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 C CU UR RS SO O O ON N- - L L I I N NE E   D DI I R RE EI I T TO O C CI I V VI  I L L -  - R RE EG GU UL L  A  A R R P PR RO OF FE ES SS SO OR R: :  L L  A  A U UR RO O E ES SC CO OB B  A  A R R w ww ww w. p po on nt t o od do os sco on nc cu ur r s so os s. c co om m. br . br 1 1 AULA 05 FAT OS E ATO S JU DI COS =  S E G U N D A P A R TE = Meus Amigos e Alunos. Como vimos na aula anterior, Fato Jurídico é aquele que a lei atribui alguns efeitos. Ele pode ser dividido em Fato Natural e Fato Humano. Já analisamos o Fato Jurídico Natural (também chamado de Fato Jurídico em Sentido Estrito), sua classificação, a Prescrição e a Decadência, etc. Na aula de hoje vamos nos ater ao Fato Jurídico Humano, que é o acontecimento que depende da vontade humana (há quem diga que o termo  ‘vontade humana’ seria uma redundância, pois somente o homem teria  ‘vontade’; no entanto o termo tem sido aceito normalmente), abrangendo tanto os atos lícitos como os também ilícitos. Eu diria que a aula de hoje é mais “light” do que a anterior; ela é menos teórica. É mais dinâmica e estaremos diante de muitos casos que vivenciamos em nosso dia a dia. Portanto, antes de começar a aula propriamente dita eu sempre relembro meus alunos que este é um curso preparatório para Concursos Públicos. Assim, não devemos nos perder em detalhes, em episódios que podem ocorrer em nossas vidas e em casos particulares, mas que não trazem nenhuma repercussão para uma prova de um concurso. O importante é conhecer cada um dos institutos e suas peculiaridades. No entanto, se por um lado esta aula é bem mais dinâmica e menos teórica, por outro lado é bem mais longa... Então... vamos ao que interessa. Como vimos, o Fato Jurídico Humano (aquele que depende da vontade do ser humano) também pode ser subdividido em Ato Jurídico (em sentido amplo) e Ato Ilícito. A consequência da prática de um ato lícito é a obtenção de um direito. Já a prática do ato ilícito gera o dever de reparar os danos. Vamos analisar as particularidades de cada item des ta subdivisão:  1) ATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO (também chamado pela doutrina de Ato Jurídico Voluntário). Pode ser classificado em: a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (ou meramente lícitos)  ⎯  quando se tem por objetivo a mera realização da vontade do agente. Exemplos: o reconhecimento de um filho, a fixação de domicílio, o perdão, a confissão, etc. A vontade é importante para a realização do ato, mas não quanto à produção dos efeitos desde ato, pois os efeitos decorrem da lei. b) Negócio Jurídico  ⎯  quando se procura criar normas para regular interesses das partes, harmonizando vontades que aparentam ser antagônicas e que se subordinam às disposições comuns. A ação humana

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AULA 05

FATOS E ATOS JURÍD I COS 

= SEGUNDA PARTE = 

Meus Amigos e Alunos. Como vimos na aula anterior, Fato Jurídico éaquele que a lei atribui alguns efeitos. Ele pode ser dividido em Fato Natural eFato Humano. Já analisamos o Fato Jurídico Natural (também chamado de FatoJurídico em Sentido Estrito), sua classificação, a Prescrição e a Decadência, etc.Na aula de hoje vamos nos ater ao Fato Jurídico Humano, que é oacontecimento que depende da vontade humana (há quem diga que o termo

 ‘vontade humana’ seria uma redundância, pois somente o homem teria ‘vontade’; no entanto o termo tem sido aceito normalmente), abrangendo tantoos atos lícitos como os também ilícitos.

Eu diria que a aula de hoje é mais “light” do que a anterior; ela é menosteórica. É mais dinâmica e estaremos diante de muitos casos que vivenciamosem nosso dia a dia. Portanto, antes de começar a aula propriamente dita eusempre relembro meus alunos que este é um curso preparatório paraConcursos Públicos. Assim, não devemos nos perder em detalhes, emepisódios que podem ocorrer em nossas vidas e em casos particulares, mas quenão trazem nenhuma repercussão para uma prova de um concurso. O

importante é conhecer cada um dos institutos e suas peculiaridades.No entanto, se por um lado esta aula é bem mais dinâmica e menos

teórica, por outro lado é bem mais longa...

Então... vamos ao que interessa.

Como vimos, o Fato Jurídico Humano (aquele que depende da vontadedo ser humano) também pode ser subdividido em Ato Jurídico (em sentidoamplo) e Ato Ilícito. A consequência da prática de um ato lícito é a obtenção deum direito. Já a prática do ato ilícito gera o dever de reparar os danos. Vamos

analisar as particularidades de cada item desta subdivisão: 1) ATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO (também chamado pela doutrina deAto Jurídico Voluntário). Pode ser classificado em:

a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (ou meramente lícitos)  ⎯  quando setem por objetivo a mera realização da vontade do agente. Exemplos: oreconhecimento de um filho, a fixação de domicílio, o perdão, a confissão,etc. A vontade é importante para a realização do ato, mas não quanto àprodução dos efeitos desde ato, pois os efeitos decorrem da lei.

b)  Negócio Jurídico   ⎯  quando se procura criar normas para regularinteresses das partes, harmonizando vontades que aparentam serantagônicas e que se subordinam às disposições comuns. A ação humana

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visa alcançar uma finalidade específica. Exemplos: um contrato (de locação,de compra e venda, etc.), um testamento, a adoção, etc. Observem que emtodos esses atos os efeitos são os desejados pelas partes.

2) ATO ILÍCITO (também chamado de Fato Jurídico Involuntário)  ⎯ quando a

conduta (consciente e voluntária) do ser humano transgride um dever jurídico,acarretando consequências jurídicas alheias à vontade do agente, como areparação do dano (que veremos na próxima aula, oportunidade em quetambém analisaremos a Responsabilidade Civil). O ato ilícito, embora seja umfato jurídico (pois causa repercussão no direito) não é ato jurídico, pois acaracterística essencial do ato jurídico é que este tem de ser lícito. O ato ilícito,ao invés de direitos, cria deveres (indenização, reparação do dano).

Vamos, então, analisar o ato jurídico em sentido estrito e o negócio jurídico, que são espécies do gênero ato jurídico em sentido amplo. Lembrandoque negócio jurídico é o tema mais importante, conforme veremos.

ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO

Como vimos acima, no Ato Jurídico em Sentido Estrito há umarealização de vontade do agente, mas as suas consequências são as previstasem lei e não as que porventura queiram as partes. Por isso ele é pobre emconteúdo. Quem pratica um ato jurídico em sentido estrito obtém apenas oefeito já preestabelecido na lei e não os desejados pelas partes interessadas.

O exemplo clássico é o reconhecimento de um filho. Digamos que uma

pessoa (“A”) teve um relacionamento amoroso fora do casamento. Desserelacionamento nasceu um filho (“B”). “A” quer apenas reconhecer “B” como seufilho. Mas ao reconhecê-lo como tal, independentemente da sua vontade (etambém da vontade do filho), surgem diversos efeitos legais, obrigatórios,como o direito ao nome, poder familiar, obrigação de prestar alimentos, direitossucessórios, etc. Assim, reconhecido um filho, os efeitos decorrentes do atonão dependem da vontade da pessoa que fez o reconhecimento, mas sim da lei.Por tal motivo, não se pode reconhecer um filho sob condições, a termo ou comencargos.

Vamos supor que no exemplo dado, o pai reconhece o filho, mas faz

algumas ressalvas: eu quero reconhecê-lo como meu filho, mas... eu soucasado... tenho outros filhos com minha esposa... não gostaria que esta pessoareconhecida fosse meu herdeiro... (Pergunto: isso pode?) Mais... também nãogostaria que esta pessoa tivesse o meu nome... afinal de contas é um filhohavido fora do casamento.... (Pergunto: isso pode?) E mais... além disso... nãogostaria de ter que pagar a pensão alimentícia... Mas o resto eu aceito...(Pergunto novamente: isso pode? Aliás... o que seria este “resto”?). Resposta atodas as indagações: NÃO!!!. Lógico que o pai não pode fazer isso. Uma vezreconhecido um filho, o pai não pode dizer que não deseja que ele seja seuherdeiro, ou que não tenha o seu nome, ou se escuse de pagar a pensão

alimentícia. Como vimos, a situação “reconhecer um filho”, traz comoconsequências legais e obrigatórias todos aqueles efeitos acima citados. O pai

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pode desejar ou não aqueles efeitos. Tanto faz... Os efeitos ocorrerão,independentemente da vontade do agente, pois eles são impostos pela lei.

Outro exemplo: quando uma pessoa notifica outra, obtém o efeito previstona lei de constituir o devedor em mora. Querendo ou não este efeito. Isto é,

mesmo que o notificante não queira este efeito, ele ocorre independentementede sua vontade.

Resumindo: O Ato Jurídico em Sentido Estrito é o que geraconsequências jurídicas previstas em lei, independentemente da vontade daspartes interessadas, não havendo regulamentação da autonomia privada.A doutrina acrescenta que estes atos são unilaterais, ou seja, basta uma únicamanifestação de vontade para que se tornem perfeitos. Acrescenta também queeles são potestativos, isto é, influem na esfera jurídica de outra pessoa semque esta pessoa possa evitar.

NEGÓCIO JURÍDICO

Conceito

Negócio Jurídico é uma espécie do gênero ato jurídico em sentidoamplo. É o ato destinado à produção de efeitos jurídicos, desejados peloagente e tutelados pela lei. É toda ação humana, de autonomia privada, como qual o particular regula por si os próprios interesses, havendo umacomposição de interesses.

Objeto

O exemplo clássico de Negócio Jurídico é o contrato. Qualquer tipo decontrato. Num contrato as partes contratantes acordam que devem conduzir-sede determinado modo, uma em face da outra. Vamos tomar como exemplo umcontrato de locação. Nele, uma das partes se compromete a fornecer a outra,durante certo lapso de tempo, o uso e gozo de uma coisa infungível. Por outrolado a outra parte se obriga a remunerar este uso. Trata-se do aluguel. Osefeitos deste negócio devem ser totalmente previstos e desejados pelaspartes. Qual o valor da locação? Qual o prazo da locação? Qual o dia que deveser efetuado o pagamento? Qual o local em que o pagamento vai ser efetuado?O locatário deve pagar o IPTU? E o condomínio do prédio? Quais as obrigações

de cada parte durante o contrato? Todos estes itens (entre outros) são osefeitos do contrato. Todos eles podem ser “negociados” entre os contratantes(ao menos em tese). E, como regra, eles devem estar previstos e devem serdesejados pelas partes interessadas. Guardadas as devidas proporções, omesmo também pode ocorrer em um contrato de compra e venda. E em todosos contratos de uma maneira geral. Assim, Negócio Jurídico é o principalinstrumento que as pessoas têm para realizar seus interesses.

Lembrem-se de que o contrato é apenas uma das várias espécies deNegócio Jurídico. Aliás, o contrato é um Negócio Jurídico Bilateral. No entanto, oNegócio Jurídico também pode ser Unilateral. Neste caso o exemplo clássico é otestamento. Quais os efeitos de um testamento? – Resposta: Tudo aquilo que otestador desejar (desde que não contrarie a lei, a moral e os bons costumes)!

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Ocorre que o testamento, embora possa se produzir os mais diversos e variadosefeitos, funciona apenas a vontade do testador, daí ele ser unilateral(diferentemente de um contrato, em que se leva em consideração a vontade deambos os contratantes).

DISTINÇÃO Negócio Jurídico e Ato Jurídico em Sentido Estrito 

Vamos reforçar a idéia: não devemos confundir negócio jurídico com oato jurídico em sentido estrito. Ambos decorrem de uma manifestação devontade. No entanto no ato jurídico em sentido estrito o efeito da manifestaçãoda vontade está previsto na lei e não pode ser alterado. Este não é exercício deautonomia privada. Logo, o interesse objetivado não pode ser regulado peloparticular e a sua satisfação se concretiza no modo determinado pela lei. Já nonegócio jurídico, o efeito da manifestação da vontade é o desejado pelas partes;o fim procurado pelas partes baseia-se na autonomia da vontade privada. O

negócio leva em consideração o fim procurado pela parte (ou partes) e a essefim a ordem jurídica adapta os efeitos. Resumindo de forma bem objetiva: noAto Jurídico em Sentido Estrito a pessoa pratica uma conduta e os efeitos destaconduta são automáticos, independente da vontade de quem o pratica; já noNegócio Jurídico a pessoa pratica uma conduta e os efeitos da conduta são osdesejados pelas partes.

CLASSIFICAÇÃO DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS

Existe uma vasta classificação dos Negócios Jurídicos. Levando-se emconsideração o que tem caído nos concursos públicos e segundo a melhor

doutrina sobre o tema (embora não haja uma uniformidade), classificamos osNegócios Jurídicos em:

A) Quanto ao número de manifestações de vontade:

1) Unilaterais – quando a declaração de vontade emana de uma ou maispessoas, mas na mesma direção colimando um único objetivo. Ou seja, o ato seaperfeiçoa com uma única manifestação de vontade; havendo apenas um polona relação jurídica. Exemplos: testamento, renúncia, desistência, promessa derecompensa, confissão de dívida, instituição de uma fundação, etc. Eles podemser subdivididos em:

a) Receptícios – quando a declaração tem de se tornar conhecida dodestinatário para produzir os efeitos. Exemplo: a revogação de mandato (ouseja, de uma procuração) – se eu revogo uma procuração eu devo comunicarisso à pessoa a quem eu outorguei os poderes. Percebam que o ato é unilateral(pois a revogação só depende da minha vontade), mas eu devo comunicar aminha decisão à outra parte para gerar efeitos jurídicos (por isso o ato échamado de receptício). Outro exemplo: a escolha nas obrigações alternativas.Alguns contratos possuem um duplo objeto alternativo: eu posso escolher umacoisa ou outra. Mas esta minha escolha deve ser comunicada à outra parte parasurtir efeitos.

b) Não-receptícios – quando o conhecimento do fato por parte da outrapessoa é irrelevante. Exemplo: um testamento – quando eu faço o meu

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testamento, nada mais precisa ser feito; não preciso comunicar ninguém dessefato, nem mesmo os beneficiados pelo testamento. Outro exemplo: renúncia deherança – basta que eu renuncie à herança de forma expressa. Não é necessárioque os demais interessados na herança sejam comunicados deste fato para queo ato seja válido e operante.

2) Bilaterais – quando a declaração de vontade emana de duasmanifestações de vontade, em sentido oposto, mas coincidentes sobre o objeto(consentimento mútuo ou acordo de vontades). Neste caso há dois polos narelação jurídica. Exemplos:  perdão (“A” pode perdoar “B”; mas este perdãosomente surtirá efeitos se “B” aceitar o perdão); contratos como a compra evenda (comprador e vendedor), ou a locação (locador e locatário), etc. Podemser subdivididos em:

a) simples – quando somente uma das partes aufere vantagens,enquanto a outra arca com os ônus (ex: doação).

b) sinalagmáticos – quando há uma reciprocidade de direitos eobrigações para as partes (gera obrigações para ambas), estando elas emsituação de igualdade  (ex: compra e venda, locação, etc.). Veremosmelhor esse item na aula sobre contratos.

3) Plurilaterais – contratos que envolvem mais de duas partes.Exemplos: contrato de sociedade com mais de dois sócios, consórcios de bensmóveis e imóveis, etc .

B) Quanto às vantagens:

1) Gratuito – só uma das partes aufere vantagem. A pessoa assumedeterminada obrigação sem aguardar qualquer espécie de contraprestação. Sãoatos de liberalidade. Exemplos: doação simples, comodato, etc. 

2) Oneroso – ambos os contratantes possuem ônus e vantagensrecíprocas. A pessoa somente assume a obrigação por esperar em contrapartidaa outra obrigação. Exemplos: locação, compra e venda, etc . Os contratosonerosos se dividem em: 

a) comutativos – as prestações de cada um dependem de umacontecimento certo e determinado. 

b) aleatórios – há uma incerteza em relação às vantagens e sacrifíciosdas prestações; depende de um acontecimento incerto, havendo,portanto, um risco (ex: o contrato de seguro, para a seguradora éaleatório, pois o pagamento ou não da indenização depende de um fatoespecífico previsto no contrato – o sinistro). 

☺ Observação ☺ Todo negócio oneroso é bilateral, pois a prestação de umadas partes envolve uma contraprestação. Mas nem todo ato bilateral é oneroso.Exemplo: doação pura e simples é negócio bilateral (possui duas vontades:doador e donatário), porém gratuito.

C) Quanto ao tempo em que devam produzir efeitos:

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1 ) I n t e r v i v o s   – destinados a produzir efeitos durante a vida dosinteressados. Exemplos: locação, compra e venda, mandato, casamento, etc .

2 ) Ca u s a m o r t i s  – somente produz efeitos (criando o direito) após amorte do declarante. Exemplos: testamento, codicilo (que é uma disposição de

última vontade de pequenas coisas, como um anel, roupas, etc.) , legado, etc. ☺ Observação ☺ Segundo Carlos Roberto Gonçalves, o contrato de seguro (aocontrário do que parece) é um negócio jurídico inter vivos, sendo que o eventomorte funciona apenas como um termo.

D) Quanto a seus efeitos:

1) Constitutivos – se sua eficácia se opera ex nunc (ou seja, se efetiva apartir do momento da conclusão do negócio). Exemplos: contrato de compra evenda.

2) Declarativos – se sua eficácia é ex tunc (ou seja, se efetiva a partirdo momento em que se operou o fato a que se vincula a declaração de vontade,retroagindo no tempo). Exemplos: divisão de condomínio, reconhecimento defilho, etc. 

☺ Observação ☺ Ainda na aula de hoje falarei mais sobre esses efeitos – ex tunc e ex nunc. Estas expressões em latim merecem uma atenção toda especialda nossa parte (não só no Direito Civil, mas no Direito como um todo).Aguardem um pouco mais que tudo irá ficar ainda mais claro sobre estasimportantes expressões.

E) Quanto à subordinação:1) Principais – são aqueles que têm existência própria e não dependemde qualquer outro. Exemplos: compra e venda, locação, doação, etc. 

2) Acessórios – são aqueles que têm a sua existência subordinada à deum contrato principal. Exemplo clássico: fiança. A fiança só existe por causa deum contrato principal; ela não tem existência jurídica autônoma (lembrem-se daregra: “o acessório segue o principal”). Se eu sou o locador de um imóvel, queroque o locatário (inquilino) apresente um fiador, que ficará responsável pelopagamento da dívida, caso o locatário não cumpra com a obrigação. Logo ocontrato de locação é o principal e a fiança é o contrato acessório, que somente

existe por causa do principal. Outro exemplo: cláusula penal (que é a multacontratual, que pode ser pactuada, caso o contrato não seja respeitado -veremos melhor este tema em outra aula).

F) Quanto às formalidades: 

1) Solenes (formais) – obedecem a uma solenidade especial, a umaforma prescrita em lei para se aperfeiçoarem. Exemplos: casamento,testamento, etc . Em alguns casos a formalidade é a própria essência do ato,como a escritura pública de compra e venda de imóvel acima de certo valor (art.108, CC).

2) Não solenes (forma livre) – a lei não exige formalidades para seuaperfeiçoamento, podendo ser celebrado por qualquer forma, inclusive verbal.

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Exemplos: locação, compra e venda de bens móveis, etc. Em regra os contratostêm forma livre, salvo exceções expressas na lei.

G) Quanto às pessoas:

1) Impessoais – independe de quem sejam as partes e de eventual

qualidade especial destas para a prática do ato. Exemplo: contrato uma pessoa para pintar um muro (qualquer pessoa pode pintar um muro; não há umahabilidade especial para isso).

2) I n t u i t u p e r s on a e  – o ato se realiza em função das qualidadesespeciais de uma pessoa. Exemplo: outorgo mandato a pessoa de minhaconfiança; desejo ser operado por cirurgião de minha confiança; desejo ser defendido no Tribunal do Júri pelo advogado “X”, etc .

H) Quanto à causa:

: o registro da1) Causais – estão vinculados a uma causa. Exemploescritura de um imóvel está sempre ligado à existência da escritura de compra evenda deste imóvel; se a compra e venda for defeituosa, o registro também oserá.

2) Abstratos – estão desvinculados de qualquer outro negócio. Exemplo:compro uma casa pagando com um cheque; a emissão deste é desvinculada; sea compra e venda for considerada nula, o cheque continuará valendo, principalmente se estiver nas mãos de terceiros.

☺ Observação ☺ Como podemos perceber, um mesmo negócio jurídico podese enquadrar em mais de uma categoria de classificação, sem que haja

incompatibilidade nisso.

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

Alguns elementos do negócio jurídico são chamados de essenciaisporque constituem elementos de existência e validade. Se o negócio possuitais elementos ele será válido e produzirá efeitos. Se faltar alguns desseselementos o negócio será inválido e não produzirá efeitos. Já outros elementossão chamados de acidentais, pois são requisitos de eficácia do negócio. Nesteprimeiro momento vamos apresentar apenas um gráfico para melhor classificaros elementos constitutivos. Depois vamos analisar cada um destes elementos

detidamente.

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS

I. Elementos Essenciais – são os dizem respeito à existência e validade doNegócio Jurídico, dando-lhe a estrutura e a substância.

A) Gerais – porque eles são comuns a todos os negócios. Vamos enumerá-los: 

1. Capacidade das Partes.

2. Objeto Lícito, Possível, Determinado ou Determinável.

3. Consentimento (vontade).

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B) Especiais – porque dizem respeito à forma prescrita ou não defesa emlei. São aplicáveis apenas a alguns negócios.

II. Elementos Naturais – são os efeitos ou as consequências decorrentes dopróprio Negócio Jurídico.

III. Elementos Acidentais – são elementos facultativos; podem ou não serestipulados e dizem respeito, não à existência ou validade propriamente dita doNegócio Jurídico, mas sim a sua eficácia.

1. Condição.2. Termo.3. Modo ou Encargo.

I. ELEMENTOS ESSENCIAIS GERAIS

Segundo a doutrina, antes da análise dos elementos de validade (art. 104,CC) é necessária a presença dos pressupostos de existência do NegócioJurídico. Estes não estão previstos na lei, sendo uma construção doutrinária:

a) Objeto Idôneo – o objeto deve ser apto a celebrar o negócio jurídicodesejado; se ele for fisicamente impossível (ex: vender um terreno na Lua),conduzirá à inexistência do negócio.

b) Vontade Humana – para que haja o negócio jurídico é imprescindívela declaração de vontade humana. Como veremos adiante, se houver umacoação física irresistível, a vítima não está realizando a sua vontade, mas a

vontade do coator.Já os elementos de validade do negócio jurídico estão previstos na lei

(art. 104, CC). São eles: capacidade das partes (elemento subjetivo), objetolícito, possível, determinado ou determinável (elemento objetivo) e formaprescrita ou não defesa em lei. A doutrina ainda acrescenta o consentimento(vontade). A capacidade, o objeto e a vontade são chamados de elementosgerais, porque são elementos comuns a todos os Negócios Jurídicos. Já a formaé elemento especial, pois diz respeito apenas alguns negócios. Nem todos osNegócios Jurídicos exigem uma forma especial. Por isso vamos analisamos aforma em um item autônomo. Por enquanto, vamos nos ater aos Elementos

Essenciais Gerais.

A) CAPACIDADE DO AGENTE

Se todo negócio jurídico pressupõe uma declaração de vontade, acapacidade do agente é indispensável, pois é a aptidão para intervir nosnegócios jurídicos. Trata-se da capacidade de fato ou de exercício (pessoadotada de consciência e vontade reconhecida pela lei como apta a exercer todosos atos da vida civil), já analisada anteriormente. Os arts. 3o e 4o do Código Civilapresentam o rol das pessoas absoluta ou relativamente incapazes. Jáanalisamos quem podem ser estas pessoas. Se alguém ficou com alguma

dúvida, retorne a aula sobre Pessoas Naturais. É imprescindível o conhecimentodessa matéria para a compreensão do que falaremos a seguir.

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No caso de eventual incapacidade, esta deverá ser suprida pelos meioslegais. Enquanto os absolutamente incapazes são representados em seusinteresses por seus pais, tutores e curadores, os relativamente incapazes(embora já possam participar pessoalmente dos negócios jurídicos) devem serassistidos pelas pessoas a quem a lei determinar. O ato praticado peloabsolutamente incapaz sem representação é nulo. Já o ato realizado pelorelativamente incapaz sem assistência é anulável. Ainda hoje veremos adistinção entre o ato nulo e o anulável. Lembrando que o vício da incapacidade éum instrumento que age a favor do incapaz, para protegê-lo.

Incapacidade

• Absolutamente incapazes (art. 3o, CC) devem ser representados →falta de representação → Negócio Jurídico Nulo (art. 166, I, CC).

• Relativamente incapazes (art. 4o, CC) devem ser assistidos → falta

de assistência → Negócio Jurídico Anulável (art. 171, I, CC).É interessante acrescentar que o art. 105, CC determina que a

incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outra embenefício próprio, nem aproveita aos outros interessados. Isto porque a intençãoda lei é proteger o incapaz contra a maior experiência e má-fé de terceiros quedesejam tirar proveito desta situação. Assim não pode uma pessoa capazrealizar um negócio com um incapaz e ele próprio (o capaz) requerer ainvalidade do negócio com fundamento de que a outra parte é incapaz. Aincapacidade é uma exceção (forma de defesa) pessoal. Por isso somente pode

ser alegada pelo próprio incapaz ou seu representante legal. Mas, como quasetudo, aqui também tem exceção à regra. Se a obrigação for indivisível (ex:entregar um cavalo), mesmo que as demais partes forem capazes, não serápossível separar o interesse dos contratantes. Neste caso, a incapacidade de umdeles poderá tornar anulável o ato praticado, mesmo que o vício tenha sidoalegado por uma pessoa capaz. Portanto, nesta hipótese, o vício se estenderápara toda a obrigação, sendo o negócio anulado.

Recordando sobre a Pessoa Jurídica. Ela deve ser representada poruma Pessoa Física (ou Natural) ativa e/ou passivamente, exteriorizando suavontade, nos atos judiciais ou extrajudiciais. Ou seja, é necessário que haja uma

Pessoa Física para assumir os compromissos e assinar os contratos dessaPessoa Jurídica. De uma forma geral esta Pessoa Física deve exprimir a vontadeda Pessoa Jurídica; deve executar os seus objetivos. E em regra essa pessoa é aindicada no ato constitutivo (ou seja, no estatuto ou no contrato social) daPessoa Jurídica. Na sua omissão, a representação será exercida por seusdiretores. Trata-se, assim, de uma representação imprópria.

Representação

Os artigos de 115 a 120 CC tratam da representação. Esta é umarelação jurídica pela qual certa pessoa se obriga diretamente perante terceiro,

através de ato praticado em seu nome por um representante. O art. 115, CC

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delimita as situações possíveis para a sua realização: conferido por lei ou pelopróprio interessado (mandato). Assim, são espécies de representantes:

a) Legais – a própria norma jurídica confere poderes para uma pessoaadministrar bens alheios; servem aos interesses do incapaz. Exemplos:  pais,

tutores e curadores, em relação aos bens dos filhos, tutelados e curatelados.b) Judiciais – são as pessoas nomeadas pelo Juiz para exercer certo

cargo em um determinado processo. Exemplos: administrador judicial de umafalência, inventariante, etc.

c) Convencionais – são aqueles que têm um mandato, expresso outácito, verbal ou escrito do representado. Exemplos:  procuração outorgada(fornecida) a um advogado para patrocinar um processo judicial. Somente nestaespécie de representação é possível o substabelecimento. Substabelecersignifica transferir a uma outra pessoa os poderes que o mandatário recebeu domandante. Exemplo: “A” (representado ou mandante) outorgou poderes para

 “B” (representante ou mandatário) realizar um negócio perante “C”. Como “B” não também poderá realizar este negócio neste dia, transferiu os poderes querecebeu para “D”.

O representante deve provar às pessoas com quem tratar (em nome dorepresentado) a sua qualidade e a extensão de seus poderes, sob pena de não ofazendo, responder pelos atos que excederem à representação. Prevê o art.116, CC que a manifestação de vontade pelo representante, ao efetivar umnegócio em nome do representado, nos limites dos poderes que lhe foramconferidos, produz efeitos jurídicos em relação ao representado. Ou seja, orepresentante pratica o ato; mas é o representado que irá adquirir os direitos ouassumir as obrigações decorrentes da representação.

O art. 117, CC autoriza o chamado “contrato consigo mesmo” (ouautocontrato), isto é, uma só pessoa está revestida das duas qualidades jurídicas diferentes, de forma simultânea: ora por si, ora representando umterceiro. Mas isso somente é possível se houver permissão da lei ou dorepresentado. Para a proteção do representado esta prática somente é possívelse houver a sua permissão ou se a lei não se opuser, sob pena de anulação. Oexemplo clássico ocorre no cumprimento do chamado mandato em causaprópria, onde o mandatário é também o beneficiário. Exemplo:  A confere

mandato para B  para vender seu apartamento, com autorização para que B venda o imóvel para ele mesmo = B . Neste caso, quando for feita a escritura , B intervirá, ora representando A (como mandatário), ora em seu próprio nome(comprando o imóvel ). Notem, que mesmo nesta hipótese, B manifesta suavontade sob dois ângulos diferentes (como vendedor, representando A e comocomprador, em nome próprio). Observem que são duas vontades jurídicasdiferentes.

Já o art. 119, CC prevê que se o representante concluir um negócio ehouver um conflito de interesses com o representado, sendo que tal fato era oudevia ser do conhecimento de quem com aquele tratou, o negócio também será

anulável.

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B) OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL, DETERMINADO OU DETERMINÁVEL

O direito somente atribui efeitos à vontade humana quando se procuraalcançar objetivos lícitos. Assim, além da capacidade das partes, para que umnegócio jurídico se repute válido e perfeito, deverá versar sobre um objeto

lícito, conforme a lei, não sendo contrário aos bons costumes, à ordem públicae à moral. Exemplo: na locação de um imóvel para fins residenciais, este é oobjeto do contrato. Assim, eu não posso desvirtuar o que foi pactuado eexplorar naquele imóvel (que era para fins residenciais) uma atividade ilícita,como por exemplo, a exploração da prostituição. Desta forma, se o objeto docontrato foi ilícito, nulo será o negócio jurídico. Outro exemplo: compra e vendade objeto roubado. Também neste caso haverá a nulidade absoluta do ato.

Além disso, o objeto deve ser possível, realizável. Se o negócio implicarprestações impossíveis, também será considerado nulo. Esta a impossibilidadepode ser jurídica (ex: venda de herança de pessoa viva – art. 426, CC) ou física

(ir à lua e voltar em duas horas, etc.). Segundo a doutrina para tornar nulo onegócio a impossibilidade deve ser absoluta, ou seja, impraticável por quemquer que seja. Se a impossibilidade for apenas relativa, isto é, puder serrealizada por alguém (mesmo que não seja o devedor), não haverá obstáculopara o negócio.

Finalmente deve ser o mesmo determinado ou, ao menos,determinável, ou seja, possível de determinação no futuro. E outras palavras:o objeto deve ser previamente conhecido e individualizado ou devem existircritérios que permitam sua futura individualização. Assim, admite-se a venda decoisa incerta (mas não indeterminada). No entanto ela deve ser indicada ao

menos pelo gênero e pela quantidade, ainda que não seja mencionada aqualidade, pois esta pode ser determinada posteriormente pela escolha.

C) CONSENTIMENTO (vontade). Da Interpretação do Negócio Jurídico.

A manifestação de vontade exerce papel importante no negócio jurídico,

sendo um elemento básico. Portanto, é necessário que esta vontade sejaespontânea, livre de qualquer vício. Mas nem sempre um contrato traduz aexata vontade das partes. Por isso, algumas vezes ele deve ser interpretado,para se chegar a real intenção das partes. Interpretar o negócio jurídico édelimitar o alcance da declaração de vontade. No entanto as cláusulascontratuais não devem ser interpretadas de forma isolada, mas no contexto docontrato, em conjunto com as demais cláusulas.

O consentimento pode ser expresso ou tácito. Será expresso quando fordeclarado por escrito ou verbalmente, mas de maneira explícita. Seráconsiderado tácito se resultar de um comportamento do agente que demonstre,

implicitamente, sua anuência, sua concordância com a situação, desde que onegócio, por sua natureza ou por disposição legal, não exija forma expressa.

Objeto ilícito, impossível, ou indeterminado → Negócio

Jurídico Nulo art. 166 II CC .

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O silêncio pode importar em anuência, se as circunstâncias e os usos oautorizarem e não for necessária a declaração de vontade expressa (art. 111,CC). Ou seja, o silêncio somente terá valor jurídico, como um fato gerador deum negócio, se a lei assim o permitir. Caso contrário o silêncio não tem força dedeclaração de vontade. Portanto, no Direito, não é totalmente aceito o brocardo: “quem cala consente”. Em alguns casos (raros) ele se aplica, como na hipóteseda doação pura, onde o silêncio do beneficiário é considerado como aceitação,concluindo o contrato. Na prática é o Juiz, diante de um caso concreto, quedeverá verificar se o silêncio representou ou não a vontade.

Outro princípio básico relativo às declarações de vontade é de que seatenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal dalinguagem (art. 112, CC). Ou seja, os negócios, de uma forma geral, podemconter alguma cláusula duvidosa ou algum ponto controvertido, sendonecessária uma interpretação. Pelo Código esta interpretação deve procurar se

situar mais na vontade real dos contratantes, procurando as consequências eos efeitos desejados por eles, indagando sua real intenção, do que no sentidoliteral do negócio (que seria o exame gramatical de forma “fria” de um texto docontrato).

Além disso, os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme aboa-fé e os usos do lugar de sua celebração (art. 113, CC). Trata-se dereferência à boa-fé objetiva que representa um dever de conduta das partes, deacordo com a lealdade, honestidade, confiança, etc. (a expressão “boa-fé” deriva do latim bona fide, que significa boa confiança, ou seja, é a convicção dealguém que acredita estar agindo de acordo com a lei, na prática ou na omissão

de determinado ato).O art. 114, CC estabelece uma ressalva. Os negócios jurídicos benéficos

(também chamados de gratuitos, pois envolvem uma liberalidade, como umadoação pura e simples) e a renúncia interpretam-se estritamente. Ou seja,segundo a lei tais atos se limitam apenas ao que foi estabelecido pelas partes,sem incluir outras questões. Isto é, nem o Juiz poderá dar a estes negócios umainterpretação mais ampla, devendo ficar restrito ao que foi estipulado pelaspartes. Um exemplo clássico disso é a fiança nos contratos de locação: suanatureza é gratuita, portanto é considerado um Negócio Jurídico benéfico; portal motivo, se houver alguma dúvida quanto a sua abrangência, esta deve ser

resolvida fazendo-se uma interpretação restritiva, ou seja, em favor daqueleque prestou a fiança (no caso o fiador), não se ampliando as obrigações domesmo (confiram o art. 819, CC).

Finalmente, acrescente-se, que há outros dispositivos estabelecendoregras sobre a interpretação da vontade. O art. 423, CC, por exemplo, prevêque quando houver no contrato de adesão (falaremos sobre ele em outra aula)cláusulas ambíguas ou contraditórias, acolhe-se a interpretação mais favorávelao aderente. Merece destaque especial também o art. 47 do Código de Defesado Consumidor (CDC) que dispõe que “as cláusulas contratuais serãointerpretadas de maneira mais favorável ao consumidor”.

DEFEITOS

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Defeito é todo vício que macula o negócio jurídico, tornando-o passível deanulação. Segundo Francisco Amaral é a imperfeição que nele pode surgir,decorrente na formação de vontade ou na sua declaração. Pode ser grave(quando vicia o ato de forma definitiva) ou leve (quando o ato pode serremediado pelo interessado).

Podemos dizer que um ato é válido, quanto ao consentimento, “quandoeu pratico uma conduta que eu queria realizar, desejo os seus efeitos e estaconduta não causa prejuízo a ninguém”. Às vezes eu posso ter feito algo quenão era o que eu queria fazer (e quantas vezes isso ocorre conosco...); querocomprar algo e me engano... ou sou enganado. Outras vezes quero fazer algo efaço exatamente aquilo que eu queria fazer. Mas o que eu fiz afeta direitos deterceiros, prejudicando essas pessoas, que não foram partes do negócioprincipal, mas que foram lesados com a minha conduta. É importante notar queem qualquer uma destas duas situações (fiz algo que não queria ou fiz algo que

eu queria, mas prejudiquei interesses de terceiros) surgem os chamadosdefeitos relativos à vontade.

Assim: se existe uma vontade, porém sem a correspondência com aquelaque o agente quer exteriorizar, o Negócio Jurídico será viciado ou deturpado,tornando-se anulável (art. 171, II, CC), se no prazo decadencial de 04 anosfor movida ação de anulação (art. 178, II, CC). São os chamados vícios deconsentimento (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão). Nestes casos háuma desavença entre a vontade real e a vontade declarada.

Existem outras hipóteses em que se tem uma vontade funcionandonormalmente, havendo até correspondência entre a vontade interna e a

manifestação, mas, no entanto, ela se desvia da lei ou da boa-fé. O que foicolocado no contrato infringe a lei e prejudica terceiros. Também são passíveisde anulabilidade no prazo decadencial de 04 (quatro) anos. São os chamadosvícios sociais (fraude contra credores). A simulação também é considerada porparte da doutrina como um vício social, uma vez que objetiva iludir terceiros.Porém o atual Código resolveu discipliná-la em outro capítulo, referente àinvalidade do negócio jurídico (e não no capítulo referente aos defeitos donegócio). 

Vamos, mais uma vez, apresentar um gráfico para melhorclassificar os defeitos relativos à vontade. Depois vamos analisá-los um a um.E vamos ver qual a consequência deste ato viciado. Dependendo do vício o atopode ser nulo, anulável ou até mesmo válido. Mais adiante, ainda na aula dehoje, veremos as diferenças entre um Ato Nulo e um Ato Anulável, todas ashipóteses que caracterizam uma e outra situação e os efeitos decorrentes destassituações. Esses tópicos têm vital importância para efeito de concursos.Conforme veremos mais adiante, na resolução dos testes, é muito comum aincidência deste tema em concursos públicos. Assim:

DEFEITOS

1) Ausência de Vontade →

Negócio Nulo.

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2) Vícios de Consentimento → A vontade não é expressada demaneira absolutamente livre →  Erro ou Ignorância, Dolo, Coação,Lesão e Estado de Perigo.

3) Vícios Sociais → A vontade manifestada não tem a intenção pura

e de boa-fé que enuncia  →  Fraude contra Credores. Quanto àSimulação, devemos tomar cuidado. Embora muitos doutrinadoresainda afirmem ser um vício social, o atual Código Civil a coloca emoutro capítulo (da invalidade do negócio jurídico – art. 167, CC),conforme veremos adiante.

☺ Observação ☺  Se não for respeitado o prazo decadencial de 04 (quatro)anos, o defeito não poderá ser mais alegado, sendo o ato convalidado pordecurso de prazo.

ERRO OU IGNORÂNCIA (arts. 138 a 144, CC)Este é o primeiro defeito relativo ao consentimento. O aluno que conseguir

entender o seu alcance não sentirá nenhuma dificuldade de entendimento dosdemais defeitos. Por isso muita atenção.

Primeiramente: Erro e Ignorância são sinônimos? Não!! O Código Civilequipara o erro à ignorância quanto aos efeitos; ou seja, o Código nãodistingue um instituto do outro, mas afirma que as suas consequências sãoidênticas no campo do Direito. Assim, embora o Código não faça é a doutrinaquem faz distinção entre o Erro e a Ignorância. E esta diferença já caiu em

exames.Erro é a falsa noção que se tem sobre um elemento que influencia aformação de vontade do declarante. Pode recair sobre as qualidades de umacoisa ou sobre uma pessoa. Ocorre quando o agente pratica o ato baseando-seem falso juízo ou engano. Pensei que era uma coisa... mas na realidade é outra.Já a Ignorância é o completo desconhecimento do declarante acerca doobjeto ou da pessoa. Assim, às vezes usamos a expressão “erro”, masqueremos nos referir não só ao erro propriamente dito, como também àignorância.

Na verdade o erro é um registro falso da realidade. Observem que no erro

a pessoa se engana sozinha. Ninguém a induz a erro. Mas não é qualquer erro(ou ignorância) que torna o negócio anulável. Ele há de ser a causadeterminante ou principal. Ou seja, se a situação real estivesse esclarecida e eraconhecida, o negócio não seria feito. Assim, o erro (ou a ignorância) pode serclassificado em:

A) ERRO ESSENCIAL OU SUBSTANCIAL  ⎯  quando se refere à natureza dopróprio ato; recai sobre circunstâncias e aspectos principais, relevantes donegócio de forma que se eu soubesse do defeito jamais teria praticado o ato. Adoutrina afirma que neste caso o erro deve ser escusável e real. Escusável

porque ele é aceitável, desculpável; tem por fundamento uma razão plausível,ou seja, qualquer pessoa com atenção ou diligência normal seria capaz de

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cometê-lo em face das circunstâncias. Ex: é aceitável uma pessoa leigaconfundir o diamante com zircônio. Mas não se admite este confusão para um joalheiro, que tem conhecimento técnico para fazer a distinção (para ele seriaum erro inescusável e, portanto, sem possibilidade de anular o ato). Realporque deve acarretar um prejuízo efetivo para o interessado. O Código Civilespecificou as modalidades de erro substancial (permitindo a anulação donegócio jurídico) no art. 139, CC. Vejamos:

1) Erro sobre a natureza do negócio jurídico (error in negotio) – oerro recai sobre a modalidade de contrato que eu celebrei. Pensei fazer umdeterminado contrato... mas fiz outro. Exemplo: empresto um determinado bem para uma pessoa, mas ela entende que houve uma doação. Observem que nãohouve um acordo de vontades: eu pensei estar realizando um contrato deempréstimo, mas o consentimento da outra parte se dirigiu ao contrato dedoação. Outros exemplos: quero vender uma coisa, mas acabo doando; quero

alugar um apartamento (o aluguel é oneroso), mas acabo fazendo um comodato(que é um empréstimo gratuito), etc. Esta situação é muito difícil de ocorrer naprática. No entanto pode muito bem cair em concursos... como já caiu.

2) Erro sobre o objeto principal da declaração (error in corpore) – amanifestação de vontade recai sobre objeto diferente do que se tinha em mente.Exemplo: comprei um lote em um condomínio que pensava ser muitovalorizado, no entanto trata-se de um outro condomínio, que tem o mesmonome, mas está situado em local diverso, muito distante de onde eu queria .Notem, mais uma vez, que ninguém me enganou. Eu errei sozinho (quandoalguém me engana trata-se de outro defeito, o dolo, como veremos adiante). O

erro, neste caso, atingiu a substância do ato; portanto o ato é anulável. Noentanto, o art. 144, CC dispõe que o erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, seoferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante.Aproveitando o exemplo acima: comprei o lote no condomínio errado (errosubstancial); no entanto o vendedor, entendendo a situação, acaba entregandoo lote no condomínio onde eu queria inicialmente. Ora, o negócio acabou sendoexecutado em conformidade com a minha vontade real inicial. Portanto, nãohavendo qualquer prejuízo, não se anula o negócio.

3) Erro sobre as qualidades essenciais do objeto principal (error in

substantia ou in qualitate) – a pessoa adquire o objeto que imaginava; porémengana-se quanto as suas qualidades; o motivo determinante do contrato é aqualidade de um objeto que depois se constata que não existe. Exemplos:compro um relógio pensando que ele é de ouro, mas o mesmo é apenas“folheado”; compro uma blusa pensando que e de lã animal, mas na verdade ésintética (e a pessoa é alérgica e este tipo de tecido); compro um cavalo decarga pensando ele era um legítimo “puro-sangue” de corridas, etc. Observemque nestes exemplos eu também errei sozinho.

4) Erro quanto à identidade ou à qualidade da pessoa a quem serefere a declaração de vontade (error in persona) – geralmente este defeitoé relativo aos contratos personalíssimos (intuitu personae). Atingem aidentidade física ou moral, podendo o ato ser anulado, desde que a consideração

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pessoal era condição essencial para a realização do negócio. Exemplo: contrateium cantor pensando que ele era ótimo... mas não era. Notem que no caso deum contrato em que a prestação pode ser cumprida por qualquer pessoa (comopor exemplo, pintar um muro), mesmo que o contratante tenha se enganado nadesignação da pessoa, tal fato não será suficiente para a anulação do negócio. Oerro quanto à pessoa pode ser relativo ao:

a) Casamento:• erro quanto identidade do outro cônjuge, sobre a sua honra, boa

fama, etc. (ex: casar-se com pessoa e descobrir depois se tratar decriminoso procurado, viciado em tóxicos, etc.). 

• ignorância de defeito físico irremediável ou moléstia grave,transmissível.

Em ambas as situações o casamento pode ser anulado por “vício essencialsobre a pessoa”.

b) Testamento:• deixo uma jóia para X, que salvou minha vida. Descubro,

posteriormente, que foi Z e não X quem salvou minha vida. Se eusoubesse que foi Z quem me salvou, eu não teria doado aquela jóia aX. Eu queria doar a jóia a quem realmente salvou minha vida, ouseja, Z. Neste exemplo o defeito é chamado de “erro quanto ao fimcolimado ou por falsa causa”. O art. 140, CC determina que o falsomotivo (ou falsa causa) somente vicia a declaração de vontade,quando for expressamente declarado como razão determinante darealização do negócio. Ou seja, o motivo somente tem relevância

 jurídica se for instituído expressamente no contrato, como razãopara celebração deste. Vejamos outro exemplo: um homem já idosorecebe a notícia de que teve um filho quando era mais moço, mas naocasião a mãe não lhe informou do fato. O idoso, tentando ajudaresta pessoa lhe doa uma casa, mas estabelece o motivo: somenteassim está procedendo porque esta pessoa seria seu filho. Destaforma, caso comprovado posteriormente que a pessoa não era seufilho, a doação pode ser anulada, pois havia um falso motivo que foiexpresso como razão determinante do negócio, viciando, assim, avontade.

Lembrem-se: “Ninguém pode se escusar de cumprir a lei alegando quenão a conhece” = Princípio da Obrigatoriedade (art. 3o da LICC), quevisa garantir a estabilidade e a eficácia do sistema jurídico, que ficariacomprometido se fosse admitida em toda e qualquer hipótese a alegaçãode ignorância de lei em vigor.

Somente o erro substancial, essencial, escusável, real, anula onegócio jurídico. O erro deve ser de tal forma que, caso a verdade fosse

conhecida, o ato não seria realizado, importando efetivo prejuízo aointeressado. Mas o contratante que se achou em erro e promove a invalidade do

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contrato pode ser condenado a ressarcir eventuais prejuízos que causar à outraparte por não ter procedido com a diligência necessária ao prestar o seuconsentimento. Somente a parte interessada (a que errou) pode arguir aanulação do ato.

B) ERRO ACIDENTAL  ⎯  é aquele concernente às qualidades secundárias ouacessórias da pessoa ou do objeto. Mesmo ocorrendo esta espécie de erro, onegócio jurídico não será anulado. O ato continua válido, produzindo efeitos,porque o defeito não incide sobre a declaração de vontade. Ele decorre do não-emprego da diligência ordinária que deve ter um “homem médio”. Mesmosabendo do defeito, a pessoa teria realizado aquele negócio. Exemplo: comprar um carro de ano de fabricação muito diferente é um erro essencial; porémcomprar um carro de número de série diferente é apenas um erro acidental. Damesma forma, comprar um carro usado com uma cor um pouco diferente (pretoou azul escuro) também é acidental, não anulando o negócio. Outros

exemplos: compro uma casa pensando que tem quatro janelas, mas só temtrês; doei um relógio a uma pessoa pensando que ela é solteira, mas é casada,etc. 

O chamado erro de cálculo (que é a inexatidão material) também não écausa de anulação do negócio, mas de simples retificação da declaração devontade, nos termos do art. 143, CC. Pode incidir sobre o peso, a medida, aquantidade, o valor do bem, etc. É uma espécie de erro acidental, não incidindosobre a declaração de vontade e não viciando o consentimento. Exemplo:comprei 12 camisas, sendo que o valor de cada uma delas é de R$ 45,00; logodeveria pagar R$ 540,00, mas acabei pagando somente R$ 450,00. É evidenteque houve um erro na elaboração aritmética dos dados do negócio, pois aspartes sabiam do valor do negócio, errando apenas no momento da realizaçãodo cálculo final.

Erro de Fato e Erro de Direito

O erro de fato é aquele que recai sobre uma circunstância de fato. Elepode ser essencial ou acidental. Tudo o que falamos acima se refere ao erro defato.

Já o erro de direito diz respeito à existência de norma jurídica. Ele consiste

na ignorância da lei, no falso conhecimento e também na sua interpretaçãoerrônea. Como regra ele não admite escusa; não admite desculpas. Não podeser alegado para anular um negócio. No entanto admite-se, excepcionalmenteo erro de direito (e, por consequência, o negócio jurídico pode ser anulado), se oato não implicar em recusa à aplicação da lei e for o motivo único ou principaldo Negócio Jurídico (art. 139, III, CC). Isto é, não pode o ato recair sobre anorma cogente (ou seja, impositiva, de ordem pública), mas tão-somente sobrenormas dispositivas (ou seja, sujeitas ao livre acordo das partes). Além disso,deve ser grave a ponto de afetar e viciar a manifestação de vontade do agente.Reforçando: geralmente o erro recai sobre uma situação de fato (como vimos,

um contrato propriamente dito, ou o objeto deste contrato, ou uma pessoa,etc.). Este é o erro de fato sobre uma situação concreta. Já o erro de direito 

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é aquele que diz respeito à existência (ou não) de uma norma jurídica. Apessoa supõe que uma lei não existe ou que ela não esteja mais em vigor.Exemplos: firmar um contrato de locação com base em uma lei, pensando queela ainda está vigorando, no entanto já foi revogada; pessoa contrata aimportação de determinada mercadoria ignorando que existe uma lei proibindotal importação. Como a ignorância foi a causa determinante do ato, pode ser alegada para anular o contrato, sem com isso se pretender que a lei sejadescumprida. Um outro exemplo que sempre é muito citado pelos autores, masque não posso afirmar se é verídico é o seguinte: um argentino vem para oBrasil trazendo um lança-perfume. Na Argentina este produto não é proibido e apessoa não sabia que era proibido no Brasil; se soubesse não teria trazido.

Erro X Vício Redibitório

Essa é uma distinção muito importante, pois já vi cair em diversos

concursos. De fato, pode confundir um pouco o candidato. O vício redibitório(que é analisado na aula referente aos contratos, quando exigido no edital), é odefeito oculto na coisa, que a torne imprópria para o uso a que se destina ou lhediminua o valor. No vício redibitório não há qualquer erro no momento dacelebração do negócio; o que há é um defeito no objeto (e não na vontade doadquirente), que não foi notado, já que era oculto. Já no erro há um engano porparte do adquirente; é um vício de ordem subjetiva, pois foi a vontade que foiviciada pela falsa percepção da realidade, não havendo vício no objeto.

DOLO (arts. 145 a 150, CC)

Dolo é o emprego de um artifício astucioso por uma pessoa para enganara outra. No dolo, o agente emprega artifícios, manobras ardilosas oumaliciosas, para levar alguém à prática de um ato que o prejudica, beneficiandoo autor do dolo ou terceiros. Para a sua caracterização exige-se a vontade deenganar alguém (a doutrina chama isso de animus decipiendi).

O dolo inicialmente pode ser classificado em:

•  Do l u s B o n u s    (dolo bom)  ⎯  é um comportamento tolerado nosnegócios em geral. Consiste em reticências, exageros nas boas qualidadesda mercadoria ou dissimulações de defeitos. É o artifício que não tem afinalidade de prejudicar ninguém... as pessoas não se sentem enganadas.Por tal motivo ele não é anulável, desde que não venha a enganar oconsumidor, mediante propaganda abusiva. Aliás, o Código de Defesa doConsumidor proíbe a propaganda enganosa, apta a induzir o consumidor emerro.

• Do l u s M a l u s  (dolo mau)  ⎯  consiste em manobras astuciosas (atos,palavras ou até o próprio silêncio) para enganar alguém e lhe causarprejuízo. Vicia o consentimento e por isso é anulável (na hipótese de seressencial) ou obriga a satisfação de perdas e danos (na hipótese de seracidental, como veremos adiante). O dolo mau pressupõe: a) prejuízo parao autor do ato; b) benefício para o autor do dolo ou terceiro.

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☺  Observação ☺  Não há normas absolutas para se distinguir na prática odolus bonus do dolus malus. Na realidade é o Juiz quem vai decidir a situação,analisando as peculiaridades de cada caso concreto que lhe é apresentada.

O dolus malus se divide em (art. 146, CC):

• Dolo Principal, essencial ou substancial (dolus causam)  ⎯ é aqueleque dá causa ao negócio jurídico, sem o qual ele não se teria concluído,acarretando, então, a anulabilidade do negócio jurídico. Se não houvesseo induzimento, a pessoa não faria o negócio. Para que seja possível aanulação é necessário que: a) haja a intenção de induzir a outra parte apraticar um negócio lesivo; b) os artifícios maliciosos sejam graves, porindicar fatos falsos, suprimir ou alterar os verdadeiros ou por silenciaralgum fato que se devesse relatar ao outro contratante; c) seja a causadeterminante na declaração de vontade; d) haja uma relação de causa eefeito entre a indução do erro e a prática do negócio; e e) se o dolo foiproveniente de terceiro, que seja do conhecimento do outro contratante.

• Dolo Acidental (dolus incidens)  ⎯  leva a vítima a realizar o negócio jurídico, porém em condições mais onerosas, não afetando sua declaraçãode vontade (embora venha a provocar desvios). Não se constitui vício deconsentimento porque não influi diretamente na realização do negócio. Onegócio teria sido praticado de qualquer forma, independentemente dasmanobras astuciosas, embora de outra maneira, em condições menosonerosas à vítima. O dolo acidental leva a distorções comportamentais quepodem alterar o resultado final do negócio, no entanto não anula o

negócio, apenas obriga a satisfação de perdas e danos ou a umaredução da prestação pactuada.

O dolo ainda pode ser classificado em:

•  Positivo (ou comissivo)  ⎯  resulta de uma ação dolosa; são osartifícios positivos. Exemplo: falsas afirmações sobre as qualidades de umacoisa: pode comprar este “cachorrinho” que eu garanto... ele vai ficar bempequeno... ele é da espécie “toy ”... passados alguns meses aquele “cachorrinho” se tornou um “cachorrão”.

• Negativo (ou omissivo)  ⎯  é a manobra astuciosa que constitui uma

omissão intencional, induzindo o outro contratante a realizar o negócio.Trata-se da ocultação de uma circunstância relevante e que a partecontratante deveria saber. E, sabedora, não teria efetivado o negócio.Exemplos: seguro de vida em que se omite uma doença grave e o seguradovem a falecer dias depois – neste caso houve uma evidente intenção delesar a seguradora, beneficiando os sucessores; venda de um cavalo deraça já doente e que vem a morrer logo depois da realização do negócio,etc. Nestas hipóteses o silêncio funciona como um mecanismo de atuaçãodolosa. Acarretará a anulação do negócio se o dolo for principal, pois énecessária a relação de causalidade entre a omissão intencional e a

declaração de vontade.

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☺ Observações Importantes ☺ 

• Dolo de Terceiro (art. 148, CC) – Em algumas situações o dolo podeser proveniente de uma terceira pessoa, estranha ao negócio. Em geral nãoafeta o contrato, uma vez que o terceiro não é parte do negócio. Somente

enseja a sua anulação se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesseter conhecimento. Exemplo: “C” instiga “A” a comprar o relógio de “B” assegurando que ele é de ouro; porém o relógio é apenas dourado e “C” sabe disso, estando em conluio com “B”. Neste caso o terceiro (“C”) e ocontratante (“B”) são tidos como autores do dolo. O negócio é anulável. Noentanto se “B” (contratante favorecido) não tinha conhecimento da condutadolosa por parte do terceiro, não se anula o negócio, mas “A” podereclamar as perdas e danos de “C” (o terceiro causador da situação).

•  Dolo dos Representantes (art. 149, CC) – A lei fornece soluçõesdiferentes para duas situações. No caso da representação obrigatória oulegal (pais, tutores ou curadores), o representado fica obrigado aresponder civilmente somente até a importância do proveito que teve. Istoporque o seu representante foi “imposto” pela lei (ou de forma judicial),sem que ele pudesse se rebelar contra isso. Por isso seria injustoresponsabilizar o representado por tudo. Por ser incapaz, ele não pôdeescolher o seu representante e nem vigiar os seus atos, não tendo ciênciase ele está agindo de forma maliciosa. No entanto, no caso derepresentação convencional ou voluntária (que é o caso do mandato) orepresentado responderá solidariamente com o representante por tudo,inclusive perdas e danos. Isto porque aquele que escolhe um representante

e lhe confere uma procuração, cria um risco para o mundo exterior; oprocurador irá agir usando o nome do representado. Por tal motivo deve,inicialmente, escolher bem a pessoa que irá representá-lo. Além disso, devevigiar os atos da pessoa que escolheu para ser seu representante.Escolhendo mal (culpa in eligendo) ou não fiscalizando (culpa in vigilando) oseu representante, o representado responde solidariamente pela reparaçãototal do dano (e não apenas limitado à responsabilidade do proveito queteve, como no caso da representação legal).

• Dolo recíproco (ou bilateral) – Ocorre quando ambas as partes agemcom dolo (comissivo ou omissivo), desejando obter vantagem em prejuízoda outra. Configura-se a chamada torpeza bilateral. Nesta hipótese ocorrea neutralização do delito, pois há uma compensação entre os dois ilícitos.Isto é, não haverá a anulação do ato, pois ninguém pode se valer daprópria torpeza. O ato é considerado válido para ambos (art. 150, CC).

• Dolo x Erro – O erro deriva de um equívoco da própria vítima, semque a outra parte tenha concorrido para isso. Já o dolo é intencionalmenteprovocado na vítima pelo autor do dolo. Em outras palavras: no erro euerrei sozinho; no dolo alguém me enganou, isto é eu errei, mas fui induzidoa cometer este erro pela conduta da outra parte.

• O dolo do direito civil (artifício para enganar alguém) não deve serconfundido com o dolo do direito penal. Este é a intenção de praticar um

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ato que se sabe contrário à lei. O sujeito quis ou assumiu o risco deproduzir o resultado. Está previsto no art. 18 do Código Penal. Também nãose confunde com o dolo do direito processual. Este decorre de condutaprocessual contrária à boa-fé, sendo reprovável; trata-se da chamadalitigância de má-fé (prevista nos arts. de 16 a 18 do Código de ProcessoCivil).

• Não se admite invocação do dolo para se anular um casamento. Istoporque em relação ao Direito de Família as regras são um poucodiferentes. O art. 1.550, inciso III, CC prevê que um casamento somentepode ser anulado por vício de vontade nos termos dos artigos 1.556 a1.558. Os dois primeiros artigos se referem ao erro essencial sobre apessoa do outro cônjuge. E o último se refere à coação. Portanto, porexclusão, não se pode alegar dolo para se anular um casamento. Noentanto, observem que não há uma proibição expressa de se reconhecer o

dolo no casamento. Isto se extrai por dedução lógica. Por tal motivo, épossível na prática que algum Juiz reconheça o dolo de um dos cônjugespara a realização do casamento. Imaginem a situação em que um homemse casa com sua namorada, pois ela diz que está grávida. Depois docasamento, ele descobre que a namorada mentiu. Diante dessa situaçãoentendo que ele até poderia alegar o dolo para anular seu casamento.

COAÇÃO (arts. 151 a 155, CC)

Coação é toda pressão física ou moral exercida sobre um indivíduo (vida,integridade física), seus bens ou honra, para forçá-lo, contra a sua vontade, a

praticar um ato ou realizar um negócio jurídico. O que caracteriza a coação é oemprego da violência (física ou psicológica) para viciar a vontade. Na coação oagente sofre intimidação, oferecendo-se à vítima (também chamada de pacienteou coacto) duas alternativas: emitir declaração de vontade que não pretendiaoriginalmente ou resistir e sofrer as consequências decorrentes da concretizaçãoda ameaça ou de uma chantagem.

Espécies:

a)  Coação Física (vis absoluta)  ⎯  é o constrangimento corporal queretira toda capacidade de querer de uma das partes, implicando ausência totalde consentimento ou manifestação de vontade, acarretando nulidade absolutado ato (ex: amarrar a vítima, segurar sua mão e fazê-la assinar contrato, etc.).A vítima não chega a manifestar uma vontade, agindo de forma mecânica.Segundo a doutrina, a manifestação de vontade é um requisito para a existênciado negócio jurídico. Portanto, não havendo essa vontade, o negócio seriainexistente. Assim, doutrinariamente a coação física não é um vício deconsentimento, pois sequer houve a vontade.

b) Coação Moral (vis compulsiva)  ⎯  atua sobre a vontade da vítima,sem aniquilar-lhe o consentimento, pois ela conserva uma relativa liberdade,podendo optar entre a realização do negócio que lhe é exigido e o dano com que

é ameaçada (ex: se não assinar o contrato, vou incendiar sua casa; vouestuprar sua mulher, vou mostrar uma foto sua em uma situação

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constrangedora, etc .). Trata-se de modalidade de vício de consentimentoexpresso na lei, posto que há manifestação de vontade, embora sob pressão.

O art. 152, CC prevê que o Juiz, ao apreciar a coação, deve ter emconta aspectos subjetivos, como o sexo, a idade, a saúde, a condição e o

temperamento do paciente, bem como nas demais circunstâncias que possaminfluir na gravidade da coação.

Efeitos

Coação Física – não há consentimento algum → ausência de vontade →

ato inexistente (não há previsão expressa na lei, mas é mencionada peladoutrina).

Coação Moral – há um consentimento, mas o mesmo é viciado → atoanulável (expressamente prevista no Código Civil).

É importante deixar claro que nem toda ameaça se configura em um vício deconsentimento. Assim, são necessários os seguintes requisitos para acaracterização da coação moral e a consequente anulação do negócio jurídico(art. 151, CC): 

• seja a causa determinante do negócio jurídico – ou seja, nexo causalentre o meio intimidativo e o ato realizado pela vítima; se não houvesse acoação, não haveria o negócio.

• temor justificado – deve causar um medo ou um fundado receio navítima. Os melhores exemplos a respeito são: ameaça de morte,chantagens, cárcere privado, desonra, mutilação, escândalos públicos, etc.

Exemplo: Se você não me der tanto eu colocarei “aquelas fotos suas” nainternet... Já o grau de ameaça para o reconhecimento (ou não) do defeitoe a consequente anulação do ato deve ser apreciado pelo Juiz, caso acaso.

• dano iminente –  suscetível de atingir a pessoa da vítima, sua família,seus bens, etc. O termo família abrange não só a que resulta decasamento, como também decorrente de união estável. O dano podeatingir pessoa não pertencente à família da vítima, hipótese em que o Juizdecidirá com equidade, se houve ou não a coação.

dano considerável e sério – a ameaça deve ser grave (vida, liberdade,honra, patrimônio) e séria, capaz de assustar a vítima (ou paciente), nelaincutindo um fundado temor. O dano pode ser patrimonial ou moral. Se aameaça for indeterminada ou impossível não é capaz de anular o ato

Coação exercida por terceiro

A coação exercida por terceiro vicia o negócio jurídico se dela tivesse oudevesse ter conhecimento a parte a que aproveite (art. 154, CC). Assim,havendo uma cumplicidade entre o coator e o beneficiário, além da anulação donegócio, ambos ainda responderão de forma solidária pelos prejuízos sofridos.Porém prevalece o princípio da boa-fé, não se anulando o ato de que a parte

não sabia ou que não podia saber sobre eventual coação por parte de terceiro

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(art. 155, CC). No entanto, mesmo nesta hipótese, o autor da coaçãoresponderá pelas perdas e danos sofridos pela vítima.

Excluem a Coação – art. 153, CC (ou seja, não se configura coação):

• Ameaça do exercício normal de um direito (exercício regular de direito).

Exemplo: se você não pagar a dívida, vou protestar o título e ingressar com uma ação de execução ou requerer a sua falência. Ora, assim agindo(protestando o título e ingressando com uma ação) eu apenas estareiexercendo um direito que me é assegurado pela lei. Portanto não hácoação.

• Temor reverencial  ⎯ o simples receio de desgostar ou magoar os pais, oupessoas a quem se deve respeito e obediência também é incapaz de viciaro negócio.

ESTADO DE PERIGO (art. 156, CC)

É uma inovação do atual Código. Configura-se o estado de perigo quandoalguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, degrave dano conhecido pela outra parte, assume obrigaçãoexcessivamente onerosa (art. 156, CC). A vítima não errou, não foi induzidaa erro ou coagida, mas pelas circunstâncias de um caso concreto, foi compelidaa celebrar um negócio que lhe era extremamente desfavorável. Trata-se de umahipótese de inexigibilidade de conduta diversa, ante a iminência do perigo porque passa o agente, não lhe restando outra alternativa senão praticar o ato.Tratando-se de pessoa não pertencente à família do contratante o Juiz decidiráde acordo com as circunstâncias de um caso concreto.

Uma pessoa, temerosa de grave dano moral ou material (situaçãoequiparada ao estado de necessidade, mas que com ele não se confunde),acaba assinando contrato, mediante uma prestação exorbitante. Exemplo: um pai teve filho sequestrado, sendo o que bandido lhe pediu 100 mil reais para oresgate. Um “amigo” sabendo do problema, se oferece para comprar suas jóias;estas valem 500 mil, mas ele oferece por elas apenas 100 mil reais, que é ovalor do resgate. O que faria um pai nesta hora?? Acaba vendendo as jóias parao “amigo” (na verdade é um ‘amigo da onça’, como costumamos dizer). Isto porque o valor oferecido é muito inferior ao de mercado. Posteriormente o pai 

 pode a n u l a r  o negócio com base no estado de perigo. Outros exemplos: vítimade acidente automobilístico que assume obrigação exagerada para ser salva deimediato; venda de imóvel por valor ínfimo para poder pagar cirurgia de filho,que corre risco de morte, etc . É necessário, em todos os exemplos fornecidos,que a outra parte tenha conhecimento da situação de desespero do primeiro ese aproveite dessa situação. Em algumas situações é a própria pessoa emperigo quem promete uma extraordinária recompensa para ser salva, como noexemplo de um náufrago. A doutrina também sempre lembra o famoso exemplohistórico do rei inglês Ricardo III quando lutava em uma batalha (BosworthField ) e seu cavalo foi morto. Caído, o rei gritava: “Um cavalo, um cavalo, meureino por um cavalo!” ( A horse, a horse, my kingdom for a horse!) O reiprometeu seu reino por um cavalo, pois estava premido por uma necessidade desalvar a si do perigo de estar em uma batalha sem ter um cavalo e assim

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ofereceu todo seu reino em troca do animal. Portanto acabou assumindo umaobrigação excessivamente onerosa, pois é evidente que seu reino valia mais doque um cavalo. Só para completar a história: Ricardo III acabou perdendo abatalha, o reino e também a própria vida. Mas eu pergunto: Se ele tivesseganho a batalha será que cumpriria a obrigação??

Há alguns exemplos em que o perigo não foi provocado e nem houve má-fé das partes. Exemplo: pai que oferece uma quantia exorbitante para otratamento de seu filho, que sofre de uma grave doença; náufrago que ofereceao seu salvador uma recompensa exagerada pelo seu salvamento. Nestes casosnão seria correto que o salvador ficasse sem uma remuneração e nem que oobrigado empobrecesse. O contrato apenas foi celebrado de formadesvantajosa. Portanto a doutrina (não há previsão legal) costuma afirmar quequando o prestador de serviços está de boa-fé, não pretendendo tirar proveitodo perigo de dano, o negócio deve ser conservado, mas com a redução de

eventual excesso contido na obrigação assumida, equilibrando-se um pouco asprestações das partes.

Requisitos para a configuração do Estado de Perigo:

a) situação de necessidade de salvar a si ou a pessoa de sua família.

b) iminência de dano atual e grave, capaz de transmitir o receio de que, senão for afastado, as consequências temidas ocorrerão.

c) nexo de causalidade entre a declaração e o perigo de grave dano.

d) conhecimento do perigo pela outra parte, que se aproveita para tiraralguma vantagem.

e) obrigação assumida excessivamente onerosa, ou seja, desproporcional,causando grande desequilíbrio contratual. Lembrando que se a onerosidade érazoável, o negócio pode ser considerado como válido.

Realizado um contrato sob um Estado de Perigo, a sanção é a anulaçãodeste contrato – arts. 171, II e 178, II, ambos do CC. O prazo é decadencial(pois atinge o direito propriamente dito) de 04 anos. A anulação se justificapela ofensa ao senso de justiça que deve estar presente nos contratos em razãoda sua função social; a parte agiu contra o princípio da boa-fé objetiva, pois seaproveitou da situação de necessidade para tirar vantagem do negócio.

LESÃO (art. 157, CC)

Trata-se de outra inovação do atual Código. Lesão é o prejuízo que umcontratante experimenta quando, em um contrato comutativo (onde as partesconhecem as prestações de cada um e há uma certa equivalência entre elas),deixa de receber valor correspondente ao da prestação que forneceu. Esteinstituto visa proteger o contratante em posição de inferioridade ante oprejuízo por ele sofrido na conclusão do contrato, devido a tambémdesproporção existente entre as prestações. Decorre do abuso praticado emsituação de desigualdade, punindo a chamada “cláusula leonina” (alguns autores

também a chamam de “cláusula draconiana” – que é uma referência ao famoso

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e rigoroso legislador ateniense Dracon) e o aproveitamento indevido narealização do contrato.

Como se percebe, há uma deformação da declaração de vontade porfatores pessoais do contratante, diante da inexperiência ou necessidade,

exploradas indevidamente pela outra parte. Exemplo:  pessoa está em vias deser despejado e, premido pela necessidade de abrigar sua família e não ver seusbens deixados ao relento, acaba realizando um outro contrato por valor muitoacima do mercado, negócio esse que, se tivesse condição de melhor refletir sobre os seus efeitos, jamais faria. O objetivo é reprimir o enorme desequilíbrionas relações contratuais.

O art. 157, CC prescreve que ocorre a lesão quando uma pessoa, sobpremente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestaçãomanifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. Aprecia-se,assim, a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em

que o contrato foi celebrado, pois o contrato é prejudicial desde o seunascedouro. Cabe ao Juiz (somente o Juiz pode rescindir ou modificar ocontrato), diante de um caso concreto, avaliar eventual desproporção entre asprestações. Segundo a doutrina, para a caracterização da lesão dispensa-se averificação de dolo ou de má-fé da parte que se aproveitou, sendo que tambémnão é relevante se a desproporção foi superveniente à formação do negócio.

São requisitos para a configuração da Lesão:

• Objetivo (material) – manifesta desproporção entre as prestaçõesrecíprocas, gerando enriquecimento para uma das partes e

consequentemente o empobrecimento para outra.• Subjetivo – premente necessidade ou inexperiência da pessoa lesada.

Saliente-se que a necessidade do contratante não está relacionada comsua condição econômica, sendo que o lesado pode ser mais rico que obeneficiário; trata-se da necessidade contratual. No mesmo sentido, ainexperiência também deve ser relacionada ao próprio contrato.Inexperiência não significa falta de cultura, pois a pessoa pode até serculta e inteligente; o que ocorre é a falta de conhecimentos técnicos ouhabilidades relacionadas ao contrato.

Ocorrendo a lesão, a sanção é a anulação do ato – arts. 171, II e 178,II, CC. O prazo é decadencial – atinge o direito propriamente dito – de 04(quatro) anos.

É importante acrescentar que não se decretará a anulação do negócio sefor oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com aredução do proveito (lesão especial ou qualificada – art. 157, §2o, CC).Exemplo: a pessoa favorecida reconhece que exorbitou e concorda com aredução da prestação que lhe era extremamente favorável. Evita-se, assim, aanulação do ato. No entanto, cabe ao Juiz averiguar se o suplemento foisuficiente. Desta forma prestigia-se o princípio da conservação dos contratos.

☺ Observação importante ☺ Somente se pode alegar lesão nos contratosaleatórios de forma excepcional, quando a vantagem que uma das partes

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obteve é exagerada em relação ao risco normal de um contrato. Lembrando quecontrato aleatório é aquele em que a prestação de uma das partes não éconhecida com exatidão no momento da celebração do contrato. Depende deuma álea (alea – do latim = sorte, azar, incerteza, perigo, etc.), que é um fatordesconhecido; depende de um risco futuro e incerto.

Estado de Perigo x Lesão – diferença básica

No estado de perigo há um perigo de morte e o contratante, entre asconsequências do grave dano que o ameaça (ou a pessoa de sua família) e opagamento de uma quantia exorbitante, opta pelo último (com a intenção deminimizar ou sanar o mal). Já na lesão o contratante, devido a umanecessidade econômica, realiza negócio desproporcional; há uma situação dehipossuficiência de uma das partes e o aproveitamento desta circunstância pelaoutra.

FRAUDE CONTRA CREDORES (arts. 158 a 165, CC)Alguns seres humanos, ávidos por proveitos materiais, não medem

esforços e nem consequências para conseguir vantagem em tudo, ainda que emprejuízo do próximo. Trata-se da famosa “Lei de Gerson” (gosto de levar vantagem em tudo... certo? ). Infelizmente a fraude existe e é fruto da “inteligência e astúcia do mal”. Trata-se de um gênero que possui inúmerasespécies. Enquanto estamos aqui preparando esta aula e vocês estudando...alguém pode estar “maquinando” para praticar fraudes. E a fraude contracredores é apenas uma pequena espécie do gênero “fraude”. Bem... feita estaintrodução, vamos ao que interessa.

Fraude contra credores é a prática maliciosa, pelo devedor, de atos quedesfalcam seu patrimônio, com o fim de colocá-lo a salvo de uma execução pordívidas em detrimento dos direitos creditórios alheios.

Ressalvadas as hipóteses de credores com garantia real (conformeanalisaremos na aula sobre Direito das Coisas: penhor, hipoteca e anticrese) osdemais credores estão em idênticas condições no recebimento de seuscréditos. Se o patrimônio do devedor não for suficiente para o pagamento detodos os credores haverá um rateio (chamado pela doutrina, especialmente noDireito Comercial, de  par conditio creditoris). E, no caso do devedor praticar

atos com a finalidade de frustrar o pagamento devido, ou tendentes a violar aigualdade entre os credores, ocorrerá a fraude contra credores. Observem quenão é a vontade que se encontra viciada, pois a pessoa faz exatamente o quequeria fazer; o vício reside na finalidade ilícita do ato, ou seja, prejudicar seuscredores. Por isso é que a fraude contra credores é chamada de vício social (enão um vício de consentimento, como vimos nos demais defeitos até agora).

Exemplo clássico: pessoa contrai um empréstimo; porém, em datapróxima ao vencimento da obrigação, doa todos os seus bens, ficando sempatrimônio para saldar a dívida. O que se quer evitar é esta doação fraudulenta,prejudicando os credores. Ora, a garantia de um credor de que irá receber o que

lhe é devido é o patrimônio do devedor. Se este maliciosamente desfalca o seupatrimônio, a ponto de não mais garantir o pagamento do que deve, colocando-

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se em uma situação de insolvência (*), está configurada a fraude contracredores.

São Elementos Constitutivos da Fraude:

• Objetivo (eventus damni )  ⎯  trata-se do prejuízo causado ao credor, que

deve provar que com a prática do ato o devedor se tornou insolvente (*) ou já praticou o ato em estado de insolvência, não tendo mais condições dehonrar suas dívidas.

• Subjetivo (consilium fraudis)  ⎯  trata-se do “conluio fraudulento”, da má-fé; da intenção deliberada de prejudicar, com a consciência de que de seuato advirão prejuízos a uma terceira pessoa (que é o credor). O art. 159,CC prevê duas situações onde há presunção relativa ( juris tantum – admiteprova em contrário) de má-fé do terceiro adquirente: a) for notória ainsolvência do devedor; b) quando o terceiro adquirente tinha motivos paraconhecer a má situação financeira do devedor.

São suscetíveis de fraude os negócios realizados:

•  A título gratuito  ⎯  doação de bens, remissão de dívidas (o devedor étambém credor de terceiro e deixa de cobrar seu crédito, perdoando esteterceiro), renúncia de herança ou usufruto, etc. Basta a prática de um dessesatos, colocando o devedor em situação de insolvência(*), para se presumir afraude. O ato pode ser anulado pelos credores quirografários(*), que nãoprecisam provar o conluio fraudulento (ou seja, o consilium fraudis, a má-fé),pois a simples prática do ato já está implícita e se presume a má-fé. Exemplo:Estou devendo uma determinada importância, mas não desejo pagá-la, embora

tenha bens para saldar minha dívida. Então começo a “doar” meus bens parasobrinhos, primos e irmãos. Basta esta doação dos bens, colocando-me emestado de insolvência, para que a fraude esteja presumida. Portanto, nestecaso, não se exige a prova da má-fé do devedor (ela já está implícita). Não seleva em consideração eventual boa-fé do donatário. O ato pode então seranulado pelos credores quirografários(*). Outro exemplo: Tenho algumasdívidas, mas não tenho dinheiro para pagá-las. De repente, um tio muito ricofalece e me deixa uma grande herança. Parte dela será para pagar meuscredores. Sabendo disso, eu renuncio a esta herança. Nesta hipótese tambémestá implícita a fraude. Mesmo renunciando à herança, meus credores têm

direito à herança. No entanto, depois de pagas todas as minhas dívidas, o quesobrar (se sobrar algo) eu poderei fazer o que quiser, inclusive renunciar. Mas oque eu não posso fazer é renunciar a um crédito, tendo dívidas a pagar. 

•  A título oneroso  ⎯ se o negócio foi oneroso, saiu um bem do patrimôniodo devedor (ex: um imóvel ), mas entrou outro bem (o dinheiro). Surge entãoum dilema: anulamos ou não o negócio? Melhor explicando e exemplificando. “A”, devedor de “B” (credor) vende seu imóvel a um terceiro (“C”), havendoequivalência nas prestações (ou seja, o imóvel foi vendido pelo seu valor real) eo comprador não sabia de eventuais más intenções do vendedor (devedor) eeste posteriormente dissipa o dinheiro recebido. O “A” agiu de forma

fraudulenta. Mas “C” estava de boa-fé. Mantém-se o negócio, prejudicando ocredor e beneficiando o terceiro? Ou anula-se o negócio, privilegiando o credor e

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prejudicando o terceiro? Nosso Código optou pela primeira hipótese: o negóciofoi válido pela boa-fé do terceiro comparador (que não tinha como saber oestado de insolvência do vendedor).  Resta ao credor entrar com uma açãocontra o devedor, que provavelmente não será produtiva, pois este já dissipoucom o dinheiro... 

No entanto, se o devedor já era insolvente ou era notória a suainsolvência (ex: ele já tinha diversos protestos em seu nome), ou há presunção(relativa) de que irá dissipar o que recebeu (ex: venda do único imóvel além dobem de família em data próxima do vencimento das obrigações e não há outrosbens para solver o débito; venda realizada entre parentes próximos, amizadeíntima, o preço vil na venda do bem, etc.), será reputada uma vendafraudulenta, se não houver dinheiro suficiente para pagar o credor. Portantonestes casos, ao menos hipoteticamente, seria possível a anular venda. Masdepende de prova, o que muitas vezes, em um caso prático não é possível. 

• 

Pagamento antecipado das dívidas  ⎯ 

por si só, também não seconfigura fraude contra credores. Mas se um devedor insolvente paga umadívida que ainda não venceu, em detrimento de outras que já se venceram,frustrando a igualdade entre os credores, há fraude contra credores, sendo queo primeiro pagamento deve ser anulado e o beneficiário é obrigado a repor oque recebeu. Também configura fraude contra credores quando o devedor, jáinsolvente, resolve privilegiar um dos credores quirografários, dando-lhe umagarantia real (ex: a hipoteca de uma casa). Ora, como a garantia real sesobrepõe aos demais créditos, o devedor também estará frustrando a igualdadeentre os credores.

(*) CONCEITOS – Algumas palavras que falamos acima são importantes paraum melhor entendimento da matéria:

• Credor Quirografário (do grego chirografo – chiro – mão; grafo - grafia -escrito = escrito à mão, assinado)  ⎯  é o credor sem garantias especiais.Ele conta apenas com a garantia comum a todos os credores: o patrimôniodo devedor.

• Insolvência  ⎯ é um estado de fato e ocorre quando a soma do patrimônioativo do devedor é inferior à do passivo; o valor das dívidas excede o valordos bens.

Ação Pauliana • Os atos eivados de fraude contra credores são anuláveis através de

ação própria, chamada de ação pauliana (também chamada derevocatória). Ela deve ser proposta pelos credores quirografários (e que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta) contra (art. 161, CC): odevedor insolvente e também contra a pessoa que celebrou negócio jurídico com o fraudador ou contra terceiros adquirentes que hajamprocedido de má-fé (há um litisconsórcio passivo necessário).

• O principal efeito desta ação é revogar o negócio lesivo aos interesses

dos credores, repondo o bem no acervo sobre o qual se efetuará oconcurso de credores. O prazo decadencial para o ajuizamento da

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ação é de 04 anos a contar da celebração do negócio (arts. 171, II e178, II, CC).

☺ Observações ☺ 

Vimos que os Negócios Jurídicos, quando praticados com determinadosvícios (erro ou ignorância essencial, dolo essencial, coação moral, lesão, estadode perigo, etc.) podem ser anulados. Mas, para que isso ocorra, é necessárioingressar com uma ação própria. A única ação que tem um nome especial é aproveniente de fraude contra credores (que chamamos de pauliana). Nosdemais casos de anulação fala-se apenas em “ação de anulação por erroessencial de objeto”, “ação de anulação por dolo substancial”... vai depender dahipótese concreta. A ação pauliana é uma espécie de ação anulatória, denatureza desconstitutiva.

Como vimos acima alguns autores também chamam esta ação de

revocatória. No entanto tomem cuidado com este termo, pois na chamada “Leide Falências” (na verdade a Lei no 11.101/05 disciplina a recuperação judicial, arecuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária)também há uma ação com este nome (arts. 130 e seguintes), podendoconfundir.

Distinção Fraude contra Credores X Fraude à Execução

Não podemos confundir tais institutos. Ambos possuem elementoscomuns como a fraude na alienação de bens pelo devedor, com desfalque emseu patrimônio, colocando-se em situação de insolvência e prejudicando o

credor. No entanto eles se diferenciam, pois a fraude à execução (ou fraude deexecução) é um instituto do Direito Processual Civil.

A fraude contra credores é um defeito no negócio jurídico (vício social,pois atinge terceiros); portanto é tema referente ao Direito Civil. No momentoem que foi realizada a alienação fraudenta, ainda não havia sido propostanenhuma ação (embora já possam existir títulos protestados).

Já a fraude à execução é um incidente processual; já há um processo.Ocorre quando ao tempo da alienação do bem (de forma fraudulenta), já corriacontra o devedor demanda (ação judicial) capaz de reduzi-lo à insolvência. Os

bens que foram alienados já estariam comprometidos tendo-se em vista a açãoproposta. Ou seja, o devedor já havia sido citado para uma ação (deconhecimento ou de execução - é indiferente a espécie de ação) em que o autorpersegue o recebimento de seu crédito. Reforçando. Apesar do nome (fraude àexecução) a ação em andamento não precisa ser necessariamente de execução;mesmo ocorrendo na fase de conhecimento, já há fraude a uma futura execução(essa é uma boa “pegadinha” em concursos). Na fraude à execução o credornão precisa mover ação pauliana, uma vez que o ato (venda ou doação do bem)não é apenas anulável, mas ineficaz perante o processo de execução. Nafraude à execução o vício é mais grave, sendo considerado como um atoatentatório à dignidade e administração da Justiça, podendo ser declarado

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ineficaz e reconhecido pelo Juiz no próprio processo, mediante um simplespedido da parte lesada. Vejamos um quadro comparativo:

FRAUDE CONTRA CREDORES FRAUDE À EXECUÇÃO

1) Defeito do Negócio Jurídico –Vício Social – Regulada peloDireito Privado (CC); são atingidosos interesses privados docredor.

1) Incidente de um Processo –Regulada pelo Direito Público(CPC). O vício é mais grave, poiso devedor viola a atividade jurisdicional do Estado.

2) Quando pratica o ato odevedor ainda não foi propostaação alguma.

2) A prática do ato foi após apropositura de alguma ação judicial (processo deconhecimento ou execução).

3) Para combater a fraude deveser proposta ação pauliana,visando a anulação do negócio jurídico.

3) Para combater a fraudedeve-se expor os fatos e requererao Juiz a ineficácia do ato, nocurso do próprio processo queestá em andamento (alegaçãoincidental).

4) Tratando-se de alienaçãoonerosa exige-se prova da má-fé

do terceiro (consilium fraudis).

4) Não se exige prova da má-fédo terceiro, uma vez que esta é

presumida.

A  jurisprudência dominante em nossos Tribunais é de que a fraude àexecução somente se caracteriza quando o devedor é citado para a ação e apartir daí realiza os atos fraudatórios. Antes disso seria apenas a fraude contracredores. Pessoalmente entendo que não é necessária a citação, bastando apropositura da ação. Com isso previne-se a hipótese em que a ação é proposta,mas o réu se oculta para não ser citado e neste ínterim realiza os atosfraudatórios; posteriormente, já em estado de insolvência, aparece para sercitado... sem bens.

Fraude contra Credores X Simulação

Ambas atingem direitos de terceiros, prejudicando-os. A diferença básicareside no fato de que enquanto na simulação a alienação é fictícia, na fraudecontra credores a alienação é real.

Fraude contra Credores X Dolo

A fraude se consuma sem a participação do lesado no negócio; no dolo apessoa lesada pelas manobras desleais é parte do negócio.

SIMULAÇÃO (art. 167, CC)

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Simulação é a declaração enganosa da vontade, visando obter resultadodiverso do que aparece, com o fim de criar uma aparência de direito, para iludirterceiros ou burlar a lei. Simular significa fingir. Há um conluio entre oscontratantes. Exemplo clássico: um homem, casado, possui uma amante edeseja doar um apartamento para ela. No entanto a lei não permite tal prática(e nem a sua esposa permitiria). Assim ele faz um contrato de compra e venda,com escritura e registro, tudo aparentemente perfeito; mas na verdade, ele nãovendeu o bem, ele fez uma doação. Ele fingiu celebrar uma compra e venda,mas na realidade realizou uma doação, posto que não houve umacontraprestação em dinheiro.

É importante notar que o novo Código Civil não trata mais asimulação como sendo um defeito referente à vontade ouconsentimento. Aliás, esta particularidade tem caído muito nos atuaisconcursos. Acompanhem, lendo no próprio Código: o Capítulo IV trata dos

Defeitos do Negócio Jurídico (Erro ou Ignorância, Dolo, Coação, Estado dePerigo, Lesão e Fraude contra credores). Esse capítulo tem início no art. 138 evai até o art. 165. Já a Simulação está prevista no art. 167, inserida no CapítuloV, referente à Invalidade do Negócio Jurídico (que veremos logo adiante).Além disso, o art. 168, CC determina que a simulação é hipótese de nulidadedo ato. No entanto parte da doutrina ainda a classifica como vício social.Concluindo: Se cair em um concurso, reparem no que está disposto nocabeçalho da questão; se esta afirma “...de acordo com o disposto no atualCódigo Civil...” podemos concluir que não se trata de um vício social.

Feita esta observação, continuemos... Na simulação há um desacordo

entre a vontade declarada e a vontade interna e não manifestada. As partesfingem, criando uma aparência, uma ilusão externa, que oculta a real intençãodos contratantes. Na simulação as duas partes contratantes estão combinadas(observem o exemplo clássico que demos a respeito ‘do marido e da amante’) ese destina a iludir terceiros (a esposa ou os filhos). Desta forma o ato somenteestará viciado (causando a nulidade) quando houver intenção de prejudicarterceiros ou violar disposição de lei. A despeito do novo Código, a doutrinacontinua classificando a simulação da seguinte forma:

1) Absoluta  ⎯ ocorre quando a declaração enganosa de vontade exprimeum negócio jurídico, mas não há intenção de realizar negócio jurídico algum.

Exemplo: proprietário de uma casa alugada que, com a intenção de facilitar odespejo contra seu inquilino, finge vendê-la a terceiro. Outro: marido e mulher vão se separar; possuem um patrimônio de 100; mas o marido diz estar devendo 50 para um amigo, mostrando o título; este título não representaqualquer negócio; não há esta dívida. Com isso o marido prejudica a esposana partilha de bens. Em ambos os exemplos não houve negócio algum por trásdo ato fraudulento; tudo foi fingido.

2) Relativa  ⎯  as partes pretendem realizar um negócio; mas este éproibido pela lei ou prejudica interesses de terceiros. Assim, para escondê-lo,praticam outro negócio (ou o próprio negócio com valor diverso). Portanto,neste caso há dois negócios: a) o simulado (que é o aparente, aquele que se

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declarou, mas não se quer de verdade); e b) o dissimulado (que é o oculto,aquele verdadeiramente desejado pelas das partes). O negócio aparente serveapenas para ocultar a efetiva intenção dos contratantes. Exemplo: marido quefinge vender um imóvel a uma pessoa, mas na verdade está doando o bem asua amante. A venda é a simulação; a doação é dissimulação. Outro: umapessoa realiza vende um bem imóvel por 100; no entanto realiza a escriturade compra e vende por 50, para pagar menos imposto e burlar o Fisco. O valor50 é o aparente (simulado); o valor 100 é o desejado e realmente feito(dissimulado).

A Simulação (seja absoluta ou relativa), acarreta a  nulidade donegócio simulado (ou seja, do negócio aparente). No entanto, no caso dasimulação relativa subsistirão os efeitos do negócio dissimulado, se ele forválido na substância e na forma. É o que diz a parte final do art. 167, CC. Naverdade o que a lei determina é que o negócio dissimulado (ou seja, a vontade

real do contratante) será mantido, desde que ele seja válido na forma e nasubstância. Exemplo: pai deseja doar um imóvel a um de seus filhos (seria onegócio dissimulado), mas não quer que este bem seja trazido à colaçãoquando de sua morte. Simula, então, uma compra e venda (trata-se agora donegócio simulado). Neste caso, se forem obedecidos os requisitos legais dadoação (que é o negócio dissimulado, pois esta era a real intenção do paidesde o início), ela será mantida. Notem que neste caso o bem doado devesair da parte disponível do patrimônio do pai. Ou seja, ao contrário do quegeralmente se pensa, um pai pode favorecer um filho em detrimento de outro.Mas isso deve ser feito de forma legal e dentro da chamada “parte disponível” do ascendente. Outro exemplo (mais fácil): é o caso da pessoa que vende umimóvel, lavrando a escritura por valor inferior ao preço real. Anulado o valoraparente (simulado), subsistirá o real (dissimulado), porém lícito. Ou seja, nãose anula a compra e venda, pois foram respeitadas a substância e a formapara a compra e venda do imóvel. Anula-se apenas o valor falso, devendosubsistir, para efeito do negócio (assim que o defeito for constatado) o valorreal. Veremos melhor esse assunto no Direito de Família e também no Direitodas Sucessões, quando este ponto for exigido em um edital.

A simulação ainda pode ser classificada em:

a) Subjetiva (por interposta pessoa ou ad personam)  ⎯ 

ocorre quando aparte contratante não é o indivíduo que tira proveito do negócio. É o chamadotesta de ferro (também conhecido por “homem de palha”). Exemplo: “A” vendeum imóvel a “B”, para que este transmita o bem posteriormente a “C”, sendoque a intenção, desde o início, era transferir o bem para “C”, mas isto, por algum motivo não era permitido. Tal simulação somente se efetivará quando secompletar a transmissão do bem ao real adquirente.

b) Objetiva (ou simulação de conteúdo)  ⎯  relativa à natureza do negóciopretendido, ao objeto ou a um dos elementos contratuais. O ato contém umadeclaração, confissão ou cláusula não verdadeira. Exemplo: as partes, em uma

escritura de compra e venda de um bem imóvel, declaram preço inferior ao donegócio real com a intenção de pagar menos imposto sobre a transmissão do

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bem. Outros exemplos: colocar data diversa em um documento (ex: pré ou pósdatar contratos); doação de bem imóvel pertencente a um homem casado à suaamante, dando-se a aparência de uma compra e venda, etc.

c) Inocente  ⎯  quando não há a intenção de violar a lei ou de lesar outrem.

Por isso, mesmo havendo a simulação, a conduta costuma ser tolerada, não seanulando o negócio. Exemplo clássico: uma senhora, sem herdeiros necessários, possui apenas três sobrinhos e deseja doar um imóvel para um deles. Noentanto ela não quer ‘melindrar’ os demais sobrinhos. Assim, finge fazer umacompra e venda em relação a este sobrinho, mas na verdade o que ela fez foi doar imóvel ao sobrinho preferido. Observem que a senhora não lesou ninguém.Os sobrinhos não são seus herdeiros necessários. Se ela quisesse doardiretamente o bem a um deles, poderia fazê-lo sem problema algum.

d) Maliciosa  ⎯ envolve o propósito deliberado de prejudicar terceiros ou deburlar o comando legal, viciando o ato que perderá a validade, sendo

considerado nulo de pleno direito.A doutrina vem entendendo que o Código Civil não mais distingue a

simulação inocente da maliciosa, pois ambas produziriam o mesmo resultado:nulidade de eventual negócio simulado e manutenção do negócio dissimulado,se for o caso.

☺ Observações Importantes☺ 

1) Estabelece o art. 168 e parágrafo único, CC que as nulidades do art.167, CC (simulação) podem ser alegadas por qualquer interessado ou pelo

Ministério Público quando lhe caiba intervir. Se o Juiz conhecer do ato ou deseus efeitos e a encontrar provada, deve pronunciar a nulidade, não lhe sendopermitido supri-las, mesmo que haja requerimento das partes.

2) A nulidade do ato simulado não pode prejudicar terceiros de boa-fé quetenham negociado com um dos simuladores (conforme o art. 167, §2o, CC).

Distinção Simulação X Reserva Mental

Na simulação há um consenso entre os simuladores, o que não ocorre nareserva mental. Nesta não há um acordo prévio entre as partes para enganarterceiros. Na verdade há a emissão de uma declaração unilateral de vontadenão desejada, nem em seu conteúdo nem em seu resultado. O agente queralgo. Mas declara, conscientemente, outra coisa. Portanto há uma não-coincidência entre a vontade real e a vontade declarada. Exemplo: “A” emprestadinheiro a “B”, pois este esta está desesperado, a ponto de cometer um suicídio.Na realidade, “A” não deseja realizar um contrato de mútuo (ou empréstimo),mas sim de ajudar “B”, doando-lhe o dinheiro. No entanto “A” não quer que “B” saiba que o empréstimo, na verdade, é uma doação. Assim, “A” finge que estáemprestando, mas ele mesmo já sabe que o devedor não terá condições de lhepagar o empréstimo. É irrelevante o que ficou no íntimo de “A” (doação); o quevale é a vontade que foi declarada expressamente (pela lei continua valendo oempréstimo).  Outro exemplo: pessoa se casa, não com o intuito de contrair matrimônio, mas sim para não ser expulsa do País. O que vale é o casamento. O

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art. 110, CC prescreve: a manifestação de vontade subsiste ainda que o seuautor haja feito reserva mental de não querer o que manifestou, salvo se dela odestinatário tinha conhecimento. É importante deixar claro que a reserva mentalpode ser fraudulenta ou inocente, se houver ou não intenção de prejudicar.

II. ELEMENTOS ESSENCIAIS ESPECIAIS

Já vimos todos os elementos essenciais gerais. Recordando: Capacidadedas partes, Objeto lícito, possível, determinado ou determinável eConsentimento. Vimos também os possíveis defeitos em cada um desseselementos e os seus efeitos. Veremos agora o elemento essencial especial,que é a forma prescrita ou não defesa em lei. Cuidado com esta expressão!Forma prescrita é a determinada pela lei; forma não defesa em lei é a formaNÃO PROIBIDA pela lei. Aqui, a expressão “defesa” tem o sentido deproibição. 

Forma é o meio pelo qual se externa a manifestação de vontade nosnegócios jurídicos; é o conjunto de formalidades, solenidades, para que o atotenha eficácia jurídica.

Forma prescrita ou não defesa em lei

Em regra a vontade pode se manifestar livremente, não havendo umaforma especial. Pode-se recorrer à palavra falada, escrita, ao gesto e até mesmoao simples silêncio (em alguns casos raros como vimos atrás). O art. 107, CCdetermina que: “A validade da declaração de vontade não dependerá de formaespecial, senão quando a lei expressamente a exigir”.

Todavia, em casos determinados, para dar maior segurança nas relações jurídicas, a lei prescreve a observância de uma forma especial. Exemplo: o art.108, CC determina que qualquer negócio jurídico que tenha por objetivoconstituir, transferir, modificar ou renunciar direitos sobre imóveis de valorsuperior a 30 vezes o maior salário mínimo vigente no País, somente pode serefetivado mediante escritura pública.

Assim, forma especial (ou solene) é o conjunto de solenidades que a leiestabelece como requisito para a validade de determinados atos jurídicos. Tempor finalidade garantir a autenticidade do ato, facilitando sua prova eassegurando a livre manifestação de vontade das partes. É interessanteacrescentar que para alguns atos jurídicos a lei impõe apenas uma forma paraser realizado (escritura pública para os imóveis). Ou seja, a lei determina queuma forma não pode ser preterida por outra (forma única).

Em algumas hipóteses a lei permite que um ato seja realizado de diversasmaneiras. O exemplo clássico é o reconhecimento voluntário de filho havido forado matrimônio. Ele pode ser feito: a) no próprio termo do nascimento; b) por

escritura pública ou instrumento particular; c) por testamento ou d) pormanifestação expressa e direta perante o Juiz. Por exigir formalidade especial e

Reforçando: Consensualismo é a regra. Formalismo é a exceção.

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permitir diversas maneiras de reconhecimento, costuma-se dizer que ela é umaforma especial plural.

Importante. Não devemos confundir forma com prova. Enquanto a formaserve para indicar a vontade interna do agente, a prova serve para demonstrar

a existência do ato.Nulo é o negócio jurídico quando não se revestir da forma prescrita em lei

ou quando preterir alguma solenidade que a lei considere essencial para suavalidade (confiram o art. 166, inciso V, CC).

Ante o que foi aqui falado sobre a forma dos negócios jurídicos em geral,concluímos que eles podem ter:

1. Forma Livre  (ou geral) – para os contratos consensuais (tambémchamados de não-formais) → pode ser usado qualquer meio de exteriorizaçãoda vontade (desde que não prevista uma forma especial): como vimos, palavraescrita ou falada, gestos e até mesmo o silêncio. Exemplos: admite-se a formaverbal para a doação de bens móveis de pequeno valor (art. 541, CC); mandatoverbal (art. 656, CC); mútuo, etc .

2. Forma Especial (ou solene) – para os contratos formais ou solenes→ conjunto de formalidades que a lei estabelece como requisito para a validadede certos atos. Pode ser única ou plural. Citamos alguns exemplos (entre

outros) de Negócios Jurídicos que exigem formalidade especial:• casamento  ⎯  para se casar é imprescindível todo um conjunto de

formalidades, um rito totalmente formal e adequado, inclusive quanto aoregime de bens escolhido.

• pacto antenupcial  ⎯ deve ser realizado por escritura pública.• adoção  ⎯ é imprescindível o registro de pessoas naturais.• compra e venda e doação de imóveis  ⎯ tais atos devem ser formalizados

por uma escritura pública e posteriormente transcritos no Registro deImóveis.

• bem de família (hipótese prevista pelo Código Civil – arts. 1.711/1.722) ⎯  formalizado por meio de uma escritura pública e posterior registro.Lembrando que se for o chamado bem de família instituído pela lei8.009/90 dispensam-se as formalidades (qualquer dúvida revejam a aulasobre Bens).

• testamento  ⎯ deve ser feito por escrito, com rito adequado e número detestemunhas determinado.

• hipoteca  ⎯ formalizada no registro de imóveis.• criação de uma fundação  ⎯ escritura pública ou testamento.•  reconhecimento de filho havido fora do casamento  ⎯  pode ser feito no

próprio termo do nascimento, por escritura pública ou particular, por

testamento ou manifestação expressa e direta perante o Juiz (daí dizerque é uma forma especial e plural).

Concluindo: Se houver desobediência quanto à forma (prescrita ounão defesa em lei = Nulidade Absoluta do Ne ócio Jurídico

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3. Forma Contratual – é a pactuada pelas partes; às vezes um contratopode ser realizado de forma particular, mas as partes podem convencionar queele será realizado por instrumento público. Exemplo: posso realizar um contratode locação por instrumento (contrato) particular. No entanto, para dar maiorsegurança ao ato, podemos pactuar que o mesmo será feito em cartório, porinstrumento público.

Com isso terminamos a análise dos Elementos Essenciais (gerais eespeciais), que dizem respeito à validade do Negócio Jurídico. Veremos agoraos Elementos Naturais, que são bem simples e dizem respeito apenas aosefeitos do Negócio. Logo a seguir veremos os Elementos Acidentais, que dizemrespeito à eficácia do Negócio Jurídico. Vamos a eles.

III. ELEMENTOS NATURAIS 

Os Elementos Naturais são os efeitos ou as consequências decorrentes donegócio jurídico, sem que seja necessária a menção expressa a estes efeitos,pois a norma jurídica já determina as consequências jurídicas.

Exemplo: Em uma compra e venda os elementos naturais são: obrigaçãodo comprador de pagar o preço e a obrigação do vendedor de entregar a coisa.Além disso, o vendedor tem responsabilidade pela evicção da coisa (evicção é aperda da coisa em virtude de sentença judicial, tema que será analisado na aulasobre Direito das Obrigações – Contratos – arts. 447/457, CC), pelo vícioredibitório (que é o defeito oculto na coisa, também objeto de análise na aula

sobre Contratos – arts. 441/446, CC e Código de Defesa do Consumidor), etc.Outro exemplo: Em um contrato de locação há a obrigação do locador deentregar o bem locado. Por outro lado o locatário deverá pagar pontualmente osaluguéis. Enfim, cada parte deverá cumprir o disposto nas cláusulas do contrato.Em outras palavras, cada contratante deve cumprir as obrigações que assumiu.

IV – ELEMENTOS ACIDENTAIS (arts. 121/137, CC) 

Os elementos acidentais do negócio jurídico são as cláusulas que se lheacrescentam com o objetivo de modificar uma ou algumas de suasconsequências naturais, ou seja, na geração dos efeitos jurídicos que lhe sejampróprios.

São elementos ditos acidentais porque o ato negocial pode estar perfeitosem eles; sua presença é dispensável para a existência do negócio. Dizemrespeito à eficácia do negócio jurídico. Desta forma são declaraçõesacessórias de vontade. Um contrato pode ter ou não esses elementos. Sãoelementos acidentais:

• Condição• Termo• Modo ou Encargo

A) CONDIÇÃO – arts. 121/130, CC

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Condição, nos termos do art. 121, CC, é a cláusula acessória que,derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do ato jurídico a evento futuro e incerto (ex: eu lhe darei o meu carro, se eu ganhar na loteria). A condição afeta a eficácia (produção de efeitos) do negócio e não asua existência (uma vez que a vontade foi legítima).

Os requisitos para a configuração da condição são:

a) Aceitação voluntária das partes.

b) Evento futuro (futuridade) do qual o negócio jurídico dependerá.

c) Incerteza do acontecimento (que poderá ou não ocorrer).

O titular de direito eventual, embora ainda não tenha direito adquirido, jápode praticar alguns atos destinados à conservação, com o intuito de resguardarseu futuro direito, evitando que eventualmente sofra prejuízos (ex: requerer inventário, pedir uma garantia, etc.). Antes de se realizar a condição, o ato éineficaz. A condição pode ser classificada em:

1. QUANTO AO MODO DE ATUAÇÃO (é a que tem maior incidência nosconcursos):

a) SUSPENSIVA (art. 125, CC)  ⎯  é a condição cuja eficácia do ato ficasuspensa (protelada, adiada) até a realização do evento futuro e incerto. Adia-se, temporariamente, a eficácia do negócio. Exemplo: eu lhe darei uma jóia sevocê ganhar a corrida; enquanto você não ganhar, eu não preciso entregar obem, pois a condição suspende a doação. Outros exemplos: eu lhe darei uma

casa logo após o seu casamento; eu lhe darei um carro, se você passar noconcurso...

- enquanto a condição não for verificada (realizada, concretizada) ela échamada de pendente.- o cumprimento (ou a ocorrência) da condição é chamado de

implemento.- chamamos de frustração, quando a condição não é realizada.

Pendente a condição, não há direito adquirido, mas uma simplesexpectativa de direito ou um direito eventual. Exemplo: “A” doa a “B” um

objeto sob uma condição suspensiva. Antes do implemento da condição, “B” vende o bem a “C”. Esta venda é considerada nula. “B” não poderia vender estebem antes da ocorrência da condição. Somente com o implemento da condiçãoaperfeiçoa-se o ato negocial de forma retroativa, desde a celebração (efeito ex tunc – falarei mais sobre esta expressão adiante), exceto nos contratos reais(que necessitam da entrega da coisa ou do registro do contrato).

Pelo art. 126, CC é possível que, na pendência de uma condição suspensiva,sejam feitas novas disposições. Mas estas somente terão validade se não foremincompatíveis com a condição original.

b) RESOLUTIVA (art. 127, CC)  ⎯ é a condição que subordina à ineficáciado negócio jurídico a um evento futuro e incerto. A eficácia do ato se opera

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desde logo (chamamos isso de entabulamento), mas se resolve com aocorrência de um evento futuro e incerto. Lembrem-se: resolver = extinguir.Portanto o implemento da condição extingue os efeitos do ato. Exemplo: deixo-lhe uma renda enquanto você estudar; se você parar de estudar, você perdeesta renda. O direito que você tinha em relação a esta renda se extingue (ou seresolve). Enquanto a condição não se realizar, vigorará o negócio jurídico.Verificada a condição, extingue-se o direito para todos os efeitos. Outroexemplo: empresto-lhe uma casa para você nela residir enquanto for solteiro.Isto quer dizer que no dia em que você se casar perderá o direito de usar acasa; portanto, resolve-se, extingue-se o seu direito. É interessante esclarecerque pelo art. 128, CC esta extinção do direito, como regra, não atinge os atos jápraticados.

2. QUANTO À PARTICIPAÇÃO DOS SUJEITOS:

a) Casual  ⎯ se depender de fato alheio à vontade das partes; ou seja, deum acontecimento fortuito. Exemplo: eu lhe darei um anel de brilhantes sechover amanhã.

b) Potestativa  ⎯  se decorrer da vontade (ou do poder) de uma daspartes. Subdivide-se em:

- puramente potestativa  ⎯  quando decorre de um capricho ouarbítrio do proponente; decorre da vontade absoluta de uma das partes,segundo um critério exclusivo de sua conveniência. Exemplo: eu lhe darei um carro se eu levantar o braço, ou se eu quiser. A doutrina costumachamá-la de cláusula “si voluero” (se me aprouver). São proibidas pelo

nosso Direito – art. 122, CC.- meramente (ou simplesmente) potestativa  ⎯  depende da

prática de algum ato do contraente e de um fator externo. Exemplo: eu lhedarei uma jóia se você cantar bem; ou se você passar num concurso; eu lhe pagarei quando revender a coisa, etc. Um dos contratantes tem poder sobrea ocorrência do evento, mas não um poder absoluto, pois depende, ainda,de fatores ligados ao outro contratante. Por este motivo a cláusula é válida(ao contrário da puramente potestativa em que decorre da vontadeexclusiva, do puro arbítrio de uma das partes). A condição meramentepotestativa pode-se tornar promíscua, quando inesperadamente ocorreralgum problema (anteriormente inexistente) que a torne inexequível.Exemplo: dou-lhe uma importância em dinheiro se você escalar determinada montanha; antes de realizar a condição a pessoa quebra a perna, impossibilitando a escalada (que anteriormente seria possível).

☺ Observação ☺  pode haver uma combinação entre todas as espécies decondição. Exemplo: a condição pode ser suspensiva e casual ao mesmo tempo,ou suspensiva e potestativa. Também resolutiva e casual e resolutiva epotestativa.

3. QUANTO À POSSIBILIDADE: 

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a) Física e juridicamente possível  ⎯ é a que pode ser realizada conformeas leis físico-naturais e as normas jurídicas.

b) Física e juridicamente impossível  ⎯ é a que não se pode efetivar porser contrária à natureza (ex: eu lhe darei um carro se você filtrar toda a água

do mar; ou capturar vivo um dragão, etc.) ou à ordem legal (ex: eu lhe darei um carro se você renunciar à pensão alimentícia).

Importante 

Invalidam os Negócios Jurídicos: as condições físicas e juridicamenteimpossíveis, quando suspensivas (art. 123, I, CC). Isto porque não haveriaseriedade na proposta. Nosso direito considera como condições inexistentes(art. 124, CC) as condições impossíveis quando forem resolutivas e também asde não fazer coisa impossível (ex: dou-lhe uma importância em dinheiro se vocênão usar qualquer aparelho auxiliar para ir às profundezas do oceano).

4. QUANTO À LICITUDE:

a) Lícita  ⎯ quando não for contrária à lei, à moral e aos bons costumes; ouseja, a condição é permitida ou tolerada em nosso direito. Dispõe o art. 122,primeira parte do CC, que são lícitas todas as condições não contrárias à lei, àordem pública ou aos bons costumes.

b) Ilícita  ⎯ quando for condenada pela norma jurídica, pela ordem pública,pela moral e pelos bons costumes. Exemplo: eu lhe darei uma jóia se você medeixar viver em adultério; ou se você mudar de religião; ou se você não secasar, etc.  A condição perplexa ou contraditória é a que não faz sentido,

deixando o intérprete confuso (perplexo), por isso ela priva de todo efeito o ato,sendo considerada inválida. Exemplo: eu lhe vendo um apartamento, mas vocênão poderá morar nele.

Cuidado  Invalidam o Negócio Jurídico as condições ilícitas oude fazer coisa ilícita (conforme o art. 123, II, CC).

☺  É importante salientar que há condições que não são aceitas pelonosso Direito. Alguns atos que não admitem condição, pois são ligados a uma

norma de direito público, cogente. Estes atos geralmente estão presentes noDireito de Família e Sucessões e são chamados de atos puros. Exemplos: 

• condição de não se casar  ⎯ não é admissível uma condição proibindoo casamento. Porém ela até pode ser aceita se for elaborada da seguintemaneira: eu lhe darei um apartamento se você não se casar com Paulo.Ou eu lhe darei uma casa se você casar com Leandro. Quanto à condiçãoda obrigatoriedade de permanecer em estado de viuvez, ainda causamuita polêmica, não sendo aceita por todos.• exílio  ⎯ não se pode proibir que uma pessoa more em uma cidade ouque ela tenha morada perpétua em outro lugar. Porém nada impede de se

pactuar a condição de que a pessoa vá residir em outro lugar, fora de umacapital (ex: eu lhe darei uma casa se você se mudar da capital do Estado).

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•  religião   ⎯  a condição para mudança de religião atenta contra aliberdade de consciência assegurada pela nossa Constituição, sendo, portal motivo, proibida.•  profissão   ⎯  não pode haver condição para que não se exerça

determinada profissão. Porém pode haver para que se siga uma certaprofissão (ex: se você se formar em Direito, eu lhe darei meu anel degrau).•  aceitação ou renúncia de herança  ⎯   este ato  deve ser puro esimples, sem nenhuma condição (veremos esse assunto com maisprofundidade no Direito das Sucessões – art. 1.808, CC, quando o pontofor exigido no edital).• reconhecimento de filhos, emancipação  ⎯  também não pode haverqualquer condição para se reconhecer um filho (ex: eu o reconheço comomeu filho, desde que você aceite não receber pensão alimentícia ou

renuncie o direito de eventual herança); ou emancipação (eu emancipovocê, desde que você não se case).

☺  Observação ☺  É preciso que não haja interferência maliciosa dequalquer dos interessados no desfecho da situação prevista. Se um doscontratantes interferir (dolosamente, intencionalmente) na ocorrência doevento, para que ele se realize ou não se realize, a penalidade é a de que seconsidere realizado o fato no sentido oposto daquele pretendido pelo agentemalicioso (art. 129, CC). Exemplo: eu lhe darei determinada importância emdinheiro se o motorista chegar no local combinado até o meio dia; se a outraparte aprisiona o motorista para que ele não chegue no horário previsto, reputa-

se verificada a condição, pois a mesma foi maliciosamente obstada pela partecontrária.

B) TERMO – arts. 131/135, CC

Termo é a cláusula que subordina os efeitos do negócio jurídico a umacontecimento futuro e certo. Trata-se do dia em que começa e/ou extingue aeficácia do negócio jurídico, subordinando-se a um evento futuro e certo(embora a data deste evento possa ser determinada ou indeterminada). Assimcomo na condição, alguns negócios não admitem o termo (ex: aceitação ou

renúncia de herança, emancipação, reconhecimento de filhos, etc.). Há variasespécies de termo: convencional (estabelecido pelas partes), de direito (decorreda lei), de graça (dilação de prazo concedida pelo devedor), etc. No entanto aclassificação mais importante para efeito de concursos é a divisão em:

a) Termo Inicial ou Suspensivo (dies a quo)  ⎯ quando fixa o momentoem que a eficácia do negócio deve ter inicio, retardando o exercício dodireito (ex: a locação terá início dentro de dois meses; eu lhe darei umcarro no Natal deste ano, etc.). No termo inicial já há o direito adquirido(diferentemente da condição suspensiva onde há uma mera expectativade direito, impedindo-se a sua aquisição). O termo inicial não suspende a

aquisição do direito, que surge imediatamente, mas só se tornaexercitável com a superveniência do termo. Em outras palavras: O termo 

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suspende o exercício, mas não a aquisição do direito (art. 131, CC).O exercício do direito fica suspenso até o instante em que o acontecimentofuturo e certo, previsto, ocorrer.

☺ Observação ☺ se o termo inicial for impossível, demonstra que não há uma

vontade real de criar a obrigação, gerando, portanto, a sua nulidade. Ex: eu lhedarei um carro no dia 31 de fevereiro; ou no dia de “São Nunca”.

b) Termo Final ou Resolutivo (dies ad quem)  ⎯  se determinar a datada cessação dos efeitos do negócio jurídico, extinguindo as obrigaçõesdele oriundas (ex: uma cláusula que diga que a locação se findará no prazo de 30 meses). Antes de chegar o dia estipulado para seuvencimento, o negócio, subordinado a um termo final, vigoraráplenamente e seu titular poderá exercer todos os direitos deleprovenientes. Com a chegada do termo final não se destrói o negócio;apenas lhe retira a eficácia.

Não confundir termo com condição suspensiva 

A condição suspensiva trata de evento futuro e incerto. Além de suspendero exercício do direito, ela suspende também sua aquisição. Já o termo se vinculaa um evento futuro e certo. Não suspende a aquisição do direito, apenas adia oseu exercício.

O termo ainda pode ser classificado em:

c) Certo  ⎯ 

quando estabelece uma data determinada do calendário (ex: alocação terá início no dia 1º de janeiro do próximo ano).

d) Incerto  ⎯ se se referir a um acontecimento futuro, mas com uma dataincerta. Ex: eu lhe darei um imóvel quando fulano falecer; o evento éfuturo e certo (pois a morte é sempre certa), porém a data é incerta.

Também não confundir termo com prazo

Prazo é o lapso de tempo compreendido entre a declaração de vontade ea superveniência do termo em que começa o exercício do direito ou extingue odireito até então vigente. Ou seja, prazo é o intervalo entre o termo iniciale o termo final. É contado por unidade de tempo (hora, dia, mês e ano),excluindo-se o dia do começo (dies a quo) e incluindo-se o dia do vencimento(dies ad quem), salvo disposição legal ou convencional em contrário (art. 132,CC). Para resolver algumas questões relativas ao prazo, o Código Civil apresentaas seguintes regras (arts. 132, 133 e 134, CC):

•  Se o vencimento se der em feriado ou domingo, prorroga-se até o primeirodia útil subsequente.

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• Se o termo vencer em “meado” de um mês, isto deve ser entendido comosendo o seu 15o dia, qualquer que seja o mês, pouco importando que eletenha 29 ou 31 dias.

• Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou

no imediato, se faltar exata correspondência. Exemplo: prazo de mêsestabelecido no dia 10 de abril se expira no dia 10 de maio. No entanto há aressalva: quando não há a exata correspondência no ano ou mês posterior.Exemplo: fiz um contrato de ano no dia 29 de fevereiro (ano bissexto). Noano seguinte não haverá o dia 29 de fevereiro. Logo o vencimento recairáno dia 1° de março. Outro exemplo: fiz um contrato de mês no dia 31 demaio. Não existe o dia 31 de junho. Portanto o prazo recairá no dia 1° de julho.

• Prazo fixado em hora é contado de minuto a minuto.

• Nos testamentos presumem-se os prazos em favor do herdeiro.

• Nos contratos, presumem-se em favor do devedor (salvo se do teor doinstrumento ou das circunstâncias resultar que se estabeleceu em benefíciodo credor, ou de ambos os contratantes). Sendo estabelecido em favor dodevedor, este poderá pagar o débito antes do vencimento, mesmo contra avontade do credor (ainda que este não possa exigir o pagamento antes dovencimento).

• Nos negócios jurídicos entre vivos, onde não foi estabelecido um prazo, omesmo pode ser executado desde logo. A doutrina entende que a expressão “desde logo” não deve ser entendida “ao pé da letra”, como sinônimo de

imediatamente, pois às vezes é necessário que haja um certo tempo (pormenor que seja) para que a prestação seja cumprida. E isso irá dependerda natureza do negócio, do lugar onde a obrigação será cumprida (pode serem lugar distante do local da celebração do negócio) ou mesmo de suascircunstâncias.

☺ Observação ☺  a exemplo da condição, também é possível haver umacombinação entre todas as espécies de termo. Exemplo: o termo pode ser iniciale certo ao mesmo tempo; inicial e incerto; final e certo; final e incerto.

C) ENCARGO OU MODO – arts. 136 e 137, CC 

Encargo (também chamado de modo) é a cláusula acessória, que emregra, aparece em atos de liberalidade  inter vivos (ex: doação) ou causamortis (ex: herança, legado), impondo um ônus ou uma obrigação à pessoa(natural ou jurídica) contemplada pelos referidos atos, mas sem caráter decontraprestação exata. Por isso, o encargo deve ser menor que o benefícioconcedido. Na realidade é uma limitação trazida a uma liberalidade. Trata-se deuma obrigação de fazer. Exemplo: dôo um terreno à municipalidade para quenele seja edificado um hospital; dou-lhe dois terrenos desde que em um delesseja construída uma escola, etc . Também poderá ser instituído nas declarações

unilaterais de vontade, como por exemplo, na promessa de recompensa(“perdeu-se cachorrinho... recompensa-se bem”). Observem que o benefício

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vem acompanhado de um encargo. Um exemplo muito comum, inclusive emnossa vida particular é o comodato. Este é um contrato de empréstimo decoisa infungível (que não pode ser substituída por outra igual). É um contratogratuito. Porém eu posso colocar um encargo. Exemplo: deixo você morar degraça em meu apartamento (se eu cobrar por isso, deixa de ser um comodato epassa a ser locação). No entanto eu posso colocar o seguinte encargo: desdeque você pague o condomínio e o IPTU. O pagamento destas despesas trata-sede um encargo, que não irá retirar a natureza gratuita do comodato, pois nãoestará havendo uma contraprestação.

Uma característica do encargo é a sua obrigatoriedade. Por isso, caso oencargo não seja cumprido, posso exigir o seu cumprimento por meio de umaação judicial específica.

O art. 136, CC dispõe que o encargo não suspende a aquisição nem oexercício do direito. Exemplo: aberta a sucessão o domínio e a posse dos bens

transmitem-se desde logo aos herdeiros nomeados, com a obrigação de cumprir o encargo; se este não for cumprido a liberalidade será revogada.

Interessante a análise do art. 137, CC. Se o objeto do encargo for ilícitoou impossível, é tido como não escrito, libertando o negócio jurídico de qualquerrestrição e ele vale normalmente (como se fosse uma doação pura e simples).Exemplo: eu dou um terreno a Pedro desde que ele assuma a paternidade deum filho que eu tive fora do casamento. Esta cláusula seria juridicamenteimpossível. No entanto não há uma ligação entre o encargo (assumir a filiação)e a doação em si. Portanto se Pedro aceitar a doação e depois não assumir apaternidade, o negócio valeu. A cláusula é tida como não escrita. Isto porque

não há uma ligação entre aceitar a doação e reconhecer o filho. Outro exemplo:eu lhe dou uma casa com o encargo de se construir uma escada até o céu. Ora,como isso é impossível, vale a doação pura e simples, como se não houvesse oencargo. No entanto o dispositivo contém uma ressalva: salvo se o encargo seconstituir no motivo determinante da liberalidade. Exemplo: eu lhe dou umacasa, no entanto esta deve ser mantida como depósito de entorpecente.Observem que nesta hipótese a casa (objeto da doação) possui uma ligaçãoimediata com o encargo (manutenção como depósito de entorpecente). Por issoo efeito é a nulidade total do negócio jurídico.

É importante não confundir as três espécies de elementos acidentais(condição, termo e encargo). Às vezes as diferenças são muito sutis e oexaminador aproveita esse fato para confundir o candidato. Assim, costumofornecer em aula um quadrinho que realça as diferenças entre os institutosvistos. O quadro a seguir, portanto, tem a finalidade de facilitar o estudo,evidenciando as diferenças dos institutos:

CONDIÇÃOSUSPENSIVA

TERMO ENCARGO

1. Evento futuro e

incerto.

1. Evento futuro e certo. 1. Impõe sempre um

ônus.

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2. Enquanto nãoverificada, não se adquireo direito a que o ato visa.

2. Já se adquire o direito,apenas se retarda o seuexercício.

2. Não se suspende aaquisição nem o exercíciodo direito.

3. Emprego da conjunção

se (eu lhe darei isso, sevocê fizer aquilo).

3. Emprego da conjunção

quando (eu lhe dareiisso quando você fizer 18anos).

3. Emprego das locuções:

para que, a fim de que,com a obrigação de,mas, etc.

4. Pode ser aplicada aquaisquer atos.

4. Pode ser aplicada aquaisquer atos.

4. Aplica-se somente aatos de liberalidade(doação, herança, etc.).

INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO

Vimos até agora os Elementos Constitutivos do Negócio Jurídico(Essenciais, Naturais e Acidentais). A partir daqui veremos o que causa aIneficácia do Negócio Jurídico.

Para a realização de um ato jurídico, a lei civil impõe que sejamobservados determinados preceitos. Em alguns casos, os atos praticados pelaspartes podem não produzir os efeitos desejados, posto que realizados emdesacordo com o ordenamento jurídico. Segundo a doutrina tradicional aexpressão invalidade (ou ineficácia) é empregada para designar o negócioque não produziu os efeitos desejados pelas partes. O grau de invalidade donegócio depende da natureza da norma ofendida. Assim, abrange:

1) Inexistência do Ato.2) Nulidade: Absoluta (ato nulo) ou Relativa (ato anulável).

1) ATO INEXISTENTE – ocorre quando lhe falta algum elementoestrutural; é inidôneo à produção de qualquer efeito jurídico. Exemplo: comprae venda na qual não se estipulou preço; ou não se identificou o comprador ou ovendedor; ou simplesmente não há objeto, etc. Não é necessária a declaraçãoda ineficácia por decisão judicial, porque o ato jamais chegou a existir. Não seinvalida o que não existe. Costuma-se dizer: ato inexistente é o nada no mundo jurídico. O vício é tão sério que o ato é considerado como inexistente.

2) NULIDADE – de uma forma ampla nulidade é a sanção imposta pelalei que determina a privação de efeitos jurídicos do ato negocial, praticado emdesobediência ao que ela prescreve. Para que se possa declarar um negócio jurídico nulo ou anulável, é preciso que ele ao menos tenha entrado (emboracom vícios) no mundo jurídico para surtir os efeitos manifestados. Duas são asespécies de nulidades: nulidade absoluta e nulidade relativa (ouanulabilidade). No final deste assunto também fornecerei um quadrocomparativo entre ambos (ato nulo e anulável).

a) Nulidade Absoluta (nulo)  ⎯   o ato não produz qualquer efeitopor ofender gravemente os princípios de ordem pública. Há um interesse socialpara que se prive o negócio de seus efeitos. O ato é absolutamente inválido;

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não precisa ser anulado, pois já nasce nulo; o Juiz somente declara o ato nulo,podendo fazê-lo a requerimento de qualquer interessado (ação declaratória) oude ofício (ex officio), ou seja, sem ser provocado. A declaração de nulidade éuma penalidade ao desrespeito da norma. Pelo art. 169, CC os atos nulos nãopodem ser convalidados, nem ratificados, exceção feita à hipótese do art. 170,CC, que veremos mais adiante (conversão). E também não se convalescem pelodecurso de tempo. Não produzem efeito algum.

Exemplos: venda de imóvel por contrato particular; venda realizada por absolutamente incapaz; objeto de um contrato ilícito ou impossível, etc.

b) Nulidade Relativa (anulabilidade)  ⎯   quando a ofensa nãoatinge de forma direta o interesse social, mas sim o interesse particular depessoas; o ato é anulável. Enquanto não for declarado como tal pelo Juiz,produz efeitos normalmente. A lei oferece aos interessados as seguintesalternativas: a) de requerer a anulação do ato; b) confirmar ou sanar o vício

(evitando-se o seu desfazimento); c) deixar que continue a produzir seusefeitos normalmente. A anulação só atinge os atos após a declaração deanulação. A parte precisa requerer a anulação; o Juiz não pode reconhecer deofício (ou seja, sem ser provocado). O ato anulável prende-se a umadesconformidade que a norma considera menos grave, pois viola preceitosindividuais, provocando uma reação menos extrema.

Exemplos: venda realizada sob coação, ou por pessoa relativamente incapaz sem assistência, etc.

Confirmação

Como vimos, o negócio anulável pode ser confirmado pelas partes,salvo direito de terceiros (art. 172, CC). O instituto da confirmação do negócioanulável (também chamado de convalidação), tem por objetivo aproveitar onegócio jurídico defeituoso, que poderia ser anulado. Convalidar é sanar odefeito que inquina o ato. Pela confirmação integra-se o negócio jurídico, dando-se validade àquilo que as partes teriam contratado, se pudessem prever aanulabilidade. Embora o atual Código não seja explícito, entende a doutrina queos efeitos da confirmação do negócio são retroativos (ex tunc ). Reforçando: oato nulo não pode ser confirmado (art. 169, CC). A convalidação pode se dar:

a) Pela ratificação (ou confirmação) do ato. Determina o art. 173, CCque o ato de confirmação deve conter a substância da obrigação confirmada e avontade expressa de confirmá-la. Portanto, deve ser a mesma clara e precisa,para que não paire qualquer dúvida a respeito. No entanto ela pode serexpressa ou tácita, quando o devedor, ciente do vício, já cumpriu parte daobrigação (art. 174, CC) – a vontade de confirmar está implícita neste ato,dando início ao cumprimento do ato. Exemplo: marido vendeu um apartamentoque pertencia ao casal, sem a outorga uxória; trata-se de um ato anulável. Seposteriormente à venda do imóvel a esposa assina a documentação, estáconfirmando o negócio. A confirmação (expressa ou tácita) implica em renúncia

a todas eventuais ações judiciais.b) Pelo decurso de tempo (ex: decadência – art. 178, CC).

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Gráfico das Diferenças(admitido pela doutrina tradicional)

Ato Nulo Efeitos e x t u n c   A decisão que declara a nulidade retroageà data da celebração do negócio nulo.

Efeito erga omnes (contra todos). Matériade ordem pública.

AtoAnulável Efeitos e x n u n c   

A decisão de anulabilidade opera efeitos apartir da anulação. Efeitos somente entreas partes contratantes. Matéria de ordemprivada.

Percebam as duas expressões em latim (ex tunc  e ex nunc ). Elas sãomuito importantes. Não só no Direito Civil, como em todos os ramos do Direito.Já vi estas expressões caírem em quase todas as matérias. Portanto, muita

atenção.Ex n u n c    ⎯ significa “de agora em diante”, desde agora; portanto quando

se diz que algo tem efeito ex nunc , quer se dizer que os efeitos são daqui parafrente; eles decorrem a partir da declaração de anulabilidade, ou seja, os efeitosnão retroagem. Lembre-se ex nunc  – nunca retroage = expressão nunc “lembra” nunca. Este é um “macete” muito usado por professores para que osalunos gravem a diferença. No entanto, cuidado:  nunc  não significa nunca.Nunc significa agora, no momento presente (portanto, de agora em diante). Adica é só para ajudar uma melhor associação. Vejamos o que diz o art. 177,CC: A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se

pronuncia de ofício; só os interessados a podem alegar, e aproveitaexclusivamente aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ouindivisibilidade. Ou seja, como regra a alegação de anulação só aproveita aquem alegou este fato. Mas se a obrigação é solidária ou indivisível, estaalegação também irá beneficiar os demais, mesmos que eles não a tenhamalegado.

Ex t u n c    ⎯  significa “desde então”, desde aquele momento. Lembrem-se:ex tunc – tudo; tunc – trás, vai para trás. Ou seja, os efeitos da declaração danulidade do ato retroagem à data da sua celebração, como se ele não tivesse

existido. Esta expressão também pode se referir a uma cláusula que admite aretroatividade da lei, alcançando situações já consolidadas sob o império de leianterior. Implica na anulação do ato alcançado por seus efeitos.

Er g a o m n e s   ⎯ é uma expressão latina que significa: contra todos, o queé válido em relação a todos, extensível a todos. 

Vejamos agora quais as hipóteses de nulidade (ato nulo ou nulidadeabsoluta) e de anulabilidade (ato anulável ou nulidade relativa):

São nulos os negócios quando (art. 166, CC):

•  praticados por absolutamente incapaz (e x: venda realizada por menor de16 anos, enfermo mental interditado, etc.).

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•  for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto (e x: contrato parafazer uma viagem até o a estrela Alfa-Centauro, venda de um carroroubado, etc.).

•  o motivo determinante, comum a ambas as partes for ilícito. 

•  não se revestir da forma prescrita em lei (e x: pacto antenupcial feito por contrato particular, testamento feito de forma verbal, etc.).

•  for preterida solenidade que a lei considere essencial para sua validade(e x: testamento realizado sem testemunhas, compra e venda de imóvel sem fazer a escritura, etc.).

•  tiver por objeto fraudar lei imperativa.

•  a lei taxativamente o declarar nulo ou proibir-lhe a prática, sem cominarsanção. Aqui há uma questão interessante! Na realidade esse dispositivopode ser dividido em duas partes. A primeira parte afirma: a leitaxativamente o declarar nulo. Ou seja, a própria lei proíbe umadeterminada conduta e estabelece uma sanção: a nulidade. Ex: o art. 489,CC: "Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrioexclusivo de uma das partes...” Vejam que o próprio dispositivo descreveuma conduta e menciona a sanção: afirma que esta conduta torna nulo ocontrato. A nulidade, neste caso é textual, expressa. Já a segunda partedo dispositivo diz "ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção". Istoporque às vezes o legislador proíbe determinada prática, mas nãoestabelece expressamente a nulidade (sanção) para quem praticá-la. Vejamo art. 426, CC. Ele diz: "Não pode ser objeto de contrato a herança de

pessoa viva". Sim... não pode... mas e daí? E se alguém desrespeitar estedispositivo? É caso de nulidade ou anulabilidade? Embora o art. 426 nãodiga expressamente, mas pelo art. 166, inciso VII, CC devemos entenderque é caso de nulidade. Da mesma o art 380 (“não se admite...”). Nestescasos a nulidade está subentendida (virtual ou implícita).

•  o negócio jurídico for simulado (art. 167, CC) – pessoa finge vender umacasa a uma pessoa, mas na verdade esta doando para o seu cúmplice deadultério. Lembrem-se, no entanto, que o negócio subsistirá no que sedissimulou, se for válido na forma e substância.

São anuláveis os negócios (art. 171, CC):•  por incapacidade relativa do agente, sem a devida assistência de seusrepresentantes legais (e x: venda feita por pródigo sem ser assistido).

•  por vício resultante de erro, dolo, coação, lesão, estado de perigo oufraude contra credores (e x: venda sob coação moral; com erro essencial,etc.).

•  por falta de legitimação (e x: venda de imóvel sem outorga do outrocônjuge, casados sob o regime em comunhão universal de bens).

• 

se a lei assim o declarar, tendo em vista uma situação particular (ex:art. 496, CC – É anulável a venda de ascendente para descendente, salvo

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se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamentehouverem consentido; art. 550, CC – É anulável a doação do cônjugeadúltero ao seu cúmplice de adultério pelo outro cônjuge ou seus herdeiros,até dois anos depois de dissolvida a sociedade conjugal ).

Prazo Decadencial

Pelo art. 178, CC é de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico. Conta-se esse prazo: a) no caso de coação,do dia em que ela cessar; b) no de erro, dolo, fraude contra credores, estado deperigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; c) no de atos deincapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

É importante salientar que quando a lei dispuser que determinado ato éanulável, sem estabelecer um prazo para pleitear-se essa anulação, este prazoserá de dois anos, a contar da conclusão do ato (art. 179, CC). Exemplo: o

próprio art. 496, CC citado acima. Como vimos, ele prevê que é anulável avenda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e ocônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Reparem que odispositivo diz que o ato é anulável, mas não prevê o prazo para se requerer aanulação. Logo, entende-se que este prazo é de dois anos, por força do art.179, CC. Outro exemplo é o do art. 533, inciso II, CC (que fala da troca oupermuta).

☺ Observações ☺ 

01) Sendo o Negócio Jurídico Nulo ou Anulável é imprescindível amanifestação do Poder Judiciário a esse respeito. Ou seja, é o Juiz quem irádeclarar se o ato é nulo, anulável ou se ele é válido, dependendo da situação emconcreto.

02) A teoria das nulidades sofre algumas exceções no que diz respeito aocasamento. Assim, mesmo um casamento considerado nulo, pode gerar efeitosem algumas situações especiais.

Regras Comuns à Nulidade e à Anulabilidade

• Pelo art. 182 do CC, anulado um negócio jurídico as partes serão restituídas

ao estado em que se encontravam antes do negócio (status quo ante).Exemplo: anulada a compra e venda de um relógio, tanto a importância emdinheiro eventualmente entregue, como objeto do negócio (o relógio), serãodevolvidos às partes. Se for um bem imóvel o registro imobiliário deve sercancelado. Isso não sendo possível (a coisa não mais existe ou é inviável areconstituição da situação anterior), o lesado será indenizado com o valorequivalente à coisa.

• A nulidade (absoluta ou relativa) pode ser total (atingindo todo o negócio jurídico) ou parcial (afeta somente parte do negócio). A nulidade parcial de umato não prejudicará a parte válida do negócio, se for destacável, ou seja, se esta

puder existir autonomamente (art. 184, CC). Trata-se da aplicação do princípio

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da conservação do negócio jurídico. Exemplo: nulidade da cláusula de fiança nãoanula todo o contrato de locação.

• A nulidade relativa do instrumento não induz à do ato se este puder serprovado por outro meio (art. 183, CC). Ou seja, mesmo que viciado um

contrato, este pode ser provado de outras maneiras. Exemplo: anulação docontrato de locação não anula a própria locação; esta pode ser provada pormeio de recibos e testemunhas.

• A nulidade da obrigação principal implica a nulidade das acessórias. Mas ocontrário não. Exemplo: nulidade de cláusula onde se estabelece a locaçãoresidencial porque o locatário é menor invalida todas as outras cláusulas,inclusive a fiança. Já a nulidade no contrato de fiança não atinge o contrato delocação, propriamente dito.

Quadro comparativo entre nulidade a anulabilidade 

Ato Nulo(nulidade absoluta) 

Ato anulável(nulidade relativa – anulabilidade) 

1. Interesse da coletividade;matéria de ordem pública. Eficáciaerga omnes (extensíveis a todos);opera-se de pleno direito.

1. Interesse do prejudicado;matéria de ordem privada. Os efeitossão extensíveis apenas para quemalegar, salvo nas hipóteses deindivisibilidade e solidariedade.

2. Pode ser arguida por qualquerinteressado ou pelo Ministério Público.

2. Somente pode ser alegada peloprejudicado, legítimo interessado.

3. Não pode ser suprida pelo  juiz.No entanto ele pode reconhecê-la deofício.

3. O juiz não pode reconhecê-la deofício. No entanto, alegada, ele podesaná-la.

4. O vício não pode ser sanado pelaconfirmação, nem se convalesce pelodecurso do tempo.

4. O vício pode ser sanado pelaconfirmação (expressa) ou pelo decursodo tempo (tácita).

5. Em regra não prescreve.Exceções: quando a lei assim opermitir, negócios de fundopatrimonial, etc.

5. Prescreve em prazos mais oumenos exí guos ou em prazosdecadenciais.

6. Efeito ex tunc  (desde aquelemomento). A declaração de nulidaderetroage à data da celebração donegócio.

6. Efeito ex nunc  (de agora emdiante). Não retroage. Os efeitos seoperam somente a partir da anulação.

CONVERSÃO DO NEGÓCIO NULO

O art. 170, CC admite a conversão do negócio jurídico nulo (cuidado!! Só

no nulo e não no anulável) em outro de natureza diferente: “Se o negócio jurídico nulo contiver requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que

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visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto anulidade”. O negócio não pode prevalecer da forma como pretendida pelaspartes. Ele é nulo. Mas como seus elementos são idôneos para caracterizar umoutro negócio, transforma-se neste, desde que não haja uma proibiçãoexpressa.

Essa matéria é bem teórica. Por isso vamos exemplificar bem: duaspessoas celebram um contrato de compra e venda de um imóvel por meio deum instrumento particular. Ora, o negócio seria nulo (nulidade absoluta), pois acompra e venda de um imóvel exige instrumento público (e não particular), queno caso é a escritura pública (para imóveis com valor superior a 30 saláriosmínimos – art. 108, CC). Um negócio nulo, como regra, não gera efeitos. Masneste caso, é possível salvar este negócio, aplicando a teoria da conservação(pois visa a manutenção da vontade externada), mediante atividade derequalificação do negócio jurídico: basta considerá-lo como sendo uma

promessa de compra e venda (e não como um contrato de compra e vendapropriamente dito). A promessa é um compromisso bilateral de contrato ou umcontrato preliminar. Observem que o art. 462, CC não exige as mesmasformalidades do contrato definitivo. No entanto é necessário que os contratantesqueiram o outro contrato, se souberem da nulidade do que celebraram e que onegócio nulo tenha os elementos do outro negócio a ser convertido. Resumindo:o contrato de compra e venda é nulo; porém a vontade das partes ficapreservada convertendo-se a compra e venda em uma promessa de compra evenda, sendo que o negócio requalificado é considerado válido (o compromissonão exige a forma pública), gerando efeitos.

Outro exemplo. Este eu vi na prática. Duas pessoas estão noivas e vão secasar. Durante o noivado ambos financiam um apartamento; ambos estãopagando os valores do financiamento em partes iguais. Só que estefinanciamento está somente no nome do noivo (assim procederam para deixar onome da noiva “limpo” para futuros e eventuais novos financiamentos). Porcautela o casal celebrou um “pacto antenupcial” com o objetivo de fazer comque o imóvel (que está somente no nome do noivo) se comunique também paraa noiva após o casamento. Só que o pacto foi por escritura particular; ou seja,fizeram um contrato particular (para não ter que pagar custas, registro, etc.etc.). No entanto a lei diz que um pacto antenupcial, para ter valor precisa ser

feito por escritura pública. Fazendo por instrumento particular ele é nulo, poisnão obedeceu a forma prescrita em lei. Antes do casamento, os noivos brigam,o noivado é desfeito e não haverá mais casamento. Pela lei o imóvel é só onoivo e o contrato é nulo (e o que é nulo não gera efeito). No entanto a noivaentrou com dinheiro para o financiamento e não consegue provar este fato... Eagora?? Ora, ela entrou com uma ação. Nesta ação expôs a situação e o Juizconsiderou aquele “pacto antenupcial” (que é nulo) como uma “constituição decondomínio de um bem indivisível”, sendo que este admite como válida a formapor “instrumento particular”. Sendo assim o documento, agora requalificado, foiconsiderado válido e a noiva ficou com a metade do valor que haviam pago atéentão. Nada mais justo...

Obrigações Contraídas por Menores

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• As obrigações contraídas por menores entre 16 e 18 anos são anuláveis secontraídas sem assistência de seus representantes (os quais devem intervirpessoalmente nos atos).

• Os menores devem ser assistidos por curadores especiais quando

intervierem em atos nos quais possa haver um conflito de interesse com seusrepresentantes legais (art. 119, CC). Exemplo: pai e filho, este com 17 anos,querem vender imóvel que possuem em condomínio. Neste caso, para avenda do bem o filho deve ser assistido por um curador especial, pois ‘pode’ haver um conflito de interesses entre o menor e seu pai. O prazo decadencialpara pleitear-se a anulação do ato praticado com esta infringência é de 180dias a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade.

• Quanto aos atos ilícitos em que forem culpados, os menores entre 16 e 18anos, são equiparados aos maiores. Vamos deixar claro: somente se oilícito for civil; isso não se aplica ao ilícito penal, pois a imputabilidade penal é

com 18 anos, conforme o art. 228, CF/88: “São penalmente inimputáveis osmenores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial”.

• O menor entre 16 e 18 anos não pode eximir-se de uma obrigação ourequerer a anulação da mesma, invocando a sua idade, se dolosamente aocultou quando inquirido pela outra parte, ou se espontaneamente sedeclarou maior ao assumir a obrigação (art. 180, CC). Exemplo: rapaz com17 anos queria alugar um apartamento (seria inquilino). Para isso serianecessária a assistência de seus pais. Porém, falsifica seu documento deidentidade e se apresenta como maior. Passados alguns meses, deixa depagar o aluguel. Acionado, alega ser incapaz. Tal argumento não será

cabível, pois ele se apresentou como maior quando assumiu a obrigação.• Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a umincapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga(art. 181, CC). Ou seja, uma pessoa celebrou um contrato com um incapaz.Este negócio foi anulado. O incapaz não será obrigado a restituir eventualquantia paga. Exceto se a outra pessoa provar que a quantia reverteu emproveito dele mesmo (o menor).

PROVA DO NEGÓCIO JURÍDICO

Uma vez praticado determinado negócio jurídico, pode surgir anecessidade de prová-lo. Não basta alegar um fato. Exige-se a prova destefato. Há um brocardo que diz: allegare nihil et allegatum et non probare pariasunt (nada alegar e alegar algo e não prová-lo se equivalem). Deve-se provarapenas o fato e não o direito a ser aplicado, pois é atribuição do Juiz conhecer eaplicar o Direito (iura novit curia). As Ordenações do Reino (Filipinas) jámencionavam que “a prova é o farol que deve guiar o Juiz nas suas decisõessobre as questões de fato”.

Conceituando = Prova é o conjunto de meios empregadospara demonstrar, legalmente, a existência de negócios jurídicos. Para

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um processo a serve a prova para estabelecer a verdade diante doJuiz.

Princípios

• O ônus da prova incumbe a quem alega o fato e não a quem o contesta.Esta é a regra → Código de Processo Civil – art. 333, I e II. Se o autoralegar um fato, mas nada provar, o réu (como regra) será absolvido.

• Eu disse acima “como regra”, pois alguns fatos independem de prova,como os fatos notórios, que são os fatos da cultura geral, deconhecimento de todos. Ex: datas históricas (natal, ano novo, etc), os diasda semana (depois da segunda-feira, vem terça-feira...), personagenshistóricos (Tiradentes, D. Pedro II), etc.

• Também devem ser considerados verídicos os fatos incontroversos, sobreos quais não há debate entre as partes. Ex: um fato foi alegado pelo autore não foi contestado pelo réu. As partes concordam com os fatos; tornou-se incontroverso, embora possam não concordar com o resultado jurídicodeles.

• Se, para a validade do negócio jurídico a lei exige forma especial, suaprova só poderá ser feita pela exibição do documento (ex: a compra evenda de imóveis só se prova pela escritura pública).

• Se o negócio for de forma livre (não solene), a prova pode ser feita porqualquer meio permitido pela ordem jurídica (até mesmo verbal).

A prova deve ser:

a) Admissível → não proibida por lei e aplicável ao caso em análise.

b) Pertinente → idônea para demonstrar os fatos.

c) Concludente → para esclarecer pontos controvertidos ou confirmar asalegações feitas no processo.

O art. 212 do Código Civil enumera quais são os meios de prova. Mas o fazde forma exemplificativa (e não taxativa). Vejamos:

A) Confissão 

É o reconhecimento do fato pela parte que pratica o ato contrário a seuinteresse e favorável ao adversário. Não se pode atribuir à confissão valorabsoluto probatório. Foi-se o tempo em que se afirmava que “a confissão é arainha das provas”. É certo que ela é um meio de prova. No entanto deve sercotejada com as demais provas colhidas no decorrer do processo. Ela pode ser judicial ou extrajudicial (fora do processo). A confissão judicial livre, espontâneae não posta em dúvida por qualquer elemento dos autos pode levar àcondenação do acusado. Mas a confissão extrajudicial, que não se reveste dasgarantias do Juízo, é insuficiente para embasar uma condenação. Comocuriosidade, vejamos o que diz o art. 197 do Código de Processo Penal: “o valor

da confissão se aferirá pelos critérios adotados para os outros elementos deprova, e para a sua apreciação o juiz deverá confrontá-la com as demais provas

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do processo, verificando se entre ela e estas existe compatibilidade ouconcordância”. Vejamos agora, alguns dispositivos sobre a confissão no CódigoCivil. Art. 213: Não tem eficácia a confissão se provém de quem não é capaz dedispor do direito a que se referem os fatos confessados. Também não temeficácia se tratar de direitos indisponíveis. Também não valerá se feita por umsó dos cônjuges quando o fato versar sobre bens imóveis. A confissão éirrevogável, mas pode ser anulada se for oriunda de erro de fato ou coação (art.214, CC). Art. 1.602: Não basta a confissão materna para excluir a paternidade. 

B) Documentos Públicos ou Particulares 

As declarações constantes de documentos assinados presumem-severdadeiros em relação aos signatários (art. 219, CC). Documento público é oelaborado por autoridade pública no exercício de suas funções. Ex: certidão(reprodução do que se encontra transcrito em determinado livro ou documento),

traslado (cópia do que se encontra lançado em um livro ou em um processo).Particulares são os elaborados pelas pessoas em geral.- Nos contratos celebrados com a cláusula de não valerem sem instrumento

público, este passa a ser da substância do ato, e só ele poderá provar estemesmo ato.

- As obrigações convencionais de qualquer valor, constantes de instrumentosparticulares e assinados pelas partes, fazem prova entre elas.

- Para fazer prova perante terceiros, estes documentos precisam serregistrados no registro público (Cartório de Títulos e Documentos).

- Todos os documentos e instrumentos de contrato que tiverem de produzirefeitos no Brasil devem ser escritos em língua portuguesa (art. 215, §3o, CC).Se feito em outra língua devem ser traduzidos por tradutor juramentado (art.224, CC).

C) Testemunhas 

Testemunha é a pessoa natural (ou física) que, não sendo partediretamente interessada no objeto do litígio (estranha ao feito), é chamada paradepor sobre fato ou para atestar um ato jurídico, assegurando, perante outra,sua veracidade (testemunha judiciária) ou para se pronunciar sobre o conteúdodo documento que subscrevem (testemunha instrumentária), como as

testemunhas que são colocadas na realização de um testamento, nas certidõesde nascimento, nas escrituras públicas, etc . A prova testemunhal somente seráadmitida em atos negociais cujo valor não ultrapasse o décuplo (dez vezes) domaior salário mínimo vigente no País no tempo da celebração e qualquer queseja o valor do contrato como complemento de prova documental (art. 227,CC).

A prova testemunhal, para surtir efeitos no âmbito do Processo Civil deveatender aos seguintes requisitos: a) deve ser de pessoa física (não se admite otestemunho de pessoa jurídica); b) de pessoa estranha ao feito, não seconfundindo com as partes; c) deve ter conhecimento dos fatos, direta ouindiretamente, para atestar sobre sua existência; d) deve ter capacidade jurídicapara depor, preenchendo os respectivos pressupostos legais. Este tema é

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tratado no Código de Processo Civil, sendo que o seu art. 405 estabelece quempode ser testemunha. 

Não podem testemunhar os (art. 228, CC):

• menores de 16 anos.• que por enfermidade ou deficiência mental não têm discernimento para aprática dos atos da vida civil.• cegos e surdos, quando a ciência do fato dependa do órgão dos sentidosque lhes falta.• interessados no objeto do litígio (ex: fiador de um dos litigantes;sublocatário em ação de despejo, etc.).• inimigo capital ou amigo íntimo das partes.• condenados por crime de falso testemunho (sentença penal transitada em julgado, em face do princípio da inocência).• ascendentes e os descendentes, inclusive adotivos, em qualquer grau.• cônjuges.• colaterais até o terceiro grau, por consanguinidade (irmãos, tios,sobrinhos, etc.) ou afinidade (sogra, genro, cunhado, etc.) de alguma daspartes.

☺ Observações ☺ 

01. Quando um menor de 16 anos presta declarações em juízo, eles sãoconsiderados como informantes (e não como testemunhas, propriamenteditas). A contrário senso, as pessoas com 16 anos ou mais já podem sertestemunhas, Se a testemunha tiver entre 16 e 18 anos, pode prestardepoimento mesmo sem a assistência de seus representantes legais. Noentanto, apesar de ser considerada testemunha, se ele mentir não irá responderpelo crime de falso testemunho, uma vez que é inimputável.

02. A capacidade para ser testemunha não se confunde com acapacidade civil. Como já sabemos, o cego, o mudo, o surdo bem como oenfermo, não são incapazes civilmente, mas o serão para testemunhar, casotais deficiências resultem na impossibilidade de percepção sensorial adequada

do fato a ser narrado (ex: o cego não pode ser ‘testemunha ocular’ de umcrime).

03. Devemos lembrar ainda que ninguém é obrigado a depor sobre fatos “a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar segredo; a que nãopossa responder sem desonrar a si próprio, seu cônjuge, parente ou amigoíntimo e que os exponha a perigo de vida de demanda ou de dano patrimonialimediato” (art. 229, CC).

D) Presunção

É a ilação que se extrai de um fato conhecido para se demonstrar um

desconhecido. Exemplo: um credor somente entrega o título (ex: uma notapromissória) quando a dívida é paga. Portanto, se um devedor estiver de posse

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do título, há a presunção de que ele já pagou a dívida. Classifica-se a presunçãoem:

-  Absoluta ( j u r i s e t d e j u r e – de direito e por direito)  ⎯  não admiteprovas em contrário. Ex: incapacidade jurídica daquele que foi interditado; conhecimento da lei por todos; simulação de venda deascendente para descendente sem consentimento dos demaisdescendentes, etc. 

-  Relativa ( j u r i s t a n t u m  – resultante do direito)  ⎯ a lei estabelece umfato como verdadeiro até prova em contrário. Ex: filho havido pelamulher casada presume-se do marido, mas permite que o maridoconteste a paternidade, por meio de ação negatória de paternidade.

-  Simples ou H o m i n i s  – deixada a critério do Juiz, que se funda naquiloque ordinariamente acontece, na experiência de vida, embora não sejaabsoluta. Ex: a presunção do amor familiar leva a crer que a mãe não

queira prejudicar seu filho.☺ Observações ☺ 

As presunções, que não as legais, não se admitem nos casos em que a leiexclui a prova testemunhal (art. 230, CC).

Não confundir presunção com indício. Indício (do latim indicium = rastro,sinal) é apenas um meio para se chegar à presunção. A reunião de indícios podedar corpo à presunção.

Perícias  ⎯ são os exames (grafotécnico, balístico, residuográfico, etc.) ouas vistorias (em veículos, terrenos, casas, etc.). 

Cuidado Como vimos, a prova deve ser admissível, ou seja, não proibida pela lei. E

reforçando: o ônus da prova incumbe a quem alega o fato e não a quem ocontesta.

A escritura pública é um documento dotado de fé pública, lavrado portabelião de notas, redigido em língua nacional e contendo todos os requisitos(objetivos e subjetivos) exigidos pela lei: qualificação das partes, manifestaçãode vontade, data e local da efetivação e assinatura dos contratantes, das

testemunhas e do tabelião. Segundo o art. 215, caput , CC ela faz prova plena.O instrumento particular é o realizado somente com a assinatura dospróprios interessados, desde que estejam na livre disposição e administração deseus bens. Possui força probante entre as partes. O reconhecimento da firmarepresenta apenas a autenticação do ato. Para ter efeito contra terceiros (ergaomnes) deve ser registrado no Cartório de Títulos e Documentos. O atual CódigoCivil (art. 221) não exige mais a necessidade da assinatura de duastestemunhas para a validade do documento. No entanto, mesmo a lei sendoomissa, na prática esta providência ainda continua sendo exigida nas obrigaçõescontratuais.

O art. 231, CC prevê que aquele que se nega a submeter-se a examemédico necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa. Este dispositivo,

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somado ao artigo seguinte, pelo qual “a recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia obter com o exame” tem grandeaplicação aos casos de investigação de paternidade. Assim, negando-se opretenso pai a submeter-se ao exame de DNA e provado o relacionamentoamoroso entre o investigando e a mãe da criança, gera a presunção deveracidade, comprovando-se a paternidade. Portanto, neste caso, há umainversão do ônus da prova.

Em relação à interpretação, citamos como regras:

• Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelasconsubstanciada do que ao sentido literal da linguagem, ou seja, deve-seprocurar conhecer qual a real intenção da pessoa quando manifestou suavontade.

• Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e osusos do lugar de sua celebração.

• Os negócios jurídicos benéficos (gratuitos) e a renúncia interpretam-serestritivamente.

Vamos agora apresentar o nosso quadro sinótico, que é um resumodo que foi falado na aula de hoje.  Esse resumo tem a função de ajudar oaluno a melhor assimilar os conceitos dados em aula e também de facilitar arevisão da matéria para estudos futuros.

QUADRO SINÓTICOFATOS E ATOS JURÍDICOS

(2a Parte)

I – FATO COMUM – Ação humana ou fato da natureza sem repercussão na órbita doDireito.

II – FATO JURÍDICO – acontecimento ao qual o Direito atribui efeitos: aquisição,resguardo, modificação, transmissão e extinção de Direitos.

III – CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS FATOS JURÍDICOS

A) Fato Jurídico Natural (Fato Jurídico em Sentido Estrito ou Stricto Sensu) → já visto na aula anterior:

1) Ordinário (ex: nascimento, morte, etc.).2) Extraordinário (ex: caso fortuito ou força maior).

B) Fato Jurídico Humano (ATO): 

1) Ato Jurídico em Sentido Amplo (lato sensu) ou Voluntário (Ato Lícito),englobando (veremos este item com mais detalhes logo adiante):

a) Ato Jurídico em Sentido Estrito (stricto sensu) – efeitos decorrentesda lei.b) Negócio Jurídico – efeitos decorrentes da vontade das partes.

2) Ato Ilícito (ou Involuntário):a) Penal → sanção pessoal.

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b) Administrativo → sanção pessoal.c) Civil → sanção patrimonial – reparação do dano. 

IV – ATO JURÍDICO EM SENTIDO AMPLO (ou Fato Jurídico Humano Voluntário).

A) Ato Jurídico em Sentido Estrito

•  Realização de vontade do agente, mas que gera consequências jurídicasprevistas em lei (não depende da vontade das partes; não há autonomia davontade). Geralmente eles são unilaterais (possuem apenas umamanifestação de vontade) e potestativos (influem na esfera jurídica de outrapessoa sem que esta pessoa possa evitar). Exemplos: reconhecimento defilho, perdão, fixação de domicílio, notificação, etc.

B) Negócio Jurídico

1) Destinado à produção de efeitos jurídicos desejados pelo agente etutelados pela lei. É toda ação humana, de autonomia privada, com o qual o

particular regula por si os próprios interesses, havendo uma composição deinteresses. Podem ser bilaterais (ex: contratos) e unilaterais (testamentos).

2) Classificação Principal (doutrinária).

a) Quanto ao número de manifestações de vontade: unilateral(apenas uma manifestação de vontade – ex: testamento, renúncia,desistência, etc.), bilateral (duas manifestações de vontades em sentidooposto, mas coincidente sobre o objeto – ex: contratos) ou plurilateral(mais de duas partes ex: consórcio de um veículo).

b) Quanto às vantagens: gratuito (somente uma das partes auferevantagem) ou oneroso (ambos os contratantes possuem ônus e vantagens

recíprocas). Este ainda se divide em: comutativo (prestações certas edeterminadas) ou aleatório (há uma incerteza em relação às vantagens eônus das partes – risco).

c) Quanto ao tempo em que devem produzir efeitos: inter vivos oucausa mortis.

d) Quanto aos efeitos: constitutivo (ex nunc ) ou declaratório (ex tunc ).

d) Quanto à subordinação: principal (possui existência própria) ouacessórios (sua existência se subordina a do principal).

e) Quanto às formalidades: solene (obedece a uma formalidade

especial) ou não-solene (não se exige formalidades para seuaperfeiçoamento).

f) Quanto às pessoas: impessoais (independem de quem sejam aspartes e de eventual qualidade) ou intuitu personae (o ato se realiza emfunção da qualidade especial de um dos contratantes).

g) Quanto à causa: causais (vinculados a uma causa) ou abstratos(desvinculados de qualquer outro negócio).

V – ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO NEGÓCIO JURÍDICO

A) Elementos Essenciais – dizem respeito à existência e validade do Negócio

Jurídico, dando-lhe a estrutura e a substância. Dividem-se em:1) Gerais – são comuns a todos os negócios jurídicos.

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a) Capacidade dos agentes.b) Objeto lícito, possível, determinado ou determinável.c) Consentimento (vontade das partes).

2) Especiais – Dizem respeito à forma prescrita ou não defesa em lei, aplicáveis

a apenas alguns negócios.B) Elementos Naturais – São os efeitos ou as consequências decorrentes dopróprio Negócio Jurídico.

C) Elementos Acidentais – são os elementos facultativos. Podem ou não serestipulados e dizem respeito, não à existência ou validade propriamente dita doNegócio Jurídico, mas sim à sua eficácia.

1) Condição.2) Termo.3) Encargo ou Modo.

VI – ELEMENTOS ESSENCIAIS GERAIS 

A) Capacidade do Agente (art. 104, I, CC) → maior de 18 anos ou emancipado(art. 5o e parágrafo único, CC).

• Defeitos relativos à capacidade:

a) absolutamente incapazes (art. 3o, CC) → necessitam derepresentação. Caso não haja → ato nulo (art. 166, I, CC).

b) relativamente incapazes (art. 4o, CC) → necessitam deassistência. Caso não haja → ato anulável (art. 171, I, CC).

B) Objeto (art. 104, II, CC) → lícito, possível, determinado ou determinável. 

• Defeito no objeto → ato nulo (art. 166, II, CC).

C) Consentimento – manifestação de vontade. 

• Defeitos em relação à vontade:

a) ausência de consentimento → ato nulo (para alguns autores –inexistente).b) vícios de consentimento → erro ou ignorância, dolo, coação, lesãoe estado de perigo.c) vícios sociais → fraude contra credores (a simulação, pelo Código éhipótese de invalidade).

VII – ELEMENTOS ESSENCIAIS ESPECIAIS 

Forma prescrita ou não defesa em lei → (art. 104, III, CC). 

• Defeitos na forma → ato nulo (art. 166, IV e V, CC).

VIII – ELEMENTOS NATURAIS

• Decorrência normal dos contratos – são os efeitos do Negócio Jurídico.

IX – ELEMENTOS ACIDENTAIS (arts. 121/137, CC) – são declarações acessórias devontade, modificando uma ou algumas das consequências naturais; dizem respeito àeficácia do Negócio Jurídico.

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A) Condição – subordina a eficácia do Negócio Jurídico a um evento futuro eincerto. Embora ainda não haja direito adquirido, já se pode praticar atosdestinados à conservação do direito futuro. Classificação:

1) Quanto ao modo de atuação:

a) Suspensiva – a eficácia do ato fica suspensa até a realização do eventofuturo e incerto.b) Resolutiva – a ocorrência de um ato faz com que se resolva (extinga) odireito.

2) Quanto à participação dos sujeitos:

a) Casual – a realização da condição depende de fato alheio à vontade daspartes.b) Potestativa – a realização da condição decorre da vontade das partes.

B) Termo – subordina a eficácia do Negócio Jurídico a um evento futuro ecerto. Classificação:

a) Inicial (suspensivo) – quando fixa o momento em que a eficácia donegócio se inicia.b) Final (resolutivo) – quando fixa o momento em que a eficácia donegócio termina.c) Certo – estabelece uma data determinada.d) Incerto – o acontecimento é futuro e certo, porém a data éindeterminada.

C) Modo ou Encargo – cláusula que pode impor ônus a atos de meraliberalidade (ex: doações ou heranças com encargo, etc.).

X – DEFEITOS NO CONSENTIMENTOA) Ausência de Vontade → negócio nulo (ou inexistente para alguns autores) 

B) Vícios de Consentimento

1. Ignorância ou Erro (arts. 138/144, CC). O Código Civil equipara ambosquanto aos seus efeitos. Porém a doutrina assim os distingue: Erro é a falsanoção que se tem de um objeto ou de uma pessoa. Ocorre quando o agentepratica o ato baseando-se em falso juízo ou engano. Já a Ignorância é ocompleto desconhecimento acerca do objeto ou da pessoa.

1.1 – Erro Essencial ou Substancial – quando se refere à natureza do

próprio ato; recai sobre circunstâncias e aspectos principais, relevantes donegócio de forma que se eu soubesse do defeito jamais teria praticado o ato.Consequência → ato anulável (art. 171, II, CC); prazo decadencial de 04(quatro) anos (art. 178, II, CC). Modalidades:

a) Erro sobre a natureza do negócio jurídico – o erro recai sobre amodalidade do contrato que eu celebrei. Ex: penso fazer um contrato delocação (oneroso) e a outra pessoa entende que houve um comodato(gratuito).

b) Erro sobre o objeto principal da declaração – a manifestação de vontaderecai sobre objeto diferente do que se tinha em mente. Exemplo: comprei umlote em um condomínio que pensava ser muito valorizado, no entanto trata-se

de um outro condomínio, com o mesmo nome, mas em local diverso, muitodistante de onde eu queria.

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c) Erro sobre as qualidades essenciais do objeto principal – a pessoa adquireo objeto que imaginava, porém engana-se quanto as suas qualidades; o motivodeterminante do contrato é a qualidade de um objeto que depois se constataque não existe. Exemplos: penso comprar um relógio de ouro, mas o mesmo éapenas “folheado” a ouro, compro cavalo de carga pensando se tratar de “puro-

sangue”, etc.d) Erro quanto à identidade ou à qualidade da pessoa a quem se refere a

declaração de vontade – somente é anulável se a consideração pessoal eracondição essencial para a realização do negócio. O erro quanto à pessoa podeser relativo ao: Casamento (erro quanto identidade do outro cônjuge, sobre asua honra, boa fama, etc.) ou Testamento.

1.2 – Erro de Direito – é o engano quanto à existência ou interpretação danorma jurídica. Como regra ele não pode ser alegado (art. 3o, LICC). Admite-se, excepcionalmente se o ato não implicar em recusa à aplicação da lei e for omotivo único ou principal do Negócio Jurídico (art. 139, III, CC). Não pode o

ato recair sobre a norma impositiva, mas tão-somente sobre normasdispositivas (ou seja, sujeitas ao livre acordo das partes).

1.3 – Erro Acidental – é o concernente às qualidades secundárias ouacessórias da pessoa ou do objeto. O ato continua válido, produzindo efeitos,porque o defeito não incide sobre a declaração de vontade.

2. Dolo (arts. 145/150, CC).  Artifício empregado para enganar a outra parte.Emprego de manobras ardilosas ou maliciosas, para levar alguém à prática de umato que o prejudica, beneficiando o autor do dolo ou terceiros. Se recair sobreaspectos essenciais ou substanciais →  ato anulável (art. 171, II, CC); prazodecadencial (art. 178, II, CC). Se recair sobre aspectos acidentais ou secundários→ ato válido, porém obriga a satisfação de perdas e danos (art. 146, CC).Modalidades:

2.1 – Dolo Principal, essencial ou substancial   ⎯  é o que recai sobreaspectos essenciais do negócio; é o que dá causa ao negócio jurídico, sem oqual ele não se teria concluído (o ato é anulável).

2.2 - Dolo Acidental  ⎯ é o que leva a vítima a realizar o negócio, porém emcondições mais onerosas, não afetando sua declaração de vontade. O negócioteria sido praticado de qualquer forma, embora de outra maneira. Não anula onegócio, apenas obriga a satisfação de perdas e danos ou uma redução daprestação pactuada.

2.3 – D o l u s B o n u s    (dolo bom)  ⎯  é um comportamento tolerado nos meioscomerciais. Consiste em reticências, exageros nas boas qualidades damercadoria ou dissimulações de defeitos. Não é anulável, desde que nãovenha a enganar o consumidor mediante propaganda abusiva.

2.4 –  D o l u s M a l u s  (dolo mau)  ⎯  consiste em manobras astuciosas paraenganar alguém e lhe causar prejuízo. Por isso é anulável. Pressupõe: a)prejuízo para o autor do ato; b) benefício para o autor do dolo ou uma terceirapessoa.

2.5 – Positivo (ou comissivo)  ⎯  resulta de uma ação dolosa; são os artifíciospositivos. Exemplo: falsas afirmações sobre as qualidades de uma coisa.

2.6 – Negativo (ou omissivo)  ⎯ resulta de uma omissão dolosa; ocultação dealgo que a parte contratante deveria saber no momento da realização do

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contrato. Exemplo: em seguro de vida o segurado omite doença grave e vem afalecer dias depois.

2.7 – Dolo recíproco   ⎯  quando ambas as partes agem com dolo,configurando-se torpeza bilateral; ocorre a neutralização do delito. Isto é, nocaso de dolo recíproco não haverá a anulação para nenhuma das partes. O atoé considerado válido.

3. Coação  (arts. 151 a 155, CC). É a pressão física (ato nulo) ou moral(anulável) exercida sobre alguém para obrigá-lo a praticar (ou deixar de praticar)determinado ato. Na coação o agente sofre intimidação, oferecendo-se à vítimaduas alternativas: emitir a declaração de vontade que não pretendia originalmenteou não o fazer o ato e sofrer as consequências decorrentes da concretização deuma ameaça ou de uma chantagem. Modalidades:

3.1 – Coação Física (vis absoluta)  ⎯ é o constrangimento corporal que retiratoda capacidade de querer, implicando ausência total de consentimento,acarretando nulidade do ato (ex: amarrar a vítima, segurar sua mão e fazê-laassinar contrato). Não está previsto em lei; trata-se de um entendimentodoutrinário.

3.2 – Coação Moral (vis compulsiva)  ⎯ atua sobre a vontade, sem aniquilar-lhe o consentimento, pois se conserva uma relativa liberdade, podendo optarentre a realização do negócio que lhe é exigido e o dano com que é ameaçada(ex: se não assinar o contrato, vou incendiar sua casa; vou estuprar suamulher, vou mostrar uma foto sua em uma situação constrangedora, etc.).

3.3 – Efeitosa) Coação Física – não há consentimento algum → ausência de vontade→ ato nulo. Entendimento doutrinário.

b) Coação Moral – há um consentimento viciado → ato anulável (art.171, II, CC); prazo decadencial de 04 (quatro) anos, contado do dia emque cessar a coação (art. 178, I, CC).

3.4 – Excluem a Coação:a) ameaça do exercício normal de um direito  ⎯  exercício regular dedireito.b) simples temor reverencial  ⎯ o receio de desgostar os pais, ou pessoasa quem se deve respeito e obediência.

4. Estado de Perigo (art. 156, CC). Configura-se o estado de perigo quando

alguém, premido da necessidade de salvar a si, ou a pessoa de sua família, degrave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamenteonerosa. A vítima não errou, não foi induzida a erro ou coagida, mas pelascircunstâncias de um caso concreto, foi compelida a celebrar um negócio que lheera extremamente desfavorável. Tratando-se de pessoa não pertencente à famíliado contratante o Juiz decidirá segundo as circunstâncias. Realizado um contratosob um Estado de Perigo, a sanção é a anulação – arts. 171, II, CC; prazodecadencial de 04 (quatro) anos (art. 178, II, CC).

5. Lesão (art. 157, CC). Ocorre quando uma pessoa, sob premente necessidade,ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional aovalor da prestação oposta. Aprecia-se a desproporção das prestações segundo osvalores vigentes ao tempo em que o contrato foi celebrado. Tem o intuito deproteger o contratante em posição de inferioridade ante o prejuízo por ele

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sofrido na conclusão do contrato, devido a desproporção existente entre asprestações. Decorre do abuso praticado em situação de desigualdade, punindo achamada “cláusula leonina” Ocorrendo a lesão, a sanção é a anulação do ato(arts. 171, II, CC); prazo decadencial de 04 (quatro) anos (art. 178, II, CC).

5.1 – Não se decretará a anulação do negócio se for oferecido suplementosuficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito (art.157, §2o, CC).

C) VÍCIOS SOCIAIS

1. Fraude contra credores (arts. 158 a 165, CC). Prática maliciosa, pelodevedor, de atos que desfalcam seu patrimônio, com o fim de colocá-lo a salvo deuma execução por dívidas em detrimento dos direitos creditórios alheios. Se opatrimônio do devedor não for suficiente para o pagamento de todos os credoreshaverá um rateio. E, no caso do devedor praticar atos com a finalidade de frustraro pagamento devido, ou tendentes a violar a igualdade entre os credores, ocorrerá

a fraude contra credores. Não é a vontade que se encontra viciada; o vício residena finalidade ilícita do ato (por isso trata-se de um vício social). Elementos:

a) Objetivo (eventus damni ) – o credor deve provar que com a prática doato o devedor se tornou insolvente ou já praticou o ato em estado deinsolvência, não tendo mais condições de honrar suas dívidas.

b) Subjetivo (consilium fraudis) – trata-se da má-fé; da intençãodeliberada de prejudicar, com a consciência de que de seu ato advirãoprejuízos a uma terceira pessoa (que é o credor). O art. 159, CC prevê duassituações onde há presunção relativa ( juris tantum – que admite prova emcontrário) da má-fé do terceiro adquirente: primeiro: quando for notória a

insolvência do devedor; segundo: quando o terceiro adquirente tinha motivospara conhecer a má situação financeira do devedor. Exemplo: estou devendouma determinada importância e não desejo pagá-la. Tenho bens para saldarminha dívida. Então começo a “doar” meus bens. Basta a prática de umdesses atos em estado de insolvência, para se presumir a fraude. Nestahipótese não se exige prova da má-fé (está implícita).

1.1 – Ação Pauliana – os atos eivados de fraude contra credores sãoanuláveis através de ação própria, chamada de pauliana. Deve ser propostapelos credores (e que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta) contra odevedor insolvente e também contra a pessoa que celebrou negócio jurídicocom o fraudador ou contra terceiros adquirentes que hajam procedido de má

fé. A consequência é a anulabilidade (arts. 171, II, CC); prazo decadencial de04 (quatro) anos (art. 178, II, CC). Ver na própria aula o quadrocomparativo entre fraude contra credores e fraude à execução.

2. Simulação (art. 167, CC). É a declaração enganosa da vontade, visando aobter resultado diverso do que aparece, com o fim de criar uma aparência dedireito, para iludir terceiros ou burlar a lei. É importante notar que o novo CódigoCivil não trata mais a simulação como um defeito social. Esta particularidade temcaído nos concursos. Observem que ela está situada no Capítulo V, referente àInvalidade do Negócio Jurídico. Além disso, determina que a simulação é hipótesede nulidade do ato. Na simulação há um desacordo entre a vontade declarada e

a vontade interna e não manifestada. As partes fingem, criando uma aparência,

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uma ilusão externa, que oculta a real intenção dos contratantes. Na simulação asduas partes contratantes estão combinadas para enganar terceiros.

XI – PRAZO

É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação donegócio jurídico, contado (arts. 171, II e 178 I e II, ambos do CC): a) no caso decoação, do dia em que ela cessar; b) no de erro, dolo, fraude contra credores,estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; c) no deatos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.

XII – INVALIDADE (INEFICÁCIA) DO NEGÓCIO JURÍDICO

1. Ato Inexistente – quanto falta algum elemento estrutural do negócio; éinidôneo à produção de efeitos jurídicos.

2. Nulidade – é a sanção imposta pela lei que determina a privação de efeitos jurídicos do ato negocial, praticado em desobediência ao que ela prescreve. Espécies:

a) Nulidade Absoluta (arts. 166/170, CC) – o ato é nulo, nãoproduzindo qualquer efeito, por ofender gravemente os princípios de ordempública. Efeito e x t u n c  (retroage).

b) Nulidade Relativa (arts. 171/179, CC) – o ato é anulável. Enquantonão for declarado como tal pelo Juiz, produz efeitos normalmente. Efeito e x n u n c  (não retroage).

XIII – PROVA DO NEGÓCIO JURÍDICO

Prova → conjunto de meios empregados para demonstrar, legalmente, a

existência de negócios jurídicos.Princípios → em regra o ônus incumbe a quem alega o fato; independem deprova os fatos notórios; consideram-se verídicos os fatos incontroversos. Se, para avalidade do negócio jurídico a lei exigir forma especial, sua prova só poderá ser feitapela exibição do documento. O art. 212, CC enumera as provas de formaexemplificativa.

Exemplos: confissão; atos em juízo; documentos públicos ou particulares;exames periciais; vistorias; testemunhas; presunção: a) absoluta ( juris et de jure – nãoadmite prova em contrário), b) relativa ( juris tantum – admite prova em contrário), c)simples ou hominis (baseia-se na experiência de vida, ficando a critério do Juiz).

TESTES

Lembrando que estes testes já caíram em concursos anteriores e têm afinalidade de revisar o que foi ministrado hoje, completando a aula. Muitasinformações relativas à matéria, principalmente algumas situações especiaisestão nas respostas dos testes. Algumas dúvidas que o aluno porventura tenhaficado em aula podem ser esclarecidas com os exercícios. Além disso, o alunovai “pegando a malícia dos testes”; o quê exatamente o examinador quer comtal questão. Daí a importância de fazer os testes e ler todas as respostas comatenção. Por tal motivo o gabarito é totalmente comentado.

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Nesta aula, tendo-se em vista uma finalidade didática, tentei separar ostestes por assunto para melhor situar a matéria. Portanto, cuidado aoconferir o gabarito. Vamos então a eles:

A) TEORI A GERAL – ELEMEN TOS ESSEN CI A I S – DEFEI TOS 

A.01) (OAB/SP – 2007) O reconhecimento de paternidade e a fixação dedomicílio são exemplos de qual dos conceitos a seguir?

a) negócio jurídico.b) ato jurídico stricto sensu.c) fato não-jurídico.d) fato natural.e) direito natural.

A.02) Assinale a alternativa INCORRETA

a) não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validadedos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ourenúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a cem vezes o maiorsalário mínimo vigente no País.

b) o silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos oautorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.

c) nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelasconsubstanciada do que ao sentido literal da linguagem.

d) os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usosdo lugar de sua celebração.

e) os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.

A.03) Quanto aos Negócios Jurídicos, podemos dizer que:

a) são seus elementos essenciais: agente capaz, objeto lícito, possíveldeterminado ou determinável, consentimento e forma prescrita e defesa emlei.

b) o testamento é exemplo de negócio jurídico bilateral, pois ele somenteestará perfeito com a aceitação da herança.

c) as pessoas absolutamente incapazes podem praticá-los, mas devem serassistidas por seus pais, tutores ou curadores.

d) o negócio jurídico é uma ação humana de autonomia privada destinado àprodução de efeitos desejados pelo agente.

e) o ato ilícito é aquele que acarreta consequências jurídicas alheias à vontadedo agente, mas somente pode se configurar se houver crime.

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A.04) (CESPE - OAB/SP – 2008) Segundo a doutrina, são pressupostosde validade do negócio jurídico:

a) manifestação de vontade de boa-fé; agente legitimado para o negócio;objeto lícito, possível e determinado, ou juridicamente determinável.

b) manifestação de vontade; agente emissor de vontade; objeto; forma.c) a manifestação de vontade livre; agente emissor de vontade capaz elegitimado para o negócio; objeto lícito, possível e determinado, oudeterminável; forma legalmente prescrita ou não defesa em lei.

d) agente emissor de vontade capaz e legitimado para o negócio; objeto lícito,possível e determinado, ou determinável; forma.

A.05) Dadas as seguintes hipóteses:

I – Queria comprar um vinho italiano, mas comprei um vinho nacional.

II – Queria comprar um quadro do mestre Picasso, mas o vendedor,entregou uma cópia, sabendo deste fato.

III – Faço uma escritura de compra e venda, mas na realidade desejo doarum bem, para favorecer uma amante.

Temos, respectivamente, os seguintes vícios dos negócios jurídicos:

a) erro, dolo e fraude contra credores.b) dolo, erro e simulação.c) erro, dolo e fraude contra credores.

d) dolo, fraude contra credores e simulação.e) erro, dolo e simulação.

A.06) (Analista do Ministério Público da União – Processual – 2007)Com relação aos defeitos do Negócio Jurídico, é CORRETO afirmar:

a) o erro substancial, recaindo sobre o objeto principal do negócio jurídico,causa a sua anulabilidade.

b) o dolo acidental, em regra, anula o negócio jurídico, mas não obriga àsatisfação das perdas e danos.

c) ao apreciar a coação, não se terá em conta o sexo, a idade, a condição, asaúde e o temperamento do paciente.

d) se ambas as parte procederem com dolo, ambas podem alegá-lo paraanular o negócio ou reclamar indenização.

e) o temor reverencial é causa de coação moral e por isso anula o negócio jurídico.

A.07) A frase “os negócios de transmissão gratuita de bens ou aremissão de dívidas, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles

reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados

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pelos credores quirografários como lesivos dos seus direitos”, refere-sea:

a) simulação absoluta.b) alienação fraudulenta.

c) dolo substancial.d) fraude à execução.e) fraude contra credores.

A.08) É causa de anulação de um negócio jurídico:

a) erro acidental.b) dolus bonus. c) coação moral.d) simulação.e) temor reverencial.

A.09) A emissão de título de crédito que não representa qualquernegócio, feita pelo marido, em favor de amigo, antes da separação judicial, para prejudicar a mulher na partilha de bens, é passível denulidade absoluta, por estar configurada a:

a) simulação relativa objetiva.b) simulação absoluta objetiva.c) reserva mental.

d) simulação relativa subjetiva.e) simulação inocente.

A.10) (Tribunal de Contas da União – Analista de Controle Externo –ESAF - 2006) “A” vende uma casa a “B” para que este a transmita a “C”(descendente do alienante), a quem se tem a intenção de transferi-la,desde o início do negócio jurídico entabulado. Tal venda poderá serinvalidada por ter havido:

a) simulação relativa objetiva.

b) simulação absoluta.c) simulação maliciosa.d) simulação relativa subjetiva.e) simulação inocente.

A.11) (ESAF – AFRF) Se o d e c u j u s  , antes de falecer, não tendo deixadoherdeiros necessários, doou um terreno a terceira pessoa, simulandouma venda, a quem pretendia deixar o bem aparentemente a título delegado, ter-se-á simulação:

a) relativa subjetiva.b) absoluta.

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c) relativa objetiva.d) maliciosa.e) inocente.

A.12) Sob premente necessidade, Antônio Carlos acabou por adquirirum bem imóvel de Caio com preço manifestamente superior ao seuvalor real, sendo que pagou a quantia combinada à vista. Neste caso, écorreto afirmar que este negócio jurídico:

a) pode ser anulado, pois contém vício de consentimento denominado dolo.

b) não pode ser anulado; apesar de conter vício, este é relativo e o negócio foiválido.

c) pode ser anulado, pois contém vício de consentimento denominado lesão.

d) pode ser anulado, pois contém vício de consentimento denominado estado

de perigo.e) pode ser anulado, pois contém vício social denominado fraude contracredores.

A.13) (MAGISTRATURA – São Paulo/2003) A propósito dos defeitos que,segundo o atual Código Civil podem tornar anuláveis os negócios jurídicos, analise as seguintes relações:

I – O erro, a coação e o estado de perigo.

II – A lesão, a fraude contra credores e a coação.

III – O estado de perigo, a lesão e o dolo.

IV – O dolo, o erro e a simulação.

Pode-se afirmar que são integralmente VERDADEIRAS as afirmativas:

a) I e II, somente.b) III e IV, somente.c) I, II e III, somente.d) I, II, III e IV.e) todas estão erradas.

A.14) (Procurador do Estado – 2006) Antônio Carlos, possuía dois imóveis. Emum deles residia. O outro colocou para ser alugado, como realmente o foi paraJosé Pedro. Logo depois de firmado este contrato de locação surgiu uma pessoatambém interessada na compra deste imóvel em condições que lhe eram muitofavoráveis, mas desejava o imóvel sem inquilinos. Desta forma Antônio Carlos,visando facilitar o despejo de José Pedro, fingiu vender o imóvel a Bernardo. Noentanto esta compra era fictícia, pois não houve intenção real de vender oimóvel. Este contrato de venda e compra está viciado: 

a) pela simulação, podendo ser anulado a requerimento de quem tenhalegítimo interesse.

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b) pela simulação e assim que declarado como tal pelo Juiz não gerará efeitos,porque é nulo de pleno direito.

c) pelo dolo essencial, em face da má-fé de Antônio Carlos, causando anulidade do negócio.

d) pelo dolo essencial, em face da má-fé de Antônio Carlos, causando aanulação do negócio.

e) pela simulação inocente de Antônio Carlos, não sendo causa de invalidadedo negócio jurídico.

A.15) (FCC - Magistratura do Trabalho – Mato Grosso do Sul – 2006)Sobre os defeitos do Negócio Jurídico:

I – O falso motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso comorazão determinante.

II – O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração devontade.

III – São os negócios jurídicos nulos por dolo, quando este for a sua causa.

IV – Na se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito,nem o simples temor reverencial.

RESPONDA:

a) somente II e IV estão incorretas.b) somente III e IV estão incorretas.

c) somente III está incorreta.d) todas estão incorretas.e) todas estão corretas.

A.16) (Analista Judiciário - TRT 3a Região/MG – 2005 - FCC) O erro dedireito:

a) torna o negócio jurídico nulo.

b) se não implicar em recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principaldo negócio jurídico, será considerado anulável.

c) não se considera defeito do negócio jurídico, porque ninguém se escusa decumprir a lei alegando que não a conhece.

d) só torna o negócio jurídico anulável quando for reconhecido que as partespretenderam fraudar a lei imperativa.

e) pode ser reconhecido de ofício pelo Juiz.

A.17) (ESAF – AFRFB/2009) “A ” adquire de “B ” o lote “X ” do RecantoAzul, ignorando que lei municipal proibia loteamento naquelalocalidade. Tal compra e venda poderá ser anulada, por ter havido erro:

a) sobre a natureza do ato negocial.b) substancial sobre a qualidade essencial do objeto.

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c) de direito.d) por falso motivo.e) sobre o objeto principal da declaração.

A.18) No que concerne aos defeitos do negócio jurídico é CORRETOafirmar:

a) o falso motivo vicia a declaração de vontade em qualquer hipótese,causando a anulação do negócio jurídico por erro.

b) a transmissão errônea da vontade por meios interpostos não é anulável nosmesmos casos em que o é a declaração direta.

c) a ameaça do exercício normal de um direito e o temor reverencial podemgerar a anulação do negócio jurídico por coação.

d) o dolo acidental não gera a anulação do negócio jurídico, podendo ensejar,

apenas, reparação por perdas e danos.

A.19) (Agente Polícia Civil - DF – 2005) Nos negócios jurídicos em geral,o dolo acidental gera a:

a) nulidade do negócio jurídico.b) anulabilidade do negócio jurídico.c) ineficácia do negócio jurídico.d) inexistência do negócio jurídico.e) apenas à satisfação de perdas e danos.

A.20) (ESAF – Auditor Fiscal do Trabalho – 2006) O dolo que leva a vítimarealizar ato negocial, porém em condições mais onerosas ou menos vantajosas,não afetando sua declaração de vontade, nem influindo diretamente narealização daquele ato, que seria praticado independentemente do emprego doartifício astuciosos, portanto não anulável, mas que permite uma indenizaçãorelativa àquilo que foi objeto do artifício, denomina-se DOLO:

a) bonus.b) principal.c) recíproco.d) acidental.e) de cálculo.

A.21) (ESAF – Auditor Fiscal do Trabalho – 2006) A fixação de preço devenda baseada na quantia unitária computando-se de forma inexata opreço global, autoriza a retificação da declaração volitiva, não anulandoo ato, visto que se configurou:

a) erro quanto ao fim colimado.b) dolo acidental.

c) erro de cálculo.

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d) erro acidental in qualitate. e) dolus bonus. 

A.22) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) o Código Civil admite o erro de direito como inescusável, mesmo nãoimplicando recusa à aplicação da lei, sendo o motivo único ou principal donegócio jurídico.

b) em tema de obrigatoriedade das leis a teoria da necessidade social é aregra mais aceita porque se encontra fundamentada no fato de ser a leiobrigatória, devendo ser cumprida por todos, não de forma presumida ou ficta,a fim de se garantir a paz social e a garantia das relações jurídicas.

c) a lei tem como regra geral o caráter permanente, mantendo-se em vigor atéser revogada por outra lei, caracterizando assim o princípio de que uma leicontinua a vigorar até que outra a revogue.

d) quanto à natureza jurídica da pessoa jurídica a corrente majoritária acolheua tese da Teoria da Realidade Técnica, onde a pessoa jurídica existe de fato enão como uma mera abstração.

A.23) Assinale a alternativa CORRETA:

a) o erro de cálculo impede uma visão clara do negócio jurídico, por istoautoriza a sua anulação.

b) se ambas as partes, quando da celebração do negócio jurídico, procederemcom dolo, a nulidade do negócio poderá ser arguida por qualquer das partes.

c) configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade desalvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outraparte, assume obrigação excessivamente onerosa.

d) ocorre a lesão, nos termos do Código Civil, quando uma pessoa tem o seupatrimônio desfalcado em razão do cumprimento de vultosa obrigaçãoassumida.

A.24) (Tribunal de Contas da União – Analista de Controle Externo –ESAF - 2006)  “A”, tendo seu filho “B” sido sequestrado, pagou vultosa soma

em dinheiro a titulo de resgate. Para tanto “A” teve de vender obras de arte desua propriedade a preço muito inferior ao do mercado a “C”. Essa venda poderáser anulada desde que “C”, aproveitando-se da situação, tenha conhecimento dagrave circunstância em que “B”, filho de “A”, se encontra, alegando-se quehouve:

a) coação.b) estado de perigo.c) dolo.d) lesão.

e) erro essencial.

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A.25) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) dentre as inovações mais marcantes do Código Civil está a inserção donegócio jurídico como conceito e modelo de ato jurídico peculiar ao direito civil,em que predomina a autonomia da vontade, com as exceções cabíveis.

b) tanto o testamento, que é unilateral, como o contrato, que é bilateral, sãoespécies de negócios jurídicos.

c) a negócio jurídico é anulável por erro, dolo, coação, simulação, estado deperigo, lesão e fraude contra credores.

d) partindo da premissa de que o negócio jurídico é o ato voluntário de efeitostambém voluntários e de que o ato jurídico, em sentido estrito, é o atovoluntário de efeitos legais, pode-se afirmar que o dirigismo contratualprovoca uma redução do âmbito de incidência do conceito de negócio jurídico.

e) o Negócio Jurídico simulado gera a nulidade absoluta do mesmo.

A.26) Assinale a alternativa CORRETA:

a) a coação física é causa de anulação do ato jurídico.

b) o dolo positivo causa anulabilidade do ato enquanto o negativo não causarepercussão quanto à validade do ato.

c) a fraude contra credores é causa de nulidade do ato.

d) quando as partes fingem fazer um ato que é mera aparência, mas que naverdade não existe, trata-se da simulação absoluta, que causa nulidade do ato.

e) agindo uma das partes com dolo, o negócio será reputado inválido, nãoimportando qual a modalidade do dolo em questão, pois a parte sabia dodefeito e insistiu que o negócio fosse feito mesmo assim.

A.27) (ESAF – Controladoria Geral da União – 2006) Se A (comprador)adquire de B (vendedor) uma obra de arte, por influência de C que oconvence de sua raridade, sem que B, ouvindo tal disparate, alerte ocomprador, o negócio é suscetível de anulação por:

a) dolo negativo.b) dolo de terceiro.

c) simulação relativa objetiva.d) reserva mental.e) lesão.

A.28) Assinale a alternativa INCORRETA:

a) o elemento objetivo da lesão consiste na manifesta desproporção entre asprestações recíprocas, geradoras de lucro exagerado.

b) a lesão é modalidade de defeito do negócio jurídico caracterizado pelo víciodo consentimento.

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c) o elemento subjetivo da lesão é caracterizado pela inexperiência oupremente necessidade do lesado.

d) o prazo para de alegar algum vício relativo à lesão é de quatro anos, sendodecadencial.

e) mesmo que a parte favorecida concordar com a redução do proveito, o Juiznão poderá deixar de decretar a anulação do ato.

A.29) Quanto aos Negócios Jurídicos, podemos dizer que:

a) são seus elementos essenciais: agente capaz, objeto lícito, possíveldeterminado ou determinável, consentimento e forma prescrita e defesa emlei.

b) o erro, o dolo e a coação os tornam nulos de pleno direito.

c) as pessoas absolutamente incapazes, para praticá-los, devem ser assistidas.

d) se ambas as partes agiram com dolo, nenhuma pode alegar esse eventualdefeito para tentar anular o ato.

e) se o erro for acidental o ato é reconhecidamente anulável.

A.30) (Magistratura – Minas Gerais – 2004) Na regulamentação dosdefeitos do negócio jurídico, significativas foram as alteraçõesintroduzidas pelo Novo Código Civil. Leia com ATENÇÃO as proposiçõesabaixo.

I – O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a

quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la naconformidade da vontade real do manifestante.

II – Configura-se a lesão quando alguém, premido da necessidade desalvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outraparte, assume obrigação excessivamente onerosa.

III – Subsistirá o negócio jurídico se a coação decorrer de terceiro, sem queá parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento, mas oautor da coação responderá por todas as perdas e danos que houvercausado ao coacto.

IV – Negócio jurídico viciado por lesão, não se decretará a anulação donegócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecidaconcordar com a redução do proveito.

Marque a alternativa CORRETA.

a) as proposições I, III e IV são verdadeiras.b) todas as proposições são verdadeiras.c) as proposições I, II e IV verdadeiras.d) as proposições I, II e III são verdadeiras.e) todas as proposições são falsas.

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A.31) (ESAF – Assistente Jurídico) “A” fez um seguro de vida. Noentanto omitiu uma moléstia grave que tinha e por causa desta acaboufalecendo poucos meses depois. A seguradora pleiteou a anulação donegócio jurídico por estar configurado o dolo:

a) acidental.b) bonus.c) positivo.d) negativo.e) secundário.

A.32) (CESPE - OAB/SP – 2008) João, ao celebrar um contrato deseguro, omitiu intencionalmente que era portador de uma gravemoléstia para assegurar a celebração do negócio jurídico, que não teriasido realizado não fosse a omissão do fato. Na situação hipotéticaapresentada, a conduta de João caracteriza

a) lesão absoluta.b) lesão relativa.c) dolo negativo.d) dolo secundário.

A.33) (OAB/SP – 2007) Sobre a fraude contra credores, é ERRADOafirmar que: 

a) o credor deverá provar o consilium fraudis e o eventus damni  a fim deanular a venda praticada pelo devedor insolvente.

b) se diferencia da fraude de execução, visto que esta só se configura caso onegócio seja praticado no decorrer de um processo de execução movido emface do devedor.

c) o prazo decadencial para anular o negócio fraudulento é de quatro anos.

d) o credor quirografário que receber do devedor insolvente o pagamento dadívida ainda não vencida, ficará obrigado a repor, em proveito do acervo sobreque se tenha de efetuar o concurso de credores, aquilo que recebeu.

A.34) (Fundação Getúlio Vargas - Fiscal de Rendas do Estado do MatoGrosso do Sul – 2006) Com a intenção deliberada de prejudicar outrem,pós-data-se o instrumento de negócio jurídico. Aponte o vício ligado aesse procedimento.

a) dolo acidental.b) erro substancial.c) coação moral.d) erro acidental.e) simulação.

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7744

A.35) (OAB/PR-2007) Sobre o negócio jurídico, assinale a alternativaCORRETA:

a) o Código Civil admite hipóteses de anulação do negócio jurídico por erro dedireito.

b) o negócio jurídico de disposição patrimonial onerosa poderá ser anulado porfraude contra credores, ainda que o adquirente não saiba da insolvência doalienante, nem tenha motivos para conhecê-la.

c) somente a comprovação de má-fé por parte do adquirente propicia aanulação do negócio jurídico de disposição patrimonial gratuita sob ofundamento da fraude contra credores.

d) a simulação absoluta gera nulidade do negócio jurídico, ao passo que asimulação relativa gera a sua anulabilidade.

A.36) (CESPE/UnB – Procurador do Estado do Ceará - 2008) Acerca dosfatos jurídicos, assinale a opção CORRETA.

a) configura-se o estado de perigo quando uma pessoa, por inexperiência, ousob premente necessidade, obriga-se a prestação manifestamentedesproporcional ao valor da prestação oposta, gerando lucro exagerado aooutro contratante. Nessa situação, a pessoa pode demandar a nulidade donegócio jurídico, dispensando-se a verificação de dolo ou má-fé da parteadversa.

b) a fraude contra a execução é um defeito do negócio jurídico,caracterizando-se como vício de consentimento e viciando, comoconsequência, a declaração de vontade dos partícipes do negócio jurídico.c) a simulação relativa é um vício social que acarreta a nulidade do negócio jurídico, que não pode subsistir, mesmo que seja válido na substância e naforma.

d) o negócio jurídico realizado com infração a norma de ordem pública, mesmodepois de declarado nulo por sentença judicial, por se tratar de direitopatrimonial e, portanto, disponível, pode ser ratificado pelas partes,convalidando-se, assim, o ato negocial.

e) a reserva mental caracteriza-se pela não-coincidência entre a vontade real ea declarada, com o propósito de enganar a outra parte. Se for desconhecidapelo destinatário, a manifestação de vontade subsiste ainda que o seu autorhaja feito a reserva mental de não querer o que manifestou.

B ) ELEMENTOS ACI DENTA I S  

B.01) (Auditor Fiscal do Trabalho – 2006) “A” cede uma casa a “B”,para que nela resida, enquanto for solteiro. É negócio Jurídico quecontém cláusula:

a) condição suspensiva.b) modo ou encargo.

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c) condição simplesmente potestativa.d) condição promíscua.e) condição resolutiva.

B.02) (Fundação Getúlio Vargas - Fiscal de Rendas do Estado do MatoGrosso do Sul – 2006) Assinale o nome do fato jurídico em que osefeitos de um negócio jurídico podem ser extintos pela ocorrência deum evento futuro e incerto.

a) termo inicial.b) condição suspensiva.c) encargo.d) condição resolutiva.e) termo final.

B.03) A expressão: “dôo dois terrenos situados à Rua “X”, no Bairro doMacuco, nesta cidade, à própria municipalidade, para que em um delesseja construída um posto de saúde”, encerra uma liberalidade gravadacom:

a) encargo.b) condição suspensiva.c) termo suspensivo.d) condição resolutiva.

e) condição potestativa.B.04) “A” doou um terreno a uma instituição. No entanto impôs oencargo de nele construir uma creche. É correto afirmar:

a) o encargo, enquanto não cumprido, suspende a aquisição do direito pelodonatário ao objeto da doação.

b) o encargo, enquanto não cumprido, suspende o exercício do direito dodonatário.

c) a imposição de encargo, neste caso, se equipara ao termo inicial, salvo seimposto como condição suspensiva.

d) o encargo, neste caso, se equipara à condição resolutiva, salvo se impostocomo termo final.

e) o encargo, não suspende a aquisição, nem o exercício do direito dodonatário, se não for imposto expressamente como condição suspensiva.

B.05) (CESPE - OAB/SP – 2008) Não comporta condição o ato de:

a) mútuo.b) compra e venda.

c) aceitação ou repúdio à herança.d) doação.

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7766

e) locação.

B.06) (CESPE - OAB/SP – 2007) Segundo a lei, o negócio jurídico, cujosefeitos estão aguardando a ocorrência do termo inicial, produz:

a) anulabilidade.b) expectativa de direito.c) nulidade absoluta.d) interrupção do direito.e) direito adquirido.

B.07) Aos negócios jurídicos podem ser apostos elementos acidentais,devendo-se salientar que:

a) invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados as condiçõesfísica ou juridicamente impossíveis, quando resolutivas.

b) considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir omotivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.

c) o termo inicial suspende a aquisição e o exercício do direito.

d) invalidam os negócios jurídicos as condições impossíveis, quandoresolutivas, e as de não fazer coisa impossível.

B.08) (OAB/PR-2007) Assinale a alternativa CORRETA:

a) o termo inicial suspende a aquisição do direito subjetivo.b) a condição suspensiva, quando implementada, interrompe a possibilidadede exercício de um direito subjetivo que já existia quando da celebração donegócio jurídico.

c) em regra, enquanto o encargo não é cumprido, o beneficiário do ato deliberalidade não adquire o direito subjetivo.

d) se o objeto do encargo for ilícito ou impossível, é tido como não escrito,libertando o negócio jurídico de qualquer restrição.

B.09) Termo Inicial e Condição Suspensiva:

a) se distinguem, quanto aos seus efeitos, pois o primeiro suspende o exercíciodo direito, enquanto a segunda impede a sua aquisição.

b) apesar de possuírem conceitos diferenciados, produzem os mesmos efeitos jurídicos.

c) se distinguem, quanto aos seus efeitos, pois o primeiro impede a aquisiçãodo direito, enquanto a segunda impede a sua aquisição.

d) ambas as situações impedem a aquisição do direito, mas não o seuexercício, distinguindo-se apenas porque o termo diz respeito a evento futuro

e certo e a condição a evento futuro e incerto.

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B.10) (ESAF – AFRFB/2009) A doação de um apartamento a João, jogador de golfe, se ele tiver bom desempenho no PGA To u r , circuitoanual, com cerca de quarenta e cinco torneios masculinos de golfe, énegócio jurídico, que contém condição:

a) puramente potestativa.b) ilícita.c) perplexa.d) resolutiva.e) simplesmente potestativa.

B.11 (ESAF/2010 – Fiscal de Rendas - Prefeitura do Rio de JaneiroISS/RJ) Sobre o encargo como óbice à aquisição ou ao exercício dedireito, é correto afirmar que o encargo:

a) enquanto não cumprido, configura óbice à aquisição ou ao exercício dedireito.

b) enquanto não cumprido, se traduz em óbice ao exercício do direito, não àaquisição.

c) não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quandoexpressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condiçãosuspensiva.

d) enquanto não cumprido, se traduz em óbice à aquisição, não ao exercício do

direito de forma precária.e) enquanto não cumprido, não suspende o exercício do direito de formaprecária.

C) TEOR I A DAS NUL I DADES  

C.01) (Magistratura do Trabalho – Rio de Janeiro – 2004) Assinale aassertiva CORRETA: 

a) os atos jurídicos são anuláveis: por incapacidade relativa do agente, por

vício resultante de erro, dolo, coação, simulação, lesão e fraude contracredores.

b) os atos jurídicos são anuláveis: por incapacidade relativa do agente, porvício resultante de erro, dolo, coação, simulação, estado de perigo, lesão,fraude contra credores.

c) os atos jurídicos são anuláveis: por incapacidade relativa do agente, porvício resultante de erro, dolo, coação, simulação, estado de perigo, lesão,fraude contra credores e nos demais casos expressos em lei.

d) os atos jurídicos são anuláveis: por incapacidade relativa do agente, por

vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão, fraude contracredores e nos demais casos expressos em lei.

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7788

e) os atos jurídicos são anuláveis: por incapacidade relativa do agente, porvício resultante de erro, dolo, coação, simulação, estado de perigo, lesão,fraude contra credores e quando o motivo determinante, comum a ambas aspartes, for ilícito.

C.02) Considerando a matéria sobre invalidade do negócio jurídico noCódigo Civil de 2002, assinale a assertiva CORRETA:

a) o negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação pelas partes.

b) quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecerprazo para pleitear-se a anulação, o prazo será de 04 anos, a contar da datada conclusão do ato.

c) o negócio jurídico simulado é anulável.

d) as hipóteses de defeitos ocorridos no negócio jurídico configuram a sua

nulidade, que deve ser declarada pelo Juiz.e) o testamento de uma pessoa é válido e eficaz, ainda que esta pessoa aindanão tenha falecido.

C.03) (FCC – 2005) Analise as afirmativas abaixo e, em seguida,assinale a alternativa CORRETA:

I – Todo negócio jurídico ineficaz é também considerado nulo.

II – À luz do Código Civil, o negócio jurídico simulado é anulável,subsistindo, porém, o negócio que se dissimulou, se atender aos requisitos

pertinentes à sua existência e validade.III – À luz do Código Civil, pode-se dizer que o prazo de 04 (quatro) anospara anular negócio jurídico eivado de coação é um prazo prescricional,iniciando-se sua fluência a partir do dia em que cessou a coação.

IV – A prescrição pode ser arguida em qualquer grau de jurisdição, pelaparte a quem aproveita, admitindo-se, assim, que seja reconhecida tantoem sede de apelação como de Recurso Especial ou Recurso Extraordinário.

ASSINALE

a) todas as afirmativas estão corretas.

b) somente as afirmativas I e III estão corretas.c) somente as afirmativas II e III estão corretas.d) todas as afirmativas estão incorretas.e) III e IV estão corretas.

C.04) Sobre a Teoria das Nulidades, é ERRADO afirmar:

a) o negócio nulo pode ser objeto de conversão, a fim de que o novo negócioganhe validade e eficiência.

b) a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parteválida, se esta for separável.

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c) em regra é de 04 (quatro) anos o prazo para pleitear-se a nulidadeabsoluta do negócio jurídico.

d) negócio anulável admite ratificação tácita.

e) quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro,

será validado se este a der posteriormente.

C.05) (FCC – Promotor de Justiça/AM – 2005) No tocante à invalidadedos negócios jurídicos, analise as assertivas abaixo afirmar que:

I – Nulo é o negócio jurídico simulado, mas subsistirá, o que se dissimulou,se válido for na substância e na forma.

II – Anulável é o negócio jurídico que tiver por objetivo fraudar a leiimperativa.

III – Nulo é o negócio jurídico resultante de erro de direito.

IV – Anulável é o negócio jurídico celebrado em estado de perigo.

V – Nulo é o negócio jurídico em que ficar configurada a lesão.

Estão CORRETOS os itens:

a) I e V.b) II e III.c) II e IV.d) IV e V.e) I e IV.

C.06) (JUIZ FEDERAL – 3ª Região/2003) O prazo para pleitear aanulação do negócio jurídico é:

a) prescricional.b) decadencial.c) peremptório.d) preclusivo lógico.e) preclusivo temporal.

C.07) (Magistratura – Minas Gerais – 2004) Acerca da validade dosnegócios jurídicos é CORRETO afirmar que:

a) quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecerprazo para pleitear-se a anulação, será este de 02 (dois) anos, a contar dadata da conclusão do ato.

b) o negócio jurídico nulo é suscetível de confirmação bastando para aconvalidação o simples decurso do tempo.

c) o negócio jurídico é anulável por vício resultante de erro, dolo, coação,simulação, fraude, lesão estado de perigo ou fraude contra credores.

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d) na simulação, o negócio jurídico dissimulado subsistirá quando o fim a quevisavam as partes permitir supor que o teriam querido, ainda que no negóciosimulado não tenha sido observada a forma do dissimulado.

e) Resultando a anulabilidade do ato da falta de autorização de terceiro,

impossível será sua convalidação ainda que posteriormente obtida a anuência.C.08) (Ministério Público – Minas Gerais – 2006) Será NULO o negócio jurídico quando celebrado:

a) em detrimento de lei que o proíba, sem, contudo, cominar uma sanção.

b) com procedimento doloso de ambas as partes.

c) por inexperiência de uma das partes que se obriga a prestaçãomanifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.

d) por necessidade de uma das partes em salvar pessoa de sua família de

grave dano, assumindo obrigação excessivamente onerosa.e) pelos ébrios habituais.

C.09) (FCC - Advogado da I.R.B. – Brasil Resseguros – 2006) Assinale aopção VERDADEIRA:

a) se um menor, entre 16 e 18 anos, ao celebrar um contrato, se declararmaior, não se exime da obrigação assumida.

b) o estado de perigo e a lesão são atos prejudiciais praticados em estado denecessidade, visto que na base do estado de perigo há o risco patrimonial e na

lesão tem o risco pessoal.c) o erro acidental induz anulação do negócio por incidir sobre a declaração devontade, mesmo se for possível identificar a pessoa ou a coisa a que se refere.

d) a escritura pública, lavrada em notas de tabelião, embora seja documentodotado de fé pública, não faz prova plena.

e) o novel Código Civil não admite a conversão do ato nulo em outro denatureza diferente.

C.10) (Fundação Getúlio Vargas – Advogado Banco de Santa Catarina.

Questão idêntica também caiu na prova para Analista Judiciário – 2005)Observe as afirmações abaixo e assinale a alternativa CORRTA. TodoNegócio Jurídico será considerado como NULO de pleno direito:

I – Quando for preterida alguma solenidade que a lei considere essencialpara a sua validade.

II – Quando praticado com vício resultante de erro, dolo e simulação.

III – Quando praticado com vício resultante de coação ou fraude contracredores.

IV – Quando praticado por pessoa relativamente incapaz.

ASSINALE:

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a) se somente a afirmativa I estiver correta.b) se somente a afirmativa II estiver correta.c) se somente a afirmativa IV estiver correta.d) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

C.11) (FCC - Tribunal Regional Eleitoral do Paraná – Analista Judiciário– 2004) Assinale a alternativa CORRETA, de acordo com as disposiçõesprescritas no Código Civil Brasileiro (Lei n° 10.406/02).

a) a renúncia da prescrição somente poderá ser expressa e só valerá sendofeita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se consumar.

b) em regra é de 03 (três) anos o prazo para se pleitear a anulação de umnegócio jurídico.

c) não comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excedemanifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico.

d) as nulidades absolutas devem ser pronunciadas pelo Juiz, quando conhecero negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, sendo-lhepermitido supri-las a requerimento das partes.

e) os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se ospraticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, aindaquando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, comolesivos dos seus direitos.

C.12) (OAB/RS – 2006) Sobre a validade do negócio jurídico, assinale aassertiva VERDADEIRA:

a) o negócio jurídico celebrado por pessoa absolutamente incapaz é nulo depleno direito, porém sujeito à ratificação.

b) quando a solenidade exigir forma prescrita em lei, se formalizado por outrosmeios, desde que alcançado o objetivo, mesmo que preterida algumasolenidade essencial, é plenamente válido o ato praticado.

c) há negócios jurídicos que, mesmo celebrados por incapazes, poderão gerar

efeitos.d) o negócio jurídico depende da vontade da lei em relação à produção deefeitos.

e) quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecerprazo para pleitear-se a anulação, este prazo será de 04 (quatro) anos acontar da data da conclusão do negócio.

C.13) (Fundação Getúlio Vargas – ICMS/RJ – 2008 – SEFAZ/RJ) Quandoa lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazopara pleitear-se a anulação esta será de:

a) um ano.

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b) dois anos.c) três anos.d) quatro anos.e) cinco anos.

C.14) (OAB/SP – 2007) Sobre a conversão do negócio jurídico, éCORRETO afirmar que se trata de instituto:

a) aplicável apenas aos negócios anuláveis.

b) que visa converter o negócio nulo em outro válido, mas que não temprevisão no nosso ordenamento.

c) aplicável à fraude contra credores.

d) que visa converter o negócio nulo em outro válido, sendo que tem previsãoexpressa no Código Civil.

C.15) (OAB/RS – 2006 – adaptada) Em relação à teoria das nulidadesdo negócio jurídico, assinale a assertiva CORRETA.

a) o dolo de uma das partes no negócio jurídico será sempre causa deanulação do mesmo.

b) o pagamento efetuado pelo devedor de forma antecipada a um credor fazpresumir a fraude contra credores.

c) o negócio jurídico simulado como regra é passível de anulabilidade.

d) em face do decurso de tempo o negócio jurídico nulo poderá ser objeto deconvalidação.

e) é anulável o negócio jurídico concluído pelo representante em conflito deinteresses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimentode que com aquele tratou.

C.16) (FCC - Analista Judiciário – Tribunal de Justiça de Pernambuco –2007) O Negócio Jurídico não é nulo quando:

a) for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para suavalidade.

b) celebrado por pródigos.

c) o motivo determinante, comum a ambas as partes, foi ilícito.

d) não revestir a forma prescrita em lei.

e) for indeterminado o seu objeto.

C.17) (CESPE - OAB/SP – 2008) É nulo o negócio jurídico quando

a) viciado por erro, dolo, coação, estado de perigo ou lesão.b) praticado por relativamente incapaz, sem a devida assistência legal.

c) tiver por objetivo fraudar lei imperativa.d) praticado para fraudar credores.

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C.18) (Analista Judiciário – TRT 13ª Região/PB – 2006 – FCC) Considereas hipóteses:

I – Erro, dolo ou coação.

II – Objeto impossível.

III – Estado de perigo ou lesão

IV – Simulação e Objeto indeterminável.

V – Objetivo de fraudar lei imperativa.

São causas de nulidade absoluta do negócio jurídico, dentre outras, asindicadas SOMENTE em:

a) I e III.b) II e IV.c) II, III, e V.d) III, IV e V.e) II, IV e V.

C.19) (ESAF – Tribunal de Contas da União – Analista de ControleExterno – 2006) Assinale a opção CORRETA:

a) a forma especial única do negócio jurídico implica uma solenidade maisgeral imposta pela norma jurídica, sendo que o seu não acatamento implicaem anulabilidade.

b) é nulo ato praticado por pessoa relativamente incapaz sem a devidaassistência de seus legítimos representantes.

c) a nulidade (absoluta ou relativa) opera ipso iure.

d) a nulidade absoluta, por ser de ordem pública, não pode ser suprida peloJuiz, ainda que a requerimento dos interessados, sendo insuscetível deconfirmação, nem se convalesce pelo decurso do tempo.

e) são elementos indispensáveis à configuração do ato ilícito apenas aocorrência de um dano e fato lesivo voluntário.

C.20) (OAB/SP – 2009) Considerando-se os dispositivos do Código Civil

relativos ao negócio jurídico e ao direito das obrigações, é correto afirmar que,se um humilde camponês, por meio de um contrato de compra e venda, adquiriralgumas glebas de terra de seu vizinho, no valor de R$ 15.000,00, porémaceitar como documentação o simples recibo firmado pela outra parte, o referidocontrato de compra e venda:

a) será anulável.b) será inexistente.c) será perfeitamente válido.d) terá existência fática, porém é nulo.

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C.21) (Magistratura do Trabalho – Mato Grosso – 2007) No atinente àinvalidade do negócio jurídico, NÃO É CORRETO afirmar que:

a) a anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença e aproveitaexclusivamente aos interessados que a alegarem, ainda que se trate de caso

de indivisibilidade.b) o ato nulo opera-se de pleno direito e não admite confirmação; a nulidadepode ser arguida pelas partes, por terceiros interessado, pelo MinistérioPúblico, quando lhe couber intervir, ou pode ser pronunciada de ofício peloJuiz, bem assim pode ser reconhecida a qualquer tempo.

c) o ato anulável atinge interesses particulares, legalmente tutelados; não seopera de pleno direito e admite confirmação expressa ou tácita; aanulabilidade somente pode ser arguida pelas partes interessadas.

d) é anulável o negócio jurídico por incapacidade relativa do agente, bem

assim por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão oufraude contra credores.

e) a confirmação expressa, ou a execução voluntária de negócio anulávelimporta em extinção de todas as ações de que contra ele dispusesse odevedor.

C.22) (Magistratura do Trabalho – 3a Região/MG) Assinale a alternativaINCORRETA: 

a) a invalidade do instrumento não induz a do negócio jurídico, sempre queeste puder provar-se por outro meio.

b) o ato anulável pode ser ratificado pelas partes, salvo o direito de terceiro,mas a ratificação não retroage à data o ato.

c) são causas de anulação do ato jurídico, na sistemática do Código Civil: aincapacidade relativa do agente; os vícios do consentimento e os vícios sociais.

d) a nulidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida,se esta for separável.

e) ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada pagou a umincapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.

C.23) (Magistratura do Trabalho 3a Região/MG – 2008) Sobre os fatos jurídicos, escolha a opção correta, após análise das afirmativas abaixo:

I – A incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pelaoutra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvose, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.

II – O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito e aele se aplicam, no que couber, as disposições relativas à condiçãosuspensiva.

III – É nulo o negócio jurídico simulado. Haverá simulação nos negócios

 jurídicos quando aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoasdiversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem,

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contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira, osinstrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.

IV – Quando existe incapacidade relativa do agente, o negócio jurídico éanulável, o mesmo ocorrendo por vício resultante de erro, dolo, coação,

estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.a) todas as afirmativas estão erradas.b) uma afirmativa está correta.c) duas afirmativas estão corretas.d) três afirmativas estão corretas.e) quatro afirmativas estão corretas.

C.24) (CESPE/UnB – Juiz de Direito Substituto/PI - 2007) Quanto aosnegócios jurídicos, assinale a opção CORRETA.

a) encargo é a cláusula acessória aderente aos negócios jurídicos gratuitos. Oencargo impõe uma contraprestação do beneficiário, que, enquanto não forcumprida, se traduz em óbice à aquisição ou ao exercício do direito.

b) na celebração de um negócio jurídico, a vontade manifestada de uma daspartes não subsiste, se esta faz reserva mental de não querer aquilo quemanifestou, ainda que a outra parte não tenha conhecimento da mesma, pois,além de haver a intenção de prejudicar, existe o vício de consentimentoensejando a nulidade do negócio. Assim, essa discrepância entre a vontade e adeclaração do agente acarreta a invalidade do negócio, por erro na declaraçãode vontade.

c) a nulidade absoluta de um negócio jurídico poderá ser arguida por qualquerinteressado, bem como pelo Ministério Público nos casos em que couberintervir, ou, ainda, ser decretada pelo Juiz, de ofício, quando conhecer donegócio ou dos seus efeitos e a encontrar provada. Declarada essa nulidadepor sentença judicial, ela produzirá efeitos ex tunc , alcançando a declaração devontade no momento da emissão.

d) quando, na celebração de um negócio jurídico bilateral ou unilateral, orepresentante legal ou convencional de uma das partes agir com dolointencional, para acarretar a nulidade desse ato negocial, exige-se o efetivo

conhecimento da parte que dele se aproveite, pois o dolo provocado pelorepresentante recebe o mesmo tratamento legal destinado ao dolo de terceiro.

e) o silêncio importará em manifestação positiva de vontade, quando, em umcontrato de adesão, houver prazo obrigatório assinalado para manifestação daparte, sob pena de, não o fazendo, a contraparte considerar que houvedemonstração de aceitação do negócio jurídico, desde que a parte tenha amplaoportunidade de tomar conhecimento de todos os termos e cláusulas docontrato.

C.25) (CESPE/UnB – OAB Exame Unificado – 2008) Acerca dos fatos

 jurídicos, assinale a opção CORRETA.

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a) o negócio jurídico concluído pelo representante legal em conflito cominteresses do representado é anulável, ainda que o terceiro, pessoa com a qualo representante celebra o negócio, não tenha conhecimento de tal conflito. Serestar caracterizada a má-fé desse terceiro, o negócio jurídico é eivado denulidade absoluta.

b) o negócio jurídico deve ser interpretado conforme a boa-fé, mas os usos ecostumes do lugar de sua celebração não podem ser levados em consideração.

c) a validade de uma declaração de vontade depende, como regra, de formaespecial, exceto quando a lei expressamente não a exigir.

d) a nulidade absoluta, por ser de ordem pública, não se convalesce pelodecurso do tempo nem pode ser suprida pelo juiz, ainda que a requerimentodos interessados, sendo insuscetível de confirmação.

C.26) (ESAF – AFRFB/2009) A nulidade absoluta do negócio jurídico:

a) somente poderá ser alegada pelos prejudicados, não podendo ser decretadade ofício pelo juiz.

b) só aproveitará à parte que a alegou, com exceção de indivisibilidade ousolidariedade.

c) poderá ser arguida por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público,quando lhe couber intervir.

d) poderá ser suprida pelo juiz e suscetível de confirmação e de convalidaçãopelo decurso do tempo.

e) será decretada se ele for praticado por pessoa relativamente incapaz sem adevida assistência de seus legítimos representantes legais.

D) FORMA E PROVA D O NEGÓCI O JURÍDI CO 

D.01) (ESAF – Controladoria Geral da União – 2006) O reconhecimentovoluntário de filho havido fora do matrimônio pode ser feito no próprio termo donascimento, por escritura pública ou instrumento particular, por testamento oupor manifestação expressa e direta perante o Juiz. Portanto, a forma doreconhecimento de filho é:

a) especial plural.b) especial única.c) geral.d) especial genérica.e) contratual.

D.02) (ESAF – Advocacia Geral da União) Quando uma norma jurídicapermitir a formalização de um negócio por vários modos, possibilitandoque a parte opte por um deles, ter-se-á a forma:

a) genérica.

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b) plural.c) única.d) livre.e) contratual

D.03) (ESAF – Controladoria Geral da União – 2006) Assinale a opçãoFALSA.

a) a presunção deixada a critério e prudência do magistrado, que se fundanaquilo que cotidiana, habitual ou ordinariamente acontece, denomina-sesimples, comum ou hominis.

b) arbitramento é o exame pericial tendo em vista determinar o valor da coisaou da obrigação a ela ligada, muito comum na desapropriação, nos alimentos,na indenização dos danos por atos ilícitos.

c) a prova deve ser admissível, pertinente e concludente.d) a confissão é irrevogável, logo não poderá ser anulada se oriunda de errode fato ou de coação.

e) as testemunhas instrumentárias devem pronunciar-se sobre o conteúdo doinstrumento que subscrevem.

D.04) (Magistratura – Minas Gerais – 2004) O novo Código Civil regula onegócio jurídico no livro III, título I. Sobre a disciplina dos negócios jurídicos é CORRETO afirmar que:

a) as condições de não fazer coisa impossível e as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas, têm-se por inexistentes.

b) não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validadedos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ourenúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 10 (dez) vezes omaior salário mínimo vigente no País.

c) o silêncio não importa anuência, ainda quando as circunstâncias ou os usoso autorizem e não for necessária declaração de vontade expressa.

d) é nulo de pleno direito o negócio concluído pelo representante em conflito

de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser doconhecimento de quem com ele contratou.

e) a incapacidade relativa de uma das partes não pode ser invocada pela outraem benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se,neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum.

D.05) (Técnico Judiciário – TRT 15ª Região – Campinas – 2006) Arespeito dos Atos Jurídicos, assinale a alternativa INCORRETA.

a) o silêncio não importa anuência, ainda que as circunstâncias ou os usosautorizarem e não for necessária a declaração de vontade expressa.

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b) o instrumento público é da substância do ato, no negócio jurídico celebradocom cláusula de não valer sem ele.

c) a impossibilidade inicial do objeto não invalida o negócio jurídico se forrelativa, ou se cessar antes de realizada a condição a que ele estiver

subordinado.d) a validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial,senão quando a lei expressamente a exigir.

e) a validade do negócio requer: agente capaz; objeto lícito, possível,determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei

D.06) (Magistratura do Trabalho - 14ª Região - 2004) Tomando porbase as afirmações abaixo assinale a alternativa CORRETA: No tocante àprova dos atos jurídicos, é correto afirmar:

I – A confissão é irrevogável e por consequência não pode ser anulada.II – A prova do instrumento particular não pode ser suprimida por outras decaráter legal.

III – Não podem ser admitidos como testemunhas os menores de 18 anos.

IV – Salvo casos expressos a prova exclusivamente testemunhal somenteserá admitida nos negócios jurídicos cujo valor não ultrapasse o teto de 20vezes o maior salário mínimo vigente no país ao tempo da celebração doreferido negócio.

ASSINALE

a) apenas a afirmativa I está correta.

b) apenas as afirmativas I e II estão corretas.

c) apenas as afirmativas I, II e III estão corretas.

d) as afirmativas I, II, III e IV estão corretas.

e) as afirmativas I, II, III e IV estão incorretas.

D.07) (Magistratura do Paraná) De acordo com o disposto no CódigoCivil é correto dizer-se que:

a) para a validade das declarações de vontade não há necessidade de formaespecial, ainda que assim o exija expressamente a lei.

b) ao titular de direito eventual, no caso de condição suspensiva, não épermitido exercer os atos destinados a conservá-los.

c) todas as condições que a lei expressamente não vedar são lícitas, sendodefesas, porém, aquelas que privarem de todo efeito o ato, ou o sujeitarem aoarbítrio de uma das partes.

d) embora o contrato contenha a cláusula de não valer sem instrumentopúblico, poderá validamente ser celebrado por instrumento particular, se oscontratantes forem capazes.

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D.08) (Magistratura do Trabalho – 8a Região/PA – 2007) Marque aalternativa INCORRETA:

a) a interpretação dos negócios jurídicos deve estar baseada no princípio daboa-fé e nos usos do lugar de sua celebração.

b) dentre as hipóteses legais de cessação da incapacidade para os menoresestão o casamento, o exercício de emprego público efetivo e a colação de grauem curso de ensino superior.

c) se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendoaveriguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ãosimultaneamente mortos.

d) o uso comum dos bens públicos só pode ser gratuito, pois são destinados àutilização pela sociedade que já paga impostos, sendo vedado o uso onerosodessa classe de bens.

e) o Direito Civil estende às pessoas jurídicas a proteção dos direito depersonalidade, no que couber, havendo possibilidade de, inclusive, sofrer danomoral.

D.09) (Magistratura do Trabalho – 15a Região – Campinas – 2008)Assinale a alternativa INCORRETA.

a) os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usosdo lugar de sua celebração, sendo que os contratos benéficos devem serestritamente.

b) os prazos de meses e anos sempre expiram no dia de igual número do deinício.

c) considera-se não escrito o encargo ilícito, salvo se constituir o motivodeterminante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.

d) os prazos fixados por hora são contados de minuto a minuto.

e) na lesão o vício de consentimento decorre do abuso praticado em situaçãode desigualdade de um dos contratantes, por inexperiência ou por prementenecessidade, havendo uma grande desproporção nas obrigações assumidas.

D.10) (ESAF – Fiscal do Trabalho) A presunção deixada ao critério eprudência do magistrado, que se funda naquilo que ordinariamenteacontece, denomina-se PRESUNÇÃO:

a) simples ou hominis.b) relativa.c) sem precedentes.d) juris tantum.e) juris et de jure.

TESTES ESPECÍFICOS DA FUNDAÇÃO CESGRANRIO

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9900

01) (CESGRANRIO – Estado do Amazonas – Advogado – 2005) Deacordo com as regras do Código Civil, é nulo o negócio jurídico,considerando-se seus defeitos, quando ocorre:

a) erro.

b) simulação.c) coação.d) dolo.e) fraude contra credores.

02) (CESGRANRIO – Oficial de Justiça/RO Nível Superior – 2008) É nuloo negócio jurídico:

a) praticado com dolo ou coação.b) praticado em estado de perigo.

c) praticado por agente relativamente incapaz.d) simulado, sendo válido o dissimulado.e) que importe em fraude contra credores.

03) (CESGRANRIO – Advogado da Refinaria Alberto Pasqualini S/A -REFAP S/A – Sistema Petrobrás - 2007) O Código Civil estabelece queos negócios jurídicos são anuláveis por dolo, quando esta for a suacausa. Quando da realização de um negócio jurídico, pode-se afirmar,sobre a ocorrência do dolo que:

a) não se pode configurar a partir de uma omissão.

b) se ambas as partes procederem com dolo, caberão indenizações recíprocas,respeitando-se as proporções.

c) se for acidental, só obriga à satisfação de perdas e danos.

d) se for de terceiro, nunca torna o negócio jurídico anulável.

e) se for do representante convencional, obriga o representado a responderpor perdas e danos subsidiariamente.

04) (CESGRANRIO – Advogado – Petrobrás – 2008) Em relação aosdefeitos do negócio jurídico, analise as afirmações a seguir.

I – Na lesão é facultado ao lesado optar por requerer a anulação ou arevisão do negócio jurídico celebrado, sendo que o dano deve sercontemporâneo à celebração do contrato.

II – No erro existe uma declaração enganosa da vontade, cujo objetivo éproduzir efeito diverso do pretendido.

III – O dolo de ambas as partes torna o negócio jurídico nulo.

IV – O simples temor reverencial configura coação.

V – O estado de perigo ocorre quando uma pessoa obtém lucro exagerado,desproporcional, aproveitando-se da situação de necessidade ouinexperiência do outro contratante.

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Está(ão) correta(s) APENAS a(s) afirmação(ões)a) Ib) I e IIIc) II e IV

d) II e Ve) III, IV e V

05) (CESGRANRIO – Advogado da Empresa de Pesquisa Energética –EPE – 2007) De acordo com o disposto no Código Civil quanto à contagem deum prazo, pode-se afirmar que:

a) invariavelmente, inclui-se, em seu cômputo, o dia do começo.b) seu vencimento é antecipado, quando ele se encerra em feriado.c) quando fixado por hora, ele exclui a aferição dos minutos.

d) quando fixado por mês, ele é computado na base de 30 dias por mês.e) meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.

06) (CESGRANRIO – Advogado do BANCO NACIONAL DEDESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – BNDES – 2005) Assinale aúnica afirmação ERRADA quanto aos negócios jurídicos.

a) a validade da declaração de vontade dependerá sempre de forma especial.

b) a validade do negócio jurídico requer, entre outros, objeto determinado oudeterminável.

c) os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usosdo lugar de sua celebração.

d) os negócios jurídicos benéficos e a renúncia interpretam-se estritamente.

e) silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos oautorizarem e não for necessária a declaração de vontade expressa. 

07) (CESGRANRIO – Oficial de Justiça/RO Nível Superior – 2008) Se a leinão exige forma especial para a prática e a prova de um determinado ato,observa-se o princípio da liberdade de formas. NÃO depende da realização por

instrumento público, como elemento essencial para sua validade, o(a):a) divórcio extrajudicial.b) pacto antenupcial.c) testamento do deficiente visual.d) procuração ad judicia para o foro em geral.e) compra e venda de imóvel de valor superior a 30 salários mínimos

OBS: as questões adiante seguem o padrão que a CESPE/UnBtambém costuma usar (embora nem sempre), julgando as

assertivas e colocando CERTO ou ERRADO.

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Questão 01 (CESPE – BACEN) Julgue os seguintes itens:

a) Os defeitos de um negócio jurídico, relativos à vontade, decorrem devícios de consentimento e de vícios sociais.

b) É anulável o negócio jurídico decorrente de erro, ainda que acidental.

c) O dolo, que pode se caracterizar por omissão, é causa de anulabilidade donegócio, desde que, entre outros requisitos, tenha sido a sua causadeterminante.

d) É anulável, por ser decorrente de coação, o pagamento de título vencidoefetuado pela devedora, uma senhora com setenta anos de idade, receosaque o credor cumprisse a ameaça que lhe fizera, qual seja, a promover aexecução judicial da dívida.

e) É defeso ao Juiz pronunciar, sem alegação da parte interessada, aanulação do ato decorrente de erro, dolo ou coação moral. Todavia, caso setrate de simulação ou fraude contra credores, poderá o magistrado, de ofício,pronunciar a nulidade do ato.

Questão 02 (CESPE/UnB) Julgue os itens a seguir:

a) Não serão anuláveis por fraude contra credores os contratos de disposiçãogratuita dos bens do devedor insolvente quando a insolvência for notória, ouhouver motivo para ser conhecida do devedor ou do outro contratante.

b) Existem atos jurídicos que, mesmo celebrados por incapazes, poderãogerar efeitos.

c) Os negócios jurídicos nulos não podem ser confirmados, mas podem sofrerconversão substancial em negócios jurídicos válidos.

Questão 03 (CESPE/UnB - TCU – Analista de Controle Externo – 2008)Julgue o item a seguir:

a) Ameaçada de morte por um primo, homem de notória violência, Abigailassinou contrato de compra e venda, transferindo-lhe a propriedade de umafazenda de cacau na Bahia. Transcorridos seis anos, sem que cessasse acoação, esse primo faleceu, e ela decidiu imediatamente constituir advogadopara buscar a anulação judicial do negócio. Nessa situação, caso logre êxito

em provar a coação sofrida, é possível que Abigail obtenha decisão favorávelao seu pleito, pois o prazo decadencial de quatro anos para requerer aanulação é contado da data em que cessou a coação e não da data darealização do negócio.

Questão 04 (CESPE/UnB – Juiz Federal Substituto – 5a Região/2007)Julgue os itens a seguir, relativos aos negócios jurídicos e à prescrição.

a) Para a caracterização da fraude contra credores e a consequente anulaçãodo ato jurídico, faz-se necessário que o devedor esteja em estado deinsolvência ou na iminência de alcançá-lo e pratique maliciosamente negócios

que desfalquem seu patrimônio em detrimento da garantia que esterepresenta para os direitos creditórios alheios.

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9933

b) Se, no curso de um processo, o Juiz verificar a ocorrência de prescrição,este deverá proferir sentença reconhecendo o fato e extinguindo o processosem resolução de mérito, ainda que se trate de direitos patrimoniais e o réu,em contraditório, no prazo assinalado para a resposta, tenha renunciado àprescrição já consumada ou tenha-se mantido inerte ante o ônus de sedefender.

c) Condição é cláusula de um negócio jurídico, a qual, derivadaexclusivamente da vontade das partes, subordina a eficácia ou a resolução donegócio jurídico à ocorrência de evento futuro e certo.

Questão 05 (CESPE/UnB – INSS/2008 – Analista do Seguro Social comFormação em Direito) Acerca dos fatos e negócios jurídicos no direitocivil, julgue os próximos itens.

a) O vendaval que destrói uma casa é exemplo de negócio jurídico unilateral.

b) Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ouresolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservar tal direito.

c) Com relação à validade do negócio jurídico, considera-se que, nãodispondo a lei em contrário, a escritura pública apenas é essencial à validadedos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificaçãoou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a sessentavezes o maior salário mínimo vigente no país.

Questão 06 (CESPE/UnB Procurador Federal/2006) Acerca dos fatos jurídicos, julgue os itens que se seguem.

a) Caracteriza a lesão, ensejando a anulação do negócio jurídico ou, paraevitá-la, a exigência de complementação do preço, a situação em que ocorrea desproporção entre as prestações de um negócio jurídico no decorrer daavença, oriunda do aproveitamento, por uma das partes contratantes, dasituação de inferioridade em que se encontra a outra parte.

b) No negócio jurídico, a vontade deve corresponder à declaração, a qual émera exteriorização da vontade subjetiva do agente. Assim, havendodivergência entre a vontade e a declaração, o negócio jurídico é nulo, mesmoquando o destinatário desconhece a verdadeira intenção da outra parte, a

qual permanece em reserva mental.

Questão 07 (Magistratura da Bahia – 2007) Em relação aos fatos jurídicos, julgue os itens subsequentes:

a) A lesão inclui-se entre os vícios de consentimento decorrente de abusopraticado em situação de desigualdade de um dos contratantes, por estar sobpremente necessidade, ou por inexperiência. Esse vício afeta a vontade doagente e a manifestação de vontade em desacordo com a realidade, querporque o declarante a desconhece, quer porque o declarante está impelidopela necessidade, e tem como consequência a nulidade absoluta do negócio

 jurídico.

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b) O instituto da conversão é a transformação de um negócio jurídico nuloem outro de natureza diversa e traduz o princípio da conservação dos atosnegociais; nele aproveita-se a finalidade do ato desejado pelas partes sempreque for possível e não for obstado pelo ordenamento jurídico. Entretanto,para que ocorra a conversão de um negócio jurídico nulo em outro denatureza diversa, faz-se necessário que o negócio reputado nulo contenha osrequisitos do outro negócio e que a vontade manifestada pelas partes façasupor que, se tivessem ciência da nulidade do negócio realizado, mesmoassim, teriam querido celebrar o negócio convertido.

c) Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada pagou a umincapaz, se não provar que reverteu proveito dele a importância paga.

Os exercícios a seguir não caíram em concursos, mas têm a função de

melhor fixar a matéria dada em aula.I. Estabeleça Associação:

a) Erro ou Ignorância; b) Dolo; c) Coação; d) Estado de Perigo; e) Lesão; f)Simulação; g) Fraude contra Credores.

01 – ( ) sob premente necessidade ou por inexperiência uma pessoa seobriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestaçãooposta.

02 – ( ) pratica maliciosa pelo devedor de atos que desfalcam seu

patrimônio com o fim de colocá-los a salvo de uma execução por dívidas emdetrimento dos direitos do credor.

03 – ( ) artifício empregado para levar alguém à prática de um ato que oprejudica, beneficiando o autor do ato ou uma terceira pessoa.

04 – ( ) declaração enganosa de vontade com vistas à obtenção de umresultado diverso do que se manifesta ostensivamente.

05 – ( ) pressão física ou psicológica exercida sobre alguém para obrigá-loa praticar ou deixar de determinado ato.

06 – ( ) falsa noção ou completo desconhecimento que se tem acerca de

um objeto ou pessoa.07 – ( ) sob premente necessidade de salvar a si ou pessoa de sua família

de grave dano conhecido pela outra parte assume obrigação excessivamenteonerosa.

II. Estabeleça Associação:

a) Condição Suspensiva; b) Condição Resolutiva; c) Condição Casual; d)Condição Potestativa; e) Termo; f) Modo ou encargo.

01 – ( ) Subordina os efeitos de um negócio jurídico a evento futuro eincerto, dependente da natureza.

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02 – ( ) Evento futuro e incerto que, se realizado, extingue os efeitos doato.

03 – ( ) Subordina os efeitos do negócio jurídico a evento futuro e certo.

04 – ( ) Cláusula acessória aderente a atos liberatórios que impõe um

ônus à pessoa contemplada pelos referidos atos.05 – ( ) Ato jurídico futuro e incerto que depende da prática de um ato

de vontade do contraente.

06 – ( ) Cláusula cuja eficácia fica suspensa até o implemento de eventofuturo e incerto.

GABARITO COMENTADO

A) TEORIA GERAL – ELEMENTOS ESSENCIAIS – DEFEITOS 

A.01) Alternativa correta: letra “b”. Revejam o gráfico referente aos FatosJurídicos. O reconhecimento de um filho e a fixação do domicílio são FatosJurídicos. Estes se dividem. Dentro da desta divisão os mesmos se situam entreos atos jurídicos stricto sensu, pois os efeitos decorrentes da prática deste atosão os previstos na lei.

A.02) Alternativa incorreta: letra “a”. O erro nesta afirmação repousa nofato de que o valor é de apenas 30 (trinta) vezes o maior salário mínimo vigenteno País (art. 108, CC). As demais afirmativas são textos expressos da lei: letra “b” (art. 111, CC); letra “c” (art. 112, CC); letra “d” (art. 113) e letra “e” (art.

114, CC).A.03) Alternativa correta: letra “d”. De fato, o Negócio Jurídico é uma

espécie do gênero ato jurídico em sentido amplo. É o ato destinado à produçãode efeitos jurídicos, desejados pelo agente e tutelados pela lei. É toda açãohumana, de autonomia privada, com o qual o particular regula por si os própriosinteresses, havendo uma composição de interesses. A letra “a” está errada. Parafazer um teste de concurso não se pode ser afoito. Se a alternativa for lida comatenção, vamos verificar que o examinador disse “forma prescrita e defesa emlei”. O correto seria afirmar forma prescrita (determinada, prevista) ou nãodefesa (não vedada, não proibida) pela lei (conforme o art. 104, III, CC). A letra “b” está errada, pois o testamento é ato jurídico unilateral. Neste só há avontade de uma pessoa (a do testador), não sendo necessária a aceitação daherança para que o testamento esteja perfeito. A letra “c” também está errada,pois as pessoas absolutamente incapazes devem ser representadas (e nãoassistidas). A letra “e” está errada, pois apesar do ato ilícito é um ato praticadoem desacordo com a ordem jurídica, violando direitos e criando o dever dereparar eventual dano (moral ou patrimonial). No entanto, apesar do ato ilícitoser aquele que acarreta consequências jurídicas alheias à vontade do agente, éum ato praticado na esfera do direito civil, penal e administrativo (e nãosomente penal como afirmado na questão).

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A.04) Alternativa correta: letra “c”. Reparem que o art. 104, CC adotou ateoria tricotômica (exige apenas três elementos): a) agentes capazes; b) objetolícito, possível, determinado ou determinável e c) forma prescrita ou não defesaem lei. No entanto a questão pede os requisitos doutrinários. E a doutrina, alémdos elementos legais (art. 104, CC), acrescenta o chamado elemento volitivo,ou seja, o consentimento, a manifestação de vontade livre (vontade sem vícios). 

A.05) Alternativa correta: letra “e”. Item I – eu errei sozinho, logo trata-se de um erro; além do mais diz respeito a elemento essencial ou substancial,pois se eu soubesse da procedência real do vinho não o teria comprado(portanto o ato é anulável – art. 171, II, CC). Item II – eu fui enganado pelovendedor, pois ele sabia da falsidade, logo trata-se de um dolo, que no casotambém é essencial ou substancial (portanto o ato também é anulável). ItemIII – finjo fazer um contrato, mas fiz outro – trata-se de uma simulação. Notemque a simulação, neste caso, acarreta em nulidade absoluta do ato (art. 167,

CC).A.06) Alternativa correta: letra “a”. O erro é a falsa noção que se tem de

algo ou alguém. A pessoa erra sozinha e se soubesse do erro anteriormente,não iria realizar o negócio. Se o erro recair sobre aspectos essenciais (ousubstanciais) do ato, este será anulável. É o que dispõe o art. 138, CC. O artigoseguinte fornece hipóteses em que o erro é substancial, sendo que uma dashipóteses é o relativo ao objeto do negócio (compro um cavalo comumpensando que é “puro sangue”). A letra “b” está errada, pois o dolo acidentalnão anula o negócio jurídico, no entanto sua ocorrência obriga à satisfação deeventual perdas e danos (arts. 145/146, CC). A letra “c” está errada, pois na

coação deve-se observar todas as situações mencionadas na lei para se decretara anulação do ato (art. 152, CC). Se ambas as partes agirem com dolo (torpezabilateral) nenhuma delas poderá alegá-lo para reclamar a anulação do ato ouindenização (art. 150, CC), portanto a letra “d” está errada. Finalmente a letra “e” está errada, pois o art. 153, CC determina que o temor reverencial (ex:receio de desgostar os pais ou a pessoas a quem se deve respeito) excluem acoação.

A.07) Alternativa correta: letra “e”. A frase em questão se refere àhipótese prevista literalmente no artigo 158 CC, que trata da fraude contracredores.

A.08) Alternativa correta: letra “c”. O erro acidental e o dolus bonus(letras “a” e “b”) não anulam o contrato; este continua sendo válido, apesar dapresença de qualquer um dos vícios apontados. Da mesma forma o temorreverencial que, não configurando sequer coação, não pode influir na validadedo negócio jurídico. O art. 153, CC prevê que não se considera coação a ameaçaa exercício normal de um direito nem o simples temor reverencial (letra “e” errada). Finalmente, o atual Código determina que o negócio simulado é nulo(art. 167, CC) estando a letra “d” errada. Portanto, das situações fornecidassomente a coação moral (também chamada de vis compulsiva) é caso deanulação do Negócio Jurídico (como exemplos citamos a ameaça de mal futuro einjusto, a chantagem, etc.). Lembrando também, que a coação física (visabsoluta) causa a nulidade do ato.

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A.09) Alternativa correta: letra “b”. Na hipótese ocorreu a SimulaçãoAbsoluta Objetiva. Atualmente a simulação está prevista no capítulo referente àinvalidade do negócio jurídico (art. 167, CC). Conceitua-se como sendo umadeclaração enganosa de vontade, com o objetivo de criar um negócio jurídicofalso, a fim de prejudicar terceiros. No caso da questão, o título de créditoemitido (por exemplo, uma nota promissória), não representa negócio algum.Trata-se, portanto, de uma simulação objetiva, pois recai sobre o objeto nonegócio, ou seja, o próprio título de crédito. Seria subjetiva se a partecontratante não fosse o indivíduo que tira proveito do negócio (“vendo” umacasa a uma pessoa; mas esta deve repassá-la a outra pessoa após um ano). Naquestão apresentada, trata-se, também de uma simulação absoluta, pois o títulonada representa. Digamos que o marido realmente devesse ao amigo 10 mil,mas colocou no título que está devendo 50 mil. Neste caso continua sendosimulação, passível de nulidade, mas somente em relação ao que excedeu aovalor correto. Assim, nesta hipótese a simulação seria objetiva e relativa (pois

houve o negócio, mas não exatamente da forma como apareceu). Havendo asimulação o negócio jurídico é reputado como nulo. O art 167, §1º, II do CCprevê que haverá simulação quando o documento contiver declaração,confissão, condição ou cláusula não verdadeira. Já reserva metal está previstano artigo 110 CC.

A.10) Alternativa correta: letra “d”. Simulação relativa subjetiva. Ésimulação porque houve uma declaração enganosa de vontade, visandoprejudicar terceiros. É relativa porque o negócio existiu, embora tenhaprejudicado interesses de terceiros (diferentemente da simulação total, ondenão há intenção de realizar negócio algum). É subjetiva porque a pessoa que irátirar proveito do negócio não é a que aparece no contrato inicialmente(diferentemente da simulação objetiva que diz respeito ao negócio propriamentedito).

A.11) Alternativa correta: letra “e”. A doutrina costuma classificar estefato como “simulação inocente”. Isto porque embora tenha havido umasimulação (fingiu fazer uma compra e venda, mas doou o terreno), nãoprejudicou quem quer que seja. Observem que, como o falecido não tinhaherdeiros necessários (descendentes, ascendentes ou cônjuge), poderia doar obem a quem bem entendesse. Além disso, sua intenção era mesmo deixar o

bem por testamento (trata-se de um legado). A venda simulada apenasantecipou sua vontade.

A.12) Alternativa correta: letra “c”. O que ocorreu no caso foi a lesão, queé um vício de consentimento, ou seja, há uma divergência entre o que vocêrealmente desejava e aquilo que você acabou realizando, previsto no art. 157,CC: quando uma pessoa, sob premente necessidade ou por inexperiência, seobriga a uma prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestaçãooposta. O art. 178, inciso II, CC determina que é de quatro anos o prazo dedecadência para se pleitear a anulação da lesão, contado do dia em que serealizou o negócio. Lembrem-se de que não se decretará a anulação do negócio

se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com aredução do proveito.

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A.13) Alternativa correta: letra “c”. Estão corretas as afirmações I, II eIII. Notem que as alternativas tratam dos chamados defeitos relativos deconsentimento. O erro, a ignorância e o dolo podem ser anuláveis, embora emalgumas situações possa o ato ser considerado válido, mesmo com a ocorrênciado defeito (ex: erro acidental). A coação pode tornar o ato anulável, embora emalgumas situações também possa ele ser nulo (ex: coação física). O estado deperigo, a lesão e a fraude contra credores são hipóteses que tornam o atoanulável (art. 171, II, CC). No entanto, a simulação torna o negócio nulo (art.167, CC).

A.14) Alternativa correta: letra “b”. No caso houve uma declaraçãoenganosa da vontade, visando obter resultado diverso do que aparece, com ofim de criar uma aparência de direito, para iludir terceiro. Houve, portanto, umasimulação. Esta simulação foi absoluta, pois apesar de exprimir um negócio jurídico (compra e venda), não houve intenção alguma de realizar este negócio.

Fingiu vender o imóvel, mas na verdade o mesmo não foi vendido de fato.Recorde-se que atualmente a simulação não é mais um defeito social do negócio jurídico, mas hipótese de invalidade do negócio jurídico (art. 167, CC),acarretando a nulidade do ato negocial.

A.15) Alternativa correta: letra “c”. Somente a afirmação III estáincorreta. A proposição I está correta e prevista no art. 140, CC, quando fala doerro ou ignorância. Para ser capaz de viciar um negócio jurídico (e trazer comoconsequência a anulação do mesmo) erro deve ser essencial, razãodeterminante da prática do ato. Se isto não ficar comprovado, o falso motivonão irá viciar a vontade, não acarretando a anulação do negócio. Lembrem-se

do seguinte exemplo: “A” doou uma casa a “B” pelo fato deste lhe ter salvo avida; posteriormente “A” descobre que não foi “B” quem lhe salvou a vida, massim “C”. Neste caso a doação pode ser anulada foi o falso motivo foi a razãodeterminante para a doação. Da mesma forma a proposição II também estacorreta, pois se trata do texto literal do art. 143, CC. O erro de cálculo é umaespécie de erro acidental, não sendo causa de anulação do negócio, mas desimples retificação. A afirmação III está errada. O art. 145, CC prevê que sehouver dolo (essencial) em um negócio jurídico, este poderá ser anulado (e nãoser considerado nulo). Portanto o erro na questão é bem sutil. Finalmente aafirmativa IV está correta, pois é o que prevê o art. 153, CC.

A.16) Alternativa correta: letra “b”. O erro de fato diz respeito a umasituação de fato não conhecida pela outra parte. Já o erro de direito é aqueleque diz respeito à existência (ou não) de uma norma jurídica (pessoa supõe queuma lei não exista, ou que a mesma já foi revogada, etc.). A regra em nossodireito é de que ninguém pode se escusar de cumprir uma lei alegando que nãoa conhece. No entanto, em casos especialíssimos o erro de direito é admitido. Oart. 138, CC determina que são anuláveis os negócios jurídicos, quando asdeclarações de vontade emanarem de erro substancial (ou essencial, ouprincipal). Já o art. 139, inciso III, CC prevê que o erro é substancial quando,em sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo

único ou principal do negócio jurídico. Ou seja, o erro de direito somente poderecair sobre normas dispositivas (e nunca sobre as impositivas ou imperativas).

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Neste caso o ato é anulável. A letra “a” está errada, pois nem mesmo o erro defato substancial faz com que o ato seja nulo. No máximo será anulável. A letra “c” está errada, pois ela traz uma regra; no entanto a questão deseja a exceçãodesta regra. A letra “d” está errada, pois traz uma incongruência: o erro é umafalsa noção de algo; se eu, com o meu comportamento, desejo fraudar a lei(como está na questão), isto já não é erro. Pode ser outro vício. Mas não o erro.A letra “e” também está errada, pois sendo um vício passível de anulação, nãopode ser reconhecido de ofício (ou seja, sem ser provocado) pelo Juiz. Só osatos nulos podem ser reconhecidos de ofício pelo Juiz (art. 168, parágrafo único,CC).

A.17) Alternativa correta: letra “c”. Como vimos, o erro de direitoconsiste na ignorância da lei (acrescente-se também: de um falso conhecimentoou de interpretação errônea). Como regra ele não admite escusa, ou seja, nãopode ser alegado para anular um negócio. Ele é admitido de forma

excepcional, nos termos do art. 139, III, CC. Nesta hipótese o negócio jurídicopode ser anulado, se o ato não implicar em recusa à aplicação da lei e for omotivo único ou principal do Negócio Jurídico. No caso concreto “A” ignoravaque havia uma lei proibindo o loteamento. Sem saber que a lei proibia, comprouo lote. Ao descobrir a proibição legal, pode anular o negócio sob a alegação doerro de direito.

A.18) Alternativa correta: letra “d”. Nos termos do art. 146, CC, o doloacidental é aquele em que o negócio seria realizado, embora por outro modo.Elesomente obriga à satisfação das perdas e danos. Portanto não gera a anulaçãodo negócio. A letra “a” está errada, pois nos termos do art. 140, CC, o falso

motivo só vicia a declaração de vontade quando expresso como razãodeterminante. A letra “b” está errada, pois o art. 141, CC prevê que atransmissão errônea da vontade por meios interpostos é anulável nos mesmoscasos em que o é a declaração direta. A letra “c” está errada, pois o art. 153, CCdetermina que não se considera coação a ameaça do exercício normal de umdireito, nem o simples temor reverencial. Portanto, nestes caso não se anula onegócio jurídico.

A.19) Alternativa correta: letra “e”. O dolo acidental é aquele que leva avítima a realizar o negócio, porém em condições mais onerosas. Ele não afeta adeclaração de vontade. O negócio teria sido praticado de qualquer forma,

embora de outra maneira. Por isso, não se anula o negócio; apenas obriga asatisfação de perdas e danos ou a uma redução da prestação pactuada, nostermos do art. 145, CC.

A.20) Alternativa correta: letra “d”. A questão trata do conceito de doloacidental, também chamado de dolus incidens ou secundário.

A.21) Alternativa correta: letra “c”. A questão trata do erro de cálculo queé uma inexatidão material, aritmética, também conhecido como error quantitate(e não qualitate como na alternativa “d”). É uma espécie de erro acidental, nãoincidindo sobre a declaração de vontade; não vicia o consentimento, não sendo

causa de anulação do negócio jurídico, mas de simples retificação do mesmo(art. 143, CC).

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A.22) Alternativa incorreta: letra “a”. Questão bem doutrinária. Deacordo com o art. 139, CC, o erro pode recair sobre uma coisa, uma pessoa ouum direito. Para que o erro de direito (error juris) seja substancial (e, portanto,escusável, passível de anulação), é necessário que o erro tenha sido o motivoúnico ou principal do negócio jurídico e que não implique recusa à aplicação dalei. De fato a redação da alternativa é meio confusa. Mas o texto da questão écontrário ao que dispõe o inciso III do citado artigo, por isso esta alternativaestá errada e é a deve ser assinalada. A letra “b” está perfeita, apesar tambémde alto grau de doutrina. Veja que às vezes as questões de direito exigem oconhecimento de doutrina. Por isso a leitura da nossa aula é importante, nãobastando somente a leitura da “lei seca, nua e crua”. Trata esta alternativa da justificativa da importância do Princípio da Obrigatoriedade das Leis. Quanto àalternativa “c” está perfeita. Trata-se da aplicação do Princípio da Continuidadedas Leis. Finalmente notem que a letra “d” trata da teoria da natureza jurídicada personalidade da Pessoa Jurídica. Está correta. Se restaram dúvidas, revejam

a matéria na aula sobre Pessoa Jurídica.A.23) Alternativa correta: letra “c”. O Estado de Perigo está previsto no

art. 156, CC. É causa de anulação do ato jurídico. Diferentemente da lesão (art.157, CC), exige que a outra parte contratante tenha conhecimento do gravedano que aflige o prejudicado, para que o negócio jurídico possa ser anulado.Observem que o conceito de lesão fornecido na letra “d” está muito incompleto,pois faltou dizer que a obrigação foi assumida em razão de prementenecessidade ou por inexperiência. Isso seria fundamental para a caracterizaçãodo conceito deste defeito, conforme o texto legal. Por tal motivo esta alternativanão está correta. A letra “a” está errada, pois o erro de cálculo apenas autorizaa retificação da declaração de vontade e não a sua anulação (art. 143, CC). Atorpeza bilateral (ou dolo recíproco) ocorre quando as duas partes agem comdolo. Neste caso não se autoriza a anulação para nenhuma das partes (art. 150,CC); o negócio é reputado válido para ambas. Há uma neutralização do defeito.Portanto a alternativa “b” também está errada.

A.24) Alternativa correta: letra “b”. Trata-se do estado de perigo, nostermos do art. 156, CC.

, comoA.25) Alternativa incorreta: letra “c”. O Negócio Jurídico nuloregra, não gera efeitos, podendo ser declarado como tal a qualquer momento,

não se convalescendo com o decurso de tempo, nos termos do art. 169, CC(lembre-se, que neste caso, a ação é imprescritível). Já o negócio jurídicoanulável pode ser confirmado pelas partes, ou convalidado pelo decurso dotempo (art. 172, CC), se ninguém o anulou no prazo previsto em lei(decadência). O erro, como vimos pode ser anulável (se essencial) ou válido (seacidental). O mesmo ocorre com o dolo. Já a coação pode acarretar a nulidadeabsoluta (coação física) ou relativa (coação moral). No entanto, a simulaçãotorna o negócio jurídico nulo, conforme prevê o art. 167, CC. Acrescente-se queo negócio jurídico simulado pode subsistir (ou seja, produzir efeitos) se elerespeitar a substância e a forma, como nos exemplos dados em aula (revejam o

tema). Portanto a letra “c” está errada e é a que deveria ter sido assinalada,pois no mínimo, a simulação não poderia estar naquela relação de atos

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anuláveis. A letra “a” está correta, pois no negócio jurídico predomina a vontadedas partes, ao contrário do ato jurídico em sentido estrito, cujos efeitos sãovinculados pela lei. A letra “b” está perfeita, fornecendo exemplos de negócio jurídico unilateral (testamento, renúncia, promessa de recompensa, etc.) ebilateral (contratos, perdão, etc.). A letra “d” está correta, trazendo um altograu de doutrina, no entanto dá para perceber a grande distinção entre o ato jurídico em sentido estrito (efeitos impostos pela lei) e o negócio jurídico(efeitos desejados por quem pratica o ato). Finalmente a letra “e” também estácorreta, pois o Negócio Jurídico Simulado gera, como regra, a sua nulidade.

A.26) Alternativa correta: letra “d”. Trata-se do conceito doutrinário desimulação, que é previsto no art 167, CC. A letra “a” está errada, pois a coaçãofísica torna o ato nulo (já a coação moral é anulável). As letras “b” e “e” também estão erradas, pois não é o dolo positivo ou negativo que torna onegócio anulável ou válido, mas sim se ele é essencial ou acidental. Assim, um

ato realizado com dolo positivo pode ser anulável (se for essencial) ou válido (sefor acidental). O mesmo ocorre com o dolo negativo. Já a fraude contra credorescausa anulabilidade do negócio, portanto errada a alternativa “c”.

A.27) Alternativa correta: letra “b”. Trata-se do dolo de terceiro, previstono art. 148, CC. Em algumas situações o dolo pode ser proveniente de umaterceira pessoa, estranha ao negócio. Em geral não afeta o negócio, uma vezque o terceiro não é parte do negócio. Somente enseja a anulação do negócio sea parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento. Noproblema B ouviu o “disparate” e não alertou o comprador. Por isso é anulável.No entanto se B não teve conhecimento da conduta dolosa por parte do terceiro,

não se anula o negócio, mas o prejudicado pode reclamar as perdas e danos docausador da situação.

A.28) Alternativa incorreta: letra “e”. Mais uma questão sobre lesão.Com vimos, ela é prevista no art. 157, CC. Trata-se de um vício deconsentimento (há uma desavença entre o que você desejava fazer e aquilo quevocê realmente acabou fazendo). São seus elementos: objetivo que é amanifesta desproporção entre as prestações de cada uma das partes e subjetivo– dolo de aproveitamento, ou seja, a pessoa se aproveita da prementenecessidade ou da inexperiência alheia, levando-a a realizar negócio prejudicial.A sanção no casa da lesão é a anulação do ato (arts. 171, II e 178, II, CC –

prazo decadencial de 04 anos). O que está errado na questão é a alternativa “e”, pois o Código Civil, em seu §2° do art. 157 permite que não se decrete aanulação do negócio se for oferecido suplemento suficiente, ou se a partefavorecida concordar com a redução do proveito (chamamos isso de lesãoespecial ou qualificada).

A.29) Alternativa correta: letra “d”. É o que se chama de dolo recíproco,configurando-se a torpeza bilateral. O art. 150, CC prescreve que se ambas aspartes procederem (agirem) com dolo, nenhuma poderá alegá-lo para anular onegócio ou reclamar indenização. Há uma neutralização de eventual defeito e omesmo se torna válido. A letra “a” está errada. Já vimos uma questão parecidacom esta. Observem que o examinador afirmou “forma prescrita e defesa emlei”. Mas o correto seria dizer forma prescrita (determinada, prevista) ou não 

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defesa (não vedada, não proibida) em lei (conforme o art. 104, III, CC). Naletra “b”, o erro e o dolo podem tornar o ato anulável, mas nunca nulo (art. 171,II, CC). A letra “c” também está errada, pois as pessoas absolutamenteincapazes devem ser representadas (e não assistidas). O erro acidental nãoanula o ato; ele é considerado válido, apesar do vício (art. 138, CC – só éanulável se for substancial). Portanto a alternativa “e” também está errada.

A.30) Alternativa correta: letra “a”. Somente a proposição II é falsa. Aafirmação I é verdadeira (texto expresso do art. 144, CC); a afirmação II estáerrada, pois o conceito nela fornecido é o do estado de perigo (art. 156, CC) enão o da lesão (art. 157, CC); a afirmação III está correta (trata-se de textoexpresso do art. 155, CC); por fim o item IV está correto (conforme o art. 157,§2o, CC).

A.31) Alternativa correta: letra “d”. Dolo negativo (ou omissivo) é amanobra astuciosa que constitui uma omissão intencional, induzindo o outro

contratante a realizar o negócio. Oculta-se uma circunstância relevante que aoutra parte deveria saber. E, sabedora, não teria efetivado o negócio.

A.32) Alternativa correta: letra “c”. Dolo negativo.

A.33) Alternativa incorreta: letra “b”. A fraude contra credores é umaprática maliciosa do devedor, desfalcando seu patrimônio, com a finalidade decolocá-lo a salvo de uma ação de cobrança, prejudicando assim, eventuaiscredores desta pessoa. Estes atos são anuláveis (art. 171, II, CC). Os elementosprincipais da fraude contra credores para a decretação a anulação do negóciosão: o eventus damni (ou seja, o ato prejudicial ao credor, por tornar o devedor

insolvente – elemento objetivo) e o consilium fraudis (ou seja, a má-fé, que é ointuito deliberado de prejudicar terceiros – elemento subjetivo). O prazodecadencial para se pleitear a anulação é de quatro anos, contados do dia emque se realizou o negócio (art. 178, II, CC). O art. 162, CC determina que se ocredor que receber do devedor insolvente o pagamento da dívida ainda nãovencida, ficará obrigado a repor aquilo que recebeu. No entanto a fraude àexecução é um instituto do Direito Processual Civil, sendo um incidenteprocessual. Ocorre quando ao tempo da venda irregular do bem já corria umaação contra o devedor capaz de reduzi-lo à insolvência. Não é necessário queseja um processo de execução como aponta a alternativa “b”. Pode ser qualquerespécie de ação movida contra o devedor (art. 593 do Código de Processo Civil).E é exatamente isso que está errado na alternativa.

A.34) Alternativa correta: letra “e”. Como vimos, colocar data diversa emdocumentos, com intenção de prejudicar outrem é exemplo clássico desimulação.

A.35) Alternativa correta: letra “a”. O erro é uma falsa noção da realidadepor uma das partes, macula de anulabilidade o negócio jurídico quando forsubstancial e escusável (art. 138, CC). O erro de direito é a ignorância, o falsoconhecimento ou a má interpretação de uma norma jurídica, vicia oconsentimento apenas se o erro foi o único motivo ou o motivo principal do

negócio jurídico (art, 139, III, CC). Não se trata de uma escusa ao cumprimentoda lei (art. 3º, LICC), mas sim, de um cumprimento defeituoso por um erro na

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manifestação volitiva única ou principal, visto que somente poderá incidir emnormas dispositivas (sujeita ao livre acordo das partes) e jamais em normacogente ou impositiva. A letra “b” está errada. A fraude contra credores feita atítulo oneroso é anulável desde que feita por devedor cuja insolvência sejanotória ou que exista motivos para conhecê-la, dispensando, neste caso, oconsilium fraudis (art. 159, CC). A letra “c” está errada. Se o ato de desfalquedo patrimônio for a título gratuito (art. 158, CC) é necessário que o devedorseja insolvente ou que se reduza a ela com os atos fraudulentos. Assim, épreciso não somente a comprovação da má-fé, como também os elementos doeventus damni (ato de desfalque) e a insolvência (anterior ou posterior ao ato).A letra “c” também está errada. A simulação absoluta é aquela em que o sujeitodeclara uma vontade criando a expectativa de um negócio jurídico, que emverdade, ele não tem intenção nenhuma de realizá-lo. Enquanto que nasimulação relativa um negócio jurídico se efetiva, porém, sob a aparência deoutro, fictício. Com o advento do Código Civil de 2002, ambas as hipóteses são

vícios que geram a nulidade do negócio jurídico (art. 167, CC).A.36) Alternativa correta: letra “e”. Na reserva mental, prevista no art.

110, CC, há emissão de uma declaração unilateral de vontade não desejada,nem em seu conteúdo nem em seu resultado. O agente quer algo e declara,conscientemente, coisa diferente, com o intuito de enganar a outra parte; podeser fraudulenta ou inocente. A letra “a” está errada, pois está confundido estadode perigo (art. 156, CC) com lesão (art. 157, CC). A letra “b” está errada, pois aafirmação inicialmente confunde os termos fraude contra a execução com fraudecontra credores, este sim previsto no art. 158, CC. E mais: na realidade ele nãoé um vício de consentimento (não atinge a vontade), mas sim um vício social. Aletra “c” também está errada. Inicialmente porque atualmente a simulação nãoé mais considerada como um vício social, mas sim como uma forma deinvalidação do negócio jurídico. Além disso, segundo o art. 167, CC, é nulo onegócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for nasubstância e na forma. Por último a letra “d” também está errada, pois nostermos do art. 169, CC o negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação,nem se convalesce pelo decurso de tempo, portanto, não pode ratificado nemconvalidado.

B) ELEMENTOS ACIDENTAIS

B.01) Alternativa correta: letra “e”. Condição Resolutiva é a quesubordina a ineficácia do negócio jurídico a um evento futuro e incerto; é acondição que, se realizada, extingue os efeitos do ato (lembrem-se que resolversignifica extinguir). O exemplo fornecido no problema é o clássico (art. 127,CC). A letra “a” está errada, pois a condição suspensiva (art. 125, CC) é a que aeficácia do ato fica suspensa até a realização do evento futuro e incerto (ex: eulhe darei um carro se você passar no concurso). A alternativa “b” está errada,pois modo ou encargo (arts. 136 e 137, CC) é uma cláusula acessória, emregra, aderente a atos de liberalidade (ex: doação ou herança), que impõe um

ônus ou uma obrigação à pessoa beneficiada (dou-lhe um grande terreno, desdeque você nele edifique também uma “capelinha”). A letra “c” está errada, pois a

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condição simplesmente potestativa depende da prática de algum ato docontraente e de um fator externo (ex: eu lhe darei uma jóia se você cantar bem). Não confundir com a condição puramente potestativa, quando decorre deum capricho ou arbítrio do proponente (ex: eu lhe darei um carro se eu levantar o braço), que são proibidas pelo nosso Direito (art. 122, CC). Por último, a letra “d” também está errada, pois condição promíscua é aquela em que no momentoinicial é potestativa, mas perde tal característica por fato superveniente, alheio àvontade do agente. O exemplo clássico disso é o seguinte: eu lhe darei dezmilhões de reais de você, campeão mundial de futebol jogar no próximo torneio;no entanto antes da competição o jogador se lesiona, não podendo jogar ocampeonato.

B.02) Alternativa correta: letra “d”. Condição resolutiva. Evento futuro eincerto=condição (eliminam-se as alternativas “a”, “c” e “e”). Como a ocorrênciado evento extingue (resolve) os efeitos do negócio jurídicos, elimina-se também

a alternativa “b”. Revejam também a resposta da questão anterior.B.03) Alternativa correta: letra “a”. O encargo ou modo é uma cláusula

acessória que se refere a atos de liberalidade (ex: doação ou testamento),impondo uma obrigação à pessoa beneficiada. No caso a obrigação damunicipalidade (a beneficiada) em construir um posto de saúde. Observem quepara a identificação do encargo encontramos as expressões “para que”, “afim deque”, traduzindo uma liberalidade mediante um ônus.

B.04) Alternativa correta: letra “e”. Vejam que estas últimas questõespoderiam ser respondidas apenas com uma simples leitura do quadrocomparativo entre Condição, Termo e Encargo, fornecido em aula. O encargo

não suspende a aquisição, nem o exercício do direito do donatário, salvo se forimposto expressamente como condição suspensiva. Na condição, enquanto nãocumprida, não se adquire o direito (ex: eu lhe darei um carro se você entrar emuma faculdade pública; enquanto você não ingressar na faculdade não adquire odireito ao carro). Já no termo a pessoa adquire o direito, mas se retarda oexercício deste direito (ex: eu lhe darei um carro quando você fizer 20 anos; umdia você vai completar esta idade; já adquiriu o direito; mas o exercício destedireito é adiado).

B.05) Alternativa correta: letra “c”. Em algumas hipóteses, ligadasdiretamente a normas de direito público, nosso direito não aceita que secoloquem condições. Estes atos geralmente estão presentes no Direito deFamília e das Sucessões e são chamados de atos puros. Exemplos: condição denão se casar, condição para se reconhecer filhos, de emancipação, de exílio oumorada perpétua em determinado lugar, mudança de religião (atenta contra aliberdade de consciência assegurada pela Constituição), proibição de exercerdeterminada profissão. Entre estes atos estão também a aceitação ou arenúncia da herança. Estes atos devem ser puros e simples, sem condições(confiram o art. 1.808, CC).

B.06) Alternativa correta: letra “e”. Termo é o dia em que começa e/ou

se extingue a eficácia do negócio jurídico, subordinando-se a um evento futuro ecerto (embora a data deste evento possa ser determinada ou indeterminada). O

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Termo inicial (ou suspensivo) é aquele que fixa o momento em que a eficácia donegócio jurídico tem início. Ele retarda o exercício do direito, mas não aaquisição do direito. A pessoa já possui o direito (direito adquirido), mas oexercício desse direito fica suspenso até o termo fixado. Ex: um contrato delocação terá início no dia 1° de janeiro do ano vindouro. Até lá, a pessoa jáadquiriu o direito à locação, mas este direito está suspenso até o dia pactuado.Já se fosse uma condição suspensiva a pessoa teria uma expectativa de direito.

B.07) Alternativa correta: letra “b”. Questão muito difícil, pois trata detemas que caem pouco em concursos, de texto literal do Código e sem nenhumaaplicabilidade prática. É o tipo da questão para derrubar um candidato. Mas estaquestão serve para mostrar que quando um examinador quer, ele pode fazeruma prova “para arrebentar”. Vamos a ela. A letra “b” está correta, pois quandoum Negócio Jurídico estipular um encargo ilícito ou impossível, considera-se elecomo não escrito, portanto o ato de liberalidade (uma doação ou herança)

valeu. No entanto há uma ressalva: se este encargo se constituir o motivodeterminante da liberalidade; neste caso se invalida o próprio Negócio Jurídico.É o que prevê o art. 137, CC. A letra “a” está errada, pois invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados as condições física ou juridicamenteimpossíveis, quando suspensivas (e não resolutivas como está na questão – art.123, inciso I, CC). Vejam como o examinador foi sutil... Já a letra “c” estáerrada, pois como vimos, o termo inicial suspende o exercício, mas não aaquisição do Direito (art. 131, CC). A letra “d” também está errada. O art. 124,CC prevê que “têm-se por inexistentes (e não invalidam, como diz a questão) ascondições impossíveis, quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível”.

B.08) Alternativa correta: letra “d”. Trata-se da aplicação do art. 138, CC.A letra “a” está errada. O termo é a cláusula que subordina a eficácia (termoinicial ou suspensivo) ou a ineficácia (termo final ou resolutiva) do negócio jurídico a evento futuro e certo. O termo inicial suspende o exercício do direito,mas não a sua aquisição (art. 131, CC). A letra “b” está errada. Condição é acláusula que subordina a eficácia (condição suspensiva) ou a ineficácia (condiçãoresolutiva) do negócio jurídico a evento futuro e incerto. Quando implementadauma condição suspensiva, adquire-se o direito a que ela visa (e não, comoconstou na questão, interrompe o exercício do direito que já existia). A letra “c” também está errada. Encargo ou modo é a cláusula que impõe ao adquirente

um ônus em decorrência da coisa adquirida. O encargo não suspende aaquisição, nem o exercício do direito subjetivo (art. 136, CC).

B.09) Alternativa correta: letra “a” (art. 131, CC).

B.10) Alternativa correta: letra “e”. A condição simplesmente (oumeramente) potestativa é a que depende da prática de algum ato do contraente(no caso doar um apartamento) e de um fator externo (se você tiver um bomdesempenho no torneio de golfe). Portanto, um dos contratantes tem podersobre a ocorrência do evento, mas não um poder absoluto, pois depende, deoutros fatores. Por este motivo a cláusula é válida (ao contrário da puramentepotestativa em que decorre da vontade exclusiva, do puro arbítrio de uma daspartes). Outros exemplos da doutrina: eu lhe darei uma jóia se você cantar bem; ou se você passar no concurso; etc.

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B.11) Alternativa correta: letra “c”. É o que prevê expressamente o art.136, CC.

C) TEORIA DAS NULIDADES

C.01) Alternativa correta: letra “d”. As hipóteses de anulabilidade donegócio jurídico estão arroladas no art. 171, CC. Observando bem a questão,veremos que nas demais alternativas o que está errado é a palavra simulação,pois ela torna o negócio nulo (art. 167, CC) e não anulável.

C.02) Alternativa correta: letra “a”. Uma das diferenças entre o atoanulável e o nulo é que neste último as partes, mesmo de comum acordo, nãopodem convalidar ou ratificar o negócio, pois houve uma grave ofensa a umprincípio de ordem pública (ex: compra e venda realizada por menor de 16anos). Nem mesmo o Juiz poderá convalidar o negócio considerado nulo (art.168, parágrafo único, CC). A letra “b” está errada, pois quando a lei dispuserque determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se aanulação, este prazo será de 02 (dois) anos, a contar da data da conclusão doato (art. 179, CC). A letra “c” também está errada, pois o Negócio Jurídicosimulado é nulo (e não anulável), conforme o art. 167, CC. A letra “d” tambémestá incorreta, pois quanto aos defeitos do Negócio Jurídico, tudo podeacontecer, dependendo da hipótese (ex: erro acidental = negócio válido; doloessencial = negócio anulável; simulação ou coação física = negócio nulo), assimnão se pode dizer que é sempre hipótese de nulidade. A letra “e” está errada,pois o testamento de uma pessoa, enquanto ela estiver viva, pode até serválido, no entanto só produzirá efeitos (será eficaz) após a morte do de cujos.

C.03) Alternativa correta: letra “d”. Todas as alternativas estãoincorretas. A afirmação I está errada, pois confunde ineficácia (que é o gênero)com a nulidade (que é a espécie). A ineficácia abrange a inexistência e anulidade do ato, sendo que esta pode ser absoluta (ato nulo) ou relativa (atoanulável). Assim, um ato pode ser considerado ineficaz pela inexistência e destaforma não poderá ser considerado nulo. A afirmação II está errada, pois asimulação gera a nulidade absoluta do ato. A afirmação III está errada, pois oprazo é decadencial (e não prescricional). A afirmação IV também está errada,pois a prescrição pode ser arguida em qualquer grau de jurisdição, pela parte aquem aproveita, admitindo-se que ela seja reconhecida até mesmo em grau deApelação. No entanto a jurisprudência e a doutrina entendem que não é cabívela alegação de prescrição na fase de liquidação em processo de execução e nempode ser alegada perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o SupremoTribunal Federal (STF), pois estes Tribunais são consideradas como InstânciasEspeciais e Extraordinárias. Falamos sobre este assunto na aula passada. Mas ésempre interessante recordar.

C.04) Alternativa incorreta: letra “c”. É de 04 (quatro) anos o prazo paraa alegação de anulação (e não de nulidade absoluta, como na questão) de umNegócio Jurídico. Lembrem-se de que este prazo é decadencial (art. 178, CC) e

não prescricional. A alternativa menciona “negócio nulo”. Porém este não ésuscetível de confirmação e nem se convalesce pelo decurso de tempo. A letra

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 “a” está correta, pois o Código Civil admite a conversão do negócio jurídico nuloem outro de natureza diferente (art. 170, CC), para que tenha validade eeficácia; trata da aplicação da teoria da conservação do negócio jurídico. Énecessário que os contratantes queiram o outro contrato, se souberem danulidade daquele que celebraram. A vontade das partes, no caso concreto,estaria preservada e o negócio seria então requalificado. A letra “b” tambémestá correta; é o que prevê o art. 184, CC. Há outras questões que tratam destetema mais adiante. Por exemplo: eu fiz um contrato de locação, que continhauma cláusula prevendo a fiança. Posteriormente (por algum motivo qualquer –incapacidade do fiador) declara-se a nulidade da fiança; isto não trará comoconsequência a nulidade de todo o contrato de locação. A fiança é uma partedestacável do contrato de locação; assim, a invalidade dela não atingirá ocontrato principal. Trata-se, mais uma vez, da aplicação da teoria daconservação. A letra “d” também está correta. Um negócio jurídico anulávelpode ser convalidado de forma expressa (ex: pai que fornece a assistência

depois do negócio concretizado; é a ratificação expressa) ou de forma tácita(ex: não se alega a anulabilidade no prazo de quatro anos; assim nãoprocedendo, operou-se a decadência, isto é não se poderá, nunca mais, alegareste vício; portanto o ato se convalidou pela inércia do interessado – é aratificação tácita, pois o ato se convalidou pelo decurso de tempo). Também aletra “e” está correta; se a nulidade relativa de um negócio se der pela falta deautorização de terceiro (ex: outorga do outro cônjuge para a venda de umimóvel; assistência dos pais para a vende de um imóvel do relativamenteincapaz, etc.), passará a ter validade se, posteriormente, tal anuência se der.

C.05) Alternativa correta: letra “e”. Estão corretas as afirmações I e IV. Aafirmação I está correta, pois se trata do previsto no art. 167, CC. A afirmativaII está errada, pois o negócio que tiver por objetivo fraudar a lei é nulo (art.166, VI, CC). A afirmação III está errada, pois o erro de direito somente vicia onegócio jurídico excepcionalmente e mesmo assim, é anulável (art. 139, III,CC). A afirmação IV está correta, pois o negócio celebrado em estado de perigoé anulável (art. 156 combinado com o 171, II, CC). Finalmente a afirmação Vestá errada, pois a lesão também é caso de anulação (art. 157 c.c. 171, II, CC).

C.06) Alternativa correta: letra “b”. O art. 178, CC determina que o prazopara se pleitear a anulação do negócio jurídico é decadencial.

C.07) Alternativa correta: letra “a”. É o que dispõe expressamente o art.179, CC. A letra “b” está errada, pois o ato nulo não pode ser convalidado,confirmado ou ratificado (art. 169, CC); no entanto o ato anulável pode (art.172, CC). A alternativa “c” está errada, pois simulação é hipótese de nulidade enão anulação do ato (art. 167, CC). A letra “d” está errada, pois na simulação, onegócio jurídico dissimulado subsistirá quando o mesmo for válido quanto àsubstância e a forma (art. 167, CC). Sobre este tema, revejam o exemplo dadoem aula. Finalmente a letra “e” também está errada, pois o art. 176, CC permitea convalidação de ato anulável, com a apresentação posterior da autorização.

C.08) Alternativa correta: letra “a”. O art. 166, CC arrola diversashipóteses de nulidade do negócio jurídico. Uma delas é o apontado pelaalternativa, embora com uma redação um pouco diferente. Confiram o inciso

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VII: “a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominarsanção”. A letra “b” é caso de dolo recíproco; quando isso ocorre nenhuma daspartes pode alegar o vício para anular negócio (art. 150, CC). A letra “c” éhipótese de lesão (art. 157, CC) e a “d” de estado de perigo (art. 156, CC),sendo ambos casos de anulação do negócio (e não de nulidade), conforme o art.171, II, CC. Finalmente a letra “e” trata do negócio celebrado por relativamenteincapaz (art. 4°, III, CC), sendo também hipótese de anulação do negócio (art.171, I, CC).

C.09) Alternativa correta: letra “a”. O art. 180, CC prevê que o menor,entre 16 e 18 anos, não pode, para se eximir de uma obrigação, invocar a suaidade se dolosamente a ocultou quando inquirida pela outra parte, ou se, no atode obrigar-se, declarou-se maior. Portanto, neste caso, o menor não se eximeda obrigação assumida. Lembrando que eximir significa desobrigar, dispensar. Aalternativa “b” está errada, pois tanto o estado de perigo como a lesão são

defeitos do negócio jurídico, que podem levar a anulação do mesmo e, por isso,não podem ser equiparados ao estado de necessidade que é uma hipótese deexclusão do ato ilícito (conforme art. 188, II, CC). Além do mais, na base doestado de perigo há o risco pessoal (sua vida, sua família, etc.) e na lesão há orisco patrimonial (e não o contrário como na questão). A letra “c” está errada,pois o art. 136, CC prevê que somente o erro substancial ou essencial (e não oacidental, que incide sobre aspectos secundários) induz a anulação do negócio.A letra “d” está errada, pois o art. 215, caput , CC diz exatamente o contrário, ouseja, a escritura pública, sendo documento dotado de fé pública, faz prova plenasobre um determinado fato. Finalmente a letra “e” também está errada, pois oCódigo Civil admite a conversão do negócio jurídico nulo em outro de naturezadiferente (art. 170, CC), desde que o nulo contenha os requisitos do outro.Lembrando que a expressão novel significa novo. 

C.10) Alternativa correta: letra “a”. Somente a afirmativa I está correta.O art. 166, CC arrola as hipóteses de nulidade absoluta do negócio jurídico (atonulo). E o inciso V determina que quando for preterida alguma solenidadeessencial o ato será considerado nulo, portanto esta afirmativa está correta. Asafirmativas II e III estão erradas, pois embora a simulação também sejahipótese de nulidade absoluta do negócio (art. 167, CC), o erro, o dolo, acoação e a fraude contra credores (além do estado de perigo e da lesão) são

hipóteses de anulação (art. 171, II, CC). O ato praticado por relativamenteincapaz também é hipótese de anulação (art. 171, I, CC) e por isso a afirmaçãoIV também está errada.

C.11) Alternativa correta: letra “e”. Notem inicialmente, que esta questãomistura assuntos que já foram tratados em aulas anteriores, mas também detemas que falaremos em aula posterior. A letra “e” trata da fraude contracredores, sendo texto literal do art. 158, CC. A fraude contra credores é umaprática maliciosa do devedor, desfalcando seu patrimônio, com a finalidade decolocá-lo a salvo de uma ação de cobrança, prejudicando assim, eventuaiscredores desta pessoa. Estes atos são anuláveis. A alternativa “a” está errada,

pois o art. 191, CC prevê que a renúncia da prescrição poderá ser expressa outácita. A alternativa “b” está errada, pois o art. 178, CC determina que é de

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quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado: a) no caso de coação, do dia em que ela cessar; b) no deerro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que serealizou o negócio jurídico; c) no de atos de incapazes, do dia em que cessar aincapacidade. Já o art. 179, CC determina que quando a lei dispuser quedeterminado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação,será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato. A letra “c” estáerrada, pois, conforme veremos na próxima aula, o art. 187, CC prevê quetambém comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excedemanifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. A alternativa “d” está errada, pois o art. 168,parágrafo único, CC permite ao Juiz conhecer de ofício as nulidade absolutas,mas ele não pode supri-las, ainda que a requerimento das partes. Ou seja, umanulidade absoluta não pode ser convalidada nem mesmo pelo Juiz e nem seconvalesce pelo decurso de tempo.

C.12) Alternativa correta: letra “c”. O ato jurídico é o fato jurídico quedecorre de uma ação humana. Subdivide-se em ato jurídico em sentido estrito(delineado pela lei quanto à forma e cujos efeitos decorrem também da lei, commínima margem de deliberação das partes) e negócio jurídico (onde há maiorliberdade de deliberação na fixação dos termos e das decorrências jurídicas).Observem que o examinador utilizou a expressão “incapazes”, não se referindose é o absolutamente ou o relativamente incapaz. Há inúmeras hipóteses emque um incapaz (relativamente) pratica um ato sem assistência e este ato geraefeitos. O ato somente perderá sua eficácia se a outra parte requerer aanulação. Se não o fizer o ato continua operante. E após quatro anos contadosdo momento em que cessa a incapacidade ocorre a decadência (art. 178, III,CC). Neste caso, mesmo que o ato fosse anulável a princípio, não poderá maisser anulado, pois a parte perdeu o prazo para requerer a anulação do mesmo. Aalternativa “a” está errada, pois, sendo a pessoa absolutamente incapaz onegócio por ela realizado é nulo de pleno direito (art. 166, I, CC). E os negóciosnulos não podem ser convalidados, seja pela ratificação, seja pelo decurso detempo (art. 169, CC). A letra ”b” está errada, pois o art. 166, incisos IV e V, CCassim determinam. No entanto, mesmo não sendo o caso da questão, éconveniente lembrar que o art. 170, CC prevê que se o negócio jurídico nulocontiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as

partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.Trata-se da Teoria da Conservação. A letra “d” está errada, pois no NegócioJurídico o essencial é a vontade das partes (e não da lei como no ato jurídico emsentido estrito). Finalmente a letra “e” está errada, pois pelo art. 179, CC oprazo genérico para pleitear-se a anulação de um negócio, na omissão da lei éde dois anos (e não de quatro como na alternativa).

C.13) Alternativa correta: letra “b”. Como vimos nas questões anteriores,o art. 179, CC dispõe que: “Quando a lei dispuser que determinado ato éanulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de doisanos, a contar da data da conclusão do ato”.

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C.14) Alternativa correta: letra “d”. Nos termos do art. 169, CC, onegócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação e nem se convalesce pelodecurso de tempo. No entanto o Código Civil admite a conversão do negócio jurídico nulo em outro de natureza diferente (conforme o seu art. 170), paraque tenha validade e eficácia. Trata da aplicação da teoria da conservação (poisvisa a manutenção da vontade). No entanto é necessário que o negócio nulocontenha os requisitos de outro contrato. Neste caso subsistirá este, quando ofim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessemprevisto a nulidade. Exemplo: partes celebram contrato de compra e venda deum imóvel por meio de instrumento particular; o negócio seria nulo (nulidadeabsoluta – vício de forma), pois uma compra e venda de um imóvel exige queseja feito por instrumento público (escritura – imóveis com valor superior a 30salários mínimos). No entanto este contrato inicial pode ser salvo, aplicando-sea teoria da conservação: basta considerá-lo como sendo uma promessa decompra e venda (e não um contrato de compra e venda, propriamente dito).

Notem que as demais alternativas estão erradas. A letra “a” prevê a conversãoapenas em caso de negócio anulável e o art. 170, CC fala em negócio nulo. Aletra “b” está errada, pois como vimos a conversão tem previsão expressa noCódigo Civil. A letra “c” também está errada, pois afirma ser aplicável à fraudecontra credores, o que não é o caso.

C.15) Alternativa correta: letra “e”. O art. 119, CC prevê que é anulável onegócio concluído pelo representante em conflito de interesses com orepresentado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aqueletratou. Lembrando que o prazo decadencial para a anulação do ato é de 180dias a contar da conclusão do negócio ou da cessação da incapacidade. Aalternativa “a” está errada, pois enquanto o dolo essencial é causa de anulaçãodo negócio, o dolo acidental não afeta a declaração de vontade, não acarretandoa sua anulação (gera apenas a obrigação de satisfação de eventuais perdas edanos). A alternativa “b” está errada, pois o pagamento antecipado de dívida,por si só não é fraude. Mas se o devedor insolvente paga dívida ainda nãovencida em detrimento de outras que já se venceram, frustrando a igualdadeentre os credores, há fraude contra credores. A letra “c” está errada, pois asimulação é causa de nulidade do negócio jurídico (art. 167, CC). A letra “d” está errada, pois nos termos do art. 169, CC o negócio jurídico nulo não ésuscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso de tempo.

C.16) Alternativa correta: letra “b”. Notem que a questão deseja que seaponte a alternativa em que não há uma nulidade absoluta. E a única hipóteseé a do negócio celebrado por pródigo. Esta pessoa é relativamente incapaz. Porisso deve ser assistida. Se assim não for o negócio será anulável (e não nulo),nos termos do art. 171, I do CC. As demais hipóteses estão previstas no art.166, CC, que aponta os casos de nulidade absoluta do negócio jurídico.

C.17) Alternativa correta: letra “c”. É a única alternativa que trata de umahipótese de nulidade do negócio jurídico (art. 166, VI, CC). As demais sãohipóteses de anulabilidade do negócio, previstas nos art. 171, I e II, CC).

C.18) Alternativa correta: letra “e”. Na questão são causas de nulidadeabsoluta: objeto impossível ou objeto indeterminável (art. 166, II, CC),

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simulação (art. 167, CC) e objetivo de fraudar lei imperativa (art. 166, VI). Asdemais (erro, dolo, coação, estado de perigo e lesão) são hipóteses deanulabilidade (nulidade relativa), nos termos do art. 171, II, CC.

C.19) Alternativa correta: letra “d”. É o que determina os arts. 168 e 169,

CC. A letra “a” está errada, pois a forma especial de um negócio jurídico é umelemento especial (e não geral) do contrato; além disso, sua inobservância geraa nulidade (nulidade absoluta) do ato (art. 166, V, CC) e não anulabilidade(nulidade relativa). A letra “b” está errada, pois o ato praticado pelorelativamente incapaz sem assistência é anulável (art. 171, I, CC). A letra “c” está errada. A expressão latina ipso iure significa “em decorrência do direito”.Em uma tradução mais liberal, seria aquilo que se opera por si só. Ela é utilizadapara representar uma situação em que não é necessária uma decisão judicialpara a constatação de um fato. No caso a afirmação está errada, pois paraanular um negócio jurídico é necessário um pronunciamento do Juiz. Observem

o que diz o parágrafo único do art. 168, CC “as nulidades devem serpronunciadas pelo Juiz...” Finalmente a letra “e” está errada, pois veremos napróxima aula que os elementos indispensáveis para a configuração de um atoilícito são: conduta, dano e nexo causal.

C.20) Alternativa correta: letra “d”. O negócio tem existência fática, poisfoi elaborado um contrato de compra e venda, sendo entregue a quantiacombinada e recebido a quitação (recibo). No entanto a transmissão dapropriedade imóvel só ocorre por meio do registro da escritura pública. Noproblema não foi feita a escritura e muito menos o registro desta. O art. 104,CC, exige, para que o negócio jurídico tenha validade, entre outros requisitos, a

forma prescrita (ou não defesa em lei). Lembrando que o valor estipulado émaior que 30 salários mínimos. Portanto exige-se a escritura pública, nostermos do art. 108, CC. Além disso, o art. 1.245, CC estabelece que “Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registrode Imóveis. §1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienantecontinua a ser havido como dono do imóvel”. Por último, o art. 166, IV, CC.Determina que é nulo o negócio que “não revestir a forma prescrita em lei”.Concluindo: o negócio existe de fato. Porém é considerado nulo, pois não foirespeitada a forma prevista em lei.

C.21) Alternativa incorreta: letra “a”. O que está errado nesta alternativa

é a sua parte final “ainda que se trate de caso de indivisibilidade”. Na realidade,o art. 177, CC prevê o contrário, ou seja, salvo o caso de solidariedade ouindivisibilidade. Ou seja, como regra a alegação de anulação só aproveita aquem alegou este fato. Mas se a obrigação é solidária ou indivisível, estaalegação também beneficia os demais que não a alegaram. As demaisalternativas estão corretas: letra “b” (art. 168 e 169, CC); letra “c” (art. 172,CC); letra “d” (art. 171, CC) e letra “e” (art. 175, CC).

C.22) Alternativa incorreta: letra “b”. De fato, se as partes ratificarem oato, este será confirmado e se convalida (art. 172, CC). O atual Código não éexpresso, porém a doutrina entende que havendo a convalidação, esta retroagedesde a prática do ato (efeito ex tunc ). A letra “a” está correta nos termos doart. 183, CC. A letra “c” está correta, pois o art. 171, CC, entre outras causas

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previstas no Código, prevê como passível de anulação (nulidade relativa): aincapacidade relativa do agente (art. 4o, CC), os vícios de consentimento (erro,dolo, coação moral, lesão e estado de perigo) e os vícios sociais (fraude contracredores). A letra “d” está correta nos termos do art. 184, primeira parte, CC.Finalmente a letra “e” também está correta, nos termos do art. 181, CC.

C.23) Alternativa correta: letra “e”. Quatro afirmativas estão corretas (ouseja, todas elas). O item I está correto, nos termos do art. 105, CC. O item IIestá correto nos termos do art. 131, CC. O item III está correto nos termos doart. 167, CC. O item IV também está correto, nos termos do art. 171, I, CC.

C.24) Alternativa correta: letra “c”. Trata-se da aplicação do art. 168 eseu parágrafo único do CC. Lembrando que efeitos ex tunc  são os queretroagem desde a prática do ato. A letra “a”, que trata do encargo, está erradapor dois motivos. Primeiro porque o benefício vem acompanhado de um ônus àoutra parte e não uma contraprestação. Caso contrário não seria uma

liberalidade. Mas o principal é que segundo o art. 136, CC, o encargo nãosuspende a aquisição e nem o exercício do direito. A letra “b” está errada, poistambém possui três erros. Ela trata da reserva mental, prevista no art. 110, CC.Segundo este dispositivo a vontade manifestada de uma das partes subsiste,ainda que seu autor tenha feito a reserva de não querer aquilo que manifestou.Outra coisa: nem sempre na reserva mental há a intenção de prejudicar a outraparte. Finalmente: não se trata de um vício de consentimento, muito menos deerro, como mencionado na questão, pois o autor do ato sabia muito bem o queestava fazendo (ao contrário do erro, em que o autor do ato tem uma falsanoção sobre algo ou alguém). A letra “d” também está errada, pois o dolo de

terceiro (art. 148, CC) possui previsão e tratamento diferenciado do dolo dorepresentante (art. 149, CC). Finalmente a letra “e” também está errada, poisnos termos do art. 111, CC o silêncio importa anuência quando as circunstânciasou os usos o autorizarem e não for necessária a expressa declaração devontade; no caso da questão o silencia não pode funcionar como manifestaçãopositiva de vontade, até porque se trata de um contrato de adesão.

C.25) Alternativa correta: letra “d”. É o que determina os arts. 168,parágrafo único e 169 do Código Civil. A letra “a” está errada, pois o art. 119,CC determina que é anulável o negócio jurídico concluído pelo representante emconflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do

conhecimento de quem com aquele tratou. Assim, se não houve má-fé por partedo terceiro, se este não sabia do conflito, o negócio é considerado válido. A letra “b” está errada, pois o art. 113, CC prevê que os negócios jurídicos devem serinterpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração. A letra “c” está errada, pois o art. 107, CC diz exatamente o contrário: a validade dadeclaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a leiexpressamente a exigir.

C.26) Alternativa correta: “c”. A questão trata das nulidades absolutas.Estabelece o art. 168, CC, que elas podem ser alegadas por qualquerinteressado ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir. A letra “a” está errada, pois nos termos do parágrafo único do art. 168, CC estas nulidadesdevem ser pronunciadas pelo Juiz quando ele as encontrar provadas, portanto

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ele pode pronunciá-las de ofício. A letra “b” está errada, pois a nulidadeabsoluta possui efeito erga omnes (extensível a todos). A letra “d” está errada,pois a nulidade absoluta não pode ser suprida pelo Juiz, não é suscetível deconfirmação e nem se convalesce pelo decurso de tempo, nos termos do art.169, CC. A letra “e” está errada, pois se a pessoa for relativamente incapaz,sem ser assistida, é hipótese de anulação (e não nulidade absoluta).

D) FORMA E PROVA DO NEGÓCIO JURÍDICO 

D.01) Alternativa correta: letra “a”. Apesar da questão estar se referindoao reconhecimento de filhos (tema de Direito de Família) na realidade ela tratasobre a forma dos Atos Jurídicos. O art. 107, CC prevê que a validade dadeclaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a leiexpressamente a exigir. Ou seja, em regra a forma é livre. No entanto, parase realizar um reconhecimento, como a própria questão já indica, não se pode

fazê-lo livremente. A lei prevê expressamente forma especial. Outra coisa.Muitos atos só podem ser realizados de uma única forma (ex: a compra e vendade um imóvel somente pode ser feita por escritura pública). No entanto oreconhecimento de filho, como a própria questão também menciona, pode serrealizado de diversas maneiras. Portanto ele é plural. Daí a resposta correta:especial (e não geral), pois a lei impõe a forma como deve ser feita e plural,pois a lei admite várias formas para se realizar o ato.

D.02) Alternativa correta: letra “b”. Plural.

D.03) Alternativa correta: letra “d”. Sobre a confissão podemos dizer que:a) nos termos do art 212, inciso I do CC um negócio jurídico pode ser provadopor meio da confissão (salvo se a ele se impõe uma formalidade especial); b) oart. 213, CC prevê que não tem eficácia a confissão se provém de quem não écapaz de dispor do direito a que se referem os fatos confessados; c) o art. 214,CC dispõe que a confissão é irrevogável, mas poderá ser anulada se eladecorreu de erro de fato ou de coação. As demais alternativas estão corretas.

D.04) Alternativa correta: letra “e”. A questão pode ser considerada bemdifícil. Trata-se de texto literal do Código Civil. E o que está errado naalternativa é apenas um detalhe, uma palavra. A letra “e” está correta, pois temprevisão expressa no art. 105, CC. A letra “a” está errada, pois o art. 124, CC

determina que são inexistentes as condições impossíveis, quando resolutivas (enão suspensivas como na questão) e as de não fazer coisa impossível. Estaalternativa, apesar da previsão expressa na lei tem pouca aplicabilidade prática.Por isso, quando este artigo do Código cai em um exame, percebemos que aintenção do examinador não é avaliar o conhecimento de um candidato, mas “derrubá-lo”. A letra “b” está errada, pois o valor correto seria superior a 30vezes o maior salário mínimo vigente (e não 10 como na questão). Trata-se deuma inovação no Direito, tem bastante aplicabilidade e vem caindo bem nosconcursos em geral. A letra “c” está errada, pois o sentido é exatamente ocontrário. O silêncio poderá ter valor jurídico, importando em anuência (art.

111, CC), se a lei assim o determinar, como na doação pura, onde o silêncio dobeneficiário é considerado como aceitação, tornando o contrato perfeito.

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Alternativa importante, com aplicação prática e que costuma cair. A letra “d” também está errada, pois nesta situação o negócio jurídico será anulável (e nãonulo), conforme o art. 119, CC.

D.05) Alternativa incorreta: letra “a”. O art. 111, CC prevê que o silêncio

importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não fornecessária a declaração de vontade expressa. A letra “b” está prevista no art.109, CC. A letra “c” está prevista no art. 106, CC. A letra “d” está prevista noart. 107, CC. A alternativa “e” está prevista no art. 104, CC.

D.06) Alternativa correta: letra “e”. Questão capciosa, pois todas asalternativas contêm um item que as tornam incorretas. O item I está errado,pois a confissão, realmente, é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu deerro de fato ou coação (art. 214, CC). O item II está errado, pois o art. 221,parágrafo único, CC prevê que a prova do instrumento particular pode suprir-sepelas outras de caráter legal. O item III está errado, pois não podem ser

admitidos como testemunhas os menores de 16 anos (e não 18 anos como naquestão – art. 228, CC). O item IV também está errado, pois o valor máximo éde 10 salários mínimos (e não 20 como na questão – art. 227, CC).

D.07) Alternativa correta: letra “c”. O art. 122, CC determina que sãolícitas todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bonscostumes. Entre as condições defesas (proibidas) se incluem as que privarem detodo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma daspartes. A letra “a” está errada, pois o art. 107, CC determina que a validade dadeclaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a leiexpressamente a exigir. A letra “b” está errada, pois o art. 130, CC determina

que ao titular de direito eventual, nos casos de condição suspensiva ouresolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo. A letra “d” também está errada, pois o artigo 109 determina que no negócio jurídicocelebrado com a cláusula de não valer sem o instrumento público, este é dasubstância do ato; ou seja, o ato não poderá se celebrado, mesmo que oscontratantes sejam todos capazes.

D.08) Alternativa incorreta: letra “d”. Os bens públicos de uso comum dopovo, em regra são gratuitos. Porém não perdem a característica de “usocomum” se o Estado regulamentar seu uso, ou torná-lo oneroso, como porexemplo, a cobrança de pedágio nas rodovias. Esta questão mistura diversostemas que já vimos. Mas ela é interessante, pois estaremos relembrando temasimportantes. Vejamos. A letra “a” se refere a aula de hoje e está correta, pois éo texto literal do art. 113, CC. A letra “b” está correta, pois trata de algumasdas hipóteses de emancipação, previstas no parágrafo único do art. 5o, CC. Aletra “c” está correta, pois trata da comoriência, prevista no art. 8o, CC. Efinalmente a letra “e” também está correta, nos termos do art. 52, CC.

D.09) Alternativa incorreta: letra “b”. Na realidade, regra é de que osprazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início. Portanto aquestão estaria correta. No entanto o art. 132, §3°, CC faz uma ressalva: se

faltar exata correspondência, recairá no dia imediato. Exemplo: fiz um contratode ano no dia 29 de fevereiro (ano bissexto). No ano seguinte não haverá o dia

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29 de fevereiro. Logo o vencimento recairá no dia 1° de março. Outro exemplo:fiz um contrato de mês no dia 31 de maio. Não existe o dia 31 de junho.Portanto recairá no dia 1° de julho. Conclusão: a palavra “sempre” tornou aalternativa errada. A letra “a”, que trata da interpretação dos negócios jurídicos,está correta nos termos dos arts. 113 e 114, CC. A letra “c” está correta nostermos do art. 137, CC. A letra “d” está correta (art. 132, §4°, CC), bem como aletra “e” (art. 157, CC).

D.10) Alternativa correta: letra “a”. Presunção simples ou hominis.Recordando, são espécies de presunção: a) absoluta ou  juris et de jure – nãoadmite prova em contrário; b) relativa ou  juris tantum – admite prova emcontrário; e c) simples, comum ou hominis – baseia-se na experiência de vida efica a critério do Juiz (exemplo clássico: o amor familiar presume que a mãe nãoqueira prejudicar seu filho).

GABARITO DOS TESTES DA CESGRANRIO

01) Alternativa correta: letra “b”. O art. 167, CC prevê que a simulação éhipótese de nulidade absoluta (negócio nulo). As demais alternativas sãohipóteses de, no máximo, nulidade relativa (anulabilidade).

02) Alternativa correta: letra “d”. Trata-se, mais uma vez, da aplicação doart. 167, CC.

03) Alternativa correta: letra “c”. O dolo acidental é aquele em que onegócio seria realizado, embora por outro modo, menos oneroso. Ele não anulao negócio jurídico, pois não afeta a declaração de vontade. Porém, nos termos

do art. 146, CC, obriga apenas à satisfação de eventuais perdas e danos. A letra “a” está errada, pois o dolo pode ser praticado por uma ação (dolo positivo –ex: falsas afirmações sobre a qualidade de um objeto) ou por omissão (dolonegativo - ocultação de algum fato que o contratante deveria saber). Reparemque o art. 147, CC menciona o silêncio intencional como espécie de dolo. A letra “b” está errada, pois o art. 150, CC determina que se houver dolo recíproco(torpeza bilateral), nenhuma das partes poderá alegá-lo para anular o negócioou reclamar indenização. A letra “d” está errada, pois o art. 148, CC permite aanulação do negócio por ato de terceiro (art. 148, CC). No entanto, neste casosomente enseja a anulação do negócio se a parte a quem aproveite dele tivesse

ou devesse ter conhecimento. “A” instiga “B” a comprar algo de “C”. “A”, emconluio com “C” sabe que o objeto está estragado. “A” responde por dolo.Finalmente a letra “e” também está errada, pois, nos termos do art. 149, CC, sehouver dolo do representante convencional o representado responderá juntamente com ele pelas perdas e danos, de forma solidária (os doisrespondem ao mesmo tempo) e não de forma subsidiária (primeiro respondeum, se este não pagar responde o outro).

04) Alternativa correta: letra “a”. Apenas a afirmação I está correta, nostermos do art. 157 e seus parágrafos do CC. A afirmação II está errada, poisforneceu o conceito de simulação. A afirmação III está errada, pois se ambas

as partes agirem com dolo (dolo recíproco) nenhuma pode alegá-lo para anularo negócio (art. 150, CC). A afirmação IV está errada, pois nos termos do art.

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153, CC o temor reverencial não configura coação. Finalmente a afirmação Vestá errada, pois o art. 156, CC não menciona a situação de inexperiência daoutra parte (este é um requisito da lesão e não do estado de perigo).

05) Alternativa correta: letra “e”. A questão trata do art. 132, CC.

Vejamos. A letra “e” está correta, nos termos do §2o

, pois se o termo vencer em “meado” de um mês, isto deve ser entendido como sendo o seu 15o  dia,qualquer que seja o mês, pouco importando que ele tenha 29 ou 31 dias. A letra “a” está errada, pois o caput  do artigo dispõe que salvo disposição legal ouconvencional em contrário, computam-se os prazos excluídos o dia do começo eincluído o do vencimento. A letra “b” está errada, pois nos termos do §1o, se odia do vencimento cair em um feriado, o prazo será prorrogado até o primeirodia útil. A letra “c” está errada, pois nos termos do §4o, os prazos fixados porhora contam-se de minuto a minuto. Finalmente a letra “d” está errada, poissegundo o §3o os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de

início, ou no imediato, se faltar exata correspondência.06) Alternativa incorreta: letra “a”. Dispõe o art. 107, CC que a validade

da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a leiexpressamente a exigir. As demais alternativas estão corretas: letra “b” = art.104, CC; letra “c” = art. 113, CC; letra “d” = art. 114, CC; e letra “e” = 111,CC.

07) Alternativa correta: letra “d”. O mandato ad judicia também éconhecido como mandato judicial. É o conferido para advogados. A procuraçãoad judicia é o instrumento do mandato, podendo ser outorgada por instrumentoparticular ou público. Em algumas hipóteses (ex: defensor que foi nomeado pelo

Juiz) dispensa-se, inclusive, o próprio instrumento. Nas demais alternativasexige-se sempre o instrumento público.

GABARITO DOS TESTES DA CESPE/UnB – CERTO OU ERRADO

Questão 01

a) Certo. Vícios de consentimento: erro, dolo, coação moral, estado deperigo e lesão. Vício social: fraude contra credores. A simulação esta no capítuloreferente à invalidade do negócio jurídico.

b) Errado. O negócio jurídico somente é anulável se o erro for essencial ousubstancial (art. 138, CC). Em sendo acidental o negócio é válido.

c) Certo. A causa determinante é um dos requisitos para a anulabilidade donegócio jurídico realizado com dolo (art. 145, CC).

d) Errado. No caso concreto, mesmo se tratando de uma senhora comsetenta anos de idade, não se caracterizou em coação, pois a “ameaça” de seingressar com uma ação judicial, na realidade, é considerada como exercícioregular de um direito, excluindo, portanto, a coação (art. 153, CC).

e) Errado. O erro (essencial), o dolo (essencial) a coação (moral), o estado

de perigo, a lesão e a fraude contra credores são atos anuláveis (art. 171, II,CC). Nestes casos o Juiz não pode declarar a anulação de ofício; depende de

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alegação da parte interessada. Já a simulação é hipótese de nulidade do ato(art. 167, CC), sendo que neste caso o Juiz deve pronunciá-la de ofício (art.168, parágrafo único, CC).

Questão 02

a) Errado. A fraude contra credores é um vício social que gera aanulabilidade do negócio jurídico. São atos que desfalcam o patrimônio dodevedor, evitando uma futura execução. A insolvência notória ou com motivopara ser conhecida são requisitos essenciais para configuração da fraude contracredores quando os atos que desfalcam o patrimônio do devedor forem a títulooneroso (art. 159, CC). Se o ato for de liberalidade, como uma doação (art. 538,CC) ou a remissão (perdão) de dívidas (art. 385, CC) não se exige estesrequisitos (não é necessário nem mesmo que o devedor esteja em situação deinsolvência, desde que os atos de liberalidade o reduzam a tal).

b) Certo. Os negócios jurídicos realizados por relativamente incapazes sãoanuláveis (art. 171, I, CC). Estes, ao contrário dos atos nulos, podem seconvalescer no tempo, como no exemplo de escoar o prazo decadencial para seralegado (arts. 178 e 179, CC). Além disso, podem ser confirmados pelas partes(art. 172, CC), tendo eficácia até a sentença que declara a anulabilidade.

c) Certo. O negócio jurídico nulo, ao contrário do anulável, é insuscetível deconvalidação ou de confirmação (art. 169, CC). Todavia, pode o negócio jurídiconulo se converter em outro válido quando este não for proibido legalmente eestando presentes os requisitos do novo negócio e desde que haja a intençãodos contratantes em efetivá-lo (art. 170, CC). Assim, o negócio jurídico nulo não

pode ser confirmado e nem se convalesce no tempo, mas pode se transformarem outro negócio estando presentes os requisitos de forma e substância donovo contrato, havendo a intenção das partes e desde que não haja proibiçãolegal.

Questão 03

a) Certo. O art. 178, I, CC prevê que é de 04 (quatro) anos o prazo dedecadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado, no caso decoação, do dia em que ela cessar. 

Questão 04a) Certo. Trata-se dos requisitos da fraude contra credores previstos no art.158, CC.

b) Errado. A afirmação, sob o ponto de vista do Direito Civil aparentementeestá correta, pois afirma que o Juiz pode reconhecer a prescrição sem serprovocado (o réu se manteve inerte), mesmo que se trate de direitospatrimoniais. Quanto à renúncia da prescrição, de fato só pode ser feita após asua consumação; porém cabe apenas um complemento: ela somente será válidase for realizada sem prejuízo de terceiros (art. 191, CC). No entanto o grandeerro desta afirmação está no âmbito do Direito Processual Civil (um pouco fora

de nossa matéria). O Juiz, quando reconhece a prescrição, está extinguindo o

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processo com (e não sem) resolução de mérito. Isto por força do art. 269,inciso IV do Código de Processo Civil.

c) Errado. A condição, nos termos do art. 121, CC subordina o efeito donegócio jurídico a evento futuro e incerto.

Questão 05

a) Errado. Vendaval significa vento forte e tempestuoso, temporal.Trata-se,portanto, de um evento da natureza. Logo, não é um negócio jurídico, poisneste há um ato praticado pelo homem. Tecnicamente o vendaval pode serclassificado como sendo um Fato Jurídico Natural ou Fato Jurídico Stricto Sensu(Sentido Estrito), extraordinário (pois está ligado ao caso fortuito ou à forçamaior).

b) Certo. Trata-se do disposto no art. 130, CC.

c) Errado. A questão estaria correta, nos termos do art. 108, CC, a não serpor um detalhe: o valor estipulado na lei é de 30 vezes o maior salário mínimovigente no País (e não 60 como na afirmativa).

Questão 06

a) Certo. Trata-se do instituto da lesão previsto no art. 157 e parágrafos doCC.

b) Errado. De fato, a vontade interna deve corresponder à declaraçãoexteriorizada. Quando surge divergência entre ambas, ocorre a simulação,

tornando o negócio nulo. No entanto, no caso de reserva mental, se odestinatário não tinha conhecimento da verdadeira intenção da outra parte, amanifestação de vontade subsiste (art. 110, CC). Portanto, neste caso o negócio jurídico não é nulo.

Questão 07

a) Errado. O aspecto errado da afirmação é que na lesão a consequência é aanulabilidade do negócio e não a sua nulidade, conforme o art. 171, II, CC.

b) Certo. Trata-se de um ótimo e completo esclarecimento acerca doinstituto da conversão prevista no art. 170, CC.

c) Certo. Trata-se do texto do art. 181, CC. Ou seja, se uma pessoa celebraum contrato com um incapaz e este negócio é anulado, o incapaz não seráobrigado a restituir eventual quantia paga. Exceto se a outra pessoa provar quea quantia reverteu em proveito do próprio incapaz.

I. Estabeleça a Associação:

01 = e (Lesão - art. 157, CC); 02 = g (Fraude contra Credores - art. 158,CC); 03 = b (Dolo - art. 145, CC); 04 = f (Simulação - art. 167, CC); 05 =c (Coação - art. 151, CC); 06 = a (Erro ou Ignorância - art. 138, CC) e 07 =d (Estado de Perigo - art. 156, CC).

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II. Estabeleça Associação:

01 = c (condição casual); 02 = b (condição resolutiva); 03 = e (termo); 04= f  (modo ou encargo); 05 = d (condição potestativa); 06 = a (condiçãosuspensiva simples).

Meus Amigos e Alunos

Vejamos agora algumas propostas para pequenas dissertações (comgabarito logo a seguir) sobre o que foi visto na aula. Recomendamos, nomínimo, a leitura da indagação com sua respectiva resposta, o que, por si só, já constitui numa excelente forma de recordação e estudo, reforçando ecomplementando o que foi visto em aula. Além disso, é uma ótima forma dedesenvolver o poder de síntese e de redação do aluno, sendo um excelenteexercício prático. Vamos então a elas.

DISSERTAÇÕES 

01) Antônio, residindo em uma cidade do interior, é também proprietário de umterreno na praia. Anualmente ele vai para lá, efetua os pagamentos dostributos, providencia a limpeza e a conservação do mesmo. Na sua última visitapercebeu que alguém construiu uma casa em seu terreno. Dirigiu-se ao Registrode Imóveis e verificou a existência de uma escritura de compra e venda lavradaem favor de Pedro. Ficou constatado que alguém se passou por Antônio e deposse de documentação falsificada vendeu o imóvel para Pedro. O ato praticadopor Pedro pode ser considerado como Negócio Jurídico? Por quê?

Resposta: De acordo com o art. 104, CC a validade de um contrato requeragente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou determinável e formaprescrita ou não defesa em lei. No caso concreto o objeto não é lícito, uma vezque a escritura pública foi realizada mediante documentos falsos. Faltando umdos elementos constitutivos do negócio jurídico este não pode ser consideradocomo válido. No caso ocorreu uma nulidade absoluta (objeto ilícito – art. 166,II, CC), não produzindo qualquer efeito jurídico.

02) Manoel, com 17 anos de idade, recebeu um terreno de herança de seu tio edecidiu vendê-lo. Ciente de que seu vizinho tinha interesse na compra do

terreno, enviou-lhe, por correspondência, uma proposta, com preçodeterminado. Manoel deu prazo de 30 dias para a aceitação do negócio e aindainformou que caso o vizinho não se manifestasse no prazo, implicaria em umaaceitação tácita. Pergunta-se: Caso o vizinho não se manifeste no prazo dado,haverá o negócio jurídico? Por quê?

Resposta: A omissão do vizinho não faz com que o negócio seja reputado comoperfeito. Inicialmente deve ser esclarecido que Manoel tem apenas 17 anos,portanto relativamente capaz (art. 4o, I, CC), sendo que necessitava deassistência para o ato, sob pena de anulabilidade (art. 171, I, CC). Outra coisa:A manifestação de vontade para a realização de vontade deve ser expressa. Oart. 111, CC prevê que o silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ouos usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa.

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Portanto, em direito não se aplica o ditado “quem cala consente”. Assim, osilêncio (forma tácita) somente será admissível se a lei assim o determinar, emcircunstâncias especialíssimas. No caso concreto não há previsão permitindo aconduta. Portanto não se pode falar em existência de negócio jurídico.

03) José e Maria se casaram. Três meses após a celebração Maria descobre queJosé possui extensa folha de antecedentes criminais, inclusive ligado a roubo etráfico de entorpecentes. Após a descoberta do fato, Maria, sentindo-seenganada, não desejava mais ficar ligada a José, tornando insuportável a vidaem comum. Qual a providência a ser tomada pelo advogado de Maria?

Resposta: No exemplo dado ocorreu uma hipótese típica de erro essencialquanto à pessoa do outro cônjuge, permitindo a anulação do casamento. Trata-se da aplicação dos arts. 138 e seguintes combinados com os arts. 1.556 (Ocasamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de umdos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro) e 1.557,incisos I e II (Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I - oque diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro talque o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum aocônjuge enganado; II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, porsua natureza, torne insuportável a vida conjugal), todos do CC. Somente ocônjuge enganado pode requerer a anulação do casamento, no prazodecadencial de três anos (art. 1.560, inciso III, CC), a contar da data dacelebração do casamento (e não do momento em que Maria soube dosantecedentes de José). O erro sempre deve ser referente a um fato existenteantes do casamento e que o cônjuge somente veio a conhecer depois da

celebração.04) André estava pescando e caiu em um rio com fortes correntezas, perdendoos sentidos, mas sendo salvo por Carlos. No hospital lhe informaram que Joséteria sido o seu salvador. André, ciente do fato, doou a José um carro. Doismeses depois descobre quem foi o seu verdadeiro salvador (Carlos) e pretendeanular a doação anterior. Pergunta-se: A anulação pretendida é possível?Fundamente.

Resposta: É possível a anulação do ato nos termos do art. 139, II, CCcombinado com o art. 171, II, CC. Isto porque a lei considera erro essencial em

relação à identidade da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desdeque tenha influído nesta de modo relevante. Foi o que ocorreu no caso. Andrésomente fez a doação porque pensava que José fosse seu salvador. Neste casoo erro é chamado pela doutrina de “erro quanto ao fim colimado ou por falsacausa”.

05) Carlos sofreu um grave acidente automobilístico sendo levadourgentemente ao hospital mais próximo do local do evento. Este hospital, que éparticular, recebe o paciente, mas exige naquele momento, de sua esposaMaria, um cheque-caução de valor exorbitante e totalmente desproporcional.

Diante da situação Maria acaba fornecendo a garantia. Feitos os examesverifica-se que todas as lesões sofridas são leves. Mesmo assim o hospital

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determina que o fique em suas dependências para observação. Posteriormentealega o hospital que não devolverá o cheque, pois serviu para as despesas nohospital. Tal garantia pode ser anulada? Qual o fundamento para isto?

Resposta: Sim, a garantia pode ser anulada judicialmente, pois a entrega do

cheque-caução se deu sob o vício “estado de perigo”, previsto no art. 156, CC.Maria, necessitando dos préstimos do hospital para salvar a vida de seu marido,acabou assumindo obrigação excessivamente onerosa. No caso concreto é de sesalientar que Maria não errou e nem não foi induzida a erro ou mesmo coagida,mas pelas circunstâncias do evento específico foi compelida a celebrar umnegócio que lhe era extremamente desfavorável. É esta a orientação que nossosTribunais têm fornecido a respeito do tema. Além disso, as despesas realizadascom Carlos foram bem inferiores ao exigido.

06) “A” com 19 anos foi a uma joalheria comprar uma peça para sua noiva.“B”, que também está na loja, instiga e convence o comprador da raridade deum anel, dizendo até que pertenceu a uma princesa. “C”, o vendedor, ouviu oteor da conversa, sabendo que as qualidades propaladas eram falsas. Porém secalou. “A”, encantado com as qualidades do objeto, o comprou, masposteriormente descobriu que o anel comprado não tem nada de raro e nãopertenceu a princesa alguma. Há alguma possibilidade de se anular o ato? Qualo fundamento?

Resposta: Há possibilidade de se anular o ato, posto que o mesmo foi realizadopor dolo de terceiro, nos termos do art. 148, CC: Também pode ser anulado onegócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite (no caso “C”)

dele tivesse ou devesse ter conhecimento. Além disso, nos termos da segundaparte deste mesmo dispositivo, cabe ação de indenização contra “B”: ainda quesubsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danosda parte a quem ludibriou.

07) Antônio é solteiro, não tem descendentes ou ascendentes (logo não temherdeiros necessários como consta no Direito das Sucessões). Deseja realizaruma doação a um de seus sobrinhos, mas não quer que este negócio jurídicosurta efeitos de imediato, mas sim apenas no futuro. Explique a diferençaprática entre uma condição suspensiva e um termo inicial neste contrato dedoação.

Resposta: Condição é a cláusula que subordina o efeito do ato jurídico a eventofuturo e incerto. Antes de se realizar a condição, o ato é ineficaz. Os requisitospara a condição são a futuridade e a incerteza. O titular de direito eventual podeexercer os atos destinados à conservação do direito. Uma das espécies decondição é a Suspensiva (art. 125, CC). Esta é uma condição cuja eficácia doato fica suspensa até a realização do evento futuro e incerto. Pendente acondição, não há direito adquirido, mas uma expectativa de direito ou um direitoeventual. Termo é a cláusula que subordina o efeito do ato jurídico a um eventofuturo e certo (embora a data deste evento possa ser determinada ou

indeterminada). É o dia em que começa e/ou se extingue a eficácia do negócio jurídico. Trata-se do termo inicial (art. 131, CC) se o negócio jurídico fixar o

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momento em que a eficácia do negócio deve iniciar, retardando o exercício dodireito. No termo inicial já há o direito adquirido (diferentemente da condiçãosuspensiva, onde há apenas uma expectativa de direito). Não se suspende aaquisição do direito, que surge imediatamente, mas só se torna exercitávelposteriormente, com a ocorrência do evento futuro e certo. A grande diferençaprática é que se uma lei nova posterior proibir a doação ao sobrinho após aassinatura do contrato de doação sob termo inicial, a doação em si estágarantida, pois o direito adquirido está resguardado de alterações legais. Estagarantia não há na condição, pois não há direito adquirido.

08) Antônio é proprietário de um sítio e se compromete com seu caseiro José alhe doar toda a plantação de milho caso seu time de futebol vença ocampeonato. De fato seu time foi para a final, mas esta partida ainda não foi jogada. José achando que o título já é uma “barbada”, se antecipa e colhe todoo milho da propriedade, vendendo-o. Questionado judicialmente, alega exercício

regular de direito. A alegação é pertinente?Resposta: Não. José não poderia agir desta forma. Antônio realizou um negócio jurídico, mas impôs uma condição (arts. 121 e seguintes, CC), sendo que estaainda não foi realizada. Trata-se de uma condição suspensiva (a eficácia ficasuspensa até a realização do evento futuro e incerto) e casual (não depende davontade das partes). Enquanto a condição não se verificar, não se terá adquiridoo direito e, portanto, não se poderá alegar exercício regular do direito. José agiude forma ilícita (art. 189, CC) e pode sofrer ação de indenização.

09) Carlos é um advogado em início de carreira. Foi contratado por Bernardo

para uma causa trabalhista contra uma famosa empresa. Ambos pactuaram queBernardo somente pagaria os honorários advocatícios caso a ação fosseprocedente. Combinaram 30% sobre o valor da causa, sendo que este aindadeveria ser atualizado a partir da distribuição da ação até a data do efetivopagamento pelo índice que melhor refletir a inflação da época, índice esteescolhido por Carlos quando do pagamento. Pergunta-se: é possível identificaralgum elemento acidental no negócio jurídico? E se os honorários fossemcombinados da seguinte forma: R$ 5.000,00 fixo, a ser pago quando daaudiência de instrução?

Resposta: O contrato inicial possui elemento acidental. No caso a condição,pois Carlos vinculou seus honorários a um evento futuro e incerto (eventualêxito da ação), nos termos do art. 121, CC. Trata-se de uma condiçãosuspensiva (o pagamento está suspenso até a realização da condição) epotestativa (não depende de causas naturais). Aliás, o contrato possui outracondição potestativa que é a escolha, por parte de Carlos, do melhor índice deinflação na ocasião. Se os honorários fossem fixos e pagos quando da audiência,o elemento acidental passaria ser o termo (uma vez que o evento – a audiência– é futuro e certo), nos termos do art. 131, CC.

10) Paulo emprestou R$ 150.000,00 a Júlio. Este possui um apartamento no

valor de R$ 120.000,00 e um carro no valor de R$ 50.000,00. Antes de vencer adívida, Júlio, contente, porque seu único filho fez 18 anos e entrou na faculdade,

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doou seu carro a ele. Pergunta-se: Esta doação pode ser impugnada? E se Julionão tivesse a intenção de fraudar e não soubesse que o ato faria com que fossereduzido à insolvência?

Resposta: A doação pode ser anulada por Paulo. No caso concreto ocorreu

fraude contra credores, pois a doação do automóvel feita por Júlio o reduziu àinsolvência, não tendo bens suficientes para saldar sua dívida. O negóciorealizado foi a título gratuito (doação), por isso, nos termos do art. 158, CC, nãose exige a prova da má-fé (consilium fraudis). Basta a prova da prática do atodanoso (eventus damni ). Portanto, mesmo que o devedor ignore esta situação,o ato poderá ser anulado. A ação adequada para tanto é a “ação pauliana”.

11) Carlos deve a Daniel a importância de R$ 100.000,00, representado poruma nota promissória emitida no dia 10 de janeiro de 2009, com vencimentopara o dia 10 de julho de 2009. Como a obrigação não foi cumprida no prazo,Daniel protestou o título e ingressou com ação de execução contra Carlos. Nocurso da ação Daniel descobriu que Carlos, no dia 10 de abril de 2009, doou aseu sobrinho João, o único bem livre e desembaraçado que possuía. Qual amedida judicial que o advogado de Daniel deverá adotar.

Resposta: No caso concreto ocorreu a fraude contra credores. Por isso a açãocorreta é a “Pauliana”. Notem que há uma “pegadinha” na questão. Uma dasdiferenças entre a fraude contra credores e a fraude a execução, é o momentoem que a fraude foi realizada. Na primeira hipótese a fraude ocorre antes dapropositura da ação e na segunda após a propositura da mesma. No casoconcreto Daniel ficou sabendo da fraude após ter ingressado com a Ação de

Execução. No entanto a fraude em si ocorreu antes da propositura da ação. Daí ser hipótese de ação pauliana. Lembrando que como houve uma doação, não énecessária a prova da má-fé.

12) Pedro, maior e capaz, tem uma viagem para o estrangeiro. Como necessitavender um imóvel, deixa uma procuração para João com fins específicos paravender o imóvel a “X”, com quem já havia conversado. Ocorre que João achououtro interessado, “Y”, que ofereceu uma melhor proposta. João vendeu oimóvel para “Y”. Pergunta-se: É possível a aquisição de direitos por interpostapessoa? Em que situações? O negócio jurídico celebrado é válido?

Resposta: É possível a aquisição de direitos por interposta pessoa, como noproblema fornecido. Trata-se do direito de representação, garantido no art. 115,CC. A representação é a relação jurídica pela qual certa pessoa se obrigadiretamente perante terceiro, através de ato praticado em seu nome por umrepresentante. Este dispositivo delimita as situações possíveis para a suarealização: conferido por lei ou pelo próprio interessado (mandato). No casoconcreto João excedeu os poderes que lhe foram conferidos, vendendo o imóvela pessoa a quem Pedro não havia determinado. Houve um conflito de interessesentre o representante e o representado. Desta forma, nos termos do art. 119,CC o ato pode ser anulado, se a pessoa que realizou o negócio (“Y”) sabia da

intenção de Pedro. O prazo decadencial para se requerer a anulação é de 180dias.

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13) (OAB/SP – 2008) Helena celebrou um contrato de empréstimo (mútuo),obrigando-se a arcar com o pagamento de taxa de juros mensal muito superiorà usual do mercado. Assim procedeu, pois necessitava de recursos para pagaruma cirurgia que sua mãe necessitava. Helena poderia anular o negócio oualterar a taxa de juros pactuada? Qual o fundamento legal? 

Resposta: Helena pode alegar a ocorrência de lesão, pois sob prementenecessidade se obrigou a prestação desproporcional, nos termos do art. 157,CC. Na hipótese da parte favorecida concordar com a redução da taxa de juros,não haverá a anulação do negócio. Mantém-se o negócio, porém, a taxa de juros será modificada, adotando-se critérios de equidade para fixação da taxa de juros, nos termos do art. 157, §2o, CC. Prestigia-se, assim, o princípio daconservação dos contratos.

GABARITO “SECO” DOS TESTES EM GERAL

A.01) BA.02) AA.03) DA.04) CA.05) EA.06) AA.07) EA.08) C

A.09) BA.10) DA.11) EA.12) CA.13) CA.14) BA.15) CA.16) BA.17) C

A.18) DA.19) EA.20) DA.21) CA.22) A

A.23) CA.24) BA.25) CA.26) DA.27) BA.28) EA.29) DA.30) A

A.31) DA.32) CA.33) BA.34) EA.35) AA.36) E

B.01) EB.02) D

B.03) AB.04) EB.05) CB.06) EB.07) B

B.08) DB.09) AB.10) EB.11) C

C.01) DC.02) AC.03) D

C.04) CC.05) EC.06) BC.07) AC.08) AC.09) AC.10) AC.11) EC.12) C

C.13) BC.14) DC.15) EC.16) BC.17) C

C.18) EC.19) DC.20) DC.21) AC.22) BC.23) EC.24) CC.25) D

C.26) C

D.01) AD.02) BD.03) DD.04) ED.05) AD.06) ED.07) C

D.08) DD.09) BD.10) A

GABARITO “SECO” DA CESGRANRIO

01) B

02) D03) C

04) A

05) E06) A

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07) D

GABARITO “SECO” CESPE/UnB – CERTO OU ERRADO

Questão 01a) Certob) Erradoc) Certod) Erradoe) Errado

Questão 02a) Erradob) Certoc) Certo

Questão 03a) Certo

Questão 04a) Certob) Errado

c) ErradoQuestão 05

a) Erradob) Certoc) Errado

Questão 06a) Certob) Errado

Questão 07

a) Erradob) Certoc) Certo