arbitragem - mecanismo de solução de controvérsias

Upload: dias

Post on 08-Jul-2018

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    1/33

     Arbitragem - Carmona

    01.03Arbitragem

    PROVA: 10/05Casos práticos – consulta na lei de arbitragem.

    Mecanismo de solução de controvérsias.

    Lei 9307/96 – lei da arbitragem. É uma lei relativamente nova, mas que vemganhando importância. Necessidade de profissionais qualificados para atuar comoárbitros. Há uma internacionalização natural do comércio, o que influenciou ocrescimento do mercado da arbitragem.

    Processo como instrumento – instrumentalidade do processo. É um processodiferenciado: maior contato entre advogados e juízes, prazos menores, maiordinamismo. Mas não há milagre: há árbitros excelentes, mas outros nem tanto, são

    todos seres humanos, e podem errar.

    Havia uma crise do processo na época em que a arbitragem começou a ganhardestaque no BR; ao mesmo tempo, havia uma crise no judiciário: o Judiciário nãocontava com o apoio dos jurisdicionados. Os parâmetros sofreram fortes mudanças,com a discussão sobre a lei de arbitragem. Esta tomou um impulso tal que, em 2005, oBR era o 4o  país a mais utilizar a arbitragem na CCI. Todos esses fatorescontribuíram para o crescimento da arbitragem.

    * BR só teve arbitragem na lei; antes, não havia. Começa em 1996.

    Meio alternativo de solução de controvérsias – o que isso significa?Qual o alternativo, a negociação ou o judiciário?Essa expressão é antiquada. São meios alternativos ao meio normal, natural deresolver controvérsias, em alternativa ao judiciário. Mas, na verdade, não é assim, as

     pessoas tentam negociar, arbitrar etc., e, se nada der certo, vai para o judiciário.

    O melhor é dizer que há um sistema multiportas de solução de litígios; há, então, ummeio adequado de solução de conflitos. Escolher o meio que se adéqüe melhor a cadatipo de conflito.

    Por exemplo, questões comerciais envolvem interesses econômicos, ou seja, énecessária uma solução economicamente satisfatória. Para resolver esse embate, éinteressante trazer alguém com conhecimento nesta área. Preciso, então, de umconciliador, que fará uma sugestão às partes para resolver o litígio.

    Outro exemplo seria um problema familiar, de herança entre irmãos. O problema nãose resolverá com um conciliador, pois há uma questão psicológica, precisa de alguém

     para facilitar a conversa. Facilitador de conversa é o trabalho do mediador: ele nãofará sugestão, mas tem o trabalho de facilitar a conversa.

    Ou seja, o trabalho do mediador é diferente do conciliador. São técnicas diferentes. O

    negociador é um intermediador, vai levar e trazer hipóteses, vai vender um projeto,

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    2/33

     Arbitragem - Carmona

    uma mercadoria. São propostas diferentes de solução de litígios. Essas 3 hipóteses sãode autocomposição: só se as partes quiserem.

    A arbitragem porém é meio heterocompositivo, é meio de imposição de decisão. Oárbitro é escolhido pelas partes, e na medida que é escolhido, exerce jurisdição sobre

    as partes; já os mediadores/conciliadores não exercem jurisdição.

    * Regulamentos: procedimentos usados em cada câmara de arbitragem.

    Essas câmaras estão sempre ligadas também ao serviço de mediação. Há, muitasvezes, cláusulas escalonadas nos contratos; lembrar da cláusula compromissória cheia

     – a cláusula escalonada diz algo a mais: as partes tentarão se conciliar, estabelecendoum procedimento de conciliação junto a CCI; se em 60 dias não se chegar a umacomposição, aí sim as partes podem partir para a arbitragem, se não se conseguir umacordo.

    Pode-se estabelecer formas de resolução de litígio de acordo com as necessidades das partes. Em casos de construção, por exemplo, pode se estabelecer o board como ummeio de conciliação.

    Opinião neutra de terceiro: por exemplo, uma disputa sobre a interpretação de umacordo de acionistas, que prevê a unanimidade de decisão; será que esta unanimidadeinclui uma empresa estrangeira? Procura-se um professor para dar uma legal opinion,que será considerado sigiloso, portanto, não vinculativo e secreto, que pode ajudar as

     partes a chegarem a um acordo. Se a parte percebe que, pela legal opinion, não teriachances no judiciário, pode partir para um acordo, mediação ou conciliação. É um

     parecer, mas com um tom mais acentuado e que pode ser utilizado pelas partes (masnão pode ser juntado pelas partes em uma eventual ação).

    Há, portanto, várias formas de resolução de litígios.

    Para o juiz, é difícil atuar no sentido da conciliação, por falta de tempo e preparo, porexemplo. O juiz não conseguirá conciliar as partes se não conseguir atingir a lidesociológica, que costuma ficar escondida (por exemplo, a disputa entre irmão pelaalmofada da mãe, e há no meio uma disputa de herança). A conciliação pelo juiz, porisso, não progrediu muito, ele não tem tempo para isso, os conciliadores é que têm.

    Mecanismos heterocompositivosJuizados especiais também são um sistema à parte que pode ser qualificado como ummecanismo heterocompositivo de solução de conflitos. O juiz, quando abre o processoordinário, e a arbitragem, são mecanismos heterocompositivos, todos com sistemasdiferentes. Ou seja, cada um tem sua coerenca própria. Todos os 3 são jurisdicionais,

     pois dizer o direito não é exclusividade do juiz estatal; o árbitro também pode impor omesmo. A arbitragem também é jurisdicional, a jurisdicionalidade hoje é mais aceitano Brasil; nos anos 90, não era.

     Na Itália, essa questão da jurisdicionalidade da arbitragem não era bem aceita. Na FR,também. Hoje, isso está mais aceito.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    3/33

     Arbitragem - Carmona

    Por que isso é importante? Garantias para a arbitragem, e para o processo arbitral. É preciso provar que a arbitragem é um meio tão seguro quanto a via judicial.

    08.03 - Eduardo

    Retomando...

    1. Introdução dos meios alternativos de solução de litígiosA arbitragem é um instituto antigo. Hoje, é mais presente por conta da lei vigente.Antes, existia na teoria, ou seja, era “de mentira”, já que a decisão tinha que serhomologada por um juiz togado – por isso, a arbitragem demorou para ser fortalecerno Brasil. Aqui, há 10 anos que se tem a prática da arbitragem (porque só em 2001 oSTF reconheceu a constitucionalidade da lei). Hoje, o Brasil já é o segundo pais daAL a mais utilizar a arbitragem.

    A arbitragem prática no Brasil ainda está amadurecendo, crescendo. A qualidade doárbitro brasileiro, hoje, é mundialmente reconhecida. É uma atividade de apoio aoJudiciário, não concorre com este, mas o complementa. Nunca vai desafogar o

     judiciário, é um outro método de trabalho, um outro mecanismo que, paradeterminadas situações de conflito, funciona.

    A arbitragem se mostra um sistema de direito processual autônomo. Na tese do prof.,ele tenta mostrar que é Possível aplicar a teoria dos sistemas para o direito processual.É uma teoria do Luhmann, aplicada nas mais diversas áreas do direito. Essa ideia foiaplicada na faculdade, por Dinamarco, sob o ponto de vista de que um sistema segurotem suas decisões legitimadas pelo procedimento; um devido procedimento legallegitima o processo, torna-o válido. Em uma segunda fase de seu pensamento, eleexplica como o direito pode ser visto como um sistema. Tércio já dizia que o direito

     poderia ser visto como um sistema, mas que esse conceito é tão amplo que a doutrinateve dificuldade em explicar essa qualificação para o direito.

    Luhmann tentou demonstrar como você consegue usar a ideia de sistema paraexplicar determinada manifestação jurídica; há um sistema social, dividido em váriossubsistemas: político, educacional, de saúde, econômico etc., que se comunicamdentro da realidade. Com o sistema jurídico, não é diferente, ele se integra, e tenta serelacionar aos demais sistemas; um influencia o outro. O direito, visto como sistema,

    serve como um mecanismo de certa forma fechado, mas aberto sob o ponto de vistade conexão com o exterior. O sistema precisa ser operacionalmente fechado, mascognitivamente aberto: precisa ter mecanismos que funcionem como uma máquina,

     porém que se comuniquem com a sociedade. O direito como sistema deve serdirecionado a uma aplicação sociológica.

    Dentro do sistema direito, há subsistemas, como o processual, o qual é fechado, masque se comunica com os outros subsistemas, como o do direito material (direito civil,econômico etc.) – que são os micro-sistemas.

     Na prática, se demonstrarmos isso, que o direito é subsistema social, e que há outros

    subsistemas, então o direito processual pode ser visto como um sistema, e o processoarbitral, como um sub-sistema. Passamos, então, a outras reflexões: por que a decisão

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    4/33

     Arbitragem - Carmona

    do árbitro é imunizada em relação ao judiciário? Por que a arbitragem cumpre asfunções sociais, políticos e jurídicos da jurisdição? Então, o árbitro tem o mesmo

     poder de um juiz?

    Se conseguirmos demonstrar que a arbitragem contribui para a paz social, e que é um

    sistema diferente, então, fica mais claro o porque o laudo arbitragem não é passível derecurso, por exemplo.

    2. Natureza jurídica da arbitragemProcesso arbitral como um sub-sistema. Na faculdade, é forte a ideia de que há umaTGP, que regula os diferentes processos, ou seja, traz princípios que dão base a todosos caminhos processuais. Há mecanismos autônomos de solução de controvérsias, quese desenvolvem de forma peculiar sobre o ponto de vista do procedimento, mas quecompartilham da mesma base de princípios.Existe jurisdição em todos os ramos. Jurisdição a manifestação de poder do Estado

     para resolver conflitos. Processo é a jurisdição realizada em um procedimento.

    Jurisdição, portanto, é a atuação do poder por meio do processo, agitado pelocontraditório. Há um poder de pacificar, que é uma das grandes virtudes daJurisdição: pacificar é trazer segurança jurídica, evitar o caos – que é o escopo socialdo processo, da jurisdição. O escopo jurídico também é atingido.

    A arbitragem é tão autônoma neste aspecto que as partes podem escolher se queremum julgamento POR equidade ou com o direito. Todo juiz deve julgar com equidade,mas não por equidade, apenas mediante a escolha das partes. Julgar por equidade é,

     por exemplo, julgar segundo os costumes do comércio internacional (nova  Lexmercatoria). Se a escolha é do direito brasileiro, na cláusula arbitral, é aplicado comodireito material; o procedimento é o da Câmara escolhida, por exemplo. Se as partesquerem aplicar apenas o CPC, podem, pela autonomia da vontade.

    A autonomia da vontade é princípio e pressuposto processual do processo arbitral.Dentro de um contrato escrito, se trata de direitos disponíveis, as partes podem preveruma cláusula arbitral, que é uma cláusula aberta. O judiciário estará excluído doconflito. As duas partes devem concordar.

    Havendo conflito de competência entre Câmaras, pela falta de concordância pelas partes, pelo artigo 7o  da LdA, o juiz decidirá qual a Câmara competente. Hoje,cláusulas patológicas, em aberto, não são mais tão comuns, já que em muitos casos as

     partes já indicam qual câmara será a competente.Há outros meios de se prever a arbitragem: é Possível as partes delimitar o escopo doque é para arbitragem, e o que vai para o Judiciário, pela autonomia da vontade.

    Outra via é pelo compromisso arbitral, regrado no art. 10 da LdA. O compromissoarbitral é um contrato de natureza processual. É um instrumento feito à luz de umconflito já instaurado, que prevê que o conflito será solucionado pela arbitragem, já seelegendo a Câmara de arbitragem. O procedimento vai seguir segundo o regulamentoda Câmara, e é assim que a arbitragem será instaurada. O compromisso tem requisitosrígidos no artigo 10.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    5/33

     Arbitragem - Carmona

    O compromisso também pode ser firmado enquanto a ação está em tramitação no judiciário. O juiz togado pode extinguir o processo, e enviar para a arbitragem. Issonão é comum na prática, pois sempre uma parte vai se sentir mais favorecida queoutra em uma Ação judicial.

    O método mais comum, mais tradicional é o da cláusula arbitral. Nossa lei é uma dasmais avançadas do mundo, inspiradas na lei da UNCITRAL de 1976. Nossa lei segueo modelo da autonomia da vontade. A ninguém pode ser imposta a arbitragem.

    Dentro desse método de escolha, há um gênero: a convenção a arbitral. Dentro deste,há duas espécies: a cláusula e o compromisso arbitral.

    A parte que quer instaurar a arbitragem procura uma Câmara e a notifica; a Câmaranotifica a outra parte de que existe uma arbitragem sendo instaurada. Após, cada partetem um prazo para indicar um árbitro: a parte requerente indica um árbitro deconfiança técnica; depois, os requeridos, e por último, os dois árbitros indicam um

    terceiro árbitro, que atuará como presidente do painel. A imparcialidade eindependência de um árbitro são analisadas aos olhos das partes: se a outra parteconcorda com a indicação da outra, não há problema ( IBA Rules traz parâmetros,elaborados sob o ponto de vista dos americanos).

     Nesse modelo de painel arbitral, cada parte tem um prazo para impugnar a indicaçãoda outra parte, e também tem o direito de impugnar a indicação do presidenteindicado, em caso de suspeição ou impedimento. Pelo artigo 19, a arbitragem se iniciacom a aceitação pelo árbitro; antes disso, há um procedimento arbitral. Na pratica, umárbitro impugnado declina da indicação; se não declinar, o presidente da Câmaraescolhida decide a impugnação.

    A arbitragem iniciada pode ser com um árbitro único, ou 3 árbitros, ou mais. O árbitrosingular é mais raro, mas existe, em casos mais simples. Se as partes não chegaram aum acordo sobre o árbitro único, o presidente da Câmara é que escolhe. No painel,cada uma tem uma visão própria, e há um trabalho interno entre os árbitros para sealcançar a melhor solução.

    Ou seja, é totalmente diferente do Judiciário. A arbitragem é o caminho que as parteselegem se quiserem. Nesta escolha, há uma série de possibilidades, as partes podemdesenhar o procedimento, desde que não viole princípios fundamentais.

    Embora a raiz da arbitragem seja contratual, o seu método de desenvolvimento, o seucaminhar é processual. A arbitragem é um instituto  sui generis, que envolve umanatureza contratual, com uma decisão de cunho jurisdicional.

    Quando se começou a falar que a arbitragem tem um cunho jurisdicional, foi umagrande polêmica, já que muitos defendem que a quem exerce a jurisdição é o juiz.Antes da LdA, não era possível falar no caráter jurisdicional da arbitragem, pois olaudo arbitral ainda não era imune ao judiciário (este podia questionar o mérito dadecisão), ainda não era um meio estável de solução de conflito, não se falava em

     pacificação social como escopo da arbitragem. Hoje, a decisão do árbitro tem o

    mesmo valor que uma decisão do STF, ambos desencadeiam o cumprimento desentença de modo forçado.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    6/33

     Arbitragem - Carmona

    Para ter a jurisdição, há o elemento do poder. Mas o árbitro tem poder? Sim, tem o poder de dizer o direito, de decidir a questão. Só não tem o poder de auto-executar adecisão.

    A partir do momento em que se instaura a arbitragem, se interrompe a prescrição.Instaura-se a arbitragem a partir do momento em que o árbitro aceita sua nomeação.Os momentos precedentes eram de procedimento arbitral, ainda não havia jurisdiçãodo árbitro. É a investidura arbitral. A partir desse momento, passa a haver a jurisdiçãoarbitral. O árbitro pode determinar uma medida de força, decidir cautelares, emitirsentenças parciais etc. Há, portanto, um procedimento arbitral, há jurisdição.

    Os únicos métodos que há para questionar a decisão são formais:1. pedido de esclarecimentos, que são como se fossem embargos de declaração. Nãotem o conteúdo de mudar a decisão;2. Ação anulatória, dentro de prazo decadencial curto, previsto na lei. Em caso de

    haver nulidade absoluta, pode ajuizar Ação.3. A parte pode impugnar a execução da sentença arbitral. Há requisitos fechados, enão se questiona o mérito da decisão arbitral.

    A decisão arbitral faz coisa julgada, exatamente da mesma forma que uma decisão judicial. Portanto, cumpre os escopos da TGP: social, político e jurídico.

    Dada a sentença arbitral, deverá haver a execução no Judiciário, por uma questão deopção legislativa. A competência para executar uma sentença arbitral é do juiz, pois

     pressupõe medidas de força eficientes, que são melhores no Judiciário, pelo juiztogado. Mas ele simplesmente cumprirá a sentença arbitral, não questionará o mérito.

     Na Suécia, a execução da sentença arbitral não é feita no Judiciário. Há um órgãoadministrativo do Estado que faz a execução, já que o julgamento, a análise já se deu,restando apenas a atividade administrativa. Portanto, para eles, não é porque não seexecuta que não há jurisdição.

    Dinamarco, na Instrumentalidade do Poder, no capítulo da jurisdição e do poder, traza teoria do Luhmann sob ponto de vista da decisão vir ao encontro das expectativassociais.

    O juiz tem como origem de sua jurisdição a investidura. A jurisdição do árbitro temorigem nas partes, ou em decorrência do Estado? Há discussão. Para Eduardo, aorigem é do Estado, que pode transferir poder; o Estado, mediante o processolegislativo, pela LdA, dividiu sua jurisdição com o árbitro, por razão de competênciafuncional – essa é posição doutrinária majoritária.

    Por que a parte elege a arbitragem?Por muitos motivos: muitas vezes, a parte está em busca de um julgamentoespecializado sobre a matéria; ou a parte busca a celeridade da arbitragem; ou a parteelege por motivos econômicos. No geral, em termos de especialidade, o julgamentode arbitragem, em condições normais, é mais especializado que o Judiciário.

    O advogado defende o interesse da parte; deve-se analisar o contrato para ver se valeou não a pena ir para a arbitragem.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    7/33

     Arbitragem - Carmona

    15.03 – faltei

    22.03

    HistóricoA ideia de que os meios ditos alternativos vêm para aliviar o Judiciário é ilusória. Aarbitragem não concorre com o Judiciário, são causas que talvez nem fossem para oJudiciário, não é o lugar adequado para resolver esses conflitos. O juiz não é

     predisposto para a resolução de causas complexas.

    O ante-projeto da lei de arbitragem não era ruim. 3 problemas no tratamento que aarbitragem recebia:

    1. eficácia da cláusula compromissória Não era sequer tratada nas nossas leis. Todos os nossos diplomas legislativos nãotratavam desta cláusula. A cláusula compromissória, que estabelece contratualmente aarbitragem como meio de solução de litígio, não era tratada na lei.

    A maior parte das arbitragens é instituída por conta de cláusulas arbitrais, e não porcompromissos arbitrais. No momento em que não estamos em impasse, é mais

     provável que se estabelece uma cláusula mais equilibrada, pois não se sabe quem éque vai errar. Quando as coisas já deram erradas, já sei se tenho ou não razão echances de ganhar, como será o procedimento, que é melhor para atuar como árbitrono meu caso etc.

     Na cláusula compromissória tenho que prever uma forma equilibrada, para resolverum problema que ainda não surgiu. É mais fácil de ser estabelecida do que ocompromisso. Mais que 90% dos casos foram instituídas por cláusula arbitral – o que

     já é um indicativo.

    Os anteprojetos antes de 90 não chegaram ao Congresso.

    Em 1990, foi elaborado um outro anteprojeto que lidou com problemas até entãoainda não regrados, como a cláusula arbitral, que só era regrada pelo Pacto de

    Genebra, que menciona a clausula para contratos internacionais. Tal pacto tevevigência no BR muito limitada, até porque os países passaram a assinar a NYConvention, que previa que com a sua assinatura revogavam o Pacto. O BR aderiu àConvenção de NY em 2002.

    2. Eficácia da sentença arbitralAs leis de processo, os CPCs exigiam que a sentença arbitral fosse necessariamentehomologadas, era um fator de eficácia. Havia uma transposição entre um laudoarbitral e uma sentença arbitral. O laudo arbitral transformava-se em uma sentençaequivalente a uma sentença estatal, com a homologação.

    * o sistema homologatório prejudicava o caráter sigiloso e a celeridade, pois havia possibilidade de recurso, e no momento da homologação o sigilo já era. O custo

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    8/33

     Arbitragem - Carmona

     benefício era perdido quando se entrava na via estatal, para pagar as custas judiciais, eacabava-se pagando duas vezes para a jurisdição.

    A ideia de que a homologação é necessária é antiquada. Isso faz parte de uma culturade que o Estado é que resolve todos os problemas, de que deveria haver o selo do

    estado para que o problema fosse resolvido. Mas se percebeu que era possívelresolver um problema sem o Estado, por exemplo, com a conciliação. Essa mudançade pensamento demorou para acontecer, e ainda hoje está mudando.Hoje, Laudo arbitral = sentença. Na lei, consta “sentença arbitral”, que foi umaquestão de marketing para mostrar que havia uma equivalência.

    3. Critério da dupla homologaçãoO STF costumava não reconhecer diretamente a eficácia de sentenças arbitraisestrangeiras. O STF sempre entendeu que não havia possibilidade de reconhecer aeficácia de tais sentenças estrangeiras. O STF os qualifica segundo a perspectiva dalei Brasileira, ou seja, é uma peça que necessariamente precisa ser homologada.

    Desde sempre, os laudos estrangeiros tinham que passar pelo crivo da lei BR.

    Caso espanhol: 1994 – empresa suíça e brasileira em arbitragem adhoc, árbitroespanhol. Brasileira condenada a pagar, e quer pagar; para tal, deveria emitir dinheiroa Zurique. O BC não autorizou, pois disse que não era uma sentença judicial,

     precisava de homologação. A empresa BR avisou a suíça, e esta foi à Barcelona, e sedeparou com a lei espanhola, que equivalia o laudo arbitral é equivalente a umasentença, não dá nem para homologar. Por isso, vieram diretamente ao STF para pedira homologação. A BR foi citada para apresentar contestação, e declarou que concordacom a homologação. O STF não concordou. Agravo regimental, e em outubro de1996 os 11 ministros se reúnem para julgamento – ainda no Período de vacatio legis(só entraria em vigor em novembro). Mas outro Ministro entrou com incidente deinconstitucionalidade da lei de arbitragem, de uma lei que ainda nem em vigor!

    Parecer: não havia inconstitucionalidade.

     Novo julgamento: ministro Jobim era novo no STF. O presidente destruiu a lei, porcausa da previsão da cláusula arbitral. Jobim pediu vistas, e ficou assim por 5 anos.Havia desconfiança de que a lei de arbitragem BR seria considerada inconstitucional,e o BR ainda não havia assinado a NY Convention. Nesse contexto, o BR estava

    ficando para trás.A lei foi julgada novamente, e passou sem inconstitucionalidade. O STF não estava

     pronto ainda para julgar essa questão; essa foi uma pausa política importante, apesardo dano que causou em termos de negócios. Hoje, o BR é considerado arbitrationfriendly, é uma potencia nessa área.

    * no caso da empresa suíça, as partes se entenderam extra-judicialmente.

    O regimento interno do STF permite que qualquer ministro levante incidente deinconstitucionalidade mesmo que seja referente a um caso em questão, mesmo em

    relação a uma lei que ainda nem estava em vigor.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    9/33

     Arbitragem - Carmona

    O STF exigia a dupla homologação pois percebia com a mesma qualificação com assentenças estrangeiras; com a mudança de concepção, equivalendo o laudo arbitral àsentença, não se diz que o STF tem competência para homologar sentenças, pois nemse poderia dizer isso. Fala-se apenas em “sentença estrangeira”, e não se é ou nãoestatal. O STF não levantou nenhuma inconstitucionalidade no dispositivo.

    Barbosa Moreira: não posso homologar uma sentença arbitral estrangeira no BR antesda homologação no pais estrangeiro. Carmona não concorda, e diz que a sentença teráefeito internacional, não depende do tratamento que a lei estrangeira dá.

    Caso de laudo proferido no Egito, entre empresa americana e francesa. O laudo foianulado na “sede”(Egito), mas apesar disso é possível que tenha eficácia em outrolugar. A NY Convention, no artigo 5o, e, diz que é possível ter uma arbitragem naInglaterra aplique a lei irlandesa, e seria Possível anular o laudo tanto na Irlandaquanto na Inglaterra, de modo que poderia ter concomitantemente 2 ações anulatórias:uma de procedência, e outra de improcedência, tendo 2 coisas julgadas contraditórias

     – o que é muito complicado. Isso incentiva o fórum shopping.

    * esses problemas formam o tripé da arbitragem:1. cláusula compromissória e compromisso -> em vez de tratar como contrato e

     pré0contrato, a lei manteve a definição de clausula e de compromisso, entretanto deuà clausula uma eficácia imediata e bastante importante. Tornou-se uma verdadeiraobjeção processual, pode conhecer de oficio.

    2. sentença arbitral = sentença estatal, judicial. Arbitro age como um juiz, mas um juiz privado. Inverteu a Formula: quem quiser impugnar uma sentença arbitral porconta de erro in procedendo, poderão em 90 dias ajuizar demanda de anulação. Sendo

     juiz privado, como pode ser equivalente a uma sentença JUDICIAL? O legislador fezisso de propósito. EC 45/04: competência passou a ser do STJ, e não mais do STF.

    Convenção de arbitragem

    A lei de arbitragem BR não partiu do nada, veio de convenções internacionais,tratados internacionais, e a lei de arbitragem espanhola de 88. A Espanha, como o BR,tinha uma lei contraria à arbitragem, que não favorecia o desenvolvimento daarbitragem. A lei espanhola de 88 foi, portanto, um bom modelo de estudo.

    Em 1990, quando a lei foi idealizada, tínhamos uma situação política diversa, umaoposição (PT) muito combativa, sem muita técnica. Quando apresentado na Câmara, procurou-se apresentar de início pontos conhecidos pelos deputados, para evitarcontrariedade. No Senado, passou sem problemas (com a liderança de Marco Maciel).

     No fim, acabou passando, e as discussões foram superadas. Mas tiveram que manterna lei uma superestrutura que na época não era necessária. Poder-se-ia falar só emconvenção de arbitragem, e não especificar se era compromisso ou clausula. Então, háuma estrutura pesada para o compromisso arbitral, e mais leva para a cláusula.

    Era interessante deixar claras as hipóteses de emprego da arbitragem. Houve

    discussão sobre se incluir um § prevendo a aplicação da arbitragem no direito dotrabalho, o que teria evitado muitos problemas; resolveu-se não fazer menção ao

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    10/33

     Arbitragem - Carmona

    trabalhador, para evitar problemas políticos que prejudicariam todo o projeto. Optou-se por não se mencionar a arbitragem trabalhista, isso seria tratado pela doutrina e

     jurisprudência.

    Artigo 1o – Arbitrabilidade objetiva

    O que é arbitrável no BR? Há grande discussão sobre o direito do trabalho, se éaplicável. Se achar que o direito do trabalho é privado, seriam direitos disponíveis,

     portanto seriam sujeitos a transação e poderiam ser levados a arbitragem. Havendo a possibilidade de conciliação, seria um sinal de que seriam direitos disponíveis, passíveis de transição. Mas isso gerou dúvidas nos órgãos de proteção ao trabalho, pois o efeito poderia ser contrario, pois as empresas poderiam usar como umaarmação, uma simulação de arbitragem. Foram ajuizadas demandas como ACPs,TACs contra órgãos de arbitragem. Isso funcionou contra a arbitragem trabalhista.

    Juiz do trabalho: há uma forte corrente em favor da atuação proativa do juiz em favordo empregado, que é hipossuficiente. O árbitro não teria esse mesmo papel social de

    equilíbrio, portanto, aqueles que defendem esse papel do juiz do trabalho acreditamque a arbitragem não é adequada no direito do trabalho. Os tribunais, principalmentedos grandes centros, não estão sendo favoráveis à arbitragem no direito do trabalho. O

     professor acredita que o direito do trabalho comporta sim a arbitragem.

    Enquanto a RJ perdura, proteção do hipossuficiente. Quando ela finda, a relação passaa ser exclusivamente econômico-financeira, ai seria patrimonial e disponível.

    * PPPs: empreendimentos de captação , joint ventures com empresas estatais. A lei dasPPPs incentiva os meios adequados de solução de litígios.

    * No BR, o Estado está em tudo. Vide as autarquias.

    12.04Cláusula compromissória

    Vazias

     Não se indica como se nomeia o árbitro. Se ocorrer um conflito decorrente docontrato, será resolvido pela arbitragem, mas não há indicação sobre como se

    nomeiam os árbitros.Cheias

    Há indicação de como serão nomeados os árbitros.

    Para que a arbitragem se institua, a parte que quiser submeter a arbitragem terá querecorrer ao Judiciário, para que este monte o TA, pois a clausula compromissória nãotem um mecanismo suficientemente bom para que se pudesse, desde logo, compor oTA. O juiz vai mandar citar o réu, para procurar saber qual a vontade das partes, paraverificar se há vontade de formação do TA.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    11/33

     Arbitragem - Carmona

    A LdA estabeleceu, para a ideia de formação de vontade com base no pré-contrato,mudou o parâmetro da qualidade da sentença que o juiz vai proferir, naturezaintegrativa, pois o juiz vai completar a clausula com base em elementos que ele nãoconhece; no âmbito do direito civil, o juiz pode preencher a vontade, pela sentença deadjudicação compulsória, completando o contrato com elementos que ele conhece,

    que já constam no pré-contrato.

    A cláusula, antes, era considerada uma promessa de compromisso, um pré-contrato.Porém, era tão incompleto que não comportava a execução específica. O acordo deacionistas comporta execução específica (art. 118, §3o  da Lei das S.A.), o que nãoquer dizer que posso executar o acordo de acionistas, não é titulo executivo, mas asentença terá a característica de integrar a vontade da parte, estamos no campo do

     processo de conhecimento (art. 7o, LdA).

    Cria-se uma situação nova, um contrato, uma relação jurídica que não existiaanteriormente.

    Cláusulas compromissórias antigas

    A clausula compromissória pode estar inserida em contratos antigos, antes da LdA.Um contrato firmado em 1980, que tem um clausula compromissória como essa(vazia), e que teve um problema em 2012, deve reger o regime anterior, ou o regimeda LdA? É uma questão que aconteceu muito, com o advento da LdA. Por exemplo, ocaso da companhia White Martins: uma das partes dizia que e clausula era de 71, masaplica-se a LdA, enquanto a outra dizia que não. O juiz extinguiu o processo, pois,sendo clausula processual, era aplicável imediatamente; o TJ reformou a decisão,dizendo que era o direito processual da época que deveria ser aplicado. Porém, o TJreprestinou o CC/39, o que é um absurdo. O SJT reformou a decisão, a lei processualé a que deve vigorar, a LdA é, eficácia processual, é a lei a ser aplicada, e a eficáciada avença entre as partes é a eficácia do momento em que ocorreu a controvérsia.

    Paralelo com as debêntures. Imagine que não seja títulos executivos judiciais, masextra-judiciais. Se tenho debêntures de antes desta Lei que mudou a qualificação,

     posso executar essas debêntures, utilizando a lei processual de agora? Executa, nãoimporta quando a debênture foi lançada. A mesma regra vale para a cláusulacompromissória.

    Cláusula compromissória vaziaColocada no contrato antes da vigência da lei, mesmo antes da LdA, aplica-se a LdA.Discussão quando da criação da LdA: havia 2 modelos: o FR (se é vazia, não valenada); o outro é o Espanhol, que dava eficácia à clausula vazia, obrigando as partes airem ao Judiciário para compor o TA, dando eficácia máxima à clausula. Isso gera um

     problema grave: art. 7o, LdA, vai ter que produzir prova de que era a vontade das partes, reunião, o juiz tenta um acordo para resolver o litígio; se não der certo, tentaum novo acordo, para nomear os árbitros; se ainda assim não der certo, o juiz vaiinstaurar da cabeça dele, ou pode reportar a uma Câmara arbitral. É um problema quetem origem em uma má redação da clausula arbitral pelos advogados. Havendo a

    indicação de uma Câmara arbitral, às vezes, as partes podem ser pegas de surpresa pelos custos altos da arbitragem.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    12/33

     Arbitragem - Carmona

    Pelo artigo 7o, a sentença proferida pelo juiz vale como o compromisso arbitral.Porem, a sentença deveria instituir a arbitragem. Mas a arbitragem se instituiucontanto que os árbitros aceitam o encargo, e isso Não acontece com o compromissoarbitral. A sentença não institui a arbitragem como um compromisso arbitral. O juiz

    deve tomar o cuidado de intimar os indicados para aceitarem o encargo, aí sim asentença será eficaz: deve intimar os indicados, que devem aceitar e declarar aaceitação, para que a arbitragem seja instituída.

    São coisas novas, e os juízes ainda estão testando fórmulas.

    Agora, não há mais tantas clausulas antigas; hoje, há o problema de clausulas patológicas. Todas essas situações podem gerar problemas.

    * E no caso de dissolvimento de uma câmara arbitral, que permanece referida emcontratos? O que ocorre? Se coloca na clausula uma câmara que não existe, ou que

    deixou de existir 1, a clausula é nula? Não, é vazia. Isso foi uma escolha do legislador (Carmona), para fortalecer aomáximo a cultura arbitral. Essa política, segundo Carmona, deu certo.

    * E no caso de, na clausula se identificar a Câmara de arbitragem de SP, mas uma parte entende como a da CIESP, e outra, uma Câmara diversa? É clausula vazia, nãodesnatura.

    A clausula arbitral, geralmente, era uma “midnight clause”,  feita de última hora, oque não era bom.

     Na clausula, pode indicar alguém para que este indique um árbitro, mas tem queconsultar essa pessoa antes, para ver se ela pode e se quer. O Ministro da Justiça não

     pode, por exemplo. Tem que ver se a pessoa aceita o encargo, e é sempre bom colocarum substituto, porque a pessoa pode morrer, ou enlouquecer.

    * a clausula vazia não é uma opção, é um erro, uma patologia.

    * Hoje, as Câmaras só aceitam casos em que se aplica o próprio regulamento; háoutras que aceitam, por exemplo, aplicar o regulamento UNCITRAL, pois é aconvenção modelo.

    Pode haver a revogação tácita da clausula compromissória. O juiz pressupõe que aclausula é valida; porém, se tomar conhecimento de que a clausula fora revogada,

     poderá decidir por manter a causa no Judiciário. Art. 462: o juiz vai levar o fato novoem consideração, e o juiz vai dar andamento ao processo.

    Kompetenz-Kompetenz

    Competência da Competência. O árbitro tem o poder de decidir a respeito da própriacompetência. Significa que cabe ao árbitro decidir sobre a validade, a extensão e aeficácia da convenção de arbitragem. Para evitar uma manobra da parte que não quer

    1 Hoje, não é comum Câmaras quebrarem, ou desaparecerem.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    13/33

     Arbitragem - Carmona

    a arbitragem, criou-se uma blindagem à arbitragem no sentido de que só o árbitro éque pode decidir sobre a validade ou invalidade da cláusula.

    Por exemplo, o caso de não haver a assinatura das partes na última folha. Uma partediz que a clausula compromissória existe, e outra diz que não é clausula

    compromissória, não era válida. Carmona deu decisão no sentido de que haviaclausula arbitral válida, e que ele tinha jurisdição.

    Porém, essa regra não é absoluta. Há casos em que é evidente que não há competênciado árbitro. Neste caso, é possível ir ao Judiciário para declarar a clausula comoinválida; em outros casos, é evidente, como no caso de tratar de direitos indisponíveis.Essa visão não é compartilhada por todos, há quem pense que a regra é absoluta.

    Art. 10, LdA

    Elementos obrigatórios para o compromisso arbitral (existe para um litígio atual):

    - nome das partes (para indicar quem são os contratantes);- profissão, quando relevante;- estado civil, quando relevante (por exemplo, no caso de se discutir propriedade, énecessário);- domicílio das partes (para recebimento de notificações), ou residência;- nome, profissão, domicílio dos árbitros (lembrando que árbitro não é profissão);- indicação da entidade (nada impede que esta indique outros árbitros), ou da pessoaque vai indicar árbitros;- matéria que vai ser objeto da arbitragem;- lugar em que será proferida a sentença arbitral (importante para auferir anacionalidade da sentença; no BR, uma sentença proferida aqui é BR, aí não

     precisaria homologar no STJ*).

    * Isso é importante para a dinâmica internacional, considerando as leis de paísesdiferentes. Pode haver sentenças binacionais, por exemplo, italiana e BR, pelaconvergência entre as leis BR e Italiana, e poderia ocorrer entre outros países que têma ideia de sede.

    Hoje, a sentença presencial é cada vez mais rara. Justamente para não haver aalegação de que não estava no lugar da assinatura, pode-se constar “lugar daarbitragem”. Aqui, trata-se de proferir a sentença, e não assinar esta.

    Elementos facultativos da clausula

    Quem é o árbitro?

    18.04

    Elementos facultativos do compromisso arbitral

    Lugar

    “Sede da arbitragem” = lugar onde a sentença arbitral será proferida, para determinarse será nacional ou internacional. Não é a nacionalidade da arbitragem, mas sim da

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    14/33

     Arbitragem - Carmona

    sentença. No BR, não temos a definição de arbitragem internacional ou nacional, oBR usa um critério monístico; isso dá ao BR maior qualidade legislativa, pois a leiservirá para tudo. A arbitragem doméstica BR tem nível superior às arbitragensdomesticas de outros países americanos, ou seja, os advogados BR estão preparados

     para atuar em arbitragens internacionais.

    O conceito de sede, para nós é estranho. Melhor dizer o lugar onde a sentença será proferida, para evitar confusões. Os atos da arbitragem podem ser desenvolvidos emvários lugares diferentes, dependendo do que for mais adequado (por exemplo, paracolheita de provas). Vai do critério das partes, e pode vir discriminado nocompromisso arbitral. Se na cláusula compromissória isso não está delimitado,coloca-se no Termo de Arbitragem (Ata de Missão), porque o compromisso, ou acláusula não é obrigatória.

    Autorização para que o árbitro julgue por equidadeÉ um direito que as partes têm, podem autorizar o árbitro, aí ele pode se afastar dos

     parâmetros do direito posto. Busca da solução justa ao caso, pode ou não ser o direito posto. É necessário cuidado, por segurança jurídica.

    Prazo para apresentar sentença arbitralA LdA deixa à escolha das partes. Se não disserem nada, em princípio, 180 dias, paraque o prazo não seja eterno.O prazo de 180 dias só levará à anulação da sentença arbitral se a parte interessadanotificar o presidente do TA se, em 10 dias, a sentença não sair. O excesso de prazo

     pode não ter nulidade, se as partes não se incomodarem com isso. Se a parte tem pressa, pode notificar o presidente para, em 10 dias passados do prazo, ... Anotificação só serve para prevenir o meu direito para, eventualmente, anular asentença por excesso de prazo; a outra parte, que eventualmente perder, não poderáalegar a nulidade.

    A CCI prevê o prazo para proferimento de sentença arbitral, e prevê a possibilidadede extensão. Normalmente, meses apos o termino da instrução processual, que seconta a partir do momento em que as partes apresentem suas alegações finais, ou se o

     prazo para apresentar estas corre em branco. Esta forma elástica possibilita que hajamais tempo para proferir a sentença se a arbitragem for mais complexa, a instrução

     pode ser mais longa.

    Prazo para proferimento da sentença fica a critério das partes. Normalmente, é previsto no regulamento nas arbitragens institucionais, mas esses prazos normalmentesão flexíveis, poderão ser dilatados ou por determinação do painel, ou do órgão deadministração da arbitragem. Na CCI, a prorrogação do prazo fica a critério da Corte,um órgão de organização da arbitragem.

    Quando as partes requerem a dilação do prazo, não haveria necessidade de apelar-se para um órgão especial. São os árbitros que, normalmente, querem mais tempo derefletir.

    A CCI criou uma fórmula de estimular os árbitros a proferirem sentença mais

    rapidamente, com um estímulo na remuneração. Se a decisão for muito lenta, mesmoque boa, a remuneração será menor.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    15/33

     Arbitragem - Carmona

    Claro, as possibilidades de prorrogação não são infinitas, há um limite, pois asentença tem que sair.

    As partes têm que concordar sobre o pedido de prorrogação.

    Indicação da lei nacional das regras aplicáveis à arbitragemAs partes devem indicar as regras de direito material que querem ver aplicáveis.E se for segundo princípios gerais do direito? É uma distinção coerente com o

     julgamento por equidade? E se disser que serão aplicáveis as regras contratuais?Cuidado com noções e institutos de direito estrangeiro transpostos no direito BR. Porexemplo, apontar a aplicação de regras contratuais terá um efeito diferente naCommon Law (contrato > lei) do que na Civil Law (lei > contrato). Cuidado: contratoamericano é bom para a América.

    Caso em que partes são A, B e C, intervenientes, D e E. Cláusula no contrato: se

    houver litígio entre A, B e D, pode se instaurar uma arbitragem? O advogado errou, porque queria na verdade que envolvesse os signatários, mas transplantou um modeloamericano de Recitals.

    Declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e despesas daarbitragemSe não houver previsão, aplica-se a regra da sucumbência, quem perde, paga. Esta nãoé a única forma de ver o problema, há quem entenda que, em geral, não se aplica asucumbência. Mas nada impede que as partes digam que uma delas pagará todas asdespesas da arbitragem. Por exemplo, se uma das partes fizer questão de ir para aarbitragem, e a outra parte não puder pagar.

     Normalmente, os órgãos arbitrais requerem a antecipação das despesas (cada umaantecipa a metade), e depois acertam de acordo com a sucumbência. Se uma das

     partes não fizer o adiantamento quando devia, a outra parte pode fazer o pagamento por ela, para a arbitragem não parar.

    Honorários advocatícios também ficam a critério das partes: podem prever que cadaum paga os seus, ou que o sucumbente pague. Muito comum em arbitragenscomerciais internacionais é que são apresentadas notas para reembolso fiel e integraldo que foi gasto.

    Parecer não é exatamente despesa necessária para a defesa de uma parte naarbitragem. Não entra como reembolso de despesa, assim como o assistente técnico.O perito que eventualmente for designado pelos árbitros sim, podem ser objeto daalocação.

    As partes podem resolver em sentido contrário, por exemplo, englobando pareceresnos honorários a serem repartidos, ou assumidos em sucumbência.

    Honorários dos árbitros: nos órgãos arbitrais institucionais, já estão previstos emtabelas, e as partes já aceitam os valores. Quando a arbitragem é adhoc, é bom já

     prever no TdA, que já se torna titulo executivo, e o árbitro já toma o cuidado de tomarmais 2 assinaturas.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    16/33

     Arbitragem - Carmona

    Art. 12: morte de árbitro etc.

    * os órgão arbitrais já fazem uma provisão de fundos (já cobram antecipadamente pois já sabem o quanto foi gasto, ou vai ser cobrado), de modo que quando há o

     proferimento da sentença, a arbitragem inteira já está paga. E se, durante a arbitragem,os árbitros percebem que haverá muitas horas trabalhadas, o órgão arbitral já começaa pedir os pagamentos.

    Quem pode ser árbitro?

    Qualquer um que seja maior e capaz. Aquele que tiver a confiança das partes. Podeser um estrangeiro, ou em língua estrangeira, a liberdade é absoluta. Mas deve seralguém imparcial e independente. Há um parâmetro no CPC: critérios de suspeição eimpedimento que podem servir de informação à arbitragem, mas para a arbitragem

     pode ser mais amplo ou restrito.

    Se o fato for revelado e as partes o aceitarem, nenhum problema, mesmo que seja umadas hipóteses de suspeição ou impedimento do CPC. Todos os casos de impedimentoou suspeição são superáveis. Essa circunstância não pode ser usada mais tarde, se jáera conhecida.

     No caso de um tribunal triplo, há o presidente escolhido pelos 2 árbitros indicados.Esses árbitros têm o dever de revelar quaisquer fatos, ligações que ele julguenecessários e que possam levantar suspeita. Há o dever de revelação. Informar tudoaquilo que, aos olhos das partes, possa gerar motivo de impugnação.

    Imparcialidade: em relação à partes.Independência: liberação econômica, ou desvinculação técnica.

    É um tema polêmico. O indicado a arbitro deve revelar os fatos que, aos olhos das partes, poderiam gerar desconfianças sobre a imparcialidade ou independência. Mascomo se colocar nos olhos das partes? Há limites para aquilo que ele deve revelar?

    Qual é o grau de revelação? O que ocorre quando deixa de revelar?A parte que perde, se descobre um motivo que poderia gerar impugnação, pode tentaranular a sentença arbitral. Caso do ministro Rezek, impugnado; outro árbitro

    estrangeiro assumiu, proferiu sentença, mas depois a parte perdedora descobriu queeste presidente não fala português, e ajuizou ação de anulação da sentença.

    A revelação é uma via de mão-dupla. É verdade que o árbitro tem o dever derevelação para as partes; mas as partes também são obrigadas a trazer os elementosque julgam importantes para a análise da imparcialidade e da independência, para queos árbitros se manifestem sobre eles. Exigir que o árbitro revele tudo que poderia éexcessivo, porque a pessoa esquece, ou erra. Caso correndo em NY, de árbitro quenão revelou conflito, julgou a arbitragem, e depois se descobre que o escritório doárbitro já havia litigado por uma das partes; o árbitro errou, deveria ter revelado.Outro caso é de árbitro que fora condenado penalmente por crime contra a economia

     popular, ele deveria revelar isso?

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    17/33

     Arbitragem - Carmona

    Caso de uma cláusula compromissória que determina a escolha de 3 árbitros homens,homossexuais e estilistas – é válida? Caso inglês, 3 julgadores muçulmanos, clausulainválida, pois diz o tribunal de primeira instancia que a clausula viola o direito dotrabalho inglês, não poderia haver distinção que impedisse a possibilidade de trabalho.A Corte Suprema Inglesa julgou que é valida, a vontade é livre, as partes podem fazer

    o que bem entenderem, de acordo com os seus critérios. No caso dos árbitroshomossexuais, não seria inválido. A autonomia das partes é das partes.

    Caso italiano de árbitro professor titular de renomada universidade italiana. Nãohouve concordância sobre isso – foram para o judiciário.

    26.04Árbitros – continuação

    * Se ele deixa de revelar um fato que, aos olhos das partes, o impediria a atuar

    no caso? A falta de revelação que poderia causar a desconfiança das partespoderia justificar uma impugnação?Decisões nos EUA e européias: só este fato já serviria que a parte pudesse desconfiardo árbitro. Caso do árbitro ter sido advogado de uma das partes: isso poderia mostraruma relação importante entre o árbitro e a parte; se a parte não alega que o árbitro se

     portou com parcialidade, mas simplesmente alega a falta de revelação. É necessáriomostrar um motivo relevante, como parcialidade? Proferida a sentença, se a parte querimpugnar o árbitro para anular a sentença arbitral alegando a falta de revelação, issoseria acolhido? Teria que comprovar ao juiz togado a falta de parcialidade? Respostadifícil.Para Carmona, se o árbitro quer prejudicar a parte, ele agiria ao contrário, dariaevidências de que trataria de forma mais dura a parte com a qual teria alguma ligação,

     para evitar uma impugnação e, ao fim, beneficiá-la.Como alternativa, Carmona vê: a parte poderia alegar que o fato não-revelado poderiater gerado uma impugnação. Aí, poderia anular a arbitragem.

    O problema do árbitro hoje não é de a parte confiar nele, mas de poder desconfiardele. A ideia de que o árbitro é aquele em que a parte confia é questionável, sob este

     ponto de vista. É comum que os órgãos arbitrais nomeiem os árbitros pela CâmaraArbitral, por falta de composição das Partes na escolha dos árbitros; é o que ocorre naCCI, e isso diminui a participação das partes na administração da arbitragem mas, ao

    mesmo tempo, é melhor em termos de diminuir o grau de desconfiança em relaçãoaos árbitros.

    Art. 1o, LdA: leitura globalizada – árbitro não é só aquele em quem confio, mastambém aquele de quem não desconfio. Mestrado da Prof. Selma Lemes:imparcialidade e independência dos árbitros.

    Art. 17, LdA: equiparados os funcionários públicos, para fins penais.

    Art. 18, LdA: árbitro é equiparado a juiz – o que não quer dizer que o árbitro tenha os benefícios da magistratura.

    * caso da carteirinha do árbitro no RJ (???). Fraude.* casos de mandados de intimação arbitral em Belém-PA e RJ.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    18/33

     Arbitragem - Carmona

    * Não há profissão de árbitro, curso de árbitro. Há um PL em curso na Câmara dosdeputados federais para regulamentar uma “profissão” de árbitro.

    A equiparação dos artigos 17 e 18 tem o fim de que o árbitro seja responsável por

    seus atos. Deve-se criar, porém, uma blindagem, pelos eventuais erros que possacometer in judicando. O juiz togado, se cometer um erro, pode ser questionado emsede de recurso; no caso do árbitro, não há um recurso, se julgou de modo errado, ouque seja condenado a indenizar. Por isso, há uma blindagem do árbitro neste sentido,senão ninguém seria árbitro, pelos riscos.

    As exceções para o juiz e os árbitros são equiparadas: os dois, quando cometem errograve que equivale a dolo, por exemplo, podem ser condenados.

    Os árbitros podem ser equiparados aos funcionários públicos para fins penais, porexemplo, se cometer crime de prevaricação.

    Os árbitros gostam de serem chamados de agentes políticos, e são servidores doEstado.

    * Se o árbitro, no exercício da atividade, ficar sabendo de um crime por conta daatividade, deve revelá-lo?Questão do sigilo: é mais importante a regra legal (a equiparação com funcionário

     público obrigaria o servidor a levar o crime ao conhecimento público), ou o dever desigilo? Não há uma definição dominante. Para Carmona, o dever de sigilo para com as

     partes prevalece; se toma conhecimento de crime, o árbitro pode renunciar, semrevelar o fato.

    Substituição do árbitro1. ou a parte já nomeou um árbitro com esta possibilidade, ou não disse nada: oárbitro pode ser substituído. Os próprios órgãos arbitrais já prevêem o procedimento

     para esta substituição. Se não houver regra a este respeito, e as partes não chegarem aum acordo, art. 7o  da Lei de arbitragem, terão que ir ao Judiciário para pedir umanomeação.2. ou nomeia um, já com a expressa vedação à substituição. Neste caso, se o árbitro dealgum modo ficar impedido, a arbitragem acaba, o compromisso pode ser dissolvido,a convenção de arbitragem perde efeito.

    * para evitar problemas, as partes poderiam nomear um titular e um suplente – masisso não é comum, pois ninguém quer ser suplente, pois este ficaria vinculado e semtrabalhar. Por isso, os órgãos arbitrais deixam esta possibilidade de não nomear umsuplente, e de, na hipótese de impedimento do árbitro nomeado, poder-se-ia nomearoutro a posteriori.

    * o árbitro deve ter em mente o seu encargo. Por isso, Carmona acredita que o árbitro pode renunciar se tomar conhecimento de um crime durante um procedimentoarbitral, e não o revelar por respeito ao sigilo para com as partes, pelo encargo queassumiu.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    19/33

     Arbitragem - Carmona

    Procedimento arbitralÉ fixado pelas partes, pode ser inventado por estas. O legislador foi muito flexível,deixou a critério das partes.

    1. Termo de arbitragem (artigo 19, LdA)

    É elemento não obrigatório na arbitragem, mas é muito útil, na medida que vaiinformar as partes sobre os pedidos, a lei aplicável, o idioma, o cronograma... enfim,

     pode complementar o que não veio na convenção de arbitragem.É ainda mais importante quando a arbitragem se origina de uma clausula arbitral, que,via de regra, é muito sucinta e incompleta.Pode ser chamado de Ata de Missão (CCI), ou de outros nomes. O art. 19 fala deAdendo.

    1.1. Forma Não há previsão específica. Costuma-se arrolar 2 testemunhas. Para o adendo, não precisa ter a mesma forma do compromisso arbitral.

    2. Prazo preclusivo (art. 20)Suspeição e impedimento: se a parte souber de algum motivo mas não alegar no

     prazo, significa que não era suficiente para afastamento do árbitro, não sendo alegávelo mesmo motivo posteriormente, apos o prazo do art. 20. Convalidação.Ação de nulidade: independente daquela convalidação.

    * O CPC não se aplica à arbitragem. O legislador exige que o processo arbitral corracom o contraditório, a paridade de armas – ou seja, os requisitos do devido processolegal também devem ser respeitados. Os princípio gerais de processo sãotransportáveis à arbitragem: o procedimento escolhido pelas partes deve ser suficiente

     para que as partes pudessem mostrar seus motivos de convencimento, mas o métodoutilizado pode não ser o mesmo do método do pais onde está correndo a arbitragem.

    Por exemplo, a formulação dos pedidos em fase inicial. No modelo do processo BR,os pedidos podem ser formulados na Pet Inicial, Contestação, Reconv e eventualréplica. Na arbitragem, nem sempre é assim: os pedidos podem constar no TdA; ostermos poderão ser formulados ao longo da arbitragem, até, por exemplo, aapresentação das AFs; são critérios distintos dos que conhecemos.

    A CCI indica que as partes fazem pedidos nas Ais, mas os pedidos posteriores podem

    ser formulados, desde que os árbitros entendam que não prejudicará a instrução. Tudodepende do que as partes combinaram. Na CCBC, as partes apresentamconjuntamente Ais, e depois, conjuntamente, as manifestações em resposta a aquelasAis.

    Fase ordinatória Na arbitragem, não existe. Muitas vezes, os árbitros já traçam o procedimento noTdA.

    Fase instrutória Não é exatamente fase de produção de provas. É a fase que se prepara o julgador para

    decidir; as provas se concentram aí, mas podem ser trazidas antes, ou depois. As partes, quando instauram a arbitragem, já apresentam documentos.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    20/33

     Arbitragem - Carmona

    Audiência Nos procedimentos perante o Judiciário, há uma grande relativização da oralidade, asaudiências muitas vezes não são bem vistas, o processo pode demorar muito.

     Na arbitragem, como o julgador tem compromisso com a pouca duração do processo,

    deve criar mecanismos que auxiliem o julgamento, para tirar o máximo das provasapresentadas, ou seja, o juiz interfere muito.* processo anglo-saxão: o juiz não faz perguntas, só fiscaliza o processo. Origem no

     juízo de Deus, ordálias (concepções bárbaras).* processo americano: barbarizado, mas um pouco mais impurgado por princípioslatinos.* processo “latino”: há grande interferência dos árbitros no procedimento.* em arbitragem, é comum haver maior interferência dos árbitros. Estes podeminstruir a atuação dos advogados. E podem pedir que as testemunhas tragam comantecedência os recursos que utilizarão, e depois, para incorporação nos autos.

    * o advogado pode inquirir o seu cliente – o que não é previsto no Processo CivilBrasileiro. Indeferimento de perguntas é raro, a tendência é deixar as testemunhasfalarem. A oitiva pode até se utilizar de recursos como Skype. Tudo isso cria umadinâmica maior no procedimento arbitral. Podem pedir que as partes tragamdepoimentos escritos das testemunhas, por exemplo, se a questão é muito técnica, e as

     partes podem requerer a oitiva destas mesmas testemunhas para clarificar asinformações prestadas. Ou seja, sai totalmente do eixo do processo civil.

    PericiaÉ mais útil trazer o perito para falar e explicar o laudo. Podem ser peritos do tribunal,ou das partes (expert witnesses).

    FlexibilizaçãoO procedimento arbitral é flexível. Os procedimentos tem algumas regras, mas podenão tratar de pontos os pontos; o que não está regrado, pode ser decidido pelosárbitros, em conjunto com as partes.

    03.05Colaboração Judiciário – Árbitros

    A intervenção do Judiciário pode ocorrer antes, durante ou depois do procedimentoarbitral.

    InstruçãoOs árbitros vão determinar a oitiva, provas. As testemunhas, se vierem, o que ocorre?O árbitro não tem poder coercitivo; deve haver colaboração do Judiciário.Mentir para o juiz ou para o árbitro (CP): Já estava assim no CP, é um devercomparecer para prestar depoimento. Problemas: se o árbitro intima a testemunha deSP para comparecer a um procedimento em SP, e não comparece. O árbitro vai pedirassistência ao Judiciário. Isso é construção doutrinária, não há previsão na LdA. Oárbitro mostra sua convenção de investidura, mostra que aceitou a arbitragem ao juiz

    togado, e formula um requerimento ao juiz.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    21/33

     Arbitragem - Carmona

    * Como é o procedimento, para o árbitro? No distribuidor, geralmente não se sabecomo classificar o requerimento, o que é um problema, pois é incerto o destino desterequerimento (carimbo “outros”, não há uma classificação). O árbitro terá o trabalhode mostrar ao juiz togado que se trata de um requerimento, e não de uma demanda, eque não há advogados, e nem partes, seria na verdade como uma precatória.

    - AMCHAM: único caso no BR sobre esse problema de intimação (carta registrada,ou AR?) e de ausência da testemunha.- CASO PR-Curitiba: já há uma preparação,informação nas varas sobre esterequerimento. No RJ, as varas empresariais é que são competentes para receber estesrequerimentos.

    * quando o juiz tem que conduzir testemunha na própria comarca, não há muitos problemas. O problema é quando se trata de outra comarca.

    É o tribunal que tem que se locomover; a prática é que as partes convidem atestemunha, e financiam o transporte desta, ou há oitiva a distancia, por

    teleconferência. Se a testemunha não quiser se deslocar, o tribunal é que deveria selocomover, ou fazer à distância.

    O depoimento presencial é mais vivo, mas o custo pode ser maior. Por isso, há a possibilidade de depoimento por teleconferência.

    Mesmo que tiver eleição de foro no contrato, esta diz respeito às partes, não tem nadaa ver com os árbitros. Estes podem pedir apoio ao juiz do juízo que for maisconveniente, não está vinculado ao foro da clausula.

    Se a testemunha estiver no exterior? Apoio do Judiciário apenas do lugar onde atestemunha estiver, eventualmente terá ou não o apoio do Judiciário de acordo com asregras do pais pertinente. Não existem cartas rogatórias arbitrais.

    O Projeto do novo CPC prevê a carta arbitral. É o pedido do árbitro ao juiz togado para a realização de algum ato ligado à arbitragem.

    Poder cautelar ou antecipação de tutelaDurante a arbitragem, o arbitro pode perceber ser necessário algum provimentocautelar; é o árbitro que terá que decidir a questão, e determinar que a parte faça algo.Caso da usina, pedido de seqüestro desta, para que não haja o esgotamento desta.

    * quem deve decidir sobre os pressupostos do poder cautelar ( fumus boni iuris, periculum in mora)? O árbitro, que recebe competência integral, a não ser que as partes retirem esta competência. Esta é absoluta, e abrange até o poder cautelar. O queos árbitros não possuem é poder de coerção, poder de executar, de fazer cumprir amedida.

    * o árbitro pode julgar ser caso de seqüestro (há os requisitos), aí a própria parte poderealizá-la; ou pode não haver o cumprimento, havendo a necessidade de medida deforça. É o árbitro que vai pedir ao juiz togado que implemente a sua decisão. A suacompetência não abrange o poder de decidir a questão. A competência do árbitro e do

     juiz togado é diferente, competência é medida de jurisdição; o árbitro tem poder dedecretar a medida, mas não tem poder para executá-la. São divisões de competência,

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    22/33

     Arbitragem - Carmona

    não há nada errado. Mesma feição de uma carta precatória, vai pedir ao juiz togadoque execute o decidido pelo árbitro ( dá o cumpra-se).

    * art. 273, II: se o réu pratica atos procrastinatórios ao processo, o juiz pode concedermedidas cautelares.

    Antes de começar a arbitragem, eventualmente, há a necessidade de medidascautelares. Contrato com clausula compromissória; imagine que haja neste contratouma situação de urgência, instaura-se uma arbitragem, mas até que se instaure otribunal, passam-se alguns meses. Até lá, pode não haver como manter os bens dodevedor para ressarcir os prejuízos. O que fazer? Apelar ao Judiciário, até que osárbitros aceitem o encargo. Assim que houver esta aceitação, a competência passa aser dos árbitros.

    O juiz togado pode ou não conceder uma medida; se não conceder, pode haverrecurso ao STJ.

    Os árbitros podem ou manter, ou revogar, ou alterar a medida, mesmo de um tribunalsuperior.

    * O que acontece quando o árbitro toma as rédeas dos autos da cautelar?O que ocorre com os autos? Os autos ficam onde estão, continuam nos cartórios.Tudo que receberá são as copias necessárias. Quanto à decisão, ou confirmam, oumodificam ou revogam a medida; é comum alterar, pois pode aplicar uma leidiferente, ou pode ter opinião diferente. Em SP, quando os juízes tomamconhecimento da aceitação do encargo pelos árbitros, aqueles cessam seus atos, poiscessou sua competência, e inicia-se a competência dos árbitros. Não é uma questão dehierarquia, apenas de competência. Os tribunais, em princípio, têm aceito isso. Porém,ainda há casos de decisões em que há certa confusão sobre isso; em SP em no RJ é

     bem pacificado.

    * e se a arbitragem for capitaneada em pais estrangeiro?Por exemplo, se a arbitragem for CCI, e em Miami, para o caso de divergências entreacionistas. A arbitragem será instaurada em Miami, porém, se necessitar de umacautelar, pode pedir para o juiz BR, mas avisando-o de que a instauração será emMiami. Deve provar ao juiz togado brasileiro que, em no máximo 30 dias (esse prazoé do CPC), tomou as medidas necessárias para que uma arbitragem venha a ser

    instaurada.FIM DA MATÉRIA PARA PROVA

    Temas vistos:- fala-se em meios adequados de solução de controvérsias – o que são? Exemplos.Auto-compositivos, hetero. Combinações.- clausula escalonada, combinação de meios, todos girando em torno da autonomia davontade.- natureza jurídica da arbitragem, para provar que é mecanismo jurisdicional. Adiscussão perdeu um pouco de força. É mecanismo jurisdicional: a sentença arbitral

    tem a mesma finalidade e escopo da sentença estatal. O escopo da arbitragem é omesmo da atividade jurisdicional estatal. Antes, só se falava em jurisdição quando se

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    23/33

     Arbitragem - Carmona

    dava no Estado; a arbitragem também compõem essa relação, o que sofreu, no início,resistência. Jurisdição é encarada como atividade que não só faz parte do Estado.Hoje, a ideia de jurisdição é tão elástica que até Ada P. Considera a conciliação comoum processo que visa a pacificação, e que tende a aproximar a jurisdição ao conceitode conciliação.

    - institutos afins da arbitragem. Diferença ontológica entre julgar e aconselhar, julgare impor uma decisão.- arbitragem domestica e internacional; a LdA não fala disso, só qualifica a sentença.Isso faz com que nossa arbitragem seja monista. Vantagens: a doutrina da arbitrageminternacional comercial acabam dando embasamento à nossa LdA, o que faz uma

     proteção à arbitragem nacional. No BR, o STJ não pode checar o mérito da sentençaarbitral. DESVANTAGENS: alguns acham que arbitragem internacional deve sermais livre, menos protegida, onde a autonomia da vontade predomine. Parece que oBR adotou uma abordagem mais progressista.- elementos que podem servir para a escolha das Partes: regulamentos, convenções dearbitragem (ler a Convenção de Arbitragem de 1958, o regulamento CCI 1998 e 2012,

    CCBC, AMCHAM, CIESP, CAMARB etc.). Todos esses regulamentos são fontesnormativas da arbitragem.- história da LdA.- direito estrangeiro – não vai cobrar.- vantagens e desvantagens: V - celeridade, sigilo, custo-benefício interessante,especialidade que os árbitros podem dar no julgamento, responsabilidade das partesno julgamento...- arbitrabilidade (subjetiva) das controvérsias, estado envolvido na arbitragem,quando a causa é inarbitrável, situações nebulosas, quando o Estado age como estado,ou como gestor/comerciante (ius imperius/ius gestionis). Empresas públicas –mostram que o Estado está assumindo algo que não é dele? E autarquias? Empresasde economia mista, lei das SA?- convenção de arbitragem: clausula, compromisso, elementos facultativos eobrigatórios. Equidade. Exercício da autonomia da vontade com responsabilidade,conseqüências das escolhas.- árbitros: nomeação, deveres – como a revelação, o que deve ser revelado, graus desuspeição e impedimento.- procedimento arbitral: problemas que os regulamentos podem causar, liberdades das

     partes aceitarem os regulamentos, flexibilidade destes.

    Consulta à LdA, não comentada. Nem o CPC. Não supor, inventar nada.

    17.05Sentença Arbitral

    O legislador não definiu o que é sentença arbitral na LdA. O Conceito deve vir dadoutrina, da TGP. Necessidade de configurar a possibilidade de sentenças parciais,finais, com ou sem julgamento de mérito. Caso de clausula que previu que o litígioseria que ser resolvido em uma câmara de arbitragem de SP; a parte entendeu que eraa CMA/FIESP. Outra parte objetou, pois a clausula era vazia, e o tribunal concordou.

    * O que é uma sentença parcial?

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    24/33

     Arbitragem - Carmona

    Antes, o conceito de sentença era o ato do juiz que colocava fim ao processo, essa foia definição legal inspirada no modelo processual. Em 2005, o conceito de sentença foialterado, havendo possibilidade de apresentar sentença parcial. Pode o juiz togadodeterminar que algum dos pedidos apresentados já seja julgado desde já? Não, o juizdeve julgar todos os pedidos ao mesmo tempo. Diz o CPC que sentença é o ato do

     juiz que implica em uma das circunstancias do 267 ou 269. Não é só uma questão deacionamento, há uma utilidade nisso. Por exemplo, nos julgamento societários, um

     julgamento rápido é muito importante; por exemplo, destituição de um diretor,indenização por danos causados pela diretoria etc. – o juiz, ao examinar todos os

     pedidos, pode observar que o pedido sobre anulação da assembléia já ficouesclarecida, por prova documental, por ter sido um problema de convocação.Portanto, se o juiz já poderia decidir desde já este ponto, por que não? Haveria umautilidade prática nisso.A sentença parcial, então, revelou-se não só Possível, mas útil. Dá margem a umfatiamento do mérito: divisão da sentença em capítulos, para julgamento emmomentos distintos. Na arbitragem, com a mudança do paradigma do CPC, também

    na arbitragem passou a ser aceitável a sentença parcial. Esta já era conhecida emoutros sistemas jurídicos.

     No BR, se houver uma bifurcação da questão em jurisdição, e mérito. A primeira fasedo procedimento terminará com uma sentença parcial; depois, os árbitros continuamcom o julgamento.A sentença parcial deve ser dada para decidir o mérito. Na arbitragem interna,raramente se pede sentença parcial para decisão sobre a jurisdição; há as OPs, que sãomais usadas. Mas alguns órgãos prevêem que esta decisão terá que ser via sentença(por exemplo, a CCI determina que as partes terão decidida a questão de jurisdição

     por sentença parcial).O prazo para impugnação é curto, de 90 dias. Devo impugnar desde já a sentença

     parcial, ou esperar a final? Se já houver uma decisão desta impugnação da parcial,isso vai influenciar a sentença final? A sentença intermediária não vai produzir efeitocascata na sentença final? A sentença ficou anulada, ou preciso ajuizar uma segundaanulatória? Ainda não há uma solução jurisprudencial, os primeiros precedentes aindaestão em formação.Enfim, a LdA não prevê a possibilidade de sentenças parciais.

    Qual a estrutura de uma sentença arbitral parcial, em relação à estatal?O CPC criou uma moldura: art. 458: relatório, fundamentação e dispositivo. Asentença arbitral segue este modelo, com 2 adendos: a data e o local em que a

    sentença foi proferida, para saber a nacionalidade da sentença, e se foi proferida no prazo.Relatório serve para mostrar que quem está decidindo leu todo o material. Serve paragarantir às partes que a causa que está sendo julgada é a delas. Garantia de que tudofoi considerado, e que a causa é a correta, de que leu o que era relevante. Relatórionão precisa ser muito detalhado, basta relatar o que é mais relevante. O importantemesmo é a fundamentação.* No projeto de novo Código comercial, há um artigo curioso: a previsão de umfacilitador para o juiz, que preparará um relatório para o juiz. Isso para permitir que orelatório seja delegado. Isso é curioso, pois o próprio fim do relatório é parademonstrar que o juiz conhece a causa; outro objetivo seria facilitar causas

    complexas.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    25/33

     Arbitragem - Carmona

    A fundamentação é importante na ótica do direito brasileiro, pois a CF prevê, no art.93, que toda decisão deve ser fundamental. Curiosamente, a lei modelo daUNCITRAL (que pode ou não ser aceita pelas partes) diz que as partes podemescolher se querem ou não que a sentença seja motivada, pois muitos países nãoobrigam que haja motivação, é dispensável (pois exemplo, Espanha, Alemanha e

    Suíça). No caso de uma sentença estrangeira não motivada ser trazida parahomologação no BR, e uma das partes for BR, o STJ homologará? Não há ainda uma

     posição definida. Houve um precedente no STJ. O professor não vê a motivação comoum requisito de ordem pública, para eles, as partes podem definir de modo diverso.Houve um caso da Suíça de 2008 (ou 2009).O dispositivo é a decisão. Deve estar alinhado com o pedido formulado pelo autor.

    Vícios da sentença, relacionados ao pedidoA sentença é ultrapetita quando der quantidade acima do pedido – a técnica vaidepender do que as partes determinarem.É extrapetita quando julga algo que não foi pedido, vai além, concede tutela não

     pleiteada: ou dá sentença não pleiteada, ou entrega um bem que não era o pleiteado.Se tiver que impugnar a sentença, na sentença utrapetita é mais fácil desmembrar asentença, reduzo ao pedido; já na extrapetita fica mais complicado, a não ser que hajavários capítulos na sentença, aí poderia anular apenas um dos capítulos – o principio ésempre o da salvação.É citrapetita quando não julga toda a causa. É uma questão de erro mesmo. Quando asentença é parcial, não poderá julgar novamente a mesma coisa. A questão é saber seanula a sentença inteira, ou determina que os árbitros julguem o que faltou. Se houvercapítulos distintos, é mais fácil completar; senão, anula tudo, e tem que julgar tudo denovo.Deve haver correlação entre o que a parte pede, e aquilo que o árbitro vai decidir. Asentença arbitral, se proferida pelo tribunal arbitral, é um colegiado, e na discussão

     pode haver dissenso. Pode haver um voto vencido, que não produz efeito nenhum. Adecisão do colegiado é uma decisão de discussão, presume-se que houve um debateentre os árbitros, e uma decisão consensual ou não. A decisão é majoritária, podehaver voto vencido, mas este não tem efeito nenhum. Com base nela, ninguém poderecorrer, ou pedir a anulação – diferente dos tribunais, que poderiam originarembargos infringentes. Na arbitragem, não existem embargos infringentes.Mas se as partes quiserem, elas podem estabelecer uma clausula prevendo algo comoembargos infringentes? Sim, mas nunca vimos, pois a arbitragem se tornará maislonga e mais cara.

    O árbitro declara o voto vencido quando fica isolado. Mas se cada um dos árbitrostiver decisão diferente, e não houver maioria, qual a decisão que prevalece? A do presidente. Este é escolhido pelo regulamento das partes; se o regulamento não prevê,é o mais idoso. Os árbitros podem escolher entre eles quem será o relator;normalmente, é o presidente do tribunal. O tribunal pode ser secretariado por um dosárbitros, o que não é comum. Normalmente, nos órgãos arbitrais há uma secretaria

     para isso; nas arbitragens ad hoc, pode nomear alguém para funcionar como secretáriode um órgão arbitral.Reunidos os árbitros, proferida a decisão, conferidos os votos, a decisão éencaminhada às partes. Em princípio, acaba aí o trabalho dos árbitros. Mas a sentença

     pode ser omissa, obscura, contradição então o legislador prevê a possibilidade de

     pedidos de esclarecimentos. A LdA falou também em dúvida, pois seguiu a letra doCPC. Contradição é vicio de sentença intrínseco; não há contradição se os árbitros

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    26/33

     Arbitragem - Carmona

    não levarem em consideração uma prova, isso é um erro, não é contradição.Decididos os embargos, o trabalho e a jurisdição dos árbitros está terminada. OTribunal foi desconstituído.

     No regulamento da CCI, há uma dissintonia: há um prazo de 30 dias para a parte quequiser ver corrigido algum equívoco na sentença; no CPC, não se fala em correção,

    mas de omissão, contradição, dúvida. Se o regulamento da CCI disser que o prazo é30 dias, não posso pedir em 30 dias que os árbitros corrijam a omissão, pois pela lei

     brasileira esta deve ser pedida por pedido apartado, em esclarecimentos.

    Anulação e execução da sentença arbitral

    24.05AÇÃO DE ANULAÇÃO DE SENTENÇA ARBITRAL

    As partes são intimadas quando da sentença arbitral. Pode haver pedido de

    esclarecimentos, e, depois de respondidos, encerram-se os poderes dos árbitros. Se asentença ainda comporta alguma providencia, não seria competência dos árbitros lidarcom isso. O árbitro não tem competência para fazer cumprir a decisão que prolata,

     pois ela pressupõe forca/violência para fazer com que a medida seja eficaz.

    O mérito julgado pelo árbitro é definitivo; o Judiciário não pode rever o mérito deuma sentença arbitral, em hipótese alguma. E se o árbitro desrespeitar um dispositivoconstitucional? Também não. O mesmo com uma súmula vinculante. Isso não temremédio. Mas que proteção tem a parte? Nenhuma. Quem escolhe a arbitragem sabeexatamente o que está fazendo. Alguns países estipularam leis menos rígidas que a leiBR, por exemplo, os EUA permitem, nas cortes federais, que se anulem sentençasarbitrais que violem algum dispositivo de lei do direito Americano (disregarddoctrine). No BR, isso não tem aplicação alguma – o que não quer dizer que oJudiciário não possa intervir se houver error in procedendo.

    Ou seja, por conta de desvio no procedimento arbitral (isto é, erros procedimentais), oJudiciário pode intervir, por via de ação de anulação de sentença arbitral levada pelasPartes.

    Prazo decadencial da ação anulatória de sentença arbitral é curto, de 90 dias. Osembargos à execução só podem ocorrer limitadamente nas matérias previstas no CPC,

    as quais não prevêem a sentença arbitral.O art. 32 da LdA fala que a sentença arbitral é “nula” em determinadas hipóteses.Barbosa Moreira critica isso, pois a sentença na verdade é anulável, se a parte nãoajuíza ação em 90 dias, o prazo decadencial extingue o direito de Ação.

    Art. 32, LdAPrimeira hipótese de nulidade é quando é nula a cláusula arbitral. Cabe lembrar adiscussão da arbitragem em questões arbitrais, poderia anular sentença alegando não aexistência de uma convenção, mas sim a própria...Mesmo a clausula vazio pode dar azo à arbitragem. Já o compromisso arbitral tem a

    forma como elemento importante.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    27/33

     Arbitragem - Carmona

    E se um dos elementos formais do compromisso não estiver presente? Por exemplo,se o compromisso não for assinado por 2 testemunhas, uma parte se insurge contraisso, e a outra parte alega que aquilo não era um compromisso arbitral. Ater-se aformalidades processuais, apesar de ser prática recorrente, pode ser visto como práticaobsoleta. Por que se prevê as 2 testemunhas, por exemplo? Para garantir a

    regularidade do processo? Na prática, não é o que acontece. Qual a força probante deum documento não assinado por testemunhas? Hoje, esta regra de exigência detestemunhas é anacrônica, do século XIV, pois na verdade tanto faz ter ou nãoassinado, se está instrumentalizado, já há prova do acordo de vontades. A testemunhaé só mais um elemento com força probante, assim como quaisquer outros elementos,como por exemplo as gravações.

    Já o titulo executivo tem uma forma sem a qual não é mais um titulo executivo. Háuma forma considerada adequada para produzir efeitos.

    E se faltou uma testemunha no compromisso arbitral, ou a data, ou o local? A

     jurisprudência é que dirá o quanto disso será filtrado, se haverá uma vinculação tãointensa com formalismos. A LdA está se reportando a formalidades.

    O STJ já reconheceu que a sentença estrangeira poderá ser homologada no BR.

    * o compromisso é considerado como um NJ processual: o resultado da avença já estáadiantado na lei.

    Então, quando seria caso de anular a sentença arbitral, por vicio de forma?O artigo 32 também fala na possibilidade de a sentença ter sido emanada daquele quenão poderia ser árbitro. Não há um limite claro do quanto posso limitar ascaracterísticas do árbitro que eu desejo nomear. Casos de suspeição/impedimento: senão sabia antes e descobre durante a arbitragem, mas não fala nada sobre isso, perde odireito de o fazer. Com o advento da internet, o dever de revelação acaba adquirindonovos entornos, mas é importante saber os limites do que é esperado saber sendo

     pública a informação.

    Terceiro caso é quando não contiver os requisitos do art. 26 (espelho do art. 448,CPC). A duvida é saber a diferença entre não conter um requisito, ou não o conter. NoBR, a sentença deve ter relatório, fundamentação e dispositivo. Na hipótese dorelatório ser sumario é suficiente para ensejar uma anulação da sentença? Para cada

    questão, poderia dividir em capítulos separados na sentença – há algo de errado nisso? Não, é apenas uma forma diferente de apresentar os fatos. E quando a fundamentaçãoé sumaria, falta fundamento? Não. Fundamento exíguo não é inexistência defundamento (STJ), e aplica-se este mesmo dispositivo à arbitragem.

    Quarto caso seria sentença proferida fora dos limites dos pedidos. Sentençaultrapetita  (dá um valor alem do pedido), e extrapetita  (dá algo que não pedi). Aarbitragem está limitada aos pedidos; a sentença normalmente tem vários capítulos,tantos quantos forem os pedidos. Imaginemos que em um dos capítulos tenha havidoexcesso, isso não anula a sentença inteira; se puder eliminar o capítulo errado, salvo asentença e tiro dela o capítulo viciado. Posso, então, anular parcialmente a sentença

    arbitral.

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    28/33

     Arbitragem - Carmona

    Quando a sentença não tiver decidido todo o pedido (citrapetita), pode haver um problema: preciso anular a sentença inteira, ou pedir para completar? Depende. Sehouver a separação de capítulos independentes, é possível pedir para completarem (aío juiz restaura a jurisdição dos árbitros). Se não for possível, então anula a sentença,mas pode aproveitar os atos já praticados.

    Se comprovado que a sentença foi proferida por prevaricação, ou seja, quando o juizdeixa de fazer algo que é da função dele; é crime de funcionário público. E o crime deconcussão? Quando o juiz exige alguma coisa da parte, quer tirar algo da parte; jácorrupção é receber algo da parte.

    É preciso provar que houve crime para anular sentença arbitral? Não, basta afirmar aexistência do tipo, e provar o fato e a tipicidade; não precisa esperar a condenação

     penal.

    Se um dos árbitros tiver cometido o crime de corrupção, ou seja, recebeu dinheiro de

    uma das partes? Se o tribunal tiver decidido unanimemente em certo sentido, nestecaso, há possibilidade de anular a sentença arbitral (sabendo que a decisão não seriaalterada)? Não há como provar a influencia de um árbitro corrompido sobre a vontadedos demais; o resultado é que vai anular a sentença arbitral, ainda que apenas umárbitro tenha sido corrompido, e não se saiba se teve influencia sobre os demais (umamaçã podre já contamina o cesto), para Carmona.

    E se proferida a sentença fora do prazo estabelecido?Pode anular a sentença arbitral? A lei disse que não. Só se tiver notificado os árbitrosde que exige que o prazo seja cumprido; depois da notificação, os árbitros aindateriam mais 10 dias para proferir a sentença, mesmo já estando além do prazo. Se asentença que vier for satisfatória para a parte, esta pode não impugnar; quemnotificou,

    Art. 21, §2o: princípios a serem respeitados: livre convencimento, direito docontraditório etc.Se os árbitros indeferem a produção de certa prova, isso não é violação do direito deninguém; agora, indeferir a produção de prova útil e necessária é sim violação. Casode depoente advogado, que foi arrolado como acionista de uma companhia – Carmona

     pensa que isso é possível. Isso já seria motivo para uma anulação da sentença? Sãodilemas que o árbitro enfrenta.

    Outra ideia é a do princípio do iura novit curia. A parte não precisa fazer prova dodireito para o juiz, e não sou obrigado a qualificar o fato juridicamente. Se euqualificar errado, isso tem alguma relevância pratica? O juiz não se atenta àqualificação, mas aos fatos. Quanto à arbitragem BR, aplica-se também o iura novitcuria, mesmo que o árbitro não tenha formação em direito. Isso porque o árbitro,quando aceita o encargo, assume que conhece o direito pertinente à causa. O dito

     princípio não tem a ver com a qualificação. A qualificação errada não é problema.

    Em algumas hipóteses, a qualificação produz efeitos no comportamento das partes.Por exemplo, se a parte falou que era responsabilidade objetiva, mas ao final o árbitro

    qualifica os fatos como de responsabilidade subjetiva, faz diferença a qualificação

  • 8/19/2019 Arbitragem - Mecanismo de Solução de Controvérsias

    29/33

     Arbitragem - Carmona

     pois a parte, se soubesse, poderia fazer um esforço para provar a culpa. Também noscasos de direito de consumidor.

    Em suma: quando a qualificação puder criar conseqüências no comportamento das partes, poderá suscitar surpresa e ensejar uma anulação.

    Arbitragem internacional No caso de haver vários elementos de estraneidade (por exemplo, direito estrangeiro,árbitros de diferentes nacionalidades), posso aplicar o princípio do iura novit curia? É

     perigoso, pode causar surpresa no processo.

    Se envolve sistemas diferentes, se a lei aplicável for conhecida, quando o árbitroaceita o encargo ele já sabe do que tem que ter conhecimento; neste caso, o iura novitcuria é aplicável perfeitamente. Mas se o sistema jurídica a ser aplicado não forconhecido de antemão, o princípio pode não ser aplicado. Carmona foi criticado, poisisso minaria o conceito de um árbitro internacional. Carmona replica, dizendo que

    esta noção de um árbitro internacional, que transita entre diferentes sistemas, se oárbitro não dominar a língua do sistema a ser aplicado, não conseguirá julgar segundoaquela lei dita aplicável.

    O sistema jurídico a ser aplicado deve ser conhecido pelos árbitros do tribunal, e não por apenas um deles. O julgador não pode julgar segundo julgamento alheio; umexpert witness pode ser consultado, mas não é ele que vai “ensinar” os árbitros. O

     parecerista é integrante da equipe de cada Parte. O direito aplicado acaba sendomatéria de prova por meio de doutrina, jurisprudência etc., o que não poderiaacontecer. O sistema de pareceres já está sen