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Licenciatura em Espanhol Módulo II A natureza da Ciência Aula 03 Metodologia do Trabalho Científico Maria Betânia da Silva Dantas Rousiêne da Silva Gonçalves Julimar da Silva Gonçalves

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Licenciatura em EspanholMódulo II

A natureza da CiênciaAula03

Metodologia do Trabalho CientíficoMaria Betânia da Silva DantasRousiêne da Silva Gonçalves Julimar da Silva Gonçalves

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Ficha Catalográfica

GOVERNO DO BRASIL

Presidente da RepúblicaLUIZ INÁCIO LULA DA SILVA

Ministro da EducaçãoFERNANDO HADADD

Secretário de Educação a DistânciaCARLOS EDUARDO BIELSCHOWSKY

Reitor do IFRNBELCHIOR DA SILVA ROCHA

Coordenador da DETED/IFRNERIVALDO CABRAL

Coordenadora da UABANA LÚCIA HENRIQUE SARMENTO

Coordenadora AdjuntaILANE FEREIRA CAVALCANTE

Coordenador do Curso de Licenciatura em

Língua Espanhola a DistânciaNOEL ALVES CONSTANTIN

Coordenação da Produção de Material Didático

ARTEMILSON LIMA

METODOLOGIA DO TRABALHO CIENTÍFICO Aula 03A natureza da Ciência

Professor Pesquisador/conteudistaMARIA BETâNIA DA SILVA DANTASROUSIêNE DA SILVA GONçALVES JULIMAR DA SILVA GONçALVES

Revisão LinguísticaMARIA TâNIA FLORENTINO DE SENA NASCIMENTO

Coordenação de Design GráficoJOÃO BATISTA DA SILVA

Projeto GráficoANDREZA FURTADOGABRIEL FACUNDESJOÃO BATISTA DA SILVAMARIANA MOREIRAMAYARA ALBUQUERQUE DiagramaçãoANDREZA FURTADOGABRIEL FACUNDESJÚLIO CÉSARMARIANA MOREIRAMATEUS PINHEIROMAYARA ALBUQUERQUE

Ilustração LAILA ALVESVLADMIR RODRIGUES

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Metodologia do Trabalho Científico p03Aula 03

Aula 03A natureza da Ciência

Apresentação e Objetivos

Na aula anterior, você estudou o sentido do conhecimento e suas características, observando ainda qual tipo de conhecimento está sendo construído ou utilizado naquele momento e/ou naquela circunstância. Ainda apresentamos a você as diferentes dimensões do conhecimento e assim constatamos que não há nenhum conhecimento superior ao

outro, pois todos são importantes e servem para responder às inquietações humanas a partir de uma dada realidade.

Nesta aula, trataremos do conteúdo da ciência com enfoque nas diferentes correntes que discutem, analisam e constroem o conceito de ciência.

Ainda, apresentaremos a ciência como elemento favorecedor do pensamento curioso, reflexivo, criativo e acima de tudo inquiridor, para que vocês possam perceber que ambos estão presentes em nosso cotidiano em situações reais e acontecimentos dos quais muitas vezes sequer nos damos conta.

Em linhas gerais, refletiremos sobre a sistematização do conhecimento como diretriz para a compreensão da ciência e sua contribuição para o desenvolvimento humano.

Objetivos: � Definir o que é ciência;

� Conhecer os fundamentos da ciência e;

� Compreender a grandeza da contribuição dos vários tipos de conhecimento para a construção da ciência.

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A natureza da Ciência p04Aula 03

Para começar

Máquina do MundoO Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.

Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea. Espaço vazio, em suma.

O resto é matéria.Daí, que este arrepio,este chamá-lo e tê-lo,

erguê-lo e defrontá-lo,esta fresta de nada aberta no vazio,

deve ser um intervalo.

António Gedeão (1961)

Ao olhar para esta imagem, que sentimentos e reflexões você faz? O que desperta? A imagem e o poema acima nos remetem ao universo, tema instigante para o homem desde os primórdios. Veja que no poema há uma explicação sobre a natureza do universo. Para alguns, essa explicação pode ser convincente; enquanto que para outros, pura especulação. O que se faz notar é que o universo, assim como tudo o que nele existe, é objeto de especulação humana, ponto de partida para a ciência. Mas, afinal, o que é ciência?

Fig. 01

A ciência é um conhecimento que para se efetivar ou se materializar a partir dos fenômenos pesquisados, o cientista segue um caminho planejado, sistematizado e organizado a partir de regras, métodos e técnicas determinados pela comunidade científica.

Atenção!

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Metodologia do Trabalho Científico p05Aula 03

Como vimos na segunda aula, o homem busca respostas para a sua existência, sua essência, sua origem, sua realidade. Esse processo de indagação, de busca de respostas, o projeta para a transformação de sua vida.

Nessa procura de respostas para a sua vida, dentre as várias dimensões do conhecimento humano, surge a ciência como mais um meio para responder a essas indagações. Dessa forma, podemos dizer que a ciência é produto de mais uma tendência humana em querer construir elementos e caminhos para responder à realidade.

Assim, podemos dizer que a ciência aumentou a capacidade de instrumentalização humana, levando o homem a refletir sobre o fenômeno estudado e saber como ele acontece, para finalmente explicar como ocorre, oportunizando condições para desenvolver formas mais avançadas de respostas às questões do nosso cotidiano, pois, à medida que a ciência avança, o indivíduo torna-se cada vez mais capaz de dominar e compreender as circunstâncias à sua volta.

Mas afinal, o que é ciência? Definir essa questão não é fácil, não é mesmo? Visto que temos uma variação de concepções, ideias, visões

acerca desse conceito, construídas por diferentes estudiosos, traduzindo assim referências que se sustentam a partir de dimensões ideológicas, filosóficas e até mesmo, por assim dizer, técnicas.

Apresentar essa variação conceitual sobre a ciência, nesse momento, proporcionará a você, estudante, um leque de possibilidades para a construção de sua postura reflexiva e investigativa ao longo desta disciplina e para toda a sua vida acadêmica.

Vamos fazer um breve exercício?

Fig. 02

Assim é

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A natureza da Ciência p06Aula 03

Atividade 01Observe as diferentes noções abaixo sobre ciência e

marque aquelas que você considera mais próximas daquilo que pensa sobre o conceito.

1. ( ) A ciência é uma postura epistemológica representada pela maturidade do espírito humano.

2. ( ) A ciência é uma concepção do sistema. Portanto ela trata de proceder a investigações sobre formas duráveis da vida sociocultural e institucional de uma realidade.

3. ( )A ciência é um procedimento teológico da historicidade e da finalidade a se atingir. A ciência é construída nesse quadro através de inquisições e respostas dadas ao “para quê”?

4. ( ) A ciência é definida como sendo ato de se conhecer a análise do processo do fenômeno como uma parte do processo de conhecimento, realizada a partir de uma consciência crítica. A dialética não explica, não dá esquema de interpretação, ela apenas prepara os quadros da explicação.

5. ( ) A ciência é definida como sendo a proposta de compreensão – é a intersubjetividade.

6. ( ) A natureza é reflexo da composição de energia que se expressa como mediadora e como unidade da matéria fundante de informações próprias do ser humano. Nesse sentido, o ser humano é emoção, mente e corpo, garantindo um processo progressivo de formação e de programações que se transformam em objetos vitais entre o plano real e o ideal.

Mãos à obra

E então, quais você marcou? Se você marcou todas, está correto, pois, segundo Barros e Lehfeld (2000, p. 42), as visões acima sobre ciência são constituídas, respectivamente, a partir das seguintes correntes de pensamento:

� positivismo;

� funcionalismo;

� estruturalismo;

� dialética;

� fenomenologia;

� modelo holístico.

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Metodologia do Trabalho Científico p07Aula 03

Ao apresentarmos tais correntes, trazemos a ênfase na variação do conceito da ciência. Contudo, é interessante observarmos que, em seus aspectos gerais, para tornar-se uma forma hegemônica da construção da realidade, a ciência segue características comuns e uma linguagem fundamentada em conceitos, métodos e técnicas. É importante também enfatizar que existem outras correntes de pensamento que influenciam a definição sobre ciência.

Por exemplo, ao adotar uma posição relativista, Chalmers (1993) afirma que não há uma categoria geral “ciência” e nenhum conceito que caracterize a ciência como uma busca pela verdade, pois cada área do conhecimento deve ser julgada pelos seus próprios méritos e esses julgamentos têm relação com a situação social, ou seja, aquilo que é válido para um contexto pode não ser para outro, o que torna falível a ideia de que uma descoberta científica é absoluta.

O autor também enfatiza que a ciência atrai a concepção de que é um saber especial, que traz em si o status de confiabilidade, no entanto essa crença sofre atualmente inúmeros questionamentos, pois qualquer tentativa de tornar absoluta uma descoberta científica implicaria em dogmatismo e dogma não é ciência.

Chalmers (1993), inclusive, nos apresenta que em vários segmentos da sociedade a estima pela ciência como detentora da verdade é notória dos contextos da vida cotidiana aos meios acadêmicos. Ele nos mostra que para tornar uma teoria confiável basta afirmar que ela é ciência. Segundo o autor, isso justifica tantas áreas intituladas como ciência como as Ciências Políticas, Ciências Sociais, Ciências Humanas, enfim, até o materialismo histórico, segundo alguns autores, já foi colocado como ciência. Buscar a palavra ciência ou científico para atribuir autoridade a uma determinada área é uma estratégia de alguns grupos, mas esse procedimento abre o leque para a reflexão sobre o que é ou não ciência, ou seja, existem diferentes visões sobre a ciência e antes de dizer que tal teoria é ou não científica é importante observar sobre qual ciência nós nos referimos.

Para aprofundarmos a reflexão acima, o autor enfatiza que muitas discussões atuais sobre a ciência

trazem a ideia de que “simplesmente não existe método que possibilite às teorias científicas serem provadas como verdadeiras ou mesmo provavelmente verdadeiras” (CHALMERS, 1993, p. 19). Mais adiante, afirma que, para esses teóricos, também não há

método que possibilite que as teorias científicas sejam totalmente desaprovadas.

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A natureza da Ciência p08Aula 03

Em relação às afirmações acima, o autor chama a atenção para que essas visões não nos levem a desistir de uma vez de que ciência é uma atividade racional que opera de acordo com alguns métodos, no entanto leva-nos a refletir sobre a necessidade de relativizar a ideia de que o conhecimento científico traz a verdade absoluta de suas descobertas.

É importante ainda acrescentarmos que as correntes utilizadas para abordar o objeto de pesquisa, os métodos, as técnicas, assim como a análise e as interpretações não são neutras, ou seja, estão em consonância com as crenças, valores e interesses do investigador e da comunidade científica, o que implica em dizer que não há total objetividade na ciência, pois ela é ao mesmo tempo objetiva e subjetiva.

As reflexões que até aqui suscitamos estão relacionadas com a pergunta que irá percorrer todas as nossas discussões sobre metodologia: afinal, o que é ciência? Apresentamos anteriormente algumas correntes de pensamento a partir das quais a ciência é definida. Cada uma delas traz pressupostos filosóficos com visões diferentes sobre a realidade que interferem na definição sobre o que é ciência e, consequentemente, essas concepções interferem nas escolhas dos métodos e das técnicas utilizadas. Vamos defini-las agora com mais precisão.

1. Positivismo

O positivismo é definido por muitos como uma corrente filosófica que exerce muita influência sobre as ciências, no entanto, Simon (2005) nos apresenta que, para Augusto Comte (1978-1857), seu fundador, não é uma corrente entre outras, mas aquela que fundamenta o último estágio que a humanidade teria atingido, fundado e condicionado pela ciência. O termo positivo significa o real, por oposição ao quimérico, o útil em oposição ao ocioso, a certeza em oposição à indecisão e o preciso em oposição ao vago. (SIMON, 2005). O positivismo é uma proposta de reforma social e moral de uma determinada época, mas produziu impactos importantes sobre a ciência. Para os positivistas, a ciência é a forma de conhecimento que se caracteriza pela certeza sensível de uma observação sistemática e certeza do método que garante o adequado acesso aos fenômenos investigados. Para a ciência positiva, a descoberta científica é real e os fenômenos podem ser previstos e controlados. Para o positivismo, a realidade é dada, concreta e pode ser mensurada e controlada.

 

Fig. 03

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Metodologia do Trabalho Científico p09Aula 03

2. Funcionalismo

A palavra funcionalismo deriva do latim fungere que significa desempenhar. É uma corrente sociológica associada à obra de Émile Durkheim (1858-1917) e, para tal corrente, as instituições exercem funções específicas na sociedade, devendo funcionar corretamente. As ciências ligadas ao funcionalismo procuram explicar aspectos da vida social em termos de funções realizadas pelas instituições. Alguns autores compreendem o funcionalismo como escola e não como método. O funcionalismo não tem uma visão definida sobre o que é a realidade, as investigações se relacionam mais à forma como ela funciona.

3. Estruturalismo

O estruturalismo surge com Ferdinand de Saussure (1916) no Curso de lingüística geral quando aborda a língua como um sistema de signos nos quais os elementos só se definem em conexão com os outros elementos do sistema. O estruturalismo procura estudar as relações através das quais o significado é produzido dentro de uma determinada cultura. Assim, quando o pesquisador utiliza a abordagem estruturalista em suas pesquisas, implica que concebe a realidade como um todo estruturado por partes que se interconectam. A realidade é estrutura.

4. Dialética

Como conceito, a dialética significava a arte do diálogo, da discussão, entre os Gregos. A dialética significava ainda a arte de dividir, classificar as ideias para poder discuti-las. O conceito assumiu significados diversos ao longo da história, mas foi com Hegel (1770-1831) que a dialética dominou vários momentos da reflexão filosófica. Sua obra apresentou grande repercussão, trazendo como principais conceitos:

� O absoluto não deve ser concebido, mas sentido, intuído;

� O conceito é a essência;

� A autoconsciência é a verdade das formas da consciência;

� O ser é qualidade, singularidade determinada, unidade de ser e nada.

Fig. 04

Fig. 05

Fig. 06

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A natureza da Ciência p10Aula 03

O pensamento dialético tem a espiral como metáfora, pois parte de três movimentos principais, sempre ascendentes: a tese, quando há uma afirmação, a antítese ou tese contrária à afirmação e a síntese, quando há interação entre tese e antítese. Para a dialética, a realidade é o mundo existente, a unidade imediata da essência e da existência.

5. Fenomenologia

A fenomenologia nasceu de um questionamento sobre o modo científico de pensar o mundo e propõe, a grosso modo, a busca da essência inerente daquilo que é aparente, compreendendo por aparente aquilo do qual se tem consciência. Existe então uma estreita relação entre fenomenologia e a consciência, pois só é possível ao pesquisador adentrar na essência dos fenômenos utilizando os limites da consciência. O fenomenologista descreve e interpreta a realidade sem fazer pré-julgamentos e toma por pressuposto a história, a causalidade e o valor dado à experiência cotidiana. A fenomenologia é muito mais um modo de compreender o mundo do que de explicar, por isso o foco é o estudo do fenômeno na relação com o observador. Para a fenomenologia, a realidade é aparente e traz em si uma essência que precisa ser compreendida.

6. Modelo holístico

De acordo com Teixeira (1996), o modelo holístico teve como precursor Jan Smuts (1870-1950) propondo a existência de uma continuidade evolutiva entre matéria, vida e mente. A ideia central do holismo é a busca da relação entre as partes de um todo. O modelo holístico adota os seguintes princípios:

� A análise e a síntese são fundamentais para a compreensão da realidade;

� Nossos conhecimentos são provenientes da participação de nossa consciência no processo;

� Todos os elementos interagem e se superpõem dinamicamente e só possuem identidade e existência dentro do seu entorno total.

Para esse modelo, a realidade é auto-organizante, inteligente e total.

Fig. 07

Fig. 08

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Metodologia do Trabalho Científico p11Aula 03

Vimos que as correntes apresentadas acima trazem subjacente uma determinada visão sobre a realidade e é a partir da escolha dessas abordagens que o pesquisador poderá situar o seu objeto de pesquisa para definir os métodos e as técnicas empregadas em consonância com tal visão.Essas correntes filosóficas, como já vimos, trazem também suas definições sobre o que é ciência, no entanto, entre todas as abordagens há elementos comuns no que se refere à definição de ciência. Assim, segundo Barros e Lehfeld (2000, p. 43), a ciência é construída e se legitima como conhecimento a partir dos seguintes critérios:

� racionalidade;

� coerência;

� representação do real;

� questionamento sistemático;

� pensamento analítico;

� exigência de investigação e utilização de métodos;

� agrupamento de objetos da mesma espécie para o estudo;

� possibilidade de divulgação dos seus resultados.

Os critérios, ora apresentados, ajudam a construir a ciência como um conhecimento bastante coerente e confiável, contudo a ciência torna-se falível à medida que dá respostas e sentidos para aquela realidade, ou seja, pode ser exata apenas para um determinado momento, encontrando-se, dessa forma, em processo contínuo de formação, pois o que era verdade científica para o cientista do século XIX, passa a ser questionada por muitas vezes, refutada e reelaborada pelos cientistas que surgem posteriormente.

Ao tratarmos da ciência como fonte de construção de conhecimento, não podemos cair nas armadilhas do pensamento em achar que ela invalida os outros conhecimentos advindos de experiências, crenças e vivências do homem, pois, em diversas situações e realidades, a ciência e o que se denomina científico acabam por querer monopolizar o conhecimento que difere do seu, como por exemplo, o filosófico, o teológico e até o empírico, negando outros saberes. Veja um trecho da poesia de patativa do Assaré que nos alerta acerca disso.

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A natureza da Ciência p12Aula 03

CANTE LÁ QUE EU CANTO CÁ

Poeta, cantô da rua,

Que na cidade nasceu,

Cante a cidade que é sua,

Que eu canto o sertão que é meu.

Se aí você teve estudo,

Aqui, Deus me ensinou tudo,

Sem de livro precisa

Por favô, não mêxa aqui,

Que eu também não mexo aí,

Cante lá, que eu canto cá.

Você teve inducação,

Aprendeu munta ciença,

Mas das coisa do sertão

Não tem boa esperiença.

Nunca fez uma boa paioça,

Nunca trabaiou na roça,

Não pode conhece bem,

Pois nesta penosa vida,

Só quem provou da comida

Sabe o gosto que ela tem.

Pra gente cantá o sertão,

Precisa nele mora,

Te armoço de fejão

E a janta de mucunzá,

Vive pobre, sem dinhêro,

Trabaiando o dia intero,

Socado dentro do mato,

De apragata currelepe,

Pisando inriba do estrepe,

Brocando a unha-de-gato.

Você é munto ditoso,

Sabe lê, sabe escreve,

Pois vá cantando o seu gozo,

Que eu canto meu padece.

[...]

Patativado Assaré.

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Metodologia do Trabalho Científico p13Aula 03

CI.êN.CIA. s.f. 1. Saber que se adquire pela leitura e pela meditação. 2. Conjunto de conhecimentos coordenados relativamente a determinado objeto e métodos próprios. 3. Conhecimento prático usado para uma dada realidade. 4. Erudição, saber, instrução.

(RIOS, Dermival Ribeiro. Minidicionário escolar da Língua Portuguesa. São Paulo: DCL, 2007).

Atenção!

Já sei!

Nessa aula, tentamos definir o que é ciência e você aprendeu que existe uma variação de conceitos sobre ela e que cada um deles é constituído a partir de diferentes correntes de pensamento. Aprendeu que a ciência é uma forma sistemática de construção do conhecimento para a compreensão e apreensão da realidade, pois deve adotar critérios de investigação para chegar às suas descobertas, porém não invalida outras formas de apreensão da realidade, como o saber filosófico, teológico e popular. Refletiu que as chamadas descobertas científicas são válidas para determinados contextos históricos e sociais e podem não ser para outros. Percebeu que a ciência apresenta aspectos subjetivos, pois é realizada por sujeitos sócio-históricos que trazem em si crenças, valores e interesses variados.

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A natureza da Ciência p14Aula 03

Atividade 02As correntes filosóficas mostradas na aula partem

de diferentes visões sobre a realidade. Apresente essas concepções e explique por que as visões sobre o real são importantes para a investigação científica.

Elabore um pequeno texto apresentando a relação que você faz entre esta imagem e a sua compreensão sobre ciência.

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Mãos à obra

 

Fig. 09

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Autoavaliação

Filme: O ÓLEO DE LORENZO. Universal Filme, 1992.

Atividade 03Assista ao filme, elabore um texto dissertativo e poste na plataforma,

contemplando os seguintes pontos: � Aprofundamento da discussão sobre as características mais marcantes da ciência;

� Compreensão de que o conhecimento humano se organiza em um diálogo sobre o passado/presente e futuro;

� Análise da ação humana na construção do conhecimento.

Atividade 04Comentar, em fóruns, a resposta para os seguintes questionamentos

acerca do filme: � Qual o seu entendimento sobre o filme?

� Em sua opinião, qual a maior dificuldade enfrentada pelos pais de Lorenzo?

� Qual a postura definida pela ciência em relação às pessoas que não fazem parte de seu grupo?

� Qual a relação dos pais dos meninos portadores de ALD com os cientistas e com a Fundação de apoio, formada pelos próprios pais? Comente-a.

� Para você, em que momento do filme as emoções, os sentimentos, os desejos superaram o rigor do conhecimento científico?

 

Fig. 10

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A natureza da Ciência p16Aula 03

Referências

ALVES, Rubem. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 16. ed. São Paulo: Loyola, 2006.

ASSARÉ, Patativa. Cante lá que eu canto cá: filosofia de um trovador nordestino. Petrópolis: Editora Vozes, 1982. Disponível em: < http://pensador.uol.com.br/frase/NDYzMDc5/>. Acesso em: 16 dez. 2010. Não paginado.

BARROS, A.idil de Jesus Paes; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2000.

CHALMERS. Alan F. O que é ciência afinal? São Paulo: Brasiliense, 1993.

CRITELLI, Dulce Mara. Analítica do sentido: uma aproximação e interpretação do real de orientação fenomenológica. São Paulo: EDC Brasiliense, 1996.

RIOS, Dermival Ribeiro. Minidicionário escolar da Língua Portuguesa. São Paulo: DCL, 2007.

SIMON, Maria Célia. O positivismo de Comte. In: RESENDE, Antônio. ( org.) Curso de filosofia: para professores e alunos dos cursos de segundo grau e de graduação. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

TEIXEIRA, Elizabeth. Reflexões sobre o paradigma holístico e saúde. In: Revista da Escola de Enfermagem da USP, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 286-90, ago. 1996. Disponível em: <http://www.miniweb.com.br/cidadania/Temas_Transversais/paradigma_holistico.pdf>. Acesso em: 3 jan. 2011.

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Metodologia do Trabalho Científico p17Aula 03

Fontes das Figuras

Fig.01 - http://4.bp.blogspot.com/_tq8zwJI-LFA/TMazpErCmxI/AAAAAAAAAt8/jliLcnLuiV0/s1600/universo.jpg

Fig.02 - http://4.bp.blogspot.com/_VFjE4xVL55w/TRq0JbFE1xI/AAAAAAAAAAQ/GZYBhGDCnIc/s1600/EDUCACAO-CIENCIA-E-PROFISSAO.jpg

Fig.03 - http://www.flickr.com/photos/lgp1/15820139/

Fig.04 - http://2.bp.blogspot.com/_zo1ACvwo6uM/S8Ma70SNOlI/AAAAAAAAAUg/djctf6sy3Sc/s1600/Durkheim.bmp

Fig.05 - http://forumeja.org.br/go/sites/forumeja.org.br.go/files/images/engrenagem.gif

Fig.06 - http://forumdemulheresdofuturo.zip.net/images/artforumeuroGarjan.jpg

Fig.07 - http://www.miltonmenezes.com.br/imagens/dimensao2.jpg

Fig.08 - http://2.bp.blogspot.com/_LXjRF55-TLY/TKNSVh6k7wI/AAAAAAAAAro/4aP0m6xX8K4/s1600/Holismo.jpg

Fig.09 - http://1.bp.blogspot.com/_fkUi2U_RDtk/TI54A6ltsrI/AAAAAAAAAbM/OzDCuLX8ktE/s1600/lupa.jpg

Fig.10 - http://bioquimica.ufcspa.edu.br/metabollipidios/oleodelorenzo.jpg