aula 01 civil[1]

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CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO AULA 1 NEGCIO JURDICO ESPCIES, MANIFESTAO DA VONTADE, VCIOS DA VONTADE, DEFEITOS E INVALIDADE. FORMAS DO ATO JURDICO. No final da aula demonstrativa foi dito que o NEGCIO JURDICO o ato de autonomia de vontade, com a qual o particular regula por si os prprios interesses, logo, podemos afirmar que a sua essncia a auto-regulao dos interesses particulares reconhecida pelo ordenamento jurdico. O Cdigo Civil dedica especial tratamento aos negcios jurdicos (arts. 104 a 184 do CC). Entretanto, no basta a simples leitura dos dispositivos ora citados para acertar as questes do concurso, tendo em vista que o assunto "recheado" de conceitos doutrinrios. Dessa forma, irei abordar o assunto associando os artigos mais cobrados em prova com a teoria desenvolvida pela doutrina sempre focalizando no nosso objetivo: acertar a questo e ser aprovado. CLASSIFICAO DOS NEGCIOS JURDICOS So diversas as classificaes do negcio jurdico, por isso, irei comentar as principais: 1) Quanto s vantagens que produzem: os negcios jurdicos podem ser gratuitos, onerosos, bifrontes e neutros. gratuito: as partes objetivam benefcio ou enriquecimento patrimonial sem qualquer contraprestao (ex: doao -a parte que recebe a doao no realiza uma contraprestao.); -oneroso: as objetivam, reciprocamente, obter vantagens para si ou para outrem (ex: compra e venda - deve-se pagar o preo para se obter a coisa.); -bifronte: pode ser gratuito ou oneroso, de acordo com a vontade das partes (ex: o depsito se eu peo para o meu vizinho guardar meu carro enquanto eu viajo, o depsito pode ser pago ou no.); e -neutro: lhe falta uma atribuio patrimonial, pois consiste em atribuir a um bem uma destinao especfica (ex: ato de instituio de bem de famlia, vincular bens com clusula de incomunicabilidade ou inalienabilidade, etc.). 2) Quanto s formalidades: os negcios jurdicos podem ser solenes ou no solenes. solene: requer para a sua existncia uma forma especial prescrita em lei (ex: testamento); e no solene: no exige forma legal para que ocorra a sua efetivao (ex: compra e venda de bem mvel). 3) Quanto ao contedo: os negcios jurdicos podem ser patrimoniais ou extrapatrimoniais.

patrimonial: versa sobre questes suscetveis de aferio econmica (ex: compra e venda); e extrapatrimonial: versa sobre questes no suscetveis de aferio econmica (ex: questes relacionadas aos direitos personalssimos e ao direito de famlia). 4) Quanto manifestao de vontade: os negcios jurdicos podem ser unilaterais, bilaterais ou plurilaterais. unilateral: o ato volitivo (declarao de vontade) provm de um ou mais sujeitos, desde que estejam no mesmo plo da relao jurdica (ex: testamento, promessa de recompensa, etc.); bilateral ou plurilateral: a declarao volitiva emana de duas ou mais pessoas oriundas de plos diferentes na relao jurdica. Pode ser: a) simples: quando concede benefcio a uma das partes e encargo outra (ex: doao, depsito gratuito, etc.); e b) sinalagmtico: quando confere vantagens e nus a ambos os sujeitos (ex: compra e venda, locao, etc.). 5) Quanto ao tempo em que produzem seus efeitos: os negcios jurdicos podem ser inter vivos ou mortis causa. - inter vivos: acarreta conseqncia jurdica enquanto o interessado ainda est vivo (ex: doao, troca, etc.); e - mortis causa: regula relaes de direito aps a morte do sujeito (ex: testamento, legado, etc.). 6) Quanto aos seus efeitos: os negcios jurdicos podem ser constitutivos ou declaratrios. constitutivo: a eficcia opera efeitos ex nunc, ou seja, a partir do momento da concluso (ex: compra e venda); e declaratrio: a eficcia opera efeitos ex tunc, ou seja, retroage e se efetiva a partir do momento em que se operou o fato a que se vincula a declarao de vontade (ex: diviso do condomnio, partilha, reconhecimento de filhos, etc.). 7) Quanto sua existncia: os negcios jurdicos podem ser principais e acessrios. principal: aquele que existe por si mesmo, independente de qualquer outro (ex: locao); e acessrio: aquele cuja existncia se subordina ao negcio principal (ex: fiana.). 8) Quanto ao exerccio dos direitos: os negcios jurdicos podem ser negcios de disposio ou negcios de simples administrao. negcio de disposio: implica o exerccio de amplos direitos sobre o objeto (ex: doao); e -

negcio de simples administrao: concerne ao exerccio de direitos restritos sobre o objeto, sem que haja alterao em sua substncia (ex: locao de uma casa - o inquilino no pode vender a casa, pois tem apenas a posse.). Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br INTERPRETAO DOS NEGCIOS JURDICOS No s a lei, mas o negcio jurdico tambm precisa ser interpretado, pois as suas clusulas podem no ser muito claras. Nos negcios escritos parte-se da declarao de vontade escrita para se chegar vontade dos contratantes. Entretanto, quando uma determinada clusula se mostra obscura e passvel de dvida, alegando um dos contratantes que no representa fielmente a vontade manifestada por ocasio da celebrao do negcio, temos que a vontade prevalece sobre o sentido literal da linguagem, nos moldes do art. 112 do CC. Art. 112 do CC - Nas declaraes de vontade se atender mais inteno nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. J o art. 113 do CC ressalta que os intrpretes devem presumir que os contratantes procedem com lealdade e que tanto a proposta como a aceitao ocorreram dentro da regra da boa-f. Art. 113 do CC - Os negcios jurdicos devem ser interpretados conforme a boa-f e os usos do lugar de sua celebrao. O art. 114 do CC trata dos negcios benficos ou gratuitos, ou seja, quando apenas um dos contratantes assume obrigaes. Um exemplo clssico a doao que, por representar uma renncia de direitos, deve ser interpretada estritamente. Art. 114 do CC -Os negcios jurdicos benficos e a renncia interpretam-se estritamente. Existem ainda outros artigos espalhados pelo Cdigo Civil e pela Legislao Especial que estabelecem regras de interpretao, mas esses so os principais. ELEMENTOS DO NEGCIO JURDICO O negcio jurdico para existir e ser vlido carece de quatro elementos essenciais. Os trs apontados no art. 104 do CC (agente, objeto e forma) so elementos objetivos, ao passo que a vontade um elemento subjetivo. A conjugao dos elementos objetivos com o elemento subjetivo atribui vida ao ato negocial. Art. 104 do CC - A validade do negcio jurdico requer: I -agente capaz; II -objeto lcito, possvel, determinado ou determinvel; III -forma prescrita ou no defesa em lei. Os elementos acidentais (condio, termo e encargo) no so necessrios para um negcio jurdico exista e seja vlido, porm, podem subordinar a eficcia do negcio jurdico a uma determinada situao. Dessa forma, a tabela a seguir permite uma viso geral sobre os elementos do negcio jurdico.

ELEMENTOS ESSENCIAIS ELEMENTOS ACIDENTAIS EXISTNCI EXISTNCIEXISTNCIA AA VALIDADE EFICCI EFICCIEFICCIA AA NULO ANULVEL VLIDO AGENTE Absolutamente incapaz. Relativamente incapaz. Plenamente capaz. CONDI CONDICONDICONDICONDI O OOOO TERM TERMTERMTERMTERM O OOOO ENCARG ENCARGENCARGENCARGENCARG O OOOO OBJETO Ilcito, impossvel, indeterminado e indeterminvel. Lcito, possvel, determinado ou determinvel. FORMA Inobservncia de lei. Prescrita ou no proibida por lei. VONTADE Simulao, coao fsica*. Erro substancial, dolo essencial, coao moral, estado de perigo, leso e fraude contra credores. Livre, de boaf e consciente.

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CURSO ON-LINE -PROCON-DF -DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO *posio no pacfica na doutrina. Alguns autores defendem que a coao fsica irresistvel acarreta a inexistncia do negcio jurdico; outros dizem que ela provoca a nulidade absoluta do ato negocial. Dentre os elementos essenciais, so comuns a todos os negcios jurdicos a capacidade do agente, o objeto lcito possvel e determinado, alm da vontade (consentimento); ao passo que a forma do ato jurdico e a prova do ato negocial (estudada no fim da aula) so elementos essenciais particulares, pois podem variar de acordo com a natureza de cada negcio jurdico. Segue tabela: ELEMENTO ELEMENTOELEMENTO S SS ESSENCIAI ESSENCIAIESSENCIAI S SS COMUNS agente, objeto e vontade (consentimento). PARTICULARES forma e prova do ato negocial. ELEMENTOS ACIDENTAIS condio, termo e encargo. O agente o primeiro elemento objetivo e, para o negcio jurdico ser vlido, a pessoa que o celebra deve ser plenamente capaz. Caso contrrio o negcio jurdico pode ser nulo (nulidade absoluta) no caso de ser celebrado por pessoa absolutamente incapaz sem a devida representao ou anulvel (nulidade relativa) no caso do agente ser relativamente capaz e no houver a devida assistncia. Entretanto, interessante a citao do art. 180 do CC. Art. 180 do CC -O menor, entre dezesseis e dezoito anos, no pode, para eximir-se de uma obrigao, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior. O menor, entre dezesseis e dezoito anos no poder invocar a proteo legal em favor de sua incapacidade para eximir-se da obrigao ou para anular um ato negocial que tenha praticado, sem a devida assistncia, se agiu dolosamente, escondendo sua idade, quando inquirido pela outra parte, ou se espontaneamente se declarou maior. Conclui-se que, em tais circunstancias, o menor relativamente incapaz no pode alegar sua menoridade para escapar da obrigao contrada. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 6

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO No que tange ao objeto, para o negcio jurdico ser vlido, o objeto deve ser lcito (de acordo com a lei, moral, ordem pblica e bons costumes ex: vedado o contrato de herana de pessoa viva pelo art. 426 do CC); deve ser possvel (ex: no pode ser objeto de contrato uma viagem para jpiter); e determinado (individualizado) ou, ao menos, determinvel passvel de individualizao em um momento futuro (ex: no se pode comprar um animal sem especificar a espcie). Caso contrrio, o negcio jurdico ser nulo. A forma o meio de exteriorizao da vontade. Quando observada quanto disponibilidade e considerando o conjunto de exigncias e permisses legais que a envolves, a forma pode ser: 1) Forma livre ou geral: a regra adotada pelo art. 107 do CC. Em regra os negcios jurdicos so informais, podendo os agentes adotar a forma que bem lhes aprouver (princpio da liberalidade das formas). Os negcios jurdicos, cujo valor no exceda a dez vezes o valor do salrio mnimo vigente podero ser verbais, sendo que para efeito de prova sero indispensveis as testemunhas do ato (art. 227 do CC). Art. 107 do CC - A validade da declarao de vontade no depender de forma especial, seno quando a lei expressamente a exigir. Art. 227 do CC - Salvo os casos expressos, a prova exclusivamente testemunhal s se admite nos negcios jurdicos cujo valor no ultrapasse o dcuplo do maior salrio mnimo vigente no Pas ao tempo em que foram celebrados. 2) Forma especial ou solene: aquela que, por lei, no pode ser preterida por outra; logicamente, como j foi dito, no constitui a regra. Pode se apresentar sob trs tipos: 2.1) Forma especial ou solene nica: neste tipo a lei prev uma formalidade essencial e no admite qualquer outra configurao, como o caso dos arts. 108, 1.227, 1.245 e 1.653 do CC. No art. 108 do CC, temos que, salvo disposio legal em contrrio, os negcios jurdicos que versem sobre bens imveis e superem o valor de 30 salrios mnimos devem ser realizados sobre a forma de escritura pblica. Art. 108 do CC - No dispondo a lei em contrrio, a escritura pblica essencial validade dos negcios jurdicos que visem constituio, 7 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO transferncia, modificao ou renncia de direitos reais sobre imveis de valor superior a trinta vezes o maior salrio mnimo vigente no Pas. Nos arts. 1.227 e 1.245 do CC, temos a base legal para o brocado: "quem no registra no dono", que se refere aos bens imveis. Art. 1.227 do CC - Os direitos reais sobre imveis constitudos, ou transmitidos por atos entre vivos, s se adquirem com o registro no Cartrio de Registro de Imveis dos referidos ttulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Cdigo. Art. 1.245 do CC - Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do ttulo translativo no Registro de Imveis. 1o Enquanto no se registrar o ttulo translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imvel. 2o Enquanto no se promover, por meio de ao prpria, a decretao de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imvel. No art. 1.653 do CC, percebemos que o pacto antenupcial, documento que define o regime de bens de um casamento, deve ser celebrado sob a forma de escritura pblica. Art. 1.653 do CC - nulo o pacto antenupcial se no for feito por escritura pblica, e ineficaz se no lhe seguir o casamento. 2.2) Forma Plural: as vezes a lei faculta a prtica do ato negocial mediante duas ou mais formas prescritas, como na instituio do bem de famlia e na instituio de uma fundao que podem ser por escritura pblica ou testamento (arts. 62 e 1.711 do CC). Art. 62 do CC - Para criar uma fundao, o seu instituidor far, por escritura pblica ou testamento, dotao especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administr-la. Art. 1.711 do CC - Podem os cnjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pblica ou testamento, destinar parte de seu patrimnio para instituir bem de famlia, desde que no ultrapasse um tero do patrimnio lquido existente ao tempo da instituio, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imvel residencial estabelecida em lei especial. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 8

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO 2.3) Forma genrica: segundo a Profa. Maria Helena Diniz, tal forma "implica uma solenidade mais geral, imposta pela norma jurdica". Caracteriza-se por um conjunto de elementos escritos tal como ocorre no contrato de empreitada (art. 619 do CC). Para exigir aumento no preo, motivado por mudana nas especificaes da obra, o empreiteiro dever comprovar o alegado mediante documentao das instrues recebidas do contratante. Art. 619 do CC - Salvo estipulao em contrrio, o empreiteiro que se incumbir de executar uma obra, segundo plano aceito por quem a encomendou, no ter direito a exigir acrscimo no preo, ainda que sejam introduzidas modificaes no projeto, a no ser que estas resultem de instrues escritas do dono da obra. 3) Forma contratual: a que resulta da conveno das partes. Como exemplo, o art. 109 do CC faz entender que o negcio jurdico de forma livre pode ser transformado em solene pelas partes. Art. 109 do CC - No negcio jurdico celebrado com a clusula de no valer sem instrumento pblico, este da substncia do ato. Graficamente temos o seguinte: Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 9

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO O elemento que trata da vontade ser estudado em um tpico especfico que possui como ttulo: defeitos do negcio jurdico. A seguir, trataremos dos elementos acidentais do negcio jurdico: a condio, o termo e o encargo ou modo. A condio uma clusula que subordina a eficcia do negcio jurdico a evento futuro e incerto. Dessa forma, para que se configure o negcio condicional so necessrios dois requisitos: a futuridade e a incerteza. Ou seja, no se considera condio o fato passado ou presente, mas somente o futuro. Como exemplo, temos a promessa de R$ 1.000,00 de uma pessoa a outra, caso o Flamengo seja campeo da Copa Libertadores 2010. O negcio em questo futuro (s saberemos o campeo em agosto de 2010) e incerto (pode ser campeo ou no), por isso, configura-se uma condio. Art. 121 do CC -Considera-se condio a clusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negcio jurdico a evento futuro e incerto. Existem diversas classificaes para as condies. As principais so: I) Quanto ao modo de atuao, as condies podem ser: suspensivas ou resolutivas. Condio suspensiva: as partes protelam, temporariamente, a eficcia do ato negocial at a realizao do evento futuro e incerto. Ex: te dou um carro se voc ganhar o jogo de futebol. Art. 125 do CC -Subordinando-se a eficcia do negcio jurdico condio suspensiva, enquanto esta se no verificar, no se ter adquirido o direito, a que ele visa. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 10

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO Exemplos de condies suspensivas citados pela Profa. Maria Helena Diniz: a) comprarei seu quadro se ele for aceito numa exposio internacional; b) adquirirei o cavalo "Fogo Branco" se ele vencer a corrida no Grande Prmio promovido, daqui a trs meses, pelo Jockey Club de So Paulo; e c) doarei meu apartamento se voc casar. Condio resolutiva: a ocorrncia do evento futuro e incerto resolve (extingue) o direito transferido pelo negcio jurdico. Ex: te dou uma "mesada" enquanto voc estudar. Art. 127 do CC - Se for resolutiva a condio, enquanto esta se no realizar, vigorar o negcio jurdico, podendo exercer-se desde a concluso deste o direito por ele estabelecido. Exemplos de condies resolutivas citados pela Profa. Maria Helena Diniz: a) constituo uma renda em seu favor, enquanto voc estudar; b) cedo-lhe esta casa, para que nela resida, enquanto for solteiro; e c) compro-lhe esta fazenda, sob a condio do contrato se resolver se gear nos prximos trs anos. II) Quanto participao da vontade dos sujeitos, as condies podem ser: causais, potestativas, mistas e promscuas. Condies causais: so as que dependem do acaso, de um acontecimento fortuito ou de fora maior, ou seja, de um fato alheio vontade das partes. 11 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO Ex: Dar-te-ei uma jia se chover amanh. Condies potestativas: so as que decorrem da vontade de uma das partes. Podem ser: a) Puramente potestativas: so as que se sujeitam ao puro arbtrio de uma das partes, valendo dizer que a sua ocorrncia depende exclusivamente da vontade da pessoa, independente de qualquer fator externo. Nos termos do art. 122, 2a parte, do CC, tais condies so ilcitas. Ex: Dar-te-ei determinada quantia em dinheiro o dia em que eu vestir meu terno cinza. Art. 122 do CC - So lcitas, em geral, todas as condies no contrrias lei, ordem pblica ou aos bons costumes; entre as condies defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negcio jurdico, ou o sujeitarem ao puro arbtrio de uma das partes. Exemplos de condies puramente potestativas citados pela Profa. Maria Helena Diniz: a) constituio de uma renda em seu favor se voc vestir tal roupa amanh; e b) aposio de clusula que, em contrato de mtuo, d ao credor poder unilateral de provocar o vencimento antecipado da dvida, diante de simples circunstncia de romper-se o vnculo empregatcio entre as partes. b) Simplesmente potestativas: so as que se sujeitam vontade de uma das partes conjugada com fatores externos que escapam ao seu controle. Ou seja, alm do arbtrio, exige-se uma atuao especial do sujeito. Ex: Dar-te-ei dois mil reais no dia que eu conseguir viajar para a Europa. Para tal viagem se realizar depende de tempo e dinheiro, no ficando, ento, a condio sujeita ao arbtrio exclusivo de uma pessoa. Exemplos de condies simplesmente potestativas citados pela Profa. Maria Helena Diniz: 12 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO a) doao a um cantor de pera, condicionada ao fato de desempenhar bem um determinado papel; e b) comodato (emprstimo) de casa a algum se for at Paris para inscrever-se num concurso de artes plsticas. Condies mistas: so as que dependem, simultaneamente, da vontade de uma das partes e da vontade de um terceiro. Ex: Dar-te-ei dois mil reais se casares com Maria. Exemplo de condio mista citado pela Profa. Maria Helena Diniz: Dar-lhe-ei este apartamento se voc casar com Paulo antes de sua formatura, ou se constituir sociedade com Joo. Condies promscuas: a que se caracteriza no momento inicial como potestativa, vindo a perder tal caracterstica por fato superveniente alheio vontade do agente, que venha a dificultar sua realizao. Exemplo de condio promscua citado pela Profa. Maria Helena Diniz: dar-lhe-ei dois mil reais se voc, campeo de futebol, jogar no prximo torneio. A condio em questo passar a ser promscua se o jogador vier a machucar a perna. III) Quanto possibilidade as condies podem ser possveis e impossveis. Alm disso, subdividem-se em fisicamente ou juridicamente possveis ou impossveis. Condies fisicamente impossveis: so as que contrariam as leis da natureza. Ex: colocar toda a gua do oceano em um copo. Condies juridicamente impossveis: so a que contrariam a ordem legal. Ex: negcio jurdico que tenha por objeto herana de pessoa viva (ver art. 426 do CC). Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 13

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO Art. 426 do CC - No pode ser objeto de contrato a herana de pessoa viva. Condies fisicamente possveis: so as que no contrariam as leis da natureza. Condies juridicamente possveis: so a que no contrariam a lei, a ordem pblica ou os bons costumes. interessante fazer uma observao sobre as condies impossveis com base nos art. 123, I e 124 do CC. Art. 123 do CC - Invalidam os negcios jurdicos que lhes so subordinados: I -as condies fsica ou juridicamente impossveis, quando suspensivas; Art. 124 do CC - Tm-se por inexistentes as condies impossveis, quando resolutivas, e as de no fazer coisa impossvel. Dependendo do tipo de condio impossvel temos efeitos distintos para o negcio jurdico: - Condio impossvel suspensiva: invalida o negcio jurdico (nulidade absoluta), pois o evento futuro e incerto nunca vai ocorrer e o negcio nunca vai produzir efeitos; Ex: Vou te dar uma "mesada" quando o Congresso Nacional (CN) suprimir da Constituio Federal (CF) o direito vida. - Condio impossvel resolutiva: considera-se inexistente a condio, pois ela nunca vai ocorrer e, consequentemente, o negcio continuar produzindo efeitos. Ex: Vou te dar uma "mesada", mas a cancelarei se o Congresso Nacional (CN) suprimir da Constituio Federal (CF) o direito vida. Como o direito vida uma clusula ptrea nunca haver tal supresso. IV) Quanto licitude, as condies podem ser: lcitas e ilcitas. Condies lcitas: quando o evento que a constitui no for contrrio lei, ordem pblica, moral e aos bons costumes. 14 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO Condies ilcitas: so aquelas condenadas pela norma jurdicas, pela moral e pelos nos costumes. Exemplos de condies ilcitas citados pela Profa. Maria Helena Diniz: a) prometer uma recompensa sob a condio de algum viver em concubinato impuro; b) entregar-se prostituio; c) furtar certo bem; d) dispensar, se casado, os deveres de coabitao e fidelidade mtua; e e) no se casar. RESUMO SOBRE A CLASSIFICAO DAS CONDIES I) Quanto ao modo de atuao: suspensivas ou resolutivas. II) Quanto participao da vontade dos sujeitos: causais, potestativas, mistas e promscuas. III) Quanto possibilidade: possveis ou impossveis (fsica ou juridicamente). IV) Quanto licitude: lcitas e ilcitas. O termo representa o dia em comea ou se extingue a eficcia do negcio jurdico. Quando convencionado no contrato, o termo subordina o efeito do negcio jurdico a um evento futuro e certo. Ou seja, corresponde a uma data certa para iniciar ou terminar a eficcia do ato negocial. IMPORTANTE !!! CONDIO: evento futuro e incerto; TERMO: evento futuro e certo. O termo pode ser: Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 15

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO a) Inicial (dies a quo) ou suspensivo: fixa o momento em que a eficcia do negcio jurdico deve iniciar, retardando o exerccio do direito. Ex: um contrato de locao celebrado no dia 20 de um ms para ter vigncia no dia 1o do ms seguinte. Art. 131 do CC -O termo inicial suspende o exerccio, mas no a aquisio do direito. b) Final (dies ad quem ou ad diem) ou resolutivo: determina a data da cessao dos efeitos do ato negocial, extinguindo as obrigaes dele oriundas. Ex: o contrato de locao se encerra no dia 31 de dezembro do ano que vem. c) Certo: se sefere a um evento futuro e certo de ocorrer em data certa do calendrio (dia, ms e ano), ou quando fixa certo lapso de tempo. Ex: data certa - 15 de dezembro de 2009; lapso de tempo - daqui a 6 meses. d) Incerto: quando se refere a um acontecimento futuro e certo de ocorrer, que ocorrer em data incerta. Ex: um imvel passa a ser de outrem a partir da morte de seu proprietrio. A morte um evento certo (todos iro morrer um dia) que acontecer em uma data incerta. O art. 132 do CC estabelece a forma de contagem dos prazos: Art. 132 do CC - Salvo disposio legal ou convencional em contrrio, computam-se os prazos, excludo o dia do comeo, e includo o do vencimento. 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se- prorrogado o prazo at o seguinte dia til. 2o Meado considera-se, em qualquer ms, o seu dcimo quinto dia. 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual nmero do de incio, ou no imediato, se faltar exata correspondncia. 4o Os prazos fixados por hora contar-se-o de minuto a minuto. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 16

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO O encargo, tambm chamado de modo, uma clusula imposta nos negcios gratuitos, que restringe a vantagem do beneficiado. Como exemplo, temos a doao de um terreno a determinada pessoa para l ser construdo um asilo. Trata-se de uma clusula acessria aos atos que possuem carter de liberalidade (doaes e testamentos) pelo qual se impe um nus ou obrigao ao beneficirio. admitido tambm em declaraes unilaterais de vontade tal como uma promessa de recompensa. Pelo art. 553 do CC, conclumos que: Art. 553 do CC - O donatrio obrigado a cumprir os encargos da doao, caso forem a benefcio do doador, de terceiro, ou do interesse geral. Pargrafo nico. Se desta ltima espcie for o encargo, o Ministrio Pblico poder exigir sua execuo, depois da morte do doador, se este no tiver feito. Se um encargo decorrente de uma doao for de interesse geral, a exigncia de seu cumprimento pode ter como origem o Ministrio Pblico na hiptese do doador j haver morrido e ainda no ter feito tal exigncia. Dispe o art. 136 do CC que: Art. 136 do CC - O encargo no suspende a aquisio nem o exerccio do direito, salvo quando expressamente imposto no negcio jurdico, pelo disponente, como condio suspensiva. Dessa forma, a partir do momento em que for aberta a sucesso, o domnio e a posse dos bens transmitem-se imediatamente aos herdeiros nomeados, com a obrigao de cumprir o encargo a eles imposto. Se esse encargo no for cumprido, a liberalidade poder ser revogada. Ou seja, se uma pessoa recebe um terreno como herana, com o encargo de construir um asilo em tal terreno, a propriedade do terreno adquirida antes da construo do asilo, pois o encargo (construo do asilo) no suspende a aquisio do direito (propriedade do terreno). Outro dispositivo que merece uma anlise o art. 137 do CC. 17 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO Art. 137 do CC - Considera-se no escrito o encargo ilcito ou impossvel, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negcio jurdico. A regra que o encargo ilcito ou impossvel seja considerado no escrito, sendo mantida a validade do negcio jurdico. Porm, se o encargo ilcito ou impossvel for a razo determinante da liberalidade (motivo principal do negcio), o ato negocial ser invalidado. Ou seja, deve-se analisar no caso concerto se o encargo o motivo principal ou secundrio do negcio jurdico. Caso seja principal ocorre invalidade, caso seja secundrio, mantm-se a validade do ato negocial. A reserva mental representa a emisso de uma declarao de vontade no desejada em seu contedo, tampouco em seu resultado, pois o declarante tem por nico objetivo enganar o declaratrio. Trata-se de um inadimplemento premeditado. O assunto tratado no art. 110 do CC. Art. 110 do CC - A manifestao de vontade subsiste ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de no querer o que manifestou, salvo se dela o destinatrio tinha conhecimento. De acordo com o dispositivo legal em questo, duas situaes podem ocorrer: 1. Reserva mental lcita: a reserva mental desconhecida pelo destinatrio, onde o ato negocial subsistir e o contratante dever cumprir a obrigao assumida; e 2. Reserva mental ilcita: a reserva mental conhecida pelo destinatrio, ou seja, o destinatrio sabe do inadimplemento premeditado por parte do contratante. Neste caso ocorre a invalidade do negcio jurdico. Conclui-se que o conhecimento ou no da reserva mental importa diferentes conseqncias jurdicas. RESERVA MENTAL DESCONHECIDA PELA OUTRA PARTE (LCITA) O ato negocial subsistirvlido. e ser CONHECIDA PELA OUTRA PARTE (ILCITA) O ato negocial ser(nulidade absoluta). invlido Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 18

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO DEFEITOS E INVALIDADE DO NEGCIO JURDICO Os defeitos do negcio jurdico so imperfeies oriundas da declarao de vontade das partes acarretando nos vcios de consentimento do agente. Entretanto, h casos em que se tem uma vontade funcionando normalmente, havendo at mesmo correspondncia entre a vontade interna e sua manifestao, porm, ela se desvia da lei ou da boa-f, violando direitos ou prejudicando terceiros, sendo, dessa forma, o negcio jurdico suscetvel de invalidao. Trata-se dos vcios sociais. VCIOS DE CONSENTIMENTO: erro, dolo, leso, estado de perigo e coao. VCIOS SOCIAIS: simulao e fraude contra credores. O erro ou ignorncia a noo falsa acerca de um objeto ou de determinada pessoa. Ocorre o erro quando o agente se engana sobre alguma coisa. Como exemplo, temos a pessoa que compra um relgio dourado, supondo que de ouro. Para acarretar a anulao do negcio jurdico, o erro deve ser substancial. Art. 138 do CC -So anulveis os negcios jurdicos, quando as declaraes de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligncia normal, em face das circunstncias do negcio. Art. 139 do CC - O erro substancial quando: I -interessa natureza do negcio, ao objeto principal da declarao, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; II - concerne identidade ou qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declarao de vontade, desde que tenha infludo nesta de modo relevante; III - sendo de direito e no implicando recusa aplicao da lei, for o motivo nico ou principal do negcio jurdico. Temos dois grandes tipos de erros. O erro substancial aquele de tal importncia que, se fosse conhecida a verdade, o consentimento no se externaria. Ou seja, funciona como razo determinante para a realizao do negcio jurdico e, por isso, causa de anulabilidade. Diferente o erro Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 19

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO acidental, onde se fosse conhecida a verdade, ainda assim o ato negocial se realizaria, embora de maneira menos onerosa. O erro acidental no provoca a anulao do negcio jurdico. Tipos de erro susbstancial (conforme o art. 139 do CC): - Erro sobre a natureza do ato negocial (error in ipso negotio): ocorre quando a pessoa que pratica determinado negcio interpreta mal a realidade e acaba praticando outro tipo de negcio. Ex: A, com a inteno de vender um imvel a B, acaba realizando uma doao. - Erro sobre o objeto principal da declarao (error in ipso corpore): ocorre quando atingir o objeto principal da declarao em sua identidade , isto , o objeto no o pretendido pelo agente. Exs: se um contratante supe estar adquirindo um lote de terreno de excelente localizao, quando na verdade est comprando um situado em pssimo local; pensar estar adquirindo um quadro de Portinari, quando na realidade de um outro pintor. - Erro sobre a qualidade essencial do objeto (error in corpore): ocorrer este erro substancial quando a declarao enganosa de vontade recair sobre a qualidade essencial do objeto. Exs: se a pessoa pensa adquirir um relgio de prata que, na realidade, de ao; adquirir um quadro a leo, pensando ser de um pintor famoso, do qual constava o nome na tela, mas que na verdade era falso. - Erro sobre a pessoa e sobre as qualidades essenciais da pessoa (error in persona): aquele que incide sobre a identidade ou as caractersticas da pessoa. Exs: contratar o advogado Joo da Silva por ser uma pessoa de notrio conhecimento na rea trabalhista e, na verdade, contratar um recmformado com nome homnimo; uma moa de boa formao moral se casar com um homem, vindo a saber depois que se tratava de um desclassificado ou homossexual; fazer um testamento contemplando sua mulher com a meao de todos os bens, mas, por ocasio do cumprimento do testamento, o Tribunal verificar que a herdeira instituda no a mulher do testador, por ser casada com outro. 20 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO - Erro de direito (error juris): ocorre quando o agente emite uma declarao de vontade no pressuposto falso de que procede conforme a lei. Exs: "A" realiza a compra e venda internacional da mercadoria "X" sem saber que sua exportao foi proibida legalmente; "A" adquire de "B" o lote "X" ignorando que lei municipal proibia loteamento naquela localidade. A seguir temos outros tipos de erros:. O erro de clculo um erro acidental (no anula o ato negocial) que recai sobre dados aritmticos de uma conta. Tal erro no causa a anulabilidade do negcio jurdico, pois pode ser corrigido. Art. 143 do CC - O erro de clculo apenas autoriza a retificao da declarao de vontade. O erro quanto ao fim colimado est relacionado com o motivo do negcio e, no sendo determinante do negcio, no pode ser considerado essencial; consequentemente, no poder acarretar a anulao do ato negocial. o que diz o artigo 140 do CC. Art. 140 do CC - O falso motivo s vicia a declarao de vontade quando expresso como razo determinante. O erro acidental in qualitate diz respeito s qualidades secundrias ou acessrias da pessoa (ex: se casada ou solteira) ou do objeto (ex: comprar o lote 27 e receber o de n. 72 por erro de digitao). Tal erro no induz a anulao do ato negocial por no incidir sobre a declarao de vontade, caso seja possvel, por seu contexto e pelas circunstncias, identificar a pessoa ou a coisa. o que diz o art. 142 do CC. Art. 142 do CC - O erro de indicao da pessoa ou da coisa, a que se referir a declarao de vontade, no viciar o negcio quando, por seu contexto e pelas circunstncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. O ltimo erro a ser estudado o erro na transmisso de vontade por meios interpostos (art. 141 do CC) que o erro por defeito de intermediao mecnica ou pessoal, que altera a vontade declarada na efetivao do ato negocial. Ex.: Algum recorre a rdio, televiso, telefone etc. para transmitir uma declarao de vontade, e o veculo utilizado, devido a interrupo ou deturpao sonora, o fizer com incorrees acarretando desconformidade entre a vontade declarada e a interna. Esse tipo de erro s anula o negcio se a alterao verificada vier a prejudicar o real sentido da 21 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO declarao expedida. Em caso contrrio, ele ser insignificante e o negcio efetivado prevalecer. Art. 141 do CC - A transmisso errnea da vontade por meios interpostos anulvel nos mesmos casos em que o a declarao direta. O dolo o emprego de um artifcio astucioso para induzir algum prtica de um negcio jurdico. Como exemplo, temos o vendedor que induz o cliente a acreditar que um relgio simplesmente dourado de ouro. Observao: O erro diferencia-se do dolo. No erro a vtima se engana sozinha, ao passo que, no dolo, a vtima enganada pela m-f alheia. Existem vrios tipos de dolo, dentre eles destacamos: a) dolo principal ou essencial (art. 145 do CC): aquele que d causa ao negcio jurdico, sem o qual ele no se teria concludo, acarretando a anulabilidade do ato negocial. Alm de possibilitar a anulao, o dolo essencial enseja indenizao por perdas e danos. Art. 145 do CC - So os negcios jurdicos anulveis por dolo, quando este for a sua causa. b) dolo acidental (dolus incidens) (art. 146 do CC): o que leva a vtima a realizar o negcio jurdico, porm em condies mais onerosas ou menos vantajosas, no afetando sua declarao de vontade, embora venha provocar desvios. No causa de anulabilidade por no interferir diretamente na declarao de vontade, mas enseja indenizao por perdas e danos. Art. 146 do CC - O dolo acidental s obriga satisfao das perdas e danos, e acidental quando, a seu despeito, o negcio seria realizado, embora por outro modo. Temos o seguinte: DOLO ESSENCIAL NULIDADE RELATIVA + PERDAS E DANOS DOLO ACIDENTAL S PERDAS E DANOS 22 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO O dolo de terceiro aquele oriundo de uma terceira pessoa que no parte no negcio jurdico. S ser causa de anulabilidade do negcio jurdico quando a parte beneficiada souber ou tiver a possibilidade de saber sobre a sua existncia, tal como no caso de terceiro que utiliza o artifcio a mando de um dos contratantes. O assunto tem como base o art. 148 do CC. Art. 148 do CC - Pode tambm ser anulado o negcio jurdico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrrio, ainda que subsista o negcio jurdico, o terceiro responder por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. Ou seja, a anulao decorrente de dolo de terceiro depende do conhecimento da parte beneficiada. Sobre o dolo bilateral (de ambas as partes) interessante lermos o art. 150 do CC. Art do CC - 150. Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode aleg-lo para anular o negcio, ou reclamar indenizao. Conclui-se que o dolo bilateral no capaz de anular o negcio jurdico, tampouco gerar indenizao por perdas e danos. O ato negocial em que houver dolo bilateral ser vlido. Outro artigo interessante o art. 149 do CC. Art. 149 do CC - O dolo do representante legal de uma das partes s obriga o representado a responder civilmente at a importncia do proveito que teve; se, porm, o dolo for do representante convencional, o representado responder solidariamente com ele por perdas e danos. Entende-se que o dolo utilizado pelo representante convencional (responsabilidade solidria com o representante por perdas e danos) mais grave que o utilizado pelo representante legal (responsabilidade limitada ao proveito obtido com o dolo). Tal fato ocorre em razo da escolha do representante. No caso do representante legal (pai, me, tutor, curador), o representando no manifesta sua vontade, pois a pessoa indicada por lei; entretanto, na escolha do representante convencional (mandatrio ou procurador), a escolha decorre da manifestao de vontade acarretando uma maior responsabilidade na hiptese de haver dolo por parte do representante. Veja o esquema a seguir: 23 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE -PROCON-DF -DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO DOL DOLDOL O OO D DD O OO REPRESENTANT REPRESENTANTREPRESENTANT E EE LEGAL Ex: pais, tutores, curadores, etc. responsabilidade do representado limitada ao proveito obtido com o dolo. CONVENCIONAL Ex: procuradores, gestores de negcios, etc. responsabilidade solidria entre o representante e o representado nas perdas e danos. O dolo negativo (art. 147 do CC) aquele resultante de uma omisso intencional para induzir um dos contratantes (conduta negativa). Pode acarretar a anulao do ato negocial se for o motivo determinante (dolo principal). Se for acidental enseja, apenas, perdas e danos. Art. 147 do CC -Nos negcios jurdicos bilaterais, o silncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omisso dolosa, provando-se que sem ela o negcio no se teria celebrado. o que acontece quando algum omite uma molstia grave ao celebrar um seguro de vida. O art. 156 do CC define o que vem a ser estado de perigo. Art. 156 do CC -Configura-se o estado de perigo quando algum, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua famlia, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigao excessivamente onerosa. Pargrafo nico. Tratando-se de pessoa no pertencente famlia do declarante, o juiz decidir segundo as circunstncias. O estado de perigo representa a assuno de uma obrigao excessivamente onerosa (exorbitante) para evitar um dano pessoal que do conhecimento da outra parte contratante. Grosseiramente falando, o declarante de encontra diante de uma situao que deve optar entre dois males: sofrer o dano ou participar de um contrato que lhe excessivamente oneroso. Vejamos alguns clssicos exemplos:

a) doente que concorda com altos honorrios exigidos pelo mdico cirurgio; 24 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO b) venda de bens abaixo do preo para levantar o dinheiro necessrio ao resgate do seqestro do filho ou para pagar uma cirurgia mdica urgente; c) promessa de recompensa ou doao de quantia vultosa feita, por um acidentado, a algum, para que o salve, etc. A leso um vcio de consentimento decorrente do abuso praticado em situao de desigualdade de um dos contratantes, por estar sob premente necessidade, ou por inexperincia, com o objetivo de proteg-lo diante do prejuzo sofrido na concluso de um negcio jurdico em decorrncia da desproporo existente entre as prestaes das duas partes. Trata-se de um dano patrimonial. Diz o art. 157 do CC: Art. 157 do CC - Ocorre a leso quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperincia, se obriga a prestao manifestamente desproporcional ao valor da prestao oposta. 1o Aprecia-se a desproporo das prestaes segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negcio jurdico. 2o No se decretar a anulao do negcio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a reduo do proveito. Para exemplificar: algum prestes a ser despejado procura um imvel para abrigar a sua famlia e exercer seu negcio profissional, e o proprietrio, mesmo no tendo conhecimento do fato, eleva o preo do aluguel. Ou ento, a pessoa que, para evitar a falncia, vende imvel seu a preo inferior ao de mercado, em razo da falta de disponibilidade lquida para pagar seus dbitos. A leso pode ser de trs tipos: enorme, especial e usurria. a) Leso enorme: caracteriza-se pela simples desproporo entre as prestaes. o lucro exorbitante obtido por uma das partes contratantes. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 25

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO b) Leso especial: exige, alm do lucro excessivo, a situao de necessidade ou inexperincia da parte prejudicada. a leso adotada pelo CC em seu art. 157. c) Leso usurria: alm do lucro excessivo e da situao de necessidade ou inexperincia da parte lesada, para se caracterizar, exige, ainda o dolo de aproveitamento, consistente na m-f da parte beneficiada. IMPORTANTE !!!! Leso enorme: lucro exorbitante; Leso especial: lucro exorbitante + necessidade ou inexperincia; Leso usurria: lucro exorbitante + necessidade ou inexperincia + m-f (dolo). Apesar do CC fazer referncia leso especial, a doutrina entende suficiente a leso enorme para que o ato negocial possa ser anulado. o que se entende do Enunciado 290 do CJF, aprovado na IV Jornada de Direito Civil: "A leso acarretar a anulao do negcio jurdico quando verificada, na formao deste, a desproporo manifesta entre as prestaes assumidas pelas partes, no se presumindo a premente necessidade ou a inexperincia do lesado". Para que o ato negocial esteja sujeito anulao em razo da leso, alguns pressupostos devem ser satisfeitos, dentre eles temos: o lucro exorbitante da outra parte e uma situao de dano patrimonial. Se houver dano pessoal no cabe a leso, mas sim o estado de perigo. A coao uma presso induzi-lo prtica de ou ameaa que infringe grave que o dolo, pois fsica ou moral, mas o fsica ou moral exercida sobre algum para um determinado negcio jurdico. Trata-se de violncia a liberdade de deciso do coagido, tornando-se mais este afeta apenas a inteligncia da vtima. Pode ser CC s trata da coao moral.

Art. 151 do CC - A coao, para viciar a declarao da vontade, h de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considervel sua pessoa, sua famlia, ou aos seus bens. Pargrafo nico. Se disser respeito a pessoa no pertencente famlia do paciente, o juiz, com base nas circunstncias, decidir se houve coao. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 26

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO - Coao fsica (vis absoluta): ocorre quando a vontade do coagido completamente eliminada. Ou seja, o constrangimento corporal faz com que a capacidade de querer de uma das partes seja totalmente eliminada. Segundo a Profa. Maria Helena Diniz, uma causa de nulidade absoluta do negcio jurdico, mas h quem caracterize como uma causa de inexistncia do negcio jurdico. Ex: se algum segurar a mo da vtima, apontando-lhe uma arma e forando-a a assinar um determinado documento. - Coao moral (vis compulsiva): ocorre quando a vtima sofre uma grave ameaa, indutiva da prtica do negcio jurdico, podendo, porm, optar entre o ato e o dano, com que ameaada. Ou seja, no obstante a chantagem do autor, a vtima conserva relativamente a sua vontade. a coao tratada no art. 151 do CC e que pode ser causa de anulabilidade (nulidade relativa) do negcio jurdico. Ex: o assaltante que ameaa a vtima dizendo: "a bolsa ou a vida". Atravs do art. 151 do CC, percebemos que para a coao servir de fundamento para a anulao de um negcio jurdico ela pode ser dirigida da seguinte forma: - contra a pessoa do prprio contratante; - contra a pessoa da famlia do contratante; - contra os bens do contratante; - contra pessoa no pertencente famlia do contratante, mas neste caso o magistrado deve analisar se as relaes de afetividade so fortes o bastante para se configurar uma situao de coao. Ainda sobre a coao moral irresistvel, no decorrer da coao deve-se levar em conta as caractersticas do coator, do coagido e da situao (art. 152 do CC). Por isso, no se caracteriza a coao moral se uma idosa de 92 anos, com 1,50m de altura e 41 kg ameaar bater em Janjo Brutamontes, 29 anos, lutador de "Vale-Tudo", com 2,12m e 135 kg. Art. 152 do CC - No apreciar a coao, ter-se-o em conta o sexo, a idade, a condio, a sade, o temperamento do paciente e todas as demais circunstncias que possam influir na gravidade dela. Finalizando a coao temos o exerccio normal de um direito e o simples temor reverencial, citados no art. 153 do CC, que no caracterizam a coao moral. 27 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO Art. 153 do CC - No se considera coao a ameaa do exerccio normal de um direito, nem o simples temor reverencial. AMEAA DO EXERCCIO NORMAL DE UM DIREITO Ex: Se o credor de uma dvida vencida e no paga ameaar o devedor de protestar o ttulo e requerer falncia, no se configurar coao, por ser ameaa justa que se prende ao exerccio normal de um direito. Logo, o devedor no poder reclamar a anulao do protesto. TEMOR REVERENCIAL o receio de desgostar ascendente (pai, me, tio, etc.) ou pessoa a quem se deve obedincia e respeito. Desde que no haja ameaas ou violncias irresistveis, o ato negocial no pode ser anulado. A fraude contra credores (vcio social) constitui a prtica maliciosa pelo devedor insolvente (aquele cujo patrimnio passivo superior ao patrimnio ativo) de atos que desfalcam o seu patrimnio, com o fim de coloc-lo a salvo de uma execuo por dvidas em detrimento dos direitos creditrios alheios. Segundo a Profa. Maria Helena Diniz possui dois elementos: 1) eventus damini (elemento objetivo): todo ato prejudicial ao credor por tornar o devedor insolvente ou por ter sido realizado em estado de insolvncia, ainda quando o ignore, ou ante o fato de a garantia tornar-se insuficiente depois de executada; e 2) consilium fraudis (elemento subjetivo): a m-f, a inteno de prejudicar do devedor ou do devedor aliado a terceiro, ilidindo os efeitos da cobrana. Vide o art. 158 do CC. Art. 158 do CC - Os negcios de transmisso gratuita de bens ou remisso de dvida, se os praticar o devedor j insolvente, ou por eles Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 28

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO reduzido insolvncia, ainda quando o ignore, podero ser anulados pelos credores quirografrios, como lesivos dos seus direitos. Quando o ato prejudicial ao credor for gratuito (transmisso gratuita e remisso de dvidas), ento, para que os credores prejudicados com o ato tenham o direito de anular, no necessrio que se prove a m-f (consilium fraudis). Ou seja, nos negcios gratuitos o elemento subjetivo desnecessrio para se caracterizar a fraude contra credores. Para exemplificar melhor a fraude contra credores, veja o esquema a seguir que tem como base um balano patrimonial de uma empresa, onde o ATIVO = PASSIVO + PATRIMNIO LQUIDO: A situao descrita acima de insolvncia, pois o patrimnio lquido negativo (-20.000). Dessa forma, caso a empresa em questo resolva doar o dinheiro que est no caixa para o projeto "criana esperana", os credores podero anular a doao alegando fraude contra credores. O mesmo ocorre na remisso (perdo da dvida) das duplicatas a receber. Por fim, tambm pode ser utilizada a ao pauliana caso os imveis que valem R$ 240.000,00 sejam vendidos dolosamente por R$ 50.000,00. A fraude execuo (FE) diferencia-se da fraude contra credores (FC). Veja a tabela a seguir com as principais diferenas: Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 29

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO FRAUDE CONTRA CREDORES FRAUDE EXECUO defeito do negcio jurdico, regulada no direito privado (Cdigo Civil) incidente do processo, regulada no direito pblico (Cdigo de Processo Civil) Ocorre quando o devedor ainda no responde nenhuma ao ou execuo. Pressupe que exista uma demanda (ao) em andamento. S pode ser alegada em ao pauliana ou revocatria. Pode ser alegada incidentalmente; no depende da propositura de nenhuma ao especfica. Exige-se a prova da m-f do 3. adquirente, em se tratando de negcios onerosos. No exigida a prova da m-f do 3. adquirente, visto estar presumida. O outro vcio social, alm da fraude contra credores, a simulao que representa um acordo de vontade entre as partes para dar existncia real a um negcio jurdico fictcio, ou ento para ocultar o negcio jurdico realmente realizado, com o objetivo de violar a lei ou enganar terceiros. Conclui-se que so necessrios trs requisitos para a simulao: - acordo entre as partes, ou com a pessoa a quem ela se destina; - declarao enganosa de vontade; e - inteno de enganar terceiros ou violar a lei. So espcies de simulao: a) Simulao absoluta: ocorre quando as partes no pretendem realizar a celebrao de qualquer negcio jurdico. Ou seja, h um acordo simulatrio em que as partes pretendem que o negcio no produza nenhum efeito de modo a no produzir eficcia jurdica. Exs: emisso de ttulos de crdito, que no representam qualquer negcio, feita pelo marido, em favor de amigo, antes da separao judicial para prejudicar a mulher na partilha de bens; o proprietrio de uma casa alugada que, com a inteno de facilitar a ao de despejo contra seu inquilino, finge vend-la a terceiro que, residindo em imvel alheio, ter maior possibilidade Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 30

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO de vencer a referida demanda; o devedor que finge vender seus bens para evitar a penhora, etc. b) Simulao relativa: ocorre quando uma pessoa, sob a aparncia de um negcio fictcio, pretende realizar outro que o verdadeiro, diferente, no todo ou em parte, do primeiro. Ou seja, h nessa espcie de simulao, dois contratos, um aparente (simulado) e um real (dissimulado), sendo este o realmente desejado pelas partes. Como exemplo temos o homem casado que faz a doao de um imvel a sua "amante", mas providencia a lavratura de uma escritura de compra e venda. Neste caso a simulao relativa porque existe um ato simulado (compra e venda) praticado para esconder um ato dissimulado (doao). Vejamos o art. 167 do CC que trata da simulao relativa: Art. 167 do CC - nulo o negcio jurdico simulado, mas subsistir o que se dissimulou, se vlido for na substncia e na forma. Conclui-se que, dependendo da situao, o negcio real (dissimulado) pode subsistir sem se tornar nulo, caso no ofenda a lei nem cause prejuzos a terceiros. O grfico a seguir simboliza um negcio aparente (fictcio) escondendo a celebrao de um negcio real. Em se tratando da simulao relativa, nos termos do art. 167 do CC, possvel que subsista o negcio dissimulado se ele for vlido na substncia e na forma. Na simulao absoluta o negcio nulo e insuscetvel de convalidao. Na simulao relativa o negcio simulado ou fictcio (aparente) nulo, mas o negcio dissimulado (escondido) ser vlido se no ofender a lei nem causar prejuzos a terceiros. o que se depreende do art. 167 do CC. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 31

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO A simulao relativa pode ser de dois tipos: I. Simulao relativa subjetiva (ad personam): aquela em que a parte contratante no tira proveito do negcio por ser um sujeito aparente, ou seja, a parte aparente ("testa de ferro") repassa os direitos a uma terceira pessoa. Exs: o homem casado que simula doar um imvel a um amigo para que este o repasse "amante" do homem casado; venda realizada a um terceiro para que ele transmita a coisa a um descendente do alienante, a quem se tem a inteno de transferi-la desde o incio. II. Simulao relativa objetiva: ocorre quando o negcio jurdico (NJ) contm declarao no verdadeira a respeito do seu objeto, tal como uma escritura pblica de compra e venda com preo inferior ao real para burlar o fisco atravs do pagamento de um imposto menor. c) Simulao inocente: a que no objetiva violar a lei ou prejudicar terceiro. o que ocorre na doao mascarada feita por um homem solteiro a sua concubina. Parte da doutrina entende que por no prejudicar terceiro, deve ser considerada. Entretanto, o Conselho da Justia Federal entende o contrrio, conforme exteriorizado na III Jornada de Direito Civil, atravs do Enunciado 152: "Toda simulao, inclusive a inocente, invalidante". Exs: situao em que o de cujus antes de falecer, sem herdeiros necessrios, simula venda aparente a terceira pessoa a quem pretende deixar um legado; a prtica do "Fica", documento muito utilizado no Mato Grosso do Sul, em que uma das partes recebe dinheiro e declara ter recebido gado, que se obriga a devolver. d) Simulao maliciosa: a que objetiva fraudar a lei ou prejudicar terceiros. Nesse caso o ato ser nulo. Segue esquema grfico sobre a simulao: Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 32

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Os defeitos do negcio jurdico so imperfeies oriundas da declarao de vontade das partes acarretando nos vcios de consentimento do agente. Entretanto, h casos em que se tem uma vontade funcionando normalmente, havendo at mesmo correspondncia entre a vontade interna e sua manifestao, porm, ela se desvia da lei ou da boa-f, violando direitos ou prejudicando terceiros, sendo, dessa forma, o negcio jurdico suscetvel de invalidao. Trata-se dos vcios sociais. VCIOS DE CONSENTIMENTO: erro, dolo, leso, estado de perigo e coao. VCIOS SOCIAIS: simulao e fraude contra credores. CONVERSO DO NEGCIO JURDICO NULO Sobre a converso do negcio jurdico nulo, dispe o art. 170 do CC: Art. 170 do CC - Se, porm, o negcio jurdico nulo contiver os requisitos de outro, subsistir este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 33

CURSO ON-LINE -PROCON-DF -DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO Tal dispositivo consagra o princpio da conservao do negcio jurdico. Ocorre tal princpio quando o ato negocial nulo (nulidade absoluta) no pode prevalecer na forma pretendida pelas partes, mas, como seus elementos so idneos para caracterizar outro ato de natureza diversa, ento poder ocorrer a transformao, desde que isso no seja proibido taxativamente, como nos casos de testamento. Como exemplo, temos a transformao de um contrato de compra e venda nulo por defeito de forma (ex: imvel com valor superior a 30 salrios mnimos deve ter por forma uma escritura pblica, sendo nulo caso se proceda mediante instrumento particular) em um compromisso de compra e venda (este pode ser celebrado por instrumento particular). O contrato preliminar no precisa ser celebrado na forma necessria ao contrato final. Vide art. 462 do CC. Art. 462 do CC -O contrato preliminar, exceto quanto forma, deve conter todos os requisitos essenciais ao contrato a ser celebrado. por isso que o compromisso de compra e venda relativo a bens imveis com valor superior a trinta salrios mnimos no precisa ser celebrado atravs de uma escritura pblica, bastando um instrumento particular. Segue uma tabela para relembrar as definies de convalidao, confirmao e converso, pois tais conceitos sero necessrios para o entendimento do prximo tpico. NULIDAD NULIDADNULIDAD E EE CONFIRMAO um ato das partes contratantes com o objetivo de sanar o vcio do ato negocial. RELATIV RELATIVRELATIV A AA CONVALIDAO decorre do decurso de tempo que provoca a decadncia do direito de anular o negcio. NULIDADE ABSOLUTA CONVERSO a transformao do ato nulo em outro que contm os requisitos do primeiro. 34 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO Ou seja, a confirmao e a convalidao so institutos jurdicos inerentes ao negcio jurdico anulvel (nulidade relativa). J a converso um instituto do negcio jurdico nulo (nulidade absoluta). NULIDADE x ANULABILIDADE A nulidade absoluta se difere em vrios aspectos da nulidade relativa (anulabilidade). A seguir temos um quadro na forma de tabela enumerando as principais diferenas entre a nulidade absoluta (mais grave) e a nulidade relativa (menos grave). Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 35

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO perptua, Doraue imDrescritvel, ou seja, no suscetvel de confirmao pelas partes e nem convalesce pelo decurso do tempo (art. 169 do CC). provisria, pois est suieita a decadncia (4 ou 2 anos), convalidando-se pelo decurso de tempo. Sobre os prazos decadenciais para se pleitear a anulao do negcio jurdico, vejamos a questo no art. 178 do CC. Art. 178 do CC - de quatro anos o prazo de decadncia para pleitear-se a anulao do negcio jurdico, contado: I - no caso de coao, do dia em que ela cessar; II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou leso, do dia em que se realizou o negcio jurdico; III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade. Art. 179 do CC - Quando a lei dispuser que determinado ato anulvel, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulao, ser este de dois anos, a contar da data da concluso do ato. O direito de anulao do negcio jurdico, no caso dos vcios de consentimento ou social, decai em quatro anos. Entretanto, quando se tratar de coao moral, o incio deste prazo comea a partir do fim da coao (art. 178, I do CC). Numa situao onde haja previso de anulabilidade do ato, mas o Cdigo Civil no mencione um prazo, como no art. 496 do CC, o prazo ser de 2 anos. Art. 496 do CC - anulvel a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cnjuge do alienante expressamente houverem consentido. Pargrafo nico. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cnjuge se o regime de bens for o da separao obrigatria. Vejamos como as bancas e, principalmente, a FGV gosta de cobrar o assunto estudado at agora. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 36

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO LISTA DAS QUESTES COMENTADAS 1. (FCC - TJ/PA - Analista Judicirio - Direito - 2009) No que tange aos negcios jurdicos pode-se afirmar que (A) os negcios neutros podem ser enquadrados entre os onerosos ou os gratuitos. (B) nos negcios jurdicos onerosos nem sempre ambos os contratantes auferem vantagens. (C) no h nenhum negcio que no possa ser includo na categoria dos onerosos ou dos gratuitos. (D) nos negcios jurdicos gratuitos s uma das partes aufere vantagens ou benefcios. (E) os negcios celebrados inter vivos no se destinam obrigatoriamente a produzir efeitos desde logo, ainda que estando vivas as partes. Anlise das alternativas: (A) ERRADA. Os negcios bifrontes podem ser enquadrados entre os onerosos ou os gratuitos. (B) ERRADA. Nos negcios jurdicos onerosos sempre ambos os contratantes auferem vantagens. (C) ERRADA. Os negcios bifrontes podem ser includos na categoria dos onerosos ou dos gratuitos. (D) CERTA. (E) ERRADA. Os negcios inter vivos se destinam a produzir efeitos enquanto os interessados esto vivos. Gabarito: D. 2. (FGV - TCM-RJ - PROCURADOR - 2008) A afirmativa "Pagarei a coisa adquirida quando a revender" representa condio: (A) puramente potestativa. (B) simplesmente potestativa. (C) eventual. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 37

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO (D) resolutiva. (E) suspensiva. A situao da questo conjuga a vontade de uma parte (revender a coisa adquirida), com fatores externos (algum comprar). Ou seja, trata-se de uma condio simplesmente potestativa. Gabarito: B 3. (FGV - ADVOGADO - BESC - 2004) Denominam-se vcios do consentimento: (A) erro, simulao e fraude. (B) dolo, simulao e coao. (C) fraude, coao e dolo. (D) erro, dolo e coao. (E) erro, dolo e simulao. Quando a questo no mencionar qual o tipo de coao, ento deve ser utilizada a coao moral, pois a nica tratada pelo CC. Segue quadro apresentado na teoria. VCIOS DE CONSENTIMENTO: erro, dolo, leso, estado de perigo e coao. VCIOS SOCIAIS: simulao e fraude contra credores. Gabarito: D 4. (FGV - ADVOGADO - BESC - 2004) Todo ato jurdico ser considerado NULO de pleno direito: I. quando for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; II. quando praticado com vcio resultante de erro, dolo e simulao; III. quando praticado com vcio resultante de coao ou fraude; Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 38

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO IV. quando praticado por pessoa relativamente incapaz. Assinale: (A) se somente a afirmativa I estiver correta (B) se somente a afirmativa II estiver correta (C) se somente a afirmativa IV estiver correta (D) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas (E) se todas as afirmativas estiverem corretas Quando a questo, em seu enunciado, faz meno expresso "nulo de pleno direito", est se referindo nulidade absoluta, diferente da nulidade relativa (anulabilidade). O art. 166 do CC, enumera as hipteses de nulidade absoluta, ao passo que o art. 171 do CC enumera as hipteses de nulidade relativa: Anlise das afirmativas: I. CORRETA. De acordo com o art. 166, V do CC. II. ERRADA. Os vcios resultantes de erro e dolo so casos de nulidade relativa, conforme o art. 171, II do CC. III. ERRADA. Os vcios resultantes de coao ou fraude so casos de nulidade relativa, conforme o art. 171, II do CC. IV. ERRADA. A incapacidade relativa do agente, sem a devida assistncia, nos termos do art. 171, I do CC, causa de nulidade relativa. Gabarito: A 5. (CGJ/ES - Atividade Notarial e de Registro - 2007) A respeito do negcio jurdico, considere: I. Objeto indeterminvel. II. Coao. III. Leso. IV. Objeto ilcito. V. Dolo. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 39

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO VI. Incapacidade relativa do agente. Implicam em nulidade do negcio jurdico as causas indicadas SOMENTE em (A) I, III e V. (B) I e IV. (C) II, III e VI. (D) II, IV e V. (E) IV, V e VI. Base Legal: Arts. 166, II e 171 do CC. Quando a banca se referir ao termo nulidade sem mencionar se absoluta ou relativa, devemos levar em considerao a absoluta. Quando a banca mencionar a coao sem mencionar se moral ou fsica, devemos levar em considerao a coao moral, pois esta a abordada pelo Cdigo Civil. Gabarito: B. 6. (FGV - ADVOGADO - SENADO FEDERAL - 2008) Solange de Paula move ao anulatria em face do Hospital das Clnicas. Ocorre que, necessitando internar seu marido, no encontrou vaga no SUS, logrando xito em conseguir a internao em hospital da rede privada, no integrante da rede SUS. O hospital exigiu o depsito de R$ 3,5 mil para a internao e mais R$ 360,00 para exames. Entregues os cheques, aps o atendimento, Carmem ingressou em juzo para anular o negcio jurdico. Assinale o melhor fundamento para sua pretenso. (A) onerosidade excessiva (B) leso (C) estado de perigo (D) enriquecimento sem causa (E) venire contra factum proprium Vamos tratar de cada uma das opes: Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 40

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO (A) ERRADA. Atravs do art. 478 do CC, ficou consagrada a teoria da impreviso. Art. 478 do CC - Nos contratos de execuo continuada ou diferida, se a prestao de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinrios e imprevisveis, poder o devedor pedir a resoluo do contrato. Os efeitos da sentena que a decretar retroagiro data da citao. A Teoria da Impreviso, est relacionada com a ocorrncia de um fato superveniente que traga vantagem excessiva para uma das partes e prejuzo excessivo para a outra, pois, neste caso, o contrato poder ser rescindido, desde que tal fato seja extraordinrio e de difcil ou impossvel previso. a tambm chamada clusula "rebus sic stantibus", pela qual a relao jurdica deve ser mantida enquanto perdurar a situao ftica que originalmente a ensejou. (B) ERRADA. A leso um vcio de consentimento decorrente do abuso praticado em situao de desigualdade de um dos contratantes, por estar sob premente necessidade, ou por inexperincia, com o objetivo de proteglo diante do prejuzo sofrido na concluso de um negcio jurdico em decorrncia da desproporo existente entre as prestaes das duas partes. Trata-se de um dano patrimonial. (C) CERTA. O estado de perigo representa a assuno de uma obrigao excessivamente onerosa (exorbitante) para evitar um dano pessoal que do conhecimento da outra parte contratante. Grosseiramente falando, o declarante de encontra diante de uma situao que deve optar entre dois males: sofrer o dano (dano prprio, dano a pessoa da famlia ou dano a pessoa que no parente, de acordo com o juiz) ou participar de um contrato que lhe excessivamente oneroso. (D) ERRADA. O enriquecimento sem causa o acrscimo de bens que se verifica no patrimnio de um sujeito, em detrimento de outrem, sem que para isso tenha um fundamento jurdico. O art. 884 do CC trata o assunto: 41 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO Art. 884 do CC - Aquele que, sem justa causa, se enriquecer custa de outrem, ser obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualizao dos valores monetrios. Pargrafo nico. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu obrigado a restitu-la, e, se a coisa no mais subsistir, a restituio se far pelo valor do bem na poca em que foi exigido. (E) ERRADA. Diz o art. 422 do CC: Art. 422 do CC - Os contratantes so obrigados a guardar, assim na concluso do contrato, como em sua execuo, os princpios de probidade e boa-f. Segundo os princpios da probidade e da boa f, as partes de um contrato tm o dever de agir com honradez, denodo, lealdade, honestidade e confiana recprocas. Em decorrncia do dispositivo legal em questo, foi aprovado o Enunciado 362 na IV Jornada de Direito CIvil do CJF: 362- Art. 422. A vedao ao comportamento contraditrio (venire contra factum proprium) funda-se na proteo da confiana, tal como se extrai dos arts. 187 e 422 do Cdigo Civil. Para concluir, o venire contra factum proprium parte da idia de que as partes, em decorrncia da confiana que permeia a relao jurdica, devem agir de maneira coerente, seguindo a sua linha de conduta, e, portanto, no podem contrariar repentinamente tal conduta, por meio de um ato posterior. Exatamente por isso o contratante no pode contrariar a sua prpria atitude. Gabarito: C. O estado de perigo o instituto jurdico que melhor se amolda ao enunciado da questo. 7. (FGV - ADVOGADO - SENADO FEDERAL - 2008) Em relao fraude, avalie as afirmativas a seguir, atribuindo V para verdadeiro e F para falso. ( ) A fraude contra credores representa a frustrao do direito potestativo do credor em receber o que lhe devido. 42 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO ( ) O animus de prejudicar no elemento constitutivo da fraude contra credores. ( ) Para que a fraude execuo possa ser reconhecida indispensvel haver uma lide proposta. ( ) Para o reconhecimento da fraude contra credores necessrio propor a ao pauliana. ( ) A fraude execuo tem como conseqncia a anulabilidade do ato fraudulento. Assinale a seqncia correta de cima para baixo. (A) V -F - V - F - V (B) F - F - V - V - F (C) F - V - V - F -F (D) F - V - F - V - F (E) V -V -F -V -F Anlise das afirmativas: I. ERRADA. Estudaremos por ocasio do tpico prescrio e decadncia as diferenas entre um direito subjetivo e um direito potestativo. De modo que, a fraude contra credores representa a frustrao de um direito subjetivo. II. ERRADA. Nos negcios ttulo gratuito e remisses de dvidas, o animus de prejudicar, elemento subjetivo, no necessrio. Entretanto, nos negcios onerosos, o elemento subjetivo necessrio para que se configure a fraude contra credores. III. CERTA. Para que seja reconhecida a fraude contra credores, necessrio que os credores prejudicados ingressem com uma ao pauliana, tambm chamada de revocatria. IV. CERTA. Conforme comentrios da afirmativa anterior. V. ERRADA. A fraude execuo (FE) diferencia-se da fraude contra credores (FC). A anulabilidade do ato decorrente da fraude contra credores. Reveja a tabela na aula que diferencia fraude contra credores e fraude execuo. Gabarito: B Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 43

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO 8. (FGV - FISCAL DE RENDAS - MS - 2006) Com a inteno deliberada de prejudicar outrem, ps-data-se o instrumento de negcio jurdico. Aponte o vcio ligado a esse procedimento. (A) dolo acidental (B) erro substancial (C) simulao (D) erro acidental (E) fraude O outro vcio social, alm da fraude contra credores, a simulao que representa um acordo de vontade entre as partes para dar existncia real a um negcio jurdico fictcio, ou ento para ocultar o negcio jurdico realmente realizado, com o objetivo de violar a lei ou enganar terceiros. Conclui-se que so necessrios trs requisitos para a simulao: - acordo entre as partes, ou com a pessoa a quem ela se destina; - declarao enganosa de vontade; e - inteno de enganar terceiros ou violar a lei. Gabarito: C 9. (FGV - AGENTE TRIBUTRIO ESTADUAL - MS - 2006) A emisso de ttulo de crdito visando a encobrir ato ilegal configura: (A) simulao relativa subjetiva. (B) simulao relativa objetiva. (C) simulao absoluta. (D) dolo. (E) erro. Para simplificar, o enunciado da questo trata de um negcio que visa encobrir outro (simulao relativa) e que se refere ao ttulo de crdito, objeto do negcio (simulao relativa objetiva). Gabarito: B. 44 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO 10. (FGV FISCAL DE RENDAS RJ - 2007) Quando a lei dispuser que determinado ato anulvel, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulao, ser esta de: (A) 1 ano. (B) 5 anos. (C) 3 anos. (D) 2 anos. (E) 4 anos. A soluo da questo est no art. 179 do CC. A anulao do negcio jurdico, no caso dos vcios de consentimento ou social, decai em quatro anos. Em todas as hipteses da Parte Especial do CC que a lei falar que o ato anulvel, porm sem estabelecer prazo, este ser de dois (2) anos contados da concluso do ato. Gabarito: D 11. (FGV - FISCAL DE RENDAS - RJ - 2010) Com relao validade dos negcios jurdicos, analise as afirmativas a seguir. I. Quando a lei dispe que determinado negcio jurdico anulvel, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulao, este prazo ser de 2 anos, a contar da data da concluso do ato. II. Quando a lei probe a prtica de um negcio jurdico sem, no entanto, cominar sano, o negcio jurdico ser nulo. III. O prazo para pleitear-se a anulao de negcio jurdico no caso de erro, dolo, coao, fraude contra credores, estado de perigo ou leso contado do dia em que se realizou o negcio jurdico. Assinale: (A) se todas as afirmativas estiverem corretas. (B) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. (C) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. (D) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. (E) se somente a afirmativa III estiver correta. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 45

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO Anlise das afirmativas: I. CERTA. Semelhante questo 10. II. CERTA. A base legal da assertiva est no art. 166, VII do CC. Art. 166. nulo o negcio jurdico quando: [...]. VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prtica, sem cominar sano. III. ERRADA. O erro da questo est na coao, pois o prazo decadencial contado a partir do dia que cessar a coao, nos termos do art. 178, I do CC. Gabarito: B 12. (FGV - JUIZ SUBSTITUTO - TJ-MS - 2005) Assinale a alternativa correta. (A) No apreciar a coao, ter-se-o em conta o sexo, a idade, a condio, a sade, o temperamento do paciente e todas as demais circunstncias que possam influir na gravidade dela. (B) O simples temor reverencial capaz de caracterizar uma das modalidades de coao. (C) A insolvncia notria no motivo para tornar anulveis os contratos onerosos do devedor insolvente. (D) nulo o negcio jurdico simulado, no subsistindo o que se dissimulou, ainda que vlido na substncia e na forma. (E) de 5 (cinco) anos o prazo de decadncia para pleitear-se a anulao do negcio jurdico. Anlise das alternativas: (A) CERTA. Conforme o art. 152 do CC. (B) ERRADA. Segundo o art. 153 do CC, o simples temor reverencial no capaz de anular o negcio jurdico. (C) ERRADA. A anulao, em caso de insolvncia, poder ocorrer atravs da fraude contra credores. (D) ERRADA. Nos termos do art. 167 do CC, o negcio dissimulado poder subsistir se for vlido na substncia e na forma. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 46

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO (E) ERRADA. Conforme os arts. 178 e 179 do CC, os prazos para se pleitear a anulao do negcio jurdico podem ser de 2 anos ou de 4 anos. Gabarito: A Aproveitando a publicao do edital do ICMS/DF, vejamos algumas questes da banca organizadora deste importante concurso, a Fundao Universa; 13. (FUNIVERSA - CEB - Advogado - 2010) O negcio jurdico anulvel quando (A) celebrado no intuito de fraudar lei imperativa. (B) contiver declarao ou clusula no verdadeira. (C) for indeterminvel o seu objeto. (D) contiver vcio resultante de dolo. (E) deixar de observar solenidade essencial para sua validade, conforme definido em lei. Questo simples com base nos arts. 166 e 171 do CC. Nas alternativas A, B, C e E temos hipteses de nulidade absoluta. A nica opo que trata de um caso de nulidade relativa (anulabilidade) a alternativa D. Gabarito: D 14. (FUNIVERSA - APEX - Analista Junior - 2006) Assinale a alternativa correta. (A) Um terremoto, um homicdio, o casamento e a aquisio de um bem imvel so atos jurdicos. (B) O conjunto de faculdades e direitos, em estado de potencialidade e reunidos numa pessoa, consiste na capacidade de direito. (C) Joo menor de dezessete anos, Maria casada civilmente com Manoel e Antnio prdigo. Todas estas pessoas, segundo o Cdigo Civil Brasileiro em vigor, so consideradas relativamente incapazes. 47 Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO (D) So elementos essenciais validade dos atos jurdicos agente capaz, forma prescrita e no defesa em lei, objeto lcito e nmero determinado de partes. (E) Todas as alternativas acima esto corretas. Anlise das alternativas: (A) ERRADA. Os atos jurdicos derivam de uma ao humana. Dessa forma, no se pode afirmar que o terremoto um ato jurdico. (B) CERTA. Conforme estudado na aula passada, a capacidade de direito adquirida junto com a personalidade ao nascer com vida. (C) ERRADA. As pessoas casadas, se forem menores, adquirem a emancipao e deixam de ser consideradas relativamente incapazes. (D) ERRADA. No h necessidade de um nmero determinado de partes, pois o negcio jurdico pode ser unilateral, bilateral, ou plurilateral. (E) ERRADA. As alternativas A, C e D esto incorretas. Gabarito: B 15. (FUNIVERSA - APEX - Consultor Pleno - 2006) Assinale a alternativa correta. (A) O ato jurdico praticado por Joo, interditado por absoluta incapacidade, sem qualquer interveno do representante legal, passivo de anulao posterior. (B) O erro, o dolo, a coao e a simulao so elementos acidentais dos atos jurdicos. (C) exemplo de condio a venda vista de um bem imvel situado na Avenida Beira Mar, com a condio de que o contrato adote a forma de escritura pblica para posterior registro. (D) No corre a prescrio contra os menores de dezesseis anos, entre ascendentes e descendentes durante o ptrio poder e contra os ausentes do territrio nacional a servio da Unio, Estados e Municpios. (E) Todas as alternativas acima esto corretas. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 48

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO Anlise das alternativas: (A) ERRADA. O ato jurdico em questo passivo de nulidade absoluta e no de anulao. (B) ERRADA. Os elementos acidentais do negcio jurdico so a condio, o termo e o encargo. (C) ERRADA. A forma prescrita em lei um elemento essencial do negcio jurdico e no uma condio. (D) CORRETA. Assunto a ser estudado na prxima aula. (E) ERRADA. Apenas a alternativa D est correta. Gabarito: E 16. (FUNIVERSA - PC/DF - Delegado - 2009) A respeito dos defeitos do ato jurdico em sentido amplo, assinale a alternativa correta. (A) O dolo acidental, por no ser vcio de consentimento nem causa do contrato, no acarretar a anulao do negcio jurdico, obrigando apenas satisfao de perdas e danos ou a uma reduo da prestao convencionada. (B) Ressalvado o direito de terceiros, o vcio resultante da coao acarreta a nulidade absoluta do ato jurdico stricto sensu; no entanto, ser passvel de ratificao pelas partes. (C) nulo o negcio jurdico quando viciado por estado de perigo. (D) O erro e a coao constituem vcios sociais. (E) A desproporo superveniente entre as prestaes relativas ao negcio jurdico constitui elemento indispensvel para a caracterizao do vcio de leso. Anlise das alternativas: (A) CERTA. Conforme o art. 146 do CC. (B) ERRADA. Quando a questo no mencionar qual tipo de coao est sendo mencionada, devemos adotar a coao moral, que causa de nulidade relativa e no absoluta. (C) ERRADA. O estado de perigo torna o negcio jurdico anulvel. (D) ERRADA. O erro e a coao so vcios de consentimento. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 49

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO (E) ERRADA. A leso se caracteriza pela desproporo no momento da celebrao do negcio e no em um momento posterior (superveniente). 17. (FUNIVERSA - PC/DF - Delegado - 2009) A respeito do negcio jurdico, assinale a alternativa correta. (A) A declarao judicial de nulidade do negcio jurdico produz efeitos ex nunc. (B) O ato negocial que deixar de revestir a forma especial determinada por lei ser anulvel. (C) A derrelio tipifica exemplo de negcio jurdico lcito. (D) causa de nulidade do negcio jurdico a impossibilidade absoluta superveniente do seu objeto. (E) A vontade do agente tipifica a existncia de elemento acidental do negcio jurdico. Anlise das alternativas: (A) ERRADA. A nulidade absoluta produz efeitos ex tunc. (B) ERRADA. O ato negocial que deixar de revestir a forma especial determinada por lei ser nulo. (C) ERRADA. A derrilio significa abandono. Tal instituto previsto no art. Art. 1.276. do CC: Art. 1.276 do CC - O imvel urbano que o proprietrio abandonar, com a inteno de no mais o conservar em seu patrimnio, e que se no encontrar na posse de outrem, poder ser arrecadado, como bem vago, e passar, trs anos depois, propriedade do Municpio ou do Distrito Federal, se se achar nas respectivas circunscries. Trata-se de um ato jurdico, pois os efeitos (transferncia da propriedade para o Municpio ou DF) esto descritos em lei. Ou seja, os efeitos no decorrem da vontade das partes. (D) CERTA. O objeto impossvel causa de nulidade absoluta. (E) ERRADA. A vontade do agente um elemento essencial subjetivo do negcio jurdico. Gabarito: D Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 50

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO 18. (FUNIVERSA - PC/DF - Delegado - 2009) Acerca dos fatos jurdicos, assinale a alternativa correta. (A) Os fatos jurdicos voluntrios independem da vontade do homem, porm, no so a ele estranhos, uma vez que atingem as relaes jurdicas, e, como o homem o seu sujeito, a ele interessam. (B) O ato-fato decorre da ao ou conduta humana lcita que gera conseqncia jurdica ainda que a pessoa no tenha vontade que o efeito se verifique. (C) O fato ilcito, para produzir efeitos, submete-se ao plano da validade jurdica. (D) O decurso do tempo constitui ato jurdico em sentido estrito. (E) O dever que tem o pai de cuidar do filho que acabou de nascer configura exemplo de fato jurdico dispositivo. Anlise das alternativas: (A) ERRADA. Se o fato jurdico voluntrio, ento h relao de dependncia com a vontade humana. (B) CERTA. Os atos-fatos (expresso utilizada por parte da doutrina) so certas aes humanas que a lei encara como fatos, sem levar em considerao a vontade, a inteno ou a conscincia do agente. Como exemplo, temos o louco (ausncia de vontade) que se torna proprietrio ao achar um tesouro. (C) ERRADA. O plano da validade jurdica aplicvel aos negcios jurdicos. (D) ERRADA. O decurso de tempo constitui um fato jurdico ordinrio. (E) ERRADA. O fato jurdico um acontecimento que produz efeitos no mundo jurdico. Dessa forma, o fato jurdico o nascimento do filho que produz como efeitos o dever o pai. Gabarito: B 19. (CEPERJ - CEDAE - Advogado - 2009) De acordo com as regras ' f 7 u m mm do Cdigo Civil, o silncio no negcio jurdico significa: (A) ocorrncia em que se autoriza ao juiz decidir de acordo com a analogia, os costumes e os princpios gerais de direito. Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 51

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO (B) declarao de vontade positiva, somente na falta de dispositivo legal regulando a hiptese. (C) declarao de vontade negativa, somente na falta de dispositivo legal regulando a hiptese. (D) ausncia de declarao de vontade, salvo nos casos em que no se possa exigir declarao de vontade expressa. (E) anuncia, quando as circunstncias ou os usos o autorizarem, e no for necessria a declarao de vontade expressa. A questo tem como base legal o art. 111 do Cdigo Civil: Art. 111. O silncio importa anuncia, quando as circunstncias ou os usos o autorizarem, e no for necessria a declarao de vontade expressa. Gabarito: E 20. (CEPERJ - IPEM - Advogado - 2010) Com base no Cdigo Civil, correto afirmar que o silncio: (A) deve ser considerado como anuncia, em qualquer situao jurdica. (B) significa expresso de desaprovao tcita, salvo disposio legal em contrrio. (C) representa sempre ausncia de manifestao de vontade. (D) produzir efeitos jurdicos em determinadas circunstncias. (E) importar manifestao expressa de vontade quando a lei determinar. Conforme os comentrios da questo anterior, possvel que o silncio de uma partes produza efeitos jurdicos como aceitao em determinadas circunstncias jurdicas. Gabarito: D 21. (CEPERJ - PC-RJ - Delegado - 2009) Ao ver que sua embarcao naufragava, Mvio, avistando Caio em outro barco, prometeu-lhe Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 52

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO quantia vultosa para que ele o salvasse. Analisando a questo proposta, responda qual a afirmativa correta: (A) Trata-se do defeito do negcio jurdico denominado leso, pois, no caso em apreo, uma pessoa, sob premente necessidade, se obriga a prestao manifestamente desproporcional ao valor da prestao oposta. (B) Trata-se do defeito do negcio jurdico denominado coao, pois, no caso em apreo, uma pessoa sob fundado temor de dano iminente e considervel sua pessoa, emite declarao de vontade. (C) Trata-se do defeito do negcio jurdico denominado estado de perigo, pois, no caso em apreo, algum premido da necessidade de salvar-se de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigao excessivamente onerosa. (D) Trata-se do defeito do negcio jurdico denominado onerosidade excessiva, pois, no caso em apreo, uma pessoa assume obrigao excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra pessoa. (E) No caso em apreo, pode-se afirmar que no esto presentes os defeitos do negcio jurdico disciplinados pelo Cdigo Civil. De acordo com a situao apresentada no enunciado, a oferta ocorreu em uma situao de risco pessoal, dessa forma, ficou caracterizado o vcio de consentimento denominado estado de perigo e, por isso, o negcio jurdico passvel de anulao. Gabarito: C 22. (CEPERJ - PC-RJ - Delegado - 2009) No Cdigo Civil de 2002, a simulao considerada hiptese de nulidade, no sendo mais disciplinada entre as causas de anulao dos negcios, conforme estabelecia o Cdigo Civil anterior. Assim, correto afirmar que: (A) Assim como no regime anterior, o Cdigo Civil de 2002 prev expressamente que a simulao inocente no gera a invalidade. (B) Haver simulao nos negcios jurdicos quando aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas s quais realmente se conferem, ou transmitem, quando contiverem Prof. Dicler Ferreira www.pontodosconcursos.com.br 53

CURSO ON-LINE - PROCON-DF - DIREITO CIVIL FISCAL DE DEFESA DO CONSUMIDOR / DIREITO E LEGISLAO declarao, confisso, condio ou clusula no verdadeira ou, ainda, quando os instrumentos particulares forem antedatados ou ps-datados. (C) Na simulao, bem como na reserva mental, o declarante manifesta vontade para a realizao de negcio que no deseja, mas sem o conhecimento da outra parte. (D) Para a caracterizao da simulao maliciosa, exige-se a inteno de prejudicar e o efetivo prejuzo de terceiro. (E) nulo o negcio jurdico simulado e no subsistir o que se dissimulou, mesmo se vlido for na substncia e na forma. A questo tem como base o art. 167 do Cdigo Civil: Art. 167. nulo o negcio jurdico simulado, mas subsistir o que se dissimulou, se vlido for na substncia e na forma. 1o Haver simulao nos negcios jurdicos quando: I - aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas s quais realmente se conferem, ou transmitem; II - contiverem declarao, confisso, condio ou clusula no verdadeira; III - os instrumentos particulares forem antedatados, ou ps-datados. 2o Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-f em face dos contraentes do negcio jurdico simulado. Gabarito: B 23. (CEPERJ - SEE-RJ - Professor de Direito e Legislao - 2007) No que concerne validade de um negcio jurdico, possvel afirmar que: (A) a reserva mental conhecida pelo destinatrio no macula o ajuste. (B) o contrato celeb