art. 198 lei 5746 2005.pdf

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SENADO FEDERAL PARECER Nº 1.337, DE 2005 Da Comissão de Assuntos Sociais, sobre o Projeto de Lei do Senado nº 19, de 2003, de autoria do Senador Marcelo Cri- vella, que altera o art. 198 da Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decre- to-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Relator: Senador Ney Suassuna Relator Ad Hoc, Senador Paulo Paim I - Relatório O Projeto de Lei do Senado nº 19, de 2003, que alte- ra o art. 198 da Consolidação das Leis do Trabalho, apro- vada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, é de autoria do eminente Senador Marcelo Crivella. A alteração proposta ao caput do art. 198 da CLT está consignada nos seguintes termos: Art. 198. É de 2º kg (vinte quilogramas) o peso máximo que um empregado pode remover, individual- mente, ressalvadas as disposições especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher. Na sua justificação o eminente autor apresenta como razões pala aprovação da matéria, os seguintes argumentos: O art. 198 da Consolidação das Leis do Trabalho, que integra a Seção XIV do Capítulo referente à “Se- gurança e Medicina do Trabalho”, mantém fixado em 60 quilos, há mais de meio século o peso máximo a ser suportado pelo trabalhador na sua faina de levan- tamento, transporte e descarga de mercadorias. Á época, obviamente, era incipiente a utilização de sistemas mecanizados de transporte de materiais como, por exemplo, por empilhadeiras ou esteiras ro- lantes, sendo feito manualmente, mesmo na estiva, na carga e descarga de caminhões ou trens, principalmen- te de produtos agrícolas como café, açúcar, milho, trigo e etc., acondicionados em sacos de 60 ou 50 quilos, como até hoje, até porque, no caso do café, seu preço do mercado continua fixado “por saca”. Trabalho extremamente estafante, exige um con- dicionamento físico atlético, o que evidentemente, não condiz com o biótipo do trabalhador brasileiro de reduzida massa corporal, em regra subnutrido e de estatura mediana. Estudos recentes na área da ergonomia, relacio- nada à medicina do trabalho, não mais recomendam a manutenção do peso estabelecido pela CLT, a qual, no particular, encontra-se desatualizada, não só face às recomendações da OIT, expressas na Convenção 127, aprovada e vigente no Brasil desde 1971, bem como às próprias normas da NR-17, emitida pelo Mi- nistério do Trabalho, que trata da prevenção da fadiga somática, comumente causadora de acidentes do tra- balho. Muito embora tal Convenção não tenha fixado o peso máximo admissível, deixando o assunto para a legislação de cada país, recomenda que a carga má- xima suportável não deve comprometer a saúde ou a segurança do trabalhador. Nessas condições, é mais que conveniente, por atender, não só as aludidas normas, mas como observado, a estudos da medicina do trabalho apli- cados ao trabalhador brasileiro, que urge a altera- ção do peso fixado no art. 198 da CLT, reduzindo-o

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  • SENADO FEDERAL

    PARECER N 1.337, DE 2005

    Da Comisso de Assuntos Sociais, sobre o Projeto de Lei do Senado n 19, de 2003, de autoria do Senador Marcelo Cri-vella, que altera o art. 198 da Consolidao das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decre-to-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943.

    Relator: Senador Ney SuassunaRelator Ad Hoc, Senador Paulo Paim

    I - Relatrio

    O Projeto de Lei do Senado n 19, de 2003, que alte-ra o art. 198 da Consolidao das Leis do Trabalho, apro-vada pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943, de autoria do eminente Senador Marcelo Crivella.

    A alterao proposta ao caput do art. 198 da CLT est consignada nos seguintes termos:

    Art. 198. de 2 kg (vinte quilogramas) o peso mximo que um empregado pode remover, individual-mente, ressalvadas as disposies especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher.

    Na sua justicao o eminente autor apresenta como razes pala aprovao da matria, os seguintes argumentos:

    O art. 198 da Consolidao das Leis do Trabalho, que integra a Seo XIV do Captulo referente Se-gurana e Medicina do Trabalho, mantm xado em 60 quilos, h mais de meio sculo o peso mximo a ser suportado pelo trabalhador na sua faina de levan-tamento, transporte e descarga de mercadorias.

    poca, obviamente, era incipiente a utilizao de sistemas mecanizados de transporte de materiais

    como, por exemplo, por empilhadeiras ou esteiras ro-lantes, sendo feito manualmente, mesmo na estiva, na carga e descarga de caminhes ou trens, principalmen-te de produtos agrcolas como caf, acar, milho, trigo e etc., acondicionados em sacos de 60 ou 50 quilos, como at hoje, at porque, no caso do caf, seu preo do mercado continua xado por saca.

    Trabalho extremamente estafante, exige um con-dicionamento fsico atltico, o que evidentemente, no condiz com o bitipo do trabalhador brasileiro de reduzida massa corporal, em regra subnutrido e de estatura mediana.

    Estudos recentes na rea da ergonomia, relacio-nada medicina do trabalho, no mais recomendam a manuteno do peso estabelecido pela CLT, a qual, no particular, encontra-se desatualizada, no s face s recomendaes da OIT, expressas na Conveno n 127, aprovada e vigente no Brasil desde 1971, bem como s prprias normas da NR-17, emitida pelo Mi-nistrio do Trabalho, que trata da preveno da fadiga somtica, comumente causadora de acidentes do tra-balho. Muito embora tal Conveno no tenha xado o peso mximo admissvel, deixando o assunto para a legislao de cada pas, recomenda que a carga m-xima suportvel no deve comprometer a sade ou a segurana do trabalhador.

    Nessas condies, mais que conveniente, por atender, no s as aludidas normas, mas como observado, a estudos da medicina do trabalho apli-cados ao trabalhador brasileiro, que urge a altera-o do peso xado no art. 198 da CLT, reduzindo-o

  • 2para 20 quilogramas, como forma de evitar a fadiga, com vista preservao da sade e da melhoria das condies do trabalho do empregado em tais atividades.

    Trata-se, sem dvida, de matria relevante, con-siderando o enorme alcance social que tal benefcio, uma vez implementado, acarretar aos trabalhadores brasileiros inseridos em atividades fsicas estafantes, sujeitos a riscos no que concerne a segurana e sa-de no trabalho.

    No prazo regimental, proposio no foram apresentadas emendas.

    II Anlise

    Nos termos do art. 90, inciso I, c/c o art. 100, inciso I, do Regimento Interno do Senado Federal, compete Comisso de Assuntos Sociais dar parecer sobre o presente projeto de lei.

    O art. 198 da CLT, que se pretende alterado, es-tabelece o seguinte:

    Art. 198. de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso mximo que um empregado pode remover in-dividualmente, ressalvadas as disposies especiais relativas ao Trabalho do menor e da mulher.

    Observa-se que a modicao legislativa que se pretende implementar est concentrada no peso que um trabalhador empregado pode remover individual-mente, ressalvadas as condies especiais aplicadas mulher e ao menor. Assim, o peso mximo que hoje de 60 (sessenta quilogramas) seria diminudo para 20 (vinte quilogramas).

    Assiste razo ao eminente autor do projeto quan-do salienta o anacronismo do dispositivo em vigor. Na era contempornea, onde tantos recursos mecnicos e tecnolgicos so disponibilizados pela cincia, no h como se aceitar o limite vigente de 60 kg (sessenta quilogramas), como peso mximo que um trabalhador pode deslocar individualmente.

    Realmente, no mais se justica a manuteno do limite de carga a ser suportado individualmente por um trabalhador em 60Kg nos dias atuais.

    Necessrio esclarecer que a regra se refere ao peso a ser transportado atualmente, sem auxlio de qualquer equipamento. No caso de transporte de car-gas mediante quaisquer outros aparelhos mecnicos prevalece o estabelecido no pargrafo nico:

    Art. 198. ................................................

    Pargrafo nico. No est compreendida na proibio deste artigo a remoo de material feita por impulso ou trao de vagonetes so-bre trilhos, carros de mo ou quaisquer outros aparelhos mecnicos, podendo o Ministrio do Trabalho, em tais casos, xar limites diver-sos, que evitem sejam exigidos do empregado servios superiores as suas foras. (Redao dada pela Lei n 6.514, de 22-12-1977)

    Assim, o empregador que providenciar a insta-lao de equipamentos adequados, visando a que o transporte de cargas se d por meios mecnicos, no estar restrito ao limite previsto no capta.

    As normas relativas segurana e medicina do trabalho visam estabelecer limites e regras mnimas, num esforo de preveno, evitando-se a necessidade de indenizar o empregado que submetido a condi-es de trabalho agressivas sua sade, porquanto no h como aferir nanceiramente o quanto vale a integridade fsica e mental de um indivduo.

    Nesse sentido, os ensinamentos de Segadas Vianna e Arnaldo Sssekind: No basta, eviden-temente, assegurar uma indenizao ou proven-tos mensais ao trabalhador vitimado por acidente de trabalho ou doena prossional. Nesse sentido no podem ser esquecidas as palavras do saudoso Ministro Alexandre Marcondes Filho, ressaltando o lado profundamente humano da segurana e da medicina do trabalho: A vida humana tem, certamen-te, um valor econmico. E um capital que produz e os aturios e matemticos podem avali-lo. Mas a vida do homem possui, tambm, um imenso valor afetivo e um valor espiritual inestimvel, que no se podem, pagar com todo o dinheiro do mundo. Nisto consiste, sobretudo, o valor da preveno em que se evita a perda irreparvel de um pai, de um marido, de um lho, enm daquele que sustenta o lar proletrio e preside os destinos de sua famlia. A preveno como a sade. Um bem no 1 qual s reparamos quando o acidente e a molstia chegam .(Instituies de Direito do Trabalho, 17 ed. So Paulo: LTr; 1997, V. II, pg. 899).

    No h como resistir aos argumentos na forma como colocados pelos ilustres juristas. Assim, a am-pliao das medidas que assegurem a segurana e a sade do trabalhador devem ser implementadas e adaptadas a nossa realidade.

  • 3

    No podemos deixar de considerar, entretanto, o novo patamar que ser xado; como limite de peso a ser transportado manualmente, que de 20 Kg, ressalvando-se as disposies especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher.

    A Norma Regulamentadora n 17, expedida pelo Ministrio do Trabalho e Emprego Portaria n 3.214/78, que enumera medidas de ergonomia que devem ser observadas nos locais de trabalho, estabelece que quando mulheres e trabalhadores jovens forem de-signados para o transporte manual de cargas, o peso mximo destas cargas dever ser nitidamente inferior quele admitido para os homens, para no compro-meter a sua sade ou a sua segurana.

    No mesmo sentido a Conveno n 127 da CLT, aprovada e vigente no Brasil desde 1971, estabelece no seu artigo 7 que quando se empregarem mulheres e jovens trabalhadores no transporte manual de cargas, o peso mximo desta carga dever ser consideravel-mente inferior ao que se admite para trabalhadores adultos do sexo masculino.

    Ocorre que a CLT estabelece os seguintes li-mites para o transporte manual de cargas para a mulher:

    Art. 390. Ao empregador vedado empregar a mulher em servio que demande o emprego de fora muscular superior a 20 (vinte) quilos para o trabalho contnuo, ou 25 (vinte e cinco) quilos para o trabalho ocasional.

    Pargrafo nico. No est compreendida na determinao deste artigo a remoo de material feita por impulso ou trao de vagonetes sobre trilhos, de carros de mo ou quaisquer aparelhos mecnicos.

    No que se refere ao menor, no h dispositivo pertinente matria no texto consolidado. Devese, todavia, entenderse, analogicamente, serem os mes-mos limites estabelecidos para as mulheres, haja vis-ta ser vedado ao menor o trabalho noturno, perigoso, insalubre, em locais prejudiciais sua formao, ao seu desenvolvimento fsico, psquico, moral e social. (CF, art. 7, XXXIII, CLT, arts. 403 e 405).

    Para atender as diretrizes traadas tanto pela Conveno n 127, quanto plo Ministrio do Traba-lho e Emprego, seria necessrio alterar tambm O texto do art. 390 da CLT. Outra alternativa seria que os novos 1 imites a serem xados para . o transporte manual de cargas para homens adultos fosse dimi-

    nudo para um patamar que casse abaixo dos 60

    kg atuais, mas acima de 20Kg, que o limite para

    as mulheres.

    Ante tais circunstncias, propomos que uma re-

    duo de 50% (cinqenta por cento) no limite atual-

    mente estabelecido pelo caput do art. 198 da CLT, -

    xandose como novo limite mximo o peso de 30 kg

    (trinta kilogramas).

    Propomos tambm que seja xado o prazo de um

    ano para que a nova lei entre em vigor, oportunizando

    aos empregadores a adoo das medidas necessrias

    a implementao destas novas regras, e por ltimo

    apresentamos correes na ementa do projeto visando

    o aperfeioamento da tcnica legislativa.

    III Voto

    Em face do exposto, votamos pela aprovao do

    Projeto de Lei do Senado n 19, de 2003, nos termos

    do seguinte.

    Emenda n 1 (CAS) (Substitutivo)

    PROJETO DE LEI DO SENADO N 19, DE 2003

    Altera o art. 198 da Consolidao das

    Leis do Trabalho, aprovada pelo DecretoLei

    n 5.452, de 1 de maio de 1943, que dispe

    sobre o peso mximo que um trabalhador

    pode remover individualmente.

    O Congresso Nacional decreta:

    Art. 1 O caput do art. 198 da Consolidao

    das Leis do Trabalho, aprovada pelo DecretoLei n

    5.452, de 1 de maio de 1943, passa a vigorar dom a

    seguinte redao:

    Art. 198. de 30 kg (trinta quilogramas)

    o peso mximo que um empregado pode re-

    mover, individualmente, ressalvadas as dis-

    posies especiais relativas ao trabalho do

    menor e da mulher. (NR).

    Art. 2 Esta lei entra em vigor um ano aps a data

    de sua publicao.P

  • 4

  • 5

  • 6LEGISLAO CITADA ANEXADA PELA SECRETARIA-GERAL DA MESA

    CONSTITUIO DA REPBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

    ....................................................................................Art. 7 So direitos dos trabalhadores urbanos

    e rurais, alm de outros que visem melhoria de sua condio social:....................................................................................

    XXXIII - proibio de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer tra-balho a menores de dezesseis anos, salvo na condio de aprendiz, a partir de quatorze anos; (Redao dada pela Emenda Constitucional n 20, de 1998)....................................................................................

    DECRETO-LEI N 5.452, DE 1 DE MAIO DE 1943

    Vide texto compilado

    Aprova a Consolidao das Leis do Trabalho.

    ....................................................................................Art. 390. Ao empregador vedado empregar a

    mulher em servio que demande o emprego de fora muscular superior a 20 (vinte) quilos para o trabalho contnuo, ou 25 (vinte e cinco) quilos para o trabalho ocasional.

    Pargrafo nico. No est compreendida na de-terminao deste artigo a remoo de material feita por impulso ou trao de vagonetes sobre trilhos, de carros de mo ou quaisquer aparelhos mecnicos.

    Art. 403. proibido qualquer trabalho a meno-res de dezesseis anos de idade, salvo na condio de aprendiz, a partir dos quatorze anos. (Redao dada pela Lei n 10.097, de 19-12-2000)

    Pargrafo nico. O trabalho do menor no poder ser realizado em locais prejudiciais sua formao, ao seu desenvolvimento fsico, psquico, moral e so-cial e em horrios e locais que no permitam a freq-ncia escola. (Redao dada pela Lei n 10.097, de 19.12.2000)

    a) revogada: (Redao dada pela Lei n 10.097, de 19-12-2000)

    b) revogada. (Redao dada pela Lei n 10.097, de 19-12-2000)

    Art. 405 - Ao menor no ser permitido o tra-balho: (Redao dada pelo Decreto-lei n 229, de 28-2-1967)

    I - nos locais e servios perigosos ou insalubres, constantes de quadro para esse m aprovado pelo Diretor Geral do Departamento de Segurana e Hi-

    giene do Trabalho; (Includo pelo Decreto-lei n 229, de 28-2-1967)

    II - em locais ou servios prejudiciais sua moralidade. (Includo pelo Decreto-Lei n 229, de 28-2-1967)

    1 (Revogado pela Lei 10.097. de 19.12.2000) 2 O trabalho exercido nas ruas, praas e

    outros logradouros depender de prvia autoriza-o do Juiz de Menores, ao qual cabe vericar se a ocupao indispensvel sua prpria subsistn-cia ou de seus pais, avs ou irmos e se dessa ocupao no poder advir prejuzo sua formao moral. (Redao dada pelo Decreto-lei n 229, de 28-2-1967)

    3 Considera-se prejudicial moralidade do menor o trabalho: (Redao dada pelo Decreto-lei n 229, de 28-2-1967)

    a) prestado de qualquer modo, em teatros de re-vista, cinemas, boates, cassinos, cabars, dancing e estabelecimentos anlogos; (Includa pelo Decreto-lei n 229, de 28-2-1967)

    b) em empresas circenses, em funes de acro-bata, saltimbanco, ginasta e outras semelhantes; (In-cluda pelo Decreto-lei n 229, de 28-2-1967)

    c) de produo, composio, entrega ou venda de escritos, impressos, cartazes, desenhos, gravuras, pinturas, emblemas, imagens e quaisquer outros ob-jetos que possam, a juzo da autoridade competente. prejudicar sua formao moral; (Includa pelo Decreto-lei n 229, de 28-2-1967)

    d) consistente na venda, a varejo, de bebidas alcolicas. (Includa pelo Decreto-lei n 229, de 28-2-1967)

    4 Nas localidades em que existirem, ocial-mente reconhecidas, instituies destinadas ao ampa-ro dos menores jornaleiros, s aos que se encontrem sob o patrocnio dessas entidades ser outorgada a autorizao do trabalho a que alude o 2. (Includo pelo Decreto-lei n 229, de 28-2-1967)....................................................................................

    5 Aplica-se ao menor o disposto no art. 390 e seu pargrafo nico. (Includo pelo Decreto-lei n 229, de 28-2-1967)....................................................................................

    LEI N 6.514, DE 22 DE DEZEMBRO DE 1977

    Altera o Captulo V do Ttulo II da Con-solidao das Leis do Trabalho, relativo a segurana e medicina do trabalho e d ou-tras providncias.

    ....................................................................................

  • 7

    TEXTO FINAL DO PROJETO DE LEI DO SENADO N 19, DE 2003 (SUBSTITUTIVO)

    APROVADO PELA COMISSO DE ASSUNTOS SOCIAIS EM REUNIES

    NOS DIAS 2 DE JUNHO DE 2005 E 14 DE JUNHO DE 2005, RESPECTIVAMENTE

    Altera o art. 198 da Consolidao das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943, que dispe sobre o peso mximo que m trabalhador pode remover individualmente.

    O Congresso Nacional decreta:Art. 1 O caput do art. 198 da Consolidao das

    Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943, passa a vigorar com a seguin-te redao:

    Art. 198. de 30 kg (trinta quilogramas) o peso mximo que um empregado pode re-mover, individualmente, ressalvadas as dis-posies especiais relativas ao trabalho do menor e da mulher.

    .................................................... (NR)

    Art. 2 Esta lei entra em vigor um ano aps a data de sua publicao.

    Sala da Comisso, 14 de junho de 2005 Sena-dor Antnio Carlos Valadares, Presidente Senador Paulo Paim, Relator.

    DOCUMENTOS ANEXADOS PELA SE-CRETARIA-GERAL DA MESA

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valada-res) Havendo nmero regimental, declaro aberta a 78 reunio extraordinria da Comisso de Assuntos Sociais, da 3 Sesso Legislativa Ordinria, da 50 Legislatura.

    Antes de iniciarmos nossos trabalhos, proponho a dispensa da leitura e a aprovao da ata da reunio anterior.

    Os Srs. Senadores que a aprovam queiram per-manecer sentados. (Pausa)

    Aprovada.Item 1:Atendendo aos requerimentos n 64/2003, de au-

    toria do Senador Mo Santa, e n 8/2005, de autoria dos Senadores Marcelo Crivella e Papalo Paes, para deba-ter sobre o Projeto de Lei do Senado n 19, de 2003, que altera o art. 198 da Consolidao das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943, que xa o peso mximo de 20 quilogramas que o empregado pode remover individualmente, contamos

    com a participao dos seguintes convidados que faro uma exposio de dez minutos cada um.

    Devido ao adiantado da hora, encarecemos aos senhores convidados que cumpram religiosamente esse horrio, tendo em vista que, logo aps, deve-remos comparecer a reunies de outras comisses e em breve ter incio uma nova sesso plenria do Senado Federal.

    Esto presentes os senhores Jos Calixto Ramos, Presidente da Confederao Nacional dos Trabalha-dores da Indstria, CNTI; Eduardo Lrio Guterra, Pre-sidente da Federao Nacional dos Porturios; Maria de Lourdes Moure, Coordenadora-Geral de Normali-zao em Programas do Departamento de Seguran-a e Sade no Trabalho; Dr Maria Helena da Silva Guthier, Coordenadora Nacional de Defesa do Meio Ambiente e do Trabalho, do Ministrio Pblico do Tra-balho. Comunico que o Sr. Manoel Jos dos Santos, Presidente da Confederao dos Trabalhadores da Agricultura, CONTAG, apesar de ter sido convidado, informou Secretaria da Comisso, por e-mail, que no poderia comparecer, devido a compromissos as-sumidos anteriormente.

    Concedo a palavra Dr Maria Helena da Silva Guthier para sua exposio, por dez minutos.

    A SRA. MARIA HELENA DA SILVA GUTHIER Tentarei ser bastante objetiva.

    Primeiramente, agradeo o convite formulado ao Ministrio Pblico do Trabalho para que estivesse presente. Peo desculpas pela minha voz, pois estou bastante rouca h alguns dias.

    A iniciativa desse projeto de lei, para o Ministrio Pblico, est de acordo com a nossa atuao no dia-a-dia. Para o Ministrio Pblico, a atuao preventiva a mais importante. Como os senhores sabem, o Mi-nistrio Pblico do Trabalho investiga as empresas e tenta adequar sua conduta aos Termos de Ajustamento de Conduta, que so compromissos feitos voluntaria-mente pelas empresas melhorando as condies de trabalho sem que haja ao judicial.

    A atuao preventiva, por meio do termo de ajus-tamento de conduta que ns privilegiamos tanto, tem repercusso muito pequena, porque, normalmente, atinge uma empresa que est sendo investigada. Em alguns casos, o Ministrio Pblico faz a investigao de um determinado ramo de atividade econmica ten-tando melhorar as condies para esse setor. Mesmo assim, a nossa atuao acaba sendo isolada.

    Um projeto de lei que pretende mudar uma con-dio de trabalho e tm um alcance to grande com o esse que estamos discutindo sempre muito bem visto pelo Ministrio Pblico do Trabalho, porque, na verdade, quando se altera o peso mximo que um

  • 8trabalhador pode levantar sozinho, sem o auxlio de equipamentos ou de outros colegas, atinge-se um contingente enorme de trabalhadores. A nossa ten-dncia, a princpio, pensar que estamos falando apenas de movimentao de carga, em trabalho por-turio ou, talvez, nos trabalhadores da Ceasa. Mas, na verdade, existe movimentao de mercadoria em vrios ramos de atividade econmica. So inmeros os trabalhadores que fazem movimentao de carga, no s nos setores especicamente de transporte de mercadoria, mas em outros como o comrcio, onde tambm h transporte e manejo de cargas com peso elevado para os trabalhadores.

    Com relao amplitude de alcance desse pro-jeto de lei, lembro que hoje fcil constatar que o tipo de doenas que mais cresce aquele provocado pela organizao do trabalho. Hoje em dia, a maior parte das doenas so provocadas por stress, pelo exces-so de produtividade, pela acelerao intensa do ritmo de trabalho nas empresas. Ento, tendemos a ver a ergonomia, a relao do trabalhador com o trabalho, desse ponto de vista do adoecimento provocado por questes econmicas, nas atividades de escritrio e naquelas que exijam uma maior demanda intelectual. Ou seja, acreditamos que os problemas relacionados s mudanas que o capitalismo moderno provocou na organizao do trabalho devero atingir mais estres-sando e adoecendo, transformando o trabalho numa atividade mais penosa apenas para as atividades de escritrio que demandam maior esforo intelectual.

    Mas isso no verdade. Na atuao do Minis-trio Pblico, por exemplo, temos visto que o trabalho no mundo capitalista se organiza de uma tal maneira que no apenas o trabalhador de escritrio que est sofrendo estresse; todos os trabalhadores esto so-frendo uma exigncia de produtividade enorme, desde aquele que realiza as tarefas mais bsicas, manuais, at o trabalhador mais qualicado da empresa.

    Ento, podemos perceber que esse estresse que a organizao do trabalho provoca atinge todo tipo de trabalhador, desde o trabalhador braal at o trabalha-dor de nvel de direo das empresas.

    Portanto, quando pensamos nesses trabalhadores que sero beneciados com uma legislao reduzindo o peso que vai ser suportado, pretendemos atacar dois pontos da economia. Vamos mexer na organizao do trabalho, a princpio, com a simples reduo do peso, mas ela ter que ser modicada, porque no mais ser concentrada apenas na utilizao do trabalhador para movimentar as mercadorias: ela ter que ser adap-tada ou para um trabalho mais coletivo ou para uma mecanizao, que pode ser mais ou menos intensa,

    dependendo da capacidade econmica da empresa para se adaptar.

    Enm, embora a alterao no peso no envolva imediatamente a questo da organizao do trabalho, ela vai provocar uma alterao que extremamente benca. E tambm vai reduzir essa sobrecarga mus-cular do trabalhador.

    Do ponto de vista do Ministrio Pblico, o pro-jeto deve conter apenas a regulamentao do peso mximo. Sei, alis, que a representante do Ministrio do Trabalho ir mostrar que esse peso tem parmetro em normas de sade e segurana dos trabalhadores. A outra regulamentao mais detalhada, a regulamen-tao na do que deve ser feito vai depender da inicia-tiva do Ministrio do Trabalho, que rgo responsvel pela expedio e pelo detalhamento das normas das condies de segurana e sade.

    Ento, acredito, do modo como est hoje o pro-jeto de lei, que ele extremamente satisfatrio e que essa regulamentao posterior, atravs da modica-o da NR-11, ser uma conseqncia natural desse processo.

    S para nalizar, quero falar bem rapidamente da experincia do Ministrio Pblico em relao a esse tipo de trabalhador.

    No mundo moderno, acreditamos que as relaes ocorrem num patamar muito mais elevado. J tivemos oportunidade de negociar com empregadores, para interromper o uso de trao animal. J tivemos casos em que trabalhadores so utilizados para tracionar a mercadoria no campo. Isso ocorreu em Minas Gerais, o meu Estado.

    Da a importncia de um projeto de lei que trar mais dignidade para o trabalhador. Acredito que, com essa mudana, no haver espao para que o traba-lhador continua sendo usado para substituir os animais na trao de mercadorias no trabalho.

    Obrigada.O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares)

    A prxima expositora a Sr Maria de Lourdes Moure, a quem concedo a palavra, por dez minutos.

    A SRA. MARIA DE LOURDES MOURE Bom dia aos componentes da Mesa e aos presentes. Gos-taria de agradecer o convite que me foi formulado e de externar que, como ergonomista, estou me sentindo muito feliz em poder contribuir um pouquinho.

    Fiz um breve levantamento da literatura junto com os componentes da Comisso Nacional de Ergono-mia, dentro da Coordenaria-Geral de Normatizao e Programas do Departamento de Sade e Segurana do Trabalhador.

    Disponibilizei para os presentes o contedo do material, esse resumo que zemos, e trouxe tambm

  • 9

    a ntegra dessas convenes e normas. Se houver in-teresse de aprofundamento, poderei disponibilizar. E trouxe tambm o manual de aplicao da NR 17, que a norma regulamentadora.

    O SR. ROMEU TUMA (PFL SP) Seria bom que fosse entregue ao Presidente, para depois fazer uma distribuio, por cpia, aos membros da Comis-so. Agradeo a V. S por isso.

    A SRA. MARIA DE LOURDES MOURE Pois no, obrigada.

    Temos a Norma Regulamentadora n 17, que trata de ergonomia, que, no seu Item 17.2, menciona o levantamento, transporte, descarga individual de materiais. No seu subitem 2.2, ela diz que esse peso deve ser tal que no seja suscetvel de comprometer a sua sade e segurana.

    No h um valor determinado, porque, toda vez que falamos em determinar um peso especco, temos vrios outros fatores que contribuem. Como a lei pre-v 60 quilos, muito difcil para ns, do Ministrio do Trabalho, solicitarmos um valor inferior. Ento, enten-demos que essa iniciativa louvvel e vai contribuir nesse sentido.

    O SR. ROMEU TUMA (PFL SP) Se a senhora me permite, sem intervir, quanto a essa parte da lei que estabelece 60 quilos, parece que toda a produo de gros est padronizada assim; as sacarias esto padronizados nos 60 quilos.

    A SRA. MARIA DE LOURDES MOURE Sim, o que pode continuar a ser feito, desde que haja um auxilio, o que j ocorre tambm com equipamentos de guindar. Basta formalizar o que na prtica j est ocorrendo. At porque a produtividade maior e a in-dstria no consegue ser to competitiva. Tambm um benefcio porque, ao vender no varejo, favorecer o trabalhador. E acredito que seja um investimento inte-ressante, pois outra opo em termos de pacotes me-nores. A empresa vai se tornar mais competitiva, ser bom para o trabalhador, porque no ter a sua sade comprometida e, quando se do condies melhores para o trabalhador, ele tambm desempenha o seu tra-balho com uma qualidade melhor. Ento, acredito que isso at vai contribuir para gerar mais empregos.

    A norma NR 17, no seu anexo, j remete Naio-sh, que uma norma americana baseada no princpio de que no se pode ter na coluna, entre a L5 e a S1, ou seja, na regio lombar, uma fora de compresso superior a 3,4 quilos. Existe uma frmula que leva em considerao o tipo da carga, a altura, a distncia que o trabalhador tem que percorrer para movimentar essa carga, as condies de assimetria em que ela carregada. H uma carga-limite, que xada em 23 kg, baseada em estudo epidemiolgico para proteger a maior parte dos trabalhadores. Porm, mesmo com

    essa norma, h limitaes, porque ela no considera as condies do solo, se a temperatura mais baixa ou mais elevada, a umidade relativa do ar maior ou menor, o que vai acarretar um esforo fsico maior para o trabalhador. Ento, na prtica, o que observamos no Ministrio do Trabalho que, mesmo utilizando esse modelo da Naiosh, muitas vezes, o peso deveria ser inferior a 20 kg para no comprometer a sade do trabalhador.

    Se nos ativermos s normas internacionais, como a da OIT, da Conveno de 67, ela tambm estabele-ce que esse peso no pode comprometer a sade e a segurana do trabalhador e, na sua Recomendao 128, contempornea da nossa CLT, estabelece para trabalhador adulto, masculino, 55 kg, prevendo que para a mulher deve ser muito menor, assim como para o trabalhador mais jovem, dependendo das condies em que o trabalho feito. Ento, essa carga deve ser muito mais reduzida.

    Na Inglaterra, no Reino Unido, tambm se cor-robora que esse peso deve ser de tal maneira que deva substituir at a operao de transporte e manu-teno de cargas; quando representar risco de sade e segurana para o trabalhador, evitar isso, fazendo o transporte mecanizado.

    H uma sugesto baseada num modelo biome-cnico feito por Chafn, nos Estados Unidos, que de-pende da distncia que essa carga est do corpo do trabalhador e da altura. Ento, para se ter uma idia dos valores de referncia, ela pode oscilar de 10, 15, 20kg, dependendo da altura e da distncia do corpo do trabalhador, para no comprometer a sua sade.

    A diretiva europia tambm vai nesse sentido, ao dizer que se deve evitar o transporte manual de carga, utilizando equipamentos mecnicos para auxiliar esse transporte manual de carga. Quando no for possvel evitar o transporte, que ele seja feito para reduzir o risco associado ao transporte manual de cargas. En-to, nesse caso, os elementos de referncia so as caractersticas da carga, o esforo fsico que o traba-lhador tem ao realizar, as caractersticas do trabalho e as exigncias das atividades que ele tem de fazer, simultaneamente com fatores individuais. Se o traba-lhador foi treinado para tal, se ele est ao tempo, as condies a que ele est submetido e o esforo em relao ao seu metabolismo.

    Na norma espanhola, xam-se alguns valores de referncia. Ela prev 25kg para que 85% da popula-o sejam protegidos. Haver maior proteo se esse peso for de 15kg, referente a 96% da populao, e, em casos isolados, o peso de 40 kg, mas no h dados disponveis sobre a proteo para a populao. Ento, ela pode comprometer a sade do trabalhador.

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    Queria agradecer e ressaltar o avano que esse projeto de lei acarreta para os trabalhadores, o quanto isso pode beneciar tanto a produo quanto a prpria integridade fsica do trabalhador.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) Concedo a palavra ao Sr. Jos Calixto Ramos, pr-ximo expositor.

    O SR. JOS CALIXTO RAMOS Excelentssi-mos Srs. Senadores, prezados convidados, queramos primeiramente cumprimentar a todos, agradecer o con-vite dirigido possa Confederao e dizer da nossa satisfao em participar desta reunio.

    Preliminarmente, esclareo que no dispomos desse contedo tcnico que foi exposto, limitamo-nos a fazer uma anlise do projeto dentro das nossas ex-pectativas.

    O Projeto de Lei do Senado n 10, de 2003, de autoria do Senador Marcelo Crivella, objetiva alterar o caput do art. 198 da CLT, que passa a ter a seguin-te redao:

    Art. 198. de 20kg o peso mximo que o empregado pode remover individualmente, ressalvadas as disposies especiais, relativas ao trabalho do menor e da mulher.

    Cotejando a redao dada pelo prprio projeto com a atual do mesmo dispositivo, podemos concluir que apenas substitui o mximo de peso, que era de 60kg e agora passa a ser de 20kg. Essa a ltima alterao, visto que, no mais, a redao anterior m0antida literalmente.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) Informo ao nobre expositor que o projeto de lei de au-toria do Senador Marcelo Crivella de n 19, de 2003, e no 10, como consta do seu pronunciamento.

    O SR. JOS CALIXT0 RAMOS Perdo, geral-mente se justica como falha de redao.

    Inverte na prtica o que vinha ocorrendo em matria do Direito do Trabalho: antes se procuravam adaptar dispositivos do trabalho masculino ao femini-no. No projeto, estende-se norma feminina o trabalho masculino. O art. 390 da CLT, includo entre as disposi-es atinentes ao trabalho feminino, probe mulher o servio que demande fora muscular superior a 20kg, para o trabalho contnuo.

    Pode-se, ento, concluir que o projeto igualou homens e mulheres quanto ao servio que importe emprego de fora muscular. No atinge o pargrafo nico do artigo alterado, que continua em vigor, coinci-dentemente com o pargrafo nico do art. 390, relativo ao trabalho da mulher. Uma diferena, entretanto, se sobressai: no trabalho feminino permitida a remoo de at 25kg, quando trata de trabalho ocasional.

    Art. 390. Ao empregador vedado em-pregar a mulher em servios que demandem o emprego de foram muscular superior 20kg para o trabalho continuo ou a 25kg para o tra-balho ocasional.

    Essa exceo o projeto no encapou, importan-do dizer que os homens no podero remover peso superior 20kg tanto em trabalho continuo quanto em trabalho eventual. Pela primeira vez o trabalho da mu-lher torna-se mais pesado que o do homem.

    Feitas essas ponderaes iniciais, resta a inda-gao: justica-se a alterao pretendida? Sob esse enfoque, devemos considerar dois ngulos diferentes: o do trabalhador e o do empresrio.

    No tocante ao trabalhador, pode-se admitir que o projeto justicvel. A prtica trabalhista tem de-monstrado que, operando com peso de 60kg, como permitido poca atual, comum o trabalhador ad-quirir, no decorrer do tempo, doenas incapacitantes. Como exemplo, podemos citar os movimentadores de mercadorias, antigos carregadores e ensacadores, que transportam nos ombros seguidamente, uma por uma, centenas de sacas de milho, de feijo, de arroz, sorgo, acar e outros produtos, colocando-as empilhadas nos armazns ou retirando desses para embarque nos caminhes.

    Embora treinados para esse tipo de servio, tais trabalhadores, quando atingem 40 ou mais anos de idade, apresentam deformaes diversas nos braos, na clavcula e na coluna vertebral, alguns deles sendo obrigados a requerer aposentadoria, e, o que pior, tornando-se portadores de mutilaes pelo resto da vida. Em conseqncia, sobrecarrega-se a Previdn-cia Social.

    Foi por esse motivo que a Norma Regulamen-tadora n 17 deniu que no dever ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas por um tra-balhador cujo peso seja susceptvel de comprometer sua sade e segurana.

    A norma, um tanto vaga, serviu de alerta aos em-pregados. Tem contedo bastante humanitrio e abriu caminho para que se chegasse a uma reduo no peso mximo a ser transportado por um trabalhador. Partiu-se do entendimento no sentido de que, transportando pesos menores, estar o obreiro evitando mutilaes e outros defeitos fsicos.

    Sob esse enfoque o projeto justicvel. A dvida que restou reside em saber se 20 quilos o peso certo e adequado ou se para os homens est denido em montante muito reduzido. Em outras palavras, perquire-se se esse mximo de peso no muito pequeno para os homens, j que se pulou de 60 para 20 quilos.

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    Desconhecemos estudos que possam denir sobre o assunto, mas intuitivo que, transportando um menor peso, o trabalhador ca menos propenso a doenas e deformidades incapacitantes. Beneciados cam o prprio trabalhador, seus familiares e a socie-dade. Beneciada tambm a Previdncia Social por ver diminudo o nmero de aposentados por invalidez ou em gozo de auxlio-doena.

    A Conveno 127 da OIT Organizao Inter-nacional do Trabalho, aprovada em 20 de janeiro de 1967, prev que no se dever exigir nem permitir a um trabalhador o transporte manual de cargas cujo peso possa comprometer sua sade e seguridade. No xou limite mximo de peso, exatamente para deixar legis-lao ordinria de cada povo a tarefa de denir sobre o assunto. Condicionou apenas ao fato de no causar danos sade e seguridade do trabalhador.

    Desse modo, agura-se que o projeto de lei em exame est conforme as exigncias da prpria OIT. Pergunta-se, ento, sob o enfoque do empresrio, se o projeto justicvel. Por lidar constante com temas trabalhistas, podemos admitir que o projeto no preju-dica os empresrios. A objeo que se pode levantar quanto ao tempo necessrio para a carga ou descarga de mercadorias, que passaria a ser maior, j que uma saca de 60 quilos equivale a trs de 20.

    Objetivamos que, em compensao, o transporte manual mais rpido e menos cansativo, levando-nos a admitir que, anal, os tempos despendidos pratica-mente se equivalem em um e outro caso.

    Economicamente, o empresrio no ter preju-zos, visto que as operaes de carga e descarga so normalmente contratadas por tonelagem de produto, pouco importando tamanho de saca ou embalagem. At mesmo nos cais de porto, poucos so os casos em que a carga ou descarga de mercadorias contratada por pagamento por cubagem, em vez de tonelagem. Uma tonelada sempre a mesma, independente de ser composta de sacas de 20 quilos ou de 60 quilos.

    Talvez sobre esse ltimo enfoque, possam investir contra o projeto os prprios trabalhadores, j que se, por um lado, tero menos peso, por outro, dispensa-ro mais tempo em suas tarefas. Tero, por exemplo, de percorrer certa distncia trs vezes, carregando sacas de 20 quilos, quando poderiam ultrapassar em apenas uma vez distncia carregando sacas ou vo-lumes de 60 quilos.

    Mas, certamente, os trabalhadores havero de compreender as vantagens que o projeto traz para a prpria sade, no deixando de apoi-lo, j que lhes benecia.

    Diante do exposto, no encontramos condies para nos colocar contrrios ao projeto em exame, res-tando-nos apenas apoi-lo.

    Obrigado, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Marcelo Crivella) Muito

    obrigado, Sr. Jos Calixto Ramos, pela presena e por to bonita exposio.

    Concedo a palavra ao Sr. Eduardo Lrio Guterra, por dez minutos.

    O SR. EDUARDO LRIO GUTERRA Bom dia a todos. Quero saudar os Srs. Senadores presentes na pessoa do Bispo e Senador Crivella, que nos con-vidou, e do Presidente da Comisso, Senador Antonio Carlos Valadares.

    Esse projeto na questo porturia tem, pelo ta-manho do Brasil, pela quantidade de portos que h no Brasil e pela atividade que exercemos no Pas, algumas peculiaridades que devem ser levadas em considerao.

    Na verdade, o conceito de porto mundial cada vez menos usar a mo-de-obra do trabalhador por-turio, devido existncia de novas tecnologias nos nossos portos. Esses so os conceitos que temos, que hoje tm sido buscados incessantemente nos nossos portos.

    Mas, como temos portos no Brasil todo, aqueles considerados organizados so aproximadamente 38; existem alguns portos que ainda hoje movimentam muita carga em sacaria, usando muita mo-de-obra de trabalhadores para realizar essas operaes.

    claro que; nos grandes portos, onde existem os terminais de continer, no se usa o ser humano para fazer o transporte da carga. Eles esto sendo movimen-tados por: meio de equipamentos de ltima gerao, que so os portineres. Em alguns lugares, j se usam os trabalhadores em alguns navios somente para colocar a mo na hora de encaixar os contineres no que chama-mos de castanha. Mas, em alguns portos, por exemplo, no Norte e Nordeste posso citar o Porto Pblico de Recife , claro o uso de mo-de-obra de trabalhadores para manipular a sacaria no costado do navio.

    E, junto com essa questo, os que foram criados em funo da necessidade armazenar cargas fora dos portos EADs, que so estaes aduaneiras, os TRAs, que so terminais retro-alfandegados, os retroportos. So reas de movimentao e acondicionamento de carga na faixa continua dos portos. E temos tambm o que se chama de porto seco, em alguns Estados.

    Ento, nessa movimentao de cargas feita nes-ses locais que citei antes, com certeza, usada a mo-de-obra do trabalhador braal. De alguma forma, nesses portos, a nossa atividade continua usando a

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    mo-de-obra de trabalhador para acondicionar essas cargas nos continers.

    Temos a palhetizao de cargas que, no navio, efetivamente, no precisa que o homem coloque a mo, porque o palhete pego pela empilhadeira e coloca-do no costado; basta iar a carga. Nesse caso, j vem a marinao de carga, que feita fora ou s vezes, dependendo do porto, no costado do navio, onde os trabalhadores acondicionam as marinas. Marina um jeito de pegar a carga: so cintas de lona resistentes para pegar 25 cargas de caf.

    Temos tambm o acondicionamento direto da car-ga no continer, que chamamos de big bags, grandes sacos de acondicionamento.

    Para essa mo-de-obra, temos uma scalizao na nossa atividade porturia, que regulamentada, alm de alguns artigos da CLT, tambm pela 8.630, que uma legislao especca para o nosso setor. Temos a Conveno 137, que orienta os empresrios, o governo e os trabalhadores, para que estudem me-didas para equilibrar a questo da relao em termos de sade, meio ambiente, etc.

    Mais recentemente, em 1997, conseguimos apro-var uma norma regulamentadora especca para o setor porturio, que estabelece a questo da sade e segurana nos nossos portos. Mas no tnhamos e no temos uma coisa clara sob esse ponto de vis-ta de fadiga do trabalho do porturio. Quando falo do trabalhador porturio, estou me referindo tambm a esses trabalhadores que, mesmo que no estejam dentro da rea primria de porto, exercem algum tipo de atividade que, querendo ou no, ligada ao setor de comrcio exterior.

    Ento, temos uma diculdade agora, porque a CLT diferenciou esse peso entre o homem e a mulher. Hoje, temos uma mulher trabalhadora de capatazia, como chamamos, na atividade porturia, no Porto de Aratu, em Ilhus. Para elas, no existe regulamenta-o. Vamos dizer assim: l, somos obrigados a pegar 60 quilos, e quem conhece a atividade porturia sabe que no existe um controle da forma como se movi-menta a carga para acondicionar nesse tipo de em-balagem que citei.

    Ento, vemos com bons olhos esse projeto. um projeto de alcance social que ser muito interessante para ns. A iniciativa de um projeto como esse vem ao encontro aos anseios dos trabalhadores. Temos ainda alguns trabalhadores que vo se beneciar com isso, mesmo no sendo da rea porturia, que extrapolam a nossa alada e representao. So os chamados chapas, trabalhadores que cam na beira da estra-da. O caminho pra, pega esses trabalhadores e leva para o local em que vai descarregar. Eles no tm do-

    cumentao nenhuma. Ento, tem que ser vista, alm da economicidade, a questo da sade do trabalhador, da sua sobrevida, das condies em que ns, traba-lhadores, s vezes nos aposentamos.

    O trabalhador porturio, o trabalhador que faz o esforo braal, geralmente, algum de pouca cultu-ra, um trabalhador de pouco acesso questo da cidadania e at mesmo questo de sobrevivncia. E, quando falo sobrevivncia, rero-me alimentao. Portanto, apoiamos a iniciativa dos Senadores propo-nentes da lei e estamos disposio para colaborar no que for preciso para o projeto ser aprovado.

    Quero agradecer a oportunidade, em nome da Federao, e dizer que estamos disposio.

    O SR. PRESIDENTE (Marcelo Crivella) Eu que agradeo a palavra do Sr. Eduardo Lrio Guterra,

    Vamos, agora, ouvir os Senadores, comeando pelo Senador Francisco Pereira, do Estado do Esp-rito Santo.

    O SR. FRANCISCO PEREIRA (Bloco/PL ES) Sr. Presidente, senhoras e senhores presentes, Srs. Senadores, co feliz em contemplar essa proposta de lei, porque realmente preciso regulamentar essa ques-to que atinge diretamente o trabalhador e a sade. Ento quero parabenizar, porque muito oportuna.

    O SR. PRESIDENTE (Marcelo Crivella) Nobre Senador do Cear.

    O SR. REGINALDO DUARTE (PSDB CE) Sr. Presidente, Sras. e Srs. Expositores, Senadores, permi-ta-me o ilustre Senador Marcelo Crivella, mas discordo desse projeto, alis, desde que o vi pela primeira vez, porque no pode ser abrangente. Ele pode ser setorial, dirigido aos portos, etc., mas, na prtica, digamos, no interior do nosso Nordeste, onde as empresas, todas elas, trabalham com produtos ensacados, sacas de fei-jo, sacas de milho, so 60 quilos. Se o peso for xado em 20 quilos, sero precisos trs homens para pegar uma saca de milho e levar para um depsito ou retirar de um caminho. Esse projeto pode funcionar na zona porturia, como o Dr. Eduardo falou, porque l quase tudo mecanizado, mas, no Nordeste, a mecanizao so as mos do trabalhador braal.

    Acredito na boa inteno de V. Ex ao colocar esse projeto em pauta, ao confeccion-lo, mas entendo que ele ser incuo na maior parte deste Pas. apenas uma considerao que fao. No estou radicalizando contra o projeto, mas acredito que o seu mrito no ter... So leis que se fazem neste Pas, como vi hoje, no Bom Dia Brasil. H leis que so cumpridas e outras que no so cumpridas.

    Por outro lado, o Ministrio do Trabalho vai cair em cima de pequenas empresas, aplicando multas sobre

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    pequenos comerciantes que no podem, de maneira alguma, exercitar essa lei.

    Acredito que essa ser uma daquelas leis, meu caro Senador Marcelo Crivella, que ningum vai cum-prir neste Pas.

    Obrigado.O SR. PRESIDENTE (Marcelo Crivella) Com a

    palavra Senador Mo Santa, do Piau.O SR. MO SANTA (PMDB PI) Senador

    Crivella, V. Ex um homem muito generoso e bblico. Na prpria Bblia, bem no meio dela, esto as leis de Salomo. E dizem que a sabedoria est no meio.

    Vinte quilos muito pouco, ridculo; 60 quilos demais, ento caria com a lei de Salomo, j que V. Ex. um homem de Deus, avaliando que 40 quilos estariam no meio.

    Digo que 20 quilos ridculo porque o Brasil est bem pior, em todos os aspectos.

    Quando eu era menino, havia educao fsica nos cursos de ginasial, que mudou s de nome agora, para se chamar ensino fundamental, mas estudvamos mais. Ento havia educao fsica mesmo, espartana. Mens sana, corporis sano.

    Eu me lembro que o professor botava os meninos para carregar um ao outro, e todos tnhamos 40, 50 quilos na nossa mocidade. E ns fomos melhor criados; hoje est pior. Nenhum colgio do ensino fundamental tem educao fsica, que facultativa. No melhorou em nada o Pas, a no ser em propaganda.

    Ento avalio isso por experincia prpria: no curso ginasial, fazamos educao fsica, e o instrutor botava um para carregar o outro. Todos tnhamos 50 quilos e todo menino carregava.

    Portanto 40 quilos esto no meio; a sabedoria est no meio. Vinte quilos ridculo.

    As mulheres que j conquistaram o mundo exis-tem at as desaforadas, como o Presidente anunciou, que s chegaro Presidncia as desaforadas vo tomar o mercado at dos nossos braais, que sempre houve em toda a civilizao, os quais, na nossa cultura, chamamos de estiva.

    Ento eu caria com o Crivella, mas com a sa-bedoria do Rei Salomo: no meio. Considero 40 quilos razovel. Seria um avano em termos de humaniza-o no trabalho.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) Concedo a palavra ao autor da proposta, o Senador Marcelo Crivella.

    O SR. MARCELO CRIVELLA (PL RJ) Sr. Pre-sidente, em primeiro lugar, eu gostaria de agradecer a presena dos nobres convidados: a Sr. Maria Hele-na da Silva Gouthier, a Dr Maria de Lourdes Moure,

    o Sr. Jos Calixto Ramos e o nosso irmo Eduardo Lrio Guterra.

    Sr. Presidente, eu gostaria de fazer um apelo aos meus companheiros, porque esse projeto nasce de uma observao minha no campo de trabalho.

    Lembro que em todas as obras que comandei foram muitas, dezenas delas era muito triste ver um caminho de cimento chegar, s cinco horas da tarde, e serventes, muitos deles idosos, tendo que encostar ao lado do caminho. Duas pessoas, em cima do ca-minho, pegavam um saco, colocavam na cabea do servente, que ia, ento, se equilibrando para levar at o almoxarifado.

    Isso no pode ser comparado, mesmo na compa-rao mais distante, a uma brincadeira de criana que carrega um colega por cinco minutos na escola.

    Esse um trabalhoprossional ao qual um ope-rrio que recebe R$ 1,98 por hora submetido repe-tidamente. Um caminho normal traz 300 sacos de cimento, e dez rapazes carregam 10, 20, 30 sacos.

    Morei no interior da Bahia, em Irec, por dois anos, plantando feijo, num projeto que tive a oportunidade de criar, chamado Fazenda Nova Cana. Para l levei assentados, pessoas pobres, humildes, despovoados que foram morar na fazenda comigo. Junto com tcni-cos de Israel, irrigamos 100 hectares, plantando milho e feijo. No havia nenhum de ns nem eu mesmo que, na poca, quando trazamos uma batedeira e colocvamos o feijo em sacos de 60 quilos, con-seguisse jogar aquilo em cima de uma carretinha de trator; muito pesado. At porque esses sacos so deformveis. Quando o sujeito tenta peglo, parece que ele mais pesado, e no algo em que se possa usar o efeito de alavanca. Imaginem, quando se usa uma alavanca para remover uma pedra, se ela se de-forma. Se, em vez de ser uma tora de madeira, fosse uma tora de borracha, no se conseguiria exercer um momento de toro para jogar aquilo nas costas.

    H aqueles que fazem, verdade; h raras ex-cees hoje, no campo e na cidade, de pessoas que nascem fortes, que so musculosas e conseguem. Mas, mesmo essas, ao se aposentar, vo sofrer pelo resto da vida, dores nas costas, na coluna, no pescoo; tero problemas na hora de se sentar num sof para assistir televiso.

    em nome desses brasileiros que nascem sem condies sanitrias, que muitas vezes so crianas subnutridas que sofrem a vida inteira, que ganham mal e se alimentam mal, que dormem mal, num pas to maldividido

    Senador Mo Santa imagine que somos hoje, no Brasil, 80 milhes de trabalhadores; quase 20 milhes esto desempregados e subempregados, ganhando

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    menos de um salrio mnimo, num Pas em que herda-mos do Governo passado uma divida interna que nos obriga a pagar R$110 bilhes para sete mil brasileiros. Sete mil famlias brasileiras so to ricas que detm R$ 800.bilhes da nossa dvida interna.;

    O alumnio esta nas mos de duas empresas, Alcan e Alcoa; o vidro, desde um pirex que se coloca num forno at o prabrisa de um caminho, Santa Marina e Blindex; o cimento est nas mos dos Grupos Votoran, Joo Santos e Cau; o ao, Cosigua, Votoran e CSN; papel, seja este papel aqui ou a embalagem ou um jornal ou um livro, temos a Aracruz e a Suzano, que j pertence Votoran; sistema econmico, Bra-desco e Ita; meios de comunicao, Globo e Grupo Abril. Tratase de um pas tremendamente concentra-do. O mercado, nessas condies, no vai olhar pelos trabalhadores, e o nosso povo precisa que o Senado Federal legisle sobre isso.

    A Dr. Maria de Lourdes Moure mostrou, Sena-dor Mo Santa, que na Espanha so quinze quilos o peso ideal. Por que ser que um espanhol tem direito a uma vida prossional melhor do que a nossa? Ser que porque o homem branco da Europa superior ao nosso mestio, ao nosso nordestino, ao homem brasileiro, com o pensamento colonial que arrastou este Pas para ser palco dos maiores crimes contra os direitos humanos do ndio, do brasileiro pobre, branco, negro ou mestio?

    Ns estamos, agora, lidando com a redeno de um resqucio da escravido que sobrou neste Pas, que obrigar nossos trabalhadores a carregar o peso de 60 quilos, embalagens de 50 quilos por empresa, grupos econmicos que j ganharam demais. Na Europa in-teira, um saco de cimento no pesa mais de 20 quilos. Na Europa inteira, desde os pases escandinavos at a Pennsula Ibrica, ns no vamos encontrar ningum que obrigue o trabalhador, sobretudo da construo civil, a carregar mais de 20 quilos.

    H uma emenda no projeto, do Senador Ney Su-assuna, que passa para 30 quilos. Ento faria um apelo para que ns pudssemos manter O Sr.Jos Calixto Ramos est completamente certo: ns devemos, em seguida a esse projeto, rever o peso das mulheres, que no devem carregar mais que os homens, nem algo perto deles. Mas precisamos tocar nesse assunto em favor do povo, do operrio, das pessoas simples que esto nas ceasas, nos portos, no interior do pas e na construo civil, carregando um peso para o qual no esto preparadas, at porque foram crianas subnutri-das que sofrem muito no seu ambiente de trabalho.

    Sr. Presidente, agradecendo mais uma vez a presena dos nobres convidados, fao o pelo para

    que possamos aprovar esse projeto e resgatar os tra-balhadores brasileiros.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) Como ltimo inscrito, concedo a palavra ao Senador Paulo Paim.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT SP) Sr. Presi-dente, Senador Antonio Carlos Valadares, companheiro sindicalista Eduardo, Presidente da Federao Nacio-nal dos Porturios, nosso lder das Confederaes de Trabalhadores e tambm de um grande frum que as Confederaes zeram para debater a questo sindical, criando um espao positivo para uma boa polarizao daquilo que ns queremos :no Pas em matria de es-trutura sindical, Calixto Ramos, Presidente da nossa CNTI, Dr. Maria de Lourdes, CoordenadoraGeral da Normatizao e Programas do Departamento de Se-gurana e Sade do Trabalho, que fez uma bela expo-sio, e tive a alegria de, naquele momento, estar aqui presente, D~ Maria Helena, Coordenadora da Sade e Defesa do Ambiente de Trabalho, que, conforme falaram aqui os colegas eu no estava presente , tambm fez uma bela exposio, quero cumprimentar esse debate.

    Entendo, Senador Crivella, autor do projeto, ser um debate que vem numa boa hora, no momento que estamos debatendo, inclusive, a nova estrutura sindi-cal. Sabemos que em seguida vir o debate da CLT, de toda a relao entre capital e trabalho e d~s condies de trabalho tambm.

    O projeto tm um mrito muito grande. O Calix-to permitame, companheiro Calixto, sindicalista, chamlo de Calixto, como voc sempre me chamou de Paim e sabe que nossa relao direta , de fato, levanta aqui, e a Assessoria do Partido tambm tinha me apresentado, esse detalhe do trabalho da mulher. Devemos fazer essa adaptao para no deixar que haja uma contradio entre o trabalho do homem e o trabalho da mulher. Mas entendo que o projeto mui-to importante.

    Sem sombra de dvida, qualquer um de ns, em s conscincia, teria condio Sabemos que, no Brasil, a tendncia cada vez mais a populao envelhecer, graas Deus. Que possamos chegar aos 60, 65, 70, 80, 90, e eu digo: tomara aos 100 anos! A tendncia que a nossa aposentadoria seja protelada. Hoje, inclusive nos Pases de primeiro mundo, falase em 70, 75 anos.

    Ento de pe perguntar: estou com 55 anos. Se eu estivesse na fbrica e me mandassem carregar um peso correspondente a 60 quilos, com certeza absoluta, eu no carregaria e seria demitido, porque no tenho condies fsicas para tanto. E me considero ainda um

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    jovem, s que, efetivamente, no h como eu carregar um saco de 60 quilos.

    Por isso, Senador Crivella, o seu projeto tem, de fato, procedncia. Se analisarmos a situao da nossa seguridade social, veremos que inmeros trabalhado-res mereciam estar aqui, para ouvirmos algum dessa rea. Quantos trabalhadores j no se afastaram do mercado de trabalho devido ao problema de coluna? Porque no tm condio. Um trabalhador com dicul-dade, devido ao problema de coluna, que for demitido, duvido que arrume emprego.

    Portanto, chegada a hora, efetivamente, de fazermos um bom debate sobre esse tema. O jovem que entrou no mercado de trabalho com 16 anos, como manda a Constituio, pode tambm, numa fase de crescimento, Senador Mo Santa, que mdico, car-regar peso? aconselhvel o peso de 60 quilos?

    Fiz um discurso, ontem, da tribuna, com uma re-percusso positiva na sociedade, pelo que quei feliz, a respeito da discriminao que existe hoje com relao ao cidado de mais de 45 anos para conseguir empre-go. E, se no houver uma norma geral que garanta um peso equilibrado, daqui a pouco, terei que entrar com um projeto, dizendo: o cidado com mais de 45 anos no poder carregar mais x. E o empregador vai dizer: agora que no emprego com mais de 45.

    Por isso, temos que buscar um peso ideal, para permitir que um jovem de 17, 18 anos possa se deslo-car, fazendo aquela operao, como tambm o cidado de 45, 50, 55 anos.

    Por essa razo, o seu projeto pode parecer radi-cal, mas no . Creio que o projeto vai essncia. Ele busca o equilbrio e, num Pas como o nosso, queiramos ou no, a tendncia cada vez maior a automao, e no por causa do projeto, sendo aplicada em detri-mento do trabalho manual, prejudicando o emprego da nossa gente.

    Temos um projeto sei que a Mesa, em tese, apia sobre a reduo da jornada de trabalho, sem reduo do salrio, como forma de gerar emprego. Ou o projeto tem razo de ser... claro que se devem fazer adequaes, seja no trabalho da mulher, seja pensando nesse vis da sade e da assistncia social.

    Quero cumprimentar todos os painelistas pela forma rme, clara e tranqila com que zeram a sua anlise.

    Vivemos num Pas complicado. Estamos num Pas que tem trabalho escravo, ou no? Algum tem dvida disso? Agora, temos que fazer um debate de uma relao moderna e civilizada com os nossos tra-balhadores.

    Por isso, meus cumprimentos ao Senador Crivella, pela iniciativa. Espero que se faam as devidas adequa-

    es, mas efetivamente precisamos regulamentar essa questo. Se olharmos para os pases mais avanados, como aqui foi dito muito bem, quase todos eles esto na marca apresentada pelo nosso Senador.

    Era isso o que tinha a dizer.Obrigado, Sr. Presidente.O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares)

    Indago se algum dos debatedores deseja se pronun-ciar ou h algum esclarecimento adicional a fazer aps a fala dos nossos Senadores.

    O SR. Gostaria de me pronunciar.O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares)

    V. Ex tem dois minutos.O SR. EDUARDO LRIO GUTERRA Aprovei-

    tando a manifestao do Senador Paulo Paim, temos outra questo no porto, alm da aposentadoria especial, para a qual basicamente no estamos mais usando esse direito. Dicilmente os trabalhadores porturios esto conseguindo se aposentar pela especial.

    H uma questo complicada e que vem ao en-contro dessa discusso. Rero-me aos trabalhadores que tm problemas mdicos em funo da atividade que exercem e vo ao INSS, que avalia que eles tm capacidade para trabalhar. Esses trabalhadores voltam ao porto, onde escutam que, se no esto liberados pelo INSS, podem trabalhar.

    Neste Pas, alm da questo social, h a pres-so pela reduo dos custos porturios e pela melho-ra da nossa oferta de trabalho, do dinamismo de que os nossos portos precisam. Ento, a questo social j est atingindo o trabalhador. a forma como ele trabalha e enfrenta o seu dia-a-dia. Creio que essa outra questo, alm do equilbrio da relao da idade das pessoas e do trabalho da mulher.

    O trabalho porturio muito masculinizado, mas j h mulheres que, atravs de concursos nos portos do Brasil, esto exercendo pegando carga pesada. E no sei como vamos resolver isso, alm da questo da ergonometria.

    O SR. MO SANTA (PMDS PI) E essas mu-lheres conseguem carregar 60 quilos?

    Eu quero retirar as mulheres disso. Eu quero bot-las na presidncia.

    Elas conseguem pegar 60 quilos?O SR. EDUARDO LRIO GUTERRA Senador,

    temos conhecimento de algo que aconteceu em Aratu, no porto de Salvador. Deveramos ter alguns exemplos relativos aos portos uviais do Norte, onde existem trabalhadores carregando bagagem. So coisas de que no temos muito conhecimento. Existe a scali-zao do Ministrio do Trabalho, mas, de repente, se a pessoa pra um barco em um lugar onde no existe ningum para ver, as coisas acontecem.

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    Quero acreditar que l em um porto que mo-vimenta muito granel slido existe companheirismo, e que, na hora de pegar uma sacaria, pegam em dois ou no deixam a companheira carregar, se ela tiver que trabalhar com a sacaria. uma questo que est colocada. Como vamos resolver este problema?

    O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL Ri) O Senador faz uma provocao a uma fala do Pre-sidente Lula. O Senador um marcador. V. Ex marca em cima de todos os discursos do Presidente Lula. um lder radical da Oposio, que falou que as mu-lheres so desaforadas e j querem ser Presidente da Repblica.

    O SR. MO SANTA (PMDB PI) Isso foi com a Helosa Helena.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) Como ltima participante deste debate, concedo a palavra a Sra Maria Helena da Silva Gouthier.

    A SRA. MARIA HELENA DA SILVA GOUTHIER Assim como a questo da mulher, importante res-saltar a situao do menor. Em termos de legislao do trabalho, at os 18 anos, ele deve ter uma condio especial que j est ressaltada no projeto de lei.

    O projeto de lei dispe tanto as condies es-peciais de trabalho para as mulheres quanto para o menor, observando que at os 18 anos tem que haver uma limitao.

    Como falei na minha exposio, a partir do mo-mento em que a lei estabelecer um limite menor, as condies especiais podero ser tratadas por quem competente para fazer isso, o Ministrio do Trabalho e Emprego, atravs de discusses tripartites, entre empregadores, trabalhadores e o Governo.

    Carregar peso em condies ideais uma coisa, mas carregar peso, por exemplo, nos frigorcos em que se carregam grandes e pesadas peas de carne, sob muito frio, outra situao que agrava a sade do trabalhador. Essas condies especcas podem ser delineadas atravs de normas regulamentadoras ex-pedidas pelo Ministrio do Trabalho e Emprego, atra-vs de processo que tem ampla participao tanto dos trabalhadores quanto dos empregadores.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT RS) Doutora, se me permitir, s para um esclarecimento. J que to-cou na questo do menor, fao a seguinte pergunta: h alguma norma que diz que o menor entre 16 e 18 anos no pode carregar mais de 20 quilos?

    A SRA. MARIA HELENA DA SILVA GOUTHIER No estou recordando. A CLT, quando trata das con-dies especiais, tanto da mulher quanto...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT RS) A CLT prev condies especiais, mas no h norma. Por isso, digo que o projeto vem, inclusive, suprir a falha

    de uma regulamentaq via decreto-lei ou mesmo norma interna.

    A SRA. MARIA HELENA DA SILVA GOUTHIER Ao estabelecer qual seria o peso.

    O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL RJ) Sr. Presidente, peo a palavra pela ordem.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) A Sr Maria de Lourdes pediu a palavra.

    A SRA. MARIA DE LOURDES DE MOURE Res-salto que h relevncia em o Estado diminuir o peso.

    H vrios estudos na literatura, alm dos apresen-tados, que vericam que, normalmente, na populao em geral, h uma incidncia em torno de 4% a 5%. Nos trabalhadores que carregam peso, essa incidncia muito maior. Estudo feito na Holanda constatou que h uma prevalncia de 40% para os homens e 52% para as mulheres.

    Assim, ressaltou-se a questo do gnero, que realmente relevante. O peso deve ser mais reduzi-do para as mulheres e, como foi muito bem lembrado pelo Senador, para os jovens que esto em fase de formao.

    No se pode pensar, matematicamente, que o tra-balhador caminhar mais vezes, porque h, agora, vrios dispositivos que podem auxiliar esse trabalho. Mecanizar parte do trabalho sem eliminar o posto de trabalho. Ao contrrio: a empresa vai se tornar muito mais produtiva, e o comerciante tambm. Haver um nus social muito menor, porque samos todos perdendo. Por exemplo: esse trabalhador que adoece no vai conseguir trabalhar. Se ele for incapacitado para o trabalho, toda a sociedade tambm pagar. No cmputo, todos saimos perdendo; o trabalhador, o empregador e toda a sociedade.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) Concedo a palavra ao Senador Marcelo Crivella.

    O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL RJ) Sr. Presidente, para concluir, estou muito feliz por-que os quatro palestrantes aprovaram o projeto. O Senador Mo Santa j me declarou que tanto S. Ex quanto o Senador Reginaldo Duarte esto tendendo mudana. S. Ex j mudou de 40 para 30 e, daqui a pouco, chegar l.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) Como S. Ex falou da metade, a metade de 60 30.

    O SR. MARCELO CRIVELLA (Bloco/PL RJ) A metade de 60 30. S. Ex usou 40. (Risos)

    Sr. Presidente, ao tentar atravessar uma piscina, se formos andando, no conseguiremos; iremos afun-dar, porque o nosso peso est concentrado em nossos ps. Mas, se deitarmos sobre a superfcie da piscina, poderemos boiar e atravess-la. Quando um menino carrega uma carga nas costas, ela est mais distribu-da. O que acontece quando o peo ou o trabalhador do

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    campo leva um saco na cabea? Ele pega a camiseta, enrola-a na cabea e joga o saco. Aquele peso uma carga concentrada, no distribuda, e passa a valer muito mais. muito mais difcil de ser transportada.

    Esse projeto far com que a indstria diminua as embalagens, at para que uma dona-de-casa que queira levar um saco de batata com menos peso possa coloc-lo no carrinho e lev-lo at o carro.

    Este o objetivo maior: que a indstria, que, hoje, extremamente concentrada, e no precisamos nos preocupar com o lucro da indstria porque toda ela muito superavitria num pas extremamente concen-trado, diminua a embalagem e sobrecarregue ainda menos o nosso trabalhador.

    Muito obrigado aos palestrantes e ao Senador Paulo Paim, sempre brilhante defensor do nosso povo trabalhador, que tem, no Senado Federal, um grande mrtir: o Senador Paulo Paim, professor de todos ns nas causas trabalhistas.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) Ao encerrar esta parte da reunio de nossa Comis-so de Assuntos Sociais, eu gostaria de, em primeiro lugar, felicitar os autores do requerimento de convite aos palestrantes, o qual deu oportunidade para que um debate construtivo e positivo fosse aqui realizado, como tambm de parabenizar os palestrantes, nas pessoas de Jos Calixto Ramos, Presidente da Con-federao Nacional dos Trabalhadores na Indstria (CNPI), Eduardo Lrio Guterra, Presidente da Federa-o Nacional dos Porturios, Maria de Lourdes Moure, Coordenadora-Geral de Normatizao e Programas do Departamento de Segurana e Sade no Trabalho, e a Dr Maria Helena da Silva Gouthier, Coordenadora Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho, do Ministrio Pblico do Trabalho.

    Enm, agradecemos a presena de V. Ss. Sem dvida alguma, a participao de V. Ss contribuiu para o aperfeioamento da matria que est em dis-cusso nesta Comisso, de autoria do nobre Senador Marcelo Crivella.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) O Presi-dente vai encerrar a reunio?

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valada-res) Ainda no vou encerrar, tendo em vista que existem algumas matrias, muito embora no sejam terminativas porque no h quorum para votao. Va-mos decidir somente duas matrias, de forma, rpida, Senador, j que no haver peso algum, nem de 30 nem de 60 quilos.

    Agradeo a V. Ss.A primeira, matria diz respeito designao dos

    membros da Subcomisso do Trabalho e Previdncia,

    que j foi aprovada anteriormente atravs de um reque-rimento da autoria de V. Ex, Senador Paulo Paim.

    Como sugesto, designamos membros e suplen-tes dessa Subcomisso, que ter um grande papel a desempenhar, tendo em vista futuros trabalhos que iro tramitar no Senado Federal. Como titulares, a Se-nadora Lcia Vnia, o Senador Mo Santa, o Senador Marcelo Crivella, o Senador Paulo Paim e o Senador Augusto Botelho. Como suplentes, Senador Leonel Pavan, Senador Joo Batista Motta, Senador Joo Capiberibe, Senador Flvio Arns e Senadora Patrcia Saboya Gomes.

    Em se tratando de uma Subcomisso Permanen-te, durante a instalao, V. Ex colocar em votao o seu nome, e, certamente, todos os participantes in-tegrantes da Mesa iro aprov-lo por unanimidade. V. Ex merece.

    Como ltimo item no-terminativo, eu pediria ao Senador Reginaldo Duarte que, em nome da Se-nadora Ftima Cleide, que a Relatora, proferisse a leitura do parecer.

    Trata-se do Projeto de Lei da Cmara n 51, que altera a redao do art. 260 e acrescenta artigos Lei n 8.069, de 13 de julho de 1990 Estatuto da Criana e do Adolescente. Dispe sobre deduo do Imposto de Renda para doao aos fundos nacional, estaduais e municipais em favor da criana e do adolescente.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT RS) Sr. Pre-sidente, consulto a Mesa, porque fui informado agora que h um requerimento para que esse projeto seja encaminhado tambm para um debate em outra Co-misso. No conheo o mrito do projeto, mas consulto a Mesa sobre o encaminhamento adequado.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) O requerimento se encontra no Plenrio; ainda no foi votado. E o ideal, Senador Paulo Paim, seria o seguinte: existem alguns projetos que j esto devidamente ins-trudos, com seus pareceres, com audincias pblicas realizadas. Independentemente dos requerimentos, po-deramos votar alguns desses projetos, que iriam Co-misso de mrito competente, aps o pronunciamento desta Comisso. Acredito que seria de bom alvitre que zssemos isso em relao a alguns projetos, vez que estaramos cumprindo uma misso desta Comisso de Assuntos Sociais, que vem realizando um trabalho edi-cante desde as administraes passadas. Ficaria tran-cado esse trabalho caso no houvesse pronunciamento desta Comisso a respeito de alguns projetos.

    Tem a palavra V. Ex para algum esclarecimento adicional.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT RS) Sr. Presi-dente, eu queria ponderar sobre duas questes.

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    Tambm entendo que esta Comisso seja uma das mais importantes do Senado da Repblica. Eu mesmo tenho aqui dezenas de projetos a serem apre-ciados; nada a ver com a sua Presidncia, pois so anteriores a ela. Eu gostaria de v-los votados, a fa-vor ou contra. Percebo que essas dezenas de projetos esto nas mos do Relator, no vieram para a pauta. claro que teramos que acelerar as votaes pela importncia dos temas em debate.

    Dei entrada em requerimento, porque entendo que a PEC Paralela um tema delicadssimo. Fizemos um amplo acordo aqui no Senado e foi para a Cmara, que alterou a PEC Paralela.

    Como ns vamos tratar do tema trabalho e previ-dncia com ou sem subcomisso, tomei a liberdade de encaminhar Mesa o requerimento de uma audincia pblica para discutirmos a PEC Paralela.

    Os delegados de polcia, auditores scais, promo-tores, procuradores e policiais militares esto em massa nos corredores do Senado e gostariam de participar dessa audincia sob a Presidncia de V. Ex. Natural-mente, colaborarei nos entendimentos. Se ainda no for possvel instalar a Subcomisso, eu gostaria que zssemos no mbito da prpria CAS uma audincia pblica para que as partes interessadas possam se posicionar sobre a PEC Paralela.

    Quanto ao projeto em debate agora, Sr. Presi-dente, se no houver entendimento, posso pedir vista, para evitar o constrangimento, e na prxima reunio deliberaremos sobre esse e tantos outros que esto na pauta.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) O Senador Flvio Arns j pediu vista

    O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT RS) S. Ex no devolveu?

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valada-res) Como S. Ex j pediu vista, car V. Ex livre de faz-lo.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT RS) Sr. Presi-dente, na forma regimental, apelo a V. Ex que no vo-temos a matria, porque o autor no est presente.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) O autor um Deputado.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT RS) Como no est presente neste momento o Senador Flvio Arns, que pediu vista da matria, solicito que na pr-xima reunio, com a presena de S. Ex, possamos ouvir tambm a sua opinio.

    O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Valadares) Atendido o pedido de V. Ex.

    Quanto ao requerimento de V. Ex, que deu en-trada no Plenrio, para uma audincia pblica, no caso da Subcomisso, ela s poder fazer a convocao

    depois de devidamente instalada. Como no foi instala-da, a prpria Comisso de Assuntos Sociais poder se encarregar de fazer esta convocao. V. Ex ter uma participao preponderante, sem dvida alguma, na realizao desses debates. V. Ex, ento, poder fazer uma alterao neste requerimento para que, no mbito da prpria Comisso de Assuntos Sociais, seja reali-zada audincia pblica sobre a PEC Paralela. Quais pessoas sero ouvidas?

    O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT RS) J tenho, inclusive, a indicao do dia, da hora e de todas as partes interessadas...

    REQUERIMENTO N 8, DE 2005

    Nos termos do inciso II, do 2 do art. 58 da Constituio Federal, combinado com o inciso II do art. 90 do Regimento Interno do Senado Federal, re-queiro a realizao de audincia pblica, no mbito da Comisso de Assuntos Sociais, para, com a parti-cipao dos convidados abaixo relacionados, debater sobre o Projeto de Lei do Senado n 19, de 2003, que altera o art. 198 da Consolidao das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1943 (Fixa o peso mximo de vinte quilogramas que um empregado pode remover, individualmente).

    Convidados:Sr. Manoel Jos dos SantosPresidente da Confederao dos Trabalhadores

    na Agricultura (CONTAG)SDS, Edifcio Venncio VI 1 andar70393-900 Braslia DFSr. Jos Calixto RamosPresidente da Confederao Nacional dos Tra-

    balhadores na Indstria (CNTI)SEPN Q. 505, conjunto A70730-540 Braslia DFSr. Eduardo Lrio GuterraPresidente da Federao Nacional dos Portu-

    rios (FNP)CLN 304, bloco C, salas 30/3170736-030 Braslia DFSra. Maria de Lourdes MoureCoordenadora Geral de Normatizao e Pro-

    gramas do Departamento de Segurana e Sade do Trabalho

    Ministrio do Trabalho e EmpregoEsplanada dos Ministrios, bloco F, anexo B, 1

    andar70059-900 Braslia DFSra. Maria Helena da Silva GuthierCoordenadora Nacional de Defesa do Meio Am-

    biente do TrabalhoMinistrio Pblico do Trabalho

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    Rua Domingos Vieira, 120 Santa Egnia30150-240 Belo Horizonte MGCom o intuito exclusivo de colaborar para o xito

    dos trabalhos, circunscritos ao horrio regimental das Comisses, o presente para propor que seja reduzido para seis o nmero de convidados, cando para outra oportunidade a oitiva dos Presidentes da CNTC e da FNE, na medida em que estaro, por identidade de in-teresses, representados pela CONTAG e pelo FNP.

    Sala da Comisso, Senador Marcelo Cri-vella.

    Ofcio n 65/2005 GSMC

    Braslia, 3 de maro de 2005

    Senhor Presidente,A propsito do Requerimento n 64, de 2003, de

    autoria do eminente Senador Mo Santa, no sentido da realizao de audincia pblica, no mbito dessa Comisso, para debater sobre o Projeto de Lei n 19, de 2003, venho manifestar o meu integral apoio pro-posta, ao tempo em que, com a devida vnia, permi-

    to-me sugerir, para que hajam enfoques diferenciados nos debates, convites tambm ao Presidente da Con-federao Nacional da Agricultura, da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho do Ministrio Pblico do Trabalho e a Coordenadoria Ge-ral de Normatizao e Programas do Departamento de Segurana e Sade do Trabalho, do Ministrio do Trabalho e Emprego.

    Com o intuito exclusivo de colaborar para o xito dos trabalhos, circunscritos ao horrio regimental das Comisses, proporia, tambm, que fosse reduzido para seis o nmero de convidados, cando para outra opor-tunidade a oitiva dos Presidentes da CNTC e da FNE, na medida em que estaro, por identidade de interes-ses, representados pela CONTAG e pelo FNP.

    Ao ensejo, renovo a Vossa Excelncia minhas congratulaes por sua eleio para o honroso encar-go de Presidente dessa Comisso. Senador Marcelo Crivella.

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    OF. n 44/2005 PRES/CAS

    Braslia, 19 de maio de 2005

    Senhor Presidente,Comunico a Vossa Excelncia que esta Comis-

    so aprovou o Substitutivo ao Projeto de Lei do Se-nado n 19, de 2003, de autoria do Senador Marcelo Crivella, que altera o artigo 198 da Consolidao das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei n 5.452, de 1 de maio de 1946. (Fixa o peso mximo de vinte quilograma que um empregado pode remover, indivi-dualmente).

    A matria ser includa na pauta da prxima reunio, para apreciao em turno suplementar, nos termos do disposto no art. 282, combinado com o art. 92 do Regimento Interno do Senado Federal.

    Atenciosamente, Senador Antnio Carlos Va-ladares, Presidente.

    OF. n 56/2005 PRES/CAS

    Braslia, 29 de julho de 2005

    Senhor Presidente,Nos termos do 2 do artigo 91 do Regimento

    Interno do Senado Federal, comunico a Vossa Exce-lncia que esta Comisso aprovou no dia 19 de maio de 2005, em turno nico, a emenda n 01-CAS (Subs-titutivo), de 2005, ao PLS n 19, de 2003, de autoria do Senador Marcelo Crivella, e em 2 de junho de 2005, no tendo sido oferecidas emendas em turno Suple-mentar, foi denitivamente adotada, nos termos do art. 284 do Regimento Interno do Senado Federal.

    Atenciosamente, Senador Antnio Carlos Va-ladares, Presidente.

    Secretaria Especial de Editorao e Publicaes do Senado Federal DFOS:15037 / 2005

    ublicado no Dirio do Senado Federal de 02 - 08 - 2005