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Resumo direito civil - 3

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    MAGISTRATURA E MPT Direito Civil

    Cristiano Sobral

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    CONTRATOS EM ESPCIE

    Por Cristiano Sobral 1. COMPRA E VENDA (arts. 481 a 532 do CC) 1.1. Conceito A definio do contrato de compra e venda est conceituada de maneira clara e objetiva no artigo 481 do Cdigo Civil: Art. 481. Pelo contrato de compra e venda, um dos contratantes se obriga a transferir o domnio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preo em dinheiro. 1.2. Natureza jurdica a) Contrato bilateral ou sinalagmtico proporciona, reciprocamente, obrigaes para ambas as partes. b) Contrato oneroso gera repercusso econmica com a sua elaborao para ambas as partes. c) Contratos aleatrios ou comutativos regra geral, os contratos so comutativos em razo das prestaes serem certas. No entanto, a possibilidade de risco no est completamente excluda. d) Contrato consensual nasce do consenso entre as partes, uma delas ser responsvel em aceitar o preo e a outra a contraprestao. e) Contrato formal ou informal a compra e venda de bens imveis com valor superior a trinta salrios mnimos federais dever ser sempre por escritura pblica. Todavia, se inferior, a mesma poder ser feita por instrumento particular. f) Contrato instantneo ou de longa durao o instantneo se consumar com a prtica do ato, o de longa durao, necessita de tempo para se exaurir. g) Contrato paritrio ou de adeso ser paritrio quando as partes estiverem em p de igualdade; j o contrato de adeso ocorre assim que uma das partes estipula as clusulas e a outra ter somente como escolha a aceitao das mesmas.

    1.3. Elementos constitutivos a) Partes: capazes (aptido genrica) e a legitimao (aptido especfica). b) Coisa: deve ser disponvel para sua comercializao dentro do mercado. O objeto tem de ser lcito e determinado ou determinvel. Segundo previso do artigo 483 do Cdigo Civil, o objeto do contrato para ser negociado no mercado poder tambm ser futuro. c) Preo: justo, certo, determinado e em moeda corrente, de acordo com o artigo 315 do Cdigo Civil. Tal elemento possui ainda algumas regras especiais: c.1) preo por avaliao art. 485 do Cdigo Civil; c.2) preo taxa de mercado ou de bolsa art. 486 do Cdigo Civil; c.3) preo por cotao art. 487 do Cdigo Civil; c.4) preo tabelado e mdio art. 488 do Cdigo Civil; c.5) preo unilateral art. 489 do Cdigo Civil. 1.4. As despesas e riscos do contrato Salvo clusula em contrrio, as despesas de escritura e o registro ficaro sob a responsabilidade do comprador, e as da tradio, a cargo do vendedor. E quanto aos riscos? At o momento da tradio, os riscos da coisa cabem por obrigao ao vendedor, e os do preo, ao comprador. Todavia, os casos fortuitos, ocorrentes no ato de contar, marcar ou assinalar coisas, que comumente se recebem, contando, pesando, medindo ou assinalando, e que j foram postas disposio do comprador, correro por conta deste. Compete tambm ao comprador os riscos das referidas coisas, se estiver em mora de as receber, logo que ordenadas no tempo, lugar e pelo modo ajustados. Essa a previso legal. 1.5. Restries compra e venda a) Venda de ascendente para descendente

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    prev o diploma civil: art. 496. Art. 496. anulvel a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cnjuge do alienante expressamente houverem consentido. Pargrafo nico. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cnjuge se o regime de bens for o da separao obrigatria. Conforme previsto, a lei destaca a anulabilidade, mas em quanto tem tempo? Deve ser ressaltado o prazo estipulado no artigo 179 da lei civil, afastando a Smula n. 494 do STF. b) Venda de bens sob administrao proibida pelo artigo 497 do Cdigo Civil. Nesse caso, destaca-se a nulidade! c) Venda entre cnjuges reza o artigo 499: Art. 499. lcita a compra e venda entre cnjuges, com relao a bens excludos da comunho. d) Venda de parte indivisa em condomnio no pode um condmino de coisa indivisvel vender a sua parte a terceiros sem notificar o outro proprietrio da res. O artigo 504 da lei civil salienta a observncia do direito de preferncia. 1.6. Regras especiais da compra e venda a) Venda por amostra, por prottipos ou por modelos se a venda ocorrer dessa forma, o vendedor assegurar ter a coisa as qualidades que a elas correspondem. Essa a regra do artigo 484 da lei civil. b) Venda a contento e sujeita prova entende-se que aquela realizada sob condio suspensiva, ainda que tenha recebido a coisa. Aquele que recebe a coisa ser considerado como comodatrio. Assim, em caso de descumprimento da mesma, poder o alienante propor ao para recuperar a posse. Observe os artigos 509 a 512 do CC/2002. c) Venda ad mensuram e ad corpus a ad mensuram (art. 500, caput) aquela em que o preo do bem medido pela rea. Em caso de descumprimento da mesma, prev a lei a possibilidade de algumas aes. Quais so elas? Ao ex empto (complementao da rea), Ao Redibitria (extinguir o negcio),

    Ao Estimatria ou Quanti Minoris (abatimento). Essas aes tm o prazo de um ano decadencial, consoante previso do artigo 501. Na venda ad corpus (art. 500, 3), as metragens e a rea so apenas para localizar o bem, mas no influenciam no preo. Nessa venda no so cabveis as Aes retromencionadas. 1.7. Clusulas especiais ou pactos adjetos a) Retrovenda ou clusula de resgate por meio dos arts. 505 a 508 da lei civil, podem ser observados esse pacto acessrio. A mesma recai sobre bens imveis e o prazo mximo para o retrato ser de trs anos. No se trata de clusula personalssima, pois a mesma cessvel e transmissvel a herdeiros e legatrios. b) Clusula de preempo, preferncia ou prelao Os artigos 513 a 520 do CC estabelecem esse pacto adjeto que poder recair sobre bens mveis e imveis. O prazo para o exerccio do pacto no poder exceder a cento e oitenta dias para os bens mveis e dois anos para os imveis. Uma vez pactuado a clusula e inexistindo prazo estipulado, o direito de preempo caducar, se a coisa for mvel, no se exercendo nos trs dias, e, se for imvel, no se exercendo nos sessenta dias subsequentes data em que o comprador tiver notificado o vendedor. Tal direito personalssimo, pois no se pode ceder nem passa aos herdeiros. c) Clusula de venda com reserva de domnio a previso encontra-se nos artigos521 a 528 do CC. Recai sobre bens mveis e ser estipulada por escrito, dependendo de registro no domiclio do comprador para valer contra terceiros. O comprador do bem s alcanar a propriedade depois de pagas todas as parcelas. Uma vez descumprida a mesma e constitudo o comprador em mora, poder o vendedor propor ao de cobrana ou busca e apreenso para recuperar a posse do bem. d) Venda sobre documentos ou trustreceipt por intermdio dos arartigo 529 ao 532, verifica-se a venda em que a tradio da coisa substituda pela entrega de um ttulo que a representa.

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    2. TROCA OU PERMUTA (art. 533 do CC) 2.1. Conceito Nessa modalidade contratual prevista no artigo 533 da lei civil, as partes pactuam suas obrigaes, remunerando-se, atravs da compensao dos ofcios estabelecidos por cada uma delas. Difere do contrato de compra e venda, pois na permuta a contraprestao feita pelo pagamento de um preo em dinheiro. 2.2. Natureza jurdica a) Contrato bilateral ou sinalagmtico apresenta, reciprocamente, deveres para ambas as partes, que se obrigam a dar uma coisa recebendo outra diferente de dinheiro. b) Contrato comutativo as partes se cientificam de suas obrigaes no ato da elaborao, por serem certas e determinadas no ato da celebrao. c) Contrato consensual ocorre com a manifestao das partes. d) Contrato formal ou informal, solene ou no solene a lei no impe maiores formalidades para a sua celebrao; e) Contrato translativo a transmisso da coisa ocorrer com a tradio, trazendo consigo no contrato. f) Contrato oneroso apresenta repercusso econmica. 3. CONTRATO ESTIMATRIO (arts. 534 a 537 do CC) 3.1. Conceito Esse contrato pode ser chamado tambm de venda em consignao, tem por finalidade vender, em nome prprio, bens mveis de propriedade de terceiros. O proprietrio/consignante dar somente a posse do bem ao vendedor/consignatrio, no sendo entregue o domnio da coisa. Sua previso est nos artigos 534 a 537 do Cdigo Civil.

    3.2. Natureza jurdica a) Contrato bilateral ou sinalagmtico caracterizado pela reciprocidade nas obrigaes entre os contratantes. b) Contrato oneroso proporciona repercusso econmica. c) Contrato real concretizado com a efetiva entrega do bem. d) Contrato comutativo as partes so cientificadas de suas obrigaes no ato da elaborao. e) Contrato informal ou no solene a lei no impe maiores formalidades para a sua celebrao. f) Contrato instantneo e temporrio o primeiro se consuma com a prtica do ato, j o segundo se efetua por meio do termo final para a venda da coisa consignada. 3.3. Efeitos e regras anlogo a uma obrigao alternativa, pois o vendedor/consignatrio poder devolver o valor inicialmente estimado ou a prpria coisa. A coisa deve ser mvel e livre para alienao, no podendo estar gravada com clusula de inalienabilidade. Ateno! Nesta relao contratual, o consignante possui o domnio, transferindo ao consignatrio somente a posse do bem mvel. 4. DOAO (arts. 538 a 554 do CC) 4.1. Conceito A sua definio encontra-se melhor conceituada no artigo 538 do Cdigo Civil: Considera-se doao o contrato em que uma pessoa, por liberalidade, transfere do seu patrimnio bens ou vantagens para o de outra. 4.2. Natureza jurdica a) Contrato unilateral/bilateral apresenta obrigao somente para uma das partes; porm, no caso de doao modal, ocorre uma

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    imposio para aquele que recebe bens ou vantagens de um nus. b) Contrato gratuito a doao ser, em regra, gratuita (excepcionalmente haver a doao modal, conferindo vantagens a ambas as partes). c) Contrato consensual formado pela manifestao de vontade das partes. d) Contrato real ocorre sempre que a doao envolver bem de pequeno valor seguido de sua tradio (doao oral/manual); e) Contrato comutativo acontece quando as partes so cientificadas de suas obrigaes no ato da elaborao; f) Formal e solene desde que a doao de bem imvel seja superior a 30 salrios mnimos. g) Formal e no solene todas as vezes que o bem imvel for superior a 30 salrios mnimos, porm no h necessidade de escritura pblica. 4.3. Espcies de doao a) pura e simples (art. 543 do CC) o ato possui liberdade plena, no se submetendo a condio, termo ou encargo; b) contemplativa (art. 540, 1 parte, do CC) o doador efetua a mesma por mera liberalidade, expressando o motivo; c) remuneratria (art. 540, 2 parte, do CC) se origina da realizao de servios prestados, cujo pagamento o donatrio no pode ou no deseja cobrar; d) ao nascituro (art. 542 do CC) vlida desde que aceita pelo seu representante legal. Trata-se de modalidade que depende, necessariamente, de condio suspensiva para vigorar, pois condiciona a validade do contrato de doao ao nascimento do feto com vida; e) ao absolutamente incapaz (art. 543 do CC) trata-se de doao pura, no h necessidade da aceitao do donatrio, pois se presume que o incapaz aceitou, inexistindo prova em contrrio (iure et iure); f) de ascendente a descendente ou de um cnjuge ao outro (art. 544 do CC) est relacionado ao adiantamento da legtima, visto que confere s doaes o valor, que dele em vida receberam, sob pena de sonegao. No confundir esse tipo de

    doao com a inoficiosa prevista no artigo 549 da lei civil; g) em forma de subveno peridica (art. 545 do CC) trata-se de pagamentos mensais (trato sucessivo) realizados pelo doador ao donatrio, extinguindo-se com o falecimento de uma das partes, exceto no caso de falecimento do doador, que poder estabelecer aos seus herdeiros a continuao dos pagamentos ao favorecido; h) propter nuptias (art. 546 do CC) aquele direcionado para as npcias, ou seja, aplicado para casamento futuro, no vigendo o contrato em caso de no consumao do mesmo; i) com clusula de reverso ou retorno (art. 547 do CC) trata-se de contrato de doao intuitu personae, desde que a mesma esteja direcionada somente ao donatrio, pois caso ele venha a falecer antes do doador, o bem retornar ao patrimnio deste, ainda que tenha alienado o imvel antes da morte; j) universal (art. 548 do CC) nula tal modalidade, pois a lei veda a doao pelo doador se ele no possuir bens suficientes para a sua subsistncia. Tal medida visa tutelar a qualidade de vida do doador (regra em sintonia com o princpio da dignidade da pessoa humana); l) inoficiosa (art. 549 do CC) significa que a doao efetuada ultrapassou o quinho disponvel para testar. Note: O doador tem R$ 200 mil reais e faz uma doao de R$ 120 mil reais, o ato ser vlido at os R$ 100 mil reais e nulo com relao aos R$ 20 mil. Ateno! A Ao de reduo a que tem como objetivo a declarao de nulidade da parte inoficiosa. m) do cnjuge adltero ao seu cmplice (art. 550 do CC) a doao feita entre amantes, geralmente por pessoas casadas com impedimento de contrair unio estvel, sendo anulvel no prazo decadencial de dois anos. A anulabilidade do contrato poder ser proposta pelo cnjuge trado ou tambm pelos herdeiros necessrios. Todavia, a mesma poder ser convalidada no caso dos cnjuges estarem separados de fato; n) conjuntiva (art. 551 do CC) trata-se da doao de um determinado bem a dois ou mais donatrios, os quais se tornaro cotitulares do bem; o) modal ou onerosa (art. 553 do CC) aquela em que o doador atribui ao donatrio

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    um encargo, o qual se torna elemento modal do negcio jurdico; p) entidade futura (art. 554 do CC) a entidade dever se constituir regularmente com a inscrio dos atos constitutivos no respectivo registro no prazo mximo de dois anos; no entanto, se ela no estiver devidamente composta dentro desse prazo o contrato poder caducar. 4.4. Revogao da doao So os casos definidos nos artigos 555 ao 564 do Cdigo Civil e merecem ser conferidos! 4.5. Hipteses de irrevogabilidade por ingratido Conforme o artigo 564 da lei civil, as doaes que no sero revogadas por ingratido sero: a) as puramente remuneratrias; b) as oneradas com encargo j cumprido; c) as que se fizerem em cumprimento de obrigao natural; d) as feitas para determinado casamento. 5. LOCAO DE COISAS (art. 565 e segs., do CC) 5.1. Conceito o contrato em que o locador cede ao locatrio determinado bem, objetivando que o mesmo use e goze da coisa de forma contnua e temporria, mediante o pagamento de aluguel. 5.2. Natureza jurdica a) Bilateral ou sinalagmtico as partes possuem vantagens e desvantagens recprocas. b) Oneroso essencialmente econmico, isto , por meio da cobrana de alugueres. c) Comutativo as partes so cientificadas de suas obrigaes no ato da celebrao do contrato de locao. d) Consensual a vontade das partes a essncia do contrato,

    e) Informal e no solene inexiste obrigatoriedade de escritura pblica como tambm de contrato escrito. f) Execuo continuada as prestaes perduram com o passar do tempo. g) Tpico caracterizado por possuir regulamentao legal no Cdigo Civil. h) Paritrio ou de adeso ser paritrio quando as partes estiverem em p de igualdade no ato de estabelecer as clusulas contratuais e de adeso assim que uma das partes estipular as clusulas e a outra somente puder aderi-las para que se possa obter o objeto do contrato. 5.3. Pressupostos a) coisa; b) temporariedade; c) aluguel. 5.4. Dos deveres do locador O locador obrigado a entregar ao locatrio a coisa alugada, com suas pertenas, em estado de servir ao uso a que se destina, assegurando a utilizao pacfica da coisa. Devendo o locatrio, durante o perodo contratual, manter a coisa no estado em que se encontra, salvo se previsto diversamente em clusula. 5.5. O direito potestativo da reduo proporcional do aluguel ou a resoluo do contrato Conforme preceitua o artigo 567 da lei civil, se durante a locao a coisa alugada for deteriorada, sem culpa do locatrio, a este caber pedir reduo proporcional do aluguel, ou resolver o contrato, caso j no sirva a coisa para o fim a que se destinava. 5.6. Dos deveres do locatrio Os deveres legais esto elencados no rol do artigo 569 do Cdigo Civil: a) servir-se da coisa alugada para os usos convencionados ou presumidos, consoante a natureza dela e as circunstncias, bem como trat-la com o mesmo cuidado como se sua fosse;

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    b) pagar pontualmente o aluguel nos prazos ajustados, e, em falta de ajuste, segundo o costume do lugar; c) levar ao conhecimento do locador as turbaes de terceiros, que se pretendam fundadas em direito; d) restituir a coisa, finda a locao, no estado em que a recebeu, salvas as deterioraes naturais ao uso regular. 5.7. Locao por prazo determinado De acordo com a regra prevista no artigo 573 do Cdigo Civil, esta modalidade cessa de pleno direito com o fim do prazo estipulado, independentemente de notificao ou aviso. 5.8. Aluguel pena Reza a norma civilista: Art. 575. Se, notificado o locatrio, no restituir a coisa, pagar, enquanto a tiver em seu poder, o aluguel que o locador arbitrar, e responder pelo dano que ela venha a sofrer, embora proveniente de caso fortuito. Pargrafo nico. Se o aluguel arbitrado for manifestamente excessivo, poder o juiz reduzi-lo, mas tendo sempre em conta o seu carter de penalidade. 5.9. A aquisio do bem por terceiro e a clusula de vigncia Se o bem objeto do contrato for alienado durante a vigncia do contrato de locao, o adquirente no ficar obrigado a respeit-lo, se nele no for consignada a clusula da sua vigncia, no caso de alienao, e no constar de registro. 5.10. A sucesso na locao Destaca o artigo 577 da lei civil: Art. 577. Morrendo o locador ou o locatrio, transfere-se aos seus herdeiros a locao por tempo determinado. 5.11. Indenizao por benfeitorias Exceto disposio em contrrio, o locatrio goza do direito de reteno, no caso de benfeitorias necessrias, ou no de

    benfeitorias teis, se estas houverem sido feitas com expresso consentimento do locador, conforme prev o artigo 578 da lei civil. 5.12. A locao na Lei n. 8.245/91 Esta lei se aplica somente nas relaes locatcias de imvel urbano, consoante previsto em seu artigo 1. 5.12.1. Aes inquilinrias ou locatcias 5.12.1.1. Conceito So quatro as aes previstas na lei de locaes: a de despejo, a consignatria de alugueres e encargos locatcios, a revisional de aluguel e a renovatria de imveis no residenciais. Alm dessas, podero ser propostas tambm: a ao de execuo dos encargos locatcios, conforme disposto no artigo. 585, inciso V, do CPC, e a indenizatria, pelo locatrio em face do locador, alegando que o imvel locado apresentava defeitos causadores tanto de danos morais quanto de materiais. Portanto, a Lei n. 8.245/91 uma norma hbrida, pois cuida de aspectos materiais, procedimentais, como tambm processuais. 5.12.1.2. Lei do inquilinato: aspectos gerais Algumas questes relevantes devem ser analisadas no estudo da Lei 8.245/91. O primeiro ponto a ser analisado o juzo competente para propor as aes de despejo. Aqui se aplica a regra de competncia do foro da situao da coisa, disposta no artigo 95 do CPC, por trazer maior facilidade ao juzo a proximidade com o bem objeto do desalijo. Como previsto pelo artigo 58 da Lei n. 8.245/91, o valor da causa para a propositura da ao de despejo corresponder a 12 meses de aluguel, ou, na hiptese do inciso II do artigo 47, a trs salrios vigentes por ocasio do ajuizamento. Segundo recente entendimento do STJ, o despejo para uso prprio poder ser proposto nos Juizados Especiais Cveis, posto que os

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    incisos do artigo 3 da Lei n. 9.099/95 no so cumulativos e o inciso III do mesmo artigo no possui limite de valor tanto para bens imveis como para os alugueres vencidos ou vincendos, se os mesmos existirem. Por ltimo, deve ser esclarecido que o recurso contra sentena proferida, nesses casos, ser o de apelao e dever ser recebido somente no efeito devolutivo, permitindo assim o diploma legal, a execuo provisria do julgado. 5.12.1.3. Espcies 5.12.1.3.1. Ao de despejo (arts. 59 a 66 da Lei n. 8.245/91) a) a nica ao que o locador pode sugerir para recuperar o imvel objeto da locao. b) Tem natureza de ao de resciso de dissoluo contratual, com natureza eminentemente pessoal e no possessria ou real. c) Segue o rito ordinrio, consoante artigo 59 da Lei n. 8.245/91. d) No polo passivo figurar o locatrio, sublocatrio e/ou quem o tenha legitimamente substitudo. e) permitido o deferimento de medidas liminares inaudita altera pars, conforme 1 do artigo 59 da Lei n. 8.245/91. f) O despejo tambm poder ocorrer por denncia cheia ou vazia. A primeira ao est baseada no artigo 47 da lei do inquilinato; j a segunda est disposta no artigo 6 desta lei; g) Pode ser proposta ao de despejo por falta de pagamento ou por infrao contratual; pedido para uso prprio; ausncia de conservao ou deteriorao do imvel locado ou, ainda, realizar obras sem o consentimento do locador. h) A sentena tem carter mandamental por dispensar a sua fase final de liquidao. 5.12.1.3.2. Ao consignatria de aluguis e acessrios na locao (art. 67 da Lei n. 8.245/91) a) Esta ao tem por caracterstica evitar a inadimplncia do locatrio atravs do depsito efetuado em juzo quando proposta a exordial. b) Transcorre pelo rito especial.

    c) Caracteriza-se como uma ao que visa ao pagamento indireto da obrigao e tem como parte autora o locatrio. d) Diversamente da ao consignatria prevista no CPC, esta modalidade no tem carter dplice, pois a lei preceitua o cabimento de reconveno nos termos do inciso VI do artigo 67 da lei do inquilinato. 5.12.1.3.3. Ao revisional de aluguel (arts. 68 a 70 da Lei n. 8.245/91) a) Pode ser ofertada tanto pelo locador, buscando o aumento do valor dos alugueres, como poder ser proposta pelo locatrio com o objetivo de reduzi-los. b) Este benefcio poder ser utilizado somente pelo prazo de trs anos, ainda que a ao tenha sido proposta pela parte contrria. c) Segue o rito sumrio, conforme artigo 68 da lei do inquilinato. d) O juiz fixar o aluguel provisrio por meio dos elementos fornecidos pelo autor da ao, que ser devido desde a citao. e) Na audincia de conciliao, consoante recente alterao pela Lei n. 12.112/09, dever ser apresentada a contestao, contendo a contraproposta; caso exista discordncia quanto ao valor pretendido, tentar o juiz a conciliao; em caso de impossibilidade, determinar a realizao de percia, se necessria, designando, desde logo, audincia de instruo e julgamento. f) O aluguel fixado em sentena retroage citao e as diferenas devidas durante a ao de reviso abranger os alugueres vincendos, bem como os vencidos e no pagos; as mensalidades locatcias sero pagas com correo monetria exigvel a partir do trnsito em julgado da deciso que fixar o novo aluguel; como tambm sero descontados os alugueres provisrios j satisfeitos. g) No final da ao locatcia sero cobradas as diferenas locatcias entre o aluguel provisrio e o definitivo. h) A ao de despejo poder ser fundamentada pelo inadimplemento dos alugueres provisrios.

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    5.12.1.3.4. Ao renovatria de contrato (arts. 71 a 75 da Lei n. 8.245/91) a) Esta ao visa renovao compulsria do contrato de locao escrito, e no residencial, por prazo determinado, vigendo no mnimo de forma ininterrupta pelo prazo de 5 anos, com explorao da mesma atividade pelo prazo mnimo de trs anos, devendo esta demanda correr no rito ordinrio. b) Ela dever ser proposta no prazo mximo de 1 ano e 6 meses aps o trmino do contrato. c) A legitimidade ativa do locatrio. d) Nesta demanda ser fixado o aluguel provisrio a ser devido aps o trmino da vigncia do contrato de locao. e) O aluguel fixado na sentena poder ser cobrado imediatamente, independentemente da propositura do recurso. f) No sendo renovada a locao, o juiz determinar a expedio de mandado de despejo, dentro do prazo de 30 (trinta) dias para a desocupao voluntria, se houver pedido na contestao. 6. EMPRSTIMO 6.1. Aspectos gerais Esse tipo de contrato abrange tanto o comodato como o mtuo. Ambos os institutos se assemelham por terem como objeto a entrega da coisa para ser usada e restituda ao dono originrio ao final do negcio estabelecido. Diferenciam-se em razo da natureza da coisa emprestada, pois se o bem for fungvel o contrato ser de mtuo e, se o mesmo for infungvel, comodato. 6.2. DO COMODATO (EMPRSTIMO DE USO) (arts. 579 a 585 do CC) 6.2.1. Conceito A melhor definio est expressa no artigo 579 do CC: Art. 579. O comodato o emprstimo gratuito de coisas no fungveis. Perfaz-se com a tradio do objeto.

    6.2.2. Natureza jurdica a) Real se perfaz com a tradio do bem infungvel. b) Gratuito como disposto acima, ainda que o comodatrio efetue o pagamento dos encargos de comodato (p. ex., condomnio, IPTU, dentre outros), este contrato considerado gratuito. c) Informal e no solene no possui formalidade prevista em lei. d) Unilateral confere obrigaes somente ao comodatrio. e) Personalssimo extingue-se com a morte do comodatrio. f) Fiducirio como o prprio nome diz, baseado na confiana entre o comodante e comodatrio. 6.2.3. Legitimao para celebrar o contrato Em regra, todos os bens imveis/mveis so passveis de ser objeto de contrato de comodato, no entanto, excepcionalmente a lei dispe que no podero dar em comodato, sem autorizao especial, os bens confiados guarda dos tutores, curadores e todos os administradores de bens alheios, em geral. 6.2.4. Prazo determinado e indeterminado Nos casos pactuados por prazo determinado, no poder o comodante suspender o uso e gozo da coisa emprestada antes de findo o prazo convencional, salvo se houver uma urgente necessidade reconhecida pelo juiz. O comodato poder no ter prazo convencionado, e nesse caso se presumir o prazo atravs da necessidade da utilizao da coisa. 6.2.5. Obrigaes do comodatrio e o chamado aluguel-pena O comodatrio tem como obrigao conservar o imvel como se seu fosse, no podendo us-lo em desacordo com o contrato ou a sua natureza, sob pena de responder por perdas e danos. Este ser notificado para que dessa forma seja constitudo em mora, respondendo tanto pelo atraso quanto tambm pelos alugueres

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    da coisa que forem arbitrados pelo comodante at a efetiva entrega das chaves, caracterizando, nesse caso, uma espcie de clusula penal tpica do contrato de comodato. 6.2.6. Responsabilidade do comodatrio Em situao de eminente risco da perda dos bens do comodante e do comodatrio, e, este ltimo, tendo somente como salvaguardar os seus pertences abandonando os do comodante, dever ser responsabilizado pelo dano ocorrido, ainda que se trate de caso fortuito ou fora maior. Vale enfatizar, que mesmo nestes casos, no ser suprimida a culpa do comodatrio que pretere a coisa alheia emprestada em prol de seus pertences. 6.2.7. Despesas do contrato No possvel o comodatrio recobrar do comodante as despesas feitas com o uso e gozo da coisa emprestada. 6.2.8. A solidariedade no contrato S possvel a existncia da solidariedade no contrato de comodato no caso de duas ou mais pessoas serem, simultaneamente, comodatrias da mesma coisa, ficando solidariamente responsveis para com o comodante. 6.3. DO MTUO (EMPRSTIMO DE CONSUMO) (arts. 586 a 592 do CC) 6.3.1. Conceito O conceito do contrato de mtuo est previsto no artigo 586 do Cdigo Civil: Art. 586. O mtuo o emprstimo de coisas fungveis. O muturio obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gnero, qualidade e quantidade. 6.3.2. Natureza jurdica a) Unilateral gera obrigaes somente para uma das partes, neste caso, o muturio. b) Gratuito s traz nus para o mutuante; o muturio ir devolver sem nus. Excepcionalmente esta modalidade contratual

    ser onerosa, nas situaes de mtuo feneratcio ou, como popularmente conhecido, emprstimo em dinheiro. c) Informal e no solene por inexistir previso legal sobre a forma de celebrao, podendo ser feito por instrumento particular. d) Real se concretiza com a entrega do bem fungvel. 6.3.3. A transferncia da coisa Este contrato se caracteriza pela transferncia do domnio da coisa emprestada ao muturio, que assume todos os riscos do bem fungvel desde a tradio. 6.3.4. Mtuo feito pessoa menor O mtuo realizado por menor de idade, quando no autorizado por seus responsveis legais, isto , aqueles que possuem a sua guarda, no poder ser reivindicado, nem pelo menor nem tampouco por quem possui a sua guarda. Todavia, essa regra possui 5 excees: a) se o representante legal do menor posteriormente ratificar a necessidade do mtuo; b) se o menor se viu obrigado a contrair o emprstimo para os seus alimentos habituais em razo da ausncia de seu representante legal; c) se o menor tiver bens ganhos com o seu trabalho, observando-se que a execuo do credor no lhes poder ultrapassar as foras; d) se o emprstimo reverteu em benefcio do menor; e) se o menor obteve o emprstimo maliciosamente. 6.3.5. A garantia no mtuo e a exceptio non adimplenti contractus Verificando o mutuante que o muturio poder inadimplir com o mesmo o contrato firmado, poder este exigir a garantia legal, podendo ser ela real ou fidejussria, com o objetivo de buscar maior segurana jurdica. Contudo, mesmo adimplindo o contrato, se o muturio no cumprir com seu mister, a dvida vencer antecipadamente ante a exceptio non

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    rite adimpleti contractus, como disposto no artigo 477 do Cdigo Civil. 6.3.6. O mtuo feneratcio ou mercantil e a limitao de juros Versa sobre o mtuo destinado a fins econmicos, cujos juros cobrados presumir-se-o devidos, podendo at chegar ao limite previsto no artigo 406 do Cdigo Civil, sob pena de reduo. Segundo entendimento do STJ, os contratos bancrios, que no foram regulamentados pela legislao especfica, podero possuir juros moratrios no limite de 1% para se convencionar. Alm disso, a simples estipulao de juros remuneratrios superiores a 12% ao ano no traz indcios de abusividade. O STF ainda entende que a Lei de Usura (DL n. 22.626/33) no aplicvel s instituies bancrias (Smula n. 596 do STF). 6.3.7. Prazo para a realizao do pagamento do mtuo Inexistindo conveno entre as partes, o mtuo ser devido: a) se for de produtos agrcolas, at a prxima colheita quando j estiverem prontos para o consumo ou para a semeadura; b) pelo prazo de 30 dias, se ele for de dinheiro; c) se for de qualquer outra coisa fungvel sempre que declarar o mutuante. 7. DA PRESTAO DE SERVIO (arts. 593 a 609 do CC) 7.1. Conceito So aquelas reguladas pelo Cdigo Civil, como toda espcie de servio ou trabalho lcito, material ou imaterial que pode ser contratada mediante retribuio, e que no esteja sujeita s leis trabalhistas ou lei especial.

    7.2. Natureza jurdica a) Bilateral gera deveres a ambas as partes. b) Comutativo as partes possuem o prvio conhecimento das obrigaes contratuais. c) Personalssimo/intuitu personae deve ser prestado somente pelas partes que pactuaram os termos do contrato. d) Oneroso possui repercusso econmica. e) Informal/no solene no tem previso legal quanto sua forma, podendo ser verbal, escrito, ou por instrumento particular. f) Consensual deriva da vontade comum das partes. 7.3. Objeto do contrato Como informado anteriormente, toda espcie de servio ou trabalho lcito, material ou imaterial que pode ser contratada mediante retribuio. 7.4. A remunerao (a no presuno de gratuidade) A remunerao ser, em regra, paga aps a prestao do servio, podendo ser convencionada de forma diversa, ou seja, o pagamento poder se concretizar no incio dos trabalhos ou, tambm, ser dividido em trs parcelas, efetuando o pagamento de 1/3 no incio, outros 1/3 durante a execuo dos servios e o restante ao final. No que tange aos valores devidos, se inexistir estipulao prvia e muito menos a possibilidade de acordo entre as partes, dever ser proposta ao para que o juiz arbitre a remunerao de acordo com o costume do lugar, o tempo de servio e sua qualidade. 7.5. Prazo mximo do contrato Prev a lei civil no caput de seu artigo 598: Art. 598. A prestao de servio no se poder convencionar por mais de quatro anos, embora o contrato tenha por causa o pagamento de dvida de quem o presta, ou se destine execuo de certa e determinada obra. Neste caso, decorridos quatro anos,

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    dar-se- por findo o contrato, ainda que no concluda a obra. 7.6. Resilio do contrato O prazo para estabelecer a resilio contratual ficar ao arbtrio de ambas as partes, mediante prvio aviso. Entretanto, a lei estipula prazos gerais, caso as partes no pactuem previamente tais limites: a) oito dias de antecedncia, nas hipteses de remunerao fixada por tempo de um ms, ou mais; b) quatro dias de antecedncia, se a remunerao for ajustada por semana ou quinzena; c) quando a contratao tenha sido por prazo inferior a sete dias, poder ser avisado na vspera. 7.7. Inexecuo do contrato A lei civil dispe que no ser contado o tempo em que o prestador de servio no tenha efetuado a sua tarefa. 7.8. Amplitude do contrato Quando nesta modalidade de contrato no se estabelecer a tarefa que o prestador de servio dever executar, entende-se que o mesmo se obrigou a todo e qualquer servio compatvel com as suas foras e condies. 7.9. Responsabilidade pela ruptura culposa do contrato No poder o prestador de servio contratado por tempo certo ou por obra determinada se ausentar sem justa causa antes de preenchido o tempo ou concluda a obra. Dessa forma, ter o contratante direito retribuio vencida, atravs das perdas e danos. Essa punio tambm se aplicar para o caso do prestador ser despedido por justa causa. 7.10. Perdas e danos Nas hipteses em que o prestador de servio for despedido sem justa causa, o contratante

    ser obrigado a lhe pagar a integral retribuio vencida acrescida da metade da remunerao a que caberia a ele, caso pudesse cumprir com o termo legal do contrato. 7.11. A declarao formal da dissoluo do contrato Ao final do contrato, o prestador de servio tem o direito de exigir da outra parte uma declarao, afirmando que as obrigaes contradas foram finalizadas, bem como se for despedido sem ou com justa causa. 7.12. Exigncia de capacitao Nas hipteses de prestao de servio por pessoa que no possua ttulo de habilitao ou no satisfaa requisitos estabelecidos em lei, no poder ser cobrada retribuio correspondente ao trabalho executado por quem o prestou. Se o servio for prestado de boa-f, o juiz arbitrar compensao razovel, exceto quando a proibio da prestao de servio resultar de lei de ordem pblica. 7.13. Formas de extino do contrato A lei civil estabeleceu algumas formas de extino do contrato, dentre elas consta a morte de qualquer das partes, escoamento do prazo contratualmente determinado, concluso da obra, resciso do contrato mediante aviso prvio, inadimplemento de qualquer das partes ou impossibilidade da continuao do contrato motivada por fora maior. 7.14. Aliciamento do prestador de servio Atente-se para a leitura do artigo 608 do Cdigo Civil: Art. 608. Aquele que aliciar pessoas obrigadas em contrato escrito a prestar servio a outrem pagar a este a importncia que ao prestador de servio, pelo ajuste desfeito, houvesse de caber durante dois anos.

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    7.15. Alienao do prdio agrcola e suas consequncias No implica a resciso do contrato quando o prdio agrcola, local da prestao de servios, alienado, salvo no caso em que o prestador opte em continuar com o adquirente da propriedade ou com o contratante inicial. 8. EMPREITADA (arts. 610 a 626 do CC) 8.1. Conceito Trata-se de contrato em que o contratado/empreiteiro se obriga, sem subordinao ou dependncia, a realizar pessoalmente ou por terceiros determinada obra para o dono ou para o empreiteiro contratado, com material prprio ou fornecido pelo dono da obra, mediante remunerao determinada ou proporcional ao trabalho executado. 8.2. Natureza jurdica a) Bilateral gera deveres a ambas as partes. b) Comutativo possui o prvio conhecimento das obrigaes contratuais. c) Oneroso proporciona repercusso econmica. d) Informal e no solene no h previso legal expressa quanto sua forma, podendo ser verbal, escrito ou por instrumento particular. e) Consensual deriva da vontade comum das partes. f) Instantneo ou de longa durao o primeiro se consumar com a prtica do ato, j o segundo necessita de tempo para se exaurir. g) No personalssimo sua execuo pode ser confiada a terceiros, sob a responsabilidade do empreiteiro. 8.3. Espcies a) de lavor neste contrato o empreiteiro somente contribui com o seu trabalho; b) mista o empreiteiro contribui com o seu trabalho, mas tambm com os materiais necessrios para a sua realizao;

    c) de projeto a obrigatoriedade do empreiteiro somente entregar o seu projeto final; d) instantnea estabelecida remunerao fixa para a execuo da obra; e) por medida/ad mensuram nesta modalidade, a fixao do preo determinada pelas etapas realizadas, isto , a remunerao proporcional ao trabalho executado; f) por administrao na qual o empreiteiro se encarrega da execuo do projeto, pesquisando preo, profissionais, dentre outros aspectos, sendo remunerado de forma fixa ou atravs de um percentual sobre o custo da obra. 8.4. Deveres e direitos do dono da obra Quando a obra for concluda de acordo com o que foi pactuado inicialmente, o dono da obra ser obrigado a aceit-la, podendo rejeit-la caso o empreiteiro se afaste das instrues recebidas, dos planos dados ou das regras tcnicas em trabalhos de tal natureza. 8.5. Responsabilidade do empreiteiro Existem trs pontos a serem analisados: a) Consoante o artigo 617 do CC: Art. 617. O empreiteiro obrigado a pagar os materiais que recebeu, se por impercia ou negligncia os inutilizar. b) O empreiteiro responder durante o irredutvel prazo de cinco anos, pela solidez e segurana do trabalho, como tambm em razo dos materiais utilizados; contudo decair o direito do dono da obra que no propuser a ao contra o empreiteiro, nos 180 dias seguintes ao aparecimento do vcio ou defeito; cumpre ressaltar que tal responsabilidade objetiva segundo a norma do artigo 618 do CC, cuja obrigao de resultado. c) Se a obra ficar paralisada sem justo motivo resolve-se em perdas e danos, podendo o empreiteiro suspender a obra nos casos do artigo 625 do CC. 8.6. Subempreitada Esta modalidade contratual no possui natureza personalssima, podendo a

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    execuo da obra ser confiada a terceiros, desde que os mesmos no assumam a direo ou fiscalizao do servio, ficando limitados os danos resultantes de defeitos durante o irredutvel prazo de cinco anos. 9. DEPSITO (arts. 627 a 652 do CC) 9.1. Conceito Neste contrato, o depositrio recebe um objeto mvel para guardar at que o depositante o reclame, sendo em regra gratuito, exceto se houver conveno em contrrio e for fruto de atividade negocial ou se o depositrio o praticar por profisso. 9.2. Natureza jurdica a) Real depende da entrega da coisa. b) Unilateral somente gera obrigaes a uma das partes, todavia excepcionalmente na hiptese do artigo 643 do Cdigo Civil, poder se tornar contrato bilateral imperfeito. c) Gratuito regra geral onera somente uma das partes, havendo extraordinariamente remunerao ao depositrio. d) Informal no obstante o deposito voluntrio se provar por escrito, no h regramento especfico para a sua celebrao. e) No solene pode ser feito por instrumento particular. f) Personalssimo o contrato ser ajustado de acordo com o depositrio, podendo ser afastado quando o depositrio for pessoa jurdica. g) Temporrio pode ser estipulado prazo final ou no nesta modalidade de contrato. 9.3. Modalidades a) voluntrio decorre da autonomia da vontade das partes; b) necessrio no resulta da autonomia da vontade, sendo subdividido em: b.1) legal origina-se do direito positivo; b.2) miservel sucede de calamidade pblica; b.3) hospedeiro depende da guarda das bagagens de hospedes; c) regular deriva de bem infungvel e inconsumvel;

    d) irregular oriunda de bem fungvel ou consumvel; e) judicial possui como finalidade resguardar a coisa at a deciso final judicial, derivando de mandado judicial; f) bem indivisvel diz o artigo 639 da lei civilista: Art. 639. Sendo dois ou mais depositantes, e divisvel a coisa, a cada um s entregar o depositrio a respectiva parte, salvo se houver entre eles solidariedade. g) fechado conforme o artigo 630 do Cdigo Civil: Art. 630. Se o depsito se entregou fechado, colado, selado, ou lacrado, nesse mesmo estado se manter. 9.4. Direitos e deveres do depositrio A lei traz ao longo do texto os seguintes direitos: a) o depositante ter o direito de obter a restituio sobre as despesas necessrias; b) direito de reteno do bem depositado para o caso de inadimplemento; c) ser remunerado, nas hipteses que devida a remunerao. Alm disso, ter como dever: a) custodiar a coisa com o devido zelo; b) obter autorizao do depositante para usar a coisa depositada; c) restituir o bem no prazo final, no local pactuado, se responsabilizando pela coisa at a sua efetiva entrega. 9.5. Direitos e deveres do depositante Como dever, consta o de pagar pelas despesas referentes manuteno do depsito, bem como sobre os prejuzos que a coisa gerar ao depositrio. O depositrio tem o direito de ser ressarcido no caso de deteriorao do bem depositado.

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    9.6. Da priso do depositrio infiel A presente matria, objeto de antigas controvrsias, foi pacificada pela Smula Vinculante n. 25 do STF estabelecendo que: Smula Vinculante n. 25. ilcita a priso civil de depositrio infiel, qualquer que seja a modalidade do depsito. 9.7. Extino do depsito O presente contrato ser extinto por resilio unilateral, pelo trmino do prazo estabelecido, pelo perecimento da coisa, morte do depositrio e pela incapacidade civil do depositrio. Importante se faz mencionar a Lei n. 2.313/54, prevendo que aps o prazo de 25 anos, se a coisa no for reclamada, os bens sero recolhidos ao Tesouro Nacional. 10. DO MANDATO (arts. 653 a 692 do CC) 10.1. Conceito Esta modalidade contratual ocorre enquanto algum substitui outra pessoa, com poderes legais necessrios confiados para agir em nome do representado, atuando consoante sua vontade. 10.2. Natureza jurdica a) Unilateral gera somente obrigaes ao mandatrio. b) Gratuito se no ficar estipulada remunerao, exceto quando se tratar de ofcio ou profisso lucrativa do mandatrio. c) Oneroso ser cabvel a remunerao pactuada entre as partes e, na ausncia, a prevista em lei de acordo com a categoria profissional, estabelecendo-se, ainda, conforme os usos e costumes do lugar da celebrao ou por arbitramento judicial. d) Consensual deriva da autonomia da vontade das partes. e) Comutativo as partes j conhecem os seus efeitos. f) Preparatrio serve para preparar a prtica de um terceiro ato. g) Informal e no solene inexiste previso legal sobre o seu formato.

    10.3. Espcies a) Judicial possui a finalidade de representar perante o Poder Judicirio o outorgante. b) Legal no h instrumento por decorrer da lei. c) Escrito materializado por instrumento pblico ou particular. d) Verbal inexiste documento escrito, sendo evidenciado por prova testemunhal. e) Expresso e tcito o primeiro se forma explicitamente atravs de sua forma, podendo ser verbal ou escrito, entretanto, o segundo se d com a definio dos deveres em decorrncia de outra pessoa. f) Aparente ter o mandatrio o dever de remunerar, adiantar as despesas necessrias, reembolsar as despesas feitas na execuo do mandato, ressarcir os prejuzos, honrar os compromissos em seu nome assumidos, vincular-se com quem seu procurador contratou, responsabilizar-se solidariamente nas hipteses legais, pagar a remunerao do substabelecido e vincular-se a terceiro de boa-f. g) Salariado trata-se de obrigao de meio, em que a remunerao se d independente do resultado-fim. h) Geral engloba todo o patrimnio do outorgante. i) Especial abrange um ou mais negcios do mandante. j) Conjunto quando h uma pluralidade de mandatrios que devem participar do ato designado. l) Solidrio com clusula in solidum, cada mandatrio poder realizar o mister independente dos demais. m) Fracionrio sempre que existir diviso de tarefas devidamente delimitada entre os mandatrios. n) Singular preza pela existncia de apenas um outorgado. o) plural sempre que vrios so nomeados no instrumento de mandato. 10.4. Submandato Contrato acessrio ao mandato principal, devendo ser escrito, por meio do instrumento de substabelecimento, e tem como objeto obrigao de fazer fungvel. Se houver

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    reservas, tanto o mandatrio quanto o submandatrio podem realizar as tarefas. Todavia, quando este instrumento for sem reservas, o mandatrio revoga os seus prprios poderes perante o mandante, repassando-os para o submandatrio. 10.5. Obrigaes do mandatrio A lei civil estabelece as regras gerais de obrigaes do mandatrio nos artigos 667 a 674, cuja leitura se faz obrigatria, podendo ser listados aqui os principais deveres: a) agir em nome do mandante dentro dos limites outorgados no instrumento de mandato; b) ser diligente na execuo do contrato e indenizar no caso de prejuzo causado por sua culpa ou de quem substabeleceu; c) prestar contas com o mandante, transferindo as vantagens provenientes do instrumento de mandato; d) se identificar como mandatrio perante terceiros com quem tratar; e) concluir a tarefa a que foi contratado. 10.6. Obrigaes do mandante de extrema importncia a leitura dos artigos 675 a 681 do CC, podendo ser enumerados aqui os principais deveres: a) satisfazer todas as obrigaes contradas pelo mandatrio, na conformidade do mandato conferido, e adiantar a importncia das despesas necessrias execuo dele, quando necessrio se fizer; b) a pagar ao mandatrio pela remunerao ajustada e despesas da execuo do mandato, ainda que o negcio no surta o esperado efeito, exceto tendo o mandatrio culpa; c) obrigatrio o mandante ressarcir ao mandatrio as perdas que este sofrer com a execuo do mandato, sempre que no resultem de culpa sua ou de excesso de poderes; d) o mandante ficar obrigado para com aqueles com quem o seu procurador contratou, ainda que o mandatrio contrarie as instrues originrias;

    e) o mandatrio tem direito de reteno sobre a coisa de que tenha a posse em virtude do mandato, at se reembolsar do que no desempenho do encargo despendido; 10.7. Extino do contrato O Cdigo Civil regulamenta o tema nos artigos 682 a 691 determinando a extino nas hipteses de revogao, renncia, morte de uma das partes, interdio de uma das partes, mudana de estado de uma das partes, trmino do prazo e concluso do negcio. 11. CONTRATO DE FIANA (arts. 818 a 839 do CC) 11.1. Conceito Trata-se de garantia fidejussria em que um terceiro (fiador) passa a garantir pessoalmente perante o credor a dvida do devedor com seu patrimnio, tendo dessa forma uma responsabilidade sem dbito. 11.2. Natureza jurdica a) Gratuito quem obtm o benefcio deste contrato o credor, que tem o seu direito de crdito garantido. Porm, pode ser oneroso, como no caso da fiana bancria. Nessa ltima hiptese ser aplicada as regras do CDC. b) Consensual atende autonomia da vontade das partes. c) Formal exige, minimamente, documento escrito. d) No solene no h necessidade de escritura pblica. e) Obrigao acessria a sua existncia depende de um contrato principal. f) Tpico possui previso legal. g) Fiducirio essencialmente decorre da confiana das partes. 11.3. Seus efeitos e regras a) As dvidas futuras podem ser objeto de fiana, mas o fiador, nesse caso, no ser demandado seno depois que se fizer certa e lquida a obrigao do principal devedor (art. 821 do CC).

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    b) A fiana poder abranger a totalidade da dvida (total) ou parte da dvida (parcial), sendo a primeira ilimitada e a segunda limitada. c) O credor possui o direito de examinar a idoneidade da fiana, no podendo ser obrigado a aceit-lo se o mesmo no for idneo, domiciliado no municpio onde tenha de prestar a fiana, e no possua bens suficientes para cumprir a obrigao. d) Se houver insolvncia do fiador, o credor poder exigir a sua substituio. e) inerente fiana o benefcio de ordem, qual seja, o fiador exigir que inicialmente seja executado o bem do devedor para posteriormente ter o seu patrimnio atingido. f) A solidariedade no se presume, decorre da lei ou da vontade das partes, logo inexiste diploma legal dizendo que o devedor e o fiador so solidrios; se inexistir no contrato, no se poder presumi-los solidrios, pois isso violaria a regra legal. g) A fiana poder ser prestada conjuntamente a um s dbito, por mais de uma pessoa, importando o compromisso de solidariedade entre elas se declaradamente no se reservarem o benefcio da diviso, respondendo cada fiador unicamente pela parte que proporcionalmente lhe couber no pagamento. h) O fiador tambm tem direito perante o devedor de ser ressarcido de todas as perdas e danos que vier a sofrer em razo da fiana. i) Poder o fiador promover o andamento da execuo contra o devedor nos casos em que o credor, sem justa causa, demorar a executar. j) Segundo a doutrina majoritria, a renncia convencional nula. l) A obrigao do fiador passa para os herdeiros, mas fica limitado ao quinho hereditrio (foras da herana). m) o nico contrato em que h compensao sem reciprocidade de crditos e dbitos, podendo ser compensado com o credor o que este deve ao afianado. n) A desonerao de fiador em locao urbana regulada pelo artigo 40 da Lei n. 8.245/91, em que o fiador ainda responde no perodo de 120 dias aps a sua desonerao, enquanto a da lei civil, o fiador ficar obrigado por todos os efeitos da fiana, durante 60 dias aps a notificao do credor.

    o) No obstante discusses anteriores acerca da constitucionalidade da penhora do nico bem imvel do fiador, o STF pacificou este entendimento acerca da possibilidade, declarando a constitucionalidade do artigo 3, inciso VII, da Lei n. 8.009/90. 11.4. Extino da fiana So casos de extino da fiana: a) resilio unilateral; b) morte; c) O fiador pode opor ao credor as excees que lhe forem pessoais e as extintivas da obrigao que competem ao devedor principal, se no provierem simplesmente de incapacidade pessoal, salvo o caso do mtuo feito a pessoa menor; d) o fiador, ainda que solidrio, ficar desobrigado se, sem o seu consentimento, o credor conceder moratria ao devedor; se por fato do credor, for impossvel a sub-rogao nos seus direitos e preferncias; se o credor, em pagamento da dvida, aceitar amigavelmente do devedor objeto diverso do que este era obrigado a lhe dar, ainda que depois venha a perd-lo por evico; e) em caso de ser invocado o benefcio da excusso e o devedor, retardando-se execuo, cair em insolvncia, ficar exonerado o fiador que o invocou, se provar que os bens por ele indicados eram, ao tempo da penhora, suficientes para a soluo da dvida afianada;

    QUESTES DE CONCURSOS 1 (CESPE 2013 TRT 5 Regio (BA) Juiz do Trabalho). Questo 59. Assinale a opo correta com relao aos contratos em espcie, regidos pelo direito civil brasileiro. a) O doador ou o terceiro interessado, na doao com encargo sem estabelecimento de prazo para o cumprimento, poder, na hiptese de inexecuo do encargo, notificar judicial ou extrajudicialmente o donatrio, constituindo-o em mora e revogando a doao.

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    b) A obrigao assumida, no depsito voluntrio gratuito, a de guardar a coisa e restitu-la quando o depositante a reclame, podendo o depositrio fazer uso do bem depositado ou confi-lo a terceiro, no respondendo pela perda do bem em casos fortuitos e de fora maior. c) O mtuo, contrato real e unilateral, tem como caractersticas a temporariedade, a fungibilidade da coisa emprestada, a translatividade de domnio do bem emprestado e a obrigatoriedade de restituio de outra coisa da mesma espcie, qualidade e quantidade. d) No contrato de mandato, com clusula de irrevogabilidade, a revogao ser sempre expressa, no sujeitando o mandante a indenizao, devendo apenas notificar o mandatrio e terceiros, informando-os que o mandato foi revogado, sob pena de ter de cumprir as obrigaes assumidas perante estes ltimos, que de boa-f contratem com o mandatrio. e) Preempo a disposio contratual segundo a qual o comprador da coisa se obriga a vender o bem ao vendedor, pelo preo equivalente ao que foi adquirido, ou de dar em pagamento, para que este use seu direito de prelao. COMENTRIOS De acordo com os artigos 586 e 587 do CC, o mtuo o emprstimo de coisas fungveis. O muturio obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo gnero, qualidade e quantidade, neste negcio jurdico, transferido o domnio da coisa emprestada ao muturio, por cuja conta correm todos os riscos dela desde a tradio. Portanto, est correta a assertiva de letra C. 2. (TRT 14R - 2014 - TRT - 14 Regio (RO e AC) - Juiz do Trabalho) O trabalho a terceiros regulado pelo Cdigo Civil, como o pela Consolidao das Leis do Trabalho, a CLT, aplicando-se esta relao de trabalho que atenda aos requisitos estabelecidos em seus artigos 2 e 3 . Dentre os enunciados abaixo, previstos nas condies gerais aplicveis a prestao de servios do Cdigo Civil,

    qual deles mais se difere do tratamento dado pela CLT relao de emprego? a) O contrato de prestao de servio acaba com a morte de qualquer das partes. Termina, ainda, pelo escoamento do prazo, pela concluso da obra, pela resciso do contrato mediante aviso prvio, por inadimplemento de qualquer das partes ou pela impossibilidade da continuao do contrato, motivada por fora maior; b) A alienao do prdio agrcola, onde a prestao dos servios se opera, no importa a resciso do contrato, (...); c) Nem aquele a quem os servios so prestados, poder transferir a outrem o direito aos servios ajustados, nem o prestador de servios, sem aprazimento da outra parte, dar substituto que os preste; d) Se o prestador de servio for despedido sem justa causa, a outra parte ser obrigada a pagar-lhe por inteiro a retribuio vencida, e por metade a que lhe tocaria de ento ao termo legal do contrato; e) Nenhuma das anteriores. COMENTRIOS A questo tem por gabarito a letra C. A assertiva traz a redao do art. 605, da lei civil dispondo que a pessoalidade aplicada tanto ao empregador quanto ao prestador de servios, todavia, o art. 2 e 3 da CLT ao conceituarem empregador e empregado, aplica o princpio da pessoalidade apenas ao empregado. 3. (Magistratura do Trabalho/TRT5 CESPE/2013) Acerca do contrato de compra e venda, segundo o direito civil vigente, assinale a opo correta. a) O exerccio da retrovenda impe ao vendedor a restituio do preo recebido, a indenizao pelo resgate e o reembolso das despesas do comprador com a realizao de benfeitorias necessrias e teis e mesmo com as que, durante o resgate, se efetuaram sem a sua autorizao. b) Os bens mveis infungveis podero ser vendidos com pacto de reserva de domnio, o qual define que o comprador s adquire a

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    propriedade e a posse da coisa ao integralizar o pagamento. c) A venda vista de amostra, prottipos ou modelos, em caso de inexatido entre esses e a mercadoria entregue, permite ao comprador manifestar a sua recusa, submetendo o vendedor s sanes decorrentes do descumprimento contratual. d) Os riscos de deteriorao ou perdimento da coisa no entregue, no contrato de compra e venda de bens mveis e imveis, so do vendedor e os riscos de pagamento correm conta do comprador, mas, se ocorrer o perdimento antes da tradio ou do registro, por caso fortuito ou de fora maior, os riscos correro por conta do comprador. e) No existindo conveno pelos contratantes, como regra geral,todas as despesas do negcio, incluindo as de escritura e registro, e os da tradio do bem objeto da compra e venda so de responsabilidade do comprador. COMENTRIOS Conforme redao do art. 484 do CC/02, Se a venda se realizar vista de amostras, prottipos ou modelos, entender-se- que o vendedor assegura ter a coisa as qualidades que a elas correspondem. Pargrafo nico. Prevalece a amostra, o prottipo ou o modelo, se houver contradio ou diferena com a maneira pela qual se descreveu a coisa no contrato. Correta a alternativa de letra C. 4. (FCC - 2014 - TRT - 18 Regio (GO) - Juiz do Trabalho) Em relao ao enriquecimento sem causa, examine o quanto segue: I. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer custa de outrem, ser obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualizao dos valores monetrios. II. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu obrigado a restitu-la, e, se a coisa no mais subsistir, a restituio se far pelo valor do bem na poca em que foi exigido. III. A restituio devida, no s quando no tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas tambm se esta deixou de existir.

    IV. Caber a restituio por enriquecimento, ainda que a lei confira ao lesado outros meios para se ressarcir do prejuzo sofrido. Est correto o que consta APENAS em a) I, III e IV. b) I, II e IV. c) II, III e IV. d) I, II e III. e) I e III. COMENTRIOS O item I est correto e reproduz o caput do art. 884, CC/02. O item II est correto e traz a redao do pargrafo nico do art, 884, da lei civil. E por fim, o item III traz o teor do art. 885, CC/02. Correta a assertiva de letra D. 5. (FCC - 2014 - TRT - 1 REGIO (RJ) - Juiz do Trabalho Substituto) Fernanda contratou servios de consultoria de moda, sem vnculo trabalhista, a serem prestados pessoalmente por Cibele, que no empresria, pelo prazo de seis anos. Passados exatos dois anos, e sem motivo, Cibele foi despedida, nada lhe sendo pago, exceto pelos servios at ento prestados. Neste caso, tendo em conta as regras do Cdigo Civil, Cibele tem direito a receber a) o equivalente ao que receberia durante um ano de servio. b) o equivalente a um ms do que recebia por ano de servio prestado. c) o equivalente ao que receberia durante seis meses de servio. d) integralmente o que receberia at o termo final do contrato. e) metade do que receberia at o termo final do contrato. COMENTRIOS De acordo com o disposto no art. 598, no se poder convencionar com mais de 4 anos, no caso em tela foi estipulado prazo superior sendo que completados 2 anos, a prestadora fora dispensada sem justa causa. Assim, deve ser aplicado o art. 603, da lei civil que dispe que Se o prestador de servio for despedido sem justa causa, a outra parte ser

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    obrigada a pagar-lhe por inteiro a retribuio vencida, e por metade a que lhe tocaria de ento ao termo legal do contrato. Correta a afirmativa de letra a. 6. (MPT - 2012 - MPT - Procurador) Marque a alternativa INCORRETA: a) O fiador continua com o seu benefcio de ordem ou de excusso ainda que se declare devedor solidrio, porm perde o direito ao benefcio, quando o devedor for insolvente ou falido. b) A solidariedade excepcional, no podendo ser presumida, vigorando como regra o fracionamento das obrigaes. c) A suspenso da prescrio em favor de um dos credores solidrios apenas aproveita aos outros se a obrigao for indivisvel. d) A pretenso em juzo de um dos credores julgada improcedente, seja por exceo pessoal ou comum, no atinge os demais cocredores que podem ajuizar aes em prol dos seus crditos posteriormente. COMENTRIOS O gabarito da questo a letra A e est incorreta, tendo por base legal o art. 828, do CC. A alternativa de letra B est correta, de acordo com o art. 269, CC. A letra C est certa, conforme disposto no art. 201, CC. E finalmente a letra D est correta de acordo com o art. 274 da lei civil.

    RESPONSABILIDADE CIVIL

    Por Cristiano Sobral 1. Conceito A matria a ser estudada vincula-se ao dever de no causar prejuzo injustamente, buscando-se a indenizao pelos danos sofridos, com a finalidade de reparao na medida do injusto causado resultante da violao do dever de cuidado. 2. Pressupostos a) ato ilcito ou conduta; b) culpa; c) dano; d) nexo causal. 2.1. Ato ilcito ou conduta Conduta contrria ao direito positivado, tendo por elementos a antijuridicidade, ou seja, o ato ser contrrio ordem jurdica e o agente ser imputvel, respondendo pelo mesmo por possuir maturidade e sanidade para a prtica dos atos civis. 2.1.1. Espcies a) indenizatrio busca a reparao do estado inicial da vtima (status quo ante); b) invalidante tem como objetivo a invalidade do ato praticado de forma ilcita; c) caducificante resulta na efetiva perda do direito; d) autorizante a lei autoriza a prtica de uma conduta em rejeio a um ilcito. 2.2. Culpa A culpa pode ser dividida em dois casos: a) culpa latu sensu: tem o dolo como sua modalidade mais grave, podendo o mesmo ser encontrado nas seguintes formas: dolo direto: o agente deseja a prtica do ilcito; dolo necessrio: fala a respeito de um efeito colateral tpico decorrente do meio escolhido

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    e admitido, pelo autor, como certo ou necessrio; dolo eventual: o agente, com a sua conduta, assume o risco do ilcito. b) culpa strictu sensu (mera culpa): o agente pratica o ilcito com a ausncia do dever de cuidado, gerando as seguintes espcies: negligncia a conduta caracterizada pelo desleixo; imprudncia a conduta omissiva; impercia a falta de habilidade tcnica. Diante do tema abordado, constata-se a existncia de uma classificao referente graduao, em que a culpa poder ser: grave em razo do erro grosseiro, leve diante de falta evitvel e, ainda, levssima ante a falta de ateno extraordinria. Sendo a indenizao obrigatria em qualquer um desses graus (in lege Aquilia et levissima culpa venit). 2.2.1. Espcies de culpa strictu sensu a) contratual violao de um dever jurdico originariamente estabelecido; b) extracontratual ou aquiliana aquela que ocorre sem qualquer estabelecimento de relao jurdica originria; c) in comitendo em cometer, culpa por agir com imprudncia; d) in omitendo culpa em omitir; e) in vigilando culpa pela vigilncia; f) in eligendo culpa pela escolha; g) in custodiando culpa pela custdia, por guardar; h) presumida a culpa, nesse caso, essencial para o dever de reparar, geralmente a lei j faz o juzo de presuno, no sendo a mesma adotada pelo CC/02, e, nas situaes de previso em leis esparsas, a doutrina entende que se considera caso de responsabilidade objetiva; i) concorrente hiptese em que o agente e a vtima contribuem para a prtica do evento danoso, sendo devida, segundo a doutrina, a diviso proporcional dos graus de culpa entre eles.

    2.3. Dano As espcies de dano existentes so: material, moral, esttico, coletivo e social e a perda de uma chance. 2.3.1. Espcies 2.3.1.1. Dano material Trata-se de uma efetiva leso patrimonial, podendo ser total ou parcial, suscetvel de avaliao pecuniria. 2.3.1.1.1. Danos emergentes e lucros cessantes a) danos emergentes do latim damnum emergens, significa a perda efetivamente sofrida; b) lucros cessantes atinge o patrimnio futuro (ganho espervel), impedindo seu crescimento. 2.3.1.2. Dano incerto Segundo entendimento do STJ, no se pode indenizar um dano incerto, em razo da prpria natureza da responsabilidade civil, que a efetiva reparao de dano causado ao patrimnio. 2.3.1.3. Dano material futuro Inexiste a possibilidade desta modalidade, uma vez que somente se pode exigir reparao por danos causados e no por danos a causar, isto , que podero acontecer futuramente, inexistindo leso patrimonial. 2.3.1.4. Dano moral uma espcie de dano, extrapatrimonial, por violao aos direitos inerentes pessoa, contidos nos direitos da personalidade. 2.3.1.4.1. Formas de fixao

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    2.3.1.4.1. Compensatrio So analisados dois requisitos concomitantemente: extenso do dano + condies pessoais da vtima. 2.3.1.4.2. Punitiva Neste outro ponto, existem dois requisitos: condies econmicas + grau de culpa do ofensor. 2.3.1.4.2.1. Punitive damages Traduzido para a lngua portuguesa, danos punitivos, seria aquilo que a doutrina chama de dano moral punitivo. Defende-se o entendimento de que tal instituto seja possvel se o juiz entender que diante da proporcionalidade entre a culpa e o dano cabvel indenizao com o objetivo de punir o agente pela prtica. Todavia, parte da doutrina possui posicionamento diverso, interpretando que se inexiste previso no CC/02, logo, no possvel ser adotado, sob pena de configurar enriquecimento sem causa como disposto no artigo 884 do CC. 2.3.1.4.2. Dano moral direto e indireto ou ricochete Ocorre o dano moral direto quando o ofendido diretamente atingido nos seus direitos da personalidade. O sofrimento, a dor e o trauma provocados pela morte de um ente querido podem gerar o dever de indenizar. Assim tem se posicionado o Superior Tribunal de Justia (STJ) ao julgar os pedidos de reparao feitos por parentes ou pessoas que mantenham fortes vnculos afetivos com a vtima. Trata-se de dano moral reflexo ou indireto, tambm denominado dano moral por ricochete. 2.3.1.4.3. Dano moral pessoa jurdica No pacfico o ponto de vista da matria abordada, sendo majoritrio o entendimento de que possvel que a pessoa jurdica possa sofrer dano moral, conforme dispe a Smula n. 227 do STJ: A pessoa jurdica pode sofrer dano moral.

    2.3.1.4.4. A no possibilidade de incidncia de imposto de renda O dano moral uma recomposio de leso, ainda que extrapatrimonial, e por tal motivo a sua indenizao no significa um acrscimo patrimonial, no incidindo desse modo no imposto de renda sobre as verbas recebidas a ttulo de ressarcimento pelos danos causados. 2.3.1.4.5. Dano moral coletivo e social. Diferenas. Posicionamento da jurisprudncia do STJ O dano moral coletivo a leso extrapatrimonial aos direitos da personalidade de um determinado grupo, como, por exemplo, discriminao sexual, etnia, religio, dentre outras. J o dano moral social envolve a sociedade, ou seja, um grupo indeterminado, no se podendo medir a quantidade de pessoas lesionadas. Um grande exemplo, a ao civil pblica movida pelo MPF/SP, em face da Rede TV, por ter entrevistado ao vivo a vtima Elo no cativeiro momento antes de seu assassinato. Nesta ocasio, foi impossvel medir a quantidade de pessoas no pas que estavam assistindo ao programa, sendo indiscutvel, ainda, a exposio da vtima em rede nacional, argumentos estes objetos da discusso nos autos do processo n. 2008.61.00.029505-0, distribudo perante a 6 Vara Federal Cvel de So Paulo. 2.3.1.4.6. Prova do dano moral Segundo entendimento pacfico do STJ, o dano moral chamado de in re ipsa (presumido), ou dano na prpria coisa, bastando demonstrar unicamente o fato. 2.3.1.4.7. A quantificao dos danos morais No momento de fixar o quantum debeatur, o magistrado dever estabelecer uma reparao equitativa, baseada na culpa do agente, na extenso e na gravidade do prejuzo causado, bem como na capacidade econmica das partes. A indenizao deve apresentar um critrio de razoabilidade,

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    proporcionalidade e ao mesmo tempo necessria condenao do agente. 2.3.1.5. Dano esttico a efetiva leso integridade corporal da vtima e, podendo ser indenizvel, o dano deve ser duradouro ou permanente ou, em alguns casos, impedir as capacidades laborativas. O STJ sumulou o seu entendimento no verbete n. 387, em que: lcita a cumulao das indenizaes de dano esttico e dano moral. 2.3.1.6. Perda de uma chance Ocorre quando a vtima possui uma chance sria e real, englobando tanto o dano moral quanto o material. Exemplificando: nas Olimpadas de Atenas em 2004, o maratonista Vanderlei Cordeiro de Lima estava liderando a prova, at que por volta do 36 km de prova, um padre irlands o empurrou desconcentrando-o e retirando o ritmo da prova, fazendo com que o atleta conquistasse apenas o bronze. Outro grande exemplo de perda de uma chance foi caso no programa Show do Milho (REsp. n. 788.459/BA), em que foi questionada ao participante uma pergunta que no possua resposta correta. Nesse sentido, o STJ entendeu por reduzir a indenizao para o valor de R$ 125.000,00 (cento e vinte e cinco mil reais) de acordo com a probabilidade matemtica de o participante acertar, o que, data vnia, saiu de graa para quem teria o dever de pagar um milho de reais. 2.4. Nexo causal o vnculo ou relao de causa e efeito entre a conduta e o resultado, existindo diversas teorias, sendo adotada pela jurisprudncia a Teoria do Dano Direto e Imediato. No entanto, essencial listar as principais teorias existentes: Teoria da equivalncia das condies/conditio sinequa non nesta teoria no h diferena entre os antecedentes do

    resultado danoso, de forma que tudo ir concorrer para o evento considerado causador. Ela no adotada em nosso ordenamento. Teoria da causalidade adequada adotada pelo CC/02 nos artigos 944 e 945, para esta teoria, considera-se como causa todo e qualquer evento que haja contribudo para a efetiva ocorrncia do resultado. Portanto, para que ela possa ser adotada, deve-se estar diante de uma causa adequada e apta efetivao do resultado. Teoria do dano direto e imediato segundo essa teoria, ser indenizvel todo o dano que se filia a uma causa, ainda que remota, desde que necessria, encontrando respaldo no artigo 403 do atual Cdigo Civil. 2.4.1. Concorrncia de causas a) Subsequentes causado pela prtica de conduta oriunda de um ato fundamentando por prtica posterior. b) Complementares gerado pela a prtica da conduta de dois ou mais agentes que, sem a ajuda do outro, no seria atingido o fim pretendido. c) Cumulativas no haveria necessidade da conduta dos agentes somarem-se, em razo de que ambas atingiriam o objetivo-fim da mesma maneira. d) Alternativas no h como definir o agente causador do dano. e) Preexistentes a conduta do agente por si s no atingiria o resultado-fim se j existisse outra causa. f) Concomitantes so causas geradoras do dano que so produzidas ao mesmo tempo. g) Supervenientes surgem aps o evento danoso. 3. O risco H diversas espcies de risco dispostas no ordenamento jurdico, devendo ser mencionadas as principais: risco proveito todo nus deve ser suportado por quem recebe o bnus;

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    risco profissional deriva das relaes de trabalho; risco excepcional origina-se de atividades que exigem elevado grau de perigo; risco integral modalidade mais elevada de responsabilidade objetiva por no admitir excluso de culpabilidade, em razo de o agente ser o responsvel universal, adotado excepcionalmente no ordenamento jurdico nas seguintes formas: dano ambiental: art. 225, 3, CF/88 c/c o art. 14, 1, da Lei n. 6.931/81, defende que o dano ambiental dever ser reparado independentemente de culpa; seguro obrigatrio DPVAT: Lei n. 6.194/74 com posterior alterao pela Lei n. 8.441/92 estabelece indenizao s vtimas de acidente de veculos automotores independente de culpa ou de identificao do veculo automotor; danos nucleares art. 21, inciso XXIII, d, CF, responsabilidade civil por danos nucleares, na qual tambm foi adotada a teoria do risco integral. 4. Responsabilidade por ato prprio Transcorre por ato do prprio agente, ora causador do dano. Est disposta nos artigos 939 e 940 do CC. Conforme o primeiro dispositivo, quem demandar judicialmente contra devedor antes de vencida a dvida, fora dos casos em que a lei o permita, ficar obrigado a aguardar o vencimento, bem como pagar as custas em dobro, sendo obrigado ainda a descontar os juros, por serem, at o momento, indevidos. J o segundo dispositivo, quem demandar judicialmente por dvida j paga, ainda que somente parte desta, ficar obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado. E, ainda, se litigar sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficar obrigado a pagar ao devedor o equivalente do que dele exigir. Em

    ambos os casos, fica ressalvado se j tiver ocorrido a prescrio. A diferena entre o artigo 940 do Cdigo Civil e o pargrafo nico do artigo 42 da Lei n. 8.078/90, que o primeiro somente aplicvel a cobranas judiciais e o segundo, a todas as judiciais e extrajudiciais. 5. Responsabilidade por ato de outrem ou responsabilidade indireta De acordo com os ditames do artigo 932 da norma civilista, o caso que terceiros praticam o ilcito e o responsvel legal responde pelo fato, isto , responde (Haftung) mesmo sem ter contrado o dbito (Schuld). O CC/02 adotou para esses casos a responsabilidade objetiva, conforme redao do artigo 933. A responsabilidade solidria prevista no artigo 942 da lei civil aplicvel nos casos dos incisos III, IV e V do artigo 932. Os pais iro responder pelos atos dos filhos que estiverem sob sua guarda e companhia, mesmo que provarem no agir com negligncia. A responsabilidade ser objetiva, e os pais iro substituir os filhos, consoante a Teoria da Substituio. A responsabilidade do tutor e curador pelos pupilos e curatelados que se acharem sob sua autoridade e companhia aplicada nos mesmos moldes que a responsabilidade dos genitores. Importante ressaltar que inexiste proibio legal sobre direito de regresso em face dos pupilos ou curatelados. No caso do empregador ou comitente, por seus empregados, serviais e prepostos, no exerccio do trabalho que lhes competir ou em razo dele, o CC/02 inovou. Anteriormente, a aplicao do Cdigo Civil de 2002, nesses casos, havia a responsabilidade por culpa in elegendo, como culpa presumida na forma da Smula n. 341 do STF que, ao final, resultava nas mesmas consequncias previstas no atual diploma civil, que transformou em responsabilidade objetiva.

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    A norma abrange no somente a relao de emprego, mas toda e qualquer outra relao empregatcia com subordinao, chamada de preposio. Referente aos donos de hotis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educao, pelos seus hspedes, moradores e educandos, alguns pontos merecem destaque. A responsabilidade objetiva como acima mencionado. Os hotis, em especial, responderiam tambm, caso o CC/02 no dispusesse sobre essa matria, de maneira objetiva, por fora do artigo 14 da Lei n. 8.078/90, visto que est presente o risco da atividade desenvolvida. Tanto nos casos dos hospitais, clnicas e outros estabelecimentos similares, bem como nas escolas, enquanto estiverem no referido local, aplica-se a teoria da guarda. Quando o paciente nos hospitais for menor ou adolescente, dever ser observado o artigo 12 da Lei n. 8.069/90 do ECA: Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento sade devero proporcionar condies para a permanncia em tempo integral de um dos pais ou responsvel, nos casos de internao de criana ou adolescente. Atualmente, esto na moda os casos de bullying, que consiste em apertadssima sntese na prtica infantil de deboche com isolamento da pessoa naquela comunidade, geralmente ocorrendo nos colgios. Logo h responsabilidade pedaggica do estabelecimento de ensino, sob pena de infrao administrativa, conforme artigo 245 do ECA: Art. 245. Deixar o mdico, professor ou responsvel por estabelecimento de ateno sade e de ensino fundamental, pr-escola ou creche, de comunicar autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmao de maus-tratos contra criana ou adolescente. Pena multa de trs a vinte

    salrios de referncia, aplicando-se o dobro em caso de reincidncia. Em relao aos que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, ser responsabilizado objetivamente at a concorrente quantia da qual tirou o proveito efetivo, consagrando o Princpio da reparao do indevido. Deve ser ressaltada a norma do artigo 934 da lei civil, que trata do direito de regresso. Somente no caso do inciso I do artigo 932 no ser cabvel tal direito. Ateno! 5.1. Independncia das responsabilidades civil e criminal A responsabilidade civil e criminal possui comunicao, no entanto, ir prevalecer de forma absoluta o reconhecimento do fato e de autoria na justia penal (art. 935 do CC). No corre a prescrio antes do trnsito em julgado da sentena penal condenatria (art. 200 do CC) e esta formar ttulo executivo judicial na jurisdio civil, consoante disposio do CPC. 6. Responsabilidade por fato da coisa ou do animal O dono de edifcio ou construo responde pelos danos que resultarem de sua runa, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade seja manifesta. Aquele que habitar prdio, ou parte dele, responsabiliza-se pelo dano proveniente das coisas que dele carem ou forem lanadas em lugar indevido. Quando no possvel identificar em um prdio com diversos blocos o autor do lanamento de objetos, a doutrina entende que se aplica a Teoria da Pulverizao dos Danos, respondendo todos os condminos por no se conseguir individualizar a conduta. J a responsabilidade por fato do animal se aplica tambm a teoria da guarda, devendo o dono ou o detentor de animal ressarcir o dano causado por este. Essa regra aplicvel tanto

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    ao adestrador quanto aos estabelecimentos especializados. Para estes casos, so aplicveis a iseno de responsabilidade mediante produo probatria da culpa exclusiva da vtima ou fora maior. 8. Excludentes de ilicitude e excludentes de responsabilidade As excludentes de ilicitude afastam a ilicitude da conduta, mas no o dever de indenizar, respondendo o agente pelos atos lcitos. Tm-se, como exemplos, o estado de necessidade, a legtima defesa e o exerccio regular do direito. Por sua vez, as excludentes de responsabilidade rompem o nexo causal e afastam o dever de indenizar. Exemplos: o caso fortuito, a fora maior e a culpa exclusiva da vtima. 8.1. Estado de necessidade Baseia-se na deteriorao ou destruio da coisa alheia, ou leso pessoa, com o fim de remover perigo iminente, quando as circunstncias no autorizarem outra forma de atuao. Nesse caso, o agente ir atuar com o fim de resguardar direito seu ou de outra pessoa em situao de perigo concreto. Esta excludente foi regulamentada no artigo 188, inciso II, c/c artigo 929, ambos do Cdigo Civil. 8.2. Legtima defesa Este instituto preceitua que o agente, diante de situao de injusta agresso atual e iminente, a si ou a outra pessoa, age de forma moderada a repelir o acometido. Tal forma de excluso de ilicitude encontra-se prevista no artigo 188, inciso I, 1 parte, do diploma civil. No caso da defesa gerar danos a terceiros, dever o agente, ainda que licitamente em sua defesa ou de outrem, indenizar o terceiro na forma dos artigos 929 e 930 do Cdigo Civil.

    8.3. Exerccio regular do direito Presente no artigo 188, inciso I, 2 parte, da norma civilista, consiste na extrapolao dos fins colimados pela lei. Quando no for ilcito, ser exerccio regular do direito. Ressalte-se que o estrito cumprimento do dever legal no est previsto, dessa forma deve ser encarado como uma espcie de exerccio regular do direito. 8.4. Caso fortuito e fora maior So institutos bem parecidos e podem ser conceituados da seguinte maneira: a) Caso fortuito marcado pela imprevisibilidade, advm de causa desconhecida. b) Fora maior caracterizada pela inevitabilidade, sobrevm de causa conhecida. 8.5. Culpa exclusiva da vtima Diferente da culpa concorrente da vtima, a culpa exclusiva da vtima ocorrer quando ela concorrer sozinha para a ocorrncia do evento danoso. H previso legal neste sentido no artigo 14, 3, inciso II, da Lei n. 8.078/90. Um exemplo seria um consumidor que compra uma passagem para um determinado horrio e no comparece. A companhia no obrigada a devolver o valor da passagem em razo do servio ter sido prestado adequadamente e o consumidor no ter se beneficiado pelo seu no comparecimento. J a culpa concorrente, prevista no artigo 945 do Cdigo Civil, ocorrer se a vtima tiver concorrido culposamente para o evento danoso. A indenizao ser fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. importante destacar que se houver previso legal de responsabilidade objetiva no se discute a culpa, exceto quando se tratar de culpa exclusiva da vtima ou culpa concorrente.

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    8.6. Fato de terceiro Como o prprio nome diz, um terceiro estranho relao jurdica entre a vtima e o fornecedor de bens ou servios causa dano. Dessa forma, o fato de terceiro no exime o dever de indenizar, mas permite o direito de regresso em face do terceiro. 8.7. Clusula de no indenizar Somente poder ser utilizada nas hipteses de responsabilidade contratual, em que uma das partes estabelece clusula visando ao afastamento do dever de indenizar quando ocorrer o dano. Casos em que no ser aceita: a) cada vez que seu contedo tiver por fim exonerar devedor que incorreria em responsabilidade por dolo ou culpa grave; b) se houver violao a interesse de ordem pblica; c) diante dos hipossuficientes e vulnerveis; d) nos casos dos artigos 424 e 734 do Cdigo Civil; e) nas hipteses dos artigos 25 e 51, inciso I, da Lei n. 8.078/90; f) nas condies do artigo 247 da Lei n. 7.565/86 (Cdigo Brasileiro de Aeronutica); Requisitos para a validade da clusula de no indenizar: a) bilateralidade do consentimento; b) que no colida com preceito de ordem pblica; c) igualdade das partes; d) inexistncia do escopo de eximir o dolo ou a culpa grave do estipulante; e) ausncia da inteno de afastar obrigao inerente funo. QUESTES DE CONCURSOS 1. (TRT 8R - 2014 - TRT - 8 Regio (PA e AP) - Juiz do Trabalho) Analise as proposies a seguir segundo as regras ditadas no Cdigo Civil vigente e marque a nica alternativa que contempla as

    afirmaes CORRETAS: I - Na hiptese de deteriorao ou destruio da coisa alheia, ou leso a pessoa, a fim de remover perigo iminente, a pessoa lesada, ou o dono da coisa, se no forem culpados do perigo, tm direito indenizao do prejuzo que sofreram. II - Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. III - O empregador ou comitente responsvel pela reparao civil decorrente de dano causado por seus empregados, serviais e prepostos, no exerccio do trabalho que lhes competir, ou em razo dele. Nessa hiptese, fica excluda a responsabilidade do empregado, salvo se agiu com dolo. IV - Aquele que demandar por dvida j paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficar obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrio. A no ser que o ru prove ter sofrido algum prejuzo, a indenizao no ser devida se o autor desistir da ao antes da contestao. V - Os bens do responsvel pela ofensa ou violao do direito de outrem ficam sujeitos reparao do dano causado, mas a obrigao se extingue com a morte do autor do dano; se a ofensa tiver mais de um autor, a morte de um deles no exime o coautor de responder integralmente pela reparao. a) Esto corretas apenas as afirmaes I, II e V. b) Esto corretas apenas as afirmaes II, III e IV. c) Esto corretas apenas as afirmaes II e IV. d) Est correta apenas a afirmao IV. e) Esto corretas apenas as afirmaes I, II e IV. COMENTRIOS O item I est correto e tem por fundamento os arts. 188, inc. II c/c 929 todos do Cdigo Civil.

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    O item II reproduz o disposto no art. 934, do Cdigo Civil. E o item IV est correto e est fundamentado nos arts. 940 e 941 da lei civil. Certa afirmativa de letra e. 2. (FCC - 2014 - TRT - 1 REGIO (RJ) - Juiz do Trabalho Substituto) Joo X realizou uma compra em uma loja pagando com cheque sem proviso de fundos, sendo, por isso, inscrito nos cadastros negativos de entidades de proteo ao crdito. Nessa poca j corria em relao a ele processo de interdio por prodigalidade, o que foi informado ao gerente da loja, ocasio em que, tambm, foi proferida sentena de interdio, posterior compra. Passados cinco anos, a interdio foi levantada, e Joo X, imediatamente, moveu ao de indenizao por dano moral contra a empresria da loja, porque, sendo incapaz, no poderia ter seu nome lanado no rol dos maus pagadores. Na contestao, a r apenas alegou prescrio, porque as pretenses fundadas em responsabilidade civil extinguem-se pela prescrio, no prazo de trs anos. Neste caso, a) a arguio de prescrio no pode ser acolhida, porque a sentena de interdio interrompeu o prazo prescricional e recomeou a correr apenas com o seu levantamento. b) a arguio de prescrio deve ser acolhida, porque seu curso no foi obstado pela supervenincia da interdio. c) contra o autor no ocorreu prescrio, todavia, ele no pode ser aquinhoado com a pretendida indenizao, porque os incapazes no sofrem dano moral e sendo essa matria de ordem pblica, o Juiz dela conhecer de ofcio. d) no ocorreu prescrio, porque ela no corre contra os interditos por prodigalidade. e) a defesa est equivocada, porque o direito do autor extingue-se por decadncia e esta no pode ser reconhecida de ofcio. COMENTRIOS Correta a alternativa b. O caso em tela traz hiptese de prodigalidade, e conforme o art. 4 do Cdigo Civil, trata-se de incapacidade

    relativa, e segundo o disposto no art. 198, inc. I do mesmo diploma legal a prescrio no corre contra os incapazes do art. 3, referindo-se aos absolutamente incapazes. 3. (TRT 2R (SP) - 2013 - TRT - 2 REGIO (SP) - Juiz do Trabalho) Em relao prtica de atos e responsabilidade, observe as proposies abaixo e ao final aponte a alternativa que contenha proposituras corretas: I. Comete ato ilcito aquele que, por ao ou omisso voluntria, negligncia ou imprudncia, violar direito e causar dano a outrem, desde que no seja exclusivamente moral. II. Constitui-se em ato ilcito a deteriorao ou destruio da coisa alheia, ou a leso a pessoa, a fim de remover perigo iminente, excedendo os limites do indispensvel para a sua remoo. III.A penso correspondente indenizao oriunda de responsabilidade civil deve ser calculada com base no salrio mnimo vigente ao tempo da sentena e ajustar-se- a variaes ulteriores. IV.O incapaz responde pelos prejuzos que causar, se as pessoas por ele responsveis no tiverem obrigao de faz-lo ou no dispuserem de meios suficientes. V. Goza de privilgio especial sobre os bens do devedor, o crdito por custas judiciais, ou por despesas com a arrecadao e liquidao da massa. Est correta a alternativa: a) I, II e III. b) II, III e IV. c) III, IV e V. d) I, III e IV. e) II, III e V. COMENTRIOS Correta a assertiva de letra b. O item II est correto de acordo com o art. 188, inc. II e pargrafo nico do CC/02. O item III est correto e traz o verbete da Smula 490 do STF e por fim, o item IV, reproduz o caput do art. 928, da lei civil.

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    4. (MPT - 2012 - MPT - Procurador) luz do Cdigo Civil, assinale a assertiva CORRETA: a) No caso de indenizao por danos, se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido no possa exercer o seu ofcio ou profisso, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenizao, alm das despesas do tratamento e lucros cessantes at o fim da convalescena, incluir penso correspondente importncia do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciao que ele sofreu; porm, se o ofensor preferir, poder exigir que a indenizao seja arbitrada para pagamento de uma s vez. b) Se a obrigao for indeterminada, e no houver na lei ou no contrato disposio fixando a indenizao devida pelo inadimplente, apurar-se- o valor das perdas e danos na forma que a lei processual determinar. c) Em nenhuma circunstncia constituir ato ilcito a deteriorao ou destruio da coisa alheia, ou a leso a pessoa, a fim de remover perigo iminente. d) No comete ato ilcito o titular de um direito que, ao exerc-lo, excede manifestamente os limites impostos pelos bons costumes.

    COMENTRIOS A letra A est incorreta de acordo com disposio do art. 950 e pargrafo nico, do CC. A letr