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1 AS INOVAÇÕES PARA AS LICITAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI Nº 15.608/07 – O SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS: EXIGÊNCIAS E VANTAGENS Isabel Cristina Puppin [email protected] José Santo Dal Bem Pires [email protected] RESUMO O presente trabalho tem por objetivo mostrar de forma sintética as formas de que dispõe a Administração Pública para contratar bens e serviços, enfocando a licitação, suas modalidades, tipos e fases, e dando ênfase ao procedimento auxiliar da licitação denominado de Sistema de Registro de Preços. Este procedimento, destinado à aquisição de bens e serviços comuns, possui como importantes características a celeridade e a economicidade. O trabalho aborda ainda as exigências, vantagens e inovações decorrentes da Lei nº. 15.608, de 16/08/2007, que estabelece normas sobre licitações e contratos administrativos para o Estado do Paraná. A pesquisa utiliza-se das técnicas de revisão bibliográfica e pesquisa documental. Os dados foram coletados em processos licitatórios para registro de preços realizados no Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) no período de 2004 a 2007. È uma pesquisa descritiva com tratamento dos dados de forma qualitativa. Os resultados indicaram que o Sistema de Registro de Preço tem vantagens sobre as licitações para a aquisição de bens e serviços comuns, com rapidez nas aquisições, proporcionada pela redução das quantidades de licitações contínuas para a aquisição de um mesmo objeto ou de objetos semelhantes. 1 INTRODUÇÃO Licitação é o procedimento administrativo formal em que a Administração Pública convoca interessados, mediante condições preestabelecidas, para a apresentação de propostas para o fornecimento de bens e serviços. O procedimento licitatório, no Brasil, é instituído pela Lei Federal 8.666, de 21 de junho de 1993. O Estado do Paraná tem regulamento próprio para as licitações, instituído pela Lei Estadual 15.608 de 16 de agosto de 2007, que normatiza as formas para contratação de bens e serviços. A Lei Estadual 15.608/07 trouxe uma relevante inovação para as licitações, que é a inversão das fases para todas as modalidades de licitação, como já era realizada na modalidade de pregão. Primeiramente abrem-se os envelopes contendo as propostas, e após o julgamento e classificação das propostas passa-se para a fase de habilitação. Na fase de habilitação é verificada apenas a habilitação dos três mais bem-classificados, não sendo necessária, como na Lei 8.666/93, a habilitação prévia de todos os participantes da licitação. O Sistema de Registro de Preços constitui-se em uma importante ferramenta que pode ser adotada pela Administração Pública na aquisição de bens e serviços comuns. Deve ser processado através de uma licitação específica destinada a selecionar fornecedores e propostas para futuras contratações. A proposta selecionada fica à disposição da administração, que, quando desejar fazer a aquisição, utilizará os preços registrados tantas vezes quantas precisar. Buscou-se no presente trabalho demonstrar as formas de que dispõe a Administração Pública para contratar bens e serviços, enfocando a licitação, suas modalidades, tipos e fases, dando ênfase ao Sistema de Registro de Preços – SRP, que desponta como um importante

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AS INOVAÇÕES PARA AS LICITAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI N º 15.608/07 – O SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS: EXIGÊNCIAS E VANTAGENS

Isabel Cristina Puppin

[email protected] José Santo Dal Bem Pires

[email protected]

RESUMO O presente trabalho tem por objetivo mostrar de forma sintética as formas de que dispõe a Administração Pública para contratar bens e serviços, enfocando a licitação, suas modalidades, tipos e fases, e dando ênfase ao procedimento auxiliar da licitação denominado de Sistema de Registro de Preços. Este procedimento, destinado à aquisição de bens e serviços comuns, possui como importantes características a celeridade e a economicidade. O trabalho aborda ainda as exigências, vantagens e inovações decorrentes da Lei nº. 15.608, de 16/08/2007, que estabelece normas sobre licitações e contratos administrativos para o Estado do Paraná. A pesquisa utiliza-se das técnicas de revisão bibliográfica e pesquisa documental. Os dados foram coletados em processos licitatórios para registro de preços realizados no Hospital Universitário Regional de Maringá (HUM) no período de 2004 a 2007. È uma pesquisa descritiva com tratamento dos dados de forma qualitativa. Os resultados indicaram que o Sistema de Registro de Preço tem vantagens sobre as licitações para a aquisição de bens e serviços comuns, com rapidez nas aquisições, proporcionada pela redução das quantidades de licitações contínuas para a aquisição de um mesmo objeto ou de objetos semelhantes.

1 INTRODUÇÃO

Licitação é o procedimento administrativo formal em que a Administração Pública convoca interessados, mediante condições preestabelecidas, para a apresentação de propostas para o fornecimento de bens e serviços. O procedimento licitatório, no Brasil, é instituído pela Lei Federal 8.666, de 21 de junho de 1993. O Estado do Paraná tem regulamento próprio para as licitações, instituído pela Lei Estadual 15.608 de 16 de agosto de 2007, que normatiza as formas para contratação de bens e serviços.

A Lei Estadual 15.608/07 trouxe uma relevante inovação para as licitações, que é a inversão das fases para todas as modalidades de licitação, como já era realizada na modalidade de pregão. Primeiramente abrem-se os envelopes contendo as propostas, e após o julgamento e classificação das propostas passa-se para a fase de habilitação. Na fase de habilitação é verificada apenas a habilitação dos três mais bem-classificados, não sendo necessária, como na Lei 8.666/93, a habilitação prévia de todos os participantes da licitação.

O Sistema de Registro de Preços constitui-se em uma importante ferramenta que pode ser adotada pela Administração Pública na aquisição de bens e serviços comuns. Deve ser processado através de uma licitação específica destinada a selecionar fornecedores e propostas para futuras contratações. A proposta selecionada fica à disposição da administração, que, quando desejar fazer a aquisição, utilizará os preços registrados tantas vezes quantas precisar.

Buscou-se no presente trabalho demonstrar as formas de que dispõe a Administração Pública para contratar bens e serviços, enfocando a licitação, suas modalidades, tipos e fases, dando ênfase ao Sistema de Registro de Preços – SRP, que desponta como um importante

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instrumento auxiliar nas as aquisições e pode contribuir para uma maior eficiência na aplicação do dinheiro público.

O texto está estruturado em cinco seções, sendo a primeira a introdução. Na segunda, estão as considerações sobre a Administração Pública, incluindo a organização do Estado Brasileiro e os princípios que norteiam a Administração Pública. A terceira seção aponta considerações sobre licitações com suas modalidades, tipos e fases. A quarta parte apresenta o Sistema de Registro de Preços e sua base legal. A quinta seção refere-se aos procedimentos licitatórios realizados no HUM. Ao final são apresentadas as conclusões do trabalho. 2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Para compreender a Administração Pública é preciso reportar-se ao conceito de Estado, onde repousa toda a concepção de organização e funcionamento dos serviços públicos. Segundo o Código Civil Brasileiro, art. 41, inciso I, o Estado é Pessoa Jurídica de Direito Público Interno. Para Bastos, (1984, p. 8) “Estado é a organização juridicamente soberana de um povo em um dado território”.

O Estado se constitui de três elementos: o povo, o território e o governo. O povo somos todos nós, os elementos humanos, as pessoas que compõem o Estado, os cidadãos. O território corresponde ao espaço físico que constituem os entes federativos. O governo equivale ao poder absoluto.

2.1 CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Para organizar toda essa relação vem a Administração Pública, por meio de uma

estrutura que envolve entidades, órgãos e agentes, para a realização das funções públicas. Assim, tem-se o posicionamento de Meirelles (1999, p. 59):

Em sentido formal, a Administração Pública é o conjunto de órgãos instituídos para consecução dos objetivos do Governo; em sentido material, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em geral; em acepção operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e técnico, dos serviços do próprio do Estado ou por ele assumidos em benefício da coletividade. Numa visão global, a Administração Pública é, pois, todo o aparelhamento do Estado preordenado à realização de seus serviços, visando à satisfação das necessidades coletivas.

Ainda segundo Meirelles (1999), a palavra administração traz um conceito oposto ao

de propriedade, isto é, indica a atividade daquele que gere interesses alheios; no entanto o que se deseja assinalar é que os termos administração e administrador comportam sempre a idéia de zelo e conservação de bens e interesses, ao passo que as expressões propriedade e proprietário trazem a idéia de disponibilidade e alienação. 2.2 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO A organização do Estado está contemplada no artigo 1º da Constituição Federal, que diz: “A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de direito...”. O artigo

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18 da CF dispõe que “a organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição”. Assim a vontade do Estado está manifestada por três poderes – o Executivo, o Legislativo e o Judiciário - que são independentes e harmônicos. A independência tem embasamento em suas funções. A função do Executivo é administrativa, ou seja, a aplicação das leis; a do Legislativo é a elaboração de leis (também chamada de função normativa); e o Judiciário tem a função de resolver os conflitos de interesses.

Não se devem confundir os poderes do Estado com os poderes administrativos, que são poderes instrumentais da Administração Pública, ou seja, poderes para desempenhar as atividades direcionadas à promoção do bem comum.

2.3 PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO

Para abordar os princípios jurídicos faz-se necessária a exata compreensão do termo princípio. Para Reale (2005, p. 303), os princípios são “enunciados lógicos admitidos como condição ou base de validade das demais asserções que compõem dado campo do saber”; são os responsáveis pela orientação da ciência, sua construção e evolução.

A Constituição Federal estabelece em seu art. 37 as regras que devem ser observadas e seguidas permanentemente por todos aqueles que ocupam cargos públicos. Por essas regras deverão pautar-se todos os atos administrativos.

No quadro abaixo constam os princípios que regem as licitações, de acordo com o artigo 3º da Lei 8.666/93 e o artigo 5º da Lei 15.608/97. O objetivo deste quadro é demonstrar como cada legislador tratou os princípios que regem as licitações.

Lei Federal nº 8.666 de 21/06/1993 Princípios Lei Estadual nº 15.608 de 16/08/2007 Isonomia Universal Isonomia

Sustentabilidade Ambiental Legalidade Impessoalidade Publicidade Moralidade Igualdade Probidade Administrativa

Da Administração

Pública

Legalidade Impessoalidade Publicidade Moralidade Finalidade Eficiência Celeridade Economicidade Razoabilidade Proporcionalidade Devido processo legal Motivação dos atos

Vinculação ao instrumento convocatório Julgamento objetivo. Licitação

Vinculação ao instrumento convocatório Justo preço Competitividade

Quadro 1 – Princípios que regem as licitações. Fonte: A Autora.

Na Lei Estadual 15.608/07 observa-se que o legislador foi muito mais detalhista, não deixando de mencionar nenhum dos princípios que devem nortear as licitações. 2.3.1 Princípio da isonomia

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A Constituição Federal, em seu artigo 5º - caput - assegura que “todos são iguais

perante a Lei sem distinção de qualquer natureza”. O artigo 3º da Lei 8.666/93 estabelece que “a licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração”.

Para Di Pietro (2003, p 303), este princípio “constitui um dos alicerces da licitação, na medida em que esta visa não apenas permitir à Administração a escolha da melhor proposta, como também assegurar igualdade de direitos a todos os interessados em contratar”.

O princípio da isonomia significa dar tratamento igual a todos, e é condição essencial em todas as fases da licitação.

2.3.2 Princípio da sustentabilidade ambiental

O Governo do Estado do Paraná, preocupado com a sustentabilidade ambiental, editou o Decreto Estadual n.º 6252, de 22/03/2006, que dispõe sobre a integração de considerações ambientais nas licitações e nos contratos públicos do Estado do Paraná e vincula as contratações de todos os órgãos do poder público paranaense à aplicação deste decreto em suas contratações.

O artigo 1º.da Lei nº 6252/06 estabelece:

Nas licitações e contratos realizados pela Administração Pública direta e indireta estadual deverão ser considerados, como critério de seleção dos licitantes e contratantes interessados, produtos e serviços ambiental e socialmente sustentáveis, quando comparados aos outros produtos e serviços que servem à mesma finalidade.

O princípio da sustentabilidade ambiental, expresso na Lei n.º 15.608/07, tem como base a premissa de que o governo deverá adquirir produtos feitos munidos de mecanismos que minimizem impactos ambientais e preservem a natureza. O objetivo deste princípio é dar preferência às compras de alimentos orgânicos, de madeira certificada, de papel e plástico reciclados, de lâmpadas de alto rendimento ou de equipamentos não poluentes.

2.3.3 Princípio da legalidade

Nos procedimentos de licitação, esse princípio vincula os licitantes e a Administração Pública às regras estabelecidas nas normas e princípios em vigor. Di Pietro (2003) assegura que o princípio de legalidade é de suma relevância, em matéria de licitação, pois constitui um procedimento inteiramente vinculado à Lei e todas as suas fases estão rigorosamente disciplinadas pela Lei.

Ainda pelo princípio da legalidade, entende-se que Administração Pública é uma atividade que se desenvolve na forma e nos limites da Lei, buscando atingir as finalidades assinaladas por ela. Para que um ato do agente público tenha validade é necessária a previsão legal, ou seja, o administrador público deve respeitar a Lei.

Para Meirelles (1999, p. 82),

Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é licito fazer tudo que a Lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a Lei autoriza. A Lei para o particular significa pode fazer assim, para o administrador público significa deve fazer assim.

O princípio da legalidade constitui-se como o fundamento, o alicerce de todo ato

administrativo.

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2.3.4 Princípio da impessoalidade

Para Di Pietro (2003, p. 71), o princípio da impessoalidade “significa que a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o seu comportamento”.

Continuando, Di Pietro (2003, p. 306) afirma:

Na licitação o princípio da impessoalidade está intimamente ligado aos princípios da isonomia e do julgamento objetivo: todos os licitantes devem ser tratados igualmente, em termos de critérios objetivos, sem levar em consideração as condições pessoais do licitante ou as vantagens por ele oferecidas, salvo as expressamente prevista na lei ou no instrumento convocatório.

Esse princípio obriga a administração a observar, nas suas decisões, critérios objetivos

previamente estabelecidos, afastando a discricionariedade e o subjetivismo na condução dos procedimentos da licitação. 2.3.5 Princípio da publicidade

A publicidade é basicamente um princípio administrativo, porque se entende que a Administração Pública deve agir com a maior transparência possível, a fim de que os cidadãos tenham conhecimento do que os agentes públicos estão fazendo. Meirelles, (1999, p. 93) ensina que: a "publicidade, como princípio da Administração Pública, abrange toda a atuação estatal, não só sob o aspecto da divulgação oficial de seus atos, como também de propiciação de conhecimento da conduta interna de seus agentes”.

É por isso que se estabelece como imposição jurídica para os agentes públicos, o dever de publicidade para todos os seus atos. A publicação é pressuposto de validade do ato administrativo. A falta de publicação constitui ilegalidade, tornando o ato nulo. 2.3.6 Princípio da moralidade

Para Mello (1988, p. 337), “O princípio da moralidade no procedimento licitatório terá de se desenrolar na conformidade de padrões éticos prezáveis, o que impõe, para Administração e licitantes, um comportamento escorreito, liso, honesto, de parte a parte”.

Di Pietro (2003) ensina que o princípio da moralidade exige da administração um comportamento lícito, de acordo com a moral, os bons costumes, as regras de boa administração dentro dos princípios da justiça, da equidade e da honestidade. 2.3.7 Princípio da finalidade

Segundo o princípio da finalidade, a norma administrativa deve ser interpretada e aplicada da forma que melhor garanta a realização do fim público a que se dirige. Meirelles (1999, p. 90) ensina que: “a finalidade terá sempre um objetivo certo e inafastável de qualquer ato administrativo: o interesse público. Todo ato que se apartar desse objetivo sujeitar-se-á a invalidação por desvio de finalidade”.

Ainda segundo Meirelles (1999), o princípio da finalidade exige que o ato seja praticado sempre com finalidade pública, não podendo o administrador buscar outro objetivo ou visar a interesse próprio ou de terceiros.

Deve-se ressaltar que o que explica, justifica e dá sentido a uma lei é a finalidade a que se destina.

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2.3.8 Principio da eficiência

Meirelles (1999, p. 95) trata a eficiência como um dever do agente público e assegura que “O princípio da eficiência exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. [...] exigindo resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros”.

Para Di Pietro (2003, p. 83),

O princípio da eficiência apresenta dois aspectos: o primeiro em relação ao modo de atuação do agente público, do qual se espera o melhor desempenho possível de suas atribuições, na busca de melhores resultados; e o segundo em relação ao modo de organizar, estruturar, disciplinar a Administração Pública, também com o mesmo objetivo de alcançar os melhores resultados.

O princípio da eficiência na Administração Pública visa aperfeiçoar as atividades ou

serviços prestados, buscando otimizar os resultados e atender ao interesse público com os melhores índices de adequação, eficácia e satisfação.

2.3.9 Principio da celeridade

O princípio da celeridade ou da brevidade processual foi consagrado pela Emenda

Constitucional n.º 45/04, alterando o art 5º, onde estão assegurados os direitos e garantias fundamentais. O inciso LXXVIII menciona que “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração de processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”.

Para os procedimentos de licitação, o conceito de celeridade está implícito no conceito de agilidade, em que se busca maior rapidez nas aquisições realizadas pela Administração Pública. 2.3.10 Princípio da economicidade

O termo economicidade está relacionado com as ciências econômicas e de gestão, e expressa a idéia de desempenho qualitativo. Significa, ainda, que os recursos públicos deverão ser administrados por regras éticas, com integral respeito à probidade.

Para Justen Filho (2005, p. 54),

Economicidade significa, ainda mais, o dever de eficiência. Não bastam honestidade e boas intenções para validação de atos administrativos. A economicidade impõe adoção de solução mais conveniente e eficiente sob o ponto de vista da gestão dos recursos públicos. Toda atividade administrativa envolve uma relação sujeitável a enfoque de custo-benefício.

Trata-se de realização dos atos administrativos com observância da relação custo-

benefício, de modo que os recursos públicos sejam utilizados da forma mais vantajosa e eficiente para o poder público.

2.3.11 Principio da razoabilidade e da proporcionalidade Este princípio também é conhecido com o princípio da proibição de excesso. Para Meirelles, (1999, p. 91), este princípio “objetiva aferir a compatibilidade entre os meios e os fins, de modo a evitar restrições desnecessárias ou abusivas por parte da Administração Pública, com lesão aos direitos fundamentais”.

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Justen Filho (2005, p. 59) ensina que “a proporcionalidade reflete a necessidade de prestigiar todos os princípio e regras albergados pelo direito”.

Agir com razoabilidade e proporcionalidade significa que a Administração Pública deve ter sempre em vista o atendimento ao interesse público.

2.3.12 Principio do devido processo legal

Para a realização de uma licitação é necessária a abertura de processo administrativo próprio destinado a este fim. É através de um processo que toda a licitação se desenvolve, conforme determina o artigo 40 da Lei 15.608/07: “A licitação iniciar-se-á com a abertura de processo administrativo devidamente autuado, protocolado e numerado....”. Portanto, para a realização de uma licitação, o primeiro passo, cumprindo a determinação legal, é a abertura de um processo administrativo, porque sem ele nenhum ato será válido. 2.3.13 Principio da motivação dos atos

O administrador público, ao expedir seus atos, tem responsabilidade sobre eles. Tendo em vista tal responsabilização, a motivação do ato surge como essencial, pois permite a identificação da existência dos motivos, sua destinação e a finalidade com a qual o ato foi praticado.

Como afirma Di Pietro (2003, p. 82), O princípio da motivação exige que a Administração Pública indique os fundamentos de fato e de direito de suas decisões. [...] A sua obrigatoriedade se justifica em qualquer tipo de ato, porque se trata de formalidade necessária para permitir o controle da legalidade dos atos administrativos.

Di Pietro (2003) ensina ainda que a motivação não exige formas específicas, podendo

ser ou não concomitante com o ato e ser feita por órgão diverso daquele que proferiu a decisão. Freqüentemente, a motivação consta de pareceres, informações, laudos e relatórios feitos por outros órgãos e apenas indicados como fundamento da decisão.

O requisito formal do ato administrativo é a motivação, que deve ser feita pela autoridade administrativa ou por quem tenha competência para tal, como uma exposição dos motivos e a justificativa do porquê daquele ato.

2.3.14 Princípio da vinculação ao instrumento convocatório De acordo com o artigo 68 da Lei Estadual 15.608/07, “a Administração e os licitantes não podem descumprir as normas e as condições do edital ao qual se acham estritamente vinculados”.

O princípio da vinculação ao instrumento convocatório é essencial para que todos os licitantes sejam tratados nas mesmas condições, e sua inobservância leva à nulidade do procedimento. 2.3.15 Princípio da competitividade e do justo preço

O princípio da competitividade é a essência da licitação, pois somente se pode

promover um certame licitatório se houver competição. Se há competição a licitação é obrigatória. Portanto, a competição é a razão determinante do procedimento da licitação.

Gasparine (1995, p. 293) ensina que:

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O Estatuto Federal sobre licitação e contratos administrativos estabelece que é vedado aos agentes públicos admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o caráter competitivo da licitação ou que estabeleçam preferências ou distinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos proponentes ou de qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante ao objeto do contrato. Aí está consubstanciado o princípio da competitividade. Nada, por esse princípio, deve comprometer, restringir ou frustrar a disputa entre os interessados em contratar com a entidade, em tese, obrigada a licitar, sob pena de inexistir licitação.

Quanto mais licitantes participarem do evento licitatório, mais fácil será para a Administração Pública encontrar o melhor contratado. Sendo assim, deve-se evitar qualquer exigência irrelevante e destituída de interesse público, que restrinja a competição.

O princípio do justo preço serve de parâmetro para que a Administração Pública adquira ou contrate o que deseja, da melhor maneira e com o menor ônus possível. Barros (2005, p. 18, apud Ata 26 TCU, p. 162) explica que “a busca da maior vantagem terá sempre como limite a manutenção de uma justa relação entre o objeto produzido e a remuneração daí decorrente.”

O princípio do justo preço significa que a Administração Pública deve remunerar aquilo que deseja comprar ou contratar com preços que sejam praticados no mercado, excluindo de seus procedimentos licitatórios os preços inexeqüíveis e os excessivos.

2.3.16 Princípio do julgamento objetivo

Esse princípio significa que o administrador deve observar critérios objetivos definidos no ato convocatório para o julgamento das propostas, não se permitindo ao julgador utilizar-se de fatores subjetivos ou de critérios não previstos no ato convocatório, mesmo que em benefício da própria Administração.

Mello (1988, p. 338) comenta que “O princípio do julgamento objetivo almeja como é evidente, impedir que a licitação seja decidida sob o influxo do subjetivismo, de sentimentos, impressões ou propósitos pessoais dos membros da comissão julgadora”.

O julgador de uma licitação deve estar atento ao objeto da licitação e julgar com objetividade, observando os critérios estabelecidos no edital.

3 CONSIDERAÇÕES SOBRE LICITAÇÃO

Licitação é o procedimento administrativo formal em que a Administração Pública, mediante condições preestabelecidas, convoca os interessados para apresentação de propostas para o oferecimento de bens e serviços. Mello (1988, p. 333) conceitua licitação da seguinte maneira:

É o procedimento administrativo pelo qual uma pessoa governamental, pretendendo alienar, adquirir ou locar bens, realizar obras ou serviços, outorgar concessões, permissões de obra, serviço ou de uso exclusivo de bem público, segundo condições por ela estipuladas previamente, convoca interessados na apresentação de proposta, a fim de selecionar a que se revele mais conveniente em função de parâmetros antecipadamente estabelecidos e divulgados.

Meirelles (1999, p. 25) conceitua licitação como

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o procedimento administrativo mediante o qual a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para o contrato de seu interesse. Visa propiciar iguais oportunidades aos que desejam contratar com o Poder Público, dentro dos padrões previamente estabelecidos pela Administração, e atua como fator de eficiência e moralidade nos negócios administrativos.

Para Justen Filho (2005), a licitação é o procedimento administrativo mediante o qual

a Administração Pública seleciona a proposta mais vantajosa para a contratação. Esta vantagem caracteriza-se como a adequação e satisfação do interesse coletivo por via da execução do contrato. A maior vantagem corresponde à situação de menor custo e maior benefício para a Administração.

O procedimento licitatório visa propiciar iguais oportunidades aos que desejem contratar com a Administração Pública. A licitação é uma sucessão de atos que se iniciam com a divulgação do edital e terminam com a adjudicação de seu objeto ao vencedor.

O edital é o documento através do qual a instituição compradora estabelece todas as condições da licitação que será realizada e divulga as características do bem ou serviço que pretende adquirir ou contratar. A correta elaboração do edital e a definição precisa das características do bem ou do serviço pretendido são essenciais para a concretização de uma boa compra ou contratação. 3.1 A LEI Nº 15.608/07 Em 16 de agosto de 2007 o Governo do Estado do Paraná promulgou a Lei n.º 15.608, que estabelece normas sobre licitações, contratos administrativos e convênios no âmbito dos Poderes do Estado do Paraná. Esta lei trouxe diversas alterações e inovações na forma de contratar da Administração Pública do Estado do Paraná.

No artigo 10 visualiza-se que o legislador pretende melhorar a qualidade do que a Administração Pública compra. A Lei 15.608/07 prevê a indicação e exclusão de marcas nas licitações de acordo com os critérios legalmente estabelecidos; já a Lei 8.666/93, em seu art. 15, § 7o, inciso I, e no art. 25, inciso I, veda a indicação da marca.

Outra inovação da Lei 15.608/07 é a inversão das fases para todas as modalidades de licitação, como já é realizada na modalidade de pregão. Primeiramente abrem-se os envelopes contendo as propostas e após o julgamento e classificação das propostas passa-se para a fase de habilitação. Na fase de habilitação é verificada apenas a habilitação dos três mais bem-classificados, não sendo necessária, como na Lei 8.666/93, a habilitação de todas as empresas participantes da licitação. 3.2 MODALIDADES DE LICITAÇÃO

As modalidades de licitação estão previstas no art. 37 da Lei 15.608/07, e são: concorrência, concurso, convite, leilão, pregão e tomada de preços.

3.2.1 Concorrência

A principal característica da concorrência é a possibilidade de participação de quaisquer interessados na licitação, independentemente de serem cadastrados ou não. É a modalidade de licitação entre interessados que comprovarem os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto. Embora o artigo 23 Lei 8.666/93

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fixe os valores mínimos para a realização desta modalidade (para as compras e serviços, acima de R$ 650.000,00, e para a execução de obras e serviços de engenharia, valores superiores a R$ 1.500.000,00), ela poderá ser realizada para qualquer valor.

A concorrência é obrigatória, de acordo com o artigo 43 da Lei 15.608/07, para a venda de imóveis, concessão de uso e de direito real de uso, para a compra de bens e serviços de informática especiais, para as obras e serviços de engenharia de valor superior ao mínimo fixado em lei nacional para convite e licitações internacionais.

3.2.2 Concurso Concurso é a modalidade de licitação prevista no artigo 37, inciso II, da Lei 15.608/07,

e destina-se à escolha de trabalho técnico, científico ou artístico para trabalhos que exijam uma criação intelectual e para a escolha de projetos arquitetônicos, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores. Nesta modalidade de licitação poderão participar quaisquer interessados que atenderem às exigências do edital.

3.2.3 Convite Convite, como modalidade de licitação, está previsto no inciso III e assim definido no

§ 3º do artigo 37 da Lei 15.608/07:

§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade gestora ou administrativa, a qual publicará o resumo do instrumento convocatório na imprensa oficial e por meio eletrônico, e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade.

Convite é a modalidade de licitação utilizada para contratações de menor valor: de acordo com o artigo 23 Lei 8.666/93, para a aquisição de materiais e serviços até o limite previsto de R$ 80.000,00, e para a execução de obras e serviços de engenharia até o valor de R$ 150.000,00.

3.2.4 Leilão

O leilão é a modalidade de licitação prevista no inciso IV e definida no § 5º da Lei

15.608/07, em que podem participar quaisquer interessados Deve ser utilizado obrigatoriamente para venda de bens móveis inservíveis para a Administração (bens que não têm mais utilidade), de produtos legalmente apreendidos ou penhorados e para a alienação de bens imóveis.

3.2.5 Pregão O pregão, como modalidade de licitação, foi instituído pela Lei 10.520/02. É a mais

nova modalidade de licitação, também conhecido como leilão reverso. Está previsto no inciso V e definido no § 5º da Lei 15.608/07, da seguinte forma:

§ 5º Pregão é a modalidade de licitação para aquisição de bens e serviços comuns, qualquer que seja o valor estimado da contratação, em que a disputa é feita por meio

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de propostas escritas e lances verbais, em uma única sessão pública, ou por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação.

O pregão é um aperfeiçoamento nas licitações e vem se consolidando como uma das

mais importantes formas de contratação para a Administração Pública. Esta modalidade possibilita o aumento da competitividade, a ampliação das oportunidades de participação nas licitações, maior economia nas aquisições, transparência nos processos, melhores condições de negociação e redução de custos, tendo como principal característica maior agilidade nas contratações e desburocratização nos procedimentos para a habilitação.

O pregão poderá ser realizado em sessão pública presencial ou por meio de sistema de compras eletrônicas. Sua aplicação é vedada para a contratação de serviços de engenharia

3.2.5.1 Pregão presencial

O pregão foi instituído pela Lei 10.520/02 e está previsto no artigo 5º da Lei

15.608/07. Na forma presencial é realizado em sessão pública no local e horário indicados no edital, devendo o representante legal da empresa realizar o seu credenciamento prévio, comprovando que possui os poderes necessários para a formulação de propostas, lances, negociação e as demais práticas inerentes ao certame.

3.2.5.2 Pregão eletrônico

O art. 59 Lei 15.608/07 estabelece que “o pregão na forma eletrônica realizar-se-á

quando a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços comuns for feita à distância, em sessão pública, por meio de sistema que promova a comunicação pela Internet”.

O pregão na forma eletrônica é realizado em sessão pública por meio da utilização de recursos de tecnologia da informação e é operado através de páginas específicas, onde os licitantes, previamente credenciados, apresentam suas propostas e disputam, mediante oferta de lances, o fornecimento do objeto da licitação.

3.2.6 Tomada de preços

A tomada de preços, como modalidade de licitação, está prevista no inciso VI e assim definida no § 6º do artigo 37 da Lei 15.608/07:

§ 6º Tomada de preço é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

As contratações por esta modalidade têm o teto, fixado no artigo 23 Lei 8.666/93, de

R$ 650.000,00 para a aquisição de materiais e serviços e de R$ 1.500.000,00 para a execução de obras e serviços de engenharia.

Para a realização de tomadas de preço, é facultada a utilização de registros cadastrais de outros órgãos ou entidades da Administração Pública, desde que esteja previamente estipulada no edital. Isto é muito importante, pois permite a realização de licitações nessa modalidade também a órgãos que, por serem dotados de uma infra-estrutura pequena, não possuam seu próprio setor de cadastro.

3.3 TIPOS DE LICITAÇÃO

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O tipo de licitação se vincula ao critério de julgamento, e o julgamento das licitações é

realizado pelos seguintes critérios: menor preço; melhor técnica; técnica e preço; maior lance ou oferta. É uma exigência legal definir de modo expresso no ato convocatório o tipo da licitação, de acordo com o art. 69, inciso I, letra c, da Lei 15.608/07.. 3.3.1 Menor preço

Este critério de seleção para julgamento da licitação está previsto no inciso I do artigo 80 da Lei 15.608/07, segundo o qual a proposta mais vantajosa para a Administração configura-se “quando é declarado vencedor da licitação o proponente que, atendendo às condições de habilitação e aos requisitos necessários de qualidade, adequação, rendimento, segurança, prazo e outros previstos objetivamente no edital ou convite, cotar o menor preço”. É utilizado para compras e serviços de modo geral e para a contratação e bens e serviços. Justen Filho (2005) esclarece que a proposta de menor preço não pode se confundida com a proposta de menor valor nominal; por isso e fundamental que no ato convocatório se estabeleçam padrões mínimos de qualidade aceitáveis e mecanismos de avaliação de qualidade. 3.3.2 Melhor técnica

Este critério de seleção está previsto no inciso II do artigo 80 da Lei 15.608/07, em que a proposta mais vantajosa é escolhida com base em fatores de ordem técnica. É usado exclusivamente para serviços de natureza predominantemente intelectual, em especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e gerenciamento, de engenharia consultiva em geral, para elaboração de estudos técnicos preliminares e projetos básicos e executivos. 3.3.3 Técnica e preço

É o critério de seleção previsto no inciso III do artigo 80 da Lei 15.608/07, em que a proposta mais vantajosa é escolhida com base na maior média ponderada, considerando-se as notas obtidas nas propostas de preço e na proposta de técnica. É obrigatório na contratação de bens e serviços de informática, nas modalidades de tomada de preços e concorrência. 3.3.4 Maior lance ou oferta.

É o critério de seleção previsto no inciso IV do artigo 80 da Lei 15.608/07, em que a proposta mais vantajosa é escolhida com base em lance ou oferta. É utilizado quando o objetivo é alienar (vender) bens públicos ou para a concessão de direito real de uso. Este critério é normalmente aplicado nos leilões ou concorrências. 3.4 FASES DA LICITAÇÃO

Os atos da licitação devem desenvolver-se em seqüência lógica, a partir da existência de determinada necessidade. O procedimento tem início com o planejamento ou com o pedido de compra e prossegue até a assinatura do respectivo contrato ou a emissão de documento correspondente (empenho). Compreende duas fases distintas: a fase interna e a fase externa.

Gasparini (1995, p. 343) ensina que:

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A fase interna é destinada a firmar a intenção da entidade licitante e a obter certas informações necessárias à consolidação da licitação. Nessa parte, abre-se o processo de licitação, determina-se o seu objeto, estabelecem-se as suas condições, estima-se a eventual despesa e decide-se pela modalidade adequada, verifica-se a existência de recursos orçamentários, obtêm-se a autorização de abertura e a aprovação do instrumento convocatório por manifestação da assessoria jurídica.

As fases interna e externa da licitação estão previstas no art. 40, incisos I e II da Lei 15.608/07.

A fase externa inicia-se com a publicação do resumo do edital, e a partir daí, todos os passos devem constar do processo, quais sejam: impugnação do edital (se for o caso), documentos de habilitação e proposta, exame, julgamento e classificação das propostas, análise e julgamento da habilitação, recursos, atas, adjudicação do objeto e homologação da licitação.

4 O REGISTRO DE PREÇOS

4.1 CONCEITO

Como norma de procedimento, nos processos de compras governamentais tem-se exigido do gestor público uma melhor aplicação dos escassos recursos públicos. O Sistema de Registro de Preços (SRP) é uma forma moderna de comprar na Administração Pública, garantindo uma considerável economia processual.

Para Justen Filho (2005, p. 144),

O registro de preços é um contrato normativo, constituído como um cadastro de produtos e fornecedores, selecionados mediante licitação, para contratações sucessivas de bens e serviços, respeitados lotes mínimos e outras condições previstas no edital.

Para Meirelles (1999, p. 57),

Registro de preços é o sistema de compras pelo qual os interessados em fornecer materiais, equipamentos ou serviços ao Poder Público concordam em manter os valores registrados no órgão competente, corrigidos ou não, por um determinado período e fornecer as quantidades solicitadas pela Administração no prazo previamente estabelecido.

O Sistema de Registro de Preços se constitui em uma importante ferramenta que pode ser adotada nas compras da Administração Pública para a aquisição de bens e serviços comuns.

4.2 O SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS

O sistema de Registro de Preços é processado por meio de uma licitação especial, na qual os interessados formularão suas propostas. O edital deverá definir claramente que a licitação será para o registro de preços, indicando suas peculiaridades. Como nas demais licitações, deverá determinar os padrões de qualidade, condições de aquisição, quantidades estimadas e regras quanto ao preço e pagamentos.

Justen Filho (2005, p.145) ensina que,

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Quando a Administração necessita realizar aquisições reiteradas e contínuas de produtos semelhantes, depara-se com o problema de promover, a cada aquisição, uma nova licitação. Com o registro de preços, basta uma única licitação. Os preços ficam à disposição da Administração, que formalizará as aquisições quando lhe for conveniente. A Administração elimina a burocracia, os custos e os desgastes referentes a uma grande quantidade de licitações.

Justen Filho (2005) ainda esclarece que a principal diferença no sistema de registro de

preços reside no objeto da licitação. A licitação destina-se a selecionar um fornecedor e uma proposta para uma contratação específica. No registro de preços, a licitação destina-se a selecionar fornecedor e proposta para as contratações não específicas, seriadas, que poderão ser realizadas durante um certo período, por repetidas vezes. A proposta selecionada fica à disposição da administração, que, quando fazer a aquisição, se utilizará dos preços registrados tantas vezes quantas precisar, até o limite estabelecido no ato convocatório.

A realização da licitação através do Registro de Preços não obriga a Administração a fazer as aquisições ou contratações, pois poderá servir-se de outros meios de aquisição, respeitada a legislação de licitações, ficando, entretanto, assegurada ao beneficiário do preço registrado preferência em igualdade de condições.

A licitação para o registro de preços é permitida apenas nas modalidades de concorrência ou pregão do tipo menor preço. 4.3 BASE LEGAL DO REGISTRO DE PREÇOS

Conforme previsão legal, o sistema de registro de preços será regulamentado por decreto, atendidas as peculiaridades regionais. A Lei nº 8.666, de 21/06/93, que instituiu as normas para licitações e contratos da Administração Pública, em seu art. 15 estabelece que, sempre que possível, as compras deverão ser processadas através do sistema de registro de preços.

Art 15 - As compras, sempre que possível, deverão: ... II – ser processadas através de sistema de registro de preços; ... V – Balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos órgãos e entidades da Administração Púbica. §1º O registro de preços será precedido de ampla pesquisa de mercado. §2º Os preços registrados serão publicados trimestralmente para orientação da Administração, na imprensa oficial. § 3º O sistema de registro de preços será regulamentado por decreto, atendidas as peculiaridades regionais, observadas as seguintes condições: I – Serão feitas mediante concorrência; II – estipulação prévia do sistema de controle e atualização dos preços registrados; III – validade do registro de preços não superior a um ano.

O Decreto n.º 3.931, de 19/09/2001, regulamenta o Sistema de Registro de Preços

previsto no artigo 15 da Lei nº 8.666 de 21/06/1993.

Art. 1º As contratações de serviços e a aquisição de bens, quando efetuadas pelo Sistema de Registro de Preços, no âmbito da Administração Federal direta, autárquica e fundacional, fundos especiais, empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades controladas, direta ou indiretamente pela União, obedecerão ao disposto neste Decreto.

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A Lei n.º 10520, de 17/07/2002 – institui, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a modalidade de licitação denominada pregão, para a aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.

Art. 11. As compras e contratações de bens e serviços comuns, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, quando efetuadas pelo sistema de registro de preços previsto no art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, poderão adotar a modalidade de pregão, conforme regulamento específico.

Decreto nº. 5.450, de 31 de maio de 2005, regulamenta o pregão, na forma eletrônica, para aquisição de bens e serviços comuns, e dá outras providências.

Art. 2o O pregão, na forma eletrônica, como modalidade de licitação do tipo menor preço, realizar-se-á quando a disputa pelo fornecimento de bens ou serviços comuns for feita à distância em sessão pública, por meio de sistema que promova a comunicação pela internet.

A Lei Estadual 15.608, de 16 de agosto de 2007, estabelece normas sobre licitação, contratos administrativos e convênios no âmbito dos poderes do Estado do Paraná.

Art. 10. As compras, sempre que possível, devem: ... V - ser processadas através de sistema de registro de preços. Art. 22. Para facilitar os procedimentos de seleção da proposta mais vantajosa, a Administração pode utilizar o sistema de registro de preços e o credenciamento, a serem regulamentados por decreto. Art. 23. O sistema de registro de preços será utilizado pela Administração para aquisição de bens ou contratação de serviços de menor complexidade técnica. § 1º Sistema de registro de preços é o procedimento utilizado para registro das propostas selecionadas para futuras e eventuais contratações ou fornecimentos. § 2º O registro de preço deverá ser precedido de ampla e permanente pesquisa do mercado local. § 3º Deve ser adotado, preferencialmente, quando: I – em razão das necessidades permanentes e renováveis da Administração, houver contratações freqüentes do mesmo bem ou serviço; II – for mais conveniente a aquisição de bens ou contratação de serviços de forma parcelada, em face da impossibilidade de estimar os quantitativos ou as condições específicas e concretas da execução contratual; III – for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para atendimento a mais de um órgão ou entidade ou a programas de governo. § 5º A existência de preços registrados não obriga a Administração a firmar as contratações que deles possam advir, facultada a realização de licitação específica para a aquisição pretendida, sendo assegurado ao beneficiário do registro preferência de fornecimento em igualdade de condições. § 6º Exaurida a capacidade de fornecimento do licitante classificado em primeiro lugar, que formulou oferta parcial, a melhor proposta passa a ser a do segundo colocado e assim por diante, desde que compatíveis com o preço vigente no mercado. § 7º Poderá ser adotada a modalidade do pregão, inclusive por meio eletrônico, na licitação de registro de preços destinados à aquisição de bens e serviços comuns da área da saúde. § 8º O prazo de validade da Ata de Registro de Preço não pode ser superior a 1 (um) ano, computadas neste as eventuais prorrogações, vinculado à regra editalícia. § 9º Durante o prazo de validade as propostas selecionadas no registro de preços ficarão à disposição da Administração para que efetue as contratações nas oportunidades e quantidades de que necessitar, até o limite estabelecido.

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Na Universidade Estadual de Maringá o Sistema de Registro de Preços foi instituído pela Resolução n.º 182/2007-CAD, que aprova o Regulamento do Sistema de Registro de Preços da UEM.

Art. 1º O Sistema de Registro de Preços (SRP) da Universidade Estadual de Maringá (UEM) será implementado para aquisição remunerada de bens para fornecimento de uma só vez ou parceladamente e para a contratação de serviços de menor complexidade técnica, na forma estabelecida na Lei Estadual n° 15.340/2006 e, subsidiariamente, pelas Leis nos 8.666/1993 e 10.520/2002, no que for cabível. Parágrafo único. Para fins deste regulamento, denomina-se Sistema de Registro de Preços, o procedimento utilizado para registro das propostas selecionadas para futuras e eventuais contratações ou fornecimentos. Art. 2º A operacionalização do SRP ficará a cargo das comissões permanentes ou especiais de licitação, ou ainda, dos pregoeiros e respectivas equipe de apoio, conforme o caso. Art. 3º O registro de preço deverá ser precedida de ampla e permanente pesquisa do mercado local. Art. 4°A UEM deve adotar o SRP, preferencialmente, quando: I - em razão de suas necessidades permanentes e renováveis, houver necessidade de contratações freqüentes do mesmo bem ou serviço; II - for mais conveniente a aquisição de bens ou contratação de serviços de forma parcelada, em face da impossibilidade de estimar os quantitativos ou as condições específicas e concretas da execução contratual; III - for conveniente a aquisição de bens ou a contratação de serviços para atendimento a mais de um órgão/unidade; IV - em razão das características da necessidade a ser satisfeita, não for possível prever os quantitativos a serem demandados. Art. 16. A existência de preços registrados não obriga a UEM a firmar as contratações que deles poderão advir, ficando-lhe facultada a realização de licitação específica para a aquisição pretendida, sendo assegurado ao beneficiário do registro preferência de fornecimento ou execução dos serviços em igualdade de condições.

A legislação acima referida faz parte da base legal para a implantação de um sistema

de registro de preços.

5 OS PROCEDIMENTOS LICITATÓRIOS REALIZADOS NO HUM

O Hospital Universitário Regional de Maringá, desde março de 2003, conta com um setor de compras próprio. Antes da criação desse setor as licitações eram realizadas pela Diretoria de Material e Patrimônio, vinculada à Pró-Reitoria de Administração. Um dos objetivos da descentralização das compras foi dar atendimento mais específico a um órgão que possui características bem distintas e necessita de maior agilidade em suas aquisições.

Este estudo de caso foi realização a partir dos dados coletados em processos licitatórios realizados pelo HUM e analisados à luz dos conceitos obtidos junto à bibliografia pesquisada.

5.1 LICITAÇÕES REALIZADAS

Tomando-se por base os dados obtidos, elaborou-se o Quadro 2, que indica a quantidade de licitações realizadas por modalidade e ano de realização.

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Quantidade de Licitações realizadas Percentual

MODALIDADE/ANO 2004 2005 2006 2007* 2004 2005 2006 2007*

Convite 74 56 29 8 48 28 14 7

Tomada de preços 6 4 2 0 4 2 1 -

Pregão eletrônico 13 65 79 27 9 32 38 23

Pregão eletrônico - SRP 0 0 2 0 - - 1 -

Pregão presencial 36 55 63 64 23 28 30 54

Pregão presencial - SRP 25 20 32 19 16 10 15 16

154 200 207 118 100 100 100 100 Quadro 2 - Demonstrativo das licitações realizadas pelo HUM. Fonte: A Autora. Obs: *Dados coletados setembro/2007

Nota-se que as licitações na modalidade de convite, que em 2004 representavam 48%

das licitações realizadas, em 2007 representam apenas 7%, mostrando uma considerável diminuição na quantidade de processos na modalidade de convite. Em contrapartida nota-se o crescimento nas licitações nas modalidades de pregão presencial e pregão eletrônico, que juntos representavam 48% em 2004 e em 2007 representam 93%. As modalidades de convite e tomada de preços vêm sendo cada vez menos adotadas, após a implantação da modalidade de pregão.

As licitações para registro de preços que são realizadas na modalidade de Pregão representavam em 2004 16% do total das licitações, em 2005, 10%, e em 2006 e 2007 representaram 16% entre pregão presencial e pregão eletrônico.

5.2 DOS PRAZOS PARA A REALIZAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS LICITATÓRIOS

O quadro 3 representa os prazos legais e necessários para a realização das licitações. Pode-se verificar a quantidade de dias úteis necessários para a realização de cada modalidade.

Fases/Prazos Convite (dias úteis)

Tomada de preços

(dias úteis)

Concorrência (dias úteis)

Pregão (dias úteis);

Publicidade do edital 5 15 30 8 Julgamento de habilitação 5 5 5 1 Publicidade de julgamento 1 1 1 0 Prazo para recursos 2 5 5 3 Publicidade do recurso 1 1 1 0 Prazo para contra-razões ao recurso 2 5 5 3 Julgamento do recurso 5 5 5 5 Publicidade do julgamento 1 1 1 1 Julgamento das propostas comerciais 5 5 5 0 Publicidade do julgamento 1 1 1 0 Prazo para recursos 2 5 5 0 Publicidade do recurso 1 1 1 0 Prazo para contra-razões ao recurso 2 5 5 0 Julgamento do recurso 5 5 5 0 Publicidade do julgamento 1 1 1 0 Homologação 1 1 1 1 Publicidade da homologação 1 1 1 1 TOTAL 41 63 78 23 Quadro 3 – Prazos legais por modalidade de licitação, conforme a Lei nº. 8.666/93 e a Lei nº. 10.520/02. Fonte: Carneiro e Pereira (2005, p. 8).

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No levantamento realizado, conclui-se que o prazo para a realização de uma licitação,

considerando-se todos os prazos legais, é de 41 dias úteis para o convite, 63 dias úteis para a tomada de preços, 78 dias úteis para a concorrência e de 23 dias úteis para o pregão. Considerando-se as licitações sem recursos, os prazos seriam reduzidos para 19 dias úteis para o convite, 29 dias úteis para a tomada de preços, 44 dias úteis para a concorrência e 11 dias úteis para o pregão.

5.3 O PROCESSAMENTO DAS AQUISIÇÕES NO SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS Para a elaboração de uma licitação de registro de preços, inicialmente são realizados

levantamentos das necessidades de cada setor. As licitações são realizadas por tipo de produto, materiais ou serviços (ex.: medicamentos, materiais hospitalares, descartáveis, cartuchos, manutenção de condicionadores de ar, etc.). São realizadas pesquisas de preços para que os preços máximos estipulados no edital sejam realmente os preços praticados pelo mercado. Com as informações das necessidades de futuras aquisições e preços dos produtos, emite-se uma solicitação, que é encaminhada ao setor de compras. É a partir daí que se inicia o processo para a realização da licitação para o registro de preços. O resultado final da licitação é publicado no Diário Oficial do Estado, indicando que aqueles produtos e preços estão registrados.

Para a realização das aquisições, o setor emite um pedido de compra, indicando o produto, a quantidade necessária e o preço registrado. As autorizações para as compras são feitas com os preços reais (registrados) e não com preços estimados, como acontece na emissão de pedidos para as licitações. De posse do pedido autorizado, o setor de compras emite a ordem de fornecimento e o respectivo empenho, confirmando a aquisição.

No quadro 4 verifica-se o levantamento realizado em processos de registro de

preços, para demonstrar em quantos dias são realizadas as compras através dos processos de registro de preços.

Ano Processos (1) Pedidos (2) Média em dias (3) 2004 4 57 8 2005 7 62 10 2006 19 226 6 2007 9 86 8

Quadro 4 – Levantamento das aquisições realizadas em processos de registro de preços Fonte: A Autora. OBS: 1.Quantidade de processos pesquisados; 2. Quantidade de pedidos atendidos nos processos pesquisados; e, 3. Média em dias necessários para realizar uma contratação/aquisição.

Verifica-se no quadro 3 que para a realização de um processo licitatório na modalidade de pregão são necessários 23 dias úteis. No quadro 4 verifica-se que para a aquisição de um pedido de compras pelo sistema de registro de preços são necessários, em média, 8 dias corridos. Por esse aspecto verifica-se que as aquisições pelo sistema de registro de preços são muito mais ágeis.

5.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO SISTEMA DE REGISTRO DE PREÇOS

A primeira grande vantagem do sistema de registro de preços está na redução da quantidade de licitação contínua para a aquisição de um mesmo objeto ou de objetos semelhantes.

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A segunda vantagem está na rapidez da contratação e na otimização dos gastos. Para a realização de uma licitação, a Administração deve ter assegurado os recursos financeiros para o pagamento do que será adquirido. Esses recursos, normalmente, são liberados de acordo com a programação financeira do governo. Para a realização de um registro de preços, a Administração não precisa da indicação dos recursos financeiros e orçamentários. Ela realiza a licitação e aguarda a liberação dos recursos. Se houver preços registrados, tão logo ocorra à liberação dos recursos, a Administração pode realizar as contratações. A terceira vantagem é o prazo de validade das propostas. Para as licitações comuns o prazo de validade estabelecido em Lei (Lei 8.666/93, art. 64 §2º e Lei Estadual 15.608 art. 69, § 2º, inciso I) é de 60 dias. No sistema de registro de preços as propostas têm validade por até um ano. A quarta vantagem está na definição das quantidades a sem contratadas. Em uma licitação comum a Administração fixa as quantidades a serem adquiridas. A redução ou ampliação das quantidades somente poderá ser feita nos limites estabelecidos pela Lei (Lei 8.666/93, art. 65 §1º e Lei Estadual 15.608 art. 112, § 1º, inciso II). A quinta vantagem atribuída ao registro de preços é que ele poderá ser utilizado por outros órgãos ou entidades da Administração pública. Este procedimento é comumente designado de “carona”. Quando da realização do registro de preços, este poderá ser realizado por um órgão público, e ser estendido a outro ou outros órgãos participantes, preferencialmente da mesma esfera de poder. A sexta vantagem esta na vigência de uma Ata de Registro de Preços ultrapassar um determinado exercício financeiro. Nas licitações as aquisições se vinculam ao exercício financeiro em que foram realizadas. Uma das desvantagens apontadas para o registro de Preços e a defasagem entre os dados do registro e o dinamismo do mercado, em principalmente por que novos produtos são lançados constantemente. Outra defasagem pode ocorrer com os preços que variam de acordo com a demanda ou escassez dos produtos. Muito comum nesses casos são os produtos agropecuários. Como não há obrigatoriedade de adquirir os produtos licitados, muitas empresas ficam receosas de cotarem, pois precisam garantir preços durante toda a vigência do Registro de Preços.

6. CONCLUSÃO

Na gestão pública, uma das áreas que têm necessidades constantes de estudos e acompanhamento da legislação, devido ao volume de recursos envolvidos, é a área de licitações. Isto ocorre em razão de esta representar a forma como são empregados os tributos que os cidadãos recolhem aos cofres públicos. Reconhecendo tal fato, a Constituição em vigor representou um notável progresso na institucionalização e democratização, impondo à licitação, observância obrigatória pela Administração Pública direta e indireta de todos os poderes da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Ao ser admitido pelo gestor público Sistema de Registro de Preços (SRP). revela uma significativa redução da quantidade de licitações contínuas para a aquisição de um mesmo objeto ou de objetos semelhantes.

Infere-se um importante aspecto do SRP na definição das quantidades a serem contratadas. Em uma licitação comum a administração fixa as quantidades a serem adquiridas. No sistema de registro de preços a Administração estima as quantidades e poderá adquirir ou contratar somente as quantidades necessárias e adequadas para a satisfação de suas necessidades. A administração não precisará dispor de grandes estoques, podendo realizar as contratações quantas vezes achar necessário e conveniente, fazendo desembolsos financeiros

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somente dos valores necessárias para o atendimento de suas necessidades em um determinado período.

Finalmente, conclui-se que a vigência de um registro de preços pode ultrapassar um determinado exercício financeiro. Nas licitações comuns as aquisições se vinculam ao exercício financeiro em que foram realizadas. Aliada a essa questão encontra-se uma diminuição considerável do volume de compras de pequeno valor, otimizando os serviços de empenho, liquidação e pagamento.

Acredita-se que o objetivo deste estudo foi alcançado, uma vez que mostrou como esse importante instrumento auxiliar do processo licitatório pode contribuir para uma maior eficiência na aplicação do dinheiro público.

REFERÊNCIAS

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