arcabouÇo para o gerenciamento ambiental do projeto · este documento apresenta o arcabouço legal...

109
República Federativa do Brasil Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Fundação Nacional de Saúde Projeto de Vigilância e Controle de Doenças – VIGISUS III ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO ABRIL, 2010 Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized

Upload: builiem

Post on 08-Nov-2018

215 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

República Federativa do Brasil Ministério da Saúde

Secretaria de Vigilância em Saúde Fundação Nacional de Saúde

Projeto de Vigilância e Controle de Doenças – VIGISUS III

ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO

ABRIL, 2010

Pub

lic D

iscl

osur

e A

utho

rized

Pub

lic D

iscl

osur

e A

utho

rized

Pub

lic D

iscl

osur

e A

utho

rized

Pub

lic D

iscl

osur

e A

utho

rized

wb20439
Typewritten Text
E2006 v2
Page 2: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Saúde José Gomes Temporão Presidente da Fundação Nacional de Saúde Faustino Barbosa Lins Filho Secretário de Vigilância em Saúde Gerson Oliveira Penna Diretor Substituto do Departamento de Saúde Indígena - Funasa Flávio Pereira Nunes Diretor do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador Guilherme Franco Netto Coordenador do Projeto VIGISUS XXXXXXXXXXXXXX Equipe Técnica de Elaboração do Relatório Andréa Naritza Silva Marquim de Araújo – Funasa/MS Elaine Mendonça dos Santos – SVS/MS José Braz Damas Padilha – SVS/MS Regina Coeli Pimenta Melo – SVS/MS Ricardo Rocha Pavan – SVS/MS Mariana Schneider – SVS/MS Revisão Maria Thereza Ferreira Teixeira – SVS/MS Regina Coeli Pimenta Melo – SVS/MS Ministério da Saúde Secretaria de Vigilância em Saúde Esplanada dos Ministérios, Edifício Sede, 1º andar, sala 105 Brasília/ DF - CEP: 70058-900 Telefone: (61) 3315 3706 www.saude.gov.br/svs

Page 3: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

Sumário

SUMÁRIOEXECUTIVO.................................................................................................................................. 6

APRESENTAÇÃO........................................................................................................................................... 7

1.OPROJETODEVIGILÂNCIAEMSAÚDE‐VIGISUS .................................................................................... 8

2.QUADROLEGALEINSTITUCIONAL–SAÚDEEMEIOAMBIENTE ............................................................. 9

2.1QUADROLEGALEINSTITUCIONALDOSETORSAUDE ....................................................................... 9

2.2POLÍTICASEINSTRUMENTOS........................................................................................................... 12

2.2.1VIGILÂNCIAEMSAÚDEAMBIENTAL ......................................................................................... 12

2.2.2APOLÍTICADEATENÇÃOÀSAÚDEINDÍGENA .......................................................................... 14

2.2.3APOLÍTICANACIONALDEMEIOAMBIENTE ............................................................................. 17

2.2.4AVALIAÇÃODEIMPACTOAMBIENTAL...................................................................................... 17

2.2.5LICENCIAMENTOAMBIENTAL................................................................................................... 18

2.2.6PROCEDIMENTOSADOTADOSPARAOLICENCIAMENTOAMBIENTALDEEDIFICAÇÕESDEESTABELECIMENTOSDESAÚDE......................................................................................................... 21

2.2.7CONSOLIDAÇÃODASNORMASLEGAISETÉCNICASAPLICÁVEISAEDIFICAÇÕESDE

ESTABELECIMENTOSDESAÚDE......................................................................................................... 24

2.3POLÍTICASDESALVAGUARDASAMBIENTAISDOBANCOMUNDIAL ............................................... 25

2.4ANÁLISECOMPARATIVAEPROCEDIMENTOSADOTADOSPELOBANCOMUNDIAL ........................ 28

3.OCONTEXTO.......................................................................................................................................... 29

3.1CARACTERÍSTICASAMBIENTAIS....................................................................................................... 29

4.AVALIAÇÃOAMBIENTAL–OBRADECONTRAPARTIDA ......................................................................... 29

4.1INTERVENÇÕESPROPOSTAS ............................................................................................................ 29

4.1.1UNIDADEDEAPOIOAOSAISEAISAN....................................................................................... 30

4.1.2POSTODESAÚDEINDÍGENA..................................................................................................... 32

4.1.3SEDEDEPÓLO‐BASEINDÍGENA ................................................................................................ 33

Page 4: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

4.1.4CASADESAÚDEDOÍNDIO–CASAI........................................................................................... 36

4.1.5SEDEDODISTRITOSANITÁRIOESPECIALINDÍGENA(DSEI) ...................................................... 37

4.2CRITÉRIOSDOPROJETO................................................................................................................... 41

4.2.1LOCALIZAÇÃO............................................................................................................................ 41

4.2.2ADEQUAÇÃODOPROJETODEARQUITETURAAOSHÁBITOSECOSTUMESDASETNIASASSISTIDAS......................................................................................................................................... 42

4.2.3CONDIÇÕESAMBIENTAISDECONFORTO ................................................................................. 42

4.2.4CIRCULAÇÕESEXTERNASEINTERNAS ...................................................................................... 42

4.2.5MATERIAISDEACABAMENTO................................................................................................... 43

4.2.6APRESENTAÇÃODOPROJETO................................................................................................... 44

4.2.7RELATÓRIOTÉCNICO................................................................................................................. 45

4.3CARACTERÍSTICASAMBIENTAISDOPROJETO ................................................................................. 46

4.3.1GERENCIAMENTOAMBIENTAL ................................................................................................. 46

4.3.2LICENCIAMENTOAMBIENTAL................................................................................................... 46

4.4AVALIAÇÃOAMBIENTAL–SALVAGUARDASDOBANCOMUNDIAL................................................. 47

4.4.1AVALIAÇÃOAMBIENTAL ........................................................................................................... 47

5.MARCOAMBIENTAL(FRAMEWORK)PARAAVALIAÇÃODESUBPROJETOS........................................... 54

5.1AVALIAÇÃOAMBIENTAL(TIPOLOGIAS) ........................................................................................... 55

5.2CONSIDERAÇÕESESPECIAISSOBRETRATAMENTODELIXOHOSPITALAR....................................... 57

5.2.1OSPROBLEMASRELACIONADOSAOSRESÍDUOS ..................................................................... 57

5.2.2GERENCIAMENTODERESÍDUOSDESERVIÇOSDESAÚDE........................................................ 59

5.2.3PROPOSIÇÕES ........................................................................................................................... 66

6.PLANODEGESTÃOAMBIENTAL ............................................................................................................ 81

6.1GESTÃOAMBIENTALDOPROJETO .................................................................................................. 82

6.2CRITÉRIOSEPROCEDIMENTOSSOCIOAMBIENTAISPARACONCEPÇÃOEAVALIAÇÃODEPROJETOS............................................................................................................................................................... 87

Page 5: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

6.2.1CONCEPÇÃODOSESTABELECIMENTOSDESAÚDE................................................................... 87

6.2.2LICENCIAMENTOAMBIENTALDOSPROJETOS.......................................................................... 88

6.2.3CRITÉRIOSEPROCEDIMENTOSDEAVALIAÇÃOAMBIENTALEMCUMPRIMENTOÀSSALVAGUARDASAMBIENTAISDOBANCOMUNDIAL ........................................................................ 88

6.2.4SUPERVISÃOAMBIENTALDEOBRAS ........................................................................................ 89

6.3COMUNICAÇÃOSOCIAL,DEEDUCAÇÃOAMBIENTALEEMSAÚDE ................................................ 89

6.4PROGRAMADEGERENCIAMENTODOSRESÍDUOSDESERVIÇOSDESAÚDE–PGRSS .................... 90

6.4.1ASETAPASDEIMPLANTAÇÃO .................................................................................................. 91

6.4.2SEQUÊNCIAPARAELABORAÇÃODOPGRSS ............................................................................. 92

6.5MANUALAMBIENTALDECONSTRUÇÃO ....................................................................................... 107

7.CONSULTASPÚBLICAS ......................................................................................................................... 107

8.BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 108

Page 6: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

SUMÁRIO EXECUTIVO

O documento aqui intitulado “Arcabouço para o Gerenciamento Ambiental do Projeto” é fruto de um esforço conjunto entre os executores do Projeto VIGISUS, Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e Fundação Nacional de Saúde (Funasa), para atender a política de salvaguardas do Banco Mundial, durante a execução da terceira fase do Projeto nas três esferas de gestão.

O Banco Mundial exige a avaliação ambiental dos projetos para financiamento, de modo a assegurar que eles sejam ambientalmente sólidos e sustentáveis. Segundo as políticas de salvaguardas, o Projeto VIGISUS III foi considerado como categoria B1. Assim, no âmbito do Projeto, serão acionadas as seguintes políticas operacionais: OP 4.01 - Avaliação ambiental2; OP 4.09 - Uso de Agrotóxicos3; OP 4.10 - Povos Indígenas4.

Deve-se destacar a existência de normas específicas relacionadas às OP 4.01 e OP 4.09, das Salvaguardas Ambientais, para a efetivação da fase III do Projeto Vigisus, que serão foco de atenção neste documento. Destaca-se, ainda, a existência de normas nacionais específicas de avaliação de impacto, cuja demanda é gerada pelo órgão licenciador ambiental federal (IBAMA), bem como referentes ao processo de licenciamento ambiental, que é um instrumento preventivo de gestão ambiental estabelecido pela Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981.

Essa lei instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente. Em seu Artigo 10 prevê que o licenciamento das atividades, efetivas ou potencialmente causadoras de danos ao meio ambiente, fosse realizado pelos estados federados. A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, em seu Artigo 29, concedeu aos municípios competência para auto organizarem-se através de Lei Orgânica, reforçando a autonomia política, financeira, administrativa e legislativa desses entes federados. Compete aos municípios legislar sobre assuntos de interesse local, assim como proteger o meio ambiente e combater a poluição. A Resolução 237, de 19 de dezembro de 1997, do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA regulamentou o licenciamento ambiental municipal, em seus artigos 6º e 20, possibilitando que os municípios efetivem os procedimentos administrativos, licenciando a localização, a instalação e a operação de empreendimentos que possam causar degradação ambiental.

Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas de saúde e meio ambiente, com o objetivo de orientar os beneficiários do Projeto Vigisus III quanto aos marcos legais das Políticas de Salvaguardas do Banco Mundial, consubstanciadas nas OP 4.01, 4.09 e 4.10.

1 ClassificaçãodoProjeto quanto aos seus potenciais impactos ambientais adversos sobre as populações humanas ou áreasecologicamente importantes sejam: específicos ao local do Projeto; poucos ou nenhum são irreversíveis; e, namaioria doscasos,asmedidasmitigatóriassãomaisrápidas.2Aavaliaçãoambientaléumprocessocujasdimensões,profundidadeeanálisedependemdanatureza,daescalaedoimpactoambientalpotencialdoProjeto.3Aoprestarassistênciaaosmutuáriosnocontroledepragaseparasitasqueafetamtantoaagriculturaquantoasaúdepública,o Banco apóia umaestratégia que aprove o uso demétodos de controle biológico ou ambiental e reduz a dependência depesticidasquímicos.4EstapolíticacontribuicomamissãodoBancodereduzirapobrezaepromoverodesenvolvimentosustentável,assegurandoqueoprocessodedesenvolvimento respeite plenamente a dignidade, os direitos humanos, as economias e as culturas dospovosindígenas.

Page 7: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

7

APRESENTAÇÃO

No ano de 1972 ocorreu a Conferência de Estocolmo, primeiro grande congresso internacional sobre o meio ambiente, que se constituiu em um marco na evolução da proteção ambiental no âmbito mundial. A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, no Rio de Janeiro, em 1992, consolidou, nos princípios expressos na “Declaração do Rio sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento”, alguns pontos importantes já apontados em Estocolmo. Entretanto, no Brasil, essa evolução já ocorria com a instituição da Política Nacional de Meio Ambiente – PNMA, desde 1981, com a publicação da Lei 6.938.

Essa lei baliza a proteção ambiental no país, pois somente depois dela se obtém uma proteção integral do meio ambiente, superando uma tutela fragmentária e dispersa que vigorava até então. A Lei 6.938/81 estabeleceu princípios, objetivos e instrumentos da PNMA, trouxe definitivamente para o ordenamento legal brasileiro a Avaliação de Impacto Ambiental – AIA, além de instituir um regime de responsabilização objetiva para o dano ambiental, conferindo ao Ministério Público legitimação para agir nessa matéria.

A Lei da Ação Civil Pública (Lei 7.347/85) ampliou o rol dos legitimados para agir na proteção do meio ambiente, fortaleceu os instrumentos para reparação dos danos, prevendo até inquérito civil para apurar danos ao meio ambiente.

Posteriormente, a Constituição Federal (CF) de 1988, em seu Capítulo VI, Título VIII, Artigo 225, versa sobre o “Princípio do Poluidor Pagador”. Esse princípio reforça a atitude coletiva de precaução, pois busca evitar a ocorrência de danos ambientais. Uma vez ocorrido o dano, o objetivo é sua reparação, sendo assim considerado um dispositivo moderno e um dos mais adiantados em matéria de proteção ambiental.

De acordo com o disposto no Artigo 23 da CF, Incisos VI e VII, a preservação do meio ambiente é matéria de competência comum, atribuída constitucionalmente aos três entes federativos, tornando imprescindível a articulação dos mesmos.

Assim como a proteção ambiental, o Brasil institucionalizou o direito à saúde com a promulgação da Constituição Federal de 1988, quando criou o Sistema Único de Saúde – SUS. No texto constitucional, o conceito de saúde incorporou novas dimensões: para se ter saúde, é preciso ter acesso a um conjunto de fatores como: meio ambiente equilibrado, educação, moradia, emprego, lazer, alimentação, entre outros. Consequentemente, as prioridades da política do Estado na área da saúde foram redefinidas. A Constituição estabeleceu que saúde é um direito do cidadão e dever do Estado. Deve-se entender Estado não apenas como governo federal, mas como Poder Público, abrangendo a União, os estados, os municípios e o Distrito Federal.

A relação intrínseca entre saúde e meio ambiente coloca desafios na condução de políticas públicas e exige dos gestores um enfrentamento que permeie toda a organização social, desde a produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços até as formas de estruturação do Estado e de seus aparelhos, balisadas por suas relações com a sociedade, inclusive a sua cultura.

A incorporação de temas no trato da saúde pública, como a degradação ambiental – a poluição das águas, do ar e do solo – as radiações ionizantes e não ionizantes, os desastres de origem

Page 8: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

8

natural, os acidentes com produtos perigosos, as substâncias químicas e seus efeitos à saúde da população, aponta a capacidade de ativar e acelerar as mudanças pretendidas.

Nesse contexto, o Ministério da Saúde, por intermédio da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), apresenta o documento “Arcabouço para o Gerenciamento Ambiental e Social do Projeto VIGISUS III”, demonstrando que a saúde deve trabalhar de forma preventiva e integrada na determinação de políticas públicas saudáveis.

1. O PROJETO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE - VIGISUS

O Projeto Vigisus é fruto de um acordo de empréstimo entre o Banco Interamericano para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e a República Federativa do Brasil, representado pelo Ministério da Fazenda, no valor de US$ 600 milhões, executado pelo Ministério da Saúde – MS, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e da Fundação Nacional de Saúde. O seu desenvolvimento foi previsto para ocorrer em três etapas, num valor de US$ 200 milhões por etapa. A primeira fase (Vigisus I), denominada de Estruturação do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, foi implementada no período de 1999 a 2004; a segunda fase (Vigisus II), intitulada de Modernização do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, teve o início de sua execução no ano de 2005, sendo finalizada ao final de 2009. A terceira e última fase (Vigisus III), denominada Consolidação do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, está em fase de preparação, prevista para ser executada no período de 2011 a 2015.

A segunda fase do Projeto objetivou o fortalecimento do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde, visando reduzir a mortalidade e morbidade de doenças transmissíveis e não transmissíveis, bem como a exposição a fatores de risco associados com a saúde. Objetivava, ainda, ampliar a acessibilidade e melhorar a eficiência da saúde, serviços de água e de saneamento direcionados especialmente a grupos vulneráveis, tais como os povos indígenas e quilombolas, para melhorar suas condições de saúde.

Para atingir tais objetivos, o Projeto Vigisus II foi organizado em três áreas programáticas, a saber: Componente A - Modernização do Sistema Nacional de Saúde; Componente B - Saúde Indígena; e Componente C - Gerenciamento do Projeto.

A terceira e última fase visa contribuir com a redução da carga de doenças e agravos, gerenciando riscos à saúde e fortalecendo a governança dos subsistemas de Saúde Pública e Saúde Indígena. O Projeto pretende desenvolver a capacidade dos níveis federal, estadual e municipal. Ele prioriza o fortalecimento do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde no que se refere a estatísticas vitais, doenças não transmissíveis, doenças transmissíveis e saúde ambiental, particularmente nos estados e municípios; a ampliação do acesso e o uso de serviços de saúde por populações indígenas; e a ampliação da efetividade da atenção à saúde indígena por meio de desenvolvimento institucional, melhoria da qualidade e adequação cultural.

Cabe salientar que a execução do eixo estratégico de descentralização das ações de Vigilância em Saúde é de responsabilidade dos estados, municípios e Distrito Federal. Seu financiamento se dará com recursos da Fase III do Projeto Vigisus, como adicional ao Piso de Vigilância em Saúde, repassado regularmente pelo MS, e aos recursos oriundos do orçamento ordinário de cada localidade.

Page 9: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

9

É condicionante para estados e municípios e o Distrito Federal pleitearem a participação no Projeto, a adesão ao Pacto pela Saúde, com assinatura do Termo de Compromisso de Gestão, por meio do qual assumem um conjunto de compromissos sanitários expressos em objetivos, metas e resultados, derivados de análises de situação de saúde, bem como das prioridades definidas pelas três esferas de governo.

Especificamente, o Projeto deve fortalecer a capacidade do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Subsistema de Saúde Indígena para gerenciar riscos à saúde:

a. aumentando a sensibilidade, a oportunidade e a confiabilidade do Sistema Nacional de Vigilância;

b. incrementando a capacidade de gestão descentralizada do Sistema de Vigilância e do Subsistema de Saúde Indígena; e

c. melhorando a qualidade da atenção primária à saúde indígena e promovendo sua integração ao SUS.

2. QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL – SAÚDE E MEIO AMBIENTE 2.1 QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL DO SETOR SAUDE

O Ministério da Saúde (MS) é o órgão do Poder Executivo Federal responsável pela organização e elaboração de planos e políticas públicas voltados para a promoção, prevenção e assistência à saúde dos brasileiros, tendo sido criado em 1953 e regulamentado pelo Decreto 4.596, de 16 de novembro de 1953. É função do MS é dispor de condições para a proteção e recuperação da saúde da população, reduzindo as enfermidades, controlando as doenças endêmicas e parasitárias e melhorando a vigilância à saúde, dando condições, assim, para a melhoria da qualidade de vida ao brasileiro.

A estrutura central do Ministério da Saúde é composta por cinco secretarias responsáveis por elaborar, propor e implementar as políticas de saúde, sendo as executoras das atividades finalísticas do órgão. Outras unidades que compõem MS são: a Secretaria Executiva, o Gabinete do Ministro e a Consultoria Jurídica, responsáveis por atividades de assessoria e assistência direta às ações do ministro.

A estrutura do Setor Saúde no Brasil conta também com atuação das secretarias estaduais e municipais de saúde. A Constituição Federal de 1988 deu um importante passo na garantia do direito à saúde com a criação do Sistema Único de Saúde, o SUS. Seus princípios apontam para a democratização nos serviços de saúde, que deixam de ser restritos e passam a ser universais.

O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Ele abrange desde o simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. Amparado por um conceito ampliado de saúde, o SUS foi criado, para ser o sistema de saúde dos mais de 180 milhões de brasileiros. Além de oferecer consultas, exames e internações, o Sistema também promove

Page 10: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

10

campanhas de vacinação e ações de prevenção e de vigilância sanitária – como fiscalização de alimentos e registro de medicamentos – atingindo, assim, a vida de cada um dos brasileiros.

Antes da criação do SUS, o MS, com apoio dos estados e municípios, desenvolvia quase que exclusivamente ações de promoção da saúde e prevenção de doenças, com destaque para as campanhas de vacinação e controle de endemias. Todas as ações desenvolvidas com caráter universal, ou seja, sem nenhum discriminação em relação à população beneficiária (Souza, 2002).

Na área de assistência em saúde, o MS atuava por meio de poucos hospitais especializados, nas áreas de tuberculose e psiquiatria, além da ação da Fundação de Serviços Especiais de Saúde Pública (FSESP), em algumas regiões específicas, com destaque para o interior das regiões Norte e Nordeste. A grande atuação do poder público nessa área se dava por intermédio do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) que, em 1978, passou a ser denominado Instituto Nacional de Assistência Medica da Previdência Social (Inamps), autarquia do Ministério da Previdência e Assistência Social.

A assistência à saúde desenvolvida pelo Inamps beneficiava apenas os trabalhadores da economia formal, com “carteira assinada”, e seus dependentes, ou seja, não tinha o caráter universal que passou a ser um dos princípios fundamentais do SUS.

Um passo importante para a construção do SUS foi a publicação do Decreto nº 99.060, de 7 de março de 1990, que transferiu do Instituto de Assistência Médica e Previdência Social para o Ministério da Saúde, antes mesmo da Lei nº 8.080/90. A nova responsabilidade constitucional do MS exigiu reformulações organizacionais para implementar o processo de descentralização dessa área.

Entre os elementos que dificultaram o processo de implantação do SUS, embora não seja o mais importante, destacou-se a estrutura organizacional do MS, que mantinha uma lógica de um antigo Ministério, pré SUS, que absorveu o Inamps (Souza, 2002).

Assim, diversas reorganizações foram realizadas na busca de um Ministério da Saúde com o papel necessário a ser desempenhado pelo gestor federal, na concepção do SUS. O Decreto Presidencial nº 6.860/2009 promoveu mudanças na estrutura regimental do MS (Brasil 2009).

O Decreto nº 4.726, de 9 de junho de 2003, definiu a estrutura e estabeleceu as funções da recém-criada SVS, que passou a ser responsável pela coordenação nacional de todas as ações executadas pelo SUS, nas áreas de vigilância epidemiológica de doenças transmissíveis e não transmissíveis, dos programas de prevenção e controle de doenças, informações epidemiológicas, análise da situação de saúde, vigilância em saúde ambiental e, posteriormente, promoção da saúde e saúde do trabalhador.

Nesses 22 anos de SUS, constata-se um movimento de consolidação da Vigilância em Saúde nos âmbitos federal, estadual e municipal. Na esfera federal, os princípios e as diretrizes, estabelecidos na Constituição de 1988, orientaram o planejamento, a gestão e a avaliação das ações de vigilância, prevenção e controle de doenças e o monitoramento da situação de saúde.

Nesse sentido, a descentralização das ações para estados e municípios constituiu uma das marcas desse setor a partir de 1999, quando foi publicada a Portaria nº 1.399, atualizada, posteriormente, pela Portaria nº 1.172, de 17 de junho de 2004. Com a implementação da

Page 11: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

11

estratégia descentralizadora, os processos de trabalho tornaram-se mais ágeis e mais efetivos, pois os problemas puderam ser melhor detectados e as medidas de controle executadas de forma mais veloz.

Em 2009, houve a necessidade de atualizar a normativa da Vigilância em Saúde, tendo em vista o Pacto pela Saúde, o processo de planejamento do SUS, a definição de estratégias de integração da vigilância com a assistência à saúde, em especial com a Atenção Primária, e para potentencializar o processo de descentralização, fortalecendo estados, municípios e DF. Para tal, foi publicada a Portaria GAB/MS nº 3.252 de dezembro de 2009, que aprova as diretrizes para a execução e financiamento das ações de Vigilância em Saúde pelos três níveis de gestão do SUS. Ela estabelece o Piso de Vigilância e Promoção da Saúde (PVPS), a principal fonte de financiamento das ações de VS. O PVPS compõe-se de um valor per capita, estabelecido com base na estratificação, população e área territorial de cada unidade federativa.

É importante salientar que as ações e serviços de saúde implementados por estados, municípios e Distrito Federal são financiados, por recursos oriundos das três esferas de gestão e de outras fontes suplementares. Cada esfera de gestão deve assegurar aporte regular de recursos ao respectivo fundo de saúde, de acordo com a Emenda Constitucional nº 29/ 2000. As transferências são realizadas de forma regular ou eventual, da União para estados, municípios e Distrito Federal.

As decisões referentes às políticas de saúde no Brasil acontecem de forma tripartite, são decorrentes da negociação e pactuação entre os gestores federal, estaduais e municipais. Há vários espaços de negociação e decisão: Comissão Inergestores Tripartide (CIT), Comissão Integestores Bipartite (CIB), Grupos de Trabalho, como o GT-VS, em Vigilância em Saúde, entre outros.

Percebe-se que a Vigilância em Saúde passou a ser, para o gestor, o sinalizador de mudanças no processo saúde-doença da população brasileira, ocupando cada vez mais espaço nos principais fóruns de decisões políticas. E, para a sociedade, o vigia sempre alerta para cenários de riscos e novas tendências e hábitos em saúde

Com relação à Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão executivo do Ministério da Saúde e uma das instituições do governo federal responsáveis em promover a inclusão social por meio do saneamento. Sua missão institucional encontra-se em duas vertentes principais, que se desenvolvem mediante a elaboração de planos estratégicos nos segmentos de Saneamento Ambiental e de Atenção Integral à Saúde Indígena. A Funasa é gestora do tema de Saúde Indígena, na estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS).

A Portaria Funasa nº 806, de 6 de junho de 2006, instituiu a Carteira de Projetos Estratégicos, elaborada em consonância com o Planejamento Plurianual (PPA), designando os gerentes responsáveis pelos diversos projetos que consubstanciam o realinhamento institucional da Funasa.

As ações de inclusão social mediante cuidados com a saúde são executadas com a prevenção e controle de agravos ocasionados pela falta ou inadequação nas condições de saneamento básico em áreas de interesse especial, como assentamentos, remanescentes de quilombos e reservas extrativistas. As ações de atenção integral à saúde dos povos indígenas levadas a efeito têm por estratégia o fortalecimento da capacidade institucional nesse campo, tendo por

Page 12: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

12

objetivo consolidar o controle social através do Subsistema Saúde Indígena e o alcance de indicadores de saúde no mínimo compatíveis com os da população não indígena.

Na área de Engenharia de Saúde Pública, a Funasa detém a mais antiga e contínua experiência em ações de saneamento no país e atua com base em indicadores sanitários, epidemiológicos, ambientais e sociais.

A Funasa presta apoio técnico e financeiro no combate, controle e redução da mortalidade infantil e da incidência de doenças de veiculação hídrica ou causadas pela falta de saneamento básico e ambiental. Os investimentos visam intervir no meio ambiente, na infraestrutura dos municípios de até 50 mil habitantes, prioritariamente, e nas condições de vida de populações vulneráveis. A Política de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas ganha o diferencial do fortalecimento do controle social como eixo fundamental para a promoção, proteção e recuperação da saúde dos povos indígenas.

A Medida Provisória Presidencial 483, de 25 março de 2010, altera a estrutura do Ministério da Saúde e permite a criação de uma nova Secretaria. A partir da publicação do decreto de criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI, as ações de saúde e saneamento para os povos indígenas serão transferidas da FUNASA para o Ministério da Saúde. O Componente 2 do Projeto Vigisus III contribuirá para o estabelecimento da SESAI e irá apoiar o desenvolvimento da autonomia dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas - DSEI.

2.2 POLÍTICAS E INSTRUMENTOS 2.2.1 VIGILÂNCIA EM SAÚDE AMBIENTAL

A Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) é compreendida como um conjunto de ações e serviços prestados por órgãos e entidades públicas e privadas, que visam o conhecimento e a detecção ou prevenção de qualquer mudança, nos fatores determinantes e condicionantes do ambiente que interferem na saúde humana. Tem a finalidade de recomendar e adotar medidas de prevenção e controle dos fatores de risco ambientais, relacionados às doenças e outros agravos à saúde (Brasil, 2001).

No final da década de 90, a partir da concepção e implementação do Projeto VIGISUS I, a Funasa, por meio do Centro Nacional de Epidemiologia (Cenepi), apoiou a estruturação da área de Vigilância em Saúde Ambiental (VSA) e, em 2000, foi estabelecida como uma competência do Centro Nacional de Epidemiologia a gestão do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica e Ambiental em Saúde.

Em 2001, as competências da Coordenação Geral de Vigilância Ambiental em Saúde (CGVAM) foram instituídas no Sistema Nacional de Saúde Ambiental – SINVSA por meio da IN Funasa nº 01/2001. Em 2003, com a reforma administrativa promovida pelo Governo Federal, a área de Saúde Ambiental foi incorporada ao Ministério da Saúde, para atuar de forma integrada com as vigilâncias sanitária e epidemiológica, no âmbito da Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS).

Page 13: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

13

A atualização das competências da Vigilância em Saúde Ambiental – VSA ocorreu pela IN SVS nº 01/2005. Nessa regulamentação, são identificadas como áreas de atuação da VSA: água para consumo humano; qualidade do ar; solo contaminado; substâncias químicas; desastres naturais; acidentes com produtos perigosos; fatores físicos (radiações ionizantes e não ionizantes); e ambiente de trabalho. Nesse contexto, o Ministério da Saúde vem implementando o Subsistema de Vigilância em Saúde Ambiental em todo país, além de constituir competências que objetivam a implementação de ações quando é constatada a relação entre saúde humana, degradação e contaminação ambiental. Importante ressaltar que esses elementos da VSA são abordados sob a óptica da promoção da saúde e da prevenção dos riscos de agravos às populações humanas.

A Vigilância em Saúde Ambiental tem especificidades próprias e, ao mesmo tempo, interfaces com a vigilância sanitária, a vigilância epidemiológica, a saúde do trabalhador, os laboratórios de saúde pública e o saneamento ambiental, como áreas de intervenção organizadas no âmbito do SUS, e, ainda, perpassam por outras instâncias de governo com áreas afins. As pastas da área econômica se aproximam do tema Saúde Ambiental nos projetos de desen-volvimento, e a leitura cuidadosa de programas e projetos de outros Ministérios (como os da Educação, das Cidades, Ciência e Tecnologia, do Trabalho e Emprego, da Agricultura, do Planejamento e Gestão, das Relações Exteriores, de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da Integração Nacional, dos Transportes, da Defesa, Justiça, e Cultura) encontrará conexões com a área de Saúde Ambiental.

Constata-se que no atual estágio de consolidação do SNVSA, faz-se necessário construir a Política Nacional de Saúde Ambiental (PNSA), como forma de aprimorar o modelo de atuação da VSA no âmbito do SUS. Para isso, foi realizado em 2009, um importante movimento para a construção dessa política, por intermédio da 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental (CNSA), cujo objetivo foi “definir diretrizes para a política pública integrada no campo da saúde ambiental, a partir da atuação transversal e intersetorial dos vários atores envolvidos com o tema”.

O movimento para construção de PNSA teve como objetivos precípuos proteger e promover a saúde humana e colaborar na proteção do meio ambiente, por meio de um conjunto de ações específicas e integradas com instâncias de governo e da sociedade civil organizada, para fortalecer sujeitos e organizações governamentais e não governamentais no enfrentamento dos determinantes socioambientais e na prevenção dos agravos decorrentes da exposição humana a ambientes adversos, de modo a contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população sob a ótica da sustentabilidade.

Também, para se conceber e instituir a Política Nacional de Saúde Ambiental há necessidade de incorporar à saúde novos princípios e instrumentos do direito ambiental nacional e internacional, especialmente aqueles derivados da Eco-92, como o “princípio do direito humano fundamental”, o da “precaução”, o do “poluidor pagador” e o da “cooperação”.

Outras políticas e outros setores também devem ser citados, trazendo maior grau ainda de complexidade ao campo, como, por exemplo, a Marinha, a partir do cuidado com os recursos do mar; os minerais, sob responsabilidade do Ministério das Minas e Energia; os agrotóxicos, registrados e fiscalizados pelo Ministério da Agricultura; o patrimônio cultural, a cargo do Ministério da Cultura, entre outros.

Page 14: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

14

No caso da interface com a área de Saúde do Trabalhador, ações conjuntas estão definidas pela Política Nacional de Saúde do Trabalhador, por meio da estratégia da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast).

Deve-se também considerar a relevância de pesquisas que vinculam a qualidade ambiental aos efeitos à saúde, bem como a estudos que levam em conta todos os custos sociais e ambientais das políticas, dos programas e dos projetos, analisando as alternativas de prevenção e de medidas curativas ou corretivas, para maior eficiência na utilização dos recursos disponíveis.

2.2.2 A POLÍTICA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA

A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, aprovada pela Portaria do Ministério da Saúde nº 254, de 31 de janeiro de 2002, tem o propósito de garantir aos povos indígenas o acesso à atenção integral à saúde, de acordo com os princípios do SUS, contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política, de modo a favorecer a superação dos fatores que tornam essa população mais vulnerável aos agravos à saúde, reconhecendo a eficácia das práticas de sua medicina tradicional e o direto desses povos à sua cultura. Além disso, para o alcance desse propósito, foram estabelecidas as seguintes diretrizes para orientar a definição dos instrumentos de planejamento, implementação, avaliação e controle das ações:

� organização dos serviços de atenção à saúde dos povos indígenas na forma de Distritos Sanitários Especiais e Pólos-Base, no nível local, onde a atenção primária e os serviços de referência se situam;

� preparação de recursos humanos para atuação em contexto intercultural;

� monitoramento das ações de saúde dirigidas aos povos indígenas;

� articulação dos sistemas tradicionais indígenas de saúde;

� promoção do uso adequado e racional de medicamentos;

� promoção de ações específicas em situações especiais;

� promoção da ética na pesquisa e nas ações de atenção à saúde envolvendo comunidades indígenas;

� promoção de ambientes saudáveis e proteção da saúde indigna;

� controle social.

Em função das peculiaridades associadas aos povos indígenas, tais como limitações de linguagem e comunicação, dificuldades de acesso aos estabelecimentos de saúde localizados em centros urbanos, entre outros aspectos, e à própria estrutura do SUS, para viabilizar a efetividade dessa Política, fez-se necessária a criação de uma rede de serviços de atenção básica diferenciada, sendo materializada por meio do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, que tem como base os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), além de

Page 15: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

15

estabelecimentos específicos localizados nas aldeias e em áreas estratégicas para garantir o bom atendimento.

O Distrito Sanitário Especial Indígena é definido como um modelo de organização de serviços, orientado para um espaço etno-cultural dinâmico, geográfico, populacional e administrativo com delimitação específica, que norteia o conjunto de atividades técnicas a serem desenvolvidas, visando medidas racionalizadas e qualificadas de atenção à saúde, promovendo a reordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias, bem como o desenvolvimento de atividades administrativo-gerenciais necessárias à prestação da assistência, considerando os princípios de participação e controle social. Vale salientar que a abrangência espacial de um DSEI não coincide necessariamente com os limites geográficos tradicionais, uma vez que os critérios de regionalização são norteados pelas peculiaridades dos povos e das respectivas etnias.

Na Portaria MS nº 254, são apresentados os critérios balizadores para a definição territorial dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas:

� população, área geográfica e perfil epidemiológico;

� disponibilidade de serviços, recursos humanos e infraestrutura;

� vias de acesso aos serviços instalados em nível local e à rede regional do SUS;

� relações sociais entre os diferentes povos indígenas do território e a sociedade regional;

� distribuição demográfica tradicional dos povos indígenas, que não coincide necessariamente com os limites de estados e municípios onde estão localizadas as terras indígenas.

Nas aldeias, a atenção básica é realizada por intermédio dos Agentes Indígenas de Saúde (AIS) e por profissionais da Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI), conforme o planejamento das ações. As ações de saneamento são realizadas pelo Supervisor em conjunto com o Agente Indígena de Saneamento (AISAN) e demais técnicos, tais como engenheiros, geólogos e topógrafos, a depender das demandas locais. Essa atenção pode ocorrer tanto na Unidade de Apoio aos AIS e AISANS quanto no Posto de Saúde Indígena. Outra instância de atendimento na Rede de Saúde é a Sede do Pólo-base que é a referência para AIS e AISANS atuantes nas aldeias, podendo estar localizada em sedes ou em distritos de municípios, assim como em zonas rurais ou terras indígenas.

As demandas não resolvidas em qualquer instância do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena são referenciadas para a rede de serviços do SUS, de acordo com as condições de cada Distrito Sanitário Especial Indígena. Esse atendimento requer um serviço de apoio aos pacientes que vem sendo prestado pelas Casas de Saúde Indígena (Casai).

No caso de serem diagnosticadas situações especiais, caracterizadas fundamentalmente por risco iminente, especificidade do processo saúde-doença, impactos econômicos e sociais de grandes projetos de desenvolvimento, vulnerabilidade derivada do tipo de contato, exposição a determinados agravos, o suicídio e os desastres ambientais, entre outros, deverão ser contemplados os seguintes aspectos:

Page 16: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

16

� prevenção e controle de agravos à saúde em povos com pouco contato ou isolados, com estabelecimento de normas técnicas específicas e ações de saúde especiais que diminuam o impacto causado à saúde no momento do contato e pelos desdobramentos posteriores. Deverão ser contemplados: a preparação e capacitação de equipes de saúde para situações especiais, quarentena pré e pós-contato, imunização da população, estruturação de sistema de vigilância e monitoramento demográfico;

� prevenção e controle de agravos à saúde indígena nas regiões de fronteira, em articulação com as instituições nacionais, e cooperação técnica com os países vizinhos;

� exigência de estudos específicos de impactos na saúde e suas repercussões no campo social, relativos a populações indígenas em áreas sob influência de grandes projetos de desenvolvimento econômico e social (tais como a construção de barragens, estradas, empreendimentos de exploração mineral, entre outros), com implementação de ações de prevenção e controle de agravos;

� acompanhamento, monitoramento e desenvolvimento de ações que venham coibir agravos de violência (suicídios, agressões e homicídios, alcoolismo) em decorrência da precariedade das condições de vida e da expropriação e intrusão das terras indígenas;

� prevenção e assistência em doenças sexualmente transmissíveis e AIDS, priorizando a capacitação de multiplicadores, dos agentes indígenas de saúde e de pessoal técnico especializado para atuar junto aos portadores dessas doenças;

� combate à fome e à desnutrição e implantação do Programa de Segurança Alimentar para os povos indígenas, incentivando a agricultura de subsistência e a utilização de tecnologias apropriadas para beneficiamento de produtos de origem extrativa, mobilizando esforços institucionais no sentido de garantir assessoria técnica e insumos para o aproveitamento sustentável dos recursos;

� desenvolvimento de projetos habitacionais adequados e reflorestamento com espécies utilizadas tradicionalmente na construção de moradias.

A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas também estabelece que as prioridades ambientais para uma política de atenção à saúde para essas populações, devem contemplar a preservação das fontes de água limpa, construção de poços ou captação à distância nas comunidades que não dispõem de água potável; a construção de sistema de esgotamento sanitário e destinação final do lixo nas comunidades mais populosas; a reposição de espécies utilizadas pela medicina tradicional; e o controle de poluição de nascentes e cursos d’água.

Nesse sentido, especificou-se que as ações de saneamento básico, seriam desenvolvidas no Distrito Sanitário, devendo ter como base critérios epidemiológicos e estratégicos, visando assegurar à população água de boa qualidade, destino adequado de dejetos e lixo, bem como controle de insetos e roedores. Ainda com base nessa Política, fica clara a relevância do saneamento para garantia das condições de saúde, uma vez que ao se referir à organização dos Distritos, aponta a presença de engenheiros sanitaristas na composição das equipes de saúde. Dessa forma, o modelo de atenção integral à saúde indígena contempla ações de saneamento ambiental como estratégia imprescindível de promoção à saúde e prevenção de

Page 17: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

17

doenças, cabendo à Funasa intensificar a execução de obras e serviços de abastecimento de água, de esgotamento sanitário e de melhorias sanitárias domiciliares (MSD).

Destaca-se que as populações indígenas apresentam peculiaridades que requerem um tratamento especial e diferenciado, contemplando questões sociológicas, históricas, tradicionais, além de outras que apontam para um maior grau de complexidade no trato das ações de prevenção e promoção da saúde. A forma de abordagem direcionada a esse público alvo não pode simplesmente ser a mesma adotada para a população em geral, onde os setores da saúde e de saneamento trabalham de forma segregada. Além disso, as intervenções de saneamento, geralmente privilegiam a execução de obras, desconsiderando o caráter essencial de ações de trabalho social, questões culturais e educação sanitária e ambiental.

2.2.3 A POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE

A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental. A Lei nº. 6.938 de 31 de agosto de 1981, dispõe sobre a PNMA, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, estando as linhas mestras dessa política definidas no capítulo do Meio Ambiente da Constituição Federal no seu art. 225.

Em nível federal, os órgãos responsáveis pela execução da Política Nacional do Meio Ambiente e da preservação, conservação e uso racional, fiscalização, controle e fomento dos recursos naturais brasileiros são o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), criado pela Lei nº 7.735, de 22/02/89 e o Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade – ICMBio, criado pela Lei 11.516/2007, ambos vinculados ao Ministério do Meio Ambiente.

Uma vez que as atribuições de promoção integral da saúde aos povos indígenas são de ordem federal, o órgão que tem a competência para tratar das questões ambientais associadas a essa população é o IBAMA, podendo existir alguma suplementação da atuação dos órgãos estaduais e locais em situações específicas.

O Conselho Nacional de Saúde (CNS), diante das dissociações entre empreendimentos econômicos e de infraestrutura com seus impactos ambientais afetando a saúde da população, enfatizou a importância do cumprimento e respeito da legislação ambiental vigente e recomendou o aperfeiçoamento no sentido de incluir a participação do setor saúde (Moção n°. 001, de 18 de janeiro de 2007, CNS).

2.2.4 AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

A avaliação de impacto ambiental representa um dos principais instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente, conforme a Lei nº 6.938/81, estando vinculada aos sistemas de licenciamento de atividades poluidoras ou modificadoras do meio ambiente, sendo necessária para atividades potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente.

A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 237/1997 dispõe sobre os procedimentos e critérios utilizados para o licenciamento ambiental e também estabelece que as avaliações de impactos ambientais possam ser realizadas por meio de outros tipos de estudos ambientais além do EIA/RIMA, a depender das especificidades de cada caso e do tipo

Page 18: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

18

de intervenção. A Resolução define que Estudos Ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídios para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco.

Independentemente do tipo de estudo requerido para a formalização do procedimento de licenciamento ambiental de uma determinada intervenção, as informações prestadas ao órgão ambiental deverão oferecer uma descrição satisfatória do projeto e da sua área de influência, assim como uma versão preliminar dos impactos ambientas potenciais e das medidas necessárias para minimizar seus efeitos adversos. Caso seja exigível a elaboração de EIA/RIMA, em se tratando de áreas indígenas, o IBAMA deverá disponibilizar o respectivo Termo de Referência ao proponente do projeto, bem como realizar as análises técnicas e efetuar as tramitações pertinentes.

2.2.5 LICENCIAMENTO AMBIENTAL

A Resolução CONAMA nº 237/97 traz o seguinte conceito de licenciamento ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras; ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

Por procedimento entende-se um encadeamento de atos que visam um fim, sendo, neste caso, a concessão da licença ambiental para implantação e operação das ações propostas. O processo de licenciamento ambiental é conduzido no âmbito do Poder Executivo, na figura de seus órgãos ambientais que permeiam as diversas esferas federativas (federal, estadual / distrital, municipal), sendo oriunda do exercício de seu poder de polícia administrativa.

Essa mesma Resolução define a licença ambiental como um ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.

A licença ambiental é, portanto, uma autorização emitida pelo órgão público competente, concedida ao empreendedor para a execução do empreendimento, desde que atendidas as precauções requeridas, a fim de resguardar o direito coletivo ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. Vale salientar que a licença ambiental apresenta natureza autorizativa, representando um grau de precariedade com relação à sua validade, uma vez que poderá ser cassada caso as condições estabelecidas pelo órgão ambiental não sejam cumpridas ou sejam negligenciadas. O Projeto Básico Ambiental estabelece a execução de ações, possuindo programas específicos para mitigar ou compensar os impactos ambientais.

Segundo a Resolução CONAMA nº 237/97, o processo de licenciamento ambiental é composto por três tipos de licença: Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação

Page 19: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

19

(LO). Cada uma das licenças citadas se refere a uma fase distinta da implantação do empreendimento e segue uma sequência lógica de encadeamento. Essas licenças, no entanto, não eximem o empreendedor da obtenção de outras autorizações ambientais específicas junto aos órgãos competentes, a depender da natureza do empreendimento e dos recursos ambientais envolvidos.

A Licença Prévia (LP) é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou da atividade e aprova sua concepção e localização, atestando sua viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação, observadas as diretrizes do planejamento e do zoneamento ambiental e demais legislações pertinentes.

Já Licença de Instalação (LI) autoriza o início da implementação do empreendimento ou atividade, de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, das quais constituem motivo determinante.

O início da atividade, do empreendimento ou da pesquisa científica é autorizado por meio da Licença de Operação (LO), após a verificação do efetivo cumprimento das medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação, conforme o disposto nas licenças anteriores.

Mecanismos institucionais específicos para a área de saúde em licenciamento ambiental vigentes são as Resoluções CONAMA n° 286/2001 e 387/2006 e Portarias MS/SVS nº 45/ 2007 e MS/SVS nº 47/2006, as quais dispõem sobre o licenciamento de empreendimentos nas regiões endêmicas de malária. Está em discussão no CONAMA a Portaria Conjunta MMA/IBAMA n° 259/2009, que trata sobre a participação das centrais sindicais de trabalhadores no licenciamento ambiental, sobretudo em questões afetas à saúde do trabalhador.

Atividades relacionadas a edificações de estabelecimentos de saúde também são condicionadas pelas diretrizes da Resolução CONAMA nº 358/2005, que dispõe sobre o tratamento e a destinação final dos resíduos provenientes dos serviços de saúde. Além disso, apresenta a classificação das tipologias de resíduos, segundo o grau de periculosidade em cinco grupos: A, B, C, D, E. É importante salientar que, na mesma Resolução, em seu Artigo 4º § 1, os órgãos ambientais dos estados, DF e municípios fixarão os critérios para determinar quais serviços serão objeto de licenciamento ambiental, do qual deverá constar o Plano de Gerenciamento de Resíduos.

Essa Resolução estabelece que cabe aos geradores de resíduos de serviços de saúde e ao responsável legal o gerenciamento dos resíduos, desde a geração até a disposição final, de forma a atender requisitos ambientais, de saúde pública e saúde ocupacional, sem prejuízo de responsabilização solidária de todos aqueles, pessoas físicas e jurídicas, que, direta ou indiretamente, causem ou possam causar degradação ambiental, em especial os transportadores e operadores das instalações de tratamento e disposição final.

Especifica que os geradores de resíduos de serviços de saúde, em operação ou a serem implantados, devem elaborar e implantar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS), de acordo com a legislação vigente, especialmente as normas de

Page 20: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

20

vigilância sanitária. Os critérios mínimos para disposição final de resíduos de serviços de saúde, segundo a Resolução CONAMA nº 358/2005, são os seguintes:

� Quanto à seleção da área:

o não possuir restrições quanto ao zoneamento ambiental (afastamento de Unidades de Conservação ou áreas correlatas);

o respeitar as distâncias mínimas estabelecidas pelos órgãos ambientais competentes de ecossistemas frágeis, recursos hídricos superficiais e subterrâneos.

� Quanto à segurança e sinalização:

o sistema de controle de acesso de veículos, pessoas não autorizadas e animais, sob vigilância contínua;

o sinalização de advertência com informes educativos quanto aos perigos envolvidos.

� Quanto aos aspectos técnicos:

o sistemas de drenagem de águas pluviais;

o coleta e disposição adequada dos percolados;

o coleta de gases;

o impermeabilização da base e taludes;

o monitoramento ambiental.

� Quanto ao processo de disposição final de resíduos de serviços de saúde:

o disposição dos resíduos diretamente sobre o fundo do local;

o acomodação dos resíduos sem compactação direta;

o cobertura diária com solo, admitindo-se disposição em camadas;

o plano de encerramento.

Ainda com relação às normativas balizadoras do procedimento de licenciamento ambiental de edificações de estabelecimentos de saúde, insere-se nesse contexto a Resolução RDC 306/2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento de resíduos provenientes de serviços de saúde. Além das considerações apresentadas na Resolução CONAMA nº 358/2005, a RDC nº 306/2004 detalha as ações de manejo de resíduos sólidos de forma a orientar as etapas que deverão ser contemplada no Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, sendo elas: (i) Segregação; (ii) Acondicionamento; (iii) Identificação; (iv) Transporte interno; (v)

Page 21: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

21

Armazenamento temporário; (vi) Tratamento; (vii) Armazenamento externo; (viii) Coleta e transporte externos; (ix) Disposição final.

A RDC 306/2004 define como geradores de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) todos os serviços relacionados com o atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem atividades de embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação); serviços de medicina legal; drogarias e farmácias, inclusive as de manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde; centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos farmacêuticos, importadores, distribuidores e produtores de materiais e controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, dentre outros similares.

2.2.6 PROCEDIMENTOS ADOTADOS PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE EDIFICAÇÕES DE ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE

Segundo a Resolução CONAMA nº 237/1997, o procedimento de licenciamento ambiental, uma responsabilidade da área de meio ambiente com o apoio de outros setores inclusive do setor saúde, deverá obedecer às seguintes etapas:

� definição pelo órgão ambiental competente, com a participação do empreendedor, dos documentos, projetos e estudos ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à licença a ser requerida;

� requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade;

� análise pelo órgão ambiental competente, integrante do SISNAMA, dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de vistorias técnicas, quando necessárias;

� solicitação de esclarecimentos e complementações pelo órgão ambiental competente integrante do SISNAMA, uma única vez, em decorrência da análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;

� audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente;

� solicitação de esclarecimentos e complementações, pelo órgão ambiental competente, decorrentes de audiências públicas, quando couber, podendo haver reiteração da solicitação quando os esclarecimentos e complementações não tenham sido satisfatórios;

� emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico;

� deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade.

Page 22: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

22

Especificamente para estabelecimentos de saúde, há, além do procedimento de licenciamento ambiental, norma específica da área de saúde, tal como a Resolução RDC nº 189, de 18 de julho de 2003, publicada no Diário Oficial da União de 21 de julho de 2003, que dispõe sobre a regulamentação dos procedimentos de análise, avaliação e aprovação dos projetos físicos de estabelecimentos de saúde no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, altera o Regulamento Técnico aprovado pela RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002, e dá outras providências.

Page 23: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

23

Obtenção da Licença Prévia – LP

A Licença Prévia é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou da atividade, aprova sua concepção e localização, atestando sua viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação, observadas as diretrizes do planejamento e zoneamento ambiental e demais legislações pertinentes.

O prazo de validade da Licença Prévia será especificado pelo órgão ambiental competente e deverá levar em consideração o cronograma de elaboração dos planos, programas e projetos relativos ao empreendimento ou atividade. A documentação básica para dar entrada na Licença Prévia compreende:

� Formulário devidamente preenchido;

� Planta de Locação e Situação;

� Memorial Descritivo do Empreendimento;

� Anuência da Prefeitura quanto à lei de uso do solo.

Obtenção da Licença de Instalação – LI

A Licença de Instalação autoriza o início da implementação do empreendimento ou da atividade, de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, das quais constituem motivo determinante. O prazo de validade da Licença de Instalação será definido pelo órgão ambiental competente e deverá levar em consideração o cronograma de instalação do empreendimento ou atividade. A documentação básica para solicitar a Licença de Instalação compreende:

� Formulário devidamente preenchido;

� Cópia da Licença Prévia e as exigências contidas nela (se houver);

� Alvará ou Carta de Anuência da Prefeitura;

� Memorial Descritivo do Empreendimento;

� Jogos completos do projeto + ART do CREA e recibo de pagamento.

Obtenção da Licença de Operação – LO

A Licença de Operação autoriza o início da atividade, do empreendimento ou da pesquisa científica, após a verificação do efetivo cumprimento das medidas de controle ambiental e condicionantes, determinados para a operação, conforme o disposto nas licenças anteriores.

Page 24: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

24

O estabelecimento de prazo de validade da Licença de Operação será determinado pelo órgão ambiental competente, sendo considerados os planos de controle ambiental de acordo com o porte e o potencial poluidor da atividade, sem prejuízo de eventual declaração de descontinuidade do empreendimento ou da atividade, por motivo superveniente de ordem ambiental, com período de renovação a ser determinado. A documentação básica para obter a Licença de Operação será especificada pelo órgão ambiental competente durante o procedimento de licenciamento.

Vale salientar que, em função da competência de implantação de edificações de estabelecimentos de saúde se dar em nível federal e de existir uma tendência na conformação das tipologias adotadas para esse fim, é possível que o ente responsável pelas ações possa tratar dos procedimentos de licenciamento diretamente com o IBAMA, buscando licenciar as intervenções de forma conjunta.

2.2.7 CONSOLIDAÇÃO DAS NORMAS LEGAIS E TÉCNICAS APLICÁVEIS A EDIFICAÇÕES DE ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE

Para a concepção e implantação de edificações de estabelecimentos de saúde, deverão ser consideradas as diretrizes do arcabouço legal e técnico a seguir:

� Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981 - Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

� Lei nº 6.437, de 20 de agosto de 1977 – Configura infrações à legislação sanitária federal, estabelece as sanções respectivas, e dá outras providências.

� Resolução da Diretoria Colegiada – ANVISA – RDC nº 306, de 7 de Dezembro de 2004 – Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

� Resolução da Diretoria Colegiada – ANVISA – RDC nº 189, de 18 de julho de 2003 - Dispõe sobre a regulamentação dos procedimentos de análise, avaliação e aprovação dos projetos físicos de estabelecimentos de saúde no Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.

� Resolução CONAMA nº 237/1997 - Trata dos requisitos para licenciamento ambiental.

� Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005 – Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde, e dá outras providências.

� Resolução CONAMA nº 307, de 5 de julho de 2002 – Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para gestão de resíduos da construção civil.

� Resolução Cnen 6.05, de 17 de dezembro de 1985 – Trata da Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações Radiotivas.

� NBR 10.004/87 – Classifica os resíduos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde.

Page 25: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

25

� NBR 7.500/87 – Símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de resíduos sólidos.

� NBR 12.235/92 – Armazenamento de resíduos sólidos perigosos definidos na NBR 10.004/87.

� NBR 12.807/93 – Resíduos de Serviço de Saúde – Terminologia.

� NBR 12.808/93 – Resíduos de Serviço de Saúde – Classificação.

� NBR 12.809/93 – Manuseio de resíduos de serviço de saúde – Procedimentos.

� NBR 12.810/93 – Coleta de resíduos de serviço de saúde – Procedimentos.

� NBR 11.175/90 – Fixa as condições exigíveis de desempenho do equipamento para a incineração de resíduos sólidos perigosos.

� NBR 13.853/97 – Coletores para resíduos de serviço de saúde perfuro ou cortantes – Requisitos e métodos.

2.3 POLÍTICAS DE SALVAGUARDAS AMBIENTAIS DO BANCO MUNDIAL

No âmbito das políticas de salvaguardas do Banco Mundial, a implementação das ações do Projeto VIGISUS III foi considerada, inicialmente, como Projeto de CATEGORIA B, para isso devem ser acionadas as seguintes salvaguardas do BIRD:

� OP 4.01 Avaliação ambiental;

� OP 4.09 Uso de Agrotóxicos;

� OP 4.10 Povos Indígenas.

OP-4.01 - Avaliação Ambiental

Essa política de salvaguarda prevê que sejam realizadas análises prévias dos impactos potenciais das intervenções do Projeto (incluindo-se impactos diretos, indiretos e cumulativos), comparando-se com as alternativas “com e sem” Projeto. Também prevê a definição de medidas mitigadoras para prevenir, minimizar ou compensar os efeitos negativos, além de potencializar os impactos positivos, avaliando os instrumentos mais apropriados para essa atividade. Inclui a necessidade de preparação de Planos de Gestão Ambiental, avaliando a capacidade institucional dos executores para a gestão do conjunto de medidas propostas nos programas do PGA. Além disso, as salvaguardas ambientais da OP 4.01 estabelecem a necessidade de consulta pública (neste caso, para os projetos nas categorias A e B).

A Avaliação Ambiental (AA), de que trata a OP 4.01, é parte integrante dos requisitos necessários para o licenciamento de edificações de estabelecimentos de saúde em áreas indígenas, cuja dimensão, profundidade e tipo de análise são condicionados pela natureza, da

Page 26: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

26

escala e dos impactos ambientais potenciais, inerentes aos projetos a serem submetidos à apreciação do órgão ambiental competente.

A Avaliação Ambiental deverá contemplar a análise dos potenciais riscos ambientais das edificações a serem implantadas, bem como deverá estabelecer procedimentos para a concepção dos projetos, considerando a análise de alternativas; a seleção, localização, planejamento, concepção e execução do projeto; a concepção de medidas para evitar, minimizar, mitigar ou compensar os efeitos ambientais adversos; o realce nos seus impactos positivos; e a inclusão de processo de mitigação e gestão dos impactos ambientais adversos durante a execução do Projeto.

As edificações propostas são classificadas inicialmente na Categoria B, em função de apresentarem impactos de caráter local e devido à predominância dos impactos positivos, com efeitos negativos considerados mínimos e passíveis de serem minimizados.

A implantação de edificações de estabelecimentos de saúde em áreas indígenas constitui uma prática relevante para a melhoria da qualidade de vida dessas populações, principalmente pelo fato de integrarem o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, tendo em vista promover o princípio da universalização no fornecimento dos serviços de saúde pelo governo.

OP 4.09 Uso de Agrotóxicos

A Política Operacional 4.09, Pest Management, de dezembro de 1998, aplica-se em geral a empréstimos do Banco a projetos de desenvolvimento agrícola, quer eles financiem ou não pesticidas, pois de acordo com esta Política, esses projetos podem levar ao aumento no uso de pesticidas. E terá, como conseqüência, aumento dos problemas ambientais, além de maior exposição ao risco das pessoas que manuseiam agrotóxicos.

Ao avaliar um projeto que contemple o controle de pragas e parasitas, o Banco aprecia a legislação existente e a capacidade institucional das instituições do país com o objetivo de promover e apoiar uma estratégia segura, eficaz e ambientalmente benigna para esse controle.

Ao prestar assistência aos mutuários no controle de pragas e parasitas que afetam tanto a agricultura quanto a saúde pública, o Banco apoia uma estratégia que promove o uso de métodos de controle biológicos ou ambientais e reduz a dependência de pesticidas químicos sintéticos.

Em relação à classificação de pesticidas e suas formulações específicas, o Banco segue a Classificação Recomendada de Pesticidas em Função do Perigo e Normas para Classificação (Genebra: WHO 1994-95) da Organização Mundial de Saúde.

A seleção e uso de pesticidas em projetos financiados pelo Banco baseia-se nos seguintes critérios:

(a) Devem ter efeitos adversos mínimos na saúde humana.

(b) Devem ter sua eficácia comprovada no combate às espécies alvo.

Page 27: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

27

(c) Devem ter um efeito mínimo nas espécies que não são o alvo da sua aplicação e no ambiente natural. Os métodos, momento e frequência da aplicação de pesticidas devem minimizar os danos aos inimigos naturais das espécies alvo.

(d) O seu uso tem de levar em conta a necessidade de se evitar o desenvolvimento de resistência nos parasitas.

Para atender a OP 4.09, dentro do escopo do projeto, a Secretaria de Vigilância em Saúde, por intermédio do Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, está em fase de elaboração e discussão, o Plano Integrado de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos, onde são considerados os aspectos de exposição humana. O Plano será o documento de operacionalização da SVS relacionado a OP 4.09.

OP 4.10 – Povos Indígenas

Essa política contribui com a missão do Banco de reduzir a pobreza e promover o desenvolvimento sustentável, assegurando que o processo de desenvolvimento respeite plenamente a dignidade, os direitos humanos, as economias e as culturas dos Povos Indígenas. Em todas as propostas de financiamento de projetos apresentadas ao Banco que afetem os Povos Indígenas, é exigido que o mutuário realize um processo de consulta livre, prévia e informada. O financiamento do Projeto dependerá do resultado positivo dessa consulta em termos de apoio significativo por parte da comunidade.

Para que os projetos sejam financiados pelo Banco, deverão ser consideradas as seguintes medidas:

� evitar potenciais efetivos negativos nas comunidades de Povos Indígenas;

� quando esses efeitos negativos não puderem ser evitados, deverão ser minimizados, mitigados ou compensados;

� garantir que os Povos Indígenas recebam benefícios sociais e econômicos culturalmente adequados e que incluam a questão do gênero e da intergeração.

Olhando por uma perspectiva mais ampla, a implantação de edificações novas poderia implicar a necessidade de se acionar a OP 4.04 – Habitat Natural do Banco Mundial, que tem como principal diretriz não financiar projetos que degradem os habitats críticos, apoiando projetos que afetem essas áreas apenas no caso de não haver alternativas à execução e se os impactos forem passíveis de mitigação. A Política de Salvaguardas do Banco considera como habitats naturais críticos aqueles protegidos legalmente, os propostos oficialmente para serem protegidos, bem como os desprotegidos que apresentam alto valor ambiental.

Contudo mesmo que as áreas a serem beneficiadas com as obras relativas aos estabelecimentos de saúde ainda não estejam especificadas, tem-se a prerrogativa de adotar critérios rígidos quanto à escolha do local da obra, considerando, além das questões associadas aos aspectos de saúde, a qualidade ambiental.

Page 28: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

28

2.4 ANÁLISE COMPARATIVA E PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELO BANCO MUNDIAL

Há semelhanças nos procedimentos adotados pelas normativas técnicas e políticas ambientais e de vigilância sanitária voltadas para a implantação de edificações de estabelecimentos de saúde e pelas políticas de salvaguardas do Banco Mundial, como, por exemplo, na adoção de uma fase preliminar de avaliação de impactos que tem por finalidade definir a demanda específica por estudos de avaliação ambiental, embora o Banco conte com instrumentos mais completos de análise, tais como: a Ficha de Avaliação Preliminar (FAP) e a metodologia de avaliação da sensibilidade do sítio selecionado para a implantação do Projeto. Esses instrumentos são utilizados para a definição da Categoria A ou B de avaliação ambiental.

O arcabouço legal ambiental vigente atribui ao IBAMA a competência para definir os instrumentos e a sistemática de análise ambiental para cada uma das tipologias de empreendimentos ou atividades a serem implantadas em áreas indígenas. O tipo de estudo a ser realizado será especificado no momento da proposição dos projetos, com respaldo na caracterização ambiental das áreas a serem beneficiadas, o que irá indicar o nível de complexidade e do potencial de impacto do empreendimento sobre o local. Ressalta-se que a execução de obras faz parte apenas do componente referente à Política de Atenção à Saúde Indígena, não havendo previsão de obras aos demais componentes.

Destaca-se, ainda, a possibilidade de definir junto ao Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), definido na Lei nº 6.938/81, a promoção de um processo de licenciamento ambiental mais simplificado para o caso de empreendimentos de edificações de estabelecimento de saúde em terras indígenas.

Embora se proceda ao licenciamento de forma simplificada, o órgão ambiental competente não prescinde a elaboração de Relatório de Avaliação Ambiental para a obtenção das licenças ambientais. O conteúdo e a profundidade dos estudos ambientais serão pactuados com o proponente de forma a garantir a relevância da identificação, avaliação e mitigação de potenciais impactos ambientais provenientes da futura intervenção.

Os termos de referência relativos ao escopo do estudo ambiental a ser exigido pelo órgão ambiental para edificações de estabelecimentos de saúde deverá conter todo o detalhamento necessário para o devido tratamento das questões ambientais e, se for o caso, incorporar as exigências das políticas adotadas pelo Banco, destacando-se:

� análises relativas ao marco legal, regulatório e capacidade institucional das entidades que implantam e fazem a manutenção e operação dos estabelecimentos de saúde atuais e a serem propostos;

� proposição, no conjunto de medidas mitigadoras, de adoção de medidas prévias, a serem implementadas na fase de planejamento ou realização dos estudos ambientais;

� o procedimento da realização de Consulta Pública é comum às duas instituições, porém as políticas do Banco são claras em solicitar a realização de, ao menos, 2 (duas) consultas públicas, nas fases de elaboração dos termos de referências dos estudos ambientais e na ocasião da sua finalização.

Page 29: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

29

3. O CONTEXTO

3.1 CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS

A cultura indígena foi parcialmente eliminada pela ação da catequese e da intensa miscigenação com outras etnias. Atualmente, apenas algumas poucas nações indígenas ainda existem e conseguem manter parte da sua cultura original. Apesar disso, a cultura e os conhecimentos dos indígenas sobre a terra foram determinantes durante a colonização, influenciando a língua, a culinária, o folclore e o uso de objetos caseiros diversos.

A população das aldeias vive basicamente da pesca e da cultura de subsistência e apresenta uma relação de equilíbrio com o meio ambiente, não implicando grandes pressões nos recursos naturais da região, visto que toda a produção é direcionada para consumo próprio.

Embora exista a assimilação de outros costumes, as comunidades dessas aldeias ainda cultivam fortes traços da cultura indígena original.

Em função das áreas de intervenções futuras para a implantação das edificações de estabelecimentos de saúde em áreas indígenas ainda não estarem definidas no âmbito do Projeto, fez-se a opção de descrever as características ambientais locais, predominantemente observadas. Contudo, no momento da proposição de cada projeto, a caracterização ambiental de cada local a ser beneficiado deverá ser feita segundo os preceitos das normas brasileiras técnicas e legais ambientais, bem como segundo as salvaguardas do Banco.

Portanto, geralmente, os locais onde são instaladas as edificações de estabelecimentos de saúde são selecionados de acordo com a tipologia e funcionalidade, ou seja, se deverá ser instalado na aldeia ou em área próxima, como no caso de Pólo-base e Posto de Saúde, ou localizado próximo a centros urbanos que é o caso da Casa de Saúde Indígena – CASAI, com função de instalar a população que deverá ser encaminhada para receber atendimento de saúde de maior complexidade na rede do SUS.

Essas áreas não apresentam limitações do ponto de vista ambiental por já terem sido degradadas com relação à sua condição inicial, muitas vezes constituindo terrenos pertencentes a Prefeituras ou demais terras públicas que são desafetadas para esse fim. Contudo, não é dispensável a sistemática inerente aos procedimentos de licenciamento ambiental, destacando-se inclusive, os cuidados necessários durante a fase de obras como prevê o Manual Ambiental de Construção.

No momento da escolha das áreas certifica-se de que não será necessária a supressão de vegetação nem remoção e reassentamento de famílias.

4. AVALIAÇÃO AMBIENTAL – OBRA DE CONTRAPARTIDA 4.1 INTERVENÇÕES PROPOSTAS

As tipologias de intervenções propostas para edificações de estabelecimentos de saúde em áreas indígenas são concebidas segundo as orientações apresentadas na Portaria nº 840, de

Page 30: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

30

15 de agosto de 2007, elaborada pela Funasa que estabelece as diretrizes para projetos físicos de estabelecimentos de saúde para povos indígenas, direcionados para construções novas, reformas e ampliações. Vale salientar que a referida Portaria contempla os balizamentos propostos pela Resolução RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.

Seguindo a lógica proposta pelas normativas técnicas vigentes, os tipos de edificações para atenção à saúde dos povos indígenas têm sua concepção norteada a partir da programação funcional dos diferentes estabelecimentos, com os ambientes necessários e respectivas áreas, em função das atividades a serem desenvolvidas.

A partir do conceito de Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, do modelo de organização de serviços dos DSEIS e da referência às unidades do SUS, são definidos cinco tipos de estabelecimentos de saúde:

� Unidade de apoio aos AIS e AISAN;

� Posto de Saúde Indígena;

� Sede do Pólo-base Indígena (Tipos I e II);

� Casa de Saúde Indígena;

� Sede de Distrito Sanitário Especial Indígena.

A implantação e a localização de cada uma dessas unidades são feitas de acordo com as características geográficas; com o quantitativo, a dispersão ou a concentração da população a ser atendida; as condições de acesso e o perfil epidemiológico da área de abrangência.

A seguir, é apresentada a conceituação das tipologias de estabelecimentos de saúde para povos indígenas, as atividades que são desenvolvidas em cada uma delas, bem como os respectivos tipos de ambientes necessários ao desenvolvimento das atividades propostas. As listagens das atividades e dos ambientes com quantificação unitária constituem a programação físico-funcional de cada um dos tipos de estabelecimentos propostos e devem integrar o escopo dos projetos arquitetônicos de cada estabelecimento proposto.

Caso o planejamento das ações de saúde apresente demandas complementares àquelas já estabelecidas na programação básica, essas deverão ser justificadas pelos DSEIS para que os respectivos ambientes sejam contemplados nos projetos de arquitetura dos estabelecimentos, da mesma forma que aqueles que não se façam necessários poderão ser suprimidos da programação básica, quando apresentadas justificativas coerentes.

4.1.1 UNIDADE DE APOIO AOS AIS E AISAN

É um estabelecimento de saúde, localizado em terras indígenas, com estrutura física simplificada para apoio às atividades desenvolvidas pelos AIS, com supervisão da Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI) e pelos AISAN, com supervisão do técnico de

Page 31: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

31

saneamento. Essa Unidade objetiva atender aldeias que não apresentem demandas para implantação de estabelecimento de maior porte.

Atividades executadas pelo Agente de Saúde Indígena (AIS):

1. apoio à EMSI responsável pela sua área de atuação;

2. acompanhamento do desenvolvimento infantil;

3. acompanhamento das gestantes;

4. identificação dos casos de suspeita de doenças mais freqüentes;

5. acompanhamento, na aldeia, dos pacientes crônicos e egressos, assim como os que estiverem em tratamento de longa duração;

6. acompanhamento de vacinação;

7. ações de educação em saúde e de educação ambiental;

8. ações de comunicação.

Atividades executadas pelo Agente Indígena de Saneamento (AISAN):

1. apoio ao técnico de saneamento responsável pela sua área de atuação;

2. identificação das características locais, com vistas às intervenções de saneamento;

3. colaboração na realização e atualização do censo sanitário das aldeias;

4. operação e manutenção dos sistemas de abastecimento de água;

5. análise de cloro residual e pH da água para consumo humano das aldeias;

6. participação na manutenção dos sistemas de esgotamento sanitário e orientação na execução e manutenção dos módulos sanitários individuais;

7. participação na implantação das soluções de destinação adequada dos resíduos sólidos das aldeias;

8. orientação à comunidade para a utilização adequada dos serviços de saneamento e para a conservação dos equipamentos implantados;

9. ações de educação em saúde e de educação ambiental;

10. registro das atividades desenvolvidas no Caderno do AISAN;

11. controle e armazenagem de ferramentas e de material de manutenção do sistema de abastecimento de água.

Page 32: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

32

4.1.2 POSTO DE SAÚDE INDÍGENA

É um estabelecimento de saúde para prestação de atenção básica por meio das atividades realizadas pela Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI), bem como para servir de referência aos AIS e AISAN das Unidades de Apoio. Pode estar localizado em zonas rurais ou em terras indígenas.

Atividades de atenção básica de saúde desenvolvidas nos Postos:

1. recepção ao usuário;

2. ações de educação em saúde e de educação ambiental;

3. realização de procedimentos médicos e de enfermagem;

4. atendimento de urgências básicas;

5. ações coletivas de saúde bucal;

6. atendimento odontológico individual;

7. vigilância nutricional;

8. vacinação;

9. monitoramento dos pacientes crônicos;

10. acompanhamento dos tratamentos de longa duração;

11. atenção integrada às doenças prevalentes na infância e o controle das doenças imunopreveníveis;

12. ações básicas de controle das doenças crônico-degenerativas;

13. ações básicas do Programa de Saúde da Mulher, envolvendo atendimento ginecológico e obstétrico;

14. ações básicas do Programa de Saúde Mental;

15. ações básicas do Programa de DST/AIDS;

16. ações básicas do Programa de Hepatites Virais;

17. ações básicas do Programa de Tuberculose;

18. ações básicas do Programa de Hanseníase;

19. ações básicas do Programa de Dermatologia Sanitária;

20. coleta de material para exame;

Page 33: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

33

21. armazenagem e dispensação de medicamentos;

22. reprocessamento de materiais;

23. registros de ações em saúde e manutenção de arquivo de prontuários;

24. alimentação dos sistemas de informação em conformidade com os sistemas do SUS;

25. comunicação com a rede de referência de média e alta complexidade;

26. encaminhamento à rede de referência em caso de maior complexidade;

27. ações de vigilância epidemiológica e ambiental.

Atividades de saneamento desenvolvidas nos postos:

1. ações de saneamento;

2. execução do censo sanitário em sua área de abrangência;

3. guarda de ferramentas e de material de manutenção do sistema de abastecimento de água;

4. armazenamento temporário dos resíduos gerados no estabelecimento.

Conforme as características locais ainda poderão ser previstas, entre outras atividades:

1. ações de controle de endemias regionais;

2. alojamento da EMSI.

4.1.3 SEDE DE PÓLO-BASE INDÍGENA

A Sede de Pólo-base Indígena é um estabelecimento de saúde, referência para um conjunto de Postos de Saúde Indígenas, Unidades de Apoio e aldeias para as ações administrativas, de saúde e de saneamento na sua área geográfica de abrangência.

Em função das demandas de cada localidade, de acordo com as atividades a serem desenvolvidas, foram definidas duas tipologias de Sedes de Pólo-base: Sede de Pólo-base Tipo I e Sede de Pólo-base Tipo II, como descrito a seguir.

A – Sede de Pólo-base Tipo I

Na Sede de Pólo-base Tipo I são desenvolvidas atividades técnico-administrativas, de saneamento e de atenção básica à saúde. Pode estar localizado em sedes ou distritos de municípios, em zonas rurais e em terra indígena.

Atividades de administração:

1. ações de vigilância epidemiológica e ambiental;

Page 34: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

34

2. planejamento e registro das ações administrativas, de saúde e de saneamento na sua área de abrangência;

3. análise e sistematização de dados e utilização da Sala de Situação;

4. alimentação dos sistemas de informação em conformidade com os sistemas do SUS;

5. comunicação com a rede de referência de média e alta complexidade;

6. transporte dos usuários referenciados;

7. apoio e comunicação com o SAMU–192;

8. armazenamento e controle dos materiais de consumo necessários às ações do Pólo Base e demais estabelecimentos da Rede.

Atividades de atenção básica de saúde:

1. recepção ao usuário;

2. ações de educação em saúde e de educação ambiental;

3. realização de procedimentos médicos e de enfermagem;

4. atendimento de urgências básicas;

5. ações coletivas de saúde bucal;

6. atendimento odontológico individual;

7. vigilância nutricional;

8. vacinação;

9. monitoramento dos pacientes crônicos;

10. acompanhamento dos tratamentos de longa duração;

11. atenção integrada às doenças prevalentes na infância e controle das doenças imunopreveníveis;

12. ações básicas de controle das doenças crônico-degenerativas;

13. ações básicas do Programa de Saúde da Mulher, envolvendo atendimento ginecológico e obstétrico;

14. ações básicas do Programa de Saúde Mental;

15. ações básicas do Programa de DST/AIDS;

16. ações básicas do Programa de Hepatites Virais;

Page 35: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

35

17. ações básicas do Programa de Tuberculose;

18. ações básicas do Programa de Hanseníase;

19. ações básicas do Programa de Dermatologia Sanitária;

20. coleta de material para exame;

21. armazenagem e distribuição de medicamentos;

22. reprocessamento de materiais;

23. registro das ações em saúde e manutenção de arquivo de prontuários.

Atividades de saneamento:

1. ações de saneamento;

2. execução do censo sanitário em sua área de abrangência;

3. armazenamento temporário dos resíduos gerados no estabelecimento.

B – Sede de Pólo-base Tipo II

Na Sede de Pólo-base Tipo II são desenvolvidas atividades técnico-administrativas e de saneamento. Pode estar localizado em sedes ou distritos de municípios.

Atividades administrativas:

1. recepção e encaminhamento dos usuários referenciados;

2. ações de vigilância epidemiológica e ambiental;

3. planejamento e registro das ações administrativas, de saúde e de saneamento na sua área de abrangência;

4. análise e sistematização de dados e utilização da Sala de Situação;

5. alimentação dos sistemas de informação em conformidade com os sistemas do SUS;

6. comunicação com a rede de referência de média e alta complexidade;

7. transporte dos usuários referenciados;

8. armazenamento e controle dos materiais de consumo necessários às ações do Pólo Base e demais estabelecimentos da Rede;

9. armazenagem e distribuição de medicamentos.

Page 36: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

36

Atividades de saneamento:

10. ações de saneamento;

11. execução do censo sanitário em sua área de abrangência;

12. alimentação do sistema de informação de saneamento e vigilância ambiental.

4.1.4 CASA DE SAÚDE DO ÍNDIO – CASAI

É um estabelecimento de saúde, instalado em sede de município com localização estratégica, onde são prestadas atividades de atenção à saúde do índio em decorrência do apoio aos pacientes referenciados pelo DSEI para atendimento de média e alta complexidade na rede SUS. A Casai também dispõe de acomodações para os acompanhantes e de assistência de enfermagem.

Atividades:

1. recepção aos pacientes encaminhados e aos seus acompanhantes;

2. alojamento dos pacientes e seus acompanhantes;

3. alimentação de pacientes e seus acompanhantes;

4. lavagem de roupas de pacientes, de seus acompanhantes e de funcionários;

5. assistência de enfermagem 24 horas;

6. articulação e comunicação com os estabelecimentos de referência e contrareferência;

7. marcação e acompanhamento dos pacientes para consultas, exames e internações;

8. armazenamento e dispensação interna de medicamentos;

9. incentivo ao lazer e à produção artesanal para pacientes e acompanhantes;

10. planejamento e registro das ações administrativas e de saúde;

11. arquivo de prontuários de pacientes;

12. ações de vigilância epidemiologica e ambiental;

13. realização periódica de reuniões de avaliação com a equipe e os usuários;

14. educação em saúde e educação ambiental;

15. armazenamento temporário dos resíduos gerados no estabelecimento;

16. apoio e comunicação com o SAMU–192;

Page 37: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

37

17. transporte de usuários referenciados.

18. armazenamento e controle de material de consumo;

19. reprocessamento de materiais.

4.1.5 SEDE DO DISTRITO SANITÁRIO ESPECIAL INDÍGENA (DSEI)

A Sede do DSEI é um estabelecimento onde são coordenadas as ações de atenção à saúde do índio, mediante organização de uma rede de serviços no seu território de abrangência, integrada e hierarquizada com complexidade crescente e articulada com a rede do SUS.

Atividades executadas:

1. recepção ao usuário;

2. planejamento, supervisão e avaliação das ações técnico-administrativas;

3. elaboração, monitoramento e avaliação do Plano Distrital;

4. gestão das atividades e das ações técnico-administrativas, de saúde e de saneamento na sua área de abrangência;

5. registro das ações em saúde, dos procedimentos e da área técnico-administrativa;

6. elaboração de relatórios e alimentação dos sistemas de informação em conformidade com o SUS;

7. análise e sistematização de dados e utilização da Sala de Situação;

8. armazenamento e controle dos materiais de consumo necessários às ações do Dsei;

9. armazenagem e distribuição de medicamentos;

10. viabilização do sistema de comunicação;

11. viabilização do censo sanitário na área de abrangência;

12. manutenção do sistema de informação de saneamento e vigilância ambiental;

13. viabilização das atividades e sistema de informação de vigilância epidemiológica e ambiental;

14. planejamento, controle e avaliação das ações de saúde e da assistência farmacêutica em todos os níveis da sua área de abrangência;

15. viabilização das ações de educação em saúde e educação ambiental.

Nas Tabelas 1 a 6 são apresentadas as programações básicas para cada tipo de edificação de estabelecimento de saúde.

Page 38: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

38

Tabela 1 – Unidade de Apoio aos AIS e aos AISAN

Atividades Ambiente Área Mínima (m2) 1, 2, 3, 4, 5, 6 Sala de apoio dos AIS 9.00 9, 10, 18 Sala de apoio dos AISAN 9.00 19 Depósito do AISAN 2.00 8 Sala de comunicação 4.00 Sanitário 2.55 Depósito para material de limpeza com tanque 2.00 6, 7, 16, 17 Varanda com bancada, lavatório e escovódromo 12.00

Área Útil Total (m2) 40.55

Tabela 2 – Posto de Saúde Indígena

Atividades Ambiente Área Mínima (m2) 21, 23, 24, 25, 26, 27 Sala administrativa 9.00 2 Sala de reunião e educação em saúde 12.00 7, 9, 10, 11 Sala de apoio do AIS 9.00 28, 29 Sala de apoio do AISAN 9.00 30 Depósito do AISAN 2.00 25 Sala de comunicação 4.00 1, 23, 26 Sala de recepção espera e registro de pacientes 12.00 2, 5, 8, 11 Varanda com bancada, lavatório e escovódromo 12.00

9.00 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20 Consultório de enfermagem com sanitário (pne) 2.55 7, 8, 9, 10, 11, 12, 14, 15, 16, 17, 18, 19 Consultório indiferenciado 7.50

6 Consultório odontológico 9.00

22 Área para lavagem e esterilização de materiais com bancada e cuba 2.00

3, 4, 20 Sala de procedimentos 9.00 Sala de utilidades 4.80 Área para guarda de macas e cadeira de rodas 4.00 Sanitários feminino e masculino para público (pne) 2 x 2.55 Sanitários feminino e masculino para funcionários 2 x 2.00 Copa 4.00 Depósito para material de limpeza com tanque 2.00 2 contenedores (acondicionamento de lixo)

Área Útil Total (m2) 131.95

Tabela 3 – Sede de Pólo-base Tipo I

Atividades Ambiente Área Mínima (m2) 1, 2, 3, 4, 5, 7 Sala administrativa – chefia 9.00 1, 2, 3, 4, 5, 7 Sala administrativa – apoio 9.00 4, 5 Sala para técnico SIASI 9.00 5 Sala para referência 9.00 32 Sala de técnicos em saneamento 9.00 8 Almoxarifado 9.00 2, 10 Sala de reunião e educação e saúde 12.00

Page 39: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

39

29 Sala de armazenagem e distribuição de medicamentos 9.00

9, 31 Sala de recepção espera e registro de pacientes 12.00 10, 13 Varanda com bancada, lavatório e escovódromo 12.00

9.00 15, 17, 18, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28 Consultório de enfermagem com banheiro (pne) 2.55 15, 17, 18, 19, 20, 22, 23, 24, 25, 26, 27 Consultório indiferenciado 7.50

14 Consultório odontológico 9.00 11, 12, 28 Sala de procedimentos 9.00 16 Sala de vacinação 7.50 30 Central de material esterilizado simplificada 12.60 Área para guarda de macas e cadeira de rodas 4.00 6 Sala de motoristas 9.00 Sanitários feminino e masculino para público (pne) 2 x 2.55 Sanitários feminino e masculino para funcionários 2 x 2.00 Copa 4.00 Depósito para material de limpeza com tanque 2.00 32 Depósito para material de saneamento 21.00 6 Área coberta para veículo 15.00 34 2 contenedores (acondicionamento de lixo)

Área Útil Total (m2) 220,25

Tabela 4 – Sede de Pólo-base Tipo II

Atividades Ambiente Área Mínima (m2) 2, 3, 4, 5, 6 Sala administrativa – chefia 9.00 2, 3, 4, 5, 6 Sala administrativa – apoio 9.00 5, 6 Sala para técnico SIASI 9.00 6 Sala para referência 9.00 10, 12 Sala de técnicos em saneamento 9.00 3 Sala da equipe multidisciplinar 9.00 8 Almoxarifado 9.00 3 Sala de reuniões 9.00

9 Sala de armazenagem e distribuição de medicamentos 9.00

1 Sala de recepção e espera 12.00 7 Sala de motoristas 9.00

Sanitários feminino e masculino para público (pne) 2 x 2.55

Sanitários feminino e masculino para funcionários 2 x 2.00

Copa 4.00 Depósito para material de limpeza com tanque 2.00 10 Depósito para material de saneamento 21.00 7 Área coberta para veículo 15.00

Área Útil Total (m2) 153.10

Page 40: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

40

Tabela 5 – Sede do Distrito Sanitário Especial Indígena

Atividades Ambiente Área Mínima (m2) 1 Recepção 12.00 2, 3, 4, 5, 6, 7, 10, 11, 12, 13, 14, 15 Chefe do Dsei 9.00

Sala administrativa 9.00 Sala de operações 9.00

9 Sala de armazenagem e distribuição de medicamentos 9.00

8 Almoxarifado 9.00 Sala de reunião 9.00 Copa / cozinha 4.00

Sanitários feminino e masculino para público (pne) 2 x 2.55

Sanitários feminino e masculino para funcionários 2 x 2.00

Depósito de material de limpeza com tanque 2.00 Área coberta para veículo 15.00

Área Útil Total (m2) 96.10

Tabela 6 – Casa de Saúde do Índio

Atividades Ambiente Área Mínima (m2) Administração 6, 7, 10, 12, 16 Sala de direção 9.00 6, 7, 10, 12, 16 Sala administrativa 9.00 10, 13, 14 Sala de reunião e educação e saúde 12.00 18 Almoxarifado 9.00

1 Sala de recepção e registro de pacientes e acompanhantes 12.00

11 Sala de arquivo de prontuários 6.00 Sanitários feminino e masculino para público (pne) 2 x 2.55 Sanitários feminino e masculino para funcionários 2 x 2.00 Copa 4.00 Depósito para material de limpeza com tanque 2.00 Atendimento e Internação 9, 13, 14 Múltiplas atividades 20.00

30.00 2 Enfermaria de criança (6 leitos) com banheiro adaptado (1 lavatório, 1 vaso sanitário, 1 chuveiro) 4.80

36.00 2

Enfermaria de adulto feminino (6 leitos) com banheiro adaptado (1 lavatório, 1 vaso sanitário, 1 chuveiro) 4.80

36.00 2

Enfermaria de adulto masculino (6 leitos) com banheiro adaptado (1 lavatório, 1 vaso sanitário, 1 chuveiro) 4.80

9.00 2 Quarto de isolamento com banheiro 4.80 95.00

2 Alojamento para acompanhantes (19 camas) com banheiro (1 lavatório, 1 vaso sanitário, 1 chuveiro para cada 6 pessoas) 3 x 3.60

5 Posto de enfermagem 6.00 5 Quarto do plantonista com banheiro 6.00

Page 41: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

41

3.60

8 Sala de armazenagem e dispensação interna de medicamentos 9.00

7.50 5 Consultório indiferenciado com sanitário (pne) 2.55 Área para guarda de macas e cadeira de rodas 6.00 19 Central de material esterilizado simplificada 12.60 Sanitários feminino e masculino para funcionários 2 x 2.00 Depósito de material de limpeza com tanque 2.00 Apoio 17 Sala de motoristas 9.00

Cozinha (para 50 comensais): - área para recepção e inspeção de alimentos; - área para despensa de alimentos; - área para guarda de utensílios; - área para preparo e cocção de alimentos com bancada e cuba - área para distribuição de alimentos e utensílios

3

- área para recepção, lavagem e guarda de louças, bandejas e talheres com bancada e cuba.

22.50

3 Refeitório (38 pacientes e acompanhantes) 38.00 3 Refeitório (12 funcionários) 12.00

Vestiários feminino e masculino (12 funcionários), (2 vasos sanitários sendo 1 pne, 2 lavatórios, 2 chuveiros)

2 x 3.60

Sala de armazenagem e dispensação interna de medicamentos 4.00

4 Lavanderia para pacientes 12.00 Lavanderia para acompanhantes 5.00 Depósito de material de limpeza com tanque 2.00 15 2 contenedores (acondicionamento de lixo)

Área Útil Total (m2) 502.65

4.2 CRITÉRIOS DO PROJETO

Para a concepção dos projetos de edificações de estabelecimentos de saúde deverão ser cumpridas as diretrizes previstas no código de edificação e lei de uso do solo de cada município, além de serem atendidos os critérios apresentados a seguir.

4.2.1 LOCALIZAÇÃO

Buscar localização que apresente condições apropriadas de infraestrutura (água, esgoto, energia elétrica, transporte e comunicação), evitando também a proximidade com fontes incompatíveis de ruídos, vibrações, calor, umidade e poluição atmosférica.

Page 42: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

42

4.2.2 ADEQUAÇÃO DO PROJETO DE ARQUITETURA AOS HÁBITOS E COSTUMES DAS ETNIAS ASSISTIDAS

Os projetos arquitetônicos das Unidades de Apoio, dos Postos de Saúde e das Sedes de Pólos-base localizados em terras indígenas deverão apresentar soluções arquitetônicas que atendam às características de organização e dos hábitos e costumes das etnias assistidas. Essas soluções poderão buscar harmonia com as habitações indígenas, utilizando materiais regionais, entretanto atendendo aos requisitos técnicos de projeto.

Os materiais especificados devem ser duráveis e de fácil manutenção. Considerando a permanência de pacientes e acompanhantes nas Casas de Saúde do Índio, os projetos destes estabelecimentos deverão apresentar soluções adequadas a essa utilização que pressupõe o convívio de etnias diversas.

4.2.3 CONDIÇÕES AMBIENTAIS DE CONFORTO

Para a elaboração dos projetos arquitetônicos deverão ser consideradas soluções adequadas ao conforto ambiental. A implantação do estabelecimento no terreno, o formato arquitetônico e a escolha dos materiais deverão privilegiar alternativas naturais que melhor se adaptem às características locais:

� Aspectos Bioclimáticos: os projetos arquitetônicos deverão considerar as características naturais (geologia, relevo, solos, hidrografia, vegetação, clima, ventos dominantes, orientação solar e dos processos naturais de modificação da paisagem) do sítio no qual se pretenda projetar;

� Aspectos Térmicos: escolha dos materiais e componentes da construção visando o conforto térmico de acordo com o clima e as exigências humanas;

� Aspectos Sonoros: Soluções adequadas quanto ao uso dos materiais e localização de aberturas como meio de controle sonoro de acordo com as atividades de cada estabelecimento;

� Aspectos Luminosos: Soluções adequadas de uso e controle da luz natural nos estabelecimentos visando além do conforto luminoso, a conservação de energia.

4.2.4 CIRCULAÇÕES EXTERNAS E INTERNAS

As circulações externas e internas dos Estabelecimentos de Saúde são seus acessos, estacionamentos e circulações horizontais caracterizadas a seguir, que deverão estar em conformidade com a norma NBR-9050 da ABNT – Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiências a Edificações, Espaço, Mobiliário e Equipamentos Urbanos e com a RDC 50/2002 da ANVISA.

A – Acessos

Os acessos do Estabelecimento de Saúde estão relacionados diretamente com a circulação de sua população usuária e de materiais. Alguns acessos dever ter caráter restrito para melhor

Page 43: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

43

controle quanto aos problemas de desvio de materiais, tráfego indesejável em áreas restritas e conflitos de circulação. O estabelecimento deve possibilitar que portadores de deficiência ambulatória possam acessar sem ajuda de terceiros.

B – Estacionamentos

De acordo com os serviços prestados e com as características da população usuária do Estabelecimento de Saúde, devem ser previstos locais de estacionamento para as viaturas de serviço e de passageiros, sendo consideradas para quantificação do número de vagas as orientações dos códigos de obras municipais. Os meios-fios junto às calçadas devem ser rebaixados de modo a permitir o tráfego de cadeira de rodas ou macas.

C – Circulações Horizontais

As circulações horizontais adotadas no Estabelecimento de Saúde devem seguir as seguintes orientações:

� Corredores: Os corredores destinados à circulação de pacientes devem ter corrimão com altura de 0,90 m do piso e finalização curva em, pelo menos, uma parede lateral. Os bate-macas podem ter também a função de corrimão. Os corredores não podem ser utilizados como área de espera. Os maiores de 11,0 m de comprimento, de circulação de pacientes, devem ter largura mínima de 2,00 m e 1,20 m para os demais. Nas áreas de circulação só podem ser instalados telefones de uso público, bebedouros, extintores de incêndio, carrinhos e lavatórios, de tal forma que não reduzam a largura mínima estabelecida e não obstruam o tráfego, a não ser que a largura exceda a 2,00 m. Os corredores destinados apenas à circulação de pessoal e de cargas não volumosas devem ter largura mínima de 1,20 m. No caso de desníveis de piso superiores a 1,5 cm, deve ser adotada solução de rampa unindo os dois níveis;

� Portas: Todas as portas de acesso a pacientes devem ter dimensões mínimas de 0,80m x 2,10m, inclusive sanitários. As portas dos ambientes onde forem instalados equipamentos de grande porte devem ter dimensões que permitam a entrada e saída dos equipamentos. As portas utilizadas para laboratórios e passagem de macas devem ter dimensões mínimas de 1,10 m x 2,10 m. As portas de banheiros e sanitários de pacientes devem abrir para fora do ambiente e permitir a retirada da folha pelo lado de fora. Podem ser usadas portas de correr, com trilhos na parte superior da porta. Devem ser dotadas de fechaduras que permitam facilidade de abertura em caso de emergência e barra horizontal a 0,90 m cm do piso. As maçanetas das portas devem ser do tipo alavanca.

4.2.5 MATERIAIS DE ACABAMENTO

Constitui-se critério geral para especificações dos materiais: durabilidade, facilidade de manutenção e análise custo/benefício quanto à disponibilidade local dos produtos:

� Vedações: quando couber, utilizar divisórias desmontáveis onde a flexibilidade dos ambientes seja previsível, revestidas com materiais resistentes, laváveis; considerar revestimentos em cores claras;

Page 44: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

44

� Pisos: os pisos internos ao edifício devem ser nivelados, não porosos, revestidos de materiais antiderrapantes, laváveis e sem reentrâncias;

� Tetos: quando couber, considerar forro rebaixado em placas removíveis nas circulações para passagem de tubulação, visando facilitar a manutenção e alterações de instalações;

� Esquadrias: janelas abertas para circulação não devem apresentar aberturas que ocupem espaço (máximo ar e basculante). Deve-se considerar, preferencialmente, tipo de correr;

� Bancadas: com dimensões adequadas aos equipamentos específicos; de banheiro – largura mínima de 0,55m e altura igual a 0,85m; de serviço com lavagem de panelas industriais - largura mínima de 0,70m e altura igual a 0,90m, serviço para lavagem de utensílios padrão – largura de 0,60m, altura igual a 0,90m; superfície das bancadas de acordo com o tipo de uso, considerando fatores como utilização, localização e peso dos utensílios;

� Cubas: cubas com profundidades adequadas ao uso: lavagem de panelas e lavagem de louça;

� Louças e metais: é proibida a instalação de bidê nos estabelecimentos. Admite-se o uso de ducha higiênica.

4.2.6 APRESENTAÇÃO DO PROJETO

A apresentação dos projetos deve atender à NBR 10.647 – Desenho técnico e à NBR 10.067 – Princípios gerais de representação em desenho técnico. Dessa forma, as representações gráficas deverão ser apresentadas da seguinte forma:

� Composição das peças do projeto de arquitetura: planta de situação, locação e cobertura; planta (s) baixa(s); layout; cortes transversal e longitudinal; fachadas;

� Conteúdo mínimo da Planta de situação e locação: indicação do norte verdadeiro; dimensões e área do lote e área da construção; vias, calçadas e acessos ao lote; lotes vizinhos numerados; localização no terreno de construções existentes, arruamentos e estacionamentos internos; contorno da (s) construção(ões) projetada(s) cotada(s) em relação às divisas do lote bem como as cotas gerais da(s) própria(s) edificação(ões);

� Plantas baixas: deverá(ão) ser apresentada(s) na escala de 1:50 ou 1:100, contendo no mínimo indicação completa da edificação; planta de todos os pavimentos com identificação dos ambientes e suas respectivas áreas; indicação de todas as peças das instalações hidrosanitárias; todas as dimensões dos compartimentos e espessuras das paredes; todas as dimensões externas das edificações; indicação de portas e seus raios de giro, janelas e outros vãos de iluminação e/ou ventilação, dimensionados e especificados quanto ao seu funcionamento e material; indicação de cortes e ampliações; especificação dos revestimentos das paredes, pisos e tetos; indicação das cotas de nível; outras informações necessárias à perfeita compreensão do projeto;

Page 45: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

45

� Cortes longitudinal e transversal: deverão ser apresentados na escala de 1:50 ou 1:100 contendo no mínimo cotas representando pé-direito dos ambientes, altura das paredes, platibandas, forros e cobertura; cotas de nível dos pisos acabados, escadas e patamares; indicação do tipo de telha e inclinação da cobertura; outras informações necessárias à perfeita compreensão do projeto;

� Fachadas: deverão ser apresentadas na escala de 1:50 ou 1:100, contendo todas as elevações indicando aberturas e materiais de acabamento;

� Cobertura: deverá ser apresentada na escala de 1:50 ou 1:100, contendo no mínimo indicação do material; sentido e percentual de inclinação do telhado; indicação das cotas totais, parciais e de beirais; calhas, rufos, platibandas, domus e demais elementos; localização do reservatório de água;

� Convenções para projetos de reformas e ampliações: paredes a construir na cor vermelha; paredes a demolir com linhas tracejadas na cor amarela;

� Apresentação das pranchas: deverão ser apresentadas para avaliação em cópias dobradas, com quadro de legendas no canto inferior direito, contendo nome e endereço da obra; nome, número do registro profissional e assinatura do autor do projeto; referência de projeto, conteúdo das pranchas, escala data e área construída; número e total de pranchas.

4.2.7 RELATÓRIO TÉCNICO

O Relatório Técnico deverá ser composto pelos seguintes itens:

� especificação básica de materiais de acabamento e de elementos de arquitetura como: revestimento (piso, parede, teto), louças, metais, ferragens, tipo de esquadrias equipamentos de infraestrutura (poderá estar indicado nas plantas de arquitetura);

� descrição sucinta da solução adotada para o abastecimento de água potável, energia elétrica, coleta e destinação de esgoto, resíduos sólidos e águas pluviais da edificação;

� deve estar expresso, quando couber, que o Manual de Obras Públicas – Edificações da Secretaria de Estado da Administração e Patrimônio (SEAP) é parte integrante das especificações; o Manual de Obras Públicas – Edificações – Práticas da SEAP (Secretaria de Estado da Administração e Patrimônio) contém as práticas de construção que devem ser seguidas pelas obras públicas. Assim, o que já faz parte daquele documento oficial não precisa constar do Relatório Técnico, como, por exemplo, generalidades dos processos executivos, traços para concreto, assentamento de tijolos, controle tecnológico;

� devem constar as especificações concernentes ao objeto projetado que possibilite a avaliação do custo dos serviços e obras, bem como permita a definição dos métodos construtivos e prazos de execução do empreendimento;

Page 46: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

46

� o projeto de arquitetura (representação gráfica mais relatório técnico) será a base para o desenvolvimento dos projetos complementares de engenharia (estrutura e instalações).

4.3 CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS DO PROJETO

A caracterização ambiental dos projetos a serem implantados é fundamental para subsidiar a avaliação ambiental dos empreendimentos propostos. Dessa forma, para garantir as salvaguardas do meio ambiente, minimamente, deverão ser efetuados os seguintes procedimentos após a definição de cada projeto e dos respectivos relatórios de avaliação ambiental:

� realizar consulta à documentação ambiental relativa às intervenções propostas como contrapartida;

� realizar reuniões técnicas com a equipe técnica do VIGISUS e demais técnicos dos DSEI e do DESAI e representantes dos conselhos de participação e controle social;

� realizar inspeção técnica de campo para visitar os locais das obras ainda na fase de preparação do projeto executivo.

4.3.1 GERENCIAMENTO AMBIENTAL

Para a execução das obras é imprescindível que o Edital de Contratação contemple: (i) sistema de gerenciamento e supervisão ambiental de obras; (ii) procedimentos ambientais de construção. Deverão receber um destaque especial as áreas ambiental, social, qualidade, segurança e saúde, incluindo a compatibilização com a questões étnicas e culturais inerentes à população indígena, bem como a especificação de equipe técnica com profissionais compatíveis com as atribuições a serem previstas para o gerenciamento das ações.

Além da equipe de trabalho a ser contratada pela empresa vencedora dos certames licitatórios, deverão ser definidos profissionais para realizar o gerenciamento e o acompanhamento ambiental das obras, estabelecendo a sistemática de trabalho e a periodicidade de reuniões, elaboração de relatórios e demais procedimentos que se julgarem necessários.

As medidas mitigadoras a serem propostas para minimizar os impactos ambientais potenciais associados aos empreendimentos, mesmo que sejam insignificantes quando analisado como uma externalidade negativa deverão ser contempladas durante a fase de obras caso exista indicação nos Planos de Gestão Ambiental.

4.3.2 LICENCIAMENTO AMBIENTAL

As intervenções a serem propostas deverão ser submetidas aos procedimentos técnicos e legais necessários para a efetivação do licenciamento ambiental, como apresentado anteriormente.

Page 47: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

47

Vale ressaltar que a Licença de Instalação é imprescindível para o início da obra, devendo ser concedida pelo IBAMA, que é o órgão ambiental competente para tratar das questões relativas à populações indígenas.

4.4 AVALIAÇÃO AMBIENTAL – SALVAGUARDAS DO BANCO MUNDIAL 4.4.1 AVALIAÇÃO AMBIENTAL

As ações previstas nos componentes do VIGISUS devem estabelecer as medidas para promoção da saúde, qualificando o modelo de atenção e gestão, de modo a não desencadear nos ambientes fatores diversos que possam afetar a qualidade de vida e saúde da população, incluindo a população indígena.

OP-4.01 - Avaliação Ambiental

A elaboração de um estudo de avaliação ambiental para essas ações pressupõe a investigação dos possíveis impactos ambientais que poderão ocorrer com a implantação e a operação das edificações, bem como determinar medidas potencializadoras para otimizar impactos positivos, além da aplicação dos recursos e medidas mitigadoras para eliminar ou abrandar os potenciais efeitos negativos.

Como primeira dimensão, o Marco Ambiental, na sua concepção, deve abordar os fatores fundamentais para a compreensão acerca das implicações oriundas da implantação das ações:

� descrição detalhada dos projetos de estabelecimentos de saúde a serem implantados;

� caracterização ambiental da área de influência das obras para compreensão dos ambientes e população a serem afetados;

� identificação e avaliação dos impactos ambientais potenciais, buscando quantificar e qualificar as mudanças decorrentes das ações;

� proposição de medidas potencializadoras dos impactos positivos e mitigadoras ou compensatórias para os impactos potenciais negativos;

� divulgação dos resultados do estudo para serem utilizados no processo de tomada de decisão.

O estudo dos impactos que as ações poderão causar no ambiente deve ser concebido de forma prévia, como um instrumento preventivo de políticas públicas, tornando-se eficiente apenas quando se constitui em um instrumento de auxílio à decisão e como uma ferramenta de planejamento e formulação de projetos, no intuito de dar continuidade à estratégia de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável. Além dos impactos ambientais associados ao meio físico e ao meio biótico, não há como implantar projetos sem impactar a vida social e cultural da realidade local da área de influência direta e indireta do empreendimento,

Page 48: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

48

independente de sua abrangência territorial. Essas alterações, uma vez que apresentem variações relativas, podem ser de ordem positiva ou negativa, de maior ou menor abrangência.

A instalação e operação de determinados empreendimentos alteram o meio ambiente, bem como, aspectos da saúde da população de regiões direta ou indiretamente afetadas. São vários os impactos na saúde, em razão, principalmente, da migração de trabalhadores, que vão desde a sobrecarga nos serviços de saúde dos municípios atingidos até a introdução de novas endemias.

Com a metodologia, em desenvolvimento e adaptação, para Avaliação de Impactos na Saúde (AIS) no país, a área da saúde atua juntamente com os órgãos ambientais no processo de licenciamento para empreendimentos. É essencial a consideração do setor saúde para que se formulem ações que respondam as transformações socioambientais, visando propor medidas de promoção e de proteção à saúde humana, bem como para a prevenção de doenças, o que pode reduzir as consequências geradas pelos empreendimentos no tocante às iniquidades sociais que poderão se expressar nos territórios a serem impactados.

A primeira etapa do estudo ambiental deverá se basear em informações técnicas e contextuais acerca dos projetos a serem propostos para a estruturação do Subsistema de Saúde Indígena, por meio da implantação de estabelecimentos de saúde. Nesse sentido, deverão ser apresentadas sinteticamente as informações referentes aos aspectos considerados mais significativos para subsidiar a avaliação ambiental.

Vale ressaltar que para a consolidação do Subsistema de Saúde Indígena, é sabido que, além da implantação de estabelecimentos de saúde, faz-se necessário o investimento na atualização tecnológica, na qualificação permanente de pessoal, no fortalecimento da gestão, no incremento da oferta e na garantia de acesso a insumos e medicamentos. Tudo isso requer a organização, a estruturação e a qualificação de redes regionalizadas de atenção à saúde indígena, segundo as peculiaridades de cada DSEI.

Essa realidade requer que os projetos de investimentos a serem propostos consigam associar tecnologia de gestão à atenção à saúde, de forma integrada, na forma de projetos locais, regionalizados e hierarquizados, coerentes com as políticas e diretrizes do SUS.

A escolha das medidas para potencializar os impactos positivos e as de mitigação ou eliminação dos impactos negativos, atenuando ou compensando os impactos negativos, pressupõe o conhecimento sobre os riscos associados ao ambiente interno e externo às intervenções capazes de influenciar as populações, assim como as estratégias de ação para cada um deles, considerando a atuação das autoridades sanitárias, dos técnicos e os usuários do subsistema. Ressalta-se ainda a importância da elaboração de um estudo ambiental que contemple todas as intervenções a serem propostas.

Dessa forma, para que seja possível avaliar o panorama sanitário e ambiental que deverá ser afetado pela implantação das edificações de estabelecimentos de saúde, deverão ser consideradas duas situações distintas:

� Situação 1: a qualidade do meio ambiente a ser ocupado pela obra e pelos recursos humanos envolvidos com as ações e atividades a serem realizadas nos estabelecimentos de saúde a serem propostos, envolvendo as autoridades sanitárias, incluindo dos DSEI e funcionários, bem como os usuários do sistema, considerando os

Page 49: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

49

aspectos ambientais potenciais que poderão influenciar direta ou indiretamente a qualidade ambiental e a saúde das populações beneficiárias.

� Situação 2: aspectos sanitários e ambientais que irão existir após a implantação da unidade de saúde, relacionados à sua organização e estruturação, com destaque para a situação dos resíduos gerados e o reflexo na população;

Nas unidades de saúde a serem implantadas e que compõem o subsistema de saúde indígena, os aspectos sanitários e ambientais mais relevantes estão relacionados à produção de resíduos, onde a taxa de geração depende das características do tipo de estabelecimento, quanto ao tamanho e quanto à quantidade, qualidade e complexidade dos serviços realizados.

Situações de risco são associadas ao manejo inadequado dos resíduos sólidos de saúde, principalmente quanto à segurança ocupacional dos funcionários que manuseiam diretamente os resíduos dentro das unidades de saúde, bem como aqueles responsáveis pelo acondicionamento e coleta externa. Esses resíduos também apresentam um potencial de comprometimento da saúde pública e da qualidade do meio ambiente quando o manejo é realizado de forma precária ou negligente, o que deve ser sanado com a adoção do plano de manejo de resíduos sólidos exigido no momento do licenciamento ambiental.

Além da produção de resíduos sólidos, os efluentes líquidos gerados nos estabelecimentos de saúde também demandam cuidados especiais no seu manejo, devido à possibilidade de apresentarem componentes contaminados. Contudo, em geral, esses efluentes são lançados nas redes de esgotamento sanitário e destinados conjuntamente com os esgotos do município, ou encaminhados para destinações finais individuais.

Para efetuação da avaliação ambiental de projetos, costuma-se inicialmente delimitar as áreas de influência direta e indireta. A área de influência direta é aquela mais próxima do empreendimento e que sofre os efeitos diretos da implantação e/ou do funcionamento do projeto. Já a área de influência indireta é aquela em que os efeitos são menos evidentes e mais diluídos ou até amortecidos. Os limites das áreas de influência de cada projeto serão estipulados após a definição das localidades a serem beneficiadas com as edificações e respectivas tipologias.

Além das questões associadas à qualidade ambiental dos locais onde serão implantadas as obras, o estudo ambiental deverá considerar também as mudanças a serem constatadas no próprio sistema de saúde, incluindo o subsistema de saúde indígena, e nos profissionais associados às atividades desenvolvidas. Essa dimensão da avaliação deverá se traduzir na positividade dos indicadores de qualidade da assistência, com efeitos positivos na atenção à saúde dos povos indígenas, mas que não serão constatados em resultados imediatos.

Dessa forma, com implantação dos estabelecimentos de saúde ocorrerá em ambientes diversos, o estudo das possíveis mudanças de características socioeconômicas e biofísicas de cada local a ser beneficiado, irá apresentar vertentes diferenciadas. Em função das peculiaridades de cada DSEI, já se sabe a priori que não deverá existir um padrão único para abordar essas questões.

No caso da Amazônia Legal, deve-se considerar que ele constitui um dos espaços geográficos mais valorizados do planeta, sobretudo por sua biodiversidade. Nessa região, há dificuldades a serem superadas que estão relacionadas principalmente às grandes distâncias e acessos

Page 50: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

50

precários, à condição de isolamento. Tomar esse espaço geográfico como objeto de construção de políticas públicas de saúde consiste em uma tentativa de se resgatar o tema da equidade na sua essencialidade e agregar à justiça a dimensão das necessidades de saúde, ou seja, tratar os desiguais de forma diferenciada como estratégia de construção de justiça social.

Nesse contexto, o conhecimento das características inerentes à população e ao meio ambiente no qual a proposta de projeto irá se inserir envolve principalmente, a análise da situação epidemiológica da região, por meio da identificação dos principais problemas de saúde e dos fatores ambientais, demográficos, socioculturais e econômicos que os determinam. Essa análise pressupõe a avaliação de uma série de aspectos relativos às pessoas, ao meio ambiente e à caracterização da rede de atenção existente em seus aspectos organizacionais e gerenciais.

A Portaria MS/SVS 47 de 29/12/2006 e seus anexos, que tratam especificamente de Malária, poderá ser um modelo para as propostas uma vez que coloca os estudos necessários e estabelece um plano de ação a ser desenvolvido para a instituição de medidas para mitigação dos prováveis impactos que poderão desencadear doenças e outros agravos à saúde.

Os impactos ambientais provenientes da implantação de um projeto podem ser classificados em diversas categorias e segundo diferentes critérios. Para a seleção dos critérios de avaliação de impactos de projetos voltados à instalação e operação de estabelecimentos de saúde para populações indígenas, foram verificados aqueles mais utilizados na prática recente, assim como os que mais se adéquam à temática abordada. Os critérios adotados podem ser agrupados da seguinte forma:

� Valor: está relacionado ao fato de uma ação resultar na melhoria ou em um dano da qualidade de um fator ambiental, podendo ser positivo ou negativo;

� Ordem: indica se a reação é resultados de causa e efeito da ação ou se é secundária ou parte de uma cadeia de reações, resultando em impactos diretos ou indiretos;

� Importância: consiste no grau de significância de um impacto em relação ao fator ambiental analisado, sendo pequena, média ou grande;

� Magnitude: é a medida de alteração de um fator ambiental em termos quantitativos ou qualitativos, sendo pequena, média ou grande;

� Alcance: refere-se à amplitude locacional do alcance dos impactos, considerando os limites mais amplos possíveis, sendo diferenciado como local, regional ou estratégico;

� Horizonte Temporal: consiste na verificação do tempo de ocorrência para a manifestação dos impactos, podendo ser imediato, a médio prazo e a longo prazo;

� Dinâmica: refere-se à duração do impacto, sendo temporário, permanente ou cíclico;

� Reversibilidade: tem a ver com a capacidade de reversão do impacto causado pela ação realizada, diferenciando-se por reversível e irreversível;

Page 51: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

51

� Sinergia e Criticidade: refere-se à interação e influência dos impactos com relação a diversos fatores ambientais, podendo ser baixa, média ou alta;

� Extensão: refere-se à amplitude locacional do alcance dos impactos, considerando os limites das áreas de influência direta e indireta da intervenção, podendo abranger uma área parcial dentro dos limites do projeto, toda a área do projeto e toda a área de projeto mais parte ou a totalidade da área de influência indireta.

Magnitude e importância constituem os fatores principais dos impactos ambientais, uma vez que informam sobre a significância desses aspectos. A magnitude é a grandeza de um impacto em termos absolutos, podendo ser definida como a medida de alteração de um atributo ambiental, em termos quantitativos ou qualitativos. Já a importância consiste na ponderação do grau de significância de um impacto em relação ao fator ambiental afetado e a outros impactos. Em alguns casos pode ocorrer a situação em que um impacto, embora de magnitude elevada, não seja importante quando comparado com outros, no contexto global de uma avaliação específica. Contudo, cada critério tem sua relevância no resultado final da avaliação, possibilitando verificar as relações de causa e efeito atribuídas aos fatores ambientais e os impactos associados a cada um deles, contribuindo para a visualização integral do contexto de qualidade ambiental da ocupação após a implantação da intervenção.

A relação estabelecida entre o meio ambiente e a saúde humana é altamente complexa, com uma diversidade de riscos que podem provocar vários efeitos nocivos sobre os indivíduos. Dessa forma, algumas questões devem ser ponderadas no momento do levantamento dos danos ambientais potenciais associados a cada proposta de intervenção. Vale ressaltar que os riscos modernos estão relacionados com processos rápidos de desenvolvimento que não contemplam mecanismos de proteção à saúde humana, assim como o excessivo consumo de recursos naturais. Algumas dessas ponderações são apresentadas a seguir:

� Está localizado em área estratégica, ambientalmente frágil?

� Está localizado em área dotada de recursos naturais relevantes?

� Produz efeitos em algum ecossistema ou bacia hidrográfica?

� Provoca modificações substanciais no uso e na ocupação do solo da região de interesse?

� Provoca lançamento de esgotos e demais resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, alagamentos, erosões, aterramentos?

� Provoca modificações na gestão interna da unidade?

� Há acumulação de resíduos sólidos perigosos?

� Há contaminação urbana do ar por emissão de particulados?

� Há contaminação de recursos hídricos por emissões de efluentes?

� Há risco de uso de substâncias químicas e radioativas vinculadas a novas tecnologias?

Page 52: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

52

� Há riscos relacionados à violência e efeitos psicológicos inerentes ao meio ambiente urbano?

� Há riscos relacionados a procedimentos de trabalho em desacordo com a normatização e o arcabouço legal vigente?

As ações propostas para o VIGISUS, inclusive aquelas relacionadas à implantação de estabelecimentos de saúde para povos indígenas, são consideradas viáveis do ponto de vista técnico, econômico e ambiental. Todas as obras envolvem intervenções pontuais, ou seja, estão inseridas no aglomerado populacional denominado aldeia, ou em regiões próximas ao meio urbano, além de não necessitarem de supressão de vegetação, sendo necessária apenas a limpeza do terreno, visto que a área já se encontra antropizada.

A implantação das edificações de estabelecimentos de saúde não ocorre em áreas sensíveis, uma vez que os locais objeto de intervenção estão circunscritos às Terras Indígenas demarcadas pela FUNAI e sem limitações do ponto de vista do zoneamento ambiental. Os impactos ambientais de natureza negativa atribuídos às obras são considerados insignificantes, e passíveis de mitigação ou compensação.

Verifica-se ainda que, nas situações em questão, mesmo ainda não estando especificadas as localidades a serem contempladas com as obras, os benefícios associados à melhoria da qualidade de vida da população beneficiada, em função da ampliação do acesso à saúde, superam significativamente os investimentos realizados e os impactos ambientais negativos associados às obras.

As obras de estabelecimentos de saúde compreendem, basicamente, a implantação de edificações com pavimentos térreos e pequenas áreas de extensão, podendo variar o tamanho e a diversidade de ambientes em função das atividades a serem desenvolvidas.

OP4.09 – Uso de Agrotóxicos

A situação da exposição humana a agrotóxicos atualmente representa um problema de Saúde Pública, para o qual o setor saúde vem buscando definir e implementar ações voltadas para atenção integral das populações expostas a agrotóxicos. As intervenções sobre o problema são, em alguns aspectos, reconhecidas como de difícil implantação, por seu caráter de atuação global, que transcende o setor saúde. Os condicionantes da expansão da exposição a agrotóxicos no Brasil referem-se em grande parte ao modelo agrícola do país.

Assim, de acordo com a Lei federal de agrotóxicos e Decreto regulamentador, o controle de agrotóxicos e afins é baseado na legislação interministerial, calcada na Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989 – ‘Lei de Agrotóxicos’ – e Decreto nº 98.062, de 17 de agosto de 1989, envolvendo os Ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), do Meio Ambiente (MMA) e da Saúde (MS). Como característica dessa lei, tem-se a responsabilização dos diversos agentes – de governo e da iniciativa privada – em todo o ciclo de vida dos produtos.

Page 53: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

53

Para atender a essa demanda dentro do escopo do Projeto, cabe observar que as questões de saúde atribuídas aos agrotóxicos serão tratadas pelo Ministério da Saúde, no Plano Integrado de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxico.

Plano Integrado de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos

O Plano Integrado se constitui em uma estratégia de harmonização de ações na esfera federal do SUS,e tem como objetivo estabelecer ações de vigilância de riscos e agravos, além de medidas preventivas e de controle do uso de agrotóxicos. Ele contribui, ainda, para a construção e efetivação de um sistema de vigilância integrado, permitindo ao nível federal do SUS o monitoramento e controle de situações de riscos à saúde humana relacionados aos agrotóxicos.

Para sua elaboração foi constituído um grupo de trabalho no âmbito do Ministério da Saúde, de caráter permanente, por meio da Portaria SE/MS nº 397, de 9 de outubro de 2007, que, a partir das discussões, identificou as interfaces de atuação entre as áreas envolvidas, permitindo a definição das ações e atividades propostas no Plano, que foram agrupadas em quatro eixos: Atenção integral em saúde das populações expostas a agrotóxicos; Promoção à saúde; Agenda integrada de estudo e pesquisa e; Participação e controle social.

As principais diretrizes propostas para os quatro eixos são:

� Promover ações integradas de prevenção e assistência numa perspectiva ampla de atenção integral à saúde das populações expostas a agrotóxicos.

� Fortalecer a implementação da rede de laboratórios de saúde pública voltado para a atenção integral.

� Harmonizar a informação sobre exposição e intoxicação por agrotóxicos.

� Apoiar a instalação da rede nacional de armazenamento de insumos críticos para o controle das endemias.

� Promover o reconhecimento da população sob risco de exposição e intoxicação por agrotóxicos – promoção à saúde.

� Mobilizar a sociedade e o Estado para a importância da temática e informar sobre a magnitude dos impactos na saúde e no meio ambiente.

� Estimular as ações intersetoriais, buscando parcerias que propiciem o desenvolvimento integral das ações de promoção da saúde.

� Proporcionar a educação e a comunicação para promoção de ambientes saudáveis e práticas alternativas que reduzam os riscos para a exposição e intoxicação por agrotóxicos, visando uma melhor qualidade de vida para as populações.

� Fortalecer a participação e o controle social de forma a contribuir para a sustentabilidade das ações e atividades do Plano.

Page 54: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

54

O Plano Integrado de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos se propõe, portanto, por meio das ações e atividades elencadas, consolidar o monitoramento epidemiológico e serviços de saúde relacionados aos agrotóxicos. Desta forma, faz parte também do escopo do plano, propor mecanismos de monitoramento dos potenciais efeitos e agravos à saúde relacionados à utilização de produtos químicos em campanhas de saúde pública.

As ações e desdobramentos decorrentes deste Plano serão realizados conforme estabelecido para os três níveis de gestão do SUS. O Grupo de Trabalho, instituído na portaria supracitada, tem a responsabilidade de conceber e implementar as estratégias de atuação que competem ao nível federal. No caso dos estados e municípios, serão elaborados planos operacionais de acordo com o estabelecido no Pacto pela Saúde.

Finalmente, os trabalhos desenvolvidos subsidiarão a definição de diretrizes e estratégias para a atuação dos três níveis do SUS quanto à atenção integral à saúde de populações expostas a agrotóxicos.

OP 4.10 – Povos Indígenas

O fortalecimento e a consolidação da estrutura física do Subsistema de Saúde Indígena contempladas no escopo do VIGISUS integram as prerrogativas previstas nas salvaguardas do Banco Mundial no que tange às ações associadas aos povos indígenas. A partir das intervenções propostas, o Projeto deverá contribui com a missão do Banco Mundial de reduzir a pobreza e promover o desenvolvimento sustentável assegurando que o processo de desenvolvimento respeite plenamente a dignidade, os direitos humanos, as economias e as culturas dos povos indígenas, devido, principalmente, aos impactos positivos provenientes da modernização e ampliação na prestação dos serviços de saúde a esse público alvo, contemplando inclusive suas peculiaridades socioculturais.

5. MARCO AMBIENTAL (FRAMEWORK) PARA AVALIAÇÃO DE SUBPROJETOS

Considerando que os investimentos em infraestrutura a serem financiados pelo Banco Mundial, no âmbito do VIGISUS, para fortalecimento do Subsistema de Saúde Indígena ainda não estão, na presente fase de preparação, com sua concepção completa, sendo a razão principal ao fato de ainda não ter sido realizado o mapeamento das áreas a serem beneficiadas, para a efetuação da avaliação ambiental, foram adotados os seguintes procedimentos:

� avaliação ambiental das obras tomando como base as tipologias existentes de projetos de edificações de estabelecimentos de saúde a serem financiados pelo Projeto;

� considerações especiais sobre o manejo de resíduos sólidos nos estabelecimentos de saúde do Subsistema de Saúde Indígena;

� definição de critérios e procedimentos para avaliação ambiental dos subprojetos na fase de implementação do Projeto.

Page 55: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

55

5.1 AVALIAÇÃO AMBIENTAL (TIPOLOGIAS)

As diversas tipologias de projetos, com intervenções físicas, a serem financiadas pelo VIGISUS são analisadas, de forma conceitual, como apresentado a seguir.

Tabela 7 – Eficiência da Implantação de Edificações de Estabelecimentos de Saúde para

Povos Indígenas

Atividades Ações Intervenções Propostas 1. Unidade de apoio aos AIS e AISAN 2. Posto de Saúde Indígena 3. Sede de Pólo-base Indígena (Tipos I e II) 4. Casa de Saúde Indígena

Ampliação da estrutura física do subsistema de atenção à

saúde indígena

Implantação de edificações de estabelecimentos de saúde

5. Sede de Distrito Sanitário Especial Indígena

De forma geral, a atividade de ampliação da estrutura física do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena prevê intervenções de pequeno porte, não interferindo em ambientais naturais adicionais. Além disso, os impactos positivos são de caráter mais permanente e ocorrem, na sua maioria, durante a fase de operação do empreendimento.

De acordo com a legislação ambiental federal, uma vez que cabe a essa esfera o tratamento das questões associadas aos povos indígenas, as ações e as tipologias de intervenção apresentadas são passíveis de licenciamento ambiental e devem, inclusive, dispor de uma plano de gerenciamento de resíduos de saúde.

Na Tabela 8, são apresentados os principais impactos (positivos e negativos) inerentes a essas tipologias de intervenção e sua gradação de significância, assim como as medidas de mitigação dos impactos negativos e os respectivos programas ambientais a constar do Plano de Gestão Ambiental do Programa de cada empreendimento selecionado.

Page 56: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

56

Tabe

la 8

– Im

pact

os p

ositi

vos

e N

egat

ivos

, Med

idas

Miti

gado

ras

e P

rogr

amas

Am

bien

tais

Impa

ctos

Pos

itivo

s Fa

se d

e Pl

anej

amen

to e

Obr

as

Impa

ctos

Neg

ativ

os

Fase

de

Plan

ejam

ento

e O

bras

M

edid

as M

itiga

dora

s Pr

ogra

mas

Am

bien

tais

Forta

leci

men

to d

a m

obili

zaçã

o co

mun

itária

M

oder

ado

Ger

ação

de

expe

ctat

ivas

da

popu

laçã

o M

oder

ado

Açõ

es d

e di

vulg

ação

do

Pro

jeto

e c

omun

icaç

ão s

ocia

l C

omun

icaç

ão S

ocia

l

Ger

ação

de

empr

egos

e a

umen

to d

a re

nda

da p

opul

ação

loca

l M

oder

ado

Alte

raçã

o na

qua

lidad

e de

vid

a da

pop

ulaç

ão re

side

nte

nas

área

s pr

óxim

as à

s ob

ras

Mod

erad

o P

lane

jam

ento

das

obr

as e

pr

oced

imen

tos

cons

trutiv

os

adeq

uado

s

Man

ual A

mbi

enta

l de

Con

stru

ção

Ger

ação

de

ruíd

os e

se

dim

ento

s, a

umen

to d

e trá

fego

de

maq

uiná

rio p

esad

o e

risco

de

acid

ente

s

Pou

co

Sig

nific

ativ

o

Pla

neja

men

to e

Mét

odos

co

nstru

tivos

ade

quad

os,

mon

itora

men

to e

pr

oced

imen

tos

de s

egur

ança

Man

ual A

mbi

enta

l de

Con

stru

ção

Con

stru

ção

das

edifi

caçõ

es

Mod

erad

o

Ger

ação

de

bota

-fora

M

oder

ado

Des

tino

adeq

uado

de

reje

itos

e lic

enci

amen

to

Man

ual A

mbi

enta

l de

Con

stru

ção

Impa

ctos

Pos

itivo

s Fa

se d

e O

pera

ção

Impa

ctos

Neg

ativ

os

Fase

de

Ope

raçã

o M

edid

as M

itiga

dora

s Pr

ogra

mas

Am

bien

tais

Mel

horia

da

infra

estru

tura

físi

ca d

e at

ençã

o à

saúd

e S

igni

ficat

ivo

Dem

anda

de

infra

estru

tura

par

a ab

aste

cim

ento

de

água

, es

gota

men

to s

anitá

rio, m

anej

o de

resí

duos

sól

idos

e d

rena

gem

Mod

erad

o A

rticu

laçã

o co

m

conc

essi

onár

ias

de s

ervi

ços

e en

tidad

es re

spon

sáve

is

Man

ual A

mbi

enta

l de

Con

stru

ção

Mel

horia

da

qual

idad

e na

pre

staç

ão

dos

serv

iços

de

saúd

e S

igni

ficat

ivo

Ris

co d

e ac

iden

tes

pelo

man

ejo

inad

equa

do d

e re

sídu

os

Sig

nific

ativ

o A

doçã

o da

s di

retri

zes

técn

icas

e

norm

ativ

as q

ue n

orte

iam

o

assu

nto

Pla

no d

e G

eren

ciam

ento

de

Res

íduo

s de

Ser

viço

s de

Saú

de

Mel

horia

da

qual

idad

e de

vid

a da

po

pula

ção

Sig

nific

ativ

o G

eraç

ão d

e re

sídu

os

Mod

erad

o M

anej

o, a

cond

icio

nam

ento

, tra

tam

ento

e d

estin

ação

fina

l ad

equa

da

Pla

no d

e G

eren

ciam

ento

de

Res

íduo

s de

Ser

viço

s de

Saú

de

Ele

vaçã

o da

aut

o-es

tima

da p

opul

ação

S

igni

ficat

ivo

Inte

rferê

ncia

s so

bre

infra

estru

tura

e e

quip

amen

tos

urba

nos

exis

tent

es

Pou

co

Sig

nific

ativ

o A

rticu

laçã

o co

m e

ntid

ades

re

spon

sáve

is

Man

ual A

mbi

enta

l de

Con

stru

ção

Forta

leci

men

to d

a in

tera

ção

entre

as

prát

icas

atu

ais

de a

tenç

ão à

saú

de e

as

da

med

icin

a tra

dici

onal

dos

pov

os

indí

gena

s

Sig

nific

ativ

o

Page 57: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

57

Conforme se verifica na tabela, os impactos negativos são localizados, transitórios e de caráter pouco significativo, decorrentes principalmente das atividades inerentes à execução de obras. Por outro lado, os cuidados com a gestão de resíduos sólidos, de acordo com a Resolução CONAMA nº 358 / 2005, na fase de operação dos empreendimentos, também são essenciais para o controle de impactos negativos potenciais, inerentes às atividades de saúde.

A mitigação desses impactos decorre principalmente de cuidados adequados durante a execução das obras, envolvendo boas práticas de engenharia, assim como, o plano de gestão de resíduos deve contemplar as ações necessárias para melhorar as medidas de segurança e higiene no trabalho, proteger a saúde e o meio ambiente e reduzir a geração de resíduos perigosos.

Na fase de operação das intervenções, a maioria dos impactos é positiva, significativa e de caráter permanente, possibilitando inclusive a ampliação da inclusão social da população indígena, a partir da melhoria na prestação dos serviços de saúde. Os impactos positivos apresentam forte viés ambiental positivo, ao buscar a ampliação da rede de atendimento à saúde dos povos indígenas, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dessas populações.

5.2 CONSIDERAÇÕES ESPECIAIS SOBRE TRATAMENTO DE LIXO HOSPITALAR 5.2.1 OS PROBLEMAS RELACIONADOS AOS RESÍDUOS

As problemáticas ambientais associadas à geração exacerbada de resíduos, oriunda principalmente do crescimento populacional acelerado, tornam-se críticas especialmente quando se faz a disposição de lixo de forma inadequada no meio ambiente. Como resultado desse processo, provoca-se alteração, poluição e contaminação no solo, na água e no ar, repercutindo em problemas ambientais, sociais e sanitários que afetam diretamente a população.

Os Resíduos dos Serviços de Saúde (RSS) se inserem nessa problemática e vêm considerados de maneira mais relevante nos últimos anos. Os desafios inerentes às problemáticas associadas aos RSS têm suscitado a necessidade de adoção de políticas públicas e de instrumentos normativos técnicos e legais, tendo como eixo de orientação a sustentabilidade do meio ambiente e a preservação da saúde. Grandes investimentos são realizados em sistemas e tecnologias para tratamento e minimização.

No Brasil, órgãos como a ANVISA e o CONAMA têm assumido o papel de orientar, definir regras e regular a conduta dos diferentes agentes, no que se refere à geração e ao manejo dos resíduos de serviços de saúde, com o objetivo de preservar a saúde e o meio ambiente, garantindo a sua sustentabilidade. Desde o início da década de 90, são empregados esforços no sentido da correta gestão, do correto gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde e da responsabilização do gerador. Um marco desse esforço foi a publicação da Resolução CONAMA nº 005/93, que definiu a obrigatoriedade dos serviços de saúde elaborarem o Plano de Gerenciamento de seus resíduos. Este esforço se reflete, na atualidade, com as publicações da RDC ANVISA nº 306/04 e CONAMA nº 358/05.

Page 58: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

58

Com relação aos resíduos provenientes dos serviços de saúde, um fator de destaque é o risco sanitário associado ao gerenciamento e à destinação inadequada, podendo afetar de forma significativa a saúde e a qualidade ambiental, principalmente pela presença de materiais biológicos e objetos perfuro cortantes contaminados, substâncias tóxicas e radioativas.

Os riscos ambientais causados pelo manejo inadequado dos resíduos não estão restritos ao espaço físico dos estabelecimentos de saúde, podendo extrapolar esses limites. Apresentam o potencial de gerar doenças e afetar a qualidade de vida da população que direta ou indiretamente possa entrar em contato com o material descartado.

Contudo, a presença de um agente de risco não implica o risco efetivo, uma vez que o fenômeno em si, apenas se manifesta a partir do resultado da combinação de fatores relativos às tipologias de resíduos e respectivos processos de produção, bem como às características do ambiente e do indivíduo ou grupo exposto.

Dessa forma, a segurança é um dos principais aspectos a ser considerado em se tratando do gerenciamento de RSS. As sistemáticas adotadas para essa atividade envolvem decisões tanto de ordem simples e rotineira, quanto complexas e, na maioria das vezes, estão atreladas a altos investimentos.

Para a determinação das medidas a serem adotadas quanto às ações de gerenciamento de resíduos, primeiramente, faz-se necessário conhecer suas características e os respectivos processos geradores, considerando inclusive o contexto em que eles se encontram e o objeto de exposição ao risco. A melhor forma de localizar os riscos é o estabelecimento de um mapa de risco, um levantamento de todas as áreas em que possam haver agentes de risco ou operações com estes agentes. Este mapeamento deve ser elaborado de acordo com a gravidade do risco identificado.

A partir dessa análise, são estabelecidas as medidas de segurança e prevenção a serem tomadas, segundo as etapas a seguir.

a) Identificação e localização dos riscos potenciais

O primeiro passo para a identificação dos riscos é a sua definição conforme a natureza dos agentes envolvidos. Os cinco tipos de riscos nos ambientes laborais, definidos a partir da Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego, em suas Normas Regulamentadoras (NR) de Medicina e Segurança do Trabalho, são:

� Riscos físicos: formas de energia a que os trabalhadores possam estar expostos. Entre os agentes causadores pode-se citar: ruído, vibrações, pressões anormais, radiações ionizantes e não ionizantes, ultra-som e o infrasom (NR-09 e NR-15);

� Riscos químicos: substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pelas vias respiratórias, nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão (NR-09 e NR-15);

� Riscos biológicos: bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros (NR-09). Os riscos biológicos são classificados pela: patogenicidade para o

Page 59: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

59

homem, virulência, modos de transmissão, disponibilidade de medidas profiláticas eficazes, disponibilidade de tratamento eficaz e endemicidade;

� Riscos ergonômicos: elementos físicos e organizacionais que interferem no conforto da atividade laboral, e conseqüentemente nas características psicofisiológicas do trabalhador (NR-17);

� Riscos de acidentes: condições com potencial de causar danos aos trabalhadores, nas mais diversas formas, levando-se em consideração o não cumprimento das normas técnicas previstas. Alguns riscos de acidentes estão relacionados ao arranjo físico, eletricidade, máquinas e equipamentos, incêndio/ explosão, armazenamento, ferramentas, além de outros.

b) Análise do Contexto

Como se sabe, a existência de um agente de risco não implica o risco efetivo, que é determinado pela análise de todos os fatores potenciais do risco inicial. Nessa etapa, verificam-se os parâmetros e métodos para estabelecer as medidas de segurança quanto ao risco de natureza físico-química e para os riscos de natureza biológica. Além disso, é necessário reunir informações sobre os tipos de microorganismos, concentração, características do meio em que se encontram, bem como a capacidade de sobrevivência e de infecção.

c) Dimensionamento

Esta etapa tem por objetivo a hierarquização dos problemas, buscando destacar as prioridades e identificar os fatores críticos, evitando a dispersão dos esforços em medidas de pouco efeito.

d) Medidas Mitigadoras

As medidas a serem adotadas para esse fim devem estar baseadas em métodos científicos reconhecidos, bem como a partir da análise de situações concretas de um risco envolvido e dos resultados.

Vale salientar que os resíduos provenientes dos serviços de saúde contribuem para o aumento de riscos que afetam o meio ambiente e o estado de saúde da população em virtude de estarem associados a riscos ocupacionais, riscos aos pacientes como a infecção hospitalar, tanto pela falta de higiene ou pelo desconhecimento dos procedimentos corretos, ou pela falta de instalações ou de equipamentos adequados. Assim, o risco pode extrapolar o ambiente físico do estabelecimento de saúde, e alcançar pessoas que transitam em áreas próximas ou naquelas destinadas à disposição de resíduos, estando sujeitas a contrair doenças, mesmo que não tenham contato direto com o lixo hospitalar, em função da ação dos vetores que se proliferam nestes locais.

5.2.2 GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

A composição dos resíduos sólidos provenientes dos serviços de saúde depende do tipo de estabelecimento e, conseqüentemente, das atividades realizadas em seu cotidiano. Assim, um estabelecimento de saúde poderá gerar desde resíduos com baixo ou nenhum risco à saúde, bem como resíduos perigosos.

Page 60: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

60

No Brasil, atualmente, existem três sistemáticas para classificação desse tipo de resíduos:

� classificação da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR 12808: classifica os resíduos em três grupos: infecciosos, especiais e comuns;

� classificação da Resolução CONAMA nº 005/1993: classifica os resíduos em 4 grupos: biológicos, químicos, radioativos e comuns;

� classificação da ANVISA RDC nº 306/2004: toma como referência a CONAMA nº 005 e classifica os resíduos em 5 grupos: potencialmente infectantes, químicos, radioativos, comuns e perfuro cortantes.

A classificação dos resíduos dos serviços de saúde viabiliza a atividade de segregação que é a etapa inicial para a efetivação do gerenciamento. Nessa fase, tem-se foco na organização inicial do processo, propiciando a redução da quantidade de resíduos infectantes, bem como facilita as ações emergenciais no caso de contenção de acidentes. Além disso, favorece à diminuição dos custos de tratamento e destinação final e proporciona um adequado gerenciamento desses resíduos no âmbito interno e externo dos estabelecimentos de saúde.

Conforme as Resoluções CONAMA nº 005/93 e nº 283/01, os resíduos de serviços de saúde estão classificados em quatro grupos, descritos a seguir.

a) Resíduos com Riscos Biológicos – Grupo A

Neste grupo, conforme a Resolução CONAMA nº 283/01, encontram-se os resíduos que apresentam risco potencial à saúde e ao meio ambiente, devido à presença de agentes biológicos, tais como:

� bolsas de sangue, sangue e hemocomponentes;

� secreções, excreções e outros fluidos orgânicos, quando coletados considerando somente a parte destinada à análise;

� meios de cultura inoculados e vacinas de microorganismos vivos ou atenuados;

� peças anatômicas, tecidos, membranas, órgãos, placentas e fetos;

� animais mortos de experimentação, carcaças e vísceras, provenientes de estabelecimentos veterinários, de universidades e de centros de controle de zoonoses e de outros similares ou animais suspeitos de serem portadores de doenças transmissíveis, camas desses animais e suas forrações;

� todos os resíduos provenientes de paciente em isolamento, incluindo alimentos, absorventes higiênicos, fraldas, papéis sanitários;

� filtros de sistemas de ar condicionado de área de isolamento;

Page 61: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

61

� membranas filtrantes de equipamentos médico-hospitalares e de pesquisas, entre outros similares;

� materiais descartáveis que tenham entrado em contato com quaisquer fluidos orgânicos (algodão, gaze, atadura, esparadrapo, equipo de soro, equipamento de transfusão, kits de aférese, kits de linhas arteriais endovenosas, capilares, gesso, luvas, dentre outros similares);

� lodo de estação de tratamento de esgoto (ETE) de estabelecimento de saúde;

� quaisquer resíduos do GRUPO D, comuns, com risco de estarem contaminados por agentes biológicos;

� materiais perfuro cortantes como lâminas de barbear, bisturis, agulhas, escalpes, ampolas de vidro e outros assemelhados provenientes de estabelecimento de saúde, com exceção daqueles contaminados com quimioterápicos ou radionuclídeo, que deverão ser classificados como resíduo químico ou rejeito radioativo, respectivamente. Dentre dos resíduos com risco biológico, os perfuro cortantes apresentam risco adicional devido aos seguintes aspectos:

o possibilidade de atuar como reservatórios onde os patógenos sobrevivem por longo tempo, devido à presença de sangue;

o possibilidade de conduzir os patógenos diretamente ao fluxo sangüíneo ao perfurar a pele;

o valor comercial para reciclagem, por se tratarem de matérias que despertam interesse em catadores de lixo;

o elevado índice de acidentes ocupacionais.

b) Resíduos com Riscos Químicos – Grupo B

Conforme a Resolução nº 283/01 do CONAMA, os resíduos deste grupo apresentam risco potencial à saúde pública e ao meio ambiente, devido às suas características próprias, tais como: corrosividade, reatividade, inflamabilidade, toxicidade, citogenicidade e explosividade, destacando-se:

� resíduos perigosos, conforme classificação da NBR 10.004/87 – Classificação dos Resíduos Sólidos quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos);

� medicamentos vencidos, contaminados, interditados, parcialmente utilizados e demais medicamentos impróprios para consumo (antimicrobianos, hormônios sintéticos, quimioterápicos);

� objetos perfurocortantes contaminados com quimioterápico ou outro produto químico perigoso;

Page 62: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

62

� mercúrio e outros resíduos de metais pesados, amálgamas, lâmpadas, termômetros, esfignomanômetros de coluna de mercúrio, pilhas, baterias, entre outros;

� saneantes e domissanitários;

� líquidos reveladores de filmes;

� quaisquer resíduos do GRUPO D, comuns, com risco de estarem contaminados por agente químico.

c) Rejeitos Radioativos – Grupo C

Neste grupo, enquadra-se qualquer material resultante de atividades humanas que contenha radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de eliminação especificados na norma da Comissão Nacional de Energia Nuclear, CNEN-NE-6.02/84 – Licenciamento de instalações radioativas.

Estão enquadrados neste grupo, todos os resíduos dos grupos A, B e D contaminados com radionuclídeos, tais como: seringas, equipos, restos de fármacos administrados, compressas, vestimenta de trabalho, luvas, sapatilhas, forração de bancada, objetos perfurocortantes contaminados com radionuclídeos, dentre outros assemelhados.

Os rejeitos radioativos possuem uma classificação específica, estabelecida pela Resolução CNEN – NE 6.05 de 17 de dezembro de 1985, que também estabelece os níveis de concentração de rejeitos radioativos e define as especificações da instalação para o armazenamento provisório de resíduos.

d) Resíduos Comuns – Grupo D

Constituem todos os demais resíduos oriundos das atividades realizadas em estabelecimentos de saúde que não se enquadram nos grupos descritos anteriormente. Possuem as mesmas características dos resíduos domésticos comuns.

A Resolução RDC nº 306/2004 da ANVISA, classifica os resíduos de serviços de saúde utilizando-se de sub-classificações, conforme especificações abaixo:

a) Resíduos Potencialmente Infectantes – Grupo A

Resíduos com possível presença de agentes biológicos que, por suas características de maior virulência ou concentração, podem apresentar risco de infecção, sendo eles:

� Tipo A1: culturas e estoque de agentes infecciosos de laboratórios industriais e de pesquisa; resíduos de fabricação de produtos biológicos, exceto os hemoderivados; descarte de vacinas de microorganismos vivos ou atenuados ou mistura de culturas; resíduos de laboratórios de engenharia genética;

Page 63: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

63

� Tipo A2: bolsa contendo sangue ou hemocomponentes com volume residual superior a 50 ml; kit de aférese (para exame de banco de sangue);

� Tipo A3: peças anatômicas (tecidos, membros e órgãos) que não tenham valor científico ou legal, e/ou quando não houver requisição do paciente ou de familiares; produto de fecundação sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 cm ou idade gestacional menor que 20 semanas nas mesmas condições anteriores;

� Tipo A4: carcaças, peças anatômicas e vísceras de animais provenientes de estabelecimentos de tratamento de saúde animal, de universidade, de centros de experimentação, de unidades de controle de zoonoses e de outros similares, assim como camas desses animais e suas forrações;

� Tipo A5: todos os resíduos provenientes de pacientes que contenham ou sejam suspeitos de conter agentes da Classe de Risco IV, que apresentem relevância epidemiológica e risco de disseminação;

� Tipo A6: kit de linhas arteriais endovenosas e dialisadores, quando descartados; filtros de ar oriundos de áreas críticas, conforme ANVISA RDC nº 50/2000;

� Tipo A7: órgãos, tecidos e fluidos orgânicos com suspeita de contaminação com proteína priônica (parte do vírus) e resíduos sólidos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais com suspeita de contaminação (material e instrumentais descartáveis, indumentárias que tiveram contato com os agentes acima identificados). O cadáver, com suspeita de contaminação com proteína priônica, não é considerado resíduo.

b) Resíduos Químicos – Grupo B

Resíduos contendo substâncias químicas que apresentem risco à saúde pública ou ao meio ambiente, independente de suas características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade, como descrito a seguir:

� Tipo B1: resíduos dos medicamentos e dos insumos farmacêuticos vencidos, contaminados, apreendidos para descarte, parcialmente impróprios para consumo que oferecem risco (produtos hormonais de uso sistêmico; antibacterianos de uso tópico descartados por serviços de saúde, farmácias, drogarias e distribuidores de medicamentos; medicamentos citostáticos, antineoplásicos, digitálicos, imunossupressores, imunomoduladores, antiretrovirais);

� Tipo B2: resíduos dos medicamentos e dos insumos farmacêuticos vencidos, contaminados, apreendidos para descarte, e demais medicamentos impróprios para consumo que, em função de seu princípio ativo e forma farmacêutica, não oferecem risco (medicamentos não incluídos no grupo B1, antibacterianos e hormônios para uso tópico, quando utilizados individualmente pelo usuário domiciliar);

Page 64: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

64

� Tipo B3: resíduos e insumos farmacêuticos dos medicamentos controlados pela Portaria MS 344/98 e suas atualizações;

� Tipo B4: saneatentes, desinfetantes e desinfestantes;

� Tipo B5: substâncias para revelação de filmes usados em Raios-X;

� Tipo B6: resíduos contendo metais pesados;

� Tipo B7: reagentes para laboratórios, isolados ou em conjunto;

� Tipo B8: outros resíduos contaminados com substâncias químicas perigosas.

c) Resíduos Radioativos – Grupo C

constituem os rejeitos radioativos de qualquer material resultante de atividades humanas que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de isenção especificados na norma CNEN–NE-6.02 – Licenciamento de Instalações Radioativas, e para as quais a reutilização é imprópria ou não prevista:

� resíduos contaminados com radionuclídeos;

� fontes seladas.

d) Resíduos Comuns – Grupo D

Todos os resíduos gerados pelos serviços, contemplados nessa Resolução que, por suas características, não necessitam de processos diferenciados relacionados ao acondicionamento, identificação e tratamento, devendo ser considerados resíduos sólidos urbanos – RSU:

� espécimes de laboratórios de análises clínicas e patologia clínica;

� gesso, luvas, esparadrapo, algodão, gazes, compressas, equipo de soro e outros similares, que tenham tido contato ou não com sangue, tecido ou fluidos orgânicos, com exceção dos enquadrados na classificação A5 e A7;

� bolsas transfundidas vazias ou contendo menos de 50 ml de produto residual (sangue ou hemocomponentes);

� sobras de alimentos não enquadrados na classificação A5 e A7;

� papéis de uso sanitário e fraldas, não enquadradas na classificação A5 e A7;

� resíduos provenientes das áreas administrativas dos EAS;

� resíduos de varrições, flores, podas e jardins;

Page 65: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

65

� materiais passíveis de reciclagem;

� embalagens em geral;

� cadáveres de animais, assim como camas desses animais e suas forrações.

e) Resíduos Perfurocortantes – Grupo E

Objetos e instrumentos contendo cantos, bordas, pontos ou protuberâncias rígidas e agudas, capazes de cortar ou perfurar:

� lâminas de barbear, bisturis, agulhas, escalpes, ampolas de vidro, lâminas e outros assemelhados provenientes de serviços de saúde;

� bolsas de coleta incompleta, descartadas no local de coleta, quando acompanhadas de agulha, independente do volume coletado.

A atividade de gerenciar os resíduos de serviços de saúde envolve um alto grau de complexidade, em todas as suas etapas, desde a segregação dos resíduos, o manejo e a disposição final. Dessa forma, para que se tenha o devido controle sobre os riscos associados às atividades desenvolvidas nos estabelecimentos de saúde é necessário que sejam estabelecidas responsabilidades ao gerador em todas as etapas do processo.

O manejo adequado dos resíduos sólidos não envolve apenas as ações de controle e da minimização de riscos, também pressupõe a diminuição da sua produção, tendo em vista ampliar a eficiência da gestão planejada. Um sistema de manejo organizado que contemple os estabelecimentos de saúde tanto interna quanto externamente, deverá permitir o controle e a redução dos riscos à saúde e ao meio ambiente.

Uma das questões contempladas nos planos de gerenciamento de resíduos sólidos provenientes dos serviços de saúde se refere às ações para minimizar os riscos de acidente inerentes aos profissionais que atuam nos estabelecimentos de serviços de saúde e aos quais estão expostos. Nesse sentido, destacam-se as seguintes medidas:

� Utilização de Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC: equipamentos para proteção em grupo. São utilizados para o controle de riscos do ambiente em geral, tais como sinalização, exaustores, câmara de fluxo laminar, chuveiro de emergência, extintores de incêndio, paredes corta-fogo, cabine para radioisótopos, entre outros;

� Utilização de Equipamentos de Proteção Individual – EPI: equipamentos de uso individual e pessoal. O uso e o fornecimento de EPI são disciplinados pela lei 6.514/77 – Medicina e Segurança do Trabalho, Portaria 3.214/78, NR-6 do MTE;

� Realização de Imunização: consiste na utilização de procedimentos técnicos para prevenir um possível contágio via agente biológico, visando diminuir a níveis de segurança, a possibilidade de as pessoas serem infectadas após contato acidental por agentes patogênicos;

Page 66: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

66

� Desenvolvimento de Ações Educativas: para um gerenciamento de RSS seguro, é fundamental que todas as pessoas que trabalham no estabelecimento de saúde conheçam os riscos associados às suas atividades, possuam responsabilidades claras, e sejam capacitados na realização dos procedimentos relacionados com o manejo dos resíduos.

5.2.3 PROPOSIÇÕES

Segundo dados da ANVISA (2006), é importante salientar que, das 149.000 toneladas de resíduos residenciais e comerciais geradas diariamente, apenas uma fração inferior a 2% é composta por RSS e, destes, apenas 10 a 25% necessitam de cuidados especiais. Portanto, a implantação de processos de segregação dos diferentes tipos de resíduos em sua fonte e no momento de sua geração conduz certamente à minimização de resíduos, em especial àqueles que requerem um tratamento prévio à disposição final.

Quanto aos resíduos onde predominam os riscos biológicos, deve-se considerar o conceito de cadeia de transmissibilidade de doenças, que envolve características do agente agressor, tais como capacidade de sobrevivência, virulência, concentração e resistência, da porta de entrada do agente às condições de defesas naturais do receptor.

A gestão compreende as ações referentes às tomadas de decisões nos aspectos administrativo, operacional, financeiro, social e ambiental e tem no planejamento integrado um importante instrumento para o efetivo gerenciamento de resíduos em todas as suas etapas, geração, segregação, acondicionamento, transporte, até a disposição final, possibilitando que se estabeleça de forma sistemática e integrada, em cada uma delas, metas, programas, sistemas organizacionais e tecnologias, compatíveis com a realidade local.

Segundo a RDC ANVISA nº 306/04, o gerenciamento dos RSS consiste em um conjunto de procedimentos planejados e implementados, a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais. Tem o objetivo de minimizar a geração de resíduos e proporcionar um manejo seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, à preservação da saúde, dos recursos naturais e do meio ambiente. Com o planejamento, a adequação dos procedimentos de manejo, o sistema de sinalização e o uso de equipamentos apropriados, não só é possível diminuir os riscos, como reduzir as quantidades de resíduos a serem tratados e, ainda, promover o reaproveitamento pela segregação de boa parte dos materiais recicláveis, reduzindo os custos de seu tratamento e disposição final que normalmente são altos.

a) Identificação dos Tipos de Resíduos

Consiste no conjunto de medidas que permite o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes, fornecendo informações ao correto manejo dos RSS. Os recipientes de coleta interna e externa, assim como os locais de armazenamento onde são dispostos os RSS, devem ser identificados em local de fácil visualização, de forma indelével, utilizando símbolos, cores e frases, além de outras exigências relacionadas à identificação de conteúdo e aos riscos específicos de cada grupo de resíduos.

São admissíveis outras formas de segregação, acondicionamento e identificação dos recipientes desses resíduos para fins de reciclagem, de acordo com as características específicas das rotinas de cada serviço, devendo estar contempladas no PGRSS.

Page 67: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

67

b) Acondicionamento dos RSS

Consiste no ato de embalar os resíduos segregados, em sacos ou recipientes. A capacidade dos recipientes de acondicionamento deve ser compatível com a geração diária de cada tipo de resíduo. Um acondicionamento inadequado compromete a segurança do processo e o encarece. Recipientes inadequados ou improvisados (pouco resistentes, mal fechados ou muito pesados), construídos com materiais sem a devida proteção, aumentam o risco de acidentes de trabalho. Os resíduos não devem ultrapassar 2/3 do volume dos recipientes.

Recomendações Gerais

Os sacos de acondicionamento devem ser constituídos de material resistente a ruptura e vazamento, sendo impermeável, respeitados os limites de peso de cada saco, sendo proibido o seu esvaziamento ou reaproveitamento.

Os sacos devem estar contidos em recipientes de material lavável, resistente a ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura sem contato manual, com cantos arredondados e ser resistentes ao tombamento.

Os recipientes de acondicionamento existentes nas salas de cirurgia e nas salas de parto não necessitam de tampa para vedação, devendo os resíduos serem recolhidos imediatamente após o término dos procedimentos.

Os resíduos líquidos devem ser acondicionados em recipientes constituídos de material compatível com o líquido armazenado, resistentes, rígidos e estanques, com tampa rosqueada e vedante.

Os resíduos perfurocortantes ou escarificantes do Grupo E, devem ser acondicionados separadamente, no local de sua geração, imediatamente após o uso, em recipiente rígido, estanque, resistente a punctura, ruptura e vazamento, sendo impermeável, com tampa, contendo a simbologia adequada.

c) Coleta e Transporte Interno dos RSS

A coleta e o transporte interno dos RSS consistem no traslado dos resíduos dos pontos de geração até local destinado ao armazenamento temporário ou armazenamento externo, com a finalidade de disponibilização para a coleta.

É nessa fase que o processo se torna visível para o usuário e o público em geral, pois os resíduos são transportados nos equipamentos de coleta (carros de coleta) em áreas comuns.

Recomendações Gerais

A coleta e o transporte devem atender ao roteiro previamente definido e devem ser feitos em horários, sempre que factível, não coincidentes com a distribuição de roupas, alimentos e medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas ou de atividades. A coleta deve ser feita separadamente, de acordo com o grupo de resíduos e em recipientes específicos a cada grupo de resíduos.

Page 68: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

68

A coleta interna de RSS deve ser planejada com base no tipo de RSS, volume gerado, roteiros (itinerários), dimensionamento dos abrigos, regularidade, freqüência de horários de coleta externa. Deve ser dimensionada considerando o número de funcionários disponíveis, número de carros de coletas, EPIs e demais ferramentas e utensílios necessários.

O transporte interno dos recipientes deve ser realizado sem esforço excessivo ou risco de acidente para o funcionário. Após as coletas, o funcionário deve lavar as mãos ainda enluvadas, retirar as luvas e colocá-las em local próprio. Ressalte-se que o funcionário também deve lavar as mãos antes de calçar as luvas e depois de retirá-las.

Os equipamentos para transporte interno (carros de coleta) devem ser constituídos de material rígido, lavável, impermeável e providos de tampa articulada ao próprio corpo do equipamento, cantos e bordas arredondados, rodas revestidas de material que reduza o ruído. Também devem ser identificados com o símbolo correspondente ao risco do resíduo nele contido. Os recipientes com mais de 400 litros de capacidade devem possuir válvula de dreno no fundo.

O equipamento com rodas para o transporte interno de rejeitos radioativos, além das especificações anteriores, deve ser provido de recipiente com sistema de blindagem, com tampa para acomodação de sacos de rejeitos radioativos, devendo ser monitorado a cada operação de transporte e ser submetido à descontaminação, quando necessário.

Independentemente de seu volume, não poderá possuir válvula de drenagem no fundo. O uso de recipientes desprovidos de rodas requer que sejam respeitados os limites de carga permitidos para o transporte pelos trabalhadores, conforme normas reguladoras do Ministério do Trabalho e Emprego.

Recomendações específicas para a operação de coleta interna:

� os carros de coleta devem ter, preferencialmente, pneus de borracha e estar devidamente identificados com símbolos de risco;

� estabelecer turnos, horários e freqüência de coleta;

� sinalizar o itinerário da coleta de forma apropriada;

� não utilizar transporte por meio de dutos ou tubos de queda;

� diferenciar as coletas, isto é, executá-las com itinerários e horários diferentes segundo o tipo de resíduo;

� coletar resíduos recicláveis de forma separada;

� fazer a manutenção preventiva dos carros para a coleta interna e higienizá-los ao final de cada coleta.

Page 69: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

69

d) Armazenamento Temporário dos RSS

Consiste na guarda temporária dos recipientes contendo os resíduos já acondicionados, em local próximo aos pontos de geração, visando agilizar a coleta dentro do estabelecimento e otimizar o deslocamento entre os pontos geradores e o ponto destinado à disponibilização para coleta externa.

Recomendações Gerais

Dependendo da distância entre os pontos de geração de resíduos e do armazenamento externo, poderá ser dispensado o armazenamento temporário, sendo o encaminhamento direto ao armazenamento para coleta externa.

Não poderá ser feito armazenamento temporário com disposição direta dos sacos sobre o piso ou sobrepiso, sendo obrigatória a conservação dos sacos em recipientes de acondicionamento.

Quando o armazenamento temporário for feito em local exclusivo, deve ser identificado como sala de resíduo que pode ser um compartimento adaptado para isso, caso não tenha sido concebida na construção, desde que atenda às exigências legais para este tipo de ambiente. A quantidade de salas de resíduos será definida em função do porte, quantidade de resíduos, distância entre pontos de geração e lay-out do estabelecimento.

Dependendo do volume de geração e da funcionalidade do estabelecimento, poderá ser utilizada a "sala de utilidades" de forma compartilhada. Nesse caso, além da área mínima de seis metros quadrados destinados à sala de utilidades, deverá dispor, no mínimo, de mais dois metros quadrados para armazenar dois recipientes coletores para posterior traslado até a área de armazenamento externo.

A sala para guarda de recipientes de transporte interno de resíduos deve ter pisos e paredes lisas e laváveis, sendo o piso, além disso, resistente ao tráfego dos recipientes coletores. Deve possuir iluminação artificial e área suficiente para armazenar, no mínimo, dois recipientes coletores, para o posterior traslado até a área de armazenamento externo. Para melhor higienização é recomendável a existência de ponto de água e ralo sifonado com tampa escamoteável.

No armazenamento temporário não é permitida a retirada dos sacos de resíduos de dentro dos recipientes coletores ali estacionados.

Os resíduos de fácil putrefação que venham a ser coletados por período superior a 24 horas de seu armazenamento devem ser conservados sob refrigeração e, quando não for possível, ser submetidos a outro método de conservação.

O local para o armazenamento dos resíduos químicos deve ser de alvenaria, fechado, dotado de aberturas teladas para ventilação, com dispositivo que impeça a luz solar direta, pisos e paredes em materiais laváveis com sistema de retenção de líquidos.

Page 70: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

70

e) Armazenamento Externo

O armazenamento temporário externo consiste no acondicionamento dos resíduos em abrigo, em recipientes coletores adequados, em ambiente exclusivo e com acesso facilitado para os veículos coletores, no aguardo da realização da etapa de coleta externa.

Recomendações Gerais

O abrigo de resíduos deve ser dimensionado de acordo com o volume de resíduos gerados, com capacidade de armazenamento compatível com a periodicidade de coleta do sistema de limpeza urbana local. Deve ser construído em ambiente exclusivo, possuindo, no mínimo, um ambiente separado para o armazenamento de recipientes de resíduos do grupo A, juntamente com o grupo E um ambiente para o grupo D. O local desse armazenamento externo de RSS deve apresentar as seguintes características:

� Acessibilidade: o ambiente deve estar localizado e construído de forma a permitir acesso facilitado para os recipientes de transporte e para os veículos coletores;

� Exclusividade: o ambiente deve ser utilizado somente para o armazenamento de resíduos;

� Segurança: o ambiente deve reunir condições físicas estruturais adequadas, impedindo a ação do sol, chuva, ventos, assim como não permitir que pessoas não autorizadas ou animais tenham acesso ao local;

� Higiene e Saneamento: deve haver local para higienização dos carrinhos e contenedores; o ambiente deve contar com boa iluminação e ventilação e ter pisos e paredes revestidos com materiais resistentes aos processos de higienização.

Recomendações Específicas

O abrigo de resíduos do Grupo A deve atender aos seguintes requisitos:

� ser construído em alvenaria, fechado, dotado apenas de aberturas para ventilação, teladas, que possibilitem uma área mínima de ventilação correspondente a 1/20 da área do piso e não inferior a 0,20 m2;

� ser revestido internamente (piso e paredes) com material liso, lavável, impermeável, resistente ao tráfego e impacto;

� ter porta provida de tela de proteção contra roedores e vetores, de largura compatível com as dimensões dos recipientes de coleta externa;

� possuir símbolo de identificação, em local de fácil visualização, de acordo com a natureza do resíduo;

� possuir área específica de higienização para limpeza e desinfecção simultânea dos recipientes coletores e demais equipamentos utilizados no manejo de RSS.

Page 71: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

71

A área deve possuir cobertura, dimensões compatíveis com os equipamentos que serão submetidos à limpeza e higienização, piso e paredes lisos, impermeáveis, laváveis, ser provida de pontos de iluminação e tomada elétrica, ponto de água, canaletas de escoamento de águas servidas direcionadas para a rede de esgotos do estabelecimento e ralo sifonado provido de tampa que permita a sua vedação.

O estabelecimento gerador de resíduos de serviços de saúde, cuja produção semanal não exceda 700 litros e cuja produção diária não exceda 150 litros, pode optar pela instalação de um abrigo reduzido, com as seguintes características:

� ser exclusivo para guarda temporária de RSS, devidamente acondicionados em recipientes;

� ter piso, paredes, porta e teto de material liso, impermeável, lavável, resistente ao impacto;

� ter ventilação mínima de duas aberturas de 10 cm x 20 cm cada (localizadas uma a 20 cm do piso e outra a 20 cm do teto), abrindo para a área externa. A critério da autoridade sanitária, essas aberturas podem dar para áreas internas do estabelecimento;

� ter piso com caimento mínimo de 2% para o lado oposto à entrada, sendo recomendada a instalação de ralo sifonado ligado a rede de esgoto sanitário;

� ter identificação na porta com o símbolo de acordo com o tipo de resíduo armazenado;

� ter localização tal que não abra diretamente para áreas de permanência de pessoas, dando-se preferência a locais de fácil acesso a coleta externa.

O abrigo de resíduos do grupo B deve ser projetado, construído e operado de modo a:

� ser em alvenaria, fechado, dotado apenas de aberturas teladas que possibilitem uma área de ventilação adequada;

� ser revestido internamente (piso e parede) com material de acabamento liso, resistente ao tráfego e impacto, lavável e impermeável;

� ter porta dotada de proteção inferior, impedindo o acesso de vetores e roedores;

� ter piso com caimento na direção das canaletas ou ralos;

� estar identificado, em local de fácil visualização, com sinalização de segurança - com as palavras RESÍDUOS QUÍMICOS - com símbolo;

� prever a blindagem dos pontos internos de energia elétrica, quando houver armazenamento de resíduos inflamáveis;

� ter dispositivo de forma a evitar incidência direta de luz solar;

Page 72: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

72

� ter sistema de combate a incêndio por meio de extintores de CO2 e PQS (pó químico seco);

� ter kit de emergência para os casos de derramamento ou vazamento, incluindo produtos absorventes;

� armazenar os resíduos constituídos de produtos perigosos corrosivos e inflamáveis próximos ao piso;

� observar as medidas de segurança recomendadas para produtos químicos que podem formar peróxidos;

� não receber nem armazenar resíduos sem identificação;

� organizar o armazenamento de acordo com critérios de compatibilidade, segregando os resíduos em bandejas;

� manter registro dos resíduos recebidos;

� manter o local trancado, impedindo o acesso de pessoas não autorizadas.

f) Coleta e Transporte Externo dos RSS

A coleta externa consiste na remoção dos RSS do abrigo de resíduos (armazenamento externo) até a unidade de tratamento ou disposição final, pela utilização de técnicas que garantam a preservação das condições de acondicionamento e a integridade dos trabalhadores, da população e do meio ambiente. Deve estar de acordo com as regulamentações do órgão de limpeza urbana.

Recomendações Gerais

No transporte dos RSS, podem ser utilizados diferentes tipos de veículos, de pequeno até grande porte, dependendo das definições técnicas dos sistemas municipais. Geralmente para esses resíduos são utilizados dois tipos de carrocerias: montadas sobre chassi de veículos e do tipo furgão, ambas sem ou com baixa compactação, para evitar que os sacos se rompam. Os sacos nunca devem ser retirados do suporte durante o transporte, também para evitar ruptura. Para que o gerenciamento dentro e fora do estabelecimento possa ser eficaz é necessário que o poder público se envolva e estabeleça leis e regulamentos sobre a gestão de resíduos de serviços de saúde, assumindo o seu papel de gestor local. O pessoal envolvido na coleta e transporte dos RSS deve observar rigorosamente a utilização dos EPIs e EPCs adequados.

Em caso de acidente de pequenas proporções, a própria equipe encarregada da coleta externa deve retirar os resíduos do local atingido, efetuando a limpeza e desinfecção simultânea, mediante o uso dos EPIs e EPCs adequados. Em caso de acidente de grandes proporções, a empresa e/ou administração responsável pela execução da coleta externa deve notificar imediatamente os órgãos municipais e estaduais de controle ambiental e de saúde pública.

Page 73: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

73

Ao final de cada turno de trabalho, o veículo coletor deve sofrer limpeza e desinfecção simultânea, mediante o uso de jato de água, preferencialmente quente e sob pressão. Esses veículos não podem ser lavados em postos de abastecimento comuns. O método de desinfecção do veículo deve ser alvo de avaliação por parte do órgão que licencia o veículo coletor.

Recomendações específicas

Para a coleta de RSS do Grupo A, o veículo deve ter os seguintes requisitos:

� ter superfícies internas lisas, de cantos arredondados e de forma a facilitar a higienização;

� não permitir vazamentos de líquidos e ser provido de ventilação adequada;

� sempre que a forma de carregamento for manual, a altura de carga deve ser inferior a 1,20m;

� quando possuir sistema de carga e descarga, este deve operar de forma a não permitir o rompimento dos recipientes;

� quando forem utilizados contenedores, o veículo deve ser dotado de equipamento hidráulico de basculamento;

� para veículo com capacidade superior a 1 tonelada, a descarga pode ser mecânica; para veículo com capacidade inferior a 1 tonelada, a descarga pode ser mecânica ou manual;

� o veículo coletor deve contar com os seguintes equipamentos auxiliares: pá, rodo, saco plástico de reserva, solução desinfectante;

� devem constar em local visível o nome da municipalidade, o nome da empresa coletora (endereço e telefone), a especificação dos resíduos transportáveis, com o numero ou código estabelecido na NBR 10004, e o número do veículo coletor;

� com sinalização externa;

� exibir a simbologia para o transporte rodoviário;

� ter documentação que identifique a conformidade para a execução da coleta, pelo órgão competente.

Para a coleta de RSS do Grupo B, resíduos químicos perigosos, o veículo deve atender aos seguintes requisitos:

� observar o Decreto Federal nº 96.044, de 18 de maio de 1988, e a Portaria Federal nº 204, de 20 de maio de 1997;

Page 74: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

74

� portar documentos de inspeção e capacitação, em validade, atestando a sua adequação, emitidos pelo Instituto de Pesos e Medidas ou entidade por ele credenciada.

g) Tecnologias de Tratamento dos RSS

Entende-se por tratamento dos resíduos sólidos, de forma genérica, quaisquer processos manuais, mecânicos, físicos, químicos ou biológicos que alterem as características dos resíduos, visando à minimização do risco à saúde, a preservação da qualidade do meio ambiente, a segurança e a saúde do trabalhador.

Pela Resolução ANVISA nº 306/04, o tratamento consiste na aplicação de método, técnica ou processo que modifique as características dos riscos inerentes aos resíduos, reduzindo ou eliminando o risco de contaminação, de acidentes ocupacionais ou de danos ao meio ambiente.

O tratamento pode ser feito no estabelecimento gerador ou em outro local, observadas, nestes casos, as condições de segurança para o transporte entre o estabelecimento gerador e o local do tratamento. Os sistemas para tratamento de RSS devem ser objeto de licenciamento ambiental, de acordo com a Resolução CONAMA nº 237/97, e são passíveis de fiscalização e de controle pelos órgãos de vigilância sanitária e de meio ambiente.

Há várias formas de se proceder ao tratamento: desinfecção química ou térmica (autoclavagem, microondas, incineração), detalhados a seguir.

Desinfecção para tratamento dos resíduos do Grupo A

As tecnologias de desinfecção mais conhecidas são a autoclavagem, o uso do microondas e a incineração. Essas tecnologias alternativas de tratamento de resíduos de serviços de saúde permitem um encaminhamento dos resíduos tratados para o circuito normal de resíduos sólidos urbanos (RSU), sem qualquer risco para a saúde pública.

Autoclavagem

É um tratamento que consiste em manter o material contaminado em contato com vapor de água, a uma temperatura elevada, durante período de tempo suficiente para destruir potenciais agentes patogênicos ou reduzi-los a um nível que não constitua risco. O processo de autoclavagem inclui ciclos de compressão e de descompressão de forma a facilitar o contato entre o vapor e os resíduos. Os valores usuais de pressão são da ordem dos 3 a 3,5 bar e a temperatura atinge os 135ºC. Esse processo tem a vantagem de ser familiar aos técnicos de saúde, que o utilizam para processar diversos tipos de materiais hospitalares.

Após processados, esses resíduos sólidos tratados devem ser encaminhados para disposição final licenciada pelo órgão ambiental competente. Os efluentes líquidos gerados pelo sistema de autoclavagem devem ser tratados, se necessário, e atender aos limites de emissão dos poluentes estabelecidos na legislação ambiental vigente, antes de seu lançamento em corpo de água ou rede de esgoto.

Page 75: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

75

Tratamento com utilização de microondas de baixa ou de alta frequência

É uma tecnologia relativamente recente de tratamento de resíduo de serviços de saúde e consiste na descontaminação dos resíduos com emissão de ondas de alta ou de baixa freqüência, a uma temperatura elevada (entre 95 e 105ºC). Os resíduos devem ser submetidos previamente a processo de trituração e umidificação. Esse sistema de tratamento deve estar licenciado pelo órgão ambiental competente. Após processados, esses resíduos tratados devem ser encaminhados para aterro sanitário licenciado pelo órgão ambiental.

Tratamento térmico por incineração

É um processo de tratamento de resíduos sólidos que se define como a reação química em que os materiais orgânicos combustíveis são gaseificados, num período de tempo prefixado. O processo se dá pela oxidação dos resíduos com a ajuda do oxigênio contido no ar. A incineração dos resíduos é um processo físico-químico de oxidação temperaturas elevadas que resulta na transformação de materiais com redução de volume dos resíduos, destruição de matéria orgânica, em especial de organismos patogênicos.

A concepção de incineração em dois estágios segue os seguintes princípios: temperatura, tempo de resistência e turbulência. No primeiro estágio, os resíduos na câmara de incineração de resíduos são submetidos à temperatura mínima de 800ºC, resultando na formação de gases que são processados na câmara de combustão. No segundo estágio, as temperaturas chegam a 1000ºC-1200ºC (E15011).

Após a incineração dos RSS, os poluentes gasosos gerados devem ser processados em equipamento de controle de poluição (ECP) antes de serem liberados para a atmosfera, atendendo aos limites de emissão estabelecidos pelo órgão de meio ambiente. Dentre os poluentes produzidos destacam-se ácido clorídrico, ácido fluorídrico, óxidos de enxofre, óxidos de nitrogênio, metais pesados, particulados, dioxinas e furanos.

Além dos efluentes gasosos gerados no sistema de incineração, ocorre a geração de cinzas e escórias da câmara de incineração de resíduos e outros poluentes sólidos do ECP, bem como efluentes líquidos gerados da atividade desse sistema de tratamento. As cinzas e escórias, em geral, contêm metais pesados em alta concentração e não podem, por isso, ir para aterros sanitários, sendo necessário um aterro especial para resíduos perigosos. Os efluentes líquidos gerados pelo sistema de incineração devem atender aos limites de emissão de poluentes estabelecidos na legislação ambiental vigente.

h) Disposição Final dos RSS

Consiste na disposição definitiva de resíduos no solo ou em locais previamente preparados para recebê-los. Pela legislação brasileira a disposição deve obedecer a critérios técnicos de construção e operação, para as quais é exigido licenciamento ambiental de acordo com a Resolução CONAMA nº 237/97. O projeto deve seguir as normas da ABNT.

As formas de disposição final dos RSS atualmente utilizadas são: aterro sanitário, aterro de resíduos perigosos classe I (para resíduos industriais), aterro controlado, lixão ou vazadouro e valas.

Page 76: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

76

Aterro Sanitário

É um processo utilizado para a disposição de resíduos sólidos no solo de forma segura e controlada, garantindo a preservação ambiental e a saúde pública. O sistema está fundamentado em critérios de engenharia e normas operacionais específicas.

Esse método consiste na compactação dos resíduos em camada sobre o solo devidamente impermeabilizado (empregando-se, por exemplo, um trator de esteira) e no controle dos efluentes líquidos e emissões gasosas.

Seu recobrimento é feito diariamente com camada de solo, compactada com espessura de 20 cm, para evitar proliferação de moscas; aparecimento de roedores, moscas e baratas; espalhamento de papéis, lixo, pelos arredores; poluição das águas superficiais e subterrâneas. O principal objetivo do aterro sanitário é dispor os resíduos no solo de forma segura e controlada, garantindo a preservação ambiental e a saúde.

Aterro de Resíduos Perigosos - Classe I - Aterro Industrial

Técnica de disposição final de resíduos químicos no solo, sem causar danos ou riscos à saúde pública, minimizando os impactos ambientais e utilizando procedimentos específicos de engenharia para o confinamento.

Lixão ou Vazadouro

É considerado um método inadequado de disposição de resíduos sólidos e se caracteriza pela simples descarga de resíduos sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente e à saúde. É altamente prejudicial à saúde e ao meio ambiente, devido a aparecimento de vetores indesejáveis, mau cheiro, contaminação das águas superficiais e subterrâneas, presença de catadores, bem como a existência de risco de explosões, devido à geração de gases (CH4) oriundos da degradação do lixo.

Aterro Controlado

Trata-se de um lixão aprimorado. Nesse sistema, os resíduos são descarregados no solo, com recobrimento de camada de material inerte, diariamente. Essa forma não evita os problemas de poluição, pois é carente de sistemas de drenagem, tratamento de líquidos, gases, impermeabilização, além de outros cuidados essenciais.

Valas Sépticas

Essa técnica envolve a impermeabilização do solo de acordo com a norma da ABNT, é chamada de Célula Especial de RSS e é empregada em pequenos municípios. Consiste no preenchimento de valas escavadas impermeabilizadas, com largura e profundidade proporcionais à quantidade de lixo a ser aterrada. A terra é retirada com retro-escavadeira ou trator que deve ficar próxima às valas e, posteriormente, ser usada na cobertura diária dos resíduos. Os veículos de coleta depositam os resíduos sem compactação diretamente no interior da vala e, no final do dia, é efetuada sua cobertura com terra, podendo ser feita manualmente ou por meio de máquina.

De acordo com a Resolução CONAMA nº 358/04 para os municípios ou associações de municípios com população urbana até 30.000 habitantes, e que não disponham de aterro

Page 77: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

77

sanitário licenciado, admite-se a disposição final em solo obedecendo aos critérios mínimos estabelecidos no Anexo II daquela Resolução, com a devida aprovação do órgão de meio ambiente. Essa condição é admitida de forma excepcional, e tecnicamente motivada, por meio de termo de ajuste de conduta, com cronograma definido das etapas de implantação e com prazo máximo de três anos.

i) Reciclagem de RSS

A Resolução RDC ANVISA nº 306/04 define reciclagem como o processo de transformação dos resíduos que utiliza técnicas de beneficiamento para reprocessamento ou obtenção de matéria-prima para fabricação de novos produtos. Os resíduos que são utilizados freqüentemente na reciclagem são: matéria orgânica; papel; plástico; metal; vidro; e entulhos. Os benefícios da reciclagem são:

� diminuição da quantidade de resíduos a ser disposta no solo;

� economia de energia;

� preservação de recursos naturais e outros.

Reciclagem de Matéria Orgânica - Compostagem

A compostagem é a decomposição da matéria orgânica proveniente de restos de origem animal ou vegetal, por meio de processos biológicos microbianos. O produto final é chamado de composto e é aplicado no solo com o objetivo de melhorar suas características, sem comprometer o meio ambiente. As características do composto devem seguir as normativas especificadas pelo Ministério da Agricultura. Em um estabelecimento de serviços de saúde pode-se encontrar a matéria orgânica para a compostagem nos restos de alimentos provenientes da cozinha, das podas de árvores e jardins.

Reciclagem de Papel

É a técnica que emprega papéis usados para a fabricação de novos papéis. A maioria dos papéis é reciclável. Em um estabelecimento prestador de serviços de saúde esta matéria-prima está nas embalagens, papel de escritório, incluindo os de carta, blocos de anotações, copiadoras, impressoras, revistas e folhetos.

Reciclagem de Plásticos

É a conversão de resíduos plásticos descartados no lixo em novos produtos. Em um estabelecimento prestador de serviços de saúde podem ser encontrados: baldes, garrafas de água mineral, frascos de detergentes e de produtos de limpeza, garrafas de refrigerantes, sacos de leite, além de outros.

Page 78: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

78

Reciclagem de Vidro

O vidro é um material não poroso que resiste a altas temperaturas, sem que haja perda de suas propriedades físicas e químicas. As embalagens de vidro podem ser reutilizadas diversas vezes. O vidro é 100% reciclável. Assim, todas as embalagens de vidro, que não apresentem risco biológico, radiológico e químico, encontradas em um estabelecimento prestador de serviços de saúde, podem ser recicláveis.

Reciclagem de Metais

Engloba os metais ferrosos e os não ferrosos. O de maior interesse e valor comercial é o metal não ferroso, pois é grande sua procura pelas grandes indústrias. Algumas embalagens, porém, não podem ser utilizadas para a reciclagem, como latas de conservas alimentícias, de óleo, de tinta a base de água e de bebidas.

Reciclagem de resíduos da construção civil

É o reaproveitamento de fragmentos ou restos de tijolo, concreto, argamassa, aço, madeira, provenientes do desperdício na construção, reforma e/ou demolição de estruturas da edificação, encontrados em estabelecimentos de saúde em construção ou em reforma.

Outros resíduos

Resíduos como pilhas e baterias, lâmpadas fluorescentes e resíduos tóxicos, contidos em embalagens (lata de tinta), também, são passíveis de reciclagem e possuem regulamentação específica.

j) Educação Continuada

O programa de educação continuada, previsto na RDC ANVISA nº 306/04, visa orientar, motivar, conscientizar e informar permanentemente a todos os envolvidos sobre os riscos e procedimentos adequados de manejo, de acordo com os preceitos do gerenciamento de resíduos. De acordo com a RDC ANVISA nº 306/04, os serviços geradores de RSS devem manter um programa de educação continuada, independente do vínculo empregatício dos profissionais. O sucesso do programa depende da participação consciente e da cooperação de todo o pessoal envolvido no processo. Normalmente, os profissionais envolvidos são: médicos, enfermeiros, auxiliares, pessoal de limpeza, coletores internos e externos, pessoal de manutenção e serviços.

O programa deve se apoiar em instrumentos de comunicação e sinalização e abordar os seguintes temas, de modo geral:

� noções gerais sobre o ciclo da vida dos materiais;

� conhecimento da legislação ambiental, de limpeza pública e de vigilância sanitária relativas aos RSS;

� visão básica do gerenciamento dos resíduos sólidos no município;

Page 79: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

79

� definições, tipo e classificação dos resíduos e seu potencial de risco;

� orientações sobre biossegurança (biológica, química e radiológica);

� orientações especiais e treinamento em proteção radiológica quando houver rejeitos radioativos;

� sistema de gerenciamento adotado internamente no estabelecimento;

� formas de reduzir a geração de resíduos e reutilização de materiais;

� identificação das classes de resíduos;

� conhecimento das responsabilidades e de tarefas;

� medidas a serem adotadas pelos trabalhadores na prevenção e no caso de ocorrência de incidentes, acidentes e situações emergenciais;

� orientações sobre o uso de Equipamentos de Proteção Individual - EPIs e Coletiva - EPCs específicos de cada atividade, bem como sobre a necessidade de mantê-los em perfeita higiene e estado de conservação;

� orientações sobre higiene pessoal e dos ambientes;

� conhecimento sobre a utilização dos veículos de coleta.

O programa deve ter em conta as constantes alterações no quadro funcional e na própria logística dos estabelecimentos e a necessidade de que os conhecimentos adquiridos sejam reforçados periodicamente.

O ideal é que o programa de educação seja ministrado:

� antes do início das atividades dos empregados;

� em periodicidade predefinida;

� sempre que ocorra uma mudança das condições de exposição dos trabalhadores aos agentes físicos, químicos, biológicos.

Recomendações Específicas

Nos programas de educação continuada, há de se levar em consideração que os profissionais que atuam no processo podem não ter em sua formação noções sobre cuidados ambientais. Via de regra, sua formação é específica, técnica e não proporciona o preparo necessário para a busca de condições que propiciem a minimização de riscos, tanto os que são inerentes à execução de suas atividades quanto os que envolvem o meio ambiente. Assim, são procedentes algumas sugestões para a consecução dessa tarefa:

� organizar a capacitação em módulos para as diferentes categorias envolvidas no processo, adequando a linguagem e conteúdos às funções e atividades e deixando

Page 80: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

80

claro seu respectivo nível de responsabilidade. É essencial definir metas, expectativas a serem atingidas e as competências para a execução das atividades;

� capacitar, sensibilizar e motivar médicos, enfermeiras e auxiliares em todos os assuntos relativos aos RSS, enfatizando o processo de segregação, uma vez que a segregação (separação e acondicionameto) dos RSS é a chave de todo o processo de manejo;

� ministrar a capacitação do pessoal de limpeza de maneira cuidadosa. Devem ser incluídos conhecimentos sobre o impacto da realização inadequada dos serviços no processo de gerenciamento de resíduos. Também devem ser ensinados princípios básicos de procedimentos, conforme define o item 20 da RDC nº 306/04;

� incluir um módulo de divulgação dirigido ao pessoal que não esteja diretamente envolvido com os RSS, para que conheçam os métodos utilizados e os possíveis riscos do ambiente de trabalho;

� agregar em todos os módulos de capacitação, informação sobre as situações de emergência;

� avaliar constantemente o programa de capacitação;

� utilizar técnicas participativas apoiadas por materiais audiovisuais, cartazes, folhetos, além de outras formas que se julgar necessárias.

Educação ampliada

Embora não conste como responsabilidade legal do gerador, ressalta-se a importância da educação ampliada, ou seja, a informação e educação de outros segmentos direta ou indiretamente envolvidos na gestão dos RSS. Esse programa de educação ampliada pode se dar a partir de eventos e materiais gráficos informativos, especialmente voltados à comunidade do entorno, aos pacientes e aos outros grupos que têm algum contato ou influência na gestão dos RSS.

Educação ao paciente

Também devem ser produzidos materiais de divulgação educativos a respeito das medidas de higiene e manejo adequado de RSS voltados aos pacientes, acompanhantes e visitantes. É necessário que eles também estejam conscientes dos riscos envolvidos, que saibam que existem áreas de risco e os tipos de RSS que são perigosos, assim como devem ser informados sobre os procedimentos de segregação adequados.

Educação do público externo

Consiste em informar e educar o público em geral: a população, especialmente as comunidades próximas à unidade de saúde, e as pessoas envolvidas na coleta de lixo. Nesse segmento se incluem as associações comunitárias, bem como os grupos vulneráveis,

Page 81: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

81

especialmente os catadores de lixo. Tanto crianças como adultos devem estar conscientes dos perigos que os RSS representam, para que evitem os riscos e para que informem as autoridades sobre situações anormais, como a venda de seringas usadas ou de recipientes de produtos químicos. Deve-se advertir aos usuários regulares sobre o perigo das seringas. O mesmo deve ser feito com relação à utilização de recipientes que tenham comportado produtos químicos perigosos, como os pesticidas, remédios, além de outros.

k) Saúde e Segurança do Trabalhador

A proteção à saúde e segurança dos trabalhadores nos estabelecimentos prestadores de serviços de saúde em geral deve ser considerada relevante para o cumprimento das metas estabelecidas no Programa de gerenciamento dos resíduos de Serviços de Saúde – PGRSS.

A proteção à saúde e segurança dos trabalhadores deverá estar contemplada na filosofia das três etapas fundamentais de análise de riscos:

� reconhecimento dos riscos existentes no processo de trabalho;

� estudo e análise da conjuntura existente, inclusive definindo pontos críticos de controle;

� controle dos riscos existentes.

Dentro da análise de riscos são especificadas prioridades para os níveis de intervenção das medidas de controle:

� 1ª prioridade: eliminação da fonte poluidora (ou contaminante);

� 2ª prioridade: controle de risco na fonte geradora (proteção coletiva);

� 3ª prioridade: controle do risco no meio, entre a fonte e os indivíduos (proteção coletiva);

� 4ª prioridade: controle do risco a que está exposto o indivíduo diretamente envolvido (proteção individual).

6. PLANO DE GESTÃO AMBIENTAL O Plano de Gestão Ambiental (PGA) do VIGISUS III contempla um conjunto de ações e intervenções que deverão garantir a melhoria da infraestrutura física do subsistema de saúde indígena do país e prevenir, minimizar ou compensar os impactos ambientais e sociais gerados pelas obras e/ou atividades do Projeto.

As ações e intervenções propostas estão organizadas em políticas e programas de caráter ambiental e social, cuja síntese está apresentada a seguir na Tabela 9.

Page 82: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

82

Tabela 9 – Estrutura do Plano de Gestão Ambiental

Programas Responsável

Gerenciamento Ambiental do Projeto No âmbito da SVS, DSAST Critérios e Procedimentos de Avaliação Ambiental de Projetos No âmbito da SVS, DSAST

Programa de Comunicação Social e de Educação Sanitária e Ambiental e em Saúde Distritos Sanitários Beneficiados

Programa de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde

Distritos Sanitários Beneficiados / Estabelecimentos de Saúde

Manual Ambiental de Construção Distritos Sanitários Beneficiados

6.1 GESTÃO AMBIENTAL DO PROJETO A gestão ambiental do VIGISUS deverá ser exercida, em nível nacional, pelo Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador (DSAST), da Secretaria de Vigilância em Saúde, e pelo Departamento de Saúde Indígena, da Funasa, e, em nível local, pelos Distritos Sanitários do Subsistema de Saúde Indígena. A divisão de competências entre os entes responsáveis pela gestão do VIGISUS pode ser representada da seguinte forma:

� DSAST e DESAI: terão a responsabilidade de coordenar as ações socioambientais do Projeto;

� Distritos Sanitários: fiscalizar, acompanhar e orientar a execução das medidas e condicionantes exigidas nas licenças ambientais e as recomendações das avaliações ambientais realizadas, específicas para cada subprojeto; promover a supervisão ambiental das obras, acompanhando a implementação do Manual Ambiental de Construção.

Para o cumprimento efetivo dessas tarefas, a estrutura desses Departamento deverá contar com uma equipe de profissionais que apresentem as competências necessárias para o tratamento das questões abordadas, devendo conter minimamente, um especialista ambiental, devendo ainda contar com o apoio de consultores ambientais adicionados quando necessário.

No âmbito dos Distritos Sanitários, deverá existir uma equipe de supervisão ambiental de obras, responsável por garantir a aplicação do Manual Ambiental de Construção. Essa equipe atuará em consonância com as orientações de cada Distrito e com o Manual Ambiental de Construção.

As principais funções referentes à Gestão Ambiental do Projeto são apresentadas da seguinte forma:

� Coordenação de Gestão Ambiental: será responsável pela coordenação das ações socioambientais do Projeto, devidamente articulados com os Distritos Sanitários;

� Supervisão Ambiental de Obras: deverá ser exercida pela equipe designada, que será responsável pela fiscalização, acompanhamento e orientação das ações ambientais relativas ao Manual Ambiental de Construção – MAC e às medidas indicadas nas licenças ambientais;

� Planejamento Ambiental de Obras: as ações de planejamento ambiental das obras são de responsabilidade das empresas construtoras que deverão seguir o Manual Ambiental de Construção e implementar as medidas constantes das licenças ambientais e do Edital de Contratação de Obras.

Page 83: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

83

Gestão Ambiental (DSAST/SVS e DESAI/Funasa)

É responsável pela coordenação das ações relativas aos Programas constantes do presente PGA, entre os quais:

� Programa de Comunicação Social e de Educação Sanitária e Ambiental;

� Programa de Educação em Saúde;

� Programa de Educação Continuada para Gerenciamento de Resíduos dos Serviços de Saúde;

� Programa de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde.

Além disso, deverá supervisionar a execução do Manual Ambiental de Construção implementado pelo nível local.

Além das responsabilidades gerais acima descritas, são atribuições específicas da Coordenação Ambiental Nacional:

� acompanhar a elaboração da concepção das intervenções dos componentes e atividades e garantir a adoção de critérios de concepção e avaliação das intervenções do Projeto;

� articular-se permanentemente com as demais coordenações setoriais considerando, em especial:

o programas constantes do Plano de Gestão ambiental – PGA;

o as questões do Planejamento Ambiental de Obras;

� articular-se com os Distritos Sanitários no que diz respeito aos processos de licenciamento ambiental dos componentes e atividades do Projeto;

� garantir que as ações de comunicação social, relativas à convivência com as obras, estejam devidamente articuladas com o planejamento de obras;

� acompanhar a execução do Manual Ambiental de Construção em conjunto com os Distritos Sanitários na Supervisão Ambiental de Obras;

� elaborar, periodicamente, avaliação sobre a eficiência dos programas ambientais e sobre os ajustes necessários;

� preparar e apresentar relatórios periódicos de supervisão ambiental à Coordenação Nacional e ao Banco Mundial. Os relatórios de supervisão devem ser, no mínimo, trimestrais,

� cuidar, também, dos questionamentos da sociedade civil, incluindo as Organizações Não-Governamentais (ONG) e outras partes interessadas nas obras e nos sub-programas ambientais do empreendimento.

Page 84: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

84

Aos Distritos Sanitários, caberá a responsabilidade pelo cumprimento dos requisitos ambientais previstos na execução das obras, notadamente:

� nos contratos com as empresas construtoras;

� nos estudos ambientais e de controle ambiental;

� na legislação e nas normas nacionais, estaduais e municipais;

� nas licenças de instalação (LI);

� nos regulamentos da entidade financiadora (Banco Mundial);

� decidir sobre ações e procedimentos de obras, de modo a evitar, minimizar, controlar ou mitigar impactos potenciais;

� aprovar, em conjunto com a coordenação nacional, as penalidades às empresas construtoras, no caso de não atendimento dos requisitos técnicos e ambientais, ou seja, na situação de configuração de não – conformidades significativas e não resolvidas no âmbito das reuniões quinzenais de planejamento de obras;

� aprovar, em conjunto com a Coordenação Nacional, no caso de ações que tragam impactos ambientais significativos ou de continuidade sistemática de não-conformidades significativas, a paralisação das obras no trecho considerado de modo a possibilitar a adoção, a tempo, de medidas corretivas.

Supervisão Ambiental de Obras

De acordo com o arranjo institucional proposto para o gerenciamento e execução do VIGISUS, a função de supervisão das obras é realizada pelos Distritos Sanitários. Para tanto, cada Distrito deverá dispor de uma equipe técnica com profissionais responsáveis pelo acompanhamento do cumprimento dos requisitos técnicos e ambientais que constam do contrato de execução das obras. Esses profissionais serão responsáveis por verificar e atestar que todas as atividades relativas ao meio ambiente envolvidas na construção das obras serão executadas em conformidade com os padrões de qualidade ambiental recomendados nas especificações de construção e montagem, nas licenças ambientais expedidas e no Manual Ambiental de Construção.

A supervisão ambiental deve trabalhar em coordenação permanente com os demais integrantes da gestão ambiental do empreendimento, executando inspeções técnicas nas diferentes frentes de obra ou atividades correlatas em desenvolvimento.

À Supervisão Ambiental caberá:

� acordar, aprovar e revisar o planejamento ambiental de obras, por meio de reuniões quinzenais com a coordenação ambiental do programa e os responsáveis ambientais de cada construtora / lote de obras;

Page 85: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

85

� implementar inspeções ambientais, para verificar o grau de adequação das atividades executadas, em relação aos requisitos ambientais estabelecidos para as obras e subprogramas ambientais a elas ligados;

� verificar o atendimento às exigências dos órgãos ambientais relativas ao processo de licenciamento do empreendimento e às recomendações das entidades financiadoras internacionais;

� inspecionar, periodicamente, e sem aviso prévio, as distintas frentes de serviço no campo, para acompanhar a execução das obras e sua adequação ou não aos programas de gestão ambiental;

� avaliar as atividades das equipes ambientais das empresas construtoras;

� sugerir ações e procedimentos, de modo a evitar, minimizar, controlar ou mitigar impactos potenciais;

� propor, no caso de não atendimento dos requisitos ambientais, ou seja, na situação de configuração de não – conformidades significativas e não resolvidas no âmbito das reuniões quinzenais de planejamento, penalidades contra a empresa construtora;

� avaliar, no caso de ações que tragam impactos ambientais significativos ou de continuidade sistemática de não-conformidades significativas, a necessidade de paralisação das obras no trecho considerado de modo a possibilitar a adoção, a tempo, de medidas corretivas. Nesse caso, a supervisão deve preparar relatório sintético à coordenação de gestão sócioambiental, informando das questões envolvidas e da proposição de paralisação;

� avaliar periodicamente a eficiência dos programas ambientais relacionados às intervenções físicas previstas e propor os ajustes necessários;

� preparar e apresentar relatórios periódicos de supervisão ambiental ao empreendedor e às entidades financiadoras nacionais e internacionais. Os relatórios de supervisão deverão ser, no mínimo, trimestrais.

Planejamento Ambiental das Obras

Os editais de licitação das obras deverão prever a exigência de aplicação e cumprimento do Manual Ambiental de Construção.

O Planejamento Ambiental deve ser realizado logo ao início do contrato com a empresa construtora e atualizado permanentemente.

A empresa construtora deverá, 30 dias antes do início das obras, apresentar à supervisão ambiental um detalhamento do Manual Ambiental de Construção, com base: (i) no projeto executivo elaborado; (ii) nas diretrizes gerais constantes do Manual Ambiental de Construção; (iii) nos programas constantes nos estudos ambientais; (iv) nas medidas constantes das Licenças de Instalação (LI).

Page 86: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

86

O planejamento ambiental das obras a serem executadas deverá prever: (i) um plano global para o lote contratado; e (ii) plano detalhado para o período de 3 meses.

Nesses planos deverão constar:

� os métodos de construção propostos para cada tipo de intervenção;

� o planejamento de sua execução;

� os principais aspectos ambientais a serem considerados e as principais medidas construtivas a serem adotadas;

� as interferências previstas com redes de infraestrutura e a articulação com as concessionárias de serviços públicos com vistas à sua compatibilização / solução;

� a articulação com os programas ambientais previstos no PGA.

O início das obras só será autorizado pela Coordenação Nacional, após parecer favorável da Supervisão Ambiental, do Plano Ambiental acima proposto. O planejamento ambiental deve ser reavaliado mensalmente e a reunião quinzenal de planejamento ambiental deve ter como pauta, em geral:

� apresentação, pela construtora, do planejamento da construção para o mês seguinte, de forma global;

� apresentação, pela construtora, dos serviços a serem executados na quinzena seguinte, de forma detalhada;

� discussão, entre o responsável ambiental da construtora, o Coordenador Ambiental da COMPESA e os responsáveis da supervisora, sobre os aspectos ambientais relevantes relacionados ao planejamento da construção, para o mês seguinte;

� discussão dos aspectos ambientais relevantes relacionados aos serviços a serem executados na quinzena seguinte, de forma detalhada, com o estabelecimento de diretrizes e recomendações a serem seguidas pela construtora e que serão alvo de controle, no período, pela supervisora ambiental;

� discussão das eventuais não-conformidades observadas na semana anterior, cobrança das medidas tomadas para saná-las e eventual determinação de outras a serem tomadas;

� outros assuntos relacionados, tais como a situação do licenciamento e fiscalização pelo órgão ambiental, andamento de outros programas ambientais específicos.

A realização dessa reunião quinzenal, que deve ser rápida e objetiva, possibilita não só planejar adequadamente os trabalhos de implantação das obras, como verificar o cumprimento desse planejamento, em um horizonte de tempo que permita ao Gerenciamento Ambiental estar sempre à frente das atividades da construção, podendo, dessa forma, atuar preventivamente na conservação do meio ambiente.

Page 87: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

87

Relatórios Ambientais durante a Construção

Durante a execução das obras, o acompanhamento dos aspectos ambientais deve ser realizado por meio de uma série de relatórios periódicos. Esses relatórios, de periodicidade mensal, devem contemplar, de um lado, as realizações quantitativas nos aspectos ambientais, permitindo a medição e o pagamento correspondente à empresa construtora. Por outro lado, devem apontar as medidas adotadas para cumprimento das demais exigências do licenciamento, possibilitando o acompanhamento por parte do empreendedor e do órgão licenciador.

Os relatórios para acompanhamento devem ter, sempre que possível, registros fotográficos da evolução da obra e das medidas e programas ambientais, servindo, posteriormente, aos demais programas constantes do PGA. Os relatórios a serem enviados ao Banco Mundial devem ter a periodicidade trimestral.

6.2 CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS SOCIOAMBIENTAIS PARA CONCEPÇÃO E AVALIAÇÃO DE PROJETOS

A Coordenação Nacional deverá adotar procedimentos socioambientais durante a execução do Projeto, envolvendo as seguintes fases:

� Fase A: Detalhamento dos Projetos (Estudos de Concepção e Projetos de Engenharia), seguindo os seguintes aspectos:

o critérios socioambientais para a concepção dos projetos;

o licenciamento ambiental dos projetos;

o procedimentos de divulgação e consulta;

o relatório ambiental de acordo com as Salvaguardas Ambientais e Sociais do Banco.

� Fase B: Implantação dos projetos (obras), devendo ser adotados procedimentos relativos à Supervisão Ambiental de Obras.

Edificações de Estabelecimentos de Saúde para Povos Indígenas

No âmbito do Programa VIGISUS estão previstas ações: (i) expansão de sistemas coletores de esgotamento sanitário (redes, interceptores, estações elevatórias, etc.), e de ampliação de tratamento de esgotos; e (ii) implantação de sistemas completos de esgotamento sanitário.

6.2.1 CONCEPÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE

Para a concepção das intervenções de edificações de estabelecimentos de saúde para os povos indígenas, deve-se inicialmente, promover uma avaliação ambiental da estrutura física existente do subsistema de saúde indígena considerando, principalmente, os seguintes itens: (i) compatibilidade com as licenças ambientais a serem expedidas; (ii) características da estrutura atual e identificação de novas demandas; (iii) tipologias de estabelecimentos de

Page 88: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

88

saúde; (iv) procedimentos de controle ambiental; (v) eventuais pendências com órgãos ambientais / Ministério Público; (vi) situação das áreas disponíveis para a implantação das obras; (vii) demandas de serviços de infraestrutura.

Além dos aspectos apresentados, deverão ser seguidos os critérios de projeto especificados para cada tipo de intervenção proposta, seguindo as diretrizes da Portaria Funasa nº 840.

6.2.2 LICENCIAMENTO AMBIENTAL DOS PROJETOS

As intervenções de edificações de estabelecimentos de saúde serão objeto de licenciamento ambiental, de acordo com a legislação ambiental vigente e aplicável, considerando os requisitos e condições exigíveis para cada tipologia de intervenção.

Isso significa, por exemplo, que cada projeto de estabelecimento de saúde deverá seguir o rito próprio do licenciamento ambiental, atendendo às exigências documentais, processuais, de prazo, vinculadas às normas e procedimentos definidos pelo órgão licenciador, considerando inclusive as normativas para gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Caberá aos Distritos Sanitários a adoção dos procedimentos de licenciamento ambiental dos empreendimentos, de acordo com orientação geral do IBAMA. Caberá à Coordenação Nacional a supervisão dos processos de licenciamento ambiental, envolvendo as respectivas solicitações e a elaboração dos estudos ambientais exigidos (seja para a fase da licença prévia como para a fase de licença de instalação).

É importante, também, ressaltar que as eventuais condicionantes constantes da Licença Prévia (LP) e/ou da Licença de Instalação (LI) devem estar contempladas no âmbito do VIGISUS, seja no próprio Projeto básico/executivo da intervenção específica ou por meio de outras ações correlatas constantes ou a constarem do Programa.

6.2.3 CRITÉRIOS E PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL EM CUMPRIMENTO ÀS SALVAGUARDAS AMBIENTAIS DO BANCO MUNDIAL

A análise ambiental do VIGISUS foi organizada considerando duas fases:

� Fase de Preparação do Projeto: onde consta a presente avaliação ambiental (framework) seguindo as diretrizes ambientais do BIRD, tendo por base as informações disponíveis na concepção do Programa;

� Fase de Execução do Projeto: onde serão obrigatoriamente realizados os estudos ambientais para as obras previstas atendendo a legislação nacional e estadual, as regras de licenciamento ambiental e as diretrizes ambientais do Banco Mundial, tendo por base as informações detalhadas a constarem dos estudos de viabilidade e projetos básicos e/ou executivos que serão preparados nessa fase.

Nesse sentido, além dos documentos ambientais necessários ao licenciamento ambiental de cada intervenção, deverá ser elaborada a avaliação ambiental para análise do cumprimento das salvaguardas ambientais e sociais do Banco Mundial. Essa avaliação deverá ser consubstanciada em relatórios próprios a serem enviados ao Banco Mundial para aprovação e emissão de “Não Objeção” para continuidade dos estudos, licitação e início das obras.

Page 89: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

89

A Avaliação deverá considerar os seguintes critérios: (i) enquadramento adotado no licenciamento ambiental; b) acionamento das salvaguardas do Banco Mundial: OP 4.01 Avaliação Ambiental e OP 4.10 Povos Indígenas.

A Coordenação deverá promover a elaboração de relatório ambiental específico para análise e aprovação do Banco Mundial, sendo condição necessária à obtenção da “Não Objeção” para a licitação de obras e posteriormente para o início das obras.

Adicionalmente, em função das avaliações ambientais específicas a serem realizadas por empreendimento de acordo com os itens acima, deverão ser indicadas medidas mitigadoras, compensatórias ou potencializadoras que deverão compor um plano de gestão ambiental específico para o empreendimento/intervenção e integrar os custos do projeto.

Além disso, deverão ser adotados procedimentos específicos de divulgação e de consulta pública dos empreendimentos e das respectivas avaliações ambientais. Tanto os relatórios a serem produzidos para o licenciamento ambiental quanto os relatórios ambientais para o Banco Mundial deverão ser divulgados de modo a atender à legislação ambiental específica e aos procedimentos do Banco Mundial.

Para a elaboração e divulgação desses relatórios, independente da divulgação e/ou consulta realizada durante o processo de Licenciamento Ambiental, deverão ser adotados os seguintes procedimentos:

� divulgação do relatório preliminar, colocando-o à disposição do público, com solicitação de apresentação de comentários e sugestões junto à Coordenação Nacional e aos Distritos Sanitários;

� realização de consulta pública com principais instituições da área governamental (estadual e municipal) e da área não governamental.

Os procedimentos de divulgação e consulta pública deverão ser documentados, por meio de atas ou memórias de reunião, fotografias, listas de participantes, além de outros dispositivos que estiverem disponíveis.

6.2.4 SUPERVISÃO AMBIENTAL DE OBRAS

De acordo com o arranjo institucional a ser proposto para o gerenciamento e a execução do VIGISUS, a função de supervisão das obras deverá ser realizada pelos Distritos Sanitários, por meio de equipe técnica especializada. À condição de Coordenação Nacional caberá acompanhar o processo de supervisão de obras, provendo o apoio necessário para contribuir no alcance das metas estabelecidas no VIGISUS e no atendimento às legislações e às salvaguardas e procedimentos do Banco Mundial.

6.3 COMUNICAÇÃO SOCIAL, DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL E EM SAÚDE

Essa atividade tem a finalidade de favorecer à implementação do Projeto, mediante o envolvimento da população direta e indiretamente atingida pelas intervenções e das áreas de influência. As ações do Plano de Comunicação envolvem principalmente as ações relativas à

Page 90: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

90

convivência da população com as obras a serem realizadas, que devem ser desenvolvidas de forma integrada para o alcance dos objetivos propostos.

Para tanto, deve-se: (i) divulgar junto à imprensa informações básicas sobre o Programa - em que consiste, objetivos, benefícios, área de abrangência; (ii) preparar a população para os transtornos causados pelas obras, divulgando com antecedência os locais das intervenções; (iii) demonstrar a importância da realização das obras para a população da comunidade diretamente afetada pelas obras; (iv) desenvolver campanha relativa a questões ambientais e de saúde; (v) criar e manter uma imagem favorável do Programa, dando visibilidade aos papéis e responsabilidades assumidos pelo Governo Federal junto ao Banco Mundial e os Distritos Sanitários, como executores do Programa, e ressaltar a importância da ação integrada desses organismos e da parceria com as comunidades abrangidas; (vi) divulgar periodicamente os resultados obtidos, como forma de obter o reconhecimento da comunidade e assegurar a transparência das ações governamentais.

Conjuntamente com as ações de comunicação social, os Distritos Sanitários deverão implementar ações de Educação Sanitária e Ambiental e Educação em Saúde, visando sensibilizar a população quanto à importância do saneamento ambiental para a melhoria da qualidade de vida, como uma forma de saúde preventiva e destacar outros aspectos relevantes para a melhoria da qualidade de vida da população indígena.

Para tanto, deve-se: (i) disseminar informações sobre meio ambiente, saneamento ambiental, saúde e qualidade de vida; (ii) promover a valorização do saneamento ambiental para a qualidade de vida e do meio ambiente e os benefícios advindos da ampliação do subsistema de saúde indígena, a partir da implantação das edificações de estabelecimentos de saúde.

Essa atividade está a cargo da Coordenação Nacional e dos Distritos Sanitários.

6.4 PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE – PGRSS

Todo gerador deve elaborar e implantar o Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde - PGRSS, conforme estipulam a RDC ANVISA nº 306/04 e a Resolução CONAMA nº 358/05. O gerenciamento dos RSS constitui-se em um conjunto de procedimentos de gestão, planejado e implementado a partir de bases científicas e técnicas, normativas e legais, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos e proporcionar, aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, visando à proteção dos trabalhadores, à preservação da saúde e do meio ambiente. Deve abranger todas as etapas de planejamento dos recursos físicos, dos recursos materiais e da capacitação dos recursos humanos envolvidos no manejo de RSS.

O Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) é o documento que aponta e descreve as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, que corresponde às etapas de: segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final. Deve considerar as características e riscos dos resíduos, as ações de proteção à saúde e ao meio ambiente e os princípios da biossegurança, bem como empregar medidas técnicas administrativas e normativas para prevenir acidentes.

Page 91: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

91

O PGRSS deve contemplar medidas de envolvimento coletivo. O planejamento do programa deve ser feito em conjunto com todos os setores definindo-se responsabilidades e obrigações de cada um em relação aos riscos. A elaboração, implantação e desenvolvimento do PGRSS devem envolver os setores de higienização e limpeza, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) ou Comissões de Biosegurança e os Serviços de Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho (SESMT), onde houver obrigatoriedade de existência desses serviços, por meio de seus responsáveis, abrangendo toda a comunidade do estabelecimento, em consonância com as normativas técnicas e legais de saúde, meio ambiente e de energia nuclear vigentes.

Devem fazer parte do Plano, ações emergenciais e de contenção de acidentes, ações de controle integrado de pragas e de controle químico, compreendendo medidas preventivas e corretivas assim como de prevenção de saúde ocupacional. Além disso, as operações de venda ou de doação dos resíduos destinados à reciclagem ou compostagem devem ser registradas e monitoradas.

O PGRSS deve obedecer a critérios técnicos, legislações sanitárias e ambientais, normas locais de coleta e transporte dos serviços de limpeza urbana, especialmente os relativos aos resíduos gerados nos serviços de saúde.

O estabelecimento deve manter cópia do PGRSS disponível para consulta, sob solicitação da autoridade sanitária ou ambiental competente, dos funcionários, dos pacientes e clientes e do público em geral. Os órgãos de saúde e de meio ambiente poderão, a seu critério, exigir avaliação do PGRSS antes de sua implantação.

6.4.1 AS ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO

O PGRSS vai além de um registro de intenções, pois aborda as condições de implementação e acompanhamento, o que exige diversas providências, que são descritas em forma de tarefas.

Essa sequência constitui a organização das etapas de trabalho de maneira hierárquica, por ordem de prioridade, necessárias para a elaboração e implementação do PGRSS, que facilita a tomada de decisões e a consulta de todos os interessados. A metodologia pode ser aplicada a qualquer estabelecimento prestador de serviços de saúde, abrangendo todas as tarefas necessárias para atender às legislações vigentes, de forma mais eficiente e eficaz.

Os RSS gerados por estabelecimentos de atenção individualizada caracterizam-se por uma dispersão territorial significativa, pequeno volume de geração e inexistência de processos de gestão. Nesses estabelecimentos, o PGRSS deve conter as informações necessárias ao correto gerenciamento dos resíduos, podendo, em função do perfil de geração, ser elaborado um plano simplificado.

Ressalte-se que nenhuma situação é estática. Quando se faz o diagnóstico, por exemplo, ele retrata uma situação específica, num momento determinado. Por isso, o plano deve ser avaliado de modo cíclico, para ser ajustado continuamente, de acordo com as necessidades associadas aos diferentes contextos.

Page 92: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

92

Os serviços novos submetidos a reformas ou ampliação devem encaminhar o PGRSS juntamente com o projeto básico de arquitetura para a vigilância sanitária local, quando da solicitação do alvará sanitário.

Os serviços que geram rejeitos radioativos devem contar com profissional devidamente registrado pela CNEN nas áreas de atuação correspondentes, conforme a norma NE 6.01 ou NE 3.03 da CNEN.

6.4.2 SEQUÊNCIA PARA ELABORAÇÃO DO PGRSS

a) Identificação do Problema

Essa etapa abrange o reconhecimento do problema e a sinalização positiva da administração para início do processo, devendo considerar os seguintes aspectos:

� definir, provisoriamente, um responsável pelas tarefas;

� analisar os contextos local, estadual e nacional no qual deverá se inserir o PGRSS, quanto a aspectos econômicos, sociais, políticos, jurídicos;

� identificar as políticas nacionais vigentes que normatizam a gestão de resíduos sólidos;

� levantar o que já é realizado na gestão de resíduos nos serviços públicos, ONG, grupos de base, iniciativas locais;

� estudar a documentação existente, tais como relatórios internos, literatura sobre o assunto, estatísticas oficiais, alvarás, autos, licenciamento;

� realizar uma avaliação preliminar dos resíduos de serviços de saúde gerados pelo estabelecimento e da gestão destes;

� mapear todas as áreas do estabelecimento envolvidas com RSS;

� elaborar uma estratégia de trabalho;

� obter o respaldo da direção da instituição;

� discutir com a direção todas as etapas de trabalho.

Destacam-se como principais resultados dessa etapa os seguintes:

� conhecimento preliminar do problema;

� plano preliminar de trabalho;

� aprovação da Diretoria.

Page 93: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

93

b) Definição da Equipe de Trabalho

Essa etapa envolve a identificação de cada tarefa, bem como a definição dos respectivos profissionais para a elaboração e implantação do PGRSS, considerando os seguintes requisitos:

� ter registro ativo junto ao seu conselho de classe;

� apresentar a Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, ou o Certificado de Responsabilidade Técnica, ou documento similar quando couber;

� compor uma equipe de trabalho, de acordo com a tipificação dos resíduos gerados.

O responsável legal é aquele que consta do alvará sanitário emitido pela vigilância sanitária. O responsável pelo PGRSS deve atender às exigências do capítulo IV da RDC nº 306/04 e o responsável técnico dos serviços de atendimento individualizado pode ser o responsável pela elaboração e implantação do PGRSS.

Quanto mais complexos forem os processos encontrados no estabelecimento, maiores serão as exigências técnicas da equipe que deverá elaborar e implementar o PGRSS. Em estabelecimentos maiores, o grupo deve ser multidisciplinar.

O sucesso de qualquer trabalho depende muito da maneira como são escolhidos os membros de uma equipe e de como estes utilizam os recursos, como dividem o trabalho e normatizam sua relação interna (para a comunicação, a gestão de conflitos e outros processos). Por isso, recomenda-se que a escolha dos membros da equipe deve estar respaldada em:

� formação técnica para as tarefas;

� responsabilidades: qualificações para as atribuições e funções;

� avaliação das competências de cada um e sua melhor utilização.

A equipe de trabalho deve ser treinada adequadamente para cada tipo de tarefa e participar de todas as etapas do plano. O responsável pelo PGRSS deverá elaborar, desenvolver, implantar e avaliar a aplicação do PGRSS, de acordo com as especificações legais já mencionadas e supervisionar todas as etapas do plano.

Como resultados finais dessa etapa, tem-se:

� responsável pelo PGRSS definido;

� equipe de trabalho composta e treinada.

Page 94: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

94

c) Mobilização da Organização

Tem por objetivo sensibilizar todos os funcionários envolvidos no processo, a partir da disseminação de informações gerais e específicas sobre resíduos de serviços de saúde e o PGRSS, por meio das seguintes atividades:

� promoção de reuniões com os vários setores para apresentar a ideia, o possível esquema de trabalho e o que é esperado de cada unidade;

� promoção de atividades de sensibilização sobre a temática, como, por exemplo, conferências, oficinas, filmes e outras;

� criação de canais permanentes de comunicação com os funcionários, como, por exemplo, um painel que seja regularmente atualizado com informações sobre temáticas ambientais e o desenvolvimento do PGRSS;

� organização de campanhas de sensibilização sobre a necessidade do PGRSS;

� preparação de um questionário para levantar a percepção dos funcionários sobre o meio ambiente, de forma a identificar eventuais questões chave relacionadas aos resíduos de serviços de saúde;

� divulgação dos resultados da pesquisa a todos os funcionários, por meio de cartazes, folhetos e outros meios disponíveis na organização.

Todas essas sugestões podem e devem ser interligadas, fazendo parte de um plano de comunicação para o alcance de maior eficácia.

Como principais resultados, tem-se:

� conhecimento por todos os funcionários da importância de se gerenciar os RSS e do que é o PGRSS;

� envolvimento dos funcionários na execução, implantação e manutenção do PGRSS.

d) Diagnóstico da Situação dos RSS

Consiste no estudo da situação do estabelecimento em relação aos RSS. O procedimento de análise deverá apontar as condições do estabelecimento e as situações críticas. Fornece os dados necessários para a implantação do plano de gestão.

É necessário efetuar o registro preciso e cuidadoso de todas as informações obtidas que serão utilizadas na próxima etapa.

Levantamento das Atividades

Deverá ser realizado o levantamento de todas as atividades do estabelecimento, contemplando as áreas administrativas, setores ou unidades especializadas, além de outras que sejam

Page 95: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

95

relevantes. As atividades devem ser informadas pelo profissional da saúde responsável pelo setor, bem como o técnico que responsável pelo levantamento das informações, deverá dispor de todas as competências técnicas necessárias para fazer as devidas associações entre as diferentes atividades setoriais e os potenciais tipos de resíduos a serem gerados.

Identificação dos Resíduos

É imprescindível que todos os tipos de resíduos sejam identificados e classificados segundo os grupos A, B, C, D, E, ou recicláveis (papel, plástico, metal, vidro, matéria orgânica). É importante verificar detalhes sobre os tipos de resíduos, bem como condições específicas em que são gerados no estabelecimento.

Em situações excepcionais, mas não raras, pode-se ter um determinado resíduo de origem desconhecida. Nesses casos, deve-se proceder da seguinte maneira:

� avaliar as características do resíduo, em relação à sua periculosidade;

� identificar os possíveis riscos associados para a adoção de medidas de controle.

Acondicionamento dos Resíduos

Para a etapa de acondicionamento, deverão ser seguidos os seguintes passos:

� identificar que tipos de recipientes são utilizados como contenedores dos RSS;

� identificar os tipos de embalagens: sacos, plásticos, bombonas, caixa de papelão, caixa para perfurocortantes e outros;

� verificar se a quantidade de embalagens é compatível com o volume de resíduos gerado;

� identificar e verificar os padrões dos contenedores e embalagens;

� verificar se estão sendo respeitados os limites de preenchimento dos contenedores e embalagens;

� verificar a adequação das embalagens para os resíduos químicos perigosos, em função das suas propriedades físicas;

� verificar a existência de acondicionamento em recipiente adequado para os perfurocortantes;

� verificar se os contenedores são de material lavável, resistente à punctura, ruptura e vazamento, com tampa provida de sistema de abertura, com cantos arredondados e resistentes ao tombamento.

Coleta e Transporte Interno

Nessa etapa, deverão ser seguidos os seguintes passos:

Page 96: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

96

� verificar se a coleta está sendo feita separadamente, de acordo com os grupos de resíduos e em recipientes específicos para cada um deles;

� descrever as coletas abordando sua forma, em função do grupo de resíduos, tipos de recipientes, carros de coleta, equipe, quantidade, frequência, fluxos;

� verificar se o dimensionamento da coleta está adequado ao volume gerado, número de funcionários disponíveis, número de carros de coletas, equipamentos de proteção individual (EPI) necessários, conforme as normas de saúde e segurança do trabalho e demais ferramentas e utensílios utilizados na coleta;

� verificar se existe padronização de turnos, horários e frequência de coleta para os diferentes tipos de resíduos;

� verificar a técnica do manuseio da coleta: fechamento dos sacos, transporte dos sacos, uso de EPI;

� verificar se o tipo de resíduo está compatível com a cor do saco;

� verificar se, para o transporte manual, os recipientes estão adequados;

� verificar o transporte mecânico e uso de carro de coleta;

� verificar se os carros de coleta estão devidamente identificados com símbolos de segurança;

� verificar o estado de conservação dos carros de coleta.

Fluxo da coleta interna

São indispensáveis nessa etapa, os seguintes passos:

� verificar o traçado e desenhar os roteiros (itinerários) das coletas até o abrigo externo;

� levantar as freqüências, fluxo, nível de ruído e horário das coletas;

� levantar e sistematizar as características de cada roteiro para os diversos resíduos;

� verificar a compatibilidade de roteiros previamente definidos para cada tipo de resíduo e horários das coletas em função da distribuição de roupas, alimentos e medicamentos, períodos de visita ou de maior fluxo de pessoas ou de atividades.

Quantificação dos RSS

Na etapa de quantificação dos RSS, é preciso levantar a quantidade de cada tipo de resíduo gerado por setor, por meio de medição de volume ou pesagem, bem como estabelecer um período para coleta dos dados, turno/dia/semana/mês.

Page 97: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

97

Armazenamento Interno e Externo

Para realizar o armazenamento dos resíduos, deverão ser observadas as seguintes atividades:

� verificar as condições de armazenamento existentes;

� verificar o armazenamento dos resíduos de acordo com a regra de segregação por tipo de resíduo;

� verificar se as embalagens com resíduos estão contidas em recipientes devidamente fechados;

� verificar se o número de contenedores é compatível com a quantidade e tipos de resíduos gerados;

� verificar se os ambientes disponíveis para guarda temporária atendem aos requisitos mínimos de dimensionamento, equipamentos e segurança;

� verificar se as salas de resíduos e abrigos estão compatíveis com tipos de resíduos gerados e sua quantidade;

� verificar como é efetuada a limpeza do ambiente de armazenamento interno e externo;

� verificar como é realizado o processo de coleta externa;

� verificar quais os tipos de contenedores existentes no abrigo de resíduos;

� verificar se a construção do local de armazenamento externo é exclusiva para resíduos;

� verificar se os abrigos possuem símbolo de identificação, em local de fácil visualização, de acordo com a natureza do resíduo;

� verificar a existência de abrigos com separação para os diferentes tipos de resíduos;

� verificar o armazenamento dos resíduos químicos perigosos considerando as medidas de segurança recomendadas;

� verificar a existência de resíduos sem identificação;

� verificar se o abrigo de resíduo químico do grupo B perigoso está projetado, construído e é operado de acordo com as normas de segurança e higiene;

� verificar para onde está sendo encaminhado o efluente da lavagem do abrigo e da área de higienização.

Área de higienização

Na etapa de higienização, é necessário verificar se o abrigo possui área de higienização para carros de coleta interna e demais equipamentos utilizados, dotada de ventilação, cobertura,

Page 98: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

98

iluminação artificial, ponto de água (preferencialmente quente e sob pressão), piso impermeável, drenagem e ralo sifonado.

Coleta e Transporte Externo

Nessa etapa, faz-se necessário realizar as seguintes ações:

� verificar quais são as empresas coletoras e se as elas emitem certificação de conformidade com as orientações do órgão de limpeza urbana;

� verificar o sistema de coleta adotado, se em contenedores basculáveis mecanicamente ou manualmente, freqüência de coleta, se ocorre disponibilização dos contenedores pela empresa;

� verificar os tipos de veículos utilizados de acordo com sua adequação às normas;

� verificar se o veículo possui sistema de contenção para líquidos;

� verificar o procedimento da coleta pelos funcionários da equipe de coleta, quanto ao rompimento de sacos, liberação de líquidos ou contaminação do ambiente;

� verificar o uso de EPI pelos funcionários da empresa.

Tratamento

As ações de tratamento deverão contemplar os seguintes itens:

� verificar se o estabelecimento possui tratamento prévio ou interno ou se o serviço é terceirizado;

� verificar quais são os tipos de tratamento dispensados aos resíduos;

� verificar se os resíduos do grupo A, que requerem tratamento prévio à disposição final, estão sendo tratados em equipamentos adequados e licenciados e quais não estão sendo tratados;

� identificar as empresas tratadoras de resíduos de serviços de saúde e se as elas emitem certificação de conformidade com as orientações do órgão ambiental;

� verificar se as empresas terceirizadas que cuidam do tratamento dos resíduos estão licenciadas pelo órgão ambiental;

� verificar quais resíduos químicos perigosos estão sendo submetidos a tratamento, quais estão sendo dispostos em aterro, e quais estão sendo submetidos a processo de reutilização, recuperação ou reciclagem;

� verificar a existência de rede coletora com tratamento de esgoto;

� verificar o processo para decaimento de rejeitos radioativos (se houver).

Page 99: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

99

Disposição Final

Para a determinação da alternativa de disposição final dos resíduos, é preciso verificar quais os tipos de disposição final existentes, bem como os disponíveis para a localidade. Caso a disposição final seja o aterro sanitário ou célula especial de RSS, é indispensável verificar se esse possue licenciamento ambiental.

Política de Gestão Ambiental

Dentre as ações delimitadas no âmbito da política de gestão ambiental, destacam-se:

� verificar a existência de política de gestão ambiental no estabelecimento;

� verificar a existência de gestão de riscos ambientais;

� verificar a existência de Sistema de Gestão Ambiental (SGA);

� verificar a necessidade de adequação do espaço físico do estabelecimento para atender normas, legislações e facilitar o correto gerenciamento dos RSS.

Capacitação e Treinamento

Para a efetiva aplicabilidade do PGRSS, é preciso que sejam realizados, sistematicamente, cursos, treinamentos e campanhas voltados a todos os atores envolvidos no processo de gerenciamento dos resíduos, com frequência definida, contemplando as diversas temáticas inerentes à questão ambiental.

Avaliação Global Levantamento de Dados

Deverá ser elaborado um relatório baseado em levantamentos precisos, abordando, a descrição de todos os procedimentos relacionados à gestão dos RSS; os aspectos problemáticos; as normativas técnicas e legais de referência. A versão final do relatório deverá ser apresentada formalmente ao gestor do estabelecimento de saúde para o esclarecimento de dúvidas e ajustes pertinentes.

Os cuidados na elaboração do relatório

Para garantir que a análise seja eficaz para subsidiar a elaboração do Plano, é preciso que o diagnóstico apresente as seguintes características:

� ser sintético, de leitura fácil, que ressalte a informação essencial, eliminando o que for dispensável para a ação;

� ser preciso, com as orientações descritas de forma clara e inteligível;

� ser estruturado de forma a contemplar as grandes linhas de ação previstas no Plano;

� ser coerente, garantindo a lógica necessária à sucessão de ações.

Page 100: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

100

e) Definição de Metas, Objetivos, Período de Implantação e Ações Básicas

Corresponde à organização e à sistematização de informações e ações que servirão de base para a implantação contínua do PGRSS. Para tanto, é preciso:

� delimitar o quadro de intervenção e a dotação financeira preliminar para a seqüência dos trabalhos;

� o PGRSS pode ser feito por meio de gestão direta ou em parceria. Para definir isso, é preciso saber em que campo se deseja atuar e quais as grandes linhas metodológicas e as implicações de se fazer diretamente ou não;

� decidir quais as metas a serem atingidas;

� indicar o momento adequado para se dar início à execução do plano e definir cronograma;

� construir os objetivos que levarão ao atingimento das metas;

� dimensionar a equipe de trabalho, relacionando número de pessoas, funções, formação e responsabilidade técnica;

� dimensionar espaços necessários, materiais e equipamentos.

A finalidade principal do PGRSS é estabelecer as condições necessárias para a segurança do processo de manejo dos resíduos. Outras finalidades específicas de cada estabelecimento também podem ser inseridas no plano, a depender de cada realidade local. A seguir, faz-se sugestão de alguns objetivos:

� criar práticas de minimização dos resíduos;

� substituir os materiais perigosos, sempre que possível, por outros de menor periculosidade;

� propiciar a participação e o envolvimento dos funcionários do estabelecimento;

� atrelar ao gerenciamento um trabalho de responsabilidade, corresponsabilidade e responsabilidade social;

� conhecer a realidade local ou regional da coleta, tratamento e disposição final dos resíduos sólidos;

� conhecer os diferentes tipos de resíduos gerados nas várias áreas de um estabelecimento prestador de serviços de saúde, propiciando a diminuição dos riscos à saúde e a preservação do meio ambiente, por meio de medidas preventivas efetivas;

� criar coleta seletiva de materiais recicláveis;

� criar o manual de boas práticas em manejo dos resíduos sólidos;

Page 101: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

101

� criar procedimentos de auditoria interna e supervisão;

� melhorar as medidas de segurança e higiene no trabalho;

� minimizar os riscos sanitários e ambientais derivados dos resíduos sólidos;

� desenvolver um trabalho de prevenção contra os riscos potenciais decorrentes do manuseio dos resíduos.

Cronograma de Implantação e Execução do PGRSS

No momento da construção do cronograma de implantação e execução do PGRSS, é necessário que as propostas de ação sejam ordenadas em função de sua prioridade, incluindo:

� descrição da ação;

� resultados esperados;

� recursos humanos necessários;

� materiais necessários;

� recursos econômicos necessários;

� data de início e término de cada atividade;

� elaboração de projetos para as obras civis necessárias, de acordo com especificações técnicas e legais vigentes;

� obtenção, dos órgãos públicos, da aprovação para construção de abrigos, ampliação de sala de resíduos, tratamento e outras obras estabelecidas no plano de ação.

f) Elaboração do PGRSS

Para a elaboração do plano de gerenciamento contínuo dos resíduos de serviços de saúde devem ser considerados os seguintes aspectos:

� hierarquizar os problemas diagnosticados, verificando sua gravidade ou urgência; os custos de sua resolução (financeiros, humanos e materiais); o prazo e o esforço necessários; a facilidade de envolvimento da organização no processo de mudança;

� verificar a efetividade dos programas existentes de prevenção ambiental e promoção da saúde;

� seguir um roteiro para a construção do plano de acordo com as legislações e normativas técnicas vigentes

Cada PGRSS é único, mesmo em se tratando de estabelecimentos que contemplam as mesmas atividades. O que os diferencia é estar de acordo com o diagnóstico específico.

Page 102: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

102

Grande parte das informações necessárias ao roteiro de elaboração do PGRSS vem das análises da situação existente obtidas no diagnóstico.

Não é incomum, ademais, a necessidade de implementar mudanças no PGRSS ou até mesmo substituição do plano inicial no decorrer das etapas de pesquisa, diagnóstico e desenho das primeiras propostas, uma vez que a análise situacional permite a inserção de ajustes.

Caracterização do Estabelecimento

Para a caracterização do estabelecimento de saúde em questão será indispensável informar suas características gerais; os componentes da equipe e/ou empresa que irá elaborar e implementar o PGRSS, com identificação da ART e registro dos conselhos de classe, quando for o caso; a tipologia do estabelecimento, bem como as atividades e serviços desenvolvidos em cada ambiente.

Caracterização dos Aspectos Ambientais

Os aspectos ambientais relativos ao estabelecimento de saúde necessários para a elaboração do plano deverão conter as seguintes informações:

� qual o tipo de abastecimento (rede pública ou solução alternativa - poço, caminhão-pipa ou outra). No caso de poço, informar a licença de uso e outorga;

� se existe aplicação de produtos químicos na água para o abastecimento;

� se existe o controle interno ou externo de qualidade da água;

� a forma de esgotamento sanitário dos efluentes;

� se existe tratamento ou não dos efluentes no estabelecimento ou na rede coletora;

� se existe geração de vapores e gases, identificar e localizar os pontos de geração;

� Identificar e quantificar os tipos de resíduos gerados ou a serem gerados no estabelecimento em cada setor (unidade) gerado;

� as formas de segregação que serão adotadas para os grupos A, B, C, D, incluindo os recicláveis, e;

� quais os EPI e EPC a serem utilizados.

Tipo de Acondicionamento

Deverão ser descritos todos os tipos de acondicionamento que serão adotados em função dos grupos de resíduos, suas quantidades diárias e mensais, bem como identificar a forma de acondicionamento que será adotada para a segregação proposta. Também deverão ser informados quais os EPI e EPC necessários.

Descrever como e onde serão acondicionados os resíduos dos grupos A, B, C, D e E, considerando os tipos de contenedores, sacos plásticos, bombonas, salas de resíduos, abrigo

Page 103: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

103

e suas identificações em função do tipo de resíduos nas áreas internas e externas do estabelecimento, além de informar as cores e símbolos padronizados para cada tipo de resíduos.

Coleta e Transporte Interno dos RSS

Para a etapa de coleta interna dos resíduos é necessário:

� informar o método de coleta e transporte que será adotado;

� descrever as formas de coleta em função dos grupos de resíduos, tipos de recipientes, carros de coleta, equipe, frequência e roteiros adotados;

� informar se a coleta adotará o armazenamento temporário;

� determinar a rotina e frequência de coleta para cada unidade ou setor do estabelecimento;

� informar os EPI e EPC utilizados para realizar a coleta do resíduo;

� informar como serão higienizados os carros coletores, produtos utilizados e frequência.

Os roteiros de coleta deverão ser determinados de acordo com o volume de resíduos gerados por tipo de grupo. A rota de coleta interna deve observar as outras rotinas de fluxo de material limpo, evitando, sempre que possível, o chamado roteiro cruzado. Um roteiro pode ser traçado, buscando-se, a partir de tentativas, a melhor solução que atenda simultaneamente a condicionantes tais como o sentido, freqüência e horário, evitando-se, assim, o já mencionado fluxo cruzado e percursos duplicados ou improdutivos. Deverá ser informada a rotina e a freqüência de coleta dos resíduos para cada unidade ou setor do estabelecimento.

Transporte interno

Deverá ser feito o detalhamento dos tipos de transporte interno de resíduos, se separadamente em carros ou recipientes coletores específicos para cada grupo de resíduos. Além disso, deverão ser definidos os tipos e a quantidade de carros coletores que serão utilizados para o transporte de cada grupo de resíduos, capacidade dos carros, identificação, cores, bem como outros aspectos relevantes.

Armazenamento Temporário dos RSS

Caso a etapa de armazenamento temporário seja adotada para compor as atividades do plano, deverão ser identificados os tipos de resíduos a serem armazenados, sua localização, frequência de coleta, as tipologias e quantidades de coletores para a guarda temporária de resíduos e as sinalizações para identificação dessas áreas. Também deverá ser informada a forma e a frequência de higienização desses espaços.

Armazenamento para a Coleta Externa dos RSS

O planejamento da etapa de armazenamento para coleta externa dos RSSS requer as seguintes informações:

Page 104: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

104

� a quantidade de contenedores a ser utilizada para cada grupo de RSS, capacidade volumétrica de cada um e disposição na área;

� a rotina do armazenamento externo do estabelecimento de saúde;

� a rotina de recepção dos RSS das coletas internas;

� como são higienizados o abrigo, os contenedores, o carros coletores e com que freqüência;

� os EPI e EPC a serem utilizados.

Coleta e Transporte Externo dos RSS

A atividade de coleta e transporte externo dos RSS envolve, inicialmente, a definição do tipo de regime contratual, especificando se será realizada pelo setor público, por empresa contratada ou sob concessão. A caracterização dessa atividade requer informar o tipo de veículo utilizado para o transporte; a rotina e a freqüência de coleta externa do estabelecimento para os diferentes tipos de resíduos gerados; o destino dos resíduos coletados, por tipo.

Tratamento dos RSS

Quanto às tipologias de tratamento a serem adotadas, deverão constar as seguintes informações:

� descrição do tratamento interno para os resíduos, especificado por tipo de resíduo;

� descrição do sistema de decaimento de rejeitos radioativos;

� descrição dos tipos de tratamento externo adotados para cada grupo de resíduos e quais os equipamentos e instalações de apoio, incluindo os seguintes aspectos: tecnologias de tratamento adotadas; nome da empresa responsável pela operação do sistema; localização das unidades de tratamento, endereço e telefone; responsável técnico pelo sistema de tratamento, nome, RG, profissão e registro profissional;

� detalhamento dos EPI e EPC necessários;

� apresentação dos documentos comprobatórios (licenças, alvarás, documentos de monitoramento definidos pelo órgão ambiental) dos sistemas e tecnologias adotados.

Disposição Final dos RSS

Essa etapa requer as seguintes atividades:

� informar as formas de disposição final dos RSS e especificar por tipo de resíduos;

� informar quais as empresas que executam a disposição final dos RSS;

Page 105: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

105

� anexar os documentos comprobatórios (licença ambiental, documentos de monitoramento, definidos pelo órgão ambiental) de que a empresa está apta a realizar o serviço;

� indicar a localização das unidades de disposição final adotadas para cada grupo de resíduos e seus respectivos responsáveis técnicos (nome, RG, profissão, registro profissional, empresa ou instituição responsável e telefone).

Monitoramento

O monitoramento e avaliação do progresso de qualquer gestão de resíduos sólidos devem ser baseados em instrumentos de aferição, denominados indicadores, que servem para mostrar, a qualquer momento, qual é a situação em relação ao que foi planejado.

Os indicadores são descrições operacionais (em quantidade, em qualidade, de acordo com o público-alvo ou localização) dos objetivos e resultados do PGRSS. Devem servir para avaliar resultados, bem como medir o desempenho do PGRSS (estágio de andamento do projeto ou de uma atividade, durante a fase de execução) ou o impacto do PGRSS (efeitos que o plano gerou na população-alvo ou no meio socioeconômico).

Um número limitado de indicadores e de fontes de verificação pode substituir uma infinidade de dados e de estatísticas acumuladas nos projetos e, ao mesmo tempo, aumentar a qualidade do acompanhamento. Muitas vezes, os bons indicadores só são "descobertos" durante a ação. Assim, não se deve hesitar em rever os indicadores durante as revisões periódicas do PGRSS. Em certos casos, não é necessário inventar indicadores, estes já existem.

Validação

Após a redação de todo o plano, deve ser adotado um procedimento para a obtenção da validação do PGRSS pelo gestor do estabelecimento ou instituição.

O PGRSS é um documento de referência para que o estabelecimento implante o Plano, explique-o interna e externamente e para quaisquer outras ações de gestão de resíduos de serviços de saúde.

g) Implementação do PGRSS

O processo de implementação do PGRSS só se inicia após a validação do documento pelo gestor do estabelecimento ou instituição e envolve as seguintes etapas:

� a partir das ações, estabelecer procedimentos e rotinas concebidos no PGRSS, os prioritários e os indispensáveis ao início da operação;

� estabelecer um plano de contingência até que todas as ações necessárias para implantar o plano estejam prontas;

� executar as obras planejadas;

Page 106: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

106

� fazer o acompanhamento estratégico e operacional das ações.

Para a implementação do PGRSS é indispensável observar os seguintes requisitos:

� a disponibilidade de recursos financeiros;

� se a equipe técnica está capacitada;

� o comprometimento de todos os funcionários, iniciando com a alta diretoria até os serviços menos representativos.

h) Avaliação do PGRSS

A sistemática adotada para essa etapa deverá prever os períodos e as formas de avaliação do PGRSS, de acordo com indicadores estabelecidos, buscando:

� verificar se os resultados esperados foram ou serão atingidos e, se existirem diferenças, quais as razões;

� verificar se outros indicadores, com melhor desempenho e mais pertinentes que os estabelecidos, podem ser utilizados na continuidade do plano;

� elaborar um quadro de acompanhamento apontando o resultado da avaliação;

� propor adaptações ao PGRSS, onde for necessário, considerando a avaliação feita e outras auditorias internas e externas;

� discutir com a equipe e o setor responsável pelas adaptações propostas e considerá-las no orçamento.

Além de verificar o andamento do projeto em seus elementos tangíveis, uma boa avaliação deve:

� desempenhar prioritariamente uma ferramenta de gestão ao invés de controle;

� inserir-se num processo de informação, de comunicação e de busca de educação ambiental e melhoria;

� melhorar a capacidade da instituição de compreender as realidades nas quais intervém, agir e se organizar de maneira eficaz e eficiente;

� facilitar a avaliação de maneira que as equipes e os responsáveis tenham uma ideia clara da gestão dos RSS;

� aperfeiçoar os indicadores identificados durante o planejamento para avaliar o desempenho da implantação.

Page 107: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

107

6.5 MANUAL AMBIENTAL DE CONSTRUÇÃO

Para assegurar que as obras não venham trazer degradação ambiental, deverá ser elaborado um documento para ser adotado como um guia de práticas ambientais adequadas a serem obedecidas pelas empresas contratadas para a execução das obras de edificações de estabelecimentos de saúde.

Esse documento – Manual Ambiental de Construção (MAC) - será incorporado aos processos de licitação para que as empresas tenham prévio conhecimento de suas condições e constitui uma exigência contratual. Sua implantação é de responsabilidade da Coordenação Nacional (DSAST/SVS eDESAI/FUNASA), dos Distritos Sanitários e das empresas construtoras.

O MAC contempla:

� sistema de gerenciamento socioambiental do Projeto, detalhado no item 1 do PGA;

� ações e regras ambientais relativas à implantação e gerenciamento das obras, que contemplem um plano de convivência com as obras: (i) canteiro de obras; (ii) gerenciamento de riscos e de ações de emergência na construção; (iii) educação ambiental dos trabalhadores e código de conduta na obra; (iv) saúde e segurança nas obras; (v) gerenciamento e disposição de resíduos; (vi) controle de ruído; (vii) pátio de equipamentos; (viii) controle de trânsito; (ix) estradas de serviço; além de outros aspectos;

� ações e regras ambientais relativas às atividades construtivas, a depender dos tipos de empreendimentos selecionados;

� plano de controle e recuperação das áreas de empréstimo e de bota-fora, quando necessário.

7. CONSULTAS PÚBLICAS

A Consulta Pública tem por finalidade promover a participação da Sociedade no processo de tomada de decisão nas ações Governamentais. O principal objetivo é permitir o acompanhamento das ações do Governo Federal, para todos os interessados nas etapas de concepção da consulta, tornando mais transparente as ações do Governo.

Para participar, o interessado deve se cadastrar no site do Ministério da Saúde. Nesse processo os interessados poderão fazer contribuições para a Consulta; acompanhar o andamento; enviar comentários; receber informações por e-mail dos novos comentários postados na consulta; e enviar retorno aos usuários, após a publicação da versão final.

Para o aprimoramento do Arcabouço para o Gerenciamento Ambiental do Projeto VIGISUS, o documento será publicado na página do Ministério da Saúde e Funasa, durante o período de três meses, onde as contribuições, constituirão em um instrumento de convergências que devem facilitar a compreensão e adesão por todos os seguimentos interessados.

Page 108: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

108

Com esse mecanismo, a proposta é contribuir para que as ações previstas nos componentes do VIGISUS possam estabelecer as medidas para promoção da saúde, qualificando o modelo de atenção e gestão, de modo a não desencadear nos ambientes fatores diversos que possam afetar a qualidade de vida e saúde da população.

8. BIBLIOGRAFIA

BANCO MUNDIAL. Salvaguarda do Banco Mundial OP 4.01 Avaliação ambiental.

______.Salvaguarda do Banco Mundial OP 4.09 Manejo de pesticidas.

______.Salvaguarda do Banco Mundial OP 4.10 Povos Indígenas.

BRASIL. Decreto nº 99.060, de 7 de Março de 1990. Vincula o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social - INAMPS ao Ministério da Saúde, e dá outras providências

______.Decreto nº 6860, de 27 de maio de 2009. Aprova a Estrutura Regmental e o Quadro Demonstrativo Dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas do Ministerio da Saude, Integra o Centro de Referencia Professor Helio Fraga a Estrutura da Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz, Altera e Acresce Artigo ao Anexo 1 e Altera o Anexo Ii ao Decreto 4.725, de 9 de Junho de 2003, que Aprova o Estatuto e o Quadro Demonstrativo Dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas da Fiocruz, e da Outras Providencias.

______.Lei n.º 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências.

______. Lei n.º 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.

______.Lei Nº 6.437, de 20 de agosto de 1977. Configura infrações à legislação sanitária federal, estabelece as sanções respectivas, e dá outras providências.

______.NBR 10.004/87 – Classifica os resíduos quanto aos seus riscos potenciais ao meio ambiente e a saúde.

______.NBR 7.500/87 – Símbolos de risco e manuseio para o transporte e armazenamento de resíduos sólidos.

______.NBR 12.235/92 – Armazenamento de resíduos sólidos perigosos definidos na NBR 10.004/87.

______.NBR 12.807/93 – Resíduos de Serviço de saúde – Terminologia.

______.NBR 12.808/93 – Resíduos de Serviço de saúde – Classificação.

Page 109: ARCABOUÇO PARA O GERENCIAMENTO AMBIENTAL DO PROJETO · Este documento apresenta o arcabouço legal existente no Brasil, reconhecido como um dos mais avançados do mundo, nas áreas

109

______.NBR 12.809/93 – Manuseio de resíduos de serviço de saúde – procedimentos.

______.NBR 12.810/93 – Coleta de resíduos de serviço de saúde – procedimentos.

______.NBR 11.175/90 – Fixa as condições exigíveis de desempenho do equipamento para a incineração de resíduos sólidos perigosos.

______.NBR 13.853/97 – Coletores para resíduos de serviço de saúde perfuro ou cortantes – requisitos e métodos.

______.Portaria da Funasa nº 840 de 15 de agosto de 2007.

______.Portaria do Ministério da Saúde nº 254, de 31 de janeiro de 2002. Aprova a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas.

______.Resolução ANVISA nº 306/2004 de 07 de dezembro de 2004.

______.Resolução CNEN 6.05, de 17 de dezembro de 1985 – Trata da Gerência de Rejeitos Radioativos em Instalações Radiotivas.

______.Resolução CONAMA nº 001 de 23 de janeiro de 1986.

______.Resolução CONAMA nº 237 de 1997. Trata dos requisitos para licenciamento ambiental.

______.Resolução CONAMA nº 237 de 19 de dezembro de 1997.

______.Resolução CONAMA nº 307, de 05 de julho de 2002. Estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para gestão de resíduos da construção civil.

______.Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005. Dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá outras providências.

______.Resolução da Diretoria Colegiada/ ANVISA – RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de serviços de saúde.

______. Subsídios para construção da Política Nacional de Saúde Ambiental/ Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2007.

BRITO, Maria Cristina Cachenski. Projeto de Investimentos para a Qualificação do Sistema Único de Saúde – QUALISUS; Estudo Ambiental. Curitiba, setembro de 2006.

Conselho Nacional de Secretários de Saúde. Coleção Progestores 2007. Disponível em <http://www.conass.org.br>. Acesso em 05 de janeiro de 2010.

SOUZA, Renilson Rehem. O Sistema Público de Saúde Brasileiro. Disponível em <http://www.opas.org.br/servico/arquivos/Destaque828.pdf>. Acesso em 12 de fevereiro de 2010.