artefato 1 2013_3aedicao_revisao

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Ano 14, Nº 3 Jornal-Laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Distribuição Gratuita Brasília, maio 2013 Foto: Samita Barbosa Igrejas inclusivas Jornal - Laboratório - UCB Pág. 12 e 13 Comunidade LGBT XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX RISCOS Eclâmpsia é a principal causa de morte entre gestantes no país Pág. 15 LAZER Veja o raio x da situação dos principais parques do Distrito Federal Pág. 05 TRABALHO Comércio emprega 20% dos trabalhadores da cidade diz pesquisa da Codeplan Pág. 04

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Page 1: Artefato 1 2013_3aedicao_revisao

Ano 14, Nº 3 Jornal-Laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Distribuição Gratuita Brasília, maio 2013

Foto: Samita Barbosa

Igrejas inclusivasJornal - Laboratório - UCB

Pág. 12 e 13

Comunidade LGBT XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

RISCOSEclâmpsia é a principal causa de morte entre gestantes no país

Pág. 15

LAZERVeja o raio x da situação dos principais

parques do Distrito Federal

Pág. 05

TRABALHOComércio emprega 20% dos trabalhadores da

cidade diz pesquisa da Codeplan

Pág. 04

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OPINIÃO

EDITORIAL

EXPEDIENTE

O fazer jornalístico vai além do diplo-ma. A preocupação em apurar a notícia, escrevê-la de forma ética e acessível aos leitores é justamente o que aprendemos em um curso de quatro anos que nos torna bacharéis em Comunicação e ha-bilitados em Jornalismo. Durante oito semestres, convivemos com professores e profissionais que nos incentivam a in-terpretar e traduzir a informação. Um

processo construído coletivamente, que é fruto de percepções sobre assuntos que devem se tornar públicos, discutidos na reunião de pauta e finalizados com a matéria publicada no jornal.

Criamos, recriamos, escrevemos e rees-crevemos. Contudo, nem sempre acerta-mos. A intenção de trazer ao Artefato um tema como o acesso de crianças com transtorno do espectro autista às classes

regulares do ensino fundamental é justifi-cada pela relevância da chamada inclusão.

Apesar do zelo na construção do tex-to, ferimos o Estatuto da Criança e do Adolescente na matéria Modelo de inclu-são ao não preservar e zelar pela priva-cidade de nossos pequenos personagens. Reconhecemos o equívoco e nos descul-pamos publicamente, reforçando a pro-posta do jornal de agendar nossos leitores

para temas importantes, mas dentro de uma perspectiva coerente com os precei-tos éticos. O Artefato, enquanto exercí-cio laboratorial, pensa e repensa cotidiana-mente suas práticas e nosso papel como futuros jornalistas. Talvez esse seja o maior diferencial de um jornal que quer evitar erros, mas que, quando eles acontecem, reconhece e se retrata. É essa a importân-cia da formação universitária.

Aprender com os próprios erros

Jornal-laboratório do curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília - Ano 14, Nº 3, maio de 2013

Reitor: Prof. Dr. Ricardo Spindola Diretora do Curso: Profª. Angélica Córdova Machado MilettoProfessores responsáveis: Karina Gomes Barbosa e Fernanda VasquesOrientação Gráfica: Prof. Moacir MacedoOrientação de Fotografia: Profª. Bernadete Brasiliense

Editores-chefe: Anna Cléa Maduro e Michelle Brito Editores de fotografia: Mariana Lima e Samita Barbosa Editores de web: Renata Cardoso e Victor Araújo Editores de arte: Felipe Carvalho e Percy Souza Editores de texto: Lane Barreto, Luana Lopes, Maria Rita Almeida, Raiane Samara, Rayanne Alves e Samuel Paz

Repórteres: Altieres Losan, Ana Carolina Alves, Ana Paula Viana, Anna Cléa Maduro, Carlos Ribeiro, Dayane Oliveira, Dayanne Teixeira, Elza Milhomem, Flávia Sousa, Heloise Meneses, Henrique Carmo, Jéssica Antunes, Júnior Assis, Luana Lopes, Maria Rita Almeida, Mariana Lima, Michelle Brito, Nayara Viana, Percy Souza, Quéssia Maia, Raiane Samara, Rayanne Alves, Renata Cardoso, Robson Abreu, Lane Barreto, Samanta Lima, Samita Barbosa, Samuel Paz, Simone Sampaio, Susana Senna, Thyago Santos, Walquíria Reise e Yale Duarte

Subeditores de fotografia: Adriano Lima, Juliana ProcópioChecadores: Carlos Ribeiro, Dayanne Teixeira, Elza Milhomem, Quéssia Maia, Robson Abreu e Thyago SantosDiagramadores: Altieres Losan, Enaile Nunes, Felipe Carvalho, Herinque Carmo, Jéssica Antunes, Júnior Assis e Samanta Lima

Fotógrafos: Adriana Braga, Alessandro Alves, Allan Viríssimo, Carlos Ribeiro, Jéssica Lilia, Jussara Rodri-gues, Lucas Batista, Luma Soares, Priscila Suares, Raíssa Merielle, Renata de Paula e Sued Viera

Tiragem: 2 mil exemplares Impressão: Gráfica Saturno

Universidade Católica de Brasília EPCT QS 07, Lote 01 - Águas Claras - DF CEP: 71966-700 - Tel.: (61) 3356-9237

Jornal - Laboratório - UCB

facebook.com/artefato.ucb [email protected]@

Edições anteriores: http://issuu.com/jornalartefato

Ilustração: Henrique Carmo

Leve derrapada>> Samuel Paz

Proteger os policiais militares do Distrito Federal em dias de chuva é algo justo e necessário. Não só para evitar que se molhem, mas também para torná-los visíveis e evitar aciden-tes. Mas precisava planejar a compra das benditas capas justo para os me-ses de seca? Ou ainda: precisava com-prar 17 mil unidades para um efetivo de 15 mil policiais? O governador Agnelo Queiroz disse que a licitação se justifica porque os equipamentos têm grande durabilidade.

No fim das contas, o argumen-to foi reforçado por uma auditoria da Secretaria de Transparência e Controle do DF. Concluiu-se que, houve falhas na pré-cotação de

preços, fase que determina o valor médio do produto e norteia as ne-gociações. Uma das empresas pro-curadas cobrou muito mais do que as concorrentes (R$ 480 cada, con-tra R$ 150 em compra feita pelos

bombeiros de Pernambuco) e elevou o valor de referência. Contudo, não houve irregularidades.

Pode até ser que tudo tenha sido feito de acordo com a lei, mas um dedinho de imoralidade, aí tem.

Tentaram enfiar as capas no pacote de investimentos para as copas das Confederações e do Mundo de fu-tebol – que acontecerão no auge da seca. Quiseram se aproveitar do regi-me especial de compras para os tor-neios, pular etapas, agilizar as coisas. O bom e velho jeitinho.

O governador aquaplanou um pou-co quando defendeu a compra, mas logo recuperou o controle. Quem mais sofreu com a tempestade po-lítica foi o coronel Suamy Santana, afastado do cargo de comandante da Polícia Militar. Enquanto isso, homens e mulheres da PM seguem engasga-dos com o ar seco de Brasília e as trapalhadas dos patrões.

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DEMOCRAC IA

A lei agora é anunciar o votoCampanha nacional mobiliza parlamentares e cidadãos na luta pela transparência em todo o país

POLÍTICA

>> Anna Cléa Maduro Renata Cardoso

Ciro e a colega Amanda participam de todas as manifestações políticas na capital federal

No mês de abril, deputados dis-tritais lançaram uma campanha

para garantir a votação aberta em to-dos os estados brasileiros e na capital federal. A mobilização pretende asse-gurar que a Câmara dos Deputados, Senado Federal e demais instâncias públicas do país sejam transparentes na prestação de contas à população. Ou seja, todas as pessoas terão aces-so às decisões dos parlamentares so-bre qualquer emenda, lei ou determi-nação política.

A ideia de acabar com o voto secre-to não é nova. A iniciativa surgiu em 2006 com a Emenda à Lei Orgânica do DF 47/2006 do deputado distrital Chico Leite (PT). O projeto garan-tiu que todas as determinações da Câmara Legislativa do Distrito Federal passassem a ser abertas. “Aqui conse-guimos um avanço que precisamos levar a todo o Poder Legislativo bra-sileiro. É preciso que haja o fim desse tipo de voto, pois o sigilo no processo de votações é uma das características mais prejudiciais à democracia”, expli-ca o distrital.

Agora a intenção é ampliar o pro-cesso de votação transparente com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 20/2013, de autoria do sena-dor Paulo Paim (PT-RS). Caso seja aprovada, todos os votos realizados no Congresso, assembleias legislati-vas e câmaras de vereadores do país deverão ser declarados. “O voto se-creto é um incentivo à corrupção”, enfatizou o senador durante a cam-panha pela aprovação da PEC. Para Paim, “é um absurdo o voto secreto do homem público em um Estado democrático de Direito. Assim, a sociedade não sabe como cada de-putado vota num afastamento de parlamentar, no impeachment de um

presidente ou até mesmo num veto. Não dá para aceitar”, acrescentou.

Além dos parlamentaresParalelamente à mobilização dos

senadores e deputados, a população também tem se manifestado a favor da transparência nas votações. Uma petição feita no site Avaaz.org, no dia 10 de abril, já alcançou mais de 300 mil assinaturas. Intitulado “Voto Aberto Já!”, o documento informa: É hora de acabar com a votação secreta que é um verdadeiro cheque em branco para os políticos. Assine essa petição agora e compartilhe com todos. Quando al-cançarmos 500 mil assinaturas, entre-garemos a petição diretamente ao pre-sidente da Comissão de Constituição e Justiça. O estudante da Universidade de Brasília (UnB) Ciro Rockert dos Santos foi um dos primeiros a regis-trar a opinião no documento on-line. Para ele, ações como essas são es-senciais para garantir mudanças no cenário político brasileiro. “O povo é soberano. Quando ele se organiza e forma movimentos sociais, tem mais força, voz e assim poderá ser ouvido

com maior clareza, atenção e res-peito. O voto secreto impede de sa-bermos quais foram os políticos que votaram contra ou a favor de alguma lei ou emenda”, lembra o estudante.

O professor da UnB Leonardo Barreto confirma a importância da participação popular e reconhece a necessidade de movimentos a partir de forças exteriores ao Congresso. “O voto secreto é um instrumento de camuflagem do parlamentar, pois serve para esconder seu posiciona-mento, seja do eleitor ou do gover-no. Dificilmente ele abrirá mão des-se instrumento de forma voluntária, então se não for por meio de pres-são popular, não acontecerá”, escla-rece o especialista.

Mas nem todos os cidadãos são a favor de os parlamentares compar-tilharem todas as decisões com a sociedade. Na opinião do estudante de Direito da Universidade Católica de Brasília (UCB) Victor Rodrigues, deve ser mantido o voto secreto na apreciação dos vetos presidenciais, já que se trata da fiscalização que o Poder Legislativo tem sobre o Poder

Executivo. Para ele, “o voto secreto nesse caso é importante para man-ter o equilíbrio entre as instituições e a liberdade de consciência dos le-gisladores sobre determinadas leis, além de evitar pressões e chanta-gens do governo sobre os parlamen-tares”, destaca.

Todos contra umA busca pelo fim do voto secreto

não se limita à PEC 20/2013. Em 2011, deputados de diversos partidos cria-ram a Frente Parlamentar em Defesa do Voto Aberto com o mesmo objeti-vo: pressionar o Legislativo e garantir a aprovação das votações abertas em diversos contextos. Existem PECs, por exemplo, que pregam o fim do sigilo de voto em caso de cassação, decretação de perda de mandato de parlamentar, aprovação ou exoneração de autori-dades.

A Proposta de Emenda à Constituição mais antiga sobre o tema é de 2001, apresentada pelo ex-deputado e ex-governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury (PTB). Em 2006, ela foi aprovada em primei-ro turno pela Câmara e até hoje não voltou à pauta. Além disso, outras duas PECs aprovadas pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) em 2010 seguem sem decisão final até hoje.

Foto

: Jés

sica

Lília

Ilustração: Henrique Carmo

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TRABALHOECONOMIA

O ditado popular diz que “o traba-lho enobrece e dignifica o ho-

mem”, mas não é apenas isso: ele mo-vimenta a economia e gera renda para milhares de famílias. No Distrito Federal, segundo dados da Companhia de Desenvolvimento do Planalto Central (Codeplan), existem atualmente 1,25 milhões de trabalhadores. Para conhe-cer um pouco mais sobre essas pessoas, o Artefato foi às ruas e conversou com gente que trabalha na lavoura, na correria de um shopping ou em meio à papelada de um órgão público.

Catarino Luiz de Lima, 52, ou ape-nas Luizinho - como ele prefere ser chamado, nasceu na cidade mineira de Araxá. Aos 12 anos mudou-se com os pais e dois irmãos para uma chácara na área rural de Brazlândia. Nesse pe-daço de terra medindo cerca de 800 metros quadrados, Luizinho aprendeu a plantar feijão, mandioca e milho. É dessa forma que o agricultor mineiro ganha a vida.

De acordo com o IBGE, assim como Luizinho, outras 22 mil pessoas ga-nham a vida nas lavouras do DF. “Fui ensinado desde menino que a terra

pode ser uma ótima fonte de sustento. Levo isso para toda vida e ensino para o meus filhos”, afirma.

Porém, a vida de agricultor também tem seus problemas. Luizinho recla-ma da grande quantidade de roubos a chácaras, que vem ocorrendo na loca-lidade. “Os bandidos gostam muito de roubar o maquinário usado no plantio .Volta e meia fico sabendo de um vizi-nho que teve o lote invadido”, relata.

Em meio a betoneiras, tijolos e ci-mento, o servente de pedreiro Cássio Araújo, 25, tira uma pausa para apreciar a marmita do dia. No cardápio: arroz, feijão carioca, carne de porco frita e chuchu refogado. “O almoço é a hora do dia mais esperada por um peão de obra”, brinca. O jovem morador de Ceilândia começou a trabalhar em obras aos 16 anos e, hoje, é uma das 79 mil pessoas que trabalham na construção civil aqui no DF, segundo informações da Codeplan. “Ajudei um vizinho a erguer um muro e gostei do serviço, desde então vi que tinha jeito pra esse tipo de trabalho”, conta.

Araújo recebe cerca de R$ 600, além de cesta básica e vale-transporte.

Entretanto o rapaz revela que sonha com salários melhores, mas a falta de estudos atrapalha. “Estudei só até a oi-tava série e tudo que sei sobre cons-trução eu aprendi na prática. Hoje em dia até para ser mestre de obras é preciso ter o segundo grau”, desabafa. Para o engenheiro civil Celso Bartes a falta de qualificação é uma questão que afeta tanto empregadores como empregados “As construtoras ofere-cem bons salários e benefícios, porém é preciso que o trabalhador se quali-fique. Não basta saber rebocar bem uma parede, é preciso ter uma noção geral da obra”, explica.

Memorandos e vitrinesBrasília possui atualmente 199 mil

servidores públicos distribuídos en-tre os governos local e federal, se-gundo dados da Pesquisa Emprego e Desemprego (PED), realizada em março. Sandra Bueno, 32, funcionária da Secretaria de Cultura do DF há oito anos, conta que buscou o serviço público não apenas pela estabilidade: “Queria um emprego que pagasse o suficiente pra eu bancar a minha facul-dade e também que oferecesse uma carga horária de trabalho flexível”.

Além disso, a servidora acredita que o trabalho em um órgão público não é sinônimo de monotonia. “Tudo depende da forma como você enca-ra as suas tarefas e as demandas que surgem. Eu trabalho em um setor que lida diretamente com artistas da cida-de, então cada dia é uma nova história, um novo aprendizado”, relata.

Quem trabalha no comércio repre-senta 20% do número de trabalhado-res do DF, o que corresponde a 246 mil pessoas, de acordo com os dados da PED. Esses comerciários estão dis-tribuídos em centros comerciais, lojas

de rua e feiras . “O grande diferencial do comércio em relação aos demais setores da economia está na diversi-ficação dos locais de trabalho e dos produtos oferecidos, o que resulta também em um profissional mais ver-sátil e antenado com as tendências”, explica o economista Jorge Macedo.

A vendedora Débora Martins, 22, trabalha numa loja de roupas mascu-lina em um shopping na Asa Norte há oito meses. A jovem conta que traba-lhar no comércio é cansativo, apesar disso, ela elogia o trabalho. “Tem muito cliente mal educado, às vezes dá vonta-de de largar tudo e sair correndo, mas em compensação o comércio faz com que conheçamos pessoas diferentes a cada dia, além de oferecer uma varie-dade de atividades”, comenta.

Novo cenárioPara o economista Leon

Nascimento, a economia do Distrito Federal se diversificou nos últimos anos e o setor privado ganhou espa-ço. “Nos últimos 20 anos o número de estabelecimentos comerciais tri-plicou. Até mesmo a indústria, mes-mo que em pequenos índices, vem aumentado a participação no merca-do, e isso ajuda dar equilíbrio na eco-nomia, pois não ocorre uma grande dependência de apenas um setor”, explica.

O especialista completa e afirma que o crescimento da iniciativa pri-vada tem outro forte papel no setor econômico: “O comércio, a constru-ção civil e o setor de serviços têm como função absorver boa parte da mão de obra de uma cidade. Não podemos ter uma economia de-pendente apenas de um única ativi- dade, como o serviço público, por exemplo”, comenta.

Quem são os trabalhadores da capital?Homens e mulheres que trabalham no comércio, na construção civil e na agricultura contam suas

experiências nas áreas que mais empregam no Distrito Federal>> Percy Souza

Ilustr

ação

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CIDADESLAZER

Procuram-se parques de verdade

No DF, a maior parte deles está apenas no papel e aguarda construção de estrutura física

CIDADES

Quem procura uma área de lazer com árvores, pista para cami-

nhadas e ciclismo, recreação para crianças e aparelhos de ginástica, deveria encontrar esta estrutura nos 72 parques administrados pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram) distribuídos na cidade. Mas, a reali-dade é outra: apenas 14 deles, sob gestão do órgão, estão em condições básicas de funcionamento. Em igual situação estão o Parque da Cidade, no Plano Piloto, e o taguaparque, em Taguatinga. Porém, são administrados por suas cidades.

Frequentador do Parque da Cidade Sarah Kubitschek, o servidor público Fernando Salgueiro con-sidera ruim a estrutura básica do local para os frequentadores. “Ele é um dos principais do DF e deveria ser a vitrine da cidade, mas acabou se tornando numa vitrine trincada e esquecida”, comenta.

O Parque da Cidade é um dos principais locais de lazer da Capital. Além das pistas para caminhadas e corrida, o lugar dispõe de restau-rantes, bosques com churrasqueiras, parques infantis e um centro hípico. Salgueiro reclama da falta de manu-tenção e conta que não se arrisca a usar os banheiros de lá. “A situação é precária, falta investimento e o po-der público faz muita propaganda e toma poucas ações”, afirma.

Verde esperança A Secretaria de Estado do

Meio Ambiente e Recursos Hídri-cos do Distrito Federal (Semarh) iniciou em junho de 2011, nas co-memorações da Semana do Meio

>> Lane Barreto

Ambiente, o programa Brasí-lia, Cidade Parque. De acordo com a Secretaria, o projeto tem o objetivo de revitalizar 72 parques e 20 unidades de conservação que existem no DF. O secretário da Semarh, Eduardo Brandão, esclarece que a maior parte desses lo-cais foram instituídos como parques, mas só existe no papel: “Cria-se um decreto estabelecendo uma poligonal e nada mais é feito. Muitas pesso-as acreditam que esses locais são terrenos baldios”, explica.

O programa utiliza o método da compensação ambiental para arrecadar recursos financeiros para as reformas e manutenção dos parques e áreas de conser-vação. “Quando é feita uma obra que gera impacto ambiental, é co-brado em torno de 1,5 % do valor do empreendimento para a cons-trutora”, explica Brandão. Segun-do ele, a forma de pagamento pe-las empreiteiras é definido com a própria Semarh, e a construtora pode utilizar os próprios funcio- nários para a execução da com-pensação ambiental.

Ainda segundo o secretário, com a compensação ambiental, o recurso disponível para manu-tenção e revitalização dos par-ques passou de R$ 1,5 milhão por ano para R$ 100 milhões. Além disso, existe a vantagem de não precisar de licitação para a contratação de empresas para a reforma, o que torna o pro- cesso mais rápido.

Parque e clubeO Ibram disponibiliza, atual-

mente, apenas um parque para a população do Núcleo Bandeirante, cidade que fica a 13 km de Bra-sília. O Parque Recreativo do Nú-cleo Bandeirante está localizado no cruzamento da Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB) com a Estrada Parque Indústria e Abaste-cimento (EPIA). O local já foi um clube administrado pelo Serviço Social da Indústria (Sesi).

Apesar de o local aparecer na lista de parques em funcionamen-to fornecida pelo Ibram, alguns moradores da cidade não sabem que o acesso ao local é gratuito. “Eu não tinha conhecimento que era um parque aberto ao público, sabia da existência do local, mas fiz a carteirinha e achava que tinha que pagar para frequentar”, diz o militar Pedro Henrique Mendonça que mora no Núcleo há um ano.

Como é um local onde fun-ciona um parque e um clube ao mesmo tempo, existe diferença de dia para visitação do público e dos associados. O local fica aber-

to à visitações em geral de terça a sexta, das 07h às 21h. Sábados, domingos e feriados, o horário de funcionamento é das 08h30 às 17h; porém, não é permitida a entrada da comunidade, apenas dos sócios do clube.

O parque tem uma grande área verde, com duas quadras de es-porte, campo de futebol gramado e de areia e playground. Para Men-donça, os finais de semana seriam os dias em que as pessoas mais usariam o local. “Nesses dias, eles cobram uma taxa para entrar e é fechado ao público. Não sei se isto está certo ou errado”, critica. Ele ainda ressalta que encontra o lugar aberto apenas no meio de semana.

Por meio de nota o Ibram in-formou ao Artefato que, apesar de ser o gestor do parque, o terre-no é do GDF e que a Administra-ção da cidade autorizou uma ONG administrar o local. Eles disseram ainda que já existe uma ação na justiça para resolver o proble-ma. Mas que por enquanto, o lo-cal permanece aberto apenas aos associados nos fins de semana.

Infográfico: Henrique Carmo

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Jovens da classe média trabalham menosOPORTUN IDADECIDADES

Pesquisa da Codeplan aponta diferenças entre pessoas da mesma faixa etária em diferentes cidades

>> Yale Duarte

Pesquisa sobre o perfil dos jovens brasilienses aponta

diferentes índices na empre-gabilidade entre a classe mé-dia e a periferia. Levantamento realizado pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), divulgado em 2012, revela que pessoas en-tre 18 e 24 anos que moram em bairros nobres da capital trabalham menos. Lago Sul, Cruzeiro e Plano Piloto apre-sentam o menor número de empregados nessa faixa etária.

Em 2009, dados da Pesquisa Domiciliar Socioeconômica (PEDS), realizada pela Code-plan em 15 cidades do DF, en- tre elas Gama, Brazlândia, Cei-lândia e Samambaia, aponta-ram que a população de baixa renda correspondia a 250 mil habitantes, sendo 25 mil jo-vens entre 20 e 24 anos. Desse total, 38% não trabalham e não es-tudam. Idade considerada adequada para ingressar no mercado de tra-balho, estudar para concursos públi-cos ou disputar uma boa colocação dentro de uma empresa são algumas questões que incomodam quem está iniciando uma carreira profissional.

Recém-formada em direito, Dayane Rodrigues, 23, moradora de Vicente Pires, conta que apenas fez estágio obrigatório para concluir o curso de graduação. “O trabalho é enobrecedor, mas tenho uma con-dição confortável em que posso es-colher entre estudar ou trabalhar. Opto por estudar”. Dayane tenta ingressar no serviço público desde que terminou a faculdade e deseja entrar no mercado de trabalho ape-nas quando for aprovada.

Sociólogo e professor da

Universidade de Brasília (UnB), Marcello Barra afirma que a pesqui-sa realizada pela Codeplan é muito importante e o que se viu no DF não é exclusivo da cidade nem do país: é uma realidade mundial. “O trabalho é central não só para entender, mas para construir outro modelo, outro tipo de sociedade”, comenta. Em relação às classes de baixa renda, o sociólogo diz que há uma maior exploração da força de trabalho. “A classe burguesa retira mão de obra do trabalhador e o futuro desses jo-vens acaba condenando-se à escas-sez”, conclui Marcello.

Trabalhar ou estudarAuxiliar de escritório na

Universidade Católica de Brasília, Maria Isabel da Silva, 16, trabalha há 11 meses na instituição. “Comecei

a trabalhar por incentivo da escola onde estudo, mas uso o meu salá-rio para ajudar em casa”, afirma a estudante.

Alguns jovens se interessam em começar a vida profissional mais cedo por serem de famílias de bai-xa renda, outros apenas pela liber-dade de ter o próprio dinheiro. A empresa Serasa Experian, especiali-zada em divulgar dados a clientes empresários, disponibilizou no site uma pesquisa a respeito da classe média brasileira, que atinge 100 mi-lhões de pessoas, sendo 32 milhões jovens que moram no subúrbio. Desse total, nove milhões são tra-balhadores de baixa renda.

Rayanne Oliveira Fernandes, 23, vive essa realidade. Ela começou a trabalhar aos 17 anos em uma empresa de decoração de festas

para ajudar a mãe com as despesas de casa e pagar a própria faculda-de. “Eu trabalhava aos finais de semana porque ainda fazia o terceiro ano. Como eu precisa-va, procurei o meio mais fácil, que era a empresa da minha prima”, com-pleta. Depois desse pe-ríodo, Rayanne trabalhou em quatro empresas de grande porte em Brasília. Ela conta que após mui-to esforço iniciou um curso de graduação em Ciências Contábeis, mas não o concluiu. “Ajudava a pagar contas e com-prava comida, isso era bom, mas trabalhar o dia todo e estudar à noite fi-cou muito cansativo. Tive

que desistir, já que não tinha ou-tra opção de emprego”, afirma ela.

A pedagoga Abadia Guimarães trabalha em uma instituição de ensino superior em Taguatinga. Ela conta que o ideal seria que os jovens da periferia pudessem es-tudar primeiro. “O certo seria se preparar para o mercado de tra-balho, mas sabemos o quanto é di-fícil. Os estudantes acabam tendo opções como a marginalidade e o trabalho. E que venha o trabalho”, alerta a pedagoga.

Marcello Barra

O que se viu no DF não é exclusivo da cidade nem do país: é

uma realidade mundial

Aos 16 anos, Maria Isabel da Silva (à direita) é auxiliar de escritório no período da tarde

Foto: Renata de Paula

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CONSC IENT I ZAÇÃO

Uso da bicicleta no DF cresce entre quem tem mais informação: Apesar do investimento em ciclovias, para especialistas, governo não tem interesse em campanhas de educação

CIDADES

>> Elza Milhomem Heloíse Meneses

Magrela. Assim muita gente chama a bicicleta. Veículo leve

que, comparado ao carro ou moto, não pesa no bolso de quem adere a um estilo de vida mais saudável e barato, sem enfrentar trânsito intenso. Engarrafamentos fizeram com que os brasilienses aderissem ao uso da bicicleta.

O teórico e especialista em trân-sito alemão Hass-Klau foi o cria-dor do termo Verkehrsberuhigung, que traduzido para o português significa Acalmia de Trânsito - mais conhecido em inglês como Traffic Calming. Em 1990, ele desenvol-veu estudos para uma política de moderação no trânsito. A ideia é sugerir a redução da velocidade média dos automóveis nas áreas edificadas e o estímulo ao tráfego de pedestres, ao ciclismo, ao trans-porte público e à renovação urba-na. Com isso, o sistema cicloviário fica mais acessível para uma parte da população que se interessa por esse novo conceito.

O assessor de imprensa Nelson Araújo é ciclista há três anos e acredita que o Estado precisa ter mais intenção em promover políti-cas públicas de conscientização no trânsito para motoristas e ciclistas. “Assim como foi em Brasília na época da implantação da faixa de pedestre, tem de haver campanhas de conscientização e fiscalização sempre ativas”, declara.

Há dois anos, Nelson trocou o ônibus pela bicicleta. Para ele, a decisão de pedalar se tornou um estilo de vida. “É divertido, prazeroso e econômico. Ganho tempo de locomoção no meu dia-a-dia e acho que todos deveriam

pensar sobre isso para que aumen-te a consciência social e ambien-tal”, destaca.

Segundo o GDF, o Distrito Federal possui mais de 227 mil bicicletas e 229 km de ciclovias concluídas. Só em 2012, 150 km de ciclofaixas – sis-tema criado para ciclistas utilizarem em domingos e feriados - receberam investimentos de R$ 16 milhões nas regiões do Sudoeste, Recanto das Emas, Santa Maria e Ceilândia. A pre-visão do governo é ampliar de 229 para 600 km de ciclovias até o fim de 2014.

O presidente da União de Ciclistas do Brasil (UCB) Arturo Alcorta ex-plica que acontece atualmente no Brasil um rápido crescimento do uso da bicicleta como meio de transpor-te por pessoas que têm mais acesso à informação. Segundo os especialis-tas Horton, Cox e Rosen, em artigo científico divulgado pela Mobilize, o uso da bicicleta na Dinamarca e Holanda como meio de transporte é maior por aqueles que possuem carro.

Para Arturo, não há interesse do governo em realizar campanhas educativas. “Nós acreditamos que apenas com insistência por par-te dos ciclistas em cima do poder público é que conseguiremos re-sultados a curto e médio prazo”, destaca.

A estudante Flávia Marra vai to-dos os dias de carro de casa até a universidade e acredita que muitos ciclistas não respeitam as regras de trânsito. “A maioria anda no meio da pista junto com os carros, atravessa a faixa de pedestres sem descer da bicicleta e muitas vezes não dá o si-nal de vida”, reclama.

Já Uirá Lourenço, ciclista há 10 anos, acredita que para melhorar o trânsito é necessário fugir da lógica rodoviarista (sistema apenas para au-tomóveis) de transporte: “Concedem cada vez mais espaço para o automó-vel ampliando vias e estacionamen-tos, mas é necessário lembrar-se da lógica humana da mobilidade saudá-vel, que investe fortemente nos mo-dos alternativos e não motorizados de transporte”.

Uirá pedala desde a época da uni-versidade. Hoje, a família usa a bici-cleta para se locomover. “Foi natural passar a cultura da bicicleta a minha mulher e aos meus filhos. Eles sabem da importância da pedalada, da pra-ticidade e dos benefí-cios à saúde para nós e para os outros”, diz.

Pedalando foraDe acordo com

a UCB, capitais eu-ropeias têm inves-tido com sucesso no transporte por bicicleta. Amsterdã e Copenhague os-tentam índices de mais de 30% dos des-locamentos para o trabalho feitos pela magrela. Segundo Uirá, no Brasil são necessários trajetos contínuos integrados ao transporte coleti-vo e vagas seguras e confortáveis para o estacionamento de bicicletas. “Isso inclui sinalização, educa-ção, fiscalização entre

outras medidas, como moderação de tráfego”, afirma.

“Infelizmente, os governos na esfera local e federal não têm in-vestido na necessária mudança de pensamento. Além de construir in-fraestrutura (ciclovia, por exemplo), é preciso mudar progressivamente os costumes, passar a valorizar os modos coletivos e saudáveis de lo-comoção”, pondera Uirá.

Procurado pelo Artefato, o Comitê Gestor da Política de Mobilidade Urbana por Bicicletas, órgão do governo res-ponsável por assuntos estraté-gicos relacionados a acessibili-dade, não quis se posicionar.

Até 2014, ciclovias serão ampliadas para 600km

Foto: Sued Vieira

Mais alguns quilômetros e força no pedal

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Acabou a luzAPAGÃOCIDADES

Implantação de novas linhas energéticas é uma solução para quedas de energia frequentes em Brasília, porém apenas 10% das obras estão concluídas

>> Henrique Carmo

Na capital do Brasil, em plena pre-paração para os grandes even-

tos de 2014 e 2016, problemas com energia elétrica estão cada vez mais frequentes. Para tentar minimizar o problema, a Companhia Energética de Brasília (CEB), junto com o Governo do Distrito Federal colocou em anda-mento a implantação linhas de distri-buição de energia.

Três linhas de alta tensão já foram entregues em Santa Maria, Riacho Fundo, (atenderá a Hípica e o Setor de Embaixadas Sul) e Sudoeste que levará energia ao Estádio Nacional.

A CEB fará 11 investimentos, entre linhas de distribuição e novas subestações, que fazem parte de um pacote de obras estabelecido em conjunto com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para a realização dos jogos de 2014.

Segundo a companhia, nem todas as obras são necessariamente para o Estádio. A maior parte vai reforçar a energia do DF. Segundo um relatório emitido pela Aneel em fevereiro deste ano, A CEB tem apenas 10% das obras concluídas. Das 11 obras prioritárias, uma está concluída e cinco estão atrasadas. Para oito obras, a CEB propôs novo prazo de conclusão.

ApagõesA CEB afirma que o último grande

apagão aconteceu em outubro do ano passado, porém pequenas quedas de energia vêm trazendo alguns transtornos. Na última tempestade ocorrida em abril deste ano, um dos prejudicados foi a equipe da rádio Ativa-FM, em Samambaia. Segundo Rener Lopez, um dos locutores da emissora, foram perdidos quase todos os equipamentos. Rener

diz que o prejuízo não ficou só nos equipamentos. A rádio está fora do ar desde então, perdendo anunciantes e patrocinadores. A equipe da rádio já entrou com o pedido de ressarcimento de danos junto à companhia, o locutor não soube informar o valor do prejuízo.

Para fazer o pedido é preciso entrar no site da CEB ou retirar o formulário em umas das agências da empresa. No documento devem ser informadas inclusive a data e a hora em que o ocorreu a queima do aparelho. Devem também estar anexados ao pedido ao menos três orçamentos, que servirão de base para a companhia ressarcir o prejuízo. O prazo para receber a indenização pode chegar a até 45 dias.

Os prejuízos com a falta de energia também afetam os sinais de trânsito da cidade, causando transtornos nas pistas da capital. No começo

do mês de abril, um apagão na Asa Norte mobilizou o Detran para monitorar os cruzamentos da W3 Norte, porque semáforos ficaram desligados por toda a manhã e no início da tarde. A CEB informou que o fato foi causado por alagamento em uma subestação próxima, que fornece a energia local.

Os problemas Por meio de nota ao Artefato, a

CEB aponta como um dos problemas a arborização da cidade. Segundo a companhia, galhos frequente- mente se encostam às redes, o que causa o desligamento. A empresa tem um programa de podas, porém não consegue atender a de- manda. Um transbordamento na rede esgoto causou a inundação do transformador no Núcleo Bandeirante, o que causou uma queda de energia na região. A companhia

afirma que a maioria dos casos de falta de energia foge de seu alcance por se tratar de fatores externos.

A empresa afirma que passou cerca dez anos sem investimentos necessários para acompanhar a demanda crescente do DF. O sistema ficou sobrecarregado, informa. Somente em 2011 projetos de melhorias foram retomados. Em 2012 o Governo do Distrito Federal fez um investimento de R$ 160 milhões na empresa. Em 2011, 2012 e 2013 foram gastos pela CEB quase meio bilhão de reais em reformas, ampliações e manutenção do sistema energético da cidade. Apesar desses valores, atualmente a companhia é considerada a terceira pior empresa do ramo do país, segundo ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgado em março. O ranking faz referência ao desempenho da companhia em 2012.

Foto: Alessandro Alves

Propaganda no Núcleo Bandeirante garante que a CEB está nos eixos. Empresa pediu mais prazo para oito obras

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Lúcio Domingues pedalou até Machu Picchu, no Peru. Percorria cerca de 170km por dia.

V IAGEM

Mochila nas costas e pés na estradaEm busca de aventuras e cultura, os mochileiros precisam levar coragem nas bagagens

>> Thyago Santos

V iajar para descansar? Nada disso. Para quem pretende fazer

uma viagem ao estilo “mochilão”, repousar é improvável. De acordo com a Sociedade Brasileira da Aventura (BAS, na sigla em inglês), mochileiro é a tradução do termo backpacker, atribuído ao fato de os viajantes usarem grandes mochilas. Segundo o BAS, o perfil dessa pessoa é o de alguém que busca gastar pouco, ir a lugares inusitados de maneiras incomuns, ter experiências raras e crescimento pessoal.

No Brasil, existe um portal destinado especialmente ao mochileiro. A jornalista Claudia Severo de Almeida e o fotógrafo Silnei Andrade são os idealizadores e administradores do site, que existe

desde 1999. Segundo a jornalista, o site nasceu com a necessidade de um espaço mais dinâmico e interativo para a troca de informações entre usuários, que acontecia na revista eletrônica Mochila Brasil. “Oferecemos informações para viajantes, fornecidas por eles mesmos, além de um espaço de integração entre os interessados, sobretudo brasileiros”, afirma Claudia.

Um dos usuários do portal é o bancário Luzardo Alves. O destino escolhido por ele foi a Patagônia chilena, mais precisamente a cidade de Puerto Natales. A escolha do destino se deu por meio do site. “Eles fornecem toda a base, desde dicas do que levar até sugestões sobre onde ficar”, aponta o bancário. A preparação total da viagem que ele realizou sozinho levou cerca de três semanas, e a partida aconteceu em março de 2012. Para chegar ao destino, Luzardo embarcou em três aviões, um ônibus e um táxi, totalizando 24 horas de trajeto. “O objetivo da viagem era conhecer o parque ecológico Torres Del Paine. Como sou apaixonado por fotografia, não pude deixar de lado a câmera fotográfica”, conta.

A objetividade e organização são características de um mochileiro precavido, e Luzardo se encaixa perfeitamente nessas duas. Ele conta que traçou tudo o que faria durante a viagem: os lugares que iria conhecer, o que faria e até os horários. “Decidi a minha rotina, os locais a que queria ir e quanto tempo gastaria neles. Cada dia foi planejado. O mochileiro precisa fazer esse planejamento, e não pode escapar dele. Orçar os gastos também é importante”, ressalta.

E não é só Luzardo que passou a viajar de forma independente. Apesar de não existirem dados concretos sobre o aumento de mochileiros, Claudia Severo acredita que houve um crescimento considerável desse tipo de aventureiro. “Se levarmos em conta os acessos ao site, o número de blogs pipocando sobre o assunto e o interesse das pessoas nas comunidades relacionadas, pode-se afirmar que sim, aumentou. Mas não podemos falar em números”, comenta a jornalista.

Sobre duas rodas Há quem prefira dispensar os

modos tradicionais de viajar. É o caso do segurança Lúcio Domingues. Em junho de 2012, se uniu a três amigos para ir de bicicleta até Machu Picchu, no Peru. O trajeto foi planejado durante três anos. Começou em Brasília e chegou ao fim após 27 dias. Pedalando com mais dois amigos e ajudados por outro em uma caminhonete, eles seguiram por uma

COMPORTAMENTO

rota que passou por locais como o Pantanal e a Bolívia. Percorriam cerca de 170 km por dia. Rapadura diluída na água e sanduíches eram refeições constantes. As despesas da viagem, incluindo alimentação, estadia para dormir, gasolina e os gastos de todos os integrantes, totalizaram R$ 10 mil, patrocinados pela seguradora na qual trabalham.

Durante o trajeto, o único problema de saúde foi um mal estar no fígado causado pela mudança na alimentação. Lúcio levou apenas alguns casacos na bagagem, mesmo indo a uma região com baixas temperaturas. “Às vezes a gente dormia com a roupa de frio que usávamos para pedalar, e mesmo assim ainda sentíamos frio”, lembra. O segurança conta que conheceu muitas pessoas e recomenda esse tipo de experiência. “Acho que quem puder fazer deve tentar sim. Foi uma experiência única. Vi muitas coisas e passei por momentos que vou levar por toda a vida”, constata.

Como se preparar para um mochilão?

Pesquise os principais meios de transporte e valor das hospedagens

Reúna o máximo de informações sobre o lugar

Crie um roteiro dos locais que irá visitar

Tenha diferentes formas de efetuar pagamento (dinheiro e cartão)

Conheça minimamente o linguajar do local

Compare preços e economize o máximo possível

Luzardo Alves conheceu a Patagonia Chilena em um mochilão que realizou sozinho.

Ilustração: Henrique Carmo

Fotos: arquivos pessoais

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MODA

Foto: Priscila Suares

COMPORTAMENTO

Comprar uma peça ou acessório daquela grife badalada ou de

um estilista conceituado parece fora de questão? Pois essa é a forte aposta do varejo de moda fast fashion, que, com a estratégia, permite que os clientes tenham acesso a produtos de prestígio com preços mais populares.

No Brasil, a Riachuelo e a C&A são as principais lojas que investem nessas linhas exclusivas. A primeira já lançou peças produzidas por personalidades da moda como Cris Barros, Marcelo Sommer, Thaís Gusmão e a grife Daslu. A segunda, já firmou parceria com Reinaldo Lourenço, Glória Coelho, Stella McCartney e as grifes Santa Lolla e Maria Filó. Para o produtor de moda Marcus Barozzi, a intenção dessas criações é trazer a assinatura, as cores, a modelagem e o estilo dessas marcas para um público novo. “É necessário observar o life style das pessoas. Essas coleções aliam o desejo que o consumidor tem de se aproximar das marcas com o da loja de promover as vendas”, afirma.

Um estudo realizado pelo Ibope Inteligência prevê que cada brasileiro, neste ano, gastará cerca de R$ 800 no setor de vestuário, 18% a mais que no ano de 2012, quando a estimativa de valor foi de quase R$ 700. A pesquisa também aponta que as classes sociais B e C detêm o maior poder de consumo: 40% cada, o que representa um total de mais de R$ 100 bilhões juntas.

Segundo pesquisa feita pela eCGlobalNet, rede na qual con-sumidores discutem sobre serviços, consumo e produtos na internet, a

preferência por comprar em lojas de departamento foi observada em 30% dos 2.180 internautas brasileiros entrevistados. A variedade de roupas encontradas nesses locais foi o principal fator para esse resultado. Essas lojas, geralmente, trabalham com o fast fashion (moda rápida, em tradução literal), ou seja, a produção contínua e em grande escala de coleções de roupas diferenciadas em um curto período de tempo.

O estilista Romildo Nascimento diz que o diferencial de se criar uma coleção para lojas fast fashion é que ambas as partes saem ganhando. “O estilista tem seu produto consumido por pessoas que não tinham acesso à marca e as lojas levam peças diferenciadas ao seu cliente”, ressalta. Segundo o profissional, esse público não busca somente produtos baratos, mas também um valor agregado naquilo que compra e a possibilidade de exibir status adquirido.

De acordo com a especialista em design de moda Aline Sanromã, a procura por produtos em lojas de departamento realmente tem crescido nos últimos anos. “Quem disse que para se vestir bem é preciso gastar muito? Creio que é essa a questão que motiva estilistas e grifes a criarem para as lojas”, afirma. Ela também diz que é necessário avaliar a conjuntura econômica do país. “Mais emprego, melhor renda e o surgimento da nova classe média são indicadores importantes porque o público se torna mais consciente sobre a moda, mas ainda não tem total poder aquisitivo para adquirir peças de grife”, completa.

não vestir tão bem. “Não seja só um consumidor da moda. Seja um “antenado”, principalmente, com a moda que mais se adapta ao seu corpo, ao seu estilo de vida. Assim fica mais fácil fazer uma boa compra, seja de grife ou em fast fashion”, conclui.

Glamour do fast fashionLojas de departamentos investem em coleções exclusivas de grifes

e estilistas famosos para atrair consumidores >> Ana Carolina Alves Dayane Oliveira

Mudança rápida de coleções é o diferencial em lojas fast fashion

De olho nos preçosA Santa Lolla, grife que comercializa sapatos, bolsas e acessórios criou, recentemente, uma coleção exclusiva para a C&A. Abaixo, está um comparativo de preços entre seus produtos originais e alguns modelos similares confeccionados especialmente para a loja de fast fashion.

Sapatilha vermelha com tachas douradas Grife – R$ 199,90 Fast Fashion – R$ 79,90Sapato preto e estampa animal print Grife – R$ 309,90 Fast Fashion – R$ 99,90

Bota preta com spikes Grife – 389, 90 Fast Fashion – 209,90Bolsa vermelha com detalhes dourados Grife – 319,90 Fast Fashion – 159,90

A moda é baratearPor que esses produtos

têm um preço tão inferior se comparado aos originais? A diferença está na escolha dos tecidos e materiais que são usados para a confecção das peças. Uma camisa, que em determinada grife seria de seda, por exemplo, pode ser vendida com modelo similar, mas feita de poliéster. “O consumidor terá acesso a um produto com referência de moda e que talvez não conseguisse adquirir de outra forma. Entretanto, nem sempre com qualidade, justamente pelos tecidos e acabamentos utilizados”, revela Aline Sanromã.

A especialista ainda reforça que para aproveitar as coleções, a dica é não comprar tudo o que se vê pela frente e sim optar por peças-chave como casacos e blazers, que têm sido destaque em muitas linhas exclusivas. Também lembra que é importante provar tudo, pois, quando exposto, o produto pode ser lindo, mas

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COMPORTAMENTOCU IDADOR

Profissão: babá de animaisPara quem não tem onde deixar o bicho de estimação na hora

de passear ou trabalhar, o serviço de pet sitter é uma opção>> Nayara Viana Walquíria Reis

D onos de bichos que não encon-tram a possibilidade de levar o

animal na viagem ou passeio, podem ter dúvidas sobre onde e com quem deixá-lo. Para solucionar o problema, surgiu uma nova profissão - pet sit-ter - profissional que oferece serviço domiciliar de cuidado e companhia para o animal de estimação.

É possível manobrar as necessidades deixando os bichos com algum amigo ou parente mais próximo, ou levar con-sigo em viagens, mas cada animal tem seu temperamento e costumes, o que pode gerar frustrações para o próprio pet ou para quem fica com ele. “Isso pode até mesmo estimular agressivida-de, provocar medo no animal ou afetar sua saúde se ficar com alguém sem co-nhecimentos necessários”, é o que afir-ma Renato de Couto, 25, que trabalha com psicologia canina há sete anos e há dois, incluiu os serviços de pet sitter em sua empresa.

Entre as vantagens do serviço de pet sitter está a de “manter o animal em sua residência, evitando assim, possíveis frustrações nele como também falta de vagas ou preços mais altos em ho-téis para animais”, explica Renato. São executados serviços básicos de alimen-tação, repouso e higiene, passeios recre-ativos e alguns oferecem adestramento. A personalização de atendimento reduz também possíveis riscos de saúde ao pet, mantém a rotina criada pelo pro-prietário, além de oferecer cuidados especiais para filhotes e animais idosos .

A solução é interessante, mas é ne-cessário atenção ao contratar um pet sitter: “Infelizmente, o mercado brasi-liense não analisa muito o currículo nesses serviços, dando oportunidade para amadores, o que é arriscado”, aler-ta Renato. Para ele, ficar com o animal ou entrar na casa dos donos, é preci-so atender a requisitos. “Essas pessoas

Foto: Luma Soares

podem se utilizar de má fé para entrar na residência ou na falta de conheci-mento, prejudicar a saúde deles”, com-plementa. Renato desenvolve o traba-lho com cães, mas existe pet sitters para diferentes animais de estimação.

Lohraine Fagundes, além de cachor-ros atende aves, tartarugas, peixes, mas afirma que a demanda maior é para cui-dar de gatos. Ela começou a oferecer os serviços de cuidadora há um ano e descobriu a atividade por meio da irmã, Sofia Bethlem, que é adestradora. “Eu estava precisando de dinheiro e foi quando a minha irmã deu a ideia” conta. Juntas, elas abriram uma empresa que atende clientes em todo o DF. Mas an-tes de oferecer os serviços, as profissio-nais se especializaram na área.

Isabela Gusmão e o sócio Saulo Magalhães também trabalham como pet sitters. Eles abriram um serviço es-pecializado para animais há seis meses no Plano Piloto. “Nós fazemos uma primeira visita até a residência com a intenção de conhecer o animal e levan-tar dados sobre ele em um cadastro que é preenchido pelo cliente”, escla-rece Isabela Gusmão. Após o primeiro contato para identificar a raça, idade e costumes do mascote, os cuidadores voltam à residência e atendem o animal de acordo com suas necessidades.

O negócioExistem passeadores, hotéis e creches

para animais de estimação, mas o serviço de pet sitter tem sido popularizado e se revela como oportunidade para empresários que investem em cursos profissionalizantes. A tendência dessa profissão veio dos Estados Unidos e conquistou o público brasileiro.

As diárias cobradas por um “cuidador de animais”, termo mais conhecido no Distrito Federal, variam de R$20 a 60, conforme a localização, horas e funções.

Segundo Renato, em sua empresa esse serviço pode faturar mensalmente até R$3 mil, principalmente em meses de muitos feriados.

Renato aconselha quem deseja entrar na profissão: “Procure atuar incialmente junto à pessoas que já trabalham na área, recebendo pouco ou mesmo nada pelo conhecimento”. Ele defende a ideia de que livros e internet ensinam muito, mas que a prática é fundamental. Por enquanto, os “babás de animais” não estão enquadrados em uma categoria profissional específica perante a lei.

Os interessados em encontrar um cuidador disponível também podem recorrer a um serviço na internet. O www.pethub.com.br já existe há dois anos e usuários podem se cadastrar tanto para contratar um profissional quanto para oferecer trabalho.Para saber mais sobre o trabalho oferecido por: Renato, acesse: www.seuamigao.com.brLohraine Fagundes: (61) 8205-8010 Isabela Gusmão e Saulo Magalhães: 9866-0407

Para ser um cuidador, Renato aconselha cursos preparatórios e amor por animais

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D IRE I TOS HUMANOSCOMPORTAMENTO

Fé sem preconceitoHá mais de oito anos, igrejas inclusivas no DF recebem gays, lésbicas e transgêneros e pregam o valor à estrutura familiar

>> Michelle Brito Samita Barbosa

Foto: Samita Barbosa

O pastor Alexandre Feitosa prega na Comunidade Apascentar localizada no Conic. Os cultos acontecem às quartas 19h30, e aos domingos às18h

Em meio à variedade da vida noturna do Setor de

Diversões Sul, vulgo Conic, – bares, cinema, casas noturnas – de quarta-feira a domingo templos religiosos denominados igrejas inclusivas recebem gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transgêneros. Estabelecida em 2005, pelo professor e pastor Ivaldo Gitirana, a Comunidade Athos é a primeira de Brasília direcionada a acolher as minorias sexuais: “A nossa estrutura não é diferente das demais. Temos cultos, liturgias e pessoas que buscam a Deus”, explica.

A Comunidade Athos recebeu em uma noite de sábado mais de 50 fiéis. Quem dirigia o culto era a pastora Márcia Dias. Os que escutavam eram casais como Jociano Barros e Eder Freitas. Há sete anos Eder convidou seu companheiro, Jociano, para conhecer o local, que tem como slogan A igreja que valoriza a sua identidade. Jociano já foi católico e revela: “Eu participava de tudo, mas não era permitido fazer o ato mais esperado ao fim da missa: comungar. Aceitei conhecer a igreja inclusiva, pois aqui sou tratado como qualquer outro membro”, conta.

Pastor e teólogo, Alexandre Feitosa é casado com Jean

Charles há dois anos. Juntos eles organizam os cultos, a escola bíblica e o aconselhamento pastoral da Comunidade Cristã Inclusiva Apascentar, também localizada no Conic. “A teologia inclusiva nasceu para, biblicamente, inserir essas pessoas na igreja por meio de um novo entendimento dos textos bíblicos”, explica Alexandre. No culto, realizado aos domingos, os fiéis cantam músicas religiosas e escutam algumas passagens da Bíblia.

Além das atividades internas, os participantes também organizam evangelizações em bares, quiosques do Parque da Cidade e casas noturnas. Distribuem panfletos, convidam para o culto ou oram com as pessoas. Segundo Ivaldo, “muita gente adentra o espírito ‘evangeliquês’ e se esquece de lutar pelos direitos humanos. A nossa liderança tem que sair do quadrado do templo, ir além da parte imaterial. Pois o espiritual acrescenta todos os outros pontos”, destaca.

Filha de pastor evangélico, a psicanalista Maria Machado* frequenta a Comunidade Apascentar com a esposa Rose

Andrade*. Ela conta que, mesmo depois de se assumir homossexual aos 18 anos, manteve um casamento heterossexual durante 13 anos. “Meu pai era pastor missionário e, claro, não aceitou. Ele quis me expulsar de casa, mas minha mãe não deixou”, revela. Maria assumiu sua sexualidade e, hoje, mantém união estável com Rose. Elas realizaram a cerimônia religiosa em uma igreja inclusiva de São Paulo.

Dimensão familiarDados do censo de 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em Brasília, 1.241

É fundamental respeitar o outro como um ser que respira, ama, chora, ora. Precisamos conhecer

para aprender a lidar com todas estas diferençasIvaldo Gitirana

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COMPORTAMENTO

Desafios da comunidade LGBT

Fábio Oliveira administra o site, a página do facebook e o twitter da Comunidade Athos. Além dos pedidos de orações, Fábio já recebeu recados como: “Vocês não têm vergonha de sujar o evangelho?”. As conquistas dos homossexuais são recentes no Brasil. Há três anos o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo. E, atualmente, se discute a diminuição da maioridade para realização de cirurgia de mudança de sexo. Segundo Zuchiwschi, “o Brasil tem um grande atraso na legislação que diz respeito à gays, lésbicas e transgêneros em relação a outros países”. Ele afirma que a sociedade brasileira in-fluencia nessas decisões e que deve haver “um diálogo para o conhecimento com caráter pedagógico para conscientizar as pessoas”.

pessoas declararam que dividem a mesma residência com cônjuge ou companheiro do mesmo sexo. Nacionalmente esse número chega a 60 mil. Alexandre e seu companheiro, Jean, já frequentaram igrejas tradicionais. Jean, inclusive, já foi casado com uma mulher, com quem tem um filho. “Dentro das igrejas tradicionais você é pressionado a mudar. Muitos homossexuais vivem um casamento frustrado por causa desta pressão”, revela.

No que diz respeito à relação entre a Comunidade Apascentar e os atuais movimentos pelos direitos da comunidade LGBT, Alexandre e Jean enfatizam: “Temos uma ressalva com essa militância. Pessoas seminuas, se beijando em passeatas gays, não estão nos representado. Haverá preconceito enquanto a comunidade agir como promíscua”, destaca. A igreja condena a promiscuidade e o adultério. “Defendemos os valores éticos, a família e a união estável”, afirma Jean.

O Pastor Ivaldo Gitirana também se casou com seu companheiro Douglas Santos. Ivaldo foi seminarista em 2001. Lá confessou sobre a sua afetividade quando estava em formação. “Ser padre era meu sonho. Estava apaixonado, confessei a respeito e a decisão foi a minha retirada”,

Os homossexuais querem ser tratados como seres humanos

completos. Expressar a religião faz parte disso

José Zuchiwschi

conta. Ivaldo saiu do seminário, aprofundou-se nos estudos litúrgicos no Centro de Estudos Bíblicos (CEBI) e trouxe para Brasília o conceito de teologia inclusiva e o método histórico crítico, modo de interpretar a Bíblia. “É fundamental respeitar o outro como um ser que respira, ama, chora e ora. Precisamos conhecer para aprender a lidar com todas estas diferenças” adverte.

ICM no BrasilAs Igrejas inclusivas surgiram no

final da década de 1960 a partir da Igreja Comunidade Metropolitana

(ICM) nos Estados Unidos. Este ano, completaram 10 anos de inserção no Brasil. O objetivo é acolher as minorias sexuais e promover a integração saudável da sexualidade e da espiritualidade LGBT à comunidade em geral. “Nós acreditamos que, assim como está escrito na Bíblia, Deus não faz interpretação de pessoas. E isso nos proporciona aprofundar nos estudos bíblicos, de maneira que não encontramos flechas que possam ser atiradas contra nós”, explica Ivaldo.

A ICM se espalhou por vários países e foi responsável, a partir

de 2000, pela criação de igrejas inclusivas em vários estados do Brasil. O especialista em gestão e direitos humanos e professor da Universidade de Brasília (UnB) José Zuchiwschi visitou, nos Estados Unidos, igrejas inclusivas na década de 1990 e acompanha os movimentos sociais em prol dos direitos humanos. “Os homossexuais querem ser tratados como seres humanos completos. Ter direito de expressar a religião faz parte disso” esclarece o professor.

* Nomes fictícios

D IRE I TOS HUMANOS

Com o slogan A igreja que valoriza a sua identidade, a Comunidade Athos recebeu em uma noite de sábado cerca de 50 fiéis

Foto: Allan Viríssimo

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COMPORTAMENTO

O carinho doado às crianças ajudam na superação do preconceito contra o vírus da doença

D ISCR IM INAÇÃO

Barreira para portadores do HIVPreconceito gera isolamento social e inibição na busca por tratamento eficiente

>> Robson Abreu Samanta Lima

Apesar dos avanços nas polí-ticas de prevenção e assis-

tência aos portadores do HIV, no Brasil o preconceito ainda é um desafio para cerca de 500 mil pes-soas diagnosticadas com o vírus, conforme dados divulgados em 2012 pelo Ministério da Saúde. De acordo com o psicólogo Marcelo Trindade, a discriminação está di-retamente ligada ao medo e ao desconhecimento das formas de infecção. “Mesmo com informação, as pessoas ainda associam o vírus a uma sentença de morte. Acham que a contaminação é algo distan-te da realidade”, explica.

O psicólogo relata que a pes-soa que convive com o vírus ou que tem a doença, na maioria das vezes, não sabe lidar com o diag-nóstico, o que gera a exclusão da vida social e o isolamento familiar. “Geralmente o preconceito contra os soropositivos ocorre primeiro na família e no mercado de traba-lho. Muitos morrem não devido à síndrome, mas sim de doenças psi-cossomáticas, por se sentirem só, depressivos. Com isso, eles se auto discriminam”, afirma Marcelo.

O cabelereiro Alex Viana*, por-tador do HIV há 13 anos, afirma que precisou aprender a lidar com o preconceito, principal-mente na família. Depois de so-frer a primeira pneumonia, a mãe decidiu separar todos os talhe-res, copos, roupas de cama e até móveis. “Não era por falta de in-formação, ela era uma pessoa es-clarecida. Dizia que era para me proteger de outras doenças, mas com aquela atitude tinha vergo-nha de mim”, desabafa.

Foto

: Raís

sa M

eirell

esDireitos adquiridosO projeto de lei

6124/2005, em tramita-ção no Senado, toma cri-me a discriminação de pessoas que vivem com o vírus. O PL prevê puni-ções que podem chegar a quatro anos de reclu-são, além de multa. Para a advogada Fernanda Andrade, a medida é bem vinda, mas só será exercida quando o cida-dão aprender a respeitar o soropositivo. “O ideal seria não precisar da lei, porém a sociedade não é madura o suficiente para entender que a aids é uma doença crônica e que o paciente pode viver bem”, ressalta.

A proposta foi apresentada pela ex-senadora Serys Slhessarenko (PT – MT) e, após ser aprovada na Câmara, voltou ao Senado porque sofreu alterações. A mais polêmi-ca é a possibilidade de enquadrar como crime a demissão ou exo-neração de funcionários em ra-zão da sorologia. O defensores do projeto alegam que é essen-cial manter esse inciso, pois coíbe ações de assédio moral cometi-das pelas empresas contra soro-positivos, como o caso de Alex. “Fui demitido de uma empresa

dois meses após avisar que sou portador. Haviam proposto que eu assumisse a gerência do local, mas, depois da revelação, me de-mitiram”, relata.

Crianças acolhidas Há seis anos, Vick Tavares abriu

mão do ateliê de costura para criar a instituição Vida Positiva, que acolhe crianças e adolescen-tes com aids. O local, na 711 Sul, é repleto de amor e carinho, vin-dos de uma mulher que há mais de uma década convive com his-tórias marcantes.

Atualmente, 17 meninos e meni-nas são assistidos pela instituição.

Nove vivem na casa e cerca de 40 famílias recebem assistência em medicamentos, alimentos e acom-panhamento médico. O objetivo da ONG é proporcionar estabilidade às crianças incentivando a supera-ção do preconceito e inserindo os portadores do vírus na sociedade.

Vick adotou uma das delas, Cláudia*, 9, que luta contra a dis-criminação desde pequena, como conta a mãe. “Um dia cheguei à escola e ela estava isolada dos outros meninos. Ela havia con-tado que tinha o vírus. Hoje ela está em outra escola, que a res-peita, mas não comenta sobre o HIV”, diz Vick.

Visite o blog para mais informações do instituto Vida Positiva:

www.vibraçoespositivashiv.blogspot.com.brMarcelo Trindade

Hoje, mesmo com informação, as pessoas ainda associam o vírus

a uma sentença de morte

*Nomes fictícios

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Gravidez que se torna um traumaNa pré-eclâmpsia, a pressão sanguínea é elevada, o feto para de se desenvolver

e quando evoluída pode levar à morte da mãe e do bebê

>> Dayanne Teixeira

SAÚDE

Foto: Adriana Braga

R I SCOS

Andréa diz ter superado o medo de engravidar

SAÚDESAÚDE

Ganho de peso, inchaço, dores de cabeça, insuficiência uri-

nária, dores abdominais e alterações na visão são sintomas que, se apre-sentados a partir do quinto mês de gestação, ou seja, 20 semanas, são preocupantes. Podem ser resultado da pré-eclâmpsia, uma doença em que a gestante desenvolve hipertensão e proteína na urina, a proteinúra. De acordo com o Ministério da Saúde, a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia estão en-tre as primeiras causas de morte ma-terna no Brasil e determinam o maior número de óbitos perinatais, além do aumento significativo de recém nasci-dos com sequelas.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pré-eclâmpsia é um distúrbio que afeta cerca de 5% das mulheres grávidas. A psicóloga Isabella Mendonça conta que já atendeu à muitas mães vítimas da síndrome: “Elas sempre chegam muito abaladas. A maioria perdeu o filho, então temos que curar uma depressão causada pela perda e o trauma de ter uma possível pré-eclâmpsia em uma futura gestação. Não é um tratamento fácil ou rápido”.

A ginecologista e obstetra, Edina de Macedo Fontes, afirma que a doença não é muito conhecida, portanto, as mulheres só ficam sabendo sobre ela quando a desenvolvem, Para informar e auxiliar, o Ministério da Saúde distri-bui desde 2010 o Manual Técnico da Gestação de Alto Risco.

De acordo com a médica, o moti-vo exato da síndrome ainda é desco-nhecido. “Não existem certezas nesse

assunto, mas as possíveis causas in-cluem doenças autoimunes, problemas nos vasos sanguíneos e genes”, explica. Ela também relata que, entre os fatores de risco, estão a primeira gestação ou gestação múltipla, como gêmeos, obe-sidades, gravidez em idade superior a 35 anos e históricos anteriores de dia-betes ou doença renal. Para detectar o distúrbio são realizados testes físicos, laboratoriais e monitoração da saúde do bebê.

Segundo a doutora Edina Macedo, as mulheres diagnosticadas com síndro-me não se sentem doentes. “Existem variados níveis da doença. Na grave, a gestante pode apresentar dores de ca-beça que não cessam facilmente, dor abaixo das costelas, na região da ve-sícula biliar, ou, ainda, quando o bebê chuta”, explica. Além disso, a redução do fluxo de sangue para a placenta pode restringir o desenvolvimento da criança. “A única forma de curar a pré-eclâmpsia é realizando o parto”, completa. De acordo com o Ministério da Saúde, quando diagnosticada, a mãe passa a tomar medicamentos para controlar a pressão arterial e evitar convulsões e injeções de esteroide após 24 semanas, para ajudar a acele-rar no desenvolvimento dos pulmões.

Bruna Morais, 27, teve pré-eclâmpsia em duas gestações: “Minha primeira gravidez foi tranquila. Não tive pro-blema algum, mas quatro anos depois, na minha segunda, senti fortes dores e perdi minha filha aos oito meses de gestação”. Ela relata que esperou seis anos para engravidar novamente: “Eu estava esperançosa. Minha pressão estava baixa, só que com 26 semanas comecei a perder líquido e minha pressão subiu novamente. Meu bebê nasceu com 28 semanas. Após cinco dias na UTI ele faleceu”. Ela comenta

que o pior de tudo foi não conseguir ver o filho, pois estava em estado gra-ve, decorrente da síndrome. A tia de Bruna teve pré-eclâmpsia em duas ges-tações e eclâmpsia em uma.

Final FelizCom uma pressão arterial de 9/5,

Andréa Cassese engravidou aos 28 anos. Aos cinco meses de gestação ela começou a inchar. Aos seis, foi perce-bido que o desenvolvimento do bebê estava estagnando. “Fui para a consulta do sétimo mês. Estava completando 30 semanas e me sentia muito bem. Meu bebê não mexia muito, mas achei que

Ministério da Saúde

A pré-eclâmpsia e a eclâmpsia continuam

sendo a primeira causa de morte materna no Brasil.

fosse normal. Durante minha pré-avaliação, mi-nha pressão estava 13/9. O médico juntou tudo e diagnosticou a pré--eclâmpsia”, relata.

A criança estava des-nutrindo. A placenta não passava nutrientes. “Primeiramente o par-to seria feito para salvar meu filho. O medo é de que ele estivesse em so-frimento fetal”, conta. O quadro mudou quando a pressão da mãe estava 18/16 e o risco era de que ela morresse. “Meus rins pararam. Meu médi-co falou para meu marido que teriam que escolher entre eu e meu filho”, lembra.

Andréa teve hemorra-gia após o parto, então a pressão começou a igualar. Seu filho Gabriel ficou 45 dias na UTI. Ela teve anemia forte e ficou algumas vezes internada

para realizar o tratamento. “Senti os efeitos da doença durante o resguar-do. Teve uma vez que minha pressão ficou 20/18 e fiquei temporariamente cega”, explica.

Ela ainda comenta que, mesmo com todo o trauma, sempre quis ter dois filhos. “Pesquisei bastante sobre o que poderia ocorrer numa segunda gravi-dez. Eu tenho pavor de que aconteça algo”. Hoje, aos 33 anos, Andréa está no oitavo mês de gestação e a gravidez está ocorrendo sem nenhum proble-ma ou sinal de pré-eclâmpsia. Ela toma remédios para prevenir a pressão alta.

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DESCANSO

Um sono considerado normal é aquele em que uma pessoa

descansa, física e mentalmente, e acorda preparada para as ativida-des cotidianas. Segundo especialis-tas, crianças precisam de aproxi-madamente 14 a 16 horas de sono por dia. Adolescentes precisam de mais ou menos nove horas diárias e adultos, de seis a oito horas. No entanto, nem sempre é assim que acontece. Uma pesquisa realiza-da pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2012 aponta que cerca de 40% da população mun-dial e 43% da brasileira sofrem com algum distúrbio ou síndrome relacionada ao sono.

Entre os problemas mais comuns estão a insônia e a apneia do sono. Nesta última, o indivíduo sofre breves e repetidas interrupções da respiração enquanto dorme, cau-sadas por obstruções na passagem do ar pela garganta. O tratamento depende de cada caso. O mais efi-caz e mais utilizado é o Continuous Positive Airway Pressur (CPAP), aparelho que previne o fechamen-to das vias aéreas.

Algumas doenças podem ser he-reditárias, como a narcolepsia, con-dição do sistema nervoso caracte-rizada por episódios inevitáveis de sono. Um dos sintomas é a sonolên-cia excessiva e a preguiça durante o

dia, que pode deixar a pessoa desa-tenta ao realizar atividades cotidia-nas. O tratamento mais adequado é à base de remédios que diminuem a sonolência durante o dia e tirar cochilos programados.

O neurologista especializado em saúde do sono do Hospital Universitário de Brasília (HUB) Raimundo Nonato explica as cau-sas desse distúrbio: “A narcolepsia é uma doença genética. Os meca-nismos imunológicos ainda não são bem esclarecidos. Ela inclui a perda de neurônios produtores de hipo-cretina, uma substância responsável por manter um animal em vigília”. A produção de hipocretina pode ser estimulada por alimentos que con-tenham açúcar e proteína animal.

SonâmbuloO consultor de comércio exterior

Dormir mal prejudica a saúdeDistúrbios do sono afetam desde crianças a idosos e podem ir além de uma noite mal dormida

Luiz Felipe Gonzales teve sonam-bulismo em grande parte da infân-cia, adolescência e começo da vida adulta. Soube do problema, carac-terizado por movimentos do corpo durante o sono profundo, por meio de relatos dos pais e amigos, que de-monstraram preocupação.

Por conta disso, resolveu pro-curar ajuda de um especialista em medicina do sono. “Achava um exa-gero tudo isso, mas fui convecido de que esse tratamento psicote-raupêutico me faria bem. Descobri que as causas eram preocupações e estresse, principamente na minha adolescência, em época de provas e trabalhos”, explica Luiz Felipe.

Segundo especialistas, episódios de sonambulismo ocorrem quan-do a consciência e a memória dor-mem e a parte motora desperta

>> Rayanne Alves

SAÚDE

Ilustração: Henrique Carmo

– por barulho, ronco ou crise epi-lética. Ainda não existem estudos que relacionam problemas psico-lógicos à doença, mas sabe-se que crianças são as mais atingidas. Na medida em que crescem, o sonam-bulismo pode desaparecer.

Mente afetadaAs doenças que afetam o sono

podem ter causas psicológicas e se diagnosticadas podem ser tratadas adequadamente. Estresse, angús-tia e depressão podem provocar esses problemas. A neurologista Jane Lúcia Machado, do Instituto do Sono de Brasília (Insono), aler-ta que a insônia ou qualquer ou-tra dificuldade para dormir pode levar a doenças como ansiedade ou depressão. Um problema pode desencadear outro.

Luiz Felipe Gonzales

Descobri que as causas do meu problema eram

preocupações e estresse, principalmente na

adolescência, em época de provas e trabalhos.

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Unhas de diferentes cores e tamanhos fazem parte da

vaidade de muitas mulheres. Mas, a preocupação em mantê-las com o esmalte da moda ou ir frequen-temente aos salões de beleza, não as afastam das infecções. Os ho-mens também podem sofrer com problemas causados pela falta de cuidado com as unhas. Por ser um depósito de bactérias, a unha se torna uma ameaça à saúde. O cui-dado vai além da estética e deve se tornar um hábito.

O dermatologista Cristiano Velasco, explica que a unha fun-ciona como proteção da pele e o descuido pode causar prejuízos. “As doenças são relacionadas a fa-tores de risco expostos na rotina de cada pessoa, desde a ida à mani-cure, sapatos apertados e falta de limpeza”, esclarece.

É preciso ficar atento à aparência da unha e notar o surgimento de manchas ou sinais de enfraqueci-mento. Estas observações podem ajudar no diagnóstico de alguma doença. Outra proteção são as cutí-culas, que geralmente são retiradas. Riscos

Pequenas lesões causadas por fun-gos favorecem a chance de infecção e podem ser ocasionadas pelo uso de instrumentos não higienizados em salões de beleza. “Os riscos va-riam desde a presença de bactérias em lesões na unha ou até em casos mais graves, onde a unha machuca-da pode ser uma porta de entrada para infecções sistêmicas, afetando

o organismo”, alerta a infectologista, Luciana Lara.

A micose, por exemplo, é uma do-ença ocasionada por fungos que se manifestam entre a unha e o dedo. Os sintomas são o acúmulo, aumen-to e deformação das cutículas. “É comum ter fungos na pele, mas isso pode se agravar quando eles cres-cem desordenadamente em contato com a unha. A micose pode surgir por cima da unha ou na parte infe-rior e acometem principalmente os pés”, afirma Cristiano Velasco.

A funcionária pública, Ana Queiroz, 40, teve micose de unha: “Senti uma forte dor ao redor

da unha, fui ao médico e ele disse que era uma inflamação. De acor-do com ele era uma celulite”. A celulite é uma infecção que apare-ce devido à presença de bactérias. Tratamento e prevenção

As doenças de unha têm cura e o tratamento pode ocorrer por meio de medicamentos orais ou por laser. O tempo de tratamento para quem utiliza medicamentos é de seis a de-zoito meses para alcançar resulta-dos eficientes. Para quem quer um resultado mais rápido a recomenda-ção é o laser.

Para prevenir as infecções de unha

Além da estética Infecções de unha podem ser evitadas com cuidados básicos e com a esterilização de instrumentos em salões de beleza

Foto

: Qué

ssia

Maia>> Ana Paula Viana

Quéssia Maia

H IG IENE

é necessário que as pessoas obser-vem as condições de higiene nos sa-lões de beleza, bem como cuidados pessoais. “O compartilhamento de lixas e equipamentos de manicure podem transmitir infecções.Para evitá-las é recomendada a limpe-za frequente das unhas, mas sem-pre utilizando materiais individuais. Outro hábito recomendado é o de manter sempre os pés bem limpos e secos antes do uso de calçados fe-chados”, recomenda a infectologista, Luciana.

A empresária Fátima Lima, 32, que vai ao salão com frequência, leva o próprio material. “Geralmente levo meu alicate, palito, lixa e até esmalte. Não consigo usar os instrumentos da manicure, fico com receio de pe-gar alguma doença, até porque ela atende várias pessoas por dia. No começo ficava com vergonha de le-var, mas fui me acostumando e indico isso para todas as mulheres”, afirma. Estética x Saúde

A variedade no mercado é exten-sa. Unhas de porcelana, em gel ou postiças fazem sucesso nos salões. A manicure Quênia Cristina, 28, trabalha há um ano e afirma que para fazer as unhas postiças utiliza material descartável.

A procura pela unha perfeita é constante, porém o dermatologis-ta Cristiano Velasco ressalta que unhas feitas em gel, postiças ou porcelana podem piorar a quantida-de de fungos fazendo com que eles se alastrem. “Quanto mais os fun-gos se espalham pelas unhas pos-tiças, devido a umidade e pressão que oferecem as unhas verdadeiras, mais a pessoa fica propícia a infec-ções”, declara.

SAÚDE

Luciana Lara, infectologista

O compartilhamento de lixas e equipamentos de manicure pode

transmitir infecções.

Nem sempre manter as unhas com o esmalte da moda é sinônimo de saúde e higiene

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Em busca do rock perdidoMúsicos apontam as dificuldades de voltar ao destaque na cena brasiliense

>> Raiane Samara

Entre as décadas de 80 e 90, Brasília se tornou referência

nacional pela produção musical no campo do rock. Grandes nomes da música brasileira como Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, tornaram a cidade popularmente conhecida como Capital do Rock. “Brasília ganhou esse título porque daqui saíam bandas boas, as pessoas consideravam que a produção do rock nacional era muito legal, e era mesmo”, afirma a locutora da rádio Transamérica Brasília, Drica Mendonça.

Com o tempo, outros ritmos tomaram conta do mercado brasiliense e o rock foi perdendo o destaque no gosto popular. Uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) divulgada em janeiro deste ano diz que, 56% dos ouvintes de rádio em Brasília escutam sertanejo com frequência. “Esse é o som que todos querem ouvir, é o som da moda, vamos dizer assim, o que o rock já foi em Brasília”, aponta o baterista da banda de rock The Neves, Dan Abreu.

O guitarrista e vocalista da banda Distintos Filhos, Paulo Veríssimo, alega que o rock não perdeu o lugar para outros ritmos, foram os próprios músicos do estilo que não se organizaram profissionalmente. “Não curto sertanejo, mas vejo que eles são bem mais preparados que nós. São mais profissionais e não tocam apenas por cerveja. É preciso valorizar-se para ser valorizado”, admite.

Segundo o produtor cultural, Paulão

Silva, para conseguir preferência nos espaços para shows e a disseminação do ritmo na cidade, é preciso ter apoio e patrocínio o que, para ele, se torna mais fácil sendo um estilo com maior divulgação na mídia, como funk e sertanejo.

Drica explica que estar na mídia não significa que o ritmo seja preferência, ou que seja muito bom. Segundo ela, a música atualmente é um mercado mais financeiro do que cultural, por trás do sucesso existe um grande empresário investindo. v“Por isso que é tão difícil as bandas de rock independente chegarem a tocar em várias rádios, porque é um investimento muito caro. Tudo que você imaginar quando envolve música é pago”, diz a apresentadora.

Já Paulão conta que o público é culpado por essa desvalorização. “En_quanto o show do seu amigo ali é R$ 10, ninguém vai. Mas depois que ele aparece na televisão e o show passa a ser R$ 50, todo mundo quer ir, quer saber quem é, e de onde veio”, comenta.

Quando o assunto é prospecção, o baterista Dan pondera que almejar sucesso fora, antes mesmo de fortalecer a cena local, contribui para a falta de espaço na cidade.

O guitarrista Paulo Veríssimo diz que as bandas encontram uma oportunidade maior em outros estados, pois apesar de enfraquecido dentro da cidade, o rock de Brasília ainda é renomado no país. “O fato de a gente ter bandas clássicas como Legião e Plebe, faz com que as pessoas queiram conhecer o que de novo estamos fazendo. E hoje o nosso maior público é fora de Brasília”, declara o músico.

IniciativasO Fundo de Apoio a Cultura (FAC)

oferece ajuda financeira aos artistas de Brasília e inclusive é utilizado

pelas bandas de rock independente. Segundo Paulão, o apoio funciona e ajuda muito, mas os músicos não podem depender apenas disso. “Fora esse apoio do governo, o que ajuda é a independência, fazer um coletivo com vários produtores e conseguir fazer um festival, gravar um disco, com ajuda de um e de outro”, diz ele.

Em parceria, músicos e produtores criaram o movimento Brasília, Capital do Rock. O manifesto oficializado em fevereiro de 2012 busca registrar o rock como símbolo cultural da cidade e trazer ações de incentivo à valorização cultural. O primeiro desses projetos, o Rock Sem Fronteiras, foi aprovado pela Secretaria de Cultura (Secult) em março deste ano. Serão feitos eventos mensais no SESC Garagem, palco de grandes shows nas décadas de 80 e 90, apresentando bandas do cenário local e convidados.

Paulão Silva é produtor do festival Porão do Rock (PDR) que traz atrações nacionais e internacionais para Brasília, além de artistas locais escolhidos por meio das seletivas realizadas nas cidades satélites. De acordo com o produtor, um evento como o PDR é muito importante

para alcançar projeção nacional. “O destaque é maior, tem imprensa do Brasil inteiro. A banda pode tocar com equipamento, palco, todo apoio e liberdade para mostrar o seu potencial”, articula.

ValorizaçãoNa opinião de Dan Abreu, o tempo

é fundamental para que as bandas atuais tenham ascensão: “Creio que elas têm muita qualidade e muito potencial, só que é muito difícil fazer um som original e de qualidade”.

Veríssimo aponta que ainda é preciso que as bandas façam um bom trabalho e deem o melhor de si para atrair público e atenção da mídia. “É preciso dedicação, profissionalismo e muito trabalho. Acredito que ainda somos bem vistos fora de Brasília, mas pode melhorar”, finaliza.

Drica conta que desde julho de 2012, a Transamérica modificou a programação local, e só toca rock. Segundo ela, a audiência da rádio aumentou, provando que o estilo ainda tem força. “A gente aposta que vai dar certo. Acreditamos que o rock não morreu aqui em Brasília, ele só precisa ganhar força. E vai ganhar”, completa.

O rock não morreu aqui em Brasília, ele

só precisa ganhar forças, e vai ganhar.

Drica Mendonça

MÚS ICACULTURA

A banda The Neves nasceu em 2009 e está produzindo o segundo CD com ajuda dos fãs

Foto: Raiane Samara

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Atores na vida real, jovens sao incentivados a compartilharem o que aprenderam a outras pessoas em suas comunidades

Arte sem limites

por cidadãos que têm o desejo de mostrar aos moradores de suas lo-calidades a importância dessa arte no aspecto social. As pessoas que fa-zem parte desse conjunto desenvol-vem as atividades em escolas, casas, locais públicos e particulares. Por meio desse trabalho, eles mostram a importância de jovens estarem dire-tamente ligados ao movimento.

Em Ceilândia, grupos como o Força Tarefa e Repensar realizam ações vo-luntárias junto às comunidades sem cobrar nada. “Nossa proposta é in-serir os jovens no mercado cultural’’, afirma o B. boy papel. A arte permi-tiu ao dançarino conhecer mais de cinco países, onde ele representou o Brasil em campeonatos de breaking. Para ele, as pessoas interessadas por alguma arte precisam de um apoio maior do governo e da cidade.

O crescimento de movimentos sociais com envolvimento de jovens tem despertado o interesse de ór-gãos governamentais. Os grupos são capazes de movimentar inúmeras pessoas da comunidade onde vivem, em prol de reivindicação e atividades

>> Júnior Assis

A música, a dança e o grafite encantam e despertam o in-

teresse dos jovens em comunidades carentes do Distrito Federal. A mis-tura de culturas, crenças e realida-des envolve o cotidiano de cada um deles. Na busca para alcançar algo melhor, essas pessoas se dedicam ao mundo da arte e da cultura.

Com base em dados do Cadastro Único DF, cerca de cem mil jovens entre 15 e 29 anos estão em situ-ação de extrema pobreza. Para al-cançar esse grupo, os movimentos sociais utilizam a dança e a música. Somente depois de uma aproxima-ção concreta começam a tratar do tema política, com todo cuidado. “A pessoa que chega até nós não quer saber de política. Então, no começo, a gente mostra a dança e depois a im-portância da política para a sua co-munidade e para a cultura”, diz Alan Jhone Moreira, conhecido como B. boy papel.

Os movimentos de hip hop, grafite, DJ e break chegam às comunidades e escolas do DF para ajudar na forma-ção cultural. São grupos formados

que fazem no intuito de divulgar a cultura e a cidadania.

Em janeiro deste ano, o GDF criou o Conselho de Juventude do DF (Conjuve-DF). O objetivo é dar aos jovens a liberdade de escolher pes-soas que os representem para dis-cutir assuntos como democracia e políticas públicas voltadas para esse setor. “O conselho da juventude é um espaço de troca, e também de interlocução entre o governo com esse público”, relata o coordena-dor de Juventude da Secretaria de Governo, Carlos Odas.

A inserção dos jovens na cultura e na política é um diferencial nos movimentos sociais. “Para o adoles-cente é muito importante que ele esteja participando dos projetos”, relata o B. boy papel. A participação desse grupo nas oficinas ministra-das pelos profissionais que dedicam suas vidas a um trabalho voluntá-rio é grande. Essas pessoas ensinam aos alunos a importância de esta-rem envolvidos em ações realizadas no bairro onde moram.

As pessoas envolvidas na arte encontram no hip hop a oportu-nidade de mudar de vida. É o caso de Lucas da Silva, 19. Ele mora em uma comunidade carente no setor Sol Nascente, em Ceilândia, mas não desanima e vê no break a chance de crescer na vida. “A dança é uma for-ma que eu encontrei para fugir das drogas”, afirma o rapaz.

Hip hop nas escolasCada vez mais estudantes da rede

pública no DF são alcançados pelas manifestações culturais. O grupo Força Tarefa desenvolve atividades de música e grafite em diversas escolas. “A ideia sempre foi formar jovens que aprendam a arte e passem para B. boy papel(esquerda) ajuda jovens por meio da dança no Centro Cultural de Ceilândia

outras pessoas”, conta o diretor da organização, Rivas Cruz.

Para o cantor de rap Cleidilson da Silva, o movimento de hip hop tem um valor imenso, os indivíduos alcan-çados pela dança passam a ter uma nova visão de sua comunidade. Eles começam a entender que os movi-mentos artísticos culturais fazem parte do seu cotidiano. “As escolas são as principais responsáveis pela disseminação dos movimentos na ci-dade”, enfatiza.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no DF o grupo de pesso-as entre 10 e 29 anos soma quase 953 mil. Os movimentos que usam o hip hop para alcançar esse públi-co, hamam a atenção pelo interesse em formar futuros representantes da arte. “Se a pessoa está envolvida em cenas culturais aprende muito mais”, afirma o coordenador da Central dos Movimentos Populares, Marcelo Didonet.

As pessoas que trabalham com o hip hop, grafite, DJ e o breaking nas cidades do Distrito Federal lutam pela propagação da cultura. Envolver esses indivíduos em ativi-dades que vão beneficiar sua locali-dade é um dos objetivos dos grupos. “Nos espaços que são construídos mais coletivamente, você tem uma tolerância maior à diferença e à di-versidade”, relata Carlos Odas.

A ideia sempre foi formar jovens que aprendam a arte e

passem para outras pessoas.

Rivas Cruz

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Ao se tratar de água, o Brasil tem, além do oceano que banha seu

litoral, o maior reservatório de água doce do mundo, equivalente a 12% do volume total, segundo a Agência Nacional das Águas (ANA).. Para usufruir de toda essa imensidão subaquática, nas profundezas de lagos, rios e oceanos, nada melhor do que a prática do mergulho. Usada nos primórdios para a pesca, hoje a atividade vai além de simplesmente submergir na água.

Segundo o instrutor e mergulhador profissional Luciano Terra, o estilo de mergulho mais seguro e mais praticado é o autônomo. Nesta modalidade, o praticante respira por meio de tubos ligados a cilindros que reservam oxigênio e garantem maior tempo de permanência debaixo d´água. Parece simples, mas alguns cuidados devem ser tomados. “Apesar de toda a segurança, não deixa de ser um esporte de risco por lidarmos com grandes profundidades e com o aumento da pressão atmosférica. A intenção é minimizar os riscos”, conta Luciano.

Em Brasília, para poder mergulhar no Lago Paranoá ou em outro reservatório de água, é necessário que o praticante tenha credencial obtida após curso fornecido por escola de mergulho. “Para que a pessoa se habilite da forma correta, são oferecidas aulas teóricas com toda a parte fisiológica, psicológica e ambiental, e práticas, feitas inicialmente na piscina e, depois, no lago”, ressalta Luciano. De acordo com ele, os cursos costumam ser criteriosos, em prol da segurança de todos. “A pessoa só sai do curso se estiver realmente apta a mergulhar. Pensamos na qualidade da formação dos mergulhadores. A segurança está acima de tudo”, frisa.

Mergulho em apneiaOutra forma de mergulhar,

desta vez sem o uso de cilindros de oxigênio, é utilizando apenas o ar dos pulmões. Chamado também de mergulho livre, esta modalidade consiste em prender voluntariamente a respiração, o que é chamado fisiologicamente

de apneia. De acordo com a Associação Internacional para o Desenvolvimento de Apneia (AIDA), este estilo de mergulho, consagrado como esporte em meados de 1990, “é um meio de nos conhecermos melhor e, também, de conhecermos o mundo aquático”.

Para o mergulhador profissional e instrutor Michel Med, ao contrário do estilo autônomo, considerado por ele como esporte de contemplação, mergulhar sem equipamentos é sinônimo de superação de limites. “O mergulho em apneia é um esporte de competição, no qual o objetivo é chegar ao ponto mais profundo possível ou simplesmente ficar o maior tempo submerso”, explica.

De acordo com Michel, que mergulha há pelo menos 15 anos, a prática deste esporte, apesar de ser mais acessível por não necessitar de equipamentos, é mais perigosa e também deve ser feita sob supervisão de algum especialista mesmo em ambientes rasos, como piscinas. “A longa privação de oxigênio, com alteração dos níveis de CO2 na corrente sanguínea, podem desligar o cérebro, levando a pessoa ao desmaio e a um possível afogamento se não houver uma rápida intervenção de alguém que esteja no local”, adverte.

Acessibilidade nas águasUma nova iniciativa no Centro-

Oeste, mais especificamente em

Brasília, busca a integração e maior qualidade de vida de pessoas com lesão medular por meio da prática do mergulho com equipamentos. Esse é o Projeto Raia Manta, criado em 2011 e que agora faz parceria com o Projeto Integração, coordenado pela clínica de reabilitação Caminhar. “Já credenciei um garoto com tetraplegia, que teoricamente seria impossibilitado de fazer uma atividade como essa, mas nós conseguimos habilitá-lo para a prática, como seria com qualquer outra pessoa”, conta Luciano Terra, idealizador do Projeto.

O instrutor também afirma que o mergulho pode ser benéfico no que diz respeito à parte fisiológica. “Além de ser uma atividade prazerosa, saudável, o mergulho já possui estudos recentes que comprovam que pessoas com lesão medular ao praticar a atividade aumentam a sensibilidade nos membros inferiores”, garante o mergulhador que também é professor de educação física.

Quanto aos benefícios da atividade, quem sentiu na pele foi Rafael Marajó, 28, que há dois anos faz o uso da cadeira de rodas devido a uma lesão medular causada por um tiro que perfurou seu pulmão. Participante da edição de 2013 do Projeto, iniciado em abril, Rafael ressaltou a sensação de liberdade em baixo d’água. “Ao mergulhar a sensação é indescritível. Na água, lá embaixo, é você e a imensidão. Na cadeira de rodas é difícil sentir toda essa liberdade”, conta ele após experiência com o mergulho na piscina. Sua expectativa, porém, é mergulhar em lagos, rios e, quem sabe, em alto mar. “Para quem acredita, não existe limitação que o impeça de fazer nada”, frisou.

LAZERESPORTE

Prazer até debaixo d´águaCom modalidades distintas de mergulho, atividade oferece desafio para uns e benefícios para todos

>> Carlos Ribeiro

Ao mergulhar a sensação é indescritível. Na água, lá embaixo, é

você e a imensidão

Rafael Marajó

O mergulho com auxílio de equipamentos é seguro e não exige preparo físico

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JOGO ESPORTEESPORTE

Uma nova modalidade de espor-te cresce entre as atividades de

recreação nas escolas de Brasília: o badminton. O jogo de origem asi-ática necessita apenas de raque-te fina e comprida, peteca e local apropriado – o ideal é um ambien-te fechado para que o vento não interfira –, para ser executado. As regras também são simples: vence quem marcar 21 pontos primeiro. Esses pontos são contabilizados quando a peteca passa por cima da rede e toca o campo do adversário ou quando o jogador a lança para fora da quadra.

A simplicidade e dinâmica do jogo começaram a ganhar espa-ço entre os jovens de Brasília por volta de 2011, quando o badmin-ton entrou para as olimpíadas es-colares, na categoria de 12 e 14 anos. Além disso, o presiden-te da Federação Brasiliense de Badminton, Cristiano Rodrigo Chew, conta que atualmente a modalidade é divulgada e praticada em algumas escolas do Distrito Federal, entre elas o Colégio Marista de Brasília, a Escola Adventista do Gama e o Centro de Ensino Fundamental 113, do Recanto das Emas.

Apesar de só se popularizar ago-ra, o badminton não é novidade no DF. Chegou à capital na década de 80, com o professor de educação física e atual vice-diretor do Centro Interescolar de Educação Física (CIEF), Cícero Neves. Cícero foi o primeiro presidente da Federação Brasiliense de Badminton e o pio-neiro a trabalhar com a modalidade em Brasília, depois de se aperfeiço-ar em São Paulo. Um dos primeiros

locais onde o educador começou a ensinar o jogo foi no CIEF, insti-tuição do GDF que oferece o bad-minton para alunos da rede pública. “Naquela época lotávamos as nove quadras de basquete do CIEF com pessoas que participavam dos en-contros”, recorda Cícero.

Este ano, o badminton tam-bém foi implantado no projeto “Mais Educação” do Ministério da Educação (MEC), sendo inserido na grade curricular dos alunos da rede pública.

AtletasJailson Lucieno é professor de

educação física no Centro de Ensino Fundamental 113, do

Recanto das Emas. Ele incen-tiva seus alunos a jo-garem badminton pelo menos duas vezes na se-mana. Para Jailson, por se tratar de um esporte que exi-ge velocidade, estimula o desen-volvimento dos alunos e incenti-va os estudos. “Não basta o aluno estar na sala de aula, ele também

precisa participar de outras atividades que complemen-tem a aprendizagem”, pontua.

A jogadora Michele Karoline, 17, treina três vezes por semana com Jailson. Para a adolescente, a modalidade é apenas um divertimento. Contudo, ela conta que já sentiu os resultados da atividade física. “Tenho mais energia para estudar na escola”, confessa.

Já a estudante Vanessa Neves, 15, ficou em segundo lugar nos jo-gos escolares da rede pública. Ela garante que sua vida mudou de-pois que começou a praticar bad-minton, pois, além de melhorar o

rendimento escolar, a atividade também ajudou com o proble-ma num dos joelhos. “Antes as

dores eram fortes, agora não dói tanto”, afirma. Ela reforça que só teve resultados positivos com a modalidade e a indica para outras pessoas. “O badminton te ajuda a ter mais concentração nas coisas, por ser um esporte que estimula o raciocínio”, esclarece.

Espaço O local onde se pratica o bad-

minton é fundamental. Por utilizar equipamentos leves, principalmen-te a peteca, locais fechados sempre foram os mais adequados. Entre 1999 e 2002 o jogo não foi prati-cado no DF, justamente por conta dos lugares: “Tivemos dificuldade para encontrar espaço para prati-

car”, lamenta Cristiano Chew, da Federação Brasiliense.

O presidente da federa-ção lembra que o espor-

te só voltou em 2002 porque conseguiu lu-

gar na Universidade

Petecas em movimentoPresente nas atividades escolares, o badminton começa a se destacar em Brasília

>> Maria Rita Almeida Susana Senna

O badminton te ajuda a ter mais concentração nas coisas, por ser um esporte que estimula o raciocínio

Vanessa Neves

de Brasília, onde permaneceu até 2011, quando ficou sem professor responsável. Segundo Cristiano, uma das propostas da nova ges-tão da Confederação Brasileira de Badminton, que começou o man-dato em maio do ano passado, é a construção de três centros de trei-namento localizados em Brasília, Piauí e São Paulo.

No DF, vai ser instalado no Centro Olímpico da UnB. De acor-do com Cícero, “esses polos serão especificamente para atividades de badminton de alto rendimento”. Além de universitários da institui-ção, o espaço será aberto para alu-nos da rede pública. ”Quantos mais pessoas praticarem teremos mais atletas com alto nível”, argumenta.

Origem do Badminton

De acordo com a Confederação Brasileira de Badminton (CBBD), o esporte nasceu na Índia, com o nome de poona. Com a colonização do país, os ingleses conheceram o jogo e o levaram para a Europa.Na década de 70 o nome poona passou para badminton. Isso porque o esporte foi praticado na fazenda de Badminton, de propriedade do Duque de Beaufort´s.

Preço dos equipamentos:

Duas raquetes e três petecas custam aproximadamente R$ 34,90. O valor pode variar de acordo com a marca do produto.

Ilustração : Henrique Carmo

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PROTEÇÃOESPORTE

Autodefesa femininaMulheres buscam o Krav Maga para enfrentar os altos indices de violência

>> Flávia Sousa Simone Sampaio

Preocupadas com o alto índice de violência urbana e domésti-

ca, mulheres se interessam cada vez mais pelas práticas de defesa pessoal. Elas invadem os tatames e veem isso como uma maneira de se defenderem de assaltos, reagir a agressões mas-culinas e, sobretudo, adquirir maior confiança. Existe o interesse estético também, mas não é o que mais cha-ma a atenção de quem pratica o Krav Maga, luta que é a única reconhecida mundialmente como arte de defesa pessoal e não como arte marcial.

De acordo com uma pesquisa do Data Senado, mesmo com a criação da Lei Maria da Penha, estima-se que 700 mil brasileiras ainda sofram agressões, a maior parte cometi-da pelos próprios companheiros. Outras 13,5 milhões de mulheres – 19% da população feminina acima de 16 anos – já foram vítimas de algum tipo de violência. Ainda segundo o estudo, o Brasil fica em sétimo lugar em um ranking de 84 países em nú-mero de assassinatos de mulheres.

A delegada titular da Delegacia da Mulher (DEAM), Ana Cristina Santiago, informou que de janeiro a abril de 2013 foram registradas 1.336 ocorrências policiais. No mesmo pe-ríodo de 2012, o número foi de 1.182, aumento de mais de 10%. Dentre as cidades do DF, Ceilândia, Taguatinga e Planaltina (nessa ordem) apresentam o maior número absoluto de regis-tros policiais - devidos, segundo a po-lícia, ao aumento das denúncias.

Krav MagaO nome da luta, que tem origem

militar, significa “combate próximo”. Nasceu nos anos 40 pelas mãos de Imi Lichtenfeld em Israel. Busca capacitar a vítima para respondeer de forma simples, rápida e objetiva a situações

de perigo, independente do sexo, idade e condicionamento físico.

Para a secretária geral da Federação Sul Americana de Krav Maga, Sandra Lichtenstein, o aumento de agressões contra as mulheres não é um fato novo. “Sempre foi assim, em qualquer época, em qualquer sociedade”. Ela afirma, ainda, que muita coisa já mu-dou. “O fato de haver procura cres-cente do público feminino pelas aulas significa que estamos evoluindo nesse assunto também”, destaca.

Sandra explica que a participação de mulheres nas turmas regulares gira em torno de 30% e o aumento da procura é gradativo. Ela diz ainda que o motivo da busca pela luta não difere se o público é feminino ou masculi-no. “As pessoas, de modo geral, estão cansadas de andar com medo, acuadas e inseguras”, acrescenta.

Para Sandra, a motivação é a mes-ma, talvez o que esteja mudando é o posicionamento da mulher em rela-ção a isso, ao entender que a ativi-dade de defesa pessoal é um direito de todos e o rótulo de “sexo frágil” não traduz a verdade. “As mulheres podem ser femininas e delicadas, ter menos força física e comportamento menos agressivo, mas isso não signi-fica que são frágeis e não podem se defender”, argumenta.

Segundo a federação, a arte não en-sina somente a defesa pessoal. Com a disciplina adotada nos treinos, o aluno adquire coragem, paciência, equilíbrio emocional e respeito, competindo consigo mesmo, superando seus limi-tes e se aperfeiçoando cada vez mais. Segundo a organização, o Krav Maga é adotado como técnica de combate e defesa pessoal pelo BOPE, Polícia Federal, SWAT, FBI, entre outras.

A recepcionista Lívia Costa trei-na há quatro anos. Conheceu a luta

por uma amiga que já era praticante. “Achei interessante, percebi que po-deria me acrescentar em termos de segurança. Hoje utilizo os conceitos do Krav Maga de forma preventiva todos os dias. Comecei a olhar ao meu redor, fiquei mais atenta, obser-vo se existem pessoas suspeitas nas proximidades, não ando com celula-res ou fones no meio da rua”, conta.

A administradora de empresas Anna Karla Azevedo procurava uma ativida-de que não fosse monótona nem roti-neira e que queimasse calorias. “Vi que era diferente por se tratar de defesa pessoal, aliando o exercício ao conhe-cimento de defesa”, acrescenta.

Segundo o instrutor de Krav Maga Piero Pedercini, a finalidade da luta é que toda pessoa de bem tenha o controle da própria vida e não seja mais simplesmente uma vítima. “Cada um pode escolher reagir ou não diante de uma situação de peri-go real e não simplesmente aceitar

a situação”, afirma. Nessa luta não existem regras, competições, ringues ou juízes. A única preocupação do praticante é com a legítima defesa em situações de perigo real. “A luta também não possui categorias por peso como nas artes marciais.”

O instrutor afirma que no Krav Maga a pessoa é ensinada a reagir somente quando sua vida está em risco. “No caso de roubo apenas, por exemplo, quando o agressor quer apenas bens materiais, não entendemos como pe-rigo real da vida, portanto ensinamos que não se deve reagir nesses casos”, defende. Já a Delegada, Ana Cristina Santiago, destaca que a melhor forma de proteção é a denúncia, sempre.

A estudante Karine Loyane sempre praticou esportes, mas buscava uma maneira de ser sentir mais segura. “Já fui assaltada várias vezes. Agora me sin-to mais confiante, sei que depende da situação para eu reagir ou não, minha vida é o mais importante”, reflete.

O instrutor Piero Pedercini ensina golpe de defesa em caso de tentativa de estupro

Foto: Carlos Ribeiro

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SEGURANÇA ESPORTE

L ama, obstáculos, adrenalina, trilhas e competições em veículos 4x4

fazem parte de um esporte radical que tem mais de 600 adeptos no Distrito Federal. Isso porque existem associações que realizam encontros frequentes para explorar a técnica do off road. Em todo o Brasil existem mais de 200 clubes, que são mantidos por mensalidades pagas pelos sócios. Eles não têm fins lucrativos e não possuem nenhum tipo de apoio externo. No DF, são três: no Plano Piloto, Taguatinga e Gama.

A técnica significa, em tradução literal, “fora da estrada”. E, de acordo com os organizadores, é um esporte praticado por quem busca um contato direto com a natureza. O princípio é a superação de obstáculos naturais, que podem ser erosões, pedras, lamas, subidas e descidas bastante acentuadas. Os competidores utili-zam jipes, caminhonetes e motos, por exemplo; todos com tração em todas as rodas. Trajetos que, com carros normais, seriam praticamente impossíveis de percorrer.

Tudo começou há 24 anos, quando três amigos se juntaram com um objetivo: transformar o hobby em algo sério. Ivan Batalha, Oswaldo Rodrigues e Guilherme Malheiro criaram um clube de jipeiros para centralizar os interesses. De acordo com este último, a intenção era facilitar a organização de expedições, trilhas e campeonatos, além de ser um grupo de apoio. “Não dá pra sair sozinho. Se quebrar, é preciso ter alguém pra ajudar, pra socorrer. Isso gerou a necessidade de criar o clube”, explica. Aos poucos, mais pessoas foram se associando e outros clubes criados. Hoje, o Jeep Clube Brasília possui 120 sócios, além dos adeptos

que não pagam mensalidades, apenas participam dos eventos.

O primeiro sócio ainda com- parece às reuniões e trilhas. Rubens Pinheiro, 60, o Rubão, destaca mudanças nas competições, carros e par-ticipantes. Segundo ele, o esporte está muito mais profissional em todos os aspectos. “São recursos que a gente não podia imaginar que um dia existiriam”, conta. Já a médica e bióloga Cássia Polcheira, 31, é a mais recente associada ao grupo de Brasília. “Consegui comprar meu próprio jipe em fevereiro e decidi que agora era a hora de entrar para o clube”, revela.

As regrasQuem faz o trajeto em menos

tempo ganha a competição. Porém, as disputas não são de velocidade, mas de obstáculos. Cláudia Grandi, 42, é associada há 11 anos e participante de competições desde 2012, inclusive do Rally dos Sertões, competição brasileira anual de rali. Ela conta que elas possuem, basicamente, o mesmo princípio: “Tem certo tempo para passar por cada obstáculo. Se você usa algum acessório pra facilitar, como um guincho, pontos são descontados.

Existem também fitas que delimitam o espaço onde podemos passar. Se encostar, também perde pontos”. Cada equipe tem dois carros e, em cada um, há um árbitro. “Temos que usar a técnica, inteligência e os recursos da equipe pra passar pelos obstáculos, perdendo o mínimo de pontos e com cuidado com o tempo”, completa.

Por ser um esporte radical, os acidentes estão incluídos nas

rotinas dos participantes. Por isso, “capotamentos são muito comuns”, conta Cláudia. “Os carros devem ter o mínimo de segurança. É preciso andar de capacete, por exemplo. Devem cumprir determinadas re-gras de segurança estipuladas pela as-sociação”, esclarece Maria de Fátima Silva, a Fatinha, sócia há 10 anos. Na semana anterior às competições, acon- tecem revisões e vistorias para garantir que todos os carros estejam em igual situação. Ela ressalta que médicos e ambulâncias acompanham os jipeiros. Caso ocorra algum acidente grave, estão a postos para o socorro.

Apesar de ser um esporte que interfere diretamente na natureza, prejudicando a flora dos locais, existe um trabalho de recuperação de danos. Segundo o diretor social do clube, Nésio Nani, um grupo de associados se junta em prol de instituições de caridade. São os Jipeiros Solidários, dos clubes de Taguatinga, Brasília e Gama, que eventualmente fazem

arrecadações. Eles também recolhem lixos de encostas, rios, lagos e cachoeiras. Além disso, fazem um trabalho de reflorestamento onde competem. “Pra gente usar a natureza, temos que dar algo em troca”, acrescenta Fatinha.

RecursosPor mais que tenha muitos adeptos,

o off road não é um esporte acessível. Todos os equipamentos utilizados para as trilhas, competições e manutenções são de alto custo. “Você precisa manter o carro, arcar com equipamentos, inclusive de segurança, e fazer manutenção frequentemente”, esclarece Nésio Nani.

Para comprar um jipe é preciso desembolsar pelo menos R$ 15 mil. Mas, além do veículo, existe uma série de custos. De acordo com o jipeiro Roberto Freitas, 36, o valor gasto depende do fluxo e dificuldade de trilhas: “Os veículos que participam das mais pesadas têm custo mensal muito alto. Você pode gastar de R$ 1500 a R$ 2 mil”.

Aventura no cerradoCompetições de Jeep Clubes são atrações escondidas no Distrito Federal

>> Altieres Losan Jéssica Antunes

Seis equipes participaram da Lagartixa Trophy em abril, realizado pelo Jeep Clube Brasília

Foto: Jéssica Antunes

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NATURA ISMEIO AMBIENTE

Contribuir para o desenvolvimento sustentável e promover qualida-

de de vida. Esses são os objetivos de quem consome orgânicos no dia-a-dia. É o caso da veterinária Ana Catharina Vale, que toma cuidado com produtos de estética. Ela conta que mudou al-guns hábitos ao conhecer melhor as fórmulas dos itens que sempre con-sumiu. “Você, cuidando de si, estará cuidando do meio ambiente”, enfatiza.

Um exemplo desse zelo são os hidratantes convencionais, que ela de-cidiu não usar mais ao descobrir que possuem uma substância cancerígena Ana Catharina conta que as amigas não entenderam a decisão e acharam a atitude exagerada.

A preocupação de Ana vai além dos produtos de beleza e envolve também a alimentação. As informa-ções são passadas para o filho de quatro anos, criado com hábitos ali-mentares diferentes dos colegas da escola. “Ele recusa lanches industria-lizados e fala ‘não, muito obrigado, tem veneno’”, ressalta a veterinária.

Ana Catharina é, também, respon-sável técnica pela certificação animal e lacticínios da Fazenda Malunga. O local investe em tecnologias para pro-duzir hortaliças orgânicas em grande escala. Os alimentos da fazenda são comercializados na loja Empório Ma-lunga, que também vende produtos de outros fabricantes, como cookies, chocolates e fraldas ecológicas.

Grande parte de quem procura a loja vai com recomendação mé-

dica. São grávidas, pacientes com câncer, pessoas com intolerância à glúten e outras limitações alimen-tares, além de quem busca comidas mais saudáveis, com menos conser-vantes e agrotóxicos.

BiodegradáveisMuitas mães comemoram a cria-

ção das fraldas descartáveis, práticas, higiênicas e de uso mais simples do que as de pano. No entanto, algumas delas se incomodam com o impacto ambiental provocado pelo descarte

das fraldas usadas pelos pequenos.As descartáveis, convencionais,

não são biodegradáveis e possuem derivados do petróleo, utilizados para evitar vazamentos. Também têm cloro e outros elementos

químicos, incluindo materiais tó-xicos. Há possibilidade de irritar a pele dos bebês, e, além disso, perma-necem por até 450 anos na natureza após irem para o lixo.

Uma solução para esse proble-ma são as fraldas ecológicas. Elas são feitas de amido de batata e de milho, de forma totalmente biode-gradável, e levam até cinco anos para se decompor na natureza. Além de serem hipoalergênicas, as embalagens também são ecológi-cas, feitas com 90% de papelão re-ciclado e com formato idealizado para reutilização.

Confiança e controleDe acordo com o Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento

O crescimento dos orgânicosEsse tipo de produto traz benefícios para a saúde e para o planeta

>> Luana Lopes Mariana Lima

(MAPA), dois conceitos são fundamen-tais na produção orgânica: a relação de confiança entre produtor e consumi-dor e o controle de qualidade.

Para ser considerado orgânico, o respeito pelo meio ambiente deve ser levado em conta desde o início, com o uso responsável do solo, da água e dos demais recursos naturais. Uma das principais características é a não utilização de adubos químicos, agrotóxicos ou substâncias que pre-judicam a natureza.

O Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica (SisOrg) é o selo de qualidade que identifica e fiscaliza a produção de produtos or-gânicos no Brasil. A comercialização desses itens foi aprovada pela Lei 10.831, em dezembro de 2007.

Foto: Mariana Lima

De cosméticos a produtos alimentícios: os orgânicos dependem apenas da forma com que foram produzidos

Ana Catharina Vale

Você, cuidando de si, estará

cuidando do meio ambiente