armazenamento de lixo urbano em lixões e aterros...

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Disciplina: Sociedade, Meio Ambiente e Cidadania Armazenamento de lixo urbano em Lixões e Aterros Sanitários: Contaminação do solo, proliferação de macro e micro vetores e contaminação do lençol freáticoProf. Dr. Paulo Santos de Almeida Alunos Agnes Massumi Tada Alexandre Murilo G. de Almeida Paulo Roberto Gonçalo Jr Wagner Kimura São Paulo 2009

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Disciplina: Sociedade, Meio Ambiente e Cidadania

“Armazenamento de lixo urbano em Lixões e

Aterros Sanitários: Contaminação do solo,

proliferação de macro e micro vetores e

contaminação do lençol freático”

Prof. Dr. Paulo Santos de Almeida

Alunos

Agnes Massumi Tada

Alexandre Murilo G. de Almeida

Paulo Roberto Gonçalo Jr

Wagner Kimura

São Paulo

2009

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Índice

Resumo .......................................................................................................................... 4

Introdução .....................................................................................................................4

Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos – RSU ....................................................... 6

Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos – GIRSU ..................... 7

Aterros Sanitários ................................................................................................. 8

Produção de Biogás e Lixiviados ......................................................................... 16

Definições do volume de Lixiviados .................................................................... 18

Fases Evolutivas de um Aterro ............................................................................. 18

Projetos para implantação de Aterros Sanitários .................................................. 19

Aterros e a Saúde Pública – Aspectos Sanitários ................................................. 20

Metodologia .................................................................................................................. 22

Respostas Técnicas ....................................................................................................... 27

1 - Contaminação do solo - Sistema de Tratamento de Lixiviados ...................... 27

2 - Proliferação de macro e micro vetores - Eliminação dos lixões

a céu aberto e sua substituição por aterros sanitários ........................................... 28

3 - Contaminação do lençol freático - Impermeabilização das

trincheiras e valas através de Geomembranas ...................................................... 29

Respostas Jurídicas e Normativas .............................................................................. 30

Leis Federais ......................................................................................................... 30

Resoluções do CONAMA .....................................................................................31

Normas NBR - ABNT .......................................................................................... 33

Conclusão ...................................................................................................................... 34

Referências Bibliográficas ........................................................................................... 36

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Índice de figuras e tabelas

Tabelas

Tabela 1 - Relação da caracterização dos resíduos sólidos .................................................................. 5

Tabela 2 - Produtos intermediários do processo de degradação dos resíduos sólidos urbanos ............ 14

Tabela 3 - Produtos finais do processo de degradação dos resíduos sólidos urbanos .......................... 14

Tabela 4 - Produtos finais do processo de degradação anaeróbia dos resíduos sólidos urbanos ......... 16

Tabela 5 - Doenças mais comuns causadas pela falta de tratamento ou disposição irregular de

resíduos sólidos ..................................................................................................................... 21

Tabela 6 - Tabela provisória de Pressões – Estado/Qualidade .............................................................. 23

Tabela 7a - Tabela provisória de Pressões, Estado/Qualidade e Impactos para as duas primeiras

pressões................................................................................................................................ 24

Tabela 7b - Tabela provisória de Pressões, Estado/Qualidade e Impactos para as duas ultimas

pressões................................................................................................................................. 25

Tabela 8 - Tabela contendo os Impactos escolhidos para a elaboração do trabalho ............................. 26

Tabela 9 - Bibliografia inicial utilizada. Foram disponibilizadas as resenhas dos livros 1 e 2 ................ 26

Tabela 10 - Tabela contendo os Impactos escolhidos para a elaboração do trabalho ............................. 26

Tabela 11 - Relação de Leis relacionadas a Resíduos Sólidos ................................................................ 31

Tabela 12 - Relação de Resoluções CONAMA relacionadas a Resíduos Sólidos ................................... 32

Tabela 13a-Relação de Normas NBR – ABNT relacionadas com resíduos sólidos a partir de 2001........ 33

Tabela 13b- Relação de Normas NBR – ABNT relacionadas com resíduos sólidos até 1999 .................. 34

Figuras

Figura 1 - Etapas passíveis de aplicação de ações visando à prevenção da poluição ........................ 7

Figura 2 - Mapa com o índice de qualidade dos aterros de resíduos no Estado de SP em 1997 ........ 9

Figura 3 - Mapa com o índice de qualidade dos aterros de resíduos no Estado de SP em 2008 ........ 10

Figuras 4 -·Principais impactos ambientais, resultantes da disposição de resíduos em aterro

Sanitário ................................................................................................................................ 11

Figura 5 - Esquema geral do processo de degradação dos resíduos sólidos urbanos ........................ 11

Figura 6 - Processo físico-químicos de dissolução dos minerais .......................................................... 12

Figura 7 - Fluxograma do processo de decomposição anaeróbia dos resíduos sólidos urbanos ..........15

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Resumo

O presente trabalho teve como objetivo a utilização da metodologia PEIR (Pressão,

Estado, Impacto e Resposta), como ferramenta para o desenvolvimento de artigo ou estudo

científico de um tema sobre o meio ambiente de relevância para a sociedade, restringindo seu

escopo para três impactos e definindo uma resposta para cada impacto escolhido.

Introdução

No tópico, “Metodologia”, seguinte, discorreremos mais sobre a metodologia PEIR.

Neste tópico introdutório iremos abordar o tema final definido: “Armazenamento de lixo

urbano em Lixões e Aterros Sanitários: Contaminação do solo, proliferação de macro e micro

vetores e contaminação do lençol freático”.

Quanto à definição de resíduos sólidos, Lima (2001), define como: “...é tudo aquilo

que não se quer mais e se joga fora, ou seja, coisas inúteis, velhas e sem valor ...”. Já para

Calderoni (2003), “o lixo, também chamado de rejeito, passa por um processo de exclusão:

ele é „posto para fora de casa‟”. Já sob um ponto de vista econômico, resíduo é todo material

que é desperdiçado pela sociedade humana. (Calderoni, 2003)

Segundo a Norma Brasileira NBR 10004 de 1987 - Resíduos Sólidos – Classificação,

os resíduos sólidos são:

“aqueles resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial,

doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos

provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de

poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública

de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face a melhor

tecnologia disponível”.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo nº 23, inciso VI, estabelece a

competência de combate à poluição e à proteção do meio ambiente para todas as esferas do

executivo, em seu artigo nº 24, permite legislações próprias até nível estadual, e, por fim, em

seu artigo nº 30, incisos I e II, amplia permissão de legislar até nível municipal, decorrente

deste fato, as questões ambientais possuem um amplo espectro de leis e normas jurídicas em

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todas as esferas, fazendo com que haja grande diversidade de respostas no nível legislativo.

Com relação à classificação dos resíduos sólidos, a Associação Brasileira de Normas

Técnicas – ABNT, adota três classes:

Classe I – resíduos perigosos – inflamáveis, corrosivos, reativos, tóxicos ou

patogênicos;

Classe II – resíduos não inertes – combustíveis, solúveis e biodegradáveis;

Classe III – resíduos inertes – não oferecem riscos à saúde ou ao meio ambiente.

Quanto à caracterização dos resíduos sólidos, apresentamos, na tabela 1, uma proposta

de categorização com informações obtidas junto a ABNT e definições apresentadas no

Simpósio Internacional de Qualidade Ambiental de 2002, ocorrido em Porto Alegre.

Categoria

Exemplos

Matéria orgânica putrescível

Restos alimentares, flores, podas de árvores.

Plástico Sacos, sacolas, embalagens de refrigerantes, água e leite, recipientes de produtos de limpeza, esponjas, isopor, utensílios de cozinha, látex, sacos de ráfia.

Papel e papelão Caixas, revistas, jornais, cartões, papel, pratos, cadernos, livros, pastas.

Vidro Copos, garrafas de bebidas, pratos, espelho, embalagens de produtos de limpeza, embalagens de produtos de beleza, embalagens de produtos alimentícios.

Metal ferroso Palha de aço, alfinetes, agulhas, embalagens de produtos alimentícios.

Metal não ferroso Latas de bebidas, restos de cobre, restos de chumbo, fiação elétrica.

Madeira Caixas, tábuas, palitos de fósforos, palitos de picolés, tampas, móveis, lenha.

Panos, trapos, couro e borracha

Roupas, panos de limpeza, pedaços de tecido, bolsas, mochilas, sapatos, tapetes, luvas, cintos, balões.

Contaminante químico

Pilhas, medicamentos, lâmpadas, inseticidas, raticidas, colas em geral, cosméticos, vidro de esmaltes, embalagens de produtos químicos, latas de óleo de motor, latas com tintas, embalagens pressurizadas, canetas com carga, papel-carbono, filme fotográfico.

Contaminante biológico

Papel higiênico, cotonetes, algodão, curativos, gazes e panos com sangue, fraldas descartáveis, absorventes higiênicos, seringas, lâminas de barbear, cabelos, pêlos, embalagens de anestésicos, luvas.

Pedra, terra e cerâmica

Vasos de flores, pratos, restos de construção, terra, tijolos, cascalho, pedras decorativas.

Diversos Velas de cera, restos de sabão e sabonete, carvão, giz, pontas de cigarro, rolhas, cartões de crédito, lápis de cera, embalagens longa-vida, embalagens metalizadas, sacos de aspirador de pó, lixas e outros materiais de difícil identificação.

Tabela 1 - Relação da caracterização dos resíduos sólidos Fonte: Simpósio Internacional de Qualidade Ambiental de 2002, ocorrido em Porto Alegre, com adaptações advindas do Site da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (2009)

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Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos - RSU

O problema do gerenciamento dos resíduos sólidos nas sociedades atuais tornou-se

complexo devido à quantidade e diversidade dos resíduos, à explosão das áreas urbanas, à

limitação dos recursos financeiros públicos em muitas cidades, aos impactos da tecnologia e

às limitações tanto de energia quanto de recursos naturais. Se realizado de maneira ordenada e

eficiente, os aspectos e as relações fundamentais envolvidos, podem ser identificados e

ajustados para a uniformização dos dados e um melhor entendimento das ações necessárias ao

bom andamento das políticas públicas de fornecimento de serviços municipais de

gerenciamento de resíduos sólidos (Lima, 2001).

Em termos de estratégia de gestão e gerenciamento dos RSU‟s, as ações, sob uma

análise ampla e conceitual, devem compreender políticas públicas e desenvolvimento de

alternativas que provoquem uma redução na fonte, a utilização de técnicas de

reaproveitamento, o tratamento dos resíduos descartados e inservíveis e um plano sanitário

para sua disposição final (Castilhos Junior, 2003).

Um sistema de recuperação de materiais recicláveis que se pretenda avançar na

direção de um novo paradigma pressupõe que se combine a responsabilidade dos produtores

pelos resíduos gerados com a integração dos catadores de forma autogestionária, no marco do

que se considera gestão sócio-ambiental sustentável. E para tal é preciso que o Estado, no

caso as prefeituras, assumam o papel de coordenação desse processo para que o interesse

público, no sentido amplo da palavra, seja garantido (Grimberg, 2007).

A redução na fonte pode ocorrer através do estabelecimento de regras e normas que

resultem na implementação de mudanças nos produtos e seus métodos produtivos, quer seja

por avanços tecnológicos ou avanços nas áreas operacionais. Para os casos de

reaproveitamento podemos utilizar três tipos de ações: a reutilização, a reciclagem e a

recuperação. Por fim, nas ações de tratamento e disposição final, existe a necessidade de um

planejamento que envolve tecnologia e engenharia para a implementação de aterros sanitários

(Castilhos, 2003 e Lima, 2001).

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Na figura 1, mostramos um diagrama que sugere a seqüência de etapas para as

aplicações das ações de redução, reaproveitamento e destino final de resíduos sólidos.

Figura 1 - Etapas passíveis de aplicação de ações visando à prevenção da poluição Fonte: CASTILHOS JR (2003, p. 10)

Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos - GIRSU

O Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos - GIRSU , é um sistema

empregado por diversos municípios, orientados pelos Ministérios do Meio Ambiente e das

Cidades. O Sistema engloba atividades técnico-operacionais que envolvem as seguintes

etapas: geração, acondicionamento, coleta seletiva e transporte, reaproveitamento, tratamento

e destinação final. Além disso, o Sistema também prevê o acompanhamento e avaliações

rotineiras dos aterros quando da ocorrência de seu esgotamento (Castilhos Junior, 2003). De

acordo com o Ministério do Meio Ambiente:

“o plano de gerenciamento é um documento que apresenta a situação atual do sistema de limpeza urbana, com a

pré-seleção das alternativas mais viáveis, com o estabelecimento de ações integradas e diretrizes sob os aspectos

ambientais, econômicos, financeiros, administrativos, técnicos, sociais, e legais para todas as fases de gestão dos

resíduos sólidos, desde a sua geração até a destinação final”.

Processo

de produção

Consumo

de Produto

Gerenciador

do produto

pós-consumo

Destino final

Destino

Final

RS

RS

RS

Domínio Público

Domínio Privado

1ª Etapa

2ª Etapa

Ações para a redução ou reaproveitamento de resíduos sólidos.

Processo

de produção

Consumo

de Produto

Gerenciador

do produto

pós-consumo

Destino final

Destino

Final

RS

RS

RS

Domínio Público

Domínio Privado

1ª Etapa

2ª Etapa

Ações para a redução ou reaproveitamento de resíduos sólidos.

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O sistema de gerenciamento prevê em sua primeira fase, a implantação de um plano de

gerenciamento que deve contemplar:

- Modelo utilizado, estrutura operacional, estratégia de implantação e definição de

metas e prazos;

- Os recursos devem estar provisionados e garantidos para a execução do plano;

- Deve conter a proposição de estrutura organizacional ou adequação de estrutura

existente, onde além das estruturas administrativas, financeiras e operacionais, deve

conter uma estrutura jurídica;

- Adequação do plano a programas de inserção social;

- Adequação do plano a programas de educação ambiental;

- Inclusão de metodologia de acompanhamento e avaliação dos resultados.

O GIRSU exige articulação entre as esferas públicas e privadas, envolvendo os atores

oriundos dos setores públicos, das empresas de iniciativa privada, da sociedade civil e das

organizações de terceiro setor. Implantações como o aterro sustentável, asseguram uma

melhoria na saúde da comunidade e minimiza impactos negativos associados ao manejo e

disposição inadequada do RSU (Castilhos Junior, 2003).

Aterros Sanitários

No caso da destinação dos resíduos, temos três alternativas utilizadas com mais

profusão, os aterros comuns mais conhecidos como lixões, os aterros controlados onde os

resíduos são cobertos por material inerte e os aterros sanitários. No caso dos lixões, a céu

aberto, identificamos uma forma de deposição desordenada, sem a devida compactação do

lixo e sem qualquer cobertura, o que acentua os problemas de contaminação do solo, do

lençol freático e a proliferação de macro e micro vetores. Já nos aterros controlados e

sanitários, os mesmos problemas também estão presentes, mas com menor intensidade,

principalmente nos sanitários.(Castilhos Junior, 2003 e Paris, 2007). A diferença básica entre

os aterros controlados e os sanitários é a ausência de impermeabilização no primeiro modelo,

isto faz com que sejam acentuados os riscos de contaminação dos lençóis freáticos

(Calderoni, 2003). Com este comparativo, a conclusão é inequívoca de que entre as três

alternativas a mais eficiente e apropriada é a dos aterros sanitários (Levy, 2008).

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A Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo –

CETESB, através do relatório “, Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares” de

2008, mostra as condições em que se encontravam e que se encontram todos os aterros

(comuns, controlados e sanitários) dos 645 (seiscentos e quarenta e cinco) municípios do

Estado de São Paulo, denotando o crescente emprego de soluções tecnológicas para a

melhoria do bem-estar da sociedade (Dalmas, 2008).

Figura 2 – Mapa com o índice de qualidade dos aterros de resíduos no Estado de SP em 1997 Fonte: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB, "Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares”, 2008.

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Figura 3 – Mapa com o índice de qualidade dos aterros de resíduos no Estado de SP em 2008 Fonte: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB, "Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Domiciliares”, 2008.

Os Aterros sanitários são hoje, o meio mais utilizado e de menor custo para a

estocagem de RSU, porém o fato de estarem estocados não quer dizer que estejam inativos.

As condições de armazenagem, bem como as influências de agentes naturais (chuva e

microrganismos) ativam processos físico, químico e biológicos de transformação. Os

elementos naturais são dissolvidos, a água desprende finas partículas e o principal responsável

pela degradação dos resíduos é a bioconversão da matéria orgânica em formas solúveis e

gasosas. Com isto, temos a formação de biogás e os lixiviados (Castilhos Junior, 2003).

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Figura 4 - Principais impactos ambientais resultantes da disposição de resíduos em aterro sanitário Fonte: CASTILHOS JR (2003, p. 20)

Figura 5 - Esquema geral do processo de degradação dos resíduos sólidos urbanos Fonte: CASTILHOS JR (2003, p. 20)

Nos aterros sanitários ocorre o que denominamos de dissolução, que é um processo

onde é originado um soluto com composição química idêntica ao sólido, porém, dissolvido.

Pode ser classificado como: dissolução por modo congruente e dissolução por modo não

congruente. A dissolução por modo congruente implica uma dissolução estequiométrica ou

não, porém sem crescimento de uma fase sólida posterior. No caso da não congruente,

Macrovetores

Resíduos

Microvetores

Geração de gases Emanação de odores

Nível do lençol freático

Geração de lixiviados

Macrovetores

Resíduos

Microvetores

Geração de gases Emanação de odores

Nível do lençol freático

Geração de lixiviados

Degradação

dos resíduos

Sólidos

Urbanos

em aterro

sanitário

-Fenômenos de dissolução dos elementos minerais

presentes nos rersíduos

-Bioconversão da matéria orgênica em formas solúveis e

gasosas

-Carreamento pela H2O de percolação das finas

partículas e do material solúvel

Degradação

dos resíduos

Sólidos

Urbanos

em aterro

sanitário

-Fenômenos de dissolução dos elementos minerais

presentes nos rersíduos

-Bioconversão da matéria orgênica em formas solúveis e

gasosas

-Carreamento pela H2O de percolação das finas

partículas e do material solúvel

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espécies solubilizadas reagem entre ela formando um novo sólido. Os fenômenos podem

ocorrer em sistemas abertos ou fechados, onde se determinam possíveis trocas de energia ou

matéria com o meio exterior (Castilhos Junior, 2003), como destacamos na figura 4.

Figura 6 - Processo físico-químicos de dissolução dos minerais Fonte: CASTILHOS JR (2003, p. 21)

Os principais fenômenos que afetam a velocidade com que ocorre o processo de

dissolução são: pH, capacidade tampão, potencial de óxido-redução, complexação e

temperatura.

- pH: é um fator-chave para a dissolução de certos elementos minerais quando do

contato líquido-sólido;

- Capacidade tampão: é a propriedade do meio aquoso de conservar seu pH sob a

ação de quantidades moderadas de ácidos ou de bases fortes;

- Potencial de óxido-redução: Em sua maioria, são reações lentas que dependem da

ação de microrganismos;

- Complexação: Combinação de íons metálicos com compostos não metálicos por

meio de ligações covalentes;

- Temperatura: influem diretamente na solubilidade ou não de resíduos, seja por

processo de expansão ou de contração.

Transporte, mistura

- Transporte por convenção, difusão, gravidade

Reações químicas

- Solubilização

- Complexação

- Hidrólise

Fenômenos biológicos

- Efeitos diretos (metabolização)

- Efeitos indiretos (por intermédio do pH, óxido-redução, etc.)

Trocas de energia

Com o meio exterior

Trocas de matéria

Com o meio exterior

Transporte, mistura

- Transporte por convenção, difusão, gravidade

Reações químicas

- Solubilização

- Complexação

- Hidrólise

Fenômenos biológicos

- Efeitos diretos (metabolização)

- Efeitos indiretos (por intermédio do pH, óxido-redução, etc.)

Trocas de energia

Com o meio exterior

Trocas de matéria

Com o meio exterior

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Num aterro sanitário, a degradação dos resíduos sólidos ocorre devido à presença de

microrganismos, em sua grande maioria bactérias que atuam no chamado metabolismo

aeróbio ou metabolismo anaeróbio, caracterizados pela existência e pela ausência de oxigênio,

respectivamente. Essas comunidades microbianas presentes, incluem bactérias hidrolíticas e

fermentativas, acidogênicas, acetogênicas e archeas metanogênicas, além de bactérias

redutoras de sulfato e protozoários (Castilhos Junior, 2003).

Após a cobertura dos resíduos em aterros, ainda há a presença de oxigênio, com isto os

microrganismos aeróbios dão início à primeira fase de decomposição. Os resíduos submetidos

à ação de enzimas extracelulares específicas, secretadas por microrganismos, formam os

chamados oligômeros e monômeros da seguinte forma:

Matéria orgânica + O2 CO2 + H2O + Energia

Esta reação libera energia, parte da qual será utilizada para a sínteses de novas células

quando ocorrer a multiplicação dos microrganismos. Se considerarmos a oxidação do

carbono, teremos a seguinte reação global:

Matéria orgânica + células Novas células + CO2 + Energia

A equação esquematiza uma sucessão de reações de substratos até a liberação de

metabólitos intermediários, cujos principais efeitos são: a poluição dos lixiviados , a ação

complexante sobre metais e a contaminação bacteriana.

Catálise

enzimática

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Natureza da matéria degradada

Principais classes de produtos intermediários

Proteínas Polipeptídios, ácidos aminados

Graxas Ácidos graxos

Hidratos de carbono Polissacarídeos, açúcares, aldeídos

Hidrocarbonetos Ácidos graxos, aldeídos

Tabela 2 - Produtos intermediários do processo de degradação dos resíduos sólidos urbanos Fonte: CASTILHOS JR (2003, p. 29)

Elementos constituintes da matéria orgânica

Produtos finais da biodegradação aeróbia

H Água H2O

C Gás carbônico CO2, bicarbonatos e carbonatos

N Nitratos NO3-

P Fosfato PO³4

S Sulfatos SO4--

Metais Seus hidróxidos ou carbonatos

Tabela 3 - Produtos finais do processo de degradação dos resíduos sólidos urbanos Fonte: CASTILHOS JR (2003, p. 30)

A decomposição aeróbia é relativamente curta, durando em média um mês, pelo fato

de consumir a pequena quantidade de oxigênio existente.

Já com relação a degradação anaeróbia, com a redução dos níveis de oxigênio,

começam a predominar os microrganismos anaeróbios facultativos, que são aqueles que

convertem o material orgânico, já degradado em processo aeróbio, em compostos dissolvidos,

através de processos de hidrólise ou liquefação (primeira fase anaeróbia), formando

oligômeros e monômeros em tamanhos suficientemente pequenos para penetrar no interior de

células. No interior das células esses substratos são metabolizados. Após essa fase, ocorre um

processo bioquímico pelo qual as bactérias obtêm energia pela transformação da matéria

orgânica hidrolisada (segunda fase anaeróbia) e produzem quantidades consideráveis de

compostos orgânicos simples e de alta solubilidade, principalmente ácidos graxos voláteis. Na

terceira fase, os ácidos se misturam com o líquido que desprende da massa de resíduo sólido,

fazendo com que seu pH caia, favorecendo o aparecimento de maus odores e formando

definitivamente os compostos orgânicos simples. Na quarta fase, os compostos orgânicos

simples formados na terceira fase são consumidos por bactérias anaeróbias, denominadas de

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bactérias metano gênicas, que darão origem ao metano (CH4) e ao gás carbônico (CO2)

(Castilhos Junior, 2003).

Figura 7 - Fluxograma do processo de decomposição anaeróbia dos resíduos sólidos urbanos Fonte: CASTILHOS JR (2003, p. 32)

Matéria orgânica sólida

Fase 1 - Hidrólise

Matéria orgânica solúvel

(muito diversificada)

Fase 2 - Acidogênese

Acidos graxos voláteis

Fase 3 - Acetogênese

Acidos acético CH3COOH

Fase 4 - Metanogênese

Produtos finais:

H2O, CO2, CH4, NH4, H2S, etc.

Matéria orgânica sólida

Fase 1 - Hidrólise

Matéria orgânica solúvel

(muito diversificada)

Fase 2 - Acidogênese

Acidos graxos voláteis

Fase 3 - Acetogênese

Acidos acético CH3COOH

Fase 4 - Metanogênese

Produtos finais:

H2O, CO2, CH4, NH4, H2S, etc.

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Elementos constituintes da

matéria orgânica

Produtos finais da biodegradação anaeróbia

H Água H2O, H2S e CH4

C Gás carbônico CO2 e CH4

N Nitratos NO4

O Gás carbônico CO2

S S--, H2S

Metais Seus sulfetos

Tabela 4 - Produtos finais do processo de degradação anaeróbia dos resíduos sólidos urbanos Fonte: CASTILHOS JR (2003, p. 33)

Os principais efeitos dos metabólicos finais da degradação anaeróbica são: a influência

do CO2, dos bicarbonatos e carbonatos sobre o pH do meio aquoso e sua capacidade ácido-

básica, a insolubilização dos metais sob a forma de sulfetos muito pouco solúveis, a

complexação do cobre pelos íons NH4+ e a emissão de maus odores (Castilhos Junior, 2003).

Os substratos gerados com o processo de degradação, são fontes de alimentos aos

microrganismos, que são os elementos químicos que constituem o material celular e os

necessários às atividades enzimáticas, particularmente os oligo-elementos (elementos

minerais que em fracas doses são indispensáveis às reações enzimáticas) (Castilhos Junior,

2003).

A atividade enzimática das bactérias depende da temperatura dos resíduos sólidos,

tendo relação direta com o resultado da produção gasosa dos aterros, e dependem dos níveis

de pH, que influenciam diretamente no crescimento dos microrganismos (Castilhos Junior,

2003).

Produção de Biogás e Lixiviados

Descoberto em 1667, o “gás dos pântanos”, denominação primeira do gás metano, é

um fenômeno presente na natureza ao longo dos tempos. Esse hidrocarboneto saturado mais

simples, desde o século XIX, passou a ser utilizado industrialmente e semi-industrialmente

(iluminação das ruas de Londres). Hoje, o metano, considerado como um gás combustível, é

uma das alternativas de produção energética de fontes renováveis. Porém, faz parte do grupo

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dos “gases de efeito estufa”. Segundo o IPCC (2007), a produção natural corresponde a 20%

das emissões, e a produção antropogênica corresponde a 80% de suas emissões (Castilhos

Junior, 2003).

Dentre as diversas fontes de metano, os aterros sanitários respondem por 8% das

fontes (conforme dados extraídos do Ministério de Ciência e Tecnologia, 1997). A geração de

gás em um aterro sanitário é afetada por diversas variáveis, entre as quais estão: as diferentes

composições de resíduos, o estágio efetivo de decomposição dos resíduos, a natureza dos

resíduos, a umidade presente nos resíduos, o estado físico dos resíduos, o potencial

hidrogeniônico, a temperatura, os nutrientes, a capacidade tampão e a taxa de oxigenação. A

geração de gás oriundas de aterros foi objeto de diversos estudos já realizados desde a década

de 60 do século passado (Castilhos Junior, 2003).

Quanto aos lixiviados, o processo de percolação em aterros sanitários é definido como

a quantidade de água que excede a capacidade de retenção de umidade de um resíduo. Os

lixiviados são provenientes de três fontes principais: a umidade natural dos resíduos, a água

que sobra durante o processo de decomposição, e o líquido proveniente de materiais orgânicos

expelidos pelas bactérias em forma de enzimas. O entendimento do processo hidrológico é

fundamental para a verificação da influência dos lixiviados no meio (Castilhos Junior, 2003).

Dentro do processo hidrológico podemos destacar:

- As precipitações: toda água que provém do meio atmosférico e atinge a superfície

terrestre;

- Evaporação: taxa de transferência para a atmosfera, da fase líquida para a fase de

vapor, da água contida em um determinado reservatório;

- Escoamento superficial: deslocamento da água na superfície da Terra;

- Infiltração: penetração da água em camadas de solo, impulsionadas pela gravidade;

- Evapotranspiração: soma total de água de superfície que retorna à atmosfera

(evaporação + transpiração)

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Definições do volume de lixiviados

Método do balanço hídrico

L = Wp + Wsr + Wir + Wd + Wgw – R – E – ΔSs – ΔSr

Onde,

L – Volume de Lixiviado;

Wp – entrada em decorrência da precipitação;

Wsr – entrada de água pluvial ou de fora da área do aterro;

Wir – entrada de irrigação ou recirculação;

Wd – contribuição de água em decorrência da composição dos resíduos;

Wgw – infiltração pela base;

R – escoamento superficial;

E – evapotranspiração;

ΔSs – variação da umidade armazenada no solo de cobertura;

ΔSr - variação da umidade armazenada nos resíduos sólidos.

Método suíço

1

Q = ----- . P . A . K

t

Onde,

Q – vazão média de lixiviado (L/s);

P – precipitação média anual (mm);

A – área do aterro (m²);

T – número de segundos em um ano (s);

K – coeficiente que depende do grau de compactação dos resíduos (valores tabelados).

Fases Evolutivas de um Aterro

A degradação dos resíduos em um aterro sanitário é um processo demorado e

dependente da composição dos diversos substratos. Pohland & Harper (1985), propuseram

cinco fases para avaliar a estabilização dos resíduos em um aterro no decorrer do tempo

(Castilhos Junior, 2003), que são:

Fase 1 - Fase Inicial: Aterramento dos resíduos e início do acumulo de umidade,

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compactação e cobertura dos resíduos, detecção das primeiras mudanças em termos

de degradação, início da formação de lixiviados, passagem da condição aeróbia para

anaeróbia;

Fase 2 - Fase de Transição: Aparecem nos lixiviados concentrações importantes de

metabólitos intermediários, tendências perceptíveis de instalação de condições

redutoras no meio, os ácidos graxos passam a predominar nos lixiviados;

Fase 3 - Formação ácida: Redução no pH, crescimento de microrganismos com o

consumo de nitrogênio e fósforo, detecção de hidrogênio, os produtos intermediários

que aparecem na fase ácida são transformados em metano e dióxido de carbono,

crescimento do pH controlado pela capacidade tampão;

Fase 4 - Fermentação metanogênica: Potencial de óxido, complexação e precipitação

de metais, carga orgânica de lixiviados decresce, produção de gases aumenta,

estabilização de componentes orgânicos, limitação de concentração de nutriente;

Fase 5 - Maturação final: Produção de gases entra em queda até cessar, Oxigênio e

espécies oxidadas reaparecem lentamente, Matérias orgânicas resistentes a

biodegradação são convertidas em moléculas como ácidos húmicos.

Projetos para implantação de Aterros Sanitários

Como em qualquer projeto de engenharia, os estudos preliminares são necessários

para o embasamento do desenvolvimento do projeto, bem como para a escolha da solução

correta. Os levantamentos das informações preliminares devem observar dados qualitativos e

quantitativos nas seguintes áreas:

- Geração: Quantidade per capta de resíduos produzidos em um determinado

período;

- Varrição: Quantidade de resíduos gerados pelo processo de limpeza pública;

- Coleta/transporte: Forma de coleta e transporte, se ocorre a compactação inicial ou

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não dos resíduos;

- Tratamento: Alternativas que geram subprodutos nos processos voltados à redução

da poluição e do quantitativo de resíduos;

- Destino final: Localização de áreas para recepção de resíduos.

A seleção da área, que também faz parte dos estudos preliminares, deve atender a

objetivos específicos, bem definidos que possibilitem a minimização de impactos ambientais

negativos, custos e da complexidade técnica a ser empregada; e que maximize a aceitação

pública. Uma análise sobre as condições ambientais é quesito obrigatório na definição da área

a ser utilizada, e deve observar a distância dos recursos hídricos, se a área pode sofrer riscos

de inundação, sua geologia e potencial hídrico, a condutividade hidráulica do solo, a

profundidade do lençol freático, a fauna e flora locais, a distância das vias terrestres de

acesso, a legislação vigente, a distância de centros urbanos, sua clinografia (declividade do

terreno), a espessura do solo (relativo a compactação), e por fim, a possibilidade de recuperar

uma área já degradada (Castilhos Junior, 2003).

O monitoramento é de suma importância para a implantação de um projeto. Mais do

que simples acompanhamentos, as fases de monitoria envolvem diagnósticos da qualidade

ambiental da área utilizada, ao longo do tempo desde a sua implantação, e excedendo por

período indeterminado quando do seu esgotamento. É através do monitoramento que

podemos garantir o bem-estar das comunidades vizinhas e das comunidades dependentes dos

recursos hídricos de uma determinada região (Castilhos Junior, 2003).

Aterros e a Saúde Pública – Aspectos Sanitários

O armazenamento desordenado dos resíduos sólidos promove condições favoráveis à

proliferação de vetores biológicos como: moscas, mosquitos, ratos, baratas e demais insetos e

animais, além do fato de propiciar a contaminação de outros tipos de animais, os domésticos e

por conseguinte a contaminação dos seres humanos. Diversas doenças podem advir do

armazenamento inapropriado do lixo e podem causar tanto doenças pontuais e restritas a uma

pessoa ou a um grupo pequeno de pessoas, como podem causar epidemias (como cólera ou

dengue). Na tabela 5, apresentamos algumas doenças que podem ser causadas pela falta de

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tratamento ou disposição irregular dos resíduos sólidos urbanos:

Doença

Descrição

Agente

infeccioso

Hospedeiro

Letalidade

Toxoplasmose

Doença infecciosa causada por um protozoário, causa infecções em

mamíferos e aves.

Toxoplasma

gondii

Gatos, bodes e outros animais

Se não tratados levam à morte

Triquinose Doença contraída no consumo de carne de porco ou javali mal cozidas

Trichinella spiralis

Porcos, javali e outros animais

Geralmente curável

Teníase

Pode ser benigna quando intestinal, ou maligna quando localizada em

outra parte do corpo (formas larvárias)

Taenia saginata e Taenia Solium

Boi, porco e o

homem

As formas larvárias podem

ser fatais

Hantavirose Manifesta-se nos rins, com febre hemorrágica e nos pulmões

Vírus da família Bunyaviridiae

Ratos 45% de morte

Leptospirose Doença infecciosa febril, aguda, potencialmente grave

Leptospira interrogans

Ratos 10% de mortes

Peste Bubônica

Causada por bactérias que entram na

pele e espalham gânglios linfáticos

Yersinia pestis

Ratos e Pulgas

Se tratada 60% de mortes

Não tratada 100%

Dengue

Doença infecciosa de rápida proliferação, causa febres e dores no

corpo

Vírus da família Flaviviridae

Mosquitos Aëdes aegypti e Aëdes

albopictus

Se não for hemorrágica 5%

de mortes

Malária

Doença infecciosa causada por microrganismos transmitida através de

picada de mosquito, causa febre violenta, dor de cabeça e náuseas

Plasmodium

Homem

Com vacinação

prévia os índices são nulos

Febre Amarela

Causada por vírus de curta duração, causa febre, dor de cabeça,

raquialgia, prostração, náuseas e o doente se torna ictérico.

Vírus Flavivírus

Homem, macaco e

mosquito Aëdes aegypti

Alto índice de mortalidade

Tabela 5 – Doenças mais comuns causadas pela falta de tratamento ou disposição irregular de resíduos sólidos Fonte: PEREIRA NETO, João Tinoco, (2007, p. 31-41)

Os aterros, devido à exclusão social de inúmeros indivíduos, servem para eles como

uma forma de obtenção de renda, onde, atuando como catadores buscam colher materiais

recicláveis de valor comercial, geralmente sob condições precárias de proteção física

individual (não existe uso de EPI - Equipamentos de Proteção Individual e nem de EPC –

Equipamento de Proteção Coletiva), ficando suscetíveis a todos os tipos de doenças inerentes,

as quais apontamos algumas na tabela 5. Além disso, os problemas de urbanização, levam a

população de baixa renda para a periferia, onde acabam constituindo moradia, e onde se

encontram a maioria dos aterros, com isto, esses moradores das adjacências dessas áreas de

risco, também ficam mais suscetíveis às doenças relacionadas ao armazenamento irregular

dos resíduos sólidos, da falta de tratamento do lixo urbano e da conseqüente proliferação de

micro e macro vetores (Pereira Neto, 2007).

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Metodologia

Para elaboração do trabalho foi utilizada a metodologia PEIR, que é a metodologia

utilizada na elaboração dos documentos básicos que compõem o GEO-Brasil, o GEO-São

Paulo e as séries GEO do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA. O

PEIR é um sistema de avaliação integrada da interferência antrópica no meio ambiente,

identificadas em quatro estágios conceituais inter-relacionados, cujas iniciais dão nome ao

modelo. São eles:

Pressão – Surge com a interferência antrópica no meio ambiente que afeta ou

transforma uma sistema ambiental causando problemas perceptíveis. É uma

característica do resultado de uma ação humana.

Estado/Qualidade – É a condição de um sistema ambiental ao longo do tempo e num

determinado espaço geográfico, que mantenha um nível de estabilidade e

imutabilidade.

Impacto – São baseados nas pressões que os geraram e, refletem as transformações

causadas num sistema ambiental, afetando sua estabilidade natural.

Resposta – ação que visa minimizar, ou corrigir as transformações de um sistema

ambiental, buscando trazer a condição inicial de estabilidade, a redução do ritmo de

transformação, ou mesmo a prevenção de uma possível e futura transformação.

A metodologia PEIR envolve, além do processo investigativo e de levantamento, um

processo decisório, onde os conceitos devem ser estabelecidos para nortear as atividades de

desenvolvimento (ADAMS, 2009). Para realização das atividades e assimilação dos conceitos

da metodologia, os trabalhos se desenvolveram em seis etapas distintas, a saber:

Primeira Etapa – Definição dos grupos e escolha do tema: Após a formação do grupo

de trabalho por negociação consensual entre os alunos, houve a solicitação para que

cada grupo escolhesse um tema relacionado com meio ambiente. Inicialmente o tema

escolhido foi “Reciclagem de Pneus Inservíveis”, porém após uma deliberação interna

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da maioria dos elementos do grupo, a proposta foi alterada para “Resíduos Sólidos

„lixo‟”.

Segunda Etapa – Sob consenso, ao receber a tarefa de apontar quatro pressões para o

tema indicado, o grupo escolheu as seguintes pressões:

1 - Lixões,

2 - Incineração,

3 - Poluição da água,

4 - Consumo Exagerado.

Terceira Etapa – Para esta etapa foi solicitado o apontamento de três

Estado/Qualidade para cada pressão, sob consenso o grupo decidiu pelos itens que

seguem constam na tabela 6, que segue:

Pressão

Estado/Qualidade

Lixões

Contaminação do solo

Liberação do gás metano Ameaça às populações de baixa renda

Incineração

Liberação de dióxido de carbono

Chuvas ácidas Liberação de toxinas

Poluição da água

Prejuízo na biodiversidade aquática

Escassez de água doce Regiões turísticas prejudicadas

Consumo “exagerado”

Finitude de bens naturais

Aumento da falta de consciência ambiental na sociedade Agravamento da desigualdade social

Tabela 6 – Tabela provisória de Pressões – Estado/Qualidade

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Quarta Etapa – Foi solicitado o apontamento de oito impactos para cada

Estado/Qualidade. Mediante consenso, o grupo decidiu pelos itens constantes das

tabelas 7a e 7b (a divisão em duas tabelas foi por uma questão estética):

Pressão Estado/Qualidade Impacto

Armazenamento do lixo

Lixões e aterros sanitários

Empobrecimento do solo

Contaminação do solo

Improdutividade agrária dos terrenos

Aumento dos índices de poluição em áreas vizinhas

Proliferação de macro e micro vetores

Inibição do crescimento da flora local

Desequilíbrio da cadeia alimentar dos animais

Contaminação dos lençóis freáticos

Processo de catação de lixo

Aumento na insalubridade das atividades de catação

Aumento dos casos de doenças de pele

Aumento dos casos de doenças respiratórias

Aumento dos casos de intoxicação alimentar

Aumento do número de trabalhadores informais sem benefícios

Aumento nos índices de reaproveitamento de materiais

Aumento nos índices de reciclagem de materiais

Surgimento de oportunidade de renda para desempregados

Aglomerações populacionais vizinhas aos aterros e lixões

Aumento dos casos de doenças respiratórias

Aumento dos casos de doenças de pele

Redução na oferta de água potável

Desvalorização dos imóveis do entorno

Elevação dos índices de contaminação de alimentos

Proliferação de macro e micro vetores

Aumento da insegurança estrutural das moradias

Diminuição da qualidade de vida

Incineração desordenada do lixo

Efeito estufa

Aumento da temperatura mundial

Aumento na incidência de derretimento das calotas polares

Elevação do nível dos oceanos

Redução da produtividade florestal

Perdas na biodiversidade

Aumento da fatura energética ?

Intrusão salina ?

Aumento dos índices de erosão costeira

Pluviometria - Chuvas ácidas

Aumento dos casos de doenças de pele

Redução na oferta de água potável

Elevação dos níveis de acidificação de lagos

Aumento nos índices de produção de “smog”

Maior degradação de monumentos e patrimônios

Aumento na destruição florestal

Redução na produtividade agrícola

Aumento dos índices de erosão do solo

Prática de queima a céu aberto

Aumento dos riscos de propagação do fogo (incêndio)

Elevação dos níveis de empobrecimento do solo

Elevação dos níveis de contaminação do ar

Aumento na incidência de acidentes de trabalho

Agravamento das afecções respiratórias

Elevação dos níveis de destruição da fauna

Elevação dos níveis de destruição da flora

Diminuição da qualidade de vida

Trabalho 7a – Tabela provisória de Pressões, Estado/Qualidade e Impactos para as duas primeiras pressões.

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Pressão Estado/Qualidade Impacto

Elevação dos índices de poluição das águas

Regiões turísticas litorâneas e fluviais

Prejuízos financeiros da sociedade.

Prejuízos financeiros do poder público

Diminuição do fluxo turístico

Desvalorização da região

Aumento da taxa de desemprego

Aumento da migração

Aumento da taxa de desnutrição e pobreza

Elevação do desequilíbrio social

Sistema econômico social de populações ribeirinhas e das

orlas marítimas

Redução da renda dos trabalhadores

Redução da disponibilidade de pescados

Redução da produtividade da indústria do pescado

Elevação nos preços dos pescados para outros consumidores

Perdas na biodiversidade hídrica

Aumento da taxa de desnutrição e pobreza

Aumento da violência

Diminuição da qualidade de vida

Recursos hídricos

Redução na oferta de água potável

Redução na produtividade agrícola

Perda de fontes de energia

Elevação na utilização de fontes de energia não ecológicas

Perda de fontes de alimento

Perdas na biodiversidade hídrica

Elevação dos níveis de destruição da fauna hídrica

Diminuição da qualidade de vida

Consumo desordenado e exacerbado da

sociedade em geral

Biodiversidade

Aumento do consumo de materiais não reaproveitáveis

Aumento dos níveis de desperdício

Perda de fontes de alimento

Aumento no desequilíbrio das cadeias ecológicas

Elevação dos níveis de destruição da fauna

Elevação dos níveis de destruição da flora

Elevação do desequilíbrio social

Diminuição da qualidade de vida

Cultura ambiental da sociedade

Aumento na produção de lixo percapta

Aumento na implantação de projetos sustentáveis

Elevação dos níveis de poluição do meio ambiente

Aumento dos índices de desvalorização da vida

Perdas de recursos financeiros

Aumento do uso de produtos ecologicamente corretos

Aumento da violência

Diminuição da qualidade de vida

Estratificações sociais

Perda da identidade social

Aumento na falta de aplicação do caráter de isonomia

Mudanças comportamentais da sociedade

Indisponibilidade de serviços públicos a todos

relacionadas ao consumo Aumento da suscetibilidade de consumo manipulado

Alterações no sistema econômico produtivo

Aumento no consumo de alimentos processados e industrializados

Aumento da incidência de doenças.

Quadro 7b – Tabela provisória de Pressões, Estado/Qualidade e Impactos para as duas ultimas pressões.

Quinta Etapa – Foi solicitada a escolha de três impactos da relação de impactos

apontados nas tabelas 7a e 7b. Além dessa atividade, foi solicitado um levantamento

bibliográfico de pelo menos cinco livros, sendo obrigatória a apresentação das

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resenhas de dois dos cinco livros relacionados. Para a seqüência do trabalho, sob

consenso o grupo escolheu os impactos apontados na tabela 8, que segue:

Pressão Estado/Qualidade Impacto

Armazenamento do lixo Lixões e aterros sanitários

Contaminação do solo

Proliferação de macro e micro vetores

Contaminação dos lençóis freáticos

Tabela 8 – Tabela contendo os Impactos escolhidos para a elaboração do trabalho.

Na seqüência, para cumprimento desta etapa, foram escolhidos os livros que constam

na tabela 9, sendo entregues as resenhas dos dois primeiros livros da tabela.

Livro

Título

Autor

Ano

Editora

1

Resíduos Sólidos Urbanos: Aterro Sustentável para

Municípios de Pequeno Porte

Armando Borges de Castilhos Junior (coordenador)

2003

Rima Artes e Textos

2

Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil

José Dantas de Lima

2001

João Pessoa

3 Os Bilhões Perdidos no Lixo Sabetai Calderoni 2003 Humanitas FFLCH/USP

4

Gerenciamento do Lixo Urbano – aspectos técnicos e

operacionais

João Tinoco Pereira

Neto

2007

UFV

5 Resíduos Sólidos Urbanos – Princípios e Processos

João Levy e Artur João Cabeças

2008

AEPSA

Tabela 9 – Bibliografia inicial utilizada. Foram disponibilizadas as resenhas dos livros 1 e 2.

Sexta Etapa – Foi solicitada a escolha de três respostas, sendo uma para cada

impacto. Na tabela 10, apontamos as respostas escolhidas pelo grupo para os

respectivos impactos relacionados:

Pressão Estado/Qualidade Impacto Resposta

Armazenamento do lixo

Lixões e aterros sanitários

Contaminação do solo Sistema de Tratamento de Lixiviados.

Proliferação de macro e micro vetores

Eliminação dos lixões a céu aberto e sua substituição por aterros

sanitários.

Contaminação dos lençóis freáticos

Impermeabilização das trincheiras e valas através de Geomembranas

Tabela 10 – Tabela contendo os Impactos escolhidos para a elaboração do trabalho.

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Definidas as três respostas a serem trabalhadas e o material bibliográfico inicial, o

grupo resolveu iniciar as atividades de elaboração do trabalho final, partindo de um

levantamento bibliográfico mais abrangente, onde alguns artigos e teses foram incorporados,

a partir daí estabeleceu-se uma divisão de tarefas para a confecção final do trabalho. Mediante

consenso, o título do trabalho foi ajustado para destacar as três respostas escolhidas pelo

grupo. Desse ajuste ficou estabelecido que o tema seria “Armazenamento de lixo urbano em

Lixões e Aterros Sanitários: Contaminação do solo, proliferação de macro e micro vetores e

contaminação do lençol freático”

Respostas Técnicas

1 - Contaminação do solo - Sistema de Tratamento de Lixiviados.

Objetivo: Redução dos níveis de contaminação do solo, impedimento o contato de

lixiviados, principalmente resultante de vazamentos por transbordamento.

Todo aterro sanitário gera lixiviados. Os lixiviados ou as águas lixiviantes são o

resultado da percolação de água, através da massa de resíduos, acompanhada de extração de

materiais dissolvidos ou em suspensão. Os lixiviados de formam a partir de água com origem

em fontes externas tais como a precipitação, escoamentos superficiais, águas subterrâneas ou

águas de nascente. Podem, ainda, ser o resultado da decomposição dos resíduos sólidos

depositados. Estes líquidos têm sido identificados como fontes potenciais de poluição do solo,

sua gestão inadequada pode causar prejuízos ambientais de grande impacto e difícil

reversibilidade (Santos, 2008), portanto o seu tratamento, condição necessária, reduz

sensivelmente os índices de contaminação do solo. As técnicas utilizadas para o tratamento

dos lixiviados estão bem difundidas no mundo todo, sendo de conhecimento público e tendo

como características as possibilidades de suas rápidas implantações.

O tratamento de lixiviados pode ser realizado de algumas formas, através de

tratamento biológico (lodos ativados, lagoas airadas, lagoas de estabilização, lagoas

anaeróbias, lagoas de maturação, e reatores anaeróbios de fluxo ascendente), através da

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recirculação do lixiviado no meio e por intermédio de tratamento físico-químico. As formas

de tratamento de lixiviados se assemelham com as técnicas adotadas para o tratamento de

esgoto urbano convencional de alguns países desenvolvidos e alguns em desenvolvimento

(Castilhos Junior, 2003).

Os lixiviados devem ser drenados e encaminhados para tanques ou lagos de tratamento

(o sistema de drenagem funciona à base de bombas de recalque e também por intermédio da

gravidade), onde ocorre a fixação de microrganismos degradadores (biomassa ativa) que

atuam sobra a matéria orgânica biodegradável presente no lixiviado. A otimização dos

processos biológicos inclui o controle do nível de oxigênio consumido, a adição de nutrientes,

o controle da concentração de microrganismos, do pH e da temperatura. O objetivo principal

do tratamento biológico é alterar a forma dos elementos orgânicos, não alterando nem

destruindo os elementos inorgânicos, apesar de que, estes podem vir a serem removidos

(Santos, 2008).

Esta solução necessita que os aterros estejam devidamente impermeabilizados, porém

garante que o excesso de líquidos que produzem o lixiviado, não vazem devido a

transbordamento (geralmente ocorrem com o acumulo de água das chuvas) e entrem em

contato com o solo.

2 - Proliferação de macro e micro vetores - Eliminação dos lixões a céu aberto e sua

substituição por aterros sanitários.

Objetivo: Redução dos índices de contaminação humana causadas pela proliferação de

micro e macro vetores.

Os lixões a céu aberto (aterros comuns) apresentam índices de contaminação humana

superiores aos índices de aterros controlados e de aterros sanitários, No caso os índices de

aterros controlados são maiores que os índices de aterros sanitários. Por isso, apontamos a

substituição de lixões a céu aberto (aterros comuns) por aterros sanitários como uma solução

que proporcionaria melhorias quanto aos índices de contaminação humana. Contudo esta

solução, também poderia ser estendida aos aterros controlados.

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A solução apontada não é nova, tanto que ocorreu uma mobilização do poder público

neste sentido entre os anos de 1997 e 2008, conforme podemos constatar nas figuras 2 e 3,

deste trabalho, onde a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental – CETESB

mostra o panorama do estado de São Paulo, considerando aterros inadequados, controlados e

sanitários. A proliferação de insetos, roedores e demais animais responsáveis por contágio

acaba sendo muito menor nos aterros sanitários e com isto a proliferação de diversas doenças

como mostrado na tabela 5 – “Doenças mais comuns causadas pela falta de tratamento ou

disposição irregular de resíduos sólidos”.

A substituição por um aterro sanitário, contudo, não deve ser a única ação a ser

executada, é imprescindível a execução de outras ações relacionadas como: a recuperação das

áreas dos lixões, após a sua eliminação; a dedetização das antigas áreas de armazenagem, a

eliminação dos focos de larvas de insetos através de ações de combate, a implantação de

programas de Educação Ambiental, a promoção de políticas e ações sociais voltadas aos

catadores de lixo e um a elaboração e implantação de um plano de descontaminação das

antigas áreas de armazenagem (Castilhos Junior, 2003).

3 - Contaminação do lençol freático - Impermeabilização das trincheiras e valas através de

Geomembranas

Objetivo: Impedir que o vazamento de líquidos contidos reduzindo a exposição de

revestimentos naturais ao lixiviado, reduzindo significativamente ou eliminando a infiltração

e percolação dos líquidos, evitando o seu contato com o lençol freático e possível

contaminação.

A impermeabilização das trincheiras é uma das soluções mais importantes para evitar

a contaminação do lençol freático quando da implantação de um aterro sanitário, e é

implementada em duas etapas. A primeira com a impermeabilização do fundo e das laterais do

aterro, e a segunda com a impermeabilização final, quando o aterro é fechado devido ao seu

esgotamento (Castilhos Junior, 2003). Para o emprego desta solução, a escolha da área é

fundamental.

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Para reduzir os riscos de vazamentos, são utilizadas membranas sintéticas

comercializadas em espessuras diferentes, chamadas de Geomembranas. Em geral, aplica-se a

geomembrana sobre uma camada de revestimento mineral compactado, o que proporciona

dupla segurança, a de não perfuramento da geomembrana por ser colocada sob uma espécie

de solo devidamente preparado e o impedimento de contato do revestimento mineral com o

lixiviado produzido, o que poderia danificar as condições do revestimento inicial (Castilhos

Junior, 2003).

Uma das facilidades na implantação desta solução é o transporte das geomembranas

que são vendidas, geralmente em rolos ou mantas, e sua emenda é realizada por colagem das

partes através de maçaricos ou soldadores elétricos. Quanto ao custo, a implantação da

geomembrana é mais cara que a implantação de mantas plásticas simples, ou do uso simples

de revestimentos minerais (práticas que aconteciam), porém, os métodos comparados não

impedem a contaminação do lençol freático, fazendo com que esta solução seja a mais

indicada quanto aos custos futuros que podem advir de uma possível contaminação (Castilhos

Junior, 2003).

Respostas Jurídicas e Normativas

Leis Federais

A tabela 11, apresenta o evolutivo das leis no Brasil, relacionadas com Resíduos

Sólidos, lembrando que existem outros diversos documentos relacionados em outras formas:

Medida Provisória, Decreto-Lei, Decreto, Instrução Normativa, Portaria, Portaria

Interministerial, Regimento Interno, Resolução, Proposição, Recomendação e Moção. Os

dados foram atualizados com informações contidas no site do Conselho Nacional do Meio

Ambiente – CONAMA.

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Lei nº

Descrição sucinta

11.284/2006 Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui o Serviço Florestal Brasileiro (SFB); cria o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal (FNDF); altera as Leis nos 10.683, de 28 de maio de 2003, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, 4.771, de 15 de setembro de 1965, 6.938, de 31 de agosto de 1981, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973; e dá outras providências. - Data da legislação: 02/03/2006 - Publicação DOU, de 03/03/2006

9.985/2000 Regulamenta o art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências - Data da legislação: 18/07/2000 - Publicação DOU, de 19/07/2000

9.984/2000 Dispõe sobre a criação da Agência Nacional de Águas - ANA, para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e de coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências. - Data da legislação: 17/07/2000 - Publicação DOU, de 18/07/2000

9.966/2000 Dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências. - Data da legislação: 28/04/2000 - Publicação DOU, de 29/04/2000

10165/2000 Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental - “Altera a Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências. - Data da legislação: 27/12/2000 - Publicação DOU, de 09/01/2001”.

9.795/1999 Lei de Educação Ambiental - “Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências - Data da legislação: 27/04/1999 - Publicação DOU, de 28/04/1999”.

9.605/1998 Lei dos Crimes Ambientais - “Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências - Data da legislação: 12/02/1998 - Publicação DOU, de 17/02/1998”.

9.433/1997 Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990, que modificou a Lei nº 7.990, de 28 de dezembro de 1989. - Data da legislação: 08/01/1997 - Publicação DOU, de 09/01/1997

8.005/1990 Dispõe sobre a cobrança e a atualização dos créditos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e dá outras providências - Data da legislação: 22/03/1990 - Publicação DOU, de 23/03/1990

7.802/1989 Dispõe sobre a pesquisa, experimentação, produção, embalagem, transporte, armazenamento, comercialização, utilização, importação e exportação, destino final dos resíduos e embalagens, registro, classificação, controle, inspeção e fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins, e dá outras providências - Data da legislação: 11/07/1989 – Publicação DOU, de 12/07/1989

7.754/1989 Estabelece medidas para proteção das florestas existentes nas nascentes dos rios e dá outras providências. - Data da legislação: 14/04/1989 - Publicação DOU, de 18/04/1989

6.938/1981 Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, cria a Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) e dá outras providências - Data da legislação: 31/08/1981 - Publicação DOU, de 02/09/19

6766/1979 Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras Providências. - Data da legislação: 19/12/1979 - Publicação DOU, de 20/12/1979

5868/1972 Cria o Sistema Nacional de Cadastro Rural, e dá outras providências. - Data da legislação: 12/12/1972 - Publicação DOU, de 14/12/1972

Tabela 11 - Relação de Leis relacionadas a Resíduos Sólidos Fonte: Site do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (2009)

Resoluções do CONAMA

No próximo quadro, apresentamos as principais Resoluções do CONAMA que estão

relacionadas com a questão de resíduos sólidos:

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Resolução Descrição Sucinta 416/2009 Prevenção e degradação ambiental causada por pneus inservíveis - Data da legislação: 30/09/2009 -

Publicação DOU Nº 188, de 01/10/2009, págs. 64-65

411/2009 Procedimentos para inspeção de indústrias consumidoras ou transformadoras de produtos e subprodutos florestais madeireiros, inclusive carvão vegetal e resíduos de serraria. - Data da legislação: 06/05/2009 – Publicação DOU nº 86, de 08/05/2009, págs. 93-96

404/2008 Estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro sanitário de pequeno porte de resíduos sólidos urbanos. - Data da legislação: 11/11/2008 - Publicação DOU nº 220, de 12/11/2008, pág. 93

401/2008 Estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas e os critérios e padrões para o seu gerenciamento ambientalmente adequado - Data da legislação: 04/11/2008 - Publicação DOU nº 215, de 05/11/2008, págs. 108-109

396/2008 Dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento das águas subterrâneas e dá outras providências. - Data da legislação: 03/04/2008 - Publicação DOU nº 66, de 07/04/2008, págs. 66-68

380/2006 Retifica a Resolução Nº 375/2006 - Define critérios e procedimentos, para o uso agrícola de lodos de esgoto gerados em estações de tratamento de esgoto sanitário e seus produtos derivados - Data da legislação: 31/10/2006 - Publicação DOU nº 213, de 07/11/2006, pág. 59

377/2006 Dispõe sobre licenciamento ambiental simplificado de Sistemas de Esgotamento Sanitário - Data da legislação: 09/10/2006 - Publicação DOU nº 195, de 10/10/2006, pág. 56

373/2006 Define critérios de seleção de áreas para recebimento do Óleo Diesel com o Menor Teor de Enxofre-DMTE, e dá outras providências. - Data da legislação: 09/05/2006 - Publicação DOU nº 088, de 10/05/2006, pág. 102

362/2005 Dispõe sobre o recolhimento, coleta e destinação final de óleo lubrificante usado ou contaminado. - Data da legislação: 23/06/2005 - Publicação DOU nº 121, de 27/06/2005, págs. 128-130

359/2005 Dispõe sobre a regulamentação do teor de fósforo em detergentes em pó - Data da legislação: 29/04/2005 - Publicação DOU nº 083, de 03/05/2005, págs. 63-64

358/2005 Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde - Data da legislação: 29/04/2005 - Publicação DOU nº 084, de 04/05/2005, págs. 63-65

348/2004 Altera a Resolução no 307, de 5 de julho de 2002, incluindo o amianto na classe de resíduos perigosos. - Data da legislação: 16/08/2004 - Publicação DOU nº 158, de 17/08/2004, pág. 070

334/2003 Procedimentos de licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados ao recebimento de embalagens vazias de agrotóxicos - Data da legislação: 03/04/2003 - Publicação DOU nº 094, de 19/05/2003, págs. 79-80

316/2002 Procedimentos e critérios para o funcionamento de sistemas de tratamento térmico de resíduos - Data da legislação: 29/10/2002 - Publicação DOU nº 224, de 20/11/2002, págs. 92-95

313/2002 Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais - Data da legislação: 29/10/2002 - Publicação DOU nº 226, de 22/11/2002, págs. 85-91

307/2002 Diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil - Data da legislação: 05/07/2002 - Publicação DOU nº 136, de 17/07/2002, págs. 95-96

303/2002 Parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente - Data da legislação: 20/03/2002 - Publicação DOU nº 090, de 13/05/2002, pág. 068

302/2002 "Parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno" - Data da legislação: 20/03/2002 - Publicação DOU nº 090, de 13/05/2002, págs. 67-68

275/2001 Estabelece código de cores para diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva - Data da legislação: 25/04/2001 - Publicação DOU nº 117, de 19/06/2001, pág. 080

264/1999 "Licenciamento de fornos rotativos de produção de clínquer para atividades de co-processamento de resíduos" - Data da legislação: 26/08/1999 - Publicação DOU nº 054, de 20/03/2000, págs. 80-83 - Status: Vigente (em processo de revisão)

237/1997 Regulamenta os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política Nacional do Meio Ambiente - Data da legislação: 22/12/1997 - Publicação DOU nº 247, de 22/12/1997, págs. 30.841-30.843

228/1997 importação de desperdícios e resíduos de acumuladores elétricos de chumbo - Data da legislação: 20/08/1997 - Publicação DOU nº 162, de 25/08/1997, págs. 18442-18443

023/1996 Regulamenta a importação e uso de resíduos perigosos - Data da legislação: 12/12/1996 - Publicação DOU nº 013, de 20/01/1997, págs. 1116-1124

005/1993 Definições, classificação e procedimentos mínimos para o gerenciamento de resíduos sólidos oriundos de serviços de saúde, portos e aeroportos, terminais ferroviários e rodoviários - Data da legislação: 05/08/1993 - Publicação DOU nº 166, de 31/08/1993, págs. 12996-12998

008/1991 Dispõe sobre a entrada no país de materiais residuais - Data da legislação: 19/09/1991 - Publicação DOU, de 30/10/1991, pág. 24063

006/1991 Incineração de resíduos sólidos provenientes de estabelecimentos de saúde, portos e aeroportos - Data da legislação: 19/09/1991 - Publicação DOU, de 30/10/1991, pág. 24063

002/1991 Adoção ações corretivas, de tratamento e de disposição final de cargas deterioradas, contaminadas ou fora das especificações ou abandonadas - Data da legislação: 22/08/1991 - Publicação DOU, de 20/09/1991, págs. 20293-2029

001/1986 Critérios básicos e diretrizes gerais para o Relatório de Impacto Ambiental - RIMA - Data da legislação: 23/01/1986 - Publicação DOU, de 17/02/1986, págs. 2548-2549

Tabela 12 - Relação de Resoluções CONAMA relacionadas a Resíduos Sólidos Fonte: Site do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA (2009)

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Normas NBR - ABNT

No próximo quadro, apresentamos as principais Normas Brasileiras (NBR‟s) de

normalização técnica da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT):

Norma NBR

Descrição Sucinta

15584-1:2008 Controle de vetores e pragas urbanas Parte 1: Terminologia

15584-2:2008 Controle de vetores e pragas urbanas Parte 2: Manejo integrado

15584-3:2008 Controle de vetores e pragas urbanas Parte 3: Sistema de gestão da qualidade - Requisitos particulares para aplicação da ABNT NBR ISO 9001:2000 para empresas controladoras de pragas

15448-2:2008 Embalagens plásticas degradáveis e/ou de fontes renováveis Parte 2: Biodegradação e compostagem - Requisitos e métodos de ensaio

14653-6:2008 Avaliação de bens Parte 6: Recursos naturais e ambientais

15515-1:2007 Passivo ambiental em solo e água subterrânea Parte 1: Avaliação preliminar

13334:2007 Contentor metálico de 0,80 m³ , 1,2 m³ e 1,6 m³ para coleta de resíduos sólidos por coletores-compactadores de carregamento traseiro - Requisitos

13221:2007 Transporte terrestre de resíduos

15116:2004 Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Utilização em pavimentação e preparo de concreto sem função estrutural - Requisitos

15115:2004 Agregados reciclados de resíduos sólidos da construção civil - Execução de camadas de pavimentação - Procedimentos

15114:2004

Resíduos sólidos da Construção civil - Áreas de reciclagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação

15113:2004 Resíduos sólidos da construção civil e resíduos inertes - Aterros - Diretrizes para projeto, implantação e operação

15112:2004

Resíduos da construção civil e resíduos volumosos - Áreas de transbordo e triagem - Diretrizes para projeto, implantação e operação

15051:2004 Laboratórios clínico - Gerenciamento de resíduos

10004:2004 Resíduos sólidos - Classificação.

10005:2004 Procedimento para obtenção de extrato lixiviado de resíduos sólidos.

10006:2004 Procedimento para obtenção de extrato solubilizado de resíduos sólidos.

10007:2004 Amostragem de resíduos sólidos.

14599:2003 Requisitos de segurança para coletores-compactadores de carregamento traseiro e lateral

14879:2002 Coletor-compactador de resíduos sólidos - Definição do volume

13332:2002 Coletor-compactador de resíduos sólidos e seus principais componentes - Terminologia

14652:2001 Coletor-transportador rodoviário de resíduos de serviços de saúde - Requisitos de construção e inspeção - Resíduos do grupo A

Tabela 13a - Relação de Normas NBR – ABNT relacionadas com resíduos sólidos a partir de 2001. Fonte: Site da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (2009)

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Norma NBR

Descrição Sucinta

14283:1999 Resíduos em solos - Determinação da biodegradação pelo método respirométrico

13896:1997 Aterros de resíduos não perigosos - Critérios para projeto, implantação e operação

13894:1997 Tratamento no solo (landfarming)

13853:1997 Coletores para resíduos de serviços de saúde perfurantes ou cortantes - Requisitos e métodos de ensaio

13591:1996 Compostagem

8843:1996 Aeroportos - Gerenciamento de resíduos sólidos

13463:1995 Coleta de resíduos sólidos - Classificação

13413:1995 Controle de contaminação em áreas limpas

7500:1994 Símbolos de riscos e manuseio para o transporte e armazenamento de materiais

13055:1993 Sacos Plásticos para acondicionamento de lixo – Determinação de capacidade volumétrica.

12980:1993 Coleta, varrição e acondicionamento de resíduos sólidos urbanos

12810:1993 Coleta de resíduos de serviços de saúde

12809:1993 Manuseio de resíduos de serviços de saúde – Procedimento

12808:1993 Resíduos de serviços de saúde – Classificação

12807:1993 Resíduos de serviços de saúde – Terminologia

9191:1993 Sacos Plásticos - Especificação

9190:1993 Sacos Plásticos - Classificação

12245:1992 Armazenamento de resíduos sólidos perigosos - Procedimentos

12235:1992 Armazenamento de resíduos sólidos perigosos.

8419:1992 Versão Corrigida:1996, Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos

7167:1992 Conexão internacional de descarga de resíduos oleosos - Formato e dimensões

7166:1992 Conexão internacional de descarga de resíduos sanitários - Formato e dimensões

11175:1990 Incineração de resíduos sólidos perigosos - Padrões de desempenho.

11174:1990 Armazenamento de resíduos classes II - não inertes e III - inertes.

10664:1989 Águas - Determinação de resíduos (sólidos) - Método gravimétrico.

7501:1989 Transporte de produtos perigosos – Terminologia

10157:1987 Aterros de resíduos perigosos - Critérios para projeto, construção e operação.

8849:1985 Apresentação de projetos de aterros controlados de resíduos sólidos urbanos

8418:1984 Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais perigosos

Tabela 13b - Relação de Normas NBR – ABNT relacionadas com resíduos sólidos até 1999. Fonte: Site da Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT (2009)

Conclusão

Quanto a utilização da metodologia PEIR para o desenvolvimento e realização do

trabalho, a mesma, pareceu-nos inapropriada para o desenvolvimento de um trabalho

acadêmico de investigação científica, onde soluções técnicas são formuladas e estabelecidas,

porém, mostrou-se uma ferramenta de extrema utilidade para o desenvolvimento de

indicadores, para a elaboração de normas, regras, procedimentos e instrumentos jurídicos.

Indubitavelmente, o uso da metodologia, após ser suplantada a dificuldade inicial de

entendimento de escopos e definições, apresentou-se como uma ferramenta de fácil utilização,

tanto para trabalhos individuais, quanto para trabalhos em grupo.

Quanto ao trabalho técnico relativo às respostas escolhidas para os impactos elencados

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e relacionados com o tema inicial, concluímos que os órgãos públicos nitidamente estão se

preocupando com as questões ambientais, as figuras 2 e 3 do trabalho, mostram um avanço

surpreendente ocorrido no estado de São Paulo quanto a adoção de aterros sanitários e

controlados, substituindo aterros comuns. Os aterros sanitários possuem características de

impermeabilização, de tratamento de lixiviados, de gases e demais elementos críticos

desenvolvidas com técnicas bem sucedidas e de domínio público, porém a condição dos

catadores de lixo permanecem inalteradas. Sujeitos a riscos constantes, representam o reflexo

vivo da falta de políticas sociais, educacionais e econômicas relacionadas com a geração de

empregos.

Apesar de minimizar os impactos ambientais, os aterros sanitários não são a melhor

alternativa de destinação de resíduos sólidos, devido as extensas áreas que ocupam e em

função do tempo demandado para que as áreas voltem a ser reutilizáveis (ainda um ponto

obscuro nos meios acadêmicos). Na atualidade, existem soluções de menor impacto

ambiental, mas ainda com custos muito elevados para implantação, como as Usinas de

Incineração à Plasma.

A economia que a humanidade impinge nos dias de hoje com relação aos problemas

de ordem ambiental, não buscando soluções que atendam uma preservação com vistas ao

futuro, geram passivos ambientais reconhecidos, além de outros não reconhecidos, que podem

afetar a sobrevivência e o bem-estar do planeta com o passar do tempo (Lima, 2001).

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