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  • 7/22/2019 Artigo a Evolucao Da Negociacao de Refens Trad

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    NEGOCIAO DE CRISES: A Evoluo da negociao de crise em

    refns/barricada.

    RESUMO

    Ao longo dos ltimos vinte e cinco a trinta anos tem havido um crescimento

    significativo da base de conhecimento em relao melhor forma de negociar

    incidentes crticos com refm/barricada. O objetivo do presente artigo analisar a

    evoluo. Mais especificamente, este artigo analisa as mltiplas formas que um

    incidente crtico pode ser classificado, analisa os resultados dos bancos de dados dosincidentes com refm/barricada, discute as diferentes tcnicas de negociao e analisa

    os mtodos de negociao e, finalmente, explora o impacto de ser levado como vtima

    ao cativeiro.

    Introduo

    O ato de tomar uma pessoa de forma ilegal e mant-la conta a sua vontade, ,

    infelizmente, uma demasiadamente frequente atividade humana e tem uma histria to

    antiga quanto a humanidade. Uma das primeiras descries do uso de Equipe de

    Armas e Tticas Especiais (SWAT) para resgatar refns est no livro de Gnesis,

    captulo 14. Neste captulo, h uma descrio de como o sobrinho de Abrao, L, entre

    outros, foram levados cativos pelo rei de Elam. Aps a audincia desta catstrofe,

    Abrao imediatamente juntou a partir de seu prprio lar um grupo de 318 homens

    especialmente treinados e armados. Abrao e seus homens atacaram o Rei, nas

    nascentes do Jordo. Abrao e seus homens aliados, em seguida, atacaram eretornaram o Rei e seu exrcito e seguiu o restante quase to longe de Damasco. Os

    perseguidores, em seguida, retornaram sua terra natal, trazendo de volta todos os

    despojos e cativos que tinham sido levados.

    A utilizao por Abrao da opo ttica tem sido ao longo dos sculos, uma

    tpica e, talvez, a forma mais comum de manipulao de tais crises. Negociao com o

    captor tem sido outra, embora menos frequentemente, tcnica utilizada. Um dos

    primeiros exemplos desse processo pode ser encontrado na mitologia grega. Hades, rei

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    do submundo, sequestrou Persephone, filha da deusa Demter. Demter, em sua ira

    causava a todas as culturas na Terra a morte. Para evitar a destruio dos habitantesda Terra, Zeus enviou Eros como seu "negociador" para discutir com Hades, numa

    tentativa de resolver a crise. Aps estas negociaes, Hades concordou em deixar

    Persephone regressar Terra durante a primavera de cada ano. Em troca Demter

    permitiu as culturas da Terra crescerem durante a visita de Persephone, mas depois

    lhes causou a morte, no outono, quando a filha retornou ao submundo.

    No s este mito, talvez, o primeiro registro da utilizao da negociao de

    crise, mas a sua concluso pode tambm ser o primeiro exemplo documentado de

    Sndrome de Estocolmo (Rahe, Karson, Howard, Rubin, & Poland, 1990). A lenda

    conclui que, embora o primeiro pavor de Hades, depois apaixonou-se e casou-se. Esta

    resposta paradoxal ao cativeiro foi mais recentemente observada em 1973, quando

    uma mulher refm divorciou-se de seu marido para casar-se com o assaltante de banco

    que tinha feito-a e outras trs pessoas em cativeiro por 131 horas no cofre do Sveriges

    Kreditbank em Estocolmo, Sucia (Strentz, 1980).

    A ideia de negociar com um captor, embora no seja novo, no recebeu muito

    comentrio aps 1972. Durante meados da dcada de 1960, a preocupao deAplicao da Lei focou sobre a melhor forma de responder aos criminosos com armas

    mais sofisticadas e letais, bem como a forma de lidar com a agitao social e os

    incidentes terroristas. A resposta acreditava-se, estabelecia em empregar Equipes

    paramilitares de Armas e Tticas Especiais (SWAT), anlogo aos 318 homens armados

    de Abrao e especialmente treinados. Em 1967, a Polcia de Los Angeles se tornou a

    primeira a implementar equipes de SWAT. Assim, at ao incio da dcada de 1970,

    havia trs opes para responder aos incidentes com refm ou barricada: (1) o primeiropolicial em cena conversava com o perpetrador falando para ele desistir, (2) a Aplicao

    da Lei passava longe do incidente, ou (3) a polcia utilizava a fora (Hatcher, Mohandie,

    Turner & Giles, 1998).

    No entanto, os problemas surgiram. Por exemplo, em Outubro de 1971, durante

    um sequestro de aeronave, o FBI decidiu usar a opo ttica. O episdio concluiu com

    a morte de dois refns e um criminoso. Na litigao subsequente, o 6 Tribunal de

    Apelaes puniu o FBI pelo manuseio do incidente crtico com a concluso que tinha

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    virado "o que tinha sido um sucesso" espera jogo', durante o qual duas pessoas

    deixaram o avio com segurana, em um tiro certeiro que deixou trs pessoas mortas"(Downs vs E.U.A., 1975; Higginbotham, 1994).

    Em setembro de 1972, terroristas palestinos tomaram onze atletas olmpicos

    israelenses como refns em Munique, Alemanha. Aps a concluso desse confronto

    vinte e duas pessoas foram mortas, um policial, dez terroristas, e todos os refns

    (Soskis & Van Zandt, 1986). Este incidente veio a ser conhecido como o "Massacre de

    Munique".

    Devido a estes e outros incidentes semelhantes de refm/barricada, analistas

    polticos da Aplicao da Lei comearam a repensar na necessidade de alternativas

    opo tctica. Assim, vrias agncias da polcia metropolitana e, eventualmente, o

    Bureau Federal de Investigao (FBI) conceberam e executaram o programa de

    recuperao de refns. Em 1973, o Departamento de Polcia de Nova York iniciou um

    programa que inclua no s Times de SWAT, mas tambm detetives treinados como

    negociadores (Bolz & Hershey, 1979; Schlossberg, 1980). Aps as lies da cidade de

    Nova Yorque, o FBI tambm desenvolveu um programa semelhante (Soskis & Van

    Zandt, 1986).Desde o trabalho pioneiro do policial psiclogo, Harvey Schlossberg, e o capito

    da polcia, Frank Bolz, a utilizao de negociadores treinados em crise tem aumentado

    constantemente, na Aplicao da Lei em todos os Estados Unidos. Em 1993, Butler,

    Leitenberg e Fuselier relataram que os responsveis pela Aplicao da Lei das

    Agncias, que responderam ao seu surveyem 1989, 68% das Agencias Estaduais de

    polcia (n = 17), 96% das grandes agncias municipais (n = 125), e 30% das Agncias

    de Aplicao da Lei dos pequenos municpios (n = 158) indicaram que eles tinhamdesignado um negociador de refm. Pesquisa realizada em 1998 constatou que a

    maioria destes especialistas trabalha apenas em tempo parcial como negociadores

    (94%), foram implantados, em mdia, cerca de onze vezes por ano, e receberam cerca

    de 30 horas de treinamento em servio por ano (Bahn & Louden, 1999).

    Ao longo do ltimo quarto de sculo, tem havido um crescimento significativo na

    base de conhecimentos relativos a estes tipos de incidentes de crises e a melhor forma

    de lidar com eles. melhor entendida agora o ato de captar e segurar uma pessoa

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    contra a sua vontade motivada por uma ampla variedade de razes. Nem todos estes

    incidentes podem ser definidos como situaes de refns. Assim, tem havido umaevoluo na forma como negociadores identificam e cumprem seu papel. Mais

    especificamente, a primeira gerao de especialistas principalmente viu-se

    negociadores de "refm", no entanto, a atual gerao j percebe a si prprios como

    negociadores de "crise". Em grande parte, esta mudana na auto-percepo devido a

    uma crescente compreenso das semelhanas e diferenas entre as situaes de

    refns/barricada. O objetivo do presente artigo analisar a evoluo.

    Anlise da Tipologia

    A meta primria de negociaes de crises resolver o incidente com o mnimo

    de perdas de vidas possvel. Para isso, o negociador quer eventualmente interagir com

    o causador utilizando tcnicas de barganha (Donohue, Ramesh, Kaufmann & Smith

    1991). O ponto de partida do processo, porm, reside na classificao do incidente. Por

    qu? Porque a questo fundamental em qualquer incidente crise a de saber se existe

    ou no uma negociao e, dependendo da classificao ou tipologia do incidente

    crtico, se existem ou no, maior ou menor capacidade de negociao por parte donegociador.

    Por definio, uma tradicional situao de refns ocorre quando uma ou mais

    pessoas, o tomador de refm(ns), toma uma ou mais pessoas como refm(ns),

    ameaando prejudicar a este ltimo, um terceiro, a menos que cumpra as exigncias

    iniciais. Assim, o tomador de refns pode ser definido como um evento de trade (Soskis

    & Van Zandt, 1986; Call, 1996).

    A tomada de refns pode ser anloga ao teatro, mas um teatro de terror e node diverso. O tomador de refns a estrela, os refns os coadjuvantes, e a Aplicao

    da Lei e o pblico a plateia. Uma vez que o tomador de refns quer algo a partir de um

    terceiro, existe uma oportunidade significativa de que uma negociao pode ser

    encontrada. Caractersticas de uma situao de refns so as seguintes: o tomador de

    refns mais ou menos orientado, o tomador de refns faz exigncias substantivas

    geralmente incluindo escapar, o tomador de refns necessita da polcia para facilitar as

    exigncias, a necessidade primria do tomador do refm que tenha as exigncias

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    atendidas para no prejudicar os refns, e percebe que o tomador de refns mantm

    alguns refns vivos impedindo uma resposta ttica.No entanto, outros incidentes de crise envolvendo captores e cativos podem

    ocorrer. Estas so as melhores denominaes para incidentes de vtima-barricada. Do

    ponto de vista do causador estes so uns pares, ao invs de uma trade de eventos.

    Alm disso, em vez de serem anlogos ao teatro, estas situaes so mais parecidas

    com rituais secretos. O captor o vingador do sacerdote e vtima do sacrifcio.

    Na situao de vtima-barricada no uma situao de refm no sentido

    tradicional. Pelo contrrio, o perpetrador detm a vtima para uma expressiva oposio

    a uma razo instrumental. Tomada de refns instrumental ocorre quando o tomador de

    refns tenta alcanar um objetivo ou alterar alguns dos aspectos da sociedade. A

    tomada de vtima motivada por impulsos e emoes internos que so por vezes muito

    pessoais e obscuras (Miron & Goldstein, 1979). Em particular, no existem exigncias

    substantivas feitas a terceiros pelo perpetrador. De fato, o perpetrador no quer nada

    da terceira parte.

    Um exemplo clssico o homem que mantm sua ex-esposa sob mira de

    arma, permite que seus filhos saia da casa barricada, ento, mais tarde, atira em suaex-esposa e, em seguida, em si prprio. A vtima , no fato, um "homicdio por ser" mais

    do que um refm (Fuselier, Van Zandt & Lanceley, 1991). Desde que o captor tenha o

    que ele ou ela quer, a vtima, uma negociao muitas vezes no pode ser encontrada.

    Caractersticas de situaes sem refns, vtima-barricada incluem: nenhuma meta clara,

    a falta de exigncias substantivas pelo perpetrador, a ausncia de pensamento

    racional, o foco dirigido contra a pessoa detida, e a ventilao emocional, expressiva

    e sem sentido bem visvel pelo perpetrador.Um terceiro tipo de situao, a vtima no identificada. Pelo contrrio, o

    agressor est armado e barricado e as autoridades tentam falar com ele ou ela para

    render-se. Exemplos so um criminoso que est barricado em uma loja de convenincia

    ou uma pessoa que est mentalmente perturbada que suicida, armada e barricada

    em sua prpria casa. Assim, dependendo da situao a negociao pode ou no pode

    ser encontrada. Ver Tabela 1.

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    Tabela 1 -Tipologia de Incidentes Crticos.

    TIPO INTERAO DESCRIOSituao

    com RefmPerpetrador-Refm-

    Teceira(s)Pessoa(as)

    Tomador de Refns faz exigncias substantivas(geralmente instrumentais, algumas podem serexpressivas) para um terceiro, ameaando prejudicar osrefns se as exigncias no forem satisfeitas.

    VtimaBarricada

    Perpetrador-vtima Perpetrador no faz exigncias substantivas para umterceiro. Todas as exigncias feitas so tipicamente no-substantivas na natureza.

    Barricadasem Vtima

    Perpetrador Perpetrador pode ou no fazer exigncias e pode ou noestar disposto a negociar.

    Existem vrias outras formas teis para situaes de crise em que as tcnicas

    de negociao so utilizadas. Uma classificar a situao quanto, a saber ou no, a

    localizao da vtima e perpetrador so conhecidas e contidas (um cerco), ou se o local

    no conhecido e, portanto, no contido (um no-cerco) (Lanceley, 1999). Ver Tabela

    2.

    Tabela 2 -Localizao da Vtima X Exigncias do PerpetradorEXIGNCIAS LOCALIZAO

    Conhecido (Cercado) Desconhecido (No Cercado)Substantivas Controle da Negociao

    provavelmente existeControle da Negociaopossivelmente existe

    NoSubstantivas

    Controle da Negociaopossivelmente existe

    Controle da Negociaoprovavelmente existe

    Dependendo da anlise deste tipo de crise pode existir maior ou menor

    capacidade de barganha no mbito da negociao da Aplicao da Lei. Por exemplo,

    numa situao em que a vtima foi raptada, e a localizao da vtima e do agressor no

    so conhecidas, e no h exigncias feitas para um terceiro, no h nenhum controle

    de barganha, h pouco, se h alguma coisa, que um negociador de crise possa fazer.

    Na outra extremidade do continuum, no entanto, quando o perpetrador raptou

    uma vtima, a vtima e o perpetrador esto contidos dentro de um permetro conhecido

    sob o controle das autoridades, bem como o perpetrador est fazendo exigncias

    substantivas, existe controle de barganha por parte do negociador.

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    A forma mais pormenorizada para analisar o subtipo do cerco de situao de

    crise demonstrada na Tabela 3.

    Tabela 3 -Tipologia dos CercosCATEGORIA

    GERALDESCRIO

    DeliberadoO Perpetrador deliberadamente inicia a situao de cerco - quer provocar umaresposta das autoridades. Dependendo de outros fatores, ou seja,independentemente de serem ou no uma situao de refns ou situao devtima-barricada exigncias substantivas podem ou no ser feitas

    EspontneoO Perpetrador inadvertidamente precipita o a situao de cerco. Refns /vtimas podem ou no estar presentes. Exigncias substantivas podem ou noser feitas.

    AntecipadoO Perpetrador espera que um ou outro, as autoridades procuram a suadeteno. Exigncias substantivas no so normalmente feitas em umasituao de barricada-sem-vtima. Exigncias substantivas podem ou no serfeitas se o cerco tambm uma situao de refns.

    Existem trs tipos diferentes: o cerco deliberado, o cerco espontneo e o cerco

    antecipado. Um exemplo de um cerco deliberado uma situao de barricada/vtima

    que implique uma vtima do sexo masculino que levou um fora de uma mulher, que

    um "homicdio de ser." Um exemplo de um cerco espontneo um criminoso preso,

    com ou sem refns. Finalmente, um exemplo de um cerco antecipado um grupo de

    fanticos religiosos que se entrincheiram com armas ilegais e explosivos como fora em

    Waco, Texas.

    A principal chave para o negociador de crises a de determinar a razo para o

    cerco e determinar a natureza das exigncias feitas pelo perpetrador, ou seja,

    instrumentais X expressivas e substantivas X no-substantivas. Dependendo da correta

    anlise desses dois fatores o negociador de crises tem provavelmente e/oupossivelmente pouco poder de barganha.

    Como observado na discusso acima, analisar o tipo das exigncias do

    perpetrador crucial. Na verdade, analisar os tipos de exigncias feitas pelo

    perpetrador uma outra maneira de entender e de classificar um incidente crtico. Ver

    tabela 4.

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    Tabela 4 -Tipologia das Exigncias.CATEGORIA

    GERAL DESCRIOInstrumental Exigncias caractersticas podem ser melhores descritas como objetiva,

    por exemplo dinheiro, transporte, alimentao, bebidas alcoolicas, drogas.Expressiva Exigncias caractersticas podem ser melhores descritas com subjetivas,

    por exemplo, perpetrador quer falar com familiares, perpetrador desejafazer uma declarao para a mdia quanto as suas crenas delirantes.

    Substantiva As vtimas so ameaadas para obter concesses a partir de uma terceiraparte, as exigncias podem ser instrumentais ou expressivas.

    No Substantiva Exigncias no so feitas, ou, se forem, eles so triviais e norelacionadas com o (s) motivo (s) a vtima (s) encontram-se ameaadas.

    Existem exigncias instrumentais, exigncias expressivas, exigncias

    substantivas e exigncias no-substantivas. Basicamente, o negociador de crise tem

    poder de barganha apenas se o perpetrador tem exigncias substantivas. Exigncias

    Substantivas podem ser instrumentais ou expressivas. Relatrio anedotal sugere que

    um sinal de iminente letalidade a determinao de que o perpetrador no est

    exigindo nada de uma terceira parte para libertar o refm/vtima (Fuselier, Van Zandt &

    Lanceley, 1991).

    Finalmente, uma ltima forma como o negociador de crise pode classificar asituao baseada na compreenso da tipologia do tomador de refm (Call, 1996). Ver

    Tabela 5.1Tabela 5 -Tipologia dos Tomadores de Refns.

    CATEGORIA GERAL POSSVEIS SUBTIPOS

    EmocionalmentePerturbado

    1. Distrbio mental2. Idoso/caduco3. Diversos Tipos de Depressivos4. Paranoico, vrios tipos5. Esquizofrnicos

    6. Viciados em drogas7. Conflitos familiares

    1 Nota. De A Trade do Refm: Tomadores, Vtimas, e os Negociadores (p. 567), de John A.Call, 1996, in: H.H. Hall (Ed.), Violncia Letal 2000: um livro sobre casos fatais domsticos,conhecido e estranho agresso. Copyright 1996 pelo Instituto do Pacfico para o Estudo deconflitos e agresses. Reimpresso com permisso. Aqui, uma reviso da literatura indica queseis tipos gerais de tomadores de refm foram observados: emocionalmente perturbado,extremistas polticos, religiosos fanticos, criminosos, prisioneiros e uma combinao de dois oumais dos cinco primeiros. Existem tambm vrios subtipos.

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    Extremista Poltico 1. Captores Relutantes2. Deliberados Tomadores de Refns

    Fantico ReligiosoCriminoso 1. Desordem de Personalidade Anti-Social /Criminoso

    Encurralado2. Desordem de Personalidade Anti-Social /Sequestrador

    Prisioneiro Desordem de Personalidade Anti-SocialCombinao

    Uma breve reviso desse trabalho anteriormente desenvolvido por Call (1996)

    revela o seguinte.

    Comeando primeiro com a categoria de Emocionalmente Perturbado, Fuselier

    (1988), na sequncia Strentz (1986), registraram quatro subtipos. Estes so: (a)

    paranico, vrios tipos, (b) depressivos, vrios tipos, (c) personalidade inadequada, e

    (d) personalidade anti-social. A utilizao deste ltimo subtipo questionvel no

    contexto da categoria dos emocionalmente perturbados. Este subtipo descritivo de um

    distrbio de personalidade, e no um transtorno emocional. Logicamente, muito

    provvel que os indivduos com esse transtorno de personalidade estaro envolvidos

    em incidentes com refns por motivaes instrumentais, tais como criminosos ou

    terroristas de avies, mais do que os atos expressivos dos emocionalmente deficientes.Do mesmo modo, o conceito de personalidade inadequada que se pensa ser

    de valor limitado como um subtipo. Desordem de personalidade inadequada no mais

    uma categoria diagnosticada como observado no Manual de Diagnstico e Estatstica

    de Transtornos Mentais, Quarta Edio (Associao Americana de Psiquiatria, 1994).

    Em sua anlise da categoria dos tomadores de refns Emocionalmente

    Perturbados, Pearce (1977) descreveu os seguintes subtipos: (a) o indivduo com o

    crebro danificado, (b) os indivduos idosos/senil, (c) o retardado, pessoa deprimida, (d)

    o agitado, pessoa deprimida, (e) a esquizofrenia, e (f) as pessoas barricadas como um

    equivalente tentativa de suicdio (Suicide by Cop).

    Kennedy e Dyer (1992), discutindo sobre um pequeno exemplo de homens que

    tomaram seus prprios filhos como refns, perceberam que cada um tinha uma histria

    de abuso de lcool, de drogas ou de ambos, e um histrico familiar e tradicional de

    relaes violentas e instveis. Esta tomada de refns foi iniciada por uma situao de

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    estresse dentro da famlia. Um fenmeno semelhante foi reportado por Gist e Perry

    (1985).Com respeito ao Extremista Poltico, Knutson (1980) descreveu dois subtipos: o

    captor relutante e o tomador de refns deliberado. A pesquisa dela sugeriu que a

    maioria dos tomadores de refns americanos politicamente motivados, ao menos at

    1980, pode ser classificada no primeiro subtipo. Suas entrevistas com estes indivduos

    indicaram que eles no tinham vontade, ou at mesmo seriam incapazes de matar seus

    refns. Knutson resumiu seus estilos de personalidades sonhadores e filsofos, os

    quais o ato violento era parte de uma tentativa de endireitar um erro ou uma injustia

    percebida.

    Os tomadores de refm deliberados, por outro lado, esto perfeitamente com

    vontade de fazer outras pessoas cativas. Os refns so implementos descartveis para

    serem usados quando necessrio pelo tomador de refns. Eles so extremamente

    orientados por seu objetivo, mas sem sentimentos, como um tubaro procurando por

    comida. Embora no se importem, eles tm plena cincia das emoes dos refns, mas

    os usam para seus prprios fins. Eles iro aterrorizar em um minuto e agir

    amistosamente no minuto seguinte, no seu esforo de controlar a situao. Ointeressante que Knutson descobriu em suas amostras que, quando crianas, ambos

    os subtipos de tomadores de refns experimentaram situaes prximas morte.

    Existiram outras tentativas de explicar o extremista poltico de um ponto de vista

    psicolgico. Ferracuti (1982) concluiu que a melhor abordagem para entender esses

    indivduos usar o que ele chama de a teoria subcultural. Em termos simples, os

    extremistas polticos vivem em suas prprias comunidades fechadas ou subculturas,

    com seus sistemas de valores nicos auto-impostos. O que pode ser relevante para amaioria das culturas, pode ser sem sentido para os extremistas polticos, e vice-versa.

    Para entender um subtipo particular de Extremista Poltico, uma pessoa deve primeiro

    entender os valores e modos daquela subcultura. Teorias globais aplicveis todos os

    extremistas polticos podero nunca ser obtidas. Um entendimento completo s poder

    acontecer atravs da investigao de cada subcultura.

    Cooper (1981) foi o primeiro a enumerar a categoria geral do tomador de refm

    Fantico Religioso. Com respeito ao entendimento de possveis subtipos desta

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    categoria, o conselho de Ferracuti (1982) no que diz respeito ao entendimento de

    extremistas polticos provavelmente se aplica. Um completo entendimento dosFanticos Religiosos ir da mesma forma requerer anlise dos valores e modos

    internos de uma cultura particular.

    A Categoria do Criminoso geralmente entendida como consistindo de um

    criminoso pego numa armadilha. Por exemplo, um ladro de banco que no teve

    chance de escapar antes da polcia chegar. O maior subtipo na categoria dos

    Criminosos o psicopata criminal. Acredita-se tambm que o psicopata criminal o

    maior subtipo da categoria dos Prisioneiros tomadores de refns. No entanto, outros

    subtipos podem ocorrer. Por exemplo, em 23 de novembro de 1987, em Oakdale,

    Louisiana, num motim onde 200 detentos cubanos tomaram 26 pessoas como refm,

    no Centro de Deteno Federal, o nico refm seriamente ferido fisicamente foi

    esfaqueado por um detento emocionalmente perturbado. Esta ocorrncia tambm um

    exemplo de uma Combinao de tomador de refm (Call, 1996, p. 564-567).

    Dependendo do tipo e subtipo do tomador de refns com o qual o negociador

    est lidando, a experincia dita o uso de certas estratgias de negociao. Por

    exemplo, Lanceley (1999) faz as seguintes sugestes quando negociando com umindividuo que esquizofrnico: evite o uso de membros da famlia, uma vez que eles

    podem fazer parte de seu sistema de desiluses, no tente desviar a conversa do(a)

    perpetrador(a) de seu sistema de desiluses, deixe-o(a) discutir preocupaes, e se

    uma das exigncias for ateno da mdia, esta exigncia pode ser um item negocivel.

    Anlises do Banco de Dados

    Em 1996, Call (1996) observou que a nvel nacional a coleo de incidentescom refns no estava sendo feita. Esta situao j no persiste. Aps a morte de 96

    Branch Davidians em Waco, Texas, em 19 de abril de 1993, em seguida, o Procurador

    Geral dos Estados Unidos, Janet Reno, dirigiu-se ao FBI para desenvolver uma base de

    dados nacional de incidentes com refns. Trs anos mais tarde, apenas oito dias antes

    do aniversrio da tragdia Waco, o Relatrio de Refns/Barricada (HoBaS) foi

    divulgado pelo FBI para as Agncias de Execuo da Lei locais. HoBaS um

    questionrio de coleta de dados de incidente com refm e barricada. Sempre que

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    ocorre um incidente como refm, a resposta da agncia da Aplicao da Lei solicitada

    para completar o questionrio HoBaS e envi-lo ao FBI. O questionrio HoBaS procurainformaes relativas ao (1) incidente; (2) natureza dos contactos efetuados pela

    aplicao da lei durante o incidente; (3) Resoluo do incidente; (4) informao ps-

    incidente; (5) informaes relativas aos auxiliares dos negociadores e treinamento e

    interao com a SWAT; (6) informaes sobre o sujeito, e (7) informaes sobre

    refm/vtima.

    Antes do desenvolvimento do HoBaS, apenas uma pequena amostra de dados

    relevantes existia no domnio pblico. Felizmente, cientistas comportamentais tem

    continuado a investigao nesta rea (Feldmann, 1998), uma vez que o acesso do

    pblico aos HoBaS difcil. As informaes contidas nestas bases de dados so

    irrestritamente esclarecedoras. No entanto, ao analisar essa informao deve ter em

    mente uma definio da estrutura dos dados, bem como o prazo durante o qual os

    dados foram recolhidos.

    Na dcada de 1970, Edward Mickolus (1976), mais tarde um analista Agncia

    Central de Inteligncia, desenvolveu uma base de dados informatizada de 3329

    incidentes terroristas internacionais a partir de 1968 at 1977, enquanto aluno em Yale.Estes incidentes ocorreram fora dos Estados Unidos. Mickolus chamou esta base de

    dados de Terrorismo Internacional: Atributos de Eventos Terroristas ou ITERATE.

    Head (1990) foi um dos primeiros a analisar cuidadosamente este relatrio

    banco de dados e suas concluses no domnio pblico. Ele estava particularmente

    interessado nos dados do ITERATE que incluam incidentes com refns tomados por

    polticos extremistas. Head dividiu o ITERATE em trs subcategorias: sequestro, rapto,

    e incidentes barricados. Ele descobriu que a partir de 1968 at 1977 tomadores derefns habitualmente trabalhavam em grupos de trs ou mais, incidentes com refns

    no eram particularmente letal (em 17% dos incidentes, refns ficaram feridos e em

    19% dos incidentes, houve uma ou mais mortes). Incidentes Barricadas foram os mais

    letais, com explosivos o meio mais comum. Quando foram utilizados os negociadores,

    os incidentes foram menos letais.

    Friedland e Merari (1992) desenvolveram uma base de dados de 69 incidentes

    internacionais e domsticos de tomadas de refns entre 1979 e 1988 de polticos

  • 7/22/2019 Artigo a Evolucao Da Negociacao de Refens Trad

    13/30

    extremistas. Estes incidentes foram uma situao de barricada ou um desvio de

    transporte. Estes pesquisadores descobriram que havia geralmente cinco ou menostomadores de refns (63,3%), a maioria dos refns era civil (59,4%), o nmero mdio de

    refns em incidente de barricada foi de 35 e a mdia foi de 131 em sequestros, a

    maioria dos incidentes durou 24 horas ou menos (43,8%), e o resultado mais comum foi

    a violncia (31,1%). Uma concluso violenta para o incidente foi mais provvel se fosse

    uma situao de barricada, uma equipe de resgate treinada estava presente e

    tentativas de negociao no foram feitas

    Dados recentes relativos a tomadores de refns politicamente extremistas no

    mais foram publicados. No entanto, analisando os dados a partir de 1968, o banco de

    dados ITERATE, em 1988, o banco de dados de Friedland e Merari (1992), parece

    haver uma tendncia dos tomadores de refns politicamente extremistas serem cada

    vez mais letais (19% X 31,1%). Alm disso, esta tendncia pode muito bem ser

    contnua. Uma reviso das mais recentes atividades dos politicamente extremistas

    sugere que os terroristas parecem mais propensos a matar os seus refns, em vez de

    negociar. Por exemplo, nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, 239 pessoas

    foram feitas temporariamente refns por terroristas rabes em quatro sequestros deaeronaves. Inicialmente, este evento poder parecer comparvel dramtica captura

    de quatro avies, ao longo de um perodo de trs dias por terroristas rabes, quase

    exatamente trinta e um anos antes, em Setembro de 1970. No entanto, a diferena

    lamentvel que, em 1970, os terroristas desembarcaram dos quatro avies e

    finalmente liberaram os refns, enquanto que em 2001 eles deliberadamente mataram

    todos os passageiros e nunca tentaram negociar.

    Praticamente falando, os dados sugerem que a maioria dos negociadoresamericanos de Aplicao da Lei no trata com incidentes de extremistas polticos com

    refns ou barricada. Head (1990) desenvolveu e analisou mais duas bases de dados

    em seus esforos de investigao. Um banco de dados, o Banco de Dados Analtico de

    Refns (HEAD), continha 3.330 incidentes domsticos de refns, ocorridos entre 1973 e

    1982. A maioria dos tomadores de refns tinha cumprido sentena ou tinha sido preso

    (52%) ou tipologias de emocionalmente perturbado (18%); a maioria dos tomadores de

    refns era jovens (25% abaixo de 30 anos), brancos (61%) do sexo masculino (80%)

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    agindo sozinho; o nmero tpico de refns foi uma (47%) ou dois (15%), o local mais

    usual do incidente foi uma casa (20%), a arma mais usual era arma de porte (31%), oincidente tinha durao de menos de um dia (31% terminaram em 6 horas), a maioria

    dos incidentes no eram letais (87%) e um negociador era geralmente usado durante o

    evento crtico (64%).

    Uma terceira base de dados analisados por Head (1990) foi composta de 137

    incidentes com refns trabalhados pelos membros do Programa de Resgate de Refns

    do Departamento de Polcia de Nova Yorque de 1973 at 1982. Mais uma vez, a

    maioria da tipologia dos tomadores de refns foi criminoso ou prisioneiros (58%) ou

    emocionalmente perturbado (26%); a maioria dos tomadores de refns eram jovens

    (46% idade inferior a de 30 anos), brancos (35%) do sexo masculino (87%) agindo

    sozinhos; o nmero tpico de refns foi um (43%) ou dois (26%), a localizao mais

    frequente foi uma casa (41%), a arma mais usual foi a arma de porte (41%), o incidente

    tpico teve durao inferior a um dia (61% terminaram em 6 horas), e a maioria dos

    incidentes no foram letais (91%).

    Butler, et al. (1993) desenvolveram uma base de dados de 410 incidentes com

    refns que ocorreram entre 1986 e 1988. Importante anotar o fato de todos estesincidentes foram reportados pelas Agncias de Aplicao da Lei que trabalham com

    negociadores. Estes pesquisadores descobriram que a tipologia mais frequente do

    tomador de refns foi o emocionalmente perturbado (71% em grandes departamentos

    policiais e 88% em pequenos departamentos de polcia) e o prximo mais frequente foi

    o criminoso (15% e 6%, respectivamente), a maioria dos incidentes no foram letais

    (90%), e o resultado mais frequente foi a rendio pela negociao (65%).

    Em 1996, Feldmann (1998) comeou a montar uma base de dados deincidentes com refns/barricada que ocorreram em Kentucky (n = 120 incidentes). Esta

    base de dados um projeto em curso e fornece um excelente exemplo do que

    investigadores em cada Estado devem fazer.

    Feldmann (1998) observou seis categorias de incidentes com refm/barricada

    em sua amostra. Estas categorias so: (1) disputas pessoais ou domsticas (31%), (2)

    indivduos envolvidos em atos criminosos (26%), (3) pessoas com doena mental, para

    os quais nenhuma outra motivao esteve presente (19%), (4) incidentes associados

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    com violncia no local de trabalho (12%), (5) incidentes relacionados com lcool ou

    drogas (8%), e (6) incidentes que envolvam os alunos e as escolas (5%).A anlise dos dados feita por Feldmann (1998) revelou algumas caractersticas

    comuns a todas as categorias e certas caractersticas nicas para cada categoria. As

    caractersticas gerais observadas foram:

    1. Os atos so geralmente cometidos por homens com idade inferior a 30 anos;

    2. Delinquentes na maioria das vezes agiram sozinhos;

    3. O perpetrador frequentemente tinha um registro criminal prvio;

    4. Infratores foram motivados mais frequentemente por uma disputa

    interpessoal ou reclamao, complicada por um distrbio psiquitrico subjacente;

    5. Armas foram envolvidas em quase trs quartos dos incidentes;

    6. A maioria dos incidentes resultou em leses corporais ou morte, quer em

    alguns dos refns ou para o perpetrador (87,5% dos casos);

    7. Quase todos os criminosos tinham diagnsticos psiquitricos,

    independentemente da categoria a que pertencia;

    8. Transtornos de personalidade, distrbios pelo uso de substncias,

    transtornos do humor compreendeu o maior grupo diagnosticado no estudo;9. A maioria dos incidentes foi associada com inteno suicida;

    10. lcool e drogas foram relativamente comuns entre os indivduos, quer na

    forma de intoxicao aguda ou na histria de abuso;

    11. Sinais de aviso antes do incidente foram aparentes em mais de 60% dos

    casos, mas foram reconhecidos ou raramente relatada;

    12. A maioria dos incidentes foi negociada, mas as negociaes bem sucedidas

    foram inferiores a 40% do tempo e,13. Equipes SWAT foram implantadas em mais de dois teros dos casos, e um

    assalto foi realizado em pouco menos de 40% dos incidentes (p. 15-16).

    Caractersticas observadas na categoria pessoal/domstica so: (1) tomadores

    de refns eram principalmente brancos do sexo masculino, entre 20 e 30 anos de idade

    (2), os perpetradores demonstraram maior risco de suicdio em comparao com outras

    categorias, (3), o incidente ocorreu na maioria das vezes em uma casa, (4) claros sinais

    (ameaas ou assdio da vtima) estavam presentes (80% dos casos), (5) a vtima era

  • 7/22/2019 Artigo a Evolucao Da Negociacao de Refens Trad

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    ex-cnjuge ou atual, namorada, ou filho (6), a vtima foi perseguida em 66% dos casos

    antes do incidente acontecer, (7) as negociaes tiveram xito em apenas 30% doscasos, e (8) ferimentos ou mortes ocorreram em 95% dos casos.

    Caractersticas observadas na categoria criminal so: (1) primariamente os

    perpetradores foram Afro-americanos masculinos com uma mdia de idade de 24 anos

    (2), os perpetradores mais frequentemente estavam envolvidos em tentativas de roubo

    (74%), (3), as negociaes foram bem sucedidas em 68% dos casos, e (4) ferimentos

    ou morte ocorreu em 45% dos casos.

    Caractersticas distintivas observadas na categoria dos doentes mentais so:

    (1) a maioria dos perpetradores estava em meados dos seus 30 anos de idade, (2) a

    localizao mais comum do incidente foi um lugar pblico, como um centro comercial ou

    edifcio governamental, (3) uma ampla variedade de armas foram utilizados, no s

    armas de porte, (4) alta incidncia de situaes de barricada sem refns, (5) as

    exigncias foram bizarros ou inexistentes, (6) a resoluo mais frequente foi o assalto

    ttico, e (7) foi relativamente baixa a taxa de leses corporais ou morte.

    Caractersticas distintivas observadas na categoria de violncia no local de

    trabalho so: (1) perpetradores foram indivduos mais velhos, geralmente em meadosde seus 40 anos, (2) 50% tinham servido no Exrcito, (3) mais de 60% tinham um

    interesse excessivo em armas, (4) sinais de aviso prvio e perseguio foram comuns,

    (5) houve uma elevada probabilidade de leso ou morte, (6) risco de suicdio muito

    elevado, e (7) probabilidade de sucesso negociao muito baixa.

    Conforme observado anteriormente, abuso de substncias foi associado a

    todas as seis categorias. O lcool e drogas foram relacionados nas categorias, porm,

    classificada como uma em que o perpetrador estava tentando obter substncias ouestava sob os efeitos da intoxicao aguda como a nica motivao para o incidente.

    Fatores singulares observados nesta categoria foram: (1) armas de porte foram

    frequentemente utilizadas, (2) ferimentos ou mortes ocorreram bastante no incio do

    incidente, (3) iniciar negociaes foi bastante difcil, e (4), no entanto, uma vez iniciadas

    as negociaes, houve uma elevada taxa de sucesso.

    Finalmente, a categoria de estudante contm as seguintes caractersticas: (1)

    os perpetradores mais jovens, com uma mdia de idade de 18 anos, (2) o maior nmero

  • 7/22/2019 Artigo a Evolucao Da Negociacao de Refens Trad

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    de refns, entre 10 a 40 (3) os perpetradores portavam vrios tipos de armas de fogo, e

    (4) uma vez iniciadas as negociaes foi alta a taxa de sucesso.As bases de dados discutidos acima representam a maioria, se no todos, das

    investigaes estatsticas que existem no domnio pblico. Exceto por esta base de

    dados de investigao, a maioria das investigaes cientficas em negociao de crise

    foi realizada pelo pessoal da Aplicao da Lei e por poucos cientistas comportamentais

    que trabalham com eles. Do mesmo modo, a maior parte deste trabalho de natureza

    terica e anedtica. Quase nenhuma investigao emprica foi realizada. Assim, resta

    muito trabalho para os futuros investigadores.

    Anlise da Negociao

    Os perpetradores envolvidos em uma situao de refm ou barricada, mesmo

    que o incidente seja planejado ou previsvel, esto quase sempre num estado de hiper-

    tenso autnomo do sistema nervoso. Aumentando cada vez mais o pensamento

    estreito e constrito, diminuindo a extenso da ateno, aumentando a emotividade, e

    tendo uma abordagem desorganizada para resolver problemas caracterizam este

    estado de crise. (3) As tarefas iniciais do negociador de crise so (1) estabelecer

    rapport, (2) deixar o tempo passar e (3) coletar informaes.

    A questo-chave que enfrenta o negociador em qualquer situao de

    refm/barricada se existe ou no um espaco para negociao. Na situao de refm

    de verdade, geralmente pode ser encontrado tal espaco. Em uma situao de vtima,

    tais como um incidente de vtima/barricada, muitas vezes h pouca ou nenhuma

    oportunidade para o controle da negociao. Decidir que tipo de situao o negociador

    enfrenta determina se ele ou ela utiliza tanto as tcnicas de interveno de crise enegociao ou primariamente usa apenas tcnicas de interveno de crise.

    Em situaes de refm de verdade, o tomador de refm tenta inicialmente

    utilizar um estilo de negociao de crise melhor definido como eu tenho a fora. Esse

    estilo de negociao caracteriza-se pelo (1) uso da coero, (2) pedidos de coisas

    elevadas, (3) foco em uma nica alternativa, (4) o sentimento de urgncia, (5) contedo

    altamente emocional, (6) a prevalncia de problemas de encarar as coisas ou ego, (7) a

    falta de informaes completas, e (8) e a falha para elaborar planos pormenorizados

  • 7/22/2019 Artigo a Evolucao Da Negociacao de Refens Trad

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    (Donohue, Ramesh, Kaufmann, & Smith, 1991). Por outro lado, o negociador tenta

    mover o estilo de negociao do tomador da refm para longe deste estilo eu tenho afora, que coercitivo para uma forma cooperativa, a negociao normativa. A

    negociao normativa baseia-se no conceito de contrapartidas. Para isso, os

    negociadores tentam promover a interao, desenvolver vrias opes, evitar

    problemas de cara, controlar emoes e criar recursos de informao.

    Como ponto de partida o negociador deve desenvolver um relacionamento

    (Schlossberg, 1980; Rogan, Donohue & Lyles, 1990). Isso melhor conceituado como

    uma negociao dentro de uma negociao (Donohue & Roberto, 1993) e requer algo

    mais do que exortar o sujeito a "basta confiar em mim." Lanceley (1999) assevera que

    "contrariamente ao que algumas pessoas podem supor, a principal habilidade dos bons

    negociadores no falar suave, mas um ouvir prtico" (p. 17). Portanto, aps

    apresentar-se ao perpetrador e perguntar se algum tem necessidades mdicas, o

    negociador usa tcnicas de escuta ativa para ajudar a construir o rapport. Escuta ativa

    definida como a capacidade de visualizar uma situao do ponto de vista da outra

    pessoa e permitir que essa pessoa compreenda essa perspectiva. Ver tabela 6.

    Tabela 6 -Tcnicas de Escuta Ativa.CATEGORIA

    GERALDESCRIO

    Rotulando Emoo Negociador rotula e responde as emoes do perpetrador no apenasao contedo de sua declarao

    Parafraseando Negociador resume as afirmaes do perpetrador.

    Refletindo ouEspelhando

    Negociador repete as ltimas palavras ou frases do perpetrador comuma crescente inflexo sugerindo uma pergunta.

    EncorajamentosMnimos Negociador usa breves perguntas para incentivar outras declaraes.

    Mensagens comEu

    Negociador permite que o perpetrador saiba como e porque razo onegociador est sentindo de certa maneira e o que o perpetrador podefazer para remediar a situao.

    Questes abertas Negociador faz perguntas que no podem ser respondidas com umsimples sim ou no.

    Pausa Negociador responde com uma pausa que, no contexto, encoraja operpetrador a fazer novas declaraes.

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    Escuta Ativa tambm a ferramenta primria de interveno em crise. A

    investigao emprica feita por Donohue e Roberto (1993) sugere que, para o bem oumal, negociadores e aos agressores desenvolvem um padro de relacionamento

    relativamente estvel com bastante rapidez no processo de negociao.

    Inicialmente, Donohue, et al. (1991) encararam a negociao de refns como

    um processo de cinco fases: (1) coleta de inteligncia, (2) desenvolvimento de

    introduo e relacionamento, (3) desenvolvimento de esclarecimento e relao, (4)

    resoluo de problemas, e (5) resoluo. Depois de pesquisas sugere que o contexto

    desempenha um papel importante e um melhor modelo descreve a forma como as

    negociaes podero avanar. Em outras palavras, a negociao pode evoluir em uma

    fase de negociao de crise movendo em direo negociao normativa atravs de

    fases, ou negociao com os progressos podem ser interdependentes integrativa e

    distributiva negociao entrelaados, ou a negociao pode permanecer fixa e

    separado com o perpetrador remanescente na crise negociao modo enquanto o

    negociador tenta barganhar normativamente (Donohue & Roberto, 1996).

    Alm disso, inicialmente, o sucesso da negociao era definido como a

    rendio do perpetrador e a libertao de refns/vtimas. Embora esta uma metainvejvel, em alguns casos pode no ser realista. J no mais equipara-se uma soluo

    ttica a uma falha de negociao. Em vez disso, o sucesso da negociao julgado por

    estabilizar um incidente atravs da "conteno verbal", evitando que policiais faam

    entradas perigosas, ganhando tempo para coleta de inteligncia e a chegada de

    recursos e evitar novas perdas de vida.

    No importa qual o ltimo resultado do incidente de crise, o negociador

    sempre responsvel pela elaborao e compartilhamento com o comandante da cenade dois pareceres chaves de um perito. So estes (1) a medida do progresso da

    negociao e (2) uma estimativa da probabilidade de letalidade iminente.

    Uma reviso da literatura de negociao de crise revela que existem onze

    fatores que indicam que est acontecendo progresso numa negociao (Soskis & Van

    Zandt, 1986; Fuselier & Van Zandt, 1987; Fuselier & Romana, 1996; Lanceley, 1999;

    Crisis Management Consultants, Inc., 2002). Estes fatores do progresso na negociao

    so:

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    - No houve mais leses depois do incio das negociaes;

    - Ameaas verbais e fsicas esto diminuindo;- A conversao por parte do perpetrador est aumentando;

    - O perpetrador est proferindo um contedo mais pessoal;

    - O perpetrador est fazendo menos exigncias instrumentais;

    -Rapportest sendo desenvolvido entre o negociador primrio e o perpetrador;

    - O perpetrador est demonstrando menos emotividade (via nvel da voz, etc.) e

    mais racionalidade;

    - A negociao normativa est aumentando, enquanto que a negociao

    coerciva, ou eu tenho a fora est diminuindo;

    - Prazos limites estipulados pelo perpetrador passaram e nenhuma pessoa foi

    ferida;

    - Alguns dos refns foram libertos;

    - O processo de rendio discutido pelo perpetrador;

    Sinais de letalidade iminente so:

    - O perpetrador iniciou um confronto deliberado com as autoridades e no fez

    nenhuma tentativa de escapar;- A vtima conhecida do perpetrador e foi escolhida por ele/ela;

    - H uma histria de problemas entre a vtima e o perpetrador;

    - O perpetrador no est fazendo nenhuma exigncia substantiva;

    - O perpetrador tem uma histria de incidentes similares;

    - O perpetrador sofreu recentemente de multiplos fatores estressantes;

    - O perpetrador percebe uma perda de como encarar as coisas e/ou controle;

    - O perpetrador sente falta dos sistemas de apoio social;- Leses adicionais ocorreram desde o incio da negociao;

    - Ameaas contra os refns/vtimas esto aumentando;

    - A emotividade do perpetrador est aumentando e a racionalidade est

    diminuindo;

    - A conversao est diminuindo;

    - No hrapportentre o perpetrador e o negociador;

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    - O perpetrador est fazendo ameaas suicidas ou dando dicas de suicidar-se.

    (Fuselier, Van Zandt & Lanceley, F. J., 1991; Soskis & Van Zandt, 1986; Fuselier &Romana, 1996; Lanceley, 1999; Crisis Management Consultants, Inc., 2002).

    A literatura acima, enquanto de natureza de uma anedota, o resultado de

    muitos anos de experincia prtica. A maioria dos autores so ex-negociadores de

    refns do FBI e, em um momento ou outro trabalharam em estreita colaborao com a

    equipe de resgate de refns do FBI sediada na Academia do FBI. No entanto, deve

    notar-se que os fatores de progresso da negociao acima descritos, bem como os

    sinais de letalidade iminente, no so igualmente ponderados em importncia. Em vez

    disso, estes fatores e sinais so recomendados como guias que, quando em contexto

    com a totalidade da situao de crise, ajudam o negociador a desenvolver um parecer

    quanto ao progresso e a ameaa iminente de letalidade.

    A negociao de crises um negcio de equipe. Uma mxima importante que

    ningum negocia sozinho. No mnimo deve haver um negociador primrio, um

    negociador secundrio e um lder do time. Dependendo das circunstncias, deve haver

    times mais elaborados com sete pessoas, designados em trs turnos. Cada time dever

    ter um negociador primrio, um negociador secundrio, um lder do time de negociao,um oficial de ligao com o ttico, um coordenador de recursos e um consultor de

    cincia comportamental (Fuselier & Van Zandt, 1987; Lanceley, 1999).

    A documentao do processo de negociao crtico. O negociador

    secundrio, ou o registrador, em times maiores, precisa registrar todos os eventos na

    negociao. Isto importante no s para reconstruir eventos para fins de testemunho

    na justia, mas, mais importante, para ajudar a adquirir, categorizar e analizar o

    perpetrador, vtima, exigncia e fatores de progresso na negociao, com issopermitindo ao negociador e ao comandante saber o que est acontecendo.

    Durante o final dos anos 90, o FBI avaliou, mas no implementou, um programa

    de computador intitulado Programa de Computador Mdulo de Perfil da Personalidade

    (PPM). Este programa ambicioso foi desenhado, em parte, para ajudar os negociadores

    a manter o controle dos eventos da negociao assim que ocorressem. O programa

    tambm inclua acesso de internet criptografado aos dados do HoBaS, escalas de

    avaliao de risco, formulrios com a histria do incidente e do sujeito, dados de perfil

  • 7/22/2019 Artigo a Evolucao Da Negociacao de Refens Trad

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    da personalidade, estratgias sugeridas para negociao e incidentes e ferramentas

    para confeco de relatrio.Recentemente, outro programa de computador simples ao usurio foi lanado,

    desta vez em domnio pblico. Este programa intitulado O NEGOCIADOR DE

    CRISES. O Negociador de Crises composto de treze bancos de dados dispostos em

    cinco mdulos. Estes mdulos sao denominados (1) Dados do Perpetrador/Vtima, (2)

    Avaliao das Exigncias-Objetivos, (3) Avaliao da Letalidade, (4) Anlise da

    Negociao e (5) Normas de Ao. O Negociador de Crises desenhado para ajudar a

    sistematizar e entender as exigncias do perpetrador, os objetivos do negociador, medir

    e analisar o progresso da negociao, avaliar o potencial de letalidade, e, finalmente,

    perceber e medir sinais de alerta de letalidade iminente por parte do perpetrador (Crisis

    Management Consultants, Inc, 2002).Documentao e anlise cuidadosa a chave

    para o sucesso da negociao de crises. Portanto, os times de negociao precisam

    utilizar programas de computador dedicados a isto ou manter notas escritas detalhadas.

    Anlise da Vtima

    Estar cativo contra a prpria vontade e ser ameaado de ser ferido e/ou morto obviamente um trauma psicolgico. Tal trauma tem severas repercusses psicolgicas

    e comportamentais, tanto em curto, como em longo prazo. Inicialmente, a vtima

    tipicamente experimenta o fenmeno do medo congelado (Symonds, 1980a; Symonds,

    1980b; Fuselier, 1991). Com sua liberdade de movimento cerceada, a vtima no pode

    fugir. Alm disso, com medo, ela ou ela foca toda sua ateno no perpetrador. O

    tomador de refns refora este foco de ateno para manter e aumentar seu controle. A

    vtima experimenta dissociao entre pensamento e comportamento.Comportamentalmente, a vtima tipicamente demonstra uma calma pseudo-cooperativa.

    Cognitivamente, a vtima perde a habilidade de pensar racionalmente. Emocionalmente,

    a vtima est em tumulto. Symonds denomina esta segunda fase inicial da captividade

    de infantilismo traumtico psicolgico (1980b, p. 40).

    Aps o choque inicial de ser mantida em cativeiro, um nmero de aspectos

    emocionais e comportamentais identificveis, mas s vezes diferentes, foram

    observados em vtimas. Estes tem sido diversas vezes designados como (a) Sndrome

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    de Estocolmo (Hacker, 1976); (b) a Sndrome do Senso Comum (Strentz, 1977); (c) a

    Sndrome de identificao do Sobrevivente (Schlossberg, 1980); (d) a Sndrome deResposta do Refm (Wesselius & DeSarno, 1983); (e) a Sndrome de Identificao do

    Refm (Turner, 1985); (f) a Sndrome de Londres (Olin e Born, 1983); e, o que pode ser

    denominado de (g) a Sndrome da Lamria Histrica (Fuselier, 1991).

    As cinco primeiras Sndromes enumeradas acima referem-se situao

    paradoxal em que a vtima desenvolve sentimentos positivos para com o tomador de

    refns. Isso frequentemente associado com sentimentos negativos voltados para as

    autoridades. Quando um tomador de refns no fere sua vtima, ento, s vezes, o

    cativo desenvolve um sentimento de gratido. Symonds (1980b, p. 41) descreve isto

    como "relacionamento patolgico" e a maioria dos profissionais de crise utilizam o termo

    de Hacker, Sndrome de Estocolmo, ao discutir os fenmenos.

    Embora uma vez pensava-se ser uma experincia comum aos refns,

    atualmente a maioria dos negociadores de crise acreditam que a Sndrome de

    Estocolmo ocorre raramente e apenas sob certas e especficas condies. As duas

    condies que podem iniciar o desenvolvimento da Sndrome de Estocolmo so o

    tempo e o contato positivo entre vtima e perpetrador. No entanto, o contato positivodeve ser iniciado pelo tomador de refns (Lanceley, 1999). Se no houve nenhum

    contato entre o tomador de refns e a vtima ou se o tomador de refns abusou do

    refm, a Sndrome de Estocolmo no aparecer. Alm disso, altamente improvvel

    que uma vtima que teve um relacionamento anterior com o perpetrador ir desenvolver

    a Sndrome de Estocolmo. Da mesma forma, diferentes valores culturais, falta de uma

    linguagem comum e preconceitos raciais, ticos, religiosos ou ideolgicos preexistentes

    podem trabalhar contra o desenvolvimento de uma relao positiva entre o tomador derefns e a vtima. Na verdade, nestas situaes, a passagem do tempo pode realmente

    aumentar o risco de danos para os refns uma vez que a viso negativa do autor em

    relao vtima seletivamente reforada (Turner, 1985).

    As duas ltimas sndromes acima mencionadas referem-se infeliz situao

    onde uma vtima atua de forma a que o tomador de refns ir mat-la. A Sndrome de

    Londres foi observada em 1981, durante o cerco da Embaixada iraniana em Londres,

    Inglaterra. Durante o cerco, um refm chamado Abbas Lavasani continuamente discutia

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    com os sequestradores, embora seus colegas refns exortavam-lhe para no fazer isso.

    Quando, aps vrios dias de cerco, os sequestradores decidiram matar um refm, elesescolheram Lavasani. O mesmo fenmeno ocorreu em Junho de 1986, em Beverly

    Hills, Califrnia. Depois que um roubo mal sucedido a uma loja de jias transformou-se

    em uma situao de refm, o perpetrador matou um segurana que foi amarrado e

    colocado com o rosto no cho. O perpetrador matou o refm porque este ltimo "estava

    resmungando demais contra mim" (Fuselier, de 1991, p. 714).

    A Sndrome da Lamria Histrica representa o outro extremo da tabela. Em vez

    da agressividade da Sndrome de Londres, uma vtima que chama a ateno para si

    pelo choro, lamria e/ou por ser excessivamente solcita ou demasiadamente submissa

    ao perpetrador caracteriza esta ltima sndrome. Tal incidente ocorreu em Rochester,

    Nova York, em 1985. O perpetrador era um homem negro que mantinha um grupo de

    homens e mulheres brancos e negros como refns. A motivao a princpio para a

    tomada de refns foi a perceptivel discriminao racial. No entanto, quando um prazo

    passou sem que suas exigncias fossem satisfeitas o perpetrador escolheu uma mulher

    negra para matar. F-lo porque ele ficou enfurecido pelo choro, lamuriar e insistente

    pedido contnuo de misericrdia por parte da vtima.Refns libertos requerem cuidado especial. Depois do resgate, uma proporo

    considervel de vtimas iro sofrer de alguma desordem mental diagnosticvel em

    consequncia de suas experincias, principalmente a Desordem de Estresse Ps-

    Traumtico (Wesselius & DeSarno, 1983; Allondi, 1994; Vila, Porche, & Mouren-

    Simeoni, 1999). Por exemplo, Easton e Turner descobriram que entre 25% e 50% dos

    indivduos britnicos que foram mantidos refns no Kuwait durante a Guerra do Golfo

    em 1991 reportaram problemas psicolgicos nove a dez meses depois de sualibertao. Da mesma forma, dois meses depois de um incidente com refns numa

    escola em Paris, Vila, Porche e Mouren-Simeoni (1991) observaram desordens mentais

    diagnosticveis em 72% das crianas avaliadas (26 de 29 crianas refns). Mais

    especificamente, eles perceberam 7 casos de DEPT, 11 casos de DEPT subclnico, 3

    casos de ansiedade de separao, 1 caso de fobia e 2 casos de desordem depressiva

    aguda.

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    Alem disso, parece que os problemas psicolgicos da vtima podem durar por

    um longo tempo. Por exemplo, Van der Ploeg e Kleijn perceberam que 32% dos 138refns estudados reportaram continuarem com trauma psicolgico nove anos depois do

    incidente com refns em um trem na Holanda (1989). Terr observou que 100% das 25

    crianas que ela estudou reportaram continuarem com problemas psicolgicos quatro

    anos depois do incidente da tomada do nibus escolar em Chowchilla (1991). Desivilya,

    Gal e Ayalon (1996) descobriram que mesmo dezessete anos depois de um evento de

    refm barricado em uma escola de Israel, a maioria dos 76 sobreviventes reportaram

    sintomas de estresse traumtico (39% reportaram quatro sintomas; 52% reportaram

    cinco a oito sintomas e 9% reportaram nove ou mais sintomas).

    Certos fatores aparentam estar correlacionados com um risco aumentado de

    problemas psicolgicos a longo prazo aps o resgate das vtimas. So estes:

    testemunhar violncia fsica, sofrer violncia fsica e no receber apoio psicolgico aps

    a libertao (Desivilya, Gal, & Ayalon, 1996; Bisson, Searle & Srinivasan, 1998; Vila,

    Porche, & Mouren-Simeoni, 1999).

    McDuff (1992) assevera que times de interveno especialmente treinados

    precisam trabalhar com cativos libertos antes que eles retornem para sua vidacotidiana. A meta desta interveno educar as vtimas e suas famlias com respeito s

    consequncias psicolgicas do trauma, estimular uma rede de apoio social entre as

    vtimas e agir como sentinela entre as vtimas e outros intrusos, em particular a mdia.

    Symonds (1983) assevera que o tratamento para refns libertos deve girar em torno de

    reassegurar que o comportamento das vtimas durante o cativeiro foi aceitvel,

    restaurao dos sentimentos de poder, reduo dos sentimentos de isolamento,

    diminuio do sentimento de falta de ajuda e encorajamento dos sentimentos decontrole.

    Concluso

    Ao longo dos ltimos trinta anos, uma vasta literatura tem sido desenvolvida em

    matria de negociao de crises, no entanto, mais trabalho precisa ser feito. Quatro

    reas que esto maduras para a pesquisa so: (a) documentao e anlise de eventos

    de refm/barricada; (b) anlise e melhoria das tcnicas de negociao de crise; (c)

    desenvolvimento e melhoria das tcnicas de tratamento da vtima, e (d) explorar o

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    impacto dos meios de comunicao sobre o resultado dos eventos de refm/barricada.

    particularmente importante notar que bases de dados de incidentes derefns/barricadas locais sejam mantidas, semelhante ao que mantido no

    Departamento de Cincias Comportamentais e Psiquitricas, da Faculdade de Medicina

    da Universidade de Louisville (Feldmann, 1998). Documentao e anlise cuidadosa

    crucial no s para o sucesso de negociaes individualmente mas tambm para

    desenvolver uma melhor compreenso dos eventos crticos. Assim, recomenda-se que

    as Equipes de Negociao faam maior uso de Softwares especficos, como o

    Negociador de Crises, durante os incidentes crticos. A informao estruturada gerada

    por esses programas ajudam tanto a satisfazer o objetivo imediato de resolver a crise,

    bem como a longo prazo o objetivo de fornecer um registro sistemtico do evento para

    a incluso em bases regionais. Com o desenvolvimento e manuteno de bases de

    dados regionais, programas de resgate de refns locais sero mais capazes de obter

    informaes relevantes sobre os incidentes de refns/barricada em sua comunidade e

    analisar seu estilo de negociao e eficcia.

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