cartunistas como Agê e Rogério Velasco.Em 2000 colaborou com tirinhas no Jornal Estação Hip Hop e desenvolveudesenhos para as grifes de hip hop.

Atualmente desenvolve o fanzine "Mundinho em cartum", no qualtrabalha temas do preconceito e do cotidiano de uma metrópole como SãoPaulo. Xandão se diz influenciado por cartunistas como Ed (Mad), FlávioCalazans (A Guerra dos Golfinhos), Ota (Mad) e Mauricio Pestana.

História – A Luta Quilombola e CidadeTiradentes – História e Vida da MigraçãoNegra na Cidade de São Paulo.

Sua bibliografia é extensa entrelivros quadrinhos e exposições. No mês deoutubro viajou à França onde, no dia 19,aconteceu um exposição dos seus dese-nhos. Também foi curador da exposiçãoPicha que destacava o universo dasHistórias em Quadrinhos Africanas.

Outro trabalho que todo o mundodeve ler é Revolta dos Búzios - UmaHistória de Igualdade no Brasil, umaparceria entre o Olodum e Pestana. Tambémconhecida como Revolta dos Alfaiates, aRevolta dos Búzios foi deflagrada na entãocapitania da Bahia em 12 de agosto de 1798.

www.mauriciopestana.com.br

blogdoalexandrecruz.blogspot.com

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O Itaú Cultural e a Maison Européenne dela Photographie apresentam a mostra de fotografiase vídeos A Invenção de um Mundo, com curadoriade Jean-Luc Monterosso, diretor da instituiçãofrancesa, e do brasileiro Eder Chiodetto. A ex-posição conta com 127 obras de 30 artistas doacervo da instituição francesa. Entre diferentesversões do rosto de Michael Jackson, captadas porValérie Belin; imagens de neve que queima, deBernard Faucon; ou a ambigüidade dos persona-gens de Bettina Rheims.

A maior parte das obras foi realizada nosúltimos 20 anos, “O artista, aqui, é como um metteuren scène por excelência, pois cada fotografia é oresultado elaborado de uma concepção prévia,direção, produção, montagem cênica e pós-produção”, observam Monterosso e Chiodetto emtexto assinado em conjunto.

Parte da programação do ano da Françano Brasil, o evento conta ainda, com encontros dopúblico, previamente inscrito, com quatro dosartistas participantes da exposição – JoanFontcuberta, Joel-Peter Witkin, Bernard Faucon eMartial Cherrier. Também promove o SeminárioInternacional As Invenções da Fotografia Contem-porânea, com os franceses Serge Tisseron eFrançois Soulages e os brasileiros e Ronaldo Entlere Rubens Fernandes Junior, além dos curadores.

Memórias e reinvençõesNa exposição, quando o visitante sobe

ao mezzanino encontra dois subtemas: A Invençãoda Memória e O Eu Reinventado. No primeiro,imagens de Bernard Faucon apresentam encena-ções com títulos sugestivos como Les GrandesVacances (as férias escolares) ou Les Chambresd’Amour (os quartos de amor).

Ainda navegando no universo da memória,Christian Boltanski, também escultor, pintor,cineasta, compõe as suas imagens com objetosescolares que rememoram um passado, real ouinventado.

Jogos de luz e de sombra chamam aatenção nas fotos em preto e branco do catalãoJorge Ribalta, produzidas a partir de miniaturas decenários. Ainda neste andar, encontram-se aspinturas, depois fotografadas sobre miniaturas decaixas em três dimensões, do artista pluridisci-plinar Charles Matton, homenageado na mostra. Asdemais obras expostas no mezanino compõem AInvenção da Memória. As imagens da dupla dealemães LawickMüller, discutem o problema daidentidade trabalhada na fronteira entre o real e afantasia nos retratos da série PerfectlySuperNatural,realizada em 1999. Já em Self-Hybridations, ORLANmescla a sua própria imagem – sempre apresen-tando alguma intervenção cirúrgica – comdeformações que eram comuns entre os Maias,

Olmecas e Astecas, em uma claradenuncia à busca da beleza padrãovigentes por meio de cirurgiasplásticas.

O tema é retomado notrabalho de Valérie Belin – uma sériede fotografias tiradas de sósias deMichael Jackson em várias partes domundo. Em outra ponta, o ex-fisioculturista Martial Cherrier “es-culpe” e fotografa o seu própriocorpo.

Morto em 1976, Pierre Moli-nier investiu os seus últimos dezanos de vida na realização de auto-retratos travestidos, questionandoa identidade sexual.

Uma série de fotos donorte-americano Duane Michalsapresenta uma seqüência de ima-gens narrativas encenadas semartifícios, e nas quais muitas vezesele é o próprio ator.

Como fotojornalista quefoi, o belga Christian Carez é ligadoà memória e aos acontecimentospassados, pessoais ou coletivos. Asimagens de Souvenirs de Guerre etde Solitude (souvenirs de guerra ede solidão), foram criadas por eleem 1985 a partir de maquetes decenários e personagens que re-cons-tituem lembranças de suainfância passada na Segunda Gue-rra Mundial (1939-1945).

Ainda sob o tema do eureinventado, é apresentado Identi-dade, vídeo realizado pela brasileiraCris Bierrenbach em 2003. O tra-balho dela se justapõe entre a fo-tografia, o vídeo e a performancepara investigar os limites da expres-são das linguagens visuais. EmIdentidade, a artista faz uma críticaao gesto cotidiano das mulheresque, diante do espelho, tentam setransformar segundo os padrões debeleza impostos. Este é o únicovídeo presente neste andar, os de-mais estão todos projetados nosegundo subsolo do instituto.

Criando histórias, sonhos, for-mas e certezas

Ao descer para o primeirosubsolo, o público encontra comoutras “invenções”, como a Inven-ção de um Sonho, com trabalhos deSarah Moon e William Wegman.

Três obras da série Draw-ing-wire do brasileiro Vik Munizestão em A Invenção da Forma, nomesmo andar. Galáctica, trabalho dotambém brasileiro Vicente de Mello,traz fotos de objetos como lumi-nárias, lustres ou néons, que, aoserem registrados fora do contextomudam completamente de caráter.As fotos de Sandy Skoglund en-cenam pesadelos e fantasias, po-voadas de animais estranhos, dosquais emana uma espécie de humormórbido. A Invenção das Certezas,também no primeiro subsolo, apre-senta fotos da dupla Pierre e Gilles,

um dos casais mais famosos e atí-picos do cenário fotográfico inter-nacional. Bettina Rheims gosta defotografar strippers, andróginos,prostitutas nos quais domina aambiguidade. Nesta obra, Cène, elagerou polêmica ao revisitar a ÚltimaCeia de Cristo em uma foto que seaproxima pintura ocidental tradici-onal. As fotos de Jan Saudek, por suavez, são expressionistas. Compos-tas de um mundo povoado de ado-lescentes, bebês e mulheres opu-lentas em poses provocantes, suasfotografias, coloridas a mão, exibema sexualidade e a sensuali-dadefemininas sem tabus, e mesclamtemas do nascimento e da morte. JáPaolo Ventura elabora a suas fotosresgatando as recorda-ções de suaavó e das histórias que ela lhecontou em sua infância. Esta mostraapresenta a sua série War Souvenir,uma espécie de peque-nas ficçõessobre o cotidiano durante a guerra.

O seminário e o workshopNa abertura do Seminário

Internacional As Invenções da Foto-grafia Contemporânea, quarta-feira,dia14, das 17h30 às 19h30, JoanFontcuberta, faz um relato sobre asua trajetória e o seu trabalho. Nodia seguinte, das 18h30 às 20h30,sentam-se à mesma mesa de de-bates o teórico francês Serge Tisse-ron e o pesquisador brasileiro Ronal-do Entler. Nas sexta-feira, terceirodia do seminário, das 19h30 às21h30, a discussão corre por contado brasileiro Rubens Fernan-des Jun-ior e do francês François Soulages.Encerrando o seminário, no sábado17, das 10h30 às 13h, Joel-PeterWitkin também fala de sua vida eobra. Das Das 15h às 18h, o curadorEder Chiodetto conversa com opúblico.

Os workhsop são realiza-dos de 13/10 a 16/10, em um totalde quatro encontros de, no máximo12 pessoas, com artistas partici-pantes da exposição: Joan Fontcu-berta, Joel-Peter Witkin, BernardFaucon e Martial Cherrier. Realiza-dos no Itaú Cultural, cada um temduração de dois dias, em um totalde oito horas. Os participantesdevem se inscrever até 16 desetembro por meio do site do ItaúCultural – www.itaucultural.org.br,cujos currículos e portfólios serãoselecionados por Eder Chiodetto,Monica Caldiron e Ronaldo Entler.Além de discorrer sobre algumas desuas obras, os palestrantes vãocomentar os portfólios dosselecionados.

PROGRAMAÇÃOSeminário Internacional As Invenções daFotografia ContemporâneaDe 14 a 17 de outubro - Entada francaTodos os dias, os ingressos serãodistribuídos com 30 min de antecedência14 de outubro, quarta-feira - Abertura às 20hDas 17h30 às 19h30 - Relato JoanFontcuberta

Sala Itaú CulturalTradução simultânea: espanhol15 de outubro, quinta-feiraDas 18h30 às 20h30Mesa 1, com Serge Tisseron e Ronaldo Entler

Sala Itaú CulturalTradução simultânea: francês16 de outubro, sexta-feiraDas 19h30 às 21h30Mesa 2, com François Soulages e RubensFernandes Júnior

Sala Itaú CulturalTradução simultânea: francês17 de outubro, sábadoDas10h30 às 13hRelato Joel-Peter Witkin

Sala VermelhaTradução simultânea: inglêsDas 15h às 18hConversa com Eder Chiodetto

Sala VermelhaTradução simultânea: francês

WorkshopDe 13 a 16 de outubroSomente para participantes inscritos até 16de setembroPor meio do site www.itaucultural.org.br13 e 14 de outubro, das 9h às 13hJoan Fontcuberta15 e 16 e de outubro, das 9h às 13hJoel-Peter Witkin15 e 16 e de outubro, das 14h às 18hBernard Faucon15 e 16 de outubro, das 14h às 18h Martial Cherrier

SERVIÇOA Invenção de um Mundo Artes Visuais14 de outubro, coquetel de aberturaDe 15 de outubro a 13 de dezembroDe terça a sexta, das 10h às 21hSábs., doms. e feriados, das 10h às 19hEntrada francaEstacionamento com manobrista: R$ 8,00 aprimeira hora; R$ 4,00 a segunda hora;e R$ 2,00 por hora adicional; carros utilitários(R$ 10,00 a primeira hora; R$ 4,00a segunda; e mais R$ 3,00 por hora adicionalEstacionamento gratuito para bicicletasAcesso para deficientes físicosAr condicionado

Itaú CulturalAvenida Paulista, 149, Estação Brigadeiro doMetrô Fones: 11. 2168-1776/1777www.itaucultural.org.br