a influência do conhecimento científico expresso nos painéis do...

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___________________________________________________________________________ Disciplina: ACH 0042 Resolução de Problemas II Turma: 54 Professora: Vivian Urquidi Monitor: Renato Eliseu Costa A influência do conhecimento científico expresso nos painéis do IPCC nos tratados internacionais sobre o meio ambiente: mudanças climáticas. Integrantes: Marcio da Silva Queiroz Marina Biazon da Silva Neuza Ferreira do Amazonas Reginaldo Antonio de Pinho Ricardo Ribeiro da Silva Robson Dias Vieira Vagner Peixoto Alencar Wagner Kimura São Paulo Dezembro de 2009

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Disciplina: ACH 0042 Resolução de Problemas II

Turma: 54

Professora: Vivian Urquidi

Monitor: Renato Eliseu Costa

A influência do conhecimento científico expresso

nos painéis do IPCC nos tratados internacionais

sobre o meio ambiente: mudanças climáticas.

Integrantes:

Marcio da Silva Queiroz

Marina Biazon da Silva

Neuza Ferreira do Amazonas

Reginaldo Antonio de Pinho

Ricardo Ribeiro da Silva

Robson Dias Vieira

Vagner Peixoto Alencar

Wagner Kimura

São Paulo

Dezembro de 2009

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SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO.......................................................................................... 5

2. HISTORIOGRAFIA......................................................................................... 6

2.1. HISTÓRICO DA QUESTÃO AMBIENTAL.......................................... 6

2.2. QUADRO HISTÓRICO....................................................................... 12

2.3. IPCC – INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE.. 15

2.3.1. DOS GRUPOS DE TRABALHO............................................ 18

2.3.2. DA OPERACIONABILIDADE DOS GRUPOS....................... 19

3. II RELATÓRIO DO IPCC X PROTOCOLO DE QUIOTO............................... 20

3.1. CONTEXTUALIZAÇÃO...................................................................... 20

3.2. II RELATÓRIO DO IPCC.................................................................... 23

3.3. PROTOCOLO DE QUIOTO................................................................ 31

3.4. CRÍTICAS AOS ACORDOS............................................................... 38

3.5. ALTERNATIVAS SUGERIDAS........................................................... 40

4. IV RELATÓRIO DO IPCC X PLANO DE AÇÕES DE NEGOCIAÇÕES

DE BALI ......................................................................................................... 40

4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO...................................................................... 40

4.2. IV RELATÓRIO DO IPCC ................................................................. 45

4.2.1. OS FATORES NATURAIS E HUMANOS NAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS................................................... 46 4.2.2. UMA PERSPECTIVA PALEOCLIMÁTICA............................ 47

4.2.3. PROJEÇÕES FUTURAS PARA MUDANÇAS NO CLIMA... 49

4.2.4. ELEVAÇÃO DOS OCEANOS............................................... 49

4.3. CONFERÊNCIA DE BALI................................................................... 50

4.4. PLANO DE AÇÕES DE NEGOCIAÇÕES “BALI ACTION PLAN ROADMAP”..................................................... 54

4.5. PRINCIPAL DE BALI.......................................................................... 57

5. CONCLUSÁO................................................................................................. 59

6 OBJETIVOS.................................................................................................... 62

7. METODOLOGIA............................................................................................. 62

8. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO................................................................. 65

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GLOSSÁRIO DE SIGLAS

AIE – Agência Internacional de Energia

AOSIS – Aliança dos Pequenos Países Insulares

AR – Assessment Reports

PAR – Primeiro Assessment Reports

SAR – Segundo Assessment Reports

TAR – Terceiro Assessment Reports

QAR – Quarto Assessment Reports)

AWG-LCA – Ad Hoc Working Group on Long-term Cooperative Action under the Convention

BIRD – Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento

CIE – Comércio Internacional de Emissões (em inglês ET - Emissions Trading)

COP – The Conference of the Parties

COP/MOP – The Conference of the Parties serving as the meeting of the Parties to the Kyoto Protocol

CP – Compromisso do Protocolo de Quioto

CSTD – Commission on Science and Technology for Development

DOE – Department of Energy

DOE’s – Department of Energy – Office os Science

ECOSOC – Economic and Social Council

EPE – Empresa de Pesquisa Energética

FAO – Food and Agriculture Organization

GCP – Global Carbon Project

GEE – Gases de Efeito Estufa

GEF – Global Environment Facility

GEO – Global Environment Outlook

IC – Implementação Conjunto (em inglês JI - Joint inplementation)

INC – Intergovernmental Negotiating Committe

INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Especiais

IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change

IUCN – International Union for Conservation of Natural

MARPOL – Marine Pollution - International Convention for the Prevention of Pollution From Ships

MIT – Massachussets Institute of Technology

MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (em inglês CDM - Clean Development Mechanism)

NAS – National Academy of Sciences

OMC – Organização Mundial de Comércio

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GLOSSÁRIO DE SIGLAS

OMCI – Inter-governmental Maritime Consultative Organization

OMM – Organização Meteorológica Mundial (em inglês WMO - World Meteorological Organization)

ONG – Organização Não Governamental

ONU – Organização das Nações Unidas (em inglês UN – United Nations)

OXFAM – Oxford Committee for Famine Relief

PD – Países Desenvolvidos

PED – Países em Desenvolvimento

PMDR – Países de Menor Desenvolvimento Relativo

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (em inglês UNEP - United Nations Environment Programme)

REDD – Redução das Emissões do Desmatamento e Degradação

SBSTA – Subsidiary Body for Scientific and Technological Advice

SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente e o Cadastro de Defesa Ambiental

SN – Sociedade das Nações (em inglês LoN - League of Nations)

UE – União Européia

UNDP – United Nations Development Programme

UNESCO – United Nations Educational Scientific and Cultural Organization.

UNFCCC – United Nations Framework Convention on Climate Change

WCED – United Nations World Commission on Environment and Development

WCS – World Conservation Strategy

WWF – World Wide Fund For Nature

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1. APRESENTAÇÃO

Diante do tema Método Científico e Desenvolvimento, apresentado para

turma 54, na disciplina de Resolução de Problemas, vários assuntos surgiram com

grande potencial de serem explorados. A partir de discussões consideramos que

atualmente o tópico meio ambiente está muito ligado a desenvolvimento. Modos de

desenvolvimento sustentável de uma nação são pautas frequentes em reuniões

internacionais. Na maioria das vezes a dúvida sobre o que faremos, vem

acompanhado de como faremos, pesquisas e estudos em áreas específicas

costumam apontar o caminho. Por isso procuramos voltar nosso trabalho para como

o conhecimento científico influencia tratados internacionais sobre o meio ambiente.

Procurando restringir um pouco mais nosso trabalho, focamo-nos no IPCC -

Intergovernmental Panel on Climate Change. Reunião instituída pela ONU –

Organização das Nações Unidas (em inglês UN – United Nations), na qual participa

uma miríade de atores do mundo científico internacional que publica, desde 1988,

pareceres técnicos, documentos de avaliação das mudanças climáticas, e relatórios

gerais e abrangentes onde sumarizam orientações para que as nações possam

desenvolver suas políticas ambientais. É uma organização internacional calcada no

conhecimento científico, que não realiza pesquisas científicas, mas compila

investigações produzidas por diversas entidades mundiais de credibilidade

irrefutável. (IPCC, 2009)

Nossa proposta, sem ter a pretensão de esgotar o assunto, é analisar “a

influência do conhecimento científico expresso nos painéis do IPCC nos tratados

internacionais sobre o meio ambiente: mudanças climáticas”. Levando em conta que

as reuniões do IPCC geram relatórios científicos, comparamos o II Relatório ao

Protocolo de Quioto e o IV Relatório ao Plano de Ações de Negociações - “Bali

Action Plan Roadmap”. Se por um lado os relatórios do IPCC são apresentados

como “Sumários para os Elaboradores de Políticas”, por outro, os tratados são

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tomadas de decisões, com metas traçadas, a espera de ratificação e implementação

pelos diversos governos envolvidos.

2. HISTORIOGRAFIA

2.1. HISTÓRICO DA QUESTÃO AMBIENTAL

O Relatório Brundtland, 1987, disseminou o conceito de desenvolvimento

sustentável, tornando-o popular, de tal forma que o mesmo figurou na agenda da

UNFCCC - United Nations Framework Convention on Climate Change, traduzida

para o português como Conferência das Nações Unidas, sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento, que ocorreu no Rio de Janeiro em 1992, conforme cita VIEIRA

(2008), em seu artigo:

“O conceito de desenvolvimento sustentável – entendido como aquele que atende

às necessidades das gerações presentes, sem comprometer a capacidade das

futuras gerações de atender a suas próprias necessidades – foi popularizado pelo

Relatório Brundtland, e tornou-se realmente um item na agenda internacional a

partir da ECO 92; já a questão da proteção ambiental dela constava desde o final

dos anos 60.”

(VIEIRA, 2008)

A preocupação crescente no final dos anos 60, do século passado, recebeu

um grande reforço em 1972, com a publicação do Relatório The Limits of Growth,

apresentado por cientistas do MIT - Massachussets Institute of Technology, ao

Clube de Roma. O documento despertou a comunidade internacional para a

possibilidade de enfrentar terríveis conseqüências que afetariam não só a qualidade

de vida, mas a própria segurança e viabilidade do planeta, caso continuasse a

Várias fontes consultadas apontam a publicação do relatório no final dos anos 60, contudo em consulta ao site

do Clube de Roma, obtivemos a data correta ao consultar a cópia eletrônica do próprio documento “The Limits

to Growth, Abstract established by Eduard Pestel. A Report to The Club of Rome”

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combinar o crescimento geométrico da população com a destruição acelerada de

recursos naturais. (MIT, 1972)

Em 1972, aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio

Ambiente Humano, realizada em Estocolmo (Suécia), que já vinha sendo planejada

pela ONU, desde sua Assembléia Geral ocorrida em 1968. A questão ambiental

passa a ser tema principal de um evento mundial. Dentre as ações desenvolvidas na

Conferência, destacamos: a criação do PNUMA – Programa das Nações Unidas

para o Meio Ambiente (em inglês UNEP - United Nations Environment Programme);

a elaboração de um Plano de Ação para Política Ambiental, com orientações e

recomendações voltadas para a cooperação internacional; o estabelecimento de um

Fundo Ambiental dependente de contribuições voluntárias dos diversos países

membros; e a elaboração da Declaração de Estocolmo, onde 26 Princípios deveriam

servir, conforme seu Preâmbulo, "de inspiração à humanidade, para a preservação e

melhoria do ambiente humano...". (UNEP, 2009; VIEIRA 2008)

Ainda sobre 1972, o cenário mundial polarizava forças de forma bem distinta,

de um lado tínhamos os países desenvolvidos e do outro os países em

desenvolvimento, em outro trecho VIEIRA (2008) dirá:

“Em 72 o clima era de confrontação Norte/Sul – vivia-se o tempo da Nova Ordem

Econômica Internacional (NOEI, sigla em inglês NIEO) e os países em

desenvolvimento temiam que a questão ambiental fosse usada pelos países ricos,

muito influenciados pelas ONGs ambientalistas já ativas, como disfarce para uma

nova onda de colonização.”

(VIEIRA, 2008)

Ao contrário de sua antecessora, a SN - Sociedade das Nações (em inglês

LoN - League of Nations), a ONU foi concebida não só como órgão mundial de

mediação, mas também com a preocupação de auxiliar no desenvolvimento de

“Confrontação Norte/Sul”, era uma espécie de jargão, como “Confrontação Leste/Oeste”, no caso, VIEIRA

(2008) utilizou para exprimir o confronto entre os países desenvolvidos localizados em sua maioria no

hemisfério Norte e os países em desenvolvimento cuja maioria se encontra no hemisfério Sul.

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países emergentes e pobres. Após a Segunda Guerra Mundial, a ONU passou a ser

mais atuante, e foi determinante nas negociações que envolveram a independência

de antigas colônias na África e Ásia. (VIEIRA, 2008; RODRIGUES, 2001)

Quanto a atuação da ONU no início dos anos 70, do século passado, e os

percalços vividos pelas nações dependentes de petróleo, VIEIRA (2008) comenta:

“Devemos à ONU a solidificação do princípio do direito dos povos à

autodeterminação e a discussão que levou ao reconhecimento de um Direito ao

Desenvolvimento. A NOEI foi, na realidade, um conjunto de programas e idéias,

que inovava ao ser proclamado logo em seguida à crise de energia de 1973,

quando a atenção dos paises desenvolvidos voltava-se para a questão da

interdependência. Apesar de ter como foco as relações Norte/Sul, seu sucesso

dependia em larga medida de relações sul/sul (cooperação entre os paises em

desenvolvimento)”

VIEIRA (2008)

Ao estabelecer os princípios fundamentais, na Declaração de Estocolmo,

relacionados com o direito dos povos, a ONU abre caminho para uma maior

interação entre os países e emprego de negociações multifacetadas, onde a fome e

a miséria passam a ser foco de combate, como também as questões ambientais.

(UNEP, 2009; RODRIGUES, 2008)

Na Assembléia Geral da ONU, ocorrida em 1982, foi elaborada a “Carta

Mundial para a Natureza”, que além de repetir princípios constantes na Declaração

de Estocolmo, inseriu outros princípios estabelecidos pela WCS - World

Conservation Strategy, publicados em 1980 pela IUCN - International Union for

Conservation of Natural, em cooperação com o PNUMA, a WWF - World Wide Fund

For Nature, a FAO - Food and Agriculture Organization e a UNESCO – United

Nations Educational Scientific and Cultural Organization. (FONSECA, 2007; VIEIRA,

2008)

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Em 1983, a ONU em Assembléia, decide criar a WCED - United Nations

World Commission on Environment and Development, composta por peritos e

cientistas, chefiada pela Gro Brundtland (empresa norueguesa), e regida por três

objetivos:

Re-examinar questões críticas e de impactos negativos ao meio ambiente

e desenvolvimento, vislumbrando soluções e formulando propostas para o

emprego de soluções;

Propor novos modelos e formas de cooperação internacional para

combater os diversos problemas causados por questões críticas e de

impactos negativos, corroborando com a elaboração de políticas e

emprego de ações voltadas para as mudanças desejadas;

Promover ações de capacitação de disseminação de informações,

visando aumentar a compreensão e engajamento de indivíduos,

organizações voluntárias, empresas, institutos e governos.

(WECD, 1986; VIEIRA, 2008)

A WECD, posteriormente, no ano de 1985, assume parceria com o PNUMA

para a elaboração de um documento que traçasse estratégias para o século XXI.

Dessa parceria resultou o Relatório Brundtland, publicado em 1987 com o título:

“Nosso Futuro Comum”. Pouco tempo depois o Conselho de Administração do

PNUMA emitiu um outro documento chamado “Environmental Perspective to the

Year 2000 and Beyond”, que deveria ser utilizado como modelo para o

estabelecimento de cooperação na área de meio ambiente. (WECD, 1986; VIEIRA,

2008)

A UNFCCC ocorrida no Rio de Janeiro, em junho de 1992, chamada Rio 92

ou ECO 92, trouxe a tona uma série de problemas que compuseram a agenda do

encontro, apresentada na relação a seguir:

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a) proteção da atmosfera através do combate aos desencadeadores de

mudança no clima, ao desgaste da camada de ozônio e à poluição

transfronteiriça do ar;

b) proteção da qualidade e quantidade da oferta de água doce;

c) proteção das áreas oceânicas, marítimas e das zonas costeiras;

d) proteção e controle dos solos por meio, inter alia, do combate ao

desmatamento, desertificação e seca;

e) conservação da diversidade biológica;

f) controle ambientalmente sadio da biotecnologia;

g) controle de dejetos, principalmente químicos e tóxicos;

h) erradicação da pobreza e miséria, melhoria das condições de vida, do

trabalho no campo, do trabalho cidade; e proteção das condições de

saúde.”

(CAMARGO, 2004; VIEIRA, 2008)

No Brasil, em meio a uma crise econômica, a questão ambiental, mesmo sem

ser a prioridade das agendas do governo, foi institucionalizada nos anos 80. Em

1981 a Política Nacional do Meio Ambiente adquire forma e posteriormente, nos

anos de 1989 e 1990, a mesma é adequada à Constituição Federal de 1988. Para

acompanhamento e aplicação da legislação, o governo brasileiro cria o SISNAMA –

Sistema Nacional de Meio Ambiente e o Cadastro de Defesa Ambiental. Nesse

período, vários estados da Federação estabelecem suas políticas estaduais,

contemplando especificidades regionais, mas sempre vinculadas à Lei Federal.

(JACOBI, 2003, VIEIRA, 2008)

Para fecharmos esta contextualização inicial sobre o histórico ambiental,

retornamos ao conceito de desenvolvimento sustentável, tratado no primeiro

parágrafo deste tópico, transcrevendo na íntegra sua definição estabelecida na 15ª

Reunião do Conselho de Administração do PNUMA em 1989:

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"O Conselho de Administração acredita ser sustentável o desenvolvimento que

atende às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade de as

gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades. Desenvolvimento

sustentável tampouco implica transgressão alguma do princípio de soberania. O

Conselho de Administração considera que a consecução do Desenvolvimento

Sustentável envolve cooperação dentro das fronteiras nacionais e através daquelas.

Implica progresso na direção da eqüidade nacional e internacional, inclusive

assistência aos países em desenvolvimento de acordo com seus planos de

desenvolvimento, prioridades e objetivos nacionais. Implica também a existência de

meio econômico internacional propício que resulte no crescimento e no

desenvolvimento. Estes são elementos da maior relevância para o manejo sadio do

meio ambiente. Desenvolvimento sustentável implica ainda a manutenção, o uso

racional e a valorização da base de recursos naturais que sustenta a recuperação

dos ecossistemas e o crescimento econômico. Desenvolvimento sustentável implica,

por fim, a incorporação de critérios e considerações ambientais na definição de

políticas e de planejamento de desenvolvimento e não representa uma nova forma de

condicionalidade na ajuda ou no financiamento para o desenvolvimento. O Conselho

de Administração está inteiramente consciente de que os próprios países são e

devem ser os principais atores na reorientação de seu desenvolvimento, de forma a

torná-lo sustentável. O desenvolvimento sustentável e ambientalmente sadio é de

grande importância para todos os países, industrializados e em desenvolvimento. Os

países industrializados possuem os recursos para fazer os ajustes requeridos;

algumas de suas atividades econômicas realmente têm impacto substancial no meio

ambiente, não apenas no âmbito nacional, mas além de suas fronteiras. Mesmo no

caso dos países em desenvolvimento, a maior parte dos recursos para o

desenvolvimento provém deles mesmos. Para estes, muito embora a manutenção da

base de recursos naturais para as futuras gerações seja de grande relevância, as

necessidades da geração atual são de importância crítica. Ações induzidas pela

pobreza e pela necessidade de sobrevivência erodem a base de recursos e assim

geram mais pobreza. Em todos os países, questões de desenvolvimento e meio

ambiente estão entrelaçadas em uma mútua interação. Hoje, novas questões

ambientais desafiam a comunidade internacional, enquanto as velhas questões se

mantêm e até adquirem maior magnitude".

(PNUMA, 1989 apud VIEIRA, 2008)

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2.2. QUADRO HISTÓRICO

A questão ambiental, mais especificamente a questão das mudanças

climáticas já era objeto de estudo no século XIX, nos quadros que seguem

estaremos retratando a cronologia envolta a questão ambiental.

Ano Acontecimento

1827 O cientista francês Jean-Baptiste Fourier estudou o fenômeno no qual os gases atmosféricos prendem a energia solar, elevando a temperatura da superfície terrestre, e não permitindo que o calor retorne para o espaço. Podemos considerá-lo como o primeiro cientista a tratar oficialmente do chamado "efeito estufa".

1850 Iniciou-se o registro de temperaturas da superfície terrestre.

1859 O cientista britânico John Tyndall apontou que a elevação da temperatura na terra, poderia ser causada por barreiras aos raios solares infravermelhos.

1896 O químico sueco Svante Arrhenius apontou as queimas de combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) como responsáveis pela produção de dióxido de carbono (CO2).

1920 O geoquímico russo Vladimir Vernadsky concluiu que o oxigênio, o nitrogênio e o dióxido de carbono presentes na atmosfera, foram depositados, em grande parte, por atividades antrópicas.

1938 Guy Callendar foi o primeiro a contestar a certeza científica de que o clima não era influenciado por atividades humanas em um artigo entregue a Real Sociedade Meteorológica de Londres.

1940 Foi realizada em Washington (EUA), a 1ª Convenção para a Proteção da Fauna e da Flora e das Belezas Cênicas Naturais dos Países da América.

1951 Foi realizada em Roma, a 1ª Convenção Internacional para a Proteção dos Vegetais.

1954 Foi realizada em Londres, a 1ª Convenção Internacional para a Prevenção da Poluição do Mar por Óleo.

1958 O cientista americano Charles David Keeling apresentou seus estudos sobre a elevação anual de CO2, na atmosfera, resultante do aumento do uso dos combustíveis fósseis no pós-guerra.

1968 Em 3 de dezembro, na Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas – ONU, atendendo a recomendações do ECOSOC - Economic and Social Council e do CSTD - Commission on Science and Technology for Development, foi aprovada a resolução para realização de uma convenção para tratar das questões de proteções ambientais, ficando estabelecido o ano de 1972 para sua realização.

1972 Entre 5 a 16 de junho foi realizada a Convenção das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, tendo como resultados: a elaboração da Declaração das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Declaração de Estocolmo); a elaboração de um Plano de Ação para o Meio Ambiente; e a Instituição do PNUMA, com sede em Nairobi, Quênia. A Declaração de Estocolmo, contendo 26 princípios que se consagram como fundamentos do Direito Ambiental Internacional. Em 23 de novembro foi realizada a Convenção Relativa à Proteção do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural, sob a égide da UNESCO, visando à proteção do meio ambiente antrópico, ou seja, aquele construído pelo homem. Em 29 de dezembro foi realizada a Convenção de Londres sobre a Prevenção da Poluição Marinha por Alijamento de Resíduos e outras Matérias, com negociações sob a esfera da OMCI - Inter-governmental Maritime Consultative Organization. Publicou-se o Relatório The Limits of Growth, apresentado por cientistas do MIT - Massachussets Institute of Technology ao Clube de Roma

1973 Ocorreu o agravamento da crise do petróleo, revelando toda a vulnerabilidade dos países capitalistas. Foi realizada em 2 de novembro, a MARPOL - Marine Pollution - International Convention for the Prevention of Pollution From Ships, visando à redução dos níveis de poluição causados por embarcações. Foi iniciada a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, essa conferência teve uma duração excepcional de quinze anos de trabalhos contínuos, vindo a encerrar somente em 1982.

1978 Em 3 de julho foi firmado e assinado o Tratado de Cooperação Amazônica entre os países que compõe o território da floresta amazônica, cujo objetivo era o desenvolvimento econômico da região e a preservação do meio ambiente.

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1979 Um Relatório da NAS - National Academy of Sciences, vinculou o efeito estufa às mudanças climáticas e alertou a comunidade mundial que a inércia política, esperando por mais dados e comprovações poderia nos levar a irreversibilidade dos impactos e efeitos. Ocorreu a Primeira Conferência Mundial sobre Clima.

1982 Em 9 de novembro a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a Carta da Terra, Carta Mundial para a Natureza. É encerrou a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, depois de quinze anos de trabalhos contínuos, em 10 de dezembro foi assinado o tratado gerado, no qual aparecem diversos temas sobre a preservação ambiental do meio marinho e a conservação da biodiversidade marinha.

1983 Foi criada a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, pela ONU, constituída de peritos e chefiada pela norueguesa Gro Brundtland.

1987 A ONU definiu o conceito de desenvolvimento sustentável. Em 16 de setembro foi assinado por quarenta e seis países o Protocolo de Montreal, que estabeleceu cortes para o consumo e produção de substâncias que destroem a camada de ozônio. Publicou-se o Relatório Brundtland, “Nosso Futuro Comum”.

1988 Foi criado o IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change, um órgão internacional vinculado à OMM - Organização Meteorológica Mundial e ao PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

1989 A Assembléia Geral das Nações Unidas decidiu realizar uma 2ª Conferência Mundial sobre o Clima no Rio de Janeiro (Rio-92), 20 anos após a Conferência de Estocolmo, de 1972. Nesta assembléia a ONU, através da Resolução XLIII, declarou que o clima é a preocupação comum da humanidade.

1990 O I Relatório do IPCC, informou que os níveis dos gases de efeito estufa, produzidos pelo homem, estão aumentando na atmosfera e lançaram uma previsão, a de que estes causarão o aquecimento global. Em Outubro, ocorreu em Genebra a 2ª Conferência Mundial sobre o Clima da Declaração Ministerial, onde a Assembléia Geral da ONU estabeleceu formalmente o início das negociações de uma convenção sobre mudanças climáticas. Estabeleceu o INC - Intergovernmental Negotiating Committe, para conduzir estas negociações.

1992 O INC, em fevereiro, reúniu-se pela primeira vez para dar início à estruturação da Convenção sobre Mudanças Climáticas; Foi adotado, em 9 de maio, pelo INC, a UNFCCC - United Nations Framework Convention on Climate Change, traduzida para o português como “Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima.” Em Nova York (EUA); Em junho, aconteceu a Conferência Rio 92, onde foi efetivamente criada a UNFCCC, que também pediu cortes voluntários nas emissões de gases de efeito estufa. A Convenção-Quadro foi assinada na Rio-92 (conhecida também como “Cúpula da Terra”) por 189 países. A agenda 21, a declaração do Rio e a declaração de princípios sobre florestas foram alguns dos documentos gerados.

1994 Em 21 de março, a UNFCCC entrou em vigor. É gerou um documento que propôs ações e diretrizes para o início do combate ao aquecimento global, sugeriu cortes voluntários de emissões de GEE – Gases de Efeito Estufa; Foi estabelecida a COP - Conferência das Partes.

1995 O II Relatório do IPCC, afirmou que os níveis dos GEE aumentaram, e acrescentou que o conjunto de evidências apontou para a influência das ações humanas nas mudanças climáticas. De 28 de março a 7 de abril foi realizada em Berlim (Alemanha) a 1ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro, a COP 1. Forão estipulados limites de emissão dos GEE.

1996 De 9 a 19 de julho foi realizada em Genebra (Suíça) a COP 2. Nesta ocasião foi assinado o acordo de Genebra, contemplando o acordo para a criação de obrigações legais com vistas à redução de emissão dos GEE, com previsão de ser implementado na COP 3. É foi criado o Fundo Global para o Meio Ambiente.

1997 De 1 a 11 de dezembro foi realizada a COP 3, em Quioto (Japão). Estabeleceu-se o Protocolo de Quioto. Os países participantes da UNFCCC assinaram o Protocolo, que contém metas direcionadas aos países industrializados quanto à redução das emissões de seis gases de efeito estufa em 5,2%, para o período que compreende 2008 a 2012. O Protocolo é um documento de compromisso, as regulamentações legais e a aplicabilidade acabaram sendo deixadas para futuras negociações.

1998 De 2 a 13 de novembro foi realizada a COP 4, em Buenos Aires (Argentina). Os EUA assinaram o Protocolo de Quioto, representando um passo importante de reconhecimento do problema, embora não tenham ratificado o documento (ato necessário por parte do senado americano). A não ratificação, entre outros motivos, foi alegada pelo fato de os países em desenvolvimento não terem metas estabelecidas de redução.

1999 Em 7 de julho foi criada a Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima. Formada por onze ministérios, com o papel de articular as ações do governo brasileiro e prosseguir com as decisões tomadas pela Convenção-Quadro. De 25 de outubro a 5 de novembro foi realizada a COP 5 em Bonn (Alemanha). Abriu-se discussões sobre o uso da terra, mudança de uso da terra e florestas.

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2000 De 13 a 18 de novembro foi realizada a COP 6 em Haia (Holanda). A falta de consenso entre a maioria dos países participantes levou à suspensão da conferência. Os EUA se retiram das negociações alegando que o plano de redução de emissões seria prejudicial à sua economia.

2001 Em março o recém-empossado presidente dos EUA George W. Bush disse que o Protocolo de Quioto continha falhas estruturais e reforçou a não ratificação do mesmo. Em maio foi lançado o III Relatório do IPCC, declarando como incontestável a evidência de aquecimento global causado pelo homem, embora tenham considerado que os efeitos sobre o clima são difíceis de especificar e detalhar. O documento apontou uma previsão alarmante de que em 2100 a temperatura atmosférica global será entre 1,4 e 5,8 ºC mais alta que a atual, e os níveis dos mares estarão entre 0,09 e 0,88 metro mais elevados. De 16 a 27 de julho, após reconvocação, foi realizada a COP 6½, que ao contrário da anterior, foi considerada um sucesso. Realizada em Bonn e mesmo sem o apoio dos EUA, o Protocolo caminhou para a ratificação com a adesão da União Européia e do Japão. De 29 de outubro a 9 de novembro foi realizada a COP 7 em Marrakesh (Marrocos). Iniciou-se o comércio de Créditos de Carbono e o desenvolvimento de atividades de MDL, mesmo sem a aprovação do Protocolo. Os signatários do Protocolo de Quioto, com exceção dos EUA, ratificaram o tratado. Os EUA, apontado como o maior ofensor dos níveis de gases de efeito estufa liberados para a atmosfera, apesar de ter assinado, não ratificou o Protocolo de Quioto. Seu presidente, George W. Bush, questionou a veracidade das informações contidas no III Relatório do IPCC, e apontou os prejuízos que aconteceriam à economia americana.

2002 A pressão dos EUA forçou a saída do presidente da IPCC, Robert Watson, americano e um dos cientistas líderes no alerta sobre as mudanças climáticas. Em 14 de fevereiro, o presidente dos EUA, George W. Bush anunciou um plano alternativo ao Protocolo de Quioto. O plano estabeleceu que o aumento das emissões de seu país deviam sofrer uma desaceleração atrelada ao crescimento do seu PIB. Lançou ainda uma iniciativa denominada de “Iniciativa dos Céus Limpos”, com a proposta de cortar em 70% a emissão de NOX, SO2 e mercúrio até 2018; Em 23 de agosto, o Brasil ratificou o Protocolo de Quioto; De 26 de agosto a 4 de setembro foi realizada em Joanesburgo (África do Sul) a Conferência RIO+10, uma reunião sobre o meio ambiente, onde forão discutidos os avanços ocorridos, 10 anos depois da Cúpula da Terra (Rio 92); De 23 de outubro a 1 de novembro foi realizada a COP 8 em Nova Déli (Índia) – Resultou na elaboração da Declaração de Nova Delhi – regulamentação de Projetos de MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, de pequena escala.

2003 De 1 a 12 de dezembro foi realizada a COP 9, em Milão (Itália). Que regulamentou os Projetos de MDL de Florestamento e Reflorestamento.

2004 De 6 a 17 de dezembro foi realizada a COP 10, em Buenos Aires (Argentina). Ocorreram poucas decisões efetivas, mas avançou-se nas questões estruturais das COP, divulgou-se inventários sobre a floresta Amazônica e esclareceu-se postos de divergências e dúvidas contidas no Protocolo de Quioto. Em 18 de novembro, com a ratificação da Rússia o Protocolo atingiu sua meta mínima para início de seu vigor, depois de 90 dias. A adesão da Rússia transformou o esboço do pacto em um tratado efetivamente internacional. A AIE - Agência Internacional de Energia, declarou a China como o segundo maior poluidor de CO² do planeta, resultante do crescente uso de combustíveis fósseis.

2005 Em 16 de fevereiro, entrou em vigor o Protocolo de Quioto ratificado por 141 países. Em 16 de maio, cerca de 130 prefeitos de cidades americanas se uniram, em uma crítica explícita ao governo Bush, e resolveram aderir ao Protocolo de Quioto, tomando medidas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Dentre as cidades estão Seattle, Nova York, Salt Lake City e Nova Orleans. Em 28 de julho, os EUA, anunciou um plano de redução de emissão de gases poluentes através do desenvolvimento de novas tecnologias. O plano também foi assinado pela Austrália (outro país a não ratificar o Protocolo de Quioto), Japão, China. Índia e Coréia do Sul. Considerado pelos criadores do plano como um complemento ao Protocolo de Quioto, este não fixou metas de redução de emissões. De 28 de novembro a 10 de dezembro de 2005 foi realizada a COP 11 em Montreal (Canadá), a primeira Conferência das Partes após a entrada em vigor do Protocolo de Quioto. 1ª COP/MOP - The Conference of the Parties serving as the meeting of the Parties to the Kyoto Protocol, estabelecimento do grupo ad hoc para negociar as metas do 2º período de compromisso do Protocolo, Em 16 de fevereiro, o Protocolo de Quioto, finalmente, entrou em vigor, sem a adesão dos EUA. Em 29 de agosto, o furacão “Katrina” devastou a costa do Golfo americano.

2006 Estudos apontaram dados alarmantes sobre as mudanças climáticas, como a perda de gelo nos Alpes, na Europa, o derretimento da cobertura de gelo na Groenlândia e no Pólo Norte e a retração do subsolo permanentemente congelado na Sibéria. O Estado norte-americano da Califórnia anunciou planos para reduzir suas emissões de gases de efeito estufa aos níveis de 1990 até 2020, e processou seis empresas automobilísticas por sua contribuição para o aquecimento global. O Relatório britânico escrito pelo ex-economista do Banco Mundial, sir Nicholas Stern, disse que as mudanças climáticas consumirão até 20% do PIB, caso permaneça o mesmo cenário. Foi realizada a COP 12 e COP/MOP 2 em Nairóbi (Quênia), onde se elaborou orientativos para a operação e utilização dos Fundos criados. Foi Elaborado um programa de capacitação no âmbito da Convenção.

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15

2007 Em 4 de janeiro, cientistas britânicos anunciaram que o ano de 2007 seria o ano mais quente já registrado em todo o mundo, fato que aconteceu. Em 17 de janeiro, o Boletim de Cientistas Atômicos adiantaram em dois minutos o Relógio do Juízo Final, ficando na marca de cinco minutos para a meia-noite, compararam os riscos oriundos das mudanças climáticas com os riscos para a humanidade de uma proliferação nuclear. Em 2 de fevereiro, o IPCC publicou o primeiro dos quatro capítulos de seu IV Relatório, que apontou com 90% de certeza a influência da ação andrógena no aquecimento global. Além disso, apontou que as temperaturas da Terra aumentarão até o final do século XXI entre 1,8 e 4 ºC. Foi realizada a COP 13 e COP/MOP 3 – Bali (Indonésia), onde foi elaborado o chamado “Mapa do Caminho”, dividido em cinco tópicos: • Transferência de tecnologia limpa desde os países desenvolvidos. • Mobilização e disponibilização de recursos financeiros para enfrentar as questões de mudança do clima. • Adaptação: colocar em funcionamento um fundo para auxílio a países vulneráveis para combater as conseqüências do aquecimento global. • Mitigação: um dos principais assuntos a definir é o mecanismo REDD - Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação. • Definição a respeito do valor da redução das emissões de gases de efeito estufa. O índice proposto para debate sinaliza um corte de até 40% das emissões em 2050, com base nos valores de 1990.

2008 Dezembro em Póznan (Polônia), aconteceu a COP 14 e COP/MOP 4, decepcionando quem esperava por resultados concretos relacionados aos EUA, mas apresentou alguns avanços significativos entre os países em desenvolvimento que apresentaram propostas concretas de redução de emissões (Brasil, China, México e Peru).

2009 COP 15 e COP/MOP 5 – Copenhague (Dinamarca), cujo objetivo principal é chegar a um consenso a longo prazo e a emissão de um documento orientativo. A ausência dos EUA e da China tendem a enfraquecer a convenção.

Quadro 1

Fontes: IPCC, UNEP Year Book, WWF, MMA – Ministério do Meio Ambiente, CONPET –

Ministério das Minas e Energia, CME – Congresso Nacional, Proclima – Governo do Estado de

São Paulo, Peter (2009), Derani (2001), Onça (2007)

2.3. IPCC - INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE

O IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change, traduzido para o

português como Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, é um órgão

internacional vinculado à OMM - Organização Meteorológica Mundial (em inglês

WMO - World Meteorological Organization) e ao PNUMA. Criado em 1988, seu

objetivo é o processamento de informações científicas e dados técnicos e sócio-

econômicos, obtidos através de pesquisas e estudos científicos sobre os efeitos e

impactos gerados pelas mudanças climáticas, buscando alternativas e possíveis

soluções. Do trabalho desenvolvido são gerados relatórios que irão prover as

nações mundiais e seus líderes para que possam desenvolver suas políticas

relativas ao meio ambiente e biodiversidade (MONTEIRO, 2008).

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16

O IPCC, que surgiu um ano após a definição do conceito de desenvolvimento

sustentável (1987) está organizados em duas instâncias a saber:

1 - Instância Técnica – composta por grupos de trabalhos e força-tarefa

divididos por segmentos temáticos.

2 - Instância Política – incumbida e responsável pelos diálogos e

estreitamento de relações com as nações.

(IPCC, 2007; MONTEIRO, 2008)

A estrutura é apresentada no quadro abaixo:

Figura 1 – Estrutura do IPCC

Fonte: Monteiro, 2008

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17

Os relatórios, chamados de Relatórios de Avaliação sobre o Meio Ambiente,

ou AR - Assessment Reports, são publicados de cinco em cinco anos, sempre

divididos em quatro capítulos, conforme discriminamos:

I Relatório, emitido e divulgado em 1990, sugeriu a criação de uma rodada

de negociações políticas sobre as mudanças climáticas, seus impactos e

efeitos, desta recomendação surgiram as UNFCCC;

O II Relatório, emitido e divulgado em 1995, foi proposta a criação de um

sistema de mitigação da emissão de CO2, principal fonte ofensora do efeito

estufa, esta proposta só foi efetivada em 1997, no âmbito da UNFCCC com

a elaboração do Protocolo de Quioto;

O III Relatório, emitido e divulgado em 2001, apontava evidências muito

fortes de que a ação do homem era a principal promotora das mudanças

climáticas no planeta. O III Relatório arriscou projetar cenários futuros,

alarmantes, de elevação dos níveis de aquecimento em termos de

temperatura na terra e quais seriam as desastrosas conseqüências para os

diversos biomas;

O IV Relatório, emitido e divulgado em 2007, elevou para 90% o nível de

confiabilidade daquilo que havia sido apontado no III Relatório, ou seja, as

ações andrógenas são apontadas como principais responsáveis pelas

mudanças climáticas do planeta. Convém ressaltar que o grau de precisão

elevou, devido ao fato do IPCC ter se beneficiado de dados

disponibilizados por novas tecnologias de levantamento e apuração que até

então, não existiam.

(IPCC, 2009; MONTEIRO, 2008)

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2.3.1. DOS GRUPOS DE TRABALHO

Com vimos, o IPCC está dividido em três Grupos de Trabalhos e uma Força-

Tarefa, e estes possuem as seguintes incumbências:

a) Grupo de Trabalho 1 – Grupo de cientistas responsáveis pela publicação

do 1º capítulo do Relatório, é o grupo que reúne as evidências científicas,

os subsídios teóricos, que contextualiza a relação entre a ação do homem

e as mudanças climáticas e avaliam os aspectos científicos do sistema do

clima e das mudanças climáticas;

b) Grupo de Trabalho 2 – Grupo de cientistas responsáveis pelo 2º capítulo

do Relatório, dedica-se em analisar as conseqüências das mudanças

climáticas sobre o meio ambiente (elevação dos índices de acidez dos

mares e oceanos, desertificação de áreas florestais, extinção e riscos de

extinção de espécies, entre outros efeitos) e a saúde humana, e avaliam a

vulnerabilidade socioeconômica e dos sistemas naturais em

conseqüências das mudanças climáticas;

c) Grupo de Trabalho 3 – Grupo de cientistas responsáveis pelo 3º capítulo

do Relatório, é o grupo que deve apontar possíveis soluções e ações para

reversão e minimização dos impactos e efeitos causados pelas mudanças

climáticas, além das orientações sobre adaptabilidade às mesmas. É o

grupo que avalia as opções para limitação das emissões de gases

responsáveis pelo efeito estufa;

d) Força-Tarefa – Elaborado por cientistas, mas revisado por um corpo de

diplomatas, que interferem politicamente na sua redação, o 4º e último

capítulo do Relatório, é o mais singular, porém o mais impactante deles.

Trata-se de um documento sucinto, de linguagem fácil e acessível,

destinado ao universo dos não-cientistas, e reúne as principais conclusões

de todo o Relatório de Avaliaçäo, bem como as sugestões de adoção de

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19

políticas públicas. É denominado como sumário de recomendações para

os tomadores de decisão (em inglês: Summary for Policymakers).

(IPCC, 2007; MONTEIRO, 2008; WWF, 2007)

O Brasil contribuiu com a presença de doze pesquisadores na elaboração do

IV Relatório, dentre eles estão Carlos Nobre, pesquisador do INPE - Instituto

Nacional de Pesquisas Especiais, Thelma Krug, secretária de Mudanças Climáticas

do Ministério do Meio Ambiente, e Maurício Tolmasquim, presidente da EPE -

Empresa de Pesquisa Energética. (MONTEIRO, 2008; WWF, 2007)

2.3.2. DA OPERACIONABILIDADE DOS GRUPOS

Arrebanhar e coordenar as ações de um verdadeiro exército de cientistas é

uma tarefa de extrema complexidade, por isso, além da divisão em Grupos de

Trabalho e Força-Tarefa, os grupos são divididos internamente, obedecendo a uma

hierarquia institucional e devem respeitar uma metodologia de trabalho estabelecida.

(MONTEIRO, 2008)

Os cientistas que contribuem para o IPCC são escolhidos de acordo com a

sua experiência na produção científica e também pela sua nacionalidade. Este

critério de nacionalidade é usado pra que haja representatividade de todos os

países-membros da ONU. O maior contingente de cientistas é dos EUA. Eles se

reúnem em plenárias de discussão, onde analisam os dados e informações obtidas

pela produção científica de um determinado tema a ser trabalhado, e através de

consenso, estabelecem quais serão os assuntos abordados no Relatório e definem

sua redação. Esta atividade tem a duração de aproximadamente quatro anos.

(IPCC, 2009; WWF, 2007)

Os grupos são subdivididos em dois subgrupos: um subgrupo de

pesquisadores principais e um subgrupo de revisores. O subgrupo de pesquisadores

___________________________________________________________________________

20

é responsável pela redação dos capítulos, enquanto que o subgrupo de revisores

são os responsáveis pela análise do que foi produzido, e se foram atendidas as

questões levantadas nas plenárias. O trabalho é regido por critérios de extrema

rigorosidade onde prevalece a questão de sigilo, o que dá confiabilidade e

credibilidade ao Painel. (IPCC, 2009; WWF, 2007)

Para o IV Relatório foi elaborado por cerca de seiscentos cientistas, que

contaram com a colaboração de cercas de dois mil outros cientistas. (WWF, 2007)

3. II RELATÓRIO DO IPCC X PROTOCOLO DE QUIOTO

3.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

Com a divulgação dos resultados, oriundos de diversos trabalhos realizados

pela comunidade científica mundial e a ocorrência de eventos climáticos extremos, a

questão do aquecimento global passou a ocupar maior espaço na mídia imprensa da

cidade de Säo Paulo, tendo em vista o crescente interesse da população mundial

sobre o tema.

Diversos assuntos relacionados ao meio ambiente, principalmente, referentes

à poluição e ao aquecimento global, permearam a elaboração do Protocolo de

Quioto e foram retratados e reportados com muita profusão pela mídia impressa.

“Pesquisadores alertam para a ameaça que representa o efeito estufa à economia

e cultura dos países, com mudanças na fauna e flora e o aumento no nível dos

oceanos”.

O Estado de São Paulo, 28/12/1995

A matéria referente ao subtítulo transcrito, discorreu sobre a relação da

alteração da vida marinha com as mudanças climáticas, preocupação presente na

Conferência Ásia-Pacífico sobre Mudanças Climáticas realizada em Manila

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21

(Filipinas) por países da África e banhadas pelo oceano pacífico, onde especialistas,

alertavam sobre o derretimento das calotas polares e cumes montanhosos. Notícia

veiculada no jornal O Estado de São Paulo, edição de 28/12/1995 – “Estudo aponta

relação entre aquecimento global e ecossistemas”.

Relembrando o ocorrido no Peru em 1970, onde quantidades imensas de

gelos, pedras e terras cobriram uma vila nos Andes, cuja causa foi atribuída aos

deslocamentos de placas tectônicas, provocaram na comunidade científica o temor

de que essa catástrofe tenha sido originada pelo efeito estufa, e que outros

fenômenos semelhantes aconteçam repetidamente nos próximos anos. Notícia

veiculada no jornal O Estado de São Paulo”, edição de 16/06/1996 – “Aos pés dos

Andes, vila desapareceu sob toneladas de gelo”.

A desertificação provocada pelas mudanças climáticas ocorre muito mais pela

ação do homem do que pelas condições naturais. Totalizou-se cerca de 61,3

milhões de quilômetros de áreas degradadas em todo mundo. A fragilidade inerente

ao ecossistema e as condições climáticas adversas estão entre as consequências

diretas desse fenômeno, que é provocado pelo aumento da poluição do ar, e traz

como agravante, a redução das atividades agrícolas, em virtude da degradação e

redução das áreas de cultivo. Notícia veiculada no jornal Folha de São Paulo, edição

de 08/10/1997 – “Convenção mundial tenta deter avanço da desertificação”.

O então presidente da República Fernando Henrique Cardoso sancionou a lei

ambiental, Lei de Crimes Ambientais, Lei Federal nº 9605/98, negando alguns

pedidos de vetos da bancada dos ruralistas, cedendo, no entanto, aos pedidos de

usineiros quando vetou um artigo que tratava das penas de detenções e aplicações

de multas para aqueles que se utilizam da técnica de queimadas. As queimadas

respondem por uma significativa parcela de extinção de florestas e demais formas

de vegetação. Notícia veiculada no jornal Folha de São Paulo, edição de 13/02/1998

– “Lei Ambiental é sancionada com 10 vetos”.

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22

Num levantamento o BIRD - Banco Internacional para a Reconstrução e o

Desenvolvimento, revelou que 40% do lixo gerado em nosso país não são

destinados a um sistema de coleta e que a poluição está caracterizada da seguinte

maneira, quanto aos principais ofensores: na região norte, nas fumaças das

queimadas e rejeitos de mineração; na região centro-oeste, no ar das grandes

cidades, águas urbanas e rejeitos da mineração; na região nordeste, nos rejeitos da

produção de açúcar e álcool; na região sul, nas minerações do carvão, poluição

atmosférica e poluição das águas nas cidades; e na região sudeste, poluição

atmosférica (maior incidência em São Paulo e Rio de Janeiro), poluição industrial

(maior incidência em Volta Redonda/RJ e Cubatão/SP), poluição das águas nas

cidades de moderada a grave e poluição na costa oceânica. Notícia veiculada no

Jornal da Tarde”, edição de 04/08/1998 – “Onde falta saneamento e sobra poluição”.

Após as exposições destas matérias veiculadas na mídia impressa, percebe-

se que as preocupações da sociedade civil com o planeta frente aos impactos

causados pelo seres humanos e a própria projeção midiática dos acidentes

causados pelas mudanças climáticas, bem como dos resultados científicos,

fortaleceram a necessidade de entendimentos, visando a elaboração de um acordo

político efetivo que comprometesse as partes no enfrentamento dos problemas.

A realização da COP 3, em Quioto (Japão), seria o palco apropriado para o

estabelecimento de um Protocolo, que contivesse metas direcionadas aos maiores

ofensores do planeta no quesito poluição, quanto à redução das emissões de GEE,

que buscasse uma coalizão de entendimentos e a união de esforços para os

possíveis enfrentamentos necessários, bem como o estabelecimento de programas

de cooperação e transferência de tecnologias dos países mais desenvolvidos para

os países em desenvolvimento e a criação de fundos para fomentação e mitigação

de soluções e ações voltadas a preservação ambiental. A reunião foi municiada com

dados mais precisos e preocupantes, contidos no II Relatório do IPCC. (MCT, 2009;

CAMPOS, 2001)

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23

3.2. II RELATÓRIO DO IPCC

O II Relatório, divulgado em 1995, foi uma avaliação das informações

científicas e sócio-econômicas disponíveis sobre a mudança climática, e apontou um

cenário caótico e devastador sobre os impactos que o aquecimento global podem

causar ao meio ambiente e aos sistemas econômicos mundiais. Mas, o Relatório

não ficou restrito à críticas e previsões, algumas medidas foram sugeridas quanto a

mobilização das diversas nações para resolução dos problemas para evitar a

irreversibilidade dos danos. O Brasil, foi um dos países focados no Relatório, que

descreveu os impactos significativos e suas possíveis conseqüências para as

regiões do entorno da floresta amazônica, para a região nordestina, especificamente

o semi-árido e para as regiões litorâneas. (IPCC, 1995; MCT, 2009; WWF, 2007)

A conclusão do II Relatório do IPCC, fundamentada em estudos mais

confiáveis e precisos, aponta para uma certeza maior sobre a influência do ser

humano na alteração das dinâmicas do clima. Termos que não apareceram no I

Relatório, surgem no II Relatório como, por exemplo, “parece provável” (“it appears

likely”) quando foram tratadas as informações sobre o aumento da concentração de

GEE e como certos efeitos vem acelerando essa concentração (a absorção de

carbono pelas florestas não está acompanhando esse crescimento), e “melhor

suposição” (“best-guess”) quando foi relatado o aumento da temperatura média da

superfície do planeta. Foi previsto alcançar até 3ºC no final do século XXI. Porém, os

políticos e diplomatas que fazem parte do IPCC, pressionaram para que os

resultados não fossem tão contundentes e conclusivos, atendendo às reivindicações

de governantes e empresários preocupados com suas economias. Resultante

dessas pressões, o II Relatório também aponta para impactos positivos causados

pelas mudanças no clima, mas os negativos acabam predominado. (LEGGET, 1999;

ESPARTA, 2002)

No II Relatório, uma das conclusões apresentadas foi a de que seria

”improvável” que o crescente aumento de temperatura da superfície da terra, que

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24

orbitaram sobre índices de 0,3 a 0,6 ºC, no final do século XIX, resultassem somente

de condições e impactos naturais, ou seja, mesmo num período distante, o Relatório

apontou para ações andrógenas. Na seqüência transcrevemos um trecho do referido

Relatório para ilustrar tal entendimento:

“... o balanço das evidências, de mudanças da temperatura média do ar na

superfície e das mudanças geográficas, de estações do ano e de padrões verticais

da temperatura da atmosfera, sugerem uma influência discernível do homem no

clima global. Ainda há incertezas com relação a pontos chave, incluindo a

magnitude e padrões de variabilidade de longo prazo. O nível do mar subiu entre

10 e 25 cm nos últimos 100 anos e muito dessa subida pode estar relacionada com

o aumento da temperatura média global.” Finalmente, no último relatório

apresentado em 2001 (IPCC-TAR) já se conclui que “há novas e mais fortes

evidências que a maior parte do aquecimento observado nos últimos 50 anos é

atribuível a atividades humanas.”

(IPCC, 1995 apud ESPARTA, 2002)

O II Relatório do IPCC teve a seguinte composição:

Segunda Avaliação do IPCC - Síntese de Informações Técnicas e

Científicas que subsidiaram a interpretação do artigo 2º da UNFCCC;

Relatório do Grupo de Trabalho 1 - a Ciência da Mudança do Clima,

contextualização e embasamento teórico;

Relatório do Grupo de Trabalho 2 – Análise de Impactos através de

Técnicas Científicas, Adaptação e Mitigação das Mudanças Climáticas;

Relatório do Grupo de Trabalho 3 - o Comitê Econômico e Social e as

Dinâmicas das Mudanças Climáticas.

(IPCC, 1995)

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25

O Grupo de Trabalho 1 no II Relatório, apresentou suas conclusões em vários

itens que na sequência discriminamos:

O clima global está mudando. Esta afirmação pode ser verificada através

de evidências que indicam sua veracidade:

Um aumento de cerca de 0,6ºC sobre a temperatura média da

superfície da terra entre os anos de 1861 e 2000;

Os padrões verificados de chuvas sofreram alterações volumétricas,

ou seja, passaram a ocorrer precipitações mais fortes e mais

frequentes;

Uma maior freqüência do fenômeno El-Niño, com maior amplitude e

intensidade;

Elevação do nível dos oceanos, sendo em média de 10 a 20 cm nos

anos 1900 e 2000;

As ações humanas estão provocando sérias mudanças na concentração de

GEE na atmosfera. Dentre as ações destacamos a queima de combustíveis

fósseis na indústria e pelas pessoas individualmente, e o desmatamento

desenfreado das florestas remanescentes;

Existem forte evidências de que atividades andrógenas são as causas de

grande parte do aquecimento global dos últimos 50 anos até os dias de

hoje;

Em todo mundo ocorre a associação das mudanças climáticas com

alterações diversas observadas em sistemas físicos, ambientais,

ecológicos, sócio-econômicos, políticos e administrativos. Apesar de

afetarem uma determinada região, ou área, as mudanças podem afetar

outras regiões que tenham dependências com a região onde aconteceu o

fenômeno. Para ilustrar, citamos alguns exemplos: a redução em extensão

e espessura do Mar Ártico durante o verão; introdução não planejada de

espécies vegetais e animais em regiões diferentes da origem; o

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florescimento antecipado; menor produtividade agrícola na Europa;

migração de pássaros fora de época ou por questões climáticas;

clareamento de recifes de corais; elevação do nível de perdas econômicas

causada por eventos climáticos extremos.

O cenário de crescimento das emissões de GEE depende, no futuro, da

evolução tecnológica, da educação da população, das alterações

demográficas, dos sistemas econômicos, dos sistemas ambientais, entre

outros;

Vários cenários foram analisados, alguns deles já possuem soluções

ecológicas (utilização de biocombustíveis, técnicas de reflorestamento, uso

de fontes renováveis, etc.), mas todos apontam para um crescimento das

concentrações de GEE, que deverão romper o século XXI. As projeções

relacionadas aos diversos cenários seguem discriminadas:

Ocorrerá um aumento da temperatura média no mundo entre 1,4 e

5,8ºC até 2100. As temperaturas serão maiores para a superfície

terrestre e menor para os oceanos;

Aumento nos índices pluviométricos mundiais, com precipitações

mais volumosas e com ventos mais fortes;

Entre 1990 e 2100, a previsão é a de que o nível dos oceanos suba

entre 9 e 88 cm (um range muito grande);

Os eventos climáticos serão mais extremos e resultarão no aumento

das secas, das enchentes, dos ciclones tropicais. As temperaturas

altas serão cada vez mais freqüentes e com ela uma maior

incidência de problemas com a saúde populacional.

(IPCC, 1995, ESPARTA, 2002)

No capítulo 8º, os resultados mostraram as tendências observadas quanto a

temperatura média e o aquecimento do planeta nos últimos cem anos. Um dos

pontos mais importantes, foi o apontamento de evidências quanto a um padrão

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emergente de resposta para os efeitos no clima resultantes de GEE e aerossóis nos

registros climáticos levantados. (UNEP, 2008)

O II Relatório apresentou de forma inteligível que os impactos das mudanças

do clima estão expostos através de formas mais contundentes e perceptíveis, e que

a tendência para futuro é de um crescente agravamento. Foi informado sobre o

aumento gradual do nível dos oceanos, prevendo-se com isto, que cerca de cem

milhões de pessoas, habitantes das costas oceânicas, com menos de um metro

acima do atual nível do mar correm o risco de perder suas casas num futuro

próximo. Outra previsão alarmante foi a de que as populações da Índia e da China

podem passar fome por causa da redução gradativa da produção de alimentos

decorrente das mudanças climáticas e do aquecimento global. Uma terceira

previsão, e com certeza a mais grave de todas, foi a de que os mananciais de água

doce, dos quais milhões de pessoas no mundo dependem, correm o risco de serem

afetados. (IPCC, 1995; NAE, 2005; WWF, 2007; UNEP, 2008))

Os impactos das mudanças climáticas no Brasil, trouxeram diferentes

previsões para as regiões, todas contendo aspectos bem negativos. Na região

Amazônica, o II Relatório previu que os habitantes poderão sofrer com temperaturas

no verão muito acima das médias aferidas até o ano de 1995, o que provocaria

fenômenos relacionados à seca. Confirmando a previsão em 2005, houve uma seca

de grande intensidade que afetou boa parte do rio Amazonas, trazendo um cenário

desolador e prejuízos vultosos para a população ribeirinha. Várias toneladas de

peixes foram dizimadas e a imagem ganhou espaço na mídia mundial, reforçando e

dando credibilidade às previsões do IPCC. Além disso, aliado à seca, o

desmatamento poderia causar uma redução da densidade da floresta amazônica,

transformando sua vegetação em algo parecido com o cerrado da região centro-

oeste. Para o nordeste brasileiro, a previsão do II Relatório foi com relação ao

aumento das temperaturas médias, que transformariam a região de semi-árida para

árida, resultando em reduções abruptas dos volumes de água dos lençóis freáticos

da região. Para o sudeste, a previsão foi de aumento das precipitações, que

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causariam uma redução da produtividade agrícola e provocariam anomalias de

causas naturais, como inundações e deslizamentos de terra, deixando em risco

parte da população urbana, além dos prejuízos financeiros. (NAE, 2005; MEC, 2008;

WWF, 2007)

Apesar de todas essas previsões alarmantes, o II Relatório demonstrou ser

apenas o princípio de um aprofundamento científico sobre as mudanças climáticas e

o entendimento de seus impactos, como transformadores da dinâmica do planeta.

Mostrou uma maior necessidade de esclarecimentos e melhoria do ferramental

utilizado nas pesquisas, visando uma redução dos níveis de incerteza, considerados

altos por alguns países. Ficaram explícitas, mas não conclusivas, no II Relatório, que

as alterações da química do planeta estão provocando a extinção de várias

espécies, mudanças dos movimentos migratórios de outras e que passaram a

comprometer os serviços ambientais prestados pela natureza em seus ciclos, ou

seja, muito do que a natureza nos proporcionava está findando. Ficou também

implícita a necessidade de estudos que vinculem o aumento da temperatura e a

mudança nos padrões das chuvas com a evolução e o desenvolvimento econômico

e social de nações emergentes. (NAE, 2005; WWF, 2007)

Posteriormente, no III Relatório de Avaliação do IPCC, a parte do Grupo de

Trabalho I do II Relatório de Avaliação virá a ser analisada da seguinte forma:

"O relatório ressaltou que a abundância de gases com efeito de estufa continuam

a aumentar na atmosfera e que cortes substanciais nas emissões seriam

necessários para a estabilização das concentrações de gases de efeito estufa na

atmosfera (que é o objetivo final do artigo 2º da Convenção-Quadro sobre as

Alterações Climáticas). Além disso, o aumento geral da temperatura global

continua aumentar, com os últimos anos sendo os mais quentes desde 1860. A

capacidade dos modelos climáticos para simular eventos e tendências observadas

tinham melhorado, notoriamente com a inclusão dos aerossóis de sulfato e de

ozônio estratosférico como agentes radiativos em modelos climáticos. Utilizando

essa capacidade simulativa para comparar com os padrões observados de

mudanças de temperatura regional, o relatório concluiu que a capacidade de

quantificar a influência humana no clima global é limitada. As limitações surgiram

___________________________________________________________________________

29

porque o sinal esperado ainda estava emergindo do ruído da variabilidade natural,

e por causa das incertezas em outros fatores chaves. Contudo, o relatório também

concluiu que "o balanço de evidências sugere uma discernível influência humana

no clima global". Finalmente, com base em uma série de cenários futuros de

abundância de gás com efeito de estufa, um conjunto de respostas do sistema

climático foi simulado.”

(IPCC, 2001)

Em resposta ao II Relatório, na 1ª COP – Conferência das Partes, realizada

em Berlim (Alemanha) em 1995, iniciaram-se as negociações para a elaboração de

um Protocolo fixando procedimentos concretos para a redução das emissões de

GEE.

O processo negociador que levou à adoção do Protocolo de Quioto começou

na COP 1, na qual os EUA assumiram papel de liderança na tentativa de

estabelecer metas obrigatórias de redução de GEE para os países desenvolvidos, e

metas de redução da taxa de crescimento futuro das emissões para os países em

desenvolvimento. A proposta dos EUA foi rejeitada, em virtude da articulação dos

países emergentes, liderados pelo Brasil, contrários ao estabelecimento de metas

que estariam inviabilizando o crescimento econômico e o desenvolvimento dos

países, relegando-os a condições de inferioridade perenes. Com isto, a COP 1,

adotou Mandato de Berlim, que apontou para a obrigatoriedade de elaboração de

um Protocolo ou outro instrumento legal de consenso, que estabelecesse metas e

mecanismos obrigatórios para a redução das emissões e para promover a redução

ou estabilização da concentração de GEE na atmosfera. O documento refletiria as

decisões tomadas na Convenção e estaria estabelecendo também um calendário

para o seu cumprimento. (WWF, 2007; MOREIRA, 2008; UNEP, 2009)

Na COP 2, realizada em julho de 1996, em Genebra (Suíça), os EUA

tornaram a insistir quanto a necessidade do estabelecimento de metas e

mecanismos voltados para as reduções das emissões de GEE e levaram à

___________________________________________________________________________

30

Convenção, uma idéia de criação de cotas comercializáveis de emissão de carbono.

Esta solução traria a introdução de um mecanismo flexibilizador para as reduções

das emissões e deveria ser assumida por um grupo de Partes, cuja maioria era dos

países desenvolvidos. A Declaração de Genebra, definiu um acordo para a

elaboração do Protocolo de Quioto e deu início às negociações das obrigações

legais consensuais voltadas para as reduções das emissões de CO2. Na COP 2 foi

apresentado o II Relatório de Avaliação do IPCC na íntegra, reforçando a

necessidade da confecção do Protocolo de Quioto, com definições mais objetivas e

com regras mais detalhadas. (MOREIRA, 2008)

As negociações giraram em torno de três metas principais. Os EUA,

derrotados nas proposições para a segunda e terceira metas, declarou sua posição

contrária ao Protocolo de Quioto, e prometeu não ratificá-lo. O principal motivador foi

a falta de metas para os países em desenvolvimento. Na seqüência discriminamos

as metas negociadas:

Até 2010, metas mais brandas para as reduções de emissões;

Após 2010, metas mais contundentes, voltadas para as reduções das taxas

de crescimento das emissões;

Criação de mecanismos de flexibilização objetivando o alcance das metas.

(MOREIRA, 2008)

A COP 3, aconteceu em Quioto (Japão), em dezembro de 1997, e foi

considerada a mais importante das Convenções até então realizadas. Participaram

cerca de 160 países em torno de uma premissa obrigatória, a de cumprirem o

Mandato de Berlim e a Declaração de Genebra, sem deixar de observar os dados

concisos do II Relatório do IPCC. Com isto, durante a COP 3, as metas de reduções

de emissões e os prazos foram negociados e definidos, porém com diversas

restrições decorrentes dos impasses que surgiram no período de negociações.

Várias decisões não tomadas e discussões de temas não abordados foram

___________________________________________________________________________

31

postergadas para as Conferências posteriores. Em meio a conturbadas

controvérsias, o Protocolo de Quioto foi elaborado e submetido à assinatura das

Partes. Na própria Convenção, para os trabalhos de obtenção de assinaturas e

ratificação, foi criado um Grupo de Trabalho ad hoc, com o objetivo de negociar com

as Partes e no futuro acompanhar a implementação de todos os acordos negociados

pelos países desenvolvidos, no sentido de possibilitar ações apropriadas para o

período pós-2000. (MCT, 1999; MOREIRA 2008, UNEP, 2009)

3.3. PROTOCOLO DE QUIOTO

O Protocolo de Quioto foi concebido na COP 3, em 11 de novembro de 1997,

após onze dias de intensas negociações entre delegados, autoridades

governamentais, ministros e demais representantes das Partes. Na composição final

do documento foram estabelecidos vinte e oito artigos e dois anexos. Quando foi

publicado, o Protocolo incluiu também três decisões negociadas e firmadas na COP

3, que auxiliam na implementação dos preceitos constantes no documento.

(PEREIRA, 2002)

No Anexo A (Quadro 2), parte integrante do Protocolo, estão definidos, além

do detalhamento de setores e categorias de fontes, seis gases diretamente

relacionados com o efeito estufa: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido

nitroso (N2O), hidrofluorcarbonos (HCFC), perfluorcarbonos (PFC) e Hexafluoretos

de Enxofre (SF6). Estes gases foram escolhidos por serem os que mais contribuem

com o efeito estufa e por serem relacionados com atividades antrópicas. Dos seis

gases, o de maior impacto é o CO2. No Anexo B (Quadro 3), constam o nome dos

países que assinaram e ratificaram o Protocolo e seus compromissos quanto as

reduções de emissões de GEE. (RIBEIRO, 2006; MCT, 2009))

___________________________________________________________________________

32

ANEXO A

GASES DE EFEITO ESTUFA

DIÓXIDO DE CARBONO (CO2) ÓXIDO NITROSO (N2O) PERFLUORCARBONOS (PFCS)

METANO (CH4) HIDROFLUORCARBONOS (HFCS) HEXAFLUORETO DE ENXOFRE (SF6)

SETORES/CATEGORIAS DE FONTES

ENERGIA

QUEIMA DE COMBUSTÍVEL EMISSÕES FUGITIVAS DE

COMBUSTÍVEIS PROCESSOS INDUSTRIAIS

SETOR ENERGÉTICO COMBUSTÍVEIS SÓLIDOS PRODUTOS MINERAIS

IND. DE TRANSFORMAÇÃO E DE CONSTRUÇÃO

PETRÓLEO E GÁS NATURAL INDÚSTRIA QUÍMICA

TRANSPORTE OUTROS PRODUÇÃO DE METAIS

OUTROS SETORES OUTRAS PRODUÇÕES

OUTROS PROD. DE HALOCARBONOS E HEXAFLUORETO DE ENXOFRE

CONSUMO DE HALOCARBONOS E

HEXAFLUORETO DE ENXOFRE

OUTROS

USO DE SOLVENTES E OUTROS PRODUTOS

AGRICULTURA RESÍDUOS

FERMENTAÇÃO ENTÉRICA DISPOSIÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS NA TERRA

TRATAMENTO DE DEJETOS TRATAMENTO DE ESGOTO

CULTIVO DE ARROZ INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS

SOLOS AGRÍCOLAS OUTROS

QUEIMADAS PRESCRITAS DE SAVANA

QUEIMA DE RESÍDUOS AGRÍCOLAS

OUTROS

Quadro 2 – Anexo A do Protocolo de Quioto

Fontes: ONU – Brasil – Organização das Nações Unidas no Brasil e MRE – Ministério das

Relações Exteriores. Disponível em http://www.onu-brasil.org.br, acesso em: 04 dez. 2009.

___________________________________________________________________________

33

ANEXO B

PARTES % DO ANO BASE

OU PERÍODO PARTES

% DO ANO BASE OU PERÍODO

ALEMANHA 92 IRLANDA 92

AUSTRÁLIA 108 IRLANDA DO NORTE 92

ÁUSTRIA 92 ISLÂNDIA 110

BÉLGICA 92 ITÁLIA 92

BULGÁRIA 92 JAPÃO 94

CANADÁ 94 LETÔNIA 92

COMUNIDADE EUROPÉIA 92 LIECHTENSTEIN 92

CROÁCIA 95 LITUÂNIA 92

DINAMARCA 92 LUXEMBURGO 92

ESLOVÁQUIA 92 MÔNACO 92

ESLOVÊNIA 92 NORUEGA 101

ESPANHA 92 NOVA ZELÂNDIA 100

EUA 93 PAÍSES BAIXOS 92

ESTÔNIA 92 POLÔNIA 94

FEDERAÇÃO RUSSA 100 PORTUGAL 92

FINLÂNDIA 92 REPÚBLICA TCHECA 92

FRANÇA 92 ROMÊNIA 92

GRÉCIA 92 SUÉCIA 92

HUNGRIA 94 SUÍÇA 92

INGLATERRA 92 UCRÂNIA 100

Quadro 3 – Anexo B do Protocolo de Quioto

Fontes: ONU – Brasil – Organização das Nações Unidas no Brasil e MRE – Ministério das

Relações Exteriores. Disponível em http://www.onu-brasil.org.br, acesso em: 04 dez. 2009.

Os principais pontos básicos do Protocolo, relacionadas às metas

estabelecidas são:

A utilização de mecanismos para remoção ou reduções das emissões de

GEE;

___________________________________________________________________________

34

Estabelecimento valores limítrofes para as emissões GEE, direcionada e

específica para cada Parte signatária;

Estabelecimento de metas envolvendo valores quotizados de reduções de

emissões de GEE para as Partes signatárias do Protocolo. As quotas serão

estabelecidas com base nos volumes de emissões do ano de 1990;

Conciliação das necessidades, disponibilidades e interesses dos países

desenvolvidos, países em desenvolvimento e países pobres financeiramente

incapazes de elaboração de programas e emprego de ações voltadas à

remoção e reduções das emissões de GEE.

(RIBEIRO, 2006; MCT, 2009)

Os compromissos de redução, conforme Quadro 3, foram estabelecidos de

forma diferenciada às Partes do Protocolo. Essa diferenciação, teve maior influência

política do que científica, onde através de seus representantes, os países

ofereceram suas metas e partiram para as negociações, defendendo os interesses

econômicos do país. As metas estabelecidas, não guardam qualquer relação de

proporcionalidade com os níveis de emissões de GEE. Portanto, para algumas

Partes chega a ser permitido um crescimento das suas emissões, que são os casos

de Austrália, Islândia e Noruega. (ONU-BRASIL, 2004; RIBEIRO, 2006; BORN,

2008)

O Protocolo de Quioto, após sua aprovação e a entrada em vigor, definiu

alguns princípios, dentre os quais:

Princípios da Precaução - mesmo que não haja confiabilidade total na

previsão ou que tenha ausência de precisão, as ações vislumbradas devem

ser empregadas para que se evite o agravamento de um efeito adverso;

Princípio da Responsabilidade Comum – Cada país possui a

responsabilidade calculada na medida de sua participação no total de

emissões de GEE, com isso, países mais industrializados respondem pelo

___________________________________________________________________________

35

passado histórico, não só pelas emissões do presente, contudo reservada

as proporções, a responsabilidade de uma forma geral, pertence a todos;

Princípio do Poluidor Pagador - O princípio do poluidor pagador obriga

quem poluiu a pagar pela poluição causada ou que pode ser causada.

(MEIRA FILHO, 1997; SOUZA, 2003)

A concepção do Protocolo e sua entrada em vigor, após a ratificação da

Rússia, mudaram também, de certa forma, as relações comerciais entre as nações.

O principal ofensor quanto a emissões de GEE do mundo (e influenciador da ordem

econômica e política mundial), os EUA, não ratificou o Protocolo. Contudo o

documento está vigorando, o que demonstra que houve a sensibilização para uma

tomada de atitude pela maioria das Partes. Cada tomada de atitude, porém guarda

implícita ou explicitamente os interesses de cada país. A UE, por exemplo, que corre

o risco de ter grande parte de sua área coberta pelo mar se os níveis dos oceanos

aumentarem, está atuando ativamente para que os objetivos do Protocolo sejam

atingidos, a fim de minimizar os impactos que seriam devastadores. (MARENGO,

2008)

O Protocolo de Quioto foi inovador ao introduzir mecanismos de flexibilidade

para auxiliar os países que o ratificaram quanto ao cumprimento das metas de

redução de emissão de dióxido de carbono. Estes mecanismos permitiram a

possibilidade de adquirir certificados de emissão reduzida por meio da aquisição

direta ou por investimentos em outros países. Ao permitir que o abatimento de GEE

pudesse ser realizado além das fronteiras nacionais, houve uma ampliação das

opções disponíveis e permitiu-se um maior grau de flexibilidade para os países

participantes, aumentando, com isso, as chances de se alcançar os objetivos finais

da Convenção que são fundamentais para a estabilização da concentração

atmosférica de GEE. Basicamente, são três mecanismos de flexibilidade,

conhecidos como: IC - Implementação Conjunto (em inglês JI - Joint inplementation),

___________________________________________________________________________

36

CIE - Comércio Internacional de Emissões (em inglês ET - Emissions Trading) e o

MDL - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (em inglês CDM - Clean Development

Mechanism):

A IC - Prevista no Artigo 6º do Protocolo, permitiu aos países

desenvolvidos e industrializados a possibilidade de atingir suas metas de

redução por meio do financiamento de projetos para a redução das

emissões em países também industrializados que tenham ratificado o

Protocolo. Mediante esta ação os países receptores de projetos obtém

benefícios oriundos dos investimentos e do emprego de uma tecnologia

mais avançada, porém os respectivos créditos ficam com os países

financiadores, que podem contabilizar tais créditos às suas metas de

redução. O sistema apresenta, com isto, as vantagens da flexibilidade e

eficiência, pois, em certas situações, fica mais barato implementar projetos

de eficiência energética nos países com economias em transição do que

em países com economias estanques e de pouca maleabilidade. Este tipo

de flexibilização proporciona a possibilidade de se alcançar maiores índices

de redução de GEE, dado que os benefícios à atmosfera independem de

onde os projetos estão alocados;

O CIE - Previsto no artigo 17 do Protocolo, permitiu que os países

detentores de excedentes de unidades de redução, possam vendê-los aos

países que não atingiram suas metas de redução. Um exemplo é o

mercado de carbono. A primeira vista, assim exposto, pode parecer que a

aplicabilidade do preceito estabelecido neste artigo prima pela

simplicidade, porém esta alternativa, na verdade assume um alto grau de

complexidade, pois os detalhes necessários a sua implementação não

foram especificados no Protocolo, além disso, o monitoramento das

emissões de GEE, deveria acontecer em todos os países e deveria

garantir, principalmente, a veracidade das informações obtidas para que

houvesse credibilidade na operação deste mercado;

___________________________________________________________________________

37

O MDL - O Protocolo propôs a prestação de serviços de assistência às

Partes para viabilização de atividades voltadas ao desenvolvimento

sustentável por intermédio da implantação de projetos que atendessem os

objetivos traçados ao final da Convenção, e que ao mesmo tempo

buscassem o cumprimento de seus compromissos quantificados de

limitação e redução de emissão de GEE. Um dos objetivos finais da

Convenção, a redução ou remoção de CO², deveria ser atingido com a

colaboração de países em desenvolvimento, onde a implementação de

atividades voltadas para a redução, ocorreria mediante investimentos em

tecnologias mais eficientes, substituição de bases energéticas,

racionalização do uso da energia, florestamento e reflorestamento. Podem

participar de um projeto de MDL as Partes do Protocolo de Quioto, as não

Partes, entidades públicas e privadas atuantes e relacionadas com as

Partes, desde que estejam devidamente autorizadas. As atividades de

projeto do MDL podem ser implementadas por meio de parcerias com o

setor público ou privado.

(IPCC, 1995; MEIRA FILHO, 1997; ONU-BRASIL, 2004; RIBEIRO, 2005; WWF,

2007; UNEP, 2009; UNFCCC, 2009; PETER, 2009)

Políticas e medidas propostas pelo Protocolo que deverão ser implementadas

e/ou aprimoradas de acordo com as circunstâncias nacionais. Os envolvidos

deverão aplicar e elaborar políticas e medidas (em conformidade com as

circunstâncias nacionais), como exemplo:

Fomento da eficiência energética nos setores pertinentes da economia

nacional;

Proteção e melhora dos sumidouros e depósitos de gases, tendo em conta,

os acordos internacionais pertinentes ao Meio Ambiente;

___________________________________________________________________________

38

A promoção de práticas sustentáveis de manejo florestal, florestamento e

reflorestamento;

Promoção de formas sustentáveis de agricultura à luz das considerações

sobre a mudança do clima;

Pesquisa, promoção, desenvolvimento e o aumento do uso de formas novas

e renováveis de energia, de tecnologias de sequestro de dióxido de carbono e

de tecnologias ambientalmente seguras, que sejam avançadas e inovadoras;

Medidas para limitar e/ou reduzir as emissões de gases de efeito estufa no

setor de transportes;

Redução progressiva ou eliminação gradual das deficiências de mercado,

incentivos fiscais, isenções tributárias e subvenções que sejam contrários ao

objetivo da convenção em todos os setores emissores de gases;

Fomento de reformas apropriadas dos setores pertinentes, visando promover

políticas e medidas que limitem ou reduzam as emissões de gases.

(MCT, 2009; UNEP, 2009)

3.4. CRÍTICAS AOS ACORDOS

O Protocolo de Quioto, por não estabelecer metas e obrigações efetivas e

austeras para países em desenvolvimento, dos quais estão incluídos países como a

Índia e a China, que juntos possuem cerca de 2,3 bilhões de habitantes de um

universo mundial de 6 bilhões, acaba estimulando a transferência das produções

poluentes de países desenvolvidos para países emergentes. Ao ser condescendente

com estes países, evitando a geração de empecilhos, o Protocolo ao invés de

reduzir os níveis de emissão, pode provocar a execução de ações que resultem num

aumento das emissões. (D’ORLANDO, 2005)

Ao estabelecer os mecanismos de flexibilidade, o Protocolo permite que

países desenvolvidos deixem de executar ações voltadas para a melhoria de suas

___________________________________________________________________________

39

áreas industriais e urbanas, através de investimentos compensatórios em outras

áreas que geralmente não sofrem das mazelas de uma área com altos índices de

poluição. Isso faz com que o desenvolvimento de diversas medidas antipoluentes

deixem de ser empregadas, resultando numa continuidade dos impactos nocivos da

poluição ao meio ambiente industrial e urbano e à sua população, além do fato de

não incentivar o desenvolvimento tecnológico de soluções ambientalmente mais

eficientes. Exemplificando, podemos ter uma empresa alemã gastando menos

recursos e gerando nenhum benefício ao seu próprio território por financiar um

projeto na China. (RIBEIRO, 2005)

A falta de coalizão e aderência ao Protocolo, que deixaram fora do escopo de

atuação países como os EUA, deixa a impressão de uma solução parcimoniosa ou

incompleta. Esta ausência significativa dos EUA foi fundamentada em motivos de

alegação própria, que na seqüência relacionamos, cujo teor merece estudos,

reflexões e, principalmente, respostas por parte da comunidade científica:

Falta de comprovação científica sobre os reais motivos causadores do

aquecimento global: os norte-americanos alegam que não há estudos

conclusivos de que os gases constantes no Protocolo sejam realmente os

grandes causadores do problema;

Exclusão dos países em desenvolvimento das metas de redução: a grande

argumentação norte-americana é: para que vamos diminuir se eles estão

aumentando descontroladamente?

Entraves ao crescimento econômico: os norte-americanos alegam que a

adoção pura e simples das medidas constantes no Protocolo elevaria

consideravelmente os custos das empresas, causando desequilíbrio

econômico imediato e grande perda de produtividade pelas empresas

norte-americanas.

(VEJA, 2008)

___________________________________________________________________________

40

3.5. ALTERNATIVAS SUGERIDAS

O "carbon sequestration" – estocar o excesso de carbono, é uma política

oficial apenas nos EUA e na Australia, sem prazo de término definido, envolvendo a

biosfera, o subsolo e os oceanos.

A composição dos projetos do DOE’s – Department of Energy – Office os

Science, relacionados prevê:

Sequestrar o carbono em repositórios subterrâneos;

Melhoria e ganhos para o ciclo terrestre com a remoção do CO2 da

atmosfera e do armazenamento de biomassa gerada no solo;

O sequestro do carbono nos oceanos;

O gerenciamento do ciclo do carbono;

Envio de mini-satélites para refletir parte dos raios solares, com objetivo de

reduzir o aquecimento global.

(DOE, 2003)

4. IV RELATÓRIO DO IPCC X PLANO DE AÇÕES DE NEGOCIAÇÕES DE BALI

4.1. CONTEXTUALIZAÇÃO

Depois de uma grande expectativa em torno da COP 13 MOP 3, cujo mote

principal de motivação foi a repercussão mundial obtida com a publicação do IV

Relatório do IPCC no mesmo ano, em 2007 ocorreu a 13ª UNFCCC, em Bali

(Indonésia), cujo objetivo foi “a estabilização das concentrações de GEE na

atmosfera num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema

climático”, através de compromissos que deveriam ser incorporados em programas

e políticas setoriais, como energia, agricultura, indústria, transporte, habitação,

___________________________________________________________________________

41

proteção de florestas e outros, pelos países participantes, em um prazo que

permitisse a adaptação segura dos ecossistemas evitando impactos ambientais

irreversíveis. (IPCC, 2007; BORN, 2008)

Apresentando dados contendo uma altíssima evidência quanto a origem

antrópica dos fenômenos do aquecimento global e mudanças de clima, o IV

Relatório levou a Bali informações de maior credibilidade e precisão. Além disso,

após a ratificação e oficialização do Protocolo de Quioto, surgiu uma grande

expectativa sobre a negociação do CP2 - Segundo Período de Compromisso do

Protocolo de Quioto. De acordo com o artigo 3.9 do Protocolo, as negociações

deveriam ter iniciado pelo menos sete anos antes do término do CP1 - Primeiro

Período de Compromisso do Protocolo de Quioto, que abrange o período de 2008-

2012, quando a redução média total esperada seria de cerca de 5%, caso todos os

países industrializados fossem partes. (BORN, 2008; CAMPOS, 2009; UNEP, 2009)

Em Bali, os países presentes esperavam uma mudança de postura e

aderência ao Protocolo de Quioto pela Austrália e pelos EUA e suas respectivas

ratificações. Além disso, surgiu uma nova preocupação com relação ao Canadá que,

apesar de ter ratificado o Protocolo, ameaçou não cumpri-lo. (BORN, 2008; SALLES,

2008)

A COP 11, para transpor resistências e superar impasses e divergências,

estabeleceu os canais de diálogos em duas vertentes. Foram separadas as

discussões de compromissos dos países industrializados no âmbito do Protocolo de

Quioto dos debates sobre a implementação de compromissos dos países em

desenvolvimento e países industrializados no âmbito da UNFCCC. (BORN, 2008;

SALLES, 2008; UNEP, 2009)

Nos dois anos entre a COP 11 e a COP 13 ocorreram somente encontros de

diálogos e consultas, quando os países e demais atores indicaram suas

perspectivas, mas não estabeleceram objetivos de negociação. Assim, foram dois

___________________________________________________________________________

42

anos de conversas exploratórias ou de troca de idéias, mas sem muita efetividade

no estabelecimento de um novo compromisso para negociação de novas metas e

arranjos para pós 2012. Por isso, na COP 13 MOP 3, esperou-se que os

negociadores dessem ouvidos à ciência, além de considerarem as propostas de

ambientalistas e outros segmentos envolvidos com a governança e busca da

sustentabilidade sócio ambiental do planeta. (BORN, 2008; UNEP, 2009)

A publicação, no final de 2006, do Relatório Stern – uma análise econômica

das mudanças climáticas, e a repercussão do esforço de Al Gore em chamar

atenção às causas e conseqüências das mudanças climáticas, incentivaram, ainda

mais, a importância da busca de uma coalizão mundial em torno de soluções e

políticas voltadas ao tema. (CME, 2008; UNEP, 2009)

Dando seqüência aos trabalhos originados nas Convenções anteriores os

principais assuntos da agenda que ordenou a COP de Bali foram os seguintes:

a) Prazo (até 2009) e escopo (inclusive faixa de valores) para negociar as

metas e objetivos do CP2: a negociação das metas de redução de

emissões de gases de efeito estufa dos países industrializados para o

CP2, com o objetivo de manter o aquecimento global, até o fim desse

século, inferior a 2º C, bem como a negociação de novas formas de

cooperação e arranjos para maior efetividade das ações de todos os

países no enfrentamento do aquecimento global. Para que o aumento da

temperatura em 2100 não ultrapasse esse limite, a partir do qual é grande

a probabilidade de ocorrência de eventos climáticos extremos e

catastróficos, o IPCC indica ser necessário que as emissões globais

tenham seu pico máximo entre 2015 e 2020, e a partir de então sejam

reduzidas drasticamente. Isso implicará no corte substancial de emissões

nos países industrializados e esforços diferenciados e adicionais de

alguns países em desenvolvimento para desacelerar o crescimento, obter

a estabilização e iniciar a redução de suas próprias emissões de gases de

___________________________________________________________________________

43

efeito estufa. As Partes deveriam acordar uma agenda de negociação

para os próximos dois anos, com vistas a elaboração de um acordo efetivo

pós-2012, ou seja, um novo acordo que traga o consenso quanto aos

temas centrais, tais como mitigação, adaptação, tecnologia e

financiamento. Esse pleito atenderia aos países, setores econômicos ou

políticos contrários à continuidade do Protocolo de Quioto após 2012.

b) Adaptação e Fundo para Adaptação: definição sobre como ampliar a

cooperação entre todos os países, no longo prazo, para lidar com as

causas, impactos e com as medidas de adaptação às conseqüências das

mudanças de clima, de forma a fortalecer as medidas sobre

compromissos já assumidos no regime por todos os países, inclusive os

de ajuda financeira e de transferência de tecnologias limpas dos países

industrializados para os países em desenvolvimento. Este tópico tem

relações com o Programa de Trabalho de Nairobi e do Plano de Buenos

Aires.

c) Redução de Emissões do Desmatamento: mecanismos para ajudar países

em desenvolvimento com florestas tropicais a reduzirem seu

desmatamento. Atendendo o pleito de países que desejam o engajamento

de países com altas taxas de desmatamento, como Brasil e Indonésia e

assunção destes à CP2. A coalizão de países com Florestas Tropicais,

liderada por Papua Nova Guiné e Costa Rica, defendeu que o

desmatamento evitado seja incluído no comércio global de créditos de

carbono, representando uma oportunidade de lidar com os problemas

locais (mas que correspondem a um pequeno percentual das emissões

globais) e, ao mesmo tempo, obter recursos. Atuação frente a países

como o Brasil e outros que não querem se sujeitar a metas obrigatórias e

que até a COP-11, não aceitavam dialogar sobre a redução de emissões

associadas a desmatamento.

d) Mercado de Carbono: manifestaram-se duas expectativas gerais,

defendidas por atores bem distintos. Alguns queriam garantir que não

___________________________________________________________________________

44

houvesse um hiato na continuidade do mercado de carbono e do MDL na

passagem do CP1 para o CP2. Mas enquanto alguns setores econômicos

(incluindo empresas de consultoria) mais ativos no mercado de carbono

defendem inclusive sua ampliação expressiva; outros, como algumas

ONGs, embora não desejem o hiato, mas defendem mecanismos mais

claros de governança e efetividade de tais oportunidades e instrumentos

de mercado. Estão presentes na COP, embora em minoria, segmentos da

sociedade civil que criticam a utilização de abordagens e instrumentos de

mercado para a superação dos desafios de aquecimento global.

e) Revisão geral do Protocolo de Quioto, conforme definido em seu artigo 9:

No bojo das discussões do artigo 95, há questões de interpretação mas

também de posicionamentos e estratégias de negociação. Países em

desenvolvimento, como Brasil, Índia, China, dizem que tal artigo se refere

somente à adequação de compromissos dos países do Protocolo de

Quioto da Convenção, sem introduzir novas medidas para países não

signatáriosdo Protocolo de Quioto. Alguns países do Protocolo de Quioto

falavam em rever a estrutura (arquitetura) do Protocolo de Quioto,

incluindo a eventual incorporação de novas medidas e compromissos para

países não signatários do Protocolo Quioto. A AOSIS - Aliança dos

Pequenos Países Insulares tinha a expectativa de rever o Protocolo

fundamentado nas recomendações do IPCC e para evitar conseqüências

catastróficas e, por isso, mesclando as duas posições acima.

(BORN, 2008; UNFCCC, 2009; UNEP, 2009; MCT, 2009)

De acordo com a urgente recomendação do III Grupo de Trabalho do IV

Relatório do IPCC, para evitar um aumento superior a 2°C na temperatura global, o

corte nas emissões de gases de efeito estufa deveria ser de 25 a 40% com base nos

níveis de 1990, até 2020. (BORN, 2008; UNFCCC, 2009)

___________________________________________________________________________

45

Ao findar a conferência e sua aprovação, foi estabelecido um processo de

negociações sobre as mudanças climáticas com acordo multilateral pós 2012,

conduzido pelo Grupo de Trabalho AWG-LCA - Ad Hoc Working Group on Long-term

Cooperative Action under the Convention, criado na COP 13, e previsto para ser

concluído em 2009 para ser apresentado na COP-15. Ainda na COP 13, o primeiro-

ministro da Austrália, Kevin Rudd, finalmente ratificou o Protocolo de Quioto,

isolando os EUA. (BORN, 2008; UNFCCC, 2009)

4.2. IV RELATÓRIO DO IPCC

O IV Relatório do IPCC concluiu quatro boletins, lançados em 2007. O

Relatório do Grupo de Trabalho 1 do IPCC que cobriu os entendimentos científicos;

o Grupo 2 que tratou dos impactos e das questões de adaptação; e o Grupo 3 que

analisou as opções econômicas e de mitigação. Finalmente, na segunda metade de

novembro, o IPCC liberou seu Relatório Síntese de toda a avaliação. (IPCC, 2007;

UNEP, 2008)

O Grupo de Trabalho 1 foi fundamental para o entendimento de como os

fatores humanos e naturais influem nas mudanças climáticas. Neste Relatório,

incorporaram estudos realizados a seis anos e que não haviam sido incorporados no

III Relatório, na seqüência apresentamos um resumo da contribuição do Grupo de

Trabalho 1. (IPCC, 2007; UNEP, 2008)

O IPCC, premiado com o Nobel da Paz, alertou que as emissões de GEE

deveriam chegar a um teto e começar a decair no prazo de 10 a 15 anos, e não

fazê-lo não é uma opção, porque desestabilizaria irreversivelmente o sistema

climático do planeta. As milhões de pessoas afetadas pela mudança climática

rapidamente se converterão em centenas de milhões, sem uma grande redução de

emissões. Existe um alto risco de que ecossistemas únicos entrem em colapso. A

ciência insiste em que o primeiro passo importante para impedir que se concretizem

___________________________________________________________________________

46

as hipóteses mais alarmantes é que os países industrializados reduzam entre 25% e

40% suas emissões de GEE até 2020, em relação aos níveis de 1990. (LEAHY,

2007; IPCC, 2007; UNEP, 2009)

O IV Relatório considerou pesquisas científicas publicadas a partir do início de

2006 para elaborar suas conclusões. Assim, pesquisas como as que estão sendo

feitas pelo GCP - Global Carbon Project, um consórcio internacional de programas

de pesquisa criado para estudar o ciclo do carbono na terra, disponibilizou

descobertas que sugerem que as taxas de crescimento das emissões de CO2 estão

sendo mais rápidas do que se previa, mesmo nos cenários mais intensivos em uso

de combustíveis fósseis utilizados pelo IPCC. (IPCC, 2007; GHINI, 2007)

4.2.1. OS FATORES NATURAIS E HUMANOS NAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

A elevação dos GEE e de aerossol, as mudanças da radiação solar e das

propriedades da superfície da terra causam um desequilíbrio energético do sistema

climático. A concentração de dióxido de carbono, de gás metano e de óxido nitroso

na atmosfera global vem aumentado devido à ação humana desde 1750, e seus

principais ofensores são o uso de combustível fóssil e a mudança no uso do solo.

(RAMOS, 2006; IPCC, 2007)

Os estudos apontaram para os índices de probabilidade avaliada de 90%

(“muito provável”) e 95% (“extremamente provável”). (IPCC, 2007; UNEP, 2008)

O progresso no entendimento das mudanças climáticas no tempo e no

espaço vem sendo obtido através de melhorias na base de dados e nas análises,

principalmente envolvendo estudos sobre as geleiras e calotas de neve. O

aquecimento global ficou evidente e inconteste, de acordo com as observações de

aumento das temperaturas do ar e dos oceanos, que provocaram e provocam o

___________________________________________________________________________

47

derretimento de gelo e neve em larga escala, e o aumento global do nível dos

oceanos. (LIMA, 2008, UNEP, 2008)

No período de 1995-2006, onze anos figuraram entre os mais quentes desde

1850. (IPCC, 2007)

Outras constatações também foram observadas como: as variações na

temperatura e no gelo do Ártico; mudanças na quantidade de precipitação em toda

extensão do Planeta; aumento na salinidade dos oceanos; mudança dos padrões de

ventos; e outros aspectos e resultantes do clima com incidências extremas (secas,

enchentes, ondas de calor, intensidade de ciclones). Estas constatações estiveram

presentes no III Relatório do IPCC e estão presentes com mais subsídios no IV

Relatório. (ESPARTA, 2002; IPCC, 2007; UNEP, 2008)

4.2.2. UMA PERSPECTIVA PALEOCLIMÁTICA

Extraído do IV Relatório do IPCC, temos a seguinte definição para os estudos

paleoclimáticos:

Os estudos paleoclimáticos usam as mudanças apontadas por indicadores

sensíveis do clima para inferirem mudanças passadas no clima do globo com

escalas de tempo que vão de décadas a milhões de anos. Tais dados obtidos

através de representação (ex. largura dos anéis de uma árvore) podem ser

influenciados tanto pela temperatura local quanto outros fatores, como por

exemplo, a precipitação, e geralmente representa, um período de tempo em

particular e não anos inteiros. Desde o TAR, estudos permitem um aumento da

confiança em dados adicionais que apontam comportamentos coerentes usando

indicadores múltiplos em diferentes partes do mundo. No entanto, as incertezas

geralmente aumentam quando se entra no passado devido a uma crescente

cobertura espacial limitada.

(IPCC, 2007)

___________________________________________________________________________

48

As temperaturas médias no hemisfério norte apresentaram um crescimento

incomum, empiricamente comprovado, desde os anos 50 do século passado,

tomando-se como referência os últimos 1300 anos. O último fenômeno semelhante

foi estimado para 125 mil anos atrás, quando os oceanos teriam aumentado de 4 a 6

metros, devido ao derretimento das calotas polares. Os dados apresentados sobre a

temperatura do hemisfério norte, constantes no IV Relatório, indicam que as

previsões divulgadas com o III Relatório estavam equivocadas, os dados mais atuais

mostram um aumento na temperatura bem acima do previsto. A maioria dos

aumentos das temperaturas médias globais, observadas desde a metade do século

XX, foram “muito provavelmente”, devido à concentração de GEE com origem

antropogênica. (IPCC, 2007)

O aquecimento global da atmosfera e dos oceanos, aliados à perda da massa

de gelo, reforçou a conclusão de que é “extremamente improvável” que as

mudanças do clima ocorridas nos últimos 50 anos possam ter sido causadas

naturalmente sem qualquer outro tipo de interferência. (EEROLA, 2003; IPCC, 2007)

O padrão de aquecimento da troposfera e do esfriamento da estratosfera,

muito provavelmente ocorreram devido a uma combinação de influências do

aumento de GEE e da redução do ozônio na estratosfera, e estas denotaram uma

significativa participação antropogênica. É “muito provável” que as forças

antropogênicas tenham, também, contribuído para mudanças no padrão do vento,

provocando mudanças na trajetória das tempestades extra tropicais e o nos padrões

de temperatura nos dois hemisférios. Os extremos dos índices de aferição de

temperaturas nos dias mais quentes, nas noites mais frias e nos dias mais frios

“muito provável” aumentaram devido à força antropogênica. (IPCC, 2007; VIEIRA,

2008; UNEP, 2008)

___________________________________________________________________________

49

4.2.3. PROJEÇÃO FUTURA PARA MUDANÇAS NO CLIMA

Comparado com o III Relatório, os avanços quanto às projeções foram bem

significativos e isso se deve a enorme gama de modelos utilizados e o nível de

precisão dos mesmos, principalmente os novos modelos de simulações, e ao

desenvolvimento tecnológico de aparelhos e equipamentos. Projetou-se para as

próximas duas décadas um aumento de 0,2°C por década. Caso a emissão de GEE

e aerossóis retrocedam para os níveis dos anos 2000, e permaneçam neste

patamar, a projeção foi mais branda, previu-se um aquecimento de 0,1 °C por

década. (IPCC, 2007; UNEP, 2008)

Cabe lembrar que desde I Relatório do IPCC em 1990, as projeções avaliadas

sugeriram um aumento da temperatura global média em cerca de 0.15°C e 0.3°C por

década de 1990-2005, através de estudos menos fundamentados e com a utilização

de equipamentos menos confiáveis, porém a evolução deste cenário, reforçou a

confiabilidade das projeções do IV Relatório, que de alguma forma validaram as

projeções anteriores. (IPCC, 2007; UNEP, 2008)

4.2.4. ELEVAÇÃO DOS OCEANOS

Dentre os dados apresentados no destacamos a análise que mostrou um

aumento de 1,8 ± 0,5 mm por ano, no período de 1961 a 2003, no nível dos

oceanos, e que somente no período de 1993 a 2003 foi de 3,1 ± 0,7 mm por ano. O

que remete para uma inconteste verificação de que as taxas de elevação são

crescentes, não necessariamente de ano para ano, mas de período a período.

(IPCC, 2007; UNEP, 2008)

As principais fontes apontadas foram duas:

A 1ª - Derretimento das geleiras e calotas de gelo, destacando-se a grande

participação do derretimento dos mantos de gelo da Groelândia e Antártica;

___________________________________________________________________________

50

A 2ª - Expansão térmica da água, que ocorre, como em qualquer outro

fluído, com a elevação de sua temperatura.

(UNEP, 2008)

A proporção levantada foi de que no período de 1993 a 2003 a participação

foi de 43% para a primeira fonte e 57% para a segunda fonte. (UNEP, 2008)

A dinâmica dos oceanos, contudo, intensifica o próprio aquecimento, pois

quando se eleva a quantidade de CO² na atmosfera, os oceanos que dissolvem

parte desse gás, tendem a ficar mais alcalinos. Essa variação de alcalinidade inibe o

crescimento de fitoplânctons, que compõem a principal parte de biomassa

fotossintetizante do planeta. Como resultado, há menos fotossíntese, mais CO² livre

na atmosfera, conseqüentemente um aumento na alcalinidade dos oceanos, e assim

por diante, virando um ciclo vicioso. (LIMA, 2006; UNEP, 2008)

Outro fator responsável pela elevação dos níveis dos oceanos é o que se dá

com as massas de gelo e sua relação com a radiação solar. Em virtude das massas

de gelo estarem sendo reduzidas quanto à extensão territorial, estas passam a

refletir menos a radiação solar, passando os oceanos a absorver uma quantidade

maior dessa radiação, devido ao aumento da extensão do espelho d’água. Com isto,

intensifica-se a elevação da temperatura dos oceanos e gera outro ciclo vicioso.

(UNEP, 2008)

4.3. CONFERÊNCIA DE BALI

No período de 3 a 14 de dezembro de 2008, em Bali (Indonésia), os

representantes de 180 (cento e oitenta) países se reuniram na COP 13, onde foram

discutidas ações futuras com relação à UNFCCC, e que deveriam observar o IV

___________________________________________________________________________

51

Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas do

IPCC – Sumário para Formuladores de Políticas Públicas. (IPCC, 2007)

Nas reuniões ficou evidenciado o conflito de interesses entre os PD - Países

Desenvolvidos e os PED - Países em Desenvolvimento, que em meio a debates

ostensivos, relutaram e tentaram minimizar a assunção de compromissos e sua

pactuação, sempre com a adoção de subterfúgios de ordem econômica ou razões

relacionadas, no caso dos PED, da necessidade de não refrear suas ações

desenvolvimentistas. Dentre as discussões conflituosas, podemos citar as queixas

dos representantes de Bangladesh, que representando os PMDR - Países de Menor

Desenvolvimento Relativo, quanto a pouca importância dada a esse grupo pelos

demais grupos de países, PD e PED, em suas explanações. (ICTD, 2007; UNFCCC,

2009)

Como era de se esperar, e até por ser uma atitude recorrente, as

reclamações foram direcionadas em sua grande maioria aos EUA, responsabilizado

e apontado como um dos principais ofensores, quanto aos problemas detectados

num contexto mundial, e como um dos principais geradores de entraves para as

negociações quanto a composição de um acordo internacional. Apesar deste fato, a

Sub-Secretária de Estado dos EUA, a sra. Paula Dobriansky, tentou, em vão,

minimizar críticas e acusações, apresentando a disposição do novo governo e do

país como um todo, de colaborar com a redução de GEE, através da execução de

ações conjuntas com os demais países ofensores, mediante objetivos claros e

traçados com prazo limite estabelecido para 2050. Rebatendo críticas mais

veementes, a sra Dobriansky, afirmou que os EUA não se furtaria de suas

responsabilidades e não deixaria de se envolver com aplicação de soluções

coordenadas. (SANTOS JUNIOR, 2009)

A preocupação com as mudanças climáticas e seus impactos no equilíbrio de

ecossistemas ameaçados, estabilidade geopolítica, e segurança econômica, devido

a difusão de informações e a velocidade com que estas circulam nos atuais tempos

___________________________________________________________________________

52

cibernéticos, assumiu proporções público-universais. Diversos problemas que antes

eram meras suposições, especulações ou certezas sem fundamentações,

emergiram com a publicação do IV Relatório do IPCC com contornos explícitos de

veracidade assustadora e devidamente fundamentados, seja com 100% de certeza

em alguns casos, ou com probabilidades que margeiam o inconteste em outros.

(AEM, 2006; UNEP, 2008)

Além do IV Relatório, permearam os assuntos tratados na COP 13, outros

relatórios de menor ou maior pujança, voltados também ao tema, apresentando

dados igualitários ou de grande proximidade, reforçando ainda mais as

preocupações deste século, quanto à necessidade de se promover ações de

preservação de nosso ecossistema. Dentre outros relatórios, citamos Cristian Aid

2007; International Alert 2007; UNDP - United Nations Development Programme

2007; Lehman Brothers 2007; OXFAM - Oxford Committee for Famine Relief 2007 e

GEO-4 – 4º Relatório da Global Environment Outlook. Todos eles, invariavelmente,

apresentaram que as alterações expressivas e a intensificação das mudanças

climáticas afetaram a integridade dos ecossistemas, o bem-estar humano e os

sistemas sócio-econômicos. Além disso, apresentaram que as emissões de carbono,

incluindo a acidificação dos oceanos, variações nos padrões climáticos, degelo

global e suas implicações na elevação dos níveis dos oceanos afetaram diretamente

o clima terrestre (UNEP, 2008).

Com relação ao IPCC, todos os coordenadores dos capítulos, do IV Relatório,

fizeram seus pronunciamentos, mas a ênfase maior foi dada ao Relatório Sintético,

que gerou o levantamento de diversos questionamentos. Imperiosamente, ficou

evidente e inconteste a todos, que as mudanças climáticas e seus impactos são

responsabilidades de todos e que demandam ações conjuntas e coordenadas para

que o ponto de irreversibilidade não seja alcançado. Ovacionados e aplaudidos, os

representantes do PNUMA, responsáveis pelo IPCC, coordenados pelo Chairman do

Painel, o indiano Mr. Rajendra Pachauri, conseguiram transmitir suas informações e

sensibilizaram os delegados de todos os países presentes na Conferência, somados

___________________________________________________________________________

53

a outros tantos representantes de ONG’s e entidades ambientais. (SANTOS

JUNIOR, 2009)

Apesar das evidências, surgiram algumas discordâncias quanto ao

aquecimento global apontadas pela representação dos EUA, porém, para deleite dos

demais representantes, dos críticos e partidários pela busca de soluções para o

universo ambiental, a contestação não promoveu adesões e virou discurso solitário,

enfraquecido mais ainda pela apresentação, na seqüência dos ganhadores do

Prêmio Nobel da Paz (que premiou AL GORE e os integrantes do referido Painel).

(SANTOS JUNIOR, 2009)

Com relação às mudanças climáticas, convém ressaltar que as demandas por

eficiência e inovações no consumo e na produção, oferecem atraentes

oportunidades envolvendo cenários ambientais, econômicos, sociais e de

segurança. Pensando nisso, em paralelo com a conferência sobre mudanças

climáticas, no período de 8 e 9 de dezembro de 2008, também em Bali, ocorreu uma

reunião informal de ministros de comércio de alguns países, a convite de Mari

Pangetsu, Ministra do comércio da Indonésia. O objetivo da reunião foi a discussão

de temas que inter-relacionam comércio e mudança climática. Dos países

participantes destacamos as presenças de representantes dos EUA, UE, África do

Sul, Argentina, Brasil, China, França, Índia e Reino Unido, além do Diretor-Geral da

OMC - Organização Mundial de Comércio, Pascal Lamy. (BORN, 2008; MCT, 2009)

Corroborando com a Conferência de Bali, nesta reunião informal, os diversos

ministros de comércio concluíram que diversas ações empreendidas pela OMC

deveriam estar alinhadas com a busca por soluções da problemática das mudanças

climáticas, e apresentaram uma série de proposituras de regras de padronização,

subsídios, taxas e propriedade intelectual que estariam alinhadas com os anseios

dos interesses apresentados pelos congressistas de Bali. Em discurso, Lamy

afirmou que as regras de comércio, principalmente as de maior relevância, podem

estar alinhadas e podem contribuir com a busca de soluções para a redução dos

___________________________________________________________________________

54

problemas que causam impacto em expressivas mudanças climáticas, porém,

ressaltou que o papel fundamental é da ONU, responsável direta sobre o tema. Os

participantes dessa reunião informal concluíram, contudo, que a inclusão das

questões sobre soluções voltadas para as mudanças climáticas em suas agendas,

auxiliaria na redução de tensões comerciais relacionadas ao tema. Governos

poderiam impingir ações restritivas e punitivas aos países que descumpram as

metas de redução de emissão de GEE. Conforme apontamento da sra. Susan

Schwab, Representante de Comércio dos EUA, o ideal seria a busca pelo

desenvolvimento sustentável, que além do crescimento econômico, também esteja

focado na conservação do meio ambiente. No final, os ministros salientaram a

necessidade de uma conclusão bem-sucedida das negociações da Rodada Doha,

com inclusão de uma espécie de mandato ambiental. (SALLES, 2008; MCT, 2009)

A COP 13 acabou resultando, não num protocolo, como Quioto, mas na

confecção de um documento norteador, que será de extrema valia para as

conferências posteriores e vindouras. O Plano de Ações de Negociações permitirá

um melhor ordenamento e maior objetividade nas negociações que devem ocorrer

futuramente, com relação a adoção efetiva de soluções e metas. Uma reunião de

grandes proporções, com uma pluralidade de interesses e de propostas em jogo,

considerando também a pluralidade de culturas e costumes, carece de um

planejamento bem estruturado para que os resultados sejam negociados e

apareçam com mais efetividade, sem morosidade e sem deficiências

estruturais.(UNFCC, 2009; UNEP, 2009)

4.4. PLANO DE AÇÕES DE NEGOCIAÇÕES – “BALI ACTION PLAN ROADMAP”

Apesar das dificuldades de elaboração de um documento conclusivo e

consensual, surpreendentemente, por unanimidade, todos os delegados

representantes dos diversos blocos concordaram com a confecção de um plano de

ações visando negociações sobre mudanças climáticas, que serviria de subsídio e

___________________________________________________________________________

55

base para as futuras convenções. O "Bali Action Plan Roadmap", teve sua

aprovação sacramentada em 15 de dezembro de 2008, extrapolando o prazo

inicialmente previsto para a própria conferência. Um destaque a ser citado foram as

intervenções do Presidente indonésio, Susilo Bambang Yodhoyono, e de

representantes da ONU, que procuraram conter seus desapontamentos com a

morosidade do fechamento das negociações e impingiram ações para que fosse

concluída a elaboração do documento final. (ICTSD, 2007; UNFCCC, 2009)

No plano de ações elaborado, ocorreu o lançamento de um fundo, o Fundo de

Adaptação, que se trata do primeiro mecanismo financeiro de apoio à adaptação de

países com maior dificuldade de adotar medidas relativas às mudanças climáticas,

direcionado para transferências de tecnologia que viabilizem a redução de emissões

de GEE. Além disso, o "Bali Roadmap", ou Mapa do Caminho, criou um Grupo de

Trabalho, voltado aos estudos, analise e emprego de ações cooperativas no longo

prazo, devendo, inclusive, elaborar estudos de incentivos para propostas que

estejam relacionadas com ações de integração cooperativa, transferência de

tecnologia, estabelecimento de estratégias de atuação, disseminação de

conhecimentos e conceitos, adaptação de medidas já implementadas e demais

propostas que tragam soluções para o problema de emissão de GEE. (PEREIRA,

2002; MCT, 2009; UNFCCC, 2009)

Na Conferência, foram adotadas 26 decisões, e as mais importantes foram:

A elaboração do Plano de Ação que tratasse: de compromissos de

mitigação mensuráveis, reportáveis e verificáveis; da discussão sobre um

novo processo de negociações voltado para as questões ambientais; e da

possibilidade de uma implementação completa, efetiva e sustentada, até e

após 2012;

A decisão do REDD - Redução das Emissões do Desmatamento e

Degradação quanto a temática das florestas;

Os encaminhamentos relacionados ao Fundo de Adaptação;

___________________________________________________________________________

56

A revisão do Artigo 9º do Protocolo de Quioto, onde são estabelecidos os

prazos para as revisões;

As conclusões adotadas pela 4ª sessão do AWG (Ad Hoc Working Group

on Further Commitments for 6 Annex I Parties under the Quioto Protocol –

AWG-KP).

(UNFCCC, 2009; MCT, 2009)

Os pontos principais do "Bali Roadmap", discutidos em Bali foram:

a) A conscientização da necessidade de implementação de "cortes

profundos" na emissão de GEE. A definição de novas metas para a fase

pós-Quioto 2012, com base no IV Relatório do IPCC, deverão ser tratadas

na próxima COP, ou na subseqüente.

b) A reafirmação do Principio das Responsabilidades Comuns, mas

diferenciadas, também presente no protocolo de Quioto. Os países

desenvolvidos devem estabelecer metas de redução de suas emissões.

Países como a China, Brasil e Índia, que estão em processo de

crescimento industrial e outros vários países industriais, também devem

apresentar soluções que contemplem as reduções de emissões e a

coordenação com o crescimento econômico. Devem ratificar o Protocolo

de Quioto, devem discutir os futuros mecanismos de transferência de

tecnologia limpa aos países signatários e não signatários do Protocolo de

Quioto;

c) Os Fundos de Adaptação, proveniente de países desenvolvidos, devem

ser destinados para projetos de enfrentamento dos problemas climáticos.

Sua disponibilidade será para os países pobres e em desenvolvimento,

desprovidos de recursos financeiros para investir em ações de combate

dos efeitos relacionados às mudanças climáticas em seus territórios;

___________________________________________________________________________

57

d) Os programas de “incentivos positivos” de combate ao desmatamento e

degradação de floretas em países em desenvolvimento, deverão constar

na agenda das próximas COP.

(LIMA, 2008; UNFCCC, 2009)

4.5. PRINCIPAL DE BALI

As discussões sobre mudanças climáticas e seus respectivos impactos, vem

ganhando nos últimos anos maior atenção. Em 2007, as discussões sobre

governança ambiental, estiveram sempre sendo relacionadas com as questões de

mudanças climáticas, tanto que na reunião do Conselho de Segurança da ONU, em

abril, discutiu-se a relação das mudanças climáticas com a paz e a com a

segurança. Participaram 55 delegações. (UNEP, 2008)

O “Mapa do Caminho”, definiu de forma clara, um roteiro com os princípios

para nortear as negociações do regime global de mudanças climáticas e a

elaboração de um novo Protocolo que sucederá ao Protocolo de Quioto. Pelo

cronograma estabelecido no texto, os países participantes da convenção teriam até

dezembro de 2009, em Copenhage (Dinamarca), para definir o novo enquadramento

institucional para substituição do Protocolo vigente, ou seja, para definir qual seria o

mecanismo global de mudanças climáticas após o final do CP1, em 2012.

(FRONDIZI, 2009; UNFCC, 2009)

A adoção do “Mapa do Caminho”, porém, não está restrito a Copenhage, é

um documento que permanecerá válido até que se pactue um novo enquadramento.

Esse documento contém mais do que um simples roteiro de negociações. Em sua

composição há o reconhecimento de problemas relacionados a temas como

mudanças climáticas e suas implicações para ecossistemas ameaçados,

estabilidade geopolítica, segurança econômica e demais questões públicas

universais. Este reconhecimento não partiu de inferências de organizações não

governamentais e preocupações da sociedade civil, mas de fundamentação

___________________________________________________________________________

58

científica apresentada no IV Relatório IPCC com dados incontestes acerca das

causas relacionadas às mudanças climáticas e os seus possíveis impactos futuros,

além de outra gama de relatórios, descobertas e estudos científicos, originados junto

a comunidade científica mundial. (UNFCCC, 2009; UNEP, 2009)

Em Bali, diante das discussões, alarmantes deduções foram apresentadas,

dentre elas a de que as milhões de pessoas já afetadas pela mudança climática

rapidamente se converterão em centenas de milhões, se não houver uma grande

redução de emissões de GEE. Como primeiro passo, vislumbrou-se a necessidade

de reduzir de 25% e 40% as emissões de GEE até 2020. Verificou-se, também, o

apontamento do alto risco de que ecossistemas únicos entrem em colapso. (LEAHY,

2007, BORN, 2008)

O desmatamento e as queimadas, considerados pelo IV Relatório como

responsáveis por 75% das emissões brasileiras de gases do efeito estufa, colocou o

Brasil como 4º colocado no ranking dos maiores contribuintes para o aquecimento

do planeta. A Indonésia, 3ª colocada, também tem o desmatamento como principal

fonte de emissão. Este tema foi amplamente debatido em Bali. (MCT, 2009)

Dentre outras discussões em Bali, negociou-se modelo operacional do Fundo

de Adaptação às mudanças climáticas, os debates ocorreram sobre a pertinência do

GEF - Global Environment Facility, considerado um fundo excessivamente

burocrático por países em desenvolvimento. A definição sobre esse assunto foi a

primeira conclusão significativa da COP 13. A atuação dos países insulares e do

grupo dos menos desenvolvidos, de forma coordenada, foi primordial para que se

estabelecesse um consenso quanto a adoção de um modelo inovador e

razoavelmente equilibrado para a gestão do fundo. A adaptação é uma dimensão

inevitável e necessária para países que sofrerão com secas, inundações e elevação

do nível do mar provocado pelo aquecimento global. (MCT, 2009; UNFCCC, 2009;

BORN 2008)

___________________________________________________________________________

59

A decisão sobre transferência de tecnologias dos países desenvolvidos para

os países em desenvolvimento, envolvendo as áreas de adaptação às mudanças

climáticas e mitigação dos GEE, foi outro avanço relevante da conferência de Bali.

Para aumentar o nível de investimentos em tecnologias limpas, o GEF implementará

um programa estratégico em parceria com bancos e instituições financeiras

multilaterais. Sua finalidade será impulsionar projetos demonstrativos, criar

ambientes mais atraentes aos investimentos, bem como oferecer incentivos para o

setor privado. (ICTSD, 2007; PETER, 2009)

Os governos não chegaram a um acordo sobre medidas adicionais, tais como

a integração de ações de adaptação às suas políticas nacionais. Por isso, o assunto

foi adiado para a COP 14 em Bonn (Alemanha) no mês de junho de 2008 no

encontro do SBSTA - Subsidiary Body for Scientific and Technological Advice, um

organismo da UNFCCC. (UNFCCC, 2009; UNEP, 2009)

5. CONCLUSÃO

A evolução do conhecimento cientifico é nítida quando comparamos os dois

períodos analisados. Em seu II Relatório, o IPCC utiliza termos como “parece

provável” e “melhor suposição” para tratar do aumento da temperatura média do

planeta e da influencia da ação humana nesse fenômeno, já no IV Relatório, vemos

termos como “provável” e “muito provável”, o que refletiu uma elevação dos níveis

de certeza. Todavia, as afirmações contidas no II Relatório, foram alvo de forte

pressão política para que os resultados apresentados não fossem muito conclusivos,

o que demonstra a interação entre as correntes (Policy e Politics) propostas por

Kingdon (1995). No período de elaboração do IV Relatório, diante de diversos

fenômenos naturais adversos e catastróficos, as correntes de influência passam a se

reorganizar, alterando o sentido de suas pressões.

___________________________________________________________________________

60

Nesse período, ficou latente e premente a necessidade de reduzir os níveis

de incerteza quanto aos impactos advindos da mudança climática, como alterações

da química do planeta que provocam a extinção e migração das espécies e

comprometem a biodiversidade do planeta. Uma outra necessidade destacada é a

realização de estudos científicos aprofundados estabelecendo os vínculos entre o

aquecimento global e as mudanças ocasionadas na pluviometria com o

desenvolvimento econômico e social dos países emergentes e com o status quo dos

sistemas econômicos das nações desenvolvidas. Esta última demanda, fundamenta-

se na necessidade de reorganização dos sistemas econômico-produtivos, em busca

soluções que envolvam sustentabilidade. (CASTRO, 1996; NAE, 2005; WWF, 2007)

As deficiências apontadas pela comunidade científica formaram uma parte da

argumentação contrária dos EUA a adoção do Protocolo de Quioto. Essa

argumentação era completada pela ausência de metas de redução para os países

em desenvolvimento e pela possibilidade dos compromissos de redução afetarem o

crescimento econômico norte-americano.(MOREIRA, 2008; MARENGO, 2008; MCT,

2009)

Diversos problemas que antes eram meras suposições, especulações ou

certezas sem fundamentações, emergiram com a publicação do IV Relatório do

IPCC com contornos explícitos de veracidade assustadora e devidamente

fundamentados. O IV Relatorio do IPCC, por sua vez, em suas afirmações, apontou

índices de probabilidade avaliados em 90% (“muito provável”) e 95%

(“extremamente provável”) para as deduções sobre a influência da ação antrópica

sobre as mudanças climáticas. Com isso, o Grupo de Trabalho 3, sugeriu

parâmetros de cortes para as emissões de GEE, entre 25 a 40% com base nos

níveis de 1990, devendo esta ação se estender até 2020, para evitar um aumento

superior a 2°C na temperatura global. (IPCC, 2007; BORN, 2008; UNEP, 2008)

___________________________________________________________________________

61

Em Bali, as nações presentes que esperavam uma mudança de postura e

aderência ao Protocolo de Quioto pela Austrália e pelos EUA com suas respectivas

ratificações e que estavam temerosas com a ameaça canadense de não

cumprimento do Protocolo, tiveram suas expectativas parcialmente atendidas com a

assinatura e ratificação da Austrália e com o fim das ameaças canadenses, ficando

os EUA isolados e como a maior decepção da Convenção. Contudo, em Bali, nas

reuniões da conferência entrou em evidência um conflito de interesses que já havia

sido preconizado pelos EUA na primeira COP, reunindo de um lado as nações

desenvolvidas e do outro as nações em desenvolvimento, onde os países

desenvolvidos passaram a exigir um maior comprometimento, em termos de metas,

dos países emergentes, que não assumiam compromissos devido o intuito de

proteger as suas economias. (BORN, 2008; SALLES, 2008; MOREIRA, 2008)

A COP 13 acabou resultando, não num protocolo, como Quioto, mas na

confecção de um documento norteador, que será de extrema valia para as

conferências posteriores e vindouras. O Plano de Ações de Negociações – “Bali

Action Plan Roadmap”, o chamado “Mapa do Caminho”, permitiu um melhor

ordenamento e maior objetividade nas negociações que devem ocorrer futuramente,

com relação a adoção efetiva de soluções e metas. Uma reunião de grandes

proporções, com uma pluralidade de interesses e de propostas em jogo,

considerando também a pluralidade de culturas e costumes, carece de um

planejamento bem estruturado para que os resultados sejam negociados e

apareçam com mais efetividade, sem morosidade e sem deficiências

estruturais.(UNFCC, 2009; UNEP, 2009)

O conhecimento cientifico produzido pelo IPCC e publicado através de seus

Relatórios, adquiriu com o passar do tempo, maior credibilidade e confiança na

medida em que ferramentas e sistemas mais evoluídos proporcionam melhores

resultados e na medida em que o sistema de comunicação mundial rompeu

fronteiras e o mundo pode compartilhar suas mazelas e vicissitudes de fenômenos

naturais. A produção do IPCC vem assumindo uma extrema importância para as

___________________________________________________________________________

62

nações na formulação de suas políticas públicas nacionais e na formulação de

políticas internacionais. As Convenções, promovidas pela ONU, vem proporcionando

palcos apropriados para que negociações e entendimentos busquem a efetivação

das políticas internacionais, decisões e orientações concebidas como referência

para a elaboração de políticas específicas e próprias de cada nação. Mas, a

experiência com as Convenções não deve se restringir ao cenário mundial, deve ser

adotada internamente, nas esferas do poder, típicas de cada nação, no caso

brasileiro, União, Estados e Municípios. (VEIGA, 2008)

6. OBJETIVOS

O objetivo principal do nosso trabalho: analisar “A influência do conhecimento

científico expresso nos painéis do IPCC nos tratados internacionais sobre o meio

ambiente: mudanças climáticas”.

Para isso analisamos o contexto histórico, político e cultural do processo,

traçar o perfil político e científico do IPCC, identificando as tendências históricas e o

processo de mudanças do IPCC e identificando a presença dos atores envolvidos.

7. METODOLOGIA

O trabalho busca ambientar e pautar suas posições através de pesquisas

bibliográficas obtidas em documentos produzidos por órgãos oficiais internacionais

como IPCC e PNUMA que se destinam a estabelecer um panorama global sobre os

impactos ambientais da ação humana no aquecimento global e sua consequência

para biodiversidade e para vida dos seres humanos em todo o mundo.

Para realizar tal analise, delimitamos como principais documentos para

pesquisa o Protocolo de Quioto e as decisões que nortearam a reunião de Bali bem

___________________________________________________________________________

63

como os desdobramentos no campo institucional que variam desde a aceitação das

metas sugeridas até as possíveis divergências entre os países que se tornaram

signatários dos documentos produzidos nestes encontros e aqueles que não

aceitaram ou divergiram das metas propostas.

Para esta análise optamos por nos debruçar sobre os materiais teóricos

produzidos e difundidos pelos órgãos internacionais cujo cerne de suas atuações

envolvem questões ambientais ou climáticas especificamente, bem como pelas

análises e contextualizações históricas que o tema suscita na comunidade científica.

Por ser uma pesquisa investigativa, amplamente teórica, que congrega em seu bojo

um amplo material bibliográfico para análise, a pesquisa de campo realizada através

de questionários torna-se irrelevante, pois não abarca a profundidade das relações

dispostas nas análises documentais, e pouco acrescentaria para o desenvolvimento

deste trabalho. Em alguns casos, adotando o caráter ilustrativo, optamos por incluir

trechos de matérias publicadas em jornais e periódicos eletrônicos e impressos.

A contextualização das Conferências escolhidas, bem como do IPCC, assume

uma significativa importância para o entendimento e análise da evolução da

sistemática envolvida com as questões climáticas. As elaborações e os contextos

internacionais em cada momento das analises serão detalhadas e comparadas, pelo

grupo, com objetivo de delinear a atuação dos atores envolvidos e que se dividem

entre os órgãos internacionais proponentes e os países signatários passando pela

atuação das políticas implementadas e os conflitos e discussões que as descobertas

científicas destes órgãos impactam para a comunidade internacional.

Ao estabelecermos o perfil destes acordos internacionais e da atuação de

entidades como IPCC no desenvolvimento de pesquisas cientificas relevantes sobre

a temática ambiental, poderemos vislumbrar interações entre as soluções propostas

pelo campo científico e suas respectivas aceitações nos campos institucionais e

governamentais.

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64

Estas interações serão observadas também no que concerne o papel da

mídia como agente de difusão global sobre os impactos ambientais causados pelas

mudanças climáticas e nas medidas efetivas adotadas pelos governos mundiais

para corrigir, refrear ou mitigar tais mudanças climáticas bem como a efetividade das

ações propostas e adotadas após cada conferência.

___________________________________________________________________________

65

8. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

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