aula 02 - parte 2 - administração de recursos materiais

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Administração de Recursos Materiais / TRE-RJ Teoria e exercícios comentados Prof. Wagner Rabello Jr. Aula 02 Prof. Wagner Rabello Jr. www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 119 AULA 2 – parte 2 COMPRAS LICITAÇÕES PÚBLICAS (TEORIA E EXERCÍCIOS) PREZADOS ALUNOS, ESTA AULA É DE AUTORIA DO MAGNÍFICO PROFESSOR CYONIL BORGES QUE GENTILMENTE NOS DEU ESSA PRECIOSA COLABORAÇÃO. Oi Pessoal, Recebi, esta semana, o contato do Profº. Wagner Rabello (o cara da Administração e Arquivologia). E, “pra” minha surpresa, o Profº requisitou meus trabalhos. Bom, não preciso nem dizer que fiquei super-hiper lisonjeado com o convite, e aceitei, imediatamente, a empreitada de apresentá-los às licitações públicas. A aula tá “grandinha”, isso porque, além da teoria, decidimos pela postagem de exercícios da ilustre organizadora Cespe, para que os (as) amigos(as) tenham ideia precisa do comportando da banca e estudo de sua tendência. Forte abraço a todos, Cyonil Borges. PARTE I – LICITAÇÕES (TEORIA) 1 – CONCEITO DE LICITAÇÃO Eu, Cyonil, tenho um livro de licitações, lançado pela Editora Campus, mas está, hoje, desatualizado. Certamente, a intenção não é colá-lo aqui. Logo, os amigos não terão que ler tanto quanto lá. Todavia, adiante que temos bastante trabalho a fazer, e aqui de forma atualizadíssima. Inicialmente, vejamos o que diz o art. 3º da Lei 8.666/1993: Art. 3 o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional, e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

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AULA 2 – parte 2

COMPRAS

LICITAÇÕES PÚBLICAS (TEORIA E EXERCÍCIOS)

PREZADOS ALUNOS, ESTA AULA É DE AUTORIA DO MAGNÍFICO PROFESSOR CYONIL BORGES QUE GENTILMENTE NOS DEU ESSA PRECIOSA COLABORAÇÃO.

Oi Pessoal,

Recebi, esta semana, o contato do Profº. Wagner Rabello (o cara da Administração e Arquivologia).

E, “pra” minha surpresa, o Profº requisitou meus trabalhos.

Bom, não preciso nem dizer que fiquei super-hiper lisonjeado com o convite, e aceitei, imediatamente, a empreitada de apresentá-los às licitações públicas.

A aula tá “grandinha”, isso porque, além da teoria, decidimos pela postagem de exercícios da ilustre organizadora Cespe, para que os (as) amigos(as) tenham ideia precisa do comportando da banca e estudo de sua tendência.

Forte abraço a todos,

Cyonil Borges.

PARTE I – LICITAÇÕES (TEORIA)

1 – CONCEITO DE LICITAÇÃO

Eu, Cyonil, tenho um livro de licitações, lançado pela Editora Campus, mas está, hoje, desatualizado. Certamente, a intenção não é colá-lo aqui. Logo, os amigos não terão que ler tanto quanto lá. Todavia, adiante que temos bastante trabalho a fazer, e aqui de forma atualizadíssima.

Inicialmente, vejamos o que diz o art. 3º da Lei 8.666/1993:

Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional, e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

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Dos trechos negritados, podemos extrair o conceito de licitações, a partir de três pontos:

I) A licitação é um procedimento (art. 3º, acima - será processada...): deixando de lado essa discussão boba (no Direito Administrativo) a respeito de procedimentos/processos administrativos, podemos dizer que um processo (ou procedimento) administrativo é um conjunto de atos encadeados que caminham para um resultado final. Resumidamente, ser procedimento, significa ser uma série de atos, que acabam se interligando. No caso das licitações, tais atos (do procedimento) acabaram se dividindo em duas grandes etapas, as fases da licitação;

II) As licitações destinam-se à seleção da proposta mais vantajosa aos interesses públicos.Responde rápido aí: proposta mais vantajosa coincide sempre com a de menor preço? E, como dizemos por aí, se o barato sair caro? Pois é. O objetivo das licitações não é a proposta mais barata, mas sim a mais vantajosa aos interesses públicos. Como se sabe, por vezes é melhor pagar mais, contratando algo mais adequado (com mais qualidade), do que pagar menos, contratando-se de maneira menos útil. Então, cuidado com esse objetivo do processo licitatório: é a melhor proposta (não a mais barata!).

III) Há um segundo objetivo para o processo licitatório:a isonomia constitucional. Releiam o art. 3º ali acima. Perceberam que ele diz que as licitações destinam-se aocumprimento do princípio constitucional da isonomia e à seleção da proposta mais vantajosa à Administração? Pois é, é um segundo objetivo. Não adianta a Administração contratar diretamente por preços abaixo de mercado a empresa da esposa, do primo, p. ex., do Presidente da Entidade, sem realizar o devido processo licitatório. De fato, assim procedendo, o agente público responsável, apesar de selecionar a “melhor proposta”, acabaria por promover grave ofensa ao princípio da isonomia. Ainda neste sentido: de que vale garantir a isonomia entre os

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interessados, se os preços pactuados estão frontalmente muito acima dos praticados pelo mercado? Daí a questão do “segundo objetivo”;

IV) “CEREJINHA DO BOLO”: a recentíssima Lei 12.349, de 2010, acrescentou um terceiro objetivo às licitações: a promoção do desenvolvimento nacional(por isso que está destacado no art. 3º). Esse terceiro objetivo vem a atender uma “velha reclamação” da doutrina: as licitações devem servir como instrumento de estímulo ao desenvolvimento do país.

Para o cumprimento do referido objetivo, a Lei previu o estabelecimento de uma margem de preferência para aaquisição de produtos manufaturados e para serviços nacionais, assim definidos, nos termos dos incisos XVII e XVIII do art. 6º da LLC:

XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos manufaturados, produzidos no território nacional de acordo com o processo produtivo básico ou com as regras de origem estabelecidas pelo Poder Executivo federal; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)

XVIII - serviços nacionais- serviços prestados no País, nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo federal; (Incluído pela Lei nº 12.349, de 2010)

Abre-se um parêntese para esclarecer que, para o emprego da margem de preferência, alguns requisitos devem ser observados, a saber:

- a capacidade de produção ou prestação no País não pode ser inferior à quantidade a ser adquirida ou contratada, ou, ainda, inferior ao quantitativo mínimo para preservar a economia de escala(§7º do art. 23), nos termos do art. 3º, §9º, I e II, da LLC;

- as margens de preferência por produto, serviço, grupo de produtos ou serviços nacionais, não podem ultrapassar o montante de 25% sobre o preço dos produtos manufaturados e serviços estrangeiros;

- a margem de preferência poderá se restendida, total ou parcialmente, aos bens e serviços originários dos Estados Partes do Mercado Comum do Sul – Mercosul;

- a aplicação da margem de preferência deve estar fundamentada em estudos revistos periodicamente, em prazo não superior a cinco anos, que considerem, em todo caso:

I - geração de emprego e renda; II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais e municipais; III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País; IV - custo adicional dos produtos e serviços; e

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V - em suas revisões, análise retrospectiva de resultados.

Registro que, ao lado da referida preferência, poderá ser estabelecido

margem de preferência adicional, tratando-se de produtos manufaturados e serviços nacionais resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica realizados no País.

A justificativa de margem adicional de preferência para tais produtos e serviços de tecnologia pode ser percebida, também, a partir da leitura do §12 do art. 3º da LLC, ao fixar que, nas contratações destinadas à implantação, à manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de informação e comunicação, sistemas considerados estratégicos em ato do Poder Executivo federal, a licitação poderá ser restrita a bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País e produzidos de acordo com o processo produtivo básico de que trata a Lei 10.176, de 11 de janeiro de 2001.

Por fim, é previsto que os editais de licitação para a contratação de bens, serviços e obras poderão, mediante prévia justificativa da autoridade competente, exigir que o contratado promova, em favor de órgão ou entidade integrante da administração pública ou daqueles por ela indicados a partir de processo isonômico, medidas de compensação comercial, industrial, tecnológica ou acesso a condições vantajosas de financiamento, cumulativamente ou não,na forma estabelecida pelo Poder Executivo federal.

Não se esqueçam deste objetivo, ok?É que ele está “cheirando a leite”, e se tem uma regra básica em prova de concurso é: Se é Novo, Vai Cair! Então, atenção na prova.

Será que, afinal, não vão apresentar um conceito para licitações? Gente, esse conceito já tá “na mão”! É só juntar os quatro pontos já expostos. Vejamos:PROCEDIMENTO, MELHOR PROPOSTA, ISONOMIA,DESENVOLVIMENTO NACIONAL.

Olha só como é que fica. Licitação é:

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OPROCEDIMENTO ADMINISTRATIVOmediante o qual a Administração Pública, visando à seleção da PROPOSTA MAIS VANTAJOSAAOS INTERESSES PÚBLICOS, dá necessário cumprimento ao princípio constitucional da ISONOMIA, dentre outros, assim como estimula, dentro do possível, o DESENVOLVIMENTO NACIONAL.

É melhor fazer assim, entender, do que ficar decorando o tempo todo, não é? Então, é só guardar os quatro pontos: PROCEDIMENTO, MELHOR PROPOSTA,ISONOMIA,DESENVOLVIMENTO NACIONAL, que a gente consegue conceituar licitação, em qualquer questão aberta, por exemplo, além de gabaritar as provas objetivas.

Bom, esclarecido o conceito, vamos partir para outros pontos importantes.

Primeiramente, é bom deixar claro que o dever de licitar é GERAL para a Administração Pública, em todos os níveis da federação, em razão do que estabelece a Constituição Federal de 1988. Olha só o que diz o art. 37, inc. XXI, do nosso texto constitucional:

XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Notaram que o trecho destacado que diz “ressalvados os casos especificados na legislação”? Pois é, isso vai ser importante, lá na frente, quando tentarmos decifrar a tal contratação direta, ou seja, adispensa e inexigibilidade de licitação, que são situações que

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permitem ao poder público contratar sem a modalidade prévia de licitação. Aliás, aqui cabe uma ressalva.

Licitações e contratossão coisas bem distintas. De fato, enquanto a primeira é uma série de atos (um procedimento), o último é o vínculo decorrente, o resultado, de regra, naturalístico da licitação, ou seja, a consequência costumeiramente natural do processo licitatório. A licitação, então, é o antecedente, e o contrato o consequente, não podendo ser confundidos, sendo que, em alguns casos, para a celebração do contrato dispensa-se ou se inexige a modalidade própria de licitação, isto é, há casos de contratação direta, sem modalidade de licitação.

Então, ao fim, podemos dizer que: O DEVER DE LICITAR É UMA REGRA PARA AS CONTRATAÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. CONTUDO, TAL REGRA ENCONTRARÁEXCEÇÕES.

Outra coisa importante é deixar bem clara a competência da União para legislar a respeito de licitações e contratos. Vejamos o art. 22, inc. XXVII, da Constituição Federal, para tanto:

Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

(...)

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XXVII - normas geraisde licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

A União tem competência, então, para legislar, em grau de norma geral, sobre todas as modalidades, ante o que estabelece a Constituição Federal.

Então, nossa “querida” Lei 8.666/1993 tem a natureza de Lei federal Geral (ou nacional, como preferem alguns doutrinadores), em razão do que estabelece o XXVII do art. 22 da CF/1988.

A tal Lei “Nacional” é aquela editada pela União, mas com força suficiente para alcançar todos os demais entes políticos. Apesar da crítica de parte da doutrina a rigidez, e o fato, ao menos aparente, de a Lei 8.666/1993 invadir a competência de os Estados se auto-organizarem, a Lei 8.666/1993 alcança a estes, e também aos municípios. E, claro, o DF, também.

Curiosidade: o art. 22 traça a competência privativa da União, ou seja, apesar de ser apontado como um problema de geografia constitucional, a Lei 8.666/1993 não é, para efeito de concurso, considerada legislação concorrente. Cuidado com isso!Viu!

Acontece, porém, que nem toda a Lei 8.666/1993 é norma geral. Contudo, a definição de quais os dispositivos sejam normas gerais ou não é tarefa das mais árduas, considerando o volume de artigos que contém a LEI. Mesmo diante da dificuldade em distinguir as normas gerais das não gerais, o Supremo Tribunal Federal – STF parece ter sinalizado para a existência de normas aplicáveis apenas à União, logo, não gerais. Na ADIN 927-3, o STF suspendeu cautelarmente, até decisão final de mérito, alínea “b” do inc. I do art. 17, bem como a eficácia do §1º do dispositivo, a seguir reproduzido:

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Art. 17 (...)

I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes casos:

(...)

b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de governo;

(...)

§ 1o Os imóveis doados com base na alínea "b" do inciso I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora, vedada a sua alienação pelo beneficiário.

Em síntese:

- Os Estados, Distrito Federal e Municípios podem legislar suplementarmente sobre a matéria no que tange ao interesse peculiar de suas administrações. Mas não podem contradizer a Lei 8.666/1993, naquilo que ela seja Lei Geral; e,

- nem toda a Lei 8.666/1993 é norma geral, pois existem dispositivos aplicáveis apenas à União, por exemplo: contratação direta para regular os preços e abastecimento.

Poxa, agora já não basta ter de estudar a Lei 8.666/1993, vou ter de decorar as partes em que ela é lei geral, e em que não é, nossa! Calma aí, gente! O “lance” é só saber que nem toda Lei 8.666/1993 é Lei Geral. Mas decorar todos esses detalhes não é muito viável, não! Se der, ótimo. Se não, podem ficar tranquilos. Dificilmente, “pra” não dizer raramente, o examinador tem abordado esse assunto em prova.

Olha só que pergunta bacana: há o dever de licitar mesmo por parte de entidades da Administração Pública que exploram atividades econômicas?

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O inc. III do §1º do art. 173 da Constituição Federal dispõe que lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços(não diz respeito a prestadoras de serviços públicos – Cuidado!), dispondo, dentre outras matérias, de licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os princípios da administração pública.

Então as referidas entidades (que exploram atividades econômicas) estão dispensadas de licitar, segundo as normas de Lei 8.666/1993?

Não é bem assim. Com a colaboração do Direito Constitucional, informo que a norma no art. 173, §1º, III, é de eficácia limitada. De outra forma, enquanto não sobrevier Lei própria que estabeleça o regramento para as licitações das entidades estatais que explorem atividades econômicas, estas deverão seguir o regime da Lei 8.666/1993. Algo do tipo: não tem tu, vai tu mesmo... Como a lei “que estabelecerá” ainda não foi editada, as empresas governamentais, atuantes na atividade econômica, continuam presas, vinculadas, a seguir a Lei 8.666/1993.

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Porém, a regra, o dever de licitar por parte das entidades estatais exploradoras de atividade econômica foi mitigada, reduzida, afastada parcialmente pela jurisprudência do Tribunal de Contas da União, contando com sólidas e fundamentadas opiniões no mesmo sentido por parte da doutrina.

Há entendimento de ser possível a contratação direta(sem aplicação de qualquer modalidade de licitação) de bens, de serviços e de produtos atinentes, referentes, às atividades finalísticas das entidades da Administração que explorem atividades econômicas, ou seja, aqueles decorrentes de procedimentos usuais de mercado em que atua e indispensáveis ao desenvolvimento de sua atividade normal.

Ressalto que idêntico raciocínio não é válido para atividade-meio, na qual a entidade estatal que explora atividade econômica deve licitar normalmente, a não ser, obviamente, que a licitação mais uma vez acarrete obstáculo ao regular curso da atividade-fim.Vejamos, abaixo, a decisão:

Acórdão 121/1998 – TCU/Plenário

Exclui a PETROBRÁS Distribuidora - BR da obrigatoriedade de realizar processo licitatório para as contratações de transportes que sejam atividade-fim da empresa, como a de transporte de produtos, permanecendo esta obrigatoriedade para atividades-meio.

Das empresas governamentais, a Petrobras é um caso à parte (especialíssimo), isso porque segue o Decreto 2.745/98 em suas contratações. O TCU, em inúmeras decisões, fixou o entendimento pela inconstitucionalidade de tal normativo, recebendo voto favorável pela ilegalidade no Superior Tribunal de Justiça.

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No entanto, no ACO 1193 QO-MC/RJ e outras decisões mais recentes, o STF, em processo da relatoria do Min. Gilmar Mendes, concedeu-se liminar para garantir aplicabilidade do citado Decreto até decisão final de mérito.

Os amigos devem ter acompanhado esse imbróglio todo com Belo Monte, a Mega Usina (será 3ª maior hidrelétrica do mundo!) no meio da Amazônia. Pois é, é uma concessão de serviço público. E daí? Daí que tem uma questão interessante por detrás: afinal licitações para concessões e permissões de serviço público são regidas pela Lei 8.666/1993? Viu como a questão é boa? Vejamos só o que diz o art. 124 da Lei 8.666/1993:

Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para permissão ou concessão de serviços públicosos dispositivos desta Lei que não conflitem com a legislação específica sobre o assunto.

Vamos à interpretação. Como temos a Lei 8.987/1995 que trata de concessões e permissões de serviços públicos, será esta norma, primeiramente, que regerá a matéria (licitações de concessões e permissões de SERVIÇO PÚBLICO). Quanto à Usina de Belo Monte, tem uma norma ainda mais específica para o assunto, a Lei 9.074/1995. Mas, em prova, tem que ter atenção para a seguinte afirmativa do examinador: licitações de concessão ou permissão de serviços públicos podem ser regidas pela Lei 8.666/1993. E aí, tá certo? SIM, pois, a despeito de não ser a norma principal, a Lei 8.666alcança, ainda que subsidiariamente/supletivamente, licitações para concessões e permissões de serviços públicos.

Por fim, a questão curiosa do terceiro setor, mais especificamente, duas situações específicas: Serviços Sociais Autônomos e as entidades que, de modo geral, recebem transferências voluntárias da União (cujos convênios são as mais conhecidas e com relação aos quais nos ocuparemos, mais adiante).

Há uma decisão do TCU, de 1997, na qual foi tratada a questão dos serviços sociais autônomos, o Sistema “S”, como nós conhecemos. A pergunta a ser feita é a que consta abaixo:

O chamado “Sistema S”, formado por pessoas jurídicas de Direito Privado (SESC, SEBRAE, SENAT, SENAR, SESI, APEX, ABDI, e outros), obriga-se a licitar conforme a Lei nº 8.666/1993?

R: As entidades do sistema “S” são entidades de natureza privada, não integrantes da Administração Pública (as entidades do sistema “S” são paraestatais), sem fins lucrativos, que administram verbas públicas, advindas de dotações orçamentárias ou de contribuições parafiscais.

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O entendimento do Tribunal de Contas da União – TCU (Decisão Plenária 907/1997) é de que, embora devam licitar, estão dispensadas do procedimento previsto na Lei nº 8.666/1993. Logo, podem editar seus próprios regulamentos de licitação, em obediência apenas aos princípios da Administração Pública.

Outra coisa é a questão que envolve as entidades que, de modo geral, recebem transferências voluntárias da União, de regra, como dito, por intermédio de convênios.

O primeiro registro é que convênio é “uma coisa” e contrato outra “coisa”, Isso mesmo. Uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa!

Nos convênios ocorre o que chamamos de interesse mútuo, ou seja, um interesse comum, sem qualquer tipo de antagonismo. Exemplo: a União precisa de uma entidade que faça o trabalho de reintrodução de ex-detentos no mercado de trabalho. Tem uma “ONG” que faz isso. A União pode repassar dinheiro para essa ONG cuidar disso. Essa transferência se faz, em regra, por convênio, pois não há oposição nenhuma de interesses (tanto a União quanto a ONG querem exatamente a mesma coisa: que o ex-detento volte a trabalhar).

Nos contratos, como o nome já informa (CONTRATO) há uma espécie de oposição, ou, como nas palavras da Lei, obrigações recíprocas. Por exemplo: a União contrata uma empresa para que lhe forneça serviços de manutenção predial. Daí nascerá um CONTRATOe não um convênio, pois, de um lado, a União quer os serviços e entregará o dinheiro para tanto; de outro, a empresa quer o dinheiro, e entregará os serviços. O que uma, a União, quer, é exatamente o CONTRÁRIO do que quer a outra, a empresa. Pescaram?

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Pois bem. Então falemos da seguinte situação: a União transfere dinheiro para uma entidade do terceiro setor por convênio. E aí, de que “jeito” a entidade pode utilizar esse dinheiro? Tem que licitar?

Olha só o que diz o art. 11, do Decreto 6.170, de 2007:

Art. 11. Para efeito do disposto no art. 116 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, a aquisição de produtos e a contratação de serviços com recursos da União transferidos a entidades privadas sem fins lucrativos deverão observar os princípios da impessoalidade, moralidade e economicidade, sendo necessária, no mínimo, a realização de cotação prévia de preços no mercado antes da celebração do contrato.

O art. 116, referido no dispositivo, é o que trata dos convênios. A conclusão é simples: pelo Decreto, as entidades que recebem recursos voluntários por meio de convênios federais não estão obrigadas a licitar para o emprego regular de tais recursos, sendo suficiente a cotação prévia de preços. Tranquilo, não? Não! A temática se tornará mais complexa quando chegarmos às questões objetivas. Então, aguardem as “cenas dos próximos capítulos”, ok?

2 – PRINCÍPIOS DE LICITAÇÕES

Como já vimos, em regra há licitações previamente às contratações da Administração Pública, tendo por finalidade a obtenção da proposta mais vantajosa, assegurada a isonomia de tratamento aos interessados, e proporcionado o desenvolvimento nacional sustentável.

Todo ato administrativo deve ser cercado de cautelas legais, morais e éticas. A licitação, como conjunto encadeado de atos, não poderia ser diferente. Não pode ser realizada “de qualquer jeito”. Contrário disso. A licitação sujeita-se a um conjunto significativo de princípios e de normas jurídicas, e, com isso, são evitados (ou reduzidos) desvios, favorecimentos, além de permitir a utilização boa, regular, adequada, dos escassos dinheiros públicos. Não há dúvidas em afirmar que a observância das formalidades inerentes à licitação acarretará a mais aprimorada e satisfatória realização dos fins buscados pelo Direito.

Exatamente na busca pela regular aplicação das verbas públicas, os princípios da licitação ganham destaque. Funcionam como vetores de orientação na interpretação das diversas normas regulamentadoras da

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matéria, e, ainda, possuem função de preenchimento de lacunas, sempre frequentes no dia a dia dos aplicadores do direito (gestores públicos, licitantes, empresários, membros dos órgãos de controle, etc.).

Vencida a apresentação teórica dos princípios, como norte, diretrizes, vetores básicos, para a conduta do administrador público, cumpre-nos realçar a classificação doutrinária dos princípios da licitação em explícitos e implícitos ou reconhecidos doutrinariamente.

Os primeiros, como o próprio nome já informa, são aqueles expressamente contidos no rol não exaustivo ou meramente exemplificativo do art. 3° da Lei 8.666/1993:

Art. 3o A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional, e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.

Os segundos são os chamados princípios implícitos. São aqueles inferidos, depreendidos, reconhecidos no próprio ordenamento jurídico, sem serem denominados expressamente de princípios pela Lei 8.666/1993. Apenas para exemplificar, podemos citar alguns: razoabilidade; padronização; celeridade (aplicável especialmente à modalidade pregão); economicidade, e adjudicação compulsória.

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Vamos tratar dos princípios, sem usar muito tempo com aqueles que já entendemos mais “tranquilos”, por serem do conhecimento mediano (de quase todos). Vamos começar pelo grupo dos princípios explícitos, então.

O primeiro princípio explícito e do qual se fala bastante é o da Legalidade. Por este princípio, a Administração só pode fazer aquilo que a lei determina ou autoriza. Da mesma forma nas licitações. É necessário obediência às normas.

Em razão da impessoalidade a Administração Pública não pode fazer escolhas pautando-se tão nas “qualidades” dos envolvidos na licitação. Noutras palavras: não importa, estrito senso, os envolvidos, mas sim os OBJETIVOS a serem alcançados pela Administração nas licitações, qual seja, a seleção da proposta mais vantajosa e o cumprimento do princípio constitucional da isonomia.

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Vamos falar um pouco mais a respeito da moralidade, a qual, aliás, podemos tratar logo junto com o princípio da probidade.

Em razão desses dois princípios, não basta à Administração agir, tão-somente em conformidade com a lei, em sentido estrito. De outra forma, a Administração, de acordo com os princípios da moralidade/probidade, deve atuar conforme princípios éticos, com boa-fé, honestidade. Desse modo, pode-se dizer que a Administração tem o dever de cumprir não só com a Lei, em sentido estrito, mas com o “espírito” desta, ou seja, toda sua conduta deve estar atrelada à legalidade em sentido amplo.

Ah – há quem da doutrina que indique a probidade como um conceito mais amplo que moralidade, envolvendo esta. Mas isso é outra história...

Pode-se entender o art. 9º da Lei de Licitações e Contratos - LLC como uma aplicação dos princípios da moralidade, da isonomia, da impessoalidade, ao vedar que as pessoas físicas ou jurídicas que tenham elaborado o projeto básico venham a participar, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução da obra ou serviço e do fornecimento.

De acordo com o art. 9º, § 3º, a participação indireta é percebida, p. ex., quando da “existência de qualquer vínculo de natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou trabalhista entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica, e o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos e obras, incluindo-se os fornecimentos de bens e serviços a estes necessários”.

Todavia, o mesmo art. 9º, em seu § 1º, admite a participação do autor ou da empresa, conforme o caso, como consultores, desde que exclusivamente a serviços da Administração licitante.

Por fim, apesar de não fazer parte do presente contexto, mas em razão da colocação anterior, observamos que o projeto básico é OBRIGATÓRIO no caso de obras e serviços (art. 7º da Lei 8.666/1993) e é sempre PRÉVIO a estes, pois orientará os licitantes quando da elaboração das propostas. Já o projeto executivo poderá ser concomitante ao desenrolar do objeto contratado, dado que diz respeito aos métodos e técnicas de execução em si (§1º do art. 7º da Lei 8.666/93), podendo a elaboração do projeto executivo, inclusive, ficar aos encargos do contratado, em razão do que dispõe a norma geral de licitações/contratos (§ 2º do art. 9º da LLC).

Pelo princípio da publicidade, a Administração Pública tem o dever de tornar públicos os seus atos, na forma da lei. Detalhe: o princípio é da publicidade e não da publicação.

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De fato, a publicidade, enquanto princípio, não se resume às publicações na Imprensa Oficial e nos jornais diários de grande circulação, conforme previsão na Lei 8.666/1993 (art. 5°, caput; art. 15, § 2°, art. 21, caput; art. 26, caput; art. 61, parágrafo único; art. 109, § 1°).

Muita cautela, portanto: ainda que a PUBLICAÇÃO corresponda necessariamente ao efeito de dar PUBLICIDADE, com esta última não se confunde. Por exemplo, na modalidade convite, fica dispensada a publicação do instrumento convocatório, mas não a publicidade nos quadros de aviso do órgão público. Deste modo, vale o registro: É POSSÍVEL QUE SE DÊ PUBLICIDADE A DETERMINADO ATO EM PROCESSO LICITATÓRIO, MESMO QUE NÃO HAJA PUBLICAÇÃO DESTE.

- A publicidade é elemento de formação dos atos da licitação?

R: Os elementos de formação dos atos administrativos são: sujeito (competência); finalidade; forma; motivo; e objeto, logo, publicidade não é elemento de formação de um ato administrativo, mas sim requisito de eficácia deste. Ou seja: para sua regular produção de efeitos, uma licitação, na forma da lei, deve ter seus atos publicados.

- A publicidade se resume às publicações na Imprensa Oficial e nos Jornais de Grande Circulação, conforme previsão na Lei n° 8.666/93 (art. 5°, caput; art. 15, § 2°, art. 21, caput; art. 26, caput; art. 61, parágrafo único; art. 109, § 1°)?

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R: Além destas formas, a publicidade engloba a possibilidade de qualquer cidadão obter da Administração Pública acesso à informação pertinente aos procedimentos de licitação.

- Segundo determinação legal, existe momento de sigilo na condução do certame licitatório? Em positivo, qual a consequência de devassar tal sigilo? (Leitura dos artigos art. 3º, § 3º; art. 44, § 1º; art. 94, todos da Lei).

R: Vale ressalvar que, segundo determinação legal, o conteúdo das propostas será sigiloso até a sessão pública de sua abertura. Sobre esse tópico, o art. 94, da Lei 8.666/1993 define como crime a seguinte conduta: "devassar o sigilo de proposta apresentada em procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo de devassá-lo”. Desta forma, é possível afirmar que DETERMINADOS ATOS/FASES em processos licitatórios serão resguardados pelo sigilo: AS PROPOSTAS, até o momento de abertura destas, quando passarão também a ser do conhecimento de todos, ou seja, públicas.

O Princípio da igualdade é relativizado pela isonomia, que é um dos próprios objetivos da licitação, como vimos.

De fato, a igualdade, enquanto princípio, não se trata de uma mera "igualdade formal”, pois a lei admite algumas formas de distinção entre licitantes. Afinal, a fase de habilitação dos interessados, como será visto, não deixa de ser uma forma de diferenciá-los, eis que, mais à frente, serão julgadas apenas as propostas daqueles que preencham os requisitos de qualificação jurídica, técnica, fiscal e financeira contidos no instrumento convocatório.

Outras vezes, a lei esclarece alguns critérios que não podem ser usados como formas de distinção entre os licitantes: naturalidade, sede ou domicílio, conforme se observa do art. 3°, § 1°, I, da Lei:

"Art. 3° (...) § 1 É vedado aos agentes públicos:

I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto do contrato".

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Como aplicação do princípio da igualdade, o Estatuto de Licitações estabelece alguns parâmetros para a resolução de casos de empate entre os licitantes?

R: SIM, no § 2º do art. 3º da LLC, com a seguinte sequência:

I – produzidos no País;

II – produzidos ou prestados por empresas brasileiras.

III – produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País.

Por exemplo: duas empresas que foram selecionadas e se encontram em igualdade de condições (empatadas) sendo a primeira caracterizada apenas como empresa brasileira, e seus bens produzidos no exterior; e a segunda produzindo no Brasil, embora estrangeira.

Neste caso, será a preferência legalmente assegurada à empresa estrangeira, nos termos do inciso II do § 2º do art. 3º da LLC. Isso ocorre por que a aplicação dos critérios de desempate é SUCESSIVA, ou seja, um após o outro. Por isso, no exemplo dado, o desempate a favor da empresa estrangeira, dado que esta produz no Brasil.

Detalhe: foi suprimido, com a edição da Lei 12.349, de 2010, o critério de desempate em favor das empresas “brasileiras de capital nacional”. O critério, duramente criticado por boa parte da doutrina, não existe mais, portanto. Isso será objeto de prova! Pode esperar!

E se permanecer o empate?

R: Deve a Administração proceder a um sorteio público, vedado, nos termos do art. 45, § 2º, qualquer outro processo.

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Agora, vamos conversar um ‘cadinho’ sobre um princípio muito próprio das licitações: a vinculação ao instrumento convocatório.

Já vimos que a licitação é um procedimento administrativo, diga-se de passagem, essencialmente vinculado, restando pequena margem de liberdade ao administrador concentrada em poucos pontos, como, por exemplo, na elaboração do instrumento convocatório (Edital ou Carta-convite).

Assim, uma vez elaborado este instrumento (verdadeira lei interna da Licitação), a Administração encontra-se plenamente vinculada aos seus termos, não podendo deles se afastar (art. 41 da Lei 8.666/1993 – LLC). Da mesma forma, ficam vinculados os licitantes interessados, até porque serão desabilitados ou desclassificados, conforme o caso, se descumprirem os termos do instrumento de convocação.

Este princípio – da vinculação ao instrumento convocatório – inibe a criação de novas regras ou critérios, após a expedição do Edital ou da Carta-convite, de maneira a surpreender os licitantes.

Obviamente, não significa dizer que a Administração não possa alterar os termos do Edital. Claro que pode. O fato de a Administração encontrar-se vinculada ao instrumento convocatório, não significa, então, transformar o Edital em algo imutável. Nos termos do §4º do art. 21 da LLC: qualquer modificação no edital exige divulgação pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar a formulação das propostas.

Assim, o edital pode ser alterado, mas caso a alteração seja significativa, gerando a necessidade de alteração das propostas, deverão ser observados os procedimentos listados pela Lei:

I) divulgação do instrumento de convocação, da mesma maneira que anteriormente fora divulgado;

II) reabertura dos prazos, a partir da nova divulgação, para a realização do restante dos eventos pendentes.

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Enfim, a despeito de estar vinculada ao instrumento convocatório, que são o edital ou a carta-convite, conforme o caso, nada impede que Administração Pública altere o instrumento convocatório, desde que, é claro, cumpra o que diz a lei.

Por fim, o último dos princípios explícitos, qual seja, o julgamento objetivo, o qual guarda estreita ligação com os princípios da impessoalidade e, sobretudo, da vinculação ao instrumento convocatório. De acordo com tal postulado, a Administração deve pautar toda a condução do certame em critérios objetivos previamente definidos no instrumento convocatório.

De acordo com esse princípio, a margem de apreciação subjetiva deve ser mínima (e, na melhor hipótese, não deve existir) na condução dos procedimentos da licitação, sendo vedada a utilização de qualquer elemento, critério ou fator sigiloso; secreto; subjetivo, ou reservado que possa ainda que indiretamente elidir o princípio da igualdade entre os licitantes, nos termos do §1º do art. 44 da LLC.

O caput do art. 44 da Lei 8.666/1993 expressa com clareza esta ideia:

No julgamento das propostas, a Comissão levará em consideração os critérios objetivos definidos no edital ou no convite, os quais não devem contrariar as normas e princípios estabelecidos por esta lei.

Em congruência com o princípio do julgamento objetivo, parte da doutrina afirma que a utilização do tipo de licitação MENOR PREÇO é a regra geral, constituindo a melhor técnica e a técnica e preço critérios de julgamento por EXCEÇÃO.

Ressalte-se que o TCU tem incorporado essa posição: o uso dos tipos técnica e técnica e preço devem ser devidamente motivados.

Aliás, aproveitando que o assunto surgiu, registramos que os tipos de licitação, de acordo com a Lei 8.666/1993 são (incisos I a IV do §1º do art. 45 da Lei):

I – a de menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que será

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vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço;

II – a de melhor técnica;

III – a de técnica e preço;

IV – a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso.

Vejam que, ao fim, o que determina o vencedor é o TIPO de licitação, o que é ao menos curioso: TIPO, na lei de licitações, não é sinônimo de ESPÉCIE; TIPO quer dizer CRITÉRIO BÁSICO DE JULGAMENTO, ou seja, julga-se com base no TIPO. Na Lei 8.666/1993, espéciediz respeito às Modalidades, estas previstas no art. 22 da LLC.

Por fim, bom registrar que o TIPO é critério BÁSICO, porém nãoexclusivo de julgamento. Tanto assim que o art. 45 da nossa LLC estabelece, com destaques de nossa parte.

Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, devendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo convite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.

Vejam que o edital fixará o TIPO, bem como FATORES para serem utilizados no julgamento de uma licitação, tal como, por exemplo, garantia do item, prazo de garantia etc. Então, ficamos assim nesta questão: O TIPO É CRITÉRIO BÁSICO, PORÉM, NÃO ÚNICO, PARA FINS DE JULGAMENTO.

Pois bem. Finalizados os princípios que são EXPLÍCITOS, tratemos de alguns que são reconhecidos pela doutrina, como sendo aplicáveis às

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licitações. Mas, oi lá: é impossível tratar de tudo quanto é princípio que pode ser entendido pela doutrina como sendo aplicáveis às licitações. Vamos tratar, então, dos mais relevantes, a partir do que tem caído em provas de concurso.

Vamos começar com o princípio COMPETIVIDADE,que apesar de ser implícito, é muito próprio às licitações.

Em razão do princípio da competitividade ou da oposição, a Administração Pública, quando da licitação, não deve adotar providências ou criar regras que comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter de competição, de igualdade da licitação. Na real, o presente princípio nos faz lembrar o princípio da igualdade, já mencionado. Mas isso é natural, pois é bem difícil dizer até onde vai um princípio e de onde começa outro. Como todos são valores da Administração, o que acontece é os princípios andam “em gangue”, ou seja, onde tem um, tem vários envolvidos. Descumprir um, consequentemente, é descumprir muitos...

Outro importante princípio reconhecido é o da adjudicação compulsória (princípio implícito).

Da leitura dos artigos 50 e 64 da LLC, percebemos que a Administração fica impedida, concluído o procedimento licitatório, de atribuir o objeto a outro que não o legítimo vencedor.

Como destaca a doutrina a adjudicação ao vencedor é obrigatória, enfim, a entrega simbólica do objeto da licitação é obrigatória, salvo se houver desistência expressa do vencedor ou se este não firmar o contrato no prazo prefixado.

A adjudicação é, portanto, um ato declaratório, uma promessa, na qual a Administração, mais ou menos, afirma o seguinte: licitante interessada no procedimento de licitação, meus parabéns! A partir de agora, proclamo-a vencedora, e se eu Administração desejar contratar alguém, será você.

Perceberam? A adjudicação do processo licitatório gera algo próximo ao que o sentimento de aprovação em concurso público já gerou: uma expectativa de direito. Só que no caso de concursos públicos para seleção de servidores o direito é de ser nomeado, enquanto na adjudicação de um processo licitatório, o direito é de futura contratação, a qual, ser for feita, terá que ser realizada com o “adjudicatário”, que é o vencedor do certame. E outra coisa: como muitos já devem saber, as coisas vêm mudando nos concursos. Se o sujeito for aprovado EM VAGAS PREVISTAS NO EDITAL ele passa a ter direito de ser nomeado[nova orientação do STF].

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Os ensinamentos acima caminham lado a lado com a visão do STF:

não se confunde o direito à adjudicação do vencedor do certame com eventual direito de contratar (Recurso Extraordinário 107.552). A adjudicação gera mera expectativa de direito, a Administração, em tese, pode deixar fruir o prazo de validade das propostas (60 dias – art. 64) e refazer o procedimento de licitação. Assim, ANOTEM:

A adjudicação NÃO corresponde à celebração de contrato. A adjudicação é ATO DECLARATÓRIO, que gera em favor do adjudicatário uma expectativa de direito quanto à contratação futura.

Mais um princípio reconhecido é o do sigilo das propostas, o qual tem ligação estreita com os princípios da probidade administrativa e da igualdade. Em razão do princípio em referência (sigilo das propostas), a documentação pertinente à HABILITAÇÃO e às PROPOSTAS (documento que obriga quem o formaliza) deve vir lacrada e só pode ser divulgada em sessão pública previamente marcada, com ata circunstanciada e assinada pelos licitantes e pela Comissão de Licitação. Nesse sentido, de que as propostas são garantidas com sigilo, a Lei 8.666, de 1993, estabelece que um dos crimes contra a Lei de Licitações é exatamente a violação do sigilo das propostas(art. 94 da LLC).

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Aproveitando a oportunidade, olhem só o que diz o § 3º do art. 3º da Lei 8.666/1993:

§ 3o A licitação não será sigilosa, sendo públicos e acessíveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.

Assim, estaria ERRADA uma afirmativa que dissesse que TODOS os atos da licitação são públicos. Não são, pois as propostas são sigilosas, até a abertura.

Por fim (mas não exatamente...), o princípio do procedimento formal.

A licitação é um procedimento administrativo. Logo, traz a ideia de uma série de atos encadeados, que juntos caminham para um resultado final, qual seja, a seleção da proposta mais vantajosa ao interesse público.

Dessa forma, fácil perceber que as regras da licitação devem seguir o rito previsto em lei, não sendo cabível aos administradores, a seu bel-prazer (discricionariamente), sua inversão. A rigidez do procedimento de licitação funciona como mecanismo de igualdade de tratamento entre os licitantes, logo não pode a licitação prescindir do formalismo.

Não sei se repararam nisso, mas dissemos que o “fim” não é, exatamente, o fim. Pois é. Não é mesmo. É que temos muitos princípios reconhecidos. Mas como a intenção é tão só concurso (ser aprovado, claro), ficamos com os já expostos, para esse negócio aqui não ficar muito enfadonho...E também porque, em prova, os princípios já trabalhados são suficientes para um desempenho excelente. Vamos para nossas “amigas” modalidades, então.

3 – MODALIDADES

Finalmente, adentramos o estudo das modalidades de licitação.

A Lei 8.666/1993 prevê cinco modalidades de licitação, conforme estabelece os §§ 1º ao 5º do art. 22 da LLC: concorrência; tomada de preços; convite; concurso; e leilão, sendo que o §8º do art. 22 da LLC proíbe a criaçãode novas modalidades de licitação, bem assim de combinação de modalidades.

De imediato, o amigo então se questiona: mais o pregão não é uma nova modalidade?! Como foi criado, então, ante a proibição constante da Lei 8.666/1993?

Respondo que o legislador pretendeu dizer é que leis federais, municipais, estaduais, ou distritais não podem criar uma nova modalidade, ou seja, sendo a Lei do Pregão uma Lei Nacional (inc. XXVII do art. 22 da CF), não houve qualquer impedimento em sua

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criação, afinal de contas, a Lei 8.666/1993 não é cláusula pétrea! Em síntese: não é possível por Decretos ou Leis específicas a criação de outras modalidades de licitação. A criação só é possível mediante LEI de caráter nacional, como foi o caso do Pregão.

Ah! Ressalto que existe outra modalidade de licitação, no entanto, menos conhecida: a tal consulta (Lei 9.472/1997), no âmbito da Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL e nas Agências Reguladoras em geral, sobre a qual deixo de fazer comentários, pois este assunto não cai normalmente em prova (a consulta). Mas fica aí o registro, a título de “curiosidade”.

Muita atenção para as observações acima, pois a incidência em concursos é significativa.

Portanto, temos sete modalidades de licitação: concorrência; tomada de Preços – TP; convite; concurso; leilão; pregão, e consulta.

As modalidades concorrência, tomada de preços e convite, são definidas em função de valores, nos termos do art. 23 da LLC:

Modalidade Obras e Serviços de

engenharia Compras e serviços,

que não de engenharia

Convite Até 150 mil Até 80 mil

TP Até 1500 mil Até 650 mil

Concorrência Acima de 1500 mil Acima de 650 mil

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Percebam: a TP contém o Convite, e a Concorrência contém a TP e o Convite. Em outros termos, o Convite é um subconjunto da TP, que, por sua vez, está contida na Concorrência.

Tanto isso é verdade que a Lei, em seu art. 23, §4º, dispõe:

Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a tomada de preçose, em qualquer caso, a concorrência.

Muitos autores, então, dizem que estas três modalidades são comuns. Isso se dá por conta de que no fim as fases destas modalidades serem praticamente as mesmas. De fato, o que define o uso delas são os valores estimativos.

Outra coisa importante é a que diz respeito aos consórcios públicos. Vejamos o que diz a Lei 8.666/1993, no art. 22:

§ 8o No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro dos valores mencionados no caput deste artigo quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando formado por maior número.

Vamos detalhar um pouco melhor o assunto.Esses consórcios públicos são formados exclusivamente por entes federativos, com base na Lei 11.107/2005, a qual regulamenta a prestação associada de serviços públicos, tratada no art. 241 da CF/1988. Mas, voltando ao tema, para os CONSÓRCIOS PÚBLICOS, a tabelinha lá de cima, tem que ser

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MULTIPLICADA por dois, no caso de consórcios públicos formados por até três entes federativos, ou MULTIPLICADA por três, quando o consórcio for formado por mais de três entes federativos. Vejamos um exemplo: o convite, para obras, vai até 150 mil. Para um consórcio formado por até três entes federativos, o convite vai até 300 mil (valor do convite*dois). Se o consórcio fosse formado por mais de três, o convite vai até 450 mil (valor do convite*três). Pescaram? Na boa, tá na hora de as bancas avançarem neste dispositivo.

Modalidade

Consórcio ATÉ 3entes políticos (*2)

Consórcio MAIS de 3 entes políticos (*3)

Obras e Serviços

de engenhari

a

Compras e serviços,

que não de

engenharia

Obras e Serviços

de engenhari

a

Compras e

serviços, que não

de engenhari

a

Convite Até 300 mil Até 1600

mil Até 450 mil Até 240 mil

TP Até 3000 mil

Até 1300 mil

Até 4500 mil

Até 1950 mil

Concorrência Acima de 3000 mil

Acima de 1300 mil

Acima de 4500 mil

Acima de 1950 mil

Feita essa breve apresentação, passemos ao estudo da modalidade de licitação convite, das modalidades ditas “comuns”, a mais simples, pois destinada às contratações (de obras, de serviços de engenharia ou não, de compras etc.) de pequeno vulto.

Inicialmente, vale à pena a leitura do art. 22, §3º, da nossa “queridinha” Lei 8.666/1993:

§ 3o Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em númeromínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.

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Vale à pena, também, a leitura do § 6odo art. 22. Vejamos:

§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.

Ler dispositivos da Lei 8.666/1993 ainda é fundamental. Por isso, tenham sempre a Lei ao seu lado, nessas horas de revisão.

Mas façamos o estudo em forma de perguntas e de respostas. Nesse ponto, fica mais interessante.

1ª – É possível convite com menos de três propostas válidas/participantes?

R: Como regra não. No entanto, para toda boa regra há, pelo menos, uma boa exceção. Olha o §7º do art. 22 da LLC:

Quando, por limitações do mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do número mínimo de licitantes exigidos no § 3º deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadasno processo, sob pena de repetição do convite.

Então, é possível, sim, convite com menos de três participantes, mas apenas nas duas situações descritas, e, nesses casos, deverá a Administração promover a necessária JUSTIFICATIVA, ou seja, a motivação, a explicação das razões de direito e de fato pelas quais não obteve o número mínimo de participantes. Caso não existam estas justificativas, o convite deveria ser REPETIDO(e não anulado, prestem atenção a isso na hora da prova, ok?).

2ª - O instrumento de convocação deve ser publicado?

R: De início, importa observar que o instrumento convocatório de uma licitação na modalidade convite denomina-se carta-convite. Então, o

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convite não possui edital, estrito senso, mas sim CARTA-CONVITE, como instrumento convocatório. Anotem isso, pois os examinadores têm feito muitas questões assim em prova.

Das modalidades, o convite é a única que prescinde de publicação (e não de publicidade, cuidado!), sendo certo que o §3º do art. 22 da LLC exige que a unidade administrativa afixe, em lugar apropriado, cópia do instrumento convocatório. Quer dizer, o instrumentoconvocatório, no convite, não precisa ser publicado, mas a PUBLICIDADE é essencial, como requisito de moralidade administrativa.

3ª - Qualquer interessado pode participar?

R: Se a modalidade de licitação fosse Tomada de Preços, por exemplo, a resposta seria positiva. Seria suficiente que o particular não cadastrado promovesse seu efetivo cadastro para que pudesse participar. Já quanto ao convite, nosso legislador não foi expresso.

É até possível a participação de interessados que não tenham sido formalmente convidados, mas que sejam do ramo do objeto licitado e cadastrados no órgão ou entidade licitadora.

E os não cadastrados e não convidados?

Pois é. A meu ver, esse é um pequeno problema de definição legal. De acordo com a Lei, não há espaço para a participação dos NÃO CADASTRADOS E NÃO CONVIDADOS, pois a Lei é clara nesse sentido: interessados cadastrados é que podem solicitar o convite com antecedência de até 24 horas da apresentação das propostas. No entanto, no campo doutrinário, há vozes que sustentam a participação destes não cadastrados e não convidados. Para isso, utilizam por analogia o prazo de cadastramento da Tomada de Preços.

Abstraindo da posição doutrinária (também importante para efeito de concurso), guardem o disposto na Lei, de acordo com a qual podem participar do convite:

I) Os convidados, ainda que não cadastrados;

II) Os cadastrados, ainda que não convidados, desde que manifestassem prévio interesse de participar, com até 24 horas de antecedência com relação à apresentação das propostas por parte dos licitantes.

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4ª -Há necessidade de comissão de licitação?

R: Aqui é suficiente a leitura do §1º do art. 51 (tá ali embaixo...). Agora, antes disso: imagina você lotado em pequena unidade administrativa, em Sorocaba, com oito servidores, entre Analistas e Técnicos. Desejosa em licitar a aquisição de livros, orçados em R$ 50.000,00, a Unidade deverá constituir comissão com, no mínimo, três servidores? Não seria “caro” demais, para tão pouca coisa? Assim, no caso do convite, a LLC, excepcionalmente, admite a condução do certame por um único servidor. Agora sim, confiram na leitura do art. 51:

§ 1o No caso de convite, a Comissão de licitação, excepcionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em face da exiguidade de pessoal disponível, poderá ser substituída por servidor formalmente designado pela autoridade competente.

O amigo concursando mais curioso se pergunta: o que são pequenas unidades administrativas? O que se entende por exiguidade de pessoal? Se alguém souber, por favor, encaminhe-me. Aqui na Secretaria de Controle Externo no Rio de Janeiro, por exemplo, o número de servidores ultrapassa 40 e a condução dos convites efetuada por um único servidor.

Bom, visto o convite, vamos avançar para a tomada de preços, a partir de sua definição legal. Vejamos:

§ 2o Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

Daí, podemos extrair várias lições.

A partir da Lei, podemos definir a tomada de preços como a modalidade de licitação realizada entre interessados previamente cadastrados, observada a necessária habilitação, convocados com a antecedência mínima prevista na lei, por aviso publicado na imprensa oficial e em jornal particular, contendo as informações essenciais da licitação e o local onde pode ser obtido o edital.

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O procedimento para a tomada de preços é, praticamente, o mesmo previsto para a concorrência, distinguindo-se desta, no essencial, pela existência de:

I -HABILITAÇÃO PRÉVIA: na TP há um cadastro preliminar ao edital, mediante o qual a Administração verifica os requisitos de habilitação dos licitantes interessados em participar. Decorre daí uma diferença significativa da TP com relação às concorrências: enquanto nestas a habilitação integra o próprio procedimento, naquelas (TPs) a habilitação viria ANTES do processo licitatório em si.

Detalhe: é INCORRETO afirmar que na TP participam tão só as empresas licitantes cadastradas à época do edital. Vejamos o que diz o citado §2º do art. 22 da LLC, de novo:

Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

O destacado não consta do original. Vejam que se, na data de divulgação do edital, o eventual interessado não for cadastrado junto à Administração realizadora do certame, poderá tomaras medidas necessárias para tanto e participar.

II -Prazos diferenciados de antecedência na publicação do edital, que é de regra 15 dias (inc. III do § 2º do art. 21 da LLC) e de30 dias (quando a tomada de preços for do tipo "melhor técnica" ou "técnica e preço").

Regra → 15 dias

Exceção→ 30 dias → Técnica ou Técnica e preço

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III - Limites aplicáveis:

(a) para obras e serviços de engenharia, até R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais), e

(b) para compras e serviços que não de engenharia, até R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais).

Acrescento que o registro cadastral tem seu regramento básico nos artigos 34 a 37 da LLC, sendo que deve ser atualizado, no mínimo, anualmente, mediante chamamento público publicado na imprensa E em jornal diário.

No âmbito da União, os registros cadastrais fazem parte do SICAF (Sistema de Cadastramento de Fornecedores), um sistema informatizado que tem por finalidade cadastrar e habilitar parcialmente pessoas físicas ou jurídicas, interessadas em participar de licitações realizadas por órgãos e entidades do Poder Executivo Federal, bem como acompanhar o desempenho dos fornecimentos contratados, facultada sua utilização por outros órgãos ou entidades da Administração Pública.

Por fim, a concorrência, que é a última das modalidades comuns.

A concorrência é a modalidade licitatória genérica destinada, em regra, a transações de MAIOR VULTO, precedida de ampla publicidade, à qual podem concorrer QUAISQUER INTERESSADOS que preencham as condições estabelecidas no instrumento convocatório (§ 1º do art. 22, da LLC).

As Bancas Examinadoras, invariavelmente, tentam confundir os candidatos com o assunto. Olhem só os exemplos:

“Concorrência é a modalidade entre interesses previamente cadastrados”; “concorrência é utilizada apenas para transações de grande vulto”; “concorrência terá publicidade reduzida”.

Tudo isso tá errado.

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Basicamente, com base na doutrina, podemos apontar

4características principais para as concorrências:

a) UNIVERSALIDADE – quaisquer interessados têm a possibilidade de participação de na concorrência, independentemente de registro cadastral na Administração que a realiza ou em qualquer órgão público. E, por outro caminho, a concorrência tem mais situações de cabimento do que as outras duas modalidades comuns, pois onde cabe o convite, cabe a concorrência; em que cabe a TP, cabe a concorrência, mas tem caso que só cabe a concorrência. Ou seja, das três modalidades comuns de licitação, a que cabe no maior número de hipóteses, é a concorrência, a qual, também por esse caminho, é mais UNIVERSAL.

Se estiver no limite do que está embaixo, cabe o de cima. Exemplo: licitação para uma obra de 100 mil reais. Cabe convite, pois o limite (para obras!) vai até 150 mil. Então, cabe TP e concorrência. Obra de 500 mil reais. Não cabe mais convite. Mas cabe TP, e, consequentemente, concorrência. Obra de dois milhões de reais. Não cabe mais TP. Então, só concorrência. Por isso, a concorrência é entendida como a mais universal – cabe no maior número de hipóteses. Por curiosidade: é o que se extrai da interpretação do art. 23, § 4º, Lei 8.666, de 1993.

b) AMPLA PUBLICIDADE – essa característica das concorrências é relacionada com o princípio da universalidade e significa que, na divulgação da abertura da concorrência a Administração poderá usar de todos os meios de informação disponíveis e por tantas vezes quantas julgar necessário.

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As Bancas não costumam solicitar do candidato os prazos de

publicidade dos editais. No entanto, melhor pecarmos por excesso, não é verdade? O art. 21, §2º, estabelece dois prazos aplicáveis à concorrência:

- se a concorrência envolver técnica ou for em regime de empreitada integral, o prazo do edital até o recebimento das propostas será de, no mínimo, 45 dias(leia-se: corridos);

- nas demais situações, o prazo do edital será de, no mínimo, 30 dias.

Técnica 45 dias

Empreitada Integral

Demais casos 30 dias

Destaque-se que, da leitura do dispositivo, fica claro que o prazo de publicidade é MÍNIMO, portanto, poderia ser maior, alcançando, p. ex., 120 dias. Quando você compara a concorrência às outras modalidades e trata dos prazos e até dos meios de divulgação da concorrência, você percebe que a concorrência, realmente, é a que tem mais publicidade. Daí a presente característica, da ampla publicidade.

c) HABILITAÇÃO PRELIMINAR – é a fase inicial do processo licitatório, realizada logo após a abertura do procedimento;

Já adiantando, pois o assunto é muito presente nas provas por aí, apresentamos abaixo os itens que podem ser exigidos para a habilitação dos licitantes:

I. Habilitação Jurídica (aptidão efetiva de exercer direitos e contrair obrigações);

II. Regularidade Fiscal (atendimento das exigências do Fisco);

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III. Qualificação Técnica (conjunto de requisitos profissionais);

IV. Qualificação econômico-financeira (capacidade para satisfazer os encargos econômicos decorrentes do contrato); e

V. Declaração de cumprimento do Art. 7º, XXXIII, da CF, c/c Decreto n. 4358/2002.

Deem atenção ao art. 27. Vejam lá que a HABILITAÇÃO DOS LICITANTES É DOCUMENTAL, ou seja, é aquela papelada toda que se exige e que a gente vai tratar mais adiante.

d) JULGAMENTO POR COMISSÃO – o julgamento dos requisitos pessoais dos interessados é feito por uma comissão de, pelo menos, três membros; deve ser composta por dois servidores qualificados dos quadros permanentes da entidade licitante, podendo o terceiro ser estranho à Administração. Esta Comissão é o órgão julgador, sendo que nenhuma autoridade pode substituí-la na sua função decisória, podendo ser permanente ou especial.

Modalidade Obras e Serviços de

engenharia Compras e serviços,

que não de engenharia

Convite Até 150 mil Até 80 mil

TP Até 1500 mil Até 650 mil

Concorrência Acima de 1500 mil Acima de 650 mil

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Conforme o quadro de valores já destacado, é possível notar que a concorrência pode ser utilizada para qualquer tipo de aquisição, serviços e obras, por uma razão lógica de ser a mais ampla de todas as modalidades, no entanto, há hipóteses em que a concorrência é obrigatória! São elas:

I – Obras e serviços de engenharia de valor superior a R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil reais), atualizados na forma do art. 120 da Lei n. 8.666/1993 (art. 23, “c”, do Estatuto);

II – Compras e serviços que não sejam de engenharia, de valor superior a R$ 650.000,00 (seiscentos e cinquenta mil reais) (também atualizado). Todavia, tem uma situação relacionada ao pregão que, no âmbito da UNIÃO, acaba afastando, em parte, essa regra aqui, como veremos. Aguardem...;

III – Alienação de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em quantia superior a R$ 650.000,00 (art. 17, §6º).

Agora, o que causa um grande estrago para efeito de concurso é saber quando a concorrência é utilizada independentemente dos valores envolvidos (art. 23, §3º, da LLC). Assim, em tese, o bem poderia ser avaliado em R$ 1,00 e a Administração teria que proceder (ficar vinculada) à concorrência.

A concorrência será obrigatória, independentemente do valor, nos seguintes casos:

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I – Compra ou alienação de bens de bens imóveis. Todavia, essa regra tem exceção, pois, o art. 19, inc. III, da Lei, admite a realização mediante LEILÃO. Em síntese, bens imóveis, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, podem ser alienados por meio de concorrência ou leilão. Voltaremos a tratar da alienação de bens no tópico 6, mais para frente, ok?;

II - Nas concessões de direito real de uso (§ 3º, do art. 23, do Estatuto);

III – Nas concessões de serviços públicos (Lei 8.987/1995);

IV – Nas licitações internacionais. Mais uma vez, regra tem exceção, pois, nosso legislador facultou a utilização da TP ou do Convite;

Admitir-se-á, observados os limites de valores, a TOMADA DE PREÇOS –TP, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores ou o CONVITE, quando não houver fornecedor do bem ou serviço no país.

Esteja certo que, atualmente, em face do aumento da concorrência nos concursos públicos, a Banca buscará os pormenores da disciplina, como é a hipótese acima, em que uma licitação internacional poderá ser procedida por modalidade TP e Convite.

V – Para o registro de preços (art. 15, § 3º, I, do Estatuto). Ressalva-se aqui a possibilidade de utilização do pregão, conforme arts. 11 e 12 da Lei 10.520/2002. Ah! Prestem atenção que o registro de preços, que abordaremos mais incidentalmente nas questões objetivas, é um PROCEDIMENTO a ser realizado por uma de duas modalidades: concorrência ou pregão.

VI – Para empreitada integral (art. 21, §2º, inc. I, “b”).

A Lei n. 8.666/1993, em seu art. 114, admite a PRÉ-QUALIFICAÇÃO de licitantes, em concorrências, especificamente quando o objeto recomende análise mais detida da qualificação técnica dos interessados.

A pré-qualificação não deve ser confundida com a habilitação preliminar, embora com esta se assemelhe. A pré-qualificação não dispensa a habilitação preliminar quando da efetiva concorrência, ainda que só a título de verificação de que as condições permanecem as mesmas. E mais ainda: se os amigos não notaram, leiam novamente o parágrafo anterior e verifiquem que a pré-qualificação, se houver, relaciona-se tão só ao aspecto

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TÉCNICO da habilitação, ou seja, ainda há outros aspectos que não são supridos pela pré-qualificação, se houver, insistimos.

Bom, depois de vencidas as concorrências, vamos partir para as outras três modalidades que importam para a prova, começando pelo concurso.

O § 4º do art. 22 da LLC assim define o concurso:

A modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalhotécnico, científico ou artístico, mediante a instituição de PRÊMIOS ou REMUNERAÇÃO aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (QUARENTA E CINCO) DIAS. (grifos nossos)

Os negritos acima são nossos, para que possamos destacar alguns pontos:

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I) O concurso, modalidade de licitação, tem por objeto a escolha de TRABALHO, técnico, artístico ou científico. Ou seja, é escolha de ALGO (e não de alguém, que é o caso do concurso da 8.112);

II) O vencedor do concurso recebe PRÊMIO ou REMUNERAÇÃO. Aqui, uma notinha: nas modalidades comuns (concorrência, TP e convite) ALGO vai ser selecionado e o preço a ser pago VARIA, a partir disso. Aqui, no concurso, o valor é CERTO, variando o trabalho selecionado. Interessante, não?

III) O período mínimo para a divulgação do concurso é de 45 dias.

Já o art. 52 da Lei 8.666/93 estipula que o concurso deve ser precedido de regulamento próprio, a ser obtido pelos interessados no local indicado no instrumento convocatório. Tal regulamento deverá indicar:

I – a qualificação exigida dos participantes;

II – as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;

III - as condições de realização do concurso e os prêmios a serem concedidos.

Por relevante, registramos que, no caso de Concurso, o julgamento será feito por uma Comissão Especial integrada por pessoas de reputação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame, servidores públicos ou não. Exatamente esse último grifo é que a Banca Examinadora vai exigir, caso pretenda levar alguns candidatos ao erro, pois nas comissões permanentes de licitação,diferentemente dos concursos,PELO MENOS DOIS SERVIDORES SERÃO DOS QUADROS PERMANENTES DOS ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO RESPONSÁVEIS PELA LICITAÇÃO, ou seja, pelo menos duas pessoas têm de ser da “casa” (vejam o caput do art. 51 da LLC).

Abre-se aqui um parêntese para afastar erro bem corriqueiro entre os concursandos: o concurso modalidade de licitação não se confunde com o concurso público para seleção de servidores públicos. A modalidade de licitação concurso, apesar de ter o mesmo nome, não tem ligação alguma com concurso público realizado a ser nos termos do art. 37, inc. II, da Constituição Federal, que é (minimamente, diga-se) regulamentado pela Lei 8.112/90, em âmbito federal. Ressaltamos a diferença básica entre um e outro procedimento: os concursos, modalidade de licitação da Lei 8.666/93, destinam-se à seleção de TRABALHO (algo, portanto); já os concursos para seleção de servidores, da 8.112/90, prestam-se à seleção de PESSOA(alguém, não de algo!).

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Por fim, frisa-se que, quando se tratar de projeto, o vencedor deverá autorizar a Administração a executá-lo quando julgar conveniente, até porque os direitos autorais são direitos disponíveis, não é verdade?

Chegamos à última modalidade de licitação na Lei 8.666/1993, o Leilão.

De acordo com o §5º do art. 22 da Lei, Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis; produtos legalmente apreendidos ou penhorados e bens imóveis, desde que objeto de dação em pagamento ou de procedimentos judiciais (art. 19),a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

Chamamos atenção para algumas partes do que negritamos:

I) No leilão podem participar quaisquer interessados;

II) O leilão serve para alienaçãotanto de bens móveis, quanto imóveis (para estes, há necessidade de que a aquisição tenha decorrido de procedimentos judiciais ou dação em pagamento); e,

III) No leilão, o tipo, de acordo com a Lei, é maior lance ou oferta.

Vale reforçar: todo bem a ser leiloado será previamente avaliado pela Administração, para fixação do preço mínimo de arrematação.

Os bens arrematados serão PAGOS À VISTA ou no percentual estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco por cento). Após a assinatura da respectiva ata, lavrada no local do leilão, os bens arrematados serão imediatamente entregues ao arrematante, o qual estará obrigado ao pagamento do restante no prazo estipulado no edital de convocação, sob pena de perder em favor da Administração o valor já recolhido.

Nos LEILÕES INTERNACIONAIS, o pagamento da parcela À VISTA poderá ser feito em ATÉ VINTE E QUATRO HORAS.

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Os livros de Direito Administrativo mais uma vez deixam essa lacuna, pelo fato de que, além de concorrência; tomada de preços e convite, o leilão também admite a modalidade internacional.

O edital de leilão deve ser amplamente divulgado, no prazo mínimo de 15 dias, principalmente no município em que se realizará.

A doutrina apresenta dois tipos de leilão: o COMUM, praticado por LEILOEIRO OFICIAL, onde houver; e o ADMINISTRATIVO, realizado por agente da própria instituição interessada (art. 53 do Estatuto de Licitações).

Muito bem, se fosse tempos atrás, estaria encerrada essa parte de

modalidades. Mas as coisas mudam...

E daí, foi criado “o cara” das modalidades, o pregão, que é modalidade da onda...

De antemão, impossível colocar tudo, mas tudo mesmo, que seria interessante a respeito do pregão. Mas, para a prova, o que será exposto será suficiente, com certeza. Sugiro que deem máxima atenção para a presente modalidade, que é assim definida na Lei 10.520, de 2002:

Art. 1º Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade de pregão, que será regida por esta Lei.

Parágrafo único. Consideram-se bens e serviços comuns, para os fins e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais no mercado.

Já a ementa, aquela “partezinha” inicial, bem em cima, das leis, diz o seguinte, para fixar o campo de aplicação do pregão:

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Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns.

Então, lá vamos nós, para nossos destaques:

1ª - Campo de aplicação da Lei do Pregão:a Lei 10.520/2002 (Lei do Pregão) foi editada pela União como norma geral, logo sua aplicabilidade alcança aos Estados, ao Distrito Federal, e aos Municípios, bem como suas Administrações Diretas e Indiretas. Em síntese: não se restringe apenas à União!

Cuidado! De acordo com o art. 4º do Decreto 5.450/2005, o pregão, em se tratando de aquisição de bens e serviços comuns, é OBRIGATÓRIO PARA A UNIÃO (Poder Executivo). E, preferencialmente, deve ser realizado de modo eletrônico (pela internet).

2ª - Hipóteses de cabimento: somente é aplicada para aquisição de bens e deserviços comuns, independentemente dos valores envolvidos. É isso mesmo: diferente das ditas modalidades “comuns” (concorrência, TP e convite), o PREGÃO NÃO SE RESTRINGE A REGRAS DE VALOR. Desse modo, se o examinador disser, por exemplo, que a partir de determinado valor o pregão é proibido, está ERRADO!

O art. 5º do Decreto 3.555/2000 estabelece uma importante vedação para a aplicação do pregão presencial, a saber: A licitação na modalidade de pregão não se aplica às contratações de obras e serviços de engenharia, bem como às locações imobiliárias e alienações em geral, que serão regidas pela legislação geral da Administração.

Mas, cuidado: já vi, em prova, menção ao fato de se utilizar o pregão eletrônico para serviços de engenharia, de acordo com jurisprudência do TCU. Nessa evolução, vejamos só o que diz o Decreto 5.450/2005:

Art. 6o A licitação na modalidade de pregão, na forma eletrônica, não se aplica às contratações de obras de engenharia, bem como às locações imobiliárias e alienações em geral.

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O destaque tem toda razão de ser: hoje, o entendimento do TCU é de que não é possível para OBRAS de engenharia. Para serviços de engenharia, póóóóóóde, como dizia a “magrinha” do programa humorístico dos sábados. Só que os serviços de engenharia que podem ser licitados por pregão têm que ser comuns, claro. Há, inclusive, uma novíssima súmula do TCU a respeito. É a 257, de 2010. Vejamos:

O uso do pregão nas contratações de serviços comuns de engenharia encontra amparo na Lei

Será que isso vai ser objeto de prova? Claro que sim! Então, fixa aí: É POSSÍVEL PREGÃOPARA SERVIÇOS DE ENGENHARIA (OBRAS NÃO), DESDE QUE COMUNS.

3ª – Aplicação subsidiária da Lei 8.666/1993:a Lei do Pregão não é, certamente, uma das maiores. Contrário disso é bem resumida (tem só 13 artigos), não trazendo todas as soluções necessárias ao procedimento do Pregão, razão pela qual se aplica supletivamente o conjunto de normas gerais definidas na Lei 8.666/1993. Em síntese, quando o assunto não for tratado na Lei do Pregão, deve ser utilizada nossa Lei Geral de Licitações e de Contratos, a amiga 8.666/1993.

4ª - Vedações: são regras tendentes a eliminar do procedimento práticas contrárias à competitividade. Nesse sentido, É VEDADO NO PREGÃO:

Exigência de garantia de proposta: não é possível exigir garantia de proposta, como ocorre geralmente nas modalidades comuns (para estas: leitura do inc. III do art. 31 da LLC). Todavia, no pregão, é possível exigência de garantia do CONTRATADO, com o regramento dado pelo art. 56 da mesma LLC;

A aquisição do edital pelos licitantes como condição para participação do certame: aqui para nós, em época da tecnologia da informação, “vender” o edital como condição de participação é quase um crime. Imagina se o Edital “custasse” dois mil e quinhentos reais, sendo que o licitante só poderia participar do processo caso pagasse o valor...; e,

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O pagamento de taxas e emolumentos SUPERIORES ao custo de recursos de tecnologia da informação, quando for o caso: detalhe - pode até cobrar pelo Edital, porém, pelo custo de reprodução, ou, em linguagem mais comum, pela “Xerox” do edital.

5ª - Inversão das fases de habilitação e de julgamento:esta, sem dúvida, é a principal característica do Pregão em relação às demais modalidades. No pregão, a fase de julgamento (classificação de propostas) precede a de habilitação.

Há, nesta inversão, um ganho significativo de agilidade, de celeridade, enfim, de eficiência no certame, exatamente pelo fato de o número de documentos a serem analisados pelo condutor da licitação (o Pregoeiro) ser significativamente menor, uma vez que são analisados os requisitos de habilitação apenas do licitante classificado em primeiro lugar.

ATENÇÃO:no Pregão há outra inversão de fases, que, aliás, é pouco percebida pelos amigos concursandos: a inversão ocorre, também, entre as fases de homologação e de adjudicação. Enquanto nas demais modalidades, a adjudicação é a última fase; no pregão, primeiro ocorre a adjudicação e só depois a homologação do certame.

Na Lei de Licitações, a adjudicação é ato da autoridade competente; na Lei do Pregão, o pregoeiro, que é o “cara” que conduz a licitação, fica responsável pela adjudicação (nunca pela homologação!). Porém,

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ressalta-se que, quando houver recurso dos licitantes quanto aos atos do pregoeiro, se este não reformar sua decisão, a decisão do recurso e a eventual adjudicação/homologação do certame, se houver (pode ser que a autoridade determine a anulação, por exemplo), cumprirá à autoridade competente, nos termos do art. 8º do Decreto 5.450/2005.

6ª - Critério de julgamento: o inc. X do art. 4º da Lei 10.520/2002 estabelece o tipo menor preço como o único a ser adotado no pregão, observados os prazos máximos para fornecimento, as especificações técnicas e os parâmetros mínimos de desempenho e de qualidade e as demais condições definidas no edital. Logo, no pregão,não há espaço para outros tipos de licitação, como melhor técnica ou técnica e preço, por exemplo.

Realça-se que, ainda que comuns os itens a serem adquiridos por intermédio de pregão, isso não autoriza a aquisição de produtos de qualidade inapropriada. Quando se fala em economia de despesas, por meio da seleção de propostas mais vantajosas, isso não quer dizer autorização de compra de materiais ou de aquisição de serviços de baixa qualidade. Como já diz o ditado: quem paga mal, paga duas vezes! E dinheiro público não está sujeito a desperdícios, pois, correntemente escassos.

7ª – Meio de realização: por fim, cabe observar que o pregão pode ser presencial ou eletrônico. A forma eletrônica do pregão não equivale, obviamente, a uma nova e distinta modalidade de licitação. Trata-se, em verdade, da mesma modalidade licitatória criada e descrita na Lei 10.520/2002, com todas as exigências, inclusive, com a publicação de edital convocatório. Assim, ao lado do pregão presencial, convive o pregão eletrônico, o qual, inclusive, possui norma específica para tratar da matéria no âmbito da União (Decreto 5.450/2005).

Agora vamos ver como se desenrola o pregão, em suas fases.

O pregão possui duas fases bem distintas: interna e externa.

É muito comum a gente pensar, no início de nossos estudos, que a licitação se inicia com a publicação do extrato do Edital ou expedição do Convite. Esse equívoco infelizmente é por vezes cometido até mesmo pelos administradores públicos. Se bem que essa afirmação é meio-verdadeira, afinal de contas, a licitação inaugura sua FASE EXTERNA com a publicação do extrato do Edital. Na verdade, antes, a licitação tem uma FASE INTERNA, entendida como aquela que antecede a publicação do aviso do Edital. Veja o que estabelece o art. 38 da LLC:

Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente.

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Enfim, os procedimentos de licitação compõem-se de uma fase interna que vai até a elaboração do edital ou da carta-convite, e de uma fase externa, que se inicia com a publicação do edital ou expedição da carta-convite e termina com a adjudicação do objeto da licitação.

A fase interna, quando bem planejada e realizada, acaba por evitar atrasos tão-indesejados durante a fase externa. Se a fase interna não fosse tão esquecida, negligenciada, por parte de nossos administradores públicos, não teríamos o Judiciário afogado com ações das mais diversas e os Tribunais de Contas com tantas medidas cautelares e representações para examinar.

Porém, amigos, saibam que os problemas, comuns nas licitações, nem sempre são questão de má-fé. Muitas vezes os administradores precisam é de socorro, pois o desconhecimento técnico-jurídico é nítido em determinadas situações, quando se faz necessária a missão profilática, pedagógica, da Corte de Contas.

A Lei Geral de Licitações, aplicada subsidiariamente ao Pregão, como já dissemos, fornece-nos alguns dos requisitos a serem atendidos durante afase interna da licitação, por exemplo: orçamento detalhado em planilhas com todos os custos (inc. II do §2º do art. 7º); previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso (inc. III do §2º do art. 7º); escolha da modalidade de licitação e tipo de licitação; elaboração do Edital; e ato de designação da comissão de licitação, do leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável pelo convite.

A fase internada licitação é tão importante, a ponto, inclusive, de o TCU ter editado a Súmula 177:

A definição precisa e suficiente do objeto licitado constitui regra indispensável da competição, até mesmo

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como pressuposto do postulado de igualdade entre os licitantes, do qual é subsidiário o princípio da publicidade, que envolve o conhecimento, pelos concorrentes potenciais das condições básicas da licitação, constituindo, na hipótese particular da licitação para compra, a quantidade demandada uma das especificações mínimas e essenciais à definição do objeto do pregão.

Já a fase externa da licitação tem início com a publicação do edital da licitação ou expedição da carta-convite. Observe-se que o edital ou carta-convite não precisam ser publicados em sua íntegra, bastando tão só a divulgação de um aviso, um resumo destes (art. 21 da LLC): publicação dos avisos dos editais (art. 21); direito à impugnação dos editais (art. 41); habilitação das licitantes (art. 27 a 31); julgamento pela comissão de licitação (art. 45); homologação (art. 43, VI); e adjudicação (art. 43, VI). Estas são os desdobramentos das licitações, em sua fase externa, mas no pregão, é um pouquinho diferente. Vejamos.

Bom, no caso do pregão, há a divulgação do aviso(um resumo) do edital, fixando um prazo mínimo de oito dias ÚTEIS até o recebimento das propostas dos interessados. Aqui, já tem uma diferença com relação às outras modalidades: o pregão, junto com o convite, constituem modalidades com contagem de prazos, até o recebimento das propostas, em dia ÚTEIS. No pregão, oito dias ÚTEIS mínimos; no convite, cinco dias ÚTEIS mínimos. Nas demais modalidades, a contagem de prazo é em dias CORRIDOS.

Pregão Mínimo 8 dias ÚTEIS

Convite Mínimo 5 dias ÚTEIS

Demais modalidades Dias CORRIDOS

Divulgado o edital, são recebidas as PROPOSTAS COMERCIAIS, ou seja, com os preços, dos licitantes. Só depois que vêm os documentos, o que, como dissemos, é umas das características mais peculiares do pregão, quando comparado às demais modalidades: a inversão entre a habilitação (que é depois) com o julgamento (que vem antes) no pregão.

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Mas, então, recebidas as propostas comerciais (de preços), a Administração Pública identificará a de menor preço. A partir de tal proposta, devem ser identificadas todas com diferença de até 10% com relação a esta, nos termos do art. 4º, inc. VIII, da Lei do Pregão, que assim estabelece:

No curso da sessão, o autor da oferta de valor mais baixo e os das ofertas com preços até 10%(dez por cento) superiores àquela poderão fazer novos lances verbais e sucessivos, até a proclamação do vencedor;

Vamos dar um exemplozinho com números que fica melhor:

Empresas participantes e respectivos preços – “X” – R$ 100; “Y” – R$ 101; “Z” – R$ 103; “W” – R$ 110; “H” – R$ 115; “I” – R$ 120; “J” – R$ 125.

X R$ 100

Y R$ 101

Z R$ 103

W R$ 110

H R$ 115

I R$ 120

J R$ 125

Sobre a menor proposta, que é a de “X”, aplicar percentual de 10% (100*1,10 = R$ 110)

Logo, participam da próxima fase: R$ 100, R$ 101, R$ 103, e R$ 110. As demais, que têm diferença superior a 10%, serão DESCLASSIFICADAS.

Não participam!

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Mas, pessoal, e se não tiver quem se enquadre nessa diferença de 10%, como é que faz? Acabou o pregão? Essa pergunta normalmente é feita de maneira imediata, em aulas presenciais. Vamos ver, então, o que diz, novamente, o art. 4º, só que no inc. IX:

não havendo pelo menos 3 (três) ofertas nas condições definidas no inciso anterior, poderão os autores das melhores propostas, até o máximo de 3 (três), oferecer novos lances verbais e sucessivos, quaisquer que sejam os preços oferecidos.

Vamos para os números de novo:

- Empresas participantes e respectivos preços – “X” – R$ 100; “Y” – R$ 101; “H” – R$ 115; “I” – R$ 120; “J” – R$ 125.

X R$ 100

Y R$ 101

H R$ 115

I R$ 120

J R$ 125

- Sobre a menor proposta, aplicar percentual de 10% (100*1,10 = R$ 110), logo as empresas participariam da próxima fase: R$ 100, que é a menor, e R$ 101, dentro do “critério dos 10%”. Mas, como devem existir três na próxima fase, apesar de R$ 115,00 ultrapassar o limite legal de 10%, fica franqueada sua participação.

Agora, para finalizar essa passagem de quem participa da próxima etapa no pregão, notem que essa última explicação é um critério ALTERNATIVO ao dos 10%. Com efeito, se houvesse centenas de propostas enquadradas no primeiro critério (o dos 10%), todas elas participariam da próxima etapa.

Bom, escolhido o “vencedor”, vai ser cobrada a documentação deste. Mais uma vez, o art. 4º estabelece:

XII - encerrada a etapa competitiva e ordenadas as ofertas, o pregoeiro procederá à abertura do invólucro contendo os documentos de habilitação do licitante que apresentou a melhor proposta, para verificação do atendimento das condições fixadas no edital;

XIII - a habilitação far-se-á com a verificação de que o licitante está em situação regular perante a Fazenda Nacional, a Seguridade Social e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço -

Não participam!

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FGTS, e as Fazendas Estaduais e Municipais, quando for o caso, com a comprovação de que atende às exigências do edital quanto à habilitação jurídica e qualificações técnica e econômico-financeira;

Mas, e se o primeiro classificado não for habilitado? Outra perguntinha básica, de sala de aula. Simples! Chama o segundo colocado! Olha só o art. 4º, de novo:

XVI - se a oferta não for aceitável ou se o licitante desatender às exigências habilitatórias, o pregoeiro examinará as ofertas subseqüentes e a qualificação dos licitantes, na ordem de classificação, e assim sucessivamente, até a apuração de uma que atenda ao edital, sendo o respectivo licitante declarado vencedor;

Cumprida a parte documental pelo licitante, o pregão, se não houver recurso, será adjudicado pelo pregoeiro, sendo encaminhado para que a autoridade competente, que é definida pela própria instituição promovedora da licitação, homologue o certame. Mas, e se houver recurso? “Ói” o art. 4º de novo aí, gente:

XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer, quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para apresentação das razões do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intimados para apresentar contrarrazões em igual número de dias, que começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos;

(...)

XIX - o acolhimento de recurso importará a invalidação apenas dos atos insuscetíveis de aproveitamento;

(...)

XXI - decididos os recursos, a autoridade competente fará a adjudicação do objeto da licitação ao licitante vencedor;

XXII - homologada a licitação pela autoridade competente, o adjudicatário será convocado para assinar o contratono prazo definido em edital

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E, ufa, finalmente, encerramos nosso pregão!

Mas antes de passarmos para os tipos de licitação, apenas mais duas notas quanto ao (interminável) pregão:

Mesmo sendo o Pregão uma modalidade em que os preços alcançados são ótimos, pode acontecer de a proposta vencedora, ainda assim, encontrar-se acima das estimativas do órgão. Assim, permite-se ao pregoeiro negociar diretamente com o proponente para que seja obtido preço melhor (art. 4º, inc. XVII, da Lei do Pregão). Ou seja, É O PREGOEIRO QUEM DECIDIRÁ QUANTO ÀACEITABILIDADE DOS PREÇOS.

Uma das características procedimentais importantes da licitação por pregão é a existência de uma fase recursal UNA ou ÚNICA. Isso significa

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dizer que na modalidade de pregão não é possível o recurso em separado.

Apenas no final da sessão de lances verbais, e a partir da decisão que indica o vencedor(ou declara fracassado o procedimento), é que os licitantes poderão manifestar, motivadamente, intenção de recorrer, tendo prazo de três dias CORRIDOS para a apresentação do recurso escrito (art. 4º, inc. XVIII), ou seja, já durante a sessão manifesta o interesse em recorrer, em até três dias poderá entregar o recurso.

Cabe aqui um quesito para nossa reflexão: o recurso administrativo pode ser manejado no prazo para razões recursais previstos no artigo 4º da Lei nº 10.520/2002, sem a necessária manifestação no momento da realização do pregão? A resposta é encontrada no Recurso Especial 817.422-RJ – STJ. Vejam (de novo...) o que dispõe o art. 4º da Lei do Pregão: A fase externa do pregão será iniciada com a convocação dos interessados e observará as seguintes regras: (...)

“XVIII - declarado o vencedor, qualquer licitante poderá manifestar imediata e motivadamente a intenção de recorrer,quando lhe será concedido o prazo de 3 (três) dias para apresentação das razões do recurso, ficando os demais licitantes desde logo intimados para apresentar contra-razões em igual número de dias, que começarão a correr do término do prazo do recorrente, sendo-lhes assegurada vista imediata dos autos”.

Da leitura do dispositivo supracitado, depreende-se que orecurso administrativo em pregão deve ser realizado ainda na sessão, ficando disponibilizado prazo de três dias para contrarrazões. Dessarte, o recurso manejado a posteriori, ainda que dentro do prazo de contrarrazões, revela-se intempestivo, ou seja, não serão conhecidos.

Ah – agora sim, sigamos para os tipos.

4 – TIPOS DE LICITAÇÃO

GABARITA RÁPIDO AÍ: são tipos de licitação– a concorrência e a tomada de preços.

Tic, tac,tic, tac... PÉÉÉÉM!

Gabarito: ERRADO - Não são tipos, são modalidades, as duas figuras citadas.

Pois é. Talvez alguém tenha errado esse item, por pura desatenção. Não pode, gente. Um item em prova de concurso pode ser o paraíso. Ou oposto disso... Então, por favor, atenção em prova, ok? Vamos para o que interessa: os tipos.

Como tivemos a oportunidade de estudar, o julgamento das propostas será sempre objetivo, em observância ao Princípio do

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Julgamento Objetivo. Nesse sentido, a Comissão de licitação, o responsável pelo convite, ou o Pregoeiro, deve realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle (art. 45 da Lei nº 8.666/1993).

Aqui, uma observação extremamente relevante. A adoção de um tipo não impede que a Administração lance mão de critérios ACESSÓRIOS, de maneira a aferir a adequada capacidade de o licitante executar as obrigações advindas do contrato futuro. Então, o instrumento convocatório pode estabelecer outros critérios de julgamento, que não farão parte do tipo. Um exemplo, a partir do pregão.

Como aprendido, o pregão deve utilizar, obrigatoriamente, o tipo menor preço para definir o vencedor do certame. Esse critério (o menor preço) definirá, ao fim, o vencedor da licitação. Mas a Administração não pode simplesmente desconsiderar alguns outros critérios que lhe servirão para definir o vencedor da licitação, tais como (eventualmente) o período de validade do produto adquirido e as condições de garantia do produto/serviço. Até mesmo a apresentação (embalagem) do produto, em alguns, podem ser extremamente importantes para definir o vencedor. Exemplo: medicação (remédios). Devem vir em uma embalagem apropriada, pois senão será impossível o acondicionamento adequado do produto. Notem, todavia, que esses critérios ACESSÓRIOS não constituem o tipo, que é critério FUNDAMENTAL para definição do vencedor, mas serão levados em consideração quando do julgamento.

Os tipos de licitação (que não se confundem com as modalidades) estão previstos no §1º do art. 45 e compreendem quatro categorias, das quais já falamos, ainda que rapidamente. Mas lá vai de novo, pois a repetição leva à perfeição:

(a) menor preço – quando o critério de seleção da proposta mais vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar o menor preço;

(b) de melhor técnica;

(c) de técnica e preço; e

(d) de maior lance ou oferta – nos casos de alienação de bens ou Concessão de Direito Real de Uso.

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Os tipos de licitação "melhor técnica" ou "técnica e preço" serão utilizados, regra geral, para serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial, na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em particular, para a elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos.

Todavia, a própria Lei 8.666/1993 abre possibilidade de utilização dos referidos tipos para contratações relativas a fornecimento de bens e execução de obras ou prestação de serviços (§3º do art. 46 da LLC). Então, técnica ou técnica e preço são utilizadas, em regra, para objetos que exijam, no mais das vezes, intelectualidade para sua execução, mas podem ser utilizadas em todo e qualquer objeto a ser contratado pela Administração, desde que:

- Exista autorização expressa e justificada da autoridade promotora;

- O objeto se refira a bens, a obras, a serviços de grande vulto, majoritariamente dependentes de tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restrito, atestado por autoridades técnicas de reconhecida qualificação;

- O objeto pretendido admita soluções alternativas e variações de execução, com repercussões significativas sobre sua qualidade, produtividade, rendimento e durabilidade concretamente mensuráveis, e estas puderem ser adotadas à livre escolha dos licitantes, na conformidade dos critérios objetivamente fixados no ato convocatório.

No que consiste a técnica? No modo de executar algo. Dando exemplo. Imaginemos que o Senado Federal vá contratar uma instituição para dar treinamento aos seus servidores a respeito de normas básicas a respeito de processo civil. Pressupondo a realização de uma licitação, seria suficiente comparar tão somente os preços oferecidos pelas instituições que se pretendem promotoras do evento? Não, certamente!

Não caberia, portanto, o tipo menor preço, uma vez que insuficiente para identificar qual seria a melhor instituição para realizar o treinamento.

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Seria importante, então, analisar o “modo de fazer” dos licitantes: quem são os responsáveis pelo treinamento? Qual sua experiência em eventos dessa natureza? Já foram, antes, instrutores? Quais os meios didáticos e pedagógicos de realização do evento? Enfim, o modo de fazer muitas vezes é preponderante para se determinar o vencedor de uma licitação.

Lembro, por oportuno, que só se pode exigir dos licitantes o indispensável para a execução do contrato, em razão das disposições constitucionais que exploramos anteriormente (o inc. XXI do art. 37 da CF/1988).

Detalhe: para contratação de bens e serviços de informática, a administração adotará, OBRIGATORIAMENTE, o tipo de licitação "técnica e preço", permitindo-se, todavia, o emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados em decreto do Poder Executivo.É por essa razão que não pode a Administração utilizar o Pregão para aquisição de alguns bens de informática (para outros já há Decreto autorizativo: cartuchos, protetores de tela, laptop etc.), porque, como ensinado, o critério de julgamento do Pregão é o de Menor Preço.

Responde rápido: todas as modalidades usam, necessariamente, os tipos previstos na Lei 8.666/1993? NÃO!!!Aos CONCURSOS não se aplicam os tipos de licitação já estudados (menor preço, melhor técnica etc.), nos termos do §1º do art. 45 da LLC. Vejamos o dispositivo, então:

§ 1o Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de licitação, exceto na modalidade concurso:

REGISTREM: O CONCURSO NÃO USA OS TIPOS PREVISTOS NA LEI, POR EXPRESSA DETERMINAÇÃO LEGAL.

Ficaria pergunta: mas então, como são avaliados os concursos (modalidades de licitação, não os de servidores)? A partir dos critérios estabelecidos no regulamento próprio citado no art. 52.

Em síntese, cada concurso deve definir seus critérios de avaliação, em razão da especificidade do objeto do certame. Apenas para dar exemplo, podemos citar alguns exemplos de concursos: para projetos arquitetônicos (como o da ponte JK, em Brasília); de monografias

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(constantemente realizados por Tribunais Judiciais); de trabalhos de pesquisa (como os realizados pela Embrapa, para concessão de bolsas para projetos de pesquisa) etc.

Bom, apesar de acharmos que dificilmente o examinador vá entrar a fundo no uso do tipo técnica, vamos fazer alguns esclarecimentos a respeito de como se utiliza este.

Para tanto, é suficiente a leitura do “passo a passo” a seguir, para entender como se usa o tipo técnica:

I - serão abertos os envelopes contendo as propostas técnicas exclusivamente dos licitantes previamente qualificados e feita então a avaliação e classificação destas propostas de acordo com os critérios pertinentes e adequados ao objeto licitado, definidos com clareza e objetividade no instrumento convocatório;

II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proceder-se-á à abertura das propostas de preço dos licitantes que tenham atingido a valorização (pontuação) mínima estabelecida no instrumento convocatório e à negociação das condições propostas, com a proponente melhor classificada no que diz respeito ao preço;

III - no caso de impasse na negociação anterior, procedimento idêntico será adotado, sucessivamente, com os demais proponentes, pela ordem de classificação dos preços, até a consecução de acordo para a contratação;

IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas aos licitantes que não forem preliminarmente habilitados ou que não obtiverem a valorização mínima estabelecida para a proposta técnica.

Vejamos um exemplo:

Proposta técnica – pontuação Proposta de preços (R$)

A – 100 pontos D – 40,00

B – 95 pontos A – 50,00

C – 90 pontos B – 45,00

D – 85 pontos C – 60,00

Sendo “A” a melhor classificada na técnica, o contrato a ela será oferecido, isso se cobrir o menor preço apresentado (“D” – R$ 40,00); recusando-se, o contrato será oferecido a “B”, e, assim, sucessivamente. Se “A”, “B”, e “C” não cobrirem o preço de “D”, esta será a vencedora, enfim, acaba por prevalecer o preço como parâmetro de classificação. Interessante, não? Mas esperamos que o examinador não coloque uma loucura dessas na prova...

Quanto ao uso do tipo “técnica e preço” a Lei 8.666/1993 menciona que a classificação dos proponentes é feita de acordo com a média ponderada das valorizações das propostas técnicas e de

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preço, de acordo com os pesos preestabelecidos no instrumento convocatório (art. 46, § 2º). É o seguinte: na técnica e preço, o critério “preço” tem um peso; a técnica, outro. Somam as notas atribuídas a cada um e, zás. Está definido o vencedor. Bem mais de fazer uma licitação utilizando a técnica, não?

5 – FASES DA LICITAÇÃO

Inicialmente, esclareço que as fases aqui abordadas são as aplicáveis às modalidades comuns, em especial. Quanto ao pregão, os detalhes já foram vistos. Concurso e leilão também têm procedimentos diferenciados e, por não serem tratados especificamente na Lei 8.666/1993, não são abordados aqui.

As fases da licitação são duas, basicamente: a interna e a externa.

Vejamos o que a Lei 8.666/1993 tem a nos dizer a respeito da fase interna, a princípio:

Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a abertura de processo administrativo, devidamente autuado, protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão juntados oportunamente.

Como aponta a doutrina, os procedimentos de licitação compõem-se de uma fase interna que vai até a elaboração do edital ou da carta-convite, e de uma fase externa, que se inicia com a publicação do edital ou expedição da carta-convite e termina com a adjudicação do objeto da licitação.

A fase interna bem realizada, planejada, é de extrema importância, pois, ao ser viabilizada com cautela, com zelo, com o mínimo de deficiências, acaba por evitar problemas e atrasos tão indesejados durante a fase externa da licitação. Ressaltamos que uma das grandes delongas do procedimento licitatório são os intermináveis recursos impetrados pelos licitantes (deem uma lida no art. 109 da LLC). Logo, uma fase interna procedida com o mínimo de erros e desatenções levará à otimização dos recursos públicos geridos, como, inclusive, havíamos destacado ao falar do pregão.

A LLC fornece-nos alguns dos requisitos a serem atendidos durante a fase interna da licitação, sob pena de nulidade e responsabilidade daqueles que lhe deram causa, são exemplos:

1º - Orçamento detalhado em planilhas com todos os custos (art. 7º, §2º, II); 2º - Previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a

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serem executadas no exercício financeiro em curso (art. 7º, §2º, III); 3º - Escolha da modalidade de licitação e tipo de licitação; 4º - Elaboração do Edital; 5º - Ato de designação da comissão de licitação,do leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável pelo convite; 6º - Dentro do Edital: descrição do objeto; prazo e condições de pagamento; requisitos de habilitação exigíveis.

Toda minuta de edital e outros documentos relacionados ao processo licitatório tem de passar pela área jurídica da instituição promovedora da licitação, para efeito de emissão de parecer. Quem diz isso é o parágrafo único do art. 38. Confiram.

E mais: o parecerista pode ser demandado pelo TCE, TCU, e quiçá, TCM para que responda por eventuais atos culposos pautados em seu parecer. Esta é uma posição hoje assentada no STF. Com outras palavras, que, ao menos se tratando de processos licitatórios, os pareceristas podem ser responsabilizados por suas opiniões. Aliás, não se está nem dizendo, mas sim recordando.

Já a fase externada licitação tem início com a publicação do aviso da licitação (um “resumo” da licitação) ou expedição da carta-convite. À semelhança da fase interna, a LLC fornece-nos uma sequência lógica para a realização da fase externa.Abaixo, então, as fases, em sequência, com os artigos relacionados. Depois, falamos mais alguma coisinha a respeito. Vamos nós, então:

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1º - Edital(art. 21 e art. 41); 2º - Direito à impugnação dos editais (art. 41);

3º - Habilitação das licitantes (art. 27 a 31); 4º - Julgamento pela comissão de licitação (art. 45; 44 e 51); 5º - Homologação (art. 43, VI); e 6º - Adjudicação (art. 43, VI).

Peço que sempre contextualizem as afirmações, no que diga respeito às fases. O edital inicia a fase externa da licitação, mas não a licitação em si. E outro: notaram que o CONTRATO não é fase? Pois é, não é fase mesmo. O contrato é CONSEQUÊNCIA do processo licitatório. E não fase.

Bom, antes de adentramos em alguns detalhes da fase externa, bom registrar que o art. 39 da Lei 8.666/1993 obriga a Administração a realizar audiência pública sempre que o valor estimado para uma licitação ou para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas for

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superior a 150 milhões de reais (100 [cem] vezes o limite previsto no art. 23, inciso I, alínea "c", que é de 1 milhão e meio de reais).

A audiência pública serve, por exemplo, para a Administração receber sugestões e críticas a respeito de uma contratação futura, de valor considerável. Todavia, pedimos ATENÇÃO:não confundam esse valor, para quando aaudiência é obrigatória (superior a 150 milhões de reais) com o que a Lei 8.666 chama de licitação de grande vulto, que é aquela cujos valores sejam superiores a 37,5 milhões de reais, as quais não obrigam a realização de audiência pública (art. 6º, inc. V, Lei 8.666/1993).

Bom, vamos passar para o edital, que, como sabemos, é o instrumento convocatório da licitação. Na modalidade CONVITE, registramos, não há, em sentido estrito, um edital propriamente dito, mas sim uma carta-convite, que faz as vezes do edital, servindo de instrumento convocatório.

Interessante anotar duas coisas a mais, com relação ao edital:

I) qualquer cidadão ou licitante pode impugnar um edital de licitação, nos termos do art. 41, 8.666/1993. Impugnar, em linhas gerais, quer dizer “recorrer” do edital. Só que a expressão mais adequada é impugnação mesmo, até porque a gente recorre de algo que já foi decidido, o que não é o caso do edital, que é ato normativo, lei interna da licitação;

II) as minutas dos contratos que nascerão da licitação fazem parte do edital de licitação como anexos obrigatórios (art. 40, § 2º, inc. III). Por isso, muitos doutrinadores dizem que os contratos administrativos que nascem da Lei 8.666/1993 são de adesão. De adesão, porque a Administração estabelece os termos do contrato e o contratado, o vencedor da licitação, meramente ADERE a estes termos.

Após a divulgação do edital, a Administração Pública fica no aguardo, agora, do movimento das empresas interessadas (entrega dos envelopes com a documentação para habilitação e a proposta comercial).

Feita a apresentação dos documentos/propostas, o terceiro movimento é da Administração: a Comissão de Licitação procede à habilitação das empresas, verificando a documentação apresentada, nos termos do art. 27/31 da LLC (notem que se os participantes não conseguirem superar essa etapa – a habilitação - serão INABILITADOS).

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Da leitura do art. 43 da LLC, fácil notar que a licitação, em sua fase externa, é composta de dois momentos igualmente importantes (mas não únicas): o primeiro destinado ao exame da documentação apresentada pelos interessados (fase subjetiva) – HABILITAÇÃO; a segunda referente ao exame das propostas (fase objetiva) – JULGAMENTO, com a particularidade de que a fase de habilitação antecede o julgamento das ofertas.

Na primeira fase (habilitação), a Administração verifica se os participantes da licitação preenchem ou não os requisitos necessários previstos em edital e considerados indispensáveis para a futura execução do contrato, quando então serão analisados itens como qualificação jurídica, técnica e econômica, bem como regularidade fiscal dos proponentes, na forma do art. 27 a 31 da Lei nº 8.666/1993.

O art. 27 da Lei nos fornece um rol de itens de habilitação a serem exigidos do licitante: da habilitação jurídica ao cumprimento do art. 7º, XXXIII, da CF/1988. Vejamos, resumidamente.

A habilitação jurídica é aptidão efetiva de exercer direitos e contrair obrigações, p. ex., inscrição do licitante pessoa física no Cadastro de Pessoas Físicas do Ministério da Fazenda.

Já a regularidade fiscal refere-se ao atendimento das exigências do Fisco, p. ex., certidões negativas de tributos e recolhimento de FGTS;

A qualificação técnica diz respeito ao conjunto de requisitos profissionais, p. ex., registro ou inscrição do interessado na entidade profissional competente.

A qualificação econômico-financeira é capacidade para satisfazer os encargos econômicos decorrentes do contrato, p. ex., certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede do licitante pessoa jurídica.

Por fim, o art. 7º, XXXIII, da CF/1988e Decreto nº 4358/2002, os quais vedam empregar menores de 18 anos em atividades insalubres e perigosas.

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Vencida esta etapa de habilitação, a Comissão prossegue com o julgamento, classificando ou desclassificando as empresas, a partir da análise de suas propostas comerciais (aqui, na fase de julgamento, se o licitante for eliminado será DESCLASSIFICADO).

Já vimos que o julgamento é objetivo. Então, nesse ponto, descabem novos comentários. Mas cabe falar, de novo, da comissão de licitação, que já falamos um tanto ao longo desse nosso “papo”.

A comissão de licitação, permanente ou especial, é a equipe de servidores responsáveis pela condução do procedimento de licitação. Basicamente, a função da comissão é de receber, de examinar, e de julgar todos os documentos e procedimentos relativos às licitações e ao cadastramento de licitações (art. 6º, XVI). Logo, não cabe à comissão a homologação e sequer a adjudicação, são papéis de competência da autoridade competente.

Nos termos do art. 51 da LLC, a comissão permanente ou especial será formada por, no mínimo, três membros, sendo que, destes três, pelo menos dois devem ser servidores qualificados pertencentes aos quadros permanentes dos órgãos/entidades da Administração responsáveis pela licitação. Assim, em tese, é possível a constituição de uma comissão de licitação com 17 membros, sendo dois do órgão que promove a licitação e os demais de outros órgãos da Administração.

Lembro que, na modalidade de licitação convite, excepcionalmente, a comissão de licitação pode ser dispensada e o procedimento ser conduzido por um único servidor, desde que se trate de pequenas unidades administrativas e em face da exiguidade de pessoal disponível (art. 51, § 1º). Não há uma definição legal do que se possa entender por “pequena unidade...”, mas o fato é que a lei dá tal possibilidade. Atenção, então!

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Já na modalidade concurso, a comissão é especial, podendo ser composta por servidores ou não. Não é vedada, portanto, a participação de servidores nas comissões julgadoras de concursos, só não é obrigatória. Nas modalidades comuns (concorrência , tomada de preços e convite), ressalto, SEMPRE haverá a participação de integrantes dos quadros permanentes dos órgãos da Administração responsáveis pela licitação, conforme estipula o art. 51 da LLC.

A regra é a solidariedadedos membros da Comissão, isto é, estes respondem em conjunto pelos atos/decisões que produzam, afinal de contas, as deliberações produzidas pela Comissão, ainda que possam ser classificadas como atos simples, tem natureza colegiada (art. 51, § 3º), ou seja, é tomada pelos membros, em conjunto. Daí, nada mais racional que a responsabilidade seja de todos, não é?Mas, atenção: se determinado membro não concordar com o procedimento adotado pelos demais, pode registrar em ata de reunião em que surgiu a divergência. Daí, não responderá solidariamente. É que se deve respeitar a opinião do divergente, desde que devidamente fundamentada e devidamente registrada em ata, como a própria Lei ressalta, no art. 51.

Como maneira de se evitar possíveis conluios entre os membros/licitantes interessados, o Legislador (§ 4º do art. 51 da LLC) fixou o prazo não excedente a um ano de mandato para os membros das comissões, vedando a recondução da totalidade de seus membros para a mesma comissão no período subsequente.

Portanto, é possível que a Administração faça um rodízio parcial da comissão. Um exemplo. Imaginemos uma comissão de licitação composta por três membros, X; Y e Z, com um ano de mandato. Ao fim do primeiro ano, X sai da comissão e, em seu lugar, entra W. A Lei foi cumprida? SIM, pois a Lei veda a recondução INTEGRAL dos membros. Trocando-se um, a Lei foi cumprida. Ao fim do segundo ano, W sai, volta X. Cumpriu-se a Lei? SIM, pois a norma veda a recondução INTEGRAL, mas não impede esse jogo de “escravos de jó”: tira e bota W e X, indefinidamente...

Questão interessante é a seguinte: e se houver empate? Como que desempata, já que o julgamento tem que ser, sempre, objetivo?

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Bom, como tem que ser objetivo, tem que ter critério de desempate. O primeiro deles diz respeito às microempresas e empresas de pequeno porte.

No ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição Federal e as legislações infraconstitucionais, à vista do real desnível das pequenas empresas, atuam no fomento, no desenvolvimento das atividades dos menos favorecidos economicamente. Exemplo disso é o art. 179 da CF/1988:

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.

Mais recentemente a Lei Complementar 123/2006 dispensou tratamento favorecido às Microempresas – ME e empresas de pequeno porte – EPP.Portanto, o legislador não facultou o uso daigualdade meramente formal, admitindo a lei formas de distinção entre os licitantes, quando as circunstâncias assim o exigirem. Vejamos agora como apareceu na prova, à época, de Analista:

(2007/TCU – Analista) A União, em suas contratações públicas, não pode conceder tratamento diferenciado às microempresas e empresas de pequeno porte, pois tal comportamento violaria o princípio da isonomia entre os licitantes. (Certo/Errado)

Imagina qual a resposta? ERRADO, claro.E se quiserem ler mais, para “fechar” o edital, podem ler a respeito das microempresas, e licitações com a participação destas, nos arts. 42 a 49 da LC 123, de 2006.

Como critério de desempate, o art. 3º, §2º, da Lei 8.666/1993, que estabelece, objetivamente, os critérios a serem utilizados em licitações no caso de empate entre licitantes. Para a resolução de tais casos (de empate), são os seguintes os critérios a serem utilizados, na seguinte ordem:

I – produzidosno País; II – produzidos ou prestados por empresas brasileiras. III – produzidos ou prestados por empresas que invistam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologiano País (recente alteração – Lei nº 11.196/2005).

Reforço: não se cogita maisdo critério de desempate em favor de empresa brasileira, de capital nacional. É que tal critério foi recentemente revogado pela Lei 12.349/2010.

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Vejam que os critérios estão ordenados. Pergunta o concursando: e se permanecer o empate? Nesse caso, deve a Administração proceder a sorteio público, vedado qualquer outro processo(art. 45, § 2º, LLC). Lembro que no caso de licitações que utilizem o tipo menor preço, o critério de desempate a ser utilizado, EXCLUSIVAMENTE, é o menor preço (art. 45, § 2º, LLC).

Sigamos para os dois últimos passos do processo licitatório, a homologação e a adjudicação.

A homologação é um típico ato de controle, ou seja, encerrada a participação da comissão, o que ocorre após essa proceder ao julgamento, o processo licitatório será remetido e submetido ao crivo da autoridade competente, que pode ou não reconhecer a legitimidade de todo o processo, mediante homologação.

Segue-se a adjudicação, que pode ser definida a mera entrega simbólica do objeto da licitação ao vencedor, gera apenas expectativa de direito à contratação, como já havíamos dito. E, voilá, acabou a licitação. Vem cá: cadê o contrato? Ocontrato não faz parte da licitação, mas é uma consequência dela.

Mas, antes de passarmos para o próximo tópico, no qual falaremos de alienação de bens, falemos das possibilidades de revogação e anulação das licitações.

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Na parte de Atos Administrativos, são estudadas algumas formas de desfazimento, como: caducidade; contraposição; renúncia; cassação; anulação; e revogação.

Destaco a aplicação da Súmula 473 do STF, assim traduzida: a Administração Pública PODE (ato discricionário) revogar atos LEGAIS, por RAZÕES DE INTERESSE PÚBLICO (conveniência e oportunidade – mérito administrativo), logo, ficam preservados os direitos adquiridos e osefeitos não são retroativos (EX-NUNC); DEVE (ato vinculado) anular atos ILEGAIS, com efeito, geralmente, EX-TUNC (retroativos), não havendo que se falar em direitos adquiridos a partir de atos anulados, uma vez que ilegais.

Que tal sintetizarmos isso em forma de tabela:

FORMAS DE EXTINÇÃO

Revogação Anulação

Competência Órgão que praticou o ato (1)

Tanto Administração como o Judiciário (2)

Motivo Inconveniência e Não oportunidade

Ilegalidade ou ilegitimidade (4)

Efeitos Ex-nunc (não

retroagem) (3) Ex-tunc (retroagem)

(1) Pensando desta forma, podemos até mesmo entender que pode o Judiciário revogar um ato administrativo. O que não é possível é o Judiciário revogar um ato que não lhe pertence;

(2) Porém, a forma de atuação é distinta. Enquanto o Judiciário, no exercício de sua atividade jurisdicional, só atua mediante provocação; a Administração, no exercício da atividade administrativa, age por provocação ou de ofício, neste último caso, em nome do princípio do impulso oficial ou Oficialidade;

(3) A revogação deve preservar os direitos adquiridos, coisa que não acontece com a anulação, pois, atos ilegais não geram direitos;

(4) O direito de a Administração anular os atos administrativos que geraram efeitos favoráveis a terceiros que agiram de boa-fé decai em 5 (cinco) anos.

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A revogação ocorre baseada em juízo que apura a conveniência do ato relativamente ao interesse público. No exercício de competência discricionária, a Administração desfaz seu ato anterior para reputá-lo incompatível com o interesse público. Embora a definição aqui empregada seja a mesma da utilizada no desfazimento dos atos administrativos, a revogação da licitação conta com um detalhe diferenciador, OS FATOS QUE A ENSEJAM DEVEM SER SUPERVENIENTES, pertinentes e suficientes para justificar tal conduta.

E o que entender como fato superveniente? Vejam o exemplo a seguir:

“O Senado Federal abre um pregão para aquisição de novos veículos, no mês de junho de 2007. Em razão de problemas técnicos e entraves jurídicos, a licitação ultrapassou o exercício financeiro. Acontece que o orçamento para o ano seguinte não existe reserva de recursospara enfrentar a despesa com a aquisição do objeto do pregão”.

Não há dúvida de que a inexistência de reserva orçamentáriaé mais que um motivo justo para revogar-se a licitação, que seria possível, nesta hipótese, por se tratar de um fato superveniente.

Já a anulação acontece em face de ilegalidade, podendo ser viabilizada de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. Nos termos do §1º do art. 49 da LLC, a anulação do procedimento não gera obrigação de indenizar, ressalvado o disposto no parágrafo único do artigo 59, vale dizer, quando a ilegalidade for imputável à própria Administração, oportunidade que deverá promover a responsabilidade de quem lhe deu causa.

A regra é que nas duas hipóteses de desfazimento (revogação e anulação) ficam assegurados o contraditório e a ampla defesa. Tanto isso é verdade que a alínea “c” do inc. I do art. 109 da Lei de Licitações prevê recurso do ato de anulação ou revogação, no prazo de cinco dias úteis a contar da intimação do ato ou da lavratura da ata. A esse

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recurso a autoridade competente pode atribuir efeito suspensivo, com base no § 2º do art. 109 da LLC.

Todavia, a jurisprudência dos Tribunais Superiores tem sido no sentido de que, no caso da revogação, nem sempre o contraditório se faz necessário. Vejamos um julgado elucidativo que trata da matéria:

STJ-7017/DF 3. Revogação de licitação em andamento com base em interesse público devidamente justificado não exige o cumprimento do §3º, do art. 49, da Lei 8.666/93. 5. Só há aplicabilidade do §3º, do art. 49, da Lei 8.666/93, quando o procedimento licitatório, por ter sido concluído, gerou direitos subjetivos ao licitante vencedor (adjudicação e contrato) ou em casos de revogação ou de anulação onde o licitante seja apontado, de modo direto ou indireto, como tendo dado causa ao proceder o desfazimento do certame.

Agravo de Instrumento STF nº 228.554-4

Ora, antes da homologação da licitação, não exsurge aos concorrentes nenhum direito subjetivo capaz de impedir a revogação da abertura do processo licitatório, por óbvia conveniência pública, superveniente à desistência de todos os concorrentes menos um, nem tampouco alguma lesão patrimonial, de que se irradiasse direito a indenização. Nessas circunstâncias, em que com a revogação nada sofreu a esfera dos direitos e interesses privados, não havia lugar para observância de contraditório e ampla defesa, inerentes à cláusula constitucional do justo processo da lei (due process of law), cujo alcance está em impedir ação arbitrária e lesiva do Estado.

E, detalhe: mesmo após a homologação, pode a Administração promover a revogação e DEVE efetuar a anulação, sendo certo, porém, que, nos termos das decisões judiciais citadas, devem ser garantidos o contraditório e a ampla defesa quando O PROCEDIMENTO JÁ TIVERSIDO HOMOLOGADO OU ADJUDICADO.

Agora sim, vamos para a alienação de bens.

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6 – ALIENAÇÃO DE BENS

A Lei de Licitações não cuida só de aquisições. Pode até parecer estranho, mas nossa “amiga” LLC (é melhor ser amigo mesmo) também trata de alienações de bens (móveis e imóveis). O art. 17, entre outros assuntos, dispõe sobre a alienação de bens da Administração Pública, subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às seguintes normas:

Se imóveis, são exigidas:

Prévia autorização legislativa;

Subordinação à existência de interesse público devidamente justificado (motivação);

Avaliação prévia; e

Licitação na modalidade de concorrência (via de regra);

Se móveis, são requeridas:

Subordinação à existência de interesse público devidamente justificado (motivação);

Avaliação prévia; e

Licitação na modalidade de leilão (via de regra).

Dos requisitos acima, notamos:

- Para a alienação de bens móveis, a autorização legislativa não se faz necessária;

- A modalidade utilizada, regra geral, para a alienação de bensmóveis é o Leilão. Porém, para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou globalmente, em quantia superiorao limiteda modalidade de tomada de preços (R$ 650.000,00), a Administração não poderá utilizá-lo(§6º do art. 17), restando à Administração usar a CONCORRÊNCIA; e

- A modalidade regra para a alienação de bens imóveis é a Concorrência. Entretanto, de acordo com o art. 19 da Lei de Licitações, os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados sob a modalidade de concorrência ou leilão. Chamamos atenção para o fato de que os imóveis ADQUIRIDOS PELA ADMINISTRAÇÃO POR PROCEDIMENTOS JUDICIAIS OU POR DAÇÃO EM PAGAMENTO PODEM SER ALIENADOS MEDIANTE ATO (decisão) DA AUTORIDADE COMPETENTE. Neste sentido, vejamos os termos do art. 19 da LLC, com destaque nosso:

Os bens imóveis da Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da autoridade competente, observadas as seguintes regras:

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Assim, NEM SEMPRE É NECESSÁRIA AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA PARA ALIENAÇÃO DE BENS IMÓVEIS POR PARTE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.

Destaco, ainda, que prescinde (não é necessária) de autorização legislativa a venda de bens móveis ou imóveis pelosentes paraestatais. Cuidado! No contexto em que a lei foi feita, as entidades paraestatais eram as empresas estatais (SEM e EP) eserviços sociais autônomos, logo, empresas públicas e sociedades de economia mista.

Atenção: muita (ou toda) cautela com nossa última observação! Só deve ser lembrada dentro de um item de licitações, isso porque a doutrina atualmente aponta que empresas estatais são entidades administrativas e empresariais (Sociedades de Economia Mista e Empresas Públicas), portanto, inconfundíveis com as paraestatais (OS, OSCIP, ‘sistema S’, e as Entidades de Apoio).

7 – CONTRATAÇÃO DIRETA: DISPENSAS E INEXIGIBILIDADES DE LICITAÇÃO

Finalmente, um dos assuntos mais temidos por muitos dos nossos amigos concursandos em provas: as contratações diretas, por dispensa ou inexigibilidade.

Como já assinalado, a licitação, a partir da Constituição Federal, passou a ser norma impositiva (obrigatória), como exigência constitucional para toda a Administração Pública, direta e indireta. A doutrina lembra que a mesma é exigível para a Administração direta; fundos especiais; autarquias; fundações públicas; empresas públicas; sociedades de economia mista,e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal, e Municípios, nos termos do art. 1º, parágrafo único, da Lei 8.666/1993.

Contudo, como realçado, o dever de a Administração licitar não é absoluto, pois o próprio texto constitucional abre a possibilidade de a Lei afastar o princípio da licitação, destacando-se daí a eficácia contida de tal passagem Constitucional.

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Com efeito, a Lei 8.666/1993 apresenta “fórmulas” da contratação direta (contratação sem modalidade de licitação), com os seguintes rótulos: licitação dispensada (art. 17), licitação dispensável (art. 24) e inexigibilidade (art. 25).

O primeiro grupo é a contratação direta por dispensa de licitação, dividida em: dispensada e dispensável.

Na licitação dispensada, a própria lei estabelece os casos em que o administrador deixará de licitar (art. 17), não havendo, portanto, qualquer margem de discrição (liberdade) por parte do agente público.

Diferentemente, a licitação dispensável é vista como ato discricionário do administrador, ou seja, pode ou não licitar. A licitação dispensável, então, tem lugar em contexto de viabilidade jurídica de competição, sendo, portanto, ato discricionáriodo administradoroptar entre fazer ou não fazer o certame de licitação;

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A segunda forma de contratação direta é ainexigibilidade, que, de acordo com o art. 25, decorre da inviabilidade de competição, ou seja, quando há impossibilidade jurídica de competição entre licitantes, quer pela natureza específica do negócio, quer pelos objetivos sociais visados pela Administração.

Reforço que o rol da contratação direta por inexigibilidade é EXEMPLIFICATIVO(numerus apertus, nãotaxativo), diferentemente do rol da contratação direta por dispensa de licitação, de natureza EXAUSTIVA, TAXATIVA(para quem gosta de latim, numerus clausus).

Um último detalhe pouco citado, mas útil para fins de concursos, é que o art. 17 (DISPENSADA), de modo geral, cuida de alienação (saída de bens da Administração); o art. 24 (DISPENSÁVEL), por sua vez, trata de aquisições de bens e de serviços (sentido de entrada). No art. 17, a Administração é demandada; no art. 24, é ela que demanda.

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Olha só, gente: objetivamente, é bem difícil cair casos mais detalhados a respeito da licitação DISPENSADA. Assim, quanto a essa, nossa recomendação é que seja feita uma leitura do art. 17, e partir para a prova.

Todavia, um dos assuntos mais proeminentes em prova diz respeito à licitação DISPENSÁVEL. Primeiro, vamos fazer como faz a Professora Di Pietro e dividir a licitação em 4 grandes grupos, a saber:

a) Em razão do valor: por exemplo,limite de isentar a licitação em 20% da modalidade convite para compras, obras, e serviços contratados por SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA; EMPRESA PÚBLICA; AGÊNCIAS EXECUTIVAS; e CONSÓRCIOS PÚBLICOS (parágrafo único do art. 24 da LLC).

b) Em razão da situação: exemplo da licitação deserta, quando não comparecem interessados e a licitação não puder ser repetida sem prejuízo para a administração (inc. V do art. 24 da LLC), oportunidade em que as condições do edital devem ser repetidas no contrato para que a licitação seja considerada deserta, vale dizer, mantidas as condições preestabelecidas.

c) Em razão do objeto: aquisição de bem destinado EXCLUSIVAMENTE à pesquisa científica e tecnológicacom recursos concedidos pela CAPES/CNPq ou outras instituições oficiais credenciadas pelo CNPq (inc. XXI do art. 24 da LLC).

d) Em razão da pessoa: exemplo da aquisição de serviços por pessoa jurídica de direito público interno (não cabe para as SEM e as EP, personalidade de direito privado!) de bens e serviços produzidos por órgão ou entidade que integrem a Administração Pública. Porém, a criação desse órgão ou entidade deve ter ocorrido em data anterior à Lei nº 8.666/1993 (inc. VIII do art. 24 da LLC).

Vamos falar um pouco mais da inexigibilidade, citando, inclusive os incisos que cuidam do assunto e os explorando um pouco mais.

Inc. I do art. 25, que estabelece os casos assim estabelece:

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Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:

I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;

Essa situação acima é relativamente simples, uma vez que, se o fornecedor é exclusivo, não há como se exigir licitação, não é?

Questão interessante diz respeito à indicação de marcas em licitações.

No inciso transposta, há uma singela vedação de preferência por marcas. E a razão é simples: o poder público compra produtos e não marcas. Assim, a aquisição é de canetas e não daquela marca famosa de canetas...

Mas realçamos que há uma absoluta exceção que permite que marca seja indicada. Vejamos o estabelecido no § 5º do art. 7o da LLC: é vedada a realização de licitação cujo objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas, características e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e serviços for feito sob o regime de administração contratada, previsto e discriminado no ato convocatório. (grifos nossos)

Assim, verifica-se que, em regra, é vedada a indicação/preferência de marca. Todavia, pedimos sua atenção: o próprio dispositivo abre espaço para EXCEÇÕES: nos casos em que for tecnicamente justificável (vejam o trecho destacado em amarelo, no parágrafo acima). Significa, portanto, que é possível a estipulação de determinada marca SOB CERTAS CIRCUNSTÂNCIAS. Tanto isso é verdade que o TCU, no Acórdão 1.196/2002 – Plenário, defendeu a tese de que a indicação de marca é admissível para fins de padronização, se acompanhada por razões de ordem técnica. Mas isso não fica “a critério da Administração”. De outra forma, só é admissível quando justificável.

Contudo, é um erro pensar que pelo fato de se estabelecer determinada marca fica afastada, necessariamente, a licitação. A Decisão do TCU 686/1997 – Plenário esclarece que ainda que fosse admitida a preferência de marca, para fins de padronização, como permitido pela norma regedora da matéria (art. 15, I, da Lei n° 8.666, de 1993), afastando, no caso, a contratação de veículos de outra marca, se houver a

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possibilidade de os bens serem fornecidos por várias empresas, seria justificada e obrigatória a licitação.

Em síntese:

- De regra, é vedada a preferência de marca em licitações;

- Em aplicação ao princípio da padronização (art. 15, I), é possível a preferência de marca, desde que tecnicamente justificável; e

- A preferência de marca não significa afastamento do procedimento de licitação, afinal de contas, o fornecedor pode ser não-exclusivo.

E esse assunto de marcas é tão importante que o TCU, recentemente, edital a súmula 255. Vejam:

Nas contratações em que o objeto só possa ser fornecido por produtor, empresa ou representante comercial exclusivo, é dever do agente público responsável pela contratação a adoção das providências necessárias para confirmar a veracidade da documentação comprobatória da condição de exclusividade.

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Com outras palavras, a súmula quer dizer que é um dever da Administração, mas especificamente, do agente público, a comprovação de tal exclusividade quanto ao produto a ser fornecido. É isso!

Já o inc. II do art. 25 diz:

II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

Também há súmula do TCU a respeito. É a 252. Olha ela aí:

Inviabilidade de competição para a contratação de serviços técnicos, a que alude o inciso II do art. 25 da Lei nº 8.666/93, decorre da presença simultânea de três requisitos: serviço técnico especializado, entre os mencionados no art. 13 da referida lei, natureza singular do serviço e notória especialização do contratado.

Pergunta-se: estando o serviço listado dentre aqueles do mencionado art. 13, isto, por si só, faz com que tal serviço seja, necessariamente, contratado por inexigibilidade? A resposta é um sonoro NÃO. Analisemos o “porquê”.

No art. 13, há referência, por exemplo, ao treinamento/aperfeiçoamento de pessoal como serviço técnico-profissional. Assim, treinamentos relacionados à digitação de textos em computador não serão licitados? Cuidado! Não é bem assim.

Para estes serviços de digitação não seria mesmo o caso de inexigibilidade, pois não teriam, à primeira vista, a característica da singularidade exigida pela Lei, sendo, em sentido reverso, bastante comuns os treinamentos mencionados, circunstância que determinaria a realização de licitação.

O termo em negrito (SINGULARIDADE)não é de fácil conceituação, uma vez que se trata de conceito jurídico indeterminado. Para efeito de concursos, e para nossa vida prática, sintetizamos a característica singular pela conjugação de dois fatores: o primeiro, a excepcionalidade de uma necessidade da Administração Pública a ser atendida; o segundo, a inviabilidade desta necessidade ser atendida por um profissional “padrão” no mercado.

Como se vê, o conceito de singularidade será, certamente, influenciado por diversos fatores, como a localização geográfica da instituição, o momento histórico etc. Em síntese: o que é singular para um município pode não o ser para outro, ou para a União. Todavia, a contratação por inexigibilidade de licitação com amparo na notória especialização deve referir-se, SEMPRE, a serviços singulares.

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Outra dúvida comum é quanto à natureza do rol de serviços do art. 13 da Lei.

Os livros voltados à preparação para provas de concursos públicos não costumam trazer a informação sobre a natureza do rol de serviços constantes do art. 13 da LLC, e, mais, livros de Direito Administrativo (Geral) também passam ao largo, o que torna a questão um diamante, a ser lapidado.

O art. 13 da LLC fornece-nos categoria especial de serviços, os denominados “serviços técnicos especializados”, por exemplo: estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos; assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; e treinamento e aperfeiçoamento de pessoal.

Tais serviços, dado o caráter técnico, ou serão contratados por inexigibilidade de licitação (art. 25) ou por meio de concurso (modalidade de licitação), com a observação de que a utilização do concurso é PREFERENCIAL quando não couber a inexigibilidade, quer dizer, não se afasta a adoção da concorrência, por exemplo.

A título de concurso, mais duas observações:

1ª)O rol de serviços é exaustivo: a doutrina é polêmica neste ponto, mas, majoritariamente, prevalece o entendimento de que a lista do art. 13 é exaustiva, não podendo, portanto, ser ampliado por trabalho interpretativo.

2ª) Não é todo serviço técnico especializado que garante a contratação direta por inexigibilidade: no RESP (recursos especial) 704108, o STJ dispõe que a contratação de serviços técnicos sem licitação depende de três condições, no que coincide o entendimento exposto pelo TCU na súmula 252:

1) a enumeração do serviço no dispositivo legal (art. 13);

2) sua natureza singular, isto é, não basta estar enumerado no art. 13 da Lei 8.666/93, sendo necessário que o serviço se torne único devido à sua complexidade e relevância; e

3) a notória especialização do profissional (conforme disposto no § 1º do art. 25). Enfim, não é qualquer serviço descrito no art. 13 da Lei 8.666/93 que torna inexigível a licitação, mas aquele de natureza singular, que exige a contratação de profissional notoriamente especializado. Ou seja, como dissemos no item anterior: para que um serviço seja contratado por inexigibilidade de licitação, por ser de notória especialização, tem de estar no art. 13; contudo, simplesmente estar contido no art. 13 não significa que a contratação do serviço em questão se dê, obrigatoriamente,por inexigibilidade de licitação.

Por fim, o último caso de inexigibilidade: a contratação de artista consagrado. Vamos para o inciso III do art. 25, então:

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III - para contratação de profissional de qualquer setor artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opinião pública.

Muita gente se pergunta por que a contratação de artistas é hipótese de INEXIGIBILIDADE e não de dispensa de licitação. É fácil entender, quando se pensa a respeito. Imagina uma licitação assim: A União informa a todos os artistas consagrados que faz uma licitação alusiva a show a ser realizado em Brasília, para comemoração do aniversário da República. Para tanto, recebe proposta e realiza os devidos testes auditivos no Ministério da Cultura no dia XX de 2010.

Os “licitantes”: Caetano; CPM22; Capital Inicial; Zezé di Camargo, e, para fechar o rol dos “licitantes” – BANDA CALYPSO! Que beleza, hein? Agora, diz aí: como é que você vai fazer competir esse pessoal todo? IMPOSSIVEL!!! Por isso que, quando é arte, a hipótese é de INEXIGIBILIDADE e não de dispensa!

Finalizando, podemos fazer o seguinte “esqueminha” gráfico para as contratações diretas:

Contratação Direta Inexigibilidade Dispensável Dispensada

Fundamento Art. 25 Art. 24 Art. 17

Núcleo

Inviabilidade de competição

(impossibilidade de licitar)

Poderá licitar (ato

discricionário – licita se quiser)

Não poderá licitar (ato

vinculado – a lei já determina)

Hipóteses legais

Lista exemplificativa

(numerus apertus)

Lista Exaustiva (numerus clausus)

Lista Exaustiva (numerus clausus)

O próximo item, apesar de ser a última etapa do contrato administrativo, e, portanto, quesito, a priori, fora do edital do concurso, penso que, para a carreira de vocês, é conhecimento indispensável. Trabalharemos, abaixo, o recebimento do objeto da licitação.

Recebimento do objeto

É com o recebimento do objeto da licitação, a empresa é liberada de seus encargos contratuais. O recebimento tem por finalidade a certificação pela Administração quanto à ausência de problemas do objeto da licitação.

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O art. 73 da LLC estabelece que tal recebimentopode se dar de modo provisório ou definitivo, com características específicas a depender do objeto da licitação: obras ou serviços; compras ou locação; gêneros perecíveis, serviços profissionais, e obras e serviços até o limite do convite.

No caso de obras ou serviços:

a) O recebimento provisório será efetuado por termo circunstanciado, dentro de 15 dias da comunicação do contratado.

b) Já o definitivo,mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, depois do prazo de observação ou de vistoria, que não pode, salvo casos excepcionais e previsto no edital, ser superior a 90 dias.

Quando o contrato for de compra ou locação de equipamentos:

a) O recebimento definitivo e o provisório serão documentados por recibo, salvo os equipamentos de grande vulto, que dependerão de termo circunstanciado. Grande vulto? Quanto é grande vulto? De acordo com a LLC, 25 vezes o valor da concorrência para a aquisição de obras e de serviços de engenharia (uma merreca, não?).

Poderá ser dispensado o recebimento provisórionas seguintes contratações:

- gêneros perecíveis;

- serviços técnicos profissionais;

- obras e serviços até o limite do convite (R$ 80.000,00).

Nessas hipóteses, o recebimento definitivo será efetuado por meio de recibo. Exceção feita para as obras e serviços que se componham de aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à verificação de funcionamento e produtividade.

Alerto, ainda, para a leitura do §8º do art. 15 da LLC: o recebimento de material de valor superior ao limite estabelecido no

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art. 23 desta Lei, para a modalidade de convite(leia-se: R$ 80.000,00), deverá ser confiado a uma comissão de, no mínimo, três membros.

Para finalizar, destacamos que o recebimento provisório ou definitivo não exclui a responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução do contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo contrato.

Por fim, apresento aos amigos algumas considerações sobre a LC 123, de 2006. Atualmente, na Administração, em praticamente todas as licitações há a participação das ME e EPP.

Já ouviram falar da LC 123?

Então, a Lei Complementar 123/2006 – LC 123/2006 instituiu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, que são aquelas que auferem receita bruta anual de até dois milhões e quatrocentos mil reais. Estas, de acordo com a LC 123/2006, receberam um tratamento diferenciado nas licitações promovidos pela Administração Pública, dada sua condição de desigualdade, quando comparadas a grandes empresas. Aliás, como diria Aristóteles, há centenas de anos atrás, isonomia é “dar tratamento desigual aos desiguais, na medida de suas desigualdades”, frase memorável do clássico autor.

No ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição Federal e as legislações infraconstitucionais, à vista do real desnível das pequenas empresas, atuam no fomento, no desenvolvimento das atividades dos menos favorecidos economicamente. Exemplo disso é o art. 179 da CF/1988:

A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributárias, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei.

Com efeito, a Lei Complementar 123/2006 dispensou tratamento favorecido às Micro-empresas – ME e empresas de pequeno porte – EPP. Portanto, o legislador não facultou o uso da igualdade meramente formal, admitindo a lei formas de distinção entre os licitantes, quando as circunstâncias assim o exigirem.

É de toda conveniência apontar algumas regras especiais inseridas pela Lei Complementar 123/2006, relativamente às Micro-empresas – ME e empresas de pequeno porte – EPP.

O art. 42 da referida Lei exige a comprovação de regularidade fiscal por parte da ME e da EPP somente para EFEITOS DE ASSINATURA DO CONTRATO, ou seja, permite, p. ex., as empresas que,

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a princípio, se encontram em débito junto ao fisco participem de licitações públicas.

Isso não significa dizer que tais empresas não tenham de apresentar a documentação. O art. 43 da norma de referência determina a apresentação de TODA A DOCUMENTAÇÃO, ainda que apresente alguma restrição.

E surge o quesito: poderão contratar com a Administração mesmo que sujeitas a restrições?

Obviamente, não. O §1º do art. 43 da LC 123, abre o prazo de dois dias úteis do momento em que o proponente é declarado vencedor, prorrogável por igual período a critério da Administração, para a regularização da documentação, pagamento ou parcelamento do débito, e emissão de eventuais certidões negativas ou positivas com efeito de certidão negativa.

E se a empresa não regularizar as pendências existentes?

De acordo com o §2º do art. 43, a não-regularização da documentação, no prazo previsto no § 1o deste artigo, implicará decadência do direito à contratação, sem prejuízo das sanções previstas no art. 81 da Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993, sendo facultado à Administração convocar os licitantes remanescentes, na ordem de classificação, para a assinatura do contrato, ou revogar a licitação.

O art. 44 da aludida Lei dispõe: nas licitações será assegurada, como critério de desempate, preferência de contratação para as microempresas e empresas de pequeno porte. Já o §1º do artigo entende por empate aquelas situações em que as propostas apresentadas pelas microempresas e empresas de pequeno portesejam iguais ou até 10% (dez por cento) superiores à proposta mais bem classificada. Um exemplo torna mais claro.

Suponha que a proposta mais vantajosa alcançou o valor de R$ 90,00, logo, considerar-se-á o empate se a ME e a EPP tiverem apresentado até R$ 99,00 (R$ 90,00 + 10% de R$ 90,00 = R$ 99,00). Agora, se a modalidade de licitação for o pregão, o limite cai para 5%,logo, se o melhor preço for de R$ 100,00, o empate da ME e da EPP será em valores na ordem de R$ 105,00

O empate significa que o Estado contratará a ME ou a EPP por R$ 99,00 ou R$ 105,00?

Não é isso. O que a Lei garante é a possibilidade de a ME e a EPP cobrir a melhor proposta de empresa que não seja, obviamente, ME ou EPP. Inclusive, o art. 45 da Lei Complementar estabelece a seguinte ordem:

1º - A microempresa ou empresa de pequeno porte mais bem classificada poderá apresentarproposta de preço

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inferior àquela considerada vencedora do certame, situação em que será adjudicado em seu favor o objeto licitado;

2º - Se a ME e a EPP, melhor classificada, não cobrir o preço, serão convocadas as remanescentes, para o exercício do mesmo direito;

3º - Sendo os valores equivalentes, far-se-á um sorteio para identificar aquela que primeiro poderá apresentar a melhor oferta.

4º - E, se mesmo assim ninguém cobrir o preço, o objeto licitado será adjudicado em favor da proposta originalmente vencedora do certame.

Enfim, concluindo: O TRATAMENTO DIFERENCIADO A MICRO EMPRESAS E EMPRESAS DE PEQUENO PORTE NÃO FERE O PRINCÍPIO DA ISONOMIA!

Outro tema bem interessante e recorrente no Tribunal é o tratamento diferenciado garantido aos convênios administrativos.

Como vimos ao longo desta aula, nos contratos os interesses são opostos e diversos. P. ex.: contrato de segurança firmado entre o Estado e a empresa “X” - enquanto a empresa quer o lucro, o Estado quer a prestação do serviço em razão do interesse público.

Já nos convênios administrativos, é bem diferente. Nos convênios os interesses são mútuos, comuns, como diz a questão; não existem partes (nos convênios existem partícipes).

Nisso, então, está a principal diferença dos contratos com relação aos convênios: no contrato, o objetivo é o lucro, nos convênios, a cooperação. P. ex: o Tribunal de Contas do Estado celebra um contrato com o Tribunal de Contas da União, com o objetivo de

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repasse de informações e de treinamento de pessoal. Pergunta-se: é de fato um contrato? Obviamente não, isso porque os interesses perseguidos pelos partícipes são paralelos, logo, estamos diante de um convênio. Inclusive, por esse motivo é que para a celebração deconvênios dispensa-se a licitação prévia.

Aproveitando, um breve registro quanto aos consórcios administrativos, que são acordos de vontades entre duas ou mais pessoas jurídicas públicas da mesma natureza e mesmo nível de governo ou entre entidades da administração indireta para a consecução de objetivos comuns. Essa definição destoa da de convênios, pois estes são (ou podem ser) celebrados entre entidades públicas diversas ou com entidades privadas, desde que estas não possuam finalidade lucrativa.

Um detalhe. Com o surgimento da Lei 11.107/2005, ocorre a possibilidade de criação de consórcios públicos, os quais,de acordo com o art. 6º da norma citada, adquirirão personalidade jurídica de direito público(integrante da administração indireta de todos os consorciados) ou privado, sendo formados a partir da reunião apenas de entes políticos (União, Estados, Municípios, e Distrito Federal). Perceberam a diferença? Enquanto os convênios e os consórcios administrativos não adquirem personalidade jurídica, os consórcios públicos têm dupla possibilidade de personalidade (direito público ou privado); enquanto os consórcios administrativos podem ser celebrados por entes da Administração Indireta (entes administrativos), os consórcios públicos, apenas por entes políticos.

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PARTE II – LICITAÇÕES (EXERCÍCIOS)

QUESTÕES EM SEQUENCIA - LICITAÇÕES

1) (2010/CESPE/BASA/Técnico) A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a administração, sendo processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos que regem essa lei. (Certo/Errado)

2) (2010/CESPE/BASA/Técnico)A Lei n.º 8.666/1993 é uma lei de natureza ordinária, de abrangência nacional, destinada a regulamentar o sentido do texto constitucional no que concerne ao estabelecimento de normas gerais aplicáveis às licitações e aos contratos administrativos que devem nortear a atuação da administração pública direta, indireta e fundacional. (Certo/Errado)

3) (2009/CESPE/Agente Administrativo) Acerca de licitações, julgue o item que se segue.

As normas gerais sobre licitações estabelecidas na Lei n.º 8.666/1993 restringem-se à União, aos estados e ao Distrito Federal. (Certo/Errado) 4) (2009/CESPE/ANAC/Analista) A administração fica estritamente vinculada às normas e às condições do edital e qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por irregularidade na aplicação da Lei n.º 8.666/1993. (Certo/Errado)

5) (Cespe/TRT – 17R – Cargo 3/2009)Julgue o item, abaixo, acerca de licitações e contratos administrativos.

Em razão do princípio da competitividade, a Lei n.º 8.666/1993 não admite, na licitação de obras e serviços, ainda que destinados aos mesmos fins, o estabelecimento de projetos padronizados por tipos, categorias ou classes. De igual modo, são vedadas, nas compras, padronizações que imponham a compatibilidade de especificações técnicas e de desempenho. (Certo/Errado) 6) (2010/CESPE/MS/Técnico) As licitações serão realizadas no local onde se situar a repartição interessada, salvo por motivo de interesse público, devidamente justificado, sendo vedada a habilitação deinteressados residentes ou sediados em outros locais. (Certo/Errado)

7) (2010/CESPE/MS/ANALISTA) O edital é o ato pelo qual a administração divulga as regras a serem aplicadas em determinado procedimento de licitação, sendo assegurado apenas aos licitantes o direito de impugná-lo junto a administração caso contenha algum vício, embora os

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cidadãos tenham a faculdade de representar ao tribunal de contas ou a órgãos integrantes de controle interno a ocorrência de irregularidade, com prazo máximo de quinze dias úteis antes da abertura dos envelopes. (Certo/Errado)

8) (2010/CESPE/MS/ANALISTA) A concorrência é a modalidade de licitação cabível em contratações de grande vulto, mas há previsão legal de que seja observada também em determinadas circunstâncias que não dependem do valor, e sim da natureza do contrato a ser celebrado. Licitações com abrangência internacional, por exemplo, sempre deverão adotar a modalidade concorrência. (Certo/Errado)

9) (2010/CESPE/MP-ES/Promotor/Questão Adaptada) Na tomada de preços, os participantes interessados devem ser previamente cadastrados nos registros dos órgãos públicos, ou devem atender a todas as exigências para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas. (Certo/Errado)

10) (2010/CESPE/ANEEL/Analista) – Existindo na praça mais três possíveis interessados, a cada novo convite, realizado para o objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações. (Certo/Errado)

11) (2009/CESPE/ANAC/Analista) De acordo com a Lei de Licitações, convite é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 90 dias. (Certo/Errado)

12) (2009/Cespe/Anatel/Cargo 5) Julgue os itens seguintes, relativos às licitações e aos contratos administrativos.

Concurso é a modalidade de licitação para escolha de trabalho técnico, artístico ou científico. Em se tratando de seleção de projeto de cunho intelectual, deverá o autor ceder à administração os direitos patrimoniais a ele reativos para pagamento do prêmio ou remuneração. (Certo/Errado) 13) (2009/Cespe/Antaq/Cargo 12)No que se refere a licitações públicas, julgue os itens subsequentes.

A modalidade concurso deve ser escolhida preferencialmente para os contratos de prestação de serviços técnicos profissionais especializados, com estipulação prévia de prêmio ou remuneração. (Certo/Errado) 14) (2010/CESPE/MS/ANALISTA) É permitida a cotação de quantidade inferior à demandada na licitação, para ampliar a competitividade, quando

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da compra de bens de natureza divisível e desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo. (Certo/Errado)

15) (2010/CESPE/AGU/Administrativo/Cargo 3) Na hipótese de aquisição de bens, a Lei de Licitações veda expressamente condutas como a cotação de quantidade inferior à demandada na licitação e a fixação no edital de quantitativo mínimo, ainda que tais condutas sejam justificáveis para ampliar a competitividade do certame. (Certo/Errado)

16) (2010/CESPE/BASA/Técnico) O leilão, uma das modalidades de licitação, é aplicável entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de determinados bens imóveis, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. (Certo/Errado)

17) (2010/CESPE/MP-ES/Promotor/Questão Adaptada) A Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados, na qual a administração tem por objetivo único a venda de bens móveis inservíveis. (Certo/Errado)

18) (2009/CESPE/Antaq – Cargo 12)- No pregão, não se leva em consideração o valor da contratação, mas, sim, as características dos bens ou serviços, que devem ser comuns. (Certo/Errado)

19) (2010/CESPE/MS/ANALISTA) Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade pregão, ressalvadas as hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação e as restrições expressas quanto ao valor da contratação. (Certo/Errado)

20) (Cespe - TRF/1R - Juiz/2009) O pregão na forma eletrônica não se aplica, no âmbito da União, às contratações de obras de engenharia, bem como às locações imobiliárias e alienações em geral. (Certo/Errado)

21) (Cespe - TRF/1R - Juiz/2009) Na modalidade de licitação denominada pregão, o prazo de validade das propostas será de sessenta dias, se outro não estiver fixado no edital. (Certo/Errado)

22) (2010/CESPE/MS/ANALISTA) Para recebimento das propostas e lances e para análise de sua aceitabilidade e classificação, bem como para a habilitação e adjudicação do objeto do certame ao licitante vencedor do pregão, a autoridade competente indicará o pregoeiro e a equipe de apoio, que deverá ser composta por servidores ocupantes de cargo efetivo ou comissionado da administração pública. (Certo/Errado)

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23) (2010/CESPE/DPU/Analista/Questão adaptada)Tanto o pregoeiro quanto a equipe de apoio devem ser ocupantes de cargo efetivo do próprio ministério. (Certo/Errado)

24) (2010/CESPE/DPU/Analista/Questão adaptada) Considerando que determinada autarquia federal publicou edital de licitação na modalidade concorrência para contratar a realização de obra de engenharia, pode-se afirmar que o tipo de licitação para essa contratação deverá ser melhor técnica ou técnica e preço. (Certo/Errado)

(2010/CESPE/Analista/Saúde)Considere a seguinte situação hipotética. 25) O Ministério Público Federal (MPF) publicou edital para a construção de um moderno prédio para sua nova sede em determinado estado. Entretanto, uma empresa interessada em participar do procedimento licitatório não possui engenheiro com a qualificação técnica necessária para a execução da obra em seu quadro de empregados. Então, o gerente da empresa procurou um engenheiro, o qual possui qualificação técnica, e propôs a celebração de um contrato de prestação de serviços pelo período da execução da obra do MPF. O referido engenheiro aceitou a proposta e celebrou o contrato com a empresa.

Nessa situação, o MPF deve aceitar o contrato de prestação de serviços celebrado entre a empresa e o engenheiro como documento hábil a comprovar a capacitação técnico-profissional da empresa. (Certo/Errado) 26) (2010/CESPE/Analista/Saúde)Um mesmo servidor ou autoridade não pode acumular as funções de julgar as propostas apresentadas e analisar os recursos interpostos contra esse ato, sob pena de violar o princípio da segregação das funções. (Certo/Errado)

27) (2010/CESPE/TRE-BA/Técnico)Se, em licitação realizada por determinado tribunal, para a contratação de determinado bem de tecnologia da informação por meio de concorrência, a comissão de licitação, ao abrir o envelope das propostas em sessão pública, verificar que duas empresas cotaram o mesmo preço, e, nesse momento, o representante de uma dessas empresas manifestar-se no sentido de que pode dar outras vantagens não previstas no edital, o presidente da comissão de licitação agirá corretamente ao desconsiderar a vantagem oferecida após a abertura das propostas. (Certo/Errado)

28) (2010/CESPE/Analista/Saúde)Em uma licitação na modalidade concorrência para a execução de obra por empreitada por preço global, a administração pode desclassificar o licitante que apresentar proposta considerada inexequível sem antes facultar a esse licitante a apresentação de justificativas para os valores ofertados. (Certo/Errado)

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29) (2010/CESPE/MS/ANALISTA) A revogação da licitação é ato administrativo, exigindo, portanto, a devida fundamentação e motivação (justo motivo para seu desfazimento), assim como o cumprimento das disposições legais. (Certo/Errado)

30) (2010/CESPE/MS/ANALISTA) O ato revogatório da licitação, quando antecedente à homologação e adjudicação, é perfeitamente pertinente e não enseja contraditório. Só é possível o contraditório antecedendo a revogação quando há direito adquirido das empresas concorrentes, o que só ocorre após a homologação e adjudicação do serviço licitado. (Certo/Errado)

31) (2010/CESPE/MS/Técnico) Caso a administração pública pretenda vender bens móveis, tal alienação estará subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e de licitação e dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais. (Certo/Errado)

32) (2010/CESPE/ANEEL/Analista) - De acordo com a Lei de Licitações, é inexigível a licitação nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem. (Certo/Errado)

33) (2010/CESPE/Analista/Saúde)É inexigível a licitação para a contratação de serviços técnicos de natureza singular prestados por profissional cujo conceito no campo de sua especialidade permita inferir que o seu trabalho é essencial para a plena satisfação do objeto do contrato. Para isso, o profissional deve demonstrar, cumulativamente, os seguintes requisitos: desempenho satisfatório em trabalhos análogos, estudos na área do objeto a ser contratado, experiências em outros contratos, publicações acerca do tema, organização, aparelhamento adequado e equipe técnica capaz de desenvolver o serviço. (Certo/Errado)

34) (2010/CESPE/MS/ANALISTA) Quando houver dispensa de licitação para execução de obras e serviços por força de uma situação de emergência ou de calamidade pública, tal execução deve ser concluída em, no máximo, 180 dias consecutivos e ininterruptos, sob pena de descaracterizar a situação de licitação dispensável. (Certo/Errado)

35) (2010/CESPE/MS/ANALISTA) É inexigível a licitação para aquisição de bens e contratação de serviços quando visar ao atendimento dos contingentes militares das forças singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior. (Certo/Errado)

36) (2010/CESPE/MS/Técnico) Caso a União tenha de intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento, a licitação será dispensável. (Certo/Errado)

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37) (2010/CESPE/TRE-BA/Técnico)É dispensável a licitação quando a União tiver de intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento. (Certo/Errado)

38) (2010/CESPE/MS/ANALISTA) A publicação da dispensa de licitação na imprensa oficial, depois de devidamente justificada e ratificada dentro do prazo estabelecido, nos casos em que a lei exige a sua comunicação à autoridade superior, é condição de eficácia do ato. (Certo/Errado)

39) (2010/CESPE/TRE-BA/Analista Jud.) A legislação de regência admite a dispensa de licitação na hipótese de contratação realizada por sociedade de economia mista, com suas subsidiárias ou controladas, para a aquisição de bens, com a exigência de que seja observada a compatibilidade do preço contratado com o praticado no mercado. (Certo/Errado)

40) (2010/CESPE/PGFN/Procurador) Considere que o administrador de determinada autarquia tenha promovido a abertura de licitação, na modalidade convite, para a ampliação da sede regional desse ente e que não tenha havido interessados no primeiro certame e, por isso, a licitação tenha sido considerada deserta. Considere, ainda, que o administrador, então, tenha encaminhado o processo administrativo à Procuradoria Federal para análise acerca da possibilidade de se dispensar a licitação para a contratação da empresa de engenharia. Nessa situação, conforme entendimento firmado pela AGU, não pode ser dispensada a licitação. (Certo/Errado)

41) (2010/CESPE/ANEEL/Analista) – É inexigível a licitação quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a administração, podendo ser alteradas as condições preestabelecidas. (Certo/Errado)

(2009/CESPE/IBAMA – Tema 1/2009) Julgue o item, a seguir, em conformidade com as normas previstas na Lei n.º 8.666/1993, que trata de licitações e contratos. 42) A contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente de pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional pode ser feita mediante inexigibilidade de licitação, desde que a instituição possua inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos. (Certo/Errado)

(2009/CESPE/Antaq – Cargo 12/2009) No que se refere a licitações públicas, julgue os itens subsequentes. 43) Verifica-se a dispensa de licitação sempre que houver impossibilidade jurídica de competição. (Certo/Errado)

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44) (2010/CESPE/TRE-BA/Analista Jud.) Não é admitida a dispensa de licitação na concessão de serviço público, ainda que nas hipóteses de dispensa previstas na Lei de Licitações. (Certo/Errado)

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QUESTÕES COMENTADAS

1 - (2010/CESPE/BASA/Técnico) A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a administração, sendo processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos que regem essa lei.

Comentários:

Ok! Facinho-facinho. Letra da Lei. É o que diz o art. 3º da Lei do “Capeta” (8.666). Mas atenção - apesar de continuar certo, lembrar que, atualmente, há outro objetivo para os processos licitatórios, ESTIMULAR O DESENVOLVIMENTO NACIONAL.

GABARITO: CERTO

2 - (2010/CESPE/BASA/Técnico)A Lei n.º 8.666/1993 é uma lei de natureza ordinária, de abrangência nacional, destinada a regulamentar o sentido do texto constitucional no que concerne ao estabelecimento de normas gerais aplicáveis às licitações e aos contratos administrativos que devem nortear a atuação da administração pública direta, indireta e fundacional.

Comentários:

Irreparável! O texto constitucional a que se refere o examinador é o art. 22, inc. XXVII.

GABARITO: CERTO

3 - (2009/CESPE/Agente Administrativo) Acerca de licitações, julgue o item que se segue.

As normas gerais sobre licitações estabelecidas na Lei n.º 8.666/1993 restringem-se à União, aos estados e ao Distrito Federal.

Comentários:

Item passa-raiva! Moleza... O erro é dizer que a 8.666 RESTRINGE-SE à União, estados e DF. Está errado. Faltaram os municípios...

GABARITO: ERRADO

4 - (2010/CESPE/MS/ANALISTA) O edital é o ato pelo qual a administração divulga as regras a serem aplicadas em determinado procedimento de licitação, sendo assegurado apenas aos licitantes o direito de impugná-lo junto a administração caso contenha algum vício, embora os cidadãos tenham a faculdade de representar ao tribunal de contas ou a órgãos integrantes de controle interno a ocorrência de irregularidade, com prazo máximo de quinze dias úteis antes da abertura dos envelopes.

Comentários:

Pode parecer que esta questão é só de fixação. Não é.

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O edital é o ato que divulga as regras da licitação, como sabemos. Mas ser “as regras do jogo” faz com que o edital não possa ser questionado? NÃO! Claro que pode ser questionado! Qualquer cidadãoou licitante pode impugnar um edital de licitação, nos termos do art. 41, 8.666/1993. Daí, errado o quesito, se não perceberam. É que se fala no comando ser garantida APENAS aos licitantes a oportunidade de impugnar o edital. Os cidadãos também podem, sem prejuízo da representação, quando é o caso, feita ao TCU, por exemplo, nos termos do art. 113 da 8.666, de 1993.

GABARITO: ERRADO

5 - (2009/CESPE/ANAC/Analista) A administração fica estritamente vinculada às normas e às condições do edital e qualquer cidadão é parte legítima para impugnar edital de licitação por irregularidade na aplicação da Lei n.º 8.666/1993.

Comentários:

Item irreparável. Desnecessários comentários adicionais.

GABARITO: CERTO

6 - (Cespe/TRT – 17R – Cargo 3/2009)Julgue o item, abaixo, acerca de licitações e contratos administrativos.

Em razão do princípio da competitividade, a Lei n.º 8.666/1993 não admite, na licitação de obras e serviços, ainda que destinados aos mesmos fins, o estabelecimento de projetos padronizados por tipos, categorias ou classes. De igual modo, são vedadas, nas compras, padronizações que imponham a compatibilidade de especificações técnicas e de desempenho.

Comentários:

Nem todo princípio, em licitações, é chamado de princípio. Tem princípio “escondidinho” na Lei (e não é o de “bacalhau”, “dilícia”!).

Os princípios reconhecidos doutrinariamente, dentre eles, o da competitividade, pelo qual a Administração Pública, quando da licitação, não deve adotar providências ou criar regras que comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo, de igualdade da licitação.

Indo ao item: não há qualquer vedação ao estabelecimento de projetos padronizados, em razão do princípio da competitividade. A 8.666 em nenhum momento diz isso. Pelo contrário: na lei, há algumas passagens que dizem o contrario – se possível, a padronização deve ser adotada. Olha aí o que diz o art. 11 da 8.666, por exemplo:

Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos fins terão projetos padronizados por tipos, categorias ou classes, exceto quando o projeto-padrão não atender às condições peculiares do local ou às exigências específicas do empreendimento.

Logo, resolvemos o item: ESTÁ ERRADO, pois, sendo possível, a padronização deve ser adotada.

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GABARITO: ERRADO

7 - (2010/CESPE/MS/Técnico) As licitações serão realizadas no local onde se situar a repartição interessada, salvo por motivo de interesse público, devidamente justificado, sendo vedada a habilitação de interessados residentes ou sediados em outros locais.

Comentários:

Não há nada na lei a determinar que participe da licitação tão só os interessados sediados em determinados locais. Contrário disso. Pelo que vimos no item anterior, não há por que, a princípio, promover-se tal limitação, uma vez que ela serviria apenas para restringir a desejável competitividade do certame. ERRADO, então, o item.

GABARITO: ERRADO

8 - (2010/CESPE/MS/ANALISTA) A concorrência é a modalidade de licitação cabível em contratações de grande vulto, mas há previsão legal de que seja observada também em determinadas circunstâncias que não dependem do valor, e sim da natureza do contrato a ser celebrado. Licitações com abrangência internacional, por exemplo, sempre deverão adotar a modalidade concorrência.

Comentários:

Se tivéssemos que escolher uma das provas de 2010 como a “melhor” de Direito Administrativo, certamente seria essa prova de analista do Ministério da Saúde. Foram 50 itens de Administrativo, alguns de altíssima qualidade, como esse que vamos analisar agora.

Pois bem. O item fala das concorrências, que somada a tomada de preços e ao convite, constitui uma das três modalidades ditas comuns.

A parte do item que diz que a concorrência é modalidade cabível nas contratações de grande vulto está certa, pois há limites consideravelmente baixos para a tomada e para o convite.

Também está certo dizer que há previsão legal de que seja observada também em determinadas circunstâncias que não dependem do valor, e sim da natureza do contrato a ser celebrado. Mas está errado dizer que Licitações com abrangência internacional, por exemplo, sempre deverão adotar a modalidade concorrência.

O negrito é personalizado: a REGRA é que a concorrência é a modalidade adotada nas licitações internacionais. Mas não é SEMPRE. Esse é o erro

GABARITO: ERRADO

9 - (2010/CESPE/MP-ES/Promotor/Questão Adaptada) Na tomada de preços, os participantes interessados devem ser previamente cadastrados nos registros dos órgãos públicos, ou devem atender a todas as exigências para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas.

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Comentários:

Esse item é quase literalidade do art. 22, §2º, 8.666, que define a Tomada de Preços. Caso queiram, confiram lá.

GABARITO: CERTO

10 - (2010/CESPE/ANEEL/Analista) – Existindo na praça mais três possíveis interessados, a cada novo convite, realizado para o objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.

Comentários:

Pois bem. Para responderemos o item, temos de ler outro dispositivo da 8.666. É o parágrafo 6º do art. 22, que já tínhamos visto na parte teórica. Vamos a ele:

§ 6o Na hipótese do § 3o deste artigo, existindo na praça mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações.

Agora, leiam de novo a questão. Está CERTA, pois é a literalidade desse dispositivo, no qual a preocupação do legislador é com interessados cadastrados que não tenham sido convidados em convites anteriores.

Para que se atende com isonomia a todos os eventualmente interessados, a lei obriga o convite a, PELO MENOS, um cadastrado, para objetos idênticos ou semelhantes, que não tenha sido convidado em certames anteriores.

GABARITO: CERTO.

11 - (2009/CESPE/ANAC/Analista) De acordo com a Lei de Licitações, convite é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 90 dias.

Comentários:

Opa! Essa definição não parece se alinhar a do convite. E não é mesmo. É a do CONCURSO, modalidade de licitação, constante do § 4º do art. 22 da LLC.

GABARITO: ERRADO

12 - (2009/Cespe/Anatel/Cargo 5) Julgue os itens seguintes, relativos às licitações e aos contratos administrativos.

Concurso é a modalidade de licitação para escolha de trabalho técnico, artístico ou científico. Em se tratando de seleção de projeto de cunho

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intelectual, deverá o autor ceder à administração os direitos patrimoniais a ele reativos para pagamento do prêmio ou remuneração.

Comentários:

Questão de fixação. A sugestão, para fixar ainda mais o que há de importante com relação ao concurso, é a leitura combinada dos arts. 22, § 4o e art. 52 da 8.666.

GABARITO: CERTO

13 - (2009/Cespe/Antaq/Cargo 12)No que se refere a licitações públicas, julgue os itens subsequentes.

A modalidade concurso deve ser escolhida preferencialmente para os contratos de prestação de serviços técnicos profissionais especializados, com estipulação prévia de prêmio ou remuneração.

Comentários:

Essa questão é daquelas que nos emocionam...O CESPE, instituição que prima pela qualidade de suas provas, sempre gosta daqueles pontos esquecidos da lei. Por isso, o CESPE é considerado por muitos (estamos entre esses) a melhor instituição realizadora de concurso....

A contratação de serviços técnicos profissionais pode, se for o caso, ser enquadrada como uma das situações que leva à inexigibilidade de licitação. Mas, adiantando o assunto, as hipóteses de inexigibilidade de licitação são situações em que, pela ausência de competitividade, não há como fazer a licitação, a qual, portanto, resta inviável, pela “falta de concorrentes”. Nesse sentido, um dos casos de inexigibilidade é citado no inc. II do art. 25 da 8.666, que diz:

II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

Também há súmula do TCU a respeito. É a 252. Olha ela aí:

Inviabilidade de competição para a contratação de serviços técnicos, a que alude o inciso II do art. 25 da Lei nº 8.666/93, decorre da presença simultânea de três requisitos: serviço técnico especializado, entre os mencionados no art. 13 da referida lei, natureza singular do serviço e notória especialização do contratado.

Pergunta-se: estando o serviço listado dentre aqueles do mencionado art. 13, isto, por si só, faz com que tal serviço seja, necessariamente, contratado por inexigibilidade? A resposta é um sonoro NÃO. Analisemos.

No art. 13, há referência, por exemplo, ao treinamento/aperfeiçoamento de pessoal como serviço técnico-profissional.

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Assim, treinamentos relacionados à digitação de textos em computador não serão licitados? Cuidado! Não é bem assim.

Para estes serviços de digitação não seria mesmo o caso de inexigibilidade, pois não teriam, à primeira vista, a característica da singularidade exigida pela Lei (e pela súmula/252 do TCU), sendo, em sentido reverso, muito comuns os treinamentos mencionados, circunstância que determinaria a realização de licitação.

O termo em negrito (SINGULARIDADE)não é de fácil conceituação, uma vez que se trata de conceito jurídico indeterminado. Para efeito de concursos, e para nossa vida prática, sintetizamos a característica singular pela conjugação de dois fatores: o primeiro, a excepcionalidade de uma necessidade da Administração Pública a ser atendida; o segundo, a inviabilidade desta necessidade ser atendida por um profissional “padrão” no mercado.

O conceito de singularidade será, certamente, influenciado por diversos fatores, como a localização geográfica da instituição, o momento histórico etc. Em síntese: o que é singular para um município pode não o ser para outro, ou para a União. Todavia, a contratação por inexigibilidade de licitação com amparo na notória especialização deve referir-se, sempre, a serviços singulares.

Outra dúvida comum é quanto à natureza do rol de serviços do art. 13 da Lei.

Os livros voltados à preparação para provas de concursos públicos não costumam trazer a informação sobre a natureza do rol de serviços constantes do art. 13 da LLC, e, mais, livros de Direito Administrativo (Geral) também passam ao largo, o que torna a questão um diamante a ser lapidado.

O art. 13 da LLC fornece-nos categoria especial de serviços, os denominados “serviços técnicos especializados”, por exemplo: estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou executivos; assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas; e treinamento e aperfeiçoamento de pessoal.

Tais serviços, dado o caráter técnico, ou serão contratados por inexigibilidade de licitação (art. 25) ou por meio de concurso (modalidade de licitação), com a observação de que a utilização do concurso é PREFERENCIAL quando não for o caso de inexigibilidade, quer dizer, não se afasta a adoção da concorrência, por exemplo. Mas se os amigos retornarem ao comando do item, verão que o mesmo está perfeito: o concurso é modalidade preferencial e o vencedor receberá prêmio ou remuneração.

GABARITO: CERTO

14 - (2010/CESPE/MS/ANALISTA) É permitida a cotação de quantidade inferior à demandada na licitação, para ampliar a

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competitividade, quando da compra de bens de natureza divisível e desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo.

Comentários:

Imaginem que a Administração vá comprar gêneros alimentícios, como carne. Um fornecedor não tem condições de fornecer as duas toneladas de carne que a Administração quer comprar. Mas consegue vender uma tonelada, com preços excelentes, que o fariam vencer a licitação, no que corresponde à quantidade que pode fornecer. Não seria interessante permitir a participação desse licitante? Pois é. Por isso que a questão tá CERTA. Isso consta expressamente do art. 22, que em seu § 7º diz:

Na compra de bens de natureza divisível e desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é permitida a cotação de quantidade inferior à demandada na licitação, com vistas a ampliação da competitividade, podendo o edital fixar quantitativo mínimo para preservar a economia de escala.

Notem que esse dispositivo permite a “cotação parcial” das quantidades se não houver prejuízos de escala, de maneira a possibilitar a participação de um número maior de interessados. Esse é o intuito da norma.

O que é prejuízo de escala? Alguns talvez tenham se indagado. A lógica da escala é a mesma da feira: seu Manoel, quanto é o quilo do tomate? 3 reais (caro!). E se eu comprar dez quilos? Aí, faço a 2 reais! Pois é. A Administração para permitir as cotações parciais deveria fazer estudos antes da licitação. Caso concluísse em tais estudos que a cotação parcial dos itens levaria prejuízo de escalas, não deveria permitir tal cotação parcial, ou fixar quantitativos mínimos, como, por exemplo, a Administração só receberia propostas com fornecimento mínimo de 100 quilos. Só que, no mundo real, esses estudos quase nunca são feitos. Daí todos esses problemas com licitações...

GABARITO: CERTO

15 - (2010/CESPE/AGU/Administrativo/Cargo 3) Na hipótese de aquisição de bens, a Lei de Licitações veda expressamente condutas como a cotação de quantidade inferior à demandada na licitação e a fixação no edital de quantitativo mínimo, ainda que tais condutas sejam justificáveis para ampliar a competitividade do certame.

Comentários:

Comparem essa questão com a de cima. Vejam que ela é o oposto da outra, que estava certa. Logo, esta aqui está ERRADA. São possíveis, sim, cotações parciais, com intuito de ampliar a competitividade no certame. Além disso, é possível a fixação de quantitativos mínimos, de modo a permitir um melhor planejamento de compras por parte da Administração.

GABARITO: ERRADO

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16 - (2010/CESPE/BASA/Técnico) O leilão, uma das modalidades de licitação, é aplicável entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de determinados bens imóveis, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

Comentários:

De acordo com o §5º do art. 22 da Lei, Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis; produtos legalmente apreendidos ou penhorados e bens imóveis, desde que objeto de dação em pagamento ou de procedimentos judiciais (art. 19),a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação. Ou seja, a definição é, “sem tirar nem por”, o que consta da Lei. O item, claro, está CERTO.

GABARITO: CERTO

17 - (2010/CESPE/MP-ES/Promotor/Questão Adaptada) A Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados, na qual a administração tem por objetivo único a venda de bens móveis inservíveis.

Comentários:

Esta é para fixação: o leilão serve para alienação de bens móveis, claro, mas não só os inservíveis. Serve para alienar, ainda, móveis penhorados ou apreendidos. Além disso, o leilão pode ser utilizado para alienação de bens imóveis. Logo, questão ERRADA.

GABARITO: ERRADO

18 - (2009/CESPE/Antaq – Cargo 12)- No pregão, não se leva em consideração o valor da contratação, mas, sim, as características dos bens ou serviços, que devem ser comuns.

Comentários:

Diferentemente das modalidades ditas comuns (concorrência, tomada de preços e convite), o pregão, realmente, não leva em consideração o valor da contratação. Ou seja, não importa se a contratação é grande ou pequena, em termos de valores. O que importa é a característica do objeto: o pregão só serve à contratação de bens e serviços COMUNS. CERTO o item, portanto.

GABARITO: CERTO

19 - (2010/CESPE/MS/ANALISTA) Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a licitação na modalidade pregão, ressalvadas as hipóteses de dispensa e inexigibilidade de licitação e as restrições expressas quanto ao valor da contratação.

Comentários:

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O item tem um erro “crasso”: o pregão não se atrela a regras de valor, como dissemos. Não há, portanto, essas “restrições de valor” que a questão fala. ERRADO, então.

GABARITO: ERRADO

20 - (Cespe - TRF/1R - Juiz/2009) O pregão na forma eletrônica não se aplica, no âmbito da União, às contratações de obras de engenharia, bem como às locações imobiliárias e alienações em geral.

Comentários:

Aqui é só relembrar o art. 6º do Decreto 5.450 para concluir que a questão está CERTA:

Art. 6o A licitação na modalidade de pregão, na forma eletrônica, não se aplica às contratações de obras de engenharia, bem como às locações imobiliárias e alienações em geral.

GABARITO: CERTO

21 - (Cespe - TRF/1R - Juiz/2009) Na modalidade de licitação denominada pregão, o prazo de validade das propostas será de sessenta dias, se outro não estiver fixado no edital.

Comentários:

De acordo com o art. 6º da Lei 10.520, o prazo de validade das propostas, no pregão é de 60 dias, SE OUTRO NÃO FOR O PREVISTO NO EDITAL. O curioso é que nas demais modalidades o prazo de validade é de sessenta dias, e não tem essa parte (se outro...). Confiram que, de acordo com a 8.666, os licitantes estão liberados de suas propostas depois de 60 dias (art. 64, § 3o ). É só uma curiosidade, mas volta e meia cai em prova. Tenham cuidado...

GABARITO: CERTO

22 - (2010/CESPE/MS/ANALISTA) Para recebimento das propostas e lances e para análise de sua aceitabilidade e classificação, bem como para a habilitação e adjudicação do objeto do certame ao licitante vencedor do pregão, a autoridade competente indicará o pregoeiro e a equipe de apoio, que deverá ser composta por servidores ocupantes de cargo efetivo ou comissionado da administração pública.

Comentários:

Pois é. Esse assunto da comissão de apoio merece melhor exposição. Vejamos agora.

A equipe de apoio não se confunde com o pregoeiro. Ela não tem competência decisória, tampouco poderes para a condução das atividades

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relativas à sessão do pregão. Sua função é prestar o necessário apoio ao pregoeiro, esse, sim, o responsável pela condução do pregão.

Quanto à formação da equipe de apoio, o § 1º do art. 3º da Lei 10.520 diz que a mesma deverá ser integrada em sua maioria por servidores ocupantes de cargo efetivo ou emprego da administração, preferencialmente pertencentes ao quadro permanente do órgão ou entidade promotora do evento. Como o item não trata desse caráter PREFERENCIAL para quem integre os quadros permanentes para integrar a comissão de apoio, foi considerado ERRADO, até porque nem sempre quem fará parte da comissão de apoio será detentor de cargo, efetivo ou comissionado, como diz o item. Mistas e empresas públicas também fazem pregão. E nestas entidades têm empregados, celetistas, portanto, o que reforça o erro da assertiva.

GABARITO: ERRADO

23 - (2010/CESPE/DPU/Analista/Questão adaptada)Tanto o pregoeiro quanto a equipe de apoio devem ser ocupantes de cargo efetivo do próprio ministério.

Comentários:

Questão de fixação: não é necessário que a equipe de apoio seja composta por ocupantes de cargo efetivo. Muito menos o pregoeiro, pois as normas são absolutamente omissas quanto a este, que pode ser exclusivamente comissionado. Logo, ERRADO o item.

GABARITO: ERRADO

24 - (2010/CESPE/DPU/Analista/Questão adaptada) Considerando que determinada autarquia federal publicou edital de licitação na modalidade concorrência para contratar a realização de obra de engenharia, pode-se afirmar que o tipo de licitação para essa contratação deverá ser melhor técnica ou técnica e preço.

COMENTÁRIOS:

Na realidade, não há nenhum atrelamento dos tipos técnica ou técnica e preço a obras de engenharia. Contrário disso, a interpretação leva à conclusão que obras também usam o tipo menor preço. Daí, ERRADO o item;

GABARITO: ERRADO

25 - (2010/CESPE/Analista/Saúde)Considere a seguinte situação hipotética.

O Ministério Público Federal (MPF) publicou edital para a construção de um moderno prédio para sua nova sede em determinado estado. Entretanto, uma empresa interessada em participar do procedimento

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licitatório não possui engenheiro com a qualificação técnica necessária para a execução da obra em seu quadro de empregados. Então, o gerente da empresa procurou um engenheiro, o qual possui qualificação técnica, e propôs a celebração de um contrato de prestação de serviços pelo período da execução da obra do MPF. O referido engenheiro aceitou a proposta e celebrou o contrato com a empresa.

Nessa situação, o MPF deve aceitar o contrato de prestação de serviços celebrado entre a empresa e o engenheiro como documento hábil a comprovar a capacitação técnico-profissional da empresa.

COMENTÁRIOS:

Sabemos que para as licitações o procedimento é formal, ou seja, há todo um “rito” para a realização de um processo licitatório. Nesse sentido, há fases aplicáveis às licitações, de acordo com a Lei 8.666. A doutrina tem dito que essas fases descritas pela Lei dizem respeito à concorrência. As demais modalidades comuns têm algumas nuances, e, por isso, existem algumas pequenas diferenças dentre estas. O pregão, então, nem se fala: tem um moooonte de diferenças.

Verificamos, ainda, que a qualificação técnica (art. 30, 8.666) diz respeito ao conjunto de requisitos profissionais, p. ex., registro ou inscrição do interessado na entidade profissional competente. É aqui que “mora” o item. Notem que a questão diz, essencialmente, que o MPF deve aceitar o contrato de prestação de serviços celebrado entre a empresa e o engenheiro como documento hábil a comprovar a capacitação técnico-profissional da empresa. Tá certo e em conformidade com a jurisprudência do TCU, a qual volta e meia tem caído em prova. É o inciso I do § 1o do art. 30 da Lei 8.666 diz, quanto à capacitação técnico-profissional, deve haver:

comprovação do licitante de possuir em seu quadro permanente, na data prevista para entrega da proposta, profissional de nível superior ou outro devidamente reconhecido pela entidade competente, detentor de atestado de responsabilidade técnica por execução de obra ou serviço de características semelhantes, limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior relevância e valor significativo do objeto da licitação, vedadas as exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos;

Negritei os trechos acima para destacar que o TCU pensa que essa comprovação de “possuir em seu quadro permanente” pode ser feita mediante um contrato de prestação de serviços, tal como indica a questão, que está CERTA, portanto. Só para ilustrar, seguem abaixo dois acórdãos do TCU, de 2010, resumidos ao nosso estilo:

Acórdão n.º 1393/2010-Plenário: A exigência de vínculo empregatício entre licitantes e profissionais responsáveis técnicos pela prestação do serviço “exorbita das normas aplicáveis e prejudica o caráter competitivo do certame”.

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Acórdão n.º 1043/2010 – Plenário: desnecessário, para fim de comprovação da capacitação técnico-profissional, prevista no art. 30, §1º, I, da Lei n.º 8.666/93, que o profissional mantenha vínculo empregatício, por meio de contrato de trabalho, sendo suficiente prova da existência de contrato de prestação de serviço regido pela legislação civil comum

Deem atenção ao assunto, que fica assim resumido: quanto à capacitação técnico-profissional é suficiente prova da existência de contrato de prestação de serviço regido pela legislação civil comum, não sendo necessário que o profissional apontado como responsável seja empregado do licitante.

GABARITO: CERTO

26 - (2010/CESPE/Analista/Saúde)Um mesmo servidor ou autoridade não pode acumular as funções de julgar as propostas apresentadas e analisar os recursos interpostos contra esse ato, sob pena de violar o princípio da segregação das funções.

COMENTÁRIOS:

Essa questão foi de uma “provinha” excelente de 2010 – a do Ministério da Saúde.

Bom, primeiro: a gente já sabe que quem julga o processo licitatório é a comissão de licitação, em regra (com alguns detalhes que já vimos na questão anterior). O problema, neste item, então, é entender o que é a tal da segregação de funções, que é um princípio muito mais da Administração e da Contabilidade, e a competência para analisar recursos.

Segregar, em linhas gerais, quer dizer separar, dividir tarefas. Há vários critérios, jurídicos e administrativo-contábeis, para dividir (segregar) tarefas. Um deles é bastante útil neste item: quem executa não deve ser o mesmo que controla. É o que diz respeito ao julgamento (feito em regra por uma comissão) e análise de recursos. Quanto a estes últimos (recursos), cabem algumas palavras.

Primeiro de tudo, os recursos dizem respeito à “natureza do homem”, o qual, inconformado com uma situação, normalmente quer pedir uma “segunda opinião”. Não é assim que funciona quando um médico nos dá uma notícia dura sobre situação de saúde? Pois é. No Direito também fazemos jus a uma “segunda opinião”, que nos é dada por intermédio dos recursos.

No que diz respeito à Lei 8.666, o art. 109 é o mais importante quanto à apreciação dos recursos. No caso deste item, cabe falar do § 4º do art. 109, que diz:

§ 4o O recurso será dirigido à autoridade superior, por intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis,

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ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente informado, devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis, contado do recebimento do recurso, sob pena de responsabilidade.

Daí fica assim: se a comissão (ou servidor, no caso do convite) é incumbida do julgamento, quando alguém recorre deste, cabe, INICIALMENTE, à própria comissão analisar os argumentos apresentados. Se resolver não mudar nada (se não reconsiderar, que é o termo jurídico mais adequado, tecnicamente), deve encaminhar os argumentos, a uma autoridade superior, como diz o dispositivo que citamos. Desse modo, como diz este excelente item, Um mesmo servidor ou autoridade não pode acumular as funções de julgar as propostas apresentadas e analisar os recursos interpostos, sob pena de fazer ruir a necessária segregação de funções. CERTO, portanto, a assertiva.

GABARITO: CERTO

27- (2010/CESPE/TRE-BA/Técnico)Se, em licitação realizada por determinado tribunal, para a contratação de determinado bem de tecnologia da informação por meio de concorrência, a comissão de licitação, ao abrir o envelope das propostas em sessão pública, verificar que duas empresas cotaram o mesmo preço, e, nesse momento, o representante de uma dessas empresas manifestar-se no sentido de que pode dar outras vantagens não previstas no edital, o presidente da comissão de licitação agirá corretamente ao desconsiderar a vantagem oferecida após a abertura das propostas.

COMENTÁRIOS:

Excelente questão! Primeira coisa: se o julgamento é objetivo, devemos ter critérios objetivos de desempate. Na 8.666, esses critérios estão no art. 3º, § 2º, que já citamos anteriormente. Há, ainda, critérios diferenciados para microempresas e empresas de pequeno porte. Mas, imaginem: a licitação empatou. Um licitante oferece, então, um carro para a Administração, para ser prestigiado com o contrato. A Administração pode desempatar em função dessa vantagem não prevista no edital? Resposta em alto e bom som: NÃO!!!!É que o art. 44 da Lei 8.666 fala:

§ 2o Não se considerará qualquer oferta de vantagem não prevista no edital ou no convite, inclusive financiamentos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem baseada nas ofertas dos demais licitantes

Então, gente, o item está CERTO.

GABARITO: CERTO

28 - (2010/CESPE/Analista/Saúde)Em uma licitação na modalidade concorrência para a execução de obra por empreitada por preço global, a

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administração pode desclassificar o licitante que apresentar proposta considerada inexequível sem antes facultar a esse licitante a apresentação de justificativas para os valores ofertados.

COMENTÁRIOS:

Esse examinador, realmente, tem se superado...

Inicialmente, falemos um pouco sobre inexequibilidade de propostas.

Uma proposta é dita inexequível quando ele tem preços muito inferiores aos praticados rotineiramente no mercado. A Administração, claro, tem que tomar cuidados com essas propostas ditas inexequíveis, pois elas podem conter alguma coisa que, no fim, possa acabar vindo a prejudicar o Estado, uma vez que há possibilidades de o licitante que cota tal proposta não honrá-la, por ser muito baixa.

O art. 48 da LLC estabelece um critério matemático para cálculo de inexequibilidade de propostas, estabelecendo que serão desclassificadas:

II - propostas com valor global superior ao limite estabelecido ou com preços manifestamente inexeqüíveis, assim considerados aqueles que não venham a ter demonstrada sua viabilidade através de documentação que comprove que os custos dos insumos são coerentes com os de mercado e que os coeficientes de produtividade são compatíveis com a execução do objeto do contrato, condições estas necessariamente especificadas no ato convocatório da licitação.

§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo consideram-se manifestamente inexeqüíveis, no caso de licitações de menor preço para obras e serviços de engenharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores:

a) média aritmética dos valores das propostas superiores a 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado pela administração, ou

b) valor orçado pela administração.

§ 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo anterior cujo valor global da proposta for inferior a 80% (oitenta por cento) do menor valor a que se referem as alíneas "a" e "b", será exigida, para a assinatura do contrato, prestação de garantia adicional, dentre as modalidades previstas no § 1º do art. 56, igual a diferença entre o valor resultante do parágrafo anterior e o valor da correspondente proposta.

No meu livro teórico, elaborei um exemplo numérico de cálculo de inexequibilidade. Só que, sinceramente, dificilmente o CESPE cobrará tais cálculos em prova (mas a “louca” da FGV já cobrou, e, pior, em prova discursiva!).

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O que importa, para matar o item, é a seguinte indagação: esse critério de inexequibilidade é absoluto? Não seria possível “abrir espaço” para o licitante que apresentou a proposta inexequível contraargumentar, apresentando provas que a proposta é exequível? Pois é, o TCU vem entendendo que SIM, É POSSÍVEL O LICITANTE INTERESSADO DEMONSTRAR QUE SUA PROPOSTA É EXEQUÍVEL, A DESPEITO DE SEU BAIXO CUSTO.

Vejamos alguns entendimentos do Tribunal a respeito:

Acórdão 2093/2009 – Plenário:critério para aferição de inexeqüibilidade de preço definido no art. 48, inciso II, § 1º, alíneas "a" e "b", da Lei nº 8.666, de 1993, conduz a uma presunção relativa de inexeqüibilidade de preços, cabendo à administração exigir que o licitante comprove a efetiva capacidade de executar os serviços, no preço oferecido, assegurado o alcance do objetivo da licitação, que é a seleção da proposta mais vantajosa, e, por conseqüência, do interesse público, bem tutelado pelo procedimento licitatório.

Acórdão n.º 1426/2010-Plenário: a jurisprudência do TCU “é no sentido de que os limites calculados com base no art. 48, inc. II, § 1º da Lei 8.666/93 não devem ser considerados sob absoluta presunção. [...] a Administração deve efetuar os cálculos indicados no mencionado art. 48 da Lei 8.666/93, para se chegar a uma presunção relativa de inexequibilidade, sem ainda se falar em desclassificação de propostas. Depois de tais cálculos, e a partir da indicação de quais propostas são, presumidamente, ‘manifestamente inexequíveis’, a Administração deve abrir às respectivas empresas a possibilidade de comprovação da viabilidade de suas propostas, com a apresentação de ‘documentação que comprove que os custos dos insumos são coerentes com os de mercado e que os coeficientes de produtividade são compatíveis com a execução do objeto do contrato’, nos dizeres da Lei. A não apresentação dessa documentação adicional ou a incompatibilidade da proposta com os custos e coeficientes de produtividade levaria, por fim, a Administração a concluir pela inexequibilidade da proposta. [...] Portanto, a partir da seleção das licitantes cujas propostas encontrarem-se abaixo do limite obtido nos cálculos indicados no art. 48 da Lei 8.666/93, deve a Administração diligenciar para que se manifestem no sentido de comprovar a viabilidade dos preços por eles ofertados. No caso em tela, diante do pequeno número de participantes – apenas dois – o fato de somente um ter apresentado proposta abaixo do limite inicial de exequibilidade, reforçava a pertinência de a Comissão de Licitação ter diligenciado e aberto oportunidade de a empresa Progetto se manifestar sobre a viabilidade de sua proposta, ao invés de simplesmente proceder a sua imediata desclassificação. (Precedentes citados: Acórdãos n.os 697/2006, 141/2008, 294/2008 e 79/2010, todos do Plenário)

LINDO, não é? Pelo que destacamos acima, o item está CERTO, pois, antes da desclassificação de uma proposta por aparente inexequibilidade,

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deve a Administração fixar prazo para o licitante demonstrar que os valores praticados são, sim, praticáveis.

GABARITO: ERRADO

29 - (2010/CESPE/MS/ANALISTA) A revogação da licitação é ato administrativo, exigindo, portanto, a devida fundamentação e motivação (justo motivo para seu desfazimento), assim como o cumprimento das disposições legais.

COMENTÁRIOS:

Neste item, entramos no campo da possibilidade de desfazimento do processo licitatório.

A revogação ocorre baseada em juízo que apura a conveniência do ato relativamente ao interesse público. No exercício de competência discricionária, a Administração desfaz seu ato anterior para reputá-lo incompatível com o interesse público. Embora a definição aqui empregada seja a mesma da utilizada no desfazimento dos atos administrativos, a revogação da licitação conta com um detalhe diferenciador, OS FATOS QUE A ENSEJAM DEVEM SER SUPERVENIENTES, pertinentes e suficientes para justificar tal conduta.

Vamos à Lei, mais uma vez: A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.

O trecho destacado é para realçarmos que a revogação dos processos licitatórios é exceção. De fato, observem como há que se ter cuidado para a revogação de um processo licitatório: só por fato SUPERVENIENTE, COMPROVADO, PERTINENTE E SUFICIENTE para justificar a revogação. É por isso que muitos da doutrina entendem que a revogação dos processos licitatórios não é “livre”, mas condicionada ao cumprimento das circunstâncias exigidas pela Lei. Já o sublinhado é para registramos que a revogação deve ser devidamente explicada, ou seja, motivada, tal como diz o item, que, claro, está CERTO.

GABARITO: CERTO

30 - (2010/CESPE/MS/ANALISTA) O ato revogatório da licitação, quando antecedente à homologação e adjudicação, é perfeitamente pertinente e não enseja contraditório. Só é possível o contraditório antecedendo a revogação quando há direito adquirido das empresas concorrentes, o que só ocorre após a homologação e adjudicação do serviço licitado.

COMENTÁRIOS:

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Mais uma da ótima prova de analista do Ministério da Saúde...

Vejam o último parágrafo do item acima: o contraditório só deve se instaura, de acordo com os Tribunais, em especial STJ/STF, se já homologado o procedimento. O item, todavia, merece uma crítica: diz que só é POSSÍVEL o contraditório quando já tiver ocorrido a homologação/adjudicação do processo. Melhor seria se o item tivesse dito só é OBRIGATÓRIO o contraditório quando já ocorrida a homologação, na linha da jurisprudência do STJ, vista na parte teórica. Nesse tipo de item é que devemos usar, se for o caso, um recurso, caso tenhamos errado, por conta da dubiedade causada pelo uso de expressões ambíguas.

GABARITO: CERTO

31 -(2010/CESPE/MS/Técnico) Caso a administração pública pretenda vender bens móveis, tal alienação estará subordinada à existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de avaliação e de licitação e dependerá de autorização legislativa para órgãos da administração direta e entidades autárquicas e fundacionais.

COMENTÁRIOS:

Para a alienação de bens móveis, a autorização legislativa não se faz necessária. E, por conta disso, o item está ERRADO: diz que é necessária autorização legislativa para alienação de bens móveis. Móveis, NÃO. A AUTORIZAÇÃO LEGISLATIVA É NECESSÁRIA PARA BENS IMÓVEIS, na forma estabelecida no art. 17, inc. I, da 8.666.

GABARITO: ERRADO

32 - (2010/CESPE/ANEEL/Analista) - De acordo com a Lei de Licitações, é inexigível a licitação nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem.

COMENTÁRIOS:

Como prometido, novos casos de licitação DISPENSÁVEL nestas questões objetivas. O examinador disse que, nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem, a licitação seria inexigível. Não é, de acordo com a Lei. A licitação é DISPENSÁVEL. É só ver o que consta do art. 24 inc.

Art. 24. É dispensável a licitação:

III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;

Logo, ERRADO o item: guerra ou perturbação da ordem é hipótese de DISPENSA, não de inexigibilidade.

GABARITO: ERRADO.

33 - (2010/CESPE/Analista/Saúde)É inexigível a licitação para a contratação de serviços técnicos de natureza singular prestados por

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profissional cujo conceito no campo de sua especialidade permita inferir que o seu trabalho é essencial para a plena satisfação do objeto do contrato. Para isso, o profissional deve demonstrar, cumulativamente, os seguintes requisitos: desempenho satisfatório em trabalhos análogos, estudos na área do objeto a ser contratado, experiências em outros contratos, publicações acerca do tema, organização, aparelhamento adequado e equipe técnica capaz de desenvolver o serviço.

COMENTÁRIOS:

Questão de fixação e, aliás, muito boa. Os serviços de natureza singular prestados por profissionais, ou mesmo empresas, de notória especialização são aqueles executados profissional/empresa cujo conceito no campo de sua especialidade permita inferir que o seu trabalho é essencial para a plena satisfação do objeto do contrato. Os requisitos a serem comprovados para que se caracterize a notória especialização são os citados na súmula 252, que indicamos no item anterior. Relembremos:

Inviabilidade de competição para a contratação de serviços técnicos, a que alude o inciso II do art. 25 da Lei nº 8.666/93, decorre da presença simultânea de três requisitos: serviço técnico especializado, entre os mencionados no art. 13 da referida lei, natureza singular do serviço e notória especialização do contratado.

Só que, neste item, o examinador fala que o profissional, para comprovar a notória especialização, deve comprovar uma série de requisitos CUMULATIVAMENTE. A 8.666 não diz isso. Vamos ver, por curiosidade, o que diz a norma no art. 25:

§ 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

O item já seria dúbio só por ter dito que o PROFISSIONAL deve comprovar as informações contidas na descrição do assunto. Na realidade, cabe ao profissional ou empresa apresentar as informações. Quem deve comprová-las é a ADMINISTRAÇÃO, já que esta é quem deve aferir, como diz a Lei, que o trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato, como diz a parte final do dispositivo. Além disso, o item fala que essa comprovação de requisitos seria CUMULATIVA. A Lei em momento algum diz isso. Logo, ERRADO esse item, que não foi moleza...

GABARITO: ERRADO

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34 - (2010/CESPE/MS/ANALISTA) Quando houver dispensa de licitação para execução de obras e serviços por força de uma situação de emergência ou de calamidade pública, tal execução deve ser concluída em, no máximo, 180 dias consecutivos e ininterruptos, sob pena de descaracterizar a situação de licitação dispensável.

COMENTÁRIOS:

O item fala de licitação dispensável com base em emergência, que diz respeito a uma situação específica, claro. E tá tudo certinho, pois para execução de obras e serviços por força de uma situação de emergência ou de calamidade pública, tal execução deve ser concluída em, no máximo, 180 dias consecutivos e ininterruptos. Só tem um detalhe, que o examinador não falou: A CONTAGEM DO PRAZO PARA CONCLUSÃO DAS OBRAS E SERVIÇOS. É a partir da OCORRÊNCIA da emergência (e não da decretação). Deve ser assim, pois se não chovia em um ano, um Prefeito (por exemplo), decretaria emergência no final do outro ano, e, daí, conta 180 dias????!!!!! Claro que NÃO! O prazo tem que se contado da OCORRÊNCIA, como dito, e não da DECRETAÇÃO da emergência...

GABARITO: CERTO

35 - (2010/CESPE/MS/ANALISTA) É inexigível a licitação para aquisição de bens e contratação de serviços quando visar ao atendimento dos contingentes militares das forças singulares brasileiras empregadas em operações de paz no exterior.

COMENTÁRIOS:

Opa! Alguém se lembra desse caso dentre os (exemplificativos) que apontamos para a inexigibilidade? Pois é, esse caso é de DISPENSA e é um dos mais novos (foi inserido no art. 24, inc. XXIX, 8.666). É o que ser utilizado, por exemplo, nas contratações do Brasil em nossa missão de paz no Haiti, por exemplo. Sigamos para o próximo.

GABARITO: ERRADO

36 - (2010/CESPE/MS/Técnico) Caso a União tenha de intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento, a licitação será dispensável.

COMENTÁRIOS:

Este item é a literalidade do inc. VI do art. 24. Por ser útil, vamos transcrever:

Art. 24. É dispensável a licitação:

VI - quando a União tiver que intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento;

Esse inciso abrange os “famosos” estoques reguladores, ou seja, a União entra comprando milho, para evitar que esse fique com preço muito

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baixo. Ou comprando carne para depois vender noutras regiões, para evitar o desabastecimento. É disso que trata esse item. DETALHE: essa atuação, de intervir no domínio econômico, só é permitida à UNIÃO. Ou seja, esse inciso não é aplicável a estados e municípios. Curioso, não?

GABARITO: CERTO

37 - (2010/CESPE/TRE-BA/Técnico)É dispensável a licitação quando a União tiver de intervir no domínio econômico para regular preços ou normalizar o abastecimento.

COMENTÁRIOS:

Esse item é só para demonstrar aos amigos a importância de estar atualizado, fazendo provas: é igualzinho, sem tirar, nem por, o item anterior. E são provas de dois concursos diferentes, em regiões diferentes, mas feitas no mesmo ano!

Por isso que a gente diz que quem estuda, é estudante. Concurseiro faz é prova. Com elas (provas) é que a gente aprende de verdade!

GABARITO: CERTO

38 - (2010/CESPE/MS/ANALISTA) A publicação da dispensa de licitação na imprensa oficial, depois de devidamente justificada e ratificada dentro do prazo estabelecido, nos casos em que a lei exige a sua comunicação à autoridade superior, é condição de eficácia do ato.

COMENTÁRIOS:

Muito bom esse item, apesar de ser um tanto a literalidade da Lei. É só dar uma “lidinha” no art. 26. Mas é importante relembrar, a partir do Direito Administrativo, que a publicação é condição de EFICÁCIA dos atos, e não de sua validade. EFICÁCIA é produzir efeitos. A dispensa (e a inexigibilidade também!) tem como condição de eficácia, isto é, de produção de efeitos, com a publicação dos atos pertinentes.

GABARITO: CERTO

39 - (2010/CESPE/TRE-BA/Analista Jud.) A legislação de regência admite a dispensa de licitação na hipótese de contratação realizada por sociedade de economia mista, com suas subsidiárias ou controladas, para a aquisição de bens, com a exigência de que seja observada a compatibilidade do preço contratado com o praticado no mercado.

COMENTÁRIOS:

Outra questão de literalidade do art. 24, que os amigos já devem ter percebido como é de importante leitura...

Este item encontra amparo no inc. XXIII do art. 24. Dando um “exemplinho” para ficar mais tranquilo de entender: o Banco do Brasil vai

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contratar com a Cobra-tecnologia, que é uma subsidiária do Banco do Brasil, para transportar os derivados de petróleo produzidos por esta última. É hipótese de licitação dispensável, de acordo com a Lei.

Ah – e notem a parte final do item: diz que tem de ser observada a compatibilidade do preço contratado com o praticado no mercado. É claro: não é por que é subsidiária, que a empresa principal iria praticar preços que lhe causem prejuízo.

GABARITO: CERTO

40 - (2010/CESPE/PGFN/Procurador) Considere que o administrador de determinada autarquia tenha promovido a abertura de licitação, na modalidade convite, para a ampliação da sede regional desse ente e que não tenha havido interessados no primeiro certame e, por isso, a licitação tenha sido considerada deserta. Considere, ainda, que o administrador, então, tenha encaminhado o processo administrativo à Procuradoria Federal para análise acerca da possibilidade de se dispensar a licitação para a contratação da empresa de engenharia. Nessa situação, conforme entendimento firmado pela AGU, não pode ser dispensada a licitação.

COMENTÁRIOS:

Muito, mas muito mesmo, bom esse item. Esse é o entendimento da AGU: não se pode alegar licitação deserta, como fundamento da dispensa de licitação, quando tiver sido feita licitação na modalidade convite. Aliás, esse entendimento é pacífico com o do Tribunal, que pensa o mesmo.

Mas, o que é licitação deserta? Vejamos um conceito que consta de nosso livro, a respeito de licitações e contratos:

licitação deserta - quando não comparecem interessados e a licitação não puder ser repetida sem prejuízo para a administração (inc. V do art. 24 da LLC), oportunidade em que as condições do edital devem ser repetidas no contrato para que a licitação seja considerada deserta, vale dizer, mantidas as condições preestabelecidas.

Mas, de onde vem esse entendimento da AGU? Da orientação normativa de número 12/2009, do órgão de advocacia pública. Olha ela aí:

Não se dispensa licitação, com fundamento nos incs. V e vii do art. 24 da lei no 8.666, de 1993, caso a licitação fracassada ou deserta tenha sido realizada na modalidade convite.

Ressalte-se que o entendimento está em linha com o que pensa o Tribunal. A própria AGU expõe em seu site os fundamentos, apontando decisões do TCU (Súmula TCU 248; Decisões TCU 274/94-Plenário, 56/2000-Segunda Câmara; Acórdãos TCU 1089/2003-Plenário e 819/2005-Plenário). Então, se o examinador fizesse a mesma afirmativa do item e dissesse que esse é pensamento do Tribunal, isto também estaria correto, ok?

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GABARITO: CERTO

41 - (2010/CESPE/ANEEL/Analista) – É inexigível a licitação quando não acudirem interessados à licitação anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem prejuízo para a administração, podendo ser alteradas as condições preestabelecidas.

COMENTÁRIOS:

Questão para fixação: a licitação DESERTA é hipótese de dispensa e não de inexigibilidade. Qualquer coisa, releiam o item acima, ok?

GABARITO: ERRADO

42 - (2009/CESPE/IBAMA – Tema 1/2009) Julgue o item, a seguir, em conformidade com as normas previstas na Lei n.º 8.666/1993, que trata de licitações e contratos.

A contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente de pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional pode ser feita mediante inexigibilidade de licitação, desde que a instituição possua inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos.

COMENTÁRIOS:

O item estaria perfeito, não fosse por uma coisa: essa hipótese aí é de DISPENSA, não inexigibilidade (deem uma olhada no inc. XIII do art. 24). O restante, tá tudo certo.

Interessante é que esse dispositivo é um dos recorrentes em processos julgados pelo TCU. Ano passado, na prova dissertativa, caiu até algo relacionado. Mas, por ser recente, gravem a informação desse acórdão aqui:

Acórdão n.º 2567/2010-1ª Na contratação com base no art. 24, XIII, da Lei n.° 8.666/93, deve o objeto contratado guardar correlação direta com pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional.

Ou seja, para contratar, por dispensa de licitação, a fundação de apoio com base neste inciso, a instituição deve analisar a “pertinência temática” do objeto, que deve possuir correlação direta com a pesquisa, ensino ou desenvolvimento institucional.

GABARITO: ERRADO

43 - (2009/CESPE/Antaq – Cargo 12/2009) No que se refere a licitações públicas, julgue os itens subsequentes.

Verifica-se a dispensa de licitação sempre que houver impossibilidade jurídica de competição.

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COMENTÁRIOS:

Opa! Impossibilidade de competição é caso de INEXIGILIDADE, não de dispensa. ERRADO o item, portanto.

GABARITO: ERRADO

44 - (2010/CESPE/TRE-BA/Analista Jud.) Não é admitida a dispensa de licitação na concessão de serviço público, ainda que nas hipóteses de dispensa previstas na Lei de Licitações.

COMENTÁRIOS:

Para responder esse item, primeiro temos de recorrer à CF. Vejamos:

Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.

Notaram o item que a parte negritada diz que SEMPRE DEVE OCORRER LICITAÇÃO PARA CONCESSÕES E PERMISSÕES DE SERVIÇOS PÚBLICOS? Pois é, por isso que o item está CERTO. Como funciona a licitação para concessão e permissão? Aliás, o que é uma concessão/permissão de serviço público? São formas de delegação de serviço público, mas, por ora, o assunto não nos é pertinente. Por isso, deixamos de abordá-los.

Gabarito: CERTO.

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SIMULADO

Agora é contigo. Faça, abaixo, um simuladinho.

(2011/Cespe – PREVIC – Cargo 1-CE) Julgue os itens seguintes, que versam sobre modalidades de licitação, dispensa e inexigibilidade.

1 - É possível ao gestor público realizar concorrência para aquisição de um bem de valor inferior a R$ 50.000,00.

2 - É permitida a realização de duas tomadas de preço para um único serviço de valor total igual a R$ 1.500.000,00. (Certo/Errado)

3 - O gestor público, mesmo visando maior garantia de concorrência e lisura entre os possíveis interessados, não pode combinar as modalidades de licitação existentes para torná-las mais eficientes e eficazes.

4 - É considerada inexigível a licitação para a aquisição de um produto de marca consagrada e notoriamente preferida no âmbito da organização pública que realiza a licitação.

5 - A União, ao intervir no domínio econômico para normalizar o abastecimento ou regular preços, pode dispensar a licitação.

6 - Para participar da modalidade de licitação denominada convite, os participantes devem ser prévia e formalmente convidados pela administração pública.

7 - As cláusulas do contrato administrativo devem ser negociadas de comum acordo entre a administração e os interessados.

8 - O contrato celebrado pela administração pública possui natureza personalíssima.

9 - O gestor público pode, unilateralmente, diminuir o valor do contrato administrativo previamente estipulado.

10 - Para executar contrato de terceirização de serviços, a contratada deve estar em dia com suas obrigações trabalhistas e previdenciárias, sendo dever do gestor público observar se a contratada cumpre essa exigência, devendo, inclusive, cobrar, quando do processo licitatório, certidões específicas que comprovem a sua situação de adimplente.

11 - É permitido ao gestor público elaborar contrato administrativo sem a cláusula de reajustamento.

12 - Caso o contratado não consiga executar as atividades previstas em contrato, a administração pública poderá assumir a execução do contrato.

13 - O contrato administrativo deve ser executado até o fim sem alterações das condições remuneratórias, mesmo que elas se tornem desvantajosas para o contratado.

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14 - É permitida a interrupção da execução do contrato administrativo não pago, por parte do contratado, mesmo que por um período superior a três meses.

15 - O gestor público, ao estabelecer contrato administrativo com particular, é obrigado a exigir garantia do contrato, devendo fixar aquela que melhor convier à administração pública.

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COMENTÁRIOS DO SIMULADO

(2011/Cespe – PREVIC – Cargo 1-CE) Julgue os itens seguintes, que versamsobre modalidades de licitação, dispensa e inexigibilidade.

1 - É possível ao gestor público realizar concorrência para aquisição de um bem de valor inferior a R$ 50.000,00.

COMENTÁRIOS: visto na aula de licitações. Quando cabe o convite, caberá concorrência, lembra? Tá certo mesmo, pois, como diz o item,É POSSÍVEL a realização da concorrência em tal situação.

GABARITO: CERTO

2 - É permitida a realização de duas tomadas de preço para um único serviço de valor total igual a R$ 1.500.000,00. (Certo/Errado)

COMENTÁRIOS: pura maldade. Se fosse um serviço DE ENGENHARIA, seria possível duas tomadas, pois estaríamos no limite da tomada de preços para obras e para SERVIÇOS DE ENGENHARIA. Todavia, a tomada, no caso do item é para um SERVIÇO EM GERAL, situação que traz o limite de 650 mil para a modalidade em referência. Caso a Administração concluísse ser viável, tecnicamente, a divisão do objeto, em duas licitações, deveria fazer DUAS CONCORRÊNCIAS, pois o valor em questão ultrapassa os limites da tomada de preços. Item muito bom.

GABARITO: ERRADO

3O gestor público, mesmo visando maior garantia de concorrência e lisura entre os possíveis interessados, não pode combinar as modalidades de licitação existentes para torná-las mais eficientes e eficazes.

COMENTÁRIOS: falamos sobre isso na aula. É vedada a combinação das modalidades.

GABARITO: CERTO

4É considerada inexigível a licitação para a aquisição de um produto de marca consagrada e notoriamente preferida no âmbito da organização pública que realiza a licitação.

COMENTÁRIOS: não cabe indicação, de modo geral, de marcas em licitação, como vimos. Caberia a indicação da marca quando fosse tecnicamente necessário, nos termos do § 5º do art. 7o, e não por que a marca é “preferida” pela Administração.

GABARITO: ERRADO

5 - A União, ao intervir no domínio econômico para normalizar o abastecimento ou regular preços, pode dispensar a licitação.

COMENTÁRIOS: dispensa de licitação prevista no art. 24, inc. VI, 8.666. Fizemos até uma questão sobre o assunto na aula 6. Confiram por lá.

GABARITO: CERTO

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6 - Para participar da modalidade de licitação denominada convite, os participantes devem ser prévia e formalmente convidados pela administração pública.

COMENTÁRIOS: o erro é o “devem” da questão, pois no convite podem participar, além dos formalmente convidados, aqueles que, sendo cadastrados, não tendo sido convidados, manifestem interesse de participar.

GABARITO: ERRADO

7 - As cláusulas do contrato administrativo devem ser negociadas de comum acordo entre a administração e os interessados.

COMENTÁRIOS: não se fala de negociação de cláusulas nos contratos administrativos, pois estes são “de adesão” (art. 40, § 2º, inc. III). Falamos sobre isso na aula de contratos.

GABARITO: ERRADO

8 - O contrato celebrado pela administração pública possui natureza personalíssima.

COMENTÁRIOS: item questionável, pois os contratos têm natureza PESSOAL (intuitu personae). Personalíssimos, na visão de muitos doutrinadores, seriam somente os contratos relativos às situações de inexigibilidade baseadas na NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO.

GABARITO: CERTO

9 - O gestor público pode, unilateralmente, diminuir o valor do contrato administrativo previamente estipulado.

COMENTÁRIOS: item extremamente problemático... De fato, a Administração pode promover a alteração unilateral dos contratos administrativos, mas desde que não afete o equilíbrio econômico financeiro. O item fala que o valor do contrato pode ser alterado UNILATERALMENTE. Mas não diz que o equilíbrio real do contrato será mantido. Ou seja: o valor vai ser diminuído, juntamente com a quantidade, proporcionalmente? Desculpem, mas, sem querer achar “cabelo em ovo”, penso que este item é anulável.

GABARITO: CERTO

10 - Para executar contrato de terceirização de serviços, a contratada deve estar em dia com suas obrigações trabalhistas e previdenciárias, sendo dever do gestor público observar se a contratada cumpre essa exigência, devendo, inclusive, cobrar, quando do processo licitatório, certidões específicas que comprovem a sua situação de adimplente.

COMENTÁRIOS: tá CERTO, sem dúvida. É que depois de dois itens mal feitos, o sujeito fica meio ressabiado, não é? Mas este item encontra amparo no art. 29 da 8.666, de 1993, comentado, rapidamente, na aula de licitações.

GABARITO: CERTO

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11 - É permitido ao gestor público elaborar contrato administrativo sem a cláusula de reajustamento.

COMENTÁRIOS: apesar de ser uma cláusula necessária, o reajustamento é para contratos com prazos superiores a um ano, daí a correção do quesito.

GABARITO: CERTO

12 - Caso o contratado não consiga executar as atividades previstas em contrato, a administração pública poderá assumir a execução do contrato.

COMENTÁRIOS: confiram no inc. V do art. 58 da Lei 8.666, de 1993. Assunto mencionado quando tratamos das cláusulas exorbitantes.

GABARITO: CERTO

13 - O contrato administrativo deve ser executado até o fim sem alterações das condições remuneratórias, mesmo que elas se tornem desvantajosas para o contratado.

COMENTÁRIOS: obviamente, caso o contrato se torne desvantajoso, a Administração poderá RESCINDI-LO, utilizando como fundamento o art. 78, inc. I. ERRADO o item, então.

GABARITO: ERRADO

14 - É permitida a interrupção da execução do contrato administrativo não pago, por parte do contratado, mesmo que por um período superior a três meses.

COMENTÁRIOS: o “terrível” neste item é o uso do “mesmo”. Fala sério... Maldade. Na realidade, o inc. 78, inc. XV diz que é possível a suspensão da execução do contrato quando este deixar de ser pago pela Administração por período superiora 90 dias. Além disso, a redação é péssima... Alguns podem ter tido a impressão que os não pagamentos seriam por parte do contratado. Mas não é isso que, aparentemente, quis dizer o examinador. A inadimplência seria DA ADMINISTRAÇÃO. Ai, ai... Coisa mal feita é triste...

GABARITO: ANULADA

RAZÕES DA ANULAÇÃO:

A inoponibilidade da exceção do contrato não cumprido só prevaleceria para os contratos de serviços públicos. Nos demais, seria impossível tal a inoponibilidade. Hoje, a Lei n.º 8.666/93 – lei de licitações e contratos – prevê a paralisação da execução do contrato não pago por período acima de 90 dias. O item afirmou que esse período seria de 3 meses, fato que poderia confundir os candidato, uma vez que, dependendo dos meses que se considera, o período pode ser inferior a 90 dias. Por essa razão, opta-se pela anulação do item.

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15 - O gestor público, ao estabelecer contrato administrativo com particular, é obrigado a exigir garantia do contrato, devendo fixar aquela que melhor convier à administração pública.

COMENTÁRIOS: nem sempre a exigência de garantia precisa ser feita. Confiram no art. 55, inc. VI. Item ERRADO.

GABARITO: ERRADO