as vozes presentes nos textos -...

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AS VOZES PRESENTES NOS TEXTOS Profa. Eliza Nantes Doutoranda em Estudos da Linguagem-UEL Professora da Unopar-Universidade Norte do Paraná - [email protected] RESUMO: De acordo com os estudos bakhtinianos, no processo de enunciação, a linguagem procede de alguém e se dirige a alguém. Então, para que o enunciado tenha sentido é necessário que consideremos o sujeito que o enuncia, bem como a situação de interação na qual este discurso foi enunciado. Esse processo também ocorre quando lemos, pois não somos um sujeito passivo, mas sim leitores ativos, visto que adotamos uma atitude responsiva ativa, corroboramos, confrontamos saberes, grifamos fragmentos ou simplesmente fechamos o livro e não o lemos mais. E sendo a linguagem um produto da interação social, os textos nos quais ela se organiza dependem do uso, pois o sentido não está nele, mas se constrói nele, no momento da interação. Ocorre que nós só compreendemos a enunciação porque a colocamos no movimento dialógico, no processo interacional, pois na linguagem encontramos uma arena discursiva na qual confrontamos nossos dizeres e os dizeres do outro. Então, Bakthin (1979) chama nossa atenção para a presença da “polifonia”. Este termo deriva do grupo polyphonia – reunião de vozes ou instrumentos e aparece em diferentes áreas do conhecimento, tais como na Linguística, na Análise do Discurso e na Literatura. Diante do exposto o objetivo deste minicurso é desvendarmos as vozes presentes nos textos. Exemplificaremos com quadrinhos, propagandas, fotos, divulgação científica, culminando com a presença das vozes no gênero acadêmico.

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AS VOZES PRESENTES NOS TEXTOS

Profa. Eliza Nantes Doutoranda em Estudos da Linguagem-UEL

Professora da Unopar-Universidade Norte do Paraná - [email protected]

RESUMO: De acordo com os estudos bakhtinianos, no processo de enunciação, a linguagem procede de alguém e se dirige a alguém. Então, para que o enunciado tenha sentido é necessário que consideremos o sujeito que o enuncia, bem como a situação de interação na qual este discurso foi enunciado. Esse processo também ocorre quando lemos, pois não somos um sujeito passivo, mas sim leitores ativos, visto que adotamos uma atitude responsiva ativa, corroboramos, confrontamos saberes, grifamos fragmentos ou simplesmente fechamos o livro e não o lemos mais. E sendo a linguagem um produto da interação social, os textos nos quais ela se organiza dependem do uso, pois o sentido não está nele, mas se constrói nele, no momento da interação. Ocorre que nós só compreendemos a enunciação porque a colocamos no movimento dialógico, no processo interacional, pois na linguagem encontramos uma arena discursiva na qual confrontamos nossos dizeres e os dizeres do outro. Então, Bakthin (1979) chama nossa atenção para a presença da “polifonia”. Este termo deriva do grupo polyphonia – reunião de vozes ou instrumentos e aparece em diferentes áreas do conhecimento, tais como na Linguística, na Análise do Discurso e na Literatura. Diante do exposto o objetivo deste minicurso é desvendarmos as vozes presentes nos textos. Exemplificaremos com quadrinhos, propagandas, fotos, divulgação científica, culminando com a presença das vozes no gênero acadêmico.