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1 -- Revista do Câncer

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Edição especial sobre o ICESP

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Editorial

Diretor e EditorDr. José Márcio da Silva Araú[email protected]

PublicidadeGilberto [email protected]

Administração e CirculaçãoYvete [email protected]

Secretaria da RedaçãoEliane Villela Castelão

Produção e PublicaçãoLucida Artes Gráfi cas [email protected]

Fotografia Divulgação Icesp

CorrespôndenciaRua Dra. Maria Augusta Saraiva, 74Vila Olimpia - 04545-060

ContatoFone - 11- 2339-4710Fax - 11 - 2339-4711

AgradecimentosAssessoria de Imprensa do ICESP

As opiniões expressas ou artigos assinados são de responsabilidade

dos autores

Conselho Editorial

• Dra. Lair Barbosa de Castro Ribeiro• Dr. Adonis Reis L. de Carvalho• Dr. João Carlos G. Sampaio Góes• Dra. Clarissa Cerqueira Mathias• Dra. Gildete Lessa• Dra. Maria Lúcia M. Batista

Câncerrevista do

Panorama da Oncologia NacionalVolume VII - Edição 20 - 2011

Expediente

Um Sonho,

Que até bem pouco tempo era um pesa-delo para todo o paulistando que passava pela região da paulista. Hoje é motivo de orgulho não só para São Paulo mais para todo Brasileiro prá não falar Sulamericano.

O ICESP - Instituto do Cãncer do Estado de São Paulo - Octavio Frias de Oliveira, nasceu com a missão de ser o maior Centro de Oncologia da America Latina oferecendo uma tecnologia de ponta para os seus pacientes. Com certeza é o maior hospital vertical.

Nessa edição vamos conhecer um pouco mais sobre esse “gigante” sua realidade e seus projetos contados pelo secretário da Saúde de São Paulo - Dr. Guido Cerri, Ex Diretor Geral do Hospital e pelo Atual Diretor Geral, Dr. Paulo Hoff.

Além da matéria do ICESP, apresentare-mos tambem um artigo do Dr. Drauzio Varella sobre Câncer de Mama e uma reportagem abor-dando os adoçantes artifi cias.

Contamos com a sua colaboração nos en-viando um e-mail com suas sugestações, mate-rias ou criticas sobre o nosso Trabalho.

Boa Leitura a todos

O Editor.

Câncer

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CIELO

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7 -- Revista do Câncer

08..........................................OncoNews

16...................................................Perfil Dr. Giovanni Guido Cerri

20.............................Palavra do Diretor Dr. Paulo Hoff

22...................................Matéria Capa Especial - ICESP - O Maior Hospital da América Latina

40............................Banco de Sangue

42...............................................Artigo

Câncer de pele ..........................42

O risco de câncer de mama.......44

48......................................Atualização novos casos de Câncer

50...........................................Mercado OriscodosadoçantesArtificiais

54.............................................Opinião

16

22

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Sumário

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Brasil vai produzir remédios contra Câncer

O Brasil começará a produzir medica-mentos contra o câncer por intermédio de par-ceria entre a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e o laboratório multinacional Roche. Atual-mente, o país gasta cerca de R$ 2 bilhões por ano com a importação de alguns medicamen-tos para tratamento de câncer. A informação foi divulgada pelo presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, durante assinatura de acordo com a Roche para a produção nacional dos mesmos contra rejeição de transplantes.

O acordo para a produção de medica-mentos anticâncer será defi nido por um gru-po de estudos constituído com o laboratório e deverá ser anunciado nos próximos meses, afi rmou Paulo Gadelha.

- Este ano, nossa intenção é fechar outro acordo com a Roche, caminhando para a área de oncológicos, que é um dos objetivos estra-tégicos da política do Ministério da Saúde. A idéia é começar a defi nir a incorporação de tecnologia. Defi nida a incorporação, começa-mos o processo gradativo de internalizarão da produção.

O presidente da Fiocruz ressaltou que o laboratório estrangeiro tem conhecimento fundamental na pesquisa de drogas contra o câncer.

- A Roche tem medicamentos muito im-portantes na área de oncológicos. Estamos de-senhando uma agenda de trabalho para que o próximo passo do acordo se estabeleça nesse campo. São medicamentos que têm um custo enorme para o Ministério da Saúde e que es-tão na pauta de estudos, com possibilidade de transferência de tecnologia.

A assinatura do acordo com a Roche contou com a presença do presidente mundial da empresa, Severin Schwan, e do secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos

do Ministério da Saúde, Carlos Gadelha.Segundo Carlos, a produção de medica-

mentos oncológicos é uma área muito crítica.- Ao recebermos boas propostas de

produtores públicos, como a Fiocruz, vamos considerar com muita prioridade. O Brasil é fortemente dependente nessa área.

Atualmente mais de 90% deles são im-portados.

Ao fi nal da cerimônia, o presidente da Fi-ocruz destacou também que a parceria para a produção de medicamentos contra a rejeição de transplantes permitirá que a fundação comece a distribuir, ainda neste ano, em em-balagens próprias, o remédio Micofenolato de Mofetila.

O repasse de tecnologia da Roche estará completo em 2015, quando a Fiocruz terá dominado todas as etapas de fabricação dos produtos. Só em 2010, o Ministério da Saúde gastou mais de R$ 15 milhões na aquisição do remédio para pacientes transplantados, que precisam usá-lo de forma contínua por toda a vida.

Onco News

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serviços públicos que realizam os exames de raio X, tomografi a, desintometria óssea, res-sonância magnética, mamografi a e ultras-sonografi a.

A FIDI sabe que a população precisa de atenção e ousadia e é com foco nessas in-ovações que a FIDI inaugurou em agosto de 2010, em parceria com a Secretaria de Es-tado da Saúde, o SEDI – Serviço Estadual de Diagnóstico por Imagem (link). Nesse serviço serão atendidos 25 hospitais estaduais, pos-sibilitando que o paciente tenha o laudo de seu diagnóstico emitido com agilidade e com-petência, marcas registradas do trabalho da FIDI.

É com esses números que a FIDI com-prova que é a maior prestadora de serviço de exames de diagnóstico por imagem do SUS. www.fi di.org.br

A Fundação Instituto de Pesquisa e Es-tudo de Diagnóstico por Imagem FIDI é a maior prestadora de serviços de diagnósticos por imagem para o SUS. São cerca de 250 mil exames ao mês, realizados em 46 unidades SUS em todo Estado de São Paulo.

A Fundação Instituto de Pesquisa e Estu-do de Diagnóstico por Imagem FIDI nasceu em 2006, como resultado do crescimento do extinto IDI – Instituto de Diagnóstico por Im-agem, ligado a Universidade Federal de São Paulo - Unifesp.

A FIDI realiza hoje cerca de 250mil ex-ames de diagnóstico por imagem ao mês e conta com o trabalho de mais de 1.500 profi s-sionais, entre técnicos, médicos e colabora-dores.

Integrada ao serviço público do Estado de São Paulo a FIDI coloca hoje a disposição de mais de 40 milhões de usuários do SUS 46

FIDI

Brasil cria tratamento para tumor cerebral infantil

Método desenvolvido em São Paulo é menos invasivo que procedimentos convencionais.Pesquisadores do Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc), da Univer-sidade Federal de São Paulo (Unifesp) desenvolveram um tratamento inovador para craniofar-ingioma – tipo de tumor cerebral que acomete crianças. O novo método consiste na introdução de um cateter que drena o líquido formado dentro do tumor e libera o medicamento interferon-alfa, que mata as células tumorais. “Verifi camos uma redução de 60% a 97% dos tumores tratados com essa técnica”, afi rma o médico Sérgio Cavalheiro, do Graacc.

O craniofaringioma é raro e tem características benignas (não gera metástase), mas seu tratamento sempre foi considerado um desafi o para neurocirurgiões e oncopediatras. Sua lo-calização difi culta o procedimento cirúrgico e geralmente afeta a glândula hipófi se, de onde são secretados vários hormônios, o que resulta em alta taxa de mortalidade. A técnica desen-volvida no Graacc, bem menos invasiva que os procedimentos convencionais, já está sendo adotada em outros países, como Inglaterra, Canadá e Itália. Fonte: Revista Scientifi c American Mente & Cérebro

Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem

Onco News

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Em uma das maiores pesquisas genômi-cas já feitas sobre o câncer, um grupo de ci-entistas nos Estados Unidos sequenciou os genomas completos de tumores de 50 pa-cientes com câncer de mama e comparou os resultados com os DNAs de pessoas sem a doença.

A comparação permitiu identifi car muta-ções que ocorrem apenas nas células cancerí-genas. A pesquisa revela uma grande com-plexidade nos genomas dos tumores e poderá auxiliar no desenvolvimento de novas alterna-tivas de tratamentos.

O trabalho foi apresentado na 102ª Reu-nião Anual da Associação Norte-Americana de Pesquisa do Câncer, em Orlando, na Flórida.

No total, os tumores analisados apresen-taram mais de 1,7 mil mutações, das quais a maior parte era única para cada mulher. “Genomas do câncer são extraordinariamente complicados, o que explica nossa difi culdade em prever consequências e encontrar novos tratamentos”, disse Matthew J. Ellis, profes-sor da Escola de Medicina da Universidade de Washington em Saint Louis, um dos líderes da pesquisa.

Os cientistas sequenciaram mais de 10 trilhões de pares de base de DNA, repetindo as operações para cada tumor e para cada amostra dos voluntários sadios por em média 30 vezes para garantir a validade dos resulta-dos.

“Os recursos computacionais utilizados para analisar tamanha quantidade de dados são semelhantes aos produzidos pelo Large

Hadron Collider, usado para entender o funcio-namento das partículas subatômicas”, disse Ellis.

As amostras de DNA vieram de pa-cientes que se submeteram a testes clínicos no Grupo de Oncologia do American College of Surgeons, liderado por Ellis. Todas as pa-cientes no estudo tinham o chamado câncer de mama positivo para receptor de estrógeno, no qual as células tumorais têm receptores que se ligam ao hormônio e ajudam os tu-mores a crescer.

A pesquisa confi rmou que duas muta-ções são relativamente comuns em mulheres com câncer de mama. Uma deles é a PIK3CA, presente em cerca de 40% dos tumores do tipo que expressam receptores para estróge-no. Outra é a TP53, presente em cerca de 20% das pacientes.

Ellis e colegas encontraram uma outra mutação, denominada MAP3K1, que controla a morte celular programada e não se encon-tra ativada em cerca de 10% dos cânceres de mama positivos para receptor de estrógeno.

Os cientistas também encontraram out-ros 21 genes que mostraram mutações signif-icativas, mas em taxas inferiores e não apare-ciam em mais do que três pacientes.

Apesar da raridade dessas mutações, Ellis destaca sua importância. “Câncer de mama é tão comum que mesmo mutações que apareçam com frequência de 5% envolv-erão milhares de mulheres”, destacou. (Agên-cia Fapesp)

Americanos sequenciam genoma do câncer de mama

Onco News

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Pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde aponta que as mulheres estão fumando mais do que os homens. De acordo com a pneumologista Keila Medeiros, devido ao aumento do número de fumantes no sexo feminino, a mulher está sendo grande vítima do câncer de pulmão. Mas o cigarro também provoca outros tipos de tumores, como o de mama e o do colo de útero.

As mulheres estão fumando mais do

que os homens

INCA prepara mapa molecular do câncer

no BrasilO coordenador de Pesquisa Clínica do

INCA, Carlos Gil Ferreira, explica que, em breve, estará pronto o mapa molecular de dois tipos de tumores bastante indicentes entre a população brasileira: o câncer de pulmão e o do linfoma.

O objetivo é poder oferecer uma terapia es-pecíficaparacadapaciente.

Levantamento realizado pelo Icesp apontou que 95% dos casos de câncer de tes-tículo atingem jovens com até 35 anos. O es-tudo apontou também que cerca de 60% dos pacientes tratados no Icesp com esse tipo de tumor já inicia o tratamento com a doença em estágio avançado, tendo que se subme-ter ao tratamento quimioterápico.

Por ano o Instituto atende cerca de 150 pacientes com o problema. Apesar de raro, o tumor de testículo pode ser evitado. O di-agnóstico precoce é fundamental e extrema-mente efi caz para combater a doença. Para isso, é importante que os homens realizem o auto-exame. Em 98% dos casos, a queixa é de dor e aumento de volume testicular. Quando detectado inicialmente, as chances de cura são enormes. Além disso, nesta fase o tratamento é menos agressivo.

“É essencial que os homens realizem o autoexame e fi quem atentos a qualquer anomalia na região dos testículos. Apesar de raro, o tumor existe e o diagnóstico precoce aumenta as chances de sucesso na cura contra a doença”, alerta o coordenador do setor de urologia do Icesp, Marcos Dall´Oglio.

Câncer de testículo atinge jovens com até 35 anos

Onco News

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Médicos tomam decisões distintas das que receitam

Estudo mostra que quando o assunto é a própria saúde, os profissionais optam por tratamentos diferentes dos que sugerem aos seus pacientes

Uma pesquisa feita pela Universidade de Duke, nos Estados Unidos constatou que os médicos tomam decisões distintas das que re-ceitam aos seus pacientes. O intuito do estudo era confirmar se os médicos também aderiam com a sua própria saúde, as recomendações que davam aos seus pacientes.

As informações são do site do jornal Esta-do de S. Paulo e mostram que dentre os testes pedidos aos médicos um deles pedia que eles respondessem o que recomendariam a um paciente diagnosticado com câncer de cólon. Cerca de 24,5% respondeu que aconselharia o paciente a fazer uma cirurgia com taxa de

mortalidade maior, porém com menos efeitos colaterais. O intestino ou uma infecção.

Além dessa opção, os profissionais tam-bém poderiam recomendar uma cirurgia que tinha uma taxa de mortalidade menor, mas com a possibilidade de ter que enfrentar uma colostomia, diarreia crônica, obstrução inter-mitente.

Outros médicos foram orientados a res-ponder o questionário que mostrava a mesma situação, mas, nesse caso, os pacientes eram eles. Nessa situação, a escolha pelo trata-mento com maior risco de morte foi de aproxi-madamente 37%.

O resultado da pesquisa mostra que em algumas circunstâncias, tomar decisões pode reduzir a qualidade das decisões médicas.

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Perfil

Com a proposta de formalizar parcerias, regionalizar ainda mais a saúde e combater as drogas, principalmente o consumo de ál-cool pelos jovens, o professor Giovanni Gui-do Cerri, tomou posse ofi cialmente no cargo de Secretario da Saúde em substituição ao médico Nilson Ferraz Paschoa, seu anteces-sor.

Para Guido Cerri, novas parcerias serão uma das prioridades em sua gestão. Uma delas será com a Secretaria de Estado da Educação, que visa combater o consumo de álcool entre os jovens, além de outras cam-panhas preventivas, como no caso da den-gue. “Pretendemos fazer um cruzada contra as drogas, principalmente com o álcool, que é vetor de doenças e violência de várias na-turezas, principalmente entre os jovens. Por isso é importante estarmos na escola, atu-

antes, fortalecendo a educação e a promoção de saúde”, afi rmou Guido Cerri.

Estreitar a relação com as secretarias municipais de Saúde e o Ministério da Saúde para que a saúde pública seja distribuída re-gionalmente de maneira uniforme também está entre as suas metas. A organização física e a informatização, segundo Guido Cerri, farão com que os equipamentos de saúde sejam usados de maneira plena.

Guido Cerri também pretende reorgani-zar a referência e a contrarreferência no Siste-ma Único de Saúde (SUS), com fl uxos bem defi nidos entre os serviços, para que haja ra-cionalidade no atendimento aos pacientes. O secretário também ressaltou a importância da humanização do atendimento nos hospi-tais e ambulatórios estaduais, como forma de melhor acolher e orientar os cidadãos e seus familiares.

Giovanni Guido Cerri,Secretario da Saúde - Planos e Metas

GIOVANNI GUIDO CERRI, médico, professor titular da Faculdade de Medicina da USP, é secretário da Saúde do Estado de São Paulo, é autor de mais de 200 trabalhos publicados em revistas científi cas nacionais e estrangeiras. Escreveu mais de 50 artigos veiculados em meios de comunicação, tem 22 livros publicados e mais de 30 prêmios conquistados

entre eles o Prêmio Jabuti de Literatura na área de Ciências.

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Perfil

Foi sábia a decisão dos sanitaristas, no pro-cesso de implantação do SUS (Sistema Único de Saúde), ao prever a descentralização de ações, a hierarquização da assistência e as pactuações que defi nem as atribuições de cada esfera de governo.

Em um país com dimensões continentais, não é razoável que a execução de políticas públi-cas de saúde e o atendimento em hospitais este-jam engessados, ligados a um comando central.

É desejável um funcionamento ramifi cado, com supervisão e acompanhamento dos ges-tores.

A chamada regionalização da saúde, en-tretanto, é um processo complexo e dinâmico, que requer profunda sinergia entre União, Esta-dos e municípios.

O Estado de São Paulo tem uma rede bem estruturada de Unidades Básicas de Saúde, am-bulatórios, centros de referência e hospitais de nível secundário, terciário e quaternário. A ca-pacidade instalada é boa e, em geral, capaz de suprir as necessidades da assistência.

Há, no entanto, problemas a serem en-frentados. Especialmente no que diz respeito à otimização dos recursos físicos e humanos já existentes, identifi cação das carências e, princi-palmente, articulação de sistema efetivo de re-gionalização.

Julgamos fundamental estabelecer me-canismos efi cazes de referência e contrarrefe-rência.

Os cidadãos precisam ter o devido acesso à atenção primária, que soluciona algo em torno de 80% das necessidades; caso precise de aten-ção ambulatorial ou hospitalar, a unidade de origem deve providenciar o encaminhamento, por sistema informatizado, sem que o cidadão

tenha de percorrer os serviços de saúde com um papel na mão.

A hierarquização é primordial, visando a ra-cionalidade no atendimento e evitando que ca-sos simples sejam atendidos em hospitais com elevada complexidade.

A participação dos municípios é essencial para que possamos promover a regionaliza-ção de forma efi ciente, sempre sob a lógica do usuário do SUS.

E, para que haja a desejada mobilização dos gestores, é necessário intensifi car o diálogo: mais do que dizer, queremos ouvir, um a um.

Começamos pela Baixada Santista, onde criamos uma espécie de "agência" da saúde, mobilizando as nove prefeituras da região para traçar um amplo diagnóstico da saúde pública e propor ações de aperfeiçoamento e melhoria.

Contaremos, nessa mobilização, com a participação e a integração das secretarias de Educação, Saneamento e Desenvolvimento So-cial do Estado.

Com a consultoria do infectologista David Uip, o foco prioritário do trabalho será o de de-senvolver iniciativas nas áreas de combate à dengue, redução da mortalidade infantil, am-pliação de leitos hospitalares, medidas para pre-venir surtos de viroses, expandir o saneamento básico, entre outros.

Esperamos levar esse modelo para outras regiões do Estado, com a proposta de aproveitar a expertise de cada município na gestão da saúde e os recursos de saúde instalados em cada local para, com o apoio dos governos estadual e fede-ral, aperfeiçoar e otimizar a assistência pública em saúde aos cidadãos, em conformidade com os corretos princípios do SUS.

“Em um país com dimensões continentais, não é razoável que o atendimento em hospitais

esteja engessado, ligado a um comando central.”

Regionalização da Saúde

GIOVANNI GUIDO CERRI

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O que representa uma década quando o assunto é medicina oncológica e seus avan-ços? Para alguns pode parecer muito tempo, mas para quem luta diariamente contra esta doença, complexa e cheia de mistérios, sabe que esse período não é longo. Falamos em uma década porque, para o câncer, esse tem-po é o sufi ciente para torná-lo adulto. E bem adulto. Estima-se que até meados deste sécu-lo esta se torne a principal causa de morte no país, ultrapassando as doenças cardiovascu-lares. Um dado que assusta, preocupa e que merece atenção.

O câncer, a epidemia e a saúde pública

Dr. Paulo M. Hoff

Nas últimas décadas, a medicina on-cológica conquistou importantes vitórias. Vivenciamos o surgimento de novos medica-mentos e tratamentos que aumentaram sig-nifi cativamente a chance de cura e sobrevida de nossos pacientes. A evolução da genética, levando a identifi cação de genes responsáveis pela ampliação do risco de desenvolver alguns tipos de tumores, potenciais alvos para tera-pias dirigidas, além do desenvolvimento e dis-seminação de novos e modernos equipamen-tos, importantes para o combate ao câncer. Tudo isso trouxe uma enorme evolução, que

Oncologista, Diretor-Geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (ICESP), professor titular da disciplina de

Oncologia da Faculdade de Medicina da USP

Palavra do Diretor

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na parte assistencial, mais de 12 mil novos casos de câncer. Um número assustador e que precisa ser levado a sério, principalmente porque muitos cidadãos ainda encontram di-fi culdade para ter acesso a um tratamento rápido quando são diagnosticados com esta terrível doença.

É preciso que o Brasil tenha muita ini-ciativa, vontade política e empenho para en-frentar o câncer, uma doença difícil e que está em franca ascensão. Com o envelhecimento da população, certamente teremos uma “epi-demia” de casos de câncer no futuro próximo. É necessário que a sociedade se antecipe e se comprometa com investimento e criação de centros de referência regionais, que avancem mais rápido que a doença. E isso é possível.

O caminho ainda é longo, mas a ex-periência do Icesp e de outras instituições de renome, como o INCA no Rio de Janeiro, prova que temos profi ssionais altamente qualifi ca-dos e as condições necessárias para incluir-mos o Brasil entre as nações que lideram o mundo no combate ao câncer. Podemos ser uma peça importante na realização de pes-quisas científi cas que servirão aos nossos pacientes e também a outras populações no mundo.

poderia ter sido uma verdadeira revolução se a doença não nos acompanhasse e desafi -asse continuamente nessa maratona.

Atualmente, o Brasil conta com diver-

sos hospitais de ponta e que são referência para o tratamento oncológico. Há alguns anos, essa excelência no atendimento aos pacientes com câncer concentrava-se principalmente nos hospitais particulares, mas felizmente um número cada vez maior de unidades vol-tadas para o atendimento dos pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) também passaram a se destacar nesta área. Apesar dos elevados custos, dar atenção para a construção e custeio destes centros de ex-celência é não parar de lutar contra a doen-ça.

Em 2008, o Governo do Estado de São

Paulo e a Secretaria da Saúde investiram e inauguraram o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, que é um bom exemplo dessa parceria entre tecnologia, qualidade e atendi-mento voltado para o SUS. Três anos depois, o Icesp é hoje um dos melhores centros de referência de câncer do país, com atendimen-to mensal a quase 11 mil pacientes e implan-tou o maior parque radioterápico da América Latina. Só no último ano, o Instituto atendeu,

“É preciso que o Brasil tenha muita iniciativa, vontade política e empenho para enfrentar o câncer, uma doença difícil e que

está em franca ascensão.”

Paulo M. Hoff

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São Paulo ganha maior hospital do

câncer da América Latina

São Paulo ganha maior hospital do

câncer da América Latina

Materia de Capa

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O governador José Serra inaugurou na capital, o maior hospital especializado em tratamento de câncer da América Latina. O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira é

fruto do investimento de R$ 270 milhões do governo paulista em obras e equipamentos e vai receber pacientes encamin-hados de todo o Estado para atendimento de casos que ne-cessitem de cuidados especializados.

O governador ressaltou que o novo hospital deverá mar-car uma mudança quantitativa e qualitativa no tratamento do câncer. “Trata-se de uma instituição de ponta que será referência não apenas em nosso Estado, mas no Brasil”, disse então o governador José Serra ao lado do secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, no saguão do novo hospital.

O elevado número de óbitos em decorrência do câncer foi citado pelo governador como justificativa para o empreen-dimento. “Esse prédio começou a ser construído há 19 anos e coube à mim a parte final. O perfil da oferta de serviços de saúde do setor público mudou ao longo dos anos. Me pareceu mais adequado especializá-lo no atendimento do câncer, que é a segunda doença em mortalidade no Brasil, depois das doenças cardiovasculares”, explicou Serra.

Presente à cerimônia de inauguração do Instituto do Câncer, o vice-presidente da república José Alencar disse es-tar certo de que a instituição terá destaque internacional. “É realmente excepcional a satisfação que me cabe de estar participando da inauguração deste hospital. Raramente na história do Brasil acontece uma oportunidade para que o país ganhe uma jóia tão cara. Realmente é São Paulo dando o exemplo mais uma vez”, disse Alencar.

O novo hospital terá gestão da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), responsável também pelo gerenciamento do Hospital das Clínicas. Além do atendimento médico, os profissionais da instituição desenvolverão atividades de en-sino e pesquisa, de acordo com o modelo de ensino médico introduzido pela FMUSP no país. O objetivo é dotar o instituto das condições necessárias para se posicionar como centro de pesquisa de referência em nível internacional na área on-cológica, inclusive no desenvolvimento de novos fármacos e tratamentos.

Instituto do Câncer do Estado de São Paulo “Octavio Frias de Oliveira” - ICESP

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Uma obra pública gigantequeficou

por anos abandonada.

Por gigante leia-se 28 andares e por anos leia-se doze. Isso mesmo, doze anos sem que o barulho de uma britadeira ecoasse no esqueletão de concreto da Ave-nida Doutor Arnaldo, em Cerqueira César. A construção do prédio vizinho ao Hospital das Clínicas começou em 1989.

A obra do que seria o Instituto da Mu-lher, anunciado como um centro de refe-rência na saúde feminina, foi paralisada em 1991 e recomeçou somente em 2003. Dezenove anos e 340 milhões de reais de-pois, o edifício que enfeava a paisagem paulistana foi inaugurado. Rebatizado de Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, será o primeiro hospital público do estado a tratar exclusi-vamente de pacientes (a partir de 12 anos) acometidos pela doença.

Triplo de vagas

Com o novo hospital, a cidade de São Paulo terá três vezes mais vagas públicas ex-clusivas para tratamento de pacientes com câncer. Do total de 580 leitos, 360 serão de apartamentos com duas vagas, 84 de UTI e terapia semi-intensiva e 30 de hospital dia, além de vagas específi cas de observação, re-cuperação pós-anestésica e cuidados paliati-vos, dentre outras.

Quando estiver em pleno funcionamen-to, o novo hospital realizará por mês cerca de 1,5 mil internações, 33 mil consultas ambu-latoriais, 1,3 mil cirurgias, 6 mil sessões de quimioterapia e 420 de radioterapia. Haverá cerca de 120 consultórios médicos. O custo anual do instituto foi estimado em R$ 190 milhões.

Inicialmente o novo instituto irá oferecer atendimento ambulatorial em oncologia clíni-ca e ginecológica, além de quimioterapia e 12 leitos de UTI. Também entrarão em operação na primeira fase todas as unidades de apoio, como nutrição, SAME, vestiários, refeitório, central de almoxarifado, farmácia e rouparia.

Salto de qualidade

Materia de Capa

A assistência prestada será inovadora, ao permitir que o paciente tenha todas as fases de seu atendimento, do diagnóstico à reabilitação, integradas no mesmo local. “O novo instituto representa o que há de melhor no atendimento de casos oncológicos, com equipamentos de ponta e profi ssionais altamente especializados. O Estado de São Paulo dará um salto de quali-dade sem precedentes nessa área”, afi rma o então secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata.

“É um grande desafi o dirigir um hospital desta magnitude. A população pode ter certeza de que contará com o que há de mais mo-derno em recursos para tratamento do câncer e aten-dimento de nível internacional. Será um centro de excelência que vai atuar sempre na busca de conhecimentos científi cos que auxili-em na luta contra a doença", afi rma Giovanni Guido Cerri, professor da USP e diretor geral do novo instituto na época.

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25 -- Revista do Câncer

O Instituto do Câncer em números• 580 leitos (30 de hospital-dia e 84 de UTI

e terapia semi-intensiva) • 120 consultórios médicos • 1,5 mil internações / mês • 33 mil consultas ambulatoriais / mês • 1,3 mil cirurgias / mês • 6 mil sessões de quimioterapia / mês • 420 sessões de radioterapia / mês • 28 andares • 19 elevadores (21 pessoas cada)

O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo terá um modelo de gestão inédito entre os hospitais públicos, que vai unir contrato de metas, fundações de apoio, ensino e pesqui-sa. Duas entidades prestarão apoio ao hospi-tal: o Hospital das Clínicas de São Paulo (HC) e a Fundação Faculdade de Medicina.

O HC cederá profissionais que já atuam na área de oncologia, enquanto a Fundação será responsável pela contratação comple-mentar de funcionários, que atuarão sob re-gime de CLT, além de captar recursos para atividades de ensino e pesquisa, em sistema similar ao adotado no Instituto do Coração (In-cor) e no Instituto Dante Pazzanese de Cardio-logia.

O instituto terá três fontes de recursos: verbas do tesouro estadual, para manuten-ção de equipamentos e pagamento de pes-

soal; transferências do SUS (Sistema Único de Saúde), para remuneração dos procedimentos médicos; e recursos das atividades de ensino e pesquisa.

Uma parceria entre a Secretaria Estadu-al da Saúde e a FMUSP estabeleceu ainda me-tas de produção (consultas, internações, cirur-gias, exames) e qualidade do atendimento à população a serem atingidas no novo centro clínico.

“Trata-se de uma evolução do modelo de gestão adotado pelo governo de São Paulo desde 1998, unindo o que há de melhor entre o contrato de metas e o sistema de fundações de apoio, dois sistemas que já comprovaram sua eficiência na administração de hospitais públicos”, afirmou o secretário estadual da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, na inau-guração do ICESP

Instituição adota novo modelo de gestão

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O Instituto do Câncer de São Paulo ocupa um edifício de 28 pavimentos na Avenida Dr. Arnaldo, todo automatizado, com o que há de mais moderno em tecnologia e equipamentos de última geração. É o hospital mais alto da América do Sul, com cerca de 100 metros de altura.

Uma central informatizada vai monitorar todos os sistemas de climatização, controle de acessos, elevadores, central de alarme de incêndio e telemetria. Também será possível acompanhar diariamente o consumo de ener-gia elétrica e de água por pavimento. Ambientes de curta permanência são equipados com sen-sores de energia e de água, além de sistema de água de reuso.

Todos os andares foram compartimenta-dos com paredes e portas corta-fogo acionadas por eletro-imã, que garantem proteção contra incêndios.

O sistema de ar-condicionado funciona por irradiação, por meio de um forro gelado que mantém a temperatura ambiente homogênea. Nos quartos de internação as janelas possuem persianas embutidas nos vidros, permitindo melhor controle da luminosidade e facilitando a limpeza.

O hospital também vai dispor de uma

sala cirúrgica inteligente, totalmente automa-tizada, que inclui o controle dos focos cirúrgicos, sistema de comando de voz e câmeras que per-mitem a transmissão de cirurgias pela Internet para qualquer local do planeta, em tempo real, possibilitando a interação entre os médicos do instituto e profi ssionais de outras instituições.

“Trata-se de um hospital planejado nos mínimos detalhes, desde o fl uxo de pessoas até sistemas que facilitam a manutenção, para maior comodidade e segurança dos pacientes, equipe médica e de todos os funcionários”, afi r-mou o secretário estadual da Saúde.

O prédio conta com 19 elevadores, do tipo maca-leito, com capacidade para 21 pessoas cada um, ligados à central de automação. No 22º andar fi ca o chamado “elevador-batman”, que se desloca até o heliponto. Depois de o he-licóptero pousar, duas portas se abrem do chão e o elevador surge para receber pacientes e médicos.

Equipamentos de última geração

Unidade tem seis aceleradores lineares

Radioterapia

Tomógrafo

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O Icesp também irá disponibilizar aos pa-cientes do SUS (Sistema Único de Saúde) um equipamento ultrapotente que destrói tumo-res. Trata-se do High Intense Focus Ultrassound (Hifu), uma tecnologia inovadora resultante da fusão do ultrassom de alta intensidade com a ressonância magnética.

Pioneiro na América do Sul, o novo proce-dimento será utilizado, inicialmente, para tratar miomas e metástases ósseas, mas a ideia é ampliar seu uso para outras áreas da oncologia. O investimento para aquisição do equipamento foi de R$ 1,5 milhão.

O aparelho permitirá investigar novas te-rapias que, aliando o ultrassom à ressonância magnética, viabilizarão o tratamento de tumo-res sem a necessidade da realização de cortes e cirurgia ou de internação. Por não ser invasi-vo, o método, que dura aproximadamente duas horas, permite que o paciente realize o procedi-mento consciente, permanecendo acordado e podendo voltar para casa no mesmo dia.

O Hifu concentra até 1.000 feixes de energia ultrassônica com extrema precisão em um tumor no interior do corpo. Cada feixe passa através do corpo sem causar lesão, mas, quando convergem para o ponto selecionado, elevam a temperatura nesse local. A ressonân-cia magnética serve para localizar e direcionar essa energia precisamente no tumor, de forma

interativa e em tempo real, fornecendo imedia-ta confirmação da eficácia da terapia.

Além disso, estão sendo desenvolvidos no Icesp tratamentos que possibilitam a li-beração de drogas quimioterápicas, em que nanopartículas com elevadas concentrações de medicamentos (o que pode ser altamente tóxico ao organismo, inviabilizando sua aplicação in-travenosa), são injetadas e liberadas apenas no tumor, a partir do calor produzido pelo aparelho.

Os pacientes que se beneficiarão da novi-dade integrarão os protocolos de pesquisa clíni-ca do Icesp. Além de esta ser uma novidade na área oncológica, a aquisição do equipamento estabelece inúmeras possibilidades e caminhos no ambiente de pesquisa. Isto representa um grande avanço não apenas para os pacientes do SUS, como também para a instituição, que se reafirma como referência na área de investi-gação e tratamento do câncer. Ganha, também, o país, que passa a ser reconhecido por sua produção científica e desenvolvimento de novos protocolos e tratamentos.

“Trata-se da democratização de um grande avanço científico, agora disponível aos pacientes do SUS, além de uma excelente opor-tunidade para avançarmos significativamente no desenvolvimento de terapias minimamente invasivas na oncologia”, afirma o secretário Gui-do Cerri.

Maior laboratório contra o câncer da América Latina

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Centro de referênciafará pesquisa inédita no país

O Instituto do Câncer de São Paulo ado-tará uma linha de pesquisa em oncologia in-édita no Brasil. Trata-se da técnica de molecular imaging, que permite mapear a pré-disposição das células do corpo humano em desenvolve- rem algum tipo de câncer.

Um acordo com a multinacional G&E, que cederá o equipamento necessário para a pes-quisa (um Ciclotron), acaba de ser formalizado. Por meio da emissão de radioisótopos, é possí-vel detectar o potencial do surgimento do câncer dentro das células.

A nova tecnologia vai auxiliar o instituto nos estudos científi cos para o desenvolvimento de no-vos medicamentos que, no futuro, poderão agir na prevenção de determinados tipos de câncer.

Com o Ciclotron também será possível fazer simulações com fármacos e induzir tu-mores. A nova técnica permitirá mostrar as al-terações bioquímicas, biológicas e moleculares que ocorrem juntamente com as mudanças anatômicas ocorridas nas células e que provo-cam o surgimento do câncer.

“Será um grande salto de qualidade na área de pesquisas sobre câncer no Brasil. Acre-ditamos que em pouco tempo o instituto se tornará referência internacional na produção de conhecimentos técnicos e científi cos em on-cologia”, afi rma Giovanni Guido Cerri, professor titular da Faculdade de Medicina da USP ex dire-tor geral do novo hospital e Secretario da Saúde

Atendimento humanizado é destaque de novo hospital

Um enorme painel do pintor e escultor pop Romero Brito, instalado no hall de entrada do novo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo “Oc-tavio Frias de Oliveira”, dá um ar diferenciado ao hospital voltado ao atendimento de pacientes com câncer. Tons pastéis e placas em diferentes cores nos andares do edifício também ajudam a que-brar a relação médico/paciente/maca/remédio amargo e leito.

Assim, o maior hospital exclusivo para trata-mento de câncer da América Latina surge com a fi losofi a de humanização e hospitalidade total, en-volvendo espaços acolhedores, apoio aos famili-ares, atenção individualizada e interação entre os pacientes, com o objetivo de não apenas cuidar de doenças, mas das pessoas. Para isso haverá um grupo de trabalho com representantes de todas as áreas do instituto.

Nas sessões de quimioterapia, por exemplo, haverá pelo menos três poltronas próximas uma das outras, para que os pacientes possam con-versar, dividir seus problemas, contar histórias de vida e se auxiliar mutuamente. Além disso, todos os pacientes internados terão direito a acompan-hantes e as visitas terão horário fl exibilizado.

O projeto de humanização, que foi estrutu-rado com antecedência, além de envolver o aco-lhimento de pacientes e familiares, pretende dar maior qualidade na relação entre os profi ssionais do instituto e dos usuários, desde a consulta até a internação e realização de exames. Também está prevista a criação de um setor de cuidados paliati-vos, para atendimento a pacientes sem chances de cura.

Outros projetos que já deram resultado em hospitais da rede estadual paulista também serão implantados no novo instituto. Um deles é o Conte Comigo, espécie de ouvidoria moderna, que dis-ponibiliza estrutura similar a de um Serviço de Atendimento ao Cliente, com funcionários, co-municação visual, sala, números de telefone e e-mails específi cos, buscando intermediar e solucio-nar eventuais problemas relatados pelos usuários de cada unidade.

“Queremos que cada profi ssional do insti-tuto sinta a necessidade de prestar um atendi-mento diferenciado a pessoas que passam por um momento difícil em suas vidas. O atendimento humanizado deve ser parte do dia-a-dia do novo hospital, em todas as suas alas afi rmou o secre-tário estadual da Saúde

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Instituto do Câncer oferece atenção personalizada ao paciente SUS

Os pacientes internados no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo “Octavio Frias de Oliveira” (ICESP) – Organização Social de Saúde – ganharam mais um diferencial no tratamento recebido dentro do hospital. Trata-se do projeto Enfermeiro de Referência, cuja missão é alinhar as condutas de toda a equipe multiprofissional para oferecer cuidados foca-dos nas necessidades individuais dos pacien-tes.

O Enfermeiro de Referência recebe o paciente e o acompanha do início ao término do processo de tratamento. Com este modelo assistencial o paciente estabelece um elo de confiança com o enfermeiro e pode ser aten-dido de acordo com suas particularidades. O projeto já foi iniciado nas unidades de interna-ção e a ideia é expandi-lo para as áreas que tratam pacientes não internados.

Através de acompanhamento individu-alizado, o profissional pode conhecer melhor

o paciente, identificando preferências e difi-culdades de cada um. Desse modo, o atendi-mento se torna mais personalizado e huma-nizado.

“Cada indivíduo possui uma necessidade e uma maneira própria de reagir à doença. A idéia do projeto é oferecer uma assistência segura e abrangente, que atenda as necessi-dades do paciente e da família. O profissional poderá se antecipar às necessidades dos pa-cientes, planejando e executando um plano de cuidados multiprofissional e sempre alin-hado às necessidades de cada momento do tratamento”, explica Wania Regina M. Baia, Diretora Geral de Assistência do ICESP.

Conheça um pouco mais do ICESP

Inaugurado em maio de 2008, o Institu-to do Câncer do Estado de São Paulo “Octavio Frias de Oliveira” é uma Organização Social

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de Saúde, criada pelo Governo do Estado em parceria com a Faculdade de Medicina da USP para ser o maior hospital especializado em tratamento de câncer da América Latina. Com 112 metros de altura, construído em uma área aproximada de 84.000 m² na Av. Doutor Arnaldo, próximo à Avenida Paulista, o ICESP é fruto do investimento de R$ 270 milhões em obras e equipamentos.

No prédio, de 28 andares, cerca de 6 mil pacientes com diagnóstico de câncer são atendidos mensalmente e tratados por alguns dos mais qualifi cados profi ssionais do Brasil nesta especialidade. Uma característica es-

sencial do Instituto é a inovação na assistência prestada, que permite ao paciente ter todas as fases de seu atendimento, do diagnóstico à reabilitação, integradas no mesmo local.

Além do atendimento médico, os profi s-sionais do ICESP desenvolvem atividades de ensino e pesquisa de acordo com o modelo de ensino médico introduzido pela Faculdade de Medicina da USP no país. O objetivo é transfor-mar o Instituto em um centro de pesquisa de referência em nível internacional na área do câncer, inclusive no estudo de novos fármacos e tratamentos inovadores para a doença.

Centro público de radioterapia e imagem

Em março de 2010 foi inaugurado o Cen-tro de Diagnóstico por Imagem e Radioterapia dedicado ao diagnóstico minucioso, por meio de ressonância magnética, e ao tratamento ra-dioterápico utilizando aceleradores lineares de última geração. Fruto de investimento de R$70 milhões, o Centro de Diagnóstico do ICESP ocu-pa um andar inteiro no quarto subsolo e têm capacidade para atender anualmente 90 mil procedimentos radioterápicos, 30 mil exames de ressonâncias magnéticas e 18 mil exames de medicina nuclear.

Para atender os pacientes com conforto e qualidade, foram instalados quatro equipa-mentos de ressonância magnética marca GE e seis aceleradores lineares Elekta de procedên-cia sueca. Uma das ressonâncias magnéticas opera com um campo magnético de 3 Tesla, o dobro dos equipamentos convencionais, sen-do o primeiro equipamento desta tecnologia instalada pela GE no Brasil. Cada um destes equipamentos necessita para um bom funcio-namento de um resfriamento por meio de um fl uxo contínuo de água gelada. A Mecalor foi contratada para o fornecimento de 10 unidades IHA (Intercambiador Hospitalar) cada uma delas dimensionada para atender um equipamento do Centro de Diagnóstico. Todas as IHA's foram

instaladas ao tempo sobre a marquise dos blo-cos anexos ao edifício principal.

Na parede externa de cada uma das salas de diagnóstico ou de tratamento foi instalado um painel remoto que permite ligar e desligar a IHA correspondente, além de indicar temperatura da água gelada e o status do equipamento (em operação ou com falha). Todas as IHA's foram fornecidas com duplo circuito de refrigeração, com um sistema de emergência que permite a entrada de água da rede potável em caso de parada da IHA e com bombas dinamarquesas de aço inoxidável para garantir a confi abilidade exigida pela aplicação. Além disto, participamos ativamente junto á MHA Engenharia, projetista do sistema, na concepção, dimensionamento e assessoria de instalação.

“É uma honra para nós da Mecalor, poder participar de uma obra deste porte e que irá benefi ciar milhares de pessoas”, comenta Na-tanael Ferreira, Coordenador de Vendas para o mercado hospitalar.

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Revolução no Diagnóstico do CâncerUm novo exame de me-

dicina nuclear irá revolucionar o diagnóstico de câncer para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado de São Paulo. Trata-se do PET-CT (tomografi a computadorizada por emissão de pósitrons), a mais moderna tecnologia para rastreamento de tumores, ago-ra disponível no Instituto do Câncer do Estado de São Pau-lo, unidade ligada à Secretaria da Saúde e à Faculdade de Me-dicina da USP.

Fruto de um investimento de R$ 4 milhões na aquisição de dois equipamentos, o exame permite a detecção de câncer em estágios iniciais, com mais precisão e exatidão que a tomografi a convencional, e irá benefi ciar mais de sete mil pacientes por ano.

Duas máquinas foram instaladas no Icesp. A nova tecnologia permite diagnosticar as áreas mais suspeitas de câncer, aliando imagens de medicina nuclear com a tomogra-fi a computadorizada. Essa união, conhecida como tecnologia híbrida, permite imagens anatômicas e muito precisas dos tumores.

O PET-CT também permite visualizar o grau de extensão da doença e verifi car se o tumor é localizado ou já se espalhou. A partir daí, é possível planejar o tratamento, moni-torar o tempo de resposta dos recursos apli-cados e fazer um melhor controle da doença.

Para realizar o exame o paciente recebe uma injeção do radiofármaco FDG-18, uma substância radioativa que dá contraste exata-mente no local onde existe tumor em cresci-mento. Isto porque, as células tumorais se ali-mentam de alguns compostos presentes no radiofármaco, atraindo a substância para si após a aplicação. O procedimento é simples e exige apenas um jejum leve.

Os radiofármacos são fornecidos pelo Centro de Medicina Nuclear do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da FMUSP. O equipamento que produz a substância, chamado de Cíclotron, foi instalado em um bunker de 520 metros quadrados dentro do complexo HC e protegido por paredes de con-creto com 1,90 metro de expessura. Foram in-vestidos 15 milhões na construção e aquisição de equipamentos.

Inicialmente o exame de PET-CT será realizado no Icesp para detecção de linfomas e de tumores de mama e de pulmão, sendo expandido gradativamente. Os pacientes do hospital serão os primeiros benefi ciados, e a idéia é estender progressivamente o exame para pacientes encaminhados de outras uni-dades.

“Trata-se de uma verdadeira revolução no diagnóstico do câncer, permitindo no futuro, com a evolução das pesquisas, que a doença seja identifi cada em estágios moleculares ou sub-celulares. Com este exame os pacientes do SUS terão acesso ao que há de mais mo-derno para rastreamento de tumores”, afi rma o diretor-geral do Icesp,

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Alimento

Laranja

Peixes

Frutas e vegetais vermelhos e roxos

Soja

Frutas alaranjadas e amarelas Brocólis

Icesp cria cardápio contra o câncerO consumo de alimentos com variedade,

qualidade e quantidade adequadas é um dos principais fatores na prevenção do câncer. Por isso, o setor de Nutrição e Dietética do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), liga-do à Secretaria da Saúde e à Faculdade de Me-dicina da USP, preparou uma lista com alguns alimentos que auxiliam na prevenção contra a doença (veja tabela aqui).

Algumas substâncias como o Ômega 3, encontrado em peixes, e os polifenóis, pre-sentes na maçã, diminuem a formação de com-postos infl amatórios, o envelhecimento celular e, consequentemente, a proliferação de células tumorais. Já as fi bras solúveis, presentes em ali-mentos como brócolis, couve manteiga e couve-fl or, inibem a formação tumoral, diminuindo a possibilidade de mutações genéticas.

Os hábitos diários também podem au-mentar o risco de desenvolvimento do câncer. O sedentarismo, por exemplo, é um fator ne-gativo para as pessoas que buscam qualidade de vida. A prática de atividade física diminui a resistência à insulina, tornando menor o risco de câncer colorretal, por exemplo. A obesidade também merece atenção. A ingestão alimentar excessiva leva ao aumento de peso, que causa

regulação prejudicada da glicemia e hiperinsu-linemia e, como consequencia, aumenta o risco do surgimento de tumor no pâncreas, fígado e rins. Outro efeito da obesidade em longo prazo é a diabetes, que está relacionada com o de-senvolvimento de câncer de fígado, endométrio, cervical e mamário.

Na contramão deste consumo saudável, há os alimentos que potencializam o desenvolvi-mento de um câncer e que devem ser evitados ou, então, consumidos com moderação, já que são ricos em gordura saturada. Bons exemplos são os de origem animal (carne vermelha, leite integral e derivados e bacon), que podem causar infl amação e alteração dos níveis de hormônios no sangue. A infl amação e o excesso de açúcar no sangue levam à intoxicação das células, o que favorece o desenvolvimento de tumores.

“Não podemos reduzir os alimentos a duas grandes listas: ‘heróis’ e ‘vilões’ da alimentação. Os principais erros em nossos hábitos alimen-tares não estão relacionados, exclusivamente, a ‘o quê’ comemos, mas também ao ‘quanto’ e ‘com que frequência’ nós consumimos alguns alimentos”, esclarece a gerente de Nutrição do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Su-zana Camacho Lima.

Substância

Ácido ascórbicocarotenóides, monoterpenos e limonemos

Ômega 3

Flavonóides (antocianina e quer cetina) e resveratrol (casca de uvas e vinho)

Isofl avonas

Carotenóides

Isotiocianatos

Efeito no organismo

Ação antioxidante ediminuição da toxicidade de substâncias mutagênicas

Ação antioxidante. Diminuição da proliferação de células retais cancerígenas, redução do risco de câncer de laringe

resveratrol(casca de uvas e vinho)Elevada ação anti oxidante, anticarcinogênico e antitum oral

Ação antioxidantes, antitumoral e hipolipemiantes

Protegem o DNA contra oxidação

Ação anticancerígena e morte tumoral

Alimentos que possuem propriedades funcionais que contribuem na prevenção do câncer

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Acupuntura para tratar pacientes com câncer

O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) está utilizando técnicas de acupuntura como suporte no controle dos sintomas da doença e efeitos colaterais das medicações utilizadas para o tratamento de pacientes com câncer.

O objetivo é que a terapia ofereça supor-te ambulatorial ao tratamento convencional de tumores, a fi m de contribuir para as me-lhorias signifi cativas na qualidade de vida do paciente com câncer, segundo o instituto.

A terapia complementar é indicada para controle de afecções como dor, náusea, neuropatia (doença nervosa), xerostomia (se-cura excessiva da boca), fadiga, ansiedade, depressão, insônia, ondas de calor, fadiga

pós-quimioterapia, diarreia e constipação, sintomas bastante comuns após as seções de quimioterapia.

De acordo com o Icesp, para ter acesso à terapia, os pacientes precisam ser encamin-hados pelo médico e passar por uma triagem para avaliação. Caso a acupuntura seja indi-cada naquele quadro específi co, eles vão re-ceber um plano de tratamento de acordo com os sintomas que os incomodam.

O novo ambulatório está em funciona-mento desde o início deste mês e, inicial-mente, funcionará três vezes por semana durante cinco horas, com capacidade para realizar 250 atendimentos mensalmente.

O Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), ligado à Secretaria de Estado da Saúde e à Faculdade de Medicina da Uni-versidade de São Paulo (FMUSP), ganha um serviço gratuito de beleza e estética para pa-cientes em tratamento na unidade.

Desenvolvido pelo Serviço de Hotelaria e Hospitalidade do Icesp, o projeto irá oferecer aos pacientes com câncer da unidade corte de cabelo, manicure, barbearia, técnicas de maquiagem e dicas para amarrar lenços na cabeça, entre outros. Serão oferecidos cerca de 200 atendimentos por mês.

Os atendimentos serão realizados por dois profi ssionais todas às segundas, terças e sextas-feiras, durante três horas por dia. Para aqueles que passam pela quimioterapia ambulatorial, o foco são minicursos de au-

tomaquiagem e dicas de como utilizar lenços na cabeça.

Quem está internado em leitos comuns ou nas UTIs poderá solicitar corte de cabelo, manicure, higienização da pele, hidratação das mãos ou para ser barbeado, além de minicursos de maquiagem. Neste caso, o atendimento será agendado previamente e realizado no próprio leito.

Segundo a gerente do setor, Vânia Perei-ra, ações como essa ajudam na autoestima do paciente, além de amenizar o processo do tratamento. “Tanto para os internados quanto para quem está em atendimento ambulato-rial, receber uma atenção desse tipo é fun-damental para que o dia-a-dia e as vindas ao hospital sejam amenizadas”, avalia.

Centro estética para pacientes em tratamento

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O Estado de São Paulo ganha, o maior laboratório destinado a pesquisas sobre o câncer da América Latina. O Centro de Investi-gação Translacional em Oncologia do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) “Oc-tavio Frias de Oliveira” será a unidade coorde-nadora de uma rede composta por 20 grupos que atuam em pesquisa básica e aplicada em oncologia. O investimento foi de R$ 2 mi-lhões.

Em uma área de 2 mil metros quadrados, equivalente a um andar inteiro do Icesp, o lo-cal irá funcionar como uma espécie de super-laboratório, com plataformas multiusuários. A área integrará especialidades como epidemio-logia, genética molecular, biologia celular, bio-logia molecular, virologia e engenharia gené-tica, processamento de amostras (Biobanco de Tumores), laboratório de Expressão Gênica e Seqüenciamento e patologia molecular.

Com o novo centro será possível otimizar recursos, sistematizar a coleta, realizar o pro-cessamento de amostras e testes e acelerar a difusão dos resultados obtidos nas diversas frentes de pesquisa, que atualmente estão es-

palhadas em importantes instituições como o Hospital das Clínicas, Incor, Faculdade de Me-dicina da USP, Hospital A.C. Camargo, dentre outras.

O Icesp, além de coordenar e centralizar essa rede de pesquisadores, irá disponibilizar equipamentos e serviços comuns a todos es-ses grupos. No total, serão cerca de 40 profi s-sionais e mais de 130 alunos de pós-gradua-ção benefi ciados.

Os equipamentos também são de ponta, e incluem microscópios a laser, seqüencia-dores de DNA, separadores de células e am-bientes para cultivo de células e produção de DNA recombinante e vírus recombinan-tes. A outra novidade será a implantação de um banco de amostras biológicas, com frag-mentos de tumores congelados, amostras de sangue, RNA, DNA e proteínas coletadas dos pacientes.

O local atenderá programas de pesqui-sas clínicas, oncologia molecular (que estuda, por exemplo, novos marcadores para diagnós-tico de tumores), inovações terapêuticas e,

Laboratório Destinado a Pesquisas sobre o Câncer

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posteriormente, medicina regenerativa apli-cada à oncologia.

Com a nova unidade, o Icesp passa a ser o ponto central de uma grande rede que re-unirá todos os pesquisadores em câncer que hoje atuam em diversos locais. “Este centro permitirá testar com mais velocidade os avan-ços que forem surgindo na área de pesquisa oncológica. Com plataformas de alta tecnolo-gia, iremos sistematizar o processamento de informações”, afirma Paulo M. Hoff, diretor-geral do Instituto do Câncer.

Os projetos de pesquisa que serão prio-rizados pelo Centro se dividem em quatro etapas. O primeiro é o Programa de Pesquisas Clínicas, que inclui estudos de novas formas para prevenir, diagnosticar ou tratar o câncer. Já o segundo, denominado Programa de On-cologia Molecular, se refere a estudos que vão do diagnóstico até as mais recentes inovações

no campo molecular, como novos marcadores para diagnóstico de tumores, diagnóstico mo-lecular por imagem e outros.

Também está prevista a implantação do Programa de Inovação em Terapia, que de-senvolverá estudos sobre novas tecnologias, inovações e aperfeiçoamento de modalidades terapêuticas já existentes, além do Programa de Medicina Regenerativa aplicada à Oncolo-gia, relativa ao estudo das bases para regen-eração tecidual e sua aplicação na recupera-ção do paciente com câncer.

“Trata-se de um verdadeiro salto de qualidade na produção de conhecimento científico, na busca incessante de informação sobre o comportamento dos tumores e de no-vas formas de tratamento da doença”, diz o secretário de Estado da Saúde de São Paulo, Giovanni Guido Cerri.

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InfraestruturaO prédio do Icesp tem uma área construída total de 82.483,36m² e área de pro-

jeção de 4.647,16 m², em terreno de 7.209,20 m². O Edifício conta com 28 pavimen-tos, sendo 4 subsolos.

Além do prédio principal, o Instituto tem edifi cações para utilidades e portar-ia, no pavimento térreo, numa área aprox-imada de 1.200,00m².

Considerado um dos maiores hos-pitais verticais do mundo, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo sofreu diversas adaptações estruturais para as-segurar o funcionamento otimi-zado do prédio. A construção exigiu investimentos e soluções diferenciadas para ser trans-formado em um grande centro de trata-mento especializado em oncologia. Para assegurar a qualidade de funcionamento e mais segurança a quem circula diaria-mente em suas dependências, foram fei-tos investimentos em sofi sticados siste-mas de manutenção.

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Bancos de sangue: eficáciaeprecisãonatriagem

Quando o assunto é segurança, sistemas da Roche em testes NAT são mais amplos e sensíveis desde 2008 no Brasil

Os avanços na biologia molecular apresentam soluções inquestionáveis para a ciência, de forma geral, impactando diretamente na otimização do di-agnóstico de doenças graves e facilitando, por con-sequência, a indicação terapêutica. Um dos exemplos dessamodernizaçãosãoosexamesdeamplificaçãodeácidos nucléicos, ou teste NAT como é conhecido na sigla em inglês. Sem dúvidas, uma grande revolução no que diz respeito à triagem de bolsas de sangue.

O teste reduz consideravelmente a janela imu-nológica de várias doenças, pois detecta fragmentos dos vírus ao invés de procurar pelos anticorpos cri-ados pelo organismo humano, como seria feito por um exame de sorologia. Para os bancos de sangue, a sensibilidade de um sistema como esse é fundamen-tal, pois os riscos de infecções são reduzidos a prati-camente zero. No Brasil, por exemplo, o número de infecções em transfusões sanguíneas seria reduzido em vinte vezes caso o teste fosse aplicado nos bancos de sangue.

Pensando nesta problemática, a Roche lançou no Brasil, com registro desde 2008, o teste TaqScreen MPX , que utiliza a mesma tecnologia de ponta en-contrada em países de primeiro mundo, como os Es-tados Unidos, Inglaterra, Japão e Holanda.

Um dos aspectos importantes para a segurança das transfusões é a triagem completa para uma segu-rança total, detectando todas as variações virais que podem estar presentes no sangue. O teste TaqScreen MPX, utilizado na plataforma cobas s201, é a solução mais completa e segura em métodos moleculares para bancosdesangue,porcontadalargaespecificidadeesensibilidade no diagnóstico direto dos agentes que causam as enfermidades.

Pioneiro no Brasil, o teste já é utilizado em di-versos pontos no país, além de outros 175 bancos de sangue no mundo todo garantindo, em um único teste, a melhor sensibilidade do mercado para a detecção do HIV-1 Grupo O e M, o HCV, o HBV e o HIV-2, cuja presença foi recentemente detectada no Brasil, como mostraram pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Assim, o teste TaqScreen é a solução mais completa para testes NAT, cobrindo todos os alvos e subtipos exigidos pela RDC brasileira que normatiza a sorologia viral na triagem de sangue para HIV, HBV e HCV.

Para que a triagem seja mais rápida e precisa, a automação completa do processo NAT torna-se fundamental. Com o cobas s 201, os processos são completamente automatizados, desde a formação do

Especial

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pool,aextraçãodoácidonucleico,aamplificaçãoedetecção, até a obtenção do relatório de resultados finais.O principal objetivo desse sistema é facilitara triagem, evitando trocas de amostras e um melhor gerenciamento dos resultados. Nesse processo, a se-gurança é peça fundamental, por isso há vantagem de os tubos de reação serem fechados, reduzindo o risco decontaminaçãodasamostraseinfluenciandodireta-mente a precisão dos testes. O controle é ainda maior com a enzima AmpErase da Roche, que evita a con-taminação cruzada, além da transferência e a detecção deprodutosanteriormenteamplificados.

O teste TaqScreen é baseado na tecnologia PCR em tempo real, padrão ouro para testes de biologia

molecular e amplamente utilizada no Brasil, como na rede de HIV, HBV e HCV. Os testes TaqScreen são prontos para uso, eliminando o erro devido a pipeta-gens.Tambémnãoexigemlocaisespecíficosouequi-pamentos especiais para a preparação de reagentes.

Para implantação dessa tecnologia, não são necessárias grandes mudanças estruturais no labo-ratório, tampouco uso de outros materiais, como águasespeciaisouprodutosclorados.Aflexibilidadedo cobas s 201 e o teste TaqScreen permite a criação de um sistema totalmente adaptável às necessidades da rotina laboratorial. Essa é uma das razões para a utilização do sistema em larga escala, desde bancos de sangue até fábricas de plasma de todo o mundo.

Teste NAT reduz infecção em tranfusões de sangue em até 20 vezes

O diretor administrativo da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, Dante Mário Longhi Júnior, disse que se o teste NAT (a sigla em inglês para Teste de Ácido Nucleico) fosse obrigatório no país, o risco de infecções contraídas por meio de transfusões de sangue diminuiria em até 20 vezes.

O teste NAT brasileiro é uma das inova-ções tecnológicas que estão sendo desenvolvi-das para o combate às doenças retrovirais. A implementação gradual é feita pelo Ministério da Saúde, por meio da Coordenação da Políti-ca de Sangue. O procedimento serve para de-tectar o HIV e HCV (hepatite C), além de ampli-ar a segurança nos serviços de hemoterapia no Brasil.

Ele manifestou preocupação com a de-mora na adoção do teste, que ocorre devido ao custo significativo. “Não podemos, devido à justificativa econômica, deixar de garantir a maior segurança possível na transfusão re-alizada no Brasil. Os órgãos governamentais defendem a ideia de que esse teste tem custo relativamente elevado e que o Brasil está de-

senvolvendo um produto nacional. É pertinen-te, mas o Brasil deveria adotar esses testes que já existem no mercado e, só depois, de-senvolver o nacional”, disse Dr. Longhi.

Dante Longhi comentou que o país está no sentido inverso. “Temos que tratar como prioridade a segurança nas transfusões e só então buscar novas opções, economicamente viáveis”, acrescentou.

Segundo ele, diversos estudos demons-tram a segurança maior com a utilização do teste NAT, entre eles, um do Hospital das Clini-cas, da Universidade de São Paulo.

“A transfusão de sangue é segura no Brasil, mas ainda deixa a desejar. O teste au-menta a segurança da transfusão, pois inves-tiga a presença de alguns agentes infecciosos como, por exemplo, o HIV e os vírus da hepa-tite C e B, o que faz uma triagem do sangue que vai ser doado”. Se o sangue tiver material genético de algum desses vírus, ele é despre-zado.

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Newcor - Poderia explicar o que vem a ser o teste Nat? Dra. Marisa - O NAT (sigla para Nucleic Acid Test) é um teste para bancos de sangue que reduz consideravelmente a janela imunológica de várias doenças, pois detecta fragmentos dos vírus ao invés de procurar pelos anticorpos criados pelo organismo humano, como seria feito por um exa-me de sorologia. Com ele, é possível reduzir con-sideravelmente o sangue usado em transfusões sanguíneas.

Newcor - Quais os benefícios na utilização deste teste? Dra. Marisa - Para os bancos de sangue, a sensibilidade de um sistema como esse é fun-damental, pois os riscos de infecções são reduzi-dos a praticamente zero. No Brasil, por exemplo, o número de infecções em transfusões sanguíneas seria reduzido em vinte vezes caso o teste fosse aplicado em todos os bancos de sangue

Newcor - Como funciona o teste Nat no orga-nismo humano? Dra. Marisa - O NAT não é aplicado no or-ganismo humano. É um exame feito a partir de uma amostra do sangue doado. O teste detecta fragmentos de vírus no sangue e indica se há con-taminação. Trata-se de um teste que utiliza um sistema específi co para laboratórios de bancos de sangue, com equipamentos, reagentes e outros componentes.

Newcor - Já podemos dizer que a transfusão de sangue é segura no Brasil. Dra. Marisa - Se considerarmos 100% de segurança, não é possível fazer tal afi rmação. A grande maioria dos bancos de sangue no País ainda utiliza testes de sorologia para certifi car a segurança do sangue doado. Apesar de estar dis-ponível no Brasil desde 2002, o teste NAT não é encontrado na rede pública e em alguns bancos de sangue privados, o que expõe os centros de he-moterapia a um risco desnecessário.

Newcor - Quais as novidades em termos de se-gurança nas transfusões de sangue? Dra. Marisa - A utilização de testes NAT no Brasil ainda pode ser considerada novidade, uma

vez que apenas alguns laboratórios particulares têm acesso à tecnologia. Pensando nesta pro-blemática, a Roche lançou no Brasil, em 2008, o teste TaqScreen MPX , que utiliza a mesma tecno-logia de ponta encontrada em países de primeiro mundo, como os Estados Unidos, Inglaterra, Japão e Holanda. O teste TaqScreen MPX, utilizado na plataforma cobas s201, é a solução mais comple-ta e segura em métodos moleculares para ban-cos de sangue, por conta da larga especifi cidade e sensibilidade no diagnóstico direto dos agentes que causam as enfermidades. Um único teste ga-rante a melhor sensibilidade do mercado para a detecção do HIV-1 Grupo O e M, o HCV, o HBV e o HIV-2. Esse teste é a solução mais completa para testes NAT, cobrindo todos os alvos e subtipos e-xigidos pela RDC brasileira que normatiza a soro-logia viral na triagem de sangue para HIV, HBV e HCV.

Newcor - O que muda para os hemocentros e bancos de sangues no País? Dra. Marisa - A implantação do teste NAT é uma questão estratégica para o Brasil, que pode poupar recursos com o tratamento das complica-ções de contaminações que ainda acontecem no país, além de garantir que o gesto altruísta da doa-ção seja efetivo para contribuir com o tratamento de pessoas que dependem dos hemoderivados.

Newcor - No Brasil, apenas a rede privada tem acesso? Isso deve chegar ao SUS? Dra. Marisa -Exato. Recentemente, a Agên-cia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pu-blicou uma nova regulamentação para os bancos de sangue no Brasil, em que o NAT aparece ape-nas como um exame opcional e complementar à sorologia, mantendo nossos estoques expostos ao problema da janela imunológica. Ainda há um caminho a ser percorrido para que o teste chegue a toda rede do Serviço Único de Saúde.

Marisa D'Innocenzo, gerente da unidade de negócios da Roche

Especial - Entrevista

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Se uma ferida apareceu sem causa apar-ente e não cicatriza ou ainda se uma pinta so-freu uma alteração brusca no tamanho, na cor ou no aspecto, não perca tempo, procure o seu médico porque pode ser um câncer de pele.

Geralmente não prestamos atenção à nossa pele e só o fazemos quando ela está lesa-da. A pele, o maior órgão do nosso corpo, nos protege das bactérias, fungos, vírus e produtos químicos e até de agentes físicos, como por ex-emplo, os raios ultravioleta do sol. A pele é um órgão altamente especializado, que consegue manter a temperatura do nosso corpo estável (o que é imprescindível para o bom funcionamen-to dos nossos órgãos) e através dos corpúsculos nervosos da pele, nós temos a sensação táctil, sem a qual nos machucaríamos facilmente a toda hora, sem percebermos.

Sem a pele não conseguiríamos sobre-viver. Apesar de ser um órgão com todas essas funções especializadas não lhe damos tanta im-portância e até esquecemos que ela existe. Pou-cas pessoas lembram que a pele pode adoecer, que também precisa ser cuidada. Muitos pro-blemas da pele, incluindo o câncer poderiam ser evitados com cuidados adequados, princi-palmente na infância e no início da vida adulta.

A causa do câncer da pele em mais de 90% dos casos é a exposição em excesso e cu-mulativa aos raios solares. Antigamente a pele branca era o ideal de beleza, como a pele da Branca de Neve ou a da Julieta do Romeu. O pó-de-arroz era usado para deixar a pele mais clara. Após os anos 50, pele bronzeada virou sinônimo de beleza e saúde. Do ponto de vista médico, uma pele bronzeada indica apenas que o nosso organismo está tentando se proteger dos raios prejudiciais do sol. Portanto, a melhor conduta é

a prevenção, isto é, não nos expormos demais aos raios solares, principalmente depois de dez horas da manhã e antes da quatro horas da tarde. Quando a exposição é inevitável, como por ex-emplo, em um jogo de futebol, ou na praia ou mesmo para as pessoas que trabalham ao ar livre, devemos saber usar corretamente roupas adequadas, chapéus e bonés (dependendo da ocasião) ou até mesmo um bom fi ltro solar. Ge-ralmente um fi ltro com FPS (fator de proteção solar) de número 15 é o sufi ciente para uma proteção adequada. Devemos lembrar que o fi ltro solar deve ser aplicado 15 minutos antes de nos expormos ao sol e deve ser reaplicado a cada 2 horas ou até em intervalos menores, se estivermos fazendo exercícios ou nadando. Esses cuidados devem ser intensifi cados se a pessoa apresentar pele clara, muitos nevos e se tiver história familiar de neoplasia cutânea.

Outro efeito da exposição solar cumulati-va, isto é, o sol tomado em excesso durante toda a vida, é o envelhecimento precoce, com a pele fi cando seca, com rugas e manchada.

Existem 3 tipos principais de câncer de pele: o carcinoma basocelular (CBC), o carcino-ma espinocelular (CEC) e o melanoma cutâneo. O CBC é o mais freqüente e o menos agressivo. Surge como um pequeno nódulo de cor rósea que cresce lentamente por meses ou até anos e após se ulcera, isto é, vira uma ferida. O se-gundo mais freqüente, o CEC cresce mais rapi-damente, é mais agressivo que o basocelular e se ulcera precocemente. Aparece geralmente como uma crosta ou uma pequena ferida. Tanto o CBC como o CEC é mais encontrado em áreas expostas ao sol, como a face e os braços.

O melanoma cutâneo é o tipo de câncer

Câncer de PeleDr. Ivan Dunshee de A. Oliveira Santos

Artigo

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de pele mais grave e o menos freqüente. A sua causa mais importante é a exposição intermi-tente e excessiva ao sol, principalmente quando a pessoa é portadora de uma pele clara e sen-sível. Chamamos a exposição de intermitente quando a pessoa não está acostumada aos raios solares, e de vez em quando vai passar um fim de semana no litoral, querendo ficar morena rapidamente. Vai conseguir apenas lesar a pele. Algumas vezes até com bolhas. Outros fatores importantes são o grande número de pintas, que chamamos de nevos pigmentados e a pre-sença de nevos atípicos, que são pintas com características diferentes. A malignidade maior do melanoma decorre do fato de que essa lesão pode dar "raízes" (metástases) para outros lo-cais e até para órgãos vitais. No entanto, se for diagnosticado e tratado precocemente, o mela-noma pode ser curado, como nos outros tipos de câncer de pele, em quase 100% dos casos.

Na realidade, para fazermos uma preven-ção, somente a exposição ao sol é que podemos controlar, pois não temos como escolher o nosso tipo de pele e muito menos o número das nos-sas pintas. Existem algumas pintas que devem ser retiradas profilaticamente.

É importante sabermos a regra do "ABCD", que indica quais as pintas que devemos mostrar aos médicos: Assimetria, Bordas irregulares, Cor variada e Diâmetro maior que 6 mm. Exem-

plificando:

A - Assimetria: dividindo a pinta ao meio, uma metade não se superpõe à outra.B - Bordas irregulares: bordas recortadas ou com fraca definição. C - Cor variada. A pinta tem duas ou mais cores.D - Diâmetro maior que 6 mm (diâmetro do fundo de um lápis).

Além dos sinais da regra do ABCD, deve-mos também ficar atentos com as lesões que mudam de tamanho, de cor ou que apresentem prurido, isto é se estiver coçando.

Todas as pessoas com muitos nevos, ou com pele clara e que tomaram muito sol na infância, devem preventivamente consultar re-gularmente o seu médico e também fazer o auto-exame da pele. No auto-exame, as pessoas devem observar toda a sua pele em um ambi-ente com muita luz e com dois espelhos. Notar se uma pinta se alterou ou se nasceu uma nova pinta. Notar também se uma ferida não cicatriza sem apresentar uma causa aparente.

A prevenção é o melhor investimento que fazemos para a saúde e para a beleza da nossa pele.

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No decorrer da vida, uma em cada dez mulheres vai apresentar câncer de mama. A incidência desse tipo de neoplasia aumentou signifi cativamente nos últimos vinte anos. Parte do aumento resulta da aplicação cada vez mais rotineira de técnicas diagnósticas como a ultra-sonografi a e as mamografi as, que todas as mulheres devem repetir anual-mente a partir dos quarenta anos (ou começar antes em casos especiais). Outra parte é con-seqüência da mudança de padrão reprodutivo feminino ocorrido nos últimos cinqüenta anos.

Durante a primeira metade do ciclo men-strual os níveis de estrógeno na circulação au-mentam, para declinar na segunda metade, quando a produção de progesterona cresce. Não havendo fecundação do óvulo liberado na metade do ciclo, quatorze dias depois acon-tece a menstruação.

Há relatos científi cos de que no início do século XX, a primeira menstruação (menarca)

das mulheres européias e americanas acon-tecia aos dezessete anos, em média. Como casavam cedo, engravidavam em seguida e permaneciam sem menstruar até o fi nal da fase de amamentação. Quando paravam de amamentar, menstruavam, engravidavam novamente e o ciclo se repetia até a meno-pausa, que acontecia ao redor dos quarenta anos. Ao fi nal de uma vida reprodutiva profí-cua, cada mulher havia menstruado apenas algumas dezenas de vezes.

Por razões mal conhecidas a fase re-produtiva da mulher atual é mais longa: as meninas começam a menstruar já aos onze ou doze anos e a menopausa ocorre depois dos cinqüenta. Além disso, o pequeno núme-ro de fi lhos característicos da maior parte das famílias mantém as mulheres em su-cessivos ciclos menstruais, que se repetem exaustivamente por centenas de meses.

O impacto provocado pela ação repetida de estrógeno e de progesterona nos tecidos

O risco do câncer de mama

Dr. Drauzio Varella

Artigo

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mamários é responsabilizado pelo aumento no risco de desenvolver câncer de mama apre-sentado pela mulher moderna.

Nem todas as mulheres, no entanto, têm a mesma probabilidade de desenvolver

tumores malignos nos seios; algumas correm mais risco. De acordo com a interferência do estilo de vida na incidência da doença, os fa-tores de risco costumam ser divididos em dois grupos: inevitáveis e modificáveis.

Fatores inevitáveis:1) Idade: 75% a 80% dos casos ocorrem em mulheres com mais de 50 anos;

2) História familiar: 90% dos casos são esporádicos, mas os 10% restantes estão ligados à predisposições genéticas. História de câncer de mama em familiares do lado materno ou paterno dobram o triplicam o risco. Quanto maior a proximidade do parentesco, mais alto o risco. Deve-se suspeitar fortemente de predisposição genética quando há vários casos de câncer de mama ou de ovário diagnosticados em familiares com menos de 50 anos (especialmente em parentes de primeiro grau), casos com câncer nas duas mamas (apresentação bilateral), ou casos de câncer de mama em homens da família;

3) Menarca: menstruar pela primeira vez antes dos 11 anos triplica o risco;

4) Menopausa: parar de menstruar depois dos 54 anos duplica o risco;

5) Primeiro filho: primeira gravidez depois dos 40 anos triplica o risco;

6) Biópsia prévia em nódulo mamário benigno com resultado de hiperplasia atípica au-menta de 4 a 5 vezes o risco;

7) Já ter tido câncer de mama: aumenta quatro vezes a chance de ter câncer na mama oposta.

Fatoresmodificáveis1) Peso corpóreo: quando o índice de massa corpórea (peso dividido pela altura ao quadrado) ultrapassa o índice de 35 numa mulher menopausada, seu risco duplica. Se ela for pré-menopausada, no entanto, curiosamente o risco cai 30%;

2) Dieta: Consumo exagerado de alimentos gordurosos aumenta o risco 1,5 vezes.

3) Consumo de álcool: quando excessivo, aumenta 1,3 vezes;

4) Ter recebido radioterapia no tecido mamário para tratamento de outro tipo de câncer: se ocorreu numa menina com menos de dez anos, o risco aumenta 10 vezes;

5) Uso corrente de contraceptivos orais: aumenta 1,24 vezes;

6) reposição hormonal por mais de dez anos: aumenta 1,35 vezes.Mulheres que apresentam fatores de risco para desenvolver a doença devem ser orienta-das a procurar o especialista para avaliações radiológicas mais freqüentes.

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Brasil terá 500 mil novos casos de câncer em 2011

O Brasil deve registrar este ano 500 mil novos casos de câncer, segundo estimativa divulgada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca). O dado indica um leve aumento em relação à previsão feita no ano passado pela entidade, de 489 mil casos. A aceleração da ocorrência de casos da doença no País seria refl exo de uma tendência mundial, mas pas-sou a ser registrada mais recentemente no Brasil devido ao envelhecimento da popula-ção e aos avanços no tratamento de doenças infecciosas, antigas causas mais frequen-tes de morte. Segundo o Inca, os gastos do Ministério da Saúde com o atendimento de pacientes com câncer cresceram 20% entre 2000 e 2007, atingindo R$ 1,4 bilhão. São custos que cobrem a internação de 500 mil pacientes por ano, além de 235 mil sessões de quimioterapia e 100 mil de radioterapia por mês.

'Estamos diante de um cenário provo-cado por progressos que permitiram o enve-lhecimento da população, mas que também proporcionaram hábitos como a alimentação inadequada e a falta de atividades físicas, por exemplo', alertou o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini. 'Esta situação requer preocu-

pações e ações específi cas de toda a socie-dade.' Durante um evento que marcou o Dia Mundial do Câncer, na sede do Inca, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou que o novo governo pretende ampliar o acesso ao tratamento de câncer na rede pública e inten-sifi car o controle de qualidade de exames pre-ventivos, com o objetivo de impedir erros de diagnóstico.

Detecção precoce

Além do estabelecimento de convênios com a indústria farmacêutica para reduzir os preços de medicamentos, como alguns remé-dios indicados para o combate à leucemia, Padilha destacou que há um esforço para proporcionar a detecção precoce de alguns tipos da doença. Para evitar diagnósticos fa-lhos, o Ministério pretende criar uma rede de monitoramento de 1.300 equipamentos usa-dos para identifi cação do câncer de mama. 'Nós vamos criar um grande programa nacio-nal de avaliação da qualidade dos exames de mamografi a, para que as análises realizadas no Brasil tenham a qualidade necessária', afi r-mou Padilha.

Atualização

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Em parceria com o Inca, o Ministério da Saúde também quer avaliar a qualidade de exames que detectam o câncer de colo uteri-no para ajudar municípios em que o índice de diagnósticos falhos chega a 50%, devido ao uso de equipamentos degradados ou material inadequado. 'Fazer exames de má qualidade ou má interpretação é pior que não fazer ex-ame nenhum, pois desvia a atenção do médi-co e do paciente', avaliou Helvécio Magalhães, secretário de Atenção à Saúde do Ministério.

Alerta

O Inca e o Ministério da Saúde lançaram um alerta para a necessidade de prevenir ou-tras doenças crônicas, como a diabetes doen-ças cardiovasculares e respiratórias. Um docu-mento apresentado hoje aponta que, ao lado do câncer, essas doenças consomem mais

de 70% dos gastos com atendimento e trata-mento proporcionados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e são responsáveis por 67% das mortes registradas no País.

O governo brasileiro deve apresentar, em setembro, na Assembleia Geral da Organiza-ção das Nações Unidas (ONU), uma agenda estratégica de ações para reduzir o número de casos e o impacto do câncer e outras doen-ças crônicas no sistema público de saúde. O tema foi incluído na pauta do evento por de-cisão das Nações Unidas. 'Essa é uma grande oportunidade para o setor da saúde incluir a questão das doenças crônicas não transmis-síveis no centro da pauta de discussão de governantes. Podemos construir uma agenda mundial de médio e longo prazo, como acon-teceu com o tema das mudanças climáticas', afirmou Padilha.

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Tolerância zeroFator de risco para o câncer de bexiga, o adoçante artifi cial

é proibido em diversos países e gera polêmica no Brasil

Adotado pela indústria alimentícia para substituir o açúcar em alimentos e bebidas de baixa caloria – como os populares refrig-erantes zero –, o ciclamatode sódio é conde-nado pela comunidade científi ca internacio-nal por estar associado ao desenvolvimento de câncer no trato urinário. A substância já foi proibida em diversos países, como Esta-dos Unidos,Inglaterra e Venezuela. No Brasil, o uso do ciclamato de sódio é controlado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (An-visa) e está restrito a concentrações limita-das. Recentemente, a polêmica sobre o uso indiscriminado do edulcorante tem ganhado força e fomentado uma questão de saúde que assume contornos políticos: existem níveis se-guros para o consumo dessa substância?

O site da Coca-Cola Brasil informa que “os resultados de cerca de 80 estudos cientí-fi cos demonstram que o ciclamato não ofere-ce risco para a saúde humana nas condições normais de consumo” e aponta normas inter-nacionais para a comercialização do edulco-rante. Para esclarecer a controvérsia, o Minis-tério Público solicitou ao Instituto Nacional de Câncer (INCA) nota técnica sobre a associa-ção entre o consumo do adoçante artifi cial e o desenvolvimento de neoplasias.

O documento informa que “pequenas doses diárias de ciclamato de sódio não têm provocado aumento no risco a curto prazo, mas diversos estudos têm indicado que peque-nas doses a longo prazo, atuando ou não em sinergismo com outros fatores cancerígenos usualmente presentes no organismo, podem provocar um aumento do risco de desenvolvi-mento de câncer em animais e humanos”.

Mercado

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O nutricionista Fábio Gomes, da Área de Nutrição do INCA, explica que a metaboliza-ção do ciclamato de sódio pelo organismo hu-mano gera um produto tóxico, caracterizado como uma substância cancerígena. “Estudos internacionais demonstram que o ciclamato de sódio está associado ao desenvolvimento de neoplasias do trato urinário, sobretudo o câncer de bexiga”, afirma. “As pesquisas su-gerem que o consumo em longo prazo de be-bidas contendo o adoçante artificial, como duas latas de refrigerante zero por dia du-rante dez anos, é suficiente para aumentar em até três vezes o risco da doença”, aler-ta o pesquisador.

Os resultados científi-cos ainda considerados preli-mi-nares motivaram países como Reino Unido, Canadá e Austrália a banir o edul-corante das prateleiras dos supermercados. No Brasil, o uso da substância é con-trolado pela Anvisa, que au-toriza a sua comercialização com o limite máximo de 0,04 g de ciclamato de sódio para cada 100 g de alimento ou 100 ml de bebida. A Anvisa in-forma que o limite foi estabelecido com base em avaliações toxicológicas de instâncias in-ternacionais, como o Comitê Especialista em Aditivos Alimentares (JECFA, na sigla em in-glês), vinculado à Organização para Alimentos e Agricultura das Nações Unidas(FAO/ ONU) e à Organização Mundial da Saúde (OMS).

A diretora da Anvisa, a farmacêutica Ma-ria Cecília Brito, justifica que a principal refe-rência para o uso de aditivos em alimentos é a Ingestão Diária Aceitável (IDA), estabelecida pelo JECFA. “A IDA é a estimativa da quanti-dade máxima que uma substância pode ser ingerida por dia e durante toda a vida de uma pessoa, sem oferecer risco à saúde”, afirma

Maria Cecília. No entanto, pesquisadores do INCA ponderam que os limites impostos pela Anvisa foram definidos a partir de avaliações toxicológicas realizadas em um contexto di-verso do atual consumo do ciclamato de sódio pela população brasileira.

“Quando essas pesquisas foram desen-volvidas, o ciclamato de sódio era consum-ido por um grupo restrito, ou seja, pessoas

que não podem comer açúcar. Mas a substân-cia ganhou dimensão comercial e hoje está presente em produtos alimentícios destinados a toda a população”, contextualiza Fábio. “Di-ante desse novo cenário, são necessários estudos epidemiológicos que avaliem o impacto da in-gestão do ciclamato de sódio em escala popu-lacional. Abordagens segmentadas também são importantes, como a avaliação do consumo do edulcorante por cri-

anças”, resume.

Para o nutricionista do INCA, as proi-bições internacionais diferem da conduta brasileira principalmente no que os pes-quisadores chamam de princípio da pre-caução. “Alguns países optaram pela proi-bição preventiva de um composto químico que, depois de metabolizado, gera uma sub-stância tóxica no organismo humano. As evi-dências ainda não foram plenamente esclare-cidas, mas a proibição permanece até que a segurança do produto em questão seja com-provada cientificamente”, comenta Fábio. No Brasil, o benefício da dúvida tem sido aplica-do a essa e outras substâncias que, a longo prazo, podem prejudicar a saúde da popula-ção. Além dos refrigerantes zero, o ciclamato

“No Brasil, o uso da

substância é controlado

pela Anvisa, que autoriza a

sua comercialização com

o limite máximo de 0,04 g

de ciclamato de sódio para

cada 100 g de alimento ou

100 ml de bebida.”

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to natural com elevado poder adoçante que, por ser de origem vegetal, não apresenta as-sociação com o desenvolvimento de doenças. Estudos complementares serão desenvolvidos para investigar a segurança da substância.

Os adoçantes artifi cais surgiram como uma alternativas para pessoas com proble-mas de saúde e restrições alimentares im-postas principalmente pelo diabetes. Com o passar do tempo, uma deturpação cultural provocada pela mesma ditadura da magreza que inventa dietas milagrosas ampliou o uso dessas substâncias a toda a população, inclu-indo pessoas saudáveis que podem consumir açúcar moderadamente. “Não devemos con-sumir açúcar em excesso, mas de nada adian-ta substituir o produto natural por compostos químicos de gosto semelhante e efeitos ainda duvidosos sobre a saúde”, afi rma Fábio. A melhor opção é incluir na alimentação frutas e temperos naturais com poder adoçante.

O aumento do consumo de adoçantes artifi ciais ilustra a tendência global de valori-zação de produtos industrializados e proces-sados em detrimento de alimentos naturais. Na cesta básica do consumidor moderno, o

de sódio está presente em muitos outros ali-mentos e bebidas de baixa caloria e pode ser comprado separadamente, como adoçante de mesa. “Os cidadãos devem ler atentamente os rótulos dos produtos alimentícios para efetuar escolhas conscientes”, orienta.

Sem desconsiderar a importância de campanhas educativas em prol do consumo consciente, o pesquisador do INCA defende que, diante do possível risco epidemiológico associado ao ciclamato de sódio, o controle do edulcorante requer medidas políticas mais rígidas. “Proteger a população de um compos-to químico que, em longo prazo, pode ser no-civo à saúde é uma questão política que deve ser tratada por meio de legislação específi ca”, afi rma. Para ele, tornar o ambiente mais fa-vorável à saúde é um dever do Estado. “Não é prudente responsabilizar somente o cidadão por escolhas tão importantes”, avalia o nutri-cionista.

Motivado pela demanda do Ministério Público, o INCA está desenvolvendo estudos para atualizar o conhecimento científi co na área. Ainda em fase preliminar, uma pesquisa identifi cou na literatura científi ca um compos-

Mercado

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refrigerante substitui a água e, para não en-gordar, a opção pela bebida de zero caloria parece ser a preferida da população. O Institu-to Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprova: em 30 anos, entre 1974 e 2003, o consumo de refrigerantes cresceu 400% no país, incluindo as versões calóricas, light e diet da bebida.

Sobre a preferência pelos refrigerantes zero, Fábio afirma que uma sátira bastante comum sobre a alimentação tem sido com-provada pela ciência. De acordo com o nutri-cionista, pesquisas internacionais demons-tram que, em geral, pessoas que consomem bebidas dietéticas estão com sobrepeso. Certamente, muitos desses indivíduos estão tentando perder peso e por isso recorrem a alimentos e bebidas com baixo teor calórico. Mas o que os estudos evidenciam é que os consumidores acreditam que apenas essa adaptação no cardápio é suficiente para com-por uma dieta equilibrada, que proporcionará a perda de peso. Do ponto de vista nutricional, o risco dessa ilusão é ainda maior. “Os refri-gerantes – independentemente de calóricos, zero ou light – são compostos por fosfatos, que inibem a absorção de nutrientes. Quan-

“Estudos internacionais demonstram que o ciclamato de sódio está associado ao

desenvolvimento de neoplasias do trato urinário, sobretudo o câncer de bexiga.”

Fábio Gomes, nutricionista do INCA

do consumidas com a alimentação, essas bebidas bloqueiam a absorção de vitaminas e minerais presentes no arroz, no feijão, na salada e nas frutas”, alerta Fábio.

Diante das evidências científicas que condenam o consumo de refrigerantes, a in-dústria alimentícia investe em estratégias de marketing inovadoras – e perigosas. Recente-mente, uma nova classe de refrigerantes che-gou ao mercado, vendendo a falsa impressão de serem águas gaseificadas ou vitaminadas. “Essas bebidas vendem a ideia de saúde, hidratação e frescor para se contrapor à ima-gem maléfica associada aos refrigerantes. No entanto, contêm açúcar, ciclamato de sódio e outras substâncias nocivas à saúde”, observa o nutricionista do INCA.

“As pessoas precisam refletir sobre qual é a vantagem de consumir refrigerante zero, light ou calórico. É uma necessidade, um va-lor que foi construído por quem quer vender o produto. Tirando esse aspecto, não existe nen-huma vantagem em consumir refrigerante, com açúcar ou adoçante”, garante o especia-lista.

Fonte: INCA - Rede Câncer/ Ed. 12

Para anunciar:

[email protected]: (11) 2339-4710 / 2339-4711 / 2339-4712

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SE PERSISTIREM OS SINTOMAS O MÉDI-CO DEVERÁ SER CONSULTADO. Esta é a frase que aparece na tv logo após a propaganda de medicamentos que só benefi cia um lado: o da Indústria Farmacêutica. O malefício se concentra do outro lado onde está a popula-ção, que é estimulada para a automedicação. Automedicação é a pratica de ingerir medica-mentos por conta própria sem a receita médi-ca. Este hábito é incentivado pelos meios de comunicação, tv, revistas, jornais, outdoors além de familiares, vizinho, um amigo intimo viciado em remédios, balconista da drogaria ou farmacêutico.

Aliás, deveria ser proibida (desde 1976, existem no Brasil elementos legais sufi cientes para regular e fi scalizar a propaganda de me-dicamentos) a divulgação de produtos far-macêuticos na imprensa de uma maneira geral. Só assim não precisaríamos estar aqui discutindo esta questão. Já que é permitida, a citação que deveria vigorar seria a primeira que serve de titulo ao nosso artigo.

A segunda surgiu, na tentativa de mini-mizar os danos que já vinham acontecendo na sociedade com a lucrativa propaganda livre e irresponsável de medicamentos. Constante-mente vemos alguém indicando remédio para outra pessoa, porque se deu bem, como se todos fossemos iguais. As reações a tudo na vida são individuais, é a chamada Idiossincra-sia

Até mesmo nós médicos podemos ali-mentá-la. Se alguém nos pergunta por tele-fone ou durante um encontro ocasional: “Dou-tor, posso tomar tal remédio? e respondermos que sim, sem conhecimento dos seus efeitos

adversos e do estado de saúde do paciente, particularmente da sua função hepática, re-nal, gastrointestinal e hematológica, podem-os estar iniciando um processo mórbido, do-loroso até mesmo fatal nesta pessoa. E se ela estiver tomando outros medicamentos? Pior ainda, porque poderemos desencadear uma terrível interação medicamentosa. Até mesmo no nosso próprio consultório temos o dever de estar ciente destas funções e fazer uma relação dos fármacos que porventura nosso consulente está usando para prevenir uma possível interação incompatível.

Realmente uma das formas de evitar ou pelo menos reduzir essa mania de proceder seria realizando uma boa gestão publica e privada voltada principalmente para a educa-ção da população, para o ensino e melhoria das condições de trabalho dos médicos. Com relação à educação da população, mostrar os riscos da automedicação. O ensino tem que ser mais humanizado e profi ssionalizado nas Escolas de Medicina, para que os futuros médicos exerçam a profi ssão com mais res-ponsabilidade quanto à prescrição de fárma-cos. Para melhorar as condições de trabalho do médico, a aplicação dos fundos de saúde dirigidos tanto para equipar os ambulatórios e hospitais quanto para lhe dar segurança fi -nanceira na vida profi ssional. Desta maneira poderíamos dispor de mais e melhores médi-cos que poderiam ser consultados a qualquer hora do dia ou da noite.

Só assim poderíamos repetir em alto e bom som e com toda a segurança: Antes de tomar um remédio consulte um medico.

Antes de tomar um remédio, consulte um médico

Dr. Marco Aurélio Smith Filgueiras

neurologista

Opinião

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