mecanismos enunciativos (vozes)

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Maria Ilza Zirondi [email protected]

Retomando alguns conceitosOs gneros, sob a perspectiva bakhtiniana, so enunciados de natureza histrica, scio-interacional, ideolgica e lingustica. So considerados formas mais ou menos (relativamente) estveis de enunciados.

Todo Gnero se realiza em textos.

Gnero como ferramentaAuxilia o desenvolvimento das diferentes capacidades de linguagem que todos ns mobilizamos na produo e leitura de um texto. (Dolz e Schneuwly, 1996;1998)

Todo gnero deve ser analisado em relao: s diferentes situaes de comunicao (Quem produziu? Para quem? Com que objetivo? Onde foi produzido? Quando e do que trata?) organizao geral do texto (a forma de estruturao

geral do texto, tipos de discurso e sequncias) s formas como esse texto textualizado (mecanismos de

textualizao: escolhas lexicais, tempos verbais, coeso verbal e nominal; e, mecanismos enunciativos: vozes e modalizaes).

Voc j parou para pensar que ao se comunicar com

outra(s) pessoa(s), para atingir seus objetivos, propsitos comunicativos, voc se apropria de vozes que indexadas sua memria revelam-se como fontes para explicitar diversas avaliaes (julgamentos, opinies, sentimentos)?

Mecanismos enunciativos Contribuem para o estabelecimento da coerncia

pragmtica do texto, explicitando, de um lado, as diversas avaliaes (julgamentos, opinies, sentimentos) que podem ser formuladas a respeito de um ou outro aspecto do contedo temtico e, de outro, as prprias fontes dessas avaliaes.

Quem seria, ento, responsvel por concretizar na

linguagem esses mecanismos enunciativos?

Aparentemente o AUTOR, enquanto agente de uma ao de

linguagem, ele quem decide sobre o contedo temtico a ser semiotizado, quem escolhe um modelo de gnero adaptado sua situao de comunicao, quem seleciona e organiza os tipos de discurso, quem gerencia os diversos mecanismos de textualizao, etc. Ou seja, o autor seria aquele que estaria est na origem e aquele que responsvel pelo aspecto definitivo do texto.

(BRONCKART, 1999, p.230)

Resumindo ento, o autor seria o nico responsvel pelo texto?

Outras instncias enunciativas Tanto do ponto de vista comportamental quanto do

mental, o organismo humano que constitui o autor realmente quem est na origem do texto. J, quanto responsabilidade do texto, essa se refere

s dimenses mentais, pois qualquer pessoa pode dizer um texto mesmo no sendo seu autor.

Outras instncias enunciativas Ao empreender uma ao de linguagem, o autor mobiliza

seus conhecimentos disponveis no intertexto (modelos textuais em todos os seus nveis de organizao: lexical, morfossinttico, tipolgico, etc.), ou seja, conhecimentos precedentes de gneros de textos em uso, em seus aspectos estruturais e funcionais, provocando um confronto entre representaes pessoais e das representaes dos outros. Essas outras vozes podem ser outras instncias

discursivas perspassando o discurso organizado pelo autor?

Outras instncias enunciativas Por

sermos sujeitos constitudos social e historicamente, as outras instncias enunciativas aparecem organizando os mundos coletivosdiscursivos necessrios a todo e qualquer funcionamento de um sistema semitico.

Gerenciamento das instncias enunciativas Se refere colocao de vozes em cena, pois so elas

que assumem (ou a elas so imputadas) as formas mais concretas de realizao do posicionamento enunciativo.

vozes As vozes podem ser definidas como as entidades que

assumem (ou s quais so atribudas) a responsabilidade do que enunciado (BRONCKART, 1999, p. 326)

vozesA instncia de enunciao pode por em cena vrias vozes outras que podem ser reagrupadas em trs categorias gerais: Vozes dos personagens Vozes de instncias sociais Voz do autor emprico do texto

Vozes dos personagensSo as vozes procedentes de seres humanos, ou de entidades humanizadas na qualidade de agentes, nos acontecimentos ou nas aes constitutivas do contedo temtico de um segmento do texto. O primeiro passo abandonar a cidade e qualquer vnculo com a

existncia anterior. Mais do que isso: apagar todos os traos desse passado. Compenetrar-me de que sou Ralfo, concebido do nada, com uma realidade fsica e mental de vinte poucos anos de idade. (p. 13) Nenhuma idia precisa na cabea, mas a certeza de que algo tem de

acontecer. Porque sou Ralfo, o personagem, procura de seus acontecimentos. (p.13)

Maringela Gallucci, de O Estado de S. Paulo BRASLIA - Juzes federais marcaram paralisao nacional no dia

27 de abril, para forar a aprovao de reajuste de 14,79% para seus salrios. Paralelamente, a Associao dos Juzes Federais do Brasil (Ajufe) protocolou ao no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que reconhea suposta omisso do Congresso ao no aprovar o reajuste e determine a reviso. Segundo o presidente da Ajufe, Gabriel Wedy, h no STF defensores da tese que a prpria corte pode conceder o aumento diante de omisso do Congresso. Se a correo ocorrer nos moldes do que foi pedido ao Congresso, o salrio dos ministros do STF, que o teto do funcionalismo, passar dos atuais R$ 26.723 para R$ 30.675. Como a remunerao dos juzes toda escalonada com base no teto, um reajuste do salrio do STF representar imediato aumento para toda a categoria. (http://www.estadao.com.br/noticias/nacional Acessado s 14:15m.)

Vozes sociaisSo as vozes procedentes de personagens, grupos ou instituies sociais que no intervm como agentes no percurso temtico de um segmento de texto, mas que so mencionados como instncias de avaliao de algum aspecto desse contedo.

Percebo que estive parado durante todo esse tempo,

divagando, enquanto as pessoas esperam que eu faa alguma coisa. (p.33) A luta, a Histria de Eldorado, transforma-se em outra mentira nas mos de Ralfo. (p.42) Descubro, de repente, que Ralfo tem que arriscar-se em todos os momentos, como qualquer mortal. (p. 43) Torno-me de fato um deles, nesse momento: os guerrilheiros de Eldorado. Ralfo deixando de ser um mero personagem para tornar-se um homem.(p. 43) Ralfo, como intrprete de si mesmo, necessita de uma morte espetacular, digna de aparecer nos livros de Histria. (p.51)

EDUARDO BRESCIANI - Agncia Estado A Cmara dos Deputados decidiu encaminhar o nome da fundadora da Pastoral da Criana, Zilda Arns, como candidata ao prmio Nobel da Paz. A indicao

tem a assinatura de todos os lderes e foi comunicada ao secretrio-geral da Confederao Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Dimas Lara. A Cmara encaminhar oficialmente o nome da mdica ao comit Nobel da Noruega. Zilda Arns faleceu em 2010 no terremoto do Haiti, onde estava para realizar palestras e prestar ajuda humanitria. A Pastoral criada por ela j atendeu mais de dois milhes de crianas. Ela j foi indicada outras vezes ao Nobel, mas ainda no foi premiada. O presidente da Cmara, Marco Maia (PT-RS), pede que a CNBB, a sociedade civil e at o Vaticano se envolvam no lobby a favor da brasileira. "Nossa inteno que a doutora Zilda Arns receba o prmio por sua dedicao paz e s pessoas. Seria um prmio para o povo brasileiro." Maia lembrou que a Cmara desejava fazer a indicao j em 2010, mas perdeu o prazo de inscrio. http://www.estadao.com.br/noticias/nacional,camara-indica-zilda-arns-parao-nobel-da-paz,698837,0.htm. Acessado em 29/03/2011 s 14:21h)

Voz do autor a voz que procede diretamente da pessoa que est na origem da produo textual e que intervem, como tal, para comentar ou avaliar alguns aspectos do que enunciado.(...) este livro demonstra, como os senhores devem ter percebido em sua leitura, o mais completo desprezo pelas regras estruturais do romance, a sutil combinao das partes entre si. Eis que, sem a menor cerimnia e verossimilhana, os captulos do livro e as aventuras deste senhor vo se acumulando, quase sempre como uma impossvel e inadequada relao de causa e efeito. No fosse o receio de criar mais uma infame terminologia, diramos que o autor inaugura o romance desestrutural.(p.234)

Como conheo bem o meu ambiente de trabalho e o sentimento que rege as pessoas que lem meus artigos, no fiquei nem um pouco surpreendido com algumas reaes contrrias ao contedo do ltimo texto. Dirigentes e torcedores de futebol tm uma dificuldade absurda de diferenciar as crticas construtivas, das depreciativas. A minha inteno foi apenas deixar o sinal de alerta ligado. No por que o Bahia subiu que as coisas esto a mil maravilhas. A empolgao no meu caso, jornalista, no pode, nunca, suplantar a razo. Infelizmente, mas ai da natureza humana, quem tenta ser realista em um momento de conquista, tachado de maluco, tumultuador, moleque, ou jocosamente, de estagirio... (Eder Ferrari, Criticas Construtivashttp://www.bahianoticias.com.br/esportes/coluna_eder/2010/11/28/54,criticasconstrutivas.html acessado em 29/03/2011 s 14:28hrs)