avaliaÇÃo evolutiva dos pacientes com sÍncope … · 2015 . dedico este trabalho às pessoas...
TRANSCRIPT
Dissertação de Mestrado
AVALIAÇÃO EVOLUTIVA DOS PACIENTES COM SÍNCOPE
ATENDIDOS EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA CARDIOLÓGICA -
DESENVOLVIMENTO DE UM ESCORE PARA ESTRATIFICAÇÃO
DE RISCO
INSTITUTO DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL
FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE CARDIOLOGIA DO RIO GRANDE DO SUL
Programa de pós Graduação em Cardiologia
Área de Concentração: Cardiologia e Ciências da Saúde
Serviço de Eletrofisiologia do IC-FUC
AVALIAÇÃO EVOLUTIVA DOS PACIENTES COM SÍNCOPE
ATENDIDOS EM HOSPITAL DE REFERÊNCIA CARDIOLÓGICA -
DESENVOLVIMENTO DE UM ESCORE PARA ESTRATIFICAÇÃO
DE RISCO
Aluno: Daniel Garcia Gomes
Orientador: Prof. Dr. Tiago Luiz Luz Leiria
Dissertação submetida como requisito para a
obtenção do grau de Mestre ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Saúde, da Fundação
Universitária de Cardiologia/Instituto de Cardiologia
do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre
2015
Dedico este trabalho às pessoas mais presentes em minha vida:
À minha mãe, pelo exemplo de vida e por me guiar ao longo desses
anos.
Ao meu pai, o mais ético de todos os profissionais.
Ao meu irmão, Thiago, pelo incentivo direto ou indireto.
À minha namorada, Bianca, por estar ao meu lado e me apoiar em todos
os momentos de minha vida.
AMO MUITO VOCÊS!
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, André e Márcia, por todos os ensinamentos ao logo da
minha vida, sempre acreditando em minha capacidade. Isso só me fortaleceu e
me fez tentar melhorar cada vez mais tanto na parte profissional como também
como ser humano, aprendendo a olhar de forma diferenciada as relações sociais.
Obrigado pelo amor incondicional!
A meu irmão, Thiago, por ser tão importante na minha vida. Sempre ao
meu lado desde os momentos mais difíceis e às vezes acreditando que eu fosse
mais do que realmente sou. Obrigado por todas as ajudas e pelo
companheirismo.
A minha avó, que apesar das dificuldades esteve presente em todos os
momentos importantes desde o meu nascimento até a presente data. Obrigado
pelo amor.
Ao meu avô, gostaria de ter tido mais tempo, mas acredito que esteve
indiretamente sempre ao meu lado. Obrigado pelo exemplo de luta.
À minha namorada, que neste último ano foi fundamental no auxílio do
desenvolvimento deste trabalho e pelo apoio nos meus momentos de
contradição. Obrigado por estar sempre ao meu lado.
Ao meu orientador pela oportunidade de realizar este trabalho.
Aos meus amigos do mestrado, pelos momentos divididos juntos.
Finalmente, gostaria de agradecer ao Instituo de Cardiologia por abrir as
portas, proporcionando este aprendizado técnico e científico.
SUMÁRIO
BASE TEÓRICA ...................................................................................01
RESUMO ............................................................................................ 02
SÍNCOPE DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA .........................................03
SINCOPE NA EMERGÊNCIA ....................................................................... 08
Escore Oesil ......................................................................................... 09
Escore San Francisco .......................................................................... 11
Escore Boston ...................................................................................... 12
Escore EGYSIS .................................................................................... 14
Escore Rose ......................................................................................... 15
Escore IC-FUC ..................................................................................... 16
OBJETIVOS ..........................................................................................20
OBJETIVO GERAL .................................................................................... 20
OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................... 20
REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS DA BASE TEÓRICA....................21
ARTIGO ............................................................................................... 27
ARTIGO EM PORTUGUÊS...................................................................28
INTRODUÇÃO ......................................................................................30
MÉTODOS ............................................................................................31
RESULTADOS ......................................................................................36
DISCUSSÃO .........................................................................................38
CONCLUSÃO .......................................................................................42
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA DO ARTIGO .................................. 56
LISTA DE ABREVIATURAS
ACFA - Fibrilação Atrial
AVC - Acidente Vascular Cerebral
AVE - Acidente Vascular Encefálico.
BAV - Bloqueio Atrioventricular
BRD - Bloqueio do Ramo Direito
BRE - Bloqueio do Ramo Esquerdo
CID – Código Internacional de Doenças
CRM - Cirurgia de Revascularização do Miocárdio
DAC - Doença Arterial Coronariana
DCV - Doenças Cardiovasculares
DPOC - Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
ECG - Eletrocardiograma.
HAS - Hipertensão Arterial Sistêmica
HG - Hemoglobina
IAM - Infarto Agudo do Miocárdio
IC - Insuficiência Cardíaca
IC-FUC – Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul
OR – Razão de Chances
ROC – Receiver Operator Characteristic
Sat - Saturação de Oxigênio
LISTA DE FIGURAS DA BASE TEÓRICA
Figura 1: Sobrevivência total dos pacientes com síncope, de acordo
com etiologia e participantes com síncope (P< 0,001). 06
LISTA DE FIGURAS DO ARTIGO
Figura 1. Organograma do desenho do estudo 53
Figura 2. Taxa de desfechos adversos graves em 12 meses de acordo com
escore IC-FUC 54
Figura 3. Curva ROC mostrando a equivalência dos escores para avaliar
eventos adversos 55
LISTA DE TABELAS DA BASE TEÓRICA
Tabela I - Causas de Síncope 04
Tabela II - OESIL Síncope Escore 11
Tabela III - San Francisco Síncope Escore 12
Tabela IV - Boston Síncope Escore 13
Tabela V - Egsys Síncope Escore – multivariada 15
Tabela VI -Rose Síncope Escore 16
Tabela VII – Fatores Preditores de Internação Hospitalar – Análise
Multivariada 17
LISTA DE TABELAS DO ARTIGO
Tabela I – IC-FUC Síncope Escore 43
Tabela II - Características clínica e demográficas dos pacientes da
Coorte 44
Tabela III - Análise univariada das características clínicas entre os
pacientes que apresentaram desfecho adverso e os que não
apresentaram desfecho durante o estudo. 46
Tabela IV - Análise multivariada dos fatores de risco 48
Tabela V - Análise comparativa das áreas na curva ROC dos Escores 49
Tabela VI - Razão de Chances dos pacientes estratificados pelo
escore IC-FUC tendo como desfecho combinado de óbito, visita não
programada ao hospital e procedimento cardiovascular no seguimento 50
Tabela VII - Razão de Chances dos pacientes estratificados pelo
escore IC-FUC tendo como desfecho óbito e visita não programada ao
hospital no seguimento 51
Tabela VIII - Comparação das características clínicas e demográficas
relevantes dos pacientes nos escores em suas coortes de validação 52
1
BASE TEÓRICA
2
RESUMO
A avaliação do paciente com síncope na emergência ainda é um desafio,
apesar da criação de escores de estratificação de risco. Em hospitais
cardiológicos, a prevalência de doença cardiovascular é mais elevada e não se
conhece a acurácia desses escores, assim como os preditores de risco
relacionados a um pior desfecho clínico nessa população.
Realizou-se um estudo de coorte prospectivo e observacional com 393
pacientes diagnosticados com síncope na Emergência do Instituto de
Cardiologia/RS e analisaram-se as características clínicas e laboratoriais
preditoras de desfecho clínico adverso grave. O objetivo foi desenvolver e validar
um escore de estratificação para a instituição, assim como compará-lo aos
escores existentes na literatura.
No final do estudo, a presença de doença cardiovascular conhecida,
história sincopal prévia e eletrocardiograma alterado foram os preditores
utilizados para desenvolvimento e validação do escore, que se mostrou
equivalente quando comparado às curvas ROCs de outros escores já validados
na literatura.
3
SÍNCOPE DEFINIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
Síncope é um sintoma frequente, definido como a perda transitória e
temporária da consciência, não traumática associada à perda do tônus muscular,
mas com recuperação completa e espontânea, sem necessidade de
intervenção(1).
Fisiologicamente, o quadro sincopal ocorre devido a alterações
transitórias do fluxo sanguíneo nos vasos responsáveis pela irrigação do sistema
reticular ativador no sistema nervoso central(2). Pelo fato de a síncope ser um
sintoma e não uma patologia, sua ocorrência pode significar diversas doenças,
incluindo desde condições benignas até quadros mais graves e potencialmente
letais. Além desse amplo espectro de fatores etiológicos ainda deve-se
diferenciar o quadro sincopal verdadeiro de outras alterações do nível de
consciência, no qual a perda da capacidade de percepção não está relacionada
a alterações perfusionais do sistema nervoso central, destacando-se as
desordens metabólicas, responsáveis por cerca de 5% dos episódios, e as
desordens neurológicas, que respondem por cerca de 10%(2-6).
4
Tabela I Causas de síncope
Tipo de síncope Causas
Síncope neuromediada Ataque vasovagal
Situacional
Hipersensibilidade carotídea
Neuralgia trigêmeo e glossofaríngea
Ortostática
Disfunção autonômica
Depleção de volume
Doença cardíaca
Doença valvular
Doença isquêmica
Cardiomiopatia obstrutiva
Cardiomiopatia hipertrófica
Mixoma atrial
Dissecção de aorta
Tamponamento pericárdico
Embolia pulmonar
Bradiarritmias e Taquiarritmias
Doenças Genéticas Canaliculares
Neurológico/Cerebrovascular Síndrome do roubo da subclávia
Outras Psiquiátrica
Medicação
Adaptado de Kapoor WN..2000 Dec 21;343:1856-62.
A síncope representa um sério evento clínico. Sua prevalência se eleva
com o envelhecimento da população de 6.2 episódios a cada mil pessoas/ano
5
na faixa etária dos 45-65 anos para 11 episódios a cada mil pessoas/ano aos 70-
79 anos e para 19 episódios por mil pessoas/ano quando acima dos 80 anos(7-
9). Ela é responsável por cerca de 6% das admissões hospitalares e 3% das
visitas aos setores de emergência hospitalares(10-14). Cerca de 1/3 dos pacientes
apresentam recorrência da síncope em um período de três anos após o primeiro
episódio. Esse fato usualmente traz consequências negativas na qualidade de
vida do paciente, como hospitalizações frequentes, receio quanto a novos
episódios que pioram a qualidade de vida e geram uma elevação dos gastos no
sistema de saúde(2).
Dados das emergências norte-americanas demonstram que, apesar da
melhora na avaliação do episódio de síncope nos últimos anos, o tempo médio
de hospitalização ainda é longo e muitos pacientes permanecem sem
diagnóstico (cerca de 17 a 33%)(2). O custo anual estimado pelo US Medicare é
cerca de 2,5 bilhões de dólares em internações hospitalares, sendo US$ 5,400
por hospitalização(2,15). No ano de 2013, os dados do Sistema Único de Saúde
(SUS) do Brasil registram 2.417 internações pelo CID R55 (síncope e colapso)
com um gasto de R$ 1.142.919,62 (DATASUS, 2015), o que equivale a cerca de
R$ 472,87 por paciente internado(16).
As síncopes de causa vascular são responsáveis por mais de 1/3 dos
episódios sincopais, sendo a vasovagal a causa mais comum, cursando com
uma incidência de 20-35% na população e apresenta prognóstico benigno(9,17-
21). A síncope cardíaca engloba as patologias que possuem acometimento do
coração, incluindo os diversos distúrbios de condução, as taquiarritmias e
bradiarritmias, sendo algumas potencialmente letais. Estima-se que a síncope
de causa cardíaca seja a segunda maior causa em ocorrência, responsável por
6
cerca de 10-20% de todos os quadros sincopais e apresenta uma taxa de
mortalidade que gira em torno dos 30%(9,19). Nos pacientes idosos, a síncope
cardíaca corresponde a cerca de 21-34% das ocorrências(1,5,7,21-26).
Os primeiros estudos que avaliaram prognósticos em pacientes com
síncope são anteriores a 1980 e já alertavam para o aumento da mortalidade e
do risco de morte súbita em pacientes com síncope de origem cardíaca. Estudos
subsequentes, avaliando o prognóstico dos pacientes com síncope ao longo de
12 meses, reforçaram esta informação evidenciando uma mortalidade
extremamente elevada, nesses casos (18-33%), quando comparadas com
outras causas de síncope(7,12,27). Logo, a presença de doença cardíaca é uma
importante variável para o prognóstico dos pacientes com síncope, gerando a
necessidade de aumentar a investigação e tratamento (Fig. 1) (28-30).
Fig. 1 Sobrevivência total dos pacientes com sincope, de acordo com etiologia (p < 0,001). Adaptado de Soteriades ES. N Engl J Med. 2002;347(12):878-85.
7
Esses dados foram questionados ao longo de dez anos, sendo realizado
um novo estudo por Kapoor e Hanusa com 470 pacientes que apresentaram
síncope, avaliando a mortalidade em 12 meses por qualquer etiologia e
verificaram que o risco de óbito poderia ser predito pela presença de doença
cardíaca e não pelo fato de apresentar um episódio de síncope. Essa
constatação ratifica que a presença de doença cardíaca representa o principal
marcador de risco para morte súbita nesses pacientes. Entretanto, vale lembrar
que cerca de 50% dos pacientes com doença cardíaca prévia e episódios
síncope apresentam como causa de origem vasovagal(25,31).
Em virtude das diversas possíveis causas de síncope, faz-se necessário
a diferenciação cautelosa entre as possíveis etiologias, tendo em vista a
heterogeneidade do prognóstico com vista à redução da mortalidade da
população que apresenta maior risco e, ao mesmo tempo, evitar internações
hospitalares desnecessárias.
8
SÍNCOPE NA EMERGÊNCIA
Nas emergências hospitalares o diagnóstico preciso entre um quadro
vasovagal e de origem cardíaca é um verdadeiro desafio. Esse pode ser muitas
vezes falho quando se utiliza apenas o julgamento clínico, o que eleva a chance
de erro na tomada de decisão(32). Isso acontece devido à existência de múltiplas
variáveis que podem estar relacionadas a um pior prognóstico e todas
necessitam ser adequadamente ponderadas na avaliação inicial do paciente.
Esta heterogeneidade fomenta o aparecimento de escores que visam a auxiliar
nas avaliações dos pacientes com síncope atendidos nos serviços de
emergência médica como foi sugerido por Mcclaren(33).
Várias foram as propostas de estratificação dos pacientes que se
apresentavam com síncope nas emergências dos hospitais gerais. Todas essas
estimativas se basearam na avaliação dos aspectos clínicos e laboratoriais dos
pacientes, acompanhando-os por curto ou longo prazo para que pudessem
identificar os fatores de risco relacionados com algum desfecho clínico grave. A
partir dessas avaliações, foram criados escores para auxiliar na estratificação
dos pacientes, orientando assim a indicação quanto a necessidade de internação
hospitalar para melhor investigação.
Os primeiros escores foram propostos em 1982 por Day e colaboradores.
Eles avaliaram cerca de 198 pacientes com perda de consciência atendidos no
setor de emergência. Esses pacientes foram submetidos à anamnese e exame
clínico detalhado, sendo possível diagnosticar corretamente cerca de 85% dos
casos. Os 15% restantes realizaram exames adicionais para o diagnóstico
preciso da etiologia. De posse dessa avaliação propuseram a classificação dos
9
pacientes levando em conta a idade e a suposta etiologia da síncope para
classificar o risco de óbito ou desfecho clínico grave(12).
Em 1997, Martin e Kapoor validaram um escore de estratificação de risco
em 374 pacientes com síncope admitidos no setor de emergência médica. Esse
escore utilizou a presença de arritmia ventricular, insuficiência cardíaca e
alterações eletrocardiográficas como preditores na avaliação do risco de arritmia
e óbito durante o primeiro ano após diagnóstico de síncope. Eles concluíram que
a presença desses fatores elevava significativamente esse risco e que poderiam
ser utilizados para estratificação no atendimento no setor de emergência(28).
Neste mesmo ano a American College of Physicians (ACP) propôs
critérios para internação hospitalar, em que a presença de pelo menos um fator
de risco indicaria a internação. Os fatores de risco seriam: histórico de doença
coronariana, insuficiência cardíaca ou arritmia ventricular, sintomas anginosos,
exame físico com sinais de cardiopatia, alterações neurológicas e
eletrocardiograma com sinais de isquemia, arritmia ou distúrbios da condução.
Esses critérios foram usados e ratificados por Crane e colaboradores em
2002(6,34).
Escore Oesil
Em 2003, o trabalho publicado por Colivicchi e colaboradores propôs um
escore de estratificação de risco no setor de emergência para os pacientes
atendidos com síncope, conhecido com OESIL escore(35,36). Esse trabalho
acompanhou pacientes atendidos nas emergências de seis hospitais gerais na
região de Lazio, na Itália, durante um ano, e analisou as características clínicas
e eletrocardiográficas dos pacientes. Ao final do estudo foram identificados
10
quatro preditores independentes relacionados ao aumento do risco de óbito em
12 meses e proposto um escore de estratificação utilizando os quatro critérios,
quais sejam, idade maior que 65 anos, histórico de doença cardiovascular,
síncope sem pródromos e eletrocardiograma (EGG) alterado. Esse escore foi
validado em 2003, em que cada preditor recebia um ponto e a soma das
pontuações de cada paciente estratificava o risco para óbito em 12 meses, sendo
que aqueles com soma ≥ 2 apresentavam maior risco e estariam indicados à
internação hospitalar (Tab. II). No final, o escore apresentava uma sensibilidade
de 89,7%(36).
No mesmo ano, Brignole e colaboradores avaliaram seis hospitais
equipados com uma “unidade de síncope”, dentro do serviço de cardiologia,
destinada à avaliação exclusiva de pacientes encaminhados e admitidos por
síncope, independente da origem, com intuito de avaliar se a presença de uma
unidade específica e estruturada poderia influenciar o manejo do paciente com
diagnóstico. Constatou-se que esta abordagem aumentava a precisão dos
diagnósticos etiológicos, reduzia os gastos com exames e internações
desnecessários. Concluiu-se que a padronização do atendimento ao paciente
com síncope influenciava de maneira significativa a avaliação e evolução do
paciente(37,38).
11
Tabela II
OESIL Síncope Escore
Idade > 65 anos 1 ponto
Histórico de doença cardiovascular 1 ponto
Síncope sem pródromos 1 ponto
ECG alterado 1 ponto
Pacientes com 2 ou mais pontos apresentam alto risco e possuem indicação de internação hospitalar Adaptado de Colivicchi F, OESIL risk score. Eur Heart J. 2003;24(9):811-9.
Escore San Francisco
Em 2004, outro escore foi proposto por Quinn e colaboradores, o San
Francisco Syncope Rule. Este foi um estudo prospectivo de coorte, realizado em
hospital universitário que avaliou o prognóstico por sete dias, após a data de
atendimento dos pacientes com síncope no setor de emergência. No total foram
684 admissões avaliadas e considerou-se como fator de risco a história de
insuficiência cardíaca, ECG anormal, queixa de dispneia, hematócrito < 30% e
pressão sistólica < 90 mmhg na triagem. Os pacientes eram considerados de
alto risco se tivessem pelo menos a presença de pelo menos um critério citado
(Tab. III). Apenas 79 pacientes evoluíram com algum desfecho grave como óbito,
isquemia cerebral, infarto agudo do miocárdio, arritmia, embolia pulmonar e
hemorragias graves que resultaram retorno e hospitalizações. Foi observado que
o escore, quando aplicado, apresentava sensibilidade de 97% e especificidade
de 62%(39-41).
12
Tabela III San Francisco Síncope Escore
C História de insuficiência cardíaca
H Hematócrito < 30%
E ECG anormal (ritmo não sinusal ou novas alterações)
S Dispneia
S PA < 90 mmhg
A presença de pelo menos um fator de risco indica alto risco e indica internação hospitalar Adaptado de Quinn JV. Ann Emerg Med. 2004;43(2):224-32.
Escore de Boston
No ano de 2007 Grossmam e colaboradores realizaram um estudo
prospectivo, observacional em pacientes acima dos 18 anos que se
apresentavam com síncope na emergência. O objetivo do estudo foi avaliar a
capacidade de um escore predefinido em identificar os pacientes com síncope
que evoluíam com um desfecho clínico adverso (óbito, infarto agudo do
miocárdio, acidente vascular cerebral, arritmias, tromboembolismo pulmonar e
sepse), ou a necessidade de intervenção crítica definida como a necessidade de
cateterismo cardíaco, implante de marca-passo ou desfibrilador, transfusão de
sangue, cirurgia cardíaca ou vascular, endoscopia e ressuscitação
cardiopulmonar, no período de 30 dias pós-admissão. Este escore ficou
conhecido como Boston Síncope Escore e avaliava oito fatores de risco e,
quando ao menos um desses fatores encontrava-se presente, denotava elevado
risco cardiovascular (Tab. IV). No final do estudo o escore de Boston
apresentava uma sensibilidade de 97% e especificidade de 62%, com valor
preditivo negativo de 99% quando aplicado(42).
13
Tabela IV Boston Síncope Escore
Sinais e sintomas de síndrome
coronariana 1 ponto
Sinais de distúrbio da condução 1 ponto
História de doença cardíaca ou valvar 1 ponto
História familiar de morte súbita 1 ponto
Sinais vitais anormais na emergência
por mais de 15 min 1 ponto
Hipotensão 1 ponto
Evento neurológico central primário 1 ponto
A presença de pelo menos um fator de risco indica alto risco e indica internação hospitalar Adaptado de Grossman SA. J Emerg Med. 2007;33(3):233-9.
Neste mesmo ano, Sun e colaboradores realizaram um estudo
prospectivo com 463 pacientes com o objetivo de estabelecer uma relação entre
idade e desfecho grave em 14 dias. O estudo foi realizado durante 12 meses e
identificou-se que pacientes com síncope e com idade acima de 60 anos
apresentavam pior desfecho clínico(43). Em 2009, o mesmo autor realizou novo
estudo de revisão dos registros médicos em três hospitais, de pacientes que
apresentaram síncope ou pré-síncope no período de 2002 a 2005, com o objetivo
de identificar quais eram os fatores clínicos preditores de pior desfecho em 30
dias após o atendimento no setor de emergência. Ao final do estudo, com cerca
de 2500 pacientes, foram identificados sete preditores clínicos, capazes de
14
estratificar os pacientes em baixo, médio e alto risco conforme o aumento do
número de fatores presentes(44).
Escore Egysis
O estudo EGYSIS publicado em 2008 por Del Rosso e colaboradores,
refere-se a um novo estudo de coorte, prospectivo, com pacientes referenciados
ao departamento de emergência de 14 hospitais com diagnóstico de síncope
sem causa definida com intuito de desenvolver e validar um escore capaz de
identificar os pacientes com maior probabilidade de síncope de origem cardíaca.
Este estudo avaliou, no total, 516 pacientes com síncope sem etiologia, no
período de 24 meses quanto a óbito por qualquer causa. No final do estudo foram
encontradas variáveis preditoras de síncope cardíaca e proposto um escore
baseado em pontuações de 4 a -1, conforme a magnitude do coeficiente de
regressão e realizada a soma. Uma soma ≥ 3 pontos indicaria síncope cardíaca
(Tab. V)(45).
15
Tabela V Egsys Síncope Escore – multivariada
Palpitações 4 pontos
ECG anormal/cardiopatia prévia 3 pontos
Síncope no esforço 3 pontos
Síncope em posição supina 2 pontos
Presença de pródromo - 1 ponto
Fatores predisponentes e precipitadores - 1 ponto
Pacientes com pontuação > 2 apresentam alto risco e possuem indicação de internação hospitalar Adaptado de Del Rosso A. Heart. 2008;94(12):1620-6.
Escore Rose
Em 2010, Reed e colaboradores publicaram o Rose Escore, estudo
prospectivo, observacional, que incluiu novamente pacientes adultos que eram
atendidos no setor de emergência com síncope. O objetivo era desenvolver e
validar um escore capaz de detectar os pacientes que evoluíam com pior
prognóstico, que seriam desfechos graves e óbito no período de 30 dias após o
diagnóstico de síncope. Foram realizadas duas coortes, ambas com 550
pacientes. Na coorte de desenvolvimento, 7,3% dos pacientes evoluíram com o
desfecho combinado e sete fatores de risco foram identificados como possíveis
preditores de risco (Tab. VI). Esses fatores de risco foram validados na segunda
coorte, sugerindo que a presença de pelo menos um classificaria o paciente
como alto risco. No final do estudo o escore apresentou sensibilidade de 87,2%
e especificidade de 65% com valor preditivo negativo de 98,5%. O interessante
16
deste estudo foi a inclusão do peptídeo natriurético B com um dos principais
preditores de complicações cardiovasculares e óbito(46,47).
Tabela VI
Rose Síncope Escore
B
BNP ≥ 300 pg/ml
Bradicardia < 50 mmhg no atendimento/registro pré-hospitalar
R Toque retal em caso de suspeita de hemorragia digestiva
A Anemia - Hg < 9,0
C Angina associada com síncope
E ECG com onda Q (exceto em DIII)
S Saturação < 94% em ar ambiente
A presença de pelo menos um fator de risco indica alto risco e indica internação hospitalar Adaptado de Reed MJ. J Am Coll Cardiol. 2010;55(8):713-21
Escore IC-FUC
Em 2013, Fisher e colaboradores realizaram um estudo transversal, no
Instituto de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul, englobando pacientes
com diagnóstico de síncope atendidos no setor de emergência por
cardiologistas. O objetivo do estudo foi avaliar quais os fatores de risco estavam
relacionados à internação hospitalar e analisar o desempenho do Escore de
Oesil nesta população. No final do estudo foram identificados cinco preditores
(síncope prévia, presença de doença cardíaca, acidente vascular encefálico
prévio, eletrocardiograma alterado e plano de saúde) relacionados com as
indicações de internação hospitalar. A aplicação do Escore de Oesil, identificou
cerca de 85% dos pacientes que foram internados e os autores inferiram que,
17
apesar de não ter sido utilizado um protocolo institucional bem definido, os
cardiologistas que realizaram o atendimento conseguiam identificar
adequadamente os pacientes com maior risco cardiovascular e indicar
internação hospitalar baseados em suas experiências individuais. Nesse estudo
identificaram-se os fatores acima citados como preditores independentes de
internação (Tab. VII)(48). A partir da identificação desses preditores propôs-se um
escore simplificado para o hospital onde foi realizada a presente pesquisa para
identificar os pacientes que poderiam evoluir com pior desfecho clínico.
Tabela VII
Fatores Preditores de Internação Hospitalar – Análise Multivariada
95% IC para OR
Variável Odds Ratio (OR) P Inferior Superior
Síncope prévia 2,4 0,015 1,18 4,92
Doença cardíaca 5,5 <0,001 2,70 11,42
AVE prévio 0,2 0,033 0,05 0,88
ECG alterado 2,0 0,039 1,03 3,92
Plano de saúde 2,5 0,010 1,24 5,11
IC intervalo de confiança, OR razão de chances, AVE = acidente vascular encefálico. ECG = eletrocardiograma. Regressão logística com modelo Backward utilizando as seguintes variáveis: ECG alterado, AVE prévio, doença cardíaca, sincope prévia, plano de saúde.
Adaptado de Fischer LM. Arq Bras Cardiol. 2013;101(6):480-6.
Diversos estudos comparativos e de validação externa desses escores
foram realizados ao longo dos anos, aferindo o risco dos pacientes em diversas
populações, por diversos períodos de tempo com diferentes propostas de
18
estratificação(32,40,49-53). Em média, a sensibilidade dos escores girou em torno de
90% e em 68% de especificidade. Isso demonstra a similaridade dos escores na
capacidade de detectar os pacientes com alto risco, porém, existem diferenças
em seu desenho clínico e nas interpretações eletrocardiográficas(54). Outro
detalhe dos escores que chama a atenção foi o fato de todos terem sido
realizados em hospitais gerais, onde o atendimento inicial era realizado por
clínico geral e os eletrocardiogramas posteriormente avaliados por
cardiologistas, que não participavam diretamente na coleta da história clínica e
no exame físico, exceto o estudo realizado por Brignole(10,12,13,36,37,39,42,45,48).
A proposta de estratificação de risco no setor de emergência visa a
identificar os pacientes com provável etiologia cardíaca dentre os pacientes com
síncope não cardíaca, pois esse último grupo apresenta melhor prognóstico. Fica
bem evidente que, após os diversos estudos e escores já realizados sobre esse
assunto, independente do período, os pacientes com síncope cardíaca
apresentam elevada mortalidade e morbidade e demandam cuidados especiais
ao serem atendidos(10,36,40,47,55). Estima-se uma redução de cerca de 30% das
internações hospitalares desnecessárias quando ao menos um escore é
aplicado, e junto ao manejo adequado desses pacientes obter-se-ia uma
redução e melhor direcionamento dos gastos com saúde(32,47,56).
Nas emergências brasileiras há poucas informações disponíveis sobre o
atendimento e a evolução desses pacientes com síncope, poucos serviços
utilizam claramente um dos escores internacionais validados para auxiliar na
estratificação e não há estudos nacionais de validação externa disponíveis em
nossa população assim como um escore próprio. O envelhecimento de nossa
população traz consigo o aumento da prevalência de comorbidades e também
19
dos quadros sincopais e isso fomenta a necessidade de padronização do
atendimento em nossas emergências adequada para nossa realidade clínica(57).
20
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
O objetivo do nosso trabalho é de propor um novo escore de estratificação
a partir da identificação dos preditores de risco relacionados a evento adverso
grave, que seja mais adequado para nossa população e compará-lo com os
escores já validados na literatura quando aplicados para nosso desfecho
primário.
O desfecho primário: óbito de qualquer etiologia, implante de marca-passo
ou desfibrilador, cirurgia cardíaca e re-hospitalização por qualquer causa.
O desfecho secundário: visita hospitalar não programada e óbito.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Avaliar os aspectos evolutivos clínicos tardios dos pacientes
atendidos na emergência;
b) preditores de risco para desfecho adverso grave;
c) comparação com escores de risco já validado na literatura;
d) morbimortalidade por síncope no segmento.
21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS DA BASE TEÓRICA
1. Kapoor WN. Evaluation and outcome of patients with syncope. Medicine.
1990;69(3):160-75.
2. Moya A, Sutton R, Ammirati F, Blanc JJ, Brignole M, Dahm JB et al. Guidelines
for the diagnosis and management of syncope (version 2009). Eur Heart J.
2009;30(21):2631-71.
3. Brignole M, Alboni P, Benditt D, Bergfeldt L, Blanc JJ, Bloch Thomsen PE et
al. Guidelines on management (diagnosis and treatment) of syncope. Eur Heart
J. 2001;22(15):1256-306.
4. Brignole M, Menozzi C, Bartoletti A, Giada F, Lagi A, Ungar A et al. A new
management of syncope: prospective systematic guideline-based evaluation of
patients referred urgently to general hospitals. Eur Heart J. 2006;27(1):76-82.
5. Kapoor WN. Syncope. N Engl J Med. 2000;343(25):1856-62.
6. Linzer M, Yang EH, Estes NA, Wang P, Vorperian VR, Kapoor WN. Diagnosing
syncope. Part 1: Value of history, physical examination, and electrocardiography.
Clinical Efficacy Assessment Project of the American College of Physicians. Ann
Intern Med. 1997;126(12):989-96.
7. Kapoor WN, Karpf M, Wieand S, Peterson JR, Levey GS. A prospective
evaluation and follow-up of patients with syncope. N Engl J Med.
1983;309(4):197-204.
8. Savage DD, Corwin L, McGee DL, Kannel WB, Wolf PA. Epidemiologic
features of isolated syncope: the Framingham Study. Stroke. 1985;16(4):626-9.
9. Soteriades ES, Evans JC, Larson MG, Chen MH, Chen L, Benjamin EJ et al.
Incidence and prognosis of syncope. N Engl J Med. 2002;347(12):878-85.
10. Ammirati F, Colivicchi F, Minardi G, De Lio L, Terranova A, Scaffidi G et al.
The management of syncope in the hospital: the OESIL Study (Observatorio
Epidemiologico della Sincope nel Lazio). G Ital Cardiol. 1999;29(5):533-9.
11. Blanc JJ, L'Her C, Touiza A, Garo B, L'Her E, Mansourati J. Prospective
evaluation and outcome of patients admitted for syncope over a 1 year period.
Eur Heart J. 2002;23(10):815-20.
22
12. Day SC, Cook EF, Funkenstein H, Goldman L. Evaluation and outcome of
emergency room patients with transient loss of consciousness. Am J Med.
1982;73(1):15-23.
13. Eagle KA, Black HR, Cook EF, Goldman L. Evaluation of prognostic
classifications for patients with syncope. Am J Med. 1985;79(4):455-60.
14. Sun BC, Emond JA, Camargo CA. Characteristics and admission patterns of
patients presenting with syncope to U.S. emergency departments, 1992-2000.
Acad Emerg Med. 2004;11(10):1029-34.
15. Sun BC, Emond JA, Camargo CA. Direct medical costs of syncope-related
hospitalizations in the United States. Am J Cardiol. 2005;95(5):668-71.
16. Sistema Datasus. Recuperado em 5 março, 2015, de
http://www2.datasus.gov.br/sihd.
17. Brignole M, Alboni P, Benditt DG, Bergfeldt L, Blanc JJ, Bloch Thomsen PE
et al. Guidelines on management (diagnosis and treatment) of syncope-update
2004. Europace. 2004;6(6):467-537.
18. Colman N, Nahm K, Ganzeboom KS, Shen WK, Reitsma J, Linzer M et al.
Epidemiology of reflex syncope. Clin Auton Res. 2004;14 Suppl 1:9-17.
19. Mathias CJ, Deguchi K, Schatz I. Observations on recurrent syncope and
presyncope in 641 patients. Lancet. 2001;357(9253):348-53.
20. Serletis A, Rose S, Sheldon AG, Sheldon RS. Vasovagal syncope in medical
students and their first-degree relatives. Eur Heart J. 2006;27(16):1965-70.
21. Strickberger SA, Benson DW, Biaggioni I, Callans DJ, Cohen MI, Ellenbogen
KA et al. AHA/ACCF Scientific statement on the evaluation of syncope: from the
American Heart Association Councils on Clinical Cardiology, Cardiovascular
Nursing, Cardiovascular Disease in the Young, and Stroke, and the Quality of
Care and Outcomes Research Interdisciplinary Working Group; and the
American College of Cardiology Foundation: in collaboration with the Heart
Rhythm Society: endorsed by the American Autonomic Society. Circulation.
2006;113(2):316-27.
23
22. Azhar G, Lipsitz LA. Syncope in the elderly. In: Grubb BP, Olshansky B,
editores. Syncope: Mechanisms and Management. Armonk (NY): Futura
Publishing Co, 1998:337-58.
23. Kapoor WN. Evaluation and management of the patient with syncope. JAMA.
1992;268(18):2553-60.
24. Kapoor WN. Workup and management of patients with syncope. Med Clin
North Am. 1995;79(5):1153-70.
25. Kapoor WN, Hanusa BH. Is syncope a risk factor for poor outcomes?
Comparison of patients with and without syncope. Am J Med. 1996;100(6):646-
55.
26. Sarasin FP, Louis-Simonet M, Carballo D, Slama S, Rajeswaran A, Metzger
JT, et al. Prospective evaluation of patients with syncope: a population-based
study. Am J Med. 2001;111(3):177-84.
27. Silverstein MD, Singer DE, Mulley AG, Thibault GE, Barnett GO. Patients with
syncope admitted to medical intensive care units. JAMA. 1982;248(10):1185-9.
28. Martin TP, Hanusa BH, Kapoor WN. Risk stratification of patients with
syncope. Ann Emerg Med. 1997;29(4):459-66.
29. Middlekauff HR, Stevenson WG, Saxon LA. Prognosis after syncope: impact
of left ventricular function. Am Heart J. 1993;125(1):121-7.
30. Middlekauff HR, Stevenson WG, Stevenson LW, Saxon LA. Syncope in
advanced heart failure: high risk of sudden death regardless of origin of syncope.
J Am Coll Cardiol. 1993;21(1):110-6.
31. Alboni P, Brignole M, Menozzi C, Raviele A, Del Rosso A, Dinelli M et al.
Diagnostic value of history in patients with syncope with or without heart disease.
J Am Coll Cardiol. 2001;37(7):1921-8.
32. Quinn JV, Stiell IG, McDermott DA, Kohn MA, Wells GA. The San Francisco
Syncope Rule vs physician judgment and decision making. Am J Emerg Med.
2005;23(6):782-6.
33. McLaren AJ, Lear J, Daniels RG. Collapse in an accident and emergency
department. J R Soc Med. 1994;87(3):138-9.
24
34. Crane SD. Risk stratification of patients with syncope in an accident and
emergency department. Emerg Med J. 2002;19(1):23-7.
35. Ammirati F, Colivicchi F, Santini M. Diagnosing syncope in clinical practice.
Implementation of a simplified diagnostic algorithm in a multicentre prospective
trial – the OESIL 2 study (Osservatorio Epidemiologico della Sincope nel Lazio).
Eur Heart J. 2000;21(11):935-40.
36. Colivicchi F, Ammirati F, Melina D, Guido V, Imperoli G, Santini M et al.
Development and prospective validation of a risk stratification system for patients
with syncope in the emergency department: the OESIL risk score. Eur Heart J.
2003;24(9):811-9.
37. Brignole M, Disertori M, Menozzi C, Raviele A, Alboni P, Pitzalis MV, et al.
Management of syncope referred urgently to general hospitals with and without
syncope units. Europace. 2003;5(3):293-8.
38. Brignole M, Ungar A, Casagranda I, Gulizia M, Lunati M, Ammirati F et al.
Prospective multicentre systematic guideline-based management of patients
referred to the Syncope Units of general hospitals. Europace. 2010;12(1):109-18.
39. Dipaola F, Costantino G, Perego F, Borella M, Galli A, Cantoni G, et al. San
Francisco Syncope Rule, Osservatorio Epidemiologico sulla Sincope nel Lazio
risk score, and clinical judgment in the assessment of short-term outcome of
syncope. Am J Emerg Med. 2010;28(4):432-9.
40. Quinn JV, Stiell IG, McDermott DA, Sellers KL, Kohn MA, Wells GA.
Derivation of the San Francisco Syncope Rule to predict patients with short-term
serious outcomes. Ann Emerg Med. 2004;43(2):224-32.
41. Saccilotto RT, Nickel CH, Bucher HC, Steyerberg EW, Bingisser R, Koller
MT. San Francisco Syncope Rule to predict short-term serious outcomes: a
systematic review. CMAJ. 2011;183(15):E1116-26.
42. Grossman SA, Fischer C, Lipsitz LA, Mottley L, Sands K, Thompson S et al.
Predicting adverse outcomes in syncope. J Emerg Med. 2007;33(3):233-9.
43. Sun BC, Mangione CM, Merchant G, Weiss T, Shlamovitz GZ, Zargaraff G,
et al. External validation of the San Francisco Syncope Rule. Ann Emerg Med.
2007;49(4):420-7, 7.e1-4.
25
44. Sun BC, Derose SF, Liang LJ, Gabayan GZ, Hoffman JR, Moore AA et al.
Predictors of 30-day serious events in older patients with syncope. Ann Emerg
Med. 2009;54(6):769-78.e1-5.
45. Del Rosso A, Ungar A, Maggi R, Giada F, Petix NR, De Santo T et al. Clinical
predictors of cardiac syncope at initial evaluation in patients referred urgently to
a general hospital: the EGSYS score. Heart. 2008;94(12):1620-6.
46. Reed MJ, Newby DE, Coull AJ, Jacques KG, Prescott RJ, Gray AJ. The Risk
stratification Of Syncope in the Emergency department (ROSE) pilot study: a
comparison of existing syncope guidelines. Emerg Med J. 2007;24(4):270-5.
47. Reed MJ, Newby DE, Coull AJ, Prescott RJ, Jacques KG, Gray AJ. The
ROSE (risk stratification of syncope in the emergency department) study. J Am
Coll Cardiol. 2010;55(8):713-21.
48. Fischer LM, Dutra JP, Mantovani A, de Lima GG, Leiria TL. Predictors of
hospitalization in patients with syncope assisted in specialized cardiology
hospital. Arq Bras Cardiol. 2013;101(6):480-6.
49. Leifer A. Clinical judgment, clinical decision rules, and evidence-based
medicine: thoughts on "an observation of failure to validate the San Francisco
Syncope Rule". Ann Emerg Med. 53. United States 2009:164.
50. Numeroso F, Mossini G, Montali F, Lippi G, Cervellin G. Prognostic value of
the OESIL risk score in a cohort of Emergency Department patients with syncope.
Minerva Med. 2013;104(4):413-9.
51. Plasek J, Doupal V, Furstova J, Martinek A. The EGSYS and OESIL risk
scores for classification of cardiac etiology of syncope: comparison, revaluation,
and clinical implications. Biomed Pap Med Fac Univ Palacky Olomouc Czech
Repub. 2010;154(2):169-73.
52. Reed MJ, Henderson SS, Newby DE, Gray AJ. One-year prognosis after
syncope and the failure of the ROSE decision instrument to predict one-year
adverse events. Ann Emerg Med. 2011;58(3):250-6.
53. Schladenhaufen R, Feilinger S, Pollack M, Benenson R, Kusmiesz AL.
Application of San Francisco Syncope Rule in elderly ED patients. Am J Emerg
Med. 2008;26(7):773-8.
26
54. Serrano LA, Hess EP, Bellolio MF, Murad MH, Montori VM, Erwin PJ et al.
Accuracy and quality of clinical decision rules for syncope in the emergency
department: a systematic review and meta-analysis. Ann Emerg Med.
2010;56(4):362-73.e1.
55. Ungar A, Del Rosso A, Giada F, Bartoletti A, Furlan R, Quartieri F et al. Early
and late outcome of treated patients referred for syncope to emergency
department: the EGSYS 2 follow-up study. Eur Heart J. 2010;31(16):2021-6.
56. Mendu ML, McAvay G, Lampert R, Stoehr J, Tinetti ME. Yield of diagnostic
tests in evaluating syncopal episodes in older patients. Arch Intern Med.
2009;169(14):1299-305.
57. IBGE. Recuperado em 7 fevereiro de 2014, de
http://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/.
27
ARTIGO
28
Artigo em Português
Artigo Original – Europace
Avaliação evolutiva dos pacientes com síncope atendidos em hospital de
referência de cardiologia – Desenvolvimento de um escore para
estratificação de risco
Evaluation of the progression of patients with syncope admitted to a
cardiology reference hospital – Elaboration of a risk stratification score
Autores: Daniel Garcia Gomes MD, Tiago Luiz Luz Leiria MD PhD
Post-Graduate Program in Health Sciences – Instituto de Cardiologia do
Rio Grande do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia
Address for correspondence:
Unidade de Pesquisa / Tiago L. L. Leiria
Av. Princesa Isabel, 370 Santana Porto Alegre, RS 90620-001
29
Fundamento: A avaliação de síncope na emergência é um desafio clínico.
Existem escores validados para auxiliar na tomada de decisão nessa situação.
Contudo, poucos são voltados a uma população com prevalência aumentada de
cardiopatia estabelecida.
Objetivos: validação de escore preditor de eventos adversos graves em
pacientes atendidos por síncope em hospital especializado em cardiologia.
Métodos: Estudo prospectivo com 393 pacientes diagnosticados com síncope
na Emergência do Instituto de Cardiologia/RS, atendidos no período
compreendido entre 2012 e 2013. Desfecho adverso grave foi composto por
óbito de qualquer etiologia, necessidade de procedimento cardiovascular
terapêutico ou diagnóstico invasivo e qualquer re-hospitalização. Foi comparada
a acurácia de nosso escore com os já existentes na literatura.
Resultados: 393 pacientes foram incluídos, destes 191 com diagnóstico de
síncope secundária a cardiopatia e 202 pacientes com quadro de etiologia não
cardíaca. Os preditores de desfecho foram presença de doença cardíaca prévia
(HR: 4,0 IC 95%:2,45-6,56), ECG alterado (HR: 3,6 IC 95%:1,95-5,28) e sincope
prévia (HR: 1,8 IC 95%:1,05-3,18). A estatística C foi de 0,77 (IC 95%:0,72-0,82)
sendo o resultado igual aos escores OESIL, Boston e Egsys; melhor que o de
San Francisco. Pacientes com escore IC-FUC ≥ 3 tinham uma +HR 3,35 (IC 95%
; 1,96-5.73) para os desfechos.
Conclusões: Fatores como doença cardiovascular conhecida, história sincopal
prévia e eletrocardiograma alterado são preditores de evento adverso grave em
emergência cardiológica. Nosso escore mostrou-se inicialmente igual à maioria
dos escores presentes na literatura.
30
INTRODUÇÃO
A síncope representa um sério evento clínico. Sua prevalência se
eleva com o envelhecimento da população de 6,2 episódios a cada mil
pessoas/ano na faixa etária dos 45-65 anos, para 11 episódios a cada mil
pessoas/ano aos 70-79 anos, e para 19 episódios por mil pessoas/ano quando
acima dos 80 anos(1-3). Ela é responsável por cerca de 6% das admissões
hospitalares e 3% das visitas aos setores de emergência hospitalares(4-7).
Nas emergências hospitalares o diagnóstico preciso entre um
quadro vasovagal e de origem cardíaca é um verdadeiro desafio. Esse pode ser
muitas vezes falho quando se utiliza apenas o julgamento clínico, o que eleva a
chance de erro na tomada de decisão(8).
Existem diversas propostas de escores para estratificação dos
pacientes que se apresentavam com síncope nas emergências dos hospitais
gerais, todas baseando-se na avaliação dos aspectos clínicos e laboratoriais dos
pacientes, acompanhando-os por curto ou longo prazo para que pudessem
identificar os fatores de risco relacionados com algum desfecho clínico grave(9).
Muitos desses escores não apresentam validação externa adequada e todos
foram criados em emergências de hospitais gerais(10-12). Em hospitais
cardiológicos a prevalência de doença cardiovascular é mais elevada e não se
conhece a acurácia desses escores assim como os preditores de risco
relacionados a um pior desfecho clínico nessa população. Em 2013, Fisher e
colaboradores realizaram um estudo transversal no Instituto de Cardiologia do
Estado do Rio Grande do Sul, englobando pacientes com diagnóstico de síncope
atendidos no setor de emergência por cardiologistas, identificando cinco
preditores relacionados com as indicações de internação hospitalar (síncope
prévia, presença de doença cardíaca, acidente vascular encefálico prévio,
31
eletrocardiograma alterado e tipo de plano de saúde) (13). Com base nesses
fatores, determinaram-se os com maior razão de chances para criação de um
escore próprio para hospital cardiológico.
Este estudo tem como objetivo de testar um novo escore de
estratificação a partir da identificação dos preditores de risco relacionados a
evento adverso grave em pacientes atendidos por síncope comparando-o com
os escores já validados na literatura(14-18).
MÉTODOS
Trata-se de um estudo de coorte prospectivo, observacional realizado em
Hospital de referência cardiológica na cidade de Porto Alegre, Brasil com
pacientes que foram atendidos na emergência do Instituto de Cardiologia de
Porto Alegre e receberam diagnóstico de síncope (CID/R55).
Critérios de inclusão
Foram incluídos no estudo todos os pacientes atendidos no período
compreendido entre 1º de janeiro de 2012 até 1º de janeiro de 2013 que
receberam diagnóstico de síncope (CID/R55). Todo atendimento foi
documentado em prontuário eletrônico pelo médico cardiologista de plantão no
momento do atendimento. Registrados a história clínica e o exame físico
completo, eletrocardiograma, exames laboratoriais e o diagnóstico e a conduta
clínica tomada pelo especialista.
32
Critérios de exclusão
Foram excluídos todos os pacientes com menos de 18 anos, pacientes
com diagnóstico equivocado de síncope, pacientes encaminhados com
diagnóstico de sincope há mais de 48 h, descrição de estado pós-ictal e crise
convulsiva, pacientes sob efeito de drogas ilícitas ou álcool, pacientes com
diagnóstico de acidente vascular cerebral e hipoglicemia.
Definição dos fatores de risco utilizados para investigação de associação
com o desfecho
História de doença cardíaca
Foram considerados pacientes com doença cardíaca aqueles com
diagnóstico prévio de doença arterial coronariana, disfunção valvar, doença
estrutural miocárdica primária e portadores de insuficiência cardíaca.
Eletrocardiograma
O eletrocardiograma foi avaliado pelo especialista e considerado alterado
nos casos de alteração de ritmo (fibrilação atrial ou flutter atrial, taquicardia
supraventricular, taquicardia ventricular sustentada ou não sustentada, extras
sístoles supraventriculares ou ventriculares frequentes ou repetitivas, ritmo de
marca-passo), distúrbios de condução atrioventricular e intraventricular (bloqueio
atrioventricular completo, bloqueio de segundo grau mobitz I ou mobitz II,
bloqueio de primeiro grau e bloqueios de condução de ramo), zona inativa,
33
hipertrofia ventricular direita e esquerda, desvio grave do eixo elétrico e
alterações de repolarização consistentes com doença isquêmica miocárdica.
Desfecho primário
Ocorrência de eventos adversos graves no período de 12 meses
seguintes, composto por óbito por qualquer etiologia, implante de marca-passo
ou desfibrilador, cirurgia cardíaca e re-hospitalização por qualquer causa.
Desfecho secundário
Ocorrência de óbito por qualquer causa e visita hospitalar não
programada no período seguinte de 12 meses.
Escore IC-FUC
O escore foi construído com base em estudo prévio realizado em nossa
Instituição, no qual selecionamos três fatores na história clínica que estavam
mais fortemente associados à internação hospitalar quando presentes no
atendimento inicial dos pacientes com síncope na emergência.
Aventou-se a hipótese de que esses mesmos fatores poderiam estar
relacionados à ocorrência do desfecho primário e secundário definido neste
estudo. Conforme a razão de chances na análise multivariada, o escore foi
composto por: presença de síncope prévia (2 pontos), eletrocardiograma
alterado (3 pontos) e presença de doença cardíaca prévia (4 pontos), descrito na
Tabela I.Realizou-se também uma avaliação da eficiência dos diversos escores
de estratificação de risco já validados na literatura ajustados para os desfechos
deste estudo e comparou-se com o desenvolvido pelos autores.
34
Acompanhamento clínico
Realizada revisão das informações obtidas nos prontuários eletrônicos
quanto às características clínicas, exames laboratoriais, procedimentos,
atendimentos ambulatoriais e novos atendimentos na emergência. Realizado
contato telefônico em dois momentos: o primeiro aos 6 meses e no mínimo 12
meses após o atendimento inicial para obter informações sobre a ocorrência dos
desfechos clínicos neste período fora do hospital.
O presente estudo foi realizado conforme o Strobe statement(19).
35
Análise Estatística
As variáveis contínuas foram expressas em média ± desvio-padrão. As
variáveis categóricas foram expressas como número absoluto e percentual.
Análise univariada dos preditores para evento adverso grave (pós-atendimento
na emergência foram realizadas através da aplicação do teste χ2 e do Teste T,
conforme apropriado. A avaliação dos preditores independentes para o desfecho
primário foi realizada a partir da Regressão Logística Multivariada.
O banco de dados foi elaborado no programa Microsoft Office Excel 2010
para Windows e posteriormente transferido para o programa IBM SPSS
Statistics, versão 22.0.0 (Armonk, NY: IBM Corp). A análise dos dados por
regressão logística, utilizando um modelo no qual as variáveis foram inclusas
pelo método de Backward (probabilidade), o critério de entrada foi um valor de p
de 0,005 e um valor de remoção de 0,20 na análise de regressão.
Os escores existentes (Boston, Oesil, San Francisco e Egysis) foram
avaliados quanto à capacidade discriminativa nos pacientes atendidos na
emergência e comparados pela mensuração das áreas abaixo da curva ROC e
pelo teste estatístico C.
O estudo foi cadastrado na unidade de pesquisa do Instituto de
Cardiologia, Fundação Universitária de Cardiologia do Rio Grande do Sul, tendo
sido aprovado para realização pelo comitê de ética em pesquisa de nossa
Instituição, consoante a declaração de Helsinque.
36
RESULTADOS
No total foram recrutados 583 pacientes, sendo excluídos 149 pelos
critérios de exclusão e 41 pacientes por não conseguirem o seguimento
completo. Apenas 393 pacientes chegaram até o final do estudo. Os pacientes
foram acompanhados por uma média de 8,37 (± 5,35) meses após o diagnóstico
(Figura 1).
As características clínicas dos 393 pacientes acompanhados no estudo
estão descritas na Tabela II. A mortalidade no período foi de 25 (6,3%) pacientes.
Quanto à causa do óbito, 10 casos foram considerados de origem cardíaca, 5 de
origem não cardíaca e 10 de etiologia indefinida. Durante o acompanhamento
ocorreu o desfecho primário em 216 pacientes e o desfecho secundário em 202,
sendo que cerca de 45% de ambos os desfechos ocorreram nos primeiros dois
meses após o atendimento índice. No total foram realizados implantes de MPD
e/ou CDI em 58 pacientes, procedimentos cirúrgicos ocorreram em 45 pacientes
e 154 re-hospitalizações. Quanto à etiologia da síncope, cerca de 202 pacientes
receberam diagnóstico de causa não cardíaca no seu primeiro atendimento e o
restante classificado como de origem cardíaca, e destes 46 pacientes
apresentavam cardiopatia prévia e 29 evoluíram com desfecho primário.
Na Tabela III estão descritos os preditores na análise univariada para o
desfecho primário: idade > 65 anos (razão de chances, 1,59: intervalo de
confiança de 95%, 1,27-1,99; p < 0,001), doença cardíaca prévia na história
(razão de chances, 2,88: intervalo de confiança de 95%, 2,10-3,95; p < 0,001),
ECG alterado (razão de chances, 2,00: intervalo de confiança de 95%, 1,08-3,70;
p < 0,001), síncope sem pródromos (razão de chances, 1,33: intervalo de
confiança de 95%, 1,12-1,59; p: 0,002), sincope prévia (razão de chances, 1,33;
intervalo de confiança de 95%, 0,99-1,79; p: 0,005), hipertensão (razão de
37
chances, 2,70: intervalo de confiança de 95%, 1,86-3,92; p < 0,001), insuficiência
cardíaca (razão de chances, 2,00: intervalo de confiança de 95%, 1,08-3,70; p:
0,014), Fração de ejeção < 55% (razão de chances, 3,68: intervalo de confiança
de 95%, 1,73-7,82; p < 0,001), doença coronariana (razão de chances, 2,70:
intervalo de confiança de 95%, 1,86-3,92; p < 0,001. Na análise multivariada os
seguintes fatores de risco foram considerados significantes preditores
independentes para o desfecho primário (Tab. III): doença cardíaca prévia na
história (razão de chances, 4,01: intervalo de confiança de 95%, 2,45-6,56; p <
0,001), ECG alterado (razão de chances, 3,60: intervalo de confiança de 95%,
1,95-5,28; p < 0,001), síncope prévia (razão de chances, 1,80; intervalo de
confiança de 95%, 1,05-3,18; p: 0,034).
Os pacientes receberam pontuações conforme o número de fatores de
risco presentes e a soma dos pontos foi computada, categorizando os pacientes
da coorte quanto ao risco para evento adverso grave (Fig. 2).
A área na curva ROC do nosso escore (IC-FUC) foi de 0,77 (intervalo de
confiança, 0.728-0.822). A comparação das múltiplas curvas ROCs demonstrou
diferença entre o escore de IC-FUC comparativamente ao de San Francisco
(diferença entre as áreas: 0,078, intervalo de confiança de 95%, 0,035-0,121; p
< 0,001; Tabela V e Figura 3).
Pacientes que obtiveram 3 ou mais pontos no escore apresentaram uma
chance pelo menos três vezes maior para ocorrência tanto do desfecho primário
como secundário. Tabelas VI e VII demonstram o cálculo da razão de chances
para o desfecho primário e secundário, segundo a categoria de risco pontuada
pelo escore.
38
DISCUSSÃO
Nosso estudo avaliou pacientes com diagnóstico de síncope atendidos no
setor de emergência em um hospital de referência cardiológica. A população
estudada foi atendida exclusivamente por especialistas na área e revelou que a
média de idade estava acima dos 60 anos, com igual distribuição entre os sexos
e, como esperado, apresentava uma maior prevalência de patologias cardíacas
como hipertensão arterial, ECG alterado e cardiopatia prévia em relação aos
outros estudos de estratificação preexistentes (Tab. VIII). Esse fato elevou a
probabilidade de síncope de origem cardíaca que, consequentemente, se refletiu
neste estudo através do elevado número de pacientes com desfecho adverso
grave, cerca de 216 pacientes, reforçando os dados da literatura que indicam as
variáveis cardíacas como fortes preditores de risco cardiovascular(7,20). Outro
dado importante foi o fato que no grupo de paciente com cardiopatia prévia
apenas 46 (28,75%) pacientes receberam o diagnóstico de síncope não cardíaca
e, destes, 29 (63%) apresentaram algum desfecho adverso grave. Essa
informação não confirma o dado de que cerca de 50% das síncopes em
pacientes cardiopatas sejam de origem vasovagal e chama a atenção para
possíveis equívocos no diagnóstico e na aferição do risco nos pacientes
cardiopatas, abrindo discussão sobre a real incidência de síncope não cardíaca
nesta população de alto risco(21,22).
Devido à elevada prevalência de doenças cardíacas, era esperada uma
mortalidade maior nos pacientes com síncope, porém quando analisou-se
apenas a incidência de óbito por qualquer causa, viu-se que foi mais baixa neste
estudo, com cerca de 6,1% em relação a outros estudos com tempo de
seguimento equivalente ou superior (8,7%-11,5%)(14,15). Esse fato provavelmente
39
se deve à melhoria na terapêutica ao longo dos anos para o tratamento das
doenças cardiovasculares e possivelmente à melhor estratificação de risco
quando um especialista realiza o atendimento. Fica claro que a padronização no
atendimento e a avaliação por especialista é a melhor forma de minimizar os
erros na estratificação desses pacientes(13,23,24).
Outro aspecto importante foi o fato da idade e a ausência de pródromos
não terem sido importantes preditores do desfecho primário na análise
multivariada. Quanto a idade, o próprio envelhecimento da população eleva a
incidência dos episódios sincopais que não necessariamente apresentam
prognóstico reservado(1-3).
Quando realizamos a validação externa dos escores existentes ajustados
para nosso desfecho, constatamos menor acurácia diagnóstica quando
comparada às coortes originais. Dado já evidenciado em outros estudos em que
os escores também falharam em sua validação externa(10,12,25,26). Essa falha se
deve à heterogeneidade das populações investigadas, na interpretação do que
seria ECG alterado, nos desfechos propostos, na avaliação clínica feita por
clínico ou pesquisador/cardiologista e no tempo de acompanhamento, visto que
possivelmente são diferentes os fatores de risco a curto e a longo prazo (9,24,27).
Em relação aos nossos preditores, apenas três características clínicas na
análise multivariada mostraram-se independentes para o desfecho composto e
foram: a presença prévia de doença cardíaca, ECG alterado e a presença de
síncope prévia, que foram os mesmos para internação hospitalar encontrados
em nosso estudo prévio(13). Chama a atenção o fato de a presença de síncope
prévia ser um preditor para desfecho, pois leva a pensar que esses pacientes
estão tendo outros episódios sincopais e não estão sendo estratificados
40
adequadamente, logo procuram diversas vezes a emergência e não estão sendo
internados. Esses preditores foram utilizados para o desenvolvimento de um
escore mais simples e cada aspecto recebeu pontuação de acordo com sua
magnitude para o desfecho composto. Comparando a esta proposta de escore
com os existentes, constatou-se que o IC-FUC apresentou equivalência com os
escores de Oesil, Boston e Egysis, mas superioridade em relação ao escore de
San Francisco (Tab. V e Figura 3), utilizando um número menor de preditores e
de fácil realização, ressaltando a presença de alterações cardiovasculares como
principal marcador de gravidade e mostrando que, apesar de vários escores
utilizarem preditores semelhantes, seus desempenhos são abaixo do esperado
quando se fala em uma coorte com pacientes mais cardiopatas. Além disso,
foram aplicados todos os escores em nossa coorte, ajustados para o desfecho
composto de óbito por qualquer causa e re-hospitalização, variável relacionada
à qualidade de vida, retirando apenas a realização de procedimentos do
desfecho do presente estudo e constatadas poucas modificações no
desempenho deste escore como visto nas Tabelas V e VII, assim como
manutenção da equivalência entre todos os escores.
Neste nosso estudo fica evidente a dificuldade na estratificação adequada
dos pacientes com síncope atendidos na emergência. Os escores possuem boa
sensibilidade, mas uma baixa especificidade e muitos falharam na validação
externa, sinalizando a necessidade de adequação para cada cenário. A
dosagem laboratorial de pró-BNP pode ser um marcador a ser utilizado em
estudos adicionais, tendo em vista dados na literatura indicando ser um forte
preditor de desfecho cardiovascular(16).
41
Uma proposta interessante seria a associação entre a avaliação clínica,
interpretação eletrocardiográfica por especialista, a avaliação laboratorial dos
níveis de pró-BNP e estratificação com escore interativo para orientar a conduta
clínica no momento do atendimento(23,24).
Limitações
Este estudo foi realizado com uma amostragem de apenas um hospital de
referência cardiológica, o que possivelmente pode ter gerado um viés de seleção
visto a maior gravidade dos nossos pacientes. Além disso apresentamos uma
prevalência de sincope na emergência inferior aos valores descritos na literatura.
Esse fato provavelmente se deve a utilização do CID-10 final como critério de
inclusão dos pacientes no estudo e com isso possível subnotificação, Não foi
possível realizar a avaliação de um preditor de desfecho importante, já validado
em outros estudos, que seria a dosagem do pró-BNP em todos os pacientes.
Esse dado poderia refinar nosso escore e permitiria a comparação com o Rose
escore.
42
CONCLUSÃO
A avaliação dos pacientes com síncope na emergência realizada por
especialistas gerou um escore que apresenta uma sensibilidade de 77% para o
desfecho adverso grave. A chance de ocorrência do desfecho primário e
secundário foi no mínimo três vezes maior nos participantes com escore maior
ou igual a três. A presença de doença cardíaca prévia, eletrocardiograma
alterado e síncope prévia foram os fatores mais fortemente relacionados com
desfecho adverso grave nos 12 meses seguintes. Os escores de estratificação
apresentaram validação externa insatisfatória quando aplicados em nossa
população ajustados para nosso desfecho. Nossa proposta de escore (IC-FUC)
apresentou equivalência quando comparado com os escores já validados na
literatura, podendo ser utilizado na estratificação de pacientes no setor de
emergência.
43
Tabela I IC-FUC Síncope Escore
Doença cardíaca prévia 4 pontos
ECG alterado 3 pontos
Síncope prévia 2 pontos
ECG= Eletrocardiograma. Fonte: Elaboração própria.
44
Tabela II Características clínicas e demográficas dos pacientes da coorte
Pacientes que completaram o estudo (n= 393)
Idade (anos) 63,66±17,32
Sexo masculino 207 (52,7%)
Pressão sistólica < 90 mmhg 19 (4,8%)
Frequência cardíaca < 50 bpm 32 (8,1%)
Hematócrito < 30% e hg < 9,0 12 (3,1%)
Dispneia e Sat < 94% 11 (2,8%)
HAS 268 (68,2%)
Diabetes Mellitus 59 (15,0%)
Doença cardíaca prévia 160 (40,7%)
DAC 117 (29,8%)
Valvulopatia 42 (10,7%)
ICC clínica 34 (8,7%)
Fração de ejeção (%) < 55% 45 (11,5%)
Doença neurológica prévia 25 (6,4%)
AVE prévio 19 (4,8%)
ECG alterado 241 (61,3%)
BRE 47 (12%)
BRD 43 (10,9%)
BAV 43 (10,9%)
ACFA e Flutter 38 (9,6%)
Alteração na repolarização ventricular 100 (25,5%)
Zona inativa (onda Q) 45 (11,5%)
Marca-passo e desfibrilador 27 (6,9%)
Precordialgia pré-síncope 31 (7,9%)
45
Síncope sem pródromos 168 (42,7%)
Fatores precipitantes 58 (14,8%)
Trauma na síncope 55 (14,0%)
Síncope prévia 92 (23,4%)
DPOC 5 (1,3%)
Tabagismo 80 (20,4%)
Hg= hemoglobina; Sat= saturação de oxigênio; HAS= hipertensão arterial; DAC= doença arterial coronariana; DPOC= doença pulmonar obstrutiva crônica; ECG= eletrocardiograma; BRE= bloqueio do ramo esquerdo; BRD= bloqueio do ramo direito; BAV= bloqueio atrioventricular; ACFA= fibrilação atrial; e AVC= acidente vascular cerebral. Fonte: Elaboração própria.
46
Tabela III Análise univariada das características clínicas entre os pacientes que apresentaram desfecho adverso e os que não apresentaram desfecho durante o estudo
Pacientes sem
desfecho em 12
meses
(n=177)
Pacientes
com desfecho
em 12 meses
(n=216)
P
Idade > 65 anos 74 (35,2%) 136 (64,8%) < 0,001
Sexo masculino 89 (50,3%) 118 (54,6%) 0,44
Sexo feminino 88 (49,7%) 98 (45,4%) 0,44
Pressão sistólica <90 mmhg 9 (5,1%) 11 (5,1%) 1,00
Frequência cardíaca < 50 bpm 10 (5,6%) 22 (10,2%) 0,14
Hematócrito < 30% e hg < 9,0 4 (2,3%) 8 (3,7%) 0,59
Dispneia e Sat < 94% 1 (0,6%) 10 (4,6%) 0,034
HAS 85 (48%) 183 (84,7%) < 0,001
Doença cardíaca prévia 34 (19,2%) 126 (58,3%) < 0,001
DAC 24 (13,6%) 93 (43,1%) < 0,001
Valvulopatia 6 (3,4%) 36 (16,7%) < 0.001
ICC clínica 8 (4,5%) 26 (12%) 0,014
Fração de ejeção (%) < 55% 6(3,4%) 39 (18,1%) < 0,001
Doença neurológica prévia 10 (5,6%) 15 (6,9%) 0,75
AVE prévio 6 (3,4%) 13 (6,0%) 0,33
ECG alterado 72 (40,7%) 169 (78,2%) < 0,001
BRE 7 (4%) 40 (18,5%) < 0,001
BRD 13 (7,3%) 30 (13,9%) 0,057
BAV 8 (4,5%) 35 (16,2%) < 0,001
ACFA e Flutter 15 (8,5%) 23 (10,6%) 0,58
47
Alteração na repolarização
ventricular 23 (13%) 77 (35,6%) < 0,001
Zona inativa (onda Q) 12 (6,8%) 33 (15,3%) 0,013
Marca-passo e desfibrilador 3 (1,7%) 24 (11,1%) 0,001
Precordialgia pré-síncope 12 (6,8%) 19 (8,8%) 0,58
Sincope sem pródromos 60 (33,9%) 108 (50%) 0,002
Trauma 22 (12,4%) 33 (15,3%) 0,50
Síncope prévia 33 (18,6%) 59 (27,3%) 0,057
DPOC 1 (0,6%) 4 (1,9%) 0,49
Tabagismo 33 (18,6%) 47 (21,8%) 0,52
Hg= hemoglobina; Sat= saturação de oxigênio; HAS= hipertensão arterial; DAC= doença arterial coronariana; DPOC= doença pulmonar obstrutiva crônica; ECG= eletrocardiograma; BRE= bloqueio do ramo esquerdo; BRD= bloqueio do ramo direito; BAV= bloqueio atrioventricular; ACFA= fibrilação atrial; e AVC= acidente vascular cerebral. Fonte: Elaboração própria.
48
Tabela IV: Análise multivariada dos fatores de risco em nossa coorte
95% IC para OR
Variável Odds Ratio (OR) P Inferior Superior
Síncope prévia 1,8 0,034 1,05 3,18
Doença cardíaca 4,0 <0,001 2,45 6,56
ECG alterado 3,6 <0,001 1,95 5,28
IC= intervalo de confiança; OR= razão de chances; ECG= eletrocardiograma; Regressão logística utilizando as seguintes variáveis: ECG alterado, doença cardíaca, síncope prévia. Fonte: Elaboração própria.
49
Tabela V: Análise comparativa das áreas na curva ROC dos escores
95% IC para OR
Escores Área P Inferior Superior
IC-FUC 0,775 < 0,001 0,728 0,822
San Francisco 0,696 < 0,001 0,644 0,749
Oesil 0,756 < 0,001 0,708 0,805
Egsys 0,705 < 0,001 0,652 0,758
Boston 0,752 < 0,001 0,703 0,801
IC= intervalo de confiança. Comparação entre as ROCs: IC-FUC x San Francisco diferença entre as áreas: 0,078, intervalo de confiança de 95%, 0,035-0,121; p < 0,001; IC-FUC x Oesil diferença entre as áreas: 0,018, intervalo de confiança de 95%, -0,019-0,055; p= 0,392; IC-FUC x Egsys diferença entre as áreas: 0,027, intervalo de confiança de 95%, -0,003-0,056; p= 0,07; IC-FUC x Boston, diferença entre as áreas: 0,022 intervalo de confiança de 95%, -0,010-0,055; p=0,175. Fonte: Elaboração própria.
50
Tabela VI Razão de Chances dos pacientes estratificados pelo escore IC-FUC tendo como desfecho combinado de óbito, visita não programada ao hospital e procedimento cardiovascular no período de acompanhamento.
Escore
IC-FUC
Total de
pacientes
Número de
eventos HR IC 95% P
0 97 19 - - -
2 26 8 1,59 0,69-3,64 NS
3 84 45 3,35 1,96-5,73 < 0,001
4 19 12 3,49 1,69-7,20 < 0,001
5 26 18 5,40 2,83-10,30 < 0,001
6 10 8 5,62 2,46-12,84 0,001
7 101 81 6,60 4,00-10,90 < 0,001
9 30 25 6,1234 3,37-11,13 < 0,001
Fonte: Elaboração própria.
51
Tabela VII Razão de Chances dos pacientes estratificados pelo escore IC-FUC tendo como desfecho óbito e visita não programada ao hospital no período de acompanhamento.
Escore
IC-FUC
Total de
pacientes
Número de
eventos HR IC 95% P
0 97 18 - - -
2 26 6 1,23 0,50-3,18 NS
3 84 43 3,41 1,96-5,92 < 0,001
4 19 11 3,39 1,60-7,19 0,001
5 26 16 5,19 2,64-10,20 < 0,001
6 10 8 6,03 2,62-13,89 < 0,001
7 101 76 6,74 4,02-11,28 < 0,001
9 30 24 6,34 3,44-11,69 < 0,001
Fonte: Elaboração própria.
52
Tabela VIII Comparação das características clínicas e demográficas relevantes dos pacientes nos escores em suas coortes de validação
IC-FUC
(n=393)
OESIL
(n=270)
San Francisco
(n= 684)
Boston
(n=293)
Egysis
(n=260)
Idade (anos) 63,66±17,32 59,5±24,3 62,1±23 57,8±24,2 63±21
HAS 268 (68,2%) 92 (34%) 206 (30%) ------
Doença
cardíaca
prévia
160 (40,7%) 79
(29,2%) 215 (31,4%) 102 (35%) 77 (30%)
ECG
alterado
241 (61,3%)
82
(30,3%)
297 (43%)
50 (17%)
111
(43%)
Síncope
sem
pródromos
168 (42,7%)
94
(34,8%)
425 (62%)
------
102
(39%)
Síncope
prévia 92 (23,4%)
87
(32,2%) 123 (18%) 35 (12%) -----
ECG= eletrocardiograma; HAS= hipertensão arterial sistêmica. Fonte: Elaboração própria.
53
Fonte: Elaboração própria
Figura 1:
Organograma do desenho do estudo
Pacientes recrutados (n:583)
Pacientes
inclusos (n:434)
Pacientes com seguimento de 12
meses (n:393)
Desfecho adverso grave
(n:216)
Sem desfecho (n:177)
Perda de seguimento (n:41)
Exclusão dos pacientes conforme nossos critérios de exclusão (n:149)
54
1
Fonte: Elaboração própria.
Figura 2:
Taxa de desfechos adversos graves em 12 meses de acordo com
escore IC-FUC – P < 0,001.
55
Fonte: Elaboração própria.
Figura 3:
Curva ROC mostrando a equivalência dos escores
para avaliar eventos adversos
56
REFERÊNCIA
1. Kapoor WN, Karpf M, Wieand S, Peterson JR, Levey GS. A prospective
evaluation and follow-up of patients with syncope. N Engl J Med.
1983;309(4):197-204.
2. Savage DD, Corwin L, McGee DL, Kannel WB, Wolf PA. Epidemiologic
features of isolated syncope: the Framingham Study. Stroke. 1985;16(4):626-9.
3. Soteriades ES, Evans JC, Larson MG, Chen MH, Chen L, Benjamin EJ et al.
Incidence and prognosis of syncope. N Engl J Med. 2002;347(12):878-85.
4. Ammirati F, Colivicchi F, Minardi G, De Lio L, Terranova A, Scaffidi G et al.
The management of syncope in the hospital: the OESIL Study (Osservatorio
Epidemiologico della Sincope nel Lazio). G Ital Cardiol. 1999;29(5):533-9.
5. Blanc JJ, L'Her C, Touiza A, Garo B, L'Her E, Mansourati J. Prospective
evaluation and outcome of patients admitted for syncope over a 1 year period.
Eur Heart J. 2002;23(10):815-20.
6. Day SC, Cook EF, Funkenstein H, Goldman L. Evaluation and outcome of
emergency room patients with transient loss of consciousness. Am J Med.
1982;73(1):15-23.
7. Eagle KA, Black HR, Cook EF, Goldman L. Evaluation of prognostic
classifications for patients with syncope. Am J Med. 1985;79(4):455-60.
8. Quinn JV, Stiell IG, McDermott DA, Kohn MA, Wells GA. The San Francisco
Syncope Rule vs physician judgment and decision making. Am J Emerg Med.
2005;23(6):782-6.
9. Costantino G, Perego F, Dipaola F, Borella M, Galli A, Cantoni G et al. Short
and long-term prognosis of syncope, risk factors, and role of hospital admission:
results from the STePS (Short-Term Prognosis of Syncope) study. J Am Coll
Cardiol. 2008;51(3):276-83.
10. Leifer A. Clinical judgment, clinical decision rules, and evidence-based
medicine: thoughts on "an observation of failure to validate the San Francisco
Syncope Rule". Ann Emerg Med. 53. United States2009. p. 164.
57
11. Plasek J, Doupal V, Furstova J, Martinek A. The EGSYS and OESIL risk
scores for classification of cardiac etiology of syncope: comparison, revaluation,
and clinical implications. Biomed Pap Med Fac Univ Palacky Olomouc Czech
Repub. 2010;154(2):169-73.
12. Sun BC, Mangione CM, Merchant G, Weiss T, Shlamovitz GZ, Zargaraff G et
al. External validation of the San Francisco Syncope Rule. Ann Emerg Med.
2007;49(4):420-7, 7.e1-4.
13. Fischer LM, Dutra JP, Mantovani A, de Lima GG, Leiria TL. Predictors of
hospitalization in patients with syncope assisted in specialized cardiology
hospital. Arq Bras Cardiol. 2013;101(6):480-6.
14. Colivicchi F, Ammirati F, Melina D, Guido V, Imperoli G, Santini M et al.
Development and prospective validation of a risk stratification system for patients
with syncope in the emergency department: the OESIL risk score. Eur Heart J.
2003;24(9):811-9.
15. Del Rosso A, Ungar A, Maggi R, Giada F, Petix NR, De Santo T et al. Clinical
predictors of cardiac syncope at initial evaluation in patients referred urgently to
a general hospital: the EGSYS score. Heart. 2008;94(12):1620-6.
16. Reed MJ, Newby DE, Coull AJ, Prescott RJ, Jacques KG, Gray AJ. The
ROSE (risk stratification of syncope in the emergency department) study. J Am
Coll Cardiol. 2010;55(8):713-21.
17. Quinn JV, Stiell IG, McDermott DA, Sellers KL, Kohn MA, Wells GA.
Derivation of the San Francisco Syncope Rule to predict patients with short-term
serious outcomes. Ann Emerg Med. 2004;43(2):224-32.
18. Grossman SA, Fischer C, Lipsitz LA, Mottley L, Sands K, Thompson S et al.
Predicting adverse outcomes in syncope. J Emerg Med. 2007;33(3):233-9.
19. Von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC. The
Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology
(STROBE)statement: guidelines for reporting observational studies. Lancet. 2007
Oct 20;370(9596):1453-7.
20. Martin TP, Hanusa BH, Kapoor WN. Risk stratification of patients with
syncope. Ann Emerg Med. 1997;29(4):459-66.
58
21. Alboni P, Brignole M, Menozzi C, Raviele A, Del Rosso A, Dinelli M et al.
Diagnostic value of history in patients with syncope with or without heart disease.
J Am Coll Cardiol. 2001;37(7):1921-8.
22. Kapoor WN, Hanusa BH. Is syncope a risk factor for poor outcomes?
Comparison of patients with and without syncope. Am J Med. 1996;100(6):646-
55.
23. Brignole M, Disertori M, Menozzi C, Raviele A, Alboni P, Pitzalis MV et al.
Management of syncope referred urgently to general hospitals with and without
syncope units. Europace. 2003;5(3):293-8.
24. Brignole M, Hamdan MH. New concepts in the assessment of syncope. J Am
Coll Cardiol. 2012;59(18):1583-91.
25. Costantino G, Casazza G, Reed M, Bossi I, Sun B, Del Rosso A et al.
Syncope risk stratification tools vs clinical judgment: an individual patient data
meta-analysis. Am J Med. 2014;127(11):1126.e13-25.
26. Reed MJ, Henderson SS, Newby DE, Gray AJ. One-year prognosis after
syncope and the failure of the ROSE decision instrument to predict one-year
adverse events. Ann Emerg Med. 2011;58(3):250-6.
27. Ungar A, Del Rosso A, Giada F, Bartoletti A, Furlan R, Quartieri F, et al. Early
and late outcome of treated patients referred for syncope to emergency
department: the EGSYS 2 follow-up study. Eur Heart J. 2010;31(16):2021-6.
59
ARTICLE
60
Article in English
Original Article – Europace
Evaluation of the progression of patients with syncope admitted to a
cardiology reference hospital – Elaboration of a risk stratification score
Authors: Daniel Garcia Gomes MD, Tiago Luiz Luz Leiria MD PhD
Post-Graduate Program in Health Sciences – Cardiology Institute of Rio Grande
do Sul/Cardiology University Foundation, Porto Alegre 90620-000
Address for correspondence:
Unidade de Pesquisa / Tiago L. L. Leiria
Av. Princesa Isabel, 370 Santana Porto Alegre, RS 90620-001
61
ABSTRACT
Aims: We performed a prospective study to validate a score to predict the
occurrence of severe adverse events in patients admitted for syncope to a tertiary
cardiology referral center.
Methods: 393 subjects diagnosed with syncope at the emergency department of
Cardiology Institute/RS from 2012 to 2013. Severe adverse outcome was defined
as death by any cause, need for therapeutic or invasive diagnostic cardiovascular
procedures or any readmission to the hospital. The accuracy of our score was
compared to other scores available in the literature.
Results: Of the 393 subjects, 191 were diagnosed with heart-related syncope
and 202 with non-cardiac syncope. The outcome predictors were previous heart
disease (hazard ratio (HR): 4.0; 95% confidence interval (CI): 2.45-6.56),
abnormal electrocardiogram (ECG) (HR: 3.6; 95% CI: 1.95-5.28) and previous
syncope (HR: 1.8; 95% CI: 1.05-3.18). The c-statistic was 0.77 (95% CI: 0.72-
0.82), similar to the value of the Osservatorio Epidemiologico sulla Sincope nel
Lazio (OESIL), the Boston Syncope Criteria and the Evaluation of Guidelines in
Syncope Study (EGSYS) and better than the San Francisco Syncope Rule.
Patients with scores > 3 exhibited a positive hazard ratio (HR+ of 3,35; 95%
confidence interval (CI): 1,96-5.73) relative to the investigated outcomes.
Conclusions: Known cardiovascular disease, previous history of syncope and
abnormal ECG are predictors of severe adverse events in the cardiology
emergency setting. Our score seems to be equivalent to most of the scores
available in the literature.
Keywords: Syncope, emergency department, risk stratification, scores.
62
WHAT’S NEW?
We must emphasize the simplicity of your scoring system based on the clinical
history of syncope, previous cardiovascular disease and ECG abnormalities on
its ability to identify patients at a higher risk for adverse cardiac outcome.
The C-statistic of our score was equal or better than the C-statistic of previous
published scores for syncope.
63
INTRODUCTION
Syncope is a serious clinical event. The prevalence of syncope increases
with age, from 6.2 episodes per 1,000 people/year in the age range 45-65 years
old to 11 episodes per 1,000 people/year among 70-79-year-olds and 19
episodes per 1,000 people/year among individuals above 80 years old.1-3
Syncope accounts for 6% of hospital admissions and 3% of visits to hospital
emergency departments.4-7
Within the hospital emergency setting, precise differentiation between
vasovagal and cardiovascular syncope poses a true challenge. Diagnosis is often
flawed when it is based on clinical judgment alone, thus increasing the odds of
errors in decision-making.8
Several scores are suggested to stratify the patients presenting with
syncope at the emergency department of general hospitals, all of which are based
on the assessment of clinical and laboratory features, with the patients followed-
up over short or long periods of time to identify risk factors associated with severe
clinical outcomes.9 The external validity of many such scores is not adequate,
and all of them were elaborated at the emergency department of general
hospitals.10-12 The prevalence of cardiovascular diseases is higher in cardiology
hospitals; nevertheless, neither the accuracy of the aforementioned scores nor
the predictors of poorer clinical outcomes in that particular setting are known. In
2013, Fisher and colleagues performed a cross-sectional study at the Cardiology
Institute of the State of Rio Grande do Sul (Instituto de Cardiologia do Rio Grande
do Sul/Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC)) involving patients with
syncope assisted at the emergency department by cardiologists and identified
five predictors of hospital admission (previous syncope, chest pain, previous
64
stroke, abnormal electrocardiogram (ECG) and type of health insurance).13
Among those factors, the ones with the highest odds ratio were selected for the
elaboration of a score to be used at cardiology hospitals.
The present study aimed to test a new score of risk stratification based on
the identification of predictors of severe adverse events in patients treated for
syncope and to compare it to validated scores available in the literature.14-18
METHODS
The present prospective, observational cohort study was conducted at a
cardiology reference hospital in Porto Alegre, Brazil, with patients diagnosed with
syncope (Tenth Revision of the International Classification of Diseases - ICD-10
code R55) treated at the emergency department of Cardiology Institute of Porto
Alegre.
Inclusion criteria
All the patients admitted for and diagnosed with syncope (ICD-10 code
R55) from January 1, 2012 to January 1, 2013 were included in the study. The
full data were entered in electronic medical records by the on-call attending
cardiologist, including clinical history, physical examination, ECG results,
laboratory tests, diagnosis and clinical management.
Exclusion criteria
Individuals under 18 years old, cases of misdiagnosed syncope, referred
patients diagnosed with syncope more than 48 hours earlier, description of
65
postictal state and seizures, individuals under the influence of illegal drugs or
alcohol, stroke and hypoglycemia were excluded.
Definition of the risk factors potentially associated with outcome
History of heart disease
All participants with previous diagnosis or clinical evidence of heart failure,
previous clinical or laboratory diagnosis of any form of structural heart disease,
including ischemic heart disease, valvular dysfunction and primary myocardial
disease.
Electrocardiogram
ECGs were assessed by the specialist and the cases with rhythm
disorders (atrial fibrillation or flutter, supraventricular tachycardia, frequent or
repetitive premature supraventricular or ventricular complexes, sustained or non-
sustained ventricular tachycardia, paced rhythm), atrioventricular or
intraventricular conduction abnormalities (complete atrioventricular block, Mobitz
I or Mobitz II atrioventricular block, first-degree atrioventricular block and bundle
branch block), electrically inactive area, Left or right ventricular hypertrophy,
severe axis deviation and repolarization abnormalities compatible with
myocardial ischemic disease were rated abnormal.
Primary outcome
The primary outcome was the occurrence of severe adverse events during
12 months of follow-up, including death by any cause, pacemaker or defibrillator
implantation, heart surgery, and hospital readmission for any cause.
66
Secondary outcome
The secondary outcome was the occurrence of death by any cause or
unplanned hospital visits during the 12 months of follow-up.
IC-FUC score
The score was elaborated based on a previous study conducted at our
institution, in which we selected three factors included in medical records that,
when present upon the arrival of patients with syncope to the emergency
department, had the strongest association with the need of hospital admission.
We hypothesized that those same factors would be associated with the
occurrence of the primary and secondary outcomes of the present study. Based
on the odds ratio calculated in multivariate analysis, the score included history of
syncope (2 points), abnormal ECG (3 points) and history of heart disease (4
points), as described in Table 1. Additionally, the efficiencies of various validated
scores of risk stratification available in the literature were assessed, adjusted to
the outcomes established for the present study, and compared to the score
elaborated by us.
Clinical follow-up
The information extracted from the electronic medical records relating to
clinical characteristics, laboratory tests, procedures, outpatient visits and
readmissions to the emergency department was revised. The participants were
contacted by telephone at two time-points, 6 and 12 months after the first
admission to the emergency department, to investigate the occurrence of the
67
clinical outcomes outside the hospital. The study complied with the Strobe
statement.19
Statistical analysis
Continuous variables are expressed as the mean ± standard deviation.
Categorical variables are expressed as absolute numbers and percentages.
Univariate analysis of the predictors of serious adverse events (after admission
to the emergency department) was performed by the χ2 test or the t-test, as
needed. The independent predictors of the primary outcome were analyzed by
multivariate logistic regression.
The database was generated using Microsoft Office Excel 2010 software
for Windows and then exported to IBM SPSS Statistics software, version 22.0.0
(Armonk, NY: IBM Corp). Data were analyzed by logistic regression; the variables
were included in the model by the backward method (probability); the entry
criterion was a p-value of 0.005 and the removal value 0.20 in regression
analysis.
Available scores (Boston Syncope Criteria, OESIL, San Francisco
Syncope Rule and EGSYS) were assessed as to their discrimination ability
relative to patients admitted to the emergency department and compared based
on the area under the ROC curve by the c-statistic.
The study was registered at the research unit of the Cardiology Institute,
Cardiology University Foundation of Rio Grande do Sul and was approved by the
institutional research ethics committee in compliance with the Declaration of
Helsinki.
68
RESULTS
Of the 82,678 emergency visits made during the study period, 583
individuals received the ICD-10 diagnosis for syncope (0.7%). One hundred and
forty nine patients were excluded because they met the exclusion criteria. Of the
434 remaining recruited subjects, 41 were lost to follow-up. Thus, only 393
participants completed the study. These were followed for 8.37 (± 5.35) months
after diagnosis was established (Figure 1). The clinical characteristics of the 393
participants are described in Table 2. Eighty-seven of these patients were
diagnosed with syncope secondary to structural or electrical heart disease and
306 with non-cardiac syncope (217 vasovagal, 23 orthostatic hypotension, 57
undetermined, other causes 9). A total of 25 patients (6.3%) died in the study
period, 10 by cardiac causes, five by non-cardiac causes and 10 by indefinite
causes. The primary outcome occurred in 216 participants and the secondary
outcome in 202 during the study period; 45% of such events occurred within the
first two months after the first admission to the emergency department. Definitive
pacemakers and/or implantable cardioverter defibrillators were required by 58
participants, 45 were subjected to surgical procedures, and 154 were readmitted
to the hospital. Regarding the etiology of syncope, 202 cases were diagnosed as
non-cardiac syncope on the first admission, and the remainder as heart-related
syncope; of these, 46 had a previous heart disease and the primary outcome
occurred in 29 of them.
Table 3 shows the multivariate analysis of the predictors for the primary
and secondary outcome.
On multivariate analysis the following risk factors were considered
significant independent predictors of the primary outcome (Table 4): history of
heart disease (odds ratio 4.01; 95% CI 2.45-6.56; p < 0.001); abnormal ECG
69
(odds ratio 3.60; 95% CI 1.95-5.28; p < 0.001); previous syncope (odds ratio 1.80;
95% CI 1.05-3.18; p: 0.034)
The participants were scored according to the number of present risk
factors; the partial scores were added, and the total scores were used to
categorize the participants as to their risk of severe adverse events (Figure 2).
The area under the ROC curve of our score (IC-FUC) was 0.77 (95% CI
0.728-0.822). Comparison of the multiple ROC curves showed a difference
between IC-FUC and the San Francisco Syncope Rule (difference between the
areas: 0.078; 95% CI 0.035-0.121; p < 0.001; Table 5 and Figure 3).
The odds of occurrence of the primary and secondary outcomes were at
least twice as high for the participants who scored 3 or higher on IC-FUC. Tables
6 and 7 describe the odds ratios relative to the primary and secondary outcomes
per category of risk based on the scores on IC-FUC.
70
DISCUSSION
In the present study we assessed patients diagnosed with syncope and
treated at the emergency department of a cardiology reference hospital. The
study population was managed by cardiologists only. The average age was over
60 years, and their gender distribution was not skewed. As expected, the sample
exhibited a higher prevalence of cardiovascular diseases, such as arterial
hypertension, ECG abnormalities and previous heart disease, compared to
previous stratification studies (Table 8). That fact increased the odds of heart-
related syncope, which manifested in the high number of participants,
approximately 216, with severe adverse events, thus corroborating data in the
literature pointing to heart-related variables as strong predictors of cardiovascular
risk.7,20 Also relevant was the fact that among the participants with previous heart
disease, only 46 (28.75%) were diagnosed with non-cardiac syncope, 29 (63%)
of whom exhibited some severe adverse event. These findings do not corroborate
the reports in the literature indicating that 50% of syncopal episodes among
individuals with heart disease are of vasovagal origin. They also call the attention
to the possibility of mistakes in diagnosis, as well as in the assessment of risk in
individuals with heart disease, and open the door to a discussion on the actual
incidence of non-cardiac syncope in such high-risk population.21,22
As a function of the high prevalence of heart disease among the
participants, syncope was expected to be associated with a higher rate of deaths.
However, the incidence of deaths by any cause alone, approximately 6.1%, was
lower compared to other studies with similar or longer follow-up periods (8.7%-
11.5%).14,15 That difference was probably due to the improvement of the
treatment of cardiovascular diseases over time, and possibly also to the fact that
71
risk stratification is more accurate when patients are managed by specialists. It
is clear that standardization of care and assessment of patients by specialists
represent the best approach to minimize error in the stratification of such
patients.13,23,24
Another relevant finding was that neither age nor absence of prodromes
behaved as significant predictors of the primary outcome on multivariate analysis.
As to the factor age, aging itself increases the incidence of syncopal episodes,
which do not necessarily bear a poor prognosis.1-3
Upon performing the external validation of the previously available scores
adjusted to our outcome, we found that their diagnostic accuracy was lower
compared to the original cohorts. That finding was also reported in other studies
in which the scores failed to be externally validated.10,12,25,26 Such flaws are due
to heterogeneity of the investigated populations, the definition of abnormal ECG,
the established outcomes, the type of professionals who assessed the
participants (general practitioners or researchers/cardiologists) and the length of
follow up, as the short- and long-term risk factors are possibly different.9,24,27
In regard to the assessed predictors, only three clinical characteristics
exhibited independent associations with the combined outcome on multivariate
analysis: previous heart disease, abnormal ECG and previous syncope, which
are the same features that behaved as predictors of hospital admission in our
previous study.13 The fact that previous syncope was a predictor of the
investigated outcome deserves particular attention because it suggests that the
affected individuals might suffer several other syncopal episodes but are
inadequately stratified and thus visit the emergency department on several
occasions and are not admitted to the hospital. The aforementioned predictors
72
were used in the elaboration of a simpler score, in which each factor was scored
according to its relative contribution to the combined outcome. Comparison of IC-
FUC to the previously available scores showed it was equivalent to OESIL, the
Boston Syncope Criteria and EGSYS, and superior to the San Francisco Syncope
Rule (Table 5 and Figure 3). As advantages, it includes a smaller number of
predictors, is easy to calculate and emphasizes the presence of cardiovascular
abnormalities as the main marker of severity. In addition, although several other
scores employ similar predictors, their performance vis-à-vis cohorts of
individuals with more severe heart disease are poorer than the expected one.
Finally, the aforementioned scores were applied to our cohort adjusted to the
combined outcome of death by any cause and hospital readmissions, the latter
being associated with the quality of life, while leaving performance of procedures
out. The results indicated few changes in the performance of this score, as shown
in Tables 5 and 7, while its equivalence to the other tested scores remained.
In the present study, the difficulty of accurately stratifying patients with
syncope treated at emergency departments is evident. While the sensitivity of the
scores is satisfactory, their specificity is low, and many failed on their external
validation, which indicates the need to adjust for each particular scenario.
Laboratory measurement of pro-brain natriuretic peptide (BNP) might be used as
marker in additional studies, as it is a strong predictor of cardiovascular
outcomes.16The combination of clinical assessment, ECG interpretation by
specialists, laboratory measurement of pro-BNP and stratification based on an
interactive score might be relevant to orient clinical decision-making in real
time.23,24
73
Limitations
The present study used a sample recruited at a single cardiology reference
hospital, so we cannot rule out the risk of selection bias, as a function of the
greater severity of the participants. Also, we had a lower prevalence of syncope
in the emergency department than the previously described in the literature. This
fact may reflect those patients in which ICD-10 of the final diagnosis of the
syncope event (e.g. ventricular tachycardia) has been used in the emergency
medical chart precluding the patient from entering in the study on the basis of the
ICD coding search done by us. We were not able to measure pro-BNP in all the
patients, although it is a relevant and previously validated predictor of outcomes.
Inclusion of that variable might refine our score, in addition to allowing for its
comparison to the risk stratification of syncope in the emergency department
(ROSE) score.
CONCLUSION
Assessment of patients with syncope by specialists at the emergency
department generated a score with 77% sensitivity to predict severe adverse
outcomes. Previous heart disease, abnormal ECG and previous syncope were
the factors most strongly associated with the occurrence of severe adverse
outcomes during the following 12 months. Applied to the present population and
adjusted to the outcomes established in the present study, the scores of
stratification exhibited unsatisfactory external validation results. The score
described here (IC-FUC) was equivalent to validated scores available in the
literature and might be used for the stratification of patients in the emergency
department.
74
FUNDING
This work was supported by Cardiology Institute of Rio Grande do Sul/Cardiology
University Foundation, Porto Alegre 90620-000
CONFLICT OF INTEREST
None declared
75
REFERENCES
1. Kapoor WN, Karpf M, Wieand S, Peterson JR, Levey GS. A prospective
evaluation and follow-up of patients with syncope. N Engl J Med 1983; 309: 197-
204.
2. Savage DD, Corwin L, McGee DL, Kannel WB, Wolf PA. Epidemiologic
features of isolated syncope: the Framingham Study. Stroke 1985; 16: 626-9.
3. Soteriades ES, Evans JC, Larson MG, Chen MH, Chen L, Benjamin EJ, et al.
Incidence and prognosis of syncope. N Engl J Med 2002; 347: 878-85.
4. Ammirati F, Colivicchi F, Minardi G, De Lio L, Terranova A, Scaffidi G, et al.
The management of syncope in the hospital: the OESIL Study (Osservatorio
Epidemiologico della Sincope nel Lazio). G Ital Cardiol 1999; 29: 533-9.
5. Blanc JJ, L'Her C, Touiza A, Garo B, L'Her E, Mansourati J. Prospective
evaluation and outcome of patients admitted for syncope over a 1 year period.
Eur Heart J 2002; 23: 815-20.
6. Day SC, Cook EF, Funkenstein H, Goldman L. Evaluation and outcome of
emergency room patients with transient loss of consciousness. Am J Med 1982;
73: 15-23.
7. Eagle KA, Black HR, Cook EF, Goldman L. Evaluation of prognostic
classifications for patients with syncope. Am J Med 1985; 79: 455-60.
8. Quinn JV, Stiell IG, McDermott DA, Kohn MA, Wells GA. The San Francisco
Syncope Rule vs physician judgment and decision making. Am J Emerg Med
2005; 23: 782-6.
9. Costantino G, Perego F, Dipaola F, Borella M, Galli A, Cantoni G, et al. Short
and long-term prognosis of syncope, risk factors, and role of hospital admission:
76
results from the STePS (Short-Term Prognosis of Syncope) study. J Am Coll
Cardiol 2008; 51: 276-83.
10. Leifer A. Clinical judgment, clinical decision rules, and evidence-based
medicine: thoughts on "an observation of failure to validate the San Francisco
Syncope Rule". Ann Emerg Med 2009; 53: 164.
11. Plasek J, Doupal V, Furstova J, Martinek A. The EGSYS and OESIL risk
scores for classification of cardiac etiology of syncope: comparison, revaluation,
and clinical implications. Biomed Pap Med Fac Univ Palacky Olomouc Czech
Repub 2010; 154: 169-73.
12. Sun BC, Mangione CM, Merchant G, Weiss T, Shlamovitz GZ, Zargaraff G,
et al. External validation of the San Francisco Syncope Rule. Ann Emerg Med
2007; 49: 420-7, 427.e1-4.
13. Fischer LM, Dutra JP, Mantovani A, de Lima GG, Leiria TL. Predictors of
hospitalization in patients with syncope assisted in specialized cardiology
hospital. Arq Bras Cardiol 2013; 101: 480-6.
14. Colivicchi F, Ammirati F, Melina D, Guido V, Imperoli G, Santini M, et al.
Development and prospective validation of a risk stratification system for patients
with syncope in the emergency department: the OESIL risk score. Eur Heart J
2003; 24: 811-9.
15. Del Rosso A, Ungar A, Maggi R, Giada F, Petix NR, De Santo T, et al. Clinical
predictors of cardiac syncope at initial evaluation in patients referred urgently to
a general hospital: the EGSYS score. Heart 2008; 94: 1620-6.
16. Reed MJ, Newby DE, Coull AJ, Prescott RJ, Jacques KG, Gray AJ. The
ROSE (risk stratification of syncope in the emergency department) study. J Am
Coll Cardiol 2010; 55: 713-21.
77
17. Quinn JV, Stiell IG, McDermott DA, Sellers KL, Kohn MA, Wells GA.
Derivation of the San Francisco Syncope Rule to predict patients with short-term
serious outcomes. Ann Emerg Med 2004; 43: 224-32.
18. Grossman SA, Fischer C, Lipsitz LA, Mottley L, Sands K, Thompson S, et al.
Predicting adverse outcomes in syncope. J Emerg Med 2007; 33: 233-9.
19. Von Elm E, Altman DG, Egger M, Pocock SJ, Gøtzsche PC. The
Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology
(STROBE) statement: guidelines for reporting observational studies. BMJ 2007;
370: 1453-7.
20. Martin TP, Hanusa BH, Kapoor WN. Risk stratification of patients with
syncope. Ann Emerg Med 1997; 29: 459-66.
21. Alboni P, Brignole M, Menozzi C, Raviele A, Del Rosso A, Dinelli M, et al.
Diagnostic value of history in patients with syncope with or without heart disease.
J Am Coll Cardiol 2001; 37: 1921-8.
22. Kapoor WN, Hanusa BH. Is syncope a risk factor for poor outcomes?
Comparison of patients with and without syncope. Am J Med 1996; 100: 646-55.
23. Brignole M, Disertori M, Menozzi C, Raviele A, Alboni P, Pitzalis MV, et al.
Management of syncope referred urgently to general hospitals with and without
syncope units. Europace 2003; 5: 293-8.
24. Brignole M, Hamdan MH. New concepts in the assessment of syncope. J Am
Coll Cardiol 2012; 59: 1583-91.
25. Costantino G, Casazza G, Reed M, Bossi I, Sun B, Del Rosso A, et al.
Syncope risk stratification tools vs clinical judgment: an individual patient data
meta-analysis. Am J Med 2014; 127: 1126.e13-25.
78
26. Reed MJ, Henderson SS, Newby DE, Gray AJ. One-year prognosis after
syncope and the failure of the ROSE decision instrument to predict one-year
adverse events. Ann Emerg Med 2011; 58: 250-6.
27. Ungar A, Del Rosso A, Giada F, Bartoletti A, Furlan R, Quartieri F, et al. Early
and late outcome of treated patients referred for syncope to emergency
department: the EGSYS 2 follow-up study. Eur Heart J 2010; 31: 2021-6.
79
Table 1. IC-FUC Syncope Score
Previous heart disease 4 points
Abnormal ECG 3 points
Previous syncope 2 points
ECG = electrocardiogram.
Source: the authors.
80
Table 2. Clinical and demographic characteristics of the cohort participants
Participants who completed the study (n = 393)
Age (years) 63.66 ± 17.32
Male gender 207 (52.7%)
Systolic pressure < 90 mmHg 19 (4.8%)
Heart rate < 50 bpm 32 (8.1%)
Hematocrit < 30% and Hb < 9.0 12 (3.1%)
Dyspnea and Sat < 94% 11 (2.8%)
SAH 268 (68.2%)
Diabetes mellitus 59 (15.0%)
Previous heart disease 160 (40.7%)
CAD 117 (29.8%)
Valve disease 42 (10.7%)
Clinical CHF (congestive heart failure) 34 (8.7%)
Ejection fraction (%) < 55% 45 (11,5%)
Previous neurologic disease 25 (6.4%)
Previous stroke 19 (4.8%)
Abnormal ECG 241 (61.3%)
LBBB 47 (12%)
RBBB 43 (10.9%)
AV block 43 (10.9%)
Atrial fibrillation and flutter 38 (9.6%)
Ventricular repolarization abnormalities 100 (25.5%)
Electrically inactive area (Q wave) 45 (11.5%)
Pacemaker and defibrillator 27 (6.9%)
Pre-syncope chest pain 31 (7.9%)
Syncope without prodromes 168 (42.7%)
Triggers 58 (14.8%)
Trauma in syncope 55 (14.0%)
Previous syncope 92 (23.4%)
COPD 5 (1.3%)
Smoking 80 (20.4%)
Hb = hemoglobin; Sat = oxygen saturation; SAH = systemic arterial hypertension;
CAD = coronary artery disease; COPD = chronic obstructive pulmonary disease; ECG
= electrocardiogram; LBBB = left bundle branch block; RBBB = right bundle branch
block; AV block = atrioventricular block.
Source: the authors.
81
Table 3. Univariate analysis of the clinical characteristics of the participants who
exhibited or did not exhibit adverse events during the study period
Participants without
adverse events during
the 12 months
(n = 177)
Participants
with adverse
events during
the 12 months
(n = 216)
P
Age > 65 years 74 (35.2%) 136 (64.8%) < 0.001
Male gender 89 (50.3%) 118 (54.6%) 0.44
Female gender 88 (49.7%) 98 (45.4%) 0.44
Systolic pressure <90 mmHg 9 (5.1%) 11 (5.1%) 1.00
Heart rate < 50 bpm 10 (5.6%) 22 (10.2%) 0.14
Hematocrit < 30% and Hb < 9.0 4 (2.3%) 8 (3.7%) 0.59
Dyspnea and Sat < 94% 1 (0.6%) 10 (4.6%) 0.034
SAH 85 (48%) 183 (84.7%) < 0.001
Previous heart disease 34 (19.2%) 126 (58.3%) < 0.001
CAD 24 (13.6%) 93 (43.1%) < 0.001
Valve disease 6 (3.4%) 36 (16.7%) < 0.001
Clinical CHF 8 (4.5%) 26 (12%) 0.014
Ejection fraction (%) < 55% 6 (3,4%) 39 (18.1%) < 0.001
Previous neurologic disease 10 (5.6%) 15 (6.9%) 0.75
Previous stroke 6 (3.4%) 13 (6.0%) 0.33
Abnormal ECG 72 (40.7%) 169 (78.2%) < 0.001
LBBB 7 (4%) 40 (18.5%) < 0.001
RBBB 13 (7.3%) 30 (13.9%) 0.057
AV block 8 (4.5%) 35 (16.2%) < 0.001
Atrial fibrillation and flutter 15 (8.5%) 23 (10.6%) 0.58
Ventricular repolarization
abnormalities 23 (13%) 77 (35.6%) < 0.001
Electrically inactive zone (Q
wave) 12 (6.8%) 33 (15.3%) 0.013
Pacemaker and defibrillator 3 (1.7%) 24 (11.1%) 0.001
Pre-syncope chest pain 12 (6.8%) 19 (8.8%) 0.58
Syncope without prodromes 60 (33.9%) 108 (50%) 0.002
Trauma 22 (12.4%) 33 (15.3%) 0.50
Previous syncope 33 (18.6%) 59 (27.3%) 0.057
COPD 1 (0.6%) 4 (1.9%) 0.49
Smoking 33 (18.6%) 47 (21.8%) 0.52
82
Table 4. Multivariate analysis of risk factors in our cohort
95% CI of OR
Variable Odds ratio (OR) P Inferior Superior
Previous syncope 1.8 0.034 1.05 3.18
Heart disease 4.0 < 0.001 2.45 6.56
Abnormal ECG 3.6 < 0.001 1.95 5.28
CI = confidence interval; OR = odds ratio; ECG = electrocardiogram. Logistic
regression using the following variables: abnormal ECG, heart disease, previous
syncope.
Source: the authors.
83
Table 5. Comparison of the area under the ROC curve of scores
95% CI of OR
Scores Area P Inferior Superior
IC-FUC 0.775 < 0.001 0.728 0.822
San Francisco 0.696 < 0.001 0.644 0.749
OESIL 0.756 < 0.001 0.708 0.805
EGSYS 0.705 < 0.001 0.652 0.758
Boston 0.752 < 0.001 0.703 0.801
CI = confidence interval. Comparison of ROC curves: IC-FUC vs. San Francisco
difference between areas: 0.078, 95% CI 0.035-0.121; p < 0.001; IC-FUC vs. OESIL
difference between areas: 0.018, 95% CI -0.019 to 0.055; p= 0.392; IC-FUC vs.
EGSYS difference between areas: 0.027, 95% CI -0.003 to 0.056; p= 0.07; IC-FUC
vs. Boston, difference between areas: 0.022 95% CI -0.010 to 0.055; p=0.175.
Source: the authors.
84
Table 6. Hazard ratio of the participants stratified by IC-FUC score regarding the
combined outcome death, unplanned hospital visits and cardiovascular procedures
during the follow-up period
IC-FUC
score
Total number of
participants
Number of
events HR 95% CI P
0 97 19 - - -
2 26 8 1.59 0.69-3.64 NS
3 84 45 3.35 1.96-5.73 < 0.001
4 19 12 3.49 1.69-7.20 < 0.001
5 26 18 5.40 2.83-10.30 < 0.001
6 10 8 5.62 2.46-12.84 0.001
7 101 81 6.60 4.00-10.90 < 0.001
9 30 25 6.1234 3.37-11.13 < 0.001
Source: the authors.
85
Table 7. Hazard ratio of the participants stratified by IC-FUC score regarding the
combined outcome death and unplanned hospital visits during the follow-up period
IC-FUC
score
Total number of
participants
Number of
events HR 95% CI P
0 97 18 - - -
2 26 6 1.23 0.50-3.18 NS
3 84 43 3.41 1.96-5.92 < 0.001
4 19 11 3.39 1.60-7.19 0.001
5 26 16 5.19 2.64-
10.20 < 0.001
6 10 8 6.03 2.62-
13.89 < 0.001
7 101 76 6.74 4.02-
11.28 < 0.001
9 30 24 6.34 3.44-
11.69 < 0.001
Source: the authors.
86
Table 8. Comparison of the participants’ relevant clinical and demographic
characteristics among scores in their validation cohorts
IC-FUC
(n = 393)
OESIL
(n = 270)
San
Francisco
(n = 684)
Boston
(n = 293)
EGSYS
(n = 260)
Age (years) 63.66 ± 17.32 59.5 ± 24.3 62.1 ± 23 57.8 ±
24.2 63 ± 21
SAH 268 (68.2%) 92 (34%) 206 (30%) ------
Previous heart
disease 160 (40.7%) 79 (29.2%) 215 (31.4%) 102 (35%) 77 (30%)
Abnormal
ECG
241 (61.3%)
82 (30.3%)
297 (43%)
50 (17%)
111 (43%)
Syncope
without
prodromes
168 (42.7%)
94 (34.8%)
425 (62%)
------
102 (39%)
Previous
syncope 92 (23.4%) 87 (32.2%) 123 (18%) 35 (12%) -----
ECG = electrocardiogram; SAH = systemic arterial hypertension.
Source: the authors.
87
Figure 1: Flow chart representing the study design.
88
Figure 2: Rate of severe adverse outcomes during the first 12 months
according to IC-FUC score (P < 0.001).
89
Figure 3: ROC curve demonstrating the equivalence of scores used to assess
adverse events.