artefato - 10/2012

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a rtefato Ano 13, nº 6 Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília distribuição gratuita Brasília, outubro de 2012 Foto: Ana Ribeiro destino limpo Reciclagem do óleo de cozinha transforma produto em outros materiais e ainda impede descarte de maneira inadequada. p.12 e 13 Roller derby Esporte diferente reúne garotas com atitude e estilo sobre patins. p. 18 e 19 Casamento por atacado Cerimônia social organizada pela Sejus une pessoas que não têm a oportunidade de realizar sonho por conta própria. p. 11 Mães independentes Aumenta o número de mulheres solteiras que engravidam por meio de bancos de sêmen. p. 14 e 15 Foto: Gabriella Avila

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Jornal laboratório da Universidade Católica de Brasília

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artefato Ano 13, nº 6

Jornal-laboratório do Curso de Comunicação

Social da Universidade Católica de Brasília

distribuição gratuita

Brasília, outubro de 2012Fo

to: A

na R

ibei

ro

destino limpo Reciclagem do óleo de cozinha transforma produto em outros materiais

e ainda impede descarte de maneira inadequada. p.12 e 13

Roller derbyEsporte diferente reúne garotas com atitude e estilo sobre patins. p. 18 e 19

Casamento por atacadoCerimônia social organizada pela Sejus une pessoas que não têm a oportunidade de realizar sonho por conta própria. p. 11

Mães independentesAumenta o número de mulheres solteiras que engravidam por meio de bancos de sêmen. p. 14 e 15

Foto: Gabriella Avila

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OPINIÃO editorial

artefato

COLUNA DO HERALDO

ExpEdiEntEJornal-Laboratório do Curso de

Comunicação Social daUniversidade Católica de Brasília

Ano 13 nº 6, outubro de 2012

Reitor: Dr. Cicero Ivan GontijoDiretora do Curso de Comunicação Social: Prof.ª Angélica Córdova Machado MilettoEditores-chefe: Gabriella Avila e Guilherme AssisEditora de arte: Fernanda XavierEditores web: Bruno Bandeira e George MagalhãesEditores de fotografia: Giullia Chaves e Rayna FernandesSubeditores de fotografia: Alex Santos, Ana Ribeiro, Flávia Simone, Giovana Carolina Gomes, Simone Sampaio e Thalyne RibeiroEditores de Texto: Arthur Scotti, Carolina Meneses, Gabriela Costa, Marília Lafetá, Rosália Almeida, Suélen EmerickDiagramadores: Bianca Lima, Natália Alves, Silvânia Sousa e Wilma Mendonça Checadores: Sheylla Alves e Kleyton Almeida Repórteres: Alana Araújo, Aline Baeza, Alexandre Magno, Aline Marcozzi, Bárbara Nascimento, Everton Lagares, Francisco Daniarle, Jéssica Paulino, Jussara Santos, Lincoln Maia, Lorena Vale, Ludmila Rodrigues, Mayra Rodrigues, Paula Morais, Rafael Alves, Samanta de Lima, Thiago Baracho, Vinícius RochaFotógrafos: Anna Cristina, Débora Amorim, Flávia Fonseca, Guilherme Azevedo, Igor Bruno, Jusciane Matos, Murilo Lins, Nikelly Moura, Raiane Samara, Renato Gomes, Rhayne Nunes, Ricardo Felizola, Shizuo Alves e Victor MacielMonitora: Fabiana SousaProfessoras Resposáveis: Karina Gomes Barbosa e Fernanda VasquesOrientação Gráfica: Prof. Moacir MacedoOrientação de Fotografia: Prof. Bernadete Brasiliense

Tiragem: 2 mil exemplares Impressão: Athalaia Editora

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

EPCT QS 07 LOTE 1 Águas Claras - DFCEP: 71966-700

Tel: 3356-9237 - [email protected]

A pedido de Ronaldo, cantina [ao fundo] é o primeiro prédio do CT a ser construído

Está decidido. Em Brasília, membros da Fifa e da CBF

confirmaram que o CT da seleção brasileira na Copa de 2014 será em Taguatinga, no Serejão. Critérios como clima, proximidade do setor hoteleiro e do comércio local fize-ram com que o estádio, um primor da arquitetura, fosse escolhido.

Roberto* garante que após deter-minação de que a capital não se-

diaria o jogo de abertura do evento, um clima pesado ficou instaurado no Comitê Organizador da Copa. O presidente da CBF, José Maria Marin, disse estar satisfeito após elogios vindos de Joseph – manda--chuva – Blatter em relação ao rá-pido início de reformas nos arre-dores do estádio.

Ronaldo, o rechonchudo mem-bro do Comitê Organizador da Copa 2014, esteve no canteiro de obras e se emocionou ao ver como está o hotel cinco estrelas que alo-jará os jogadores durante a prepa-ração e os jogos. “Realmente foi uma boa escolha. Com certeza os prazos serão cumpridos, a obra será entregue e a seleção brasileira será bem recebida na região”, disse.

O ex-jogador não quis entrar em

Serejão Será caSa da Seleção na copaFifa e CBF confirmam estádio taguatinguense na competição mundial de futebol

assuntos relacionados à permanên-cia de Mano Menezes na seleção. Entretanto lamentou a falta de um substituto à sua altura para a cami-sa 9. “Descobri recentemente que o Kaká não está bem pelo mesmo problema que eu em 1998. O Ney-mar ainda é novo e não tivemos um atacante que conquistasse a vaga que deixei”, lamenta.

O herói do penta ainda comen-tou a má situação da seleção bra-sileira, que segundo ele está com mais sorte contra times sem expres-são. O fenômeno de peso encheu

de esperança o torcedor que sonha vê-lo novamente nos campos. “Se a seleção continuar sem um camisa 9 fixo vou voltar a treinar. E já vou avisando que brigo por uma vaga. Mas só faço isso se a comida no CT em Taguatinga for boa, então caprichem na recepção”, obtempe-rou. O contestadíssimo técnico da seleção brasileira não quis comen-tar protuberância do ex-jogador.

*Roberto é um nome fictício e qualquer semelhança com a reali-dade é mera coincidência.

Gabriella Avila e Guilherme Assis

Nós, estudantes de Comuni-cação Social, produzimos

este jornal para que ele chegue a todos os cantos de Brasília. Você pode tê-lo recebido numa estação de metrô, na sua faculdade ou no seu trabalho. Pode ser que o pegou por curiosidade ou até por educa-ção.Não conhecemos seus interes-ses, mas pensamos no que pode te atrair, te informar sobre algo que

você não sabia. Algo que possa fa-zer parte de suas conversas, te levar a uma reflexão e contribuir de al-guma forma para o seu dia-a-dia.

Não temos resposta à pergunta do título. Inclusive, gostaríamos de conhecer cada um de vocês que re-cebem nosso trabalho. Como isso não é possível diretamente, você pode comentar o que achou das pautas e matérias dessa edição e das próximas na nossa página no Face-book: Artefato UCB ou no twitter @

Artefatoucb. Estamos na torcida de que nosso conteúdo alcance o obje-tivo de despertar seu interesse. Essa é parte da nossa missão enquanto novos jornalistas.

Esta edição traz de tudo um pouco: uma reflexão sobre meio ambiente, um esporte curioso e pouco conhe-cido, alertas sobre a saúde do corpo e dos cabelos, entre outros assuntos. Esperamos encontrar o elo entre o que achamos interessante e o que, de fato, é interessante pra você!

Quem é o leitor do artefato?

Foto: Michele Brito

3SATÉLITES

Região administrativa de classe média, a cidade ainda sofre com problemas como apagões e falta de segurança

Rayna Fernandes e Silvânia Sousa

Projetada pelo arquiteto e ur-banista Paulo Zimbres, Águas

Claras foi planejada como cidade dormitório para abrigar a classe média. Famosa por ser o maior canteiro de obras do Brasil, a re-gião administrativa de Águas Cla-ras abriga cerca de 135 mil pesso-as. Em sua criação era apenas um bairro da região administrativa (RA) de Taguatinga, mas desde 2003 a cidade foi emancipada e tornou-se a RA-XX.

Águas Claras completa em 2012 nove anos de independên-cia, mas enfrenta problemas com a falta de infraestrutura e planeja-mento urbano.O número de mo-radores triplicou em seis anos, e a cidade já dá sinais de inchaço populacional, o que, sem dúvida, gera inúmeros transtornos.

A renda bruta domiciliar men-sal média de Águas Claras é de R$6.823,00 correspondendo a 13,4 salários mínimos. Os níveis de es-colaridade da população variam conforme os setores. Em Águas Claras Vertical (centro), o grau de instrução é proporcionalmente ele-vado, sendo considerado um bair-ro de classe média, onde se pode encontrar vários condomínios luxuosos. Cássio Fernandes, 24 anos, estudante de Cinema e Mí-dias Digitais e morador da cidade há três anos, está produzindo um curta-metragem sobre a história da cidade. Segundo ele, Águas Claras é um bairro intermediário e as pes-soas que moram aqui são perten-centes à classe média, porém, não podem morar no Plano Piloto.

Pouca estrutura, muita genteApesar de tantos lotes vazios que

estão destinados a empreendimen-tos imobiliários, a cidade não pos-sui escola pública, posto de saúde e outros serviços públicos essenciais. Além disso, os moradores vêm so-frendo constantemente com a falta de energia. A administração re-conhece o problema e afirma que tem buscado melhorias. “Para au-mentar a confiabilidade no sistema de distribuição de energia, estamos em constante contato com a CEB. Em nossa última reunião ficou acertado que serão instaladas 75 estações transformadoras”, infor-mou a assessoria.

O crescimento desordenado gerou problemas, como a ausên-cia de serviços básicos, o trân-

sito complicado, poucas vagas de estacionamentos e a falta de segurança publica. Além disso, a urbanização da cidade é bastan-te escassa, com poucas calçadas, poucas ciclovias e ruas desorde-nadas. Mayra Karina, 19 anos, mora e trabalhada em Águas Claras: “por interesses comer-ciais, especulação imobiliária, aqui pode se construir tudo o que querem”.

Redes sociaisO jeito é botar a boca no trom-

bone, ou melhor, no twitter. O músico e morador de Águas Cla-ras, Cleber Barreto, 31 anos, ini-ciou, há cerca de três anos, um perfil no twitter para registrar os principais problemas da cidade.

A iniciativa deu certo e conta com aproximadamente 2.400 seguido-res que estão em constante diálo-go e colaboração para buscar so-luções. “Os seguidores são fiscais da cidade e o tempo todo estão de olho em tudo que acontece. Dessa forma, acreditamos que estamos ajudando a melhorar nossa cida-de”, explica.

“Sofremos com as chuvas e com a poeira no período da seca. Nos serviços públicos, acho que vamos ter uma melhora após ter-mos a inauguração do Batalhão da PM e instalações de postos de saúde, porém com a exoneração do Administrador Manoel Car-neiro, acho que tudo isso ficou um pouco mais longe”, afirma o músico.

águaS claraS: projeto ainda incompleto

Com 135.683 habitantes, região não oferece saúde pública. Além disso, serviços públicos são escassos e falhos

Foto: Ricardo Felizola

infraestrutura

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SATÉLITES Perfil

Sr. franciSco,trajetÓria de traBalHo e ética

Vinícius Rocha

Francisco Basílio Cavalcante, 64 anos, encontrou uma bolsa de

couro que con-tinha US$ 10 mil em 2004. Ao fazer a roti-neira inspeção nos banheiros no Aeroporto Internacional de Brasília – tarefa realiza-da em 26 anos de serviço –, o ex-funcionário da limpeza poderia fi car com o equivalente a cerca de 30 mil reais, a época. Quando viu a mala, chegou a abri-la, mas não to-

mou para si nenhum centavo e, de forma honesta, devolveu a bolsa. Logo, a Infraero encontrou o dono, um turista suíço. Demoraria sete

anos para o servente juntar essa quantia re-c e b e n d o apenas R$ 370 por mês.

D e p o i s disso, Chi-co – como é chamado por cole-gas – fi cou nacional-

mente conhecido por sua ação ética. Após o acontecido, o presi-dente Luís Inácio Lula da Silva o

encontrou em quatro momentos, certa vez em uma condecoração no Palácio do Planalto. Em 2006, o funcionário foi homenageado pela Câmara Legislativa com o título de Cidadão Honorário de Brasília.

Antes, passava por despercebi-do pelos passageiros e frequenta-dores do aeroporto, mal ganhava um bom dia. O ex-servente virou celebridade. “Hoje pedem para ti-rar fotos, me procuram para per-guntar por que eu não fi quei com o dinheiro, mas eu respondo com facilidade isso: não fi quei porque não era meu”, justifi ca.

Chico ainda mora com a mu-lher em Céu Azul (GO) e diz que, apesar de não ter ficado com o dinheiro, a vida melho-rou. Com uma promessa do até então presidente Lula, Francisco

Hoje com 64 anos, o ex-funcionário da limpeza do Aeroporto de Brasília que encontrou mala com US$ 10 mil garante que ganhou mais com a honestidade

foi promovido. Passou de ser-vente para encarregado geral

da limpeza, com um salário de R$ 1.805, mais alguns auxílios, como créditos para passagens, que segundo ele, servem para vi-sitar o “grande e lindo Ceará”.

“Eu ganhei muito mais em de-volver o dinheiro. Recebi um au-mento que estava precisando, ganhei um notebook e passagens para Fortaleza onde fui para So-bral. Fora tudo isso, hoje eu posso deitar tranquilamente a cabeça no travesseiro”, conta Francisco, que chegou a ser garoto propaganda do governo federal, onde popu-larizou o slogan “Sou brasileiro e não desisto nunca”.

Brasília demonstrou, pela ati-tude de Francisco, que aqui ainda existem pessoas de bem. “Acho que os políticos devem agir com honestidade, não pegando ou mexendo no que não é deles. Eu tenho uma ideia em mente, de nunca julgar ninguém, cada um tem que olhar pra si, fazer a sua parte, assim o Brasil poderá me-lhorar”, disse.

Ao ser perguntando se voltaria para a faxina, Chico não hesitou e logo respondeu: “Com certeza iria. Não nego de onde eu vim. Te-nho um amor muito grande pelo meu trabalho, mas já estou velho, quero aposentar e curtir os meus oito netos”, conclui.

Francisco Basílio completou, em 2012, 34 anos de trabalho no Aeroporto de Brasília. Além dis-so, trabalhou na construção civil quando morava no Rio de Janei-ro e com estruturas de ferro em Fortaleza. Chico está organizan-do toda a papelada para iniciar o processo de aposentadoria ainda este ano.

Lula autografou a camisa do funcionário no Palácio do Planalto. Francisco presenteou o presidente com uma caneta

Foto: Agência Brasil

Aqui ainda existem pessoas de bem. Acho que os políticos devem agir com honestidade,

não pegando ou mexendo no que

não é deles

““ Aqui ainda existem “ Aqui ainda existem pessoas de bem. Acho “pessoas de bem. Acho “

mexendo no que

mexendo no que

Francisco Basílio Cavalcante

5SATÉLITESSATÉLITES

internet

“ajudem a diVulgar. preciSo Que SaiBam diSSo”

Redes sociais são palcos de compartilhamento de crimes.Autoridades não fiscalizam on-line, mas indicam outra forma de denúncia

George Magalhães

“Isso é um absurdo”. “Faça com que isso chegue à polícia para

esta pessoa ser presa”. Frases como essas são cada vez mais comuns em redes sociais. O objetivo da ação é fazer com que a informa-ção chegue às autoridades compe-tentes para julgamento. Mas qual a real eficácia deste método? A polícia de fato fiscaliza e se utiliza das redes sociais como forma de investigação?

O estudante Jackson Mendes, 21 anos, confessa já ter compartilha-do conteúdos com a ideia de levar adiante para que chegasse a alguém que pudesse tomar alguma provi-dência. “A última vez foi quando fui a uma festa aqui em Brasília. Aconteceram alguns furtos e con-seguiram a foto das pessoas, então compartilhei”, conta. O caso ao qual Jackson se refere aconteceu cerca de um mês atrás em uma festa no Lago Sul. Na ocasião, os bandidos aproveitaram o momen-to para praticar o crime, mas foram flagrados pela câmera de um dos celulares furtados, que tirou fotos quando eles erraram diversas vezes a senha do aparelho.

As imagens chegaram ao email do dono, que divulgou no Face-book. “Acabamos dividindo essas informações, mas depois nem eu mesmo acompanhei para saber o que aconteceu. A gente só tor-ce para que dê em algo”, afirma Jackson. Ele também espalhou outras denúncias, como a da mãe

apontando a arma para a cabeça da filha no colo, diversos carros roubados e locais em que aconte-ceram roubos ou sequestros. “Não dá para saber se é montagem ou se é de verdade, mas compartilho acreditando que alguém vai verifi-car”, diz Jackson.

Ferramenta de denúnciaSegundo a Assessoria do Minis-

tério Público e Territórios, não exis-te uma promotoria específica para investigar crimes cibernéticos, bem como monitorá-los. Ainda segundo o órgão, a ação lhe cabe só quando envolve direitos coletivos. O caso,

primeiramente, necessita passar pela polícia, para que seja iniciado um inquérito. Para a instituição, as redes sociais ainda são um assunto novo a ser explorado.

A Polícia Federal, por meio de sua assessoria, informou que não utiliza nenhuma rede social ou de-núncias on-line para achar algum criminoso. Ainda segundo a PF, o que já aconteceu foram inves-tigações sobre o comportamento on-line de alguém que já estava sob investigação, mas partindo das redes nunca foi feito nada. Já a Polícia Militar declarou que age, atende crimes e ocorrências que

estão acontecendo no momento, ou seja, flagrantes. Quando o cri-me já passou – normalmente ca-sos como os das redes sociais –, a investigação fica por parte da Po-lícia Civil.

Contatada, a Polícia Civil do Distrito Federal informou não haver monitoramento. O órgão já chegou a ter um twitter com infor-mações ao público, que funcionava como canal e atendia ocorrências desse tipo, mas está desatualizado. A orientação para os que desejam fazer denúncias é o modo tradi-cional: o telefone. Quem quiser, deve ligar para o 197 ou se dirigir diretamente às delegacias. Somen-te a partir desse procedimento eles podem agir e apurar o caso.

Do outro ladoUm compartilhamento levan-

tou polêmica nas redes sociais nas últimas semanas, mas dessa vez por ter sido feito por policiais militares. Um adolescente de 17 anos confessou ter assassinado um agente da corporação e foi preso. Logo após, a foto do rapaz foi pu-blicada no Facebook com diversas mensagens indignadas e ofensivas por partes dos amigos do policial morto. O caso chegou ao conhe-cimento da Corregedoria da PM, que afirmou ter iniciado uma in-vestigação interna para descobrir quem publicou a foto e tomar al-guma medida. O processo deve durar 30 dias, no mínimo.

Foto: Murilo Lins

Só compartilhar nas redes sociais não surte efeito

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SATÉLITESSATÉLITES Pdot

cÂmara legiSlatiVa aproVa mudançaS no plano diretor de ordenamento territorial

Qualidade de vida é colocada em pauta e áreas urbanas são defi nidas como rurais. Em compensação, parque ecológico não é mais área de preservação ambiental

Ludmila Rodrigues e Wilma Mendonça

A Câmara Legislativa aprovou em 14 de agosto a atualização

do Projeto de Lei Complementar que determina a divisão de terras do Distrito Federal em duas clas-sifi cações, rural ou urbana. Entre as mudanças realizadas no texto está a simplifi cação nos processos de regularização das áreas irregu-lares, a criação de novas áreas para habitação, como Nova Colina e Nova Petrópolis, ambas em So-bradinho, a criação da outorga de mais valia para a transferência de áreas rurais para urbanas (quando há grande valorização) e a criação de novos vetores de desenvolvi-mento econômico.

Das 39 emendas apresentadas pelo Executivo local, 38 foram aprovadas pela Câmara Legislativa. Segundo a assessoria da Casa foram registrados 17 votos favoráveis, três abstenções e quatro ausências na votação fi nal da proposta.

A atualização corrige artigos considerados inconstitucionais pelo Tribunal de Justiça do DF, por meio de ação movida pelo Ministério Pú-blico. Uma delas foi assinada por quadro deputados distritais, mas contrariou a sugestão do Governo, de converter certa área urbana para rural, o que desvaloriza o terreno.

Em 29 de junho deste ano, quan-do foi realizada a última sessão par-lamentar do primeiro semestre, 27 emendas foram apresentadas. Mas a Comissão de Assuntos Fundiá-rios derrubou 23 das 38 emendas apresentadas ao projeto. A asses-

soria do plenário recebeu outras 11 emendas. O objetivo era alterar no projeto aprovado há quase três anos, regulamentações questiona-das judicialmente sobre que tipo de ocupação poderia ocorrer em cada ponto do DF.

Em nome da qualidade de vidaO GDF sugeriu que o Polo de

Modas do Guará II fosse regula-rizado, já que a área era destinada para comércio, com residências apenas para os comerciantes, mas há tempos foi tomada por prédios residenciais. Com a falta de projeto para parcelamento urbano a região sul do Distrito Federal, próximo ao Setor Tororó, terá de volta sua área rural, porque manteve as caracte-

rísticas essenciais de preservação e estava classifi cada como urbana. A área de 10 mil hectares, equivale a 10 mil campos de futebol. O projeto prevê a redução da zona urbana e a criação de novas áreas rurais. Desse modo, a qualidade de vida na cida-de será preservada, os espaços para os produtores fi carão maiores e ha-verá redução do crescimento urba-no exagerado.

O espaço que fi ca entre o Gama e Santa Maria, próximo ao antigo Núcleo Rural Alagados, também voltará a ser rural. Mesmo sendo uma área urbana desde 1997, não teve ocupação.

Outra mudança acontecerá em um espaço que fi ca próximo ao Vale do Amanhecer, em Planaltina, às margens da DF-130, porque possui grande área verde, com cobertura vegetal preservada. O ideal, segun-do pesquisas, é que essa área volte a ser classifi cada como zona rural.

O meio ambiente perdeO caso do Parque Ecológico Eze-

chias Heringer, no Guará, é emble-mático. Com a votação do PDOT, a área não é mais de preservação ambiental. “Tentei evitar este equí-voco. Apresentei emenda, que foi rejeitada. Tentei uma ação na Justi-ça para impedir a votação em ple-nário do Projeto de Lei do PDOT, mas o juiz entendeu que pode-ria ser votado, mesmo não tendo cumprido o prazo estipulado pela Lei Orgânica do DF para a revisão, que só deveria ser feita em 2013”, pondera a deputada distrital do PSD Eliana Pedrosa.

Deputada distrital pelo PSD, Eliana Pedrosa se opôs à desapropriação da área rural que abrange o Parque Ecológico Ezechias Heringer, no Guará

Foto: Fernando Fidellis

tentei uma ação na Justiça para impedir a votação

em plenário do pdOt, mas o juiz

entendeu que poderia ser votado

““ tentei uma “ tentei uma

Eliana Pedrosa

Eliana Pedrosa

Eliana Pedrosa

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Taísa Tomazini é bibliotecária há 9 anos e destaca as oportunidades que a área oferece

Foto: Anna Cristina

EDUCAçÃOcarreira promiSSora

Cursos de Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia despertam interesse pelas vantagens competitivas. Saiba quais são

Cientistas da informaÇÃo

O cientista da informação ga-nha espaço no mercado de

trabalho. As áreas de atuação, Arquivologia, Biblioteconomia e Museologia, são responsáveis por proporcionar ao engenheiro, ao médico, ao dentista, ao jornalista e a diversos profi ssionais acesso às fontes de pesquisa que contribuem para o desempenho de suas fun-ções. Desde o vestibular, em que a concorrência não é tão alta, até a inserção no mercado de trabalho,o profi ssional da ciência da informa-ção encontra considerável vanta-gem na disputa por uma vaga fren-te aos demais profi ssionais.

De 2006 a 2012, o número mé-dio de inscritos para vestibular do curso de Arquivologia foi de aproximadamente 356 candida-tos. A concorrência foi de 16,02 candidatos por vaga. Já o curso de Biblioteconomia apresentou 211 inscritos, com 9,93 candida-tos por vaga. Por sua vez, o curso de Museologia, que deve início no segundo semestre de 2009, apresentou cerca de 90 inscritos, com 4,69 candidatos por vaga, em cada um dos vestibulares rea-lizados, de acordo com dados do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe), da Universi-dade de Brasília (UnB).

Os universitários destes cursos, no Distrito Federal, encontram frequentemente propostas de es-tágio remunerado. Bibliotecária na Universidade Católica de Bra-sília (UCB), Taisa Tomazini, afi r-ma: “Na verdade, a pessoa pode escolher e trocar, cada ano esta-giar em um lugar diferente”.

As vantagens não param por aí.

De acordo com o Conselho Fede-ral de Biblioteconomia(CFB), há um notável número de concur-sos para o setor. Uma estimativa aponta,aproximadamente, 50 por ano. A faixa salarial varia entre R$ 1.500 a R$ 20.000. OCentro-Oeste está com as seguintes ofertas: 22 vagas para a Empresa de Tecnolo-gia e Informações da Previdência Social (Dataprev), com remunera-ção de R$4.135,18. Além disso, há vagas de cadastro reserva para a Companhia de Saneamento Am-biental doDistrito Federal (Ca-esb), com salário de R$ 5.462,15.

Além do elevado número de concursos públicos, o analista da informação conta com a aptidão profi ssional na hora de se prepa-rar para as provas. “Pela facilidade na busca de informação e em or-ganizar esquemas de estudos, com certeza esse profi ssional tem uma vantagem em relação a outros que não têm essa experiência da nossa área”, pontua Taisa.

Em alguns casos, o estudante chega receoso na universidade, mas o curso desperta o interesse pelas práticas desenvolvidas. “Até o segundo semestre quis mudar para psicologia. Mas depois comecei a fazer estágio dentro das próprias bibliotecas da universidade e tomei gosto. Me formei em bibliotecono-mia. Amo a área”, revela a coorde-nadora de Serviços aos Usuários da UCB, Elizabeth Vilarino.

PerspectivaApesar do crescimento do mer-

cado de trabalho da Ciência da Informação (CI),no Distrito Fe-deral, a iniciativa privada não tem

perspectiva de crescimento. As universidades e instituições p a r t i c u l a r e s contratam pou-cos profi ssio-nais.

Assim como as bibliotecas, os museus não despertam in-teresse para realização de investimentos da iniciativa privada. Para a estudante de museologia da UnB, Roberta Dannemann, este tipo de instituição apenas sobrevive. “As áreas da CI no Brasil ainda não são valorizadas como acontece na Europa e nos EUA. É comum a falta de conhecimento acerca da função destes profi ssionais e

o desinteresse na formação.C o m u m e n t e outro tipo de p r o f i s s i o n a l é contratado como respon-sável por mu-seus e bibiote-cas”.

Além de rei-vindicar maior espaço no se-tor privado, os cursos necessi-tam de adapta-ções às novas

plataformas informativas e uma reformulação curricular. “A teoria que está sendo repassada na gra-duação não está atendendo à de-manda das instituições no tocante ao desenvolvimento de políticas de gestão documental”, assegura a arquivista Samara Cruz.

Mayra Rodrigues

Até o segundo semestre quis mudar

para psicologia. Mas depois comecei

a fazer estágio dentro das bibliotecas da

universidade e tomei gosto. Me formei em

biblioteconomia. Amo a área

““

““

Elizabeth Vilarino

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lei pode Beneficiar maiS de 300 mil concurSeiroS

ConCerto

Francisco Daniarle e Samanta de Lima

Em sua quinta edição, o projeto Concerto para Crianças apre-

sentou a vida e a obra do compo-sitor francês Claude Debussy. O espetáculo reuniu música, teatro e dança contemporânea. Entre os meses de agosto e setembro fo-ram realizadas sessões gratuitas exclusivas para escolas públicas que tiveram um pré-agendamen-to. Também houve sessões aber-tas para o público em geral, que ocorreram na Sala Martins pena do Teatro Nacional, nos dias 15 e 16 de setembro.

O projeto tem patrocínio do Fundo de Apoio à Cultura da Se-cretaria de Estado de Cultura do Distrito Federal (FAC). A pro-posta é aproximar as crianças da música clássica e do mundo lúdi-co do teatro, por meio de um es-petáculo com diversos elementos,

desde efeitos sonoros até objetos de ilusão, como bolas que dão a impressão de estarem flutuando e bonecos que se movimentam pelo palco. A peça prioriza a música, portanto os atores não falam no momento da encenação.

Música na infânciaSegundo o coordenador do

curso de musicalização para crianças da Universidade de Bra-sília (UnB), Ricardo Dourado Freire, 45 anos, “a música na vida da criança dá outra dimensão, porque ela relaciona tanto a per-cepção auditiva quanto a questão emocional, trabalha o equilíbrio interno entre o que vê, ouve e o que se sente”.

Ele explica que espetáculos como esse trabalham todos os sentidos e as sensações são bené-ficas para o desenvolvimento in-terno da criança. A variedade de

músicas ajuda a parte emocional, desenvolvendo sensibilidade e concentração. A importância da musicalização na infância é algo que é priorizado no curso lecio-nado por Ricardo.

Uma das espectadoras do espe-táculo, Roberta Lara Resende, 30 anos, mãe de Ian Rudá Resende, 4 anos, conta que o filho participa do projeto desde os dois anos. Ela explica que o menino teve uma sociabilidade maior e que recebeu estímulos rítmicos e musicais que o ajudaram no processo de desen-volvimento da fala.

EncantamentoAna Beatriz Dantas Pinto,10

anos, toca piano e já havia fre-quentado outros concertos, mas não como esse. A garota conta que gostou de todos os momentos do espetáculo, mas o que desper-tou sua atenção foi o momento de magia em que a bola flutuava das mãos do ator para as do boneco.

O diretor do espetáculo, Zé Regino, 50 anos, conta que a concepção da peça surgiu a par-tir de pesquisa aprofundada da obra e vida de Debussy, feita em um processo colaborativo que re-queria a participação de todos os envolvidos no projeto. Ele afirma

que só se justifica fazer arte para crianças se houver uma experiên-cia pessoal que você queira com-partilhar.

Naná Marins, produtora geral do evento, afirmou que o projeto Concerto para Crianças surgiu de forma despretensiosa, duran-te conversa entre colegas, após perceber uma carência de con-certos ligados ao público infantil. Partindo desta falta de mercado, a produtora começou o primei-ro concerto em outubro de 2005, com homenagem a Beethoven. Desde então Naná percebe que o público vem aumentando a cada apresentação e, na medida em que isso ocorre, o desafio se tor-na maior, pois a cada espetáculo existe uma experimentação para avaliar se a linguagem está sendo passada de maneira interessante e é um verdadeiro laboratório de criatividade artística.

deBuSSy para criançaS

projeto homenageia 150 anos do músico francês

SATÉLITESEDUCAçÃO

Efeitos lúdicos do show despertam a imaginação das crianças

Fotos: Débora Amorim

Os pequenos espectadores interagem com os atores durante o espetáculo

serviço:

Para informações a respeito do curso de musicalização para crianças da universidade de Brasília (unB): [email protected]

9TRAbALHO

Muito estudo: cenário comum para os concurseiros em bibliotecas do DF

leGislaÇÃo

lei pode Beneficiar maiS de 300 mil concurSeiroS

projeto está na mesa do governador para sançãoFoto: Victor Maciel

O Instituto de Pesquisa Econômi-ca Aplicada (Ipea) estima que,

em quase todo país, serão abertas mais de 36 mil vagas de concursos nos próximos semestres. Desse nú-mero, mais de nove mil estão na ca-pital devido à aposentadoria de ser-vidores ativos tanto na esfera federal quanto na distrital. Uma estatística atrativa para quem pensa em ocupar uma vaga no serviço público.

Por conta de a cidade possuir as principais esferas do governo, seja no Legislativo, Executivo e Judiciá-rio, investir em carreira pública tor-nou-se um bom negócio. Cresce o número de candidatos que desejam trabalhar no setor público devido aos altos salários e, principalmente, à estabilidade adquirida após três anos no emprego. Nos últimos anos ingressaram no serviço público, se-gundo o Ipea, mais de 155 mil brasi-leiros e cerca de 30 milhões prestam concursos todos os anos.

Em breve, a abundância de con-cursos no DF pode mudar. Na Câmara Legislativa foi aprovada a Lei Geral dos Concursos, PL nº 964/2012, do Executivo, que estabe-lece normas gerais para a realização de concurso público no Distrito Fe-deral. O projeto, aprovado por una-nimidade, segue agora para a sanção do governador Agnelo Queiroz. A proposta foi concebida a partir de audiência pública com governo, membros de entidades como cursi-nhos preparatórios, sociedade civil e concurseiros. O texto determina no-vas regras nos editais lançados pelo GDF como, por exemplo, a proibi-ção de dois concursos em um mes-mo dia.

ExpectativasMariane Souza, matemática, es-

tuda há dois anos para concursos. Aluna assídua, enxerga na nova lei um benefício para todos os que queiram concorrer a uma vaga no serviço público. Sobre o intervalo mínimo de 90 dias entre o lan-çamento do edital e a realização da prova, outra novidade da lei, Mariane acredita ser “um tempo razoável para quem vem se pre-parando. Podemos focar em ma-térias específi cas que são cobradas para alguns cargos”.

Mara Alexandra, 35 anos, psi-cóloga, deixou tudo em sua cidade natal em Mato Grosso. Há um ano e meio mora em Brasília e a rotina é estudar no mínimo oito horas por dia para obter a tão sonhada classifi -cação. Mesmo tendo nota sufi ciente para entrar no quadro de reservas de um concurso local ela é contra esse tipo de cadastro, pois há mais de um ano está na fi la, sem expectativa de ser chamada. “Só pelo fato de garan-tirem que os candidatos aprovados sejam chamados, já evitam falsas ex-pectativas”, pondera.

Wilson Granjero, dono de cursi-nhos preparatórios para concursos há mais de 23 anos, lembra que a lei contou, inclusive, com sua par-ticipação em 13 itens. O assunto foi aprovado em 2005, sancionado e pu-blicado, mas na época a lei foi consi-derada inconstitucional por vício de iniciativa – esse tipo de matéria é de iniciativa apenas do Executivo, e não de deputados.

O professor garante que o con-curso público ainda é o processo mais isonômico que existe. Segun-do o educador, este tipo de certa-me não discrimina as pessoas em relação a aparência, classe social ou cor, além de não exigir expe-riências anteriores. Granjero res-salta que em Brasília, por diversos

anos, esse foi o setor que mais empregou e hoje é o segundo. Só perde para o mercado de serviços. “A lei só traz transpa-rência e legalidade aos certames realizados, ga-rantindo o cumprimento de normas que garantam direitos para os concur-sandos em todo DF”, diz.

Em entrevista ao Ar-tefato, o deputado Chico Leite (PT), um dos ar-ticuladores da propos-ta aprovada este ano, comenta que a lei é um marco para a legislação de concursos no país. “A clareza, transparência e fi scalização em concur-sos públicos é unanime por parte da sociedade e a nova lei veio para aten-der e corrigir abusos, se-jam do próprio Estado ou de entidades ligadas à indústria de concursos na capital”, enfatiza.

Contrapartida Enrique Dias, coor-

denador de uma rede de cursos preparatórios para concursos em Ta-guatinga, comenta que a nova lei é necessária para a moralização dos concursos em Brasília. Entretanto, discorda da proibição do cadastro reserva. “Concursos com cadastro reserva trazem mais alunos a nossas sa-las, assim podemos con-tratar mais professores, movimentando a econo-mia da cidade.”

principaiS regraS Que paSSam a Vigorar:

1. Fim do cadastro reserva;2. Obrigatoriedade de contratação

dos aprovados dentro do prazo de validade da seleção. Ou seja, acaba a prorrogação de validade;

3. intervalo mínimo de 90 dias entre a publicação do edital e a realização da prova;

4. proibição de dois concursos do GdF no mesmo dia;

5. proibição de repetição de questões já cobradas em outros exames, e direcionamento de provas;

6. proibição de concurso só para cadastro reserva;

7. Bibliografi a específi ca para facilitar o estudo e evitar direcionamentos.

Lincoln Martins e Kleyton Almeida

Os pequenos espectadores interagem com os atores durante o espetáculo

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ECONOmIA leGislaÇÃo

Sheylla AlvesColaboração: Jéssica Paulino

Trabalhadores que sofreram al-gum problema de saúde e por

esse motivo estão impossibilita-dos, por determinado período, de continuarem com suas atividades, podem receber por meio do Insti-tuto Nacional de Seguridade Social (INSS) benefícios como o auxílio doença ou a aposentadoria por in-validez. Porém, durante esse cami-nho existem obstáculos. Ser apro-vado na perícia médica é uma das difi culdades que alguns enfrentam.

O auxílio doença, segundo o site da Previdência, é um dos mais pro-curados no INSS. Pode ser dividi-do em dois grupos: por acidente de trabalho; ou previdenciário: aqueles que sofrem de alguma doença, não adquirida durante o trabalho. Ed-milson Ribeiro, 44 anos, trabalhava como vigilante e conta: “Tive um problema cardíaco e após isso outros problemas surgiram, como proble-

ma renal e a descoberta da diabetes. Os médicos disse-ram que se eu fi zer muito es-forço posso sofrer um infarto irreversível”. Por conta do seu problema de saúde Edmilson conseguiu receber o auxílio saúde previdenciário.

Complicações Edmilson explica que

não teve problemas para conseguir o benefício: “Fui bem atendido e, como le-vei toda documentação ne-cessária, meu processo foi mais ágil”. Mas, devido ao grande número de fraudes

por pessoas que fi ngem estar do-entes, o INSS está mais rigoroso com o processo. Pessoas que re-almente precisam acabam fi cando sem o dinheiro por tempo indeter-minado. É o caso do ex-pedreiro Ricardo Santana. Aos 48 anos, já enfrentou muitos problemas de saúde. “Quando completei 43 anos descobri que sofria de hipertensão, depois disso tive uma série de cri-ses e acabei descobrindo que tam-bém estava com problema renal. Tive que retirar os dois rins e hoje vivo por hemodiálise, esperando um doador para fazer o transplan-te. Não é uma situação fácil”, conta.

Os problemas de Ricardo co-meçaram pela perícia médica: foi reprovado na primeira avaliação. Segundo o INSS, para agilizar o processo de benefícios e receber o auxílio doença ou se aposentar por invalidez, o benefi ciado deveria ter contribuído, por no mínimo, 12

meses. O caso de Ricardo era de-licado, pois ele não havia cumpri-do o tempo. “Fiquei sabendo disso quando precisei do benefício. Re-solvi pedir ajuda para os familiares e passei a contribuir com o INSS”, relata. Quatro meses depois con-seguiu o auxílio doença. Porém a angústia de Ricardo não terminou: após seis meses o benefício foi cor-tado. A justifi cativa que o INSS deu foi que Ricardo precisaria renovar a perícia médica.

O auxílio é pago enquanto a perí-cia é válida; se vencer, o benefi ciário fi ca sem o dinheiro. Normalmente uma perícia médica dura cerca de seis meses. Após isso deve ser feita a renovação ou o pedido de prorro-gação. O INSS afi rma que, quando é constatado que o assegurado es-tará incapaz de trabalhar pelo resto da vida, o auxílio doença torna-se aposentadoria por invalidez. Ricar-do conta como foi o fi m da trajetó-ria: “Finalmente consegui marcar o exame no INSS do Gama e a apro-vação foi imediata. Fui benefi ciado com a aposentadoria por invalidez. Mas foi difícil conversar com o INSS, durante todo o percurso tive problemas em conseguir informa-ções corretas e isso atrapalhou mui-to o meu processo”.

Às margens da sociedadeTrabalhadores rurais que neces-

sitam de ajuda fi nanceira também podem fazer o pedido no INSS. Maria Donizete, 50 anos, sofreu um acidente enquanto trabalhava. Mo-radora da área rural, em Ponte Alta Sul, no Gama, é fabricante de ração

para animais. Em um dia normal de trabalho perdeu o dedo indi-cador no desintegrador de ração. “Uma semana depois do acidente consegui informações de que traba-lhadores rurais também poderiam receber o auxílio saúde. Precisava dele para conseguir manter a mi-nha renda fi nanceira”, afi rma.

O incidente ocorreu em novem-bro de 2011 e até agora não conse-guiu receber nada do INSS. Maria até foi aprovada pela perícia, mas uma funcionária preencheu o for-mulário errado. Em vez de marcar a opção de “trabalhador rural” foi marcada a opção “trabalhador ur-bano”. Segundo o INSS, isso con-tribuiu para que o processo fosse negado. Maria diz estar cansada de correr atrás: “Ainda não estou nem 80% recuperada. As minhas contas só aumentam e diante das humi-lhações já voltei a fazer esforço para manter o sustento da casa”. Segundo o INSS, Maria só conseguiria apo-sentadoria por invalidez se tivesse perdido nove dedos das mãos.

Se você sofre de algum problema de saúde, pode pedir assistência ao inSS. Mas ser aceito é outra história!

o calVário para receBer BenefÍcioS da preVidÊncia

Maria do Carmo recebeu o benefício do INSS após uma cirurgia no joelho

Foto: Rhayne Nunes

passo a passo para o benefício:

O primeiro passo é agendar a perícia médica, ligando no nú-mero 135 ou acessando o site da previdência social. O reque-rente pode entrar com o pedi-do caso a doença o impeça de trabalhar por mais de 15 dias.

www.mpas.gov.br

11CIDADANIA

Depois do “sim”, Noemi e Raimundo escutam conselhos do juiz de paz

Foto: Raiane Samara

realizando sonhos

praça doS trÊS podereS Vira palco para cem caSamentoS

Quarta edição de projeto une casais com direito a marcha nupcial e bolo

Aline Baeza

Altar, tapete vermelho, deco-ração com flores, damas de

honra, marcha nupcial e noivos. Um casamento comum, certo? Não para cem 100 casais brasi-lienses. Sim, cem, que se casaram na Praça dos Três Poderes. Eles

fazem parte do programa Alma Gêmea, da Secretaria de Justiça (Sejus), que realiza casamentos coletivos para pessoas que dese-jam oficializar a união.

Desde a criação do projeto fo-ram realizadas três edições, mas a festa de 22 de setembro foi a pri-

meira em frente aos poderes Exe-cutivo, Legislativo e Judiciário. O secretário de justiça, Alírio Neto, teve a ideia do projeto ao passar em frente a um cartório e ver uma fila de pessoas para se casar. Co-mentou com um amigo: “Vamos fazer um casamento pra essas pessoas, com direito a cerimônia, músicas, vestido de noiva?”. Assim nasceu o projeto Alma Gêmea, que realiza o grande sonho de muitos homens e mulheres.

As noivas passaram o dia se ar-rumando em um salão montado na antiga Rodoferroviária, atual sede da Sejus. Perto da hora do casamento, já na Praça dos Três Poderes, os pretendentes aguarda-vam suas futuras esposas. Valde-nir de Lima, 65 anos, era um dos mais ansiosos: “Quero ver logo a Rosineide. O sonho dela é se ca-sar, e hoje vamos conseguir”. O casal está junto há oito anos e tem uma filha, Clara, de sete. “Convi-damos a família toda pra vir. Da-qui vamos comemorar com uma galinhada caipira. Tá todo mundo convidado!”, vibrava, enquanto as noivas desciam dos ônibus. Os noivos ficaram em silêncio, mas os olhares curiosos e atentos procu-ravam pelas respectivas mulheres vestidas de noiva.

“Estou podendo! Vou casar no lugar mais poderoso do Brasil”, dizia Noemi Maria de Oliveira, entre sorrisos, flashes e fotos com seus convidados. Ela e Raimundo dos Reis estão juntos há 18 anos e têm três filhos: Gabriel, Gabriela e Graziele, que foi dama de honra dos pais. Antes de dizer o “sim”, a divertida Noemi não conseguia acreditar no que estava aconte-

cendo: “Vou realizar meu sonho, casar na Praça dos Três Poderes e ainda vou sair no jornal? Ai, meu Deus, nunca pensei que isso fosse acontecer, nem nos meus sonhos mais românticos! Sou muito chi-que!”, gargalhava.

Ao pisar o tapete vermelho, ao som de sax, trombone e trompe-te, que tocavam a marcha nupcial, Noemi e outras 99 noivas emocio-naram as quase mil pessoas pre-sentes. Principalmente Elza e Élio Montezzo, ex-patrões de Noemi. Ela trabalhou como doméstica durante oito anos na casa de Elza. “Ela sempre foi muito carinhosa. Sei que ela está muito feliz, pois está realizando o grande sonho.” Elza conta que Noemi e Raimun-do tentaram se casar duas vezes. Tudo estava preparado, mas um erro no nome dos pais do noivo e a falta de condições financeiras adiaram o sonho. Mas a vez dela chegou. Noemi teve tudo que so-nhou sem precisar gastar dinhei-ro. Parcerias da Sejus com o Se-nac, cartórios, lojas de vestido de noiva e decoração viabilizaram o casamento. E garantiram as unhas feitas, cabelo e maquiagem da noiva. E ela comemorou muito depois do “sim”.

E agora, Noemi, onde será a fes-ta? “Agora a festa vai ser só de nós dois!” Seu Valdenir e Rosineide comemoraram com bolo e refri-gerante, oferecidos aos noivos no final da cerimônia: “É só o come-ço. Daqui a pouco vamos à gali-nhada”. Como terminou a noite de cada casal não sabemos ao certo, mas certamente cem casais volta-ram felizes e realizados para suas casas naquela noite.

12

mEIO AmbIENTEresPonsaBilidade amBiental

Gabriella Avila e Guilherme Assis

Despejar óleo no ralo pode causar entupimento do enca-

namento, poluição da água, danos ao solo e produção de gás metano, que polui a atmosfera. Para se ter ideia, 1 litro de óleo contamina um milhão de litros de água. Para o tratamento dessa água contami-nada, as empresas de saneamento gastam 40% a mais do que gasta-riam normalmente, o que enca-rece seu custo final. Um peso na saúde e outro no bolso.

Na tentativa de diminuir o pro-blema, pesquisadores e empresas

têm buscado formas de reaprovei-tamento do óleo usado na fritura. As soluções vão desde produtos de limpeza, como detergentes e barras de sabão, a biocombustível e até massa utilizada em vidraçarias.

No exterior é comum o uso do óleo reciclado na produção de rações para animais. Mas esta forma não é aconselhável e cau-sa danos ao ser humano. Lirany Gonçalves, chefe do Laboratório de Óleos e Gorduras da Unicamp--SP, explica: “O retorno da maté-ria-prima para a dieta de animais gera doenças em quem se alimen-ta destes. O ciclo de recolocar o

óleo em etapas de alimentação de quem quer que seja é o pior que existe. Fico feliz que o Brasil não tenha o hábito de destiná-lo para esta finalidade alimentícia”.

Alternativa limpaPara dar uma finalidade ade-

quada ao óleo, existem empresas que recolhem, filtram e o trans-formam em novos produtos. Em Brasília, são poucas que se dedi-cam ao trabalho. Uma delas é a Ecolimp, localizada no Recanto das Emas. Há quinze anos a em-presa faz o recolhimento do óleo de fritura de restaurantes, lancho-

netes e condomínios organizados, contando com mais de quatro mil colaboradores. O fundador e di-retor, Ozanir Gonçalves, conta ao Artefato como funciona a coleta: “Nós fornecemos os recipientes gratuitamente para o armazena-mento do óleo e, no momento de buscar, pagamos em dinheiro (R$ 20 para cada 50 litros) ou em pro-dutos de limpeza”.

Outro exemplo é a Ecoforte. Lo-calizada em Taguatinga, ela conta com uma equipe de apenas três pessoas para recolher 40 tonela-das/mês de óleo de cozinha no DF. O proprietário, Moacir Geraldo, conta que sua função é a primária no processo de reciclagem. “Com-pramos o óleo a R$0,50 o litro e trazemos aqui para a central de coleta. Muita gente resiste em ven-der ou até mesmo doar o óleo por falta de conscientização. Esse é um grande ponto negativo”, questiona.

ConscientizaçãoVender ou doar óleo usado

são as maneiras mais eficazes de descartá-lo sem poluir o meio ambiente, mas pela falta de cam-panhas de conscientização que informem melhor a população, poucos sabem que isso pode ser feito. Moacir gostaria de fazer o recolhimento em outros locais além dos estabelecimentos que já trabalha, mas dificilmente as pes-soas aderem ao serviço. “Só aten-do quatro ou cinco supermerca-dos na região. Eu poderia fazer coleta em condomínios, escolas, mas as pessoas não têm interes-se. Só se houver maior retorno fi-nanceiro para elas”, reclama.

para onde eScorre a gorduraApós fritar alimentos em casa, é comum o óleo ser descartado no

ralo da pia. Saiba como evitar prejuízos ambientais e aliviar o bolso

A coleta na Ecoforte, empresa de Moacir Geraldo, é realizada em barris com cerca de 160 litros como os da foto

Foto: Gabriela Avilla

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resPonsaBilidade amBiental

Criado em 2010, pela Compa-nhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb), o Projeto Biguá tinha como objeti-vo recolher o óleo usado de casas e restaurantes para transformar em biodiesel. Procurada pelo Ar-tefato, a responsável pelo Biguá, Mariane Menusier, explicou que hoje em dia são apenas ONGs e empresas que retiram óleo de re-sidências e comércios: “A coleta

colaBore!A conscientização começa em casa, e pode se expandir

por toda a rua. O procedimento de armazenamento do óleo é simples, veja os passos:

1 - Após a fritura, espere o óleo esfriar;2 ‒ Com a ajuda de um funil, despeje-o em um

recipiente seguramente vedado, como uma garrafa pet ou a própria embalagem do produto (como

mostra a foto).

Convença seus vizinhos a fazerem o mesmo, e ao fi m do mês chame uma empresa de coleta para recolher as garrafas das casas. não custa nada e sua contribuição

ajuda o meio ambiente.

é feita só por empresas privadas hoje em dia. A Caesb não faz mais esse tipo de coleta”, esclare-ce. Moacir acredita que o apoio da Companhia poderia populari-zar a prática de doação de óleo. “A Caesb deveria incentivar o trabalho. O serviço que faço au-xilia o saneamento básico, pois diminui o risco de contaminação da água e ainda economiza di-nheiro público”, fi naliza.

Foto: Guilherme Assis

Descartado diretamente na pia, o óleo causa entupimento e outros prejuízos

serviçoecoforte

QsC 19 chác. 25 conj. B lote 2 - taguatinga8546 6852ecolimp

avenida Buriti quadra 4 lote 4 – recanto das emas3333-3591

14ProduÇÃo indePendente

Arthur Scotti e Mayra Rodrigues

A falta de marido deixou de ser um obstáculo para a mulher

que pretende ser mãe. É crescente o número de brasileiras que, so-zinhas, recorrem aos bancos de sêmen para concretizar o sonho da gestação. A clínica de repro-dução Pro-Seed, localizada na capital paulista, aponta um cres-cimento de 20% no número de mulheres solteiras que procuram esse procedimento. A responsá-vel pela clínica, Dr. Vera Féher Brand, afi rma que antes de 2005 não havia registros dessa espécie computados na Pro-Seed.

A Resolução nº 1.957/10 do Conselho Federal de Medicina (CFM) permite que solteiros se-jam benefi ciados pelas técnicas de reprodução assistida, como a fertilização in vitro e a insemina-ção artifi cial. A mulher não pre-cisa ter algum problema de infer-tilidade para poder se benefi ciar dessa técnica. Antes, o CFM só permitia a realização do procedi-mento em casais heterossexuais e ofi cialmente casados. Agora, am-paradas pela Resolução, mulhe-res com até 35 anos podem rece-ber até dois embriões para tentar engravidar. Mulheres entre 36 e 39 anos podem receber até três; e as que possuem idade igual ou acima de 40 anos, até quatro.

Apesar da fi gura emblemáti-ca do pai na sociedade brasilei-ra, a aparição dos movimentos feministas, a partir dos anos 70, contribuiu para que essa fi gura perdesse força e para que a mu-lher ganhasse autonomia. “Ela adquire independência econômi-ca, se sente capaz de dar educa-

Queria ter um fi lho, mesmo que eu não casasse. nunca pensei em adoção, pois queria que ele parecesse comigo

““

Karla Almeida

COmPORTAmENTO

mãeS SolteiraSpor opção

O procedimento é feito em clínicas especializadas. No processo, o sêmen é descongelado, preparado e depositado no útero

Foto: Nikelly Moura

15COmPORTAmENTO

ção para a criança e percebe que pode criá-la sozinha, e criar mui-to bem”, afi rma a pesquisadora de gênero da Universidade de Brasí-lia (UnB), Liliane Machado.

Em geral, as mulheres que procuram esse procedimento têm o mesmo perfil: possuem estabilidade profissional e fi-nanceira e chegam a uma idade limite entre 35 e 40 anos, mas não encontram o parceiro ideal. Dessa forma, optam pela gravi-dez por meio do processo de fer-tilização e recorrem a doadores anônimos de sêmen.

Sonho realizadoHá dezenove meses a servidora

pública Karla Almeida, 40 anos, realizou o sonho de ser mãe. “Eu queria ter um fi lho, mesmo que não casasse. Nunca pensei em adoção, pois queria que ele pare-cesse comigo”, conta. A mãe afi r-ma que começou a se preocupar com a idade e decidiu fazer o con-gelamento de óvulos: “Já tenho minha independência fi nanceira. Vou fazer o congelamento porque se um dia aparecer o tal do prínci-pe encantado, pelo menos os óvu-los estão guardadinhos lá.”

A médica, no entanto, alertou--a sobre as difi culdades da fer-tilização após os trinta anos e sugeriu que ela fi zesse o proce-dimento logo. A paciente decidiu não esperar mais. Hoje, Karla se-gura em seus braços um garoto que já vai completar oito meses: Inácio Caetano.

Ausência do paiApesar da modifi cação do papel

da paternidade, a família compos-ta por pai, mãe e fi lhos, permane-ce como um parâmetro social. A criança educada sem a fi gura do pai pode adquirir traumas. “De-

pende de como a mãe trabalha isso. Se for uma mãe tranquila com família grande, a fi gura do pai pode ser substituída. Algumas fazem questão de ser pai e mãe também”, afi rma Liliane.

De acordo com a psicóloga Eveline Cascardo, a falta do pai na composição da família não trará necessariamente prejuízos à formação da criança:“Já que a presença paterna pode ser subs-tituída por outro homem, como um tio ou o avô”.

Karla Almeida afi rma que vai se esforçar para suprir a ausência do pai. “Eu não acho que seja tão importante. Tudo que um pai po-deria passar para ele, eu também posso. Minha família também pode”, diz.

Mesmo tendo optado pela produção independente e sentir--se satisfeita com o resultado, Karla não descarta a possibilida-de de que seu filho Inácio possa ter um pai. “Se o parceiro che-gar, já vai encontrar a família completa”, brinca.

A escolhaSegundo o CFM, no Brasil sê-

men, óvulo e embrião não podem ser comprados nem vendidos e a doação é sempre anônima. Os tratamentos de reprodução assis-tida em clínicas privadas variam entre R$ 10 mil e R$ 30 mil.

O procedimento de fertilização é feito após uma avaliação para verifi car se existem óvulos ou se a mulher possui alguma doen-ça, assim como histórico familiar restringente. Feita a investigação, a receptora do sêmen recebe uma listagem de perfi s físicos de do-adores anônimos, com cerca de trezentas opções. Após confi rma-ção da disponibilidade do doador, “preserva-se o sêmen congelado,

estimula-se o círculo, no caso de inseminação, e no período fértil esse sêmen é descongelado, pre-parado, e no consultório é deposi-tado dentro do útero”, esclarece a ginecologista Hitomi Miura.

No processo de inseminação, a mãe tem a opção de escolher as características do doador, como altura, raça, cor dos olhos, religião e até mesmo hobbies. Para Karla, a escolha do pai de Inácio não foi fácil. “Na listagem, escolhi o do-ador com a mesma religião que a minha, pois sou espírita; com 1,80 m de altura, paraquedista e enfer-meiro. Mas esse processo é muito difícil”, conta.

Em Brasília, o Hospital Ma-terno Infantil (HMIB) oferece os procedimentos gratuitos de Reprodução Assistida (RA): in-seminação intrauterina (IIU), fertilização in vitro (FIV), con-gelamento de embrião, punção de testículo/epidídimo, conge-lamento de sêmen (apenas dos pacientes em tratamento de re-produção assistida) e doação anônima de óvulos.

para Quem Quer

doar• ter idade entre 18 e

40 anos

• não ter doenças hereditárias

•ter tido apenas uma parceira nos últimos

12 meses

•Heterossexual

receber•Solteiras na faixa dos 30

a 40 anos

•Casadas com homens que não produzem espermatozóides

•Homossexuais

Serviço

hospital materno infantil de Brasília/ serviço de

reprodução humana

Centro de ensino e Pesquisa em reprodução assistida

sGas Quadra 608 sul avenida l2 sul – ambulatórioCeP: 70.203-900

(61) 3445-7654 / 7604

[email protected]

Cresce o número de mulheres solteiras que engravidam por meio de bancos de sêmen de doadores anônimos

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COmPORTAmENTO

Marília Lafetá

Hobbie é a denominação dada a uma atividade de entreteni-

mento livre que as pessoas desen-volvem sozinhas ou na companhia de outras. É um passatempo, que não envolve regras ou obrigações. Foi assim que começou a brincadei-ra de montar cubo mágico na vida do empresário Carlos de Alcântara, 25 anos. Brincadeira que chegou a ser tema de monografia no final do curso de Ciência da Computação.

Para quem não conhece, o cubo mágico - também conhecido como o Cubo de Rubik -, foi inventado pelo húngaro Ernõ Rubik em 1974. Foi ícone na década de 1980 e é um

Perfil

dos brinquedos mais populares do mundo, atingindo hoje a marca das 900 milhões de unidades vendidas do cubo original e suas variações no mundo inteiro.

Para o jovem empreendedor, o cubo não é só passatempo. É um esporte que, ao mesmo tempo, di-verte, treina a mente e os reflexos, ajuda a encontrar novas amizades e - por que não? - a lucrar um pou-quinho. Mas não foi fácil chegar onde ele chegou. Depois de mui-to esforço, hoje seu site é um dos maiores e mais completos sobre o assunto no Brasil. É possível encon-trar os links dos tutoriais no youtu-be (um dos mais acessados), a mo-nografia explicando passo a passo

de como montar o cubo. Os fóruns disponíveis são possibilidades para conhecer outros cubistas.

Foi em 2007, quando Carlos ainda tinha 20 anos e estava na faculda-de, que essa história toda começou. Mandaram para ele o vídeo de um japonês resolvendo o cubo de olhos vendados. Todo mundo perto de Carlos ficou incrédulo, mas ele deci-diu que também queria tentar aquilo. Como sempre gostou de testes de QI e desafios de lógica, achou que tinha tudo a ver. Começou a busca para tentar comprar um cubo de qualida-de. Procurou em lojas de brinquedo e até na feira dos importados, mas foi em uma loja quase do lado de casa que ele conseguiu encontrar.

Com o cubo em mãos, era hora de procurar tutoriais na internet para aprender. Que complicado! Os poucos que conseguia encontrar eram totalmente teóricos e difíceis de entender. Cansou e desistiu.

Tempos mais tarde, quando o fil-me À procura da felicidade foi lan-çado, Carlos viu o ator principal, Will Smith, resolvendo o cubo e se lembrou do seu. Tentou de novo, mas dessa vez não se deu por venci-do. Duas semanas depois finalmen-te conseguiu.

Depois de conseguir a primei-ra vez, começou a treinar para aprender movimentos diferentes. O objetivo era fazer cada vez mais rápido. Ele começou a procurar pessoas que sabiam montar. Na internet, buscou algum fórum de bate-papo onde pudesse conversar sobre o cubo mágico com outras pessoas, mas como não existia ne-nhum, resolveu criar um e o agre-gou ao site - criado como trabalho de conclusão de curso.

CampeonatoLevando a brincadeira realmente

a sério, Carlos chegou a organizar, em 2009, um campeonato oficial - já foram mais de 20 em todo o país. No Brasil, mais de 500 pesso-as são “cubistas” e já participaram dos campeonatos. A quantidade de quem monta só como passatempo e não participa de eventos assim é bem maior.

A quantidade de cubos e modali-dades em campeonatos é enorme e Carlos tem alguns recordes no currí-culo. No último campeonato oficial, realizado em setembro em Goiânia, ele voltou para casa com medalha de ouro na categoria “menos movimen-tos”. Por enquanto esse é seu gran-de destaque, mas ele não fica atrás na modalidade mais popular: cubo 3x3x3 com as duas mãos. Seu recor-de é de 10 segundos - um pouquinho acima do recorde mundial atual, de 5 segundos e 66 milésimos.

Empreendedorismo divertidoA ideia de montar a própria loja

veio ao acaso. Desde que Carlos aprendeu a montar o cubo, ele en-sinou para os amigos e familiares. A partir daí, começou a organi-zar encontros só de cubistas nos shoppings de Brasília. Quando os participantes apareciam com um cubo muito bom (importado), ele pedia um igual na próxima com-pra da pessoa. Quando percebeu, já estava vendendo.

O endereço do site é www.cubo-magicobrasil.com. Depois de cinco anos, já são mais de 50 mil acessos mensais no endereço. Prova de que, mesmo não sendo considerado es-porte oficial, o cubo pode ser um negócio e se tornar mais popular.

HoBBie Que deiXa de Ser SÓ Brincadeira

“Quando você investe em uma coisa que realmente gosta, pode dizer que tem o melhor emprego do mundo”

Foto

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Carlos começou a montar cubos mágicos por diversão e hoje trabalha com eles

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Com seis anos de inau-guração, o Museu Na-

cional Honestino Guima-rães e a Biblioteca Nacional Leonel de Moura Brizola formam o que na teoria é chamado de Conjunto ‘Cultural’ da República. O monumento contemporâ-neo arquitetado por Oscar Niemeyer em forma de cúpula chama atenção na Esplanada dos Ministérios e pode ser considerado um dos pontos mais badalados da capital.

Mesmo com entrada franca, as exposições que o museu oferece não são as principais responsáveis por essa movimentação no local. Os festivais promovi-dos na área externa são os campeões de público. Até aí, sem muitos problemas. A questão preocupante é constatar que a maioria das pessoas que frequenta os eventos culturais sequer conhece a parte interna do monumento.

Com os shows gratuitos, o ponto turístico vira local propício para encontro de jovens antes das baladas e também opção para a prá-tica de modalidades espor-tivas. Caso de Ruan Diego Sande, 22 anos, que usufrui da área para andar de skate

com os colegas. Ele alega que o espaço oferece boas condições para os adeptos do esporte.

O estudante de História percebe que nos dias dos festivais o movimento no local é maior, principal-mente à noite, quando a temperatura está amena. Porém, mesmo com o há-bito de frequentar a área externa do Museu Nacio-nal, ele confessa nunca ter visitado uma exposição ali. “Penso que essa minha falta de interesse seja devi-do à pouca divulgação do que é e do que se tem lá dentro. Meus colegas nun-ca tocaram no assunto da parte interna do museu, então acho que eles tam-bém pouco se interessam”, justifi ca o estudante.

O lado de dentroMonique Magaldi, 31

anos, mestre em Museo-logia e Patrimônio, atua na área há quase dez anos. A museóloga acredita que os eventos artísticos são ações positivas. Além de dar visibilidade, atraem público e aproximam o museu da sociedade. “Os eventos que acontecem na área externa e as exposi-ções internas têm propó-sitos diferentes. A posição central do museu é favorá-vel. O que falta é fazer um

estudo sistemático de público. Esse é um dos desafi os da museologia”, endossa.

Quanto aos aspectos físicos, a especialista ressalta que a arquitetura do museu compõe a obra de arte e já faz parte da exposição. “A rampa externa é muito inclinada e não muito acessível para os cadeirantes, mas eles podem usar o elevador interno. A iluminação segue um padrão de preservação do acervo. O exces-so de luz pode prejudicar as obras”, justifi ca.

Lucas Ribeiro de Sousa, 20 anos, estudante de Espanhol, acredita que os eventos realizados impulsionam a cultura local e involuntaria-mente incentivam a visitação do lugar. “Gran-de parte de pessoas chega mais cedo nos dias de shows e se concentra nas proximidades.

Com isso, muitas acabam entrando no mu-seu e vendo as exposições apenas para passar o tempo. Isso acaba atraindo até pessoas que

monumento

acerVo cultural ou arena para SHoWS?

O Museu nacional chama atenção com formato semi esférico e é palco para eventos culturais. Mas a efi ciência quanto às exposições

na parte interna é colocada em xeque

nem sabiam o que tinha dentro do imenso globo”, opina. O Artefato procurou o Fundo de Apoio a Cultura (FAC) e o Ministério da Cultura (MinC). Ambos não se pronunciaram sobre o assunto.

CULTURA

Foto: Giullia Chaves

Festival Celebrar Brasília, mesmo em noite chuvosa, reuniu mais de 14 mil pessoas

Suélen Emerick

Satélite 061 duração do evento

público geral

(virada cultural)

24h 50.000

geometrias da transformação

duração do evento

público geral

2 meses e meio

88.172

eVento eXterno

eXpoSição interna

18

O visual das garotas chama a atenção. Com maquiagem,

meias estilosas, shorts curtos, ca-pacetes – e, às vezes, cabelos – co-loridos, elas capricham na aparên-cia até para os treinos. No roller derby, as jogadoras têm a oportu-nidade de mostrar força e perso-nalidade em uma modalidade que exige certa agressividade e repre-senta o verdadeiro girl power.

A modalidade estilosa já deu as caras no cinema. No filme Garota Fantástica, a texana Bliss (Ellen Page) decide tentar a sorte no jogo, disputado entre duas equipes sobre patins em pistas ovais. Bem longe do Texas e das telonas, aqui no Distrito Federal duas ligas treinam com muito empenho a modalidade que foi criada nos Estados Unidos na década de 30, mas chegou há pouco tempo no Brasil. Predominantemente feminino, o esporte é jogado por dois times com cinco integrantes que, entre corridas e esbarrões, disputam cada ponto da partida.

No DFA gerente Lidyanne Beresnist-

zky, 27 anos, descobriu a com-petição há um ano, ao ler uma matéria em uma revista de tatu-agens. “Estava à procura de um esporte para praticar, e achei que esse combinava comigo”, conta. Lidyanne pediu patins apropria-dos à irmã que mora nos Estados Unidos, e começou a revezá-los entre amigas. “A ideia inicial era viajar ocasionalmente para parti-

cipar de jogos com a liga de São Paulo, mas muitas garotas daqui se interessaram pela modalidade”, acrescenta. Assim foi fundada a Savanna Foxes, a primeira liga de roller derby do DF, que já chegou a ter 25 integrantes.

Criada há pouco mais de um mês, a Wing City Angels também representa o roller derby na capi-tal. A liga nasceu a partir de uma divisão da Savanna Foxes. A pro-fessora Karla Machado, 35 anos, foi uma das fundadoras. “Conheci

o esporte por meio do Facebook de uma amiga. Fiquei encantada com o visual colorido das jogado-ras”, conta a moça, que sempre se interessou por patinação. Atual-mente a liga tem nove integrantes.

Como o livro de regras ainda não foi traduzido para o portu-guês, as competidoras aprendem a teoria no site da associação americana que comanda o roller derby no mundo, a Women’s Flat Track Derby Association (WF-TDA). “As regras ainda não es-

tão muito claras porque o jogo é novo no país. Estamos aprenden-do juntas”, explica Karla. A liga brasileira mais antiga, Ladies of HellTown, recebeu a função de traduzir o livro.

Durante os dias 12, 13 e 14 de outubro ocorre no Rio de Janeiro o primeiro Campeonato Brasilei-ro de Roller Derby. A ideia surgiu com as ligas brasileiras que dispu-taram o Mundial no Canadá em 2011. Três jogadoras do DF parti-ciparão do evento nacional.

Fenômeno nos EUA, o roller derby ainda é pouco conhecido no Brasil, mas já atrai mulheres para a modalidade que une esforço físico e estilo

soBre rodas

meiaS, patinS e arranHõeS

Carolina Meneses e Fernanda Xavier

ESPORTE

Foto: Fernanda Xavier

A Savanna Foxes foi a primeira liga de roller derby criada no DF. Atualmente está recrutando garotas para o time

19Um esporte diferenteAlém de um visual que mistura

elementos retrô e punk com aspectos esportivos, o roller derby apresenta outras peculiaridades. As jogadoras possuem apelidos, conhecidos como Derby Names. Cada garota escolhe seu próprio “nome de guerra” a partir de características e gostos pessoais. Lidyanne é Cat Vader e Karla, Belly Roller. Para o apelido ser aceito, é preciso registrá-lo em um site que avalia a força do nome e verifi ca se ele já está registrado.

A maioria das garotas descobriu a modali-dade na tentativa de encontrar uma alternativa aos tradicionais jogos com bolas. “Não gosto de academia, mas precisava praticar um esporte. Como sempre gostei de patinar, me interessei pelo rol-ler derby”, conta Graciele Pache-co, 29 anos, estudante de marke-ting e gerente de uma livraria.

Obstáculos As competidoras encontram di-

versas difi culdades para a prática e difusão do esporte. A principal delas é a falta de local apropriado para treinamento. Muitos treinos acontecem no pátio em frente à Biblioteca Nacional, que não é adequado, pois possui uma incli-nação que difi culta curvas e ma-nobras. Segundo algumas jogado-ras, no entanto, isso pode trazer

19

É um esporte para mulheres fortes. não é qualquer uma que se sente atraída por esse

tipo de jogo

“ É um esporte para “ É um esporte para “

Karla Machado

certa vantagem. “Se aprendermos no concreto, teremos facilidade em um jogo ofi cial na pista certa”, comenta Nirvana Santos, 18 anos, estudante de arquitetura.

Aos domingos, as Wing City Angels treinam no ginásio do Cave, no Guará. “Tivemos mui-ta sorte em conseguir a liberação da Secretaria de Esportes. Geral-

mente existe certo precon-ceito. Eles têm medo de os patins estra-garem a qua-dra, mas isso não acontece”, comenta Kar-la. “As pesso-as estão mais acostumadas

com o futebol e outros jogos com bola, então quando veem algo di-ferente, acham que pode danifi car o local”, emenda.

Elas também enfrentam proble-mas na hora de adquirir os equi-pamentos. Além de caros, existem poucas opções nacionais. Mesmo com muitos equipamentos de proteção, alguns acidentes acon-tecem. A estudante de Psicologia Jackeline Souza (18) já fraturou o pulso durante um dos treinos.

As ligas brasilienses não rece-bem patrocínio. O dinheiro para equipamentos e treinos vem do próprio bolso das integrantes. Isso não as impede de tratar o roller derby como algo sério. As Foxes estão com um projeto para arrecadar dinheiro para a liga, vendendo camisetas, bottons e chaveiros da equipe com o apoio

Foto: Shizuo Alves

como funciona o jogoO jogo consiste em uma série de corridas entre dois times de

cinco jogadoras, e acontece em uma pista oval. Cada time é com-posto por uma jammer, três bloqueadoras e uma pivô. A jammer (atacante) é representada por uma estrela no capacete, e é a úni-ca capaz de marcar pontos. O objetivo é dar o maior número de voltas possível nas jogadoras do time adversário.

As bloqueadoras tentam parar a jammer oposta, ao mesmo tempo em que abrem caminho para a do seu próprio time. A pivô, representada por uma listra no capacete, é responsável por controlar a velocidade da equipe e liderar o jogo defensivo. As funções não são fi xas, podem mudar a cada rodada.

da loja Kingdom Comics.

Poder femininoPara Lidyanne, essas não são as

únicas difi culdades para a popula-rização da competição no Brasil: “Os patins e o kit de proteção são caros, mas o mais difícil é encon-trar garotas que tenham a mes-ma garra, vontade e compromis-so para treinar”. Nos últimos três anos, o interesse brasileiro pela modalidade tem crescido, e a ten-dência é continuar avançando.

As participantes das duas ligas são receptivas com novas inte-grantes. Muitas chegam aos trei-nos sem nunca terem nem mes-mo calçado patins, e lá aprendem. Para fazer parte, basta comparecer com os equipamentos. É preciso ter no mínimo 18 anos. “O roller derby é mais que um esporte, é um estilo de vida. Para mulheres fortes, já que não é qualquer uma que se sente atraída por esse tipo de jogo”, comenta Karla.

PATINS QUAD

KIT DE PROTEÇÃOCotoveleira,

munhequeira e joelheira

CAPACETE

R$170

R$ 380

R$70

PROTETORBUCALR$20

savanna foxes

treinos todas as terças e sextas-feiras, às 18h30 em frente à Biblioteca nacional

facebook: www.facebook.com/savannafoxes

Wing City angels

treinos todas as quintas-feiras, às 18h30 em frente à Biblioteca nacional, e aos domingos, às 16h no Ginásio do Cave, no Guará

facebook: www.facebook.com/wingcityangels

20

ESPORTE

Os Centros Olímpicos fazem parte do programa da Se-

cretaria de Esportes do Distrito Federal, que tem como principal objetivo formar cidadãos por in-termédio do esporte, promoven-do a inclusão social e melhorando a qualidade de vida das comuni-dades atendidas. O público-alvo é constituído, principalmente, por crianças e adolescentes, en-tretanto, pessoas portadoras de necessidades especiais, adultos e idosos também são atendidos.

O Distrito Federal conta com nove centros construídos: Bra-zlândia, Ceilândia (Parque da Vaquejada), Estrutural, Gama, Recanto das Emas, Riacho Fun-do I, Samambaia, Santa Maria e São Sebastião. Estão em constru-ção mais dois novos centros: um em Ceilândia Norte, que fi ca na

QNO 09, e outro em Planaltina. De acordo com o diretor do Cen-tro Olímpico de Ceilândia, Hélio Quidute, 2.300 alunos estão ma-triculados. “Atualmente, cerca de 1.200 vagas estão disponíveis. A pessoa interessada nestas vagas deve procurar a secretaria do centro e fazer a pré-matrícula. Serão solicitados os documentos como declaração de escolarida-de e comprovante de residência”, orienta o diretor.

Para o secretário de Esportes, Célio René, é possível formar competidores vindos dos Cen-tros Olímpicos por intermédio de parcerias. Uma das parcerias em teste é com o Instituto Joaquim Cruz, que realizou peneiras en-tre alunos dos diversos centros, selecionando 30 entre os 1.500 inscritos, que receberão treina-

mento específi co com o objetivo de participar de competições na-cionais e internacionais na busca por medalhas.

O secretário também destacou que as melhorias nos equipamen-tos esportivos do DF e a regula-mentação do Fundo de Apoio ao Esporte e a Lei de Incentivo – em discussão na Câmara Legislativa - consolidarão as políticas públicas do GDF na busca pela descoberta de atletas de alto rendimento.

Cidadania em movimentoOs Centros, ao contrário do

que muitos pensam, não foram feitos exclusivamente para for-mar atletas de alto rendimen-to. Segundo Francisco Barbosa, diretor do Centro Olímpico de Samambaia, o objetivo é formar cidadãos. “O nosso principal ob-jetivo é dar oportunidades para o jovem seguir no rumo certo, mas isso não quer dizer que daqui não possa sair um possível atleta tam-

bém”, afi rma. É o que acredita, também, Ricarda Lima, ex-atleta olímpica, medalhista de bronze no vôlei em Sidney 2000, e uma das organizadoras do projeto.

Segundo Ricarda, os Centros Olímpicos são oportunidades de uma vida melhor: “Amo demais o programa, porque ele contribui com valores muito importantes, como a disciplina, o esforço e a responsabilidade pelas escolhas feitas. O programa ajuda a for-mar o caráter desses jovens”. A atleta ainda se emociona quando afi rma que a qualidade de vida de muitas pessoas mudou a partir do projeto. “Crianças que tinham baixo rendimento na escola, ido-sos com difi culdades motoras e famílias que eram desestrutura-das. Hoje eu não vejo mais isso”, avalia a atleta.

A Gerência de Apoio Social (GAS) e o Conselho Tutelar são parceiros dos Centros que aju-dam no acompanhamento dos jovens que frequentam as aulas. Além desses órgãos, cada cen-tro conta com duas psicólogas, uma pedagoga e uma assistente social. Também possuem parce-ria com a Secretária da Criança que, junto com as Unidades de Atendimento em Meio Aberto (UAMAS), selecionam jovens que estão cumprindo medidas socioeducativas que vão aos centros duas vezes por semana, auxiliando os professores.

inClusÃo soCial

centroS olÍmpicoS: competição aliada À cidadania tranSforma realidadeS

Menos jovens nas ruas, mais jovens nas quadras. O projeto da Secretaria de Esportes projeta atletas no mundo do esporte e reduz riscos sociais

Das ruas para as quadras: crianças veem no esporte a chance de ter uma vida melhor

Crianças que tinham baixo

rendimento na escola, idosos com

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Bárbara Nascimento e Lorena Vale

21bEm-ESTARmúsCulos

a iluSão doS anaBolizanteSEm busca de um corpo supostamente perfeito,

pessoas utilizam substâncias que prejudicam a saúde

Everton Lagares

Músculos grandes e definidos, baixo índice de gordura cor-

poral, pernas torneadas e braços fortes. Para as mulheres, o bumbum deve estar bem trabalhado e a cintu-ra mais fina; já os homens querem os bíceps crescendo, ombros largos e peitoral estufando – bem definido, de preferência. Há limites para al-cançar esses objetivos?

Esses “preguiçosos” usam e abusam de substâncias tóxicas para conseguir resultados rápidos. A vontade de alcançar o objetivo do suposto corpo perfeito faz com que o usuário não leve em consi-deração o acúmulo de problemas físicos ocasionados pela falta de acompanhamento médico nos exercícios e pelo uso de suplemen-tos sintéticos, que são prejudiciais à saúde e até ilegais.

É o caso de Márcio Gonzaga, 33 anos, mais conhecido nas aca-demias e lojas de suplemento ali-mentar como Márcio Bomba. Ele foi usuário de anabolizantes entre os 17 e os 27 anos, até que foi parar numa UTI com gordura no fígado e pressão alta. “Eu era o mais franzi-no na turma, me achava o patinho feio. Entrei na academia para ga-nhar corpo e não via resultados. Foi aí que comecei a usar anabolizante, até que parei no hospital”, relata.

A busca do corpo perfeito fez com que Bomba começasse com os anabolizantes chamados Deca Durabolin e Hemogenin. O pri-meiro é injetável, ajuda a ganhar peso. É feito para pessoas com

raquitismo, problemas de ossos e de crescimento. O segundo é um comprimido e serve para ga-nhar massa muscular. Ambos são sintéticos, tóxicos e prejudiciais à saúde, se utilizados sem estrito acompanhamento médico.

Márcio destaca que, em me-nos de dois anos, ganhou cerca de 25kg, alcançando 80kg de massa corporal, mas tudo não passava de ilusão. “O músculo retém líquido e fica inchado. É apenas água. Se você para de tomar anabolizante e não se alimenta bem, perde o que ganhou, pois não houve o desen-volvimento da fibra muscular. Isso vira uma doença. Quanto mais tem, mais você quer”, diz.

Para o nutricionista esportivo Rodrigo Valim, a lista de proble-mas gerados em usuários de ana-bolizantes é enorme. “O fígado, os rins e o coração, órgãos vitais, são os que ficam mais comprometidos. É normal aparecer diabetes e hi-pertensão, problemas hepáticos e renais. Sem contar a supressão na produção natural de testosterona, o aparecimento de tumores (cân-cer) e até levar à morte”, destaca.

Jeferson de Oliveira, 36 anos, conhece bem esses problemas. Além de usar anabolizantes junto com o amigo Márcio, ele aplicou insulina, que faz uma pessoa sau-dável aumentar o apetite em cinco vezes, gerando aumento de peso muito rápido e nada saudável, já que a substância é utilizada no tratamento da diabetes e também só pode ser usada com prescrição médica. Em excesso, pode causar

problemas no pâncreas e no fíga-do. Jeferson, que em 1998 saiu em uma revista nacional exibindo os músculos, teve edema cerebral e parada respiratória em 2004, re-sultado do uso indevido de ana-bolizantes e insulina, sem prescri-ção médica.

Um amigo em comum de Már-cio e Jeferson teve sorte diferente e o corpo não venceu os problemas causados pelas bombas. Em 2002, foi internado na UTI após uso constante e indiscriminado de ana-bolizantes. Roberto tinha 23 anos, pesava 105 kg e morreu no mesmo ano com câncer no fígado.

Corpo definido e saudávelAtualmente, há mais de 100 lo-

jas no DF destinadas à venda de produtos para suplementação ali-mentar – preparações destinadas a complementar a dieta e fornecer nutrientes, como vitaminas, mi-nerais, fibras, entre outros. Os su-plementos alimentares devem ser prescritos por médicos ou nutri-cionistas. Assim os profissionais podem avaliar a necessidade do paciente, além de indicar a forma correta de uso de cada produto.

Rodrigo Valim também faz questão de explicar a diferença entre suplemento alimentar e ana-bolizante: “Suplementos são vita-minas, minerais, fibras, proteínas, que podem ser encontrados tam-bém nos alimentos. Anabolizan-tes são hormônios, são sintéticos e prejudiciais a saúde”, destaca o nutricionista.

Portanto, é possível ter um corpo tonificado e saudável ao mesmo tempo. Porém, Rodri-go ressalta que nada substitui a alimentação equilibrada. “Posso afirmar que 50% do resultado de um treino dependem da alimenta-ção. Cerca de 40 a 45% dependem de um bom treino e de 5 a 10% conseguimos melhorar com o uso seguro de suplementos alimenta-res”, calcula.

Márcio acredita que as dicas da-das em redes sociais e por pessoas comuns não possuem credibilida-de, caso os autores são sejam capa-citados para isso. “Depois de tudo que eu vivi e estudei posso dizer que anabolizantes fazem mal e que é possível ter um corpo legal com a alimentação, atividade física e su-plementação”.

Acompanhado por especialistas, Márcio Bomba usa oito suplementos diferentes por dia

Foto: Guilherme Azevedo

22

bEm-ESTAR enVelheCimento saudÁVel

centro de conViVÊncia: aliado da terceira idade

idosos se unem em grupos para combater problemas de saúde de uma maneira inusitada

Bianca Lima e Rosália Almeida

Segundo pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Es-

tatística (IBGE), o Brasil possui mais de 14 milhões de pessoas acima de 60 anos. Diabetes, pres-são alta, problemas na coluna e depressão são algumas das doen-ças que costumam afetá-las. Pen-sando nisso, o governo criou nos postos de saúde o Centro de Con-vivência de Idosos (CCI), um pro-grama que, reúne, em média, três vezes na semana, um grupo para exercitar o corpo e a mente.

O programa acontece na maio-ria dos postos de saúde do Distrito Federal e, além da ginástica, conta com palestras sobre pressão alta, diabetes e outros problemas físi-cos e mentais. Alguns postos ofe-recem ainda cursos de artesanato, bordados, aulas de alfabetização, automassagem, dança e terapia co-munitária, entre outras atividades.

Os grupos são divididos por re-gionais. No DF existem 15, cada uma com um coordenador em saúde do idoso. Cada regional tem autonomia para desenvolver suas atividades, podendo também in-teragir com outras regionais.

Em Ceilândia as atividades são desenvolvidas nos centros de saúde 7, 8, 9 e 10. Com exceção do Centro nº 3, todos possuem um professor de Educação Física para aulas de ginástica. Na ma-nhã do primeiro sábado de cada mês acontece a “escola de idosos”, quando uma equipe interdiscipli-nar faz avaliação dos participantes e são realizadas atividades de edu-cação em saúde. Outra ação im-

portante é a oficina de prevenção de quedas, que ocorre somente para idosos que foram avaliados e inseridos no grupo.

Ceilândia conta ainda com dois Centros Olímpicos, onde existe o programa Bombeiro Amigo. São desenvolvidas atividades como gi-nástica, dança, coral, horta, arte-sanato e informática. A inscrição para participar do programa pode ser feita no Corpo de Bombeiros da Hélio Prates.

Na Regional do Gama são ofe-recidos programas de pintura às segundas-feiras, das 14 às 17h. No período da manhã, atividades de passeio e viagens. Em Taguatinga acontecem capoterapia, oficinas de estimulação da memória e hidrogi-nástica, entre outras atividades.

As sessões de ginástica costu-mam acontecer em quadras de esporte das escolas públicas e pra-cinhas perto dos centros de saúde. Os participantes enxergam nesse projeto uma oportunidade de es-quecer os problemas e se distrair com amigos. A aposentada Luzi-nete Santos Leite (72), frequenta as atividades há dois anos no Cen-tro de Saúde nº 2 de Samambaia. Ela diz que o Centro é um lugar muito divertido onde ela pode es-quecer as dores na coluna e con-versar sobre a vida.

Ainda conta que antes de co-meçar a participar do programa se sentia muito sozinha. Luzine-te também participa das aulas de ginástica e do curso de bordados que o posto oferece.

Dentro do programa, os idosos fazem amigos, trocam experiên-cias e conseguem se distrair de

uma maneira saudável. Os médi-cos apreciam essas iniciativas do governo, pois são uma possibili-dade dos idosos se cuidarem de uma forma divertida.

A ginástica é uma aliada no tratamento de doenças crônicas como a pressão alta. “Além do benefício cardíaco, a atividade física melhora a densidade óssea, evitando osteoporose e fraturas. Melhora a força muscular, o equi-líbrio e o desenvolvimento das atividades diárias, promovendo maior independência ao idoso”, afirma a médica Thais Amancio, vice-coordenadora do programa Saúde do Idoso, da Secretaria de Saúde.

Os CCIs funcionam há 20 anos e são bastante frequentados, até por pessoas ainda não conside-radas idosas. Juliana Santos, por exemplo, tem 45 anos e já partici-pa das atividades. “Eu adoro fazer parte do Centro. É uma boa opor-tunidade de me distrair e cuidar

da saúde ao mesmo tempo”, de-clara. Juliana conta que não era uma adepta da atividade física, mas aprendeu a gostar depois que entrou para o programa.

InvestimentoAinda existem propostas de

melhorias. A Secretaria de Saú-de está finalizando a compra de equipamentos para montar um Circuito Multissensorial em cada regional, com o objetivo de evitar quedas em idosos. Além disso, está sendo firmado um contra-to com a Secretaria de Educação para a realização de atividades fí-sicas em pacientes encaminhados pela Secretaria de Saúde.

A participação nos Centros é gratuita. Basta o idoso procurar o posto de saúde mais próximo de casa e se inserir no progra-ma, que hoje abrange todo o Distrito Federal. Todos os gru-pos podem se juntar para reali-zação de uma só atividade.

Foto: Flávia Fonseca

Aula de ginástica reúne idosos no CCI do Recanto das Emas

23bEm-ESTAR

A Unilever, em parceria com o Ibope, realizou a pesquisa

“Brasileiras e os Cabelos” e nela foi detectado que 49% das brasi-leiras optam pelo liso absoluto, 22% preferem os cachos, 21% o ondulado e 8% o crespo. Para do-mar os fi os, as mulheres recorrem à escova progressiva com formol. A substância, também conhecida por formaldeído, formalina ou aldeído fórmico, é utilizada para

conservar pro-dutos e pode trazer graves p r o b l e m a s para a saúde do cliente e do ca-beleireiro. De-vido aos riscos de intoxicação, a venda do for-mol foi proi-bida em 2009 pela Agência Nacional de Vi-gilância Sani-tária (Anvisa). Além disso, o f o r m a l d e í d o é considerado c a n c e r í g e n o pela Organiza-ção Mundial de Saúde (OMS).

Para desmis-tifi car alguns assuntos e es-clarecer das dú-vidas comuns, o Artefato foi atrás dos salões e descobriu que a média de for-mol usada para o alisamento é de 37%, quan-

do a legislação sanitária permite 0,2%. “Mesmo com a proibição, muitos profi ssionais continuam usando a substância, o que preju-dica a nossa imagem, pois quando não se respeita uma determinação o prejuízo é de todos nós”, revela a cabeleira Marciana Rodrigues.

A Anvisa informa que o consu-midor pode denunciar salões que fazem uso do formol às vigilâncias sanitárias locais ou à ouvidoria da agência reguladora.

A empresária Léa Nascimento

acreditou no investimento pesado da indústria para chegar a fórmu-las quase mágicas e ter fi os doma-dos para melhorar o visual. Seu sonho transformou-se em gastos excessivos com médicos para re-cuperar o couro cabeludo, que foi queimado e teve queda parcial dos fi os e a autoestima. “Achei que fosse morrer, não me reconheci quando vi meu refl exo no espe-lho. Os efeitos do formol tiraram o meu sono, sem contar as lesões na pele e nos olhos. Acreditei na efi ciência de um produto que não foi proporcional às minhas expec-tativas”, afi rma.

O dermatologista Erasmo Tokarski adverte: “O formol é neu-rotóxico (prejudicial ao sistema nervoso), nefrotóxico (prejudicial aos rins), altera a função cardíaca, provoca ardência nos olhos, irrita a pele, descama o couro cabeludo e pode levar, inclusive, a uma que-da de cabelo irreversível. Quando inalado, também prejudica os pul-mões”. Cabelos com formol fi cam sem nutrientes, já que tratamen-tos hidratantes não aderem ao fi o. “O formol altera a estrutura do DNA do cabelo, deixando-o liso, com brilho e aspecto de hidrata-ção, porém é só uma ‘maquiagem’ que cria uma espécie de capa que encobre os estragos internos”, acrescenta o médico.

O uso inadequado do formol tem causado muito mal estar, por isso a indústria cosmética desen-volveu fórmulas de alisar os fi os sem causar prejuízos à saúde, como ácido hialurônico e cisteí-na, mas a dermatologista Luciana

estÉtiCa

oS perigoS do formolEm alta concentração e frequência, a substância

produz células cancerígenas

contato com a pele (couro cabeludo) - Causa irritação à pele, dor e queimaduras;

contato com os olhos - Cau-sa irritação, vermelhidão, dor, lacrimação e visão embaçada. Altas concentrações causam danos irreversíveis;

inalação - pode causar cân-cer no aparelho respiratório. dor de garganta, irritação do nariz, tosse, diminuição da fre-quência respiratória, irritação e sensibilização do trato respira-tório. pode ainda causar graves ferimentos nas vias respirató-rias, levando a edema pulmo-nar e pneumonia. Fatal em al-tas concentrações;

exposição crônica - Fre-quente ou prolongada exposi-ção pode causar hipersensibi-lidade, levando a dermatites. Contato repetido ou prolonga-do pode causar reação alérgica, debilitação da visão e aumento do fígado.

fonte: Agência nacional de Vigilância Sanitária ‒ Anvisa

Foto: Jusciane Matos

Vasconcelos alerta: “Não existe uma forma absolutamente segu-ra, existem fórmulas que não são tóxicas, mas ainda assim são com-ponentes químicos que podem afetar a saúde. O ideal é aceitar o cabelo natural e investir em hi-dratações e em uma alimentação saudável, que vão refl etir em um cabelo bonito”.

Em grandes concentrações, o formol age quebrando a queratina dos fi os e pode causar danos irreversíveis a saúde

riScoS

Natália Alves

24

CARDÁPIO

Quem trabalha sabe que o cor-po precisa de um tempo para

descanso e alimentação. E nada melhor para repor as energias do que um bom prato de comida quentinha. Entretanto, a prepa-ração por vezes duvidosa dos ali-mentos e o preço que alguns res-taurantes (quase sempre lotados) cobram, transformam o horário de almoço em dor de cabeça. Por esses motivos, a boa e velha mar-mita ainda é uma alternativa para quem precisa comer fora de casa.

Iranilda Menezes, 50 anos, é ser-vidora pública há quase 30 e du-

rante toda trajetória trabalhista, sustentou o hábito de preparar a própria refeição. Para ela, o costu-me de levar a marmita feita em casa não constitui nenhum desconforto ou vergonha. Ao contrário, Iranil-da vê muitas vantagens: “Eu gosto do meu tempero. Comer na rua é bom em ocasiões especiais, mas todo dia acaba enjoando. É bem melhor comer algo que sabemos como foi preparado”.

A marmita pode se tornar foco de bactérias nocivas à saúde. O alerta vem do nutricionista especia-lizado em Tecnologia da Alimen-

tação, Marcus Vinicius Cerqueira. Segundo ele, a comida deve ser bem conservada e a preparação deve ser feita, de preferência, horas antes do

refeiÇÃo

a QuentinHa de todo diapreparar a marmita em casa e levar para o ambiente de trabalho é um hábito

comum entre os brasileiros. porém, o costume exige cuidados especiais

4 dicaS para preparar Sua marmita:1. preparar a marmita no mesmo dia que for consumir;2. Aquecer a comida antes de colocar na marmita e de

consumi-la;2. Evitar alimentos que levam molhos, como macarrão, lasanha

e estrogonofe;3. Usar recipientes de vidro ou de alumínio. Recipientes de

plástico acumulam bactérias;4. Colocar a salada em um recipiente separado.

consumo. “Se a ingestão do alimen-to for feita, pelo menos, no mesmo dia em que ele foi preparado, as chances de intoxicação diminuem signifi cativamente”, explica.

Jeitinho brasileiroIranilda sai de casa 7h30 para

ir trabalhar. Como não tem tem-po pela manhã, ela prepara sua refeição no dia anterior e guarda na geladeira. Em casos como esse, a dica é aquecer os alimentos an-tes de colocá-los na marmita. “O aquecimento impede o cresci-mento de microorganismos in-desejáveis. É importante que saia aquela ‘fumacinha’ da comida”, aconselha Marcus Cerqueira.

Arroz, feijão, carnes e salada são indispensáveis no prato do brasilei-ro, entretanto, é recomendável que folhas e hortaliças sejam levadas em um recipiente separado. É o que diz Cerqueira: “O ideal é separar ali-mentos perecíveis, ou seja, que es-tragam mais facilmente, de alimen-tos que, em geral, vão na marmita”. Iranilda tem esse costume. “Sempre separo as verduras em vasilhas dife-rentes, coloco as refogadas em uma e as cruas em outra. Só tempero pouco antes de comer”, afi rma.

Foto: Lucas Ribeiro

Uma marmita saudável inclui usar recipientes de vidro e separar legumes e verduras em vasilhas diferentes

Bárbara Nascimento e Suélen Emerick