bem estar fe na vida-20130127

32

Upload: fernanda-caprio

Post on 21-Jun-2015

737 views

Category:

Documents


9 download

TRANSCRIPT

Page 1: Bem estar fe na vida-20130127
Page 2: Bem estar fe na vida-20130127

Editorial

A fé é o tema da reportagem de capa da edição destedomingo. Em entrevista à revista Bem-Estar, GilbertoCabeggi, autor do livro “Todo dia é dia de ter fé navida”, fala sobre a importância de ter fé, independentede religião. Ele afirma que a obra foi escrita com oobjetivo de incentivar as pessoas a buscarem uma fontede energia para suportar as dores dos desafios, passarpelos sofrimentos e ainda tirar aprendizado deles. Parao autor, essa força é a fé, não apenas a religiosa, mas aque existe dentro de cada um e ampara os medos e osmomentos de angústia. Na área comportamental, umareportagem explica porque as pessoas acabamescondendo sentimentos e emoções negativas, emnome da harmonia dos grupos. Na área derelacionamento, especialistas alertam sobre anecessidade de seguir em frente quando o amor acaba eresta apenas a amizade na relação.

24

Províncias Neuquén, Salta e Jujuy,na Argentina, têm paisagensverdejantes e áridas no verão

14

Rafael Cardoso, o Albertinho de “Ladoa Lado”, está animado com seusúltimos papéis em novelas da Globo

13

O mundo não acabou, por isso éhora de recomeçar, o que implicaem suportar fardos que podem nãoser fáceis de enfrentar

Poesia

Quebra-cabeças

Voar.

Planar nos céus como fazem as aves.

Ser uma; águia, condor, o que seja.

Apenas voar. Livre, leve.

O sol como testemunha.

O Universo como destino.

A noite, um manto.

E na melodia do vento, acalanto.

Olhar o mundo como se dele não fizesse parte.

Ser apenas alma, espírito, sentimento enfim.

Ser apenas parte deste todo.

Imensurável peça no quebra-cabeça da vida.

Valdíria Carvalho Corrêa, em “Palavras”

COMPORTAMENTOPessoas mentem e escondemsuas emoções negativasem nome de um ambientecom mais harmoniaPáginas 4 e 5

RELAÇÕES HUMANASMudanças no desenvolvimentohumano têm vícios que podeprejudicar futuras geraçõesPàginas 8 e 9

RELACIONAMENTOQuando o amor acaba é precisoafastar as mágoas, seguir emfrente e buscar a felicidadePáginas 10 e 11

BEM-ESTARO sorriso proporciona muitosbenefícios, além da alegria,e é uma das formas de aliviaro estressePágina 12

Michel Filho/Agência O Globo

Jorge Rodrigues Jorge

Turismo

Guilherme Baffi 3/4/2011

Televisão

Busque a fé queexiste em você

Mara LúciaMadureira

DIÁRIO DA REGIÃO

Editor-chefeFabrício Carareto

[email protected]

Editora-executivaRita Magalhães

[email protected]

CoordenaçãoLigia Ottoboni

[email protected]

Editor de Bem-Estar e TVIgor Galante

[email protected]

Editora de TurismoCecília Demian

[email protected]

Editor de ArteCésar A. Belisário

[email protected]

Pesquisa de fotosMara Lúcia de Sousa

DiagramaçãoCristiane Magalhães

Tratamento de ImagensArthur Miglionni, Humberto

Pereira e Luciana Nardelli

Matérias

Agência EstadoAgência O GloboTV Press

2 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 3: Bem estar fe na vida-20130127

A CONSCIÊNCIADE MILAGRES

Espiritualidade

Com frequência, nosso trabalho es-

piritual não é tão incondicional as-

sim. Quando se trata de compartilhar,

podemos ter algum interesse pessoal

envolvido. Geralmente, queremos al-

go em troca, mesmo que seja apenas

um “obrigado” ou que alguém nos

ame como retribuição.

Certamente, deveríamos nos empe-

nhar para fazer mais, porém com a

consciência correta. Sempre há a épo-

ca em que os bons ventos sopram, mas

se passarmos esses dias fazendo o bem

ao outro com o pensamento no que va-

mos receber em troca, o que podere-

mos receber se tornará limitado.

O que realmente devemos buscar

em troca é apenas nos aproximarmos

cada vez mais da Luz. A Luz nunca

pensa no que está obtendo de volta.

Ela simplesmente dá infinitamente.

Se pudermos ter esse tipo de consciên-

cia em apenas uma ação de comparti-

lhar, não haverá nada que a impeça de

se manifestar em nossas vidas.

É um grande paradoxo o fato de

que quanto menos pensarmos em nós

ao compartilhar, mais receberemos

no final das contas.

Se pudermos começar a retribuir

apenas para revelar Luz, nossa cone-

xão com a energia de milagres não du-

rará apenas o período dos “bons ven-

tos”, mas o ano inteiro.

Yehuda Berg é codiretor doThe Kabbalah Centre e jáescreveu mais de 30 livros sobreassuntos que abordam desdedepressão e capacitação, atérelacionamentos e a Bíblia. Doisde seus maiores best-sellers, OPoder da Kabbalah e Os 72Nomes de Deus, foramtraduzidos para 20 e 14 idiomas,respectivamente.www.kabbalahcentre.com.br

Um dos segredos para atrair a energia de milagres não

é apenas realizar ações positivas, mas onde está nossa

consciência quando estamos fazendo aquele ato

Quem é

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 3

Page 4: Bem estar fe na vida-20130127

Gisele [email protected]

Hoje em dia são tantas as in-

certezas e é grande o sofrimen-

to que acompanha a maioria

das pessoas, que se torna difícil

ter paz de espírito e ser feliz. Vi-

vemos angustiados e sofrendo

com medo de perder o empre-

go, terminar o casamento, ter

problemas de saúde, que os fi-

lhos sofram, que as coisas deem

errado. Mas existe algo podero-

so que não nos deixa cair nem

desistir e que nos ajuda a ven-

cer as dificuldades. Seu nome é

fé . E é justamente sobre isso

que fala o escritor Gilberto Ca-

beggi no livro “Todo Dia é Dia

de Ter Fé na Vida”. “Escrevi es-

se livro para incentivar as pes-

soas a buscar uma fonte que

lhes dê energia para suportar as

dores dos desafios, passarem pe-

lo sofrimento com resignação e

tirar deles um aprendizado, e

não deixar que as incertezas to-

mem conta da sua mente e do

seu coração”, diz. O livro traz a

mensagem de que sim, existe

uma fonte que o possibilita su-

perar os desafios sem desistir

do prazer de viver. E essa fonte

de energia tem um nome: fé. A

fé é aquela força que lhe dá con-

fiança e o ajuda a fazer as coisas

acontecerem na sua vida den-

tro daquilo que você sente que

lhe é importante e o faz feliz.

“Quando digo para você ter fé

na vida, quero dizer que não es-

tou falando aqui apenas de

uma fé religiosa, mas sim de

um conceito mais amplo de fé”,

explica ainda. Daquela fé que

lhe dá forças para mudar a sua

realidade para melhor. Aquela

fé que você tem em si mesmo,

no seu potencial, e também na

vida e em um poder superior

que o ampara em seus medos e

em seus momentos de angús-

tia. Sobre esse assunto e a ma-

neira de reforçarmos nossa fé, o

escritor falou com exclusivida-

de com a Revista Bem-Estar.

Bem-Estar- Por que deve-mos ter fé na vida?

Gilberto Cabeggi- Porque a

fé lhe dá a convicção de que tu-

do é como tem de ser e que o de-

safia a mudar o que ainda será.

A fé o ajuda a aceitar que você

não pode tudo, mas o incentiva

a mudar o que você pode.

Quem tem fé não desiste, mes-

mo quando aparecem as dificul-

dades, ou quando surgem as

barreiras inevitáveis em qual-

quer percurso. Com fé você

atinge seus objetivos, trabalha

com convicção, vai até o fim da

empreitada, vence as dificulda-

des e realiza o que quer e o que

sabe ser importante. Com fé vo-

cê também descobre que a ori-

gem de todos os seus medos na-

da mais é que a falta de acredi-

tar firmemente que a vitória vi-

rá, mesmo que no momento vo-

cê esteja vivendo algum tipo de

fracasso.

Bem-Estar- O que aconte-ce com as pessoas que têmfé?

Cabeggi- Quem tem fé é

mais forte, é mais constante, é

mais determinado. Quem vive

com base na fé conta não só

com a sua força pessoal, mas

também com um modo de ser

amparado em algo maior do

que ele mesmo. E isso é deter-

minante em tudo o que ele se

propõe a fazer na vida. Proble-

mas existem, desafios são cons-

tantes, mas com fé na vida você

recupera a energia e a persistên-

cia para ir em frente. A grande

diferença na sua vida, no final

das contas, dependerá da sua fé

em você mesmo, na vida, em

Deus ou em um poder superior

que você reconheça como seu

condutor. Tudo o que o ho-

mem pode fazer, ele pode fazer

melhor se tiver uma boa dose

de fé.

Bem-Estar- Como pode-mos incentivar as pessoas aterem fé na vida num mundoainda com tantas desigualda-des?

Cabeggi- Para aumentar a

força da sua fé e continuar lu-

tando sempre para obter o que

deseja, você precisa desenvol-

ver cinco competências funda-

mentais:

A força de seus princípios -

Uma pessoa de fé é fiel aos seus

princípios e valores.

O preparo adequado - A fé

se fortalece a cada vitória e se

renova a cada derrota – desde

que você se prepare sempre pa-

ra os desafios. Os medalhistas

olímpicos sempre se preparam

para vencer. E a cada nova der-

rota, eles se fortalecem ainda

mais para a próxima vez.

O fortalecimento da sua au-

toconfiança - A autocon-

fiança é a convicção de ser ca-

paz de suportar as dificuldades

e realizar seus objetivos, e sem-

pre ir em frente. É uma postura

positiva ligada à sua competên-

cia pessoal e é um dos pilares

que sustentam a sua autoesti-

ma e que não o deixam desistir

das metas. Sua fé na vida vai se

beneficiar com sua autocon-

fiança.

O aumento do seu conheci-

mento - É importante perceber

que a estrada para o sucesso é

continuação de outra que é a da

obtenção de conhecimento. É

impossível ter sucesso sem co-

nhecer o que é necessário para

chegar até ele. Quanto mais co-

nhecimento, mais realização,

mais fé. Todas essas três estão

interligadas.

O respeito à sua dignidade -

Um homem que respeita sua

dignidade é capaz de se levantar

mesmo depois das mais duras

quedas sofridas na vida. Já al-

guém que passa por cima da pró-

pria dignidade, ou permite que

outros o façam dificilmente se

levanta depois de um tombo.

É relativamente simples

imaginar os efeitos que cada

uma dessas competências tem

no fortalecimento da sua fé. Co-

mo você pode ver, o conceito

de fé a que me refiro é muito

mais amplo do que a fé pura-

mente ligada à religião. Na ver-

dade, entendo a vida como

Espiritualidade

Acreditena vida

Raio X

Gilberto Cabeggi é escritor, comespecialização em comportamento humano, eassessor de comunicação escrita. Participaregularmente de grupos de estudo voltadospara o desenvolvimento da espiritualidade.Durante dez anos atuou como colaborador emrevistas brasileiras voltadas para a comunidadebrasileira que vive no Japão. Foi editor daRevista Papolegal, publicada no arquipélagojaponês. É autor dos livros “Todo dia é dia deser feliz”, “Antes tarde do que nunca” e “Tododia é dia de ter fé na vida”, pela Editora Gente.

4 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 5: Bem estar fe na vida-20130127

Para a igreja católica

2013 é o ano da fé,

mas o autor

Gilberto Cabeggi

em seu novo livro

fala sobre a

fé além da religiosidade

uma declara-

ção de fé, co-

mo uma jorna-

da cujo objeti-

vo é ampliar a

nossa fé na pró-

pria vida e em

tudo que a ela se

relaciona como

instrumento para

o nosso crescimen-

to individual.

B e m - E s t a r -Qual a vantagemque as pessoas que têmfé na vida levam sobre aque-las que não têm a mesma con-fiança?

Cabeggi- As pessoas que

não tem fé vivem com medo de

se machucar diante dos desafios

da vida. Por isso desistem de coi-

sas importantes e abrem mão de

seus objetivos. O medo de sofrer

mina sua coragem de lutar e elas

acabam negando seus sonhos.

Só que tudo perde o sentido

quando a pessoa abre mão daqui-

lo que dá significado e propósito

à sua vida. Quem tem fé não per-

mite que essas aflições tomem

conta de sua mente. Elas tam-

bém sofrem, é claro, com as mes-

mas coisas que sofrem aqueles

que não têm fé. Mas para quem

tem fé, sem-

pre existe a esperança e é essa

esperança que torna as dificulda-

des mais fáceis de serem venci-

das e a vida mais simples de ser

vivida.

Bem-Estar- De que formapodemos reforçar nossa fé navida, de forma a vencer os obs-táculos e viver melhor?

Cabeggi- É preciso acredi-

tar em si mesmo, que você tem

força para vencer as dificulda-

des e conquistar suas metas, pa-

ra que você se dê a chance de

enxergar a sua fé. E a sua cren-

ça no seu poder de resolução

das dificuldades vai ajudá-lo a

percorrer o caminho até a reali-

zação de uma fé genuína. Por is-

so é tão importante que você de-

senvolva as cinco competên-

cias que mencionei nas ques-

tões acima. Quanto mais essas

competências forem fortaleci-

das, mais você obterá resulta-

dos desejáveis e isso vai contri-

buir para fortalecer a sua fé na

vida. Então, para aumentar a

força da sua fé: fortaleça seus

valores e princípios, prepare-se

adequadamente para enfrentar

as dificuldades, fortaleça sua

autoconfiança, aumente seu co-

nhecimento, respeite a sua dig-

nidade.

Bem-Estar- Como pode-mos aumentar a força dos nos-sos princípios?

Cabeggi- No meu livro “To-

do dia é dia de ter fé na vida”

sugiro um processo de 31 dias

exatamente para trabalhar cor-

retamente seus princípios e

fortalecê-los. São atividades

diárias que irão ajudá-lo a ter

uma visão diferente sobre co-

mo usar seus princípios para

fortalecer a sua fé e vice-versa.

Como você poderá perceber, es-

se é um processo cíclico: quan-

to mais você fortalece essas

competências ou princípios na

sua vida, mais aumenta a sua

fé. E quanto mais sua fé aumen-

ta, mais força você dá para es-

sas competências. Então, tudo

se resume a se dispor a começar

o processo. E começar se resu-

me a duas palavras simples:

acreditar que você pode fazê-lo

e agir para realizá-lo.

Bem-Estar- Em que deve-mos nos inspirar como formade superar todas as dificulda-des e viver melhor?

Cabeggi- O importante é vo-

cê perceber que não precisa

abandonar seus sonhos. Sua

mente é um instrumento pode-

roso, capaz de traçar o próprio

destino. Depende apenas de co-

mo você coloca os seus pensa-

mentos. Aquilo que você pensa

cria a sua realidade. Quanto

mais positivos forem seus pen-

samentos, mais positivas e deci-

didas serão suas ações e muito

melhores seus resultados. Por

isso afirmo sempre que viver

com fé é trazer seus sonhos pa-

ra o mundo real. Você pode ser

um realizador de sonhos usan-

do sua fé serena e acolhedora.

Com a fé dentro de você, não

existirão obstáculos que o impe-

çam de levar tudo o que você

quiser até a concretização.

Usando a fé, você se moverá de

maneira consciente e focada,

perceberá a felicidade que exis-

te na sua jornada e isso tornará

sua vida totalmente renovada e

mais feliz, repleta de vitórias,

dia após dia.

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 5

Page 6: Bem estar fe na vida-20130127

Pessoas escondem emoções negativas para não serem recriminadas, esse comportamento pode

canalizar frustrações que são questionadas em nome da harmonia dos grupos

Elen [email protected]

Em nome de um ambiente

mais harmônico e leve, as pes-

soas acabam mentindo, escon-

dendo sentimentos e emoções

negativas. Embora todas as pes-

soas, em algum momento da vi-

da, já se viram diante de situa-

ções assim, preferem evitar de-

monstrar.

As mentiras, por exemplo,

têm seus motivos, quando se

trata de manter o bom relacio-

namento com alguém ou um

grupo. Mentir evita chatea-

ções e desapontamentos. Uma

situação é preferir dormir à

tarde a ir ao cinema com ami-

gos. Para não soar mal, uma

mentira pode ser usada para

camuflar esta falta.

As pessoas mentem para

não serem julgadas. “Todos

mentem” era o lema do médi-

co politicamente incorreto

Dr. House, personagem da ex-

tinta e famosa série norte-ame-

ricana que levava seu nome.

Os motivos para as mentiras

podem ser diferentes – algu-

mas mais nobres, outras nem

tanto –, mas o fato é que ele ti-

nha lá suas razões.

Sentimentos de vaidade, in-

veja, raiva, egoísmo, conflitos

entre razão e instinto... assu-

mir isso não é agradável. Isso

porque existe uma certa censu-

ra, e surgem julgamentos de to-

dos os cantos para quem conse-

gue assumir o que sente ou pen-

sa porque gera um desconforto.

Imagine, então, se esse alguém

acaba deixando a raiva escapar

no auge de seu descontrole.

Mas por que isso incomoda

tanto as demais pessoas quan-

do presenciam uma cena des-

sa? Elas conseguem imaginar

que a reação teve algum moti-

vo, assim como também pode-

ria acontecer – ou já aconteceu

com elas.

Para a psicóloga Maria Apa-

recida Junqueira Zampieri, es-

pecialista em psicodrama, ten-

demos a nos incomodar com o

que não sabemos lidar, com ao

que foge ao culturalmente espe-

rado. Mesmo podendo, o ser

humano não consegue. “Por is-

so é saudável permitir e aco-

lher expressões de diferentes

sentimentos, todos eles, inclusi-

ve a raiva, são legítimos. Pode-

se moderar com a educação e

percepção do contexto, adequa-

ção do modo de expressão de ca-

da sentimento, para que se pos-

sa expressar a dor, a raiva, o ciú-

me, a frustração. Mas que tam-

bém se aprenda atitudes de en-

frentamento e superação”, diz

a psicóloga.

Essa censura para quem sai

da linha existe exatamente por

ser uma reação e atitude não es-

perada, até imprópria moral ou

juridicamente, dependendo o

caso, diz a psicóloga Aline

Belluzi Martins Pina. “É nessa

hora que são testados os víncu-

los pessoais verdadeiros, e é do

confronto de ideias com estes

que surge a franqueza e víncu-

los que promovam de fato me-

lhora humana em nosso egoís-

mo natural”, diz.

Para Aline, outra influencia-

dor é a barreira social criada na

base do “ter”. É essa linha de

pensamento que exige um pa-

drão físico, social e postura su-

perficial. “Assim vamos estabe-

lecendo relações sem respeito

próprio, e quando adotamos

posturas não hipócritas, bus-

cando se recompor, corremos o

risco de ficarmos solitários – já

que passamos a ser interpreta-

dos como alguém chato ou an-

tissocial”, diz.

Bater uma porta depois de

um dia difícil ou uma situação

irritante ou angustiante pode

até dar sensação certamente de

alívio para quem pratica, mas

tal atitude será reprovada. Para

Maria Aparecida esses senti-

mentos que movem as pessoas

podem ser resultado de uma ne-

cessidade de descarregar, mas

ao ouvir a batida de uma porta,

por exemplo, há o experimento

e sensação de risco.

A psicóloga Aline afirma

também que quando surge um

comportamento mais extremo

e fora dos padrões, o desequilí-

brio provoca descarga, satisfa-

ção e alívio. “Mas pode gerar

ainda culpa e reparação, permi-

tindo o amadurecimento, afi-

nal, o desequilíbrio, também

grita por harmonia”.

Chorar compulsivamente

pode ser outra fuga para descar-

regar tanto sentimento repre-

sado. “Desabafar, chorar, la-

var a alma é tão importante

como brincar, criar, extra-

vasar, fazer uma higiene

de emoções. Nossas

emoções são reais, pre-

cisam encontrar

meios adequados de

expressão até para

que não tenham

que ser expressas

por meio de for-

mas alternati-

vas, como do-

res, doenças

ou explosões

descontrola-

das”, desta-

ca a psicó-

loga.

Comportamento

Pela harmoniade todos

6 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 7: Bem estar fe na vida-20130127

Mantenhaaharmonia

Tire as máscarasNa verdade, o que real-

mente coloca as pessoas nessa

posição de renegar as próprias

imperfeições – e também a

alheia – é a cultura de que tu-

do precisa ser perfeito. As pes-

soas até podem mentir, sentir

inveja, medo, raiva e outros

sentimentos e sensações nada

agradáveis, é inevitável: só

não podem assumir isso.

“Desde criança ouvimos

que é feio mentir, sentir deter-

minadas emoções negativas.

As famílias e a educação reli-

giosa colaboram bastante para

algumas confusões que ten-

dem a perpetuar de geração

em geração. É feio, pecado,

um agravo, papai do céu não

gosta. Então, sentimos, mas

não podemos expressar”, des-

taca Maria Aparecida.

Crianças crescem ouvindo

isso, mas, contraditoriamen-

te, veem o próprio pai ou a

mãe (às vezes, os dois juntos),

expressarem raiva, e já emi-

tem o pensamento de que isso

não está certo. Da mesma for-

ma acontece nos grupos so-

ciais, um recriminando o com-

portamento do outro, mesmo

sabendo que também são pas-

síveis de sentir e ter as mes-

mas atitudes em determina-

das situações.

“Vivemos pressões (e tam-

bém as exercemos), e nessa

dança o que soar desarmonio-

so é melhor esconder e não

correr o risco de rejeição. Faz,

mas faz escondido. Sente, mas

não pode expressar”, destaca

a psicóloga Maria. � (EV)

Gratificação

Cumplicidade

Assertividade

Autoestima

Autoreciclagem

Respeito àpersonalidade

Sensação de bem-estar

Fonte: Aline Belluzi Martins Pina,psicóloga

Duas principais característi-

cas para manter essa harmonia

social estão empenhadas na

franqueza e habilidade emocio-

nal, afirma a psicóloga Aline

Belluzi Martins Pina. Saber

das próprias limitações, percor-

rendo caminhos com coerência

é parte desse processo de auto-

conhecimento.

“Sugiro termos coragem

em olhar os sinais que nosso

psiquismo dá de que não esta-

mos bem. Enquanto formos re-

fém do estresse seremos eter-

nos frustrados, pois acaba sen-

do sinônimo de desordem, e is-

so adoece. Que tenhamos a

perspicácia de trabalhar, amar

e desfrutar a vida com a intensi-

dade compatível a ela”, destaca

a psicóloga.

É importante buscar esse en-

contro com si mesmo já que

nem sempre os sentimentos ne-

gativos encontram espaço para

ser expressados. É saudável

também ajudar quem está nes-

sa situação, uma vez que essa

pessoa que vive represando sen-

timentos, pode explodir e ser

mal compreendida.

“O que poderia ser recebi-

do como sinais e sintomas de

que algo não vai bem com a

pessoa, às vezes é recebido co-

mo falta de controle ou falha

na educação e respeito. Mas é

respeitosa uma atitude que ad-

mite a expressão desajeitada

de alguém que pode estar so-

frendo, orientando a pessoa

com meios mais adequados e

assertivos de expressão”, diz a

psicóloga Maria Aparecida

Junqueira Zampieri. (EV)

Benefíciosda harmonia

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 7

Page 8: Bem estar fe na vida-20130127

Para onde

Mudanças no desenvolvimento humano estão cheias de vícios

que podem prejudicar as próximas gerações

Elen [email protected]

A mudança é necessária,

mas muitas vezes é difícil de

fazê-la acontecer. É com essa

observação que o psiquiatra e

psicoterapeuta Flávio Gikova-

te inicia um dos vídeos em

seu canal oficial no site Youtu-

be. Mas por que mudar é im-

portante?

Primeiro porque mudar é

crescer, é renovar, é acompa-

nhar a vida que mantém-se

em constante movimento. Se-

gundo, e talvez mais importan-

te, porque ajuda a fugir de

crenças enraizadas, convic-

ções e pontos de vista que não

levam a lugar algum, e afasta

sentimentos e comportamen-

tos negativos da atualidade,

como o excesso de competitivi-

dade, o estresse, o egoísmo e a

inveja.

A incessante busca pela

aparência é dos obstáculos do

crescimento das pessoas, e que

gera dúvidas sobre o destino

da humanidade com essa vi-

são. Para Rodrigo Fonseca, es-

pecialista em Inteligência

Emocional, de São Paulo, e au-

tor do livro “Emoções – A inte-

ligência emocional na práti-

ca!” (editora Reflexão), a rede

social, por exemplo, é um am-

biente muito usado para se au-

toafirmar e expandir o que se

tem. “A rede social é uma tela

projetora de coisas que gosta-

riam de ser. Se a pessoa preci-

sa disso, ela não é o que de-

monstra. Quando sabe das qua-

lidades ou coisas que têm, não

precisa mostrar para nin-

guém”, diz.

As postagens de frases, tex-

tos, imagens e vídeos na inter-

net podem até passar informa-

ções distorcidas da realidade

daquelas pessoas, como uma

falsa felicidade, gerando até in-

veja alheia. O psicoterapeuta e

escritor, Renato Dias Marti-

no, de Rio Preto, concorda

com Fonseca ao afirmar que a

internet e as redes sociais são

um meio de comunicação de

uma sociedade que se mostra

“afetivamente incapaz”.

Segundo Martino, vê-se

“um meio de comunicação ex-

tremamente eficaz e rápido pa-

ra proliferar regras sociais

que podem tanto trazer

mensagem de esperança

da consciência, como

corromper mais a pró-

pria humanidade em

uma ação de fazer o ab-

Relações humanas

8 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 9: Bem estar fe na vida-20130127

vamos?Saúde física: Procure fazer uma atividade

que lhe dá prazer de verdade, seja academia,dança, caminhada, sem interrupção

Saúde espiritual: Identifique-se com umafilosofia de uma religião, buscando aquelaque oferece mais sensação de paz interior

Saúde intelectual: Busque encontrarinformações gratificantes e que prendem aatenção durante a leitura, seja em romances,aventuras ou gibis

Saúde familiar: Crie o hábito de expor oque sente de bom e o que não gosta para osfamiliares e amigos, evitando entendimentoserrados ou frustrações

Saúde profissional: O sucessovirá com o desenvolvimento daspróprias habilidades e talentos, por isso épreciso amar o que se faz

Saúde financeira: Direcionecom mais atenção seu dinheiro: invista nofuturo, em você mesmo e pague suas contasem dia

Saúde social: Faça o bem. Doe-se eagradeça ao universo todos os talentos ecoisas boas que recebeu de graça,repassando para outras pessoas

Fonte: Rodrigo Fonseca, especialista em InteligênciaEmocional

surdo se tornar lugar co-

mum”.

A necessidade de manter

uma aparência pessoal para o

grupo e sociedade a qual está

envolvido demonstra ainda

uma grande ilusão ao se indivi-

dualizar para isso. Fonseca

destaca que muitas pessoas

querem ter apenas para colo-

car em exibição para o outro o

que ganhou ou conquistou.

“Vivemos em uma época

da personificação dos objetos,

de amar o que tem. Acredito,

no entanto, que em um dado

momento, quem pen-

sa dessa maneira

acabará descobrin-

do que o amor de

verdade existe com

ou sem nada mate-

rial”, analisa o especia-

lista em Inteligência

Emocional.

Para onde vai uma popula-

ção em que as pessoas querem

o “seu” computador, o “seu” te-

lefone, o “seu” quarto, o “seu”

carro, e nada para dizer “nos-

so”? Essa individualidade ex-

cessiva e esse egoísmo podem

ser observados facilmente den-

tro de uma família ou um gru-

po de amigos, onde a tendên-

cia tem desgastado os vínculos

e diminuído diálogos.

É comum encontrar em

uma casa cada membro da fa-

mília em um canto distinto:

um no computador, outro na

televisão, no celular, no video-

game ou lendo uma revista.

Não se comunicam! Essa situa-

ção é séria, avalia Martino,

pois pode indicar uma impro-

vável mudança social geral.

Para o psicoterapeuta, es-

tão surgindo gerações menos

preocupadas e preparadas pa-

ra a família, e que tenham

bons exemplos de seguir e re-

passar. “As crianças têm sido

instruídas para se tornarem tu-

do, menos pais e mães. Mas,

apesar disso, as chances de se-

rem pais e mães, sobrepõem

qualquer que seja a oportuni-

dade de desempenhar qual-

quer outra função”.

A restauração dos laços fa-

miliares, no entanto, não está

tão perdida já que poderá

acontecer por meio de uma

mudança consciente ou força-

da. Somente assim percebe-se

que a felicidade está em com-

partilhar momentos com as

pessoas que amamos e nos

querem bem. É isso que faz to-

da a diferença, e também evita

a solidão.

Menos tolerância

O estresse é natural e impor-

tante ao corpo humano. Não há

como querer evitá-lo. O que

não se pode é deixar que perma-

neça constante e afete tanto as

pessoas e suas relações.

Tudo pode começar com

um sentimento de baixa autoes-

tima, mesmo dentro da família.

Sem ser amado, compreendido

ou ter a atenção que julgava ser

necessária, essa pessoa tende a

preencher o que lhe falta (ou

faltava) com o que a vida mate-

rial pode lhe oferecer para cha-

mar a atenção de outras pes-

soas, afirma o psicoterapeuta e

escritor, Renato Dias Martino.

Mas como a baixa autoesti-

ma pode provocar o estresse?

Com o excesso de trabalho para

ganhar mais dinheiro para as

compras. “O estresse sempre

existirá e a cobrança também,

mas o problema é que as pes-

soas vão fazer muitas coisas pa-

ra ter mais dinheiro, o que aca-

ba mantendo o mercado”, diz o

especialista em Inteligência

Emocional, Rodrigo Fonseca.

“Já que ser desejado é uma

necessidade emocional, o indi-

víduo deve trabalhar muito pa-

ra acumular bens, cada vez

mais e assim talvez conseguir

ser desejado pelo outro. Um

processo que gera sujeitos es-

tressados e incapazes de amar”,

acrescenta Martino.

É preciso entender que o

ser humano tem um estado de

felicidade constante, mesmo

com todas as adversidades que

possa acabar enfrentando, co-

mo angústias, medos ou situa-

ções difíceis. “Ninguém deixa

de ser feliz. A felicidade está no

estado puro do ser humano,

por trás de todas as cascas”,

conclui Fonseca. � (EV)

O suporte que dá força pa-

ra a mudança é a coragem pa-

ra enfrentar, suportar e supe-

rar os medos e desafios. O

psiquiatra e psicoterapeuta

Flávio Gikovate destaca em

um de seus vídeos no Youtu-

be que como a vida está em

constante movimento, é pre-

ciso ousar e adequar-se a to-

das as modificações que que-

remos ou somos conduzidos

a fazer. Valores e regras tam-

bém se modificam.

Tudo isso em nome de

mais liberdade, afirma o psi-

coterapeuta e escritor, Rena-

to Dias Martino. Porém, um

efeito colateral tem se mani-

festado: a tolerância às frus-

trações tem diminuído pro-

porcionalmente ao cresci-

mento dessa tal liberdade,

principalmente nos relacio-

namentos pessoais e sociais.

“O sujeito tem tolerado

cada vez menos as frustra-

ções implicadas no vínculo

afetivo com o outro, logo na

união matrimonial. Tendo o

resguardo da lei e de certa

cultura contemporânea, os

compromissos são desfeitos

com extrema facilidade e ca-

da vez os processos legais

têm se mostrado mais ágeis

nessa ordem de eventos”,

diz o psicoterapeuta.

Na formação de uma fa-

mília, por exemplo, como so-

bra menos tempo dos pais pa-

ra dedicarem-se a seus fi-

lhos, o desenvolvimento

emocional da criança aconte-

ce sem essa importante pre-

sença. O resultado são indiví-

duos inseguros e até com me-

nos capacidade de amar,

criando brechas para caracte-

rísticas de competitividade e

ambição.

“O futuro e um sujeito

privado das experiências

emocionais de base parece

ser muito incerto. Já que não

foi possível receber os cuida-

dos fundamentais no seio do

lar, será muito difícil encon-

trar isso de qualquer outra

forma, ou em qualquer outro

lugar que seja”, destaca Mar-

tino. (EV)

Exercite-se para o bem

Rumos do estresse

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 9

Page 10: Bem estar fe na vida-20130127

Gisele [email protected]

Vocês se amavam louca-

mente e planejavam passar o

resto da vida juntos. Pelo me-

nos, faziam planos para isso.

Ai, um belo dia, sem que você

se dê conta, por um amontoa-

do de motivos - muitos deles

bem pequeninhos - percebe

que o amor acabou e resta ape-

nas a amizade. Isso pode acon-

tecer com qualquer um e em

qualquer lugar. “O amor aca-

ba. Numa esquina, por exem-

plo, num domingo de lua no-

va, depois de teatro e silên-

cio; acaba em cafés engordura-

dos, diferentes dos parques

de ouro onde começou a pul-

sar; de repente, ao meio do ci-

garro que ele atira de raiva

contra um automóvel”, diz o

escritor mineiro Paulo Men-

des Campos (1922-1991) no li-

vro “O Amor Acaba” (Ed. Ci-

vilização Brasileira).

Você até que tenta conti-

nuar a relação, mas não conse-

gue. E fica cheio de culpas por

não ter conseguido sustentar es-

se amor. O carinho continua, o

afeto não acaba, mas já não é

amor. Para alguns especialis-

tas, quando se chega a esse pon-

to, é difícil voltar atrás. O que

se pode fazer é refletir sobre a

experiência vivida e limpar a al-

ma para os próximos relaciona-

mentos. O que não podemos, é

deixar de buscar nossa felicida-

de por culpa ou remorso.

“A perda do desejo pode

ter sua origem em diferentes

fatores. Cada pessoa é detento-

ra de um repertório próprio

que determina sua reação a ca-

da estímulo recebido. Nós sa-

bemos que conviver é um desa-

fio. Enquanto o casal limita-se

ao namoro, é muito simples

manter o encantamento, uma

vez que cada um tem sua inti-

midade devidamente reserva-

da”, diz o psicólogo cognitivo-

comportamental Alexandre

Caprio. Nada é mais desgastan-

te que a rotina, seja ela profis-

sional ou afetiva. Se nós muda-

mos, então muda também o

que os outros sentem por nós.

Algumas pessoas se anulam

no casamento, deixando para

trás seus amigos, hobbies, so-

nhos e família. Tornam-se

frias e distantes e, por isso, per-

dem as qualidades que a torna-

va apaixonante. A amizade po-

de permanecer, mas a chama

do amor se apaga. A partir des-

te ponto- ressalta Caprio- são

muitos os casais que permane-

cem juntos em respeito a tudo

que viveram juntos. É comum

- principalmente em relação à

mulher – culpar-se por sentir-

se insatisfeita. É recorrente o

pensamento de que estão com

um homem que, apesar de tu-

do, é bom e que qualquer aven-

tura nessa altura da vida seria

uma imprudência. Esse medo

transforma o casamento em

uma procrastinação que se ar-

rasta, ano a ano, tornando-se

uma relação meramente amigá-

vel. “Nós não vivemos sem so-

nhos. Se o sonho morre, mor-

re também o homem. Não po-

demos enganar nossa mente

com conformismo e nem acre-

ditar em argumentos de ami-

gos como se fosse uma verda-

de absoluta ao qual nós esta-

mos submetidos”, explica o

psicólogo.

Não devemos ter medo de

buscar nossa felicidade. Abrir

mão dela é criar um sentimen-

to de auto-traição. Não pode-

mos desistir de nós mesmos.

Se, ao final de um grande

amor, temos um grande amigo,

não foi tão ruim assim. Cada fa-

se de nossa vida é o preparo da

próxima. Não negue seu direi-

to de seguir em frente. “A estra-

da não termina na curva. Embo-

ra não possamos ver o que exis-

te depois, ela continua, e nos re-

serva muitas surpresas, que só

conheceremos se nos mantiver-

mos firmes e pararmos de dar

ouvidos às pessoas que, cegas

ou tomadas pelo medo, já deixa-

ram seus próprios caminhos há

muito tempo”, garante Caprio

O professor e sexólogo Mar-

cos Ribeiro lembra que é preci-

so ter o desejo. Quando ele aca-

ba, é como se alguma coisa fos-

se desligada dentro da pessoa.

O desejo é o que impulsiona pa-

ra o amor; para a intimidade;

para o querer estar junto o tem-

po todo, a noite toda, até o pra-

zer da manhã. Sem desejo, fica

difícil manter uma relação.

Nessa hora, não adianta sentir

Relacionamento

10 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 11: Bem estar fe na vida-20130127

Amor ouAmor ouamizade?amizade?Quando o amor acaba é preciso afastar as culpas e mágoas,

seguir em frente e continuar a busca pela felicidade

culpa. Até porque nunca é só

um fator que leva o casal ao tris-

te desfecho. Podem ser muitos,

com responsabilidades de am-

bos os lados.

Para piorar as coisas, nem

sempre há sincronicidade no es-

morecimento do desejo, nem

sempre o amor acaba ao mesmo

tempo para os dois. Por isso,

um sofrerá mais e não há muito

o que fazer a não ser refletir so-

bre o que aconteceu, até para le-

var o aprendizado para outras

relações. Pensar nessas ques-

tões é essencial para o amadure-

cimento individual, o que aju-

da a eliminar mágoas e culpas

para chegar à relação seguinte

mais inteiro (ou inteira) e não

aos pedaços. O segredo, segun-

do ele, está na autoestima. Gos-

tar de si ajuda a recomeçar e a

abrir o coração, que, quando

menos se espera, fica em festa e

feliz outra vez. É assim até no

texto de Paulo Mendes Cam-

pos. “Em todos os lugares o

amor acaba; a qualquer hora o

amor acaba; por qualquer moti-

vo o amor acaba; para recome-

çar em todos os lugares.”

Um estudo coordenado pe-

la antropóloga Helen Fisher,

da Rutgers University, nos Es-

tados Unidos, publicado no

“Journal of Neurophysiolo-

gy”, mostra que os efeitos do

término de um relacionamen-

to podem ser difíceis de con-

trolar. Isso pode ajudar a expli-

car por que determinadas pes-

soas ficam obcecadas pelo ex-

parceiro. O sentimento funcio-

na como um vício, por isso

não é fácil de ser superado.

Pessoas com dificuldade de li-

dar com perdas podem estar lu-

tando contra um instinto for-

te, que é a base de muitos ví-

cios. O estudo de Helen Fi-

sher afirma que o sentimento

de angústia e sofrimento causa-

do pela rejeição pode estar liga-

do em grande parte a uma área

específica do cérebro relacio-

nada à motivação, recompensa

e vício. O fim de um relaciona-

mento para a cientista deve

ser como um processo de de-

sintoxicação, por isso deve-se

livrar da lembrança do ex par-

ceiro a fim de desativar a área

do cérebro ligada ao apego. He-

len Fisher confirma que o tem-

po cura as feridas.

Se você é parte do casal que

ainda ama nesta relação, antes

de insistir em um relaciona-

mento fracassado, é bom ficar

atento ao que escreveu o poeta

chi leno Pablo Neruda

(1904-1973). “Se sou amado,

quanto mais amado, mais cor-

respondo ao amor. Se sou es-

quecido, devo esquecer tam-

bém. Pois amor é feito espelho:

tem que ter reflexo.”

Mas antes de desistir

de um relacionamento só

porque o coração não bate

mais tão forte como antes,

é bom avaliar algumas coi-

sas. “Creio que todo casal,

em algum momento da re-

lação, já se perguntou: - se-

rá que eu realmente amo

esta pessoa ou estou com

ela apenas porque já me

acostumei? Ou seja, a dúvi-

da parece reincidir sobre

dois sentimentos que apa-

rentemente exigem postu-

ras diferentes: amor e ami-

zade. Porém, creio que al-

guns conceitos necessitem

de certa reflexão. Se pode-

mos nos apaixonar por um

amigo, supomos que ami-

zade e amor podem ter ín-

tima correlação”, diz a es-

critora e consultora em re-

lacionamentos, Rosana

Braga, autora dos livros

“Alma Gêmea - Segredos

de um Encontro” e “Sem

Regras para Viver”. Se po-

demos nos tornar amigos

de quem amamos, a afirma-

ção continua valendo. Isto

é, podemos acrescentar

amor à amizade e amizade

ao amor.

Mas por que, em mui-

tos casos, quando uma pes-

soa se questiona sobre o fa-

to do amor ter-se tornado

amizade, fica a impressão

de que algo se perdeu?,

questiona a escritora. Fica

a sensação de que falta al-

guma coisa, de que foi sub-

traído da relação o mais

importante? Será? “O que

quero dizer, na verdade, é

que a base de uma relação

de amor, especialmente

com o tempo, a dedicação

e a construção de uma vi-

da em comum, vai ganhan-

do mais em amizade e per-

mitindo que se apague, de

forma saudável e necessá-

ria, o fogo da paixão. E é

absolutamente preciso

que seja assim, acredite”,

explica.

Mas as crenças e os ro-

mances nos enganam -

continua Rosana - deixam

no ar a ilusão de que pode-

mos estar constante e inin-

terruptamente apaixona-

dos, ardendo, como se o

amor se resumisse a isso.

E assim, nos perdemos em

desejos impossíveis. Acre-

ditamos que falta algo nas

relações duradouras. Sim-

plesmente porque não

aprendemos a apreciar a

sutileza do amor. “Não es-

tou, de forma alguma, su-

bestimando a importância

da paixão. Ela é necessária

e imperdível. Contém em

si o impulso da provoca-

ção, a coragem para a en-

trega. Sem ela não há iní-

cio, não há motivação para

o nascimento do amor. De-

sejo assim, que todos nós

tenhamos a oportunidade

de nos envolver nas cha-

mas da paixão. Se preciso

for, até arder, doer e apren-

der. Para depois, enfim, va-

lorizar a calmaria do

amor. Afinal, a paixão

queima e machuca enquan-

to que o amor aquece e aco-

lhe. E que você descubra e

usufrua do segredo conti-

do na relação que torna-se

mais parecida com amiza-

de e menos com a angústia

das paixões”, diz. (GB)

Avalie a relação

www.sxc.hu/Divugação

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 11

Page 12: Bem estar fe na vida-20130127

Sorrir é um dos diferenciais do ser humano e o caminho mais curto na comunicação

entre pessoas, além de aliviar o estresse

Gisele [email protected]

São poucos gestos tão gosto-

sos e significativos quanto dar

ou receber um sorriso. E não

importa se o dia está quente ou

frio; chuvoso ou se faz sol. Vo-

cê nem imagina o poder que

tem um sorriso. Eles são uma

bênção. Mensageiros da ale-

gria, os sorrisos partem dos lá-

bios, irradiam para os olhos e

alimentam o coração. Sorrir é

uma dos maiores diferenciais

do ser humano: é o caminho

mais curto na comunicação en-

tre as pessoas. Ao sorrir, nosso

cérebro interpreta que esta-

mos felizes e reage, rapidamen-

te, diminuindo a liberação de

hormônios causadores do es-

tresse. Resultado: ficamos cal-

minhos, calminhos. São ainda

uma bênção para quem recebe.

Já aconteceu com você de estar

triste e, ao receber um sorriso

sincero, sentir toda a tristeza se

dissipar como num passe de

mágica? Pois é, o sorriso tem

sim esse poder.

“Sorrir não é apenas um

bom exercício para a mente.

Também conserva o corpo

constantemente abastecido de

renovada energia cósmica”, di-

zia o iogue e guru indiano Para-

mahansa Yogananda, um dos

primeiros a promover a prática

da meditação no mundo oci-

dental. Em seu livro “Onde

Existe Luz”, o guru garante

que a pessoa que possui alegria

dentro de si constata que seu

corpo está carregado de corren-

tes elétricas, energia vital pro-

veniente não dos alimentos,

mas de Deus. E dá uma dica:

“Se você sente que não pode

sorrir, fique diante de um espe-

lho e, com os dedos, arme um

sorriso em sua boca. Isso é im-

portante.” Ainda, segundo Yo-

gananda, a alegria sincera trans-

forma as pessoas em milioná-

rios de sorrisos. “Um sorriso ge-

nuíno distribui a energia cós-

mica, prana, a todas as células

do corpo. O homem feliz é me-

nos sujeito a doenças, pois a fe-

licidade de fato atrai para o cor-

po um maior suprimento da

universal energia vital.”

O sorriso encanta e é o pon-

to de partida para quem quer

elevar sua autoestima. Quando

sorrimos para outra pessoa,

transmitimos a ideia de simpa-

tia, aceitação e ele se torna o

idioma universal. Não há

quem não o entenda. E, ele é

mais uma prova de uma lei na-

tural: a da atração. Você atrai o

que dá, por isso quando sorri-

mos, atraímos uma infinidade

de outros sorrisos O sorriso ge-

ra sorrisos porque você atrai o

que você transmite. É uma lei

natural.

Se o simples gesto de sorrir

para transformar seu dia não

for suficiente, existem outras

boas razões que poderão ajuda-

lo a sorrir. Quando sorri, você

utiliza 28 músculos da face.

Não é de hoje que os especialis-

tas de todo o mundo estudam

para descobrir de que forma es-

se ato afeta o corpo e a saúde

das pessoas. O que grande par-

te dos resultados mostra é que

os efeitos vão muito além da

sensação de bem-estar ou da

moleza no corpo após uma lon-

ga gargalhada. O riso faz bem

ao coração, enquanto a depres-

são aumenta os riscos de pro-

blemas cardíacos e de mortali-

dade, indicam estudos apresen-

tados pela da Sociedade Ameri-

cana de Cardiologia (ACC).

Ambos os estudos, realizados

por pesquisadores das universi-

dades de Maryland e da Caroli-

na do Norte, assinalaram a in-

fluência direta dos fatores psi-

cológicos na saúde humana. Se-

gundo Michael Miller, da Uni-

versidade de Maryland, “a am-

plitude da alteração observada

no tecido que recobre a parede

interna dos vasos (endotélio)

nas pessoas que riem é seme-

lhante à que teriam numa ativi-

dade física intensa”.

“O sorriso, assim como as

emoções positivas liberam as

beta-endorfinas que ajudam na

melhoria da fisiologia cardía-

ca. Ele facilita a produção de

óxido nítrico e as artérias coro-

nárias trabalham melhor”, ex-

plica o cardiologista Percival

Trindade, do Incor Rio Preto.

Um artigo também foi publica-

do pela Sociedade Europeia de

Cardiologia (ESC) 2012, em

Munique, na Alemanha. As

doenças cardiovasculares conti-

nuam sendo a principal causa

de morte no mundo. E quando

a pessoa sorri, elimina emoções

negativas que certamente fa-

zem mal para o coração.

“Ele é a porta de chegada e

de partida da alma”, diz a vi-

dente Marina Gold. O sorriso,

ainda segundo ela, além de sim-

patia, também pode significar

empatia e é algo fundamental

no processo de conquista.

Quem sorri é mais feliz, por-

que o sorriso atrai tudo o que é

positivo e gera felicidade. “Me

lembrei de um livro superinte-

ressante, ‘Como lidar com emo-

ções destrutivas’ (ed. Campus).

Um dos cientistas participan-

tes era Paul Eckman, especialis-

ta na ciência das emoções e das

expressões faciais. Ele fala dos

estudos sobre o ‘sorriso de Du-

chenne´, ou o sorriso verdadei-

ro, que é diferente do sorriso

falso, pois utiliza músculos di-

ferentes para ser expresso. Esse

sorriso verdadeiro ativa áreas

cerebrais associadas ao prazer

e felicidade, além de liberar

beta-endorfinas, que são subs-

tâncias produzidas pelo cére-

bro e que geram sensação de

bem-estar”, diz o coach e ioga-

terapeuta Salvador Hernan-

des. Experimente sorrir. Não

importa o lugar e veja como o

mundo fica mais agradável. O

sorriso, verdadeiro funciona

como um abridor de cora-

ções. “Muita coisa que ontem

parecia importante ou signifi-

cativa virará pó no filtro da

memória. Mas o sorriso (...)

ah, esse resistirá a todas as ci-

ladas do tempo”, disse o dra-

maturgo e escritor Caio Fer-

nando de Abreu (1948-1966).

Perfeita definição. �

Bem-Estar

O poder do sorriso

E a saudade atormentar

Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar

Quando nada mais restar

Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz

E sentires uma cruz

Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor

E ao notar que tu sorris

Todo mundo irá supor

Que és feliz”

(Braguinha - C. Chaplin -J. Turner - G. Parsons)

“Sorri quandoa dor te torturar

www.sxc.hu/Divulgação

12 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 13: Bem estar fe na vida-20130127

Continuar implica suportar fardos que não são poucos, não são leves e não têm fim,

mas somos fortes e capazes de enfrentar todas as adversidades

Mara Lúcia MadureiraPsicóloga

O mundo não acabou. As

tempestades solares não foram

intensas o bastante para produ-

zir caos nas redes elétricas e

destruir satélites terrestres. A

interpretação do calendário

maia foi equivocada. O fim do

13 baktun, como era dividido e

medido o tempo pelos Maias,

era apenas o fim de um ciclo,

não o fim do mundo. Quanto

ao Armagedom e outras teorias

escatológicas, melhor seguir al-

guns conselhos bíblicos: “orai

e vigiai”, mas “não vos escanda-

lizeis com nada nessa vida”.

Grande parte da humanida-

de aprecia tragédias, adora pro-

duzir notícias alarmistas e se vi-

cia em emoções pessimistas, ne-

gativismos, ansiedade e outros

horrores da vida diária. Passa a

vida toda cindida entre as ver-

tentes emocionais da realidade

(quase sempre negada) e cria-

ção ilusória, permeada por um

amontoado de distorções per-

ceptivas, desejos não realiza-

dos, rancores, mágoas, medos e

projeções.

A ideia e as profetizações

sobre o fim de mundo são proje-

ções coletivas do medo do fim

da vida, das tragédias pessoais

e catástrofes imaginárias, po-

rém, mais confortante, já que

na hipótese do fim do mundo

não se morre solitário e não há

mais nada depois de nós.

A questão é que estamos vi-

vos e, com ou sem motivos, ire-

mos continuar por mais algum

tempo e, continuar implica su-

portar os fardos que não são

poucos, não são leves e não têm

fim. A cada ano, em diferentes

faixas de idade eles se apresen-

tam diferentes, mas continuam

fardos, pedados, desafiadores,

intermináveis.

O lado bom da história é

que somos mais fortes e poten-

cialmente capazes de enfrentar

as adversidades e abraçar as

oportunidades do que costuma-

mos supor. Desenvolvemos tec-

nologias, somos inteligentes,

inventivos, inovadores. Pode-

mos fortalecer os músculos do

corpo, desenvolver defesas

imunológicas e blindagens

emocionais. Sabemos e pode-

mos expandir o componente

mágico chamado fé, adquirir

autoconfiança e poderes nunca

antes imagináveis.

A notícia ruim é que somos

muito bons em distorcer a reali-

dade. Costumamos exagerar a

crueldade de eventos ruins, mi-

nimizar ou negar benefícios de

ações positivas, projetamos nas

pessoas o que há de ruim em

nós mesmos e negamos neles, o

bem que nos falta. E o pior é

que acreditamos fácil e com tal

veemência em nossas percep-

ções caóticas que o desapego é

uma tarefa difícil.

Interpretamos calendários,

fatos, situações e as próprias

sensações de forma equivoca-

da. Apegamo-nos a tais ideias e

relutamos em aceitar uma ver-

dade menos dramática. Um

exemplo comum é o sofrimen-

to real do Transtorno do Pâni-

co, uma interpretação exagera-

da dos sintomas da ansiedade

que leva o sujeito a acreditar

que está sofrendo um infarto

do miocárdio e, em geral, con-

sulta de cinco a sete cardiologis-

tas antes de se convencer de

que seu problema é psicológico

e não cardíaco.

O tempo na Terra e o tem-

po da Terra são coisas distin-

tas. No entanto, o homem se

confunde com Deus de tal ma-

neira que chega a defini-Lo e

representá-Lo à sua imagem e

semelhança, num esforço

constante de aproximação da

inteligência criadora à igno-

rância humana. O conheci-

mento poderá livrar o homem

das cadeiras de ilusão e aproxi-

ma-lo de Deus. Seja Deus a in-

teligência criadora do univer-

so, a paz de espírito ou estado

de bem-estar. Cada um conce-

be (ou não) Deus conforme

suas crenças, mas todos reco-

nhecem Sua ausência na imi-

nência da morte e Sua presen-

ça na prática do bem.

O pensamento megaloma-

níaco, causa e consequência

de muitas loucuras humanas,

fomentador do desejo e ações

desordenadas de posse e con-

sumo, torna as condições de vi-

da na Terra cada vez mais in-

sustentável.

Aqueles que estiverem dis-

postos a ficar fora das ruínas

precisarão construir novos sig-

nificados para suas histórias,

não importa o quanto já te-

nham avançado na idade, o

tempo é agora. Mudar signifi-

ca pensar a vida como a conti-

nuidade de dias, independente

de virar a página do mês, do

ano ou encerrar o Baktun do

calendário desta ou daquela ci-

vilização.

É preciso abandonar esse

discurso infeliz de “energias ne-

gativas”, “gente invejosa”, “co-

biça”, “perseguição”. Pare de

supor que todos deixaram de se

ocupar com as próprias vidas

para se ocuparem com a formi-

dável existência. Pergunte-se:

Quem é mesmo que está julgan-

do os outros? Quem é mesmo

que fica se ocupando da vida

alheia? Os outros estão ocupa-

dos comigo como eu me ocupo

com eles? Será que eu sou real-

mente uma pessoa tão célebre,

magnânima e invejável como

eu gostaria?

Um dia, não se sabe quan-

do e nem como, o mundo certa-

mente irá acabar e, bem mais

breve, todos nós iremos mor-

rer, antes que isso ocorra, o me-

lhor a fazer é viver em paz. Res-

peitar a vida, as pessoas e o pla-

neta.

Reconheçamos que não te-

mos a eternidade a nosso favor,

não somos os melhores exem-

plos na face da Terra, não so-

mos tão invejáveis como supo-

mos. Encontremos ocupações

mais nobres do que gastar o bre-

ve tempo que nos resta lamen-

tando, acusando, condenando.

Comecemos a ousar, arriscar,

errar, recomeçar, aprender, er-

rar de novo. �

Não recomece,continue

Thomaz Vita Neto

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 13

Page 14: Bem estar fe na vida-20130127

No ar em “Lado a Lado”, Rafael Cardoso anima-se com a

repercussão de seus últimos papéis na Globo

TV Press

Ver seus personagens ganha-

rem peso e consistência é o so-

nho de qualquer ator em início

de carreira. Rafael Cardoso con-

segue enxergar esse crescimento

profissional no destaque dado às

conquistas e pequenas maldades

de Albertinho, o aprendiz de vi-

lão que ele interpreta em “Lado

a Lado”. “O tamanho do perso-

nagem define as chances que o

ator tem de mostrar serviço. Es-

tou aproveitando o momento e

me dedicando ao máximo. Nove-

las são carregadas pelos seus per-

sonagens principais e encaro is-

so com responsabilidade”, anali-

sa. Na Globo desde 2008, quan-

do estreou com um pequeno pa-

pel em “Beleza Pura”, Rafael se

revelou na pele do “bad boy” Jor-

gito, de “Ti-Ti-Ti”. Mas cha-

mou a atenção do público e de

outros diretores da Globo ao

mostrar o amadurecimento de

Rodrigo, o jovem pai de “A Vi-

da da Gente”, de 2012, a partir

de uma atuação naturalista e de-

licada. “Foi um trabalho denso

e muito emocional. Rodrigo era

um cara do bem e que tinha de

lidar com problemas cotidianos

e familiares sem parecer clichê.

Tenho muito orgulho desse per-

sonagem”, valoriza.

Se sair bem no papel de

galã poderia render a Rafael o

convite para voltar a viver o su-

jeito boa praça e disputado por

duas mulheres, tipo tão recor-

rente em qualquer folhetim. No

entanto, para surpresa e satisfa-

ção do ator, o que surgiu foi um

“playboy” de época, filho de aris-

tocratas do Império, que, in-

fluenciado pela mãe, Constân-

cia, de Patrícia Pillar, não mede

esforços para beneficiar seus in-

teresses. “Albertinho não chega

a ser totalmente do mal, mas é,

muitas vezes, sem escrúpulos.

Acaba escorregando em suas

próprias maldades e isso o huma-

niza”, teoriza. Essa caráter nada

maniqueísta de Albertinho insti-

gou ainda mais o ator que, mes-

mo com o folhetim a pouco

mais de dois meses do fim, ain-

da surpreende-se com a trajetó-

ria do “bon vivant”. “É engraça-

do o poder da novela de se desen-

volver e tomar rumos desconhe-

cidos”, analisa Rafael, entusias-

mado com a nova descoberta de

seu personagem: um filho.

Para o ator, Albertinho

funciona como uma espécie de

retrato coerente de um jovem

aristocrata do início do século

20, época em que a trama assina-

da por Claudia Lages e João Xi-

menes Braga é ambientada. “Al-

bertinho tem um lado machista

bem comum para a época, o que

evidencia esse jeito conquista-

dor e garanhão dele. Ao mesmo

tempo, é um tipo extremamente

frágil e manipulável”, destaca.

Além de pesquisas e inspira-

ções, como os filmes “Don Juan

DeMarco”, de Jeremy Leven, e

“Ligações Perigosas”, de Ste-

phen Frears, boa parte do pro-

cesso de construção do persona-

gem foi formatado nos dez dias

em que Rafael passou gravando,

ao lado de parte do elenco de

“Lado a Lado”, no centro histó-

rico de São Luis, capital do Ma-

ranhão, que com suas constru-

ções evocavam o Rio de Janeiro

da época. Além disso, o ator en-

trega que os cenários e figurinos

da novela são essenciais para

mergulhar nas cenas de Alberti-

nho. “É meu primeiro trabalho

de época na tevê, fiquei impres-

sionado com a atenção aos míni-

mos detalhes”, admite.

Mesmo focado em sua car-

reira televisiva, Rafael mantém

intensa sua dedicação ao cine-

ma. Os novos frutos desse envol-

vimento com a sétima arte pode-

rão ser vistos ao longo de 2013,

com a estreia de “Senhores da

Guerra”, dirigido por Tabajara

Ruas, e “O Tempo e O Vento”,

de Jayme Monjardim. O ponto

em comum entre os longas é o

forte laço de ambas as histórias

com o Rio Grande do Sul, terra

natal do ator de 27 anos. O pri-

meiro conta a história da Revo-

lução de 1923, enquanto o filme

dirigido por Monjardim é basea-

do na obra do escritor gaúcho

Érico Veríssimo. “É uma honra

contar histórias da minha re-

gião através do cinema. Estou

ansioso por esses lançamentos”,

conta.

Perfil

Fase de crescimento

Durante a preparação pa-

ra “Lado a Lado”, um dos

elementos que mais aproxi-

maram Rafael Cardoso de

seu personagem foi o envol-

vimento dele com os primór-

dios do futebol no Brasil. Tu-

do porque, além de gremista

roxo, Rafael já jogou nas cate-

gorias de base de times lo-

cais, como Internacional, Ay-

moré, Mont Serrat e o pró-

prio Grêmio. “Modéstia à

parte, eu até jogo bem fute-

bol. Então, meu trabalho pa-

ra as cenas foi tentar jogar

mal. Afinal, a novela retrata

os primeiros jogos do espor-

te no país”, explica.

Nem mesmo os unifor-

mes de época tiram o bom

humor e o clima descon-

traído das cenas onde Rafael

divide o campo com Caio

Blat, Daniel Dalcin e Kleb-

ber Toledo, os outros “bolei-

ros” da atual novela das seis.

“A gente se diverte gravan-

do, pois todos somos muito

ligados em futebol. Nem

mesmo o calor do Rio de Ja-

neiro atrapalha”, garante. �

Antes de fazer novelas naGlobo, a primeira experiênciade Rafael Cardoso com atelevisão foi na série “Pé naPorta”, produzida e exibidapela RBS, emissora regionaldo Sul do Brasil

Em setembro do anopassado, ao serdiagnosticado com catapora,o ator teve de se ausentar dasgravações de “Lado a Lado”por 10 dias

Em 2009, no polêmico

filme “Do Começo Ao Fim”, deAluizio Abranches, Rafaelinterpretou o jovem Thomásque, ao longo da história,descobre-se apaixonado pelomeio-irmão Francisco, vividopor João Gabriel Vasconcelos

No ano passado, Rafaelmostrou sua porção diretor,ao comandar a gravação doclipe musical de “Vida”,música da banda de “reggae”brasiliense Mente Sã

“Lado a Lado” – Globo – desegunda a sábado, às 18h15

Na zona do agrião

Instantâneas

Jorge Rodrigues

TV - 14 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 15: Bem estar fe na vida-20130127

Devoltaàs raízesCom uma sucessão de papéis na tevê, Bianca Bin sente fal-

tadoteatro,ondecomeçousuacarreira.Noarcomoainve-

josa Carolina, de ‘’Guerra dos Sexos’’, ela saiu de Itu, inte-

riordeSãoPaulo,parasededicaraospalcos.Masasoportu-

nidades para a televisão começaram a dar mais certo. “Não

consegui voltar a estudar. Sinto falta da base teórica. Te-

nho vontade de me reciclar, ficar em cartaz e viajar com a

peça”, explica. Apesar do tempo afastada do teatro, a atriz

não se considera angustiada e está curtindo sua fase na te-

vê. “Não é uma angústia, mas é uma vontade que eu tenho

dentro de mim. Assim que eu tiver um tempinho, vai ser

meu foco”, afirma Bianca.

Sem medoUma das maiores surpresas para Rômulo Estrela ao inte-

grar o elenco de “Balacobaco” foi repetir a parceria com o

diretor Edson Spinello, com quem havia trabalhado em

“ReiDavi”.“Foiumagratasurpresa.Pudeabrirminhaca-

beça ainda mais após trabalhar com ele’’, elogia. Na trama

de Gisele Joras, Rômulo dá vida ao alternativo André. Fi-

lho de Genivaldo, vivido por Humberto Magnani, o per-

sonagem vive um conflito com o pai por não ter assumi-

do os negócios da família, pois prefere crescer pelos pró-

prios meios. “Ele gosta de fotografar e quer viver disso.

Um cara autêntico e verdadeiro. Está sempre em busca

da inquietação”, explica o ator, que está em sua sexta pro-

dução na Record.

Da academiaO Telecine garantiu o direito de exibição exclusiva na tevê

paga de 25 filmes indicados ao Oscar 2013. Entre algumas

das produções selecionadas estão: “Lincoln’’, ‘’As Aventu-

ras de Pi’’, ‘’O Lado Bom da Vida’’ e ‘’Os Miseráveis’’.

TestosteronaOelenco masculino da novelade Carlos Lombardi na Re-

cord ganhou reforços. Além de Fernando Pavão, farão

parte da trama Claudio Heinrich, Marcos Pitombo e

Iran Malfitano. Cláudio e Iran serão dois primos golpis-

tas, uma dupla de trambiqueiros, diferentes em tudo e

iguais na cara de pau.

Segundos de ouroAminissérie ‘’JosédoEgito” irácobrarcaroporumespaço

publicitário durante os intervalos. A emissora planeja ven-

der cada 30 segundos por R$ 208 mil.

Nas alturasThiago Martins dará vida a um piloto de caças em “Flor

do Caribe”, próxima novela das seis. Seu personagem,

Rodrigo, fará parte do esquadrão comandado por Cas-

siano, interpretado por Henri Castelli. O jovem de famí-

lia humilde - sua mãe é empregada doméstica e o pai,

vendedorambulante-semprefoicuriosoebatalhador.Ele

irá batalhar para conquistar a tenente Isabel, vivida por

Thaíssa Carvalho.

Juntos de novoMarina Ruy Barbosa está reservada para a próxima novela

dasnovedeWalcyr Carrasco.Aatrizpoderáservistaapar-

tirde junhonaestreiadoautornesta faixadehorário.Mari-

na já trabalhou com Walcyr em “Sete Pecados” e “Morde

& Assopra”.

Nível HollywoodAlexandre Avancini está encantado com as câmaras Arri

Alexa, equipamento utilizado em produções cinematográ-

ficas, com as quais trabalhou durante as gravações de “José

doEgito’’.ComopróximotrabalhonaRecordjáengatilha-

do, o diretor da primeira novela de Carlos Lombardi na

emissoranão escondeodesejode levaressa tecnologiapara

os folhetins. “É uma vontade. Queremos muito utilizar.

Mas ainda temos alguns desafios”, explica.

De voltaEm ‘’José do Egito’’, Mylla Christie será Raquel, a esposa

preferida de Jacó, interpretado por Celso Frateschi. Ela se-

rá mãe de José, vivido na primeira fase por Rick Tavares e

depoisporÂngeloPaesLeme.Aúltimanoveladaatrizha-

via sido em 2007, “Amor e Intrigas’’.

Calor baianoAndré Vasco estará à frente da cobertura do Carnaval de

Salvador do SBT. Ele irá dividir a apresentação com

Eliana, Celso Portiolli, César Filho, Karyn Bravo e He-

len Ganzarolli.

Na pele do malLonge da tevê desde “Morde & Assopra”, Paulo Vilhe-

na já garantiu sua volta em grande estilo. O ator será o

vilão na nova série policial da Globo, “A Teia”. As grava-

ções já começaram no Mato Grosso, com direção de Ro-

gério Gomes.

ResponsabilidadeChandelly Braz já tem novo trabalho na Globo. Após dar

vida à “periguete” Brunessa, em ‘’Cheias de Charme”, a

atrizestá confirmadano elencode “Saramandaia”.No “re-

make”, ela será Marcinha, papel vivido na primeira versão

por Sônia Braga.

De novoMiá Mello já começou as gravações do seu novo programa

para o Multishow, “Cê Faz o Quê?”. Anteriormente, a hu-

morista estava à frente do “Viajandona” e protagonizou a

série “Meu Passado Me Condena” com Fábio Porchat.

’’Debout’’ naavenidaMariana Ferrão vai comandar, pela primeira, vez as trans-

missões dos desfiles do Carnaval paulistano. A apresenta-

dora do “Bem Estar” está estudando sobre a história e o

que cada escola pretende apresentar no dia. Ela dividirá a

bancada com Cleber Machado.

Mais espaçoÀ frente do “Cante Se Puder” ao lado de Patrícia Abrava-

nel, Marcio Ballas poderá ganhar seu próprio programa de

humor no SBT. Ele é o principal nome cotado para assu-

mir a versão brasileira do “Thank God You’re Here!”,

uma comédia de improviso, semelhante a atrações como o

extinto “Quinta Categoria”, da MTV.

ZappingTV Press

Jorge Rodrigues

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 15 - TV

Page 16: Bem estar fe na vida-20130127

Conhecida pelo humor,

Zezé Polessa mergulha no drama

através dos dilemas morais

de Berna, de “Salve Jorge”

TV Press

A liberdade artística é um dos

maiores trunfos de Zezé Polessa.

Aos 59 anos, a intérprete da sofri-

da Berna, de “Salve Jorge”, garan-

te que prefere, educadamente, di-

zer “não” a um personagem do

que se repetir. “Para mim, não

tem graça viver tipos semelhan-

tes. Busco novas possibilidades

de atuação”, admite. A exótica tur-

ca da atual novela das nove, inclu-

sive, surgiu em um momento on-

de Zezé queria se dedicar a uma

história mais dramática, depois

do tom bem humorado de seus úl-

timos personagens em “Escrito

Nas Estrelas”, de 2010, e “Cordel

Encantado”, de 2011. “Berna tem

uma fixação tão grande pela ma-

ternidade que acabou encontran-

do problemas”, analisa.

Carioca, formada em Medici-

na pela Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Zezé deixou tudo

para trás em nome das Artes Cêni-

cas. Sua estreia na tevê foi em

meados dos anos 1980, em progra-

mas humorísticos da extinta Man-

chete. Ao entrar para a Globo, em

1989, a atriz pôde experimentar o

reconhecimento do público por

conta de Naná, sua personagem

em “Top Model”. Ao longo da

carreira, destacou-se pelos tipos

fortes e extravagantes que inter-

pretou em tramas como “Salsa e

Merengue” e “Porto dos Mila-

gres”. “A cada novo trabalho, eu

procuro o prazer de viver as perso-

nagens. Sem isso, fica complica-

do. Não quero ser apenas funcio-

nal para o papel”, assume.

Pergunta – Você viajou pa-ra a Turquia mesmo sem terde gravar cenas de “Salve Jor-ge” no país. O que a instigoua conhecer o região natal desua personagem?

Zezé – Fiz questão de ir para

a Turquia conhecer o país, seus

costumes e tradições. Foi essen-

cial para estabelecer um ponto de

conexão com a personagem. Infe-

lizmente, não tive de gravar cenas

lá, mas acho que sentir aquela re-

gião foi extremamente importan-

te para dar conta da minha perso-

nagem. Até porque eu estava com

a cultura árabe, já vista em outras

novelas da Gloria (Perez, autora),

entranhada na minha cabeça. E

não tem nada a ver. A viagem me

fez criar com mais embasamento

o jeito cosmopolita da Berna.

Pergunta – O que mais cha-mou a sua atenção nessa via-gem?

Zezé – A Turquia equilibra

muito bem o novo e o antigo em

sua cultura. Muito disso vem da

mistura de costumes ocidentais e

orientais de um país que é metade

Europa e o outra metade Ásia. Es-

se grande detalhe muda tudo. E

deixa o país com um ar tradiciona-

lista e moderníssimo ao mesmo

tempo. O par formado pela Berna

com o Mustafa (Antônio Calloni)

retrata muito esse contraste da re-

gião.

Pergunta – Como assim?Zezé – Ele é um empresário

do Grand Bazar, dono de lojas

de tapetes caríssimos. Enquanto

ela trabalha com restauração de

azulejos antigos. São ricos por

conta desses trabalhos, mas am-

bos têm mente aberta para os ne-

gócios e para os assuntos familia-

res. O único dilema deles era

não poder ter filhos. Algo que

foi resolvido com a adoção de

uma criança brasileira.

Pergunta – O desejo deAisha (Dani Moreno) em co-nhecer a família biológica é oponto de partida dos proble-

Entrevista

Dohumorao drama

Ped

roPau

loFi

guei

redo

TV - 16 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 17: Bem estar fe na vida-20130127

mas de Berna. Você acha queela foi realmente enganadapor traficantes ou estava cien-te que recorreu a um proces-so ilegal de adoção?

Zezé– Acho que é um pouco

de cada coisa. Em um primeiro

momento, acredito que minha

personagem tenha sido ingênua

demais. Quando ela veio pegar a

criança no Brasil, a suposta assis-

tente social disse que estava tudo

certo, mas que o processo de ado-

ção ainda demoraria uns seis me-

ses para ser definido. A menos

que a Berna contratasse um despa-

chante. De acordo com o roteiro,

ela achou que daria dinheiro para

isso e não para comprar a criança.

Pergunta – A criança foi

entregue a Berna durante amadrugada em um quarto dehotel. Você acha que foi aíque a personagem pecou aoignorar o crime?

Zezé– Sem dúvida. A vonta-

de em ser mãe fez com que ela fe-

chasse os olhos para o que estava

acontecendo. A relação dela com

a Aisha é muito forte, até porque

ela não poderia ser mãe por méto-

dos naturais. E adotar aquela

criança foi um momento de reali-

zação para Berna. No fundo, ela

achava que estava fazendo uma

gesto de bondade e é a partir des-

sa ação que os dramas dela são ge-

rados.

Pergunta – Você é sempreescalada para papéis mais le-ves e cômicos. Voltar a inter-pretar um tipo mais dramáti-co era um objetivo seu?

Zezé – Eu queria fugir do

que geralmente é reservado para

mim. Berna é emotiva e tem um

lado bem trágico. A única coisa

mais leve dela é o fato de ser uma

figura exótica. Achei-a interessan-

te desde o momento em que li a si-

nopse. Não tenho nada contra per-

sonagens de humor, tenho algu-

mas no currículo e, por mais se-

melhantes que elas sejam, sempre

dei um jeito de apronfudá-las e di-

ferenciá-las.

Pergunta – Você tem recu-sado muitos papéis ultima-mente?

Zezé – Minha postura hoje

em dia é um pouco mais criterio-

sa. Converso com a direção da

emissora e com os produtores de

elenco. Quando aparece um perso-

nagem muito parecido com algo

que eu já tenha feito, recuso o pa-

pel, mas não saio do projeto. Peço

para continuar na trama, mas

com outra personagem. Não tem

graça ficar me repetindo o tempo

todo. Ainda mais em novelas. É

difícil até de imaginar ficar inter-

pretando por meses algo que não

me estimule.

Pergunta – Na última déca-da, você vem mantendo afrequência de fazer um traba-lho, seja ele novela ou série,por ano. Esse ritmo está dei-xando você cansada de fazertevê?

Zezé – Não estou cansada de

tevê. Adoro trabalhar em um lo-

cal onde minha atuação é valoriza-

da e estão sempre me chamando

para trabalhar. No entanto, nove-

la boa ou ruim, normalmente,

tem um esquema exaustivo. Por

isso, é preciso ter uma motivação

a mais para encarar o trabalho. Es-

sa motivação pode estar em novas

técnicas da direção, uma persona-

gem mais consistente e diferente,

uma boa equipe.

Pergunta – Você estava co-tada para interpretar a Muricyde “Avenida Brasil”, persona-gem que acabou ficando coma Eliane Giardini. Se arrepen-de de ter recusado o convite?

Zezé – Eu tinha acabado de

fazer “Cordel Encantado” e teria

de ir imediatamente para “Aveni-

da Brasil”. Fiquei tentada, até por-

que a diretora era a Amora (Maut-

ner) e o trabalho na novela das

seis foi muito legal. Não tenho do

que me arrepender porque seria

difícil emendar as produções. É

uma questão de escolha mesmo.

Antes de entrar para “Salve Jor-

ge”, estava quase certa de que eu

faria o “remake” de “Gabriela”.

Mas a equipe da Gloria foi mais

rápida e me reservou.

Pergunta – Recentemen-te, o canal pago Viva reprisou“Top Model”, sua primeira no-vela na Globo. Você chegou arever alguma cena sua nessetrabalho?

Zezé – Foi ótimo rever a

Naná! Não deu para acompanhar

tudo, mas vi algumas cenas e fi-

quei bem nostálgica. Não foi um

papel fácil. Era minha primeira

experiência em novelas, em uma

personagem de destaque, então

eu me pressionava muito para fa-

zer aquilo dar certo. Engraçado,

ao rever as cenas, senti o descon-

forto que eu estava sentindo na

hora de gravar (risos). “Top Mo-

del” foi o tipo de novela que, além

de cair no gosto do público, era

muito gostosa de se fazer. Isso

nem sempre acontece.

Pergunta – Este ano, vocêcompleta 24 anos de Globo. Épossível escolher um trabalhoque represente seu amadure-cimento como atriz na emisso-ra?

Zezé – Eu fiz muita coisa ao

longo desses anos, fica difícil men-

cionar somente uma persona-

gem. No entanto, acho que se não

fosse a Firma, de “Memorial de

Maria Moura”, eu poderia ficar

um bom tempo sendo lembrada

apenas por personagens de hu-

mor. Ela tinha aquele bigodinho

(risos) e foi uma quebra, um refe-

rencial, onde pude provar para

mim mesma que eu poderia fazer

uma vilã.

”Salve Jorge” - Globo - de segunda asábado, às 21 horas

Zezé Polessa já tem pla-

nos para quando “Salve Jor-

ge” terminar. Depois de ro-

dar o país ao longo dos últi-

mos cinco anos, sob a dire-

ção de Victor Garcia Peral-

ta, com o monólogo “Não

Sou Feliz, Mas Tenho Mari-

do”, a atriz se prepara para

estrelar o clássico “Quem

Tem Medo de Virginia

Woolf?”, de Edward Albee

– com estreia prevista para o

próximo semestre. “Quero

continuar no drama. É um

projeto incrível e motivador

onde vou contracenar com o

Marco Ricca”, adianta.

Por conta do tempo que

precisaria ter para as leitu-

ras e ensaios do novo espetá-

culo, a atriz admite que não

daria conta de fazer “Salve

Jorge” e a peça simultanea-

mente. “Seria pressão e dra-

ma demais. Já fiz muito tea-

tro e televisão ao mesmo

tempo e ficava muito cansa-

da”, conta, aos risos.

“Tudo em Cima”

(Manchete, 1985) - Clara.

“Tamanho Família”

(Manchete, 1985) - Duda.

“Top Model” (Globo,1989) - Naná.

“Vamp” (Globo, 1991)- Sílvia.

“O Portador” (Globo,1991) - Vilma.

“Noivas deCopacabana” (Globo,1992) - Mariana.

“Memorial de MariaMoura” (Globo, 1994) -Firma.

“Decadência” (Globo,1995) - Jandira.

“Explode Coração”(Globo, 1995) - Mila.

“Salsa e Merengue”(Globo, 1996) - Marinelza.

“Hilda Furacão”(Globo, 1998) - DonaNeném.

“Andando nas

Nuvens” (Globo, 1999) -Bonitona.

“Porto dos Milagres”,

(Globo, 2001) - Amapola.

“Agora é Que São

Elas” (Globo, 2003) -Tintim.

“A Lua Me Disse”

(Globo, 2005) - Ester.

“O Sistema” (Globo,2007) - Valquíria.

“Amazônia, de Galvez

a Chico Mendes” (Globo,2007) - Justine.

“Beleza Pura” (Globo,2008) - Ivete.

“Toma Lá, Dá Cá”

(Globo, 2009) - Harolda.

“Escrito Nas

Estrelas”

(Globo, 2010) - Sofia.

“Cordel Encantado”

(Globo, 2011) - Ternurinha.

“Salve Jorge”

(Globo, 2012) - Berna.

Entre uma novela e outra, Ze-

zé Polessa sempre gostou de se

aventurar por pequenas partici-

pações especiais em outras pro-

duções da Globo. Na extensa lis-

ta da atriz, constam presenças

em episódios de “Você Decide”,

“Toma Lá, Dá Cá”, “Brava Gen-

te”, “Os Normais”, “Carga Pesa-

da”, entre outras séries e progra-

mas. “Adoro fazer coisas meno-

res na tevê. É onde consigo rever

amigos e diversificar minha par-

ticipação dentro da emissora”,

acredita.

Plano clássico TrajetóriaTelevisiva

Porçõesespeciais

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 17 - TV

Page 18: Bem estar fe na vida-20130127

Geneton Moraes Neto produz primeiro documentário do canal de notícias Globo News

TV Press

AsaspiraçõesprofissionaisdeGene-

ton de Moraes Neto sempre se dividi-

ramentreocinemaeo jornalismo.Ago-

ra,opernambucanoencontrouum jeito

de unir suas duas principais paixões. A

Globo News passa a investir também

na produção de documentários. O pri-

meiro, “Garrafas ao Mar: A Víbora

Manda Lembranças”, foi idealizado pe-

lo próprio Geneton e homenageia o jor-

nalista Joel Silveira, ex-correspondente

deguerra e considerado “omaiorrepór-

ter brasileiro”, que morreu em 2007.

Com estreia marcada para sábado, 2 de

fevereiro, às 20:30 h, o filme reúne ví-

deos, fotografias e áudios de conversas

dos dois e é feito em primeira pessoa.

“Contamosa históriade uma convivên-

cia de 20 anos entre um repórter que

um dia bateu na porta do Joel atrás de

umaentrevista e acaboudesenvolvendo

com ele uma relação de mestre e apren-

diz”, adianta Geneton, que chegou a es-

crever dois livros com o “tutor”: “Hi-

tler /Stalin:OPactoMaldito”,queabor-

daosefeitosqueaesquerdabrasileiraso-

freucomopactodenão-agressãoassina-

do entre a Alemanha e a União Soviéti-

ca nos anos 30, e “Nitroglicerina Pura”,

umareportagemsobredocumentoscon-

fidenciais produzidos por governos es-

trangeiros a respeito do Brasil.

Foram120horasparaeditaromate-

rial bruto em 80 minutos, tempo que

“Garrafas ao Mar” terá na grade da Glo-

bo News. Só de gravações de conversas

entre os dois, Geneton calcula que te-

nha mais de 700 minutos em fitas K-7s.

E o jornalista garante que, quando deci-

diagravar conversascomele –quealgu-

mas vezes nem seriam usadas em maté-

rias –, não tinha planejado utilizar isso

no futuro. “Com o passar do tempo, até

pensamos em um livro. Já tinha título:

‘Conversas Com O Último Dinossau-

ro’, mas não aconteceu. Esse documen-

tário é uma espécie de ajuste de contas

comigo”, conta Geneton.

No documentário, os textos de Joel

são interpretados por Othon Bastos e

Carlos Vereza. Os dois foram escolhi-

dos pelo próprio idealizador do projeto.

“Othon foi uma das estrelas do cinema

novo, fez ‘Deus e O Diabo na Terra do

Sol’. E Vereza ficou muito marcado na

minha cabeça quando viveu Graciliano

Ramos no cinema, personagem que era

amigodo Joel.Tudoseconecta”, justifi-

ca. A narração do filme também traz

umasurpresa. Como nãoqueria umjor-

nalista nessa função e não se considera

um bom leitor de “off”, Geneton convi-

dou o cantor Fagner. “Queria alguém

que fosse mais natural. Nem repórter,

nem artístico demais. E o Fagner trou-

xe um diferencial. Acho que vão ouvir e

pensar: ‘conheço essa voz de algum lu-

gar’. Adorei o resultado”, valoriza.

Geneton ainda não sabe se a Globo

Newsdeve lançaremDVDodocumen-

tário.Mas, comoacreditaqueo jornalis-

mo brasileiro empobreceu nas últimas

décadas, já estuda uma forma de exibir

para estudantes da área esse material.

“Estamoscombinandoumcircuitouni-

versitário com o Globo Universidade.

Espero que as novas gerações possam

aprender algo de bom. É importante

que se saiba que o Brasil já teve um jor-

nalismo de altíssima qualidade”, torce,

em tom de crítica.

Para as próximas edições, Geneton

– que parece ter ficado responsável pelo

segmento de documentários do canal

de notícias pago da Globo – ainda não

temcertezasobreoquepretendeprodu-

zir. Mas tem um palpite de que, prova-

velmente,escolheráalgo quetenharela-

ção direta com o Nordeste brasileiro.

“Sempreevitei porque, no Rio de Janei-

ro e em São Paulo, cria-se uma ideia de

que o Brasil puro, ingênuo, está lá. Mas

não posso fingir que não sou nordesti-

no. Passei mais de 20 anos ali”, diz. De

qualquer forma, Geneton deseja seguir

um caminho similar ao empregado na

produção de “Garrafas ao Mar”: apro-

veitar seu próprio baú de memórias de

trabalho. “As pessoas não costumam

guardar muito material bruto. Mas eu

sempresepareio quede mais importan-

teeutinha.Hoje,possoreutilizaremou-

tro formato, ritmo e também com um

olhar diferente sobre esses assuntos”,

analisa. �

“Garrafas ao Mar: A Víbora MandaLembranças” – Globo News – Estreia previstapara sábado, 2 de fevereiro, às 20h30

Inside

Baú de memóriasPedro Paulo Figueiredo

TV - 18 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 19: Bem estar fe na vida-20130127

“Amigos da Onça” aposta na câmara escondida para fazer graça com pessoas em locais públicos

TV Press

Faz tempo que o humor

vem ganhando espaço na pro-

gramação das emissoras. Princi-

palmente através de programas

do gênero de baixo orçamento.

Ou seja, aqueles que não neces-

sitam de um cenário complexo

ou qualquer outro tipo de pro-

dução careira: se sustentam, ba-

sicamente, na capacidade de en-

treter de seus comediantes. E

esta parece ser a intenção do

“Amigos da Onça”, do SBT: fa-

zer rir pura e simplesmente.

Versão brasileira do “Im-

practical Jokers”, criado

nos Estados Unidos e ex-

portado para países como

Alemanha, Bélgica e Ho-

landa, o programa ex-

plora a câmara escondi-

da. Quatro comedian-

tes – Marco Zenni,

Murilo Gun, Allan Benatti e

Edú Nunes – se revezam em si-

tuações inusitadas. Enquanto

um está com a “mão na massa”,

os outros três assistem ao que

acontece por uma televisão e or-

denam o que o comediante da

vez precisa fazer para atingir

determinado objetivo por um

ponto eletrônico. Entre as me-

tas estipuladas estão tentar ser

o pior frentista do mun-

do e conseguir

gorjeta em uma padaria. Para al-

cançá-las, o humorista faz as

coisas mais constrangedoras,

como fingir ser o “bonecão” do

posto ou beijar o pé de uma

cliente em uma loja de sapatos,

por exemplo.

Mas nem sempre as situa-

ções são tão engraçadas assim.

Em alguns momentos, a mono-

tonia se estabelece, apesar dos

esforços dos comediantes. O

quarteto de humoristas, inclu-

sive, é bastante competente.

São os desafios propostos que

não necessariamente rendem

boas piadas. Sem falar que eles

ficam muito tempo tentando

alcançar a mesma meta. Cansa-

tivo.

À primeira vista, a simplici-

dade do “Amigos da Onça” sal-

ta aos olhos. Mas a equipe de

produção precisa ser ágil para

angariar os diferentes ambien-

tes em que os come-

diantes atuam. A

variedade de lu-

gares em um mesmo episódio

conta a favor e dá um ritmo

mais interessante, mesmo que

em alguns momentos os desa-

fios fiquem tediosos.

Apesar de seguirem as or-

dens de quem está por trás da

câmara, os comediantes têm a

chance de mostrar sua capaci-

dade de improviso. E todos se

saem muito bem. Principal-

mente Zenni, que tem ótimas

“tiradas”. O que também pro-

voca graça é a reação das pes-

soas, que não fazem ideia

que estão sendo vítimas de

uma “pegadinha”. Lidar

com o inesperado,

aliás, é o que gera as

melhores piadas do

programa. �

”Amigos da Onça” – SBT– Segundas, às 22h30

Ponto de Vista

Sujeito oculto Divulgação

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 19 - TV

Page 20: Bem estar fe na vida-20130127

Instável desde sua estreia,Instável desde sua estreia,

“Lado a Lado” parece“Lado a Lado” parece

finalmente empolgar o públicofinalmente empolgar o público

TV Press

No ar há pouco mais de qua-

tro meses, “Lado a Lado” alcan-

çou, na última semana, a maior vi-

sibilidade desde a sua estreia.

Com média geral em torno de 18

pontos, a trama chegou aos 23

pontos na semana em que Isabel,

de Camila Pitanga, descobriu que

seu filho Elias, interpretado por

Cauê Campos, está vivo. E, como

toda mocinha que deve ir à forra,

se vinga de sua algoz, Constância,

vivida por Patrícia Pillar, humi-

lhando a baronesa publicamente.

Ambientada no século passa-

do, a novela de João Ximenes Bra-

ga e Claudia Lage não empolgou

os espectadores de início. A retra-

tação de passagens históricas e

eventos importantes no Rio de Ja-

neiro, como a Revolta da Vacina

e da Chibata, ganhou tons monó-

tonos devido ao didatismo apre-

sentado pela trama. Uma das for-

mas para aumentar o número de

telespectadores foi a passagem

de tempo. Após seis anos separa-

dos, as protagonistas Isabel e

Laura – vivida por Marjorie Es-

tiano –, encontraram seus pares

Zé Maria e Edgar, respectiva-

mente interpretados por Lázaro

Ramos e Thiago Fragoso. A

aposta dos autores animou a no-

vela, que, no entanto, não enga-

tou e acabou voltando ao maras-

mo em que se encontrava.

Pode-se pensar que o fio con-

dutor de “Lado a Lado” é ultra-

passado e antiquado. Com dire-

ção de Dennis Carvalho, a nove-

la, que gira em torno da história

de duas mulheres completamen-

te diferentes entre si e que lutam,

juntas, pelos direitos femininos,

não poderia ser mais atual. Ape-

sar da forma ser diferente e mais

velada atualmente, as mulheres

ainda brigam por direitos iguais,

o que aproxima o folhetim do co-

tidiano de seu público alvo: as do-

nas de casa que assistem à faixa

das seis. A veracidade das lutas

por ideais, como o de Laura e Isa-

bel, discriminadas por desejarem

trabalhar é tão fiel ao passado e

presente das mulheres, que torna

a trama mais crível, diferente-

mente da novela das sete, “Guer-

ra dos Sexos”, de Silvio de Abreu,

que é extremamente caricata.

A parte técnica da produção

se manteve impecável desde sua

estreia, em setembro de 2012. O fi-

gurino da Belle Époque já seria

um motivo a mais para ver a nove-

la. As vestimentas de cada perso-

nagem, além do período históri-

co, acompanham sua personalida-

de. A fotografia de “Lado a La-

do”, comandada pelo cineasta

Walter Carvalho, mais escura do

que o normal, procura revelar

com precisão o dia a dia em um

Rio de Janeiro que ainda não con-

tava com luz elétrica. Outro lado

importante da trama é caracteri-

zar e detalhar o processo de

favelização dos morros da cidade

e a popularização da capoeira e do

samba. Dessa forma, os persona-

gens, ainda que protagonistas,

complementam o quadro de

transformações econômicas, cul-

turais e políticas do período.

Além da história forte e da

produção invejável, a música é

uma grande aliada da novela. A

trilha sonora permeia a raiz do

samba, que nasceu na época retra-

tada. Clássicos do ritmo ao som

de vozes consagradas fazem um

importante contraponto com as

d e m a i s p r o d u ç õ e s

dramatúrgicas, que apostam em

um repertório “chiclete” de músi-

cas vazias e “hits” do momento.

“Lado a Lado” é a prova de que

nem sempre uma combinação de

elenco de peso, produção impecá-

vel e trama sólida rendem uma

boa média de audiência. Mas tam-

bém reforça o fato de que os altos

números no Ibope, muitas vezes,

são inversamente proporcionais à

qualidade da produção. �

”Lado a Lado” – Globo – de segunda asábado – às 18h15

Opinião

ReviravoltaReviravoltaatraenteatraente

Div

ulga

ção

TV - 20 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 21: Bem estar fe na vida-20130127

Marcos Veras se divide entre “Zorra Total” e “Encontro com Fátima Bernardes”

TV Press

Transitar em áreas diferentes sem-

pre instigou Marcos Veras. O humorista

do “Zorra Total” e do “Encontro com Fá-

tima Bernardes” já escreveu peças, atuou

na novela “Amor e Intrigas”, da Record

– na pele do garçom Márcio – e até foi

vendedor do canal Shoptime. Talvez por

isso tenha encarado a ideia de fazer hu-

mor no programa que a ex-âncora do

“Jornal Nacional” ganhou nas manhãs

da Globo como uma possibilidade de

mostrar um diferencial. “Não me interes-

sa a estagnação. Eu não conhecia a Fáti-

ma, mas o contato que tivemos nas reu-

niões e nas gravações foi muito bom. Ela

confiou em mim e me deu liberdade de

criação. Fiz uma escolha totalmente acer-

tada”, acredita. A oportunidade serviu

também para que, pela primeira vez, Mar-

cos trabalhasse como redator na televi-

são. Uma atividade que, no futuro, pre-

tende exercer com mais intensidade.

“Quero apresentar projetos de humor na

Globo. Tentar emplacar uma série ou

programa próprio. De repente, fazendo

também reportagens na rua”, adianta.

Pergunta – Você vinha se desta-cando no “Zorra Total” com persona-gens caricatos e imitações. Quandorecebeu o convite para o programa daFátima Bernardes, chegou a pensarque poderia ser um espaço mais com-plicado para a comédia pela serieda-de com que o nome dela era visto?

Marcos Veras – Hoje o humor con-

quistou uma posição em que consegue es-

paço em qualquer programa. O “Fantás-

tico” é um jornalístico, mas sempre teve

humor. É claro que, quando foi implanta-

do o “Encontro com Fátima Bernardes”,

tínhamos metade das expectativas de ho-

je. É durante a partida que a gente perce-

be como vai ser o jogo. Depois de ter es-

treado e passado um tempo no ar já, en-

tendo melhor como funciona e acho que

ocupo um lugar muito bacana ali. O

mais importante eu recebi: a liberdade

de criação.

Pergunta – A faixa de exibição do“Encontro com Fátima Bernardes”,que é matinal, é completamente dife-rente da do “Zorra Total”, noturna. Fa-

zer humor na parteda manhã tem sidomais difícil em fun-ção da classifica-ção indicativa?

Marcos Veras– Meu trabalho

não passa por

censura porque

é sem escatologias

e n ã o t e m

conotação sexual.

Então, sinceramente,

acho que dá no mes-

mo estar no ar às 10

ou às 23 horas. Ca-

rimbo meu no-

me e minha ar-

te de manei-

ra dife-

rente .

No “Zorra”, estou sempre caracteri-

zado. Já com a Fátima, apareço qua-

se sempre de cara limpa, como um

comediante que atua como repór-

ter, um pouco apresentador.

Não tenho interesse em me aco-

modar ou me prender a um de-

terminado personagem.

Pergunta – Muitos humoris-tas investem no “Zorra Total”e em outras produções da linha

de shows da Globo sonhandocom uma vaga em no-

velas. Tem von-tade de, as-

sim comojá aconte-

ceu naR e -cord,

ser escalado para um folhetim?Marcos Veras – Ainda não. Sou de

deixar as coisas acontecerem. Claro que

daqui a algum tempo posso não estar no

“Zorra” e nem com a Fátima. Mas, agora,

não tenho interesse em mudar. Estou

bem satisfeito por poder fazer dois progra-

mas bem diferentes dentro da mesma

emissora. É, sim, complicado por conta

das gravações. Mas conciliamos as agen-

das sem que qualquer um fique prejudica-

do. Acho que ainda tenho muito a experi-

mentar e fazer no “Encontro”. E eu nun-

ca procurei testes para novelas na Globo,

não me movimentei nesse sentido.

Pergunta – Você já fez novela e atétrabalhou em canal de vendas na te-vê. Optou pelo humor ou foi uma ques-tão de oportunidade?

Marcos Veras – Em algum momen-

to da vida, precisamos escolher o que va-

mos fazer de forma mais forte. Incons-

cientemente, desde criança, gosto da co-

média. Imitava meus professores, fami-

liares, primos, sempre fui o contador pia-

das de casa. E nos últimos seis, sete anos,

o humor ganhou um peso maior na mi-

nha carreira. Mas a minha formação é de

ator, não sou só um humorista.

Pergunta – Você também atua co-mo redator no “Encontro com FátimaBernardes”. Sentia falta de escreverpara a tevê, como vários outros humo-ristas fazem atualmente? Tem ou-tros projetos nessa área?

Marcos Veras – Acho que todo

ator tem de escrever. Pode ser pouco

ou muito, profissionalmente ou de for-

ma amadora, mas todos devem exerci-

tar isso. Ainda mais quando se faz hu-

morsolo. Tenho um projeto de um tex-

to para cinema, para esse ano ainda,

que escrevi com o Saulo Aride. E tenho

vontade de apresentar projetos de hu-

mor na própria Globo. A empresa dá

essa oportunidade de conversar com a

direção.Quero tentar emplacaruma sé-

rie ou um programa próprio, com hu-

mor e entretenimento, de repente fa-

zendo também reportagens na rua. Mas é

uma coisa bem mais para frente.

”Encontro com Fátima Bernardes” –

Globo – Segunda a sexta, às 10h40 �

”Zorra Total” – Globo – Sábado, às 22h45

Cinco Perguntas

Pluralidade até no nome

Ped

roPau

loFi

guei

redo

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 21 - TV

Page 22: Bem estar fe na vida-20130127

MALHAÇÃO - 17H50

Segunda-feira - Carolina pede pa-ra Juliana deixar que ela more namansão. Charlô fica animadacom o treino de Ulisses, e Zenonse aproxima. Roberta cobra umaresposta de Nando sobre seu pe-dido de casamento. Otávio con-vence Vânia a sair com ele. Nan-do leva Roberta para a piscina eKiko fica furioso. Felipe encontrasua ex-namorada, Natália, em umbar e vai para casa com ela.Charlô convida Zenon para sair.Felipe sonha com Roberta, mes-mo estando com Natália. Kikoconstrange Roberta e Nando nafrente de seus amigos. Robertaavisa a Kiko que pediu Nando emcasamento.Terça-feira - Charlô gosta de verOtávio com ciúmes por causa de

Zenon. Nieta se desespera com asaída de Dino de sua casa. Nandose arrepende de investir em Julia-na. Natália tenta consolar Felipe.Otávio desafia Charlô. Nando e Lu-cilene tentam descobrir o que hou-ve na casa de Nieta. Nando afir-ma a Ulisses que resolverá seuproblema com Juliana. Roberta fi-ca perplexa ao descobrir que o se-questro de Nando foi planejadopor Analú. Otávio se irrita com aafirmação de Vânia de que ele es-tá com ciúmes de Charlô. Charlôflagra Nando e Juliana juntos.Quarta-feira - Juliana e Nando seexplicam para Charlô. Otávio recla-ma de Charlô ter saído com Ze-non. Felipe leva Natália ao zoológi-co. Nando pede ajuda a Ulissessobre seu dilema entre Roberta e

Juliana. Dino pede demissão. Ju-liana diz a Vânia que está cadavez mais interessada em Nando.Felipe começa a ter fantasias nozoológico. Olívia ouve Otávio con-tratar um detetive para investigarZenon e conta para Charlô. Felipediscute com o guarda do zoológi-co. Charlô procura Zenon, e Caroli-na se irrita. Nando presencia o en-contro entre Fábio e Juliana.Quinta-feira - Juliana se afasta deFábio. Nieta faz um escândalo naPositano com Roberta e Dino. Otá-vio se irrita ao saber que Charlôprocurou Zenon. Felipe e Natáliacaem no fosso do urso. Zenon sesurpreende com a proposta deCharlô. Fábio fala para Nando queele e Juliana se amam. Nando fa-la para Vânia que teme perder Ju-

liana e Roberta. Lucilene senteciúmes de Ulisses. Otávio eCharlô são chamados à delegaciapara libertar Felipe. Juliana pensaem convidar Nando para sair. Feli-pe finge não conhecer Otávio eCharlô. Nando aceita se casarcom Roberta.Sexta-feira - Roberta e Nando ig-noram a presença de Juliana. Feli-pe diz que não vai sair da delega-cia com Otávio e Charlô. Nandoafirma a Dino que esquecerá Julia-na. Juliana sofre por causa deNando. Felipe fica com raiva porsonhar com Roberta. Kiko tentachamar a atenção de Roberta.Nando decide comprar uma joiapara sua noiva. Kiko e Analú im-ploram que Felipe impeça o casa-mento de Roberta. Nando entrega

a aliança que comprou para Ro-berta. Felipe procura Nieta e reve-la que tem um plano para separarNando e Roberta.Sábado - Nieta expulsa Felipe desua casa e Carolina fica furiosa.Vânia aconselha Juliana a investirem Nando enquanto ele não se ca-sa com Roberta. Roberta chamaCharlô para ser sua madrinha decasamento. Charlô flagra Nando eJuliana juntos e repreende a neta.Felipe se desespera com suasfantasias sobre Roberta. Felipepaquera uma mulher na loja e elatenta seduzi-lo. Veruska sugereque Nenê conte a verdade paraRoberta. Nando e Charlô desco-brem que Otávio sumiu. Felipe pro-cura Roberta e revela sua paixãopor ela.

LADO A LADO - 18H15

Segunda-feira - Zé Maria expul-sa Albertinho da casa de Isabel.Laura diz a Guerra que gostariade conhecer Antônio Ferreira.Sandra se sente angustiada pornão dizer a Teodoro que Ângeloé seu filho. Laura tenta conven-cer Isabel a conversar com Al-bertinho, lembrando à amigaque ele é o pai de Elias. Bereni-ce depõe contra Isabel, alegan-do que ela abandonou o filho. Jo-nas convida Zé Maria para as-sistir a uma apresentação de jiu-jitsu. Edgar sente ciúmes deLaura. Berenice segue Caniço eacaba chegando à casa de Cata-rina.Terça-feira - Berenice tira Cani-ço da casa de Catarina. Etelvinaconsidera Túlio um bom compa-

nheiro para Jurema. Juremaagradece ao padre Olegário portê-la ajudado a sair da cadeia.Elias beija Isabel, que se emo-ciona. Guerra fica noivo de Celi-nha, deixando claro para Cons-tância que isso não o faz ser ummembro da família Assunção.Luciano lembra Diva de quecresceu sozinho, sem a presen-ça da mãe. Laura avisa a Isabelque Albertinho concordou emencontrá-la no teatro. Zenaidedepõe contra Isabel, seguindoas orientações de Constância.Laura e Edgar se encontram.Quarta-feira - Laura interpretamal a conversa com Edgar e con-clui que o ex-marido está comHeloisa. Isabel deixa claro paraAlbertinho que vigiará sua apro-

ximação de Elias. Celinha eConstância discutem. Praxedesdá voz de prisão para Mário, Fre-derico e Luciano. Edgar contapara Jurema que escreverá umamatéria no jornal e pede segre-do, revelando que assinará otexto com nome falso. Zé Mariaaceita desafiar o lutador de jiu-jitsu, quando Isabel chega paratentar impedir.Quinta-feira - Zé Maria aceita odesafio e diz a Isabel que lutarápelo seu povo e pela capoeira.Praxedes liberta Luciano, Márioe Frederico da prisão. Zé Mariaconfessa a Laura sua angústiapor não ser o pai de Elias. Cons-tância pede a Albertinho paraUmberto procurá-la para ser seuadvogado. Bonifácio se interes-

sa por Berenice. Caniço avisa aCatarina que fará o serviço enco-mendado por ela. Mário avisa aIsabel que a bilheteria do teatrofoi fraca. Isabel conclui que teráde adiar a inauguração da esco-la. Umberto promete a Constân-cia que vai defendê-la até o fim.Sexta-feira - Constância conver-sa com Umberto, para que o ad-vogado possa defendê-la da acu-sação de Isabel. Diva depõe afavor de Isabel. Diva acusa Lu-ciano de ter deixado fotos deManuel Loureiro no seu cama-rim, sem saber que foi Neusi-nha. Edgar se preocupa com ademora de Isabel, que está comMelissa. Jonas avisa a Carlotaque Augusto é um charlatão. Ca-tarina fica apavorada ao saber,

por Edgar, que Melissa foi paraa escola com Isabel.Sábado - Zé Maria ajuda Laura eMelissa. Praxedes convida Lu-ciano para trabalhar como escri-vão da delegacia. Zé Maria pro-mete para Sandra, Isabel e Lau-ra que vai ajudá-las a reerguer aescola. Constância tenta a re-conciliação com Assunção.Guerra desconfia da reação deCatarina ao informar a ela e Fer-nando que Melissa está bemcom Edgar. Praxedes tenta pren-der Zé Maria por ter lutado ca-poeira contra um lutador estran-geiro, mas não consegue. Ole-gário avisa a Edgar que a madrevai tirar Melissa do colégio.Elias diz a Isabel que desejaque Zé Maria seja seu pai.

Segunda-feira - Bruno aceita o de-safio de Fatinha para a competi-ção de dança. Mario comunicaBárbara que se mudará para Mia-mi. Fatinha provoca Vitor até queele lhe beija, deixando Bruno des-confortável. Passa-se um mês. Fa-tinha cobra de Raquel o dinheirodos holandeses para as obras nacomunidade. Do Marrocos, Dinholiga para sua mãe, tranquilizan-do-a. Bárbara decide ir com Ticopara Miami. Fatinha convence Vi-tor a lhe dar uma carona em suamotocicleta, deixando Bruno en-ciumado.Terça-feira - Raquel se irrita com

o som de Lia tocando guitarra emcasa. Fatinha assume para Vitorque gosta de Bruno. Marcela cui-da de Lorenzo enquanto ele nãotem onde ficar. Raquel impõe re-gras à casa e Tatá insinua que Lianão obedecerá suas ordens. Vitorassiste a Lia tocando no Mistura-ma. Fatinha pede que Pilha a aju-de a ficar com Vitor. Vitor convidaLia para um passeio de motocicle-ta e Gil não gosta. Gil conta paraLorenzo que Lia saiu com Vitor e omédico se preocupa. Lia e Vitorsão parados em uma blitz e o ra-paz se desespera.Quarta-feira - Vitor relembra do in-

cidente que causou sua prisão.Gil confessa para Marcela quegosta de Ju, mas que se senteconfuso em relação a Lia. Lia ten-ta acalmar Vitor, que conta todasua história para a menina. Vitortenta beijar Lia, mas ela pede queeles sejam apenas amigos. Fati-nha convence Vitor a lhe dar umacarona até o hostel. Lia se emo-ciona ao ler uma antiga carta deDinho, e Tatá a conforta. O progra-ma de Pilha entra no ar na TV Ore-lha. Ju visita Lia e pergunta sobreseu passeio com Vitor. Bruno vêFatinha com Vitor e enfrenta o mo-toqueiro.

Quinta-feira - Vitor afirma que Bru-no tem ciúmes de Fatinha. Lia afir-ma para Ju que ela e Vitor são ape-nas amigos. Lorenzo enfrenta Ra-quel e repreende Lia por ter passa-do a noite fora. Gil fica confuso aosaber que Lia estava com Vitor. Jurevela para Bruno que Vitor nãotem nada com Fatinha. Tatá pedeque Lia dê uma chance para Ra-quel. Feliz, Rafael revela aos ami-gos que foi aceito em uma escolana Inglaterra. Com ciúmes de Vi-tor, Fatinha provoca Lia lembran-do de Dinho.Sexta-feira - Lia se enfurece comas provocações de Fatinha. Vitor

e Lia combinam de se encontrardepois das aulas. Lia ouve Ra-quel pedir um empréstimo finan-ceiro e desconfia da mãe. Orelhaprepara um programa sobre Ra-fael. Nas aulas particulares comFera, Rita suspeita de que o rapaztenha um distúrbio de atenção.Bruno pede desculpas a Fatinha,mas ela finge desinteresse. Olavoavisa a Vitor que seu processo se-rá reaberto. Pilha tenta impedirOrelha de divulgar o vídeo ofen-dendo Rafael. Olavo diz a Vitorque ele pode ser preso novamen-te se não entregar a pessoa queestá protegendo.

Resumo das novelas

GLOBO

GUERRA DOS SEXOS - 19H15

TV - 22 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 23: Bem estar fe na vida-20130127

Segunda-feira - Norberto é inter-rompido pela enfermeira. Ele des-liga o aparelho que mantém seuantigo capanga vivo e tenta matara enfermeira. Guardas escutam obarulho, mas o vilão escapa e afuncionária do hospital conseguesalvar Magno. Taís conta para Isa-bel que Norberto a ameaçou demorte. Norberto conta para Ar-naud que tentou matar Magno emvão e exige que o atirador resolvao problema. Diva reconhece Nor-berto ao ver as imagens de segu-rança do hospital na tevê e Dórisse desespera. Paulo consegue en-curralar Norberto com a ajuda deDiva e ameaça o bandido comuma arma.

Terça-feira - Norberto implora porsua vida e diz a Paulo que podetorná-lo rico, lhe dando a AventuraRadical. O vilão diz que assume aagência publicamente, mas o di-nheiro vai para Paulo, que aceitaa proposta. Isabel questiona Nor-berto sobre ter ameaçado matarTaís, mas ele se faz de desenten-dido. Arnaud se apresenta paraIsabel e afirma que será seu segu-rança. Ela pede a ajuda de Arnaudpara matar uma barata e foge doatirador. Mauro conta para Eduar-do que o novo dono da AventuraRadical é também o dono da lan-cha que matou Teresa e Nestor.Isabel vai ao hospital ver Magno.

Quarta-feira - Isabel exige que aenfermeira a deixe ver Magno eas duas discutem. Álvaro volta pa-ra Petrópolis e conta para Taísque Eduardo é legalmente seupai, deixando-a eufórica. Eduardodiz para Isabel que Norberto deveter sido coagido a entregar a agên-cia e pede que ela descubra se éverdade. Fabiana tenta seduzirEduardo e começa a se despir,mas ele a repele, deixando a ex-namorada indignada. Norberto li-ga para Taís e diz que vai cumprircom a sua ameaça de matá-la. Ál-varo estranha o nervosismo damenina, mas ela não revela nada.Quinta-feira - Norberto chega à

agência e se espanta ao ver Fabia-na nua. Ele a agarra. Lígia pedeque Isabel não se anule pelo mari-do, como fez quando se casoucom Arthur, e a aconselha a fugir,dizendo que Norberto é louco. Fa-biana afirma para Norberto queeles foram feitos um para o outro,mas o vilão desdenha. Norbertoadmite para Isabel que vendeu aagência de turismo, mas não reve-la o nome do dono e alega que foipara a segurança da esposa. Álva-ro e Taís se preparam para visitarEduardo no Rio de Janeiro. Heloi-sa recebe a visita inesperada deLito, que é o apelido de Paulo.Sexta-feira - Paulo suplica pela

ajuda de Heloisa, que fica receo-sa. Norberto tenta se aproximarde Isabel e pede que ela o ensinea mergulhar. Paulo relembra opassado e deixa Heloisa constran-gida. Ele pede a ela que guardeuma carta com sua confissão,mas não deixa que ela leia. Nor-berto e Isabel mergulham juntos.Mauro revela que algumas fotosda festa do casamento de Lucaspodem ajudar Eduardo a incrimi-nar Norberto. Eduardo conta paraIsabel e Taís que Norberto era o pi-loto da lancha que matou Teresae Nestor. Isabel não acredita,mas Mauro mostra as fotos.Eduardo garante que vai denun-ciar o vilão.

Segunda-feira - Helena diz para Ci-rilo que, para ser médico, bastaele estudar e que isso não depen-de da pessoa ter ou não dinheiro.A professora conversa com MariaJoaquina e diz que ficou muito tris-te com a maneira maldosa queela tratou Cirilo. Ela diz que falouapenas a verdade e Helena afir-ma que isso é preconceito com aclasse social do garoto. Sandra,antiga assistente de Graça, estádesesperada por não conseguiremprego e ter de viver na rua comsua filha de colo. Ela deixa a meni-na com Firmino e vai embora.Terça-feira - Valéria vê Firminocom o bebê e faz várias pergun-

tas. Ele tenta explicar para ela co-mo a criança foi parar na escola.Firmino, Helena, Renê e algumascrianças conversam sobre o bebêe decidem chamá-la de Juju. Elespensam na melhor maneira de cui-dar do bebê. Olívia pede para queGraça ajude Firmino a cuidar de Ju-ju. Renê diz que sentiu muito a fal-ta de Helena, que diz o mesmo.Os dois se abraçam. Todas ascrianças preparam coisas para le-var para Juju: um berço, roupas,mamadeira e alimentos. Sandradorme na rua, mas fica triste ecom insônia por se sentir culpadapor deixar sua filha.Quarta-feira - Olívia diz a Firmino

que não se pode criar uma crian-ça na escola. Helena pede paraOlívia deixar a bebê ficar. Rosacomenta com Ricardo que elespoderiam ficar com Juju até amãe dela voltar. Na sala de músi-ca, as crianças cantam em tombaixo para não acordar Juju. Ro-sa vai conversar com o juiz, quedá a custódia temporária paraela ficar com a bebê. Olívia contaa Glória que abriu a vaga para pro-fessora de inglês na Escola Mun-dial do interior. Glória fica confu-sa, pois teme as mudanças paraTom, que está se adaptando. Gló-ria conta a Tom que eles vão mu-dar de cidade.

Quinta-feira - Glória afirma a Tomque quer decidir a ida para o inte-rior junto com ele. Tom revela àsmeninas que vai embora para ointerior, mas não quer deixarseus amigos para trás. Paula, Re-beca, Clara, Rosana e Rafael vãoà escola conversar com Helena.Os pais descobrem que estão to-dos ali por conta da adoção de Ju-ju e começam a discutir. Sandravai até a Escola Mundial. Na por-taria da escola, Rosa pergunta aSandra se ela precisa de algo.Ela sai correndo. Rosa entra nasala dos professores e conta a to-dos que está com uma decisãodo juiz para ficar com a guardatemporária de Juju.

Sexta-feira - Helena conta aos alu-nos que a tutela de Juju foi decidi-da e a bebê vai ficar com Rosa,mãe de Valéria. Sandra vai à esco-la e pergunta a Cirilo se acharamalgum bebê. O menino conta queJuju vai para a casa de uma amigasua, a Valéria. Sandra encontraValéria no pátio da escola. A meni-na afirma que Juju terá uma famí-lia. Sandra pede para que ela cui-de bem da bebê, pois a mãe delavoltará para buscá-la assim queas coisas se resolverem. Mais tar-de, Valéria pede para Rosa deixarJuju dormir em seu quarto, mas abebê chora a noite toda e Valérianão consegue dormir.

Segunda-feira - Sheila fica cho-cada com a revelação de More-na sobre o tráfico de mulheres.Helô comenta que estranhou areação de Morena com Wanda.Lurdinha vê um bebê no carrocom Wanda e a ajuda a levá-lopara casa. Théo ameaça desis-tir de Morena se ela aceitar via-jar com Lívia. Morena decide de-nunciar Wanda por tráfico de be-bês. Sarila fica encantada aover Ayla vestida de noiva. Zyahafirma a Demir que ama Ayla.Russo inventa para Lucimar queMorena está envolvida com dro-gas. A polícia flagra Wanda comum neném.Terça-feira - Wanda é presa eLívia sugere que ela convoqueStênio para defendê-la. Morena

comemora a prisão de Wanda.Helô discute com Stênio por cau-sa de Wanda. Morena pensa emcontar a verdade para Helô. Luci-mar acusa Morena de estarusando drogas. Helô pede parafazer um reconhecimento comWanda. Todos participam do ca-samento de Ayla e Zyah. Faridcritica Mustafá por ter saído decasa depois de descobrir a men-tira de Berna. Morena pede paraconversar com Helô. Berna e Del-zuite chegam à delegacia parafazer o reconhecimento.Quarta-feira - Berna diz não reco-nhecer Wanda. Antônia pede di-nheiro a Lívia para pagar a fian-ça de Wanda. Lívia marca de seencontrar com Morena. Théo exi-ge que Morena conte o que está

escondendo. Bianca liga paraStênio. Wanda manipula um dospoliciais. Mustafá avisa a Pepeuque tem como saber se foi elequem roubou o dinheiro de suacasa. Irina fala para Rosângelaque sua vida vai mudar quandoRusso voltar. Lívia espera More-na em frente à casa de Théo. Mo-rena discute com Théo. Líviadescobre que Morena pretendeencontrar Helô para contar todaa verdade.Quinta-feira - Lívia leva Morenapara seu hotel. Théo decide re-solver o problema com a namora-da e sai. Lívia distrai Morena en-quanto espera Russo chegar.Stênio e Bianca conversam.Théo chega à casa de Helô pro-curando Morena e todos ficampreocupados. O capitão avisa

que a namorada foi encontrarLívia. Mustafá anuncia que se di-vorciará de Berna. Théo contapara Helô sobre a viagem de Mo-rena com Lívia para a Turquia.Lívia leva Morena para uma ar-madilha. Helô estranha ao sa-ber que Lívia deixou seu quartono hotel. Russo decola levandoMorena à força para a Turquia.Sexta-feira - Lucimar conta paraThéo que Morena está envolvidacom drogas. Helô pede para fa-lar com Lucimar. A delegadaquestiona Lívia sobre o sumiçode Morena. Stênio tira Wandada cadeia. Berna fala para Lenaque Helô acabou com seu casa-mento. Diva insinua que Morenafugiu com Russo. Stênio foge deBerna. Lívia conta para Wandaque Morena a denunciou. Helô

pega os vídeos da segurança dohotel. Berna leva Aisha para acasa de Helô. Morena se preocu-pa com Lívia.Sábado - Berna discute comHelô. Barros fala para Helô queJéssica e Morena não foram re-conhecidas na casa noturna.Russo manda uma mensagempara Lucimar. Helô ouve Lurdi-nha e Rayane falando sobre o be-bê que estava no carro de Wan-da e desconfia. Helô manda Bar-ros investigar Wanda. Russochega com Morena em Istam-bul. Lucimar chora abraçada aThompson. Helô assiste à fitade segurança do hotel de Lívia.Théo não atende ao telefonemade Junior. Russo leva Morena devolta ao alojamento das mulhe-res traficadas.

Resumo das novelas

BALACOBACO - 22H30

CARROSSEL - 20h30

SALVE JORGE - 21 HORAS

GLOBO

RECORD

SBT

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 23 - TV

Page 24: Bem estar fe na vida-20130127

Junto à Cordilheira dos Andes, províncias de Neuquén, Salta

e Jujuy no verão contrastam paisagens verdejantes e áridas

Dois opostosque atraem

TURISMO

Vista da cidade a partir das

montanhas nos arredores

TURISMO - 24 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 25: Bem estar fe na vida-20130127

Agência OGlobo

Em comum, além do fato de serem

argentinas e dos belos cenários que

abrigam, as províncias de Neuquén,

Salta e Jujuy estão junto à Cordilheira

dos Andes. A primeira região já é bas-

tante conhecida pelos brasileiros, que

lotam Bariloche a cada temporada de

inverno, mas a pequena cidade de San

Martín de los Andes, a cerca de 200 qui-

lômetros de lá, ainda é pouco explora-

da pelos viajantes verde-amarelos. Me-

lhor mesmo é ir no verão, para aprovei-

tar as paisagens verdejantes, os espor-

tes ao ar livre, o clima bucólico e as he-

ranças da colonização europeia. No ex-

tremo norte do país, Salta e Jujuy são

vizinhas, e compartilham as mesmas ca-

racterísticas humanas e geográficas,

que são bastante diferentes de Neu-

quén, apresentando uma paisagem ári-

da, que por vezes parece lunar, e uma

população de traços e tradições indíge-

nas que vive em cidades que podem es-

tar a até 4 mil metros de altitude em re-

lação ao nível do mar, terra onde estão

plantados alguns dos vinhedos mais al-

tos do mundo, que estão dando origem

a vinhos cada vez melhores.

Agência O Globo

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 25 - TURISMO

Page 26: Bem estar fe na vida-20130127

Região de San Martín tem paisagens verdejantes, com passeios pela florestas e pelos lagos patagônicos

Agência O Globo

Brasileiros associamos Barilo-

che ao frio. Além disso, quase sem-

pre esgotamos as viagens na pró-

pria cidade, que apresenta uma óti-

ma estrutura. Mas, desta maneira,

deixamos de aproveitar algumas

das maiores virtudes turísticas da

região:as paisagens verdejantes do

verão, com passeios pelas florestas

epelos lagos patagônicos, eas cida-

des dos arredores. San Martín de

los Andes está a pouco menos de

200quilômetrosdeBarilochee ser-

ve como ponto de partida para

uma jornada menos óbvia por

aqueleque é umdosmais belospe-

daços da Argentina. Só a paisagem

pelo caminho entre as duas cida-

des, em si, já justificaria uma ida

até lá. Mas há muitas outras boas

razões,acomeçarpelaboamesaba-

seada em ingredientes locais, co-

mo o famoso cordeiro patagônico

e as trutas, além de tradições que

chegaramcomoscolonizadores,co-

mo a produção de chocolates e o

chá da tarde.

SanMartíndelosAndesestálo-

calizada na Cordilheira dos Andes,

à beira do Lago Lácar, na provín-

cia de Neuquén, e faz parte do Par-

queNacionalLanín.Suaarquitetu-

ra lembra um pouco o cenário dos

contos de fadas: casinhas coloridas

de madeira e pedras, barquinhos

na margem do lago, três praças e

inúmeras roseiras espalhadas pelos

canteiros das ruas sem sinais de

trânsito.Foiconstruídaem1898so-

bre o território da comunidade in-

dígenaMapuchoesuascaracterísti-

cas foram rigorosamente preserva-

das, sob um plano urbanístico que

limitava seu crescimento horizon-

tal e, principalmente, vertical.

Esse lindo lugarejo demorou a

ser conhecido devido ao seu isola-

mento geográfico. Sem o privilégio

dos voos diários partindo de Bue-

nos Aires (são apenas três voos se-

manais para o pequeno aeroporto

local), os turistas seguiam direta-

mente para Bariloche, e escolhiam

rotaspelo entornodoLago Nahuel

Huapi.

Nos anos 70 foi construído um

grande hotel em San Martín de los

Andes,quepassouachamaraaten-

ção dos turistas. Do grande hotel

restousóaEstradaDelSol,quepos-

suiumadasmaisbelasvistasdoLa-

go Lácar, começando a quatro qui-

lômetros do centro.

Passear a pé pela cidade é um

dos bons programas que devem es-

tar na lista de viagem, já que o pe-

queno núcleo urbano é um char-

me, as vias são planas e a brisa está

sempre presente. Por isso, mesmo

noverão,érecomendadoterumca-

saquinho e um cachecol guardados

na bolsa para qualquer imprevisto.

Osmesesdoiníciodoanoporessas

bandas estão longe do que a maio-

ria dos brasileiros entende por ca-

lor. Em dias de sol, a temperatura

pode chegar a 25˚C, com queda de

maisde 10˚C ànoite. Emdias chu-

vosos, todo esse cálculo se reverte e

ostermômetrospodemmarcarme-

nos de 10˚C durante a a madruga-

da. Lembre-se que estamos falan-

do da Cordilheira dos Andes.

Quem comanda a vida ali são os

ventos que, quando se mostram

“enraivecidos”, podem dificultar

até mesmo uma simples caminha-

da.Averdadeéque, independente-

mente da estação do ano, o vento é

uma marca característica de San

Martín.

Oportodacidadeébempeque-

no,masoserviçodepasseiosdebar-

co não deixa a desejar. São diversos

os roteiros, como os que levam até

as praias vizinhas, entre elas a Villa

Quila Quina, do outro lado do La-

go Lácar, num trajeto de apenas

meia hora.

A Hosteria Miralejos, a 11 qui-

lômetros do centro, possui quartos

individuais, duplos ou triplos com

direito a café da manhã e almoço

com reserva. O cordeiro na brasa é

a especialidade da casa. As cavalga-

das e caminhadas podem ser agen-

dadas. A prática de arvorismo tam-

bém pode ser realizada no El Refu-

gio de Miramás, um recanto reser-

vadoaesportes, apoucosmetrosda

hosteria, com possibilidade de al-

moço ou lanche no local.

Nos anos 1930 a chegada de

uma inglesa à região instituiu uma

tradição de San Martín. Renée Di-

ckinson se apaixonou pelo lugar e,

com extremo capricho e bom gos-

to, fundou a Casa de Té Arrayan,

construídanuma pequena colina, a

poucos minutos do centro. O no-

me Arrayan na língua indígena re-

presenta “os últimos raios de sol”.

De lá é possível apreciar o mais be-

lo pôr do sol da região, regado a

chás e tortas, seguindo a tradição

britânica. Renée faleceu pouco de-

pois, mas a casa ainda mantém as

características da época e oferece,

além do “english tea”, hospeda-

gemaconchegante,comvistasarre-

batadoras do Lago Lácar.

ARGENTINA

Além do frio

TURISMO - 26 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 27: Bem estar fe na vida-20130127

Três caminhos

Chá da tarde na Casa

de Té Arrayan, com

vista para o Lago

Lácar

Receitas da Mamusia chegaram com família polonesa

Pescadores

tentam a

sorte no

Lago Falkner

Passeios de bicicleta

estão entre as atividades

esportivas de verão

Fotos-A

gênciaO

Globo

Agência O Globo

São pelo menos três cami-

nhos diferentes que se pode

fazer de Bariloche, principal

porta de entrada da região,

até San Martín de los Andes.

Em comum a todos, os belos

panoramas que podemos

apreciar da janela do carro.

A Rota dos Sete Lagos é a

mais famosa e utilizada. Se-

guindo a partir de Bariloche

e passando por Villa La An-

gostura, o percurso total é de

190 quilômetros, sendo 35

deles em estrada ainda sem

asfalto. Além da pequenina

e charmosa La Angostura,

os lagos chamam a atenção,

e pedem para que se faça o

percurso com calma, paran-

do para admirar o cenário.

Do ponto mais alto da serra,

pode-se ver a luz do sol refle-

tida no Lago Espejo. Na pri-

mavera e no verão, é possí-

vel ver e sentir o aroma das

coloridas lupines, flor de has-

te comprida, em tons pas-

téis, espalhadas pelas mar-

gens dos lagos e rios.

Outro caminho, o preferi-

dos dos mais aventureiros e

dos que dispõem de tempo, é

o chamado Paso Córdoba,

com 170 quilômetros, dos

quais 70 são de terra. Um dos

recantos mais bonitos do tra-

jeto é o Lago Hermoso, com

troncos de árvores secas em

suas margens e uma colora-

ção que varia entre o azul e o

verde-esmeralda. Perto dali

está o Rio Hermoso Hotel, co-

mandado por Gisele Kaplan,

uma argentina de Buenos Ai-

res que cansou da cidade

grande e foi buscar uma vida

alternativa no campo. O lu-

gar é perfeito para quem bus-

ca privacidade e contato dire-

to com a natureza.

A poucos quilômetros es-

tá o restaurante Vie Plage, de

Miguel Chara, outro porte-

nho, que montou seu negó-

cio a partir da compra de to-

ras de madeira, que estavam

com preços baixos no merca-

do, no início de 2001. Duran-

te anos ele guardou as toras

em uma garagem, sem saber

o que fazer com elas. Acabou

apostando, então, em um es-

paço sustentável, à beira do

Lago Meliquina.

Para evitar estradas de

terra é preciso rodar cerca de

250 quilômetros, via Junín

de los Andes. Com uma es-

trada de mão dupla e veloci-

dade limitada de 90 km/h, é

possível apreciar a verdadei-

ra natureza da Patagônia ar-

gentina. As estepes, interca-

ladas pelos rios represados,

são mesmo impactantes e

nos fazem lembrar tudo aqui-

lo que estudamos nas aulas

de geografia. A simples bele-

za natural do Parque Nacio-

nal Lanin já vale a visita.

A melhor opção de via-

gem é de carro, mas existem

passeios guiados com vans ou

ônibus oferecidos por empre-

sas de turismo receptivo que

organizam uma série de ativi-

dades pela região, que nos me-

ses mais quentes convida à

pratica de esportes, como pes-

ca, cavalgadas, mountain bi-

ke, canoagem e golfe.

É grande a oferta de bons

restaurantes, com variedades

de carnes de cervo e javali,

peixes, massas, frutas finas,

chocolates caseiros, sorvetes

artesanais e doces. O restau-

rante Ku de los Andes é dos

melhores: com decoração

aconchegante, possui um car-

dápio amplo e uma ótima car-

ta de vinhos.

Durante a tarde, são mui-

tas as opções de cafés e, claro,

de casas com chocolates casei-

ros. A Mamusia, por exem-

plo, surgiu na região, através

de uma família polonesa, fugi-

da da Segunda Guerra, e man-

tém as receitas de chocolates

originais até hoje.

Para a noite, o restauran-

te El Regional pode satisfa-

zer dois prazeres: a boa co-

mida e a badalação. O dono,

Alfredo Bernhardt, fica na

porta recebendo seus clien-

tes. Sob seu rigoroso coman-

do, as garçonetes, vestidas

com roupas típicas da re-

gião, circulam com rapidez

e simpatia pelos três anda-

res da casa, um dos points

noturnos da vila. O serviço

e a comida são impecáveis.

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 27 - TURISMO

Page 28: Bem estar fe na vida-20130127

Roteiro cultural é

rico, cidade

oferece também

boa gastronomia e

ótimos vinhos, tudo

com cenários

naturais

Agência O Globo

Salta, no norte da Argentina,

não está apenas geograficamente

afastada de Buenos Aires, e mais

ainda de Neuquén. O espírito do

lugar, conectado às tradições an-

dinas e indígenas, é totalmente di-

verso do clima europeu que impe-

ra na capital do país, proporcio-

nando um roteiro rico em aspec-

tos culturais, com boa mesa e óti-

mos vinhos de produção local, tu-

do isso diante de cenários natu-

rais lindíssimos.

A cidade de Salta, capital da

província, é o ponto de partida pa-

ra se explorar a região, no norte ar-

gentino. Com aproximadamente

500 mil habitantes ela pode ser

vista do alto do Cerro San Bernar-

do, de onde se descortina um dos

panoramas mais belos. Há duas

formas de se chegar até lá: por te-

leférico, em 10 minutos de via-

gem, ou subindo a sua escada

com exatos 1.060 degraus, numa

prova de fé e obstinação. Pelo ca-

minho estão as 14 estações da Via

Crucis. No topo uma complexa

obra de engenharia faz caminhos

de cascatas e vertedouros de água

“artificial”, segundo o guia, lem-

brando que aquela abundância

de água não é natural: o homem

resolveu levá-la até lá para embe-

lezar a obra de aspectos divinos.

E por falar em beleza, Salta

significa a mais bela, em aymará,

idioma local pré-colombiano.

Em outra versão, o nome refere-

se ao efeito das chuvas que des-

ciam das montanhas e, para se

chegar ao povoado, era preciso sal-

tar essas grandes poças de água.

Seja como for, Salta é mesmo be-

la. Tem um ar pacato, de cidade

que soube crescer com personali-

dade e recato. Mantém o clima de

“pueblito” com o charme de lojas

modernas de artesanato colorido

e muitas peças em prata, vendi-

dos a bons preços.

A Igreja de São Francisco,

bem no centro da Praça 9 de ju-

lho atesta o estilo colonial da cida-

de. Ali, todos os anos, no dia 15

de setembro, milhares de peregri-

nos vindos de toda a Argentina,

além de Chile e Bolívia, partici-

pam da Festa dos Milagres, em

devoção a Virgem Santíssima, pa-

droeira da cidade desde 1692.

A noite revelará um outro la-

do da cidade fortemente religio-

sa. Agende no seu hotel uma visi-

ta a uma “peña” onde a mistura

de empanadas e folclore será ines-

quecível. Longe de tangos e mi-

longas, a música é animada, turis-

tas sobem ao palco e alardeiam

sua felicidade em pisadas compas-

sadas no tablado de madeira. É

hora de rir e ser feliz em locais co-

mo a Peña Balderama, há 58 anos

ali.

Mas é abandonando o períme-

tro urbano que a natureza come-

ça a mostrar a sua força e seu do-

mínio sobre o homem. O percur-

so até Cafayate pela rota 68 ser-

penteia o estrondoso encontro

das montanhas e formações geoló-

gicas de La Quebrada de Las Con-

chas. Placas tectônicas, em movi-

mentos descontrolados, se choca-

ram há milhares de anos, empur-

rando a natureza para fora da cros-

ta terrestre, produzindo um espe-

táculo de cores, formas e som-

bras. Lindo.

As famosas fendas Gargantas

do Diabo e Anfiteatro foram es-

culpidas pela água há milênios e

agora são alisadas pelo vento cor-

tante. Dependendo da hora do

dia e da posição do sol, as impo-

nentes rochas mudam de cor e

forma. As mais famosas são iden-

tificadas por placas: Sapo, Frade,

Obelisco.

ARGENTINA

Cultura tradicional,boa mesa e lindoscenários em Salta

Construções

coloniais são a

marca do centro

da cidade

Fotos – Agência O Globo

TURISMO - 28 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 29: Bem estar fe na vida-20130127

Cafayate: terrados vinhos

O bondinho do

teleférico conduz

ao Cerro San

Bernardo

Turistas em

Quebrada das

Conchas,

apreciam a

paisagem

Agência O Globo

A vida volta ao plano terre-

no na hora do almoço, que

acontece em La Casa de La Bo-

dega - Wine Boutique Hotel,

com apenas oito quartos, onde

o proprietário e arquiteto, Ma-

rio Kirchuk, recebe pessoal-

mente seus hóspedes. “Trata-

mos nossos convidados com a

mesma atenção e o carinho

com que elaboramos nossos vi-

nhos”, conta Mario, referindo-

se à pequena produção de sua

bodega que faz vinhos orgâni-

cos a quase 1.500 metros de alti-

tude: o clima temperado ajuda

na qualidade do famoso Tor-

rontés, um branco frutado ca-

racterístico da Argentina.

La Bodega produz anual-

mente 60 mil litros de vinho e

a casa faz parte da Cooperativa

de Vinhos de Salta que, junto a

outras sete bodegas estão en-

trando no mercado brasileiro

com seus “vinhos de altura”, co-

mo são chamados. Juntas, as oi-

to bodegas produzem 1,5 mi-

lhão de vinhos por anos.

Em Cafayate, uma praça

quadrada e “decorada” com pe-

quenos arbustos, típicos de cli-

ma seco e árido, remonta a

imagem das cidades espanho-

las. Ao redor da praça circula a

vida do lugar: igreja, peque-

nos restaurantes, hospedarias,

lojinhas e sorveterias, que pa-

ra não fugir ao tema local ser-

vem sorvete de vinho (melhor

ficar com o original mesmo).

O vinho continua sendo a

pauta das visitas pela cidade.

O Museo de La Vid y El Vino,

que mistura doses exatas de

arquitetura arrojada, criativi-

dade e tecnologia. O museu é

moderno e recria ambientes

que contam a história da re-

gião e a introdução do cultivo

da uva, explicando as condi-

ções especiais do clima e do

solo. Finalizamos sendo apre-

sentados ao mercado de vi-

nhos saltenhos, recebendo in-

formações sobre o futuro da

produção. Ao longo do percur-

so, um guia virtual aparece em

telões e vai explicando cada

ambiente, como se conversas-

se com cada visitante.

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 29 - TURISMO

Page 30: Bem estar fe na vida-20130127

Destino do passeio é chegar aos

quatro mil metros de altitude

e apreciar a paisagem inusitada

das montanhas

Agência O Globo

Serpentear montanhas, su-

bir até 4 mil metros de altitude e

quase tocar o céu. Esta é a pro-

posta do Safári das Nuvens, pas-

seio de um dia a bordo do Movi-

track, um caminhão com tração

4x4 adaptado e que em cada pol-

trona existe um “teto solar”. Bas-

ta o passageiro abri-lo, ficar em

pé e ter 360 graus de visão da im-

pressionante região do noroeste

argentino. Providencialmente,

o Movitrack cede um enorme

poncho de lã para os momentos

mais gelados nas alturas.

São três rotas que provocam

fortes emoções. A quatro mil de

altitude o mundo é diferente e,

logo no começo do passeio que

parte de Salta, a primeira parada

é num pequeno bar que vende

folhas de coca que devem ser co-

locadas na boca e esquecidas na

parede da bochecha. Elas aju-

dam o visitante a se aclimatar ao

efeito das alturas.

Depois, é só apreciar a paisa-

gem inusitada, composta por

montanhas de terra escura em

vários tons em contraste com o

céu azul. É o Caminho para as

Nuvens, que segue o percurso

do famoso Trem das Nuvens

que não circula mais por ali.

Mas sua intrincada e ousada

obra de engenharia construída

nos anos 1920 ainda está de pé.

O café da manhã é servido

em Chorillos, uma antiga e soli-

tária estação de trem. Dali, se-

gue-se pela impressionante Que-

brada del Toro até San Antonio

de los Cobres, um pequeno po-

voado com 2 mil habitantes que

parecem ter por norma sorrir

sempre. O tipo físico dos mora-

dores, andino na essência, as

roupas de lã colorida e a simpa-

tia gratuita ao ver um turista

nos recorda que estamos bem na

fronteira com a Bolívia. As casas

são agrupadas parede a parede,

com no máximo dois metros de

altura. Parece que, permanecen-

do juntinhos, eles estão mais

protegidos do sol, da chuva e do

que mais vier.

O almoço é preparado e ser-

vido no meio da estrada com ex-

trema rapidez pela equipe do

Movitrack. Até onde a vista po-

de alcançar, só o caminhão cria-

do por alemães que se apaixona-

ram pela região corta o horizon-

te, carregando os turistas. O car-

dápio é yakisoba bem tempera-

do com refrigerante e salada de

frutas de sobremesa. Para o vege-

tariano, a opção é macarrão de

soja. É só avisar com antecedên-

cia.

Cruzando a região de Puna,

depois de 40 quilômetros, chega-

se a Salinas Grandes, já no limi-

te geográfico entre Salta e Jujuy.

Um óculos de sol bem escuro e

muito protetor solar são alta-

mente recomendáveis. São mais

de 200 quilômetros quadrados

de salinas, com vários poços

abertos cheios de água muito

fria e salgadíssima, esperando o

vento para ser evaporada lenta-

mente. Sim, você pode provar

para matar a curiosidade. Mas te-

nha por perto uma garrafa de

água mineral para matar a sede.

Ali não existe água nem para la-

var a mão que, ao secar ao vento,

ficará toda coberta de sal.

O incômodo de se estar nas

alturas vai ceder lugar ao alívio

da descida íngreme da Cuesta

de Lipán, que leva o Movitrack

até 2 mil metros de altitude em

apenas 22 quilômetros de estra-

da. É um verdadeiro zigue-za-

gue com curvas fechadíssimas

ARGENTINA

Caminhão 4x4 conduzCaminhão 4x4 conduzturistas em Jujuyturistas em Jujuy

TURISMO - 30 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO

Page 31: Bem estar fe na vida-20130127

vencidas trafegando em veloci-

dade muito lenta. Tão lenta que

emociona, principalmente se o

motorista decidir colocar Merce-

des Sosa cantando “Gracias a la

vida”.

E é isso mesmo. Aos poucos

a vida verde vai ressurgindo,

transformando o deserto numa

paisagem pulsante e fértil dos va-

les mais úmidos até se chegar ao

povoado de Purmamarca, que fi-

ca no sopé do famoso Cerro de

los Siete Colores. Nome óbvio

de montanhas com uma pecu-

liar gama de cores, resultante de

uma história geológica que reú-

ne sedimentos marinhos e subs-

tâncias subterrâneas.

O povoado de Purmamarca

transpira um clima de paz quase

intocada. No idioma Aimara,

“purma” significa deserto e

“marca” cidade. Mas aqui a “ci-

dade do deserto” se refere mais

à terra virgem e intocada pela

ação do homem do que necessa-

riamente não habitada. Talvez

daí seu encanto.

Deixando Purmamarca pela

rodovia 9 em direção mais ao

Norte está Tilcara, considerada

a Capital Arqueológica do No-

roeste Argentino por seus ricos

vestígios de presença humana

com mais de 10 mil anos. Ali é a

região de Quebrada de Hu-

mahuaca, povoada de assenta-

mentos indígenas desde a época

pré-incaica. Com 7 mil habitan-

tes, o povoado tem no Parque

Arqueológico Pucará de Tilcara

seu principal atrativo.

Pucará, palavra de origem

quéchua, significa “lugar fortifi-

cado” e o de Tilcara está numa

colina que durante muito tempo

defendeu o povoado de ataques

de forasteiros. Datada do perío-

do pré-hispânico, o Pucará de

Tilcara foi originalmente ergui-

do pela tribo Omaguaca por vol-

ta do século 12 e foi ocupada

também pelos incas até o mo-

mento do contato entre espa-

nhóis e indígenas, por volta de

do século 16.

No começo do século passa-

do essa forma de ocupação foi to-

da descoberta após um minucio-

so trabalho de escavações, que

revelou uma cidade toda feira

de pedra. Equipes de estudiosos

depois reproduziram esse local,

reconstruindo casas e ruas da

forma como foram então encon-

tradas.

Hoje, num passeio pelo sítio

arqueológico, é possível cami-

nhar calmamente por suas ruas

e bairros, imaginando como a so-

ciedade se organizava há milha-

res de anos. Os caminhos e vias

unem os três bairros como ver-

dadeiras artérias.

A visão panorâmica que se

tem do alto da colina de Pucará

de Tilcara é imperdível. Era, pa-

ra seus antigos moradores, e até

hoje é, um lugar privilegiado.

As empresas AerolíneasArgentinas (via Buenos Aires) eLAN têm passagens para SanMartín de los Andes a partir deR$ 2.375. A viagem para Saltapelas empresas Aerolíneas (viaIguazu) e LAN, (por Buenos Aires)têm bilhete a partir de R$ 2.052.Preços, com taxas, pesquisadospara fevereiro

Onde ficar

Loi Suites Chapelco: apartir de R$ 313.loisuites.com.ar

Rio Hermos: a partirde R$ 495. riohermoso.com

Hosteria Miralejos: diáriasa R$ 148.posadamiralejos.com.ar

Sheraton Salta Hotel: apartir de R$ 285.starwoodhotels.com

Alejando Primero:a partir de R$ 343.alejandro1hotel.com.ar

Las Marias: a partirde R$ 296. Em Jujuy.lasmariastilcara.com.ar

Passeios

O caminhão 4x4 Movitrack(movitrack.com.ar) faz roteirosdiferentes a partir de Salta, comitinerários e preços variados(custam a partir de R$ 237).

Como chegar

Os passeios a cavalo

estão entre os

programas de verão

em San Martín

de los Andes

Um dos belos

cenários que

compõe a

Cordilheira dos

Andes, na

Argentina

Monumento em

Quebrada de

Humahuaca

Passeios de

caminhão, com

teto solar, até

Jujuy partem de

Salta

DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 / 31 - TURISMO

Page 32: Bem estar fe na vida-20130127

Paulo Coelho

Das três formasde amor: Eros

Escritor

Existem três palavras gregas para designar o amor, nesta

coluna o escritor explica a manifestação de Eros,

que é o sentimento entre duas pessoas

Em 1986, enquanto fazia o cami-

nho de Santiago com Petrus, o meu

guia, passamos pela cidade de

Logroño enquanto se realizava um ca-

samento. Pedimos dois copos de vi-

nho, preparei um prato de canapés, e

Petrus descobriu uma mesa onde pu-

déssemos sentar junto com outros

convidados.

O casal de noivos cortou um imen-

so bolo.

– Eles devem se amar – pensei em

voz alta.

– É claro que eles se amam – disse

um senhor de terno escuro que estava

sentado na mesa. Você já viu alguém

casar por outro motivo?

Mas Petrus não deixou passar a

pergunta:

– A que tipo de amor o senhor se

refere: Eros, Philos ou Ágape?

O senhor olhou sem entender na-

da.

– Existem três palavras gregas pa-

ra designar o amor – disse ele. – Hoje

você está vendo a manifestação de

Eros, aquele sentimento entre duas

pessoas.

Os noivos sorriam para os flashes

e recebiam cumprimentos.

– Parece que os dois se amam.

Dentro de pouco tempo estarão lutan-

do sozinhos pela vida, vão montar

uma casa, e vão participar da mesma

aventura: isto engrandece e torna dig-

no o amor. Ele vai seguir sua carreira,

ela deve saber cozinhar e será uma ex-

celente dona-de-casa, porque foi edu-

cada desde criança para isto. Vai

acompanhá-lo, terão filhos, e se con-

seguirem construir alguma coisa jun-

tos, serão realmente felizes para sem-

pre.

“De repente, entretanto, esta his-

tória pode acontecer de maneira in-

versa. Ele vai começar a sentir que

não é livre o suficiente para manifes-

tar todo o Eros, todo o amor que tem

por outras mulheres. Ela pode come-

çar a sentir que sacrificou uma carrei-

ra e uma vida brilhante para acompa-

nhar o marido. Então, ao invés da

criação conjunta, cada um irá sentir-

se roubado em sua maneira de amar.

Eros, o espírito que os une, irá come-

çar a mostrar apenas seu lado mau. E

aquilo que Deus havia destinado ao

homem como seu mais nobre senti-

mento, passará a ser fonte de ódio e

destruição”.

Olhei em volta. Eros estava pre-

sente em vários casais. Mas eu podia

sentir a presença de Eros Bom e Eros

Mau, exatamente como Petrus havia

descrito.

– Repare como é curioso – conti-

nuou meu guia. – Apesar de ser bom

ou ser mau, a face de Eros nunca é a

mesma em cada pessoa.

A banda começou a tocar uma val-

sa. As pessoas foram para um peque-

no espaço de cimento em frente ao co-

reto para dançar. O álcool começava

a subir e todos estavam mais suados e

mais alegres. Notei uma menina vesti-

da de azul, que deve ter esperado este

casamento apenas para que chegasse

o momento da valsa, porque queria

dançar com alguém com quem sonha-

va estar abraçada desde que entrou

na adolescência. Seus olhos seguiam

os movimentos de um rapaz bem ves-

tido, de terno claro, que estava numa

roda de amigos. Eles conversavam

alegremente, não haviam percebido

que a valsa tinha começado, não nota-

vam que a alguns metros de distância

uma menina de azul olhava insisten-

temente para um deles.

Pensei nas cidades pequenas, nos

casamentos sonhados desde a infân-

cia com o rapaz escolhido.

A menina de azul reparou meu

olhar e saiu de perto. E como se todo

o movimento estivesse combinado,

foi a vez do rapaz procurá-la com os

olhos. Ao descobrir que ela estava

perto de outras garotas, voltou a con-

versar animadamente com os amigos.

Chamei a atenção de Petrus para

os dois. Ele acompanhou durante al-

gum tempo o jogo de olhares, e de-

pois voltou ao seu copo de vinho.

– Agem como se fosse uma vergo-

nha demonstrar que se amam – foi

seu único comentário.

Outra menina olhava fixamente

para nós dois: devia ter metade de

nossa idade. Petrus levantou o copo

de vinho, fez um brinde, a garota riu

encabulada, e fez um gesto apontan-

do para os pais, quase se desculpando

por não chegar mais perto.

– Este é o lado belo do amor – dis-

se. – O amor que desafia, o amor por

dois estranhos mais velhos que vie-

ram de longe, e amanhã já partiram

por um caminho que ela também gos-

taria de percorrer. O amor que prefe-

re a aventura.

(na próxima semana: Philos e

Ágape)

32 / São José do Rio Preto, 27 de janeiro de 2013 DIÁRIO DA REGIÃO