artefato - 04/2012

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artefato LUTA POR MELHORES SALÁRIOS Ano 13 Nº 2 Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Distribuição gratuita Brasília, abril de 2012 Cadê a calçada que estava aqui? O puxadinho comeu... LibraS A Língua Brasileira de Sinais como forma de comunicação comemora o 10º aniversário. Foto: Rick Astley Foto: Samita Barbosa opção ao abandono Professores reclamam do pouco investimento na educação. Escolas ficam vazias durante a greve. PágS. 12 e 13 Pág. 03 Pág. 11 Pág. 14 Mulheres que não querem ou não podem criar seus bebês podem entregá-los para adoção, garante lei. POLÍTICA COM HUMOR Exército de Palhaços combate a força bruta com cambalhotas e piruetas. Foto: Susana Senna Foto: Felipe Vieira Págs. 08 e 09

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Jornal laboratório da Universidade Católica de Brasília

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Page 1: Artefato - 04/2012

artefato

LUTA POR MELHORES SALÁRIOS

Ano 13 Nº 2 Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Distribuição gratuita Brasília, abril de 2012

Cadê a calçada que estava aqui?

O puxadinho comeu...

LibraSA Língua Brasileira de Sinais como forma de

comunicação comemora o 10º aniversário.

Foto

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tley

Foto: Samita Barbosa

opção ao abandono

Professores reclamam do pouco investimento na

educação. Escolas ficam vazias durante a greve.

PágS. 12 e 13

Pág. 03

Pág. 11Pág. 14

Mulheres que não querem ou não podem criar seus bebês podem entregá-los para adoção, garante lei.

POLÍTICA COM HUMOR

Exército de Palhaços combate a força bruta com

cambalhotas e piruetas.

Foto: Susana Senna

Foto: Felipe Vieira

Págs. 08 e 09

Page 2: Artefato - 04/2012

expedienteJornal-Laboratório do Curso de Comunicação Social daUniversidade Católica de BrasíliaAno 13 nº 2, abril de 2012

Reitor: Dr. Cicero Ivan Ferreira GontijoDiretora do curso de Comunicação Social: Prof.ª Angélica Córdova Machado MilettoEditores-chefe: Eric Zambon e Luma SoaresEditores de arte: Aline Sales e Flávia FonsecaEditor web: Rick AstleyEditores de fotografia: Augusto Soares e Rick AstleySubeditores de fotografia: Janine Martins, Jéssica Antunes, Mariana Lima Editores de Texto: Allan Virissimo, Augusto Dauster, Carina Lasneaux, Mariana de Ávila, Mariana de Deus, Maycon FidalgoDiagramadores: Arthur Scotti, Jônathas Oliveira, Jussara Meireles Reportagem: Alessandra Santos, Dimitri Alexandre, Estela Monteiro,

Francisco Daniarle, Iasmin Costa, Kleyton Almeida, Letícia Pires, Monalisa Santos, Paula Carvalho, Rodrigo Gantois, Taísa Lima, Tuane Dias, Vanessa Melo, Yale DuarteFotógrafos: Anna Cléa Maduro, Christian Kelly, Felipe Vieira, Jéssica Paulino, Luciana Saade, María Ramasco, Michelle Brito, Nayara de Andrade, Rick Antunes, Samita Barbosa, Susana Senna, Thyago Santos, Vinícius RemerProfessoras Resposáveis: Karina Gomes Barbosa e Sofia ZanforlinOrientação Gráfica: Prof. Dilson Honório Oliveira - DiOliveiraOrientação de Fotografia: Profs. Bernadete Brasiliense e Thiago Sabino

Tiragem: 2 mil exemplares Impressão: Gráfica Athalaia

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA EPCT QS 07 LOTE 1 Águas Claras - DF

CEP: 71966-700 Tel: 3356-9237 - [email protected]

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ombudskvinna carta dos editoresCORRENDO ATRÁS

artefato

Eric Zambon e Luma Soares

Criança dá trabalho. Na verdade, muito trabalho. E só quem é pai, mãe ou responsável entende essa afirmação. Às vezes dá vontade de desistir ou bate arrependimento. A Estela, mãezona da Melissa, foi a fundo na questão e explicou que colocar o filho para adoção não é crime. Essa conscientização é importante para que os casos de bebês deixados na rua ou em latas de lixo diminuam, os orfanatos ganhem mais apoio e as crianças não corram risco de vida – em vez disso, possam ganhar novos lares.

No Riacho Fundo, os ‘puxadinhos’ das comerciais são o terror da Agefis. Dimitri e Rodrigo levaram um gelo dos agentes, mas expuseram que o problema não é privilégio do tombado Plano Piloto.E o que dizer do futebol? Em Brasília, os principais times passam por situações horríveis tanto financeira quanto esportivamente. O nível das equipes não permitiu sequer passar à segunda fase da Copa do Brasil. Allan trouxe à tona que uma solução não está nem perto de surgir.Ainda temos mulheres na construção civil e até feitiçaria. Jussara e Flávia abraçaram o esoterismo e a atuação da Wicca no DF. Acredite, não tem (quase) nada a ver com gato preto e voar de vassoura.

Abril foi um mês movimentado. O pessoal do CQC foi escorraçado da coletiva da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, por ter “atrapalhado”. Houve briga e ameaças e, depois de o Sindicato de Jornalistas de Brasília apelar, o Itamaraty vetou repórteres do CQC em suas dependências e acompanhando viagens da presidenta Dilma. Há alguns meses, um profissional da Rede Globo irritou o atacante Barcos, do Palmeiras, ao compará-lo a Zé Ramalho no meio de uma coletiva e levou bronca do argentino. Ninguém quis cassar as credenciais da Globo. Coerência é uma bênção, não!?

Augusto e Paula trazem algo bastante semelhante ao que o CQC se propõe a fazer: o movimento EPA-RI, que combate truculência com risadas. Mas, acredite, o trabalho é muito sério. Brasília fez 52 anos neste mês e só rindo para não chorar com a atual situação política da capital, como exemplificou Aline, mas isso ainda dá muito pano pra manga e ficará para outro dia. Ou outra edição...

ERRAMOS: Na edição passada, a foto da página 4 não é do planetário, mas sim da Funarte.

Carolina Alves*

artefato

NÃO DESCARTE EM VIAS PÚBLICAS

superaÇãoDeficientes vencem limites

por meio do esporte. 9

Altos benefícios de um lado,pouca cobertura de outro

Ano 13 Nº 1 Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Distribuição gratuita Brasília, março de 2012

APOSENTADORIA

Atendimento previdenciário a trabalhadores rurais do DF está entre os mais baixos do país. 12 e 13

rotavírus

Efeitos da vacina causam polêmica entre pais,

pediatras e agentes de saúde. 16

DESRESPEITAR O PROFESSOR? NÃO DÁ MAISMudança no Estatuto da Criança e do Adolescente prevê pena pra

quem tratar mal os professores. 15

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Foto: Nayara de Andrade

O abandono de crianças é, infelizmente, um assunto recorrente. Como esquecer aquele vídeo, divulgado em 2010, em que um bebê é resgatado vivo de um saco plástico enquanto boiava e chorava em um rio. A matéria “Entregar é legal” toca em um assunto delicado e que precisa ser discutido pela sociedade.

Para alguns, pode parecer uma opção evidente entregar o filho para adoção, mas há muito preconceito e desinformação sobre o assunto. A repórter soube tratar o tema de uma perspectiva diferente que estimula a reflexão. É um texto esclarecedor, mas há um aspecto que deixou de ser abordado. Há anos a adoção no Brasil sofre com a demora, por conta de demasiada burocratização. Permanece a dúvida se essa realidade mudou. Faltou também um serviço para que mulheres como as citadas na matéria possam pedir ajudar ou até mesmo entregar seus filhos.

No clima da Rio + 20 três matérias que falam sobre o Meio Ambiente. A melhor delas é sem dúvida “O retorno dos carrinhos de feira?”. O texto assume um problema comum e cotidiano para trazer à tona um debate sobre a verdadeira eficácia das ações governamentais na proteção do meio ambiente. Já quem lê a matéria “Sustentabilidade no dia-a-dia” se pergunta: para onde devo levar meu lixo devidamente separado? Agrada a ilustração, que assim como todas no jornal fornece uma leveza à leitura.

“Detentos no mercado” trata de um assunto que merece atenção. O repórter traz o problema, mas não ouvimos daqueles que mais sofrem com o problema. No contexto geral, e editoria de cidades foi menos abordada, mas o espírito comunitário permaneceu. Algumas legendas repetem a informação do subtítulo, e temos como consequência um desperdício de espaço.

Destacam-se também algumas fotos que exibem criatividade. Agrada a foto principal da capa e a saborosa foto de “’Riso’ Popular”, que vem acompanhada de um bom texto. A repórter não se esqueceu do seu público e possibilita que um prato tradicionalmente caro nos restaurantes brasilienses vá para a panela de quem quiser experimentar a iguaria.

*Estudante do sétimo semestre de Jornalismo

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Cidades

calçadas pra quê?Moradores do Riacho Fundo II são obrigados a dividir os passeios com produtos à venda,

grades e até mesmo paredes feitas pelos comerciantes locais

puxadinhos

Nada mais comum do que ver pedestres andando pela calçada, já que é o local destinado a isso. Mas no Riacho Fundo II, como em muitos outros locais da capital, a regra se tornou exceção. Ao caminhar pelas ruas da região, os pedestres se deparam com produtos à venda, grades e, até mesmo, paredes construídas pelos comerciantes. Em alguns locais, o estabelecimento chega até o meio fio.

O pouco espaço que sobra para passagem é desnivelado, com rampas e escadas. A falta de acessibilidade em toda a cidade é outro problema crítico relatado à reportagem do Artefato. Além disso, os pedestres da cidade ainda têm que dividir espaço com placas, postes, orelhões e carros estacionados.

Em uma das principais pistas do Riacho Fundo, a rua central, entre as quadras QN 14 e QN 15, é praticamente impossível encontrar uma calçada livre. O local possui muitas lojas de comércio variado, e durante o dia o movimento de carros e pedestres no local é intenso.

Algumas das lojas já têm grades na calçada e não sobram nem 30

centímetros de calçada para os pedestres caminharem. O garçom, Juvenal Furtado, 60 anos, afirma que o problema é comum pela cidade. “Na QN 8 é pior! O puxadinho vai até o meio fio. Tinha que padronizar as calçadas. Tem umas retas outras são rampas de garagem. Atrapalha muito”, reclama o morador.

A opção que sobra à comunidade do “Riacho dois”, como é conhecido, é se arriscar entre os carros. Shirlene Lopes, 32 anos, mora na cidade há cinco anos. De acordo com ela o problema é recorrente e a população já desistiu de reclamar. “Sempre foi assim! Tem que passar junto com os carros na pista, e piora quando tem criança. Quando tem dois carros passando ao mesmo tempo, a chance de ser atropelada aumenta. As pessoas nem reclamam mais na Administração porque sabem que depois volta a ser como era”, se revolta.

A reportagem do Artefato conversou com um comerciante local que não quis se identificar. A loja dele possui o puxadinho. Nunca teve problemas legais, apesar de a invasão ser ilegal. “Os fiscais da Administração vêm aqui sempre. Mas apenas para verificar os alvarás.

Ver se está tudo regularizado, mas não pelo puxadinho. Nunca vieram falar comigo sobre isso”, diz o lojista.

Já o vigilante José dos Santos não vê problemas com a extensão das lojas. “Os puxadinhos são bons, desde que não tenha muro no meio da calçada, como alguns. Ajuda a população quando chove e ainda dá uma sombrinha”, brinca.

A assessoria de comunicação da Administração Regional do Riacho Fundo 2 explicou que existe

Dimitri Alexandre e Rodrigo Gantois

Ao contrário das regiões administrativas, há uma lei que trata apenas dos “puxadinhos” do Plano Piloto – região tombada pela Unesco. Mesmo tombados, deu-se um jeitinho. Em dezembro de 2011, o governador Agnelo Queiroz, assinou um contrato de concessão de regularização dos “puxadinhos” em comerciais da Asa Sul.

De acordo com as novas regras é legítimo que no Comércio

Local Sul, nas comerciais das entrequadras, junto às fachadas voltadas para as superquadras, será permitido construir faixas de seis metros. Nas áreas laterais às lojas situadas nas extremidades dos blocos é permitida a ocupação do térreo com mesas, cadeiras ou outro mobiliário removível, até os limites das coberturas dos blocos originais, desde que seja garantida faixa de dois metros de largura, paralela às laterais

dos blocos, reta e desimpedida para passagem de pedestres. Fora do horário de funcionamento dos estabelecimentos, é obrigatório manter todo o espaço público livre e desimpedido entre os blocos.

A lei também estabelece que, no caso da utilização da área pública, o proprietário ou ocupante da loja adjacente deverá ter um Contrato de Concessão de Uso com o Distrito Federal, com os mesmos

o Departamento de Postura, que percorre a cidade e fala com os comerciantes que estão utilizando o local de maneira irregular. Os casos não solucionados são encaminhados à Agefis, pois, segundo eles, “escapam da alçada da Administração”.

A equipe do Artefato entrou em contato, inúmeras vezes, com a assessoria da Agência de Fiscalização, mas não obteve resposta sobre o assunto.

direitos e obrigações dos demais concessionários. O contrato venceria no dia 30 de abril de 2011, mas o prazo foi estendido por um ano. Os estabelecimentos que já ocupam área pública devem se adequar ao disposto na lei até o dia 30 de abril deste ano.

O contrato será firmado mediante pagamento parcelado, pelo prazo de 15 anos, podendo ser prorrogado por mais 15.

DO LADO TOMBADO É DIFERENTE...

Pedestres se arriscam em meio a carros e caminhões porque as calçadas já não existem

Foto:Susana Senna

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Cidades

Justiça mais fácilA procura pelo Juizado Especial aumentou nos últimos tempos.

Entenda melhor do que se trata

onde reclamar

Kleyton Almeida e Vanessa Melo

Você sabia que o poder Judiciário do DF garante acesso à população à execução de direitos e obriga-ções nas mais diversas áreas, como educação, telefonia e serviços ban-cários? O Juizado Especial Cível promove a conciliação e solução de conflitos de forma mais rápida que a Justiça comum e sem ônus para quem o aciona, desde que a causa não ultrapasse mais de 20 salários mínimos, ou pouco mais de 11 mil reais.

A técnica de enfermagem Lucia-na Mello Silva, 24 anos, procurou o serviço no fórum de Taguatin-ga. Um servidor lhe instruiu como protocolar o pedido de ação con-tra a entidade em que estuda, pelo fato de seu nome ter sido incluído no Serviço de Proteção ao Crédito

(SPC) indevidamente. Após levar a documentação necessária, já sou-be a data da audiência no mesmo dia. “Foi mais fácil do que imagi-nava, pensei que fosse burocráti-co. É a primeira vez que procuro a Justiça, não sabia que era rápido assim”, comenta.

Lidiane Nascimento, 26 anos, moradora de Ceilândia, acionou o fórum de sua cidade após receber inúmeras correspondências de co-brança da faculdade em que cursa publicidade. Depois de procurar a instituição com os comprovantes de pagamento em mãos, recebeu a promessa de que a situação seria resolvida em três meses. Ao fazer uma compra a crédito, a vendedora constatou que seu nome estava sujo na praça e que o requerente era jus-tamente a faculdade. Inconformada com a situação, procurou o Juizado. “Passei por um vexame perante os

vendedores e clientes que estavam na loja, uma situação que não dese-jo para ninguém”, diz.

As estatísticas apontam que a procura dos cidadãos pela Justiça, de fato, cresceu. Nas regiões admi-nistrativas de Ceilândia e Taguatin-ga o número de casos aumentou: em 2010 foram 12.080 e em 2011, 12.819. Isso se deve pelo fato de a Justiça promover campanhas e pro-jetos que esclarecem aqueles que não possuem dinheiro suficiente para pleitear seus direitos no Judi-ciário (especialmente o pagamento de honorários de advogados). Nes-ses casos, o Juizado oferece assesso-ria jurídica e adota políticas, como agilizar o julgamento de conflitos entre consumidores e prestadores de serviços.

De acordo com o advogado do Juizado Especial Cível, Hugo de Oli-veira, 27 anos, o tempo médio para os casos serem solucionados é de 10 a 15 dias, dependendo da empresa envolvida. Para Oliveira, apesar do aumento da procura e das campa-nhas, o serviço prestado pelo Juiza-do ainda precisa ser mais divulgado e mais claro. “Às vezes, para o cida-dão ingressar num Juizado, se não tiver as informações técnicas, acaba correndo o risco de sair prejudica-do ou perder um direito a mais que poderia receber e não recebe por falta de informação. Acho que de-veria haver uma consultoria e cada pessoa que viesse tivesse acesso a uma conversa com um defensor público, para dar as orientações exatas”, opina.

TIRA-DÚVIDASQuem pode ingressar com ação nos Juizados Especiais?

Maiores de 18 anos, microempresas e empresas de pequeno porte.

Quais ações possíveis?

• Ações de até 20 salários mínimos, sem advogado, ou até 40 salários mínimos, com advogado, lembrando que o valor da causa corresponde à quantia pretendida, ao valor do contrato em discussão ou à avaliação do objeto da demanda;

• Cobranças e execução de cheques nominais a pessoa física, microempresa ou empresa de pequeno porte, de notas promissórias, cobranças de aluguel e por prestações de serviços;

• Despejo para uso próprio e ações de processos ou de propostas por microempresas ou empresas de pequeno porte.

Onde procurar?

Nos fóruns de qualquer região administrativa.

Mais informações:

Site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT): www.tjdft.jus.br

O Juízado Especial do Forúm do Gama é aberto a toda a população durante a semana

Foto: Jéssica Paulino

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trabalho

detentos No mercadoProjeto de empregabilidade dá nova chance

de integração social a presidiários

oportunidade

Kleyton Almeida

Segundo a Secretaria de Justiça do DF, existem quase dez mil pre-sos no sistema penitenciário da capital. Estima-se que menos de 40% deles consigam recolocação no mercado de trabalho quando saírem da prisão. Alternativas es-tão sendo criadas para amenizar a situação desses detentos, entre eles os que cumprem pena em regime aberto e semiaberto, no qual o preso sai da penitenciária durante o dia para trabalhar e re-torna à noite.

Parcerias do poder público com entidades privadas e ONGs criam oportunidades de capacitação pro-fissional para detentos por meio de oficinas dentro e fora das penitenci-árias. São oferecidos cursos profis-sionalizantes como corte e costura industrial, panificação, informática, marcenaria, fabricação de tijolos

ecológicos, entre outros. O Estado também garante a continuidade do ensino, inclusive ao nível superior. Dentre mais de 9 mil presos, apenas 45 possuem nível superior comple-to e mais de 5 mil sequer concluí-ram o ensino fundamental.

Estatísticas como essas mostram as dificuldades que os detentos en-contram para conseguir um em-prego. Além das exigências profis-sionais, eles tem que lutar contra o preconceito e a desconfiança de setores empregadores da cidade. Sem oportunidades, muitos come-tem atos ilícitos novamente, retor-nando ao sistema e perpetuando um círculo vicioso.

RecomeçandoO projeto “Uma Nova Chance”,

firmado entre o Poder Judiciário e a Fundação de Amparo ao Traba-lhador Preso (Funap), vinculada a Secretaria de Segurança Pública do DF, aos poucos ajuda a mudar essa realidade. Adalberto Montei-ro, coordenador de políticas públi-cas para o preso, diz que a Funap oferece assistência e capacitação aos apenados e reingressos do sis-tema prisional, os indicando a va-gas de emprego em diversas áreas e acompanhando a reeducação e socialização do preso. Desde o iní-cio do projeto, há seis anos, mais de 600 presos já foram encaminha-dos ao mercado.

A legislação fixa normas espe-cíficas para a concessão desses benefícios. Bom comportamento, participação em oficinas de ca-pacitação e não reincidência de crimes são algumas por parte do condenado. Já o empregador deve estar legalmente registrado e não possuir pendências em seus regis-

tros trabalhistas. As empresas rece-bem isenção fiscal ao contratar um reingresso do sistema prisional, enquanto o preso extingue um dia de sua pena a cada três dias traba-lhados. A lei assegura um salário de ao menos um quarto do míni-mo por qualquer trabalho prestado dentro e fora dos presídios.

Salvador Maldovino, de 29 anos, é um dos assistidos pelo programa. Cumprindo pena em regime se-miaberto por roubo à mão arma-da, ele conseguiu o beneficio de trabalhar durante o dia. Maldovi-no comenta que antes das oficinas não tinha perspectivas de trabalho, pois já viu vários de seus compa-nheiros voltarem à prisão por não terem oportunidades. Com a auto-estima elevada, ele se sente mais confiante e motivado nas aulas de marcenaria da Funap, que duram seis meses e podem encaminhá-lo a uma vaga de trabalho.

O Poder Judiciário informa que mais de 160 presos assistidos exer-cem alguma atividade em empre-sas do DF. Antônio Sirqueira, um dos responsáveis pela triagem, en-caminhamento e acompanhamen-to dos presos, diz que a parceria do Estado é essencial para viabilizar essas parcerias, ressocializando o detento ao inseri-lo no convívio social e familiar. Ele ainda ressalta que a maioria dos encaminhados ao mercado de trabalho não volta a cometer crimes.

De dez presos que saem do presídio apenas quatro conseguem trabalho

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Os interessados em participar de projetos voltados aos presos, reingressos e

familiares podem entrar em contato com Fundação de Amparo ao Trabalhador

Preso (Funap)

Mais informações: Endereço: SIA Tr. 8, Lt. 170/8

Telefone: 3233-8523

SERVIÇO

Quantidade de presos/internados: 7.629

Regime fechado 4.222 Regime semi-aberto 3.407

(4.002)

(3.260)

(220)(147)

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De ideia a grande negócio

trabalho

O empreendedorismo atrai cada vez mais pessoas e ajuda a economia do

Distrito Federal a crescer

investidores

Alessandra Santos

O empreendedorismo vem cres-cendo cada vez mais, e no Distrito Federal não é diferente. De acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Se-brae), R$ 131,5 bilhões foram ge-rados por atividades empreende-doras na economia do DF. O dado está no cálculo do PIB de 2009, que coloca o DF na 7ª posição no ranking nacional. Considerando a base da Receita Federal, o segmen-to que mais concentra as empresas no DF é o setor de comércio, com participação de 54%. Em 2011 o ín-dice de sobrevivência das Micro e Pequenas Empresas (MPE) do DF foi de 81,5%.

Embora as estatísticas apontem que a maioria dos investidores do Distrito Federal seja do sexo mas-culino e esteja na faixa etária de 30 a 39 anos, Camila Pinheiro, 24 anos, conseguiu alavancar um pro-jeto que surgiu em 2007. Ela teve a ideia de criar uma marca de ca-misetas, a Menina Palito, quando ainda cursava uma das discipli-nas da graduação em Publicida-de e Propaganda.

Inicialmente com a confecção de apenas trinta peças, Camila presenteou amigas para a divulgar a marca. O sucesso imediato a fez seguir adiante. Com a faculdade de Design de Moda, a marca ganhou

Camila Pinheiro mostra os produtos da sua marca e o fusca que usou para vendê-los

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força e virou, inclusive, tema do Trabalho de Conclusão de Curso.Camila conta as dificuldades que passou no começo. “Não tinha ne-nhuma quantia para começar meu negócio, comprava uma regata mais barata, customizava e ven-dia a um preço mais alto, assim obtinha lucro.”

O produto sinalizador da marca são as camisetas, além da venda de acessórios, como chinelos e tiaras. As inspirações das coleções vêm da própria história da marca. “Tento contar sobre a história do empre-endimento. No começo vendia as camisetas em um fusca que meu pai tinha me dado, e fiz uma co-leção voltada com estampas de fusca que até hoje as meninas pedem”.

As cerca de 160 peças vendidas mensalmente rendem bom retor-no financeiro. A marca é revendida em duas lojas no DF e em uma loja virtual, proporcionando pessoas de outros estados comprarem. E Camila já sabe o que fazer com o dinheiro. “Conseguiria ter uma boa renda com a marca, mas prefiro continuar investindo. O lucro que obtenho invisto sempre mais, por-que primeiro quero consolidar a marca no mercado.”

EmpresasO Sebrae auxilia empreendedo-

res de diversos perfis: potenciais

empresários, empreendedores in-dividuais, microempresas e peque-nas empresas. Eles são cadastrados e apresentados por meio de con-sultorias, palestras, oficinas, cursos presenciais e on-line. Com isso te-rão maior orientação para que con-sigam manter suas empresas.

O gerente da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae, Bruno Viotti, fala do que é preciso para se vin-cular ao serviço. “Qualquer pessoa que procure o Sebrae pode abrir uma empresa, sendo ele empreen-dedor individual ou tendo uma pe-quena empresa, desde que atenda as exigências legais”. E completa: “São oferecidos cursos e palestras gratuitas ou a um custo muito bai-xo, ajudando o empreendedor a ter um melhor planejamento”.

O estudante de Administração Carlos Eduardo Pinheiro, 26 anos,

pretende abrir uma empresa no ramo alimentício e procurou o Se-brae. “Foi muito fácil, exigem pou-cas coisas para se cadastrar e as palestras ajudam a ter um planeja-mento empresarial melhor.”

O PIB apontou, em 2011, que a região sudeste ficou em primeiro lugar no ranking empreendedor. E o estado que abriu mais empresas foi o Rio Grande do Norte.

Mais informações:

Sebrae-DF

Endereço: Sia Tr.3, Lt. 1.580Telefone : 0800 570 0800 www.df.sebrae.com.br

SERVIÇOSERVIÇO

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trabalho

A força é delas Operárias pegam no pesado e se dedicam à construção civil

mulheres

Mariana de Deus Alvarenga , Luma Soares e Mariana de Ávila

Das três mil pessoas que trabalham na construção do Estádio Nacional no DF, 100 são mulheres.

CuriosidadeCuriosidade

Boa remuneração fez Cleide ingressar na construção civil, sem deixar o serviço do lar

Elas não deixam de lado a vaida-de e se dedicam ao serviço puxado. Com calças compridas, camisetas, botas, toucas no cabelo e maquia-das de forma discreta: rebocam, pintam e lixam paredes, carregam tijolos e cimento. Esta é a profissão que inclui cada vez mais as mulhe-res no mercado de trabalho: cons-trução civil.

De acordo com pesquisa do Ins-tituto Brasileiro de Geografia e Es-tatística (IBGE) de 2009, são cerca de 190 mil em todo o país, número ainda tímido se comparado a quan-tidade de homens empregados no setor. O alto crescimento imobiliá-rio da capital do país abriu oportu-nidades de trabalho para todos. No Distrito Federal, três mil mulheres fazem parte dessa área.

Segundo o Ministério do Traba-lho, o crescimento do salário mé-dio real de admissão das mulheres na construção civil soma 5,65% em todo DF no primeiro trimestre de 2012. Os salários iniciais vão de R$ 800 a 1.000 mensais.

O assessor técnico da Diretoria de Planejamento e Avaliação da Superintendência do Desenvolvi-mento do Centro-Oeste (Sudeco), Agnaldo Moraes, disse que o cresci-mento da presença das mulheres na construção civil coincide com o pe-ríodo em que a economia brasileira se estabilizou. Segundo ele, a partir desse instante houve um aumento no volume de empreendimentos na construção civil e uma escassez de mão de obra qualificada.

“A ocupação desse espaço pelas mulheres veio quase de uma forma natural, da mesma forma que as

mulheres passaram a ocupar antes espaços privativos, ou preferen-cialmente ocupados por homens”, afirmou Agnaldo. Ele disse ainda que há uma concentração maior do gênero feminino nos setores da construção que exigem uma sensi-bilidade maior para o desempenho dessas atividades. “Há uma ênfase na área de eletricista, pintura, azu-lejo, acabamento, de uma maneira geral, onde se constatou uma apti-dão muito maior das mulheres em relação aos homens, por razões quase que óbvias”, completou.

Em Águas Claras, um dos maio-res canteiros de obras do DF, elas

estão por toda parte. As trabalhado-ras da construção demonstram não temer o trabalho nem fugir de de-safios. A maioria descobriu a nova profissão ao acaso, algumas levadas pelo desemprego e pela baixa re-muneração de outros serviços.

Cleide Gomes de Souza, de 33 anos, começou a trabalhar na cons-trução civil há quatro anos. “As pes-soas ficam admiradas ao ver que escolhi essa profissão”, afirmou. Ela pretende se aperfeiçoar e contou que o trabalho é bem remunerado. Cleide disse que antes de chegar à construção civil, foi empregada do-méstica. “Prefiro minha profissão

atual, pois ganho bem mais”, obser-vou. Ela contou que coloca rejunte e faz serviços gerais na obra.

Diva Lopes, de 53 anos, traba-lhou em várias obras no DF. Ao con-tar sua história sobre como chegou à construção civil, Diva demonstra satisfação por ser uma das pionei-ras na área. A mineira, de Montal-vânia-MG, veio para Brasília há 35 anos. Há pelo menos uma década e meia trabalha em obras. “Estáva-mos [eu e meu marido] desempre-gados e recebemos a proposta de trabalhar em uma obra. Desde en-tão eu trabalho nesse setor”.

Na obra, a definição de seu tra-balho é encarregada de serviços gerais, mas Diva contou que as mulheres fazem “de tudo”. “Se for necessário, a gente carrega tijolos e cimento, coloca rejunte, faz de tudo um pouco”, disse ela. Ques-tionada se o trabalho é cansativo, Diva não hesitou ao responder: “Todo tipo de profissão é cansativa, não só essa. Acho que é preguiça a mulher dizer que tem o corpo frá-gil. Temos a mesma capacidade. Temos somente que ter força de vontade e trabalhar”.

A Sudeco,o Sinduscon, a Secretaria de Estado da Mulher do DF e o

Instituto Federal de Brasília (IFB) promovem o programa “Mulheres na Construção”. O projeto fornece 440 vagas para cursos de azulejista

e pintora de obras. As próximas turmas serão em agosto, em Samambaia e Águas Lindas.

Mais informações:Telefone: 3414-0160 / 3414-0168

http://www.sudeco.gov.br/mulheres-na-construcao

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Page 8: Artefato - 04/2012

política

Riso contra a truculência

movimento

8

Exército de palhaços faz manifestações

políticas com humor

Augusto Dauster* e Paula Carvalho

O humorista Chico Anysio deixou, como legado, a lição de rir dos problemas para enfrentá-los. O Exército de Palhaços Autônomos, Rebeldes e Insurgentes – EPA-RI levou esse ensinamento a sério. O nariz vermelho, a maquiagem, o sorriso e a descontração são usados em oposição à força bruta da polícia. Os ‘palhaços’ agem no Distrito Federal desde as manifestações pelo Passe Livre Estudantil, no início de 2007, quando ainda não possuíam denominação.

Os integrantes do EPA-RI se inspiraram no Exército de Palhaços Rebeldes Clandestinos e Insurgentes (CIRCA, na sigla em inglês). A atividade começou na Inglaterra em meados de 2003 como forma de protesto à invasão ao Iraque. Os palhaços voltaram à ativa em 2005 quando o país sediou o 31º encontro do G8 – grupo dos países mais industrializados e desenvolvidos do mundo. Outras manifestações abraçaram a ideia de satirizar o uso da violência pelas autoridades em países como Irlanda, França, Israel, Bélgica e Dinamarca.

Quem trouxe a ideia para o DF foi o comandante Ricardo Rosa. Segundo ele, havia “necessidade de proteger as pessoas da histórica brutalidade policial”. Ricardo, como é conhecido sem maquiagem, assume que, ao ver a polícia preparada para agir contra manifestantes pela primeira vez, pensou que seria trucidado. “Isso aconteceu uma semana depois da ocupação da Rodoviária.”

Em 2011 os militantes voltaram a usar o campo de batalha das manifestações como picadeiro.

Já sob o nome EPA-RI e com um pequeno batalhão de narizes vermelhos recrutados, enfrentaram a repressão da Polícia Militar aos ativistas da causa do Santuário dos Pajés. A dúzia de palhaços-soldados apoiou com risos os protestos contra a construção do bairro Noroeste. Segundo Ricardo, para

Integrantes do grupo EPA-RI participam de manifestações políticas de forma descontraída e bem humorada

fazer o trabalho direito, a guarnição precisa manter o bom humor mesmo em meio à pancadaria. “Já apanhei, já tomei spray de pimenta, xingamento e todas aquelas coisas que infelizmente a gente se orgulha de ter passado. O EPA-RI não odeia a polícia, nem ninguém. É um grupo que sabe que a luta deve ser

colorida para ser verdadeira.” Vida de soldadoMarchar, correr, pular e saltar.

Para fazer parte do EPA-RI também é preciso disciplina. Quem conta é a recruta Adriele Peixoto. Ela explica a necessidade de manter em mente no calor do momento a postura de palhaço manifestante. Na visão de Adriele, o papel enquanto palhaça é mudar um pouco o contexto do ativista radical, trazendo uma forma diferente de representar lutas e causas. “É brincar com coisa séria sem deixar que as coisas sérias virem brincadeira”, explica.

O resultado da disciplina é o que eles chamam de ordem subvertida. Eles abraçam policiais, imitam autoridades e trazem riso para um momento de tensão sem esquecer o motivo da luta. “Eu acredito que mesmo com a bagunça e com a desordem ordenada que é o exército, a nossa proposta é bem evidente: se rebelar e subverter de forma bonita”, finaliza Adriele.

A especialista Rebeca Abers, professora de Política e Movimentos Sociais do Instituto de Ciências Políticas (Ipol) da Universidade de Brasília (UnB), é favorável à maneira de agir dos militantes do Epa-rí. Ela acredita que a atuação reforça a validade de cada luta. “Em relação ao exército de palhaços, eu diria que tem o papel de trabalhar com a imagem para propagar a ideia da liberdade de expressão”, explica. Rebeca também elogia o esforço dos palhaços. “É difícil a ideia de ridicularizar a violência ser mal interpretada. Isso que eu acho bonito.”

* O repórter é integrante do EPA-RI.

Fotos: Mariana Lima

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Fotos: Mariana Lima e Felipe Vieira

Para contatar o Exército de Palhaços basta perguntar

pelo exército de palhaços nas manifestações políticas que ocorrem na capital federal.

SERVIÇOSERVIÇO

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política

Justiça ou ganância?greve

Professores do DF lutam por aumento e alegam desvalorização da carreira; GDF diz que são os melhores salários do país

Aline Sales

Os professores da rede pública do Distrito Federal se mobilizam para reivindicar reestruturação de salário, isonomia com outras car-reiras de nível superior do Governo do Distrito Federal (GDF), plano de saúde, nomeação dos professores aprovados em concurso e aumento da verba pública investida na educa-ção. A classe considera que o Gover-no investe pouco na pasta. Segun-do o Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF), 21,8% dos recursos do Fundo Constitucio-nal (recursos federais transferidos ao GDF para o custeio integral dos gastos locais com segurança pública e, parcialmente, das despesas com educação e saúde) são repassados para educação, o que corresponde à menor fatia do repasse.

“Não pode ser justa a situação em que nos encontramos. Estamos na base da formação dos futuros pro-fissionais e ganhamos menos do que todas as categorias profissionais com nível superior no DF. Devido a isso, ocorre a gradual desvalorização de nossa carreira. Na medida em que ela não remunera bem, acaba não atraindo os melhores profissio-nais”, destaca Rafael Rosa, profes-sor do Centro Educacional Elefante Branco. “Por que se tornar professor quando a maior parte dos concursos de nível superior na capital federal paga pelo menos o dobro do que ga-nhamos? Já há falta de professores na rede pública, pois não há quem se interesse”, completa o professor.

O resultado do cabo de guerra? No dia 12 de março os professores

entraram em greve. O governo ale-gou que os educadores recebem os melhores salários do país e que não há possibilidade de conceder o au-mento reivindicado. A explicação é de que a Lei de Responsabilidade Fiscal, que define o teto de compro-metimento das receitas com a folha de pessoal, apertou as contas do DF.

Em nota, o GDF afirma que já concedeu o maior reajuste salarial de todas as categorias aos professo-res, alcançando um índice de 13,83% (6,36% em março de 2011; 4,78% em setembro e 2,69% em março deste ano). O governo alega que também alterou o auxílio alimentação para R$ 304, aprovou a Lei da Gestão De-mocrática para a Rede Pública de Ensino e nomeou todos os candida-tos aprovados no último concurso público para professor.

Além disso, mais de 300 institui-ções educacionais de ensino foram reformadas e 1.500 professores, que estavam em convênios nas áreas

administrativas da Secretaria e das Regionais de Ensino, retornaram às salas de aula.

Apesar dos aparentes benefícios concedidos à classe profissional, Washington Dourado, diretor do Sinpro-DF, revela que no ano pas-sado, o governo fez um acordo de reestruturação do plano de carreira dos educadores que ainda não foi cumprido.“O sindicato já demons-trou que, no orçamento da Secre-taria de Educação, existem R$ 285 milhões que podem ser utilizados para atender nosso pleito e suprir as necessidades da educação”. “Com a intransigência do GDF, os maiores prejudicados são os professores e os alunos”, completa Dourado.

Salários Um professor com dedicação

exclusiva que trabalha 40 horas se-manais tem o salário inicial de R$ 4.226,47, porém, o vencimento bá-sico que conta para a aposentadoria

é de apenas R$ 2.314,78. Os outros quase R$ 2 mil são gratificações que não são incorporadas aos ven-cimentos. Esses valores constam na tabela salarial do magistério reajusta em março deste ano.

Escolas vaziasDurante a greve, as escolas do DF

permanecem vazias. No Centro de Ensino Médio 01 de Brazlândia – que tem 1360 estudantes - cerca de 60% dos professores aderiu à greve.

É justo fazer greve?O Gestor de Recursos Humanos

Felipe Pimenta é contra a greve. “Penso que existem métodos bem mais inteligentes. Não consigo ser a favor de uma greve onde o maior prejudicado e a população. Os pro-fessores do DF receberam um re-ajuste de 13,83% em 2011, e atual-mente o salário inicial é alto, o maior da federação. É claro que os profes-sores merecem bem mais que isso, mas fazer jogo político com a popu-lação, como o Sinpro está fazendo, não é justo.”

Mesmo reconhecendo que os alunos são os maiores prejudica-dos, Erik Barbosa da Costa, uni-versitário, acha justa as reivindica-ções dos professores: “Os alunos estão sendo prejudicados por falta de investimento na educação e omissão do governo. Se nenhuma mobilização for feita, nada mu-dará. Os professores têm uma má remuneração e poucos benefícios em relação à demanda e a respon-sabilidade que possuem. Só dessa forma a classe conseguirá melho-res condições de trabalho”.

Professores reivindicam isonomia salárial e melhores condições de trabalho

Foto: Samita Barbosa

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Entregar é legalAo contrário do que

muitos pensam, dar o filho para adoção

não é crime. Já abandonar crianças em qualquer lugar, sim

adoção

Estela Monteiro

Cidadania

Em janeiro deste ano, um bebê de apenas dez dias foi encontrado por moradores de rua na Asa Norte. Dias depois, a mãe da criança, que disse ter sido vítima de estupro, se apresentou à polícia e demonstrou arrependimento. A mulher, de 19 anos, responde pelo crime de aban-dono de incapaz.

Em setembro do ano passado, um bebê do sexo feminino, prema-turo e ainda com o cordão umbili-cal, foi achado dentro de uma bolsa, em uma quadra próxima ao Hospi-tal Regional de Santa Maria. Uma mulher, que passava pelo local, o teria encontrado e entregou ao vi-gia que estava na guarita do Hos-pital. Posteriormente, essa mesma mulher foi identificada pela polícia como mãe da criança e afirmou ter sido vítima de estupro quando vol-tava da escola.

A Polícia Civil não tem estima-tiva de quantos bebês são abando-nados por ano no Distrito Federal e a maioria dos casos nem chega a ser notícia como os casos citados acima, mais extremos. “Muitos ocorrem nas maternidades, instituições religiosas e abrigos”, afirma Benedito Rodri-gues dos Santos, consultor especial do  Fundo das Nações Unidas Para Infância (Unicef) e professor da Uni-versidade Católica de Brasília.

Esses casos poderiam ter sido evitados se as mulheres que não querem ou não podem criar as

crianças tivessem acesso a uma simples informação: entregar o filho para a adoção não é crime. Desde 2009, a nova Lei de Ado-ção garante que qualquer mu-lher que manifeste a vontade de entregar o filho para a adoção tenha acompa-nhamento jurídico e psicossocial, além de protegê-la de cons-trangimentos, discri-minação e qualquer tipo de pressão. “Isso é uma forma de res-guardar a mãe e a criança. Essa mulher acaba virando objeto de assédio. Alguns che-gam a ofertar vantagens financeiras para ficar com a criança, transformando-a em mercadoria”, explica Walter Go-mes, supervisor da Seção de Colo-cação em Família Substituta da 1ª Vara da Infância e da Juventude do Distrito Federal.

A lei também prevê multa aos dirigentes de instituições de saúde, médicos, enfermeiros e assistentes sociais que se omitam em enca-minhar a mãe ou gestante interes-sada em entregar o filho à adoção para a autoridade judiciária. E tenta impedir o que ainda acontece com frequência no Brasil, a chamada adoção consensual ou à brasilei-ra, na qual a mãe entrega os filhos a uma terceira pessoa, que registra a criança em seu nome. Registrar

como seu o filho de outra pessoa é crime. Para adotar uma criança, é obrigatória a inscrição no cadastro de adoção.

Acompanhamento da decisãoDesde 2006, a Vara da Infân-

cia e da Juventude do DF realiza o Programa de Acompanhamento à Gestante. Esse programa garante assistência de saúde, apoio psico-lógico e acolhimento à mãe que deseja entregar o filho para ado-ção. “Aqui disponibilizamos um acompanhamento digno, onde ela vai construir uma decisão, sem ser induzida a nada, protegendo a si e a criança”, explica Walter. Segundo ele, primeiramente são mostradas

alternativas para que a mãe permaneça com a criança. Caso ela de-

cida prosseguir com a entrega, terá atendi-mento psicossocial e assessoria jurídi-ca com um defen-sor público.

Depois disso, é verificado, caso seja vontade da mãe, se há possibi-lidade de o filho ficar com a família biológica, para só então ser enca-minhada a adoção. “É um dos di-reitos da criança permanecer com a sua família biológica”, esclarece Benedito Rodrigues. Caso a mãe opte por manter a criança, é enca-minhada a programas sociais que a ajudarão a criar o filho.

Abalo emocionalNa maior parte dos casos, a mu-

lher que abandona ou entrega o filho para adoção encontra-se sob forte abalo emocional. Muitas po-dem ter sido vítimas de violência sexual ou não têm o apoio do pai

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há 30 anos. Ela ainda tem contato com a filha e já é avó.

Carmen* adotou uma criança há 33 anos. “Havia acabado de me casar e estava tentando engravidar e, nesse meio tempo, tive um abor-to espontâneo. Uma noite, minha cunhada me ligou perguntando se eu queria um bebê. Na mesma hora, saí para buscá-la.” A mãe, uma jovem solteira, tinha deixado o bebê em uma parada de ônibus e ligou para a cunhada de Carmen avisando. “Ela tinha 24 horas de vida e ainda estava sem roupa. Ao

Cidadaniada criança ou da família. Walter Go-mes relata que muitas estão desem-pregadas e já criam outros filhos. “As que procuram a Justiça querem a garantia de que essa criança seja rapidamente acolhida por outra fa-mília”, comenta.

O supervisor conta que é co-mum a mãe se arrepender quan-do o período de maior turbulência emocional passa. Em um dos casos, a mulher abandonou o recém-nas-cido na Asa Sul. Localizada, se mos-trou arrependida. Estava deprimida após o fim do relacionamento com o pai da criança. A mãe recebeu permissão para visitar a criança no abrigo e até amamentá-la. “Pelo modo como ela cuidava do filho e das outras crianças do abrigo, aca-bou sendo contratada como mãe social e trabalhar no abrigo, além de recuperar a guarda do filho”, lembra Walter.

AcolhimentoManoela* conta que engravidou

aos 17 anos e o pai a expulsou de casa. “O pai da criança, ao saber da gravidez, sumiu, e eu fiquei desam-parada.” Foi então que um casal a acolheu. “Eles acabaram fazendo a minha cabeça para entregar a crian-ça para eles e aceitei. Nós concor-damos que ela saberia que eu era a mãe. Morei com eles até ela com-pletar três anos, quando me casei e saí de lá.” O processo de adoção foi acompanhado pela Justiça e Mano-ela recebeu acompanhamento psi-cológico também. Isso aconteceu

chegar a casa, rasguei uma camisa do meu marido e a usei como fral-da.” O marido de Carmen, que es-tava fora e não sabia de nada, per-guntou de quem era a criança. “É nossa filha”, respondeu. A partir daí o amor foi incondicional.

Quando a criança completou 15 anos, Carmen contou que ela era adotada e a filha quis conhecer a mãe biológica. “Hoje me arrependo de não ter ido atrás de saber quem era, pois minha filha quer saber da história dela, ver o rosto da mãe. Aconselho a todas as mães que vão

principais mudanças da nova

Lei de Adoção

• Assistência psicológica à ges-tante e à mãe que queira entre-gar o filho para a adoção e am-paro da justiça para evitar ris-cos à gravidez e o abandono de crianças em espaços públicos.    • Crianças ou adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou ins-titucional terão sua situação reavaliada, no máximo, a cada seis meses e limita o tempo de permanência das crian-ças nas casas de acolhimento em no máximo dois anos.  • Os grupos de irmãos serão co-locados sob adoção, tutela ou guarda de uma mesma família evitando o rompimento defini-tivo dos vínculos fraternais.  • Criação de cadastros estaduais e nacional com informações so-bre pessoas ou casais habilitados à adoção e crianças aptas a se-rem adotadas. As famílias cadas-tradas deverão passar por prepa-ração prévia ao acolhimento.

• As regras para permitir que crianças brasileiras sejam ado-tadas por estrangeiros ficaram mais rígidas, visando evitar irre-gularidades no processo. 

As mulheres que procuram a Justiça

querem a garantia de que essa criança seja

rapidamente acolhida por outra família.

Walter Gomes

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PONTO DE VISTAPONTO DE VISTAMaycon Fidalgo

A entrega de crianças para ado-ção cria comoção social e, muitas vezes, é vista como algo imperdoá-vel pelos padrões de comportamen-to “aceitáveis”. A imprensa sensa-cionalista, quando noticia assuntos relacionados ao tema, reforça valo-res passados a uma sociedade qua-

drada e politicamente correta. É aí que nasce o senso comum sobre um assunto tão delicado.

Indo na direção oposta, com fina-lidade de levantar o debate e abrir espaço para leitores pensarem a res-peito, Estela produz uma reporta-gem esclarecedora.

Casos de abandono geralmente divulgados pela imprensa transfor-

mam a mãe que abandonou o filho na antagonista da história – aquela que, independente do que está acon-tecendo, deveria se desdobrar para criar o filho e é um monstro por op-tar não fazê-lo. Contudo, as histórias são diferentes e as políticas ligadas à entrega devem ser mudadas e, claro, noticiadas. É o que faz esta matéria.

Como destaca Walter Gomes,

supervisor da 1º Vara da Infância e da Juventude, comparecer à Justi-ça e expor a vontade de não man-ter o filho é preferível a abandonar. A Nova Lei de Adoção apoia essa vontade. Que o governo atenda, de-finitivamente, as mães que queiram entregar o filho, dando suporte, as-sistência psicológica e aparato legis-lativo nas escolhas pessoais.

adotar uma criança a não serem ego-ístas e guardar os dados da família biológica. É a história deles.” Segun-do a Nova Lei de Adoção, isso não é necessário, pois ao completar 18 anos, é direito do adotado ter acesso aos dados da família biológica. Antes disso, o acesso às informações pode ser permitido com o devido acompa-nhamento psicossocial.

Um ato de coragem e amor. Mui-tas vezes, as mulheres que querem entregar os filhos para a adoção sofrem com o julgamento social e são vistas como pessoas sem senti-mento. Walter Gomes explica que a maternidade não desabrocha para todas. “Existe o mito de que toda mulher nasce com o germe da ma-ternidade, quando na verdade a maternidade é uma construção so-ciocultural. Há mulheres que optam por não serem mães. É importante a mulher conhecer suas limitações”.”

Além disso, comparecer à Jus-tiça e manifestar essa vontade, no imaginário popular, parece um cri-me, quando é totalmente aceitável e até preferível ao abandono. “Aquela mentalidade de que dar o filho para adoção é uma monstruosidade está acabando. Cada vez mais estamos indo pelo caminho de que ‘tudo bem dar o seu filho, você pode fazer outras famílias felizes e isso pode também ser visto como um ato de amor’”, mostra Benedito Rodrigues. Walter Gomes, ainda, completa: “Não é um ato de abandono. É um ato de cidadania”.

* Nome fictício

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cidadania

LIBRAS: conquista silenciosaNo aniversário de 10 anos, um balanço da lei que reconhece a

Língua Brasileira de SinaisIasmin Costa

legislação

No dia 24 de abril, a Lei nº 10.436, que reconhece a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação entre os deficien-tes auditivos, completou dez anos. Com a comemoração dessa data, a equipe do Artefato foi saber o que mudou, ou não, ao longo desses 10 anos.

A lei saiu do papel?Mesmo com o reconhecimento

da língua de sinais como forma de comunicação, um dos maiores pro-blemas enfrentados pelos surdos é o acesso à educação. De acordo com dados da Secretaria de Educação do DF, em 2008, 345 alunos deficientes auditivos foram matriculados nas classes especiais das escolas públi-cas. Muitas vezes esses alunos não recebem orientação de um intér-prete qualificado. Por causa desse preconceito, os surdos ainda têm grande dificuldade para se integrar à sociedade e utilizar serviços básicos, por falta de pessoas para atendê-los na língua de sinais. O artigo 3º da lei garante que as instituições públicas e empresas concessionárias de ser-viços públicos de assistência à saúde devem garantir atendimento e trata-mento adequado aos portadores de deficiência auditiva. Essa é a regra, mas os surdos e surdas aqui no Bra-sil têm os seus direitos constante-mente negados.

Segundo dados do Censo IBGE/2000, a deficiência auditiva é a segunda maior do país. São cerca de 5,8 milhões de pessoas surdas no

Brasil. Wivo Herculano dos Santos, 21 anos, surdo de nascença, cursou o ensino médio em uma escola regu-lar, que não possuía aulas em Libras. Mas, assim que concluiu os estudos, percebeu que ainda tinha muitas dú-vidas, por isso procurou a Associa-ção de Pais e Amigos dos Deficientes Auditivos (Apada-DF), para refazer as aulas, dessa vez em Libras. “Aqui tenho aula de matemática, portu-guês, história, geografia, tudo em Libras. Tudo que não entendia estou entendendo. A Libras é minha língua um, assim como o português dos ou-vintes é a língua um dos brasileiros, por isso fica mais fácil a compreen-são”. Assim como Wivo, aproxima-damente 70% dos surdos brasileiros sabem ler o português, mas não têm o entendimento claro da língua.

O Distrito Federal tem mais de 80 mil habitantes surdos. Para atender essas pessoas o governo disponibili-za, por meio da Gerência da Central de Intérpretes de Libras, acompa-nhantes para irem com os surdos aos locais a que necessitem ir. A estrutu-ra localizada na Praça do Cidadão, Estação 114 Sul do Metrô, conta com seis intérpretes para atender, com agendamento prévio, os deficientes auditivos. “Contudo, ainda não é uma política de Estado, as condições são precárias e ainda não existem concursos públicos para a área. Com exceção da Caixa Econômica Fede-ral, não há outro serviço público com profissionais em seus quadros habi-litados a atenderem surdos”, afirma Falk Moreira, surdo, formado na primeira turma de Letras-Libras da Universidade de Brasília e professor da Universidade Católica de Brasília.

Em 2010 a profissão de intérpre-te foi reconhecida, mas não foram estabelecidos parâmetros para dizer quem são os intérpretes, de fato. “O GDF disponibiliza intér-prete para acompanhar os surdos, mas esbarra nas próprias limita-ções desses funcionários. Como uma pessoa de nível médio vai saber interpretar o que um médi-co diz, por exemplo? Existem mui-tos termos técnicos e ele não tem competência linguística para isso.

O intérprete precisa de um tipo de especialização para áreas distintas. Mas ainda não está claro quem é esse profissional e quem regulamenta a profissão”, comenta Marcos de Brito, coordenador de cursos e intérpretes da Apada-DF e presidente da Federa-

ção Nacional das Associações de Pais e Amigos dos Surdos (Fenapas).

Graduação para surdosApós o decreto que regulamen-

tou a lei de Libras, o Brasil criou, em 2006, o primeiro curso de graduação do mundo baseado na língua de sinais e totalmente vol-tado para alunos surdos. O curso chegou a 15 estados e padronizou a língua de sinais em todo o Brasil. A partir daí alguns artigos da lei, aos poucos, puderam ser cumpridos, como a afirmação que a linguagem de sinais tem estrutura gramatical própria e constitui sistema linguísti-co de transmissão de ideias. A cria-ção do curso regularizou a profissão de professor de Libras.

Há uma década, os deficientes auditivos tiveram a Libras reconhecida, mas ainda lutam por uma série de direitos

Foto: Rick Antunes

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esporte

Em queda livreGama e Brasiliense, os dois maiores

times do DF, estão na pior; saiba por que eles chegaram

ao fundo do poço

futebol

Allan Virissimo

Taguatinga, 15 de maio de 2002. Trinta e duas mil pessoas lotavam o estádio do Serejão para acompanhar a final da Copa do Brasil. Em campo, o Brasiliense precisava de uma vitó-ria simples (por um gol de diferença) para ser campeão nacional.

A histórica equipe liderada pelo meia-atacante Wellington Dias, no entanto, não passou do empate contra o Corinthians (1x1). Os pau-listas levaram o tricampeonato da competição, pois haviam vencido por 2 a 1 uma partida de arbitragem muito contestada do gaúcho Carlos Simon na ida, em São Paulo.

O futebol local já havia se desta-cado no cenário nacional em 1998, ao conquistar pela primeira vez a Série B do Campeonato Brasileiro. O Gama sagrou-se campeão ao go-lear o Londrina por 3 a 0, diante de aproximadamente 50 mil pessoas no Mané Garrincha, e disputou as qua-tro temporadas posteriores na elite.

O rival Brasiliense igualou o fei-to em 2004, ao derrotar o Bahia por 3 a 2 na Fonte Nova, em Salvador. No ano seguinte, o clube contra-tou jogadores renomados para a disputa da primeira divisão, como os meias Vampeta e Marcelinho Carioca, mas foi rebaixado logo no ano de estreia.

Desde então, os clubes do DF mergulharam na decadência. Com exceção da chegada do Brasilien-se à semifinal da Copa do Brasil em 2006, os resultados são muitos

ruins. Hoje, o time de Taguatinga disputa a terceira divisão do Bra-sileiro, e seu arquirrival Gama se-quer tem vaga garantida na série D. Ambos foram eliminados na pri-meira fase da atual edição da Copa do Brasil e não dominam sequer o Candangão: o Luziânia (GO) foi campeão do primeiro turno do dis-trital ao vencer o Ceilândia e já tem vaga garantida na grande final.

Administração amadoraConcorrentes nas arquibancadas,

as torcidas concordam quanto ao principal motivo da péssima fase de seus times de coração. “Antigamen-te a diretoria não trabalhava para o time, apenas por si própria”, diz o es-tudante gamense Rodrigo Marques, 19 anos. “A diretoria do Brasiliense não está nem aí para o time, só quer ganhar dinheiro. Não ligam para a torcida, deveriam ter mais conside-ração com a gente”, avalia o motoris-ta Adan Sousa, 23 anos.

A atual direção da equipe alvi-verde tem visão semelhante à de boa parte de seus torcedores. “Isso é reflexo de 19 anos da administra-ção anterior. O Gama é rentável, tem história e a maior torcida do DF. Isso desperta o interesse de empresários e dirigentes”, explica Arilson Macha-do, diretor administrativo do clube. Ele ressalta que o maior problema é a falta de recursos. “Assumimos o clube com três bolas e 87 ações tra-balhistas. Os juniores estão em cam-po porque não tem como contratar. Sem dinheiro, nada se faz.”

No Brasiliense, a gestão política e financeira é conduzida pelo em-presário e ex-senador Luiz Estevão, fundador e presidente do clube. Ele tem na ponta da língua os mo-tivos para o mau desempenho do futebol do DF. “A média de público local não está entre as 20 melhores do país. O torcedor não comparece porque só há um estádio em con-dições, o Bezerrão. Os demais não têm conforto nem segurança”, diz o cartola-empresário-ex-político.

Luiz Estevão defende a estrutu-ração do Candango como incentivo à disputa. “Há potencial, mas, num campeonato sem cotas de TV e tra-dição, é necessário melhorar a ex-periência do público nos jogos para alavancar a bilheteria e atrair inte-resse para o televisionamento das partidas.” Sobre a queda de rendi-mento do Brasiliense, o presidente

é realista: “Sinceramente, os resul-tados de 2002 a 2005 foram fora dos padrões. Hoje, o futebol de Brasília está representado do tamanho que realmente é”.

Análises de mercado confir-mam a fala de Luiz Estevão e as dificuldades expostas pela dire-toria do Gama. “Esses são proble-mas intimamente ligados à gestão e típicos de times de escalão me-nor. Eles não têm tradição nem torcida, apenas simpatizantes. A mídia não se interessa e as recei-tas de bilheteria e de mercado são pequenas” explica Amir Somoggi, diretor da área esportiva da con-sultoria BGO RCS Brazil.

“O custo é elevado e sem re-ceitas proporcionais. Não have-rá espaço para todos, a tendên-cia é de concentração entre as maiores equipes.”

Foto: Jéssica Antunes

Em meio a consecutivas campanhas ruins e jejum de títulos, torcida pressiona Gama

Page 16: Artefato - 04/2012

sofre muito preconceito, pois são mulheres muitas vezes maiores do que alguns homens”, explica.

Em Brasília, para se tornar um “grandalhão” ou “grandalhona”, além de muita ralação, é necessá-rio dinheiro: os gastos giram em torno de R$ 5 mil por período de preparação (cerca de quatro me-ses), apenas com alimentação e suplementos alimentares. Eventu-ais gastos podem surgir pelo cami-nho, por exemplo, com fisioterapia em casos de possíveis lesões cau-sadas pelos exercícios físicos. Caso de Polliana, que sofreu uma lesão na lombar durante os treinos.

A Fórmula 1 da musculação

Focado na perfeição corporal, fisiculturismo busca

reconhecimento; modalidade já fez cinco

campeonatos em Brasília

malhação

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Monalisa Santos

ESPORTE

Força de vontade, muita disci-plina e determinação. Estes são os pré-requisitos para a prática do chamado fisiculturismo, modali-dade que aos poucos vem criando visibilidade no meio esportivo.

Mais conhecido como “body-building” pelos atletas, o fisicul-turismo, ao pé da letra, seria o culto ao corpo. Para outros, é um exagero de pessoas “bitoladas” em musculação. “O fisiculturis-mo é a ‘Fórmula 1 da musculação’, que busca simetria e perfeição do

corpo”, defende o personal trainer André Torres, treinador de atletas e pós-graduado em Fisiologia do Exercício Avançada.

Segundo ele, o fisiculturismo existe há algumas décadas em Brasília com bons atletas, mas por falta de incentivo e organiza-ção para a realização de campeo-natos, acabou saindo do cenário. O primeiro campeonato brasi-liense foi realizado em 2008, na Universidade Católica de Brasília (UCB), pela Confederação Brasi-leira de Culturismo e Muscula-ção (IFBB), com poucos compe-tidores e público reduzido.

“A partir desse evento tudo mu-dou, não só o local, mas a quanti-dade de atletas e principalmente o público. O último campeonato realizado em Brasília, no ano pas-sado, foi no Teatro Nacional, com lotação máxima e cobertura dos principais meios de comunicação”, comemora o personal.

No DF, os atletas mais conhe-cidos, que ganharam títulos em campeonatos são Janaina Fer-reira, tetracampeã brasiliense e vice-campeã nacional; João Fei-toza, campeão brasileiro júnior; e Polliana Cristina, participante do programa “Hipertensão”, da Rede Globo, na edição do ano passado. André observa a importância des-ses resultados para a consolidação da modalidade. “Estamos no quin-to ano de campeonato, enquanto

outros estados já estão nos 30 anos ou mais”, ressalta.

O fisiculturismo gera opini-ões diversas, principalmente a respeito da participação femi-nina. Algumas pessoas pensam que a maioria das mulheres que a praticam perde a feminilidade e toma forma masculina, porque acreditam que “músculo não é coisa de mulher”.

“Acho que têm mulheres que já não têm feminilidade e usam o fisiculturismo porque gostam do corpo malhado. Mas mostro mui-tas mulheres ‘gigantes’ lindas e que são totalmente femininas”, diz Polliana Cristina.

“Há algumas categorias para as mulheres. A biquíni, hoje, é a que todas as meninas gostariam de ser: bumbum durinho, pernas bonitas e barriga seca, ou seja, panicat”, comenta André Torres, num tom descontraído. “As da fit-ness são bem mais definidas, mas com pouco volume muscular; já o culturismo feminino, este sim,

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O fisiculturismo busca simetria e perfeição do

corpoAndré Torres

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Ficar com o corpo definido como os de atletas custa caro: cerca de R$ 5 mil

Primeiro campeonato brasiliense ocorreu na UCB, em 2008

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É o fim ou não?Previsões positivas e negativas causam curiosidades a respeito deste ano

apocalipse

meio ambiente

Yale Duarte

A elevação do nível do mar, o aumento da temperatura global, o aquecimento dos oceanos, o derretimento das camadas de gelo e o declínio do gelo ártico são evidências de que o clima da terra tem mudado ao longo dos anos. A maioria das alterações é atribuída às variações na órbita da terra, que alteram a quantidade de energia solar que o planeta recebe. Esse “cientifiquês” todo, em 2012, aquele que seria (mais um) ano do apocalipse, deixa uma pergunta no ar: será que o mundo vai acabar em água?

Imagens apresentadas em 2007 pela Nasa mostraram que o derretimento do gelo tinha causado uma abertura que ligava o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico. O degelo do Pólo Norte poderia causar inundações em toda a Terra, fazendo desaparecer ilhas, cidades e até mesmo estados. A previsão é que em 2019 as geleiras se transformarão totalmente em mar, mudança que afetaria cerca de um quarto da população mundial.

Para dar mais força à teoria do cataclisma, o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) divulgou que o início de 2012 foi marcado por

muitas chuvas. Além disso, cientistas descobriram que houve surgimento de águas mais quentes no setor leste do Pacífico Equatorial, fato que surpreendeu a comunidade científica.

Balde de água fria Don Yeomans, cientista da

Nasa e coordenador de programas

da agência, acredita que os fenômenos naturais que estão acontecendo não são indícios de que o mundo acabará. “Nada de mal acontecerá em 2012. Há 4 bilhões de anos a terra está indo bem, sem problemas que podem ser interpretados como ameaças para o mundo.

Cientistas de credibilidade não apontaram,

até agora, nenhuma

evidência que pode ser ligada ao fim da vida no planeta”, disse ao site da agência espacial norte-americana.

Segundo o meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Franscisco de Assis, o Brasil está sob a influência do fenômeno climático da La Niña, que corresponde ao resfriamento das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental: “Vem ocorrendo redução de chuvas no Nordeste brasileiro e isso deverá continuar com essa condição até meados do ano. Neste contexto, o restante do ano não será bom para o Nordeste”.

E como vai ficar o clima do último ano (pelo menos segundo

o calendário maia)? Francisco explica que a tendência de

situação neutra do Oceano Pacífico Equatorial ou de possível início do El Niño – fenômenos ligados a alterações significativas da temperatura da superfície da água, a tendência é de que haja um inverno bastante irregular, “com ondas de calor e de frio”. A primavera também deve ser mais quente no Centro-Oeste e Sudeste do país.

Como mais um reforço à teoria da inundação global (que o filme 2012 mostra bem), o Grupo de Pesquisas em Mudanças Climáticas (GMPC) prevê, para este ano, o aumento de dias secos e secura do ar, possibilidade de secas mais intensas e frequentes e possíveis elevações do nível do mar.

Ilustração: Bruno Brandão

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Sustentabilidade no dia-a-diaMedidas domésticas contribuem para a preservação da natureza

iniciativas

meio ambiente

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Junho é o mês de comemoração ao Dia Mundial do Meio Ambiente. A data é celebrada anualmente no dia 5, por conta da primeira confe-rência das Nações Unidas sobre o tema, em 1972, na qual ações em conjunto começaram a ser plane-jadas. Perto da data, a equipe do Ar-tefato foi em busca de pessoas que procuram valorizar a sustentabilida-de com projetos simples. Encontra-mos a dona de casa Maria Francisca Silva, 67 anos, moradora de Águas Claras, e defensora da natureza.

Maria faz diariamente pequenas coletas seletivas em casa e garante que, além de ajudar na organiza-ção do lar, consegue contribuir para preservação. “Começo separando os papeis e vidros em uma sacola plástica, depois os lixos orgânicos, aí fica fácil separar os outros”, ga-rante.

Os projetos se estendem a empresas de grande porte como o Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), instituição que inte-gra no dia a dia dos funcionários projetos sustentáveis. Em 2012 o grupo se empenha na campanha

Tuane Dias

SAIBA MAIS• Você sabia que o vidro é 100% reciclável, portanto não é lixo?1kg de vidro reciclado produz 1kg de vidro novo e pronto para ser utilizado.

• A reciclagem de 1 tonelada de aço economiza 1.140 Kg de ferro, 155 Kg de carvão e 18 Kg de cal.

• 100 toneladas de plástico reciclado evitam a extração de 1 tonelada de petróleo.

• A cada 28 toneladas de papel reciclado evita-se o corte de 1 hectare de floresta (1 tonelada evita o corte de 30 ou mais árvores).

ECOnomize, que busca reduzir, reutilizar e reciclar. “O objeti-vo do projeto é promover ações de sustentabilidade, visando a conscientização dos funcioná-rios sobre o consumo responsá-vel de energia elétrica e papel”, declara umas das responsáveis pela campanha, a gerente Zulde-ne Cipriano.

Os projetos se estendem ain-da à população. O Governo do Distrito Federal lançou no fim de 2011 o projeto Plano de Pro-dução e Consumo Sustentáveis (PPCS), que visa reduzir o uso

de sacolas plásticas e banir o uso de substâncias que agridem a camada de ozônio.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, essas metas devem ser cumpridas até o ano de 2014. “O plano brasileiro foi elaborado de forma articulada, por meio de um comitê gestor, composto por diversos represen-tantes do governo, pensando em melhorias, assim toda a popu-lação será beneficiada”, afirma a assessora de comunicação do Ministério do Meio Ambiente, Bárbara Bomfim.

Cuidado com a água• Utilize corretamente a água quando for escovar os dentes: desligue a torneira antes do enxágue.

• Na hora do banho diário desligue o chuveiro quando estiver se ensaboando e evite banhos prolongados.

• Ao lavar a louça, enquanto estiver ensaboando pratos e talheres. A torneira deve estar fechada.

Energia

• Abra a janela e evite acender as luzes durante o dia. Jamais se esqueça de desligá-las ao sair do ambiente.

• Desligue aparelhos eletrônicos caso não sejam utilizados.

• Dedique dias da semana para lavar e passar roupas, aproveitando a capacidade máxima dos equipamentos.

LixoUma maneira simples de preservar o meio ambiente é realizando uma coleta seletiva adequada para o lixo, separando em:• Material Orgânico • Papel

• Vidro• Metal• Plástico

Tudo isso, devidamente separado, é reaproveitado e utilizado na fabricação de novos produtos.

Ilustrações: Bruno Brandão

Transporte

• Quando possível utilize meios de transportes públicos, ou pegue uma carona com um amigo, combine rodízios de carros

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O retorno dos carrinhos de feira?

A retirada de sacolas plásticas dos mercados pode ajudar o meio ambiente e causar transtornos para os consumidores

compras

meio ambiente

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Letícia Pires e Monalisa Santos

Em janeiro desse ano, os super-mercados de São Paulo deixaram de fornecer sacolas plásticas aos consumidores. A medida é resulta-do de lei municipal que determina a substituição de sacolas fabrica-das à base de petróleo por sacolas reutilizáveis e biodegradáveis fei-tas de amido de milho, cobradas por R$ 0,20.

Em Brasília, isso ainda não é uma realidade. Porém, no mês de fevereiro foi publicado no Diário Oficial da União a Lei 4765/2012, que pede a substituição de sacolas e sacos plásticos por embalagens de material biodegradável. Os es-tabelecimentos comerciais e in-dustriais e a administração públi-

ca direta e indireta deverão tomar medidas para adaptação no prazo de um ano.

A cobrança e a disponibilização das sacolas recicladas ou reutilizá-veis para o consumidor final ficarão a critério de cada estabelecimento. No entanto, é bom levar em consi-deração – como diz a lei – que essa iniciativa vai ser um diferencial de mercado e concorrência.

Edivades Gonçalves, dono de supermercado no Guará II, não conhece a nova Lei Distrital, mas já colocou embalagens recicláveis à venda, porém ainda não há pro-cura grande. Para ele, as sacolas não têm sido vendidas porque, além das embalagens comuns se-rem mais práticas, elas são gratuitas.

A consumidora Zilda Alvaren-ga aderiu recentemente às sacolas

retornáveis. “Trago de casa para fa-zer as compras e quando esqueço compro no supermercado as bio-degradáveis, mas não são todos os estabelecimentos que oferecem”, conta a dona de casa.

Além das sacolas retornáveis, o uso de caixas de papelão é uma al-ternativa para guardar as compras, mas não agrada todos os consumi-dores. “Não gosto. São desconfor-táveis e difíceis de transportar”, diz Maria Isabel Pereira, que esporadi-camente faz compras em atacados – que não fornecem sacolas.

Problema ambientalO problema dos sacos é o uso

em quantidade exagerada. São cer-ca de 150 sacolas usadas por cada consumidor no mês. Por serem majoritariamente constituídas de materiais não biodegradáveis, a natureza não é capaz de eliminá--las. São feitas de polietileno, vin-dos de combustíveis fósseis. Sua exploração acarreta inúmeros im-pactos ambientais no solo, água e gases poluentes.

Apesar dos problemas no meio ambiente, a engenheira ambiental da Universidade Católica de Brasí-lia (UCB) Beatriz Rodrigues lem-bra que existe uma cadeia produti-va que ficará desempregada com o banimento. “É preciso apresentar alternativas para vendedores e in-dustriais. Uma das alternativas é a confecção de sacolas retornáveis e carrinhos simplificados para com-pras, bem como o investimento em tecnologia que garanta 100% da re-ciclagem das sacolas”, explica.

Para o economista Carlos Al-berto Ramos, da Universidade

de Brasília (UnB), o fim das saco-las vai gerar uma racionalização maior. “Um bem quando é pago tem melhor qualidade do que um gratuito, e é menos desperdiçado. Mas isso significa mexer no bolso”, diz. Segundo o economista, a nova medida vai ser lucrativa para os mercados, já que por ano são gas-tos aproximadamente por esses es-tabelecimentos R$ 19 milhões com embalagens plásticas.

O hipermercado Walmart tem, desde 2008, em alguns estados brasileiros uma campanha de desconto para reduzir o consu-mo de sacolas: o cliente que não usa embalagens plásticas recebe R$0,03 de desconto a cada cinco produtos comprados.

Antônio Costa, gerente do su-permercado Big-Box afirma que o problema não são as sacolas plásticas, mas a forma errada do descarte. “A população precisa de campanha de conscientização, es-trutura para coleta seletiva, regu-laridade no recolhimento do lixo e principalmente aprender a for-ma correta de descarte. O governo fala em ações sustentáveis, atu-ando em consequência, quando deveria atuar nas causas”, conclui.

Sacolas biodegradáveis, carrinhos, sacolas de feira. As alternativas já estão no mercado, mas a população ainda não perdeu o costume de usar os “saquinhos”

O descarte inadequado de embalagens plásticas motivou o uso de sacolas biodegradáveis

Fotos: Anna Cléa Maduro

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sabores

“Riso” popularCulinária italiana vai ser o tema do maior festival gastronômico do planeta

pratos

Taísa Lima

Arbóreo, carnaroli e vialone são os três tipos de arroz usados para preparar o risoto. O prato é de origem italiana: “riso” é arroz em italiano e “risotto” significa arroz pequeno. A característica principal é que o arroz, depois de cozido, fica bem úmido. À base são acrescentados ingredientes como manteiga, vegetais, carne e algum caldo, podendo ser de legumes, de carne ou de galinha. O arbóreo é o tipo mais usado e versátil: é encontrado em supermercados e custa em média R$9 para ½ kg.

A chef Catarina Melo, 34 anos, é personal chef e oferece cursos

regulares de carnes, sobremesas, pratos básicos, entre outros. Segundo Catarina, o risoto é o queridinho dos alunos. Todos os meses há uma aula dedicada ao prato. No curso não pode faltar o risoto de camarão com morango e champanha. Para fazer a receita são precisas algumas regras básicas. A principal é que “para um legítimo risotto italiano, obedeça essencialmente o tempo de cozimento, que é de 18 a 20 minutos”, ensina Catarina.

FestivalOs apreciadores da culinária

italiana poderão aproveitar pratos, como o risoto, no maior festival

gastronômico do mundo, que vai acontecer em Brasília. O Festival Brasil Sabor está na 7ª edição e ocorrerá entre 3 de maio e 3 de junho. A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) firmou parceria com a Embaixada da Itália para celebrar o Momento Itália no Brasil. Os chefs irão preparar um prato específico para o Brasil Sabor que homenageie a influência da cultura italiana na gastronomia brasileira, levando em consideração a especialidade da casa, as características e a tradição local. O preço promocional durante o período de realização do evento vai de R$25 a R$46. “O valor de R$25 é uma homenagem

em comemoração aos 25 anos de tombamento da capital como patrimônio da humanidade”, afirma a assessoria da entidade. Serão mais de 120 restaurantes participantes em Brasília, Taguatinga, Águas Claras e Gama. No site do evento, (www.brasilsabor.com.br/festival), você encontra os restaurantes participantes, valores, pratos e as receitas.

Se você não tem dinheiro ou tempo de ir aos restaurantes do festival ou quer apenas entrar no clima do festival, a chef Catarina sugeriu uma receita de risoto fácil e com preço acessível. A receita é para quatro pessoas e custa aproximadamente R$16.

Ingredientes

- 1 colher (sopa) de manteiga- 1 colher (sopa) de azeite- 1 colher (sopa) de cebola picada- 320 g de arroz arbóreo- 200 g de ervilhas frescas- 200 g de presunto em fatias- 100 ml de suco de laranja- 1 ½ l de caldo de legumes- 100 ml de vinho branco seco- 100 g de queijo parmesão ralado na hora- Sal- Pimenta do reino

Preparo

Derreta a manteiga e acrescente o azeite. Refogue a cebola picada até ficar transparente. Adicione o arroz e frite por um minuto.

Deglaceie com o vinho branco seco e deixe que evapore o álcool. Acrescente aos poucos o caldo ao risoto e repita a operação durante 18 a 20 minutos.

No final do cozimento, acrescente as ervilhas e o presunto e por último o parmesão.

Risoto de Presunto e Ervilhas Frescas

Prove o sabor do risoto e acerte o sal se necessário e em seguida teste o ponto do cozimento, deve estar “al dente”. Sirva em seguida.

Dica

Foto: Taísa Lima

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cultura

Mobilização pela arteMoradores de Samambaia se unem pela

implantação do complexo cultural da cidade

acesso

Luma Soares

Música, teatro e dança marcaram o 33ª Sarau Complexo de Samam-baia. O objetivo do evento é mobi-lizar a sociedade, artistas e agentes governamentais para a construção do complexo. Os saraus ocorrem sempre na última sexta feira do mês, em lugar a ser escolhido na cidade. No mês de março foi realizado no 12º Grupamento de Bombeiros Mi-litares, e reuniu mais de 400 mora-dores de Samambaia e entorno.

“Há quatro anos, o Sarau Com-plexo vem fortalecendo e investindo na cultura local, além de favorecer a inclusão social e o turismo cultu-ral na cidade”, afirma Domício Cha-

Terreno onde será construído o complexo cultural está localizado ao lado do metrô da cidade

ves, um dos conselheiros do evento. “Queremos divulgar a arte para toda sociedade e incentivar as pessoas a apreciar o que é bom. A cultura pulsa, mas é preciso que as pessoas sintam essa pulsação. Esse é o nosso objetivo”, explica.

Para Francisco César Marques, 41 anos, morador de Samambaia, a ini-ciativa da construção do complexo cultural é mais uma oportunidade para as crianças e os jovens pensarem no futuro. “Brasília precisa de alguém que invista na cultura. Esses projetos unem as pessoas. Nos tornam mais ci-dadãos. Torço para esse complexo seja um referencial não só em Brasília, mas em todo país”, acredita.

A conquista do terrenoDesde 2009, a implantação do

Complexo Cultural de Samambaia é discutida na Câmara Legislativa do

Durante o 33º Sarau Complexo, artista grafita em painel

““““ Samambaia será o grande pólo

cultural do Distrito Federal.

Risomar Carvalho

Mais informações:

O futuro complexo será Quadra 102 Conjunto 04 Lote 02 - Centro Urbano,

em Samambaia Sul

SERVIÇOSERVIÇO

Fotos: Luciana Saade e María Ramasco

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Distrito Federal. Em 2011, como nada havia sido fei-to, artistas da cidade e en-torno acamparam em um local propício à criação do complexo e demandaram posição da Justiça. Depois da iniciativa, o GDF aten-deu a reivindicação e, em parceria com a Secreta-ria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Se-dhab), designou o terreno para a obra. Assim como as escolas, os hospitais e as delegacias, o complexo cultural será patrimônio do GDF.

O terreno está localiza-do junto à estação terminal do metrô e tem 14 mil m². Serão investidos mais de R$ 12 milhões na constru-ção, que está previsto ser

inaugurado em 2014. Na primei-ra etapa da obra, que começa este ano, serão gastos R$ 5 milhões, fi-nanciados pelo Fundo de Desenvolvimento Urbano do Distrito Federal (Fundurb) e pela Sedhab.

Ainda não há dotação orçamen-tária oficial do GDF para o complexo cultural, pois ainda não há projeto finalizado. A administração Regio-nal de Samambaia abrirá em breve uma licitação para contratar os ser-viços de elaboração dos projetos de arquitetura e engenharia. Para os responsáveis pelo sarau, a vitória do movimento cultural consiste em fazer com que o governo invista no projeto e dê total apoio. “Não tería-mos conseguido chegar até aqui se não fosse por esse Sarau Complexo. Estamos recebendo pedidos para continuarmos realizando os saraus”, conta Risomar Carvalho, adminis-trador de Samambaia.

O complexo cultural vai desen-volver várias atividades como artes plásticas, música, poesia, cinema, oficinas, cursos técnicos, além de disponibilizar biblioteca, auditório e alojamentos. E será aberto para toda população do DF.

Investindo na culturaSálvia Barbosa Faria, 49 anos, saiu

de Taguatinga para participar do sa-rau e apoiar a construção do com-plexo. Ela revela que esses eventos culturais são fundamentais para as pessoas carentes. Garante qualida-de de vida e integra as crianças com a arte. “Esse sarau me dá a certeza de que o complexo cultural vem pra fazer a diferença na vida de todos nós”, afirma. “Quando as pessoas dizem que Samambaia é uma cida-de fria, o Sarau Complexo mostra que os movimentos culturais estão fervilhando”, revela Marcos Gomes, comandante do grupamento de bombeiros de Samambaia e um dos incentivadores do evento.

Segundo dados da Secretaria de Cultura do Distrito Federal, o Fundo de Apoio à Cultura (FAC) apoiou, em 2011, 283 propostas de projetos cultu-rais. Mais de R$ 25 bilhões foram in-vestidos na cultura em todo DF neste ano. Samambaia recebeu um total de R$ 844 milhões para projetos locais. É com base nesses dados que o sarau continuará investindo na luta pela construção do complexo cultural.

Page 22: Artefato - 04/2012

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cultura

O aumento do número de

filmes dublados nos cinemas

divide opiniões

dublagem

“Até daqui a pouco,

bebê”

E se a frase do título, uma das mais famosas do cinema, só pudes-se ser ouvida em português? Essa é a polêmica que o aumento da dublagem no cinema tem gerado. Pesquisa feita pela empresa de me-dição de mídia Rentrak revela que o número de filmes dublados que chegou aos cinemas quase dobrou no período de um ano. Em 2010, foram 44 filmes; em 2011, 77. Uma pesquisa de 2008 realizada pelo Instituto Datafolha, encomendada pelo Sindicato das Empresas Distri-buidoras Cinematográficas do Mu-nicípio do Rio de Janeiro, revela que 56% das pessoas que vão aos cine-mas preferem assistir a filmes du-blados ao invés de legendados. Mas o que é melhor: não perder nem um segundo da ação ou ouvir o sotaque texano do ator em inglês?

Alguns dos espectadores que pre-ferem os filmes dublados alegam que as legendas, às vezes, tiram a atenção. Há casos em que o espec-tador assiste só a determinados gê-neros de filmes na versão dublada.

Mariana de Ávila

“Geralmente, filme de ação é me-lhor assistir dublado, porque você não perde a concentração”, conta o oficial da polícia Alcenor Pereira dos Santos, que foi à estreia de Jogos Vo-razes e optou por assistir o filme na versão dublada.

No entanto, essa predileção dos espectadores não encontra eco entre alguns críticos e estudiosos. O crítico de cinema Pablo Villaça, do site Cinema em Cena, é cate-górico ao afirmar que a dublagem prejudica o filme. “É uma mutila-ção do filme. É pegar um elemen-to importantíssimo da narrativa e

substituir por um equivalente ca-penga”, afirma. Esse elemento é o som.

A jornalista Ana Maria Bahia-na, uma das votantes do Globo de Ouro, lembra que o som começa a ser pensado pelo diretor logo no início do projeto. “É um dos ele-mentos mais importantes de um filme. Nele está a maneira como o diretor pensa em usar as vozes dos atores, o sotaque, além do som de fundo, por exemplo. E isso é essen-cial para a história.” Já o jornalista Roberto Sadovski, embora prefira assistir aos filmes legendados, não vê com maus olhos a dublagem. “Só se você for muito, muito, mui-to chato pra achar que a dublagem prejudica o filme”, afirma.

Cinema em BrasíliaNa semana de 13 a 19 de abril,

73% das sessões eram de filmes com cópias legendadas. Alguns ci-

nemas, no entanto, têm na progra-mação a maioria dos filmes apenas com cópias dubladas, inclusive os destinados a adultos. Nos cinemas do Pátio Brasil, da rede Severiano Ribeiro, com exceção de O príncipe do deserto, todos os outros filmes em língua estrangeira estavam em sessões dubladas.

O bombeiro militar Ânderson Luiz Galdino, que gosta de assis-tir a filmes legendados, encon-trou dificuldades para ver O Lorax - Em Busca da Trúfula Perdida. “Também sempre vejo animações legendadas. O raciocínio é o mes-mo. Se o diretor escolheu deter-minado ator para compor aquele personagem é porque ele tinha suas razões criativas e isso deve ser respeitado”, explica. Durante a semana analisada, a animação tinha apenas uma sessão legenda-da e oito dubladas.

A programação dos cinemas

Nos cinemas multiplex da capital federal, sessões dubladas aumentaram: o público pede

Foto

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iana

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Ávila

Geralmente, filme de ação é melhor assistir dublado, porque você não perde a concentração

Alcenor Pereira

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Cultura

• A dublagem foi muito usada em filmes italianos produzidos depois da Segunda Guerra Mundial. Era raro ver filmes gravados com som direto. Geralmente, depois de rodar o filme, os atores iam para o estúdio e gravavam os diálogos, que eram inseridos no filme durante a pós-produção. Ainda hoje, filmes dublados são frequentes na Europa.

• No filme In the Land of Blood and Honey, lançado em dezembro nos Estados Unidos, a diretora Angelina Jolie rodou o longa em duas línguas: uma em inglês e outra em sérvio e bósnio. A história, carregada de tom político, se passa durante a Guerra da Bósnia, nos anos 90. No período de gravação, eram feitas tomadas sucessivas. Na primeira, os atores falavam em inglês; na segunda, os sérvios falavam sérvio e os bósnios falavam bósnio. O recurso, que aumenta os gastos do filme, é pouco utilizado no cinema.

Leia mais no blog do Artefato: www.artefatoucb.blogspot.com

de 10 anos atrás dá uma ideia do aumento da dublagem nas salas nacionais. No primeiro fim de se-mana de 2002, dos 17 filmes em língua estrangeira em cartaz em Brasília, apenas dois, Harry Potter e a Pedra Filosofal e Monstros S/A, infanto-juvenis, tinham sessões com duas opções de áudio. Os ou-tros 15 filmes eram legendados.

TelevisãoDados divulgados pela Associa-

ção de TV por Assinatura (ABTA) revelam aumento de espectadores da classe C: em 2004, 6% tinham TV por assinatura em casa; em 2010, o número subiu para 12%. Esse crescimento é usado como justificativa para o aumento de fil-mes dublados e também explica

por que alguns canais pagos prefe-rem transmitir uma série dublada em vez de legendada.

Na verdade, a televisão brasileira está tecnicamente preparada para oferecer as duas opções de áudio. “Hoje é perfeitamente possível na maioria das operadoras a disponi-bilização das faixas de áudio origi-nal, áudio dublado e legendas em vários idiomas, inclusive espanhol, para seleção no próprio controle ao critério do pagante”, comenta Bruno Carvalho, do site Ligado em Série.

Para o jornalista Flávio Ricco, colunista de TV do UOL, embora o Brasil possua boas empresas de dublagens, sempre há certo preju-ízo em relação ao original. “O ator do filme dá uma interpretação ao personagem que, às vezes, não é a mesma do dublador. Essas diferen-ças podem comprometer. O mes-mo se aplica aos seriados da TV, embora sejam obras mais comer-ciais”, explica.

Em produções como as sitcoms, algumas piadas perdem o sentido e os diálogos, o ritmo. “A dublagem

não apenas altera a voz dos perso-nagens, mas também toda a edição e mixagem de som, além de modi-ficar, muitas vezes, o real contexto de diálogos importantes, algo que legendas também fazem, mas em menor grau”, diz Bruno.

Inconformados com a predomi-nância da dublagem na programa-ção da televisão, a Sociedade dos Blogs de Séries lançou, na Internet, a campanha “Dublado sem opção, não!”. A ideia é chamar a atenção dos canais pagos para que eles ofe-reçam os filmes e séries com áudio original e legendas e, também, na versão dublada. Ou seja: a escolha do áudio. Há, para isso, uma peti-ção, que pode ser assinada virtual-mente. Até a data de fechamento do Artefato, o documento tinha mais de 6000 assinaturas. “O con-teúdo dublado deve ser apresen-tado como uma alternativa à obra original e não como o padrão que é hoje”, comenta Bruno. Para Flá-vio Ricco, a Internet é uma boa forma de protesto. “A Internet, quando bem utilizada e para fins absolutamente justos, é uma fer-ramenta excepcional nos dias de hoje”, completa.

Para o crítico de cinema Pablo Villaça, a dublagem prejudica o filme - e muito

Foto: Nayara de Andrade

CURIOSIDADES

Page 24: Artefato - 04/2012

saideira

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Flávia Fonseca e Jussara Meireles

As Bruxas estão soltas

Você sabia que existem cerca de 2 mil bruxos e bruxas de várias ci-dades do Distrito Federal? Prepa-rem-se porque a magia está mais próxima do que você pensa. Porém, ao contrário do que sua tia desatu-alizada pode imaginar, não tem a ver com, dar maçãs envenenadas aos enteados ou coisas do tipo. As bruxas de verdade buscam o auto-conhecimento, a evolução pessoal e o convívio em harmonia com o meio ambiente.

Conhecida como uma religião neo-pagã, a Wicca utiliza elemen-tos do paganismo. Contudo, ela mescla alguns traços dessa crença com a cultura atual. “Não estamos tentando reproduzir o modo de viver dos antigos e sim aprender com sua mentalidade e conexão”, explica Iana Costa, ou Sacerdotisa Shay Arianrhood, como é conhe-cida no meio a taróloga e estu-dante de Psicologia.

Para tornar-se um praticante, os aprendizes devem seguir regras. É preciso investidura sacerdotal, como dos padres, por exemplo. “A vantagem é que não há necessida-de de ficar à parte da sociedade”, detalha Márcia Bianchi, ou sacer-dotisa Mavesper Cy Ceridwen, pre-sidente da Associação Brasileira de Arte e Filosofia da Religião Wic-ca (Abrawicca). “Um bruxo não é muito diferente. Vai casar, vai ter fi-lhos, vai fazer o que bem entender. Mas há a parte em que ele precisa se preparar. Muito do tempo livre, em que ele não está estudando ou trabalhando, vai dedicar às práticas

de sacerdócio. E depois de iniciado, vai ter deveres de servir à comuni-dade, às pessoas que o procurarem, etc. Tudo isso é igual (aos sacerdotes cristãos)”.

Os praticantes da Wicca voltam-se principalmente ao culto do femini-no como sagrado. Eles acreditam no conceito de imanência, onde tudo é sagrado, do arbusto do jardim à Cor-dilheira dos Andes.

A Wicca é uma religião de culto à Deusa Tríplice referida nas religi-ões neo-pagãs como portadora de 3 faces: donzela, mãe e anciã, que

Doutrina usada antes do surgimento do cristianismo em que as pessoas cultuavam a natureza e seus ciclos. Era do resultado do que a terra produzia que os homens dependiam para viver.

junto com seu companheiro seguem rituais dos ciclos lu-nares e solares. “Ela é regida pelos seguin-tes conceitos: a grande teia universal, que significa que

todas as coisas são interconectadas e que uma influencia a outra. A lei tri-pla, que quer dizer ‘você pode fazer o que quiser, mas, tudo o que você fizer vai voltar pra você três vezes’. E o que a gente chama de conselho wicca-niano ‘fazes o que quiseres sem nin-guém prejudicares’. São norteamen-tos éticos simples e todo mundo que pratica Wicca segue”, diz Mavesper.

Os devotos celebram várias divin-dades, como os deuses da mitologia egípcia, romana, grega, celta, nórdi-ca e indígena brasileira. Além disso, eles buscam colocar corpo e espírito em sincronia com o planeta, então apóiam a liberdade, o não precon-ceito, o conhecimento pessoal e o respeito mútuo.

Segundo o teólogo José Lisboa Moreira de Oli-veira, o Centro-Oeste é considerado privilegiado pelos chamados místicos, porque existe concen-tração muito grande de energia. “Tudo isso, com certeza, colabora pra que as pessoas se reúnam em torno de um referencial. As

Mais informações www.ibwb.com.br

www.abrawicca.com.br

pessoas precisam de um referencial pra viver”. E os wic-canianos parecem ter encontrado isso. Eles se reúnem em grandes festas para realizar rituais em lo-cais como o Parque da Cidade e a Chácara Templo da Deusa, a aproximadamente 20 km da Rodoviária do Plano Piloto.

Para quem ficou curioso e quer saber do que se trata, no último domingo de cada mês há atendimentos gra-tuitos com oráculos, cura de cristais e xa-mânica, massagem, astrologia, dentre outros. Basta chegar cedo para garantir uma consulta.

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