aulas ead: aprendizado e inclusÃo social
TRANSCRIPT
ISSN 2763-5961
Ciênc. gestão foco, São Paulo, v.2, 2021.
AULAS EAD: APRENDIZADO E INCLUSÃO SOCIAL
Celso C. Protti
Tatiana Lenskij
1 INTRODUÇÃO
A educação escolar nos últimos 20 anos tem passado por modificações significativas,
acompanhando o ritmo e a intensidade das transformações da sociedade brasileira. Professores
e alunos precisam adequar-se às novas modalidades e ferramentas disponíveis. Este cenário
não só constitui um desafio para os docentes no que se refere às questões pedagógicas, tais
como a seleção de conteúdos, organização e coordenação de vários processos e recursos dentro
e fora da escola mas, implicam, também, numa alteração radical nas questões trabalhistas tais
como as condições de trabalho, as horas de trabalho, os direitos e deveres dos professores.
A modalidade de Educação à Distância (EAD) remonta ao início do século XIX. No
entanto, somente com a expansão das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) e com
o ingresso dos recursos da informática e da internet nas escolas é que foi ampliada a
disseminação. Desse modo, foi facilitado o acesso ao ensino, em todos os níveis, graças a sua
mobilidade e praticidade, permitindo a realização dos estudos ou tarefas à distância. Essas
facilidades viabilizaram o aprendizado daqueles que moram longe da escola ou não têm
condições de frequentar um curso presencial regular.
Estudar nessa modalidade de ensino exige domínio na linguagem dos computadores. Isso
significa habilidade no manuseio dos programas educativos (softwares). O domínio das novas
tecnologias de comunicação possibilita, por outro lado, troca de informações, interatividade e
o desenvolvimento de novas habilidades.
O tema deste estudo surgiu a partir da observação por parte deste pesquisador, enquanto
professor, de algumas variáveis presentes no perfil de alunos de um curso técnico
profissionalizante, que estudaram numa escola técnica de Porto Alegre, entre os anos 2008 e
2010.
COMO REFERÊNCIAR ESTE ARTIGO:
PROTTI, A. C.; LENSKIJ, T. Aulas EaD: aprendizado e inclusão social. Ciênc. gestão
foco, Ribeirão Preto, v. 1, 2020. Disponível em: [endereço de acesso]. Acesso em: [dia mês
abreviado e ano].
O objetivo geral deste estudo foi interpretar a experiência e percepção de um grupo de
mulheres de um curso técnico à distância, apresentar o perfil social, educacional e etário do
grupo de pesquisado, as habilidades prévias em relação ao manuseio do computador, os
motivos que levaram o grupo amostrado a optar pela modalidade de Ensino a Distância, a
percepção das alunas sobre as avaliações de ensino-aprendizado, avaliação das habilidades
apreendidas com a tecnologia virtual, como uso de softwares, capacidade de interação e
autonomia desenvolvidas a partir do uso das ferramentas EaD e confrontar os resultados obtidos
com a produção científica sobre o tema.
A metodologia utilizada na coleta de dados foi abordagem quanti-qualitativa, onde se
buscou interpretar, discutir e analisar os diversos discursos individuais interseccionados com
alguns dados do contexto social. A análise de conteúdo é definida por Bardin (1997), como
sendo um conjunto de instrumentos metodológicos, os quais se aplicam aos "discursos" mais
diversos e tem como meta a indução, a dedução e a conclusão.
A população observada foi escolhida pelo próprio pesquisador, levando em consideração
os seguintes critérios para a amostra: alunas do curso técnico em óptica e farmácia, com idade
aproximada ou superior a 40 anos, que já tivessem encerrado as aulas e cursado componentes
curriculares na modalidade semipresencial. A população total do grupo foi de sete alunas, sendo
cinco do curso técnico em óptica e duas do curso técnico em farmácia. A amostra representou
cerca de 20% do total de alunos matriculados em cada curso. As entrevistas iniciaram no final
de setembro e foram concluídas ao final de outubro de 2010. A aplicação das entrevistas, através
de um questionário com perguntas abertas, foi antecedida por esclarecimentos quanto aos
objetivos da pesquisa. O questionário investigou questões relacionadas ao uso do computador,
internet, tipos de softwares, bem como as experiências das entrevistadas com a modalidade de
Ensino à distância. As alunas assinaram o termo de consentimento de livre e esclarecido,
conforme determina o código de ética da instituição.
A pesquisa possui como aporte bibliográfico a teoria da Distância Transacional, de
Michael Moore, a qual está relacionada a três variáveis em ensino e aprendizagem que são o
diálogo, a estrutura e a autonomia do aluno.
A Teoria da Distância Transacional se aplica nas situações de interação entre professores
e alunos separados pelo espaço físico. Segundo Moore (apud Keegan,1993), a partir dessa
separação surge um espaço psicológico e comunicacional, que deve ser transposto. Para Moore
(apud KEEGAN,1993), a distância transacional é uma variável antes relativa que absoluta,
sendo que o objetivo da teoria é resumir as diferenças e intensidade de relações entre variáveis
que compõem a distância transacional, principalmente no que se refere ao comportamento de
professores e alunos.
2 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
Os princípios teóricos da educação, ensino e aprendizagem devem nortear os caminhos
do professor. Para melhor compreendê-los, faz-se necessário aprofundar os estudos que
fundamentam estes elementos, uma vez que os mesmos, não raro, confundem-se.
Pode-se dizer que a origem da educação e do homem surgiu na mesma época. Para que
o animal racional se torne homem, ele precisa aprender a sê-lo. Esta subsistência só acontece
porque está associada a um processo educativo, ou seja, um caminho onde o “ser” e o
“aprender” coexistem mutuamente. “A produção da existência implica o desenvolvimento de
formas e conteúdos cuja validade é estabelecida pela experiência, o que configura um
verdadeiro processo de aprendizagem” (SAVIANI, 2007, p. 155). Em termos conceituais, a
educação também sofre influência dependendo da vertente ou da época em que foi gerada.
Schmitz (1983, p. 8), descreve educação como um “processo vital e consciente de contínua
retomada de consciência de si mesmo, para o homem continuar a aprofundar a própria
personalidade, e procurar novos caminhos de auto realização e de integração criativa e
responsável na sociedade em que está inserido”. Duarte (1986, p. 175), narra que:
As conceituações tradicionais de Educação em geral dão maior ênfase à sua dimensão
subjetiva, ou seja, aos aspectos de sua prática ligados exclusivamente aos sujeitos da
educação, ao seu aprimoramento individual e ao alcance de certos ideais morais e
intelectuais tidos como superiores, independente de tempo e lugar. Conceituações
mais recentes, sobretudo a partir de Durkheim, consideram a educação como
dependente das condições sociais, que variam segundo o país e a época. Essa nova
abordagem tanto pode destacar o papel que a educação exerce para uma suposta
harmonia social e um ajustamento funcional ao todo, ou, segundo outras tendência
interpretativas, denunciar o sentido de controle social que ela impõe, na medida em
que serve ao Poder, inculca os valores dos grupos dominantes da sociedade e assim
colabora para a reprodução e perpetuação da mesma ordem social ao longo das
gerações.
Quando se fala em educação, geralmente tende-se a relacionar-se a alguma instituição
(escola). No entanto, através das definições listadas anteriormente, percebe-se que ambos não
têm que, necessariamente estarem presentes para coexistirem. A prática da educação surgiu
muito anteriormente à escola, quando os homens, fazendo uso de sua inteligência, conseguiam
sobreviver e conviver com seus semelhantes.
No que tange ao professor, há que se saber diferenciar a educação de ensino. A primeira
foca no ensinar, integrar, viver, conhecer, praticar a ética, reflexão e ação, além de enxergar o
todo (visão holística). O segundo visa organizar uma série de atividades didáticas no intuito de
facilitar ao aluno à compreensão das diferentes áreas do conhecimento (MORAN, 2009).
Percebe-se, com isso, a imensa responsabilidade e o desafio do professor em aplicar todos estes
elementos na sua prática de ensino presencial ou EAD. Cria-se com isso, um novo viés a ser
tratado, principalmente aos professores iniciantes ou àqueles que até pouco tempo ministravam
aulas apenas na modalidade presencial e agora precisam adaptar-se ao novo. Emerge, então, a
questão da qualidade do ensino, que, muitas vezes, de acordo com Moran (2009), não ultrapassa
as gavetas onde se escondem belos modelos de discursos teóricos, que não se realizam na
prática. O autor cita uma série de fatores que podem estar por trás deste fracasso: eles vão desde
os estruturais até os que se referem ao quadro de docentes mal preparados, mal pagos,
desmotivados e até pouco evoluídos como pessoas. Para ele, é escasso o número de
profissionais aptos a realizar uma educação de qualidade.
O aprendizado pode ser definido como a aquisição de conhecimentos ou habilidades
através do estudo ou do conhecimento adquirido ou de ideias de qualquer ramo da ciência. Já o
processo ensino-aprendizagem permeia escola, professor e aluno. Ele é dinâmico, ocorre em
qualquer lugar, isto é, dentro ou fora da instituição, próximo ou distante do professor. No
entanto, esta relação deve permitir, democraticamente, concretizar o processo de ensinar-
aprender de forma contínua. Ribeiro (2010, p. 14) afirma que: “a história da produção do saber,
permanece na atualidade o desafio de tornar as práticas educativas mais condizentes com a
realidade, mais humanas e, com teorias capazes de abranger o indivíduo como um todo,
promovendo o conhecimento e a educação”.
2.1 A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NO BRASIL: BREVE RELATO HISTÓRICO
A modalidade de Educação à Distância tem início no século XIX e passou por várias
etapas, tendo início com a correspondência, após com o surgimento do rádio, da televisão e, por
fim, a informática.Tal modalidade só veio a se expandir de fato com o desenvolvimento
tecnológico. Os primeiros registros remontam a um curso realizado na Suécia.
Quadro 1 - A evolução da EaD no mundo
ANO PAÍS INSTITUIÇÕES CRIADAS E/OU ATIVIDADES
DESENVOLVIDAS
1833 Suécia Curso de Contabilidade e Estenografia
1840 Inglaterra Phographic Corresponding Society
1850 Rússia Instituto para Ensino por Correspondência
1856 Alemanha L’Institut Toussaint et Langenscheidt
1874 E.U.A. 1a Universidade Aberta — Illinois Wesleyan University
1889 Suécia Liber Hermond Institute (funcionando até hoje)
1904 Brasil Escolas Internacionais lançam cursos por correspondência
1909 Austrália Ensino Técnico por Correspondência (cursos de Inspetores de
Educação Sanitária para regiões rurais)
Áustria Cursos Radiofônicos de Economia Política (utilização de sistema
multimídia: rádio,
impressos, encontros presenciais)
1945 França Centro Nacional de Tele-Enseigment (cursos por correspondência)
1946 Canadá Cursos por correspondência, vinculados ao Ministério da
Educação
1951 Japão Implementação da EAD (via rádio e cursos especiais por
correspondência)
1952 E.U.A. Primeiro canal de TV educativa em Houston, Texas
1954 Bélgica Promulgação da lei inserindo a EAD no sistema educacional
1961 E.U.A. Programa Airborne: TV educativa regional, com utilização de uma
aeronave a 6.000 metros de altitude, servindo como antena e
possibilitando atingir cerca de 6 estados do centro-oeste americano
1972 Espanha Universidade Nacional de Educação a Distancia - Uned
1975 Alemanha Teleuniversidade
Déc. de
80
México Universidade Aberta dentro da Universidade Pedagógica
Autônoma (reciclagem de docentes)
Honduras Universidade Autônoma de Honduras (Administração de Empresa
Agropecuária)
Bolívia Sistemas de Educação Radiofônica (com transmissões em
Espanhol, Guarani, Aimara e Quechua)
Peru
Argentina
Colômbia
Chile
México
El Salvador
Nicarágua
Uruguai
Emprego de transmissões radiofônicas em programas de educação
supletiva, desenvolvimento de comunidades, formação
profissional (dentre outros)
Fonte: ABMES, 2010.
No Brasil, o marco inicial foi no ano de 1904, com o lançamento de cursos por
correspondência das Escolas Internacionais. Porém, o marco inicial da EaD por via eletrônica
remonta ao s anos de 1922 a 1925, com a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, de
Roquete Pinto.
Conforme Saraiva (1996) foi lançado um plano sistemático de utilização da radiodifusão
para ampliação do acesso à educação, com algumas ações sendo desenvolvidas viabilizando as
aulas através do rádio. No entanto, os primeiros registros da Educação a Distância remetem aos
anos de 1960:
A partir da década de 60 é que se encontram registros, alguns sem avaliação, de
programas de EAD. Foi criado, inclusive, na estrutura do Ministério da Educação e
Cultura, o Programa Nacional de Teleducação (Prontel), a quem competia coordenar
e apoiar a teleducação no Brasil. Este órgão foi substituído, anos depois, pela
Secretaria de Aplicação Tecnológica (Seat), que foi extinta. (SARAIVA, 1996, p. 19)
No ano de 1992 o MEC criou a Coordenadoria Nacional de Educação a Distância e, em
1995, foi criada a Secretaria de Educação a Distância. Saraiva (1996) pontua uma série de
projetos que marcaram a trajetória da educação à distância no país como: ensino por
correspondência utilizado pela Marinha desde 1939; cursos por correspondência oferecidos
pelo Exército; cursos por correspondência proporcionados pelo Instituto Universal Brasileiro,
fundado em outubro de 1941. Além destes, marcam a história da EaD no Brasil o Informações
Objetivas Publicações Jurídicas (IOB), com ensino por correspondência a partir da década de
70; o Projeto Minerva, transmitido pela Rádio MEC, com apoio de material impresso. O
Sistema Avançado de Comunicações Interdisciplinares (Projeto Saci), desenvolvido como
projeto experimental entre os anos de 1967 a 1974, através do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (Inpe), o qual tinha como proposta instituir um sistema nacional de teleducação via
satélite.
Outras experiências, citadas por Saraiva (1996), no campo da educação a distância, são
o Experimento Educacional do Rio Grande do Norte (Exern), com o uso da rádio e/ou televisão.
e o curso de mestrado em Tecnologia Educacional, proveniente do projeto Saci.
Nesse panorama de desenvolvimento merece destaque o Projeto Saci. Tratava-se de um satélite
doméstico para uso educacional e que em 1976 foi encerrado.
Dentre outros destaques desse processo de desenvolvimento podemos citar o sistema
de Televisão Educativa (TVE) do Maranhão que teve início em 1969, fazendo uso de programas
de televisão e material impresso; a TVE do Ceará que iniciou em 1974; a Telescola da
Fundação Padre Anchieta, de São Paulo; o Centro Brasileiro de Televisão Educativa Gilson
Amado, denominado a partir de 1990 de Fundação Roquete-Pinto; as séries João da Silva e
Conquista, em formato de novela didática, produzidas pelo Centro Brasileiro de Televisão
Educativa, as quais foram precursoras de muitas outras por ele concebidas, produzidas e
veiculadas pela TVE, Canal 2, do Rio de Janeiro. Além desses, merece destaque a Rádio MEC,
da Fundação Roquete-Pinto; , o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), cujo
início das atividades em EaD remonta a 1976, com a criação de um Sistema Nacional de
Teleducação. Nos primórdios dos anos 80 surge a Associação Brasileira de Tecnologia
Educacional, a (ABTE) (Saraiva, 1996).
Em 1979 a Universidade de Brasília (UnB) dá início a cursos de extensão através da
modalidade EaD. O programa da UnB transformou-se, em 1985, na Coordenadoria de
Educação a Distância, e, em 1989, no Centro de Educação Aberta Continuada a Distância
(Cead); em 1989 lançaram a Rede Brasileira de Educação Superior a Distância; já em 1994,
através de uma parceria com a Unesco e o Instituto Nacional de Educação a Distância (Ined),
foi desenvolvido o Fórum de Educação a Distância do Distrito Federal, sendo também lançada
a revista Educação a Distância - INED. No Rio Grande do Sul deve-se destacar a Fundação
Padre Landell de Moura que desenvolveu programação educativa utilizando rádio e televisão.
e o Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (Irdeb). A Fundação Roberto Marinho (FRM)
também trabalha com vários programas, primeiramente o Telecurso do 2º Grau e o Supletivo
do 1o Grau, a série Telecurso 2000, para 1
o e 2° graus; (Saraiva, 1996)
Os programas Um salto para o futuro (1991) e TV Escola, lançada em 1995, também
marcaram a história da EaD brasileira. Um salto para o futuro produzido e veiculado pela
Fundação Roquete-Pinto, destinado à atualização de professores, sendo que a partir de setembro
de 1995, passou a fazer parte da programação da TV Escola:
Pode-se dizer que esse programa representa um marco importante na história da EAD
e da televisão educativa brasileira, pela abrangência nacional da utilização, pela
concepção e formato do programa, que permite a interatividade, pela ação integrada e
coordenada de vários órgãos, além de se constituir um instrumento eficaz para o
atingimento de uma das metas da política educacional - a educação continuada dos
professores do ensino fundamental, com vista à sua permanente atualização, à
melhoria da produtividade do sistema escolar e à garantia da qualidade da educação.
(SARAIVA, 1996, p. 25)
Nessa trajetória histórica da EaD no Brasil, é importante destacar que foi a partir de
1993 que o governo tomou as primeiras medidas para a criação do Sistema Nacional de
Educação a Distância, a partir do Decreto n° 1.237, de 6/9/94. Ainda segundo Saraiva é também
a partir desse ano que cresceu o número de congressos e seminários sobre a educação a
Distância, passando a ser um assunto presente na agenda dos educadores. Em 1996 foi criada
junto ao MEC a Secretaria de educação a Distância.
2.2 A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NOS CURRÍCULOS DOS CURSOS TÉCNICOS
PROFISSIONAIS E PROFISSIONALIZANTES: ASPECTOS LEGAIS E PRODUÇÃO
ACADÊMICA
Conforme o art. 1º do decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, que regulamenta o
art. 80 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional:
caracteriza-se a educação a distância como modalidade educacional na qual a
mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a
utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e
professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.
(BRASIL, 2005).
Um dos objetivos da elaboração dos currículos escolares está em tentar ajustá-los às
necessidades e políticas vigentes no mercado de trabalho. O processo de reformulação
curricular ocorre num contexto global, sendo foco de estudo por pesquisadores com vistas a sua
elaboração e implementação, bem como de expor as relações de poder pelas reformas, enquanto
constituídas por elementos de regulação e auto regulação sobre os grupos e indivíduos
(MOREIRA, 2002).
A formação de trabalhadores em consonância com a competência esperada faz parte dos
objetivos que levam às reformulações no currículo escolar. As políticas educacionais brasileiras
têm privilegiado a inclusão na escola de grupos historicamente marginalizados como os negros
e os indígenas, em especial. Isso tem sido contemplado nos programas escolares e também no
material didático, que tem privilegiado o caráter multicultural. A presença crescente desses
grupos sociais exige um modelo educacional mais homogêneo evitando o conflito e propiciando
um ambiente mais harmonioso, que integre os diferentes grupos. Conforme Klosouski e Reali
(2008, p. 1), “o planejamento curricular exige do professor constante busca e atualização, já
que os conteúdos a todo momento se renovam e as propostas curriculares acompanham este
processo”. Em consonância, Moreira (2002) afirma que as mudanças curriculares devem estar
de acordo com os processos globalizantes:
Todas as iniciativas de efetuar e de analisar as mudanças curriculares que se vêm
promovendo em muitos países precisam ser referidas ao processo de globalização em
curso. Quer se enfatizem seus aspectos econômicos ou seus aspectos culturais, não há
como negar seus contraditórios reflexos no cenário educacional. Nas políticas
educacionais, nos currículos, nas formas de avaliação, nas propostas de reformular a
formação docente, nas investigações, assim como nos encontros e seminários que se
desenvolvem em inúmeros países, há, claramente, procedimentos, objetivos e
características comuns, a despeito de diferenças também observáveis. A conseqüência
é que se torna sempre possível encontrar alguém, em qualquer continente, interessado
em tais temas, capaz de compreender o que se faz e o que se fala na área de educação
em qualquer outra parte do mundo. Nesse processo homogeneizador, perdas e ganhos
com certeza se fazem sentir (MOREIRA, 2002, p. 9).
Os cursos de educação contínua, de curta duração, atraem cada vez mais profissionais que
desejam manter-se atualizados. Assim, torna-se imperativo que a questão de fundo ensinar e
aprender migre do modelo decadente de gestão industrial para os atuais, da informação e do
conhecimento (MORAN, 2000). No contexto atual, onde o tempo é escasso e valioso, faz-se
necessário investir na formação de indivíduos com habilidades intelectuais para resolução de
problemas prementes. O uso da tecnologia pode ser uma grande aliada na realização deste feito,
desde que não seja utilizada como mera repetidora de informações, conforme alerta Braslavsky
(2004). Portanto, mais importante do que a própria tecnologia, é o uso que se faz dela. Assim,
não basta disponibilizar o acesso às ferramentas tecnológicas no processo de ensino-
aprendizagem, mas sim, propiciar o uso consciente destas, cujo objetivo é auxiliar no processo
de aprendizagem.
3 FERRAMENTAS DE EAD NOS CURSOS TÉCNICOS E TECNOLÓGICOS
Tecnologia pode ser entendida como o processo de criação pelo homem, de algo que não
existe, com auxílio do seu conhecimento, no intuito de expandir poder, facilitar seu trabalho e
tornar sua vida mais agradável. Nela estão contidas, além de instrumentos físicos, objetos não
tangíveis, “... como procedimentos, métodos, técnicas, algoritmos e notações. A lógica e a
linguagem são tecnologia. Dentro da linguagem, a fala e a escrita, na língua materna ou em
outra, é tecnologia” (CHAVES, 2006). A partir desta descrição, percebe-se a amplitude do
termo, muitas vezes confundido ou relacionado apenas com aparelhos de informática ou
equipamentos de ponta, mas que pode abranger, aliada à educação, a fala, a escrita, a tipografia,
a comunicação analógica e digital, o ambiente interativo com imagem e som, a educação
presencial e a distância, personalizada, individualizada ou de massa.
Sabe-se que a tecnologia interfere no modo de viver dos indivíduos, pois ela provoca
mudanças socioeconômicas e culturais. Pode-se dizer, também, que a mesma é fruto do
conhecimento e das habilidades do homem, desde a pré-história, quando o este utilizava as
matérias primas locais como meio de sobrevivência. Entretanto naquele período, a comunicação
com diferentes culturas era quase inexistente ou bastante precária, diferente da que temos
atualmente, onde os as formas e meios de acesso são bastante amplos, inclusive no campo da
educação. Assim, as formas de pensar e ensinar precisam acompanhar toda esta evolução, a fim
de estreitar os relacionamentos entre os indivíduos, superando barreiras, conflitos, contradições
e diversidades que possam estar atreladas em nossa sociedade. De acordo com Morin, Ciurana
e Mota:
A missão da educação para a era planetária é fortalecer as condições de possibilidade
da emergência de uma sociedade-mundo composta por cidadãos protagonistas,
consciente e criticamente comprometidos com a construção de uma civilização
planetária. (MORIN; CIURANA; MOTA, 2003, p. 98).
O uso da tecnologia na educação deve interferir na metodologia do ensino, precisa estar
adequado ao seu planejamento pedagógico, oportunizando ao professor melhoria na qualidade
do seu trabalho e, consequentemente ao aprendizado dos seus alunos.
De acordo com Portal da Educação (SED – SC, 2008), “[...] as tecnologias no trabalho
pedagógico devem estar a serviço da não competitividade mas de um trabalho solidário, de uma
prática coletiva interdisciplinar com qualidade social, na perspectiva da transformação da
sociedade”. Há que se refletir quanto à prática deste discurso, pois de nada vai adiantar se não
forem feitos investimentos no capital humano, no caso o professor, através da sua qualificação
para lidar com a tecnologia em benefício da sociedade.
Atualmente, os termos mais utilizados para especificar as modalidades de educação são:
presencial, à distância ou semipresencial. No primeiro caso, professores e alunos encontram-se
num ambiente chamado sala de aula, onde se desenvolve um curso regular em qualquer nível.
No segundo caso ocorre, geralmente, com professores e alunos separados no tempo e espaço,
sendo que poderão interagir através das tecnologias da comunicação. Na educação
semipresencial, que abarca este estudo, parte das aulas acontece presencialmente e outra parte
à distância com auxílio das tecnologias de comunicação. Em qualquer uma destas modalidades,
almeja-se que o fruto do trabalho resulte em forma de competências pelo aluno.
As formas de apresentação do ensino à distância podem variar sua forma de apresentação
de acordo com os objetivos de cada instituição. Os fatores que influenciam esta estrutura
denominam-se recepção, que por sua vez pode ser conceituada como:
Uma atividade de natureza sócio-pedagógica complementar e integrada, planejada a
avaliada. É nela que se concretiza a aprendizagem, mediada pelos diferentes meios
utilizados. A natureza pedagógica da recepção está intimamente ligada à comunicação
- entendida como um processo mediado pelos instrumentos que, só se completa com
a re-significação oferecida pelos receptores das mensagens (VIANNEY, et al. 1998,
p. 34).
Entre os cinco meios que compõe a recepção, temos a livre, a isolada, a controlada, a
integrada e a organizada. A livre caracteriza-se por recepcionar as pessoas de forma individual,
podendo ser ilimitada, diversificada, indefinida, como é o caso dos programas informativos
culturais. Na isolada o indivíduo escolhe um curso ou programa, recebe a mensagem e estuda
sozinho. Neste caso o material geralmente é impresso, mas também pode receber informações
via rádio, televisão ou computadorizada. A avaliação ocorre fora do processo. Um exemplo de
recepção isolada é o programa Telecurso 2000, da Fundação Roberto Marinho. Na recepção
controlada o aluno pode ser acompanhado, controlado e avaliado. Quem realiza este controle e
avalia continuamente o processo pode ser um monitor, tutor, orientador ou uma equipe de
aprendizagem. Como exemplo desta modalidade podemos citar grande parte das Universidades
Abertas. A recepção integrada apóia ou reforça as atividades educativas através da
programação, ela é estruturada e adapta-se ao meio conforme a sua finalidade. É o caso do uso
da internet nas escolas ou da TV Escola. A recepção organizada consiste no modo em que há
presença constante de um orientador de aprendizagem, que controla, avalia, facilita e faz a
mediação pedagógica. Como exemplo desta, temos o programa Salto para o Futuro (SARAIVA,
1996).
Um salto para o futuro é um programa concebido, produzido e veiculado pela
Fundação Roquete-Pinto, destinado à atualização de professores. E utilizado, ainda,
como apoio aos cursos de formação de professores que irão atuar nas primeiras séries
do ensino fundamental. O programa utiliza multimeios (material impresso, rádio,
televisão, fax e telefone). Ao programa televisivo, com duração de uma hora, integra-
se um boletim impresso, que tem o objetivo de aprofundar os conteúdos trabalhados
no programa (SARAIVA, 1996, p.24).
Na opinião do professor Moran (2006), especialista em projetos inovadores na educação
presencial e à distância, o sucesso dos cursos semi-presenciais depende do professor e do aluno.
O papel do educador consiste em planejar e organizar sua aula. Entre suas competências está a
capacidade de motivar seus alunos. Parte da elaboração dos cursos semi-presenciais requer, na
sua construção a participação dos estudantes, isto é, com a ajuda deles, o processo fica mais
produtivo e animado mutuamente, pois existe colaboração, interação, contribuição e pesquisa
enriquecendo o curso. Essa participação gera certa flexibilidade quanto às formas de avaliação,
que também fazem parte da aprendizagem. Negociar com os alunos os métodos de avaliação
pode influenciar em sua mudança de atitudes, estreitando os vínculos com o professor
(MORAN, 2006).
Uma crítica de Moran (2006), em relação à adoção de novas tecnologias nas escolas ou
universidades, é o fato de que os alunos continuam sendo meros ouvintes do professor, tendo
mudado apenas o ambiente e as tecnologias de comunicação. O autor sugere que novos desafios
didáticos sejam elaborados, a fim de que a utilização destes novos espaços e recursos possa
propiciar o interesse e as expectativas do estudante.
Segundo Moore, a distância transacional está relacionada a três grupos de variáveis em
ensino aprendizagem: diálogo, estrutura e autonomia do aluno. O diálogo ocorre entre
professores e alunos no processo interativo, já a estrutura diz respeito aos elementos do curso
ou modos de estruturar o programa a ser transmitido por um meio de comunicação, enquanto
que a autonomia defende que é o aluno quem determina objetivos, experiências de
aprendizagem e decisões de avaliação do programa de aprendizagem. (MOORE apud
KEEGAN, 1993).
3.1 INCLUSÃO DIGITAL ATRAVÉS DA EAD
Existem diferentes significados para o termo inclusão tais como: inclusão social,
inclusão educacional, inclusão digital, inclusão de portadores de necessidades especiais,
inclusão do idoso, inclusão no mercado de trabalho, inclusão na saúde, e assim por diante. Neste
capítulo, será trabalhada, especificamente, a inclusão digital, por ser este o mote principal da
pesquisa.
Segundo o Dicionário Aurélio inclusão significa “Ação ou efeito de incluir. Estado de
uma coisa incluída.” A seguir, outras definições de inclusão:
um processo contínuo e conflituoso, marcado pela tensão entre homogeneização e
proliferação da diferença, tradição e modernidade, necessidade e liberdade, através do
qual às TIC penetram contextos socioculturais (sempre heterogêneos), transformando-
os, ao mesmo tempo em que são transformadas pelas maneiras como os sujeitos as
praticam nesses contextos. (BUZATO, 2007, p. 74 apud Souza e Bonilla).
Inclusão se realiza não somente pelo respeito aos direitos humanos sociais – que
encontramos em fórmulas maravilhosas nas constituições das nações latino-
americanas, menos na realidade social -, mas exige também uma sensibilidade para
com os direitos humanos culturais. O conceito-chave nesse contexto não é a igualdade,
por exemplo, através de uma distribuição mais justa de renda; o conceito-chave é o
reconhecimento da diferença, da diversidade cultural, da pluralidade ao interior de
uma nação para a qual essa pluralidade possa converter-se em fonte de sua força
(WEBER, 2009, p. 20).
O uso das Tecnologias de Informações e Comunicações (TICs) tem-se mostrado uma
ferramenta de múltiplas finalidades para as organizações em geral. Nas instituições de ensino
elas propiciam facilitar o acesso e a disseminação das informações, bem como participar dos
processos de produção, armazenamento e distribuição das mesmas, em sua rotina de trabalho.
Com relação às TICs aplicadas na EAD, Saraiva (1996, p. 27) aponta vantagens como “maior
flexibilidade e acessibilidade à oferta educativa, fazendo-as avançar na direção de redes de
distribuição de conhecimentos e de métodos de aprendizagem inovadores, revolucionando
conceitos tradicionais e contribuindo para a criação dos sistemas educacionais do futuro”.
Nos cursos de EAD destacam-se duas formas de comunicação entre professor e aluno:
síncronas e assíncronas. A primeira delas ocorre quando ambos podem trocar mensagens
instantaneamente, como é o caso dos chats. Na segunda, a comunicação é estanque, ou seja, o
aluno pode escolher o momento em que vai postar sua mensagem, neste caso podemos citar
como exemplo os fóruns. O objetivo das dessas duas ferramentas é propiciar a troca de
informações, experiências, solucionar dúvidas, estimular a participação e a construção coletiva
de aprendizagem.
A fala de S3 demonstra os significados que a descoberta destas ferramentas proporcionou:
Hoje tenho internet, email, orkut e até msn, não disponho de muito
tempo, mas sempre que dá estou conectada. [...] hoje o envolvimento
de cada um abre caminhos do conhecimento e propicia que o próprio
aluno pesquise, estude a fim de tirar as dúvidas e vá atrás de novos
conhecimentos superando os limites de não estar em sala de aula o
tempo todo.
É comovente o quanto a aprendizagem do uso de ferramentas tecnológicas pode interferir
positivamente na vida dos indivíduos. O uso das TICs pode ser considerado banal para maioria
das crianças e jovens atualmente, no entanto, de extrema relevância para pessoas de outras
gerações pouco distantes.
A temática da inclusão digital, isto é, a democratização do acesso às tecnologias de
informação e comunicação, é recorrente. Atualmente fala-se muito em inclusão digital e
educação como parte do processo político-pedagógico. No entanto, é preciso inicialmente
conceituar o termo inclusão digital que, ao contrário do que muitos pensam, vai além do simples
acesso a um computador e a internet, conforme define Teixeira:
...propomos o alargamento do conceito de inclusão digital para uma dimensão
reticular, caracterizando-o como um processo horizontal que deve ocorrer a partir do
interior dos grupos com vistas ao desenvolvimento de cultura de rede, numa
perspectiva que considere processos de interação, de construção de identidade, de
ampliação da cultura e de valorização da diversidade, para, desde uma postura de
criação de conteúdos próprios e de exercício da cidadania, possibilitar a quebra do
ciclo de produção, consumo e dependência tecnocultural. (TEIXEIRA, 2010, p. 40)
De acordo com Patrícia Behar em entrevista ao portal aprende.com o uso de ferramentas
tecnológicas tanto por parte do governo quanto de entidades públicas e privadas para o ensino
remoto é uma tentativa de superar o déficit educacional e buscar formas de inclusão digital na
sociedade da Informação. O e-learning1 pode representar um processo de inclusão mais
eficiente:
Inquestionavelmente citada em qualquer lista dos mais graves problemas nacionais, a
educação brasileira, com o uso do e-learning, pode dar um salto inclusivo, levando o
ensino, nos diversos graus, às massas sem acesso, tanto no campo, na zona rural,
quanto na cidade, nas grandes capitais.[...] Em 2005, o governo criou o projecto
Universidade Aberta do Brasil (UAB). Este visa a democratização, expansão e
interiorização da oferta do ensino superior público e gratuito no País, bem como o
desenvolvimento de projectos de pesquisa e de metodologias inovadoras de ensino,
preferencialmente para a área de formação inicial e contínua de professores da
educação básica. (BEHAR, 2007)
A educação à distância por meio de plataformas virtuais vem contribuindo para os
processos de inclusão digital. Contudo, se faz necessário analisar se realmente o acesso a essas
tecnologias contribui para a construção do conhecimento e o desenvolvimento da cidadania, ou
se apenas reproduzem o modelo hegemônico de produção do conhecimento. Para que a
educação a distância seja de fato inclusiva é preciso avaliar se ela contribui para a inserção dos
indivíduos na sociedade enquanto sujeitos dotados de pensamentos críticos e criativos.
Através de uma tabela com o perfil socioeconômico de alunos presenciais e EAD,
comparando a partir da base de dados dos exames do ENADE em 2005 e 2006, percebe-se um
caráter de inclusão social que a EAD representa em relação ao presencial, pois grande parte dos
estudantes são casados, têm filhos, são menos brancos, mais pobres, contribuem para o sustento
da família, têm menos acesso à internet em casa e utilizam mais os recursos da rede no ambiente
do trabalho, e cursaram o ensino médio majoritariamente em escolas públicas, e têm pai e mãe
com menor escolaridade em relação aos alunos dos cursos presenciais, conforme a tabela a
seguir, sobre o perfil socioeconômico que faz uma relação entre alunos de EAD com alunos do
ensino presencial (SANTOS, 2006):
1 O e-learning caracteriza-se pelo ensino a distância a partir do uso de tecnologias de informação, isto
é, o uso de recursos didáticos inseridos e organizados em determinados softwares.
Tabela 1 - Perfil socioeconômico: alunos a distância x alunos do ensino presencial
CRITÉRIO / INDICADOR
ALUNO
POR EAD
(EM %)
ALUNO
PRESENCIAL
(EM %)
01 Percentual de alunos casados 52 19
02 Alunos com 2 ou mais flhos 44 11
03 Cor da pela branca 49 68
04 Renda familiar de até 3 salários mínimos 43 26
05 Renda familiar acima de 10 salários mínimos 13 25
06 Trabalha e ajuda a sustentar a família 39 19
07 É a principal renda da família 23 07
08 Pai com ensino médio ou superior 18 51
09 Mãe com ensino médio ou superior 24 54
10 Tem acesso à internet 82 92
11 Usa o computador em casa 55 72
12 Usa o computador no trabalho 65 53
13 Estuda mais de 3 horas por semana 53 51
14 Cursou o ensino médio em escola pública 67 51
15 Cursou o ensino médio em escola privada 15 33
Fonte:
4 METODOLOGIA DO ENSINO SEMI-PRESENCIAL
Obviamente, por suas peculiaridades, a metodologia do ensino semipresencial se
diferencia do presencial. É necessário mesclá-la a fim de que a qualidade do ensino e da
aprendizagem não seja prejudicada. Esta modalidade exige um planejamento diferenciado de
conteúdos, além de recursos tecnológicos e humanos, capaz de suprir todos os anseios do aluno.
Para isso, este processo “...envolve a intenção clara de criação de um ambiente de aprendizagem
interativo, colaborativo, com acesso ilimitado ao conhecimento, com alunos ativos e um
professor facilitador, que estimule o pensamento crítico e a interpretação dos fatos”
(SCHNEIDER; BRANCO, 2010, p. 3). A capacitação do docente é fundamental neste caso, a
fim de oferecer suporte ao aluno dentro do ambiente virtual, criando novos desafios, interesses
e oportunidades de ensino, tudo isto aliado ao uso das ferramentas tecnológicas de maneira
criativa (vídeos, chats, fóruns, tele-aulas). A metodologia, então, nada mais é do que o principal
roteiro ou norteador que o professor terá que executar a fim de atingir seus objetivos, perante
seu componente, alunos e instituição. Na opinião de Gaspar (2003, p. 74):
Nesta nova fase da educação à distância, em que as novas tecnologias
têm de ser integradas em estratégias educativas, importará, sem dúvida,
dar especial atenção às metodologias de ensino que, além de
promoverem a aprendizagem linear, permitam a aquisição e
desenvolvimento de competências em cidadãos adultos, grupo que
constitui, por excelência, a população que opta por esta modalidade de
ensino e cada vez mais se envolve no regime online.
Um novo paradigma caracteriza a EAD, em relação ao ensino tradicional: a andragogia
no lugar da pedagogia. No método tradicional o professor detém o saber, enquanto na EAD a
aprendizagem passa por uma via dupla de interação professor-aluno ou vice-versa, bem como
aluno e instituição provedora da formação. Nessa nova configuração, o aluno passa a ser o
centro e o sujeito da aprendizagem, responsável pelo processo educativo. Conforme Formiga
(2009, p. 65) explica:
Na perspectiva da Andragogia, o professor pode ser entendido como o
maior beneficiado, por ter consciência do conhecimento que domina e
daquele que ainda precisa aprender, ou seja, mais importante do que
usar sua autoridade dentro e fora da sala de aula é aventurar-se na
construção do conhecimento. Assim, em vez de preocupar-se em
transmitir informações e conhecimento, deve iniciar e vivenciar uma
nova forma de trabalhar o saber, permitindo-lhe analisar, interpretar e
dar sentido às situações vitais, ou seja, atuar como agente de
transformação.
Não é uma tarefa fácil para o docente estabelecer uma conexão paralela entre o seu
conteúdo programático e a construção que o aluno fará do mesmo, do ponto de vista cognitivo,
transformando-o em conhecimento
Como forma de investigar a metodologia do ensino semipresencial e analisar as causas
desse processo no desenvolvimento do aprendizado a pesquisa buscou avaliar o perfil de alunos
que acorrem ao ensino técnico na modalidade à distância e qual a percepção desse grupo, quanto
ao curso EAD, seus benefícios, dificuldades e descobertas. A pesquisa foi desenvolvida entre
os anos de 2008 a 2010 junto a uma escola técnica profissionalizante de Porto Alegre, com
modalidade semipresencial, sendo 30% da carga horária presencial com uma média de cinco
encontros para cada componente curricular e o restante à distância, com softwares educativos
específicos para esta última. Já no início da observação percebeu-se que entre os estudantes
matriculados havia algumas mulheres com idade próxima ou superior aos 40 anos, as quais
apresentavam dificuldades em relação à tecnologia de ensino a distância. Foi então que se optou
por investigar o processo de ensino-aprendizagem a distância de cinco alunas do curso técnico
em óptica e duas do curso técnico em farmácia, perfazendo uma amostra de sete mulheres,
representando cerca de 20% do total de alunos matriculados em cada curso. Um dos critérios
desse estudo é que elas já tivessem concluído os componentes curriculares do curso.
Com abordagem quanti-qualitativa, foram aplicadas entrevistas semiestruturadas, com
perguntas abertas, entre os meses de setembro e outubro de 2010. As entrevistas foram
precedidas por esclarecimentos quanto aos propósitos da pesquisa, tendo o grupo assinado o
termo de consentimento de livre e esclarecido, de acordo com o código de ética da instituição.
No questionário foram elencadas perguntas referentes ao uso de computador, internet,
softwares, além das experiências das entrevistadas com a modalidade EaD, como dificuldades,
benefícios, preferências, etc. Das variáveis presentes no perfil das alunas constatou-se que, de
um total de sete pessoas entrevistadas, apenas uma não tinha filhos, sendo quatro casadas, uma
solteira e uma com união estável. Todas possuíam idade superior a 40 anos, sendo que a idade
máxima foi de 58 anos. Verificou-se ainda que apenas duas alunas possuíam ensino superior.
4.1 EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA NO CURSO TÉCNICO EM ÓPTICA - ESTUDO DE CASO
Os resultados deste estudo serão analisados de acordo com a Teoria da Distância
Transacional de Michael Moore, que se baseia nos pilares: diálogo, estrutura e autonomia do
aluno. O diálogo ocorre entre professores e alunos no processo de ensino, sendo que o meio de
comunicação vai interferir na extensão e qualidade deste diálogo, ou seja, se proporciona
interação unidirecional (alunos não conseguem responder individualmente ao professor) ou
bidirecional (aluno possui maior interação com o professor): “Manipulando-se os meios de
comunicação é possível ampliar o diálogo entre alunos e seus professores e assim reduzir a
distância transacional.” (MOORE; KEEGAN, 1993).
A estrutura diz respeito ao modo como o programa de ensino é estruturado. Segundo
Moore “ a estrutura expressa a rigidez ou a flexibilidade dos objetivos educacionais, das
estratégias de ensino e dos métodos de avaliação do programa. Ela descreve em que medida um
programa educacional pode acomodar ou responder a cada necessidade individual do aluno.”
(MOORE apud KEEGAN, 1993,). Já a autonomia do aluno na relação ensino aprendizagem
ocorre quando “é o aluno e não o professor quem determina os objetivos, as experiências de
aprendizagem e as decisões de avaliação do programa de aprendizagem”. (MOORE apud
KEEGAN, 1993).
Partindo do aporte teórico de Moore, a pesquisa em questão procurou analisar as
experiências e percepções de um grupo de mulheres, cuja idade média foi de 46,8 anos, sendo
que a mais nova tinha 40 anos e a mais velha 58 anos. Seis delas tinham pelo menos um filho,
apenas uma informou que seu estado civil era de solteira, as demais eram casadas ou
apresentavam união estável. Das sete entrevistadas, apenas duas (28,6%) possuíam formação
superior, enquanto as demais ensino médio. Quanto à experiência prévia com EAD, somente
uma (14,3%) informou ter realizado curso nesta modalidade. Entre os motivos da escolha do
curso pela modalidade EAD, o que predominou foi a praticidade, seguido pelo fator tempo e
facilidade de acesso, conforme mostra a tabela a seguir:
Quadro 2 - Perfil das entrevistadas
Sujeito
pesquisa
Faixa
Etária
Perfil
Educacion
al
Filhos Estado
Civil
Experiência
EaD
Motivo
da
escolha
Benefícios Dificuldades
GEMA
S1 58 Médio 3 Casada Sim
Pratici-
dade
Realizaç
ão
pessoal,
interação
com
colegas,
qualifica
ção
profissio
nal
Gravar a
matéria
SIMONE
S2 40 Médio 2 Casada Não
Facili-
dade
Aprender
,
aperfeiço
ar, novos
contatos
De interpretar
as questões
SUZI
S3 40
Cursando
médio 2
União
estável Não
Acessi-
bilidad
e
Realizar
tarefas,
conviver
com a
internet
Falta de
experiência,
não tinha
computador
REJANE
S4 50 Superior 1 Solteira Não
Pratici-
dade
Aprendiz
ado Não tive
ELIDA
S5 53 Médio 1 Casada Não Tempo
Maior
conheci
mento
Não tive
ELOISA
S6 42 Médio 1 Casada Não
Pratici-
dade
Novas
oportuni
dades,
aquisição
de
conheci
mentos
Sim, pouco
tempo para
fazer as
tarefas
AKIMI
S7 45 Superior Não Casada Não Tempo
Ganho de
tempo,
aperfeiço
amento
Não, quando
surgia pedia
ajuda para o
professor e
colegas
Devido à distância, tempo de deslocamento, família, compromissos de trabalho, muito
provavelmente este grupo de senhoras não teria condições de realizar um curso presencial
regular.
Logo de início descobriu-se que uma aluna não possuía sequer e-mail, quanto mais
computador. Esta constatação causou preocupação quanto ao seu seguimento no curso, afinal,
como um aluno EAD vai interagir e aprender sem conhecer as ferramentas básicas deste método
de ensino? Imagino que esta preocupação deve fazer parte, dentre outras, daquelas que um bom
professor carrega no âmago do seu ser, quanto ao aprendizado de seus alunos. No entanto, elas
aperfeiçoaram suas habilidades com o uso de ferramentas tecnológicas antes pouco ou nunca
utilizadas, conforme S3:
Não tinha experiência em informática, fiz um curso de windows, há muito tempo, mas
não possuía computador, no começo foi difícil até pensei em desistir [...] mas já
consigo navegar e realizar as tarefas EAD. [...] o computador facilita, mas é preciso
saber usar as ferramentas que ele dispõe.
Embora algumas limitações ainda estejam presentes na fala desta aluna, há que se exaltar
o fato da mesma não ter desistido, graças ao apoio dos professores e colegas, conforme
descreve: “tive apoio de professores e colegas o que me incentivou para que continuasse o
curso” (S3). É claro que, neste caso, além da predisposição dos colegas e professores, este
ingrediente também estava presente na aluna. A problemática acabou gerando aprendizagem
mútua, pois o inesperado provoca revisão das teorias e ideias preconcebidas.
A educação, enquanto prática intervencionista na realidade social, abrange um complexo
conjunto de perspectivas e enfoques. O professor norteia sua aula através de um planejamento
pré-elaborado, no entanto, situações como a relatada anteriormente, deixam claro que o
contexto da sua prática exige flexibilidade, dinamismo e, principalmente, sensibilidade, a fim
de que esteja preparado para lidar com uma situação-problema, acolhendo ou resgatando o
aluno com alguma dificuldade de aprendizagem ou cognitiva.
No entendimento das entrevistadas, o significado da palavra educação recebeu diferentes
interpretações: “Educação para mim é educar+ação, ou melhor, agir para educar para dar a
formação necessária ao aluno” (S4); “Ficar educado, entender que sempre devemos obediência
à alguém, seguir normas para ter um bom resultado seja qual for o assunto” (S6). “Educação é
o aprendizado: aprender e ensinar”(S7). Percebe-se claramente, na fala de uma aluna, um
conceito de educação fortemente vinculado a respeito e obediência, enquanto que nos outros
dois segue a vertente do processo ensino-aprendizagem.
O saber pedagógico do professor deve passar por sucessivas renovações: “Sem ele não
existe excelência e aprendizagem significativa, não existe o papel formador da escola [...] o
aluno é o centro do processo de aprendizagem e ensino, mas, sem o professor, a intermediação
não ocorre”. (REGO, 2010, p. 149). Assim, o ato didático perfeito só haverá quando for
mediado por um professor, desta forma não bastam a vontade de aprender do aluno e as
modernas técnicas e normas da escola para que ocorra a construção da aprendizagem. A figura
do professor exerce papel imprescindível neste processo.
Imagino que todos já devem ter ouvido frases do tipo “aquele professor sabe ensinar
porque tem uma ótima didática” ou o contrário disto quando, na visão de aluno, não ocorreu
aprendizado por culpa da “falta de didática” do professor. Particularmente entendo que “julgar”
a “didática” de alguém, além de perigoso e antiético, não deveria ocorrer. É comum alguns
alunos rotularem ou culparem o professor quando estes apresentam baixa produtividade,. No
entanto, há que ponderar que que muitas vezes o problema está na falta de interesse ou em
limitações intelectuais do próprio aluno. Esta discussão nos remete as diferentes formas de se
pensar a aula no processo ensino-aprendizagem: o tradicional e o contemporâneo. No ensino
técnico, muitos alunos (e porque não dizer a maioria) vivenciaram uma prática em que esta
“construção do conhecimento” era atributo do professor, desta forma, o aluno deposita na figura
do seu mestre a responsabilidade pelo seu “aprendizado”, o que, de certa forma, lhe é muito
conveniente. No método contemporâneo, os alunos fazem parte do “eixo” da aprendizagem,
onde os conceitos têm que ser apreendidos por todos, fazendo-se uso de estilos e linguagens
específicas. Assim, o diálogo ou a participação deles deve ser estimulado, com foco nos
conteúdos, construindo hipóteses, falas objetivas e ordenadas, respeitando-se as opiniões
contrárias, permitindo-se o desenvolvimento da crítica, reflexão e criatividade (SELBACH, et
al., 2010). Este paradigma que envolve os métodos tradicional e contemporâneo pode ser
percebido pelos docentes em sala de aula, o que servir-lhes como desafio na promoção desta
transformação nesta fase de transição. À medida que o professor consegue inserir o novo
contexto entre seus educandos, o processo ensino-aprendizagem torna-se mais efetivo e
produtivo para ambos os lados.
4.1.1 Escolha da modalidade EaD
A opção de escolha por um curso semipresencial geralmente está associada às facilidades
que esta modalidade oferece. Vivemos num mundo conturbado onde os indivíduos precisam
administrar seus tempos a fim de poder conciliar com seus afazeres de trabalho, estudos, família
e lazer. O estudo presencial poderia oferecer barreiras que inviabilizariam ou retardariam sua
realização. Entre elas, a falta de tempo, o custo devido aos deslocamentos, a família (cuidar dos
filhos ou familiares), a incompatibilidade de horários com outro(s) trabalho(s), entre outros,
conforme ficou constatado pelos relatos das entrevistadas. A participante S1 conta:
Pela praticidade, para mim esse curso veio na hora certa, pois fazia muito tempo que
eu queria fazer, mas por não ter em EAD nunca foi possível fazer.” Para S2 “...pra
mim que tenho comércio, casa, e família, já não tenho mais como estar em sala de
aula todos os dias da semana, então esse curso EAD vem muito bem para ajudar” e
S3 explica “Devido à acessibilidade, Não poderia fazer no ensino só presencial.
De acordo com os relatos supracitados, essa modalidade de ensino influenciou fortemente
em sua decisão. Na modalidade presencial, muito provavelmente, elas não teriam condições de
realizar o curso, conforme suas justificativas. Garcia Aretio (1994), cita como motivos
favoráveis quanto à escolha do ensino EAD, o custo reduzido, em relação ao presencial, como
gasto de locomoção e abandono do local de trabalho, evitando perda de tempo extra com os
estudos, a possibilidade do aluno escolher seu tempo e limite de aprendizagem, representando
o sujeito ativo e centro do processo.
Através da leitura das falas das entrevistadas percebe-se uma representação social de
caráter inclusivo, uma vez que a realização do estudo, para algumas, só foi possível devido às
facilidades que essa modalidade de educação oferece. De acordo com S2: “...pois é um meio de
estudar, de aprender em casa, e ainda conciliando outros afazeres”. Estas constatações
também puderam ser comprovadas através de uma pesquisa denominada “As Representações
Sociais da Educação a Distância no Brasil”, apresentada na Universidade Federal de Santa
Catarina em 2006. Além disso, em relação aos estudantes de cursos presenciais, foi observado
que o perfil dos alunos EAD apresentou como característica idade superior a 10 anos, menor
poder aquisitivo, estado civil casados, com filhos e responsáveis pelo sustento da família
(VIANNEY, 2006).
Apesar de que o foco deste estudo não tenha sido estudar as representações sociais que
a EAD impacta nos estudantes, os dados referentes ao mesmo surgirão e serão analisados,
sempre que necessários em argumentações ou fundamentações teóricas.
4.1.2. Percepção dos benefícios da EaD]
No que tange a percepção das entrevistadas quanto ao seu aprendizado através da
modalidade EAD, percebe-se uma avaliação positiva na fala das mesmas: Posso dizer que valeu
a pena, pois adquiri conhecimentos teóricos e práticos, e me sinto mais segura em relação ao
interpretar uma RX, e no geral”(S1); “É um meio de termos um estudo sem muito sacrifício, e
é compensatório. Levou-me a aprender a buscar novos conhecimentos através da internet, de
contatos com outros profissionais”(S2); “O Ead e o curso técnico em si me oportunizaram
conhecimento que jamais pensava que ainda pudesse alcançar, estou até concluindo o ensino
médio!!!”... “O que realmente mudou é a característica do aprendizado, é um novo formato de
estudo que podemos interagir acompanhando a evolução da tecnologia” (S3).
Percebe-se um entusiasmo ou por que não dizer, um encantamento com as novas
descobertas que o curso EAD proporcionou. Além do aprendizado, as entrevistadas ressaltam
outros ganhos, como o despertar para pesquisa, conforme as palavras de S3:
O acesso a internet e a facilidade de pesquisar me motivam bastante”;. A entrevistada
S6 encontrou uma nova forma de se comunicar e ficar informada: “Todo dia acesso a
internet pra ler meus emails e o orkut que é o local que fico sabendo informações e
deixo recados para parentes e amigos.
O uso das ferramentas tecnológicas: a maioria das pesquisadas (80%) teve sua primeira
experiência de EAD com a realização do curso técnico profissionalizante. Além dos conteúdos
próprios de cada componente curricular, as mesmas desenvolveram habilidades antes
inexistentes ou pouco desenvolvidas, como a de manejar com um computador, utilizar
programas editores de texto e apresentações, comunicar-se através de fóruns e chats, interpretar
e postar tarefas, acessar buscadores para pesquisa ou assistir vídeos utilizando a internet. Outro
aspecto relevante é o fato de que a interatividade da EAD, através de fóruns e chats, possibilitou
a participação do aluno que é tímido ou retraído em aula. A ferramenta permite sua exposição
e quebra de paradigmas, o que nem sempre ocorre em aulas presenciais. Aí pode entrar um
papel social do professor, estimular o saber e fazer emergir a superação do aluno. Entre os
princípios da EAD está a interação entre os personagens professor e aluno, a fim de que o
conhecimento seja construído. Para que esta relação aconteça faz-se necessária a utilização de
ferramentas tecnológicas e recursos, disponibilizados em formas de fóruns ou chats, ou seja,
espaços que estabeleçam troca de informações que resultem em conhecimento, apesar da
distância física que os separa (CAREGNATO; MOURA, 2003).
Diferentemente das aulas presenciais, nas aulas de EAD aluno e professor estão
separados, tanto do ponto de vista temporal e espacial. O aluno tem mais liberdade para realizar
outros afazeres, ficar perto da família ou dos amigos, no entanto, para poder usufruir do
processo de ensino-aprendizagem ele terá que manter uma disciplina, já que ele é o sujeito
responsável pela sua formação. Isto exige organização, envolvimento, participação, interação e
atualização permanente. A pontualidade é uma das virtudes que o estudante de EAD precisa
ter, pois se deixar os trabalhos acumularem ou atrasarem poderá fracassar nos estudos. Embora
os cursos de EAD possam ser aplicados em todos os níveis de instrução, ele apresenta-se mais
adequado para educação de jovens e adultos, especialmente com aqueles que já têm experiência
com aprendizagem individual e de pesquisa (LARA, 2009). Quando questionada sobre sua
preferência entre as modalidades de educação presencial ou EAD, S3 responde:
A presencial, a interatividade é maior, o que facilita na hora das explicações. O EAD
cada um estuda no tempo que pode, a comodidade é maior, os métodos de ensino
mudaram, hoje o envolvimento de cada um abre caminhos do conhecimento e propicia
que o próprio aluno pesquise, estude a fim de tirar as dúvidas e vá atrás de novos
conhecimentos superando os limites de não estar em sala de aula o tempo todo.
O depoimento da entrevistada endossa a opinião do autor, quanto aos benefícios ou
vantagens da EAD, embora esta também aponte maior interatividade e facilidade para entender
as explicações nas aulas presenciais. Essa informação pode remeter a um questionamento
quanto à metodologia das aulas EAD, que poderia ser investigada para detectar e corrigir o
problema ou ainda sobre a importância de mesclar os dois tipos de ensino, um complementando
o outro. No caso da primeira hipótese, há que se pensar na estruturação do conteúdo, se ele está
elaborado na modelagem adequada para ser aplicada na educação à distância, por exemplo.
Mais do que um espaço virtual de aprendizado, a EAD oportuniza novos horizontes a
quem não teria condições de estudar pelo método tradicional que oferece aulas presenciais.
Conforme Castro (2006), “[...] a EAD surge como uma das propostas para suprir as demandas
reprimidas, tanto em educação geral, quanto de formação profissional. [...] levando-as a
patamares já alcançados pelas nações mais desenvolvidas”. O resultado da qualificação que
estes indivíduos buscam, certamente resultará em benefícios que repercutirão positivamente em
suas vidas, bem como de seus familiares e na sociedade.
Embora o Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância (AbraEAD)
editado em 2008, tenha apresentado um decréscimo na oferta de cursos EAD, em relação aos
quatro anos anteriores. Houve, paralelamente, um crescimento de quase 25% no número de
alunos para esta modalidade. Como justificativa para a queda da abertura de novos cursos, foi
apontada um maior rigor e controle pelo Ministério da Educação (MEC) na regularização dos
mesmos, com vistas a qualificação destes (BARONI, 2008). Conforme dados da AbraEAD
(2010), um em cada 73 brasileiros estuda na modalidade EAD em cursos profissionalizantes,
sendo que em 2007, esse número totalizou mais de dois milhões e meio de estudantes.
Quando questionadas se fariam novamente outro curso EAD, caso tivessem necessidade
ou oportunidade, todas responderam que sim, apesar de algumas objeções quanto à escola,
conforme S6:
Sim, porque é muito bom estudar, aprender e ter atividade de crescimento, mas,
investigaria bem melhor, onde fazer [...] tivemos muitas dificuldades, pois acho que a
escola não estava preparada para este curso, tanto na estrutura do local da sala de aula,
como organização de planejamento das aulas....
As escolas que oferecem cursos na modalidade EAD precisam ter cuidado com a
organização, equipamentos, ferramentas, recursos, treinamento de professores e pessoal do
suporte técnico, para evitar causar má impressão aos estudantes, evitando-se a evasão conforme
destacado por S6: “Infelizmente com isso muitos perderam a motivação e até chegaram a
desistir do curso”.
Com relação à escolha da modalidade de educação presencial ou EAD, não houve um
consenso entre as entrevistadas, conforme os depoimentos: “As duas são de extrema
importância” (S1); “Eu prefiro EAD, mas também algumas aulas presencias até para tirarmos
duvidas, pois eu acho que uma complementa a outra” (S2); “De certa forma prefiro as duas
modalidades. A presencial, a interatividade é maior, o que facilita na hora das explicações. O
EAD cada um estuda no tempo que pode, a comodidade é maior...” (S3); “Prefiro aula
presencial, talvez por estar mais habituada e por achar importante a presença física do professor
para sanar duvidas que se apresente na hora, mas reconheço a necessidade e importância do
EAD hoje em dia” (S4). “presencial, porque a aula presencial é mais detalhada, são tiradas as
dúvidas na hora para poder continuar o raciocínio e o aprendizado” (S6). Percebe-se que a
presença física do professor ainda representa um fator relevante na hora da escolha da
modalidade. A razão disto pode estar relacionada a um hábito dos tempos de ensino presencial
ou também uma falha metodológica, em que a disposição dos conteúdos da EAD não estejam
suficientemente claros ou a contento destes alunos, cabendo uma investigação quanto ao
planejamento e uso das ferramentas disponíveis no curso, a fim de sanar a falha. Saraiva (1996)
alerta quanto à visão reducionista e concepção distorcida que muitos fazem da EAD, quando
algumas instituições, através de projetos limitados, veiculam informações em meios de
comunicação nem sempre pedagogicamente adequados ao seu público, denominando-os de
ensino a distância.
Diante de um cenário global, onde o mundo do trabalho apresenta-se em constante
transformação, novas oportunidades e necessidades de aprender surgem como desafio a todos
que desejam manter-se atualizados. A modalidade EAD apresenta-se como alternativa para
suprir essa demanda onde a competência evolutiva e a contínua capacidade de adaptação
substituem a tradicional noção de qualificação (FORMIGA, 2009).
5 CONCLUSÃO
Este estudo demonstra um panorama particular de uma situação vivenciada numa escola
técnica da cidade de Porto Alegre: um curso semipresencial, com aulas EAD e a presença de
alunas do sexo feminino, com idade média de 46,5 anos, mães, há bastante tempo fora de uma
sala de aula, com pouca ou nenhuma experiência com o uso de computadores e internet, mas
com uma característica em comum: o desejo de qualificar-se, superar barreiras e aprender a
lidar com as novas ferramentas tecnológicas. O grupo de senhoras representa um novo cenário
no perfil em estudantes de cursos técnicos, desafiando e motivando os docentes a adotar
estratégias de ensino-aprendizagem adaptadas para estas situações, sem descuidar com os
demais alunos mais jovens.
As questões familiares, distância da escola, tempo de deslocamento, ocupação e outros
compromissos motivaram a escolha do curso na modalidade EAD, devido à praticidade e
facilidades que a mesma oferece. Entre os benefícios do mesmo, as entrevistadas relataram a
realização pessoal, aquisição de conhecimentos, trocas de experiências e convívio com os
colegas (novas amizades), descobertas com o uso da internet e qualificação profissional. As
dificuldades foram com relação ao uso do computador, falta de experiência, assimilar e
responder os conteúdos e tarefas. Das sete pesquisadas, apenas uma já possuía experiência com
aulas EAD. Todas reportaram que fariam outro curso desta modalidade, se tivessem condições
para isso. Uma aluna apontou problemas estruturais da escola e dos equipamentos, como um
fator desestimulante em seu curso.
A modalidade EAD representa um caráter de inclusão social, tanto para estudantes mais
jovens, como para os deste perfil, que foi alvo da pesquisa. Isto pode ser comprovado com
dados da pesquisa do INEP (2010), demonstrando que esta forma de ensino permite sua
conciliação com outros compromissos ou ocupações do estudante, qualificando-o e oferecendo
possibilidades de crescimento pessoal e profissional. No ano de 2008 percebeu-se uma pequena
redução na oferta de cursos EAD, em relação aos quatro anos anteriores, de acordo com dados
da AbraEAD (2008), no entanto atribui-se esta queda ao maior rigor do MEC para autorização
deste tipo de curso, com vistas a qualidade dos mesmos.
O acesso ao curso EAD possibilitou às alunas pesquisadas, entre outros benefícios, o
desenvolvimento de novas habilidades e competências. O conhecimento de novas ferramentas
tecnológicas, necessárias para os estudos, como o computador, internet, editores de texto,
imagem e vídeo propiciaram novas descobertas e recursos nunca antes utilizados pela maioria
delas. Embora as alunas tenham superado as dificuldades iniciais, percebe-se a necessidade de
um cuidado ou atenção especial entre estudantes com o perfil da pesquisa, uma vez estes se
encontram há muito tempo afastados da escola, a maioria não teve experiência com EAD, nem
muita habilidade com o uso de ferramentas tecnológicas, o que demanda certa tolerância e
paciência do professor, até que o aluno possa ficar inserido neste novo contexto de ensino-
aprendizagem. Sugere-se às escolas que oferecem cursos na modalidade EAD, que ofereçam
um amplo treinamento aos professores e alunos sobre o uso da plataforma de ensino, bem como
de seus recursos e ferramentas. Desta forma evita-se o desgaste emocional e cognitivo reportado
pelas entrevistadas.
O processo de ensino-aprendizagem contemporâneo, na modalidade EAD, aliado ao uso
das TICs, revela-se extremamente relevante para sociedade em geral, possibilitando o acesso a
educação de forma flexível e ampliada, propiciando novas oportunidades de desenvolvimento
profissional e pessoal dos estudantes.
Por fim, recomenda-se que as instituições invistam na capacitação dos seus professores,
bem como no ferramental tecnológico que pretende oferecer aos seus alunos, a fim de que todos
os recursos possam ser aproveitados, possibilitando a construção do conhecimento e a
satisfação de todos. Para isso é necessário um bom planejamento, adequado ao estilo de aula,
não apenas em termos técnicos, mas principalmente voltado para o processo de ensino-
aprendizagem contemporâneo, onde professor e alunos participam desta construção como
personagens e não como expectadores.
ISSN 2763-5961
Ciênc. gestão foco, São Paulo, v.2, 2021.
REFERÊNCIAS
ABMES. 2010. Disponível
em:<http://www.abmes.org.br/Publicacoes/Revista_Estudos/estud26/ana.htm>. Acesso em:
08 Nov. 2010.
BRASLAVSKY, Cecília. As políticas educativas ante a revolução tecnológica, em um mundo
de interdependências crescentes e parciais. In TEDESCO, Juan Carlos (org.). Educação e
novas tecnologias. São Paulo: Cortez; Buenos Aires: Instituto Internacional de Planejamiento
de la Educacion; Brasília: UNESCO, 2004. p. 93.
BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1997.
BARONI, Larissa Leiros. EAD diminui ritmo de crescimento em 2007: Anuário Estatístico
da EAD mostra queda na expansão da modalidade. Disponível em:
<http://www.universia.com.br/ead/materia.jsp?materia=15820>. Acesso em: 05 nov. 2010.
BEHAR, Patrícia. Entrevista com Prof. Doutora Patrícia Behar. Disponível em:
<http://www.aprende.com.pt/gca/?id=242>. Acesso em: 30 abr. 2011.
BRASIL. Presidência da República. Decreto Nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-
2006/2005/Decreto/D5622.htm>. Acesso em: 13 abr. 2011.
CAREGNATO, Sônia Elisa; MOURA. Ana Maria Mielniczuk de. Análise das Características
e Percepção de Alunos de Educação a Distância: um estudo longitudinal no Curso de
Biblioteconomia da UFRGS. Em Questão, Porto Alegre, v. 9, n. 1, p. 11-24, jan./jun. 2003.
CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 2002.
CHAVES, Eduardo O. C. Educação e Tecnologia: da fala de Sócrates à multimídia de hoje.
Disponível em: <http://palestras.net/textos-self/edutec.htm>. Acesso em: 14 out. 2010.
DICIONÁRIO Aurélio. Disponível em: < http://www.dicionariodoaurelio.com>. Acesso em:
30 abr.2 011.
DUARTE, Sérgio Guerra. Dicionário brasileiro de educação. Rio de Janeiro: Edições
Antares: Nobel, 1986.
FORMIGA, Marcos. Educação Tecnológica – novos paradigmas e confluência com a
educação aberta e a distância. T&C Amazônia, v. 7, n. 16, fev. 2009.
FURASTÉ, Pedro Augusto. Normas Técnicas para o Trabalho Científico. Explicações das
Normas da ABNT. 13. ed. Porto Alegre: [s.n.], 2005.
GARCIA ARETIO, L. Educación a Distancia hoy. Madrid, ES: UNED, 1994. Disponível
em:
<http://www.repositorio.seap.pr.gov.br/arquivos/File/material_didatico_EaD/Vantagens_desv
antagens_EaD.pdf>. Acesso em: 27 out. 2010.
GASPAR, Maria Ivone. Duas metodologias de ensino em educação a distância online.
Discursos. Série: perspectivas em educação. dez. 2003. Disponível em:
<https://repositorioaberto.univ-ab.pt/bitstream/10400.2/149/1/Revista-Discursos65-75.pdf>.
Acesso em: 01 nov. 2010.
INEP. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Thesaurus
Brasileiro da Educação: fundamentos da educação. Disponível em:
<http://www.inep.gov.br/pesquisa/thesaurus/thesaurus.asp?te1=34181>. Acesso em: 06 Out.
2010.
KLOSOUSKI, Simone Scorsim; REALI, Klevi Mary. Planejamento de ensino como
ferramenta básica do processo ensino-aprendizagem. Ed.5 - Revista Eletrônica Lato Sensu:
UNICENTRO, ISSN: 1980-6116, 2008.
LARA, Enderson. EAD – Vantagens da Educação a Distância. Portal Educação: 2009.
Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/artigos/7671/ead-vantagens-
da-educacao-a-distancia>. Acesso em: 04 nov. 2010.
MALHEIRO, João. A desordem moral e a desmotivação na escola. Gazeta do Povo.
Curitiba, Mar. 2008. Disponível em:
<http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=746394&tit=A-
desordem-moral-e-a-desmotivacao-na-escola>. Acesso em: 09 nov. 2010.
MOORE, Michael G. Teoria da Distância Transacional. Publicado em Keegan, D. 1993.
Theoretical Principles of Distance Education. London: Routledge, p. 22-38. Revista
Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, São Paulo, ago. 2002.
MORAN, José Manuel. Ensino e aprendizagem inovadores com tecnologia. Informática na
Educação – Teoria e Prática, PGIE – UFRGS, v. 3, n. 1, 2000. Disponível em:
<http://www.seer.ufrgs.br/index.php/InfEducTeoriaPratica/article/viewFile/6474/3862>.
Acesso em: 11 out. 2010.
MORAN, José Manuel. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica.16. ed. Campinas:
Papirus, 2009.
MORAN, José Manuel. O que aprendi sobre avaliação em cursos semi-presenciais.
Publicado em: SILVA, Marco & SANTOS, Edméa (Orgs). Avaliação da Aprendizagem em
Educação Online. São Paulo: Loyola, 2006. Disponível em:
<http://www.eca.usp.br/prof/moran/aprendi.htm>. Acesso em: 20 out. 2010.
MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa. Conhecimento, educação e contemporaneidade. Cad.
Pesquisa., São Paulo, n. 117, nov. 2002 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
15742002000300001&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 13 out. 2010.
MORIN, Edgar; CIURANA, Emilio-Roger; MOTTA, Raúl Domingo. Educar na Era
Planetária: o pensamento complexo como Método de aprendizagem no erro e na incerteza
humana. São Paulo: Cortez Editora, 2003.
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 21. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
RIBEIRO, Sabrina Luiza. Processo Ensino-Aprendizagem: do Conceito à Análise do
Atual Processo. Disponível em: <http://www.abpp.com.br/artigos/37.htm>. Acesso em: 07
out. 2010.
RICESU. 2020.Disponível
em:http://www.ricesu.com.br/colabora/n17/artigos/n_17/id02c.htm. Acesso em: 20 jan. 2021.
SANTOS, João Vianney Valle dos. As representações sociais da educação a distância: uma
investigação junto a alunos do ensino superior a distância e a alunos do ensino superior
presencial. 2006. 329 f. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, Centro de Filosofia e Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação
Interdisciplinar em Ciências Humanas.
SARAIVA, Terezinha. Educação a distância no Brasil: lições da história. Em Aberto,
Brasília, v. 16, n.70, abr./jun. 1996. Disponível em:
<http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/1048/950>. Acesso em: 28
Out. 2010.
SAVIANI, Dermeval. Trabalho e educação: fundamentos ontológicos e históricos. Rev.
Bras. Educ., Rio de Janeiro, v. 12, n. 34, Apr. 2007 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-
24782007000100012&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 05 Out. 2010.
SCHMITZ, Egídio Francisco. Didática moderna: fundamentos. Rio de Janeiro: Livros
Técnicos e Científicos Editora S.A., 1983.
SCHNEIDER, Elton Ivan. BRANCO, Henrique Castelo. O planejamento de Disciplinas na
Modalidade de Ensino Semi-Presencial. In: CONGRESSO. FACULDADE
INTERNACIONAL DE CURITIB. [Anais...] Curitiba, FACINTER, 2010. Disponível em:
<http://www.abed.org.br/congresso2010/cd/152010162331.pdf>. Acesso em: 01 nov. 2010.
SED – SC. PORTAL DA EDUCAÇÃO. Proposta Curricular de Santa Catarina.
Disponível em: <http://www.sed.sc.gov.br/educadores/proposta-curricular>. Acesso em: 14
out. 2010.
SELBACH, Simone. História e didática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
SOUZA, Joseilda Sampaio; BONILLA, Maria Helena Silveira. Exclusão / inclusão:
elementos para uma discussão. Liinc em Revista, v.5, n.1, março, Rio de Janeiro, p. 133-
146, 2009. Disponível em: http://www.ibict.br/liinc. Acesso em: 05 fev. 2021.
TEIXEIRA, Gilberto. Introdução aos Conceitos de Educação, Ensino, Aprendizagem a
Didática. Disponível em:
<http://www.serprofessoruniversitario.pro.br/ler.php?modulo=12&texto=725>. Acesso em:
06 out. 2010.
TEIXEIRA, Adriano Canabarro. Inclusão Digital: novas perspectivas para a informática
educativa. Ijuí: Ed. Unijuí, 2010.
VIANEY, João.; TORRES, Patrícia.; SILVA, Elizabeth. A universidade virtual no Brasil: o
ensino superior no país. Tubarão: Editora Unisul, 2003.
WEBER, Hermann. Introdução – Inclusão social e cultural: projeto para a nação brasileira no
contexto da globalização. Observação desde uma perspectiva alemã. In: Democracia e
inclusão social: desigualdade como desafio para a sociedade e a Igreja no Brasil.
BOMBASSARO, Luiz Carlos; KRÜGGELER, Thomas; SOUZA, Ricardo Timm de (Orgs.).
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2009.