aula 15 - processo civil

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www.cers.com.br Carreiras Jurídicas Mod. I Processo Civil Maurício Cunha 1 Provas em espécie (arts. 342/443) - Depoimento pessoal (arts. 342/347) - Confissão (arts. 348/354) - Exibição de documento/coisa (arts. 355/363) - Prova documental (arts. 364/399) - Prova testemunhal (arts. 400/419) - Prova pericial (arts. 420/439) - Inspeção judicial (arts. 440/443) DEPOIMENTO PESSOAL “é o conjunto de comunicações (julgamento de fato) da parte, autor ou réu, para dizer o que sabe a respeito do pedido, ou da defesa, ou das provas produzidas ou a serem produzidas, como esclarecimentos de que se sirva o juiz para seu convencimento” (PONTES DE MIRANDA). ESPÉCIES DE DEPOIMENTO DA PARTE - POR PROVOCAÇÃO requerido pela parte adversária, realizado na AIJ e determinado sob pena de “confissão ficta”, caso a parte se recuse ou não compareça para depor. - INTERROGATÓRIO determinado exofficio pelo magistrado, em qualquer fase processual (até mesmo em instância recursal), não sendo possível neste caso, entretanto, cominar a pena de “confissão ficta” para o caso de não comparecimento ou recusa. HIPÓTESES EM QUE SE RECONHECE O DIREITO AO SILÊNCIO PREVISTAS NO CÓDIGO CIVIL (ART. 229) I a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar respeito; II a que não possa responder sem desonra própria, de seu cônjuge, parente em grau sucessível, ou amigo íntimo; III que o exponha, ou às pessoas referidas no inciso antecedente, a perigo de vida, de demanda, ou de dano patrimonial imediato. CONFISSÃO Há confissão quando alguém reconhece a existência de um fato contrário ao seu interesse e favorável ao seu adversário. É declaração voluntária de ciência de fato, não se tratando de declaração de vontade para a produção de determinado efeito jurídico. NÃO É NEGÓCIO JURÍDICO. DISTINÇÃO ENTRE CONFISSÃO E RECONHECIMENTO DA PROCEDÊNCIA DO PEDIDO Ato jurídico em sentido estrito/negócio jurídico unilateral Fato/pedido Dispensa prova do fato, gerando presunção de veracidade/resolve o mérito da causa ESPÉCIES DE CONFISSÃO Judicial/Extrajudicial Espontânea/Provocada Real/Ficta Simples/Qualificada EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA Embora seja tratado como meio de prova autônomo, a exibição de documento ou

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2013 - Maurício Cunha

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Carreiras Jurídicas Mod. I Processo Civil

Maurício Cunha

1

Provas em espécie (arts. 342/443)

- Depoimento pessoal (arts. 342/347)

- Confissão (arts. 348/354)

- Exibição de documento/coisa (arts.

355/363)

- Prova documental (arts. 364/399)

- Prova testemunhal (arts. 400/419)

- Prova pericial (arts. 420/439)

- Inspeção judicial (arts. 440/443)

DEPOIMENTO PESSOAL – “é o conjunto de

comunicações (julgamento de fato) da

parte, autor ou réu, para dizer o que sabe a

respeito do pedido, ou da defesa, ou das

provas produzidas ou a serem produzidas,

como esclarecimentos de que se sirva o juiz

para seu convencimento” (PONTES DE

MIRANDA).

ESPÉCIES DE DEPOIMENTO DA PARTE

- POR PROVOCAÇÃO – requerido pela parte

adversária, realizado na AIJ e determinado

sob pena de “confissão ficta”, caso a parte

se recuse ou não compareça para depor.

- INTERROGATÓRIO – determinado

exofficio pelo magistrado, em qualquer fase

processual (até mesmo em instância

recursal), não sendo possível neste caso,

entretanto, cominar a pena de “confissão

ficta” para o caso de não comparecimento

ou recusa.

HIPÓTESES EM QUE SE RECONHECE O

DIREITO AO SILÊNCIO PREVISTAS NO

CÓDIGO CIVIL (ART. 229)

I –a cujo respeito, por estado ou profissão,

deva guardar respeito;

II – a que não possa responder sem desonra

própria, de seu cônjuge, parente em grau

sucessível, ou amigo íntimo;

III – que o exponha, ou às pessoas referidas

no inciso antecedente, a perigo de vida, de

demanda, ou de dano patrimonial imediato.

CONFISSÃO

Há confissão quando alguém reconhece a

existência de um fato contrário ao seu

interesse e favorável ao seu adversário. É

declaração voluntária de ciência de fato,

não se tratando de declaração de vontade

para a produção de determinado efeito

jurídico. NÃO É NEGÓCIO JURÍDICO.

DISTINÇÃO ENTRE CONFISSÃO E

RECONHECIMENTO DA PROCEDÊNCIA DO

PEDIDO

Ato jurídico em sentido estrito/negócio

jurídico unilateral

Fato/pedido

Dispensa prova do fato, gerando presunção

de veracidade/resolve o mérito da causa

ESPÉCIES DE CONFISSÃO

Judicial/Extrajudicial

Espontânea/Provocada

Real/Ficta

Simples/Qualificada

EXIBIÇÃO DE DOCUMENTO OU COISA

Embora seja tratado como meio de prova

autônomo, a exibição de documento ou

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coisa pode ser considerada um meio de

obtenção de elementos de prova

documental.

PROVA DOCUMENTAL

Documento é toda coisa que, por força de

uma atividade humana, seja capaz de

representar um fato.

ARGUIÇÃO DE FALSIDADE DOCUMENTAL

Pode ser arguida a qualquer tempo e grau

de jurisdição, incumbindo à parte, contra

quem ele foi produzido, suscitá-lo na

contestação, acaso o documento reputado

falso tenha sido juntado à inicial, ou em 10

dias, contados da ciência que a parte tiver

acerca da juntada do documento.

PROVA TESTEMUNHAL

A testemunha é pessoa distinta de um dos

sujeitos processuais, que é chamada a juízo

para dizer o que sabe sobre o fato

probando. Pode ser:

- presencial;

- de referência;

- referida;

- judiciária;

- instrumentária

LIMITAÇÕES À PROVA EXCLUSIVAMENTE

TESTEMUNHAL

Negócio jurídico cujo valor NÃO exceda a

10 (dez) salários mínimos

PROVA PERICIAL

É aquela pela qual a elucidação do fato se

dá com o auxílio de um perito, especialista

em determinado saber, devidamente

nomeado pelo juiz, que deve registrar sua

opinião técnica e científica no chamado

“laudo pericial”, que poderá ser objeto de

discussão pelas partes e seus assistentes

técnicos (Fredie Didier Jr).

PERITO JUDICIAL/ASSISTENTE TÉCNICO

Auxiliar da justiça/Auxiliar das partes

Nomeado pelo juiz/Indicado pelas partes

Imparcialidade/Parcialidade

Obrigatória/Opcional

Juízo técnico/Fiscalização do trabalho do

perito e emissão de opinião

Laudo pericial/Parecer técnico

INSPEÇÃO JUDICIAL

Pode ocorrer em qualquer fase do

processo, mesmo em instância recursal,

tratando-se de medida adotada pelo

magistrado no sentido de inspecionar,

pessoalmente, pessoas ou coisas, a fim de

esclarecer-se sobre algum fato que

interesse à decisão da causa.

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1(IESES – TJ/MA – 2008)Com relação às provas, assinale a alternativa correta: a) O interrogatório das partes, equiparado ao depoimento pessoal, constitui meio de prova destinado a provocar a confissão do adversário, daí porque não pode ser determinado de ofício, mas somente mediante requerimento da parte interessada. b) O juiz pode determinar o comparecimento da parte para prestar depoimento pessoal, sob pena de configurar crime de desobediência. c) O incidente de falsidade tem lugar em qualquer tempo ou grau de jurisdição, incumbindo à parte, contra quem foi produzido o documento, suscitá-lo no prazo de 05(cinco) dias, caso em que será suspenso o processo principal. Suscitado depois de tal prazo, não mais acarretará a suspensão. d)Caso o juiz não estabeleça o prazo para o depósito em cartório do rol de testemunhas, este deverá ser depositado até dez dias antes da audiência. Tal prazo, que é regressivo, observará a regra prevista no art. 184, excluindo, portanto, o dia do começo. 2(CESPE – TJ/AL – 2008)No que concerne à prova no processo civil, assinale a opção correta. a) O depoimento pessoal da parte é meio de prova, de forma que cada parte pode requerer o depoimento pessoal da outra; no entanto, se houver tal requerimento, não haverá lugar para a aplicação da pena de confissão caso a parte intimada se recuse a depor, uma vez que as partes já terão exposto suas versões em suas peças. b) Nos procedimentos de jurisdição voluntária, não é aplicável de forma estrita a regra da distribuição do ônus da prova. c) A confissão judicial espontânea não admite mandatário com poderes especiais: a própria parte deverá fazê-la, sob pena de nulidade. d) A apresentação de documento que contenha, sem ressalvas, rasura ou entrelinhasdeterminará a sua rejeição como meio de prova. e) Caso a parte requeira expedição de carta precatória para ouvir testemunha que resida em outra cidade, o curso do processo deverá

ficar suspenso até o retorno da carta, cumprida ou não 3(FCC– MP/CE – 2009) No procedimento comum ordinário, sobre a ordem em que as provas serão produzidas em audiência, aplica-se a seguinte regra: a)O juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do réu, serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu, finalmente o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de esclarecimentos. b)O juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do réu; o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de esclarecimentos, finalmente serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu. c)O juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do réu e depois do autor; o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de esclarecimentos, finalmente serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo réu e pelo autor. d) O juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do réu, serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo réu e pelo autor, finalmente o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de esclarecimentos. e) O perito e os assistentes técnicos

responderão aos quesitos de esclarecimentos,

o juiz tomará os depoimentos pessoais,

primeiro do autor e depois do réu, finalmente

serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo

autor e pelo réu.

4(MP/MG – 2011) De acordo com o Código de Processo Civil, na parte que trata dos meios de prova, marque a alternativa INCORRETA. a) A confissão espontânea pode ser feita por mandatário com poderes especiais. b)Na confissão, quando judicial, espontânea e efetiva, ocorre o reconhecimento do pedido. c)Nas ações que versarem sobre bens imóveis ou direitos sobre imóveis alheios, a confissão de um cônjuge não valerá sem a do outro.

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d)A confissão, quando emanada de erro, pode

ser revogada por ação anulatória, se pendente

o processo em que foi feita.

5(TJ/PR – 2008) Assinale a alternativa correta:

a)O juiz deve indeferir o pedido de produção de prova testemunhal quando já houver prova documental apta a provar a (in)veracidade da alegação de fato feita pela parte. b) Não é lícito à parte inocente provar com testemunhas nos contratos em geral, os vícios de consentimento. c) As declarações constantes em documento particular geram presunção absoluta de veracidade em relação aos signatários. d)Dependem de prova os fatos em cujo favor milita presunção legal absoluta de existência ou de veracidade. 6(FCC – TJ/RR – 2008) Sobre as provas no processo civil, é INCORRETO afirmar: a) Se o réu contestar sua assinatura em um documento produzido pelo autor, o ônus da prova da autenticidade do respectivo documento será do autor. b)O perito será ouvido em audiência para prestar esclarecimentos se as partes assim requererem e previamente formularem quesitos. c)Ainda que não previstos em lei, os meios moralmente legítimos de produção de prova serão aceitos para a demonstração da verdade dos fatos. d)É dever da parte submeter-se à inspeção judicial que for julgada necessária, em atendimento ao princípio da colaboração para o descobrimento da verdade. e)As reproduções digitalizadas de qualquer

documento fazem a mesma prova que os

originais, que deverão ser preservados pelo

seu detentor até o trânsito em julgado da ação

em que aquelas foram produzidas.

E-mail como meio de prova em ação

monitória

(TJ/SP – Apelação nº 0010403-

67.2010.8.26.0005, 36ª Câmara de Direito

Privado do E. Tribunal de Justiça de São

Paulo, Relator Des. Pedro Baccarat, julgada

em 31 de janeiro de 2.013).

Investigação de paternidade – STJ

Investigação de paternidade pode ser

reaberta se a sentença original não tiver se

baseado em prova técnica

A jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça (STJ) admite o ajuizamento de nova

ação de investigação de paternidade,

quando o pedido foi julgado improcedente

por falta de prova, mas não foi excluída a

possibilidade de vínculo genético. Diante

disso, a Quarta Turma do STJ determinou o

processamento de uma ação proposta por

mulher nascida em 1939.

Originalmente, a ação foi julgada

improcedente com base apenas em provas

testemunhais de parentes e amigos do

investigado e no comportamento da

genitora. Contudo, o processo também

contém depoimentos que apontam fortes

indícios da paternidade.

Em relação ao exame do mérito, a ministra

destacou que a jurisprudência da Segunda

Seção tem precedentes no sentido de que,

em respeito à coisa julgada e em

observância ao princípio da segurança

jurídica, “não se permite o ajuizamento de

nova ação de investigação de paternidade

apenas em razão da descoberta e

disseminação de modernos métodos

científicos capazes de determinar a

ascendência genética com elevada

precisão, nas hipóteses em que o pedido

anterior foi julgado improcedente com base

nas provas técnicas então disponíveis”.

Entretanto, a ministra Isabel Gallotti

destacou que, no caso em análise, o pedido

requerido na ação foi julgado improcedente

não com amparo em perícia elaborada

segundo as técnicas conhecidas na época,

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mas com base apenas em provas

testemunhais e no comportamento da

genitora, revelando assim acentuadas

divergências.

Diante disso, na linha da jurisprudência

hoje consolidada, a ministra disse que não

se pode impedir o ajuizamento de nova

ação destinada a garantir o direito

fundamental da autora de investigar a sua

ascendência genética, mediante a utilização

do exame de DNA, que fornece elementos

de convicção quase absolutos do vínculo

de parentesco.

Investigação de paternidade – STJ – II

Negado exame de DNA a homem que deixou

o país sem fazê-lo durante investigação de

paternidade

Não é possível relativizar a coisa julgada para afastar, em ação negatória, a paternidade declarada em decisão já transitada em julgado. O entendimento é da Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao julgar recurso interposto pelo Ministério Público de Santa Catarina contra decisão do tribunal local, que permitiu a um suposto pai apresentar prova pericial em nova ação. Por maioria de votos, a Turma entendeu que a relativização é possível em casos excepcionalíssimos, que não é o do recurso. Ficou vencido o ministro Raul Araújo. No caso, o homem ajuizou ação negatória

de paternidade em 2006, quando já havia

decisão transitada em julgado declarando a

paternidade. Essa decisão foi baseada em

prova testemunhal, tendo em vista que réu

se mudou para os Estados Unidos, sem

cumprir a intimação para realização do

exame de DNA que ele concordou em fazer.

Para a Quarta Turma do STJ, mesmo diante

de eventual erro, deve-se prestigiar, no

caso, a segurança jurídica.

Em primeiro grau, o processo foi extinto

sem julgamento de mérito por haver coisa

julgada material. No julgamento da

apelação, o Tribunal de Justiça de Santa

Catarina (TJSC) atendeu o pedido para

realização do exame de DNA na ação

negatória por entender que só há coisa

julgada material propriamente dita quando

tiver ocorrido o esgotamento de todos os

meios de prova hábeis.

Defesa oportuna

Segundo o relator no STJ, ministro Luís

Felipe Salomão, a situação é peculiar por

pretender relativizar a coisa julgada para

afastar, em ação negatória, a paternidade

declarada em decisão sob o manto da coisa

julgada material. Além disso, há a situação

de que o recorrente saiu do país sem

comparecer a realização do exame.

“Cabe às partes, sob pena de assumir o

risco de suportar as consequências da

sucumbência, atuar não só com lealdade

processual, mas também com diligência,

exercitando a ampla defesa e o

contraditório e não causando embaraços,

no que tange à produção de provas que,

efetivamente, influam no convencimento do

juiz acerca dos fatos,” sustentou o relator.

Segundo Salomão, não há registros de que

o suposto pai tenha buscado a antecipação

da prova ou a sua realização em data que

lhe fosse mais favorável, tendo em vista sua

mudança para o exterior.

Assim, de acordo com a Súmula 301 do

STJ, “em ação investigatória, a recusa do

suposto pai a submeter-se ao exame de

DNA induz presunção de paternidade”. Essa

disposição foi o fundamento para que o

juízo declarasse a paternidade.