artigo - história da filosofia

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SEMINÁRIO PRESBITERIANO JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO HERLEY ROCHA SOUZA A INFLUÊNCIA DA PÓS-MODERNIDADE NA IGREJA EVANGÉLICA. Artigo desenvolvido em cumprimento as exigências da matéria “História da Filosofia”, ministradas pelo Rev. Filipe Fontes. SÃO PAULO SP 03 DE NOVEMBRO DE 2011

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Page 1: Artigo - História Da Filosofia

SEMINÁRIO PRESBITERIANO JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO

HERLEY ROCHA SOUZA

A INFLUÊNCIA DA PÓS-MODERNIDADE NA IGREJA EVANGÉLICA.

Artigo desenvolvido em cumprimento as

exigências da matéria “História da Filosofia”,

ministradas pelo Rev. Filipe Fontes.

SÃO PAULO – SP

03 DE NOVEMBRO DE 2011

Page 2: Artigo - História Da Filosofia

INTRODUÇÃO.

No livro de Juízes, no seu capítulo 17, versículo 6 encontramos que “naqueles dias,

não havia rei em Israel; cada qual fazia o que achava mais reto”.1 Este texto descreve bem a

época em que vivemos. Uma época marcada pelo pragmatismo, misturado com um relativismo

moral, em meio a uma miscelânea de verdades, onde cada indivíduo pensa e age dentro do que

ele acha mais correto, dentro de um arcabouço que lhe dá mais prazer.

Em meio a esta enxurrada de mudanças - pois nossa época é uma época de grande

apego e apologia as mutações - a igreja tem sido influenciada em vez de ser influenciadora.

Isto tem acontecido, em muitos casos, devido a igreja não enxergar e nem conseguir ler a

época que a cerca. Isaltino Gomes nos explica que

“Uma das grandes questões que tornam mais difícil a missão da Igreja é sua

lentidão em ler os tempos. Foi uma advertência de Jesus, que soubéssemos ler os sinais dos tempos. Mas muitas vezes nós nos fechamos em nosso

mundo de conceitos, queremos que o mundo nos leia, porém não lemos o

mundo. Via de regra, nosso universo é fixista, com a mentalidade de que

"Deus falou, tá falado e o mundo tem que ouvir". Que Deus falou e está falado, é óbvio e não se discute. Mas a forma como nos dirigimos ao mundo

é que pesa um pouco. Necessitamos saber como o mundo pensa e qual é a

sua perspectiva de vida, para poder comunicar o evangelho de modo eficiente”

2.

Sendo assim, este trabalho tem como objetivo mostrar alguns3 aspectos do pós-

modernismo, discriminando de forma suscita o que é a época em que vivemos, quais as

ameaças que ela traz a igreja, e como podemos e devemos ler a época em que vivemos,

partindo de uma cosmovisão biblicamente orientada.

1 BÍBLIA. Bíblia de estudo de Genebra. Tradução de João Ferreira de Almeida, revista e atualizada. São Paulo e

Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999. p.298. 2 Disponível em: < http://www.luz.eti.br/es_aposmodernidadeumdesafio.html> Acesso em: 01 de novembro de

2011. 3 Sabemos da vastidão do assunto, e devido o espaço, iremos nos ater apenas aos que julgamos serem mais

importantes para o assunto proposto pelo trabalho.

Page 3: Artigo - História Da Filosofia

1- LENDO A NOSSA ÉPOCA: O QUE É A PÓS-MODERNIDADE?

Devemos, primeiramente, entender e distinguir a diferença entre “pós-moderno” e

“pós-modernidade”. Pós-moderno, é uma terminologia usada para um período de tempo, que

para muitos, iniciou-se depois da queda do muro de Berlim (09/11/1989)4. Já a pós-

modernidade, refere-se a forma de pensar, a ideologia adotada, ao conjunto de ideias ligadas a

esta nova forma de ver e interpretar o mundo.

A ideia de "pós-modernismo" surgiu pela primeira vez no mundo hispânico, na década de 1930, uma geração antes de seu aparecimento na Inglaterra ou

nos EUA. Perry Anderson, conhecido pelos seus estudos dos fenômenos

culturais e políticos contemporâneos, em "As Origens da Pós-Modernidade" (1999), conta que foi um amigo de Unamuno e Ortega, Frederico de Onís,

que imprimiu o termo pela primeira vez, embora descrevendo um refluxo

conservador dentro do próprio modernismo. Mas coube ao filósofo francês Jean-François Lyotard, com a publicação "A Condição Pós-Moderna" (1979),

a expansão do uso do conceito5.

A pós-modernidade, surgiu como uma “resposta” as várias indagações deixadas pelo

modernismo. O modernismo, que foi um rótulo usado para definir as ideias criadas e

sustentadas pelo Iluminismo6 dos séculos 17 e 18, tinha como principais pressupostos , a

ênfase exagerada na razão, o desenvolvimento científico (revolução industrial) e a autonomia

humana. John Benton, em seu excelente livro “Cristãos em uma sociedade de consumo”,

resumiu bem o que era a modernidade:

O movimento afirmava que o homem tinha ‘amadurecido’ e não mais

precisava de ideias tolas e infantis, como acreditar em Deus. Somos nossos próprios senhores. Acima de tudo, a ciência e a razão humana gerariam uma

sociedade boa e justa. Não precisamos de outra coisa senão observar e

4 Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3s-modernidade> Acesso em: 01 de novembro de 2011.

5 Disponível em: < http://www.espacoacademico.com.br/035/35eraylima.htm> Acesso em: 01 de novembro de

2011. 6 Movimento filosófico que surgiu na França do século XVII e que tinha como principal premissa o domínio da

razão sobre todas as demais coisas. A razão do homem tornou-se soberana, contrapondo-se a Soberania Divina,

que dominava a Europa desde a Idade Média. Os filósofos iluministas defendiam que somente a razão poderia

tirar o homem das trevas que imperava na sociedade. A razão seria a luz. Segundo estes filósofos, a crença

religiosa e o misticismo era um fator preponderante para a estagnação mental do homem. O homem se encontrava

nas trevas justamente porque ele tinha fé e era místico. Para este filósofos, a fé não poderia responder as questões

mais importantes da vida, e somente a razão o poderia fazer. Sendo assim, em suma, o Iluminismo foi um

entronamento do homem e um esvaziamento de Deus, no que tange todos os aspectos do universo.

Page 4: Artigo - História Da Filosofia

pensar. Isto traria a liberdade necessária aos seres humanos. O Iluminismo

gerou uma fé otimista no progresso. Livres da decepção e opressão religiosa,

as pessoas teriam a liberdade de pensamento e prosperidade sob a luz do racionalismo. Esta era a visão do período moderno.

7

Entretanto, a visão de mundo adotada pelo modernismo ruiu. Dentro da era

modernista, levantaram-se algumas “vozes da discórdia”8, que foram a base para o surgimento

da atual visão de mundo pós-moderna. Estas, chamadas “vozes da discórdia”, começaram

perceber - e combater - que a razão humana não era suficiente para solucionar todos os

problemas do mundo, onde a ideia de verdade absoluta era algo totalmente irracional e ilógico,

entendendo que o ser humano têm necessidades mais profundas do que as que a modernidade

abordava.

Sendo assim, a pós-modernidade surgiu, tendo como base filosófica o existencialismo9.

A proposta do pós-modernismo não era harmonizar as suas ideias com a modernidade, mas era

desmontar o que tinha sido criado e sustentado por ela. Por isto, um dos pressupostos

defendidos pelo pós-modernismo é a não existência de ponto referencial comum. O que eu

penso sobre determinado assunto, é somente meu, e isto não pode se aplicar a mais nada e nem

ninguém. Esta ausência de ponto referencial comum, pode muito bem ser vista no que também

e defendido pelo pós-modernismo que é a verdade relativa (“o que é verdade para você, pode

não ser verdade para mim”). Se não existe verdade absoluta, então, pode ser que nunca iremos

ter um ponto referencial comum sobre determinado assunto com outra pessoa.

Esta ausência de ponto referencial comum, é acompanhado por valores relativos, pois

eles andam juntos com a verdade relativa. Tendo por base que não existem valores absolutos,

e que todos são relativos, vivemos hoje na era da inversão de valores morais. O que até ontem

(modernidade) era errado, absurdo, hoje se tornou normal. Quando entendemos esta premissa

do pós-modernismo, compreendemos o por quê do aborto, da eutánasia, do sexo antes do

casamento. Assim sendo, os valores morais devem ser praticados dentro do que cada indivíduo

julgar ser melhor para ele. Os valores são criados e experimentados somente na

individualidade.

7 BENTON, John. Cristãos em uma sociedade de consumo. São Paulo-SP, Cultura Cristã, 2002, p.30. 8 Cf. VEITH, G.E. Tempos pós-modernos. São Paulo-SP, Cultura Cristã, 1999, p.29. 9 Cf. VEITH, G.E. Tempos pós-modernos. p.32.

Page 5: Artigo - História Da Filosofia

Com a ausência de valores morais, é normal existir um comportamento imoral, pois o

pós-modernismo desmontou os critérios morais até então existentes.

No pós-modernismo o que impera é a diversidade caótica10

. Veith afirma que “os pós-

modernistas...convivem com o caos, e o afirma, considerando qualquer ordem como apenas

provisória e variando de uma pessoa para outra.”11

Devido esta diversidade caótica,

encontramos dentro do pós-modernismo uma sociedade fragmentada em grupos (tribos).

Ainda dentro desta idéia de diversidade caótica, podemos enxergar que o pós-modernismo

leva a uma explosão de estruturas estáveis. Segundo Ihab Hassan, “o modernismo estabelece

uma hierarquia, o pós-moderno cultiva a anarquia”.12

O pós-modernismo enfatiza em demasia a emoção, contrapondo-se a modernidade que

enfatizava a razão, e por isto, existia sempre algo objetivo. Já o pós-modernismo prega a

subjetividade e superficialidade, que são marcas da entrega e apego exagerado a emoção. O

homem pós-moderno concentra a busca por respostas em suas emoções, e o mesmo para isso

se entrega ao misticismo, a intuição ou em qualquer outra coisa, que mesmo por um instante,

possa lhe oferecer uma resposta. Devido o apego exagerado as suas emoções, o homem pós-

moderno é o autor do seu próprio sentido na vida, e este sentido, só serve para ele, e para mais

ninguém.

2 – AMEAÇAS DA PÓS-MODERNIDADE AO EVANGELHO.

Quando os precursores do modernismo começaram a surgir no final do século XIX,

poucos cristãos ficaram preocupados. Entretanto, como explica John Mac’Arthur,

Suas ideias representaram uma grave ameaça à ortodoxia, como a história comprovou. O movimento gerou ensinamentos que dividiram quase todas as

denominações históricas na primeira metade deste século. Ao menosprezar a

importância da doutrina bíblica, o modernismo abriu a porta para o

liberalismo teológico, o relativismo moral e a incredulidade aberta...Por isso, com facilidade esquecemos que o objetivo dos primeiros modernistas era

apenas tornar a igreja mais ‘moderna’, mais unificada, mais relevante e mais

aceitável a uma era moderna caracterizada pela modernidade.13

10

Cf. VEITH, G.E. Tempos pós-modernos.p.15. 11 VEITH, G.E. Tempos pós-modernos. p.35 12 VEITH, G.E. apud HASSAN, Ihab. Tempos pós-modernos. p.36. 13 MACARTHUR, John. Com vergonha do evangelho. São José dos Campos-SP,2ed.,Editora Fiel, 2004, p.10.

Page 6: Artigo - História Da Filosofia

Tendo por base, os grandes e terrivéis erros causados pelo modernismo, temos que ter

o discernimento de enxergar a mesma ameaça sutil que o pós-modernismo representa à igreja

de hoje. Os precursores evangélicos do pós-modernismo alegam que a igreja tem que se tornar

relevante para o mundo em que está inserido, e por isso, a mesma tem que mudar a sua forma

de atuar. Este é um pensamento que tem o seu fundo de verdade, mas dentro de um limite, e

este limite é a Palavra de Deus. Os precursores do pós-modernismo no seio da igreja

evangélica, defendem a urgência de mudanças na igreja. Essas mudanças, segundo eles, irão

servir como pontes para alcançar novos adpetos ao evangelho.

Temos que concordar que nem toda mudança é ruim, como nem toda mudança é boa.

Todavia, a principal e mais radical proposta de mudança dos precursores do pós-modernismo

no meio evangélico, tem haver em relegar a Deus e a sua Palavra a um papel secundário na

igreja14

.

Como não existe verdade absoluta no pós-modernismo - e acompanhando esta

ausência o relativismo e o pragmatismo - tem como consequência não existir noção ou valor

do que é certo ou errado, bem e mal, verdade e erro. O pós-modernismo define a verdade

como aquilo que é útil e relevante para uma pessoa. Se tal verdade não é relevante ou útil, isto

tem que ser deixado de lado.

Sendo assim, tendo como centro o homem, o que será pregado, e como será, é

determinante para a aceitação do evangelho. Como no pós-modernismo, segundo Veith

A religião torna-se uma questão puramente particular, que não pode ser

‘imposta’ sobre qualquer outra pessoa. O conteúdo de seu significado não faz diferença alguma, somente o compromisso pessoal: para dar sentido à vida

Satre optou pelo comunismo; Heidegger escolheu o nazismo; Bultmann o

Cristianismo. Cada um habitou sua própria realidade particular.15

Veith, ainda falando sobre a não importância do conteúdo de significado na pós-

modernidade, fala que isto acontece devido o “pró-escolha”16

. Essa linha de pensamento tira

toda e qualquer argumentação objetiva sobre qualquer aspecto moral. Não é o padrão moral

que determina o conteúdo da mensagem, mas a escolha particular do ouvinte. Partindo desta

premissa, os paladinos do pós-modernismo na igreja evangélica desenvolveram o “movimento

14 Cf. MACARTHUR, John. Com vergonha do evangelho. p.10. 15 VEITH, G.E. Tempos pós-modernos. p.31. 16

Cf. VEITH, G.E. Tempos pós-modernos. p.31.

Page 7: Artigo - História Da Filosofia

sensível aos interessados. Este movimento enfatiza técnicas de marketing e estratégias de

administração como o método primário para o crescimento saudável da igreja.”17

Segundo Mac’Arthur,

As igrejas do movimento Sensível aos Interessados tendem a minimizar a

mensagem do evangelho, a fim de abrandar assuntos como pecado,

arrependimento, ira divina e punição eterna. O objetivo é fazer os incrédulos sentirem-se confortáveis até que estejam prontos para aceitar Jesus.

Consequentemente, sermões bíblicos são substituídos por conversas breves,

vídeos e esquetes – qualquer coisa que o público ache mais interessante e divertido.

18

Se acontece uma mudança no contéudo da mensagem pregada, tendo como objetivo a

inserção de novos membros na igreja, a igreja também terá que mudar a sua estrutura. Como

aconteceu com a modernidade, o pós-modernismo quer explodir com todas as estruturas

estáveis existentes no contexto eclesiástico. Sendo assim, a atual estrutura que existe nas

igrejas tem que ser drasticamente desmantelada. As igrejas, para dialogar com o pós-

modernismo, não podem manter a mesma estrutura que antes, gerando assim “o movimento de

igrejas emergentes”. O pastor reformado Kevin DeYoung, numa tentativa de definir “igreja

emergente”, disse que:

Para alguns, ‘emergente não significa nada além de um novo estilo e de uma nova abordagem da adoração (sofás, velhas e café). Para outros, sinaliza uma

apreciação pelo pós-modernismo. Para outros ainda, significa uma volta a

uma forma de cristianismo mais antiga, primitiva e imaculada. Em nível popular, o termo igreja emergente tem sido aplicado a congregações de nível

elevado e voltadas a jovens que chamaram atenção por seu rápido

crescimento numérico, sua habilidade de atrair (ou reter) pessoas na faixa dos

vinte anos, sua adoração contemporânea, baseada em música de estilo popular, e em sua habilidade de se promover entre a subcultura cristã por

meio de websites e propaganda boca a boca.19

Andy Crouch, sendo citado por DeYoung, disse que “igrejas emergentes são

frequentemente urbanas, desproporcionamente jovens, preponderantemente brancas e muito

recentes.”20

“Segundo o portal Igreja Emergente [www.igrejaemergente.com.br], uma igreja

17 MACARTHUR, John. Ouro de tolo? Discernindo a verdade em uma época de erro. São José dos Campos-SP,

Editora Fiel,2006, p.61. 18 MACARTHUR, John. Ouro de tolo? p.61. 19 DEYOUNG, Kevin e KLUCK, Ted. Não quero um pastor bacana:e outras razões para não aderir à igreja

emergente. São Paulo: Mundo Cristão,2011, p.19. 20 DEYOUNG, Kevin e KLUCK, Ted apud CROUCH, Andy. Não quero um pastor bacana:e outras razões

para não aderir à igreja emergente. p.19.

Page 8: Artigo - História Da Filosofia

emergente é basicamente um movimento cristão onde as pessoas buscam viver sua fé em um

contexto social pós-moderno”.21

Um dos grandes problemas do conceito “igreja emergente” - existem outros, mas que

devido o espaço não serão tratados neste artigo – é a ideia de “pós-igreja”, onde seus

defensores afirmam o seguinte:

Que a própria igreja é o problema e tentam despir-se dela. ‘Eles sequer usam a palavra igreja e dizem: Nada do que eles fizeram, nós faremos’, diz Jason

Clark [2], outro líder do movimento. Muitos rejeitam até mesmo o título de

cristãos e não consentem, em nenhuma hipótese, que chamem suas comunidades de igrejas.

22

Seguindo a lógica da desconstrução da pós-modernidade, “o movimento de igreja

emergente” é uma tentativa de desconstruir o modelo de igreja organizada, com as suas

tradições. Tudo o que é estrutural, tem que ser transformado de forma radical. É um

rompimento total com as estruturas criadas e sustentadas pelo modernismo. Este movimento

advoga que as igrejas devem criar outras estruturas, repintar suas formas, pois, caso contrário,

não conseguirão dialogar com o homem pós-moderno e nem conseguirá atraí-lo para a igreja.

Tendo este foco, segundo o Reverendo Anglicano Evilásio Tenório,

A igreja emergente convida os cristãos, ou mesmo gente que nunca fez parte da Igreja, mas se diz cristã, a viverem sua fé totalmente à margem do

cristianismo oficial, seja em comunidades informais, sem qualquer título

denominacional e onde a teologia pregada fica sujeita a mutações constantes, ou até mesmo em comunidades oficiais (aqui já vemos a incoerência), mas

que adotam os mesmos princípios de reformulação teológica constante (ou

mesmo sem nenhuma teologia) rejeitando todo tipo de organização, ortodoxia inflexível. Assim a “igreja emergente” procura demonstrar e

redefinir crenças cristãs, não aceitam padrões, adaptam seus métodos à época

pós-moderna que vivemos, época esta que se caracteriza pela rejeição de

valores eternos, rejeição à autoridade e às instituições, opta pelo relativismo, ou seja, não existe “Verdade”, mas “verdades individuais”. Reúnem-se

informalmente em casas ou em eventos semanais em lugares variados.23

O que se constata disto tudo, é que para os precursores do pós-modernismo no arraial

evangélico, existe a necessidade de “desconstruir” o atual modelo de igreja para reconstruir

21

Disponível em: <www.pulpitocristao.com/2010/07/igreja-emergente-o-que-e-isso/ >Acesso em: 01 de

novembro de 2011. 22

Disponível em: <www.pulpitocristao.com/2010/07/igreja-emergente-o-que-e-isso/ >Acesso em: 01 de

novembro de 2011. 23

Disponível em: <www.dar.org.br/artigos/28-clero/1365-as-igrejas-emergentes-rev-evilasio-tenorio.html>

Acesso em: 01 de novembro de 2011.

Page 9: Artigo - História Da Filosofia

um novo modelo, que será o paradigma de igreja para alcançar o homem pós-moderno.

Seguindo esta linha de pensamento, se as igrejas históricas não romperem com suas estruturas

elas nunca irão ser relevantes na pós-modernidade.

Page 10: Artigo - História Da Filosofia

CONCLUSÃO.

Como igreja de Cristo, não podemos ficar alheios aquilo que se passa a nossa volta.

Temos e devemos fazer uma leitura correta da pós-modernidade, pois a mesma tem muito a

nos ensinar, como também tem muito o que devemos rejeitar, pois muitos dos seus princípios

ferem o Sola Scriptura.

Entretanto, devemos olhar para a pós-modernidade com as lentes do discernimento

bíblico. Discernimento, segundo Mac’Arthur,

É o processo de fazer distinções cuidadosas em nosso pensamento sobre a

verdade. Uma pessoa de discernimento é aquela que estabelece uma distinção

clara entre a verdade e a mentira. Discernir é pensar separando o preto e o branco – é a recusa consciente de pintar cada assunto com tons variados de

cinza. Ninguém pode discernir verdadeiramente, sem desenvolver a

habilidade de separar a verdade divina e a mentira.24

Todas as épocas tem as suas oportunidades e possibilidades, assim como as suas

desgraças e tentações. Por isso, a igreja evangélica não pode ficar entrincheirada dentro de

suas quatro paredes, se distanciando, ou se alienando da pós-modernidade devido as suas

ameaças.

Como mostramos, o pós-modernismo é hóstil ao Cristianismo, justamente porque o

Cristianismo prega ter a Verdade Absoluta, que é a Palavra de Deus, e o pós-modernismo não

aceita tal asseveração, pois advogam existirem várias verdades, cabendo a escolha do homem

a que mais lhe agrada. Não é porque esta época é hóstil ou rejeita a Verdade Absoluta do

Evangelho que a igreja vai se calar, se acomodar, ou simplesmente se alienar. Se a pós-

modernidade prega o relativismo, a imoralidade, o pluralismo, a igreja tem que ter o

discernimento de levantar a bandeira da pregação bíblica, sem medo dos rótulos ou

intolerância que isto pode causar.

Como foi mostrado também, o pós-modernismo prega uma total descrença nas

instituições, o que acaba afetando o conceito de igreja como instituição. Esta descrença tem

levado muitos “pastores” a romper com as estruturas e tradições eclesiásticas do modernismo,

achando que somente assim, novos membros serão alcançados pelo evangelho. Acreditam que

mudando com as estruturas eclesiásticas, rompendo com os dogmas existentes, a igreja poderá

24

MACARTHUR, John. Ouro de tolo? p.19.

Page 11: Artigo - História Da Filosofia

ser vista com bons olhos pelo homem pós-moderno. Diante de tudo o que foi exposto,

concluímos que “para ser verdadeiramente relevante na era pós-moderna, a igreja não precisa

sucumbir ao espírito da época; pelo contrário, a igreja pós-moderna só precisa recuperar e

aplicar sua herança espiritual.”25

25

VEITH, G.E. Tempos pós-modernos. p.17.

Page 12: Artigo - História Da Filosofia

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.

1) BENTON, John. Cristãos em uma sociedade de consumo. São Paulo-SP, Cultura

Cristã, 2002, 158p.

2) BÍBLIA. Bíblia de estudo de Genebra. Tradução de João Ferreira de Almeida, revista

e atualizada. São Paulo e Barueri, Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999,

1710p.

3) DE LIMA, Raymundo. Para entender o pós-modernismo. Revista espaço acadêmico,

nº35, 04/2004. Disponível em:

<http://www.espacoacademico.com.br/035/35eraylima.htm> Acesso em: 01 de

novembro de 2011.

4) DEYOUNG, Kevin e KLUCK, Ted. Não quero um pastor bacana:e outras razões

para não aderir à igreja emergente. São Paulo: Mundo Cristão,2011, 319p.

5) FILHO, Isaltino Gomes.A pós-modernidade, um desafio a pregação do evangelho,

2002. Disponível em: < http://www.luz.eti.br/es_aposmodernidadeumdesafio.html>

Acesso em: 01 de novembro de 2011.

6) GONÇALVES, Leonardo. Igreja emergente: o que é isso?12 de julho de 2010.

Disponível em: <www.pulpitocristao.com/2010/07/igreja-emergente-o-que-e-isso/

>Acesso em: 01 de novembro de 2011.

7) MACARTHUR, John. Com vergonha do evangelho. São José dos Campos-

SP,2ed.,Editora Fiel, 2004, 287p.

8) MACARTHUR, John. Ouro de tolo? Discernindo a verdade em uma época de erro.

São José dos Campos-SP, Editora Fiel,2006, 224p.

9) TENÓRIO, Rev. Evilásio. As igrejas emergentes. 10 de agosto de 2010. Disponível

em: <www.dar.org.br/artigos/28-clero/1365-as-igrejas-emergentes-rev-evilasio-

tenorio.html> Acesso em: 01 de novembro de 2011.

10) VEITH, G.E. Tempos pós-modernos. São Paulo-SP, Cultura Cristã, 1999, 240p.

11) WIKIPEDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3s-

modernidade> Acesso em: 01 de novembro de 2011.