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1 Logística Verde* Green Logistics Eduardo de Araujo 1 Felipe Knop 1 Marcelo Vieira 1 Renato Chimentão 1 Resumo Objetivo: Descrever as principais características da “Logística Verde”, do seu surgimento e sua evolução no Brasil e em outros países. Descritores: Logística; Logística verde; Responsabilidade ambiental; Consciência social; Sustentabilidade Abstract Objective: Describe Green Logistic’s main characteristics, its origins and evolution in Brazil and abroad. Keywords: Logistics; Green Logistics; Environmental responsibility; Social awareness; Sustainability MBA em Gestão Empresarial – UTFPR Turma 2013-2015.

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logistica verda

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Page 1: Artigo MBA Em Gestão Empresarial UTFPR LOGÍSTICA

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Logística Verde*

Green Logistics

Eduardo de Araujo1

Felipe Knop1

Marcelo Vieira1

Renato Chimentão1

Resumo

Objetivo: Descrever as principais características da “Logística Verde”, do seu surgimento e sua evolução no Brasil e em outros países.Descritores: Logística; Logística verde; Responsabilidade ambiental; Consciência social; Sustentabilidade

AbstractObjective: Describe Green Logistic’s main characteristics, its origins and evolution in Brazil and abroad.Keywords: Logistics; Green Logistics; Environmental responsibility; Social awareness; Sustainability

* Artigo produzido para a conclusão do módulo de Gestão de Operações Logísticas do curso MBA em Gestão Empresarial da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.1 MBA em Gestão Empresarial, UTFPR, Curitiba, Paraná, Brasil.

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Introdução

A logística é uma das atividades econômicas mais antigas, desde a época da guerra já se pensava em armazenamento, transporte e a distribuição de materiais e alimentos.

Durante os anos 80, a Comissão Mundial sobre o meio ambiente e desenvolvimento estabeleceu uma meta internacional onde o principal foco era a sustentabilidade ambiental, desde então, muitas empresas começara a adotar em seu planejamento estratégico medidas para que isso pudesse virar realidade, durante esse processo foi onde o conceito de logística verde começa a ganhar importância.

A logística verde teve origem nos Estados Unidos, devido a ser um dos países mais antigos a desenvolver o setor logístico foram os primeiros a identificar a real necessidade de implantar medidas que não afetassem o meio ambiente, a partir deste ponto e de outros fatores citados anteriormente, outros países começaram a adotar a logística verde como base em suas operações.

O fundamento básico da logística busca coordenar atividades com um objetivo de atender as exigências dos clientes por um custo mínimo, ou seja, buscar diversas estratégias com intuito de utilizar o menor custo possível. Para a logística verde, é coordenar as atividades dentro de uma cadeia de suprimentos de tal forma que as necessidades dos beneficiários sejam atendidas com o “menor custo” para o meio ambiente (Quiumento, 2011).

A avaliação de rendimento de um processo logístico está normalmente associada a seu custo, principalmente aqueles ligados aos processos de transporte e armazenagem. Com a crescente responsabilidade ambiental e social por parte da sociedade, bem como novas exigências legislativas e de alto desempenho no mundo corporativo, empresas que prestam este serviço estão sendo obrigadas a se tornarem mais conscientes neste sentido, principalmente no que diz respeito aos custos externos associados à mudança climática, poluição do ar, poluição sonora e riscos de acidentes.

Características

Conforme mencionado anteriormente, com as novas e crescente preocupações socioambientais, é possível organizar e necessário equilibrar a atividade logística em três grandes pilares ou dimensões: econômico financeiro, social e meio ambiente.

Figura 1 – Elementos que envolvem os pilares das atividades logísticas.Fonte: COELHO, 2012.

Este equilíbrio também pode ser chamado de logística sustentável, pois busca através da dimensão econômica; crescimento, eficiência, geração de empregos e competitividade.

Na dimensão social os principais pontos são; segurança, saúde e acesso.E na dimensão ambiental temos; mudança climática, qualidade do ar, ruído, uso da terra,

biodiversidade e resíduos.Com o alinhamento destes pilares, é possível ter uma logística cada vez mais sustentável. (GODOY,

2013)A logística verde tem como objetivo de manter a integridade e se preocupar com aspectos ambientais

durante as atividades logística da empresa.Baseado nos pilares, a logística verde atinge alguns aspectos, como por exemplo, estratégia no

desenvolvimento de produtos e processos, planejamento da produção, distribuição física e outros. Onde o foco é a preservação do meio ambiente e consequentemente da sociedade.

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Figura 2 – Impactos relacionados a economia, ambiente e sociedade.Fonte: QUIUMENTO, 2011.

Evolução no Brasil

De acordo com o MMA (Ministério do Meio Ambiente), o Brasil possui um modelo de sucesso no que diz respeito à logística verde, o caso das embalagens de agrotóxicos. Só nos primeiros três meses de 2013, cerca de 8 mil toneladas de embalagens vazias de agrotóxicos agrícolas foram recolhidas para o descarte ecologicamente correto, segundo dados fornecidos pelo inpEV (Instituto Nacional de Processamentos de Embalagens Vazias).

As fabricantes que utilizam embalagens em vidro e lata também atuam ativamente com o processo de reciclagem e recolhimento de embalagens após o descarte. (PENSAMENTO VERDE, 2014)

Na década de 60, o mercado estava de certo modo sob o controle das empresas, pois os mercados não eram tão dinâmicos e globalizados quanto os de hoje, em dia, as mudanças ocorriam de forma lenta e os produtos tinham um ciclo de vida longo. Para que a maioria das empresas chegassem ao cenário atual, a logística teve uma participação muito importante nessas mudanças.

No mercado nacional essas mudanças só começaram a acontecer de forma mais rápida na década de 90, quando teve início o processo de redução das alíquotas de importação, logo após esse período houve uma grande dificuldade para a maioria das empresas nacionais, pois estas não estavam preparadas para uma abertura de mercado.

A Logística no Brasil vem constituindo-se em um negócio de grandes proporções que evoluiu muito rapidamente nos últimos anos, e passou por profundas transformações em direção a maior sofisticação. (MATHIAS, 2013)

Atualmente, o Brasil produz 273 mil toneladas de lixo por dia, segundo dados apresentados na Comissão de Meio Ambiente. Contudo, o maior problema dessa grande quantidade de lixo gerado está no

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descarte inadequado, que na maioria das vezes é realizado em lixões onde não recebe nenhum tipo de tratamento e acaba contaminando o solo e a água.

Em agosto de 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) introduziu na legislação ambiental o conceito de logística reversa. A proposta, já bem-sucedida em outros países, trata do retorno de produtos, embalagens e materiais à sua cadeia produtiva.

Com esta medida, os resíduos sólidos, que seriam descartados pelos consumidores após o uso, são coletados e restituídos ao ciclo produtivo da indústria ou, quando não podem mais ser reaproveitados, as próprias fábricas são responsáveis pelo seu descarte em aterros sanitários ou outro local adequado.

Para evitar que sejam descartados na natureza, o destino ideal desses resíduos é que eles sejam reaproveitados em um processo que possibilite a produção de outros bens.

Conheça abaixo alguns exemplos dessas práticas que são alternativas para os problemas da poluição e da grande quantidade de lixo produzido no país:

Embalagens Natura – O programa de logística reversa da Natura realiza estudos e monitoramento do ciclo de vida das embalagens recicláveis de seus produtos. O objetivo é recolher as embalagens usadas a fim de evitar os impactos causados pelo seu descarte no meio ambiente.

Esse projeto existe desde 2007 e todo o material recolhido é encaminhado para reciclagem. Funcionando nos estados de São Paulo, Bahia, Pernambuco, Rio de Janeiro e Espírito Santo, a iniciativa já deu o destino adequado a cerca de 500 mil toneladas de resíduos.

Pneus Bridgestone – A fabricante de pneus no Brasil aplica o conceito de logística reversa ao receber os produtos em final de vida útil. Os pneus usados passam pelo processo de trituração e picotagem, resultando em fragmentos que são reutilizados.

Com esses fragmentos de pneu, é possível obter matéria-prima na confecção de pisos, blocos e guias em substituição à brita, confecção de solados de sapatos e borracha para vedação e peças de reposição para indústria automobilística.

Aparelhos Philips – Para colaborar com a redução do lixo eletrônico, a Philips estabeleceu no Brasil um programa já existente em mais de 30 países. Os consumidores que possuírem aparelhos Philips inutilizados poderão depositá-los nos postos de coleta credenciados pela marca, que ficará responsável por dar um destino adequado a eles.

Além de aparelhos da Philips, pilhas, lâmpadas e baterias de qualquer outra marca são recolhidos e encaminhados para uma empresa de tratamento, que fará a desmontagem e avaliação das peças, que podem ser reaproveitadas ou descartadas de forma correta. (DINAMICA AMBIENTAL, 2013).

Evolução no Exterior

A logística verde é um assunto que começou a ganhar importância recentemente. O Brasil, em termos de contribuição ao tema, ainda tem pouca participação diante do cenário mundial. Atualmente os Estados Unidos lidera o ranking de artigos publicados, devido ao seu investimento em pesquisas e a experiência no assunto, na figura seguir conseguimos analisar a participação em publicações de cada nacionalidade.

Figura 3 – Distribuição da porcentagem de publicações por nacionalidade.Fonte: CHIROLI, 2015.

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Nos países europeus medidas voltadas para legislação estão avançando rapidamente, são as chamadas legislação verde (Green laws). Nestes casos, o avanço destas leis e normas não contribuem somente na Europa, localmente, mas em diversos lugares, pois muitos países copiam essas medidas. Um exemplo disto é a norma WEEE – Waste Electrical and Eletronic Equipament ou Resíduos de Equipamentos Elétricos e Eletrônicos (REEE). A norma WEEE define junto aos Fabricantes os procedimentos adequados para o descarte e coleta de equipamentos elétricos e eletrônicos usados. (NEVES, 2011)

Outra norma importante é a RoHS, que proíbe a produção ou importação de novos equipamentos elétricos e eletrônicos que contenham níveis superiores ao acordado de chumbo, cádmio, mercúrio, cromo hexavalente, polibromato bifenil (PBBs), éteres difenil-polibromatos (PBDEs). (NEVES, 2011)

Em países como Alemanha, Japão é comum produtos eletrônicos que não são mais utilizados são colocados na calçada para que empresas especializadas recolham esses materiais e com isso conseguem dar finalização correta para cada tipo de material.

No Brasil ainda estamos longe de atitudes como nos demais países citados anteriormete, basicamente barreiras cultuarias e políticas são os maiores vilões para que a logística verde e legislação verde sejam adotadas, seja por normas ou culturalmente.

Comparação com Logística Reversa

A logística verde preocupa-se com os impactos e suas atividades sobre o meio que a cerca. Um ponto importante que deve ser destacado junto à logística verde é que ela anda lado a lado com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10). De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), a logística reversa, braço da logística verde, é o ponto principal para potencializar e melhorar o ciclo de reciclagem do país no que diz respeito a produtos eletrônicos; remédios; embalagens de óleos lubrificantes e agrotóxicos; e lâmpadas fluorescentes.

Ou seja, com esse tipo de logística a empresa que fabrica determinado produto responsabiliza-se também em recolher o mesmo produto quando esse é descartado, seja por falhas ou problemas de fabricação, seja por ter terminado seu ciclo de uso. Ao serem recolhidos, os materiais voltam ao polo de fabricação ou são encaminhados a centros específicos que atuam com o desmanche e reciclagem das peças e não simplesmente descartados em qualquer lugar de forma negligente e agressiva. (PENSAMENTO VERDE, 2014).

Figura 4 – Diferenças entre logística verde e logística reversa.Fonte: GOMES, 2010.

Na ilustração acima, vemos claramente que a logística verde e a logística reversa estão completamente ligadas, e juntas buscam o equilíbrio para uma cadeia sustentável.

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Conclusão

A sustentabilidade e a responsabilidade ambiental são políticas essenciais nos dias de hoje, não somente com o intuito de atingir os objetivos ecológicos e visar o desenvolvimento econômico e tecnológico sustentável, mas também dentro do contexto coorporativo deve-se manter e ampliar sua participação no mercado. A implantação da Logística Verde gera impactos positivos em todos os parceiros através de ganhos na reputação das empresas além de agregar valor aos produtos e criar novas oportunidades de negócios. O investimento operacional inicial para a implantação dos processos sustentáveis se faz necessário visando uma constante redução de custos. Porém, em relação às questões ambientais, vemos que as empresas ainda encontram-se em processo de adaptação e que embora esse seja um cenário em desenvolvimento, ainda são restritas as ações concretas das empresas na busca por processos ecologicamente corretos. Este desenvolvimento aparenta ser ainda mais lento tratando-se da Logística Verde, visto que nesse caso existe uma interdependência entre os elos da cadeia. Atualmente vivemos em uma realidade coorporativa que necessita de constante adaptação, pode-se prever que na próxima década teremos a sólida presença da Logística Verde bem estruturada, dando espaço para mercados secundários e pela exploração das oportunidades presentes nesse segmento.

Referências

QUIUMENTO, F. Logística Verde: Uma nova visão para a Logística com atividade humana integrada ao ambiente. 2011. Disponível em: <http://knowledgeispowerquiumento.wordpress.com/article/logistica-verde-2tlel7k7dcy4s-90/> . Acessado em: 17/09/2015.

COELHO, L.C. O que é Logística Verde?. 2012. Disponível em: <http://knowledgeispowerquiumento.wordpress.com/article/logistica-verde-2tlel7k7dcy4s-90/>. Acessado em: 19/09/2015.

GODOY, L.C. A LOGÍSTICA NA DESTINAÇÃO DO LODO DE ESGOTO. 2013. Disponível em:< http://www.fatecguaratingueta.edu.br/revista/index.php/RCO-TGH/article/view/43/27> Acessado em: 19/09/2015.

PENSAMENTO VERDE. Você sabe o que é logística verde? 2014. Disponível em:< http://www.pensamentoverde.com.br/sustentabilidade/voce-sabe-o-que-e-logistica-verde/> Acessado em: 18/09/2015.

MATHIAS, P. A Logística no Brasil. 2013. Disponível em: <http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/abrirPDF/312 > Acessado em: 20/09/2015.

DINAMICA AMBIENTAL. Conheça alguns exemplos de logística reversa e a reutilização do lixo industrial. 2013. Disponível em: <http://www.dinamicambiental.com.br/blog/sustentabilidade/conheca-exemplos-logistica-reversa-reutilizacao-lixo-industrial/> Acessado em: 17/09/2015.

GOMES, D. DIFERENÇAS ENTRE LOGÍSTICA VERDE E LOGÍSTICA REVERSA. 2010.

Disponível em: < https://logisticsplan.wordpress.com/2010/11/16/128/> Acessado em: 20/09/2015.

CHIROLI, DAIANE MARIA DE GENARO. Logística verde: conceituação e direcionamentos para

aplicação. 2015. Disponível em: < http://cascavel.ufsm.br/revistas/ojs-2.2.2/index.php/reget/article/viewFile/15912/pdf_1> Acessado em: 20/09/2015.

NEVES, M.A.O. O Futuro da Logística é VERDE! 2011. Disponível em: <http://www.tigerlog.com.br/img/arquivos/logverde.pdf> Acessado em: 20/09/2015.

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