aula 05(1)

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Direito Empresarial para Delegado de Polícia Federal Teoria e exercícios comentados Prof. Gabriel Rabelo – Aula 05 Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 71 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................. 2 FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL ............................................................................................... 3 NOÇÕES GERAIS ............................................................................................................................ 3 DIFERENÇA ENTRE A COBRANÇA CONCURSAL DO DEVEDOR EMPRESÁRIO E DO DEVEDOR CIVIL ............ 4 DIFERENÇA BÁSICA ENTRE A FALÊNCIA E A RECUPERAÇÃO JUDICIAL .................................................. 4 PRINCÍPIOS DA FALÊNCIA ............................................................................................................... 5 PROCESSO DA FALÊNCIA EM SI ....................................................................................................... 6 PRIMEIRO PRESSUPOSTO - DEVEDOR EMPRESÁRIO ........................................................................... 6 LOCAL PARA AJUIZAMENTO DO PEDIDO DE FALÊNCIA ........................................................................ 9 DO JUÍZO UNIVERSAL DA FALÊNCIA ............................................................................................... 10 SEGUNDO PRESSUPOSTO - INSOLVÊNCIA ....................................................................................... 10 IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA ................................................................................................. 11 EXECUÇÃO FRUSTRADA ................................................................................................................ 13 ATOS DE FALÊNCIA ...................................................................................................................... 14 PEDIDO DE FALÊNCIA ................................................................................................................... 15 TERCEIRO PRESSUPOSTO – SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA ................................................ 16 TERMO LEGAL DA FALÊNCIA .......................................................................................................... 17 DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA DE CONCESSIONÁRIAS DE SERVIÇOS PÚBLICOS ..................................... 18 SUSPENSÃO DAS AÇÕES ............................................................................................................... 19 RESTRIÇÕES PESSOAIS AO FALIDO ................................................................................................ 19 ADMINISTRAÇÃO DA FALÊNCIA ...................................................................................................... 20 ATUAÇÃO DO JUIZ........................................................................................................................ 20 ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO ............................................................................................... 21 ÓRGÃOS DA FALÊNCIA .................................................................................................................. 21 ADMINISTRADOR JUDICIAL ........................................................................................................... 21 ASSEMBLÉIA GERAL DE CREDORES ................................................................................................ 26 COMITÊ DE CREDORES ................................................................................................................. 28 EFEITOS DA SENTENÇA QUE DECRETA A FALÊNCIA .......................................................................... 30 APURAÇÃO DO ATIVO DO DEVEDOR ............................................................................................... 32 A RESTITUIÇÃO DE BENS DE TERCEIROS ........................................................................................ 33 VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO DOS CRÉDITOS ................................................................................ 34 LIQUIDAÇÃO DO PROCESSO FALIMENTAR ....................................................................................... 36 PAGAMENTOS DAS DÍVIDAS .......................................................................................................... 39 ENCERRAMENTO DA FALÊNCIA ....................................................................................................... 40 RECUPERAÇÃO JUDICIAL ............................................................................................................... 42 SUJEITO ATIVO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................................................................... 42 MEIOS DE SE RECUPERAR A EMPRESA ............................................................................................ 43 FORO PARA PEDIR A RECUPERAÇÃO JUDICIAL ................................................................................. 44 DO PEDIDO E PROCESSAMENTO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ........................................................... 44 PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL................................................................................................ 47 FASE DELIBERATIVA DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL ............................................................................ 48 A RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM SI ................................................................................................... 50 CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA ................................................................. 52 RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL...................................................................................................... 54 HOMOLOGAÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL ......................................................... 55 QUESTÕES COMENTADAS.............................................................................................................. 58 QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA ........................................................................................... 69 GABARITO DAS QUESTÕES COMENTADAS NESTA AULA .................................................................... 71 AULA 05. 4.6 RECUPERAÇÃO JUDICIAL; RECUPERAÇÃO EXTRAJUDICIAL; FALÊNCIA DO EMPRESÁRIO E DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA.

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    Teoria e exerccios comentados

    Prof. Gabriel Rabelo Aula 05

    Prof. Gabriel Rabelo www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 71

    SUMRIO APRESENTAO ............................................................................................................................. 2 FALNCIA E RECUPERAO JUDICIAL ............................................................................................... 3 NOES GERAIS ............................................................................................................................ 3 DIFERENA ENTRE A COBRANA CONCURSAL DO DEVEDOR EMPRESRIO E DO DEVEDOR CIVIL ............ 4 DIFERENA BSICA ENTRE A FALNCIA E A RECUPERAO JUDICIAL .................................................. 4

    PRINCPIOS DA FALNCIA ............................................................................................................... 5 PROCESSO DA FALNCIA EM SI ....................................................................................................... 6 PRIMEIRO PRESSUPOSTO - DEVEDOR EMPRESRIO ........................................................................... 6 LOCAL PARA AJUIZAMENTO DO PEDIDO DE FALNCIA ........................................................................ 9 DO JUZO UNIVERSAL DA FALNCIA ............................................................................................... 10

    SEGUNDO PRESSUPOSTO - INSOLVNCIA ....................................................................................... 10 IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA ................................................................................................. 11

    EXECUO FRUSTRADA ................................................................................................................ 13 ATOS DE FALNCIA ...................................................................................................................... 14 PEDIDO DE FALNCIA ................................................................................................................... 15 TERCEIRO PRESSUPOSTO SENTENA DECLARATRIA DA FALNCIA ................................................ 16 TERMO LEGAL DA FALNCIA .......................................................................................................... 17 DECRETAO DA FALNCIA DE CONCESSIONRIAS DE SERVIOS PBLICOS ..................................... 18

    SUSPENSO DAS AES ............................................................................................................... 19 RESTRIES PESSOAIS AO FALIDO ................................................................................................ 19 ADMINISTRAO DA FALNCIA ...................................................................................................... 20 ATUAO DO JUIZ ........................................................................................................................ 20 ATUAO DO MINISTRIO PBLICO ............................................................................................... 21 RGOS DA FALNCIA .................................................................................................................. 21 ADMINISTRADOR JUDICIAL ........................................................................................................... 21

    ASSEMBLIA GERAL DE CREDORES ................................................................................................ 26 COMIT DE CREDORES ................................................................................................................. 28

    EFEITOS DA SENTENA QUE DECRETA A FALNCIA .......................................................................... 30 APURAO DO ATIVO DO DEVEDOR ............................................................................................... 32 A RESTITUIO DE BENS DE TERCEIROS ........................................................................................ 33 VERIFICAO E HABILITAO DOS CRDITOS ................................................................................ 34 LIQUIDAO DO PROCESSO FALIMENTAR ....................................................................................... 36

    PAGAMENTOS DAS DVIDAS .......................................................................................................... 39 ENCERRAMENTO DA FALNCIA ....................................................................................................... 40 RECUPERAO JUDICIAL ............................................................................................................... 42 SUJEITO ATIVO DA RECUPERAO JUDICIAL ................................................................................... 42 MEIOS DE SE RECUPERAR A EMPRESA ............................................................................................ 43 FORO PARA PEDIR A RECUPERAO JUDICIAL ................................................................................. 44

    DO PEDIDO E PROCESSAMENTO DA RECUPERAO JUDICIAL ........................................................... 44 PLANO DE RECUPERAO JUDICIAL ................................................................................................ 47 FASE DELIBERATIVA DA RECUPERAO JUDICIAL ............................................................................ 48 A RECUPERAO JUDICIAL EM SI ................................................................................................... 50 CONVOLAO DA RECUPERAO JUDICIAL EM FALNCIA ................................................................. 52 RECUPERAO EXTRAJUDICIAL ...................................................................................................... 54 HOMOLOGAO DO PLANO DE RECUPERAO EXTRAJUDICIAL ......................................................... 55

    QUESTES COMENTADAS .............................................................................................................. 58 QUESTES COMENTADAS NESTA AULA ........................................................................................... 69 GABARITO DAS QUESTES COMENTADAS NESTA AULA .................................................................... 71

    AULA 05. 4.6 RECUPERAO JUDICIAL; RECUPERAO EXTRAJUDICIAL;

    FALNCIA DO EMPRESRIO E DA SOCIEDADE EMPRESRIA.

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    APRESENTAO

    Ol, meus amigos. Como esto?!

    Obrigado por estarem aqui, em mais um encontro. Sei que para muitos no o

    encontro dos sonhos, mas, convenhamos, no deixa de ser um. Afinal, se no estou tomando mais tempo de vocs do que os seus entes queridos, tem algo

    errado!

    Espero, de corao, que tenham gostado das aulas precedentes.

    Hoje, chegamos ao nosso ltimo encontro. Vamos versar sobre o direito falimentar.

    Alm disso, apresentarei tambm uma aula parte para que estudemos o

    direito de propriedade industrial, tema que ficou para trs quando do estudo do

    Direito Societrio.

    Desejo, desde j, todo o sucesso do mundo no concurso que se aproxima.

    Deixamos nosso e-mail:

    [email protected]

    Quaisquer dvidas, por favor, enviem, estamos disposio.

    Forte abrao!

    Gabriel Rabelo

    mailto:[email protected]

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    FALNCIA E RECUPERAO JUDICIAL

    Faremos um passeio pelos aspectos histricos, bem como pela legislao que

    rege, arrematando com as questes comentadas.

    NOES GERAIS

    Como sabido, dificilmente consegue na prtica viver o empresrio sem que se utilize das compras e vendas a prazo.

    Honrar as dvidas no vencimento indica que a empresa possui o que Rubens

    Requio chama de normalidade econmica. No honrar com as obrigaes pode ter um efeito no muito desejado para o empresrio, como, por exemplo,

    a cobrana por execuo judicial.

    Com efeito, a regra a execuo singular por partes dos credores. O credor X

    tem um valor a receber, entra em juzo para sald-lo. O credor Y tem um valor a receber, entra em juzo para liquid-lo. Todavia, quando essas dvidas tomam

    propores picas, superando o total de bens, a execuo individual no atende critrios de isonomia, pois a propositura antecipada da ao que garantiria a

    satisfao do crdito e no a importncia do crdito. Assim, a falncia existe justamente para que se evite esse tipo de prejuzo.

    Agravando-se, quando a crise comea a tomar efeitos mais vultosos, atingindo

    uma quantidade maior de credores, h que se perquirir se o empresrio no foi bancarrota, sujeitando-se decretao da falncia.

    A falncia, a um s tempo, instrumento que garante:

    - Igualdade entre os credores (princpio da par conditio creditorum); - Excluso do mercado de empresrios com insucesso;

    - Mecanismo de controle da economia.

    Em tempos remotos, mais especificamente, poca da Lei das XII Tbuas, a quantia confessada ou julgada deveria ser paga em trinta dias. Acabando-se o

    prazo, aplicava-se a tomada da pessoa e dos bens do devedor, levando-o ao magistrado. Persistindo a dvida, o devedor ficava preso. No caso de um

    terceiro ou o prprio devedor no aniquilar a obrigao as conseqncias podiam ser a escravido, morte ou esquartejamento. Observe-se que a garantia

    era, literalmente, pessoal.

    Somente na Idade Contempornea que o direito passou a discernir adequadamente a figura do devedor da do criminoso, ganhando a falncia um

    aspecto patrimonial.

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    No Brasil, a legislao falimentar tem incio no perodo colonial, ganhando uma

    parte especfica no Cdigo Comercial de 1.850, chamada das quebras.

    O direito foi se aperfeioando at chegarmos Lei 11.101/2005, que, embora apresente falhas, a que vige no regime jurdico ptrio.

    O importante aqui, para concursos, que se note que a falncia, ao longo da

    histria, deixou de ser um instituto forjado para consagrar a desonra dos devedores, para ser um aparelho de satisfao das dvidas e obrigaes que o

    empresrio toma no curso de suas atividades.

    DIFERENA ENTRE A COBRANA CONCURSAL DO DEVEDOR EMPRESRIO E DO DEVEDOR CIVIL

    A falncia instituto que se aplica basicamente ao empresrio e sociedade

    empresria (vide artigo 1 abaixo). Para os devedores civis, resta o chamado

    concurso de credores, regido pelo Direito Civil.

    E qual a vantagem da cobrana do rito empresarial sobre o concurso de credores, do mbito civil? Fbio Ulhoa cita basicamente duas:

    - Possibilidade de a empresa se recuperar;

    - Extino das obrigaes do falido mesmo que as dvidas no sejam totalmente quitadas (ser visto adiante).

    Assim, indubitvel que o regime falimentar tem um aspecto diferenciado.

    DIFERENA BSICA ENTRE A FALNCIA E A RECUPERAO JUDICIAL

    A lei 11.101/2005 dispe que:

    Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperao judicial, a recuperao extrajudicial e a falncia do empresrio e da sociedade empresria, doravante referidos

    simplesmente como devedor.

    Com efeito, o primeiro aspecto que devemos saber para concursos distinguir a figura da recuperao judicial da figura da falncia. Sobre a recuperao

    extrajudicial, deixaremos para o momento oportuno.

    Vrios aspectos so comuns falncia e recuperao judicial. Entrementes, o que por ora merece destaque o de que a falncia se aplica nos casos em que

    a crise do empresrio to profunda que no restam alternativas que no a extino do negcio. Ao revs, a recuperao judicial capaz de propiciar o

    saneamento da atividade.

    FALNCIA ENSEJA O FIM DA ATIVIDADE.

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    RECUPERAO JUDICIAL PODE OCASIONAR A RECUPERAO DO

    EMPRESRIO.

    Na recuperao, o que se quer evitar justamente a decretao da falncia do devedor.

    Ademais, segundo a prpria Lei de Falncias e Recuperao Judicial (doravante

    chamada de LRE Lei de recuperao de empresas):

    Art. 64. Durante o procedimento de recuperao judicial, o devedor ou seus administradores sero mantidos na conduo da atividade empresarial, sob

    fiscalizao do Comit, se houver, e do administrador judicial, (...).

    J na falncia:

    Art. 103. Desde a decretao da falncia ou do seqestro, o devedor perde o

    direito de administrar os seus bens ou deles dispor.

    Destarte, na recuperao judicial, mantm-se o devedor no comando das atividades. Contudo, na decretao da falncia o que se tem a indisposio

    dos bens por parte do falido.

    PRINCPIOS DA FALNCIA

    Os princpios geralmente atrelados ao processo falimentar so:

    - PAR CONDITIO CREDITORUM: pelo qual todos os credores devem ter igualdade de condies para receber seus crditos.

    - VINCULAO PATRIMONIAL: segundo o qual todos os bens e direitos do devedor ficam afetados para que haja o efetivo pagamento dos credores.

    - MAXIMIZAO DOS ATIVOS E PRESERVAO DA EMPRESA: os ativos

    devem ser alienados de maneira tima, a fim de que se atinja o maior montante para a satisfao dos crditos e, tambm, da forma que propiciem ao

    mximo o aproveitamento dos fatores de produo para a produo de riqueza para a economia, preservando postos de trabalho, recolhimento de tributos,

    etc. Ambos esto insculpidos no artigo 75 da LRE:

    Art. 75. A falncia, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a preservar e otimizar a utilizao produtiva dos bens, ativos e recursos

    produtivos, inclusive os intangveis, da empresa.

    - VIABILIDADE ECONMICA DA EMPRESA: o princpio da preservao da

    empresa prope que os ativos devem ter o mximo possvel de soluo de continuidade. Contudo, deve-se coadunar, ponderar, este princpio com o da

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    viabilidade econmica da empresa. Se a crise irremedivel, resta

    impossvel que se recupere a empresa pela recuperao judicial, por exemplo.

    - CELERIDADE E ECONOMIA PROCESSUAL: Tratado no artigo 75, pargrafo nico da LRE:

    Art. 75. Pargrafo nico. O processo de falncia atender aos princpios da

    celeridade e da economia processual.

    Existem alguns outros princpios de aspecto processual (como universalidade do juzo falimentar, publicidade, entre outros).

    PROCESSO DA FALNCIA EM SI

    Comearemos a falar agora sobre o processo falimentar propriamente dito. A

    doutrina aponta trs pressupostos bsicos para a instaurao da execuo

    concursal falimentar, quais sejam:

    1) Devedor empresrio; 2) Insolvncia;

    3) Sentena declaratria da falncia.

    Esse processo o que a doutrina chama de processo pr-falimentar, e tem incio com a petio inicial da falncia se estendendo at a decretao da

    falncia por sentena. Estudemo-los amide.

    PRIMEIRO PRESSUPOSTO - DEVEDOR EMPRESRIO

    Dissemos que a falncia se aplica ao empresrio individual e sociedade empresria.

    Lembre-se do conceito de empresrio j tratado quando do estudo do artigo 966, a saber:

    Art. 966. Considera-se empresrio quem exerce profissionalmente atividade

    econmica organizada para a produo ou a circulao de bens ou de servios.

    A prpria Lei de Recuperao de Empresas prope:

    Art. 1o Esta Lei disciplina a recuperao judicial, a recuperao extrajudicial e a falncia do empresrio e da sociedade empresria, doravante referidos

    simplesmente como devedor.

    As sociedades simples, os profissionais liberais, as sociedades de advogados, as cooperativas, portanto, no se sujeitam aos efeitos da Lei 11.101/2005.

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    Ressalte-se, tambm, que alguns empresrios, embora atendam a todos os

    requisitos para a classificao como tal, esto excludos, total ou parcialmente das aplicaes da Lei 11.101/2005, aplicando-se a legislao especfica:

    Art. 2o Esta Lei no se aplica a:

    I empresa pblica e sociedade de economia mista; II instituio financeira pblica ou privada, cooperativa de crdito, consrcio,

    entidade de previdncia complementar, sociedade operadora de plano de assistncia sade, sociedade seguradora, sociedade de capitalizao e outras

    entidades legalmente equiparadas s anteriores.

    Este assunto cobrado de modo constante. Vejamos esta assertiva, elaborada

    pela Fundao Carlos Chagas:

    (Procurado do Estado/PGE/PA/2009) A Lei falimentar, a despeito de controvrsia doutrinria, claramente estabelece que apenas as sociedades de

    economia mista que exercem atividade econmica esto sujeitas ao processo

    falimentar.

    O item est errado. A lei de falncias dispe que as empresas pblicas e sociedades de economia mista no esto sujeitas falncia, sejam elas

    exploradoras de atividade econmica, sejam prestadoras de servio pblico.

    Mas, devemos nos perguntar, tambm, quem poder postular o pedido de falncia do devedor (PLO PASSIVO). Quem ser o SUJEITO (PLO) ATIVO

    desta demanda?!

    A resposta se encontra no artigo 97 da LRE, cuja redao transcrevemos:

    Art. 97. Podem requerer a falncia do devedor:

    I o prprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; II o cnjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inventariante;

    III o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitutivo da sociedade;

    IV qualquer credor.

    Assim, grave-se:

    Plo passivo na falncia Empresrio ou sociedade empresria

    Plo ativo na falncia Prprio devedor (autofalncia)

    Cnjuge sobrevivente, herdeiro

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    Quotista ou acionista

    Qualquer credor

    Vamos l! Analisemos o plo ativo da demanda.

    A primeira hiptese (LRE, art. 97, I) o requerimento da falncia pelo prprio devedor, caso em que teremos a AUTOFALNCIA.

    A autofalncia est disciplinada nos artigos 105, 106 e 107 da LRE.

    O artigo 105 dispe que:

    Art. 105. O devedor em crise econmico-financeira que julgue no atender aos requisitos para pleitear sua recuperao judicial dever

    requerer ao juzo sua falncia, expondo as razes da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos seguintes

    documentos:

    I demonstraes contbeis referentes aos 3 (trs) ltimos exerccios sociais e as levantadas especialmente para instruir o pedido, confeccionadas com estrita

    observncia da legislao societria aplicvel e compostas obrigatoriamente de:

    a) balano patrimonial;

    b) demonstrao de resultados acumulados; c) demonstrao do resultado desde o ltimo exerccio social;

    d) relatrio do fluxo de caixa;

    II relao nominal dos credores, indicando endereo, importncia, natureza e classificao dos respectivos crditos;

    III relao dos bens e direitos que compem o ativo, com a respectiva estimativa de valor e documentos comprobatrios de propriedade;

    IV prova da condio de empresrio, contrato social ou estatuto em vigor ou, se no houver, a indicao de todos os scios, seus endereos e a relao de

    seus bens pessoais; V os livros obrigatrios e documentos contbeis que lhe forem exigidos por

    lei;

    VI relao de seus administradores nos ltimos 5 (cinco) anos, com os

    respectivos endereos, suas funes e participao societria.

    Note-se que a lei impe ao devedor que, ao constatar a impossibilidade total de continuidade das atividades, faa o requerimento da falncia.

    Contudo, este instituto de pouqussima utilizao, j que a medio de

    quando a atividade est bem ou mal atividade que requer grande dose de subjetivismo.

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    A segunda hiptese o pedido de falncia por cnjuge sobrevivente, qualquer

    herdeiro do devedor ou inventariante (LRE, art. 97, II). Esta hiptese se aplica ao empresrio individual, que, vindo a falecer, deixa herdeiros. Esses herdeiros,

    ento, ao perceberem que no mais possvel a continuidade do empresariado, requerem a decretao da falncia.

    Outra hiptese de pedido de falncia aquele feito por acionista ou quotista de

    sociedade, provando-se a condio de membro da sociedade.

    Por fim, a grande massa dos pedidos falimentares so aqueles postulados por credor.

    Vejam que o artigo 97, IV, fala em qualquer credor. Isto significa dizer que

    pode ser empresrio ou no empresrio. Sendo empresrio, h uma condio para o pedido de quebra, qual seja o credor empresrio apresentar certido do

    Registro Pblico de Empresas que comprove a REGULARIDADE de suas

    atividades (LRE, art. 97, 1).

    Assim, o credor empresrio deve ser regular. No sendo empresrio, no vale este tipo de exigncia.

    O pedido de falncia quando feito por um credor deve estar acompanhado do

    ttulo executivo. Se o pedido for aforado por causa da impontualidade do devedor em pagar, dever estar vencido. Ao revs, se o pedido de falncia se

    basear nos denominados atos de falncia (LRE, art. 94, III), no se faz necessrio o vencimento do ttulo, isto por que o ttulo executivo apenas

    provar que o credor possui realmente o direito ao pedido de quebra.

    LOCAL PARA AJUIZAMENTO DO PEDIDO DE FALNCIA

    Visto quem o plo ativo e passivo do processo falimentar, sabemos que deve

    existir um ajuizamento desta ao. E onde se passa o processo falimentar? Um contribuinte que tenha filiais por todo o Brasil, pode ser demandado em

    qualquer destas comarcas?!

    Segundo a LRE:

    Art. 3o competente para homologar o plano de recuperao extrajudicial, deferir a recuperao judicial ou decretar a falncia o juzo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha

    sede fora do Brasil.

    Portanto, vejam, amigos, que o foro competente do LOCAL DO PRINCIPAL

    ESTABELECIMENTO do devedor. E no se confunda a expresso local do principal estabelecimento com a constituio jurdica destes estabelecimentos, a

    saber, matriz e filial.

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    O que a lei pretende dizer que o juzo competente aquele em que se possua

    o MAIOR VOLUME DE RECURSOS. No se trata necessariamente da matriz, repito. A lgica a de que o local onde o volume de transaes for maior ser

    aquele em que haver maior vulto de bens e direitos para satisfao dos credores.

    E isso j foi cobrado? Decerto que sim:

    (FGV/Agente Fiscal de Rendas/RJ/2008) O juzo competente para decretao da falncia o do local em que se situa a sede do devedor, ou da filial de empresa

    que tenha sede fora do Brasil.

    Est incorreto. O escorreito o juzo onde esteja o principal estabelecimento. O

    principal estabelecimento aquele em que est concentrado o maior volume das operaes empresariais. O que importa o ponto de vista econmico, e no

    o jurdico. Assim, no necessariamente ser o local da sede.

    Se for sociedade estrangeira, vale a mesma regra, deve-se buscar a filial

    economicamente mais importante.

    DO JUZO UNIVERSAL DA FALNCIA

    Diz-se que o juzo da falncia universal. Isto significa dizer, em lio simplria, que, em regra, TODAS as aes referentes a bens, interesses e

    negcios sero processadas e julgadas pelo juzo em que o feito da falncia tramita. Com fulcro na LRE:

    Art. 76. O juzo da falncia indivisvel e competente para conhecer todas as aes sobre bens, interesses e negcios do falido, ressalvadas as causas

    trabalhistas, fiscais e aquelas no reguladas nesta Lei em que o falido figurar

    como autor ou litisconsorte ativo.

    Assim, como se depreende da leitura do prprio dispositivo, algumas causas

    no so atradas para o juzo falimentar, quais sejam:

    - As que no sejam reguladas pela LRE, quando a massa falida for autora ou litisconsorte ativa.

    - As causas trabalhistas. - As causas fiscais.

    - As aes que demandam quantia ilquida (LRE, art. 6, 1).

    SEGUNDO PRESSUPOSTO - INSOLVNCIA

    O segundo pressuposto para que a falncia do empresrio seja decretada que o passivo seja superior ao ativo. Esta situao conhecida na contabilidade

    como PASSIVO A DESCOBERTO. descoberto haja vista que no h recursos

    suficientes para sald-lo com os bens e direitos de que a empresa dispe.

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    Contudo, Fbio Ulhoa destaca que no basta a simples existncia de passivo a descoberto para que se faa a decretao da falncia. A insolvncia possui,

    assim, carter jurdico e no econmico. Praticando determinados atos estatudos pela lei, caracterizado est o estado de insolvncia. Todavia, se no

    praticar, mesmo que seja deficitrio o ativo em relao ao passivo, no h fundamento para a decretao da falncia.

    Assim, s se decretar a falncia de determinado devedor se ele:

    1 Incorrer em impontualidade injustificada no cumprimento de obrigao

    lquida (LRE, art. 94, I). 2 Incorrer em execuo frustrada (LRE, art. 94, II).

    3 Praticar determinados atos de falncia (LRE, art. 94, III).

    Art. 94. Ser decretada a falncia do devedor que:

    I sem relevante razo de direito, no paga, no vencimento, obrigao lquida materializada em ttulo ou ttulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o

    equivalente a 40 (quarenta) salrios-mnimos na data do pedido de falncia;

    II executado por qualquer quantia lquida, no paga, no deposita e no nomeia penhora bens suficientes dentro do prazo legal;

    III pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de

    recuperao judicial:

    a) procede liquidao precipitada de seus ativos ou lana mo de meio ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos;

    b) realiza ou, por atos inequvocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos ou fraudar credores, negcio simulado ou alienao de parte ou da

    totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou no;

    c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou no, sem o consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;

    d) simula a transferncia de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a legislao ou a fiscalizao ou para prejudicar credor;

    e) d ou refora garantia a credor por dvida contrada anteriormente sem ficar com bens livres e desembaraados suficientes para saldar seu passivo;

    f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu

    domiclio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento; g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigao assumida no plano de

    recuperao judicial.

    IMPONTUALIDADE INJUSTIFICADA

    Segundo a Lei de Falncias:

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    Art. 94. Ser decretada a falncia do devedor que: I sem relevante razo de direito, no paga, no vencimento, obrigao lquida

    materializada em ttulo ou ttulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o

    equivalente a 40 (quarenta) salrios-mnimos na data do pedido de falncia;

    Assim, o pedido de falncia de devedor com base em impontualidade injustificada pressupe:

    a) Falta de pagamento sem relevante razo de direito de dvida no

    vencimento. Se houver razo de direito para o atraso, no h fundamento para o pedido, como, por exemplo, cobrana de dvida prescrita.

    b) Que a dvida seja lquida. c) Que a dvida ultrapasse 40 salrios-mnimos. Contudo, caso a dvida seja

    inferior, prope a LRE que os credores podero se juntar para atingir este valor

    (LRE, art. 94, 1). d) Que o ttulo esteja protestado. Esse protesto pode ser cambial, quando se

    tratar de ttulo de crdito, ou, ento, de protesto especial para fins de falncia, nos demais casos.

    Segundo a LRE:

    Art. 94, 3o Na hiptese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falncia ser instrudo com os ttulos executivos na forma do pargrafo nico do art.

    9o desta Lei, acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos

    de protesto para fim falimentar nos termos da legislao especfica.

    A prpria lei sugere os casos em que no ser decretada a falncia por impontualidade injustificada. A saber:

    Art. 96. A falncia requerida com base no art. 94, inciso I do caput, desta Lei, no ser decretada se o requerido provar:

    I falsidade de ttulo; II prescrio;

    III nulidade de obrigao ou de ttulo; IV pagamento da dvida;

    V qualquer outro fato que extinga ou suspenda obrigao ou no legitime a cobrana de ttulo;

    VI vcio em protesto ou em seu instrumento; VII apresentao de pedido de recuperao judicial no prazo da contestao,

    observados os requisitos do art. 51 desta Lei; VIII cessao das atividades empresariais mais de 2 (dois) anos antes do

    pedido de falncia, comprovada por documento hbil do Registro Pblico de Empresas, o qual no prevalecer contra prova de exerccio posterior ao ato

    registrado.

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    Analisemos um quesito de concurso sobre este tema:

    (FCC/Analista de Regulao/ANS/2007) Paulo, Pedro e Joo so credores da empresa Alpha Ltda., em decorrncia de obrigaes lquidas no pagas no vencimento e materializadas em ttulos executivos protestados, cuja soma

    corresponde a 25 salrios mnimos em relao a Paulo, a 18 salrios mnimos em relao a Pedro e a 10 salrios mnimos em relao a Joo. Nesse caso,

    certo que a falncia da empresa devedora pode ser requerida por:

    A) Pedro, com base nos ttulos de que credor. B) Paulo, com base nos ttulos de que credor.

    C) Paulo e Pedro, se reunidos em litisconsrcio. D) Pedro e Joo, se reunidos em litisconsrcio.

    E) Paulo e Joo, se reunidos em litisconsrcio.

    Comentrios

    Trata-se da hiptese prescrita no artigo 94, inciso I. A doutrina denomina

    impontualidade injustificada. Injustificada porque sem relevante razo de direito. Veja que a lei exige que:

    A obrigao seja lquida;

    O ttulo seja protestado; A soma ultrapasse 40 salrios mnimos.

    Ocorre que a prpria lei permite que diversos credores se unam, em

    litisconsorte, para que este valor possa ser alcanado.

    Assim, na questo, individualmente, nenhum deles ter competncia para requerer a falncia, contudo, Paulo e Pedro reunidos podero faz-lo.

    Gabarito C.

    EXECUO FRUSTRADA

    A execuo frustrada est prevista no inciso II do artigo 94 da Lei de Falncias,

    que prega:

    Art. 94. Ser decretada a falncia do devedor que: II executado por qualquer quantia lquida, no paga, no deposita e no

    nomeia penhora bens suficientes dentro do prazo legal;

    Nesta hiptese, basicamente, o devedor executado POR QUALQUER QUANTIA LQUIDA (veja que no precisa ser 40 salrios mnimos) e,

    intimado a faz-lo em juzo:

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    - no paga. - no deposita quantia para quitar a dvida.

    - no penhora bens suficientes para a quitao.

    Havendo o enquadramento nestes trs itens, encerra-se a execuo e o credor, munido de uma declarao judicial da omisso, ingressa com ao pedindo a

    falncia. Ressalte-se, o ttulo no precisa estar protestado e no h que se atingir o montante de 40 salrios mnimos.

    O item foi cobrado no concurso para Auditor Substituto de Conselheiro do TCM

    RJ, em 2008 (item incorreto):

    (FGV/Auditor/TCM/RJ/2008) O protesto do ttulo condio especial para

    decretao da falncia com fundamento em execuo frustrada.

    ATOS DE FALNCIA

    Por fim, a ltima hiptese caracterizadora da insolvncia representa os

    chamados atos de falncia e esto previstos no artigo 94, III, que, por no ser demais, repetimos:

    Art. 94. Ser decretada a falncia do devedor que:

    III pratica qualquer dos seguintes atos, exceto se fizer parte de plano de recuperao judicial:

    a) procede liquidao precipitada de seus ativos ou lana mo de meio

    ruinoso ou fraudulento para realizar pagamentos; b) realiza ou, por atos inequvocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar

    pagamentos ou fraudar credores, negcio simulado ou alienao de parte ou da

    totalidade de seu ativo a terceiro, credor ou no; c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou no, sem o consentimento de

    todos os credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo; d) simula a transferncia de seu principal estabelecimento com o objetivo de

    burlar a legislao ou a fiscalizao ou para prejudicar credor; e) d ou refora garantia a credor por dvida contrada anteriormente sem ficar

    com bens livres e desembaraados suficientes para saldar seu passivo; f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes

    para pagar os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domiclio, do local de sua sede ou de seu principal estabelecimento;

    g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigao assumida no plano de

    recuperao judicial.

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    Na ocorrncia dos atos de falncia, o pedido de falncia descrever os fatos que

    a caracterizam, juntando-se as provas que houver e especificando-se as que sero produzidas (LRE, art. 94, 5).

    PEDIDO DE FALNCIA

    Concebidos tais pressupostos, a pessoa de direito deve ajuizar o pedido de

    falncia. Quando a falncia for requerida por terceiros, h para o devedor um prazo para contestao do pedido.

    Art. 98. Citado, o devedor poder apresentar contestao no prazo de 10

    (DEZ) DIAS.

    Dissemos que a falncia pode ser fundada na impontualidade injustificada, na

    execuo frustrada ou nos atos de falncia.

    Se o aforamento tiver se dado por impontualidade injustificada ou

    execuo frustrada, o devedor por elidir (eliminar, suprimir) a falncia, fazendo um depsito da quantia reclamada, correspondente ao valor total do

    crdito, acrescido da correo monetria, juros e honorrios advocatcios. Nesta hiptese, o pedido de falncia ser denegado e o credor levar consigo os

    valores obtidos para que haja satisfao da dvida.

    Art. 98. Pargrafo nico. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta Lei, o devedor poder, no prazo da contestao, depositar o valor correspondente ao total do crdito, acrescido de correo monetria, juros e

    honorrios advocatcios, hiptese em que a falncia no ser decretada e, caso julgado procedente o pedido de falncia, o juiz ordenar o levantamento do

    valor pelo autor.

    Assim, ficam para o requerido (devedor) as seguintes possibilidades quando do

    pedido da falncia:

    - Apenas contesta o pedido. Aqui, se o magistrado acolhe as teses da defesa,

    denega a falncia. Ao revs, declara a continuidade do procedimento.

    - Contesta o pedido e deposita o valor. Nesta hiptese, o devedor no s deposita o valor, mas, tambm, contesta o pedido. Se o magistrado julgar a

    contestao procedente, o depsito ser levantado em favor do requerido (devedor). Caso contrrio, se julgado o pedido procedente, no ser declarada

    a falncia do devedor, posto que o depsito elisivo fora efetuado.

    - Apenas deposita. Nesta hiptese, o juiz denega a falncia e recolhe o valor para o credor.

    - No contesta nem deposita. Neste caso, o juiz declara a falncia se

    restarem atendidos os demais requisitos para tanto.

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    - Apresentar pedido de recuperao judicial.

    Art. 95. Dentro do prazo de contestao, o devedor poder pleitear sua

    recuperao judicial.

    TERCEIRO PRESSUPOSTO SENTENA DECLARATRIA DA FALNCIA

    De posse de tudo o que j foi dito, resta ao magistrado duas alternativas: declarar ou denegar o pedido de falncia.

    A sentena que denegar o pedido de falncia deve ter o cuidado de analisar o

    comportamento do requerente quando do pedido. Agindo de m-f, a lei estatui que seja o requerido indenizado (LRE, art. 101.

    Ademais, outra hiptese em que a decretao da falncia ser denegada

    quando houver o depsito elisivo.

    Falemos agora da sentena que decreta a falncia procedente.

    A Lei 11.101/2005 determina que:

    Art. 99. A sentena que decretar a falncia do devedor, dentre outras determinaes:

    I conter a sntese do pedido, a identificao do falido e os nomes dos que

    forem a esse tempo seus administradores; II fixar o termo legal da falncia, sem poder retrotra-lo por mais de 90

    (noventa) dias contados do pedido de falncia, do pedido de recuperao judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para

    esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados; III ordenar ao falido que apresente, no prazo mximo de 5 (cinco) dias,

    relao nominal dos credores, indicando endereo, importncia, natureza e

    classificao dos respectivos crditos, se esta j no se encontrar nos autos, sob pena de desobedincia;

    IV explicitar o prazo para as habilitaes de crdito, observado o disposto no 1o do art. 7o desta Lei;

    V ordenar a suspenso de todas as aes ou execues contra o falido, ressalvadas as hipteses previstas nos 1o e 2o do art. 6o desta Lei;

    VI proibir a prtica de qualquer ato de disposio ou onerao de bens do falido, submetendo-os preliminarmente autorizao judicial e do Comit, se

    houver, ressalvados os bens cuja venda faa parte das atividades normais do devedor se autorizada a continuao provisria nos termos do inciso XI

    do caput deste artigo; VII determinar as diligncias necessrias para salvaguardar os interesses

    das partes envolvidas, podendo ordenar a priso preventiva do falido ou de seus administradores quando requerida com fundamento em provas da prtica

    de crime definido nesta Lei;

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    VIII ordenar ao Registro Pblico de Empresas que proceda anotao da falncia no registro do devedor, para que conste a expresso "Falido", a data da

    decretao da falncia e a inabilitao de que trata o art. 102 desta Lei; IX nomear o administrador judicial, que desempenhar suas funes na

    forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuzo do disposto na alnea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei;

    X determinar a expedio de ofcios aos rgos e reparties pblicas e outras entidades para que informem a existncia de bens e direitos do falido;

    XI pronunciar-se- a respeito da continuao provisria das atividades do falido com o administrador judicial ou da lacrao dos estabelecimentos,

    observado o disposto no art. 109 desta Lei; XII determinar, quando entender conveniente, a convocao da assemblia-

    geral de credores para a constituio de Comit de Credores, podendo ainda autorizar a manuteno do Comit eventualmente em funcionamento na

    recuperao judicial quando da decretao da falncia; XIII ordenar a intimao do Ministrio Pblico e a comunicao por carta s

    Fazendas Pblicas Federal e de todos os Estados e Municpios em que o devedor

    tiver estabelecimento, para que tomem conhecimento da falncia.

    Esta sentena declaratria h que ser publicada no rgo oficial e, caso haja

    possibilidade financeira, em jornal de grande circulao.

    Segundo a Lei de Falncias, art. 100: Da deciso que decreta a falncia cabe agravo, e da sentena que julga a improcedncia do pedido cabe apelao.

    O agravo, na forma retida ou na de instrumento, o recurso cabvel contra

    deciso interlocutria. Deciso interlocutria o ato do juiz, com carter decisrio, mas que no extingue o procedimento (no nosso caso, a falncia).

    Embora a Lei de Falncias seja silente, o agravo cabvel contra a sentena que decreta a falncia o agravo de instrumento.

    A decretao da falncia determina o vencimento antecipado das dvidas do devedor e dos scios ilimitada e solidariamente responsveis, com o abatimento

    proporcional dos juros, e converte todos os crditos em moeda estrangeira para a moeda do Pas, pelo cmbio do dia da deciso judicial, para todos os efeitos

    (LF, art. 77).

    Alm da identificao completa do devedor falido e dos motivos que ensejaram a falncia, merecem destaque:

    TERMO LEGAL DA FALNCIA

    O artigo 99, II, fixa que:

    Art. 99. A sentena que decretar a falncia do devedor, dentre outras determinaes:

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    II fixar o termo legal da falncia, sem poder retrotra-lo por mais de 90 (noventa) dias contados do pedido de falncia, do pedido de recuperao

    judicial ou do 1o (primeiro) protesto por falta de pagamento, excluindo-se, para

    esta finalidade, os protestos que tenham sido cancelados;

    Trata-se do termo legal da falncia, que o LAPSO TEMPORAL ANTES DA DECRETAO DE FALNCIA em que os atos praticados pelo devedor podem

    vir a serem considerados como ineficazes.

    Assim, se houver evidncias, por exemplo, de que o empresrio estava se desfazendo de seu patrimnio, antes da decretao da quebra, de forma

    gradual para evitar a constrio judicial, tal postura poder ser considerada ineficaz.

    E como saber qual o termo legal da falncia?! Bem, vimos que a insolvncia do

    devedor pode se dar por: a) impontualidade injustificada (quando necessrio

    o protesto); b) execuo frustrada (o ttulo no precisa estar protestado); e c) atos de falncia.

    Se o pedido de falncia se basear em impontualidade injustificada, teremos

    uma hiptese.

    Imaginemos que em 31 de agosto de 2011 o magistrado decrete sentena que declara a falncia do empresrio X, por pedido do credor Y, que protestou o

    ttulo em 15 de setembro de 2009. O juiz, ao sentenciar, deve olhar para quando houve o primeiro protesto por falta de pagamento (no

    necessariamente do credor Y). No nosso caso, olharemos para a data de 15 de setembro de 2009 e andaremos 90 dias para trs, at 15 de junho de 2009.

    Diz-se, ento, que esse perodo, de 15/06/2009 a 31/08/2011 considerado o

    termo legal da falncia.

    Se o pedido se basear em execuo frustrada ou atos de falncia, esses 90 dias

    so tomados da data em que o pedido foi ajuizado.

    DECRETAO DA FALNCIA DE CONCESSIONRIAS DE SERVIOS PBLICOS

    A decretao da falncia das concessionrias de servios pblicos implica

    extino da concesso, na forma da lei (LF, art. 195). Esse item j foi cobrado no concurso para Juiz Substituto do TJDFT, em 2008 (item correto):

    (TJDFT/Juiz Substituto/2008) A decretao da falncia das concessionrias de

    servios pblicos implica extino de concesso.

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    SUSPENSO DAS AES

    A lei de falncias prescreve que:

    Art. 6o A decretao da falncia ou o deferimento do processamento da recuperao judicial suspende o curso da prescrio e de todas as aes e

    execues em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do

    scio solidrio.

    Com efeito, se determinado credor tem valor a receber perante certo empresrio cuja quebra declarada, o prazo prescricional para que esse valor

    seja cobrado suspenso. Esse prazo, contudo, volta a fluir aps a sentena que der encerramento ao processo falimentar.

    Art. 157. O prazo prescricional relativo s obrigaes do falido recomea a correr a partir do dia em que transitar em julgado a sentena do encerramento

    da falncia.

    Os credores que tiverem execues correndo contra o devedor devero HABILITAR os crditos no processo falimentar.

    4o Na recuperao judicial, a suspenso de que trata o caput deste artigo em hiptese nenhuma exceder o prazo improrrogvel de 180 (cento e oitenta)

    dias contado do deferimento do processamento da recuperao, restabelecendo-se, aps o decurso do prazo, o direito dos credores de iniciar ou

    continuar suas aes e execues, independentemente de pronunciamento

    judicial.

    RESTRIES PESSOAIS AO FALIDO

    Com a decretao da falncia, algumas conseqncias advm para a pessoa do falido, como, por exemplo:

    Art. 104. A decretao da falncia impe ao falido os seguintes deveres:

    Aes contra o

    devedor

    Regra: Suspenso da prescrio e de todas as aes e execues em face do devedor

    Excees:

    1) Quantia ilquida; 2) Crdito trabalhista, at a apurao do

    crdito;

    3) As aes tributrias na recuperao judicial, ressalvado parcelamento nos termos do CTN e

    da legislao ordinria especfica; 4) Aes em que o falido figure como autor ou

    litisconsorte ativo.

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    III no se ausentar do lugar onde se processa a falncia sem motivo justo e

    comunicao expressa ao juiz, e sem deixar procurador bastante, sob as penas

    cominadas na lei;

    Destarte, no pode o falido se ausentar do local em que a falncia processada, regra voltada para o empresrio individual.

    As correspondncias do falido atinentes s atividades empresariais sofrem

    parcial quebra do sigilo prevista pela Constituio Federal, vez que todas as correspondncias que concernem ao empresariado devem ser enviados ao

    administrador judicial.

    Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalizao do juiz e do

    Comit, alm de outros deveres que esta Lei lhe impe:

    III na falncia:

    d) receber e abrir a correspondncia dirigida ao devedor, entregando a ele o

    que no for assunto de interesse da massa;

    ADMINISTRAO DA FALNCIA

    A administrao da falncia incumbe basicamente a:

    - magistrado;

    - rgos da falncia: administrador judicial, comit de credores, assemblia geral de credores;

    - ministrio pblico.

    ATUAO DO JUIZ

    O magistrado quem, eminentemente, conduz o processo falimentar. Basicamente, ele:

    - Conduz o processo falimentar;

    - Pode autorizar a venda antecipada de bens;

    Art. 111. O juiz poder autorizar os credores, de forma individual ou coletiva, em razo dos custos e no interesse da massa falida, a adquirir ou adjudicar, de

    imediato, os bens arrecadados, pelo valor da avaliao, atendida a regra de classificao e preferncia entre eles, ouvido o Comit.

    Art. 113. Os bens perecveis, deteriorveis, sujeitos considervel

    desvalorizao ou que sejam de conservao arriscada ou dispendiosa, podero ser vendidos antecipadamente, aps a arrecadao e a avaliao, mediante

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    autorizao judicial, ouvidos o Comit e o falido no prazo de 48 (quarenta e

    oito) horas.

    - Nomeia e aprova as contas prestadas pelo administrador judicial;

    - Entre outras tantas providncias.

    ATUAO DO MINISTRIO PBLICO

    A interveno do Ministrio Pblico se d nos casos previstos em lei, ora como fiscal da lei, ora com tarefas de cunho administrativo. O MP, em sntese, age

    como fiscal da lei, em seu dia a dia. Na lei de falncias, sua atuao maior se dar em havendo evidncias de tipos penais.

    Vejamos algumas das hipteses que podem contar com a participao do

    Parquet:

    Art. 8o No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicao da relao referida no art. 7o, 2o, desta Lei, o Comit, qualquer credor, o devedor ou seus scios ou

    o Ministrio Pblico podem apresentar ao juiz impugnao contra a relao de credores, apontando a ausncia de qualquer crdito ou manifestando-se contra

    a legitimidade, importncia ou classificao de crdito relacionado.

    Art. 19. O administrador judicial, o Comit, qualquer credor ou o representante do Ministrio Pblico poder, at o encerramento da recuperao judicial ou da

    falncia, observado, no que couber, o procedimento ordinrio previsto no Cdigo de Processo Civil, pedir a excluso, outra classificao ou a retificao

    de qualquer crdito, nos casos de descoberta de falsidade, dolo, simulao, fraude, erro essencial ou, ainda, documentos ignorados na poca do julgamento

    do crdito ou da incluso no quadro-geral de credores.

    Art. 30, 2o O devedor, qualquer credor ou o Ministrio Pblico poder requerer

    ao juiz a substituio do administrador judicial ou dos membros do Comit nomeados em desobedincia aos preceitos desta Lei.

    Art. 132. A ao revocatria, de que trata o art. 130 desta Lei, dever ser

    proposta pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministrio

    Pblico no prazo de 3 (trs) anos contado da decretao da falncia.

    RGOS DA FALNCIA

    Alm do juiz e do MP, a falncia possui rgos prprios, a saber: administrador

    judicial, comit de credores, assemblia de credores.

    ADMINISTRADOR JUDICIAL

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    O administrador judicial o principal auxiliar do juiz no processo falimentar. A

    legislao falimentar lhe acometeu diversas atribuies correlacionadas com a administrao da falncia. Atua ele sob direcionamento do magistrado e

    fiscalizao do Comit de Credores (se existente).

    O administrador judicial ser profissional idneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa

    jurdica especializada (LF, art. 22).

    Vejamos como isso cobrado em certames:

    (Ministrio Pblico do Estado de SP/Promotor/2008) No admissvel a nomeao de pessoa jurdica para a funo de administrador judicial, que deve ser necessariamente desempenhada por profissional de nvel universitrio,

    inscrito no rgo de classe competente.

    Resta claramente incorreto o item, uma vez que o administrador judicial pode ser pessoa fsica ou jurdica.

    Lembre-se do que dissemos acima, quando falamos do contedo da sentena

    declaratria da falncia:

    Art. 99. A sentena que decretar a falncia do devedor, dentre outras determinaes:

    IX nomear o administrador judicial, que desempenhar suas funes na forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem prejuzo do disposto na

    alnea a do inciso II do caput do art. 35 desta Lei;

    Portanto, o administrador judicial nomeado quando for proferida a sentena

    que decretar a quebra.

    Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurdica, declarar-se- o nome

    de profissional responsvel pela conduo do processo de falncia ou de recuperao judicial, que no poder ser substitudo sem autorizao do juiz.

    Caber ao devedor ou massa falida arcar com as despesas relativas

    remunerao do administrador judicial e das pessoas eventualmente contratadas para auxili-lo (LF, art. 25).

    O juiz fixar o valor e a forma de pagamento da remunerao do administrador

    judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no mercado para o

    desempenho de atividades semelhantes (LF, art. 24).

    As remuneraes dos auxiliares do administrador judicial sero fixadas pelo

    juiz, que considerar a complexidade dos trabalhos a serem executados e os

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    valores praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes

    (LF, art. 22, 1).

    A funo do administrador judicial difere quando se tratar de recuperao judicial ou de falncia. Na recuperao extrajudicial no existe a figura do

    administrador judicial.

    Esse assunto j foi abordado com as seguintes questes...

    (FCC/Auditor de Contas Pblicas TCE PB/2006) Uma das semelhanas existentes entre os regimes jurdicos da recuperao judicial e da recuperao extrajudicial a nomeao de um administrador judicial para gerir o empresrio

    devedor.

    O item est incorreto. No se nomeia administrador judicial na recuperao

    extrajudicial.

    Na recuperao judicial, uma vez que o devedor no perde o direito de

    administrar seus bens, ao administrador judicial caber precipuamente a fiscalizao das atividades da empresa e o cumprimento da

    recuperao judicial, conforme o artigo 22, II, da LF.

    J na falncia, ele passar a administrar a sociedade, pois, como dito acima, com a decretao da falncia perde o devedor o direito de

    administrar seus bens ou deles dispor.

    As atribuies do administrador judicial esto previstas na lei, que assim dispe:

    Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalizao do juiz e do Comit, alm de outros deveres que esta Lei lhe impe:

    I na recuperao judicial e na falncia:

    a) enviar correspondncia aos credores constantes na relao de que trata o inciso III do caput do art. 51, o inciso III do caput do art. 99 ou o inciso II

    do caput do art. 105 desta Lei, comunicando a data do pedido de recuperao judicial ou da decretao da falncia, a natureza, o valor e a classificao dada

    ao crdito; b) fornecer, com presteza, todas as informaes pedidas pelos credores

    interessados; c) dar extratos dos livros do devedor, que merecero f de ofcio, a fim de

    servirem de fundamento nas habilitaes e impugnaes de crditos; d) exigir dos credores, do devedor ou seus administradores quaisquer

    informaes; e) elaborar a relao de credores de que trata o 2o do art. 7o desta Lei;

    f) consolidar o quadro-geral de credores nos termos do art. 18 desta Lei;

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    g) requerer ao juiz convocao da assemblia-geral de credores nos casos previstos nesta Lei ou quando entender necessria sua ouvida para a tomada

    de decises; h) contratar, mediante autorizao judicial, profissionais ou empresas

    especializadas para, quando necessrio, auxili-lo no exerccio de suas funes; i) manifestar-se nos casos previstos nesta Lei;

    II na recuperao judicial:

    a) fiscalizar as atividades do devedor e o cumprimento do plano de recuperao

    judicial; b) requerer a falncia no caso de descumprimento de obrigao assumida no

    plano de recuperao; c) apresentar ao juiz, para juntada aos autos, relatrio mensal das atividades

    do devedor; d) apresentar o relatrio sobre a execuo do plano de recuperao, de que

    trata o inciso III do caput do art. 63 desta Lei;

    III na falncia:

    a) avisar, pelo rgo oficial, o lugar e hora em que, diariamente, os credores

    tero sua disposio os livros e documentos do falido; b) examinar a escriturao do devedor;

    c) relacionar os processos e assumir a representao judicial da massa falida; d) receber e abrir a correspondncia dirigida ao devedor, entregando a ele o

    que no for assunto de interesse da massa; e) apresentar, no prazo de 40 (quarenta) dias, contado da assinatura do termo

    de compromisso, prorrogvel por igual perodo, relatrio sobre as causas e circunstncias que conduziram situao de falncia, no qual apontar a

    responsabilidade civil e penal dos envolvidos, observado o disposto no art. 186 desta Lei;

    f) arrecadar os bens e documentos do devedor e elaborar o auto de

    arrecadao, nos termos dos arts. 108 e 110 desta Lei; g) avaliar os bens arrecadados;

    h) contratar avaliadores, de preferncia oficiais, mediante autorizao judicial, para a avaliao dos bens caso entenda no ter condies tcnicas para a

    tarefa; i) praticar os atos necessrios realizao do ativo e ao pagamento dos

    credores; j) requerer ao juiz a venda antecipada de bens perecveis, deteriorveis ou

    sujeitos a considervel desvalorizao ou de conservao arriscada ou dispendiosa, nos termos do art. 113 desta Lei;

    l) praticar todos os atos conservatrios de direitos e aes, diligenciar a cobrana de dvidas e dar a respectiva quitao;

    m) remir, em benefcio da massa e mediante autorizao judicial, bens

    apenhados, penhorados ou legalmente retidos;

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    n) representar a massa falida em juzo, contratando, se necessrio, advogado, cujos honorrios sero previamente ajustados e aprovados pelo Comit de

    Credores; o) requerer todas as medidas e diligncias que forem necessrias para o

    cumprimento desta Lei, a proteo da massa ou a eficincia da administrao; p) apresentar ao juiz para juntada aos autos, at o 10o (dcimo) dia do ms

    seguinte ao vencido, conta demonstrativa da administrao, que especifique com clareza a receita e a despesa;

    q) entregar ao seu substituto todos os bens e documentos da massa em seu poder, sob pena de responsabilidade;

    r) prestar contas ao final do processo, quando for substitudo, destitudo ou

    renunciar ao cargo.

    A sada do cargo de administrador pode se dar por substituio ou destituio.

    Vejamos um caso de substituio:

    Art. 30. No poder integrar o Comit ou exercer as funes de administrador judicial quem, nos ltimos 5 (cinco) anos, no exerccio do cargo de

    administrador judicial ou de membro do Comit em falncia ou recuperao judicial anterior, foi destitudo, deixou de prestar contas dentro dos prazos

    legais ou teve a prestao de contas desaprovada.

    1o Ficar tambm impedido de integrar o Comit ou exercer a funo de administrador judicial quem tiver relao de parentesco ou afinidade at o 3o

    (terceiro) grau com o devedor, seus administradores, controladores ou

    representantes legais ou deles for amigo, inimigo ou dependente.

    Caso venha a ser nomeado e, somente depois, se constate tal situao, ser o administrador substitudo do exerccio do cargo.

    J a destituio tem carter punitivo, como se comprova leitura do seguinte artigo legal:

    Art. 31. O juiz, de ofcio ou a requerimento fundamentado de qualquer interessado, poder determinar a destituio do administrador judicial ou de

    quaisquer dos membros do Comit de Credores quando verificar desobedincia aos preceitos desta Lei, descumprimento de deveres, omisso, negligncia ou

    prtica de ato lesivo s atividades do devedor ou a terceiros.

    E como fica a remunerao nestes casos?

    Segundo o artigo 24 da LF: O juiz fixar o valor e a forma de pagamento da

    remunerao do administrador judicial, observados a capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores praticados no

    mercado para o desempenho de atividades semelhantes.

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    O administrador judicial substitudo ser remunerado proporcionalmente ao

    trabalho realizado, salvo se renunciar sem relevante razo ou for destitudo de suas funes por desdia, culpa, dolo ou descumprimento das obrigaes

    fixadas na Lei, hipteses em que no ter direito remunerao.

    Tambm no ter direito a remunerao o administrador que tiver suas contas desaprovadas.

    Assim, se o administrador judicial for substitudo por que renunciou, sem

    relevante razo, no far jus remunerao, ou, ento, se for destitudo por desdia, culpa, dolo, ou descumprimento, tambm no far jus. Item incorreto.

    Os crditos devidos ao administrador judicial e seus auxiliares sero

    classificados como extraconcursais art. 84.

    A ESAF, parecendo ter gostado do assunto, exigiu da seguinte forma o assunto:

    (ESAF/Procurador do DF/2007) Em julho de 2005, foi requerida a falncia da sociedade empresria K-Lote Ltda. que atua no ramo da construo civil. Tal

    falncia foi decretada em maio de 2006, encerrando a fase pr-falimentar. Nesse processo o administrador judicial far jus a uma remunerao que ser

    classificada como crdito trabalhista.

    O item est incorreto.

    ASSEMBLIA GERAL DE CREDORES

    A assemblia-geral o rgo que toma deliberaes salutares nos processos de recuperao judicial e falimentar.

    Trata-se de rgo colegiado, existente tanto na falncia quanto na recuperao judicial. caracterstica da nova legislao falimentar, que teve a preocupao

    de assegurar aos credores maior participao no processo. Sua principal funo a de deliberar sobre matrias que possam afetar os interesses dos credores.

    Suas atribuies esto arroladas no artigo 35 da lei de falncias, in verbis:

    Art. 35. A assemblia-geral de credores ter por atribuies deliberar sobre:

    I na recuperao judicial:

    a) aprovao, rejeio ou modificao do plano de recuperao judicial apresentado pelo devedor;

    b) a constituio do Comit de Credores, a escolha de seus membros e sua substituio;

    d) o pedido de desistncia do devedor, nos termos do 4o do art. 52 desta Lei;

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    e) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; f) qualquer outra matria que possa afetar os interesses dos credores;

    II na falncia:

    b) a constituio do Comit de Credores, a escolha de seus membros e sua

    substituio; c) a adoo de outras modalidades de realizao do ativo, na forma do art. 145

    desta Lei;

    d) qualquer outra matria que possa afetar os interesses dos credores.

    O CESPE, no concurso para Defensor Pblico do Estado do Cear, abordou o assunto da seguinte forma:

    (Cespe/Defensor Pblico do Cear/2007) Considere que determinada sociedade empresria, em situao de crise econmico-financeira, tenha requerido sua

    recuperao judicial e que o juzo competente, tendo verificado o cumprimento

    dos requisitos legais, tenha deferido o processamento da referida recuperao. Nesse caso, a sociedade empresria somente poder desistir do pedido de

    recuperao judicial se obtiver a aprovao da desistncia na assemblia-geral

    de credores.

    Est certo, porquanto compete Assemblia Geral de credores deliberar sobre o pedido de desistncia do devedor (LF, art. 35, I, d).

    A assemblia ser presidida pelo administrador judicial, que designar 1 (um)

    secretrio dentre os credores presentes (LF, art. 37). J nas deliberaes sobre o afastamento do administrador judicial ou em outras

    em que haja incompatibilidade deste, a assemblia ser presidida pelo credor presente que seja titular do maior crdito (LF, art. 37, 1).

    A composio da assemblia basicamente a seguinte:

    Art. 41. A assemblia-geral ser composta pelas seguintes classes de credores: I titulares de crditos derivados da legislao do trabalho ou decorrentes de

    acidentes de trabalho; II titulares de crditos com garantia real;

    III titulares de crditos quirografrios, com privilgio especial, com privilgio

    geral ou subordinados.

    A assemblia instalar-se-, em 1a (primeira) convocao, com a presena de credores titulares de mais da metade dos crditos de cada classe,

    computados pelo valor, e, em 2a (segunda) convocao, com qualquer nmero.

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    Sobre o voto na Assemblia Geral de Credores. Adote-se o seguinte como

    regra: O VOTO DO CREDOR SER PROPORCIONAL AO VALOR DE SEU CRDITO (LF, art. 38).

    Considerar-se- aprovada a proposta que obtiver votos favorveis de credores

    que representem MAIS DA METADE DO VALOR TOTAL DOS CRDITOS PRESENTES ASSEMBLIA-GERAL (LF, art. 42).

    Esquematizando, teremos:

    Algumas excees importantes surgem a essa regra, a saber:

    - Composio do comit de credores: ser constitudo por deliberao de

    qualquer das classes de credores na assemblia-geral (LF, art. 26);

    - Forma alternativa de realizao de ativo: a forma alternativa de realizao do ativo depende de deliberao de dois teros dos crditos presentes

    assemblia (LF, art. 46);

    - Deliberao sobre o plano de recuperao judicial: todas as classes de

    credores devero aprovar a proposta (LF, art. 45).

    COMIT DE CREDORES

    Ademais, temos tambm o chamado COMIT DE CREDORES, que FACULTATIVO, seja no processo de recuperao judicial, seja no processo

    falimentar.

    Art. 99. A sentena que decretar a falncia do devedor, dentre outras determinaes:

    XII determinar, quando entender conveniente, a convocao da assemblia-geral de credores para a constituio de Comit de Credores, podendo ainda

    Assembleia Geral de

    Credores

    Primeira Conv.: Instalao com

    mais da metade dos crditos de

    cada classe. Segunda Conv.:

    Qualquer quantidade de

    presentes.

    Proposta aprovada

    Mais da metade dos votos presentes

    Assemblia (Votos proporcionais ao valor dos crditos)

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    autorizar a manuteno do Comit eventualmente em funcionamento na

    recuperao judicial quando da decretao da falncia;

    Art. 28. No havendo Comit de Credores, caber ao administrador judicial ou,

    na incompatibilidade deste, ao juiz exercer suas atribuies.

    Esse item j foi cobrado literalmente pelo Cespe, no certame para Juiz Substituto do TJ PI, em 2007, com o seguinte excerto:

    (Cespe/Juiz de Direito/TJ PI/2007) No curso da recuperao judicial, no havendo comit de credores, caber ao administrador judicial exercer as

    atribuies do comit e, na incompatibilidade deste administrador, caber ao

    juiz da causa exercer as atribuies do referido comit.

    V-se claramente a correo do item.

    A composio estabelecida pela LF ao Comit de Credores a seguinte:

    Art. 26. O Comit de Credores ser constitudo por deliberao de qualquer das classes de credores na assemblia-geral e ter a seguinte composio:

    I) 1 representante indicado pela classe de credores trabalhistas, com 2 (dois)

    suplentes; II) 1 representante indicado pela classe de credores com direitos reais de

    garantia ou privilgios especiais, com 2 (dois) suplentes; III) 1 representante indicado pela classe de credores quirografrios e com

    privilgios gerais, com 2 (dois) suplentes.

    E mais, estabelece a lei ainda que:

    Art. 44. Na escolha dos representantes de cada classe no Comit de Credores,

    somente os respectivos membros podero votar.

    Todavia, se os representantes quirografrios, por exemplo, deixarem de indicar

    um representante, no restar prejuzo para o Comit. A lei permite que o rgo funcione com uma quantidade menor de membros.

    Art. 26, 1 A falta de indicao de representante por quaisquer das classes no prejudicar a constituio do Comit, que poder funcionar com nmero inferior

    ao previsto no caput deste artigo.

    Dentre suas atribuies, constantes do artigo 27 da Lei de Falncias, as

    principais so:

    a) fiscalizar as atividades e examinar as contas do administrador judicial; b) zelar pelo bom andamento do processo e pelo cumprimento da lei.

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    Existem, ainda, alguns impedimentos no que tange ocupao dos cargos do Comit de Credores, transcrita:

    Art. 30. No poder integrar o Comit ou exercer as funes de administrador judicial quem, nos ltimos 5 (cinco) anos, no exerccio do cargo de

    administrador judicial ou de membro do Comit em falncia ou recuperao judicial anterior, foi destitudo, deixou de prestar contas dentro dos prazos

    legais ou teve a prestao de contas desaprovada.

    O administrador judicial e os membros do Comit de Credores, logo que

    nomeados, sero intimados pessoalmente para, em 48 (quarenta e oito) horas, assinar, na sede do juzo, o termo de compromisso de bem e fielmente

    desempenhar o cargo e assumir todas as responsabilidades a ele inerentes (LF, art. 33). No assinado o termo de compromisso no prazo previsto, o juiz

    nomear outro administrador judicial (LF, art. 34).

    O administrador judicial e os membros do Comit respondero pelos prejuzos

    causados massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa, devendo o dissidente em deliberao do Comit consignar sua discordncia em

    ata para eximir-se da responsabilidade (LF, art. 32).

    Sobre o administrador judicial, o comit de credores e a assemblia-geral de credores, esses eram os principais aspectos a serem tratados e que podem ser

    cobrados em concurso.

    EFEITOS DA SENTENA QUE DECRETA A FALNCIA

    Alguns efeitos decorrem quando da decretao de sentena falimentar. Os

    principais so os seguintes:

    1) SCIOS COM RESPONSABILIDADE ILIMITADA

    Segundo a Lei 11.101...

    Art. 81. A deciso que decreta a falncia da sociedade com scios ilimitadamente responsveis tambm acarreta a falncia destes, que

    ficam sujeitos aos mesmos efeitos jurdicos produzidos em relao sociedade falida e, por isso, devero ser citados para apresentar contestao, se assim o

    desejarem.

    Com efeito, se uma sociedade em nome coletivo vir a falir, todos os seus scios

    tambm incorrem na mesma conduta, juntos.

    Se a sociedade for de responsabilidade limitada, por seu turno, no haver, em

    regra, conseqncias para a sociedade, em vista da autonomia que possui a

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    pessoa jurdica (o j propalado princpio contbil da entidade, pelo qual a

    sociedade diferente da pessoa dos scios).

    De acordo com a lei:

    Art. 82. A responsabilidade pessoal dos scios de responsabilidade limitada, dos controladores e dos administradores da sociedade falida, estabelecida nas respectivas leis, ser apurada no prprio juzo da falncia, independentemente

    da realizao do ativo e da prova da sua insuficincia para cobrir o passivo,

    observado o procedimento ordinrio previsto no Cdigo de Processo Civil.

    2) PERDA DOS DIREITOS DE ADMINISTRAR OS SEUS BENS

    Art. 103. Desde a decretao da falncia ou do seqestro, o devedor perde o direito de administrar os seus bens ou deles dispor.

    Pargrafo nico. O falido poder, contudo, fiscalizar a administrao da falncia,

    requerer as providncias necessrias para a conservao de seus direitos ou dos bens arrecadados e intervir nos processos em que a massa falida seja parte

    ou interessada, requerendo o que for de direito e interpondo os recursos

    cabveis.

    Veja-se que a decretao da falncia retira do empresrio o poder de administrar seus bens ou deles se desfazer.

    Entrementes, pode o falido fiscalizar a conduo dos seus negcios, conforme

    previso expressa do pargrafo nico.

    3) INABILITAO PARA ATIVIDADES EMPRESARIAIS

    Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da decretao da falncia e at a sentena que extingue suas obrigaes,

    respeitado o disposto no 1o do art. 181 desta Lei.

    A inabilitao para as atividades empresariais se d to-logo seja decretada a

    falncia do empresrio e, segundo a prpria lei, perdura at a sentena que extingue as obrigaes do falido.

    Cumpre ressaltar, porm, que:

    Art. 181. So efeitos da condenao por crime previsto nesta Lei:

    I a inabilitao para o exerccio de atividade empresarial; III a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gesto de negcio.

    1o Os efeitos de que trata este artigo no so automticos, devendo ser

    motivadamente declarados na sentena, e perduraro at 5 (cinco) anos

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    aps a extino da punibilidade, podendo, contudo, cessar antes pela

    reabilitao penal.

    Desse modo, se o empresrio for condenado pena prevista em regime

    falimentar, ficar inabilitado pelo perodo de 5 anos aps a extino da punibilidade.

    APURAO DO ATIVO DO DEVEDOR

    Logo aps a decretao da sentena que declara a falncia, o processo falimentar se instaura. Tem incio o processo de execuo concursal de seus

    bens. Isto , apurar-se- o montante de bens que possui o empresrio para saldar as dvidas existentes. Tal processo d origem no que, no processo

    falimentar, chamado de MASSA FALIDA.

    Art. 108. Ato contnuo assinatura do termo de compromisso, o administrador judicial efetuar a arrecadao dos bens e documentos e a avaliao dos bens,

    separadamente ou em bloco, no local em que se encontrem, requerendo ao

    juiz, para esses fins, as medidas necessrias.

    Assim, aps a nomeao do administrador judicial, deve ele proceder ao levantamento dos bens que possui o credor, a fim de compar-lo com o

    passivo.

    Os bens absolutamente impenhorveis, contudo, no sero arrecadados.

    Uma vez recolhidos, os bens devem ficar sob a guarda do administrador judicial.

    Art. 108. 1o Os bens arrecadados ficaro sob a guarda do

    administrador judicial ou de pessoa por ele escolhida, sob responsabilidade daquele, podendo o falido ou qualquer de seus representantes

    ser nomeado depositrio dos bens.

    Estes bens podem ser retirados do local em que se encontrem.

    Art. 112. Os bens arrecadados podero ser removidos, desde que haja necessidade de sua melhor guarda e conservao, hiptese em que

    permanecero em depsito sob responsabilidade do administrador judicial,

    mediante compromisso.

    Ainda, se se tratar de bens perecveis:

    Art. 113. Os bens perecveis, deteriorveis, sujeitos considervel desvalorizao ou que sejam de conservao arriscada ou dispendiosa, podero

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    ser vendidos antecipadamente, aps a arrecadao e a avaliao, mediante

    autorizao judicial, ouvidos o Comit e o falido no prazo de 48 (quarenta e

    oito) horas.

    Para findar, cumpre anotar que o administrador judicial poder alugar ou celebrar outro contrato referente aos bens da massa falida, com o objetivo de

    produzir renda para a massa falida, mediante autorizao do Comit (LRE, art. 114).

    A RESTITUIO DE BENS DE TERCEIROS

    A arrecadao pode recair sobre os bens prprios, um veculo da sociedade,

    por exemplo, ou sobre bens de terceiros, como um veculo objeto de leasing. Decerto, os bens de terceiros que se encontram em posse da empresa no

    podem ser utilizados para que sejam saldadas as dvidas do empresrio. Deste modo, surge o direito de restituio.

    Segundo a LRE:

    Art. 85. O proprietrio de bem arrecadado no processo de falncia ou que se encontre em poder do devedor na data da decretao da falncia poder pedir

    sua restituio.

    O pedido de restituio dever ser fundamentado e descrever a coisa reclamada (LRE, art. 87).

    Tambm pode ser pedida a restituio de coisa vendida a crdito e entregue ao

    devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falncia, se ainda no alienada (LRE, art. 85, pargrafo nico). Portanto, se o empresrio

    efetua compra a crdito em 01.02.X1 e tem sua falncia requerida em 12.02.X1, nascer para o credor o direito a pedir a restituio da mercadoria,

    se ainda permanecer em estoque.

    A restituio, nesses casos, se d com a devoluo do prprio bem.

    Existem, ainda, outras hipteses de restituio previstas na lei, a saber:

    Art. 86. Proceder-se- restituio EM DINHEIRO:

    I se a coisa no mais existir ao tempo do pedido de restituio, hiptese em que o requerente receber o valor da avaliao do bem, ou, no caso de ter

    ocorrido sua venda, o respectivo preo, em ambos os casos no valor atualizado; II da importncia entregue ao devedor, em moeda corrente nacional,

    decorrente de adiantamento a contrato de cmbio para exportao, na forma do art. 75, 3o e 4o, da Lei no 4.728, de 14 de julho de 1965, desde que o

    prazo total da operao, inclusive eventuais prorrogaes, no exceda o

    previsto nas normas especficas da autoridade competente;

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L4728.htm#art753

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    III dos valores entregues ao devedor pelo contratante de boa-f na hiptese de revogao ou ineficcia do contrato, conforme disposto no art. 136 desta

    Lei.

    VERIFICAO E HABILITAO DOS CRDITOS

    Para ver o quanto deve realmente o empresrio, deve no s se apropriar dos documentos constantes dos arquivos do empresrio. obrigao, tambm, do

    administrador judicial que compare os valores apresentados com aqueles fornecidos pelos credores. Esse procedimento chamado de verificao dos

    crditos.

    Art. 7o A verificao dos crditos ser realizada pelo administrador judicial, com base nos livros contbeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com o

    auxlio de profissionais ou empresas especializadas.

    VERIFICAO DOS CRDITOS ADMINISTRADOR JUDICIAL.

    Quando da sentena que decreta a falncia ou quando do deferimento do processo de recuperao judicial, ser publicado um edital (art. 52, 1 e 99,

    pargrafo nico).

    Neste edital ser feita a exigncia de que os credores apresentem no prazo de 15 dias ao administrador judicial suas habilitaes ou suas divergncias

    quanto aos crditos relacionados no edital. A habilitao compete ao credor (LF, art. 9).

    A habilitao dos crditos permite que ao administrador judicial e demais credores tomem cincia de sua existncia, verificando-se tambm sua

    legitimidade e exatido.

    HABILITAO DOS CRDITOS CREDOR.

    Pois bem, aps o transcurso do perodo de habilitao para os credores, o administrador judicial, com base nas informaes e documentos colhidos na

    habilitao, far publicar edital contendo a relao de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, devendo indicar o local, o horrio e o prazo comum em

    que as pessoas indicadas no art. 8o da Lei (o Comit, qualquer credor, o

    devedor ou seus scios ou o Ministrio Pblico) tero acesso aos documentos que fundamentaram a elaborao dessa relao.

    A FGV explorou o tema no concurso para Fiscal de Rendas do ICMS RJ, em

    2010, com a seguinte redao:

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    (FGV/Agente Fiscal de Rendas/RJ/2010) O prazo para o credor apresentar ao administrador judicial a sua habilitao ou a sua divergncia quanto ao crdito

    relacionado de 15 (quinze) dias, contados da publicao do Edital.

    O item est correto. Dois editais existem.

    Um primeiro contm uma relao de credores, que devem so convocados para

    habilitao (15 dias).

    Aberto o prazo, o administrador verificar (procedimento de verificao) a exatido e legitimidade, fazendo-se publicar outro edital (45 dias aps o

    trmino dos 15).

    Caso no haja impugnaes, o juiz homologar, como quadro-geral de credores, a relao dos credores constante do segundo edital publicado (LF, art.

    14).

    No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicao do segundo edital o Comit,

    qualquer credor, o devedor ou seus scios ou o Ministrio Pblico podem apresentar ao juiz impugnao contra a relao de credores, apontando a

    ausncia de qualquer crdito ou manifestando-se contra a legitimidade, importncia ou classificao de crdito relacionado.

    Os credores cujos crditos forem impugnados sero intimados para contestar a

    impugnao, no prazo de 5 (cinco) dias, juntando os documentos que tiverem e indicando outras provas que reputem necessrias (LF, art. 11). Transcorrido o

    prazo acima, o devedor e o Comit, se houver, sero intimados pelo juiz para se manifestar sobre ela no prazo comum de 5 (cinco) dias.

    O item foi cobrado no j dito certame para o TRT com a seguinte redao: Os

    credores cujos crditos forem impugnados sero intimados para contestar a

    impugnao, no prazo de 5 (cinco) dias, juntando os documentos que tiverem e indicando outras provas que reputem necessrias Correto, trata-se de mera

    transcrio da lei.

    Por fim, aps as manifestaes, o administrador judicial ser intimado pelo juiz para emitir parecer no prazo de 5 (cinco) dias, devendo juntar sua

    manifestao o laudo elaborado pelo profissional ou empresa especializada, se for o caso, e todas as informaes existentes nos livros fiscais e demais

    documentos do devedor acerca do crdito, constante ou no da relao de credores, objeto da impugnao.

    Instrudos os autos, da deciso judicial sobre a impugnao caber agravo

    cuidado no apelao, mas, sim, agravo!! (LF, art. 17).

    Perdendo-se o prazo para habilitao dos crditos, ser ele tido como

    retardatrio (LF, art. 10). Na recuperao judicial, os titulares de crditos

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    retardatrios, excetuados os titulares de crditos derivados da relao de

    trabalho, no tero direito a voto nas deliberaes da assemblia-geral de credores (LF, art. 10, 1). O mesmo vale para a falncia, salvo se na data da

    assemblia de credores j houver homologao do quadro geral de credores contendo o crdito retardatrio,

    O ADMINISTRADOR JUDICIAL SER RESPONSVEL PELA

    CONSOLIDAO DO QUADRO-GERAL DE CREDORES, a ser homologado pelo juiz, com base na relao dos credores e nas decises proferidas nas

    impugnaes oferecidas.

    O quadro-geral, assinado pelo juiz e pelo administrador judicial, mencionar a importncia e a classificao de cada crdito na data do requerimento da

    recuperao judicial ou da decretao da falncia, ser juntado aos autos e publicado no rgo oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, contado da data da

    sentena que houver julgado as impugnaes.

    A ESAF j explorou o tema, com a seguinte questo:

    (ESAF/Procurador do Bacen/2002) A organizao do Quadro Geral de Credores na falncia visa a garantir a igualdade absoluta entre credores ou a observncia

    da par conditio creditorum.

    Conquanto valha na falncia o conhecido princpio da par conditio creditorum,

    pelo qual os credores devem, em tese, possuir as mesmas chances de satisfao dos seus cr