Entenda o que acontece nos pases que mais enviam refugiados Europa

AULA DE SOCIOLOGIA HISTRIA FILOSOFIA / PROF . JULIO SOSA

ENTENDA O QUE ACONTECE NOS PASES QUE MAIS ENVIAM REFUGIADOS EUROPA

ENTENDA O QUE ACONTECE NOS PASES QUE MAIS ENVIAM REFUGIADOS EUROPA

Violncia de Estado Islmico, Boko Haram, Al Shabab e dos prprios governos motivam milhes de pessoas a fugirem de seus pases Sria, Afeganisto, Eritreia, Nigria e Somlia e arriscarem suas vidas na tentativa de chegar Europa

Guerra, prises arbitrrias, torturas, violncia sexual, represso Pelo menos seis em cada dez pessoas que chegaram Europa pelo mar Mediterrneo nos primeiros oito meses de 2015 vm de pases em que as violaes de direitos humanos so constantes. Na Sria, milhares de pessoas esto presas, sequestradas ou desaparecidas e cerca de 250 mil civis vivem em estado de stio. O conflito no Afeganisto deixou 4.853 vtimas mortais no primeiro semestre de 2014. Na Eritreia, as liberdades de expresso, associao e religio no so respeitadas.

Este ano, 43% das pessoas que chegaram aos pases europeus atravs do Mediterrneo vieram da Sria, a maioria delas passando pela Grcia. Outros 12% vm do Afeganisto, tambm pela Grcia. Da Eritreia vm 10% delas, que chegam principalmente Itlia. As seguintes nacionalidades majoritrias so Nigria (5%) e Somlia (3%), que tambm chegam sobretudo s costas italianas.

SRIA: UM CONFLITO COM MAIS DE 200 MIL MORTOS

A Sria est h quatro anos mergulhada em um conflito em que j morreram cerca de 200 mil pessoas, segundo dados da Anistia Internacional (AI). Cerca de 11,6 milhes delas tiveram que abandonar suas casas, das quais quatro milhes fugiram para outros pases, enquanto o resto se espalhou pela Sria. Estes quatro milhes de refugiados esto em sua maioria nos vizinhos Turquia, Lbano, Iraque e Egito.

Uma das pessoas que fugiram da Sria Rami, 27 anos, que conta que escapou de Raqqa quando a cidade foi tomada pelo grupo extremista Estado Islmico. Se eu tivesse ficado, sem dvida teriam me matado, sem fazer perguntas. O pior que meus prprios primos tambm foram atrs de mim. Quase todos eles tinham aderido ao Estado Islmico. Quase todo mundo em Raqqa tinha passado para o lado do EI, por isso so to fortes e no havia ningum que pudesse me dar proteo, conta.

Alm disso, milhares de pessoas esto presas, sequestradas ou desaparecidas e so vtimas de torturas e maus tratos, e cerca de 250 mil civis vivem em estado de stio e carecem de alimentos, medicamentos e combustvel. Esta situao afeta gravemente a infncia: 5,6 milhes de crianas sofrem na Sria situaes extremas de pobreza, deslocamento e estado de stio, de acordo com dados da Unicef.

AFEGANISTO: TALIB SEGUE CONTROLANDO PARTE DO PAS

Ainda que a OTAN tenha encerrado a misso no Afeganisto no fim de 2014, a situao no pas est longe de ser estvel. Nos primeiros seis meses do ano passado, 4.853 pessoas morreram no conflito no pas, uma cifra que duplicou desde 2009, segundo um informe da Anistia Internacional. O grupo extremista Talib segue controlando boa parte do pas, onde so frequentes detenes arbitrrias em que se nega aos suspeitos o direito ao processo devido. A Anistia tambm denuncia violaes da liberdade de expresso e aplicaes da pena de morte em julgamentos sem garantias.

Segundo a ONU, oito em cada dez mulheres afegs j sofreram violncia psicolgica, fsica ou sexual. A artista Kubra Khademi uma delas: ao realizar uma performance nas ruas de Kabul em maro desse ano, ela teve que acelerar o passo e entrar rapidamente dentro do carro de um amigo, porque sua ao incendiou os transeuntes, que a insultaram, ameaaram e agrediram fisicamente, inclusive saltando em cima do carro que a resgatou.

ERITREIA: SERVIO MILITAR OBRIGATRIO POR TEMPO INDEFINIDO

O Informe Mundial 2015 da organizao Human Rights Watch (HRW) qualifica a situao dos direitos humanos na Eritreia de deplorvel. A ONG denuncia que as detenes arbitrrias so a norma: os presos nem sempre conhecem as razes de sua priso, ficam detidos por tempo indefinido e poucos ou nenhum deles so julgados. Tampouco se respeitam outros direitos humanos bsicos como as liberdades de expresso, associao e religio: Desde 2001, o governo controla com firmeza o acesso informao e no permite o trabalho de publicaes independentes, sindicatos e ONGs, afirma o informe, que tambm indica que o governo acossa os cidados de religies que no as quatro reconhecidas no pas (o islamismo sunita e o cristianismo ortodoxo, catlico e luterano).

Outra razo que motiva as pessoas a fugir do pas o servio militar obrigatrio. Ainda que oficialmente dure 18 meses, na prtica ele tem uma durao indefinida, que frequentemente se estende a mais de uma dcada. O servio militar no tem fim, para toda a vida, afirma um refugiado eritreu de 14 anos de idade, cujo testemunho figura no informe da HRW. Alm disso, o servio militar obrigatrio utilizado como fonte de trabalhos forados para o Estado.

NIGRIA: O MEDO DE SER SEQUESTRADO OU ASSASSINADO

A Nigria tambm tem problemas graves com relao aos direitos humanos. Mulheres, homens e crianas vivem sob o constante temor de serem sequestrados e assassinados pelo Boko Haram e de serem submetidos a deteno arbitrria, tortura e inclusive a morte nas mos do Exrcito,afirma a Anistia Internacional. Sete em cada dez pessoas presas no pas no foram declarados culpados de nenhum delito.

A estes problemas se somam os ocasionados pela pobreza e desigualdade. Segundo a Anistia, uma em cada trs pessoas na Nigria vive em favelas ou assentamentos informais em condies de pobreza e superlotao, com acesso limitado a gua potvel e sob a ameaa constante de remoo forada.

SOMLIA: UMA GUERRA QUE J DURA 24 ANOS

Na Somlia est em andamento um conflito armado que j dura 24 anos e que segue deslocando, ferindo e matando civis, diz o Informe Mundial 2015 da HRW. As foras de segurana do pas so responsveis por ataques indiscriminados, violncia sexual e detenes arbitrrias.

A justia administrada em grande medida pela jurisdio militar, com procedimentos que no correspondem aos padres internacionais de julgamento justo. O grupo terrorista Al Shabab recruta crianas e ataca escolas, e a ONU tambm j documentou casos de recrutamento infantil por parte das foras do governo.

OUTRAS IMAGENS HISTRICAS

A menina vietnamita, Kim Phuc, com 9 anos de idade

No dia 8 de junho de 1972 o fotgrafo Huynh Cong Nick Ut, da Associated Press, realizava a imagem que viria a se tornar a mais famosa da Guerra do Vietn. Na

foto, uma menina vietnamita, Kim Phuc, de apenas 9 anos de idade corre pela estrada nua e gritando em meio indiferena dos soldados norte-americanos, logo aps

ter sua aldeia incendiada por uma bomba de napalm.

A fotografia de uma menina sudanesa, que estava se arrastando em direo a um posto de alimentao. Foi registrada pelo

fotgrafo sul-africano Kevin Carter, em 1993. Foi adquirida pelo New York Times, ganhou o prmio Pulitzer de 1994 (mais

importante prmio jornalstico do mundo) , e deu mais resultado do que qualquer outra reportagem para chamar a ateno sobre a

fome no continente africano.

OS 13 MAIORES CAMPOS DE REFUGIADOS DO MUNDO

1. Dadaab, QuniaLocalizao: nordeste do Qunia, prximo fronteira com a Somlia, na fricaHabitantes: 402,361 pessoasContexto: um complexo de cinco campos abriga pessoas que fugiram da guerra civil na vizinha Somlia.

2. Dollo Ado, EtipiaLocalizao: sudoeste da EtipiaHabitantes: 198,462 pessoasContexto: complexo de cinco campos abriga somalianos que fugiram das condies precrias (fome e seca) de seu pas

3. Kakuma, QuniaLocalizao: noroeste do Qunia, prximo fronteira com o Sudo do SulHabitantes: 124,814 pessoasContexto: o campo abriga somalianos e sudaneses que fugiram das guerras e condies precrias em seus pases de origem

Esta semana, a cena triste ficou por conta do tratamento desumano por parte de alguns policiais, que, usando mscaras, atiravam de longe alguns pacotes de comida sobre um pequeno cercado uma verdadeira priso recheado com mais de 150 refugiados famintos.

Entretanto, outra imagem rodou as telas do mundo tambm e, desta vez, resgatou a f na humanidade: perto da cidade de Szeged, na mesma regio da Hungria, um garotinho foi clicado oferecendo aos guardas um biscoito. O registro foi feito pelo reprter da NBC, Carlo Angerer, que publicou em seu Twitter.

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