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Silvia Takanohashi Kobayashi Avaliação da implantação do Fluxo Gerenciado FGC20, modelo de gerenciamento do protocolo clínico institucional para o tratamento neoadjuvante de adenocarcinoma de reto Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Ciências Programa de Oncologia Orientadora: Dra Maria Del Pilar Estevez Diz São Paulo 2016

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Silvia Takanohashi Kobayashi

Avaliação da implantação do Fluxo Gerenciado FGC20, modelo de gerenciamento do protocolo

clínico institucional para o tratamento neoadjuvante de adenocarcinoma de reto

Dissertação apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Mestre em Ciências

Programa de Oncologia Orientadora: Dra Maria Del Pilar Estevez Diz

São Paulo 2016

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Preparada pela Biblioteca da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

reprodução autorizada pelo autor

Kobayashi, Silvia Takanohashi Avaliação da implantação do fluxo gerenciado FGC20, modelo de gerenciamento do protocolo clínico institucional para o tratamento neoadjuvante de adenocarcinoma de reto / Silvia Takanohashi Kobayashi. -- São Paulo, 2016.

Dissertação(mestrado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Programa de Oncologia.

Orientadora: Maria Del Pilar Estevez Diz. Descritores: 1.Neoplasias retais 2.Protocolos clínicos 3.Custos e análise de custo

4.Terapia neoadjuvante 5.Sobrevida

USP/FM/DBD-273/16

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DEDICATÓRIA

Ao meu filho Eiki,

Meu amor incondicional.

Ao meu marido Sérgio,

Nossa cumplicidade, amor, companheirismo e incentivo mútuo.

Aos meus Pais, Osamu e Alzira

Minha eterna gratidão.

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AGRADECIMENTOS

Meus sinceros agradecimentos a todos que apoiaram a execução deste

trabalho, em especial:

à Dra Maria Del Pilar Estevez Diz, orientadora aplicada, competente,

minuciosa, paciente, e sobretudo, grande amiga,

ao Prof Roger Chammas, um grande incentivador e o responsável pelo

despertar de meu interesse científico,

ao Prof Paulo Hoff, força motriz da assistência oncológica, meu

orientador inicial e o grande viabilizador deste estudo,

à Prof Patrícia Coelho De Soárez, Prof Ulysses Ribeiro Jr, Dr Alessandro

Gonçalves Campolina e Dra Rossana Veronica Mendoza Lopez pelo grande

apoio em todas as etapas deste trabalho,

À Diretoria Executiva do ICESP, e todos os seus diretores e assistentes,

A todos os profissionais do ICESP, médicos, odontólogos, físicos,

enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais,

gerentes, coordenadores, supervisores, assistentes administrativos e oficiais

administrativos, meus grandes companheiros de trabalho envolvidos direta ou

indiretamente no tratamento dos pacientes,

Aos pacientes participantes deste estudo, e seus familiares.

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE FIGURAS

RESUMO

ABSTRACT

1. INTRODUÇÃO................................................................................................1

2. OBJETIVOS.................................................................................................13

3. MÉTODOS....................................................................................................15

3.1 CONTEXTO............................................................................................16

3.2 CONSTRUÇÃO DO MODELO LÓGICO................................................20

3.3 GRUPOS PRÉ FLUXO E FGC20...........................................................21

3.4 MENSURAÇÃO DOS INTERVALOS DE TEMPO.................................23

3.5 MENSURAÇÃO DOS RECURSOS, CUSTOS E SOBREVIDA.............24

3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA........................................................................31

3.7 ASPECTOS ÉTICOS..............................................................................32

4. RESULTADOS.............................................................................................33

4.1 MODELO LÓGICO DO FGC20..............................................................34

4.2 AVALIAÇÃO DOS INTERVALOS DE TEMPO E INDICADORES DE

MONITORAMENTO DE RESULTADOS DO MODELO LÓGICO..........41

4.3 AVALIAÇÃO DOS RECURSOS UTILIZADOS E DESCRIÇÃO DE

CUSTOS DO TRATAMENTO DO CÂNCER DE RETO.........................47

4.4 SOBREVIDA GLOBAL...........................................................................61

5. DISCUSSÃO...............................................................................................63

6. CONCLUSÕES...........................................................................................76

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.........................................78

8. ANEXOS.....................................................................................................80

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................83

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LISTA DE ABREVIATURAS

AJCC: American Joint Committee on Cancer

CAIO: Centro de Atendimento às Intercorrências Oncológicas

CATE: relatórios desenvolvidos pelo cliente, C:cliente, ATE: atendimento

CID: Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas

Relacionados com a Saúde, 10ª edição

EP: erro padrão

FGC20: Fluxo Gerenciado FGC20

Flag: alerta no prontuário eletrônico identificando o paciente como pertencente

ao Fluxo Gerenciado FGC20

FULV: protocolo de quimioterapia com ácido folínico (20 mg/m2, IV, bolus D1a

D5) e 5-fluorouracil (350 mg/m2, IV, bolus D1 a D5) nas semanas 1 e 5 da

radioterapia

h: horas

IC95%: intervalo de confiança de 95%

ICESP: Instituto do Câncer do Estado de São Paulo

InRad: Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo

mFLOX: protocolo de quimioterapia com oxaliplatina (85 mg/ m2 IV 2 horas,

semanas 1,3,5), ácido folínico (20 mg/ m2 IV bolus, semanas 1,2,3,4,5,6) e 5-

fluorouracil (500 mg/ m2 IV bolus, semanas 1,2,3,4,5,6)

m2 : metros quadrados

min: minutos

nCRT: quimioterapia e radioterapia neoadjuvantes

PRÉ FLUXO: Período prévio à implantação do Fluxo Gerenciado FGC20

QUASAR: protocolo de quimioterapia com ácido folínico (50 mg IV, semanal) e

5-fluorouracil (370 mg/ m2 IV, semanal)

QT: quimioterapia

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RM: ressonância magnética

RT: radioterapia

RX tórax: radiografia de tórax

TC: tomografia computadorizada

TNM: Sistema de estadiamento: T: tumor, N: linfonodo, M: metástase

UI: unidade de Internação

UTI: unidade de Terapia Intensiva

Vmin: valor mínimo

Vmax: valor máximo

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição, dados demográficos, estádio clínico inicial, inicial

agrupado e patológico de pacientes observados nos PRÉ FLUXO e FGC20, em

pacientes com câncer de reto, ICESP, 2008-

2013...................................................................................................................44

Tabela 2. Indicadores de monitoramento do Modelo Lógico do FGC20 e

intervalos entre as etapas de primeira consulta médica, tratamento

neoadjuvante e cirurgia, em pacientes com câncer de reto, ICESP, 2011-

2013...................................................................................................................46

Tabela 3. Recursos utilizados no período entre a primeiro atendimento médico

e 30 dias após a cirurgia, dos pacientes com câncer de reto observados nos

grupos PRÉ FLUXO e FGC20, ICESP, 2008-2013, e valores unitários de

custos por recursos, referência jan-jul 2015.....................................................48

Tabela 4. Distribuição de eventos de atendimentos, média de eventos e de dias

de internação no CAIO, Unidades de Internação e Unidade de Terapia

Intensiva, no período entre a primeiro atendimento médico e 30 dias após a

cirurgia, dos pacientes com câncer de reto observados nos grupos PRÉ

FLUXO e FGC20, ICESP, 2008-2013...............................................................49

Tabela 5. Valores unitários de custos de diárias, referência jan-jul 2015,

ICESP................................................................................................................50

Tabela 6. Utilização de quimioterapia no período entre a primeiro atendimento

médico e 30 dias após a cirurgia, pelos pacientes com câncer de reto,

observados nos grupos PRÉ FLUXO e FGC20, ICESP, 2008-

2013...................................................................................................................51

Tabela 7. Custo em Reais de junho 2015, quimioterapia protocolo mFLOX e

protocolo FULV, ICESP.....................................................................................52

Tabela 8. Custo do procedimento cirúrgico, ICESP, referência minuto cirúrgico

jan-jul 2015, ICESP............................................................................................53

Tabela 9. Custo por paciente tratado, segundo Grupo PRÉ FLUXO e FGC20,

ICESP, 2008-2013.............................................................................................55

Tabela 10. Recursos utilizados e custos do tratamento dos pacientes com

câncer de reto, em Reais de jan-jul 2015, nos grupos PRÉ FLUXO e FGC20,

ICESP, 2008-2013.............................................................................................59

Tabela 11. Tempo médio de sobrevida global, em anos, nos grupos PRÉ

FLUXO e FGC20, ICESP...................................................................................61

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Diagrama do Fluxo Gerenciado FGC20, ICESP, 2011.....................19

Figura 2. Modelo lógico da implantação Fluxo Gerenciado FGC20, ICESP

2011...................................................................................................................35

Figura 3. Descritivo de pacientes com câncer de reto observados 2008-2013,

ICESP,...............................................................................................................42

Figura 4. Gráfico de boxplot dos custos segundo PRÉ FLUXO e FGC20,

ICESP 2008-2013..............................................................................................56

Figura 5. Distribuição dos agrupamentos de custos, grupos PRÉ FLUXO e

Fluxo Gerenciado FGC20, ICESP 2008-2013...................................................60

Figura 6. Curva de sobrevida global nos grupos PRÉ FLUXO e FGC20,

ICESP................................................................................................................62

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RESUMO

Kobayashi ST. Avaliação da implantação do Fluxo Gerenciado FGC20, modelo de gerenciamento do protocolo clínico institucional para o tratamento neoadjuvante de adenocarcinoma de reto [Dissertação]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2016.

Introdução. O Fluxo Gerenciado FGC20 é um protocolo institucional que define as etapas do tratamento neoadjuvante para adenocarcinoma de reto, com quimioterapia e radioterapia concomitantes e posterior cirurgia. Sua implantação no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), a partir de março de 2011, envolveu as áreas assistenciais médicas, multiprofissionais e administrativas, com o estabelecimento da sequência das etapas e intervalos desejáveis. Objetivos. Avaliar a implantação do modelo de gerenciamento do protocolo clínico institucional para o tratamento neoadjuvante do adenocarcinoma de reto, nomeado Fluxo Gerenciado FGC20, adotado no ICESP. Pacientes e métodos. Foi construído um modelo lógico operacional para descrever o processo de implantação do fluxo gerenciado FGC20. Indicadores de monitoramento foram definidos a partir do modelo lógico e comparados com o período prévio à implantação. Dois grupos foram comparados: grupo controle, de pacientes cuja entrada ocorreu entre 06/05/2008 a 11/05/2011(prévio à implantação, nomeado grupo PreFluxo); e grupo experimental, de pacientes com início de atendimento entre 12/05/2011 a 31/12/2013 (posterior à implantação, nomeado grupo FGC20). Foram incluídos pacientes consecutivos, com diagnóstico de câncer de reto, tratados com quimioterapia e radioterapia concomitantes e posterior realização de cirurgia, e excluídos pacientes metastáticos ao diagnóstico inicial, pacientes com tratamento prévio ao início do tratamento no serviço e pacientes que não realizaram o tratamento neoadjuvante. Foram observados os intervalos de tempo entre as etapas do tratamento e recursos utilizados, dentre consultas, exames, internações, quimioterapia, radioterapia e cirurgia. O estudo de descrição de custos foi apresentado em Reais de 2015 na perspectiva do serviço. Resultados. De um total de 624 pacientes, foram analisados 330 pacientes: 112 do grupo PréFluxo e 218 do grupo FGC20. Em relação aos indicadores de monitoramento da implantação, 66% dos pacientes do grupo FGC20 realizaram a 1ª consulta no intervalo < 15 dias, 75% dos pacientes ficaram dentro da meta esperada de 14 semanas para o intervalo entre o final da neoadjuvância e a cirurgia (mediana de 13,2 semanas grupo FGC20 e 20 semanas grupo PréFluxo) e 73% dos pacientes completaram todas as etapas do fluxo gerenciado no intervalo <189 dias (mediana de 176,4 dias grupo FGC20 e 261,5 dias grupo PréFluxo). No grupo PréFluxo, houve maior número de consultas com oncologistas clínicos, tomografias computadorizadas, ressonâncias magnéticas e sessões de radioterapia (p<0,001), bem como maior média de eventos de passagens no Setor de Emergência e na Unidade de Terapia Intensiva, em relação ao grupo FGC20 (p<0,001) e a média de custo por paciente tratado no grupo PréFluxo foi de R$ 40.935,68 e mediana de R$ 37.948,05. No grupo Fluxo Gerenciado, a média de custo por paciente tratado foi de R$ 40.368,18 e a mediana de R$ 35.341,32 respectivamente. A média de sobrevida global foi de 5,99 (5,59-6,40) e de 7,01 (6,47-7,54) anos, para os grupos PreFluxo e FGC20, respectivamente (p=0,83). Conclusões. A implantação do fluxo gerenciado promoveu reduções em todos os intervalos de tempo entre as etapas do tratamento. Não houve diferenças estatisticamente significantes na sobrevida global e no custo por paciente tratado entre os grupos. Custos de diárias e consultas foram os segmentos mais representativos no custo total do tratamento do paciente com câncer de reto.

Descritores: neoplasias retais; protocolos clínicos; custos e análise de custo; terapia

neoadjuvante; sobrevida.

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ABSTRACT

Kobayashi ST. Integrated care pathway for rectal cancer: implementation evaluation [Dissertation]. São Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”; 2016.

Background. The FGC20 is an integrated care pathway started in May 2011 at Instituto do Cancer do Estado de Sao Paulo (ICESP) for neoadjuvant treatment of adenocarcinoma of rectum. The implementation involved a multidisciplinary team to standardize patient care and to define steps, interventions and goals. Objectives. To evaluate the implementation of a clinical care pathway of rectal cancer in a Brazilian tertiary academic oncology hospital. Patients and Methods: An operational logical model of the integrated care pathway was developed to describe the pathway implementation. Two cohorts of diagnosed rectal cancer patients were compared: a control cohort from May 06

th, 2008 through May 11

th, 2011 (before the

implementation, named group Pre FGC20), and a cohort from May 12th, 2011 through

December 31th, 2013 (after implementation, named group FGC20). We included consecutive

patients treated with concomitant chemoradiotherapy (nCRT) followed by surgery. Patients with prior treatment or who have not performed the nCRT treatment or with metastatic disease at diagnosis were excluded. Time intervals between treatment steps and resources used, including consultations, exams, hospitalizations, chemotherapy, radiotherapy and surgery were assessed. Cost description study from the hospital perspective is presented in 2015 Reais. Results. From a total of 624 patients, 330 were included: 112 PreFGC20 and 218 FGC20. Implementation indicators of the group FGC20 were identified based on the logic model: 66% had the first consultation < 15 days, 75% < 14 weeks interval between the neoadjuvant treatment and surgery (Group PreFGC20: 20 weeks, median; group FGC20: 13.2 weeks, median) and 73% < 189 days to complete all treatment steps (Group PreFGC20: 261.5 days, median; group FGC20: 176.4 days, median). We found higher utilization of consultations with clinical oncologists, CT, MRIs and radiotherapy sessions in the Group PreFGC20 compared with the FGC20 Group (p< 0.001), and also more utilization of emergency room and intensive care unit in Group PreFGC20 (p< 0.001). Median cost per treated patient in Group PreFGC20 was R$ 37.948,05 and mean cost was R$ 40.935,68. Median cost per treated patient in Group FGC20 was R$ 35.341,32 and mean cost was R$ 40.368,18. The mean overall survival in the Pre-MFC20 group and MFC20 group were 5.99 (5.59-6.40) and 7.01 (6.47-7.54) years, respectively (p=0.83) Conclusions. The implementation of the ICP promoted reductions in all time intervals between treatment steps. There were no statistically significant difference in overall survival and cost per patient treated between the groups. Daily costs and consultations were the most representative segments in total cost of the rectal cancer patient treatment.

Descriptors: rectal neoplasms; clinical protocols; costs; neoadjuvant therapy; survivorship.

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INTRODUÇÃO

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1. INTRODUÇÃO

Hospital é uma organização complexa, fundamental para a prestação de

serviços de saúde e formação de pessoas, e em constante processo de

redefinição do seu papel enquanto produção do cuidado, busca da qualidade,

eficiência e controle de custos.

Dentro do hospital, a atenção depende da conjugação do trabalho de

vários profissionais. O cuidado recebido pelo paciente é produto de pequenos

cuidados parciais, que vão se complementando, explícita ou implicitamente, a

partir da interação entre os vários cuidadores que operam no hospital. Assim,

uma complexa trama de atos, procedimentos, fluxos, rotinas, saberes, num

processo de complementação e disputa, compõem o cuidado em saúde. Ou

seja, a forma como se articulam as práticas dos trabalhadores do hospital

confere maior ou menor integralidade à atenção produzida1.

Atualmente, um dos desafios do processo gerencial hospitalar é a

coordenação deste conjunto diversificado, especializado, fragmentado de atos

individuais, de modo que eles resultem em um cuidado eficaz e de qualidade2.

Neste contexto, os protocolos clínicos gerenciados surgem como uma

iniciativa que procura associar evidência científica à prática clínica disponível,

através de recomendações, processos e definições de prazos para a

abordagem de condições médicas específicas ou intervenções. O protocolo

detalha os passos essenciais no manejo de pacientes com um dado problema

clínico, através de um plano estruturado e multidisciplinar3, que permite o

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estabelecimento de responsabilidades entre os profissionais, assegura o

melhor uso do recurso, reduz espera entre as fases de tratamento, favorece a

coordenação entre as especialidades envolvidas e propicia a continuidade do

cuidado4,5. Gera consistência no suporte e aumenta a colaboração entre as

equipes, por fazer o mapeamento do processo do paciente e definir atores,

atividades, tempo, locais e objetivos corretos visando uma meta final

específica.

Estudos fazem referência à necessidade de protocolos para melhoria da

qualidade da assistência, auxílio na redução de custos e otimização de

recursos6, porém, há poucas evidências que mensurem a efetividade dos

mesmos e justifiquem a sua adoção.

Revisão sistemática feita por Allen e Rixson7, em 2008, avaliou o

impacto dos protocolos clínicos gerenciados no cuidado de pacientes com

acidente vascular cerebral. Os autores concluíram que há alguma evidência de

que os protocolos proporcionem elementos para a integração de serviços,

resultante da implantação da intervenção clínica no tempo correto, sem

aumentar o tempo de permanência hospitalar. Referiram indícios de melhorias

na documentação, porém sem mensuração dos resultados desta

documentação na prática propriamente dita.

Efeitos dos protocolos na prática profissional, desfechos clínicos, taxa de

permanência hospitalar e custos hospitalares foram objeto de estudo de

Thomas et al3, em 2009. Nesta revisão sistemática de 27 estudos, foi

demonstrado que protocolos clínicos estão associados à redução das

complicações intra-hospitalares e melhoria da documentação, sem evidências

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de diferenças em readmissões hospitalares ou mortalidade intra-hospitalar.

Apesar de os estudos relatarem diminuições significativas de taxa de

permanência hospitalar e custos hospitalares, a heterogeneidade dos dados

impediu a realização de meta-análise, e não houve conclusões em relação a

estes dados.

A necessidade de desenvolver sistemas de avaliação da efetividade das

equipes, bem como verificar a concordância entre as diversas decisões e

implantação do tratamento8 foram apontadas por Cervantes et al, em 2007.

Fatores críticos como falhas na comunicação, atrasos em intervalo de

tratamento e falta de coordenação entre as especialidades envolvidas9 foram

elencados por Gallego-Plazas et al, em 2009.

Estudo feito no sistema público em Alberta, Canadá, ao avaliar o padrão

de aderência às diretrizes do protocolo de tratamento do adenocarcinoma de

reto nos estádios II e III, encontrou dificuldades no acompanhamento e falta de

consultas com oncologistas, principalmente relacionadas à idade avançada do

paciente, comorbidades e localização de sua residência10.

Concentrar o cuidado em equipes multidisciplinares foi a recomendação

adotada no Reino Unido, com a implantação do plano de Calman-Hine11, que

delineou uma reforma nos serviços de câncer do Reino Unido, com o objetivo

de melhorar os desfechos e diminuir as desigualdades no cuidado de pacientes

com câncer do National Health Service. Posteriormente, para verificar o

impacto da implantação das equipes em relação à melhoria de processos e

desfechos, foi realizada uma avaliação longitudinal de 13 equipes em Yorkshire

em estudo retrospectivo em base populacional de pacientes com câncer

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colorretal diagnosticados e tratados entre 1995 e 2000. Houve variabilidade da

adesão das equipes às recomendações do plano de Calman-Hine, e as

melhorias em processos e desfechos foram diretamente relacionadas ao grau

de implantação do plano. Foi observado aumento na aderência ao manual de

condutas do serviço associado a aumento de taxa de sobrevida em cinco anos,

ajustada a fatores como idade, estádio, status socioeconômico e ano de

diagnóstico, especialmente em câncer de cólon.

Estudos de avaliação, como os citados anteriormente, auxiliam a

verificar quais atividades foram implantadas conforme o planejamento, e

também permitem identificar as forças, fraquezas e necessidades de melhorias.

A avaliação constitui um dos melhores mecanismos para responder às

necessidades de informação dos decisores, que devem justificar suas escolhas

para públicos cada vez mais exigentes12. “Avaliar, segundo Brousselle et

al13(2011), consiste fundamentalmente em emitir um juízo de valor sobre uma

intervenção, implementando um dispositivo capaz de fornecer informações

cientificamente válidas e socialmente legítimas sobre essa intervenção ou

sobre qualquer um de seus componentes, com o objetivo de proceder de modo

a que os diferentes atores envolvidos, cujos campos de julgamento são por

vezes diferentes, estejam aptos a se posicionar sobre a intervenção para que

possam construir individual ou coletivamente um julgamento que possa se

traduzir em ações.”

No campo da saúde e da avaliação, a área temática multidisciplinar de

“pesquisa em serviços de saúde” foi objeto de extensa revisão da literatura

realizada por Novaes14, em 2004, que descreveu, a partir dos anos 50, nos

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países desenvolvidos, o reconhecimento da necessidade de estudos sobre

serviços de saúde, tanto na perspectiva “interna” – conhecer os processos de

atenção neles desenvolvidos e seus efeitos sobre a saúde e a doença dos

pacientes atendidos –, como na “externa” – conhecer o seu desempenho e

participação na conformação dos sistemas de saúde e seu impacto sobre a

saúde da população. Citou o fortalecimento do discurso da necessidade de

maior integração entre o conhecimento clínico, epidemiológico e de

planejamento e gestão no final da década de 80, e na década de 90, o

surgimento de pesquisa em serviços de saúde, principalmente nos países

desenvolvidos, com uma possível categorização das iniciativas segundo a

dimensão de atuação: as tecnologias de produto (pesquisa e desenvolvimento

de medicamentos, imunobiológicos e equipamentos considerados essenciais

para a saúde) ou de processos (sistemas, serviços e profissionais de saúde).

Para se avaliar uma intervenção, é preciso começar por definí-la. Seja

ela um programa ou uma política, pode ser concebida com um sistema

organizado de ação que inclui, em um determinado ambiente: agentes,

estrutura, processos e objetivo. A ação é o produto de longas cadeias causais

que colocam em relação o conjunto das estruturas, dos processos e dos

resultados. Um recurso que possibilita explicitar os vínculos entre uma

intervenção e seus efeitos é a modelização. A modelização é uma etapa

essencial para que sejam feitas as perguntas certas, para que os efeitos sejam

atribuídos a mecanismos específicos e, assim, a avaliação possa auxiliar a

tomada de decisões13.

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A modelização é uma abordagem recente, e o histórico é relatado por

Brousselle et al 13(2011): cita que as primeiras reflexões iniciaram com Weiss15

(1972), ressaltando a necessidade de conceituar as relações entre um

programa e seus efeitos como a primeira etapa de uma avaliação.

Posteriormente, autores como Wholey16 (1987), abordaram a cadeia das

hipóteses causais estabelecendo um vínculo entre os recursos, os resultados

intermediários das atividades e os objetivos últimos do programa.

Na década de 90, Chen17 (1990) atribuiu à modelização um poder

analítico, além de seu valor descritivo: para ele, o modelo lógico tinha por

objeto não apenas os objetivos, mas também os efeitos e consequências

possíveis da intervenção. No mesmo ano, Jean-Louis Le Moigne18 conceituou a

modelização: “a ação de elaboração e construção intencional, por composição

de símbolos, de modelos suscetíveis de tornar inteligível um fenômeno

perceptivelmente complexo, que amplia o raciocínio do ator que projeta uma

intervenção deliberada no cerne do fenômeno, raciocínio que tem por objetivo

em especial antecipar as consequências desses projetos de ações possíveis”.

CÂNCER COLORRETAL

No mundo, o câncer colorretal é a terceiro tipo de câncer mais

prevalente, sendo estimados mais de 1,2 milhões de casos novos e mais de

600.000 óbitos por ano19. No Brasil, segundo dados do Instituto Nacional de

Câncer José Alencar Gomes da Silva, a estimativa para o ano de 2014, válida

também para o ano de 2015, apontou para a ocorrência de aproximadamente

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33 mil casos novos de câncer colorretal. No Estado de São Paulo, foram

estimados aproximadamente 11,5 mil casos novos em 2015. No ICESP, dados

do Registro Hospitalar de Câncer apontaram como os mais prevalentes em

ordem de frequência: câncer de próstata, mama e tumores colorretais.

Dentre os tumores colorretais, o câncer de reto representa

aproximadamente 25% de todos os cânceres primários. Os fatores de risco

associados às neoplasias colorretais são idade, sexo masculino, pólipos

colônicos, história individual e/ou familiar de câncer colorretal e fatores

ambientais, como dieta rica em carne vermelha e gorduras e pobre em frutas e

verduras; obesidade; tabagismo; sedentarismo e diabetes mellitus20-24. Doença

inflamatória intestinal e história pregressa de radioterapia para tratamento de

neoplasia de próstata também são considerados fatores de risco24,25.

Nas últimas décadas houve a integração entre as diversas modalidades

terapêuticas para o tratamento do câncer de reto, com o apuramento de

técnicas operatórias, novas tecnologias radioterápicas e drogas

quimioterápicas mais eficazes24. Nas décadas de 70 e 80, sedimentaram-se

duas correntes para o tratamento complementar à cirurgia: a da neoadjuvância,

praticada pela escola europeia, e a da adjuvância, pela escola americana26,27.

Heald, no início da década de 80, mostrou a importância da excisão total do

mesorreto no controle da recidiva local após a cirurgia do câncer de reto28,29, e

desde então, esta é a técnica operatória preconizada.

A excisão total do mesorreto consiste na retirada de todo o tecido

gorduroso perirretal através de dissecção do reto no plano situado entre sua

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fáscia própria e sua fáscia parietal, junto às paredes pélvicas, até o plano dos

músculos elevadores, no caso de tumores de reto médio e distal.

A via de acesso da cirurgia pode ser laparoscópica ou por laparotomia.

O cirurgião executa a excisão total do mesorreto, obtém margens de segurança

laterais e preserva os nervos hipogástricos superiores e inferiores, desde a

região de dissecção da artéria mesentérica inferior até a intimidade da

escavação pélvica, com o objetivo de reduzir os índices de bexiga neurogênica

e distúrbios sexuais. Dependendo da técnica utilizada, do tamanho e da

localização do tumor, é possível a preservação esfincteriana. No caso de

aderências do tumor a estruturas e órgãos vizinhos, a técnica varia de uma

ressecção simples em monobloco da parede posterior da vagina a uma

exenteração pélvica completa24.

A neoadjuvância tem sido indicada para tumores localizados em reto

baixo e médio, que infiltram até a subserosa ou gordura perirretal, ou que

invadem outros órgãos ou estruturas, classificados como T3 e T4 segundo o

sistema de estadiamento T: tumor, N: linfonodo, M: metástase. Para tumores

que infiltram a submucosa ou a muscular própria, classificados como T1 e T2, a

neoadjuvância é indicada quando existe envolvimento linfonodal peritumoral ou

quando se pretende realizar cirurgia de ressecção local. O racional para o

tratamento neoadjuvante do câncer de reto com radioterapia associada à

quimioterapia fundamenta-se nos seguintes aspectos: possibilidade de redução

tumoral, favorecendo a completa ressecção do tumor; aumento da

possibilidade de se realizar cirurgia com preservação esfincteriana;

oportunidade de melhor definição do alvo do tratamento radioterápico e menor

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irradiação de tecidos normais em relação ao tratamento pós-operatório; chance

de se testar a interação de novas drogas pela avaliação da resposta patológica

após a cirurgia; informação prognóstica relacionada com a intensidade de

resposta24.

O sucesso no manejo do câncer de reto requer uma abordagem

multidisciplinar30,31,32, incluindo cirurgiões do aparelho digestivo, oncologistas

clínicos, radioterapeutas, endoscopistas, radiologistas e patologistas33.

O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) foi inaugurado

em maio de 2008, inicialmente como organização social de saúde, através de

parceria entre a Fundação Faculdade de Medicina e a Secretaria de Estado da

Saúde de São Paulo. Desde novembro de 2013, faz parte da Autarquia

Especial do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade

de São Paulo. O ICESP foi concebido como centro de excelência na área do

câncer, dispondo de todos os recursos necessários para o atendimento

oncológico: recursos humanos (médicos e equipe multiprofissional capacitada e

especializada), recursos tecnológicos (equipamentos de diagnóstico por

imagem, medicina nuclear, aceleradores lineares, equipamentos endoscópicos

e cirurgia por vídeo), estrutura física (ambulatórios, unidade de internação,

centro cirúrgico, pronto socorro, unidade de terapia intensiva), tecnologia de

informação (prontuário eletrônico, sistema de armazenamento de imagens,

sistema de gerenciamento de radioterapia) e estrutura administrativa e de

apoio.

Rapidamente tornou-se referência no cuidado oncológico no Estado de

São Paulo, com números crescentes de atendimento, atingindo 6.428

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pacientes atendidos em dez 2008, 16.163 em 2009, 22.706 em 2010, 27.669

em 2011; completou o ano de 2014 com 38.580 pacientes atendidos.

No ICESP, os protocolos de conduta oncológica foram discutidos com os

membros da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e membros

do corpo clínico do Instituto, e posteriormente com a Secretaria de Estado da

Saúde de São Paulo, e disponibilizadas em Manual de Condutas em

Oncologia34,35 e Manual de condutas em Oncologia Cirúrgica36. O tratamento

padrão neoadjuvante preconizado para neoplasias de reto médio e baixo, localmente

avançadas, consistia em radioterapia de 5040 cGy distribuídas em 28 frações durante

cinco semanas de tratamento, com quimioterapia concomitante por dois ciclos de

cinco dias, durante as semanas um e cinco de radioterapia. A cirurgia, após o

tratamento neoadjuvante, seria realizada com excisão total do mesorreto.

Apesar das diretrizes publicadas, conhecidas e disponibilizadas a todo o

corpo clínico; de recursos humanos, estruturais e tecnológicos existentes, havia

indícios de dificuldades no encaminhamento entre as equipes assistenciais,

tempos prolongados para liberação de laudos de exames subsidiários e

dificuldades de agendamento de radioterapia e cirurgia. Era necessário

gerenciar, de forma coordenada, os recursos disponíveis, na sequência e em

prazos adequados para as condutas definidas.

Em março de 2011, por iniciativa da Diretoria Clínica, todas as áreas

médicas envolvidas no tratamento dos pacientes com tumores de reto

(oncologia clínica, cirurgia do aparelho digestivo, radioterapia, endoscopia,

anestesia, clínica médica, diagnóstico por imagem e patologia) revisaram o

protocolo institucional de tratamento neoadjuvante para adenocarcinoma de

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reto, e estabeleceram a sequência das etapas, com prazos e intervalos

desejáveis. Este protocolo foi nomeado de Fluxo Gerenciado FGC20 (FGC20),

uma intervenção classificada como tecnologia de processo.

Para a sua implantação, as áreas administrativa e multiprofissional

desenvolveram soluções para viabilizar as marcações de consultas, exames,

quimioterapia, radioterapia e cirurgia conforme os intervalos previamente

definidos. O FGC20 iniciou em 12 de maio de 2011.

Pretende-se, através deste estudo, identificar as melhorias, as

dificuldades, os fatores críticos de sucesso no período de implantação e avaliar

os impactos em relação aos recursos utilizados e à dinâmica do cuidado, na

perspectiva do ICESP.

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OBJETIVOS

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2. OBJETIVOS

Objetivo Geral

O objetivo geral deste estudo é avaliar a implantação do modelo de

gerenciamento do protocolo clínico institucional para o tratamento

neoadjuvante do adenocarcinoma de reto, nomeado Fluxo Gerenciado FGC20,

adotado no ICESP.

Objetivos Específicos

1. Construir o modelo lógico do FGC20

2. Avaliar intervalos de tempos entre as etapas do tratamento de pacientes

do FGC20 e do controle histórico

3. Mensurar os recursos utilizados e descrever os custos do tratamento dos

pacientes no período prévio ao FGC20 e na vigência do FGC20

4. Verificar a sobrevida global dos pacientes tratados no período prévio ao

FGC20 e na vigência do FGC20

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MÉTODOS

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3. MÉTODOS

3.1 CONTEXTO

SITUAÇÃO INICIAL: O PERÍODO PRÉVIO À IMPLANTAÇÃO

O período prévio à implantação do FGC20 (PRÉ FLUXO) correspondeu

ao intervalo entre 06 de maio de 2008, data de inauguração do ICESP, a 11 de

maio de 2011. O processo de admissão de pacientes era desencadeado pelo

recebimento de solicitação médica enviada por equipamentos de saúde da

Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. Realizava-se a avaliação

documental administrativa, e na sequência, a triagem documental pela equipe

médica da oncologia clínica ou da cirurgia do aparelho digestivo, aceitando ou

não o encaminhamento do paciente.

A triagem documental era feita pela oncologia clínica, quando havia a

citação de necessidade de quimioterapia, ou relato de cirurgia realizada

previamente. A cirurgia do aparelho digestivo realizava a triagem documental

quando não havia relato de tratamento prévio. Após o aceite por uma das

especialidades, a consulta médica era agendada. No decorrer do atendimento

ambulatorial, eram solicitados exames subsidiários para o estadiamento,

segundo critérios de cada especialidade, a qual encaminhava a outras

especialidades médicas e multiprofissionais quando necessário ou após a

finalização de sua etapa no tratamento do paciente. Não havia definição de

prazos para o cumprimento das etapas do plano terapêutico e os protocolos de

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tratamento já estavam estabelecidos. Até 2010, a radioterapia neoadjuvante

era realizada no Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade

de Medicina da Universidade de São Paulo (InRad), e após a inauguração dos

aceleradores lineares, passou a ser feita no ICESP.

A INTERVENÇÃO: O FGC20

Mediado pela Diretoria Clínica do ICESP, as equipes médicas da

oncologia clínica, cirurgia do aparelho digestivo, radioterapia, diagnóstico por

imagem, patologia, endoscopia, anestesia e clínica médica revisaram o

protocolo institucional de tratamento neoadjuvante do câncer de reto baixo e

médio. Propuseram como tempo ideal o intervalo de 15 dias entre o

encaminhamento do paciente até a marcação da primeira consulta, com as

especialidades oncologia clínica ou cirurgia do aparelho digestivo.

Em conjunto, definiram os exames para estadiamento: exames

laboratoriais, radiografia de tórax (RX tórax), tomografia computadorizada (TC)

de abdome, ressonância magnética (RM) de pelve e colonoscopia/retoscopia

com biópsia. A consulta de retorno do paciente, para confirmação da proposta

de tratamento neoadjuvante seria realizada no período de 15 dias após a

primeira consulta médica.

Na sequência, o paciente seria encaminhado para iniciar o tratamento

neoadjuvante, com quimioterapia e radioterapia concomitantes, consistindo em

dose total de radioterapia de 5040 cGy, distribuídas em 28 frações diárias,

concomitante à quimioterapia com ácido folínico (20 mg/m2, IV, bolus D1a D5)

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e 5-fluorouracil (350 mg/m2, IV, bolus D1 a D5), durante as semanas um e

cinco da radioterapia37.

Dois meses após o final do tratamento neoadjuvante, o paciente seria

submetido a reestadiamento, com repetição dos exames laboratoriais, RX

tórax, TC de abdome, RM de pelve e colonoscopia/retoscopia. A cirurgia seria

feita no prazo de 30 dias a partir da realização de todos os exames.

O intervalo de tempo entre o final do tratamento neoadjuvante e a

cirurgia totalizaria 12 semanas. O período total de tratamento, desde a primeira

consulta até a cirurgia seria de 25 semanas.

Para identificar os pacientes inseridos no FGC20, foi criado um alerta no

prontuário eletrônico do paciente, visível a todos os usuários, denominado Flag.

O FGC20 iniciou no dia 12 de maio de 2011. A sequência das etapas

está representada no diagrama da figura 1:

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Figura 1: Diagrama do Fluxo Gerenciado FGC20, ICESP,2011

Flag – alerta no prontuário eletrônico identificando o paciente como pertencente ao Fluxo Gerenciado FGC20

TC – Tomografia computadorizada RX tórax – Radiografia de tórax

RM – Ressonância magnética

Triagem Documental (Regulação)

- Carimbo

- Inserção do Flag

Agendamento (Recepção)

- Agendamento 1ª consulta

- Pré agendamento

Exames estadiamento (coleta, TC,RX tórax,RM,colo-

noscopia)

Primeira Consulta Médica

- Solicitação exames

estadiamento

Realização Exames

estadiamento

Consulta oncologia clinica

e cirurgião do aparelho digestivo

- Encaminhamento para radioterapia

e prescrição quimioterapia

Consulta Radioterapia,

planejamento e simulação

Quimioterapia e Radioterapia

concomitantes ( 1 semana)

Radioterapia (3 semanas)

Retorno oncologia clinica e

prescrição do 2º ciclo

Quimioterapia e Radioterapia

concomitantes (1 semana)

Retorno cirurgia aparelho digestivo

- Solicitação exames de

reestadiamento em 8 semanas

Realização exames de

reestadiamento

Retorno com resultados

Cirurgião solicita cirurgia

Avaliação Risco

Anestesia

CIRURGIA

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3.2 CONSTRUÇÃO DO MODELO LÓGICO

A modelização da intervenção FGC20 foi utilizada para descrição do

processo de implantação, concebendo-a como um sistema organizado de

ações, relacionando os seguintes componentes, em quatro divisões: os atores

(os agentes envolvidos nas diversas atividades), o objetivo (o estado futuro

para o qual o processo de ação é orientado), as atividades (o conjunto de

ações desenvolvidas pelos atores) e os resultados (o produto gerado pelas

atividades realizadas).

Foi construído um modelo lógico operacional, em forma de diagrama,

correlacionando todas as atividades realizadas no processo de implantação do

FGC20 a objetivos específicos que viabilizaram o desenvolvimento da

intervenção, explicitando os principais envolvidos e os resultados esperados. A

elaboração foi feita com base na informação obtida com perguntas: “Quem

faz?”, “Quais os recursos necessários?”, “Quais atividades previstas?” e “Qual

o resultado esperado?”.

A partir do modelo lógico, foram identificados indicadores de

monitoramento do processo de implantação. Estes indicadores foram

selecionados por serem mensuráveis e terem sido definidos no fluxograma do

FGC20. A medida do indicador foi demonstrada como a proporção de

pacientes que atingiram a meta estabelecida.

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3.3 GRUPOS PRÉ FLUXO E FGC20

Além dos indicadores de monitoramento da implantação do FGC20, foi

selecionado um controle histórico para comparar o FGC20 e o período prévio a

sua implantação. Pacientes com diagnóstico de neoplasia maligna do reto

baixo e médio, admitidos no ICESP, no período de 06/05/2008 a 31/12/2013,

foram observados, retrospectivamente, considerando 2 grupos:

a) grupo PRÉ FLUXO: pacientes cuja entrada ocorreu entre 06/05/2008,

data da inauguração do instituto, até o dia 11/05/2011, considerado o

grupo controle;

b) grupo FGC20: pacientes com início de atendimento entre

12/05/2011, data de início do FGC20, até 31/12/2013, considerado o

grupo experimental.

Os critérios de inclusão foram:

pacientes com o diagnóstico de câncer de reto;

pacientes tratados com quimioterapia e radioterapia concomitantes

e posterior realização de cirurgia.

Os critérios de exclusão foram:

pacientes metastáticos ao diagnóstico inicial;

pacientes sem indicação do protocolo de tratamento

neoadjuvante preconizado, por indicação de cirurgia imediata ou

por indicação clínica de radioterapia neoadjuvante de curso

rápido;

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pacientes que não realizaram o tratamento neoadjuvante por falta

de condições clínicas;

pacientes com tratamento de quimioterapia, radioterapia ou

cirurgia, prévios ao início de tratamento no ICESP;

recusa ou má aderência do paciente ao tratamento neoadjuvante.

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3.4 MENSURAÇÃO DOS INTERVALOS DE TEMPO

De ambos os grupos, PRÉ FLUXO e FGC20, foram obtidas as seguintes

informações: data da primeira consulta médica, data do início e término da

quimioterapia e radioterapia neoadjuvantes (nCRT) e data da cirurgia. A data

da inserção do Flag foi obtida para o grupo FGC20.

A coleta das datas de alertas, consultas e cirurgia foi feita a partir de

planilhas disponibilizadas pelo setor de Gestão da Informação em Saúde,

obtidas do sistema de gestão em saúde Philips Tasy® (Philips Clinical

Informatics, Blumenau, Brasil). As informações sobre a radioterapia foram

obtidas a partir do sistema informatizado Mosaiq® (Elekta AB, Estocolmo,

Suécia). Foram definidos os seguintes intervalos de tempo:

intervalo entre inserção do Flag e realização da primeira consulta

(apenas para o grupo FGC20);

intervalo entre primeira consulta e início da nCRT;

intervalo entre início e término da nCRT;

intervalo entre final da nCRT e cirurgia;

intervalo entre primeira consulta e cirurgia.

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3.5 MENSURAÇÃO DOS RECURSOS, CUSTOS E SOBREVIDA

O horizonte temporal da coleta de recursos utilizados foi o intervalo entre

a data da primeira consulta médica até 30 dias após a realização da cirurgia,

em ambos os grupos. Este intervalo foi definido por conter todas as etapas

previstas no FGC20: consultas, estadiamento, radioterapia, quimioterapia e

cirurgia. O período de 30 dias após a realização da cirurgia foi definido pelas

equipes médicas por abranger possíveis complicações no pós operatório da

cirurgia.

Foram utilizadas planilhas disponibilizadas pelo setor de Gestão da

Informação em Saúde, obtidas do sistema de gestão em saúde Philips Tasy®,

contendo as informações: registro do paciente no hospital; 10ª edição da

Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados

com a Saúde (CID); datas de consultas das especialidades médicas e

multiprofissionais; datas de coleta de exames laboratoriais; data da inserção do

alerta FGC20; setores de internação e seus respectivos períodos de admissão

e alta; data e nome das cirurgias realizadas e protocolos de quimioterapia

realizados.

Dados da radioterapia foram extraídos do sistema informatizado de

radioterapia Mosaiq®, contendo datas, sessões e check films realizados. Para

alguns pacientes da coorte PRÉ FLUXO, os dados foram obtidos a partir da

visualização de prontuário e ficha técnica do InRad, digitalizados no sistema de

digitalização de documentos Laserfiche® (Laserfiche Run Smarter, Long

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Beach, Califórnia, Estados Unidos) que permite a visualização de documentos

digitalizados no prontuário eletrônico do paciente do sistema Tasy®.

O quantitativo de colonoscopias/retoscopias, TC e RM foi obtido através

de relatórios dos sistemas informatizados de gerenciamento de imagens Philips

XIRIS® e MultiMED® (Philips Medical Systems, Best, Holanda).

Dados referentes ao diagnóstico inicial foram obtidos a partir da

visualização de exames anátomo-patológicos de admissão do paciente no

ICESP, em formulários digitalizados no sistema Laserfiche®, pesquisa de

laudos em sistema HCMED® (Hospital das Clínicas da Universidade de São

Paulo, São Paulo, Brasil) ou dados disponibilizados pelo Registro Hospitalar de

Câncer. Dados referentes ao último atendimento no hospital e/ou óbito foram

obtidos a partir da verificação direta em prontuário eletrônico do paciente ou

informações disponibilizadas pelo Registro Hospitalar de Câncer.

Para o grupo FGC20, foi utilizada a planilha Excel© administrativa, de

controle e monitoramento ativo de pacientes do FGC20, compartilhada em

servidor departamental, denominada “Pacientes ativos; completa-realizada-

óbito”.

Foi construído um Banco de Dados individuais dos pacientes em planilha

Excel©, utilizando informações extraídas do sistema de gestão em saúde

Philips Tasy®, sistema de digitalização de documentos Laserfiche®, sistema

informatizado de radioterapia Mosaiq®, sistemas informatizados de

gerenciamento de imagens Philips XIRIS® e MultiMED®, sistema HCMED® e

dados do Registro Hospitalar de Câncer, contendo as informações abaixo.

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Registro do paciente no hospital.

Data de nascimento.

Sexo.

Data da inserção do Flag.

Data da primeira consulta médica.

Número de consultas com oncologista clínico, da primeira

consulta médica até 30 dias após a cirurgia.

Número de consultas com cirurgião do aparelho digestivo, da

primeira consulta médica até 30 dias após a cirurgia.

Número de consultas com clínico, para avaliação de risco

cirúrgico, da primeira consulta médica até 30 dias após a cirurgia.

Número de consultas com anestesista, da primeira consulta

médica até 30 dias após a cirurgia.

Número de consultas com radioterapeuta, da primeira consulta

médica até 30 dias após a cirurgia.

Número de consultas da equipe multiprofissional: enfermagem,

nutricionista, fisioterapeuta, assistente social, psicologia, da

primeira consulta médica até 30 dias após a cirurgia.

Número de consultas médicas de outras especialidades cirúrgicas

e clínicas, exceto oncologistas, cirurgião do aparelho digestivo,

avaliação de risco e anestesista, da primeira consulta médica até

30 dias após a cirurgia.

Número de consultas de odontologistas, da primeira consulta

médica até 30 dias após a cirurgia.

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Número de atendimentos em hospital dia e ambulatório de infusão

terapêutica, da primeira consulta médica até 30 dias após a

cirurgia.

Número de coletas externas de exames laboratoriais, da primeira

consulta médica até 30 dias após a cirurgia.

Número de TC realizadas, da primeira consulta médica até 30

dias após a cirurgia.

Número de RM realizadas, da primeira consulta médica até 30

dias após a cirurgia.

Número de colonoscopias/retoscopias realizadas, da primeira

consulta médica da primeira consulta médica até 30 dias após a

cirurgia.

Protocolo de quimioterapia de indução.

Protocolo de quimioterapia neoadjuvante concomitante à

radioterapia.

Data de início da radioterapia neoadjuvante.

Data de término da radioterapia neoadjuvante.

Número de sessões de radioterapia.

Número de check films realizados.

Data e nome da cirurgia principal.

Número, data e hora de atendimentos no Centro de Atendimento

às Intercorrências Oncológicas (CAIO), da primeira consulta

médica até 30 dias após a cirurgia.

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Número de dias de internação no CAIO, da primeira consulta

médica até 30 dias após a cirurgia.

Número de dias de internação em unidade de internação (UI), da

primeira consulta médica até 30 dias após a cirurgia.

Número de dias de internação em unidade de terapia intensiva

(UTI), da primeira consulta médica até 30 dias após a cirurgia.

Data do diagnóstico do tumor.

Estádio clínico inicial, conforme 6ª edição do Sistema de

estadiamento: T-tumor, N-linfonodo, M-metástase (TNM),

American Joint Committee on Cancer (AJCC).

Estádio patológico, conforme 6ª edição do TNM, AJCC.

Data do último atendimento no hospital.

Data do óbito.

Método de Custeio

A descrição de custos diretos médicos do tratamento foi feita na

perspectiva do serviço – o ICESP, com a metodologia mista de custeio, com

microcusteio para o cômputo individual de consultas, exames de imagem e

sessões de radioterapia e quimioterapia, e macrocusteio para o cálculo de

custo dos valores de internação e cirurgia. Os custos estão apresentados em

Reais de 2015.

Para a valoração dos custos foi utilizada a tabela de custos do ICESP,

com valores de referência de janeiro a julho de 2015, cuja apuração utiliza a

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metodologia de custeio por absorção, considerando os custos fixos, variáveis e

rateios dos recursos humanos, recursos materiais e infraestrutura para o

cálculo do valor unitário de consulta médica, consulta multiprofissional, consulta

de odontólogo, TC, RM, colonoscopia/retoscopia, sessão de radioterapia, diária

de UI, diária de UTI e diária de hospital dia.

Para os eventos atendidos na unidade de urgência e emergência - CAIO

- considerou-se o valor proporcional da média de tempo de atendimento dos

eventos dos grupos PRÉ FLUXO e FGC20 no CAIO, em relação ao valor de

uma diária nesta unidade.

O custo médio da quimioterapia foi calculado no mês de referência junho

2015, considerando superfície corpórea média de 1,8m2, e materiais e

medicamentos conforme padronização do serviço35,36. No cálculo do protocolo

FULV considerou-se ácido folínico (20 mg/m2, IV, bolus D1a D5) e 5-

fluorouracil (350 mg/m2, IV, bolus D1 a D5), durante as semanas um e cinco da

radioterapia. Para o cálculo do protocolo mFLOX considerou-se oxaliplatina (85

mg/ m2 IV 2 horas, semanas 1,3,5), ácido folínico (20 mg/ m2 IV bolus,

semanas 1,2,3,4,5,6) e 5-fluorouracil (500 mg/ m2 IV bolus, semanas

1,2,3,4,5,6).

O custo médio das cirurgias foi calculado a partir do valor unitário do

minuto cirúrgico (referência: média de janeiro a julho 2015) e medianas de

tempos dos procedimentos de retossigmoidectomia aberta,

retossigmoidectomia por videolaparoscopia e amputação de reto. Adotou-se,

para as cirurgias de enxenteração pélvica e laparotomia exploradora a mediana

de tempo da cirurgia de amputação de reto. O valor unitário do minuto cirúrgico

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considera o valor do centro cirúrgico de custos fixos, variáveis e rateios em

recursos humanos, materiais, medicamentos, infraestrutura e exames

realizados.

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31

3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

A análise estatística utilizou o software estatístico SPSS for Windows

v.18.0 (SPSS Inc., Chicago, IL, Estados Unidos).

As variáveis qualitativas foram apresentadas por frequências e

porcentagens. As variáveis quantitativas foram apresentadas pela média,

mediana, desvio padrão e valores mínimo e máximo.

A associação entre as variáveis demográficas, clínicas, patológicas e

utilização de recursos segundo as coortes observadas (PRÉ FLUXO e FGC20)

foi analisada pelo teste qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher para

as variáveis qualitativas; para as variáveis quantitativas utilizou-se o teste t de

Student ou teste Mann-Whitney. As curvas de sobrevida global foram

calculadas segundo o método de Kaplan-Meier e comparadas utilizando o teste

log-rank.

O nível de significância adotado para todos os testes estatísticos foi de

5%.

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32

3.7 ASPECTOS ÉTICOS

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo em 07/05/2014, sob o

nº126/14.

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RESULTADOS

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34

4. RESULTADOS

4.1 MODELO LÓGICO DO FGC20

O modelo lógico da implantação do FGC20 (figura 2) esquematiza as

atividades desenvolvidas e as correlaciona aos agentes, aos objetivos e aos

resultados esperados.

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35

LIDERANÇA: Diretoria

Clínica e Diretoria

Executiva

Envolver o corpo clínico

Diretoria Clínica: promoção de

reuniões multidisciplinares, com

oncologistas, cirurgiões do

aparelho digestivo,

radioterapeutas, endoscopistas,

radiologistas, patologistas, clínicos

e anestesiologistas

Envolver o apoio

administrativo

Diretoria Executiva: promoção de

reuniões mistas, envolvendo

recepção, gerenciamento de leitos,

regulação e áreas assistenciais

Protocolo de tratamento

neoadjuvante do câncer de

reto revisado

· Visibilidade institucional

para o FGC20

· Fluxograma definido em

linha de tempo de 175 dias

· Listagem de necessidades

de desenvolvimento de

soluções

Oncologistas,

cirurgiões do

aparelho digestivo,

radioterapeutas,

endoscopistas,

clinicos, patologistas,

anestesiologistas,

radiologistas, equipe

multidisciplinar,

recepção

ambulatorial,

gerenciamento de

leitos e regulação

Desenvolver soluções

para operacionalizar o

FGC20

Definir via de entrada do paciente e

forma de identificação

Entrada definida via

oncoclínica ou cirurgia do

aparelho digestivo, ficha da

regulação sinalizada através

de carimbo

Definir prazo para 1ªconsulta

Prazo máximo de 15 dias para

1ª consulta definido como

desejável, vagas de primeira

consulta reservadas para o

FGC20

Definir os exames de

estadiamento e definir prazos para

laudos

· Exames de estadiamento

definidos e acordados entre

as equipes oncoclínica e

cirurgia

· Laudos de exames

disponíveis em 1 semana

após sua realização

Revisar o processo do

agendamento da quimioterapia e

radioterapia concomitantes

Agendas compartilhadas de

sessões de quimioterapia e

radioterapia concomitantes

Revisar o processo de

agendamento da cirurgia e definir

prazo para a sua realização

· Monitoramento ativo do

agendamento cirúrgico

· Paciente apto para cirurgia

dentro do prazo

· Cirurgia realizada até 12

semanas do final da

neoadjuvância

ATORES OBJETIVOS ATIVIDADES RESULTADOS

Tecnologia da

Informação

Desenvolver soluções

em sistema

informatizado Tasy

Criar forma de identificação do

paciente inserido no FGC20 a

todos os usuários Tasy

Desenvolver relatório para

identificar os pacientes do FGC20

com agendamentos de consultas e

exames

Paciente do FGC20

identificado através de alerta

(Flag) a todos os usuários

Tasy

Listagem dos atendimentos

agendados para pacientes

com alerta ativo (Relatório

CATE 587), disponível a

enfermeiros e coordenadores

Recepção

Tecnologia da

Informação

Médicos

Regulação

Desenvolver treinamento

do FGC20 aos

colaboradores

Desenvolver processo de

inativação do alerta (Flag)

Listagem de pacientes com

alerta ativo e sem

atendimentos agendados

(Relatório CATE 592),

disponível a enfermeiros e

coordenadores

Desenvolver relatório para

identificar os pacientes do FGC20

sem agendamentos e com

necessidade de busca ativa

Cálculo disponível em sistema

para o agendamento das

etapas no FGC20 pela equipe

da recepção (Relatórios CATE

595 e 618), a partir da inserção

da data da 1ª consulta

Criar solução para que a equipe da

recepção realize os agendamentos

das etapas do FGC20, de forma

automática

Pacientes excluídos do FGC20

ou finalizados no fluxo com o

alerta inativado

Incorporar o treinamento do passo

a passo do FGC20 aos oficiais

administrativos da recepção

Oficiais administrativos

familiarizados às etapas do

FGC20 e aptos para agendar

consultas e exames segundo

cronograma esperado

· Treinar regulação para a

inserção do Flag

· Treinar médicos para inativação

do Flag

· Regulação apta para

inserção do Flag

· Médicos treinados para

inativação do Flag e

inserção de justificativa

Treinar os oficiais administrativos

na utilização dos relatórios CATE

595 e 618

Objetivo 1

Objetivo 2

Objetivo 3

Objetivo 4

Objetivo 5

Figura 2. Modelo lógico da implantação do Fluxo Gerenciado FGC20, ICESP 2011

FGC20: fluxo gerenciado FGC20 Flag: alerta no prontuário eletrônico identificando o paciente como pertencente ao FGC20

CATE: relatórios desenvolvidos pelo cliente, C:cliente, ATE: atendimento

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Objetivo 1- Envolver o corpo clínico

Para a implantação do FGC20, o marco inicial das atividades foi o

envolvimento do corpo clínico. Foram realizadas reuniões multidisciplinares,

sob a liderança da Diretoria Clínica, com a participação das equipes médicas

envolvidas nas etapas de tratamento do paciente com câncer de reto:

oncologistas, cirurgiões do aparelho digestivo, radioterapeutas, endoscopistas,

radiologistas, patologistas, clínicos e anestesiologistas. Em conjunto, revisaram

o protocolo de tratamento neoadjuvante do câncer de reto, e a Diretoria Clínica

imprimiu um caráter institucional à proposta do FGC20.

Objetivo 2- Envolver o apoio administrativo

Após a revisão do protocolo, a Diretoria Executiva mobilizou o grupo de

apoio administrativo para o desenho do fluxograma do FGC20, com a

participação das áreas de recepção ambulatorial, gerenciamento de leitos e

agenda cirúrgica, regulação (responsável pela entrada de pacientes novos no

ICESP) e equipes assistenciais (médicas e multiprofissionais). As equipes

definiram o fluxograma (figura 1) e levantaram os pontos críticos e

necessidades de desenvolvimento de soluções.

Objetivo 3- Desenvolver soluções para operacionalizar o FGC20

Para a operacionalização do FGC20, o primeiro ponto crítico mapeado

no fluxograma foi a definição e identificação da via de entrada do paciente no

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FGC20. Oncologistas, cirurgiões do aparelho digestivo e o setor regulação

estabeleceram a entrada de pacientes no FGC20 através de triagem

documental tanto pela oncologia clínica quanto pela cirurgia do aparelho

digestivo, e a sinalização de inclusão no FGC20 através de um carimbo na

ficha da triagem documental, possibilitando a identificação do paciente pelo

setor regulação.

O segundo ponto crítico identificado pelas equipes foi a necessidade de

garantir vagas de primeira consulta para o paciente do FGC20. O setor de

recepção ambulatorial e equipes médicas definiram o prazo de 15 dias entre o

aceite da triagem e a realização da primeira consulta e estabeleceram, nas

agendas médicas, vagas reservadas de primeira consulta para pacientes do

FGC20.

O terceiro ponto crítico foi a diversidade de exames de apoio diagnóstico

solicitados e prazos variáveis de laudos. Oncologistas e cirurgiões definiram

tipos e quantidades de exames laboratoriais, exames de imagem e

colonoscopias/retoscopias para as fases de estadiamento e reestadiamento.

Em conjunto com radiologistas, patologistas, endoscopistas e recepção,

definiram um intervalo desejável de 15 dias entre a realização dos exames e o

retorno médico.

O quarto ponto crítico identificado foi a necessidade de garantir os

agendamentos concomitantes entre os setores de quimioterapia e radioterapia

na primeira e quinta semanas da nCRT, e prezar pelo agendamento de

radioterapia na segunda, terceira e quarta semanas desta etapa do tratamento.

As equipes da radioterapia, quimioterapia, equipe multidisciplinar e recepções

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desenvolveram uma planilha compartilhada para a marcação das sessões de

quimioterapia e radioterapia para assegurar a visualização mútua e em tempo

real de ambos os setores.

O quinto ponto crítico identificado pelas equipes foi a necessidade de

garantir o prazo para realizar a cirurgia após o tratamento neoadjuvante. O

setor de Gerenciamento de Leitos e Agenda Cirúrgica desenvolveu uma

planilha no servidor departamental, nomeada “Pacientes ativos; completa-

realizada-óbito” contendo a informação da data de início e término da nCRT,

datas esperada e realizada para a confecção do pedido de agendamento

cirúrgico, datas esperada e realizada de avaliação anestésica e datas esperada

e realizada da cirurgia. O objetivo da planilha foi monitorar e convocar

ativamente os pacientes do FGC20, através da verificação da confecção do

pedido de cirurgia, avaliação de risco cirúrgico e agendamento cirúrgico em

relação ao período ideal de realização, de forma a cumprir, dentro do prazo, a

última etapa do FGC20 - a cirurgia.

Objetivo 4- Desenvolver soluções em sistema informatizado Tasy®

O setor de Tecnologia de Informação desenvolveu soluções no sistema

informatizado Tasy® para a implantação do FGC20.

O alerta no prontuário eletrônico do paciente, denominado Flag, foi

criado para permitir que as equipes, tanto assistenciais quanto administrativas,

identificassem o paciente pertencente ao FGC20. Ao acessar o sistema Tasy®

com o registro de paciente do FGC20, automaticamente o alerta contendo a

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informação: “Paciente pertencente ao Fluxo Gerenciado FGC20” apareceria na

primeira tela do sistema. Por consenso, foi decidido que o setor regulação seria

o responsável pela inserção do Flag.

Relatórios foram desenvolvidos pela equipe de tecnologia de informação

do ICESP (relatórios CATE – C: cliente, ATE: atendimento). O relatório CATE

587 foi desenvolvido para que enfermeiros e coordenadores pudessem

visualizar os atendimentos agendados para pacientes com Flag ativo,

facilitando a verificação dos pacientes do FGC20 dentre a totalidade de

pacientes atendidos no ICESP.

O relatório CATE 592 foi criado para permitir a visualização de pacientes

com o alerta ativo, porém sem atendimentos agendados, facilitando a busca

ativa do paciente não agendado.

A solução para que a equipe de recepção pudesse realizar

agendamento das etapas do FGC20, sem a necessidade de memorizar passos

e prazos do protocolo foi o desenvolvimento dos relatórios CATE 595 e 618.

Estes relatórios calculavam e listavam as datas necessárias para o pré

agendamento do paciente, a partir da inserção da data da primeira consulta,

segundo o cronograma do protocolo e os dias de agendas disponíveis.

Foi necessário desenvolver um processo de inativação do alerta para

que médicos ou setor regulação pudessem excluir ou finalizar o paciente no

FGC20. Foi definida a obrigatoriedade de anotação do motivo de inativação

para finalização do processo.

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Objetivo 5- Desenvolver treinamento do FGC20 aos colaboradores

Foi definido um treinamento sistemático do setor recepção para

apresentar o passo a passo do FGC20 aos oficiais administrativos da

recepção. O treinamento também englobava a capacitação para utilizar os

relatórios CATE 595 e 618, visando assegurar o agendamento de consultas e

exames segundo o cronograma esperado. O setor regulação recebeu

treinamento para a inserção do Flag em pacientes elegíveis ao FGC20,

identificados pelas equipes médicas a partir da triagem documental de

pacientes encaminhados ao ICESP.

O setor de Tecnologia da Informação do ICESP desenvolveu um manual

de treinamento de inativação do Flag. O manual foi apresentado em reuniões

médicas e disponibilizado por correio eletrônico aos médicos da oncologia

clínica e cirurgiões do aparelho digestivo.

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4.2 AVALIAÇÃO DOS INTERVALOS DE TEMPO E

INDICADORES DE MONITORAMENTO DE RESULTADOS

DO MODELO LÓGICO

624 pacientes com diagnóstico de câncer de reto foram matriculados no

ICESP, no período de 06/05/2008 a 31/12/2013 (figura 3).

O grupo PRÉ FLUXO, entre 06/05/2008 a 11/05/2011, incluiu 211

pacientes. Destes, 99 pacientes foram excluídos: 28 por se apresentarem

metastáticos ao diagnóstico inicial, 29 por não terem indicação de tratamento

neoadjuvante pela equipe médica, 12 por não realizarem tratamento

neoadjuvante por falta de condições clínicas, 29 por tratamentos prévios

realizados e 1 por recusa e/ou má aderência ao tratamento neoadjuvante

(figura 3).

O grupo FGC20 foi composto por pacientes admitidos entre 12/05/2011,

data de início do FGC20, até 31/12/2013, totalizando 413 pacientes. 195

pacientes foram excluídos pelas seguintes constatações: 74 metastáticos ao

diagnóstico inicial, 64 por não terem indicação de tratamento neoadjuvante pela

equipe médica, 28 por não realizarem o tratamento neoadjuvante por falta de

condições clinicas, 21 por tratamentos prévios realizados e 8 por recusa e/ou

má aderência ao tratamento neoadjuvante (figura 3).

330 pacientes foram analisados, sendo 112 do grupo PRÉ FLUXO e 218

do grupo FGC20 (figura 3).

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Figura 3: Descritivo de pacientes com câncer de reto observados 2008-2013, ICESP

PRÉ FLUXO: período prévio à implantação do Fluxo Gerenciado FGC20 FGC20: Fluxo Gerenciado FGC20

O grupo PRÉ FLUXO correspondeu a 33,9% do total de pacientes, e o

grupo FGC20 representou 66,1% do total de pacientes. Não houve diferença

ente os grupos em relação à distribuição por sexo (p=0,788). A média de idade

no grupo FGC20 foi de 62,1 anos e a mediana de 63,2 anos (vmin 30,8 – vmax

85,2), sendo significativamente maior que o grupo PRÉ FLUXO (p=0,026)

(tabela 1).

Pacientes com câncer de reto

(n=624)

Grupo

PRÉ

FLUXO

(n=211)

Grupo

FGC20

(n=413)

Excluídos

(n=99)

Excluídos

(n=195)

Metastático (n=28)

Sem indicação tratamento neoadjuvante (n=29)

Tratamento

prévio (n=29)

Má condição

clínica

paciente

(n=12)

Recusa e/ou

má aderência

tratamento

neoadjuvante

(n=1)

Metastático

(n=74)

Sem indicação

tratamento

neoadjuvante

(n=64)

Tratamento

prévio (n=21)

Má condição

clínica paciente

(n=28)

Recusa e/ou

má aderência

tratamento

neoadjuvante

(n=8)

Analisados

PRÉ FLUXO

(n=112)

Analisados

FGC20

(n=218)

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Os grupos diferiram significativamente (p<0,001) em relação à

distribuição dos pacientes segundo o estádio clínico inicial. No grupo PRÉ

FLUXO, houve predomínio de pacientes no estádio clínico inicial IIIB e IIA

(36,6% e 33%, respectivamente). Na coorte FGC20, houve uma maior

proporção de pacientes no estádio IIIC (35,8%), seguido pelo estádio IIIB

(30,7%) (tabela 1).

Não houve diferença estatisticamente significante entre os grupos, em

relação aos estádios patológicos (p=0,632) (tabela 1).

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Tabela 1- Distribuição, dados demográficos, estádio clínico inicial, inicial agrupado e

patológico de pacientes observados nos grupos PRÉ FLUXO e FGC20, em pacientes

com câncer de reto, ICESP, 2008-2013.

PRÉ FLUXO N (%)

FGC20 N (%)

p-valor

Pacientes (N=330) Sexo

feminino masculino

112 (33,9)

49 (43,8) 63 (56,3)

218 (66,1)

92 (42,2) 126 (57,8)

p=0,788

Idade (anos)

média

mediana vmin-vmax

59,0 60,3

23,0 - 85,4

62,1 63,2

30,8 – 85,2

p=0,026

Estádio* Inicial

I

IIA IIB IIIA IIIB IIIC

6 (5,4)

37 (33,0) 4 (3,6) 10 (8,9) 41 (36,6) 14 (12,5)

12 (5,5) 28 (12,8) 13 (6,0) 20 (9,2) 67 (30,7) 78 (35,8)

p<0,001

Estádio* Inicial Agrupado

I II III

6 (5,4)

41 (36,6) 65 (58,0)

12 (5,5) 41(18,8)

165 (75,7)

p=0,002

Estádio* Patológico

0 I

IIA IIB IIIA IIIB IIIC IV

24 (21,4) 22 (19,6) 30 (26,8) 4 (3,6) 11 (9,8) 13 (11,6) 7 (6,3) 1 (0,9)

40 (18,3) 51 (23,4) 49 (22,5) 12 (5,5) 12 (5,5) 35 (16,1) 16 (7,3) 3 (1,4)

p=0,632

*Segundo 6ª edição TNM, AJCC vmin: valor mínimo vmax:valor máximo

N= número PRÉ FLUXO: período prévio à implantação do FGC20 FGC20: Fluxo Gerenciado FGC20

Foram selecionados os seguintes indicadores de monitoramento de

resultados da implantação do FGC20, baseados em resultados esperados do

modelo lógico, destacados em vermelho na figura 2: intervalo de tempo entre a

inserção do Flag e a realização da primeira consulta; intervalo de tempo entre o

final da nCRT e a realização da cirurgia; e intervalo de tempo entre a primeira

consulta e a cirurgia (tabela 2).

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O indicador “intervalo de tempo entre a inserção do Flag e a realização

da primeira consulta” tem como meta o prazo máximo de 15 dias, conforme a

definição das equipes.

O indicador “intervalo de tempo entre o final da nCRT e a realização da

cirurgia” tem como meta o prazo de 14 semanas, considerando uma margem

de 2 semanas a mais em relação ao prazo ideal definido pelas equipes

médicas.

O indicador “intervalo de tempo entre a primeira consulta e a cirurgia”

tem como meta 189 dias ou 27 semanas, considerando o fluxograma descrito e

uma margem de duas semanas a mais em relação ao prazo ideal definido

pelas equipes médicas.

A tabela 2 apresenta a porcentagem de pacientes do grupo FGC20 que

atingiram as metas esperadas. 66,3% dos pacientes observados no período

realizaram a primeira consulta após a inserção do Flag no prazo esperado de

15 dias.

75,2% dos pacientes do grupo FGC20 ficaram dentro da meta esperada

de 14 semanas para o intervalo entre o final da nCRT e a cirurgia, e 72,7% dos

pacientes completaram todas as etapas do FGC20 no intervalo menor ou igual

a 189 dias (tabela 2).

Os intervalos entre as etapas do tratamento foram significativamente

diferentes entre os grupos (tabela 2), e todos os intervalos de tempo foram

maiores no grupo PRÉ FLUXO, comparados ao Grupo FGC20.

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Tabela 2 - Indicadores de monitoramento do Modelo Lógico do FGC20 e intervalos

entre as etapas de primeira consulta médica, tratamento neoadjuvante e cirurgia, em

pacientes com câncer de reto, ICESP, 2011-2013.

Meta do Indicador

Pac FGC20 <meta

(%)

FGC20

PRÉ FLUXO

p-valor Variação PRÉ

FLUXO /FGC20

Intervalo entre inserção de Flag e realização da 1ªconsulta (dias)

< 15 dias 66,3 12,7 (média)

NA NA NA

Intervalo entre final da nCRT e cirurgia (semanas)

<14 semanas

75,2 14,8 (média) 13,2

(mediana)

22,2 (média)

20,0 (mediana)

<0,001 - 33%

Intervalo entre 1ªconsulta e cirurgia (dias)

<189 dias 72,7 191,8 (média) 176,4

(mediana)

278,2 (média) 261,5

(mediana)

<0,001 - 31%

Intervalo entre 1ªconsulta e início da nCRT (dias)

NA NA 48,2 (média) 39,4

(mediana)

79,7 (média)

71,0 (mediana)

<0,001 - 39,5%

Intervalo entre início e término da nCRT (dias)

NA NA 40,0 (média) 39,0

(mediana)

43,9 (média)

44,0 (mediana)

<0,001 - 8,9%

nCRT: quimioterapia e radioterapia neoadjuvantes NA: não se aplica Pac: pacientes PRÉ FLUXO: período prévio à implantação do FGC20 FGC20: Fluxo Gerenciado FGC20

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4.3 AVALIAÇÃO DOS RECURSOS UTILIZADOS E DESCRIÇÃO

DE CUSTOS DO TRATAMENTO DO CÂNCER DE RETO

A Tabela 3 mostra a utilização de recursos de consultas por

especialidade, exames e sessões de radioterapia nos dois grupos. No grupo

PRÉ FLUXO, houve maior número de consultas com oncologistas clínicos, TC,

RM e sessões de radioterapia (p<0,001). No grupo FGC20, houve maior

número de consultas com cirurgião do aparelho digestivo (p=0,006), consultas

de radioterapia, avaliação de risco, consultas de multiprofissionais,

colonoscopias, check films (radioterapia) e coletas ambulatoriais de exames

laboratoriais (p<0,001).

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Tabela 3- Recursos utilizados no período entre a primeiro atendimento médico e 30

dias após a cirurgia, dos pacientes com câncer de reto observados nos grupos PRÉ

FLUXO e FGC20, ICESP, 2008-2013, e valores unitários de custos por recursos,

referência jan-jul 2015.

Recurso utilizado Valor Unitário

R$

PRÉ FLUXO FGC20

p-valor

Consulta por especialidade

Oncologista clínico 443,38 8,5 6,4 <0,001

Cirurgião aparelho digestivo 443,38 6,1 6,9 0,006

Avaliação de risco* 443,38 1,0 1,5 <0,001

Anestesista 443,38 1,0 1,0 0,927

Multiprofissionais** 55,34 14,5 20,1 <0,001

Médicas (outros)*** Radioterapeuta

443.38

443,38

1,3 3,4

1,2 7,4

0,788 <0,001

Tomografias computadorizadas 129,85 5,8

3,5 <0,001

Ressonâncias magnéticas

263,52 1,6 0,7 <0,001

Colonoscopias/Retoscopias

898,49 0,8 1,9 <0,001

Sessões Radioterapia 194,21 28,5 28,0 <0,001

Check Films - 12,3 14,4 <0,001 Coleta de exames laboratoriais ****

-

5,0

6,4

<0,001

*Realizado por clinico médico, para avaliação de risco no pré operatório **Enfermagem, nutricionista, fisioterapeuta, assistente social, psicologia ***Consultas com outras especialidades médicas, exceto oncologista clínico, cirurgião do aparelho digestivo, clinico médico da avaliação de risco, anestesista e radioterapeuta ****Referente ao evento de coleta ambulatorial, não considera número de exames colhidos ∆ Não considera consultas com radioterapeuta realizadas no InRad PRÉ FLUXO: período prévio à implantação do FGC20 FGC20: Fluxo Gerenciado FGC20

Os grupos diferiram significativamente quanto a necessidade de

atendimento no CAIO e UTI. 62,4% dos pacientes do grupo FGC20 não

registraram atendimentos no CAIO e UTI. 66,1% e 58,9% dos pacientes do

grupo PRÉ FLUXO tiveram registros de atendimento no CAIO e UTI,

respectivamente (tabela 4). No grupo PRÉ FLUXO, houve maior média de

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49

eventos de atendimentos no CAIO e na UTI, em relação ao grupo FGC20

(p<0,001) (tabela 4).

Tabela 4 - Distribuição de eventos de atendimentos, média de eventos e de dias de internação no CAIO, Unidades de Internação e Unidade de Terapia Intensiva, no período entre a primeiro atendimento médico e 30 dias após a cirurgia, dos pacientes com câncer de reto observados nos grupos PRÉ FLUXO e FGC20, ICESP, 2008-2013.

PRÉ FLUXO FGC20 p-valor

Evento Sim Não Sim Não

CAIO 66,1% 33,9% 37,6% 62,4%

<0,001

UI 100% 0 100% 0

NA

UTI 58,9% 41,1% 37,6% 62,4%

<0,001

Média de eventos

Hospital Dia 0,5 0,4 0,272

CAIO* 1,7 0,6 <0,001

UI 1,2 1,3 0,372

UTI 0,6 0,4 <0,001

Média de dias de internação

UI 10,4 10,5 0,398

UTI 1,4 1,5 0,006

NA: não se aplica PRÉ FLUXO: período prévio à implantação do FGC20 FGC20: Fluxo Gerenciado FGC20

*Eventos de atendimento no CAIO, com duração <24 h. CAIO:Centro de Atendimento às Intercorrências Oncológicas

UI: Unidade de Internação UTI: Unidade de Terapia Intensiva

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50

A Tabela 5 apresenta os valores unitários de custo médio de diárias do

CAIO, UI, UTI e de hospital dia. Para o valor do evento CAIO, utilizou-se a

média de horas dos eventos de atendimentos de ambos os grupos - 5,5h para

o grupo PRÉ FLUXO e 5h para o grupo FGC20 – para o cálculo proporcional

do valor do evento em relação a uma diária do CAIO.

Tabela 5 – Valores unitários de custos de diárias, referência jan-jul 2015, ICESP.

Recurso Valor unitário (R$)

Evento CAIO PRÉ FLUXO * 546,85

Evento CAIO FGC20** 497,13

Diária CAIO 2386,25

Diária UI cirúrgica 941,39

Diária UTI 2518,57

Diária Hospital Dia 488,04

* média de 5,5h de tempo de atendimento dos pacientes no CAIO sem gerar internação

** média de 5h de tempo de atendimento dos pacientes no CAIO sem gerar internação

CAIO: Centro de Atendimento às Intercorrências Oncológicas

UI:Unidade de Internação UTI: Unidade de Terapia Intensiva

PRÉ FLUXO: período prévio à implantação do FGC20 FGC20: Fluxo Gerenciado FGC20

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51

A tabela 6 apresenta a utilização do recurso de quimioterapia. 26,8% dos

pacientes do grupo PRÉ FLUXO realizaram quimioterapia de indução,

comparados a 0,5% dos pacientes do grupo FGC20 (p<0,001). Neste grupo, o

protocolo FULV foi utilizado na totalidade dos pacientes.

Tabela 6 – Utilização de quimioterapia no período entre a primeiro atendimento

médico e 30 dias após a cirurgia, pelos pacientes com câncer de reto, observados nos

grupos PRÉ FLUXO e FGC20, ICESP, 2008-2013.

PRÉ FLUXO (%) FGC20 (%) p-valor

QT Indução

Sim 30 (26,8) 1 (0,5) <0,001

Não 82 (73,2) 217 (99,5)

Protocolo QT Indução

mFlox 29 (25,9) 1(0,5) NA

QUASAR 1 (0,9) 0

Protocolo QT neoadjuvante

FULV 92 (82,1) 218 (100) NA mFlox 8 (7,1) 0

outros 12 (10,7) 0

NA: não se aplica QT: quimioterapia

FULV: ácido folínico (20 mg/m2, IV, bolus D1a D5) e 5-fluorouracil (350 mg/m

2, IV, bolus D1 a D5) nas semanas 1 e 5

da radioterapia

mFlox: oxaliplatina (85 mg/ m2 IV 2 horas, semanas 1,3,5), ácido folínico (20 mg/ m

2 IV bolus, semanas 1,2,3,4,5,6) e 5-

fluorouracil (500 mg/ m2 IV bolus, semanas 1,2,3,4,5,6)

QUASAR: ácido folínico (50 mg/m2 IV, semanal) + 5-fluorouracil (370 mg/m

2 IV, semanal)

PRÉ FLUXO: período prévio à implantação do FGC20 FGC20: Fluxo Gerenciado FGC20

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Para o cálculo de custo da quimioterapia (tabela 7) dos protocolos

mFLOX e FULV foram utilizados valores de junho de 2015 de materiais,

medicamentos, recursos humanos e infraestrutura. As doses de medicamentos

foram as preconizadas no Manual de Condutas em Oncologia35, utilizando o

valor médio de superfície corpórea de 1,8m2, para cálculo das doses de

medicamentos.

Tabela 7 – Custo em Reais de junho 2015, quimioterapia protocolo mFLOX e

protocolo FULV, ICESP.

mFLOX** D*1 D*8 D*15 D*22 D*29 D*36 Total

Custo 167,18 167,51 167,18 167,51 167,18 107,44 944,00

FULV*** D*1 D*2 D*3 D*4 D*5 Total

1º ciclo 166,52 166,52 166,52 166,52 166,52 832,60

2º ciclo 166,52 166,52 166,52 166,52 166,52 832,60

Total 333,04 333,04 333,04 333,04 333,04 1665,20

*D: dia do ciclo de quimioterapia

** oxaliplatina (85 mg/ m2 IV 2 horas, semanas 1,3,5), ácido folínico (20 mg/ m

2 IV bolus, semanas 1,2,3,4,5,6) e 5-

fluorouracil (500 mg/ m2 IV bolus, semanas 1,2,3,4,5,6), considerando superfície corpórea 1,8 m

2.

*** ácido folínico (20 mg/m2, IV, bolus D1a D5) e 5-fluorouracil (350 mg/m

2, IV, bolus D1 a D5) nas semanas 1 e 5 da

radioterapia, considerando superfície corpórea 1,8 m2.

A Tabela 8 demonstra o cálculo do custo do procedimento cirúrgico. O

valor de referência do valor do minuto cirúrgico foi obtido pela média de janeiro

a julho de 2015, e considera o valor do centro cirúrgico, de custos fixos,

variáveis e rateios em recursos humanos, materiais, medicamentos,

infraestrutura e exames realizados. Para o custo dos procedimentos, utilizou-se

a mediana de tempo de cirurgias disponível em banco de dados do setor de

custos: no período de janeiro a julho de 2014, a mediana de tempo de 47

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retossigmoidectomias abertas foi de 385 minutos, e a mediana de tempo de 30

cirurgias de retossigmoidectomias por videolaparoscopia foi de 459 minutos.

No período de janeiro a dezembro de 2013 foram analisadas 40 cirurgias de

amputação de reto, com mediana de tempo de 460 minutos.

Na coleta de dados do presente estudo, foram encontradas outras

nomenclaturas de cirurgias realizadas, tais como exenteração pélvica e

laparotomia exploradora. Nestes casos, foram adotados os mesmos

parâmetros da cirurgia de amputação de reto, para cálculo do custo do

procedimento.

Tabela 8 - Custo do procedimento cirúrgico, ICESP, referência minuto cirúrgico jan-jul

2015, ICESP.

Retossigmoidectomia

Aberta1

Retossigmoidectomia

Video2

Amputação de reto

tempo de cirurgia

(mediana em min) 385* 459** 460***

Valor minuto cirúrgico(R$) 16,90 16,90 16,90

Custo do procedimento(R$) 6.506,50 7.757,10 7.774,00

*mediana de tempo de 47 cirurgias, jan-jul 2014

**mediana de tempo de 30 cirurgias, jan-jul 2014

***mediana de tempo de 40 cirurgias, jan-dez 2013 1Retossigmoidectomia aberta

2Retossigmoidectomia por videolaparoscopia

min: minutos

O custo do tratamento foi calculado para cada paciente considerando:

número de consultas médicas (oncologista clínico, cirurgião do aparelho

digestivo, clínico geral, anestesistas e outras especialidades médicas),

consultas de odontólogos, consultas multiprofissionais (enfermeiros,

nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, assistentes sociais), TC, RM,

colonoscopias e/ou retoscopias, sessões de radioterapia, número de eventos e

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diárias de internação no CAIO, diárias em hospital dia, diárias em UI, diárias

em UTI, quimioterapia de indução, quimioterapia neoadjuvante e cirurgia

(retossigmoidectomia aberta, retossigmoidectomia por videolaparoscopia,

amputação de reto, exenteração pélvica e laparotomia exploradora).

Não foi possível utilizar o número de consultas de radioterapia, por

impossibilidade de coleta da informação de consultas de radioterapia

realizadas em outro instituto, ocorridos no grupo PRÉ FLUXO. Também não se

utilizou o número de coletas ambulatoriais, pois identificou-se que parte dos

pacientes do PRÉ FLUXO realizaram coletas de exames laboratoriais em

esquema de internação (no pré operatório da cirurgia), e não

ambulatorialmente.

Do total de 112 pacientes do grupo PRÉ FLUXO, 16 pacientes foram

excluídos do cálculo, por terem realizado radioterapia em outro serviço, não

tendo sido possível obter a informação de número de sessões, restando um

total de 96 pacientes. Para o grupo FGC20, os dados de recursos utilizados

estavam completos para os 218 pacientes observados.

No grupo PRÉ FLUXO, o menor valor de custo por paciente tratado foi

de R$ 27.505,80 e o maior valor foi de R$ 106.892,93. Para este grupo, a

média de custo por paciente tratado foi de R$ 40.935,68 e mediana foi de R$

37.948,05 (tabela 9, figura 4).

No grupo FGC20, encontrou-se o menor valor de custo por paciente

tratado de R$ 26.081,95 e o maior valor de R$ 140.820,25. No FGC20, a média

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de custo por paciente tratado foi de R$ 40.368,18 e a mediana foi de R$

35.341,32 (tabela 9, figura 4).

Não houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos, de

valores de custo por paciente tratado (p=0,125) (tabela 9).

Tabela 9 – Custo por paciente tratado, segundo Grupo PRÉ FLUXO e FGC20, ICESP,

2008-2013.

Custo/paciente tratado

Pré-fluxo FGC20 p-valor

(em R$) (n=96) (n=218)

Geral Média (DP) 40.935,68 (12.126,62) 40.368,18 (13.571,40) 0,125

1

Mediana 37.948,05 35.341,32 vmin-vmax 27.505,80 – 106.892,93 26.081,95 – 140.820,30 Gênero Masculino Média (DP) 41.150,71 (13.970,50) 40.613,64 (14.470,50) 0,297

1

Mediana 35.873,65 35.216,04 vmin-vmax 29.128,54 – 106.892,93 27.524,19 – 140.820,25 Gênero Feminino Média (DP) 40.659,23 (9.396,76) 40.032,01 (12.303,52) 0,199

1

Mediana 39.881,37 35.453,12 vmin-vmax 27.505,80 – 76.809,20 26.081,95 – 94.222,66 Estádio Inicial I Média (DP) 35.779,19 (5.838,51) 35.566,11 (5.891,26) 0,943

2

Mediana 35.566,61 34.124,12 vmin-vmax 27.511,98 – 42.495,49 29.214,39 – 50.760,73 II Média (DP) 42.229,60 (10.983,40) 40.726,63 (10.527,62) 0,545

2

Mediana 39.400,47 38.157,37 vmin-vmax 29.496,23 – 88.193,70 30.160,42 – 82.294,14 III Média (DP) 40.674,81 (13.247,16) 40.628,36 (14.579,37) 0,337

1

Mediana 37.426,24 34.924,68 vmin-vmax 27.505,80 – 106.892,93 26.081,95 – 140.820,25

DP: desvio padrão. 1 Teste não paramétrico de Mann-Whitney.

2 Teste t de Student.

PRÉ FLUXO: período prévio à implantação do FGC20 FGC20: Fluxo Gerenciado FGC20

vmin: valor mínimo vmax: valor máximo

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Figura 4 - Gráfico de boxplot dos custos segundo Pré-fluxo e FGC20, ICESP 2008-

2013.

PRÉ FLUXO: período prévio à implantação do FGC20 FGC20: Fluxo Gerenciado FGC20

A tabela 10 mostra os recursos utilizados nos grupos PRÉ FLUXO e

FGC20, bem como o valor unitário de custo por recurso, com valor de

referência de janeiro a julho de 2015. Apresenta o cálculo do custo total por

recurso utilizado e o custo total dos grupos. O custo total dos pacientes do PRÉ

FLUXO foi de R$ 3.929.825,75 e do FGC20 R$ 8.800.264,19. Em negrito, a

tabela 10 destaca o valor dos custos segundo os principais agrupamentos de

recursos utilizados no tratamento dos pacientes. O agrupamento de recursos

que teve o custo mais elevado em ambos os grupos foi o de diárias, incluindo

diárias em UI, UTI, hospital dia e diárias e eventos no Centro de Atendimento

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às Intercorrências Oncológicas. Totalizou R$ 1.465.595,00 no PRÉ FLUXO e

R$ 3.259.609,36 no FGC20, representando 37% do total de custos em ambos

os grupos (figura 5).

O segundo agrupamento mais representativo em relação aos recursos

utilizados foi o de consultas médicas e multiprofissionais. Estão incluídas todas

as consultas médicas com oncologistas, cirurgiões, clínicos, anestesiologistas e

outras especialidades médicas (exceto radioterapia, onde não foi possível o

levantamento de consultas de radioterapia realizadas no grupo PRÉ FLUXO,

por isto excluído da análise) e consulta de odontologista, bem como as

consultas multiprofissionais de enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas,

assistentes sociais e psicólogos. O custo no PRÉ FLUXO foi de R$ 843.790,92,

e no FGC20 foi de R$ 1.884.421,30 (tabela 10). A representatividade em

ambas as coortes foi de 21% do custo total (figura 5).

O agrupamento cirurgias englobou todos os tipos de cirurgias:

retossigmoidectomias abertas, por vídeolaparoscopia, amputações de reto,

exenterações e laparotomias exploradoras utilizadas para a realização da

cirurgia principal. O custo no PRÉ FLUXO foi de R$ 703.834,30, e no FGC20,

de R$ 1.590.644,90 (tabela 10). Em ambos, este agrupamento representou

18% do valor total do custo (figura 5).

A realização de sessões de radioterapia representou 14% (figura 5) do

total de custos de ambos os grupos, com o valor de R$ 538.738,54 para o PRÉ

FLUXO e de R$ 1.184.681,00 para o FGC20 (tabela 10).

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58

Os exames de apoio diagnóstico de TC, RM e colonoscopias/retoscopias

totalizaram R$ 192.519,79 de custo no PRÉ FLUXO e R$ 516.950,03 de custo

para os pacientes do FGC20 (tabela 10). Representaram 5% do total de custos

do grupo PRÉ FLUXO e 6% do grupo FGC20 (figura 5).

As sessões de quimioterapia totalizaram R$ 185.347,20 no PRÉ FLUXO

e R$ 363.957,60 no FGC20 (tabela 10). Do total de custos estes valores

representaram 5% e 4% do total de custos dos grupos PRÉ FLUXO e FGC20,

respectivamente (figura 5).

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Tabela 10 – Recursos utilizados e custos do tratamento dos pacientes com câncer de

reto, em Reais de jan-jul 2015, nos grupos PRÉ FLUXO e FGC20, ICESP, 2008-2013.

Valor

unitário (R$)

Total

PréFluxo

(n=96)

Total

FGC20

(n=218)

Custo PRÉ

FLUXO (R$)

Custo FGC20

(R$)

C. Médica* 443,38 1.720 3.696 762.613,60 1.638.732,48

C. Multiprof.** 55,34 1.460 4.388 80.796,40 242.831,92

C.odonto. 190,46 2 15 380,92 2.856,90

Total Consultas - - - 843.790,92 1.884.421,30

TC 129,85 573 764 74.404,05 99.205,40

RM 263,52 155 143 40.845,60 37.683,36

Colonoscopias∆ 898,49 86 423 77.270,14 380.061,27

Total exames - - - 192.519,79 516.950,03

Sessões RT 194,21 2.774 6.100 538.738,54 1.184.681,00

Ev. CAIO*** 546,85/

497,13 158 141 86.402,30 70.095,33

Di. CAIO 2.386,25 59 106 140.788,75 252.942,50

Di. UI 941,39 936 2.179 881.141,04 2.051.288,81

Di.UTI 2.518,57 131 336 329.932,67 846.239,52

Di.Hospital Dia 488,04 56 80 27.330,24 39.043,20

Total Diárias - - - 1.465.595,00 3.259.609,36

QT indução 944,00 27 1 25.488,00 944,00

QT neoadj. 1.665,20 96 218 159.859,20 363.013,60

Total QT - - - 185.347,20 363.957,60

Cg Reto. Aberta 6.506,50 33 81 214.714,50 527.026,50

Cg Reto. Video 7.757,10 38 84 294.769,80 651.596,40

Cg outras **** 7.774,00 25 53 194.350,00 412.022,00

Total Cirurgia - - - 703.834,30 1.590.644,90

Custo Total - - - 3.929.825,75 8.800.264,19

Média custo/

pac. tratado - - - 40.935,68 40.368,18

Mediana custo/

pac. tratado - - - 37.948,05 35.341,32

*Consulta Médica: oncologia, cirurgia, anestesia, avaliação de risco, outras especialidades (exceto Radioterapia)

**Consulta Multiprofissional: enfermagem, nutrição, fisioterapia, assistente social, psicologia

***Evento CAIO: passagem no CAIO: R$546,85 evento no grupo PRÉ FLUXO e R$497,13 evento no grupo FGC20

****Cirurgia amputação de reto, exenteração pélvica, laparotomia exploradora

∆colonoscopias e/ou retoscopias

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CAIO:Centro de Atendimento às Intercorrências Oncológicas

Di.:Diárias UI: Unidade de Internação UTI: Unidade de Terapia Intensiva

TC:tomografia computadorizada RM:ressonância magnética QT:quimioterapia RT:radioterapia Pac:paciente

Cg:cirurgia Reto:retossigmoidectomia

PRÉ FLUXO: período prévio à implantação do FGC20 FGC20: Fluxo Gerenciado FGC20

Figura 5 - Distribuição dos agrupamentos de custos, grupos PRÉ FLUXO e FGC20,

ICESP 2008-2013.

PRÉ FLUXO: período prévio à implantação do FGC20 FGC20: Fluxo Gerenciado FGC20

RT – radioterapia QT – quimioterapia

Ex Imagem: exames de imagem

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61

4.4 SOBREVIDA GLOBAL

As informações do status vital dos pacientes, se vivos ou falecidos, e as

datas dos últimos registros de atendimento foram obtidas em 100% dos

pacientes dos grupos PRÉ FLUXO e FGC20. A sobrevida global foi

considerada desde a data do diagnóstico inicial do tumor até o óbito (por

qualquer causa) ou última informação.

O tempo médio de sobrevida global foi de 5,99 (IC95% 5,59 - 6,40) e

7,01 (IC95% 6,47 - 7,54) anos para os grupos PRÉ FLUXO e FGC20,

respectivamente (tabela 11). Não houve diferença estatisticamente significante

entre as curvas de sobrevida global dos grupos (p = 0,83) (figura 6).

Tabela 11 – Tempo médio de sobrevida global, em anos, nos grupos PRÉ FLUXO e

FGC20, ICESP.

Grupo Média

Anos (EP) IC95%

Probabilidade de sobrevida

1-ano 2-anos 3-anos 5-anos

PRÉ FLUXO 5,99 (0,21) 5,59 – 6,40 99,1% 93,8% 87,5% 67,2% FGC20 7,01 (0,27) 6,47 – 7,54 94,5% 86,6% 80,5% 68,9% TOTAL 6,77 (0,21) 6,37 – 7,17

PRÉ FLUXO: período prévio à implantação do FGC20 FGC20: Fluxo Gerenciado FGC20

EP: Erro padrão IC95%: 95% intervalo de confiança de 95% para o tempo médio de sobrevida

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Figura 6. Curva de sobrevida global nos grupos PRÉ FLUXO e FGC20, ICESP

PRÉ FLUXO: período prévio à implantação do FGC20 FGC20: Fluxo Gerenciado FGC20

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DISCUSSÃO

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5. DISCUSSÃO

O FGC20 é um marco assistencial-administrativo no ICESP, por

associar, de forma sistemática, o apoio administrativo às necessidades

assistenciais do cuidado multidisciplinar ao paciente. Relatar a abordagem

multidisciplinar, as soluções desenvolvidas, os pontos críticos, as melhorias e

mensurar os impactos assistenciais decorrentes da sua implantação foram a

motivação para o desenvolvimento do presente estudo. A implantação do

FGC20 trouxe redução de todos os intervalos de tempo entre as etapas do

tratamento, além de racionalização no número de consultas de oncologistas,

exames de TC e RM, durante o período de tratamento do paciente até a

realização da cirurgia. Apesar dessas melhorias no processo terapêutico,

diferenças estatisticamente significantes não foram encontradas no custo por

paciente tratado e na sobrevida global comparando-se os grupos PRÉ FLUXO

e FGC20.

A oncologia é uma especialidade médica que se norteia por

fundamentos, protocolos e diretrizes, e tem como premissa a abordagem

multidisciplinar. A inter-relação entre as diversas especialidades e equipe

multiprofissional é fundamental para o cuidado ao paciente.

O conceito de multidisciplinaridade é recomendado pelo National

Comprehensive Cancer Network, através do Clinical Practice Guidelines in

Oncology, que preconiza a abordagem multidisciplinar com oncologistas,

gastroenterologistas, cirurgiões oncológicos, radioterapeutas e radiologistas38.

Prática de algumas instituições é a estruturação do time multidisciplinar em

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reuniões sistemáticas, constituindo “Tumor boards39”. Porém, há escassez de

pesquisas que demonstrem a efetividade da equipe multisdisciplinar40, e há

autores que levantam a necessidade de se avaliar o custo efetividade da

prática multidisciplinar baseada no contexto local 41,42,43.

A execução de um protocolo clínico na prática diária é um desafio:

depende de esforços individuais no sentido de adequar os recursos às

diretrizes. Especialmente em hospitais de alta demanda e recursos limitados,

como hospitais públicos, os profissionais estabelecem acordos e alteram

agendas, segundo julgamento próprio em relação às prioridades. Um fator

agravante é o distanciamento entre os setores assistencial e administrativo: por

um lado, a equipe assistencial percebe a administração como setor de controle

burocrático com foco em aumento de produtividade; por outro lado, o setor

administrativo percebe os profissionais assistenciais como conhecedores

técnicos sem experiência em gestão e responsáveis por número excessivo de

solicitações de exames subsidiários e utilização de insumos.

Dados de literatura7 demonstram a necessidade de estudos de avaliação

de protocolos clínicos, que verifiquem as propostas das intervenções, as

mudanças de comportamento, o contexto, e que identifiquem os fatores críticos

de sucesso.

A modelização foi a estratégia utilizada no presente estudo, para

documentar o histórico da implantação. Há autores44 que distinguem a

terminologia da modelização em teoria de programa e teoria de processo,

outros diferenciam a teoria de programa e modelo lógico, e muitos utilizam

indiferentemente as duas expressões. Há autores45 que, de outra forma,

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interpretam a modelização em teoria da implantação e teoria do programa.

Considerando, de modo geral, a existência de três modelos principais (causal,

teórico e lógico operacional)13, o presente estudo utilizou a construção do

modelo lógico operacional para explicitar os vínculos entre as estruturas, os

processos e os resultados do FGC20, descrevendo o funcionamento real da

intervenção implantada a partir da experiência e intuição dos participantes, e

não a partir de um modelo formal existente.

Na modelização, as atividades e objetivos elencados mostram, de forma

não explícita, as dificuldades existentes na época da implantação.

O primeiro objetivo, de envolver o corpo clínico, foi decorrente da

necessidade de disseminar e uniformizar as condutas entre as diversas

especialidades médicas e encontrar soluções para assegurar a sequência do

tratamento definido. A indisponibilidade do recurso no prazo necessário gerava

adaptações: como exemplo, por dificuldades no agendamento de radioterapia,

havia utilização de quimioterapia de indução até a efetivação do agendamento

de quimioterapia e radioterapia concomitantes. Outra dificuldade apontada por

todas as equipes era a dificuldade no agendamento da cirurgia após o

tratamento neoadjuvante. No contexto do período, a sequência

compartimentada de atendimento do paciente com câncer de reto prejudicava a

fluidez do tratamento, pois o encaminhamento a outra equipe ou a nova etapa

era feito apenas após a finalização da anterior.

O segundo objetivo, de envolver a equipe de apoio administrativo, foi

necessário para viabilizar a execução do fluxograma na prática diária, de forma

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institucional, com a participação de todas as equipes, assistencial e

administrativa.

O terceiro objetivo, de desenvolver soluções para operacionalizar o

FGC20 e o quarto objetivo, de desenvolver soluções em sistema informatizado

Tasy® estão relacionados às necessidades de comunicação entre as equipes e

de racionalização de recursos e processos. Em relação à comunicação, o

desenvolvimento do Flag foi necessário para que os envolvidos, tanto

administrativos quanto assistenciais, conseguissem identificar o paciente

pertencente ao FGC20. Outras soluções associaram benefícios em

comunicação, recursos e processos: o carimbo na ficha de regulação, a

identificação de vagas de primeira consulta reservadas para o FGC20, a

planilha compartilhada para agendamento de sessões de quimioterapia e

radioterapia, a planilha de monitoramento ativo “Pacientes ativos; completa-

realizada-óbito”, a definição dos exames de estadiamento e prazos de laudos,

e os relatórios CATE permitiram que as diversas equipes pudessem identificar

e utilizar racionalmente os recursos do FGC20, de forma simultânea e

coordenada.

O objetivo 5, de treinamento aos colaboradores, foi necessário pela

rotatividade de profissionais do setor recepção.

No período da implantação, houve a necessidade de reuniões entre as

equipes médicas; entre equipes médicas e multiprofissionais; entre equipes

assistenciais e administrativas. Estas interações aproximaram os profissionais

e facilitaram o entendimento das respectivas atribuições, valorizando a

importância de cada profissional no encadeamento do fluxo. Estas melhorias,

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não mensuráveis, fortaleceram o conceito de integração e provavelmente

contribuíram para a criação de ambiente propício a outras inovações no ICESP,

como o conceito de clínicas integradas, posteriormente adotado em julho de

2013.

A coleta de informações do período prévio à implantação permitiu a

comparação de dois grupos, PRÉ FLUXO e FGC20, quanto aos intervalos de

tempo entre etapas, recursos utilizados e descrição de custos do tratamento.

Para a coleta de dados e construção de banco de dados unificado, foi

necessário obter relatórios, desenvolver planilhas, realizar dupla checagem de

informações e conferir manualmente registros no prontuário eletrônico do

paciente. Do universo de 624 pacientes com câncer de reto, 211 foram

identificados como PRÉ FLUXO, e 413 como FGC20. Do grupo FGC20 foi

necessário verificar registros no prontuário para categorizar o motivo de

exclusão do FGC20. 37,9% dos excluídos do FGC20 foram definidos como

metastáticos (n=74) na primeira consulta ou na fase de estadiamento,

mostrando a dificuldade de se identificar o paciente como metastático somente

através da triagem documental.

Para o grupo PRÉ FLUXO foi necessário identificar ou confirmar as

etapas de quimioterapia e radioterapia concomitantes e posterior cirurgia nos

registros de prontuário eletrônico para incluir o paciente na análise (n=112).

Posteriormente, os motivos para categorizar a exclusão foram identificados nos

pacientes em que não se constatou a sequência de tratamento descrita.

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A população analisada diferiu em relação ao estádio clínico inicial do

paciente: o grupo FGC20 apresentou maior proporção de pacientes em

estádios mais avançados: estádio clínico inicial III para FGC20 (75,5% dos

pacientes), comparado ao grupo PRÉ FLUXO (58% dos pacientes). Esta

diferença pode estar relacionada ao acesso dos pacientes aos serviços da rede

básica de saúde e possível prolongamento no tempo dispendido nas estruturas

primárias e secundárias para realizar o diagnóstico, até o encaminhamento ao

ICESP.

Apesar da diferença no estádio inicial em ambos os grupos, as

distribuições de estádios patológicos (obtidos a partir do anátomo-patológico da

peça cirúrgica, após o tratamento neoadjuvante com quimioterapia e

radioterapia concomitantes) foram semelhantes no PRÉ FLUXO e no FGC20.

São necessários estudos específicos para avaliar o grau de resposta ao

tratamento neoadjuvante.

O modelo lógico permitiu a identificação de indicadores de

monitoramento dos resultados da implantação. A literatura aponta a deficiência

de descrições de indicadores de protocolos assistenciais para o câncer

colorretal. Ludt et al46, em 2013, desenvolveram, a partir de dados da literatura

e de consulta a especialistas, uma lista de 52 indicadores de qualidade para

cobrir aspectos relevantes no tratamento do câncer colorretal, sendo 11 de

procedimentos diagnósticos, 28 de manejo terapêutico, 6 de seguimento e 7 da

perspectiva do paciente. Os autores ressaltaram a dificuldade de

operacionalização dos indicadores pela falta de especificação das fontes de

dados e dos métodos de coleta, e apontaram um predomínio de indicadores

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com foco no tratamento cirúrgico, havendo a necessidade de mensurar

qualidade do cuidado durante todo o tratamento.

No presente estudo, os indicadores de intervalos foram selecionados por

possibilitarem parâmetros objetivos de mensuração. Durante a implantação,

foram discutidos os ideais de prazos entre as etapas de realização da primeira

consulta, final da nCRT e cirurgia. Para o estabelecimento da meta,

considerou-se uma tolerância de 15 dias a partir do intervalo idealizado. Os

resultados demonstraram médias e medianas de intervalos de tempo dentro

dos prazos estabelecidos, porém, observou-se uma porcentagem de pacientes

“dentro da meta” de 66,3% para o intervalo de tempo entre a inserção do Flag e

a realização da primeira consulta; 75,2% para o intervalo entre o final da

neoadjuvância e a cirurgia e 72,7% entre a primeira consulta e a cirurgia. Os

indicadores evidenciaram oportunidade de melhoria, sendo necessários

estudos específicos e ações visando aumentar a porcentagem de pacientes

com intervalos dentro dos prazos estabelecidos.

A comparação de intervalos dos grupos PRÉ FLUXO e FGC20

evidenciou melhoria com a implantação do FGC20. Houve uma redução de

39,5% na média de dias de intervalo entre a primeira consulta médica e o início

da nCRT (79,7 média de dias para o PRÉ FLUXO e 48,2 média de dias do

FGC20); redução de 33% na média de semanas de intervalo entre o final da

nCRT e a cirurgia (22,2 média de semanas do PRÉ FLUXO e 14,8 média de

semanas do FGC20); e redução de 31% na média de dias de intervalo total de

tratamento, desde a primeira consulta até a realização da cirurgia (278,2 média

de dias PRÉ FLUXO e 191,8 média de dias do FGC20).

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Houve redução de 8,9% na média de dias de intervalo entre o início e o

término da nCRT para o grupo FGC20 (43,9 média de dias do PRÉ FLUXO e

40 média de dias do FGC20). A dose total radioterápica utilizada foi a mesma

em ambos os grupos, e outros fatores podem ter contribuído, como por

exemplo, a necessidade de moldagem de blocos de colimação para os

pacientes do grupo PRÉ FLUXO tratados em outro instituto, previamente à

instalação do serviço de radioterapia no ICESP, prolongando o tempo entre o

início e término da nCRT.

Uña & López-Lara, 2010, avaliaram 48 pacientes tratados em protocolo

clínico de tratamento de câncer de reto, comparados a 44 pacientes tratados

anteriormente à implantação do protocolo. Encontraram melhoria dos intervalos

de tempo para realização de colonoscopia, resultado de biópsia, primeiro

tratamento e cirurgia em 100% dos pacientes que seguiram o protocolo.

Porém, não demonstraram o quantitativo dos tempos obtidos6.

As diferenças encontradas entre os grupos em relação ao quantitativo de

recursos utilizados refletem a adesão ao fluxograma estabelecido no FGC20.

Houve racionalização de consultas de oncologista clínico, e incremento de

consultas do cirurgião e da equipe multiprofissional. No grupo PRÉ FLUXO,

observou-se nos registros de prontuário que o paciente era encaminhado ao

cirurgião somente após o término do tratamento neoadjuvante, e vários

retornos com oncologista eram feitos durante a espera entre as etapas do

tratamento. O FGC20 sistematizou o acompanhamento conjunto entre

oncologistas, cirurgiões e equipe multiprofissional. A adesão ao rol de exames

estabelecidos no FGC20 é evidenciada pelo menor número de TC e RM, bem

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como pelo maior número de colonoscopias/retoscopias encontrado neste

grupo. A uniformidade do protocolo de quimioterapia neoadjuvante utilizado

(100% protocolo FULV) e a redução das prescrições de quimioterapia de

indução (1 caso) também sugerem adesão ao protocolo institucional, no grupo

FGC20.

Levine et al, 2012, encontraram maior frequência de avaliações pré-

operatórias, aumento de acesso a consultas com oncologistas, e maiores taxas

de tratamento neoadjuvante nos 88 pacientes com câncer colorretal atendidos

na instituição, com conceito multidisciplinar, comparados a controle de 200

pacientes atendidos em outros serviços41.

Houve menor proporção de pacientes do grupo FGC20 com

atendimentos pelo CAIO e UTI, evidenciando menor número de ocorrências de

urgências e instabilidades clínicas neste grupo, sugerindo a hipótese de

melhoria do manejo clínico com a implantação do FGC20.

O número de check films, para o controle de qualidade da radioterapia,

foi maior no grupo FGC20. Atribui-se a diferença à tecnologia digital utilizada

no grupo FGC20, que facilitava a sistematização de check films semanais.

Para a descrição de custos, foram considerados os recursos utilizados

ao longo do período de tratamento: desde a primeira consulta médica,

passando pela quimioterapia e radioterapia concomitantes, até a realização da

cirurgia. Diárias e consultas representaram 58% do total do custo em ambos os

grupos, sendo superiores aos procedimentos de tratamento oncológico

propriamente ditos (cirurgia, radioterapia e quimioterapia), que representaram

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42% do total. Para o paciente com câncer de reto, o atendimento de consultas

representa 21% do total de custos do tratamento, refletindo um predomínio

ambulatorial para o tratamento deste tumor.

A literatura é escassa em se tratando de estudos de avaliação

econômica de protocolos clínicos43, e muitos apresentam os resultados de

custos em relação a melhoria (ou não) da média de permanência hospitalar

com a adoção dos mesmos47,48,49. Nestes, os custos considerados são os de

cobrança hospitalar do período de internação. Archer et al, 1997, em protocolo

clinico para pacientes de colectomia total, avaliaram 14 pacientes

prospectivamente, comparados a 10 pacientes controle. Encontraram

diminuição do tempo de permanência hospitalar e redução de custos

hospitalares. Porém, não há descrição do custeio, e os valores representam o

total da conta hospitalar49.

O presente estudo não se restringiu a uma etapa do tratamento, mas

abrangeu todas as fases, pretendendo-se mensurar o custo do tratamento

neoadjuvante do câncer de reto, na perspectiva do serviço. Atribuindo-se os

valores unitários aos recursos utilizados por paciente, calculou-se o custo

individual de cada paciente tratado, em ambos os grupos.

Como limitações à descrição de custos do tratamento, elenca-se: não

inclusão de exames laboratoriais realizados ambulatorialmente,

eletrocardiogramas e procedimentos ambulatoriais (retirada de pontos,

curativos) pela dificuldade de obtenção desta informação; e falta de

quantificação de medicamentos fornecidos aos pacientes pela farmácia

ambulatorial. Exames e medicamentos prescritos em período de internação ou

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no centro cirúrgico foram considerados no cálculo do valor unitário das diárias

de internação e do valor do minuto cirúrgico.

A literatura apresenta taxas de sobrevida global, correlacionando os

períodos de análise em relação ao avanço das modalidades de tratamento para

o câncer de reto. Estudo de Chang et al, 2012, avaliou 151 pacientes

consecutivos, com diagnóstico de câncer de reto, tratados de 1993 a 2007, em

uma única instituição. Foram comparados dois períodos: 1993 a 1999 e 2000 a

2007. Os autores observaram um aumento significativo no uso de tratamento

neoadjuvante no segundo grupo, sem diferenças estatisticamente significantes

na sobrevida global em 5 anos (86% para o primeiro período e 78% para o

segundo período)50 .

Resultado diferente foi mostrado por Wiegering et al, 2014. Os autores

avaliaram dados de pacientes consecutivos com diagnóstico de câncer de reto,

no período de 1993 a 2010, em uma única instituição. O estudo mostrou um

aumento significativo de nCRT (17,6% no período de 1993 – 2001 e 60% no

período de 2002 a 2010), aumento da taxa de relato de ressecção total do

mesorreto (0,7% e 34,7%) e aumento da sobrevida global em 5 anos (60,5% e

79,8%, p<0,0001)51.

Sineshaw et al, 2016, apresentaram taxas de sobrevida global segundo

a modalidade de tratamento utilizada. Avaliaram dados de 28.550 pacientes

com diagnóstico de adenocarcinoma de reto estádios II e III, entre 2004 e 2007,

registrados no National Cancer Data Base, que congrega dados provenientes

de 1500 programas de tratamento oncológico nos Estados Unidos, abrangendo

aproximadamente 70% dos casos incidentes de câncer anuais. A taxa de

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sobrevida global em 5 anos foi de 72,4%, 70,9%, 44,9% e 48,8% para

pacientes submetidos aos respectivos tratamentos: nCRT, quimioterapia e

radioterapia adjuvantes, cirurgia exclusiva e quimioterapia e radioterapia

exclusivas52.

No presente estudo, os grupos PRÉ FLUXO e FGC20 utilizaram as

mesmas modalidades terapêuticas - nCRT e cirurgia – com resultados

diferentes em relação à performance de tempo para conclusão do tratamento.

Não se detectou diferenças estatisticamente significantes na sobrevida global

entre os grupos para o período analisado. É necessário um período maior de

acompanhamento para verificar o efeito destas melhorias em relação à

sobrevida dos pacientes.

Comparar os dois grupos, PRÉ FLUXO e FGC20, possibilitou, portanto,

verificar o impacto da implantação de um modelo de gerenciamento de

protocolo clínico, em relação aos intervalos de tempo entre etapas do

tratamento, aos recursos utilizados e aos custos associados ao tratamento do

câncer retal. Estratégias como o FGC20 devem ser desenvolvidas e testadas,

principalmente em protocolos de tratamento que envolvam diversas

especialidades, situação muito encontrada nos tratamentos oncológicos atuais.

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CONCLUSÕES

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6. CONCLUSÕES

A implantação do Fluxo Gerenciado propiciou uma redução em todos os

intervalos de tempo entre as etapas do tratamento, embora não tenha alterado

a sobrevida global dos pacientes para o período analisado.

O FGC20 foi capaz de promover a otimização de recursos no processo

terapêutico do câncer colo retal, sem implicar em um incremento no custo por

paciente tratado.

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SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

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7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Desenvolver estudos de análise de custo-efetividade a partir de dados

primários, tais como os obtidos neste presente estudo.

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ANEXOS

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8. ANEXOS

ANEXO Aprovação CEP-FMUSP

Aprovação do Estudo “Avaliação da implementação do fluxo gerenciado

FGC20, modelo de gerenciamento do protocolo clínico institucional para o

tratamento neoadjuvante de adenocarcinoma de reto”, pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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