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João Pessoa - PB, 26 a 29 de julho de 2015
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AVALIAÇÃO DE UM PROJETO DE RECUPERAÇÃO DAS FONTES D'ÁGUA.
EVALUATION OF A RECOVERY PROJECT OF WATER SOURCES.
Renan Fermino Funguetto ([email protected]), Miguel Angelo Perondi
([email protected]) – UTFPR.
Grupo de Pesquisa: Grupo 6. Agropecuária, Meio-Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável.
Resumo
Esse trabalho busca avaliar a qualidade da água resultante da implantação do projeto de
proteção de fontes intitulado: “Água e Qualidade de Vida” no município de Itapejara d’Oeste
na região Sudoeste do Paraná. Para tanto, foi pesquisado: o histórico do projeto, a percepção
dos agentes locais e agricultores sobre sua eficácia, e, por fim, a análise físico-químico da
água das nascentes ex-ante e ex-post ao projeto de proteção. Assim, do resgate histórico,
apreendeu-se que o Projeto “Água e Qualidade de Vida” se tratou de uma bem sucedida
experiência sindical que enfrentou o problema da falta de água de consumo nos períodos de
seca de forma concreta para as famílias. Em relação a percepção dos agricultores
beneficiados, percebeu-se que estão satisfeitos com o projeto, servindo-lhes de aprendizado
sobre a luta pela qualidade de vida, sendo que todos afirmaram que participariam novamente
do mesmo projeto. Em relação à análise laboratorial da água, os indicadores físico-químicos
(pH, dureza total, cloretos, ferro, cálcio, magnésio, turbidez e sólidos totais) foram mantidos
dentro da resolução 518 do Ministério da Saúde, somente os índices de alcalinidade total e
cálcio foram levemente superiores devido ao contato da água com a nova estrutura de
proteção. Dessas análises, pode-se afirmar que a proteção das fontes preservou a qualidade
químico-física das águas.
Palavras-chave: Meio Ambiente. Agricultura Familiar. Água Potável.
Abstract
This study sought to determine the quality of water resulting from implementation of the
sources of protection project entitled "Water and Quality of Life" in the city of Itapejara
d'Oeste in the Southwestern region of Paraná. Thus, it was researched: the history of the
project, the perception of local staff and farmers on their effectiveness, and, finally, the
physical-chemical analysis of water from the ex-ante and ex-post to the protection design
springs. Thus, the historical rescue, seized that the project "Water and Quality of Life" this
was a successful union experience that faced the problem of lack of water consumption in dry
periods in a concrete way for families. Regarding the perception of the benefiting farmers, it
was noted that they are satisfied with the project, serving them learning about the struggle for
quality of life, and all said they would participate again in the same project. Regarding the
laboratory analysis of water, physical-chemical indicators (pH, total hardness, chloride, iron,
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calcium, magnesium, turbidity and total solids) were kept within the resolution 518 of the
Ministry of Health, only the total alkalinity levels and calcium were slightly higher due to the
contact of water with the new protective structure. These analyzes, it can be stated that the
protection of sources preserved the chemical and physical quality of water.
Key words: Environment. Family Farm. Drink Water.
1. PROJETO ÁGUA E QUALIDADE DE VIDA
No Sul do Brasil, principalmente no meio rural, sempre houve uma crença de que a
água seria ilimitada, abastecida por chuvas regulares e abundantes, entretanto, de forma cada
vez mais recorrente, a diminuição da área de floresta, a intensificação da produção
agropecuária e o uso exacerbado de poços artesianos resultaram numa falta crescente de água
superficial para a agricultura nos últimos anos, fato que demandou, na estiagem de 2004 e
2005, o uso de caminhões pipas para abastecer os criadores de aves e leite (PERONDI et al.,
2009).
Em virtude da recorrente falta de água superficial para o abastecimento das
propriedades rurais, a ACESI buscou apoio em um edital da Petrobras Ambiental e elaborou o
projeto “Água e Qualidade de Vida”, visando melhorar a disponibilidade e a qualidade da
água das fontes rurais. A ideia consistiu em obter uma água de boa qualidade com fontes
protegidas com solo-cimento, um método simples de proteção introduzido na região pela
EMATER nos anos 1980, bem como, recuperar a mata nativa do entorno (PERONDI et al.,
2009).
O projeto teve duas edições, a primeira entre 2006 e 2007 quando estabeleceu a meta
de recuperar 700 fontes, porém alcançou a recuperação de 1.200 fontes, beneficiando mais de
3.000 famílias, e uma segunda edição, entre 2008 e 2009, com novas metas e orçamento
similar ao primeiro projeto (ACESI, 2009).
Sendo que este artigo procura avaliar o projeto “Água e Qualidade de Vida” de
proteção de fontes no município de Itapejara d’Oeste do ponto de vista da percepção dos seus
atores e da qualidade da água resultante dessa intervenção. Para tanto, foi realizada uma
pesquisa documental, entrevistas com os atores do projeto e análise físico-químico-biológica
da água das fontes ex-ante e ex-post ao projeto de proteção.
Descrevendo rapidamente o processo de intervenção do projeto, sabe-se que partia da
motivação das famílias em participar e do diagnóstico socioeconômico da família e da
nascente de água realizado pelo monitor. (ACESI, 2009).
A seguir, definia-se o material necessário para construir a estrutura de solo cimento e
para o cercamento da área protegida do entorno da fonte. Por fim, era definido o dia do
mutirão de preservação em que a família organiza os materiais (ferramentas, terra e pedra)
para o serviço. E no dia programado se efetuava:
(1) Limpeza da mina – limpeza e adequação do espaço para colocar o solo cimento;
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(2) Preparo do solo cimento – prepara o solo cimento misturando 20% de cimento em
80% de terra vermelha peneirada, que passa por um processo de mistura até se configurar uma
massa uniforme. Esta massa se tornará sólida poucas horas depois de colocada e, em contato
permanente com a umidade, não sofrerá rachaduras;
(3) Colocação do solo cimento com as pedras – as pedras são a base e sobre elas se faz
o reboco com o solo cimento, fixado em forma de concha, assim diminuindo a possibilidade
de entrada de matéria orgânica que pode contaminar a água. A fonte servirá de reservatório
para a coleta de água através do encanamento;
(4) Colocação dos canos de PVC para escoamento da água – utiliza um kit PVC, que
contém dois pedaços de cano de 25 mm de diâmetro por 50 cm de comprimento e um ou mais
pedaços de 40 mm de diâmetro do mesmo tamanho. O tubo de 25 mm serve para coleta e
respiro e o de 40 mm serve para a limpeza.
(5) Medição da vazão de água – possibilita o planejamento de consumo e garante que
parte da água continue jorrando no ambiente para manter a biodiversidade da área. A medição
é realizada com a utilização de um litro vazio. Ao iniciar o enchimento do recipiente, contam-
se quantos segundos demora a completá-lo, depois, calcula-se a quantidade por hora, por dia e
por mês.
(6) Isolamento com cerca – após a proteção com solo e cimento, inicia-se o isolamento
da área mínima a ser protegida, conforme orientação da proposta elaborada pelo monitor e
com apoio da família. No processo de isolamento são utilizados arame farpado e palanques de
eucalipto tratado;
(7) Replantio de espécies nativas – Na área cercada para preservação, a família
providencia o replantio de espécies nativas (ACESI, 2009).
Durante o processo de preservação da mina, a família beneficiada pelo projeto dedica
ainda dois dias para estudar o objetivo e método do projeto em atividades organizadas pelos
monitores (ACESI, 2009).
Além da proteção de fontes, o projeto “Água e Qualidade de Vida” desenvolveu ações
de sensibilização de estudantes nas escolas sobre o tema da água, o que permitiu debater o
assunto com a comunidade urbana (ACESI, 2009).
Os monitores trabalharam para que a proteção da fonte não seja uma ação isolada,
mas, uma atitude de consciência ambiental multiplicada pela vizinhança. Assim, apesar de ser
uma experiência recente e desamparada do Estado do Paraná, o projeto “Água e Qualidade de
Vida” já apresenta algumas inovações sócio-técnicas que permitem ampliá-lo, não só no
número de fontes protegidas ou de mudas plantadas, mas, na percepção dos agricultores sobre
a fragilidade do meio ambiente em que vivem e do seu papel transformador (PERONDI et al,
2009).
E para avaliar essa experiência de intervenção ambiental sob o controle e iniciativa da
sociedade civil organizada, o artigo segue apresentando sua metodologia de análise, a história
de construção social do projeto na região e no município em foco, avaliando a percepção dos
agricultores comparativamente com indicadores físico-químicos obtidos em laboratório e, por
fim, apresenta as considerações finais.
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2. METODOLOGIA DE PESQUISA
Este trabalho se divide em três momentos: 1 - entrevistas com os responsáveis pela
realização do projeto no Município de Itapejara d’Oeste, para a construção do histórico do
projeto no Município; 2- entrevistas com os agricultores beneficiados, para verificar qual era a
opinião e/ou percepção desses agricultores a respeito do projeto, sobre a melhoria da
qualidade da água das fontes e da melhoria da qualidade de vida, e; 3- avaliação da resposta
da qualidade da água com a proteção das fontes.
O município de Itapejara d’Oeste foi escolhido por ser o único município participante
do projeto que não foi um sindicato de trabalhadores rurais e sim uma associação sindical a
participar. Os cinco produtores selecionados para esse trabalho foram os mesmos
selecionados pelo Laboratório de Água e Alimentos (LAQUA) para a realização do
monitoramento da qualidade da água conforme o Termo de Cooperação Nº 01/2008 entre a
Fundação de Apoio à Educação, Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(Funtef-Pr) da UTFPR e a Associação do Centro de Educação Sindical (ACESI).
2.1 A PERCEPÇÃO DOS USUÁRIOS
Segundo Godoy (1995), a pesquisa qualitativa surgiu com a antropologia e a
sociologia, e apresentam as seguintes características: 1- o ambiente natural é a fonte direta dos
dados, sendo o pesquisador o instrumento fundamental da pesquisa; 2- os trabalhos são de
caráter descritivo; 3- o investigador deve se preocupar com o significado que as pessoas dão
as coisas e para as suas vidas; 4- enfoque indutivo.
Neste caso, trata-se de um estudo de caso com o propósito fundamental de realizar
uma análise intensiva de uma dada unidade social de uma situação em particular (GODOY,
1995).
Fundamentado na abordagem de Godoy (1995), foram realizadas entrevistas com
cinco agricultores selecionados, sendo dois deles responsáveis pela realização do projeto no
Município de Itapejara d’Oeste, se optou em entrevistar os mesmos somente como
responsáveis pelo projeto, entrevistando-se, portanto, três agricultores beneficiados.
As entrevistas com os responsáveis pelo projeto no município de Itapejara d’Oeste se
basearam em um roteiro pré-estabelecido de questionamentos. Buscou-se com essas
entrevistas realizar um levantamento histórico do projeto (como aconteceu) no município,
dificuldades encontradas e a resposta dos agricultores participantes.
Por sua vez, as entrevistas com os agricultores beneficiados foram mais abertas,
permitindo-se que eles expressassem suas opiniões, buscava-se direcionar o relato dos
agricultores para descobrir como foi a participação deles no projeto e a percepção dos
mesmos a respeito da qualidade da água das fontes.
As entrevistas eram gravadas, sendo transcritas em seguida para uma posterior analise
e interpretação da opinião dos agricultores e responsáveis do projeto.
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2.2 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DAS NASCENTES
Para a avaliar a qualidade da água, adotou-se os mesmos parâmetros utilizados pelo
Laboratório de Qualidade Agroindustrial Análises de Alimentos e Água –LAQUA no
contrato de monitoramento da qualidade da água conforme o Termo de Cooperação Nº
01/2008, que foram: Alcalinidade Total, Dureza Total, Cloretos, Ferro, Cálcio, Magnésio,
Sólidos Dissolvidos Totais, Turbidez.
Em relação às coletas das amostras de água, foi coletada a água em uma garrafa
plástica com capacidade de 1 litro para as análises físico-químicas.
As coletas das amostras foram realizadas no momento da visita aos produtores
beneficiados para a realização das entrevistas. Sendo que essas amostras foram levadas até o
LAQUA, onde foram realizadas as análises pela metodologia STANDARD METHODS
(AMERICAN..., 2005).
3. HISTÓRIA DO PROJETO NO MUNICÍPIO DE ITAPEJARA D’OESTE
No ano de 2004, um grupo de agricultores do Município de Itapejara d’Oeste se uniu e
criou a Associação da Agricultura Familiar (ASSINTRAF), sendo que, o Sr. Valdir Lazzaretti
foi o primeiro presidente dessa associação e um dos responsáveis pela realização do projeto
“Água e Qualidade de Vida” nesse município.
No mesmo ano, 2004, os membros dessa associação ficaram sabendo por intermédio
do Sr. Justino, que a ACESI estava elaborando um projeto com a finalidade da proteção e
preservação de fontes de água, para encaminhar a Petrobras, como uma proposta a um edital
da mesma.
Interessados na idéia, o Sr. Valdir Lazzaretti e o Sr. Benoni Portela (monitor do
projeto) foram até a cede da ACESI no Município de Francisco Beltrão e pediram para
participarem do projeto. Após uma reunião dos editores do projeto, foi aceita a entrada do
Município de Itapejara d’Oeste no projeto.
Todo mês havia três dias de reuniões. Nas reuniões, falava-se sobre o
meio ambiente, a conservação dos solos, a conservação dos rios. Os
monitores eram incubados de dar uma assistência para o agricultor em
relação a proteção das fontes.
(Benoni Portela – Monitor do Projeto).
No trecho acima da entrevista com o monitor do projeto, ele fala sobre as reuniões que
os monitores dos municípios participantes faziam, nessas reuniões, eram realizados cursos
sobre o meio ambiente e a proteção das fontes.
Para o Sr. Benoni Portela, a participação dele no projeto como monitor foi muito
gratificante, porque ele aprendeu bastante sobre o meio ambiente.
No início da realização do projeto, a ASSINTRAF ia até as comunidades do município
para falar sobre o projeto, após a divulgação do projeto, os interessados se inscreviam no
projeto. Antes da proteção da fonte, eram realizadas de duas a três visitas a propriedade dos
agricultores inscritos. Nas primeiras fontes protegidas era realizado um dia de campo, para
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que outros agricultores interessados pudessem ver como eram realizadas as proteções das
fontes.
O Sr. Benoni Portela relatou que no início do projeto, alguns agricultores não queriam
participar, porque entre os agricultores havia um boato de que eles teriam que pagar para
poder utilizar a água após a proteção da fonte e outros agricultores, “ficavam com o pé pra
trás”, como falou o Sr. Portela, em relação à área de preservação permanente (APP), que
considera as áreas ao entorno de fontes como APP, devendo destinar uma área de 50 metros
de diâmetro ao redor das fontes como APP. Aos poucos, os agricultores começaram a ir atrás
de informações com a prefeitura do município, com a Emater e até mesmo com a
ASSINTRAF, e deixando de lado esses temores, participavam do projeto.
Nós tínhamos que fazer uma reunião com todos os produtores
interessados aqui na cidade, fazer tipo um cursinho, e foi muito bem
participado, e os agricultores que eram escritos eles viam, eles
ficavam o dia todo, sentado prestando a atenção, e vinha um cara de
fora, um ambientalista ajudar a fazer as palestras e tudo, então foi
muito bem aceito pelo povo.
(Benoni Portela – Monitor do Projeto em Itapejara d’Oeste).
No trecho acima, se observa que os agricultores inscritos apresentavam um grande
interesse na participação do projeto, como fala o Sr. Benoni, todos compareciam nas reuniões
e cursos marcados, sempre prestando atenção e participando.
Sobre a proteção das fontes, o Sr. Benoni Portela relatou que para cada fonte era
estudada uma metodologia diferente de proteção, sendo que quando teria que se colocar uma
moto-bomba na fonte, era colocado um tubo de concreto na fonte, para essa moto-bomba ficar
dentro.
O Sr. Valdir Lazzaretti, falou que no início havia uma dificuldade em relação a falta
de recursos para a realização do projeto, que o que vinha da ACESI era muito pouco, e aos
poucos, outras entidades do município de Itapejara d’Oeste como a Cresol, a Emater e a
Prefeitura Municipal se interessaram na idéia, e começaram a ajudar no projeto, sendo que,
após o término do projeto, o município de Itapejara d’Oeste continua protegendo as suas
fontes, por intermédio dessas outra entidades, apresentando uma meta de todo ano protegerem
em torno de 100 fontes, esperando um dia, proteger todas as fontes do município.
4. O RELATO DOS PRODUTORES DE ÁGUA
Fizemos a proteção da fonte e tem dado resultado, eu já cerquei ao
redor, eu deixei uma preservação de mata que com certeza cada ano
vai melhorar a qualidade da água! (Produtor beneficiado 1).
No trecho acima, o agricultor beneficiado 1, expressa o que todos os outros
agricultores que participaram do projeto esperavam, de que com a proteção da fonte com solo-
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cimento e a recuperação da Área de Preservação Permanente (APP), melhore a qualidade da
água dessa fonte, que serve como fonte de água para todas as atividades desenvolvidas na
propriedade.
No trecho abaixo, o agricultor beneficiado 2 coloca que toda a família ficou feliz com
a proteção da fonte, mas no seu caso, na mesma época entrou um outro projeto em sua
propriedade, onde construíram um poço artesiano, que fornece água para mais de 40 família.
Por causa desse poço, acabou deixando de lado a fonte protegida, mas na sua visão, aquela
fonte fica como um patrimônio, protegendo a água.
Quando saiu esse projeto, nós ficamos contentes, porque não tínhamos
uma água protegida, era uma água sem proteção. Ficamos muito
faceiros com essa água ai, encanada, que é de qualidade, mas, entrou
um projeto de poço artesiano em minha propriedade, e acabamos
abandonando essa água, mas estamos cuidando dela, virou um
patrimônio. Preservando tudo essa água, então ela vai ficar e existir
sempre essa fonte de água.
(Produtor beneficiado 2).
Segundo o produtor beneficiando 1, “os outros produtores acharam fundamental a
participação no projeto” e que eles “participaria novamente do projeto”.
Mudo com certeza, com certeza mudo, porque antes na verdade eu
fazia lavoura até perto da vertente da água, até em cima, hoje eu
recolhi 50 metros mais ou menos de distância, que hoje eu não faço
mais nada lá.
(Produtor beneficiado 1).
O trecho acima, o produtor beneficiado 1 relata sobre como o projeto mudou o seu
conhecimento sobre o meio ambiente e a preservação desse meio ambiente. Antes da
participação no projeto, ele plantava até em cima da fonte e hoje ele recuperou a APP ao redor
dessa fonte.
Se o cara tiver uma propriedade sem água, ele pode abandonar, com o
pedacinho que o cara deixa, vai produzir o que, pouca coisa, e se o
cara tiver água, quanta coisa que ele vai produzir a mais, com uma
água.
(Produtor beneficiado 1).
No trecho acima, retirado da entrevista com o produtor beneficiado 1, observa-se qual
é o entendimento por parte dos agricultores em relação a importância da água para as suas
propriedades.
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5. ESTADO DAS FONTES
A fonte protegida do produtor beneficiado 1 (Figura 1), apresenta uma base feita
provavelmente com pedra e cimento, se encontrando ao centro um tubo de concreto, que serve
de reservatório e de onde é captada a água utilizada na propriedade.
Existe outra fonte protegida na propriedade do beneficiado 1, essa, ele protegeu por
conta própria após a proteção da primeira fonte pelo projeto. A área ao arredor das fontes foi
cercada respeitando a área de preservação permanente (APP), fato curioso, por das cinco
fontes em estudo, essa é a única que faz isso. A área da APP anteriormente a proteção da
fonte era utilizada para o cultivo e a criação de animais, agora com uma floresta em
recuperação.
Um detalhe que chama a atenção na fonte, é que para fechar o tubo de concreto, o Sr.
Arnaldo fez uma tampa de madeira, a qual não é muito adequada, pois permite a entrada de
impurezas e até mesmo animais silvestres dentro da fonte.
Figura 1- Fonte protegida do Produtor beneficiado 1 (a esquerda) e a fonte protegida do
Produtor beneficiado 3 (a direita).
A fonte do Produtor beneficiado 1 (Figura 1) se encontra dentro de um capão de mato,
a poucos metros de uma lavoura, sendo que essa área não foi cercada com arames de fio
farpado, se constatando que, os palanques de eucalipto tratados e os arames de fio farpado
estavam sendo utilizados para cercar uma área de pastagem, bem longe da fonte. Em relação
da fonte, se observou que ela foi totalmente fechada, provavelmente por uma cobertura em
solo-cimento, sendo visualizado somente um cano de PVC serve como dreno, deste não
parava de sair água, e um cano que levava a água para a casa da propriedade.
A fonte do Produtor beneficiado 4 (Figura 2) se encontra dentro do lote da casa, há
cerca de 10 metros da casa e aproximadamente dois metros acima da fonte, fica a entrada de
veículos na propriedade. A proteção da fonte foi realizada pela colocação de um tubo de
concreto na fonte, sendo esse tubo coberto por uma sacola plástica para evitar a entrada de
impurezas. Nessa propriedade foram realizadas duas visitas, sendo que na primeira visita ela
estava coberta pela sacola plástica e na segundo visita a sacola plástica já estava de um lado,
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conforme da Figura 2, e o Produtor beneficiado 4 relatou que acabou abandonando a fonte. Os
palanques e a arame de fio farpado foram utilizados para cercar o lote da casa nessa
propriedade.
Figura 2 - Fonte protegida do Produtor beneficiado 4.
A fonte protegida do Produtor beneficiado 2 (Figura 3) fica em uma área que era
destinada a criação de animais (área de pasto), que foi cercada para os animais não terem mais
acesso a fonte, aqui foi deixado em torno de 10 metros de raio a APP. A proteção da fonte foi
feita com uma estrutura provavelmente de solo-cimento, de onde saem dois canos, que
levavam água até a casa na propriedade, se notando também um cano de PVC a alguns metros
da fonte, que serve como ladrão, para retirar o excesso de água da fonte, no momento da
visita, não havia água saindo por esse ladrão. Nesse caso, o agricultor se mudou para a cidade,
vinda até a propriedade somente para trabalhar, sendo que relatou que junto com a proteção
da fonte, saiu um projeto de construção de um poço artesiano, que foi construído em sua
propriedade, e esse poço artesiano fornece água para mais de 40 famílias naquela localidade.
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Figura 3 - Fonte protegida do Produtor beneficiado 2.
A fonte do Produtor beneficiado 5 (Figura 4), se encontra próxima a moradia, em uma
área que era utilizada para a criação de animais, que foi cercada com os palanques de
eucalipto tratado e os arames de fio farpado, para evitar que os animais tivessem acesso até a
fonte, foi deixado nessa propriedade um raio de 10 metros de APP. Na APP haviam sido
plantadas algumas mudas de árvores nativas, porem essas acabaram morrendo. A proteção da
fonte foi feita pela colocação de um tubo grande de concreto, sendo esse tubo coberto por
duas folhas de telhado metálico.
Figura 4 - Fonte protegida do Produtor beneficiado 5.
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6. AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA DAS FONTES PROTEGIDAS
Segundo a resolução 518 do Ministério da Saúde, o pH da água potável deve ficar na
faixa de 6,0 a 9,5. Observa-se na Tabela 1 os valores relativos ao pH para as cinco fontes
analisadas, se observando que antes da proteção nenhuma fonte se enquadra na faixa de pH
estabelecido pelo Ministério da Saúde, já após a proteção, duas fontes estão de acordo com
essa faixa.
Tabela 1 - Valores de pH antes e após a proteção das fontes.
Agricultores Antes Após
Produtor beneficiado 3 5,04 5,85
Produtor beneficiado 4 4,96 6,13
Produtor beneficiado 1 5,23 6,21
Produtor beneficiado 5 5,32 5,96
Produtor beneficiado 2 5,32 5,67
Segundo Libânio (2010), o valor do pH da água de consumo não apresenta efeito
digno de nota sobre a saúde humana, sendo que valores significativamente mais baixos de pH
são usualmente ingeridas. O padrão de potabilidade nacional estabelece um amplo intervalo
para o pH da água tratada (6,0 a 9,5) objetivando minimizar os danos por corrosão no sistema
de abastecimento para valores baixos de pH ou danos por incrustações nas redes de
distribuição por um pH elevado.
Nas águas naturais às variações de pH são ocasionados geralmente pelo consumo e/ou
produção de dióxido de carbono (CO2), realizados pelos organismos fotossintetizadores e
pelos fenômenos de respiração / fermentação de todos os organismos presentes na massa de
água, produzindo ácidos orgânicos fracos (BRANCO, 1986 ).
Os valores de pH baixos (4 a 5) são explicados pelo depósito de matéria orgânica
próxima ou até mesmo na fonte, o que acaba reduzindo o pH da água pela decomposição da
matéria orgânica. O que está de acordo com Farias (2006), que fala que o pH é muito
influenciado pela quantidade de matéria morta a ser decomposta, sendo que quanto maior a
quantidade de matéria orgânica disponível, menor o pH, pois para haver decomposição de
materiais muito ácido são produzidos (como o ácido húmico).
Por sua vez, na Tabela 2 encontramos os valores para a Alcalinidade Total.
Tabela 2 - Valores de Alcalinidade Total em mg/L CaCO3 antes e após a proteção das fontes.
Agricultores Antes Após
Produtor beneficiado 3 2,0 20
Produtor beneficiado 4 2,0 14
Produtor beneficiado 1 2,0 18
Produtor beneficiado 5 2,0 24
Produtor beneficiado 2 2,0 22
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A alcalinidade não é um parâmetro de qualidade da água, sendo uma medida mais
importante para o controle do processo de potabilização da água. Observa-se valores baixos
de alcalinidade antes da proteção da fonte, isso se deve a essas coletas terem sido realizadas
após uma chuva.
Na Tabela 3, a seguir, temos os valores para a dureza total das cinco fontes.
Tabela 3 - Valores de Dureza Total em mg/L CaCO3 antes e após a proteção das fontes.
Agricultores Antes Após
Produtor beneficiado 3 20 18
Produtor beneficiado 4 18 20
Produtor beneficiado 1 30 24
Produtor beneficiado 5 30 24
Produtor beneficiado 2 28 22
Os valores da dureza total se mantiveram em um mesmo nível antes e após a proteção,
não havendo variações significativas. Todos os valores para a dureza total estão de acordo
com a resolução 518 do Ministério da Saúde, que estabelece como valor máximo permitido
para esse parâmetro 500 mg/L de CaCO3.
Na Tabela 4 encontramos os resultados do parâmetro cloretos, para as cinco fontes
analisadas.
Tabela 4 - Valores de Cloretos em mg/L Cl- antes e após a proteção das fontes.
Agricultores Antes Após
Produtor beneficiado 3 4,0 3,0
Produtor beneficiado 4 2,0 4,0
Produtor beneficiado 1 4,0 4,0
Produtor beneficiado 5 4,0 4,0
Produtor beneficiado 2 2,0 3,0
Os valores encontrados para a variável cloretos estão de acordo com a resolução 518
do Ministério da Saúde, que estabelece que o valor máximo permitido de cloretos na água
potável é de 250 mg/L de Cl-, sendo que os valores encontrados variam entre 2 a 4 mg/L de
Cl-.
Tabela 5 - Valores de Ferro em mg/L Fe antes e após a proteção das fontes.
Agricultores Antes Após
Produtor beneficiado 3 0,05 0,02
Produtor beneficiado 4 <0,05 0,01
Produtor beneficiado 1 0,06 0,0
Produtor beneficiado 5 <0,05 0,04
Produtor beneficiado 2 <0,05 0,02
Os valores encontrados para ferro (Tabela 5) estão dentro do padrão de potabilidade
do Ministério da Saúde, que estabelece que a água potável pode conter no máximo 0,3 mg/L
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de Fe. O ferro não é um elemento tóxico, o seu limite está em virtude do mau aspecto que ele
causa na água, por dar cor à água quando em grande concentração ou até mesmo por manchar
as roupas.
Tabela 6 - Valores de Cálcio em mg/L Ca antes e após a proteção das fontes.
Agricultores Antes Após
Produtor beneficiado 3 1,6 4,80
Produtor beneficiado 4 1,6 6,40
Produtor beneficiado 1 4,0 4,8
Produtor beneficiado 5 4,0 5,6
Produtor beneficiado 2 4,0 5,6
Os valores de cálcio (Tabela 6), antes da proteção são relativamente baixos (1,6 a 4),
se observando uma elevação desses valores com a proteção da fonte (4,8 a 6,4). Esse aumento
na concentração do cálcio pode ser explicado pela adoção de cimento na proteção das fontes,
que pode servir como fonte de cálcio para a água da fonte.
Tabela 7 - Valores de Magnésio em mg/L Mg antes e após a proteção das fontes.
Agricultores Antes Após
Produtor beneficiado 3 0,9 1,45
Produtor beneficiado 4 0,8 0,97
Produtor beneficiado 1 1,2 2,9
Produtor beneficiado 5 1,2 2,43
Produtor beneficiado 2 1,0 1,94
Para os valores de Magnésio (Tabela 7), não se pode observar uma grande variação
com a proteção, sendo esse elemento referente ao processo de intemperismo da bacia
hidrográfica, não sendo um indicador de contaminação de origem antrópica.
Tabela 8 - Valores de Turbidez em UNT antes e após a proteção das fontes.
Agricultores Antes Após
Produtor beneficiado 3 0,22 0,12
Produtor beneficiado 4 0,02 0,24
Produtor beneficiado 1 1,622 0,08
Produtor beneficiado 5 0,02 0,10
Produtor beneficiado 2 0,811 0,04
A turbidez (Tabela 8) está de acordo com os valores máximos permitido pela
resolução 518 do Ministério da Agricultura (5 UNT). Os valores encontrados são baixos,
variando de 0,02 a 1,622 UNT, o que representa que existe poucos materiais dissolvidos nessa
água, algo esperado para água oriundas de fontes.
Na tabela 9, encontramos os resultados para Sólidos Totais para as cinco fontes em
estudo.
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Tabela 9 - Valores de Sólidos Totais em mg/L antes e após a proteção das fontes.
Agricultores Antes Após
Produtor beneficiado 3 80,4 81,0
Produtor beneficiado 4 70,8 163,0
Produtor beneficiado 1 166,3 102
Produtor beneficiado 5 136,6 63,0
Produtor beneficiado 2 151 100,0
Os valores observados variam de 63 a 166,3 mg/L, valores baixos, o que confirma os
resultados observados pela turbidez, da existência de poucos sólidos dissolvidos na água das
fontes, o que já era esperado.
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Projeto “Água e Qualidade de Vida” foi uma experiência sindical bem sucedida que
enfrentou o problema da falta de água nos períodos de seca para os agricultores familiares,
sendo um projeto de ação concreta de proteção da qualidade da água que abastece o consumo
das famílias.
Pode-se concluir em relação à percepção dos agricultores beneficiados, que eles
ficaram satisfeitos em participar do projeto, que esse projeto serviu de aprendizado e que, na
percepção dos agricultores, realmente mudou a sua qualidade de vida e a qualidade da água,
todos participariam novamente de outros projetos parecidos.
Entretanto, os indicadores físico-químicos, biológicos e visuais, que resultam da
inspeção local não sinalizaram uma melhora significativa na qualidade da água. Do ponto de
vista da recuperação da Área de Preservação Permanente, houve melhoria em apenas uma
propriedade.
Em relação à avaliação da qualidade da água, pode-se concluir que não se constataram
mudanças significativas para os parâmetros pH, dureza total, cloretos, ferro, cálcio, magnésio,
turbidez e sólidos totais.
A alcalinidade total aumentou com a proteção da fonte, o que se pode explicar pelo
fato das coletas das amostras (antes da proteção) terem sido realizadas após chuvas.
Os teores de cálcio aumentaram com a proteção das fontes, o que se explica pela
adoção de cimento na proteção das fontes.
Constatou-se que havia apenas duas que realmente haviam sido protegidas conforme o
projeto (proteção das fontes em solo-cimento). Aqui pode estar um dos motivos da não
verificação de alterações significativas nos indicadores físico-químicos da água das fontes
protegidas. Seria interessante para trabalhos futuros, a comparação entre essas formas de
proteção para verificar se essa hipótese é procedente ou não.
Outro ponto interessante sobre a avaliação da qualidade da água das fontes, a
necessidade de outros estudos sobre a qualidade da água de fontes, para verificar quais são os
parâmetros que realmente traduzem a qualidade da água de uma fonte, pois existem muitos
trabalhos na literatura que falam sobre a qualidade da água de rios, e poucos ou quase nenhum
sobre a qualidade da água de fontes. E alguns parâmetros utilizados por este trabalho se
mostraram pouco significativos em relação a qualidade da água de fontes.
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REFERÊNCIAS
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Examination of Water and Wastewater, 21. Ed. APHA/AWWA/WEF. Washington DC.
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Projeto “ÁGUA E QUALIDADE DE VIDA”, Francisco Beltrão: ACESI, 28p.
BRANCO, S. M. 1986. Hidrologia aplicada à engenharia sanitária, 3ª ed., São Paulo,
CETESB/ACATESB, 640p.
BRASIL 2005. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilânica em Saúde, Coordenação-Geral
de Vigilância em Saúde Ambiental, Portaria MS n.º 518/2004 / Ministério da Saúde,
Secretaria de Vigilância em Saúde, Coordenação- Geral de Vigilância em Saúde Ambiental –
Brasília: Editora do Ministério da Saúde.
FARIAS, M. S. S. de 2006. Monitoramento da Qualidade da Água na Bacia Hidrografica
do Rio Cabelo, 152 f. Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola) - Universidade Federal de
Campina Grande, Campina Grande, Paraíba.
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Administração de Empresas, EAESP/FGV, São Paulo, v. 35, n.3, p.20-29.
LIBÂNIO, M. 2010. Fundamentos de qualidade e tratamento de água, 3. ed. Campinas,
SP: Editora Átomo.
PERONDI, M. A., NUNES, S. P., KIYOTA, N., BENATO, A. J. 2009. GESTÃO SOCIAL
DA ÁGUA: A EXPERIÊNCIA SINDICAL DOS AGRICULTORES FAMILIARES DO
SUDOESTE DO PARANÁ, SOBER, Campo Grande.
PERONDI, M. A. 2010. RELATÓRIO FINAL SOBRE AS ATIVIDADES
REALIZADAS NO TERMO DE COOPERAÇÃO Nº 01/2008 ENTRE A FUNTEF-PR E
ACESI.