artigo direito previdenciario-aposentadoria por tempo de contribuicao

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APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO E SEUS ASPECTOS LEGAIS Alunos 1 Acelino F. B. dos Santos Idalice Ramos Juliana Rangel B. dos Santos Luana Araújo Ricardo Mores Rosana Aguilera Salete Bordignon RESUMO Este artigo tem o objetivo principal de identificar os principais aspectos institucionais legais para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição ou tempo de serviço, bem como aponta os requisitos legais a serem cumpridos pelo trabalhador. A análise destaca a importância dos fatores positivos, tais como a possibilidade do trabalhador após a concessão de sua aposentadoria permanecer no mercado de trabalho e identifica os fatores negativos dessa modalidade de aposentação em relação ao Sistema Previdenciário brasileiro e o trabalhador. O estudo procura mostrar diferencial dessa modalidade de aposentação na aplicação da média aritmética e do fator previdenciário para estabelecer o salário-de-benefício, seus fatores positivos e negativos INTRODUÇÃO Durante toda a sua vida o trabalhador esta exposto a uma gama diversificada de eventos que podem afetar sua vida 1 Alunos do 8° Período do curso de Direito das Faculdades OPET.

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Page 1: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO E SEUS ASPECTOS LEGAIS

Alunos1

Acelino F. B. dos SantosIdalice Ramos

Juliana Rangel B. dos SantosLuana Araújo

Ricardo MoresRosana Aguilera

Salete Bordignon

RESUMO

Este artigo tem o objetivo principal de identificar os principais aspectos

institucionais legais para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição

ou tempo de serviço, bem como aponta os requisitos legais a serem cumpridos pelo

trabalhador. A análise destaca a importância dos fatores positivos, tais como a

possibilidade do trabalhador após a concessão de sua aposentadoria permanecer no

mercado de trabalho e identifica os fatores negativos dessa modalidade de

aposentação em relação ao Sistema Previdenciário brasileiro e o trabalhador. O

estudo procura mostrar diferencial dessa modalidade de aposentação na aplicação

da média aritmética e do fator previdenciário para estabelecer o salário-de-benefício,

seus fatores positivos e negativos

INTRODUÇÃO

Durante toda a sua vida o trabalhador esta exposto a uma gama diversificada

de eventos que podem afetar sua vida social. É intrínseco à própria natureza

humana que o indivíduo envide todos os esforços individuais e coletivos, destinados

a promover o seu bem-estar e de sua família e a superar eventuais situações de

privação dos bens necessários para uma vida digna em sociedade. Por conseguinte,

será na ausência dos rendimentos decorrentes do trabalho que a importância da

previdência social, direito fundamental material e formal, poderá ser sentida em sua

plenitude. Os trabalhadores segurados também estão abrangidos pela proteção

previdenciária do Estado, embora esta, até recentemente, contemplasse alguns

critérios significativos diferenciados. 1 Alunos do 8° Período do curso de Direito das Faculdades OPET.

Page 2: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

No desenvolvimento introdutório da pesquisa é apresentada de forma

superficial a base constitucional da Previdência Social, apontando os regimes

oficiais da Previdência no Brasil, e o regime complementar que se encontra ao lado

do sistema oficial constitucional como desdobramento da Seguridade Social no

pertinente à exigência de um nível aprofundado de proteção social.

O presente estudo busca examinar as regras institucionais e legais de

aposentadoria por tempo de contribuição ou tempo de serviço expressamente

inseridas no texto constitucional e leis esparsas, análise que será efetuada mediante

a contextualização da realidade indispensáveis para a compreensão dessa

modalidade de aposentação, com base nisso, aponta os requisitos legais

obrigatórios a serem cumpridos pelo trabalhador segurado para obtenção de tal

benefício.

O artigo expõe as características e as diferenças dessa modalidade de

aposentação, dá detalhes do fato gerador especificando as exigências em relação

ao tempo de contribuição a ser provado pelo trabalhador segurado. Na seqüência,

aponta as diferenças existentes em relação aos requisitos exigíveis para o

profissional professor, bem como a possibilidade de concessão da aposentadoria

proporcional extinta pela Emenda Constitucional n. 20/98, mas que em virtude das

regras de transição prevista na citada Emenda Constitucional, ainda é possível sua

concessão.

Em relação às premissas utilizadas para elaboração dos cálculos do salário –

beneficio, a pesquisa traz de forma pedagógica as fórmulas estabelecidas

legalmente, demonstrando através de exemplos sua devida aplicação.

No desenvolvimento da pesquisa, são apontados os beneficiários legais

dessa modalidade de aposentação, à possibilidade da contagem recíproca desse

tempo, como também o período de atividade do contribuinte individual. Por fim,

como, e em que momento dá-se o inicio do benefício, bem como as hipóteses de

cessação da aposentadoria por tempo de contribuição.

Antes de adentrar no estudo da Aposentadoria por Temo de Contribuição, é

necessário que conhecer alguns conceitos introdutórios do Sistema Previdenciário

do Brasil.

Page 3: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

1. Base Constitucional da Previdência no Brasil

A Previdência Social brasileira é compreendida como um grande seguro

coletivo, contributivo e obrigatório e compreende os regimes básicos (compulsórios),

quais sejam: a) O Regime Geral da Previdência Social, previsto no artigo 201 da

Constituição Federal/882, organizado para os trabalhadores da iniciativa privada; b)

Os Regimes Próprios dos Servidores Públicos, desenhado para os servidores

titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, conforme artigo 40 da

Constituição Federal/883, (com redação determinada pelo artigo 3° da Emenda

Constitucional n. 41, de 19/12/2003), bem como os regimes complementares que

são facultativos.

A obrigatoriedade dos regimes básicos é compreendida no fato de que o

exercício de uma atividade profissional implica por lei a constituição de uma relação

de seguro de interesse público, de modo que os sujeitos protegidos vertem

contribuições obrigatórias e sem a menor garantia de que suas cotizações

reverterão em seu favor, como ocorreria se se tratasse de um seguro facultativo.

Contudo, a ordem constitucional de previdência não se aperfeiçoa sem o

Regime de Previdência Complementar, fundamentado no artigo 202 da Constituição

federal, com gestão pela iniciativa privada, e no artigo 40 §§ 14 e 15 da Constituição

Federal/88, com gestão oficial, previsto para os servidores públicos. Embora

facultativo e subsidiário ao sistema básico de previdência, o regime complementar

encontra-se ao lado desta no sistema constitucional, como desdobramento da

Seguridade Social no pertinente à exigência de um nível aprofundado de proteção

social.

2. O Regime Geral de Previdência Social – RGPS

O Regime Geral de Previdência Social – RGPS tem como objetivo amparar os

trabalhadores da iniciativa privada de caráter compulsório e sistema distributivo, com

2 Artigo 201 da Constituição Federal/88, “A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (...)”. 3 Artigo 40 da Constituição Federal/88, “Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro atuarial e o disposto neste artigo”, (...).

Page 4: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

limite de valor mínimo e máximo de contribuição e também de benefícios4. Esta

previsto no artigo 201 da Constituição Federal de 1988, artigo 9° da Lei n. 8.213/91 e

no artigo 6° do Regulamento da Previdência Social - RPS, aprovado pelo Decreto n.

3.048/99 e visa atender os beneficiários em todas as situações previstas no artigo 1°

da Lei 8.213/91, que estatui:

“art. ° A Previdência Social, mediante contribuição, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção, por motivo de incapacidade, desemprego involuntário, idade avançada, tempo de serviço, encargos familiares e prisão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente”.

O Regime Geral de Previdência Social – RGPS é núcleo de atenção do

Direito Previdenciário, conhecido como o regime de previdência mais amplo,

responsável pela cobertura da maioria dos trabalhadores brasileiros. Toda pessoa

física que exerça alguma atividade remunerada é, obrigatoriamente, filiada a este

regime previdenciário, exceto se esta atividade já gera filiação obrigatória a

determinado regime próprio de previdência5, conforme prevê o artigo 201, § 5° da

Constituição Federal/886.

Este regime é inspirado pelo principio da uniformidade e equivalência das

prestações urbanas e rurais. Ademais a contribuição previdenciária é um tributo de

afetação obrigatória onde seu pagamento esta diretamente relacionada a um

objetivo certo e futuro.

O Regime Geral da Previdência Social é administrado pelo instituto Nacional

do Seguro Social e compreendem os benefícios em relação aos segurados de:

Aposentadoria por invalidez; Aposentadoria por idade; Aposentadoria por tempo

de contribuição (objeto dessa pesquisa); Aposentadoria especial; Auxílio-doença;

Auxílio-acidente; salário-família; Salário-maternidade; e os serviços quanto ao

dependente são: Pensão por morte e Auxílio reclusão e os serviços quanto ao

segurado e dependente, tem-se a: Reabilitação profissional e o Serviço social.

3. Da aposentadoria por tempo de contribuição

4 DARTORA, Cleci Maria. Aposentadoria do professor: aspectos controvertidos./Curitiba: Juruá, 2009. P. 111.5 Goes, Hugo Medeiros de, 1968 – Manual de direito previdenciário / Hugo Goes. – 5.ed. atualizada de acordo com a Lei n. 12.470, de 31 de agosto de 2011. – Rio de Janeiro : Ed. Ferreira, 2011. Pg.66.6 Artigo 201, § 5° da Constituição Federal/88, “É vedada a filiação ao regime geral da previdência social, na qualidade de facultativo, de pessoa participante de regime próprio de previdência”.

Page 5: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

A aposentadoria, como é conhecida, remonta à Lei Eloy Chaves7, então

denominada Aposentadoria Ordinária e que, em tempos posteriores veio a chamar-

se aposentadoria por tempo de serviço, denominação esta, substituída por

aposentadoria por tempo de contribuição após a instituição da Emenda

Constitucional n. 20 de 16 de dezembro de 1998.

A aposentadoria por tempo de contribuição é a modalidade de aposentadoria

que mais se utilizada no Brasil e é concedida de acordo com o tempo de serviço ou

tempo em que o segurado tenha contribuído para o sistema previdenciário, é

complexa na apuração do salário-de-benefício8, considerando que para os cálculos

são utilizados requisitos que gera dúvidas pelos segurados. É importante esclarecer

que a denominação “tempo de serviço” foi alterada a partir da publicação da

Emenda Constitucional n. 20 de 15 de dezembro de 1998 para a nomenclatura

“tempo de contribuição”. O objetivo desta alteração foi adotar de forma definitiva o

aspecto contributivo no regime previdenciário, ou seja, para fins de aposentadoria,

apenas o tempo em que o segurado efetivamente contribuiu para a previdência

social, proibindo, assim, a contagem e tempo ficto.

A aposentadoria por tempo de contribuição é direito constitucional previsto no

artigo 201 § 7°, I da Constituição Federal/88, que estatuí:

(...), § 7° É assegurada aposentadoria no regime geral da previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições; (§ 7°, caput, com redação determinada pela EC n. 20/98)I – 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, se homem, e 30 (trinta) anos de contribuição, se mulher; (inciso I acrescentado pela EC n. 20/98), (...).

O tema é disciplinado pelos artigos 52 a 56 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de

1991 que trata do direito de todos os filiados ao Regime Geral da Previdência Social

que, cumprida a carência exigida, à aposentadoria de forma integral ou proporcional,

bem como nos artigos 56 a 63 do Regulamento da Previdência Social - RPS.

No Regime Geral de Previdência Social, não há exigência de idade mínima,

para a concessão de aposentadoria por tempo de contribuição de 60 anos para

homem e 55 anos para mulher. Embora essa exigência constasse do projeto original

7 DECRETO n. 4.682/23. Lei Eloy Chaves: HTTP://www81.dataprev.gov.br, visitado em 10/10/2012 8 Salário-de-Benefício, é base de cálculo do tributo que fundamenta a relação de custeio, que por sua vez, corresponde à média simples dos salários-de-contribuição.

Page 6: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

da Emenda Constitucional n. 20/98 a proposta foi rejeitada pelo Congresso Nacional.

A exigência cumulativa de idade e tempo de contribuição só existe nos regimes

próprios de previdência social. No Regime Geral de Previdência Social - RGPS, a

aposentadoria por tempo de contribuição e aposentadoria por idade são benefícios

distintos, cada um com seus respectivos requisitos.

Antes da publicação da Emenda constitucional n. 20/98, contava-se como

tempo de serviço períodos de afastamento do segurado para realização trabalhos ou

estudo, independente se este não efetuasse contribuição para o sistema. Hoje, à

exceção de contagens de tempo fictícias como licenças prêmios não gozadas que

era contado em dobro, todo o tempo de serviço está sendo utilizado como tempo de

contribuição, em consonância com o disposto no artigo 4°, da citada Emenda, “o

tempo de serviço considerado pela legislação vigente para efeito de aposentadoria

cumprido até que a lei discipline a matéria, será contado como tempo de

contribuição”. Contudo, tais situações não são compatíveis com um regime

previdenciário de natureza contributiva que busca o equilíbrio financeiro e atuarial

estatuído no caput do artigo 201 da Constituição federal de 1988, “A previdência

social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de

filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e

atuarial, e atenderá, nos termos da lei (...)”.

3.1Aposentadoria dos Professores

O professor tem como objeto de seu trabalho a produção de ensino que é

desenvolvida sobre pessoas que não constituem matéria morta, inanimada. Ele

trabalha com seres com as mesmas características físicas, com vontades,

sentimentos, necessidades, desejos e, principalmente, com a capacidade de pensar.

Nessa condição, seu objeto de trabalho impõe limites específicos de natureza física,

considerando que os alunos possuem diferentes capacidades de suportar

determinada carga de trabalho, psicológica, cultural, econômica e social.

Ademais, seu trabalho acontece em ambiente escolar (sala de aula) com

grande quantidade de alunos e em condições precárias de ambiente físico. Nesse

sentido, supõe uma organização de trabalho em que habilidades humanas são

Page 7: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

necessárias para que aconteça a organização coletiva, onde se exige que cada

indivíduo abdique de si para que seja possível a produção.

Vale ainda complementar, que no espaço sala de aula, o professor tenderá a

conviver com a complexidade própria da realidade onde surgi sentimentos e atitudes

para serem trabalhados, além das habilidades e conhecimentos. Trata-se de

ambiente que desponta todas as vicissitudes humanas de ponta a ponta, tais como:

conflitos, alegrias, expectativas mal ou nunca satisfeitas, recalques, exibicionismo,

esperanças, avanços e retrocessos9.

Esse trabalho específico realizado pelo professor impõe determinadas

restrições aos indivíduos quanto à liberdade de distribuição do tempo, de

locomoção, de posicionamento físico, de tempo de dedicação a uma tarefa, criando

uma racionalidade que torna o esforço conjunto mais produtivo do que se a mera

soma de esforços individuais fosse realizada separadamente10. Diante desse quadro,

aumentam as possibilidades de surgir no professor problemas de ordem física e

psicológica, como o estresse sofrido em sala de aula, causado pelas péssimas

condições de trabalho citadas, as lesões por esforços repetitivos, os problemas nas

cordas vocais e problemas emocionais de toda ordem.

A constituição Federal de 1988 estabeleceu em seu artigo 201, § 8°, o plus da

aposentadoria por tempo de contribuição para o professor “..., reduzidos em 5

(cinco) anos para o professor que comprove, exclusivamente, tempo de efetivo

exercício das funções de magistério na educação infantil, no ensino fundamental ou

no ensino médio”, ou seja 30 anos de contribuição para o homem e de 25 anos de

contribuição para a mulher.

Ao constar no texto a expressão funções do magistério, o legislador abrangeu

todos aqueles que trabalham na educação infantil, ensino fundamental e médio, que

são os especialistas, coordenadores pedagógicos, orientadores e diretores, até

porque tem que ser professor para galgar uma dessas funções. Portanto, o tempo

de efetivo magistério é condição sine qua non para alcançar a aposentadoria na

forma estabelecida na Constituição Federal de 1988.

Nesse Sentido, no julgamento da ADIn n. 377211 o Supremo Tribunal Federal,

entendeu, que as atividades de exercício de direção de unidade escolar,

9 MASETTO, Marcos Tarciso, Aulas vivas. São Paulo : MG Editoras Associados, 1992.10 DARTORA, Cleci Maria. Aposentadoria do professor: aspectos controvertidos./Curitiba: Juruá, 2009.p2111 STF, ADI 3772/DF, Rel. Orig. Min. Carlos Brito, Rel. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, Data do Julgamento 29.10.2008.

Page 8: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

coordenação e assessoramento pedagógico também terão tempo de contribuição

reduzido em cinco anos, desde que exercidas em estabelecimento de ensino básico

por professores, pacificando dessa forma, o que efetivamente satisfaz a realidade

fática e o contesto social em que se encontrem os orientadores, coordenadores e

diretores de estabelecimentos de ensino básico.

Processo: ADI 3772 DF Relator(a): Min. CARLOS BRITTO Julgamento: 29/10/2008 Órgão Julgador: Tribunal Pleno - Publicação: DJe-059 DIVULG 26-03-2009 PUBLIC 27-03-2009 REPUBLICAÇÃO: DJe-204 DIVULG 28-10-2009 PUBLIC 29-10-2009 EMENT VOL-02380-01 PP-00080AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE MANEJADA CONTRA O ART. 1º DA LEI FEDERAL 11.301/2006, QUE ACRESCENTOU O § 2º AO ART. 67 DA LEI 9.394/1996. CARREIRA DE MAGISTÉRIO. APOSENTADORIA ESPECIAL PARA OS EXERCENTES DE FUNÇÕES DE DIREÇÃO, COORDENAÇÃO E ASSESSORAMENTO PEDAGÓGICO. ALEGADA OFENSA AOS ARTS. 40, § 5º, E 201, § 8º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INOCORRÊNCIA. AÇÃO JULGADA PARCIALMENTE PROCEDENTE, COM INTERPRETAÇÃO CONFORME. I - A função de magistério não se circunscreve apenas ao trabalho em sala de aula, abrangendo também a preparação de aulas, a correção de provas, o atendimento aos pais e alunos, a coordenação e o assessoramento pedagógico e, ainda, a direção de unidade escolar. II - As funções de direção, coordenação e assessoramento pedagógico integram a carreira do magistério, desde que exercidos, em estabelecimentos de ensino básico, por professores de carreira, excluídos os especialistas em educação, fazendo jus aqueles que as desempenham ao regime especial de aposentadoria estabelecido nos arts. 40, § 5º, e 201, § 8º, da Constituição Federal. III - Ação direta julgada parcialmente procedente, com interpretação conforme, nos termos supra.

Destaque-se também, com relação à expressão funções do magistério foi

editada a Lei n. 11.301/06, onde as interpretações diversas da expressão funções do

magistério foi parcialmente resolvidas, a qual prevê que são consideradas como

funções do magistério, além das exercidas por professores e especialista em

educação, no desempenho de atividades educativas, as executadas na direção de

unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico. Contudo, em

razão da ampliação excessiva admitida pelo texto da referida lei, o artigo 56 do

Regulamento da Previdência Social – RPS, adequou pelo Decreto n. 6.722/08, ao

deliberado pelo Supremo Tribunal Federal, que admitiu o alargamento das

atividades de professor, que eram restritas à sala de aula. Vale lembrar que a Lei

12.014, de 06 de agosto de 2009, dando nova redação ao artigo 61 da Lei n.

9.394/96, fixa quais são os profissionais da educação escolar básica. Este diploma

Page 9: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

legal abre a possibilidade do enquadramento de outros profissionais, com base no

alargamento da Lei n. 11.301/06.

Para a obtenção da redução do tempo de contribuição, o professor deverá

comprovar sua condição de professor através de: a) do respectivo diploma

registrado nos órgãos competentes federais e estaduais, ou qualquer outro

documento que comprove a habilitação para o exercício do magistério, na forma da

lei especifica; b) dos registros em Carteira Profissional e/ou Carteira de Trabalho e

Previdência Social complementados, quando for o caso, por declaração do

estabelecimento do ensino onde foi exercida a atividade, sempre que necessária

essa informação, para efeito e caracterização do efetivo exercício da função de

magistério.

O professor poderá apresentar para efeito de tempo de contribuição para a

concessão de sua aposentadoria, o tempo de serviço público Federal, Estadual, do

Distrito federal ou Município, o de beneficio por incapacidade, recebido entre

períodos de atividades, o de beneficio por incapacidade, decorrente de acidente do

trabalho, intercalado ou não.

3.2 Beneficiários da Aposentadoria por Tempo de Contribuição.

Todos os segurados do Regime Geral da Previdência Social têm direito a

aposentadoria por tempo de contribuição e estão classificados nos termos dispostos

das Seções I e II da Lei 8.213/91. Entretanto, é necessário fazer algumas ressalvas

em relação a:

a) Segurado Especial: Os trabalhadores que são considerados segurados

especiais estao definidos no texto constitucional, conforme previsto no § 8° do

artigo 195 da Constituicao Federal, que determina um tratamento diferenciado a

ser dado a estes trabalhadores, nos seguintes termos:

“§ 8° O produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais e o pescador artesanal, bem como os respectivos cônjuges, que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, sem empregados permanentes, contribuirão para a seguridade social mediante a aplicação de uma alíquota sobre o resultado da comercialização da produção e farão jus aos benefícios nos termos da Lei, (com redacao determinada pela EC n. 29/98)”.

Destaque-se também, a Lei 8.213/91 que garantiu aos segurados especiais a

percepção de alguns benefícios, dentre eles o da aposentadoria por tempo de

Page 10: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

contribuição desde que contribua para o sistema previdenciário com alíquota de 20%

(vinte por cento) sobre o salário-de-contribuição.

Neste sentido a Súmula 272 do STJ estabelece:

“Súmula 272/STF O trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuição obrigatória sobre a produção rural comercializada somente faz jus à aposentadoria por tempo de contribuição, se recolher contribuição facultativa”.

Portanto o segurado especial faz jus à aposentadoria por tempo de contribuição se

cumprir a carência exigida tenha contribuído facultativamente com a alíquota de 20%

(vinte por cento).

b) Contribuinte individual12: Esta categoria de segurado criada pela Lei n.

9.876/99, que reune as antigas espécies de segurados empresários, autonomos

e equiparado a autonomo, bem como os segurados facultativos13 que contribuam

com alíquota de 11% (onze por cento) sobre o salário mínimo, não farão jus à

aposentadoria por tempo de contribuição conforme disposto no artigo 18, § 3°, da

Lei 8.213/91:

“§ 3°, O segurado contribuinte individual, que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado, e o segurado facultativo que contribuam na forma do § 2°, do art. 21 da Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991, não farão jus à aposentadoria por tempo de contribuição”.

Contudo, o “§ 3°, do artigo 21 da Lei 8.212/91, prevê a faculdade para os

segurados que contribuam na forma do § 2°, do art. 21 da Lei n. 8.212/91, de

complementação da contribuição mensal mediante o recolhimento a Previdência

Social de 9% (nove por cento) para obtenção da aposentadoria por tempo de

contribuição.

3.3Carência

Carência, nos termos do artigo 24 da Lei n. 8.213, é: “período de carência é o

número mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário

faça jus ao benefício, consideradas a partir do transcurso do primeiro dia dos meses

de suas competências”. Desta forma, a carência é como um pré-requisito à

12 Aqui estão as pessoas que trabalham por conta própria, os empresários e os trabalhadores que prestam serviços de natureza eventual a empresas, sem vínculo empregatício,os sacerdotes, o sócio gerente e o sócio cotista que recebem remuneração decorrente de atividade em empresa urbana ou rural, os síndicos remunerados, os motoristas de táxi, os vendedores ambulantes, as diaristas, os pintores, os eletricistas, os associados de cooperativas de trabalho e outros.13 Segurado Facultativo, é uma espécie de segurado cuja filiação ao Sistema Geral da Previdência Social depende de sua vontade, considerando que a lei não obriga a filiar-se.

Page 11: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

concessão de benefício, ou seja, enquanto não se completar o período de carência

de determinado benefício o segurado não terá direito ao seu recebimento, por ser

uma das condições para seu deferimento.

A carência não se confunde com o tempo de contribuição. Um segurado pode

ter anos de contribuição, mas nenhuma carência14.

Portanto, a carência nos casos de aposentadoria por tempo de contribuição

será de 180 (cento e oitenta) contribuições mensais para os segurados inscritos

depois da vigência da Lei n. 8.213/91. Todavia, para os segurados inscritos na

Previdência Social Urbana até 24/07/91, bem como para os trabalhadores e

empregadores rurais antes amparados pela Previdência Social Rural, observa-se a

regra de transição prevista no artigo 142 da Lei 8.213/91. A regra de transição levará

em conta o ano em que o segurado implementar todas as condições necessárias à

obtenção do beneficio, de acordo com a seguinte tabela:

Carência das aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial para os

segurados inscritos até 24/07/1991.

Ano de implementação das condições Meses de contribuição exigidos

1991 60 meses

1992 60 meses

1993 66 meses

1994 72 meses

1995 78 meses

1996 90 meses

1997 96 meses

1998 102 meses

1999 108 meses

2000 114 meses

2001 120 meses

2002 126 meses

2003 132 meses

2004 138 meses

2005 144 meses

2006 150 meses

2007 156 meses

2008 162 meses

14 IBRAHIM, Fábio Zambitte. Curso de direito previdenciário – 16. Ed. – Rio de janeiro: Impetus, 2011, p.543.

Page 12: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

2009 168 meses

2010 174 meses

2011 180 meses

2012 186 meses

Fonte: www.previdencia.gov.br,, acesso em 13 de outubro 2012

1. Para os contribuintes de baixa renda que contribuem para a Previdência Social

com alíquota menor não terão direito aposentadoria por tempo de contribuição,

exceto se complementar a contribuição mensal mediante recolhimento por meio

de guia especifica para esse fim, sobre o salário mínimo em vigor na

competência a ser complementada, acrescido de correção monetária e juros

moratórios;

2. O contribuinte de baixa renda que optar pela opção de pagar a menor alíquota de

11% (onze por cento), que no caso seria a de Plano Simplificado estará

excluindo automaticamente o direito à aposentadoria por tempo de contribuição,

pois essa é premissa básica constante no artigo 12 da Lei 8.212/91, porém com

a faculdade do mesmo em complementar, mediante pagamentos da diferença;

3. Para o (a) empregado (a) doméstico(a), o contribuinte individual e o facultativo a

primeira contribuição a ser contada deve ter o seu pagamento efetuado dentro do

prazo legal de vencimento (Arts. 24 a 27, Lei nº 8.213/91Art. 30 da Lei nº

8.212/91);

4. Para o Segurado(a) Especial/Trabalhador(a) Rural, será exigida a comprovação

de exercício de atividade rural por tempo igual ao número de meses de

contribuição correspondentes à carência do benefício pretendido (§ 2º do art. 48

e art. 142 da Lei 8.213/91).

5. O tempo de recebimento de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez,

intercalado com período de atividade não é computado para efeito de carência e

somente para tempo de contribuição (Art. 55 da Lei nº 8.213/91 e Art. 60 do

Decreto nº 3.048/99).

6. O tempo de serviço como trabalhador rural, anterior à 11/91, não é computado

para efeito de carência (§ 2º, Art. 55, Lei nº 8.213/91)15.

3.3.1 Perda da qualidade de segurado

15 Itens 1, 2, 3, 4, 5, 6 - Fonte: www.previdencia.gov.br, acesso em 13 de outubro 2012

Page 13: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

A perda da qualidade de segurado é a extinção da relação jurídica existente

entre o segurado e a Previdência Social, acarretando, por conseguinte, a

caducidade dos direitos inerentes a essa qualidade16. Isto ocorre, conforme estatuído

no artigo 14 do Regulamento da Previdência Social, no dia seguinte ao do

vencimento da contribuição do contribuinte relativo ao mês imediatamente posterior

ao término dos prazos fixados.

No entanto, de acordo com o artigo 3°, da Lei n. 10.666 de 8 de março de

2003, prevê que a perda da qualidade de segurado não será considerada para a

concessão da aposentadoria por tempo de contribuição. Assim, perdendo a

qualidade de segurado e, posteriormente, readquirindo essa qualidade, o segurado

poderá aproveitar, para efeito da carência da aposentadoria por tempo de

contribuição, todas suas contribuições anteriores, sem a exigência de ter que

recolher após nova filiação um número de contribuições equivalentes a um terço

dessa carência, ou seja, 60 (sessenta contribuições mensais que corresponde a 5

(cinco) anos.

3.4 Direito Adquirido

O direito adquirido é aquele sem possibilidade de ser modificado sem sua

essência, isso é suscitado, principalmente por ocasião do advento de lei nova que

modifique o direito. Se o titular reúne os pressupostos exigíveis até a superveniência

da lei modificadora, o direito está assegurado e não sofre a mudança operada pela

nova lei, que se destina a situações futuras17

O texto constitucional assegura em seu artigo 201, inc. I, a cobertura de

eventos decorrentes de invalidez, doença, idade avançada e morte. Da leitura desse

dispositivo, destaca-se que a aposentadoria constitui uma prestação pecuniária, de

forma a substituir o salário e, portanto, de inexorável caráter alimentar, é beneficio

previdenciário. Contudo por conta das diversas modificações da legislação que

objetivaram a reforma da previdência, esse beneficio sofreu diversas alterações.

16 Goes, Hugo Medeiros de, 1968 – Manual de direito previdenciário / Hugo Goes. – 5.ed. atualizada de acordo com a Lei n. 12.470, de 31 de agosto de 2011. – Rio de Janeiro : Ed. Ferreira, 2011. Pg.147.17 CORREIA, Marcus Orione Gonçalves: CORREIA, Érica Paula Barcha. Direito previdenciário e constituição, p. 27.

Page 14: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

Entretanto, não se pode olvidar o fato que a aposentação inclui-se entre os

direitos constitucionais de proteção ao trabalhador18. E, assim sendo, a

aposentadoria constitui direito fundamental do cidadão, por atender ao princípio da

dignidade da pessoa humana, inscrito no inciso III, do artigo 1°, da Constituição

Federal de 1988, que trata dos princípios fundamentais do Estado democrático de

Direito19.

Diante dessas ponderações, quem houver completado o tempo de serviço

para a concessão da aposentadoria por tempo de contribuição até a data de

publicação da EC n. 20/1998, poderá entrar com o pedido do benefício em qualquer

época, sem a necessidade da comprovação de idade mínima. Esse segurado possui

o direito adquirido, isto é, cumpriu todos os requisitos legais para aposentar-se antes

da lei ser alterada.

3.5 Regra de transição

A regra de transição provocada pela Emenda Constitucional n. 20 de 15 de

dezembro de 1998, que modificou os requisitos para a obtenção de aposentadoria

poderia ser aplicadas de imediato a todos os segurados, salvo os beneficiários que

já haviam preenchidos todos os requisitos legais. Entretanto, como regra, as

inovações legais e constitucionais respeitam as expectativas de direito por meio de

regras de transição, aqui expostas:

3.6Fator Previdenciário

O Fator Previdenciário faz-se incidir, obrigatoriamente, no cálculo de

aposentadoria por tempo de contribuição, inclusive nas aposentadorias por tempo de

contribuição dos professores.

Depois da apuração da média aritmética simples de 80% (oitenta por cento)

maiores salários-de-contribição, multiplica-se o resultado pelo fator previdenciário

(Salário-de-benefício = média aritmética simples dos 80% > salários-de-contribuição

X Fator Previdenciário).

18 GARCIA, Maria. A emenda previdenciária e os direitos adquiridos. Cadernos de Direito Constitucional e Ciência Política, São Paulo, v.7, . 26, p. 116, jan./mar. 1999.19 ROCHA, Daniel Machado. (Coord.). Curso de especialização em direito previdenciário – Direito previdenciário constitucional – Vol. 1. 1. Ed. (ano 2005), 2 tir. / Curitiba: Juruá, 2006. p. 230 e 231.

Page 15: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

ALENCAR (2012) explica que, Salário-de-contribuição é o valor sobre o

qual se fez incidir a alíquota contributiva do segurado, ou seja, é a remuneração do

segurado, limitado ao valor-teto vigente no Regime Geral da Previdência Social –

RGPS. Nessa planura, o salário-de-contribução e a base de calculo do tributo que

fundamenta a relação de custeio, enquanto o salário-de-benefício é à base de

apuração da prestação previdenciária, garantidora da proteção social, enquanto

Salário-de-benefício é a media aritmética simples de determinado número de

salários-de-contribuição20.

O Fator Previdenciário conjuga os fatores: idade, expectativa de sobrevida21 e

o tempo de contribuição do segurado. Ademais os requisitos em relação à sobrevida

(Tábua Completa de Mortalidade22) que subsidiam o cálculo do Fator Previdenciário

para fins das aposentadorias por tempo de contribuição, regida pelo RGPS, é

divulgada anualmente, até o dia primeiro de dezembro de cada ano pelo IBGE.

O objetivo do fator previdenciário é proporcionar IBGE aposentadoria com

valores maiores conforme seja a idade e o tempo de contribuição do segurado. Ao

reverso, reduz o valor da aposentadoria se de tenra idade o segurado e se contribuiu

pouco à Previdência23. Neste sentido, pode-se defender que o fator Previdenciário,

como regra tem efeito de reduzir o beneficio, e, como exceção, de elevá-lo.

No cálculo, utiliza-se do coeficiente fixo de 0,31 (trinta e um décimo), que

corresponde à alíquotas contributiva máxima do empregado, 11% (onze por cento)

somado à alíquotas contributiva do empregador, de 20% (vinte por cento)

É importante registrar que o fator Previdenciário foi questionado na justiça por

segurados da Previdência Social que sentiram prejudicados com sua aplicação,

20 ALENCAR, Hermes Arrais. Cálculo de benefícios previdenciários: regime geral de previdência social: teses revisionais: da teoria à prática – 4. Ed. – São Paulo: Atlas, 2012. p. 5 HTTP://www.ibge.gov.br/home/estatistica/população/tábuaevida/2011/default.shtm; acesso em 10/10/2012.21 HTTP://www.ibge.gov.br/home/estatistica/população/tábuaevida/2011/default.shtm; acesso em 10/10/2012.22 O IBGE informa antecipadamente à sociedade que a Tábua de Mortalidade de 2011, a ser divulgada em 29/11/2012, incorporará as informações mais recentes sobre população e óbitos, por sexo e idade, provenientes do Censo Demográfico 2010, e as estatísticas vitais oriundas da pesquisa Estatísticas do Registro Civil do mesmo ano. Trata-se de um procedimento necessário de atualização, quando se trabalha com indicadores e/ou modelos demográficos prospectivos. Além disso, o desenvolvimento desta atividade cumpre, também, o propósito de gerar parâmetros atualizados da mortalidade do Brasil para serem incorporados à Projeção da População por Sexo e Idade para o Período 1980-2050 - Revisão 2012: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/tabuadevida/2010/default.shtm, visitado em 10/10/2012.23 ALENCAR, Hermes Arrais. Cálculo de benefícios previdenciários: regime geral de previdência social: teses revisionais: da teoria à prática – 4. Ed. – São Paulo: Atlas, 2012. p. 175.

Page 16: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

contudo o Supremo Tribunal Federal julgou a constitucionalidade da lei que instituiu

o Fator Previdenciário, isso significa que as ações a que vier solicitar a retirada do

Fator Previdenciário não serão aceitas em virtude dessa matéria estar pacificada na

jurisprudência. Neste sentido há a obrigatoriedade de aplicação do Fator

Previdenciário nos cálculos das aposentadorias por tempo de contribuição.

3.7 Renda mensal inicial

O valor da renda mensal inicial da aposentadoria por tempo de contribuição é

de 100% (cem por cento) do salário-de-benefício que será efetivamente o valor pago

ao segurado mensalmente, com aplicação obrigatória do Fator Previdenciário. É o

único caso de utilização compulsória do fator.

A renda mensal do beneficio que substituirá o salário-de-contribuição, não terá valor

inferior ao mínimo estabelecido constitucionalmente (art. 29 § 2°, Lei 8.213/91), nem

superior ao limite máximo do salário-de-contribuição na data do inicio do benefício,

conforme determina a mesma lei.

A base de cálculo aplicada para obtenção do valor do salário-de-benefício24

será apuração da média aritmética simples de 80% (oitenta por cento) maiores

salários-de-contribição25 de todo período contributivo, multiplicada pelo fator

previdenciário26 (Salário-de-benefício = média aritmética simples dos 80% >

salários-de-contribuição X Fator Previdenciário).

Para o segurado filiado ao Regime Geral da Previdência Social até, data

anterior a publicação da Lei 9.876/99, ou seja, 28/11/99, só serão considerados para

o cálculo do benefício, os salários-de-contribuição referentes às competências de

julho de 1994 em diante. As competências anteriores a julho de 1994 são

desprezadas para efeito dos referidos cálculos.

Ao segurado empregado, inclusive o doméstico, segue a partir da data do

desligamento do emprego quando requerida 90 (noventa) dias depois do pedido, ou,

a partir data do requerimento, quando não houver desligamento do emprego ou

quando for requerida após o prazo de 90 (noventa) dias, (art.49, inc. I letras “a”, “b”).

24 Salário-de-benefício – SB, é a media aritmética simples de determinado número de salários-de-contribuição.25 Salário-de-contribuição – SC, é o valor sobre o qual se fez incidir a alíquota contributiva do segurado, ou seja, é a remuneração do segurado, limitado ao valor-teto vigente no Regime Geral da Previdência Social – RGPS.26 Artigo 29 inc. I da Lei 8.213/91.

Page 17: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

3.8Aposentadoria proporcional

A aposentadoria proporcional foi extinta pela Emenda Constitucional n. 20/98.

No entanto, em virtude das regras de transição da EC n. 20, os segurados filiados ao

RGPS até 16/12/1998 ainda tem direito à aposentadoria com proventos

proporcionais ao tempo de contribuição.

De acordo com o com § 1°do artigo 9° da Emenda Constitucional n°20/98, o

segurado que tenha filiado ao Regime Geral da Previdência Social até 16/12/98 data

em que foi publicada a Emenda 20/98, temo direito de aposentar-se com proventos

proporcionais ao tempo de contribuição, desde que atendidas as seguintes

condições:

I – contar com 53 anos de idade, se homem, e 48 anos de idade, se mulher; e

II – contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de:

a) 30 anos, se homem, e 25 anos, se mulher; e

b) Um período adicional de contribuição equivalente a 40% do tempo que, em

16/12/98, faltaria para atingir o tempo constante da alínea anterior. Esse

período adicional é conhecido como “pedágio”.

Em relação à renda mensal da aposentadoria proporcional, esta será

equivalente a 70% (setenta por cento) do salário-de-benefício, acrescido de 5% por

ano de contribuição que supere a soma dos tempos de contribuição previstos no

item II, até o limite de 100%.

Diante ao que determina a Lei, a aposentadoria proporcional será concedida

aos segurados filiados ao Regime Geral da Previdência Social até 16/12/98 desde

que cumpra a regra de transição para o novo regime, ou seja, de idade mínima,

tempo de contribuição mínimo e pedágio.

Não haverá a aplicação do fator previdenciário no cálculo das aposentadorias cujo

direito tenha sido adquirido até 16/12/1998 ou 28/11/1999..

3.9Tempo de Contribuição

A Emenda Constitucional n. 20/98 determinou que o tempo de serviço para

efeito de aposentadoria considerado pela legislação anterior a Emenda

Constitucional será contado como tempo de contribuição até a criação de lei que

discipline a matéria (art. 4°, da EC/98). Contudo, deverá ser observado o disposto no

Page 18: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

art. 40, § 10, da Constituição Federal de 1988, “a lei não poderá estabelecer

qualquer forma de contagem de tempo de contribuição fictício”.

Em razão da falta de lei específica que defina o que deve ser considerado

como tempo de contribuição, a legislação previdenciária em especial o

Regulamento da Previdência Social – RPS, determina algumas diretrizes a serem

cumpridas.

Conforme o artigo 19 da RPS é considerado tempo de contribuição, contado

da data do requerimento ou do desligamento de atividade abrangida pela

previdência social, descontados os períodos legalmente estabelecidos, como

suspensão de contratos de trabalhos, de interrupção de exercício e de desligamento

da atividade. Em razão dessa presunção, cabe ao contribuinte individual comprovar

a interrupção ou o encerramento da atividade pela qual vinha contribuindo, sob pena

de ser considerado em débito no período sem contribuição.

A redação dada pelo Decreto 4.729/03 ao artigo 49 da RPS, determina que a

comprovação da interrupção ou encerramento da atividade do contribuinte individual

serão feitos, mediante declaração, ainda que extemporânea, e,para os empresários,

com base no distrato social, alteração contratual ou documento equivalente emitido

por uma junta comercial, secretaria federal, estadual, distrital ou municipal, ou por

outros órgãos oficiais, ou outra forma admitida pelo INSS.

O artigo 60, § 1°, do RPS prevê que não será computado como tempo de

contribuição o já considerado para concessão de qualquer aposentadoria do RGPS

ou por outro regime de previdência social.

Destaque-se ao que determina o art. 55, § 2°, da Lei 8.213/91 em relação ao

tempo de serviço do segurado trabalhador anterior à data de inicio de vigência da

Lei n. 8.213/91, poderá ser computado independente de recolhimento das

contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de carência. Contudo, em

relação ao tempo de serviço posterior a vigência da lei poderá ser computados

desde que o segurado efetue o pagamento do salário-de-contribuição referente ao

período a ser incluído no tempo de contribuição.

A respeito desse tema, confira-se o julgado do STJ:

“AGRAVO REGIMENTAL. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. ATIVIDADE RURAL EXERCIDA ANTES DA LEI N. 8213/91. CONTRIBUIÇÃO. DESNECESSIDADE. 1. A legislação previdenciária permite a contagem de tempo de serviço efetivamente prestado em atividade rural, antes da Lei 8.213/91, sem o recolhimento das respectivas contribuições, para fins de obtenção

Page 19: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

de aposentadoria por tempo de serviço, exceto para efeito de carência. 2. Para que o segurado faca jus à aposentadoria por tempo de serviço somando-se o período de atividade agrícola com o trabalho urbano sem contribuição, impõe-se que a carência tenha sido cumprida durante o tempo de serviço como trabalhador urbano. 3. Agravo regimental improviso”27.

Tambem sao contados como tempo de contribuição de acordo com o artigo

60 do Regulamento da Previdencia Social (aprovado pelo Decreto n°3.048/ 99), até

que lei especifíca discipline a matéria, são contados como tempo de contribuição,

entre outros:

I - o período de exercício de atividade remunerada abrangida pela previdência social

urbana e rural, ainda que anterior à sua instituição, respeitado o disposto no inciso

XVII;

II - o período de contribuição efetuada por segurado depois de ter deixado de

exercer atividade remunerada que o enquadrava como segurado obrigatório da

previdência social;

III - o período em que o segurado esteve recebendo auxílio-doença ou

aposentadoria por invalidez, entre períodos de atividade;

IV - o tempo de serviço militar, salvo se já contado para inatividade remunerada nas

Forças Armadas ou auxiliares, ou para aposentadoria no serviço público federal,

estadual, do Distrito Federal ou municipal, ainda que anterior à filiação ao Regime

Geral de Previdência Social, nas seguintes condições:

a) obrigatório ou voluntário; e

b) alternativo assim considerado o atribuído pelas Forças Armadas àqueles que,

após alistamento, alegarem imperativo de consciência, entendendo-se como tal o

decorrente de crença religiosa e de convicção filosófica ou política, para se eximirem

de atividades de caráter militar;

V - o período em que a segurada esteve recebendo salário-maternidade;

VI - o período de contribuição efetuada como segurado facultativo;

VII - o período de afastamento da atividade do segurado anistiado que, em virtude

de motivação exclusivamente política, foi atingido por atos de exceção, institucional

ou complementar, ou abrangido pelo Decreto Legislativo nº 18, de 15 de dezembro

de 1961, pelo Decreto-Lei nº 864, de 12 de setembro de 1969, ou que, em virtude de

pressões ostensivas ou expedientes oficiais sigilosos, tenha sido demitido ou

27 STJ, AgRg no REsp 706790/PR, rel. Min. Paulo Gallotti, 6 T, DJ 13/06/2005.

Page 20: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

compelido ao afastamento de atividade remunerada no período de 18 de setembro

de 1946 a 5 de outubro de 1988;

VIII - o tempo de serviço público federal, estadual, do Distrito Federal ou municipal,

inclusive o prestado a autarquia ou a sociedade de economia mista ou fundação

instituída pelo Poder Público, regularmente certificado na forma da Lei nº 3.841, de

15 de dezembro de 1960, desde que a respectiva certidão tenha sido requerida na

entidade para a qual o serviço foi prestado até 30 de setembro de 1975, véspera do

início da vigência da Lei nº 6.226, de 14 de junho de 1975;

IX - o período em que o segurado esteve recebendo benefício por incapacidade por

acidente do trabalho, intercalado ou não;

X - o tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior à competência

novembro de 1991;

XI - o tempo de exercício de mandato classista junto a órgão de deliberação coletiva

em que, nessa qualidade, tenha havido contribuição para a previdência social;

XII - o tempo de serviço público prestado à administração federal direta e autarquias

federais, bem como às estaduais, do Distrito Federal e municipais, quando aplicada

a legislação que autorizou a contagem recíproca de tempo de contribuição;

XIII - o período de licença remunerada, desde que tenha havido desconto de

contribuições;

XIV - o período em que o segurado tenha sido colocado pela empresa em

disponibilidade remunerada, desde que tenha havido desconto de contribuições;

XV - o tempo de serviço prestado à Justiça dos Estados, às serventias extrajudiciais

e às escrivanias judiciais, desde que não tenha havido remuneração pelos cofres

públicos e que a atividade não estivesse à época vinculada a regime próprio de

previdência social;

XVI - o tempo de atividade patronal ou autônoma, exercida anteriormente à vigência

da Lei nº 3.807, de 26 de agosto de 1960, desde que indenizado conforme o

disposto no art. 122;

XVII - o período de atividade na condição de empregador rural, desde que

comprovado o recolhimento de contribuições na forma da Lei nº 6.260, de 6 de

novembro de 1975, com indenização do período anterior, conforme o disposto no

art. 122;

XVIII - o período de atividade dos auxiliares locais de nacionalidade brasileira no

exterior, amparados pela Lei nº 8.745, de 1993, anteriormente a 1º de janeiro de

Page 21: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

1994, desde que sua situação previdenciária esteja regularizada junto ao Instituto

Nacional do Seguro Social;

XIX - o tempo de exercício de mandato eletivo federal, estadual, distrital ou

municipal, desde que tenha havido contribuição em época própria e não tenha sido

contado para efeito de aposentadoria por outro regime de previdência social;

XX - o tempo de trabalho em que o segurado esteve exposto a agentes nocivos

químicos, físicos, biológicos ou associação de agentes prejudiciais à saúde ou à

integridade física, observado o disposto nos arts. 64 a 70; e

XXI - o tempo de contribuição efetuado pelo servidor público de que tratam as

alíneas "i", "j" e "l" do inciso I do caput do art. 9º e o § 2º do art. 26, com base nos

arts. 8º e 9º da Lei nº 8.162, de 8 de janeiro de 1991, e no art. 2º da Lei nº 8.688, de

21 de julho de 1993.

XXII - o tempo exercido na condição de aluno-aprendiz referente ao período de

aprendizado profissional realizado em escola técnica, desde que comprovada a

remuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamento público e o vínculo

empregatício. (Acrescentado pelo D-006.722-2008)

3.10 Prova do tempo de contribuição

Desde 2003 a lei obriga o INSS aceitar os dados que estão no Cadastro

Nacional de Informações Sociais - CNIS, relativos, a vínculos, remunerações e

contribuições do segurado para fins de comprovação de tempo de contribuição e

tempo de serviço. Antes da publicação da lei 8.213/91 isso não era possível, o

segurado que perdia sua carteira de trabalho ou carnes de contribuição teria que

entrar com processo judicial requerendo a contagem, desde que essa informação

constasse do cadastro do INSS.

Para os segurados que laboraram entre o período de 1975 a 1985, os dados

estão guardados no INSS em micro-fichas que devem ser requeridos pelo segurado

através de um processo administrativo. Porém as dificuldades para aqueles

segurados que possuem tempo de contribuição anterior a 1975 considerando que a

maioria dos casos não há nenhum registro armazenado nos arquivos Previdência

Social. Neste caso, o segurado terá que (munido de provas) requerer o tempo de

contribuição através processo judicial.

Page 22: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

O caput do artigo 29 da Lei 8.213/91, determina que o INSS deverá utilizar as

informações constantes do CNIS sobre os vínculos e as remunerações dos

segurados, para fins de calculo do salário-de-benefício, comprovação de filiação ao

RGPS, tempo de contribuição e relação de emprego. A referida lei assegura o direito

ao segurado, a qualquer momento, solicitar a inclusão, exclusão ou retificação das

informações constantes do CNIS, desde que apresente documentos comprobatórios

dos dados divergentes28.

Assim, servem para a prova do tempo de serviço os seguintes documentos29:

I - o contrato individual de trabalho, a Carteira Profissional e/ou a Carteira de

Trabalho e Previdência Social, a carteira de férias, a carteira sanitária, a caderneta

de matrícula e a caderneta de contribuições dos extintos institutos de aposentadoria

e pensões, a caderneta de inscrição pessoal visada pela Capitania dos Portos, pela

Superintendência do Desenvolvimento da Pesca, pelo Departamento Nacional de

Obras Contra as Secas e declarações da Receita Federal;

II - certidão de inscrição em órgão de fiscalização profissional, acompanhada do

documento que prove o exercício da atividade;

III - contrato social e respectivo distrato, quando for o caso, ata de assembléia geral

e registro de firma individual;

IV - contrato de arrendamento, parceria ou comodato rural;

V - certificado de sindicato ou órgão gestor de mão-de-obra que agrupa

trabalhadores avulsos;

VI - comprovante de cadastro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma

Agrária, no caso de produtores em regime de economia familiar;

VII - bloco de notas do produtor rural;

VIII - declaração de sindicato de trabalhadores rurais ou colônia de pescadores,

desde que homologada pelo Instituto Nacional do Seguro Social.

Vale mencionar que na falta de documento contemporâneo podem ser aceitos

declaração do empregador ou seu preposto, atestado de empresa ainda existente,

certificado ou certidão de entidade oficial dos quais constem os dados previstos na

legislação, desde que extraídos de registros efetivamente existentes e acessíveis à

fiscalização do Instituto Nacional do Seguro Social.

28 Artigo 28, § 2°, da Lei 8.213/91 e artigo 19, § 3°, do RPS.29 http://www.jurisway.org.br/v2/cursoonline.asp?id_curso=764&id_titulo=9720&pagina=23. Visitado em 10/10/2012.

Page 23: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

Importa observar que se o documento apresentado pelo segurado não atender ao

estabelecido neste artigo, a prova exigida pode ser complementada por outros

documentos que levem à convicção do fato a comprovar, inclusive mediante

justificação administrativa.

Sendo que a comprovação realizada mediante justificação administrativa ou judicial

só produz efeito perante a previdência social quando baseada em início de prova

material.

Não será admitida prova exclusivamente testemunhal para efeito de comprovação

de tempo de serviço ou de contribuição, salvo na ocorrência de motivo de força

maior ou caso fortuito.

3.11 Aposentado que permanece em atividade ou que a ela retorna

O retorno à atividade do aposentado não prejudica o recebimento de sua

aposentadoria, que será obrigado a contribuir para a previdência. A contribuição

incidirá sobre a remunerção que ele receber em decorrência do seu trabalho, e não

sobre os proventos da aposentadoria30.

Em relação aos benefícios que o aposentado que permanece ou retorna à

atividade, a Lei 8.213/91regula em seu artigo 18 § 2º “O aposentado pelo Regime

Geral de Previdência Social–RGPS que permanecer em atividade sujeita a este

Regime, ou a ele retornar, não fará jus a prestação alguma da Previdência Social em

decorrência do exercício dessa atividade, exceto ao salário-família e à reabilitação

profissional, quando empregado”. No entanto, o Regulamento da Previdência Social,

prevê em seu artigo 103 garante à segurada aposentada que retornar à atividade o

direito ao salário-maternidade.

3.12 Data do início do benefício

A aposentadoria por tempo de contribuição será devida a todo segurado

empregado, inclusive ao empregado doméstico a data de seu desligamento quando

requerido no prazo de 90 dias, ou a partir da data do requerimento, quando não

30 Goes, Hugo Medeiros de, 1968 – Manual de direito previdenciário / Hugo Goes. – 5.ed. atualizada de acordo com a Lei n. 12.470, de 31 de agosto de 2011. – Rio de Janeiro : Ed. Ferreira, 2011. Pg.218.

Page 24: Artigo Direito Previdenciario-Aposentadoria Por Tempo de Contribuicao

houver desligamento do empregado ou quando for requerida depois de 90 dias,

contados da data do desligamento.

Para os demais segurados será a data da entrada de solicitação do

benefício. Para todos os segurados, os requisitos da carência e do tempo de

contribuição devem ter sido preenchidos.

3.13 Cessação do benefício

Conforme determinação prevista no artigo 181 – B do Regulamento da

previdência Social – RPS, as aposentadorias por tempo de contribuição concedido

pelo RGPS, são irreversíveis e irrenunciáveis. No entanto, o Regulamento prevê a

possibilidade do segurado o direito de desistir do seu pedido de aposentadoria

desde que sua intenção seja manifestada e requerida o arquivamento definitivo do

pedido antes da ocorrência do primeiro de um dos seguintes atos: I – recebimento

do primeiro pagamento do benefício; II - saque do respectivo Fundo de Garantia do

Tempo de Serviço ou do Programa de Integração Social.

Em regra, a aposentadoria por tempo de contribuicao teria caráter definitivo e

sua cessação se daria com a morte do segurado. No entanto, o Supremo Tribunal

Federal tem adimitido a renúncia à aposentadoria sob regime geral para efeito de

aproveitamento do respectivo tempo de contribuição em regime próprio de

previdência social, conforme julgado31:

“Previdenciário. Aposentadoria. Direito à renúncia. Expedição de certidão de tempo de serviço. Contagem recíproca. Devolução das parcelas recebidas. 1. A aposentadoria é direito patrimonial disponível, passível de renúncia, portanto. 2. A abdicação do benefício não atinge o tempo de contribuição. Estando cancelada a aposentadoria no regime geral, tem a pessoa o direito de ver computado, no serviço público, o respectivo tempo de contribuição na atividade privada. 3. No caso, não se cogita a cumulação de benefícios, mas o fim de uma aposentadoria e o conseqüente início de outra. 4. O ato de renunciar a aposentadoria tem efeito ex nunc e não gera o dever de devolver valores, pois, enquanto perdurou a aposentadoria pelo regime geral, os pagamentos, de natureza alimentar, eram indiscutivelmente devidos. 5. Recurso especial improvido“32

31 Goes, Hugo Medeiros de, 1968 – Manual de direito previdenciário / Hugo Goes. – 5.ed. atualizada de acordo com a Lei n. 12.470, de 31 de agosto de 2011. – Rio de Janeiro : Ed. Ferreira, 2011. Pg.219.32 REsp 692628 DF 2004/0146073-3, Rel. Ministro NILSON NAVES, 6 T. DJ 05/09/2005, retirado do sitio: http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/70362/recurso-especial-resp-692628-df-2004-0146073-3-stj.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde que foram propostas as mudanças no Regime Geral da Previdência

Social, vê-se que realmente há esforços para que o sistema previdenciário deixe de

ser devedor. Uma das principais mudanças foi à criação da aposentadoria por

tempo de contribuição. Porém, não basta para que se tenha um resultado positivo e

o sistema previdenciário deixe de ser ameaçado.

Inúmeras atitudes podem ser tomadas, mas é fundamental que se pense sempre em

manter e aumentar os níveis de emprego e diminuir a informalidade para que

aumente a arrecadação do sistema.

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