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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SERGIPE CAMPUS SÃO CRISTÓVÃO CURSO SUPERIOR TECNÓLOGO EM AGROECOLOGIA APROVEITAMENTO DA CASCA DE ABACAXI NO PREPARO DE FERMENTADO ALCOÓLICO MITH PHILLIPE FERREIRA DINIZ SÃO CRISTÓVAO/SE Agosto - 2017

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SERGIPE

CAMPUS SÃO CRISTÓVÃO

CURSO SUPERIOR TECNÓLOGO EM AGROECOLOGIA

APROVEITAMENTO DA CASCA DE ABACAXI NO PREPARO DE

FERMENTADO ALCOÓLICO

MITH PHILLIPE FERREIRA DINIZ

SÃO CRISTÓVAO/SE

Agosto - 2017

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APROVEITAMENTO DA CASCA DE ABACAXI NO PREPARO DE FERMENTADO

ALCOÓLICO

MITH PHILLIPE FERREIRA DINIZ

Trabalho de Conclusão de Curso exigido como requisito

parcial para obtenção do título de graduado em

Tecnólogo em Agroecologia, do Curso Superior

Tecnólogo em Agroecologia do Instituto Federal de

Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe.

Orientador: Prof. Dr. Anselmo de Souza Pinheiro.

SÃO CRISTÓVAO/SE

Agosto - 2017

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SERGIPE

CURSO SUPERIOR TECNÓLOGO EM AGROECOLOGIA

MITH PHILLIPE FERREIRA DINIZ

COMISSÃO EXAMINADORA DA DEFESA DO TRABALHO DE CONCLUSÃO DE

CURSO (TCC):

______________________________________________

Prof. Dr. Anselmo de Souza Pinheiro

IFS – Campus São Cristóvão

(ORIENTADOR)

______________________________________________

Profª Dra. Irinéia Rosa do Nascimento

IFS – Campus São Cristóvão

______________________________________________

Prof. MSc. João Bosco Silva Rocha

IFS – Campus São Cristóvão

SÃO CRISTÓVAO/SE

Agosto - 2017

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradecer ao Senhor por ter permitido chegar até hoje aqui, dando

sabedoria, força e paciência nessa caminhada. Aos meus pais Fábia Ferreira e José

Diniz que sempre estiveram ao meu lado, incentivando e me apoiando nas minhas

decisões.

Ao meu amigo professor e orientador Anselmo Pinheiro por gentilmente ter me ajudado,

pelas horas dedicadas e confiança, me dando todo o suporte necessário.

Agradeço a instituição de ensino junto com seu corpo docente pela oportunidade e

conhecimento da vida acadêmica.

Agradeço aos Colegas e amigos que diretamente e indiretamente contribuíram para

realização desse sonho.

Enfim, um muito obrigado a todos que fizeram parte dessa conquista.

“Eu tive muitas coisas que guardei em minhas mãos, e as perdi.

Mas tudo o que eu guardei nas mãos de Deus, eu ainda possuo. ”

Martin Luther King

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SUMÁRIO

RESUMO ........................................................................................................................ 06

ABSTRACT ..................................................................................................................... 07

1.INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 08

2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 09

3.OBJETIVOS ................................................................................................................. 12

4.METODOLOGIA .......................................................................................................... 13

4.1- Processo de produção do fermentado de casca de abacaxi...............................13

4.1.1- Higienização do abacaxi .......................................................................... 13

4.1.2- Preparo do pé-de-cuba ............................................................................ 14

4.1.3- Preparo da dorna principal ...................................................................... 14

4..1.4- Clarificação .............................................................................................. 15

4.2 - ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS .............................................................................. 15

4.2.1- Acidez Total .............................................................................................. 15

4.2.2- Extrato seco total ..................................................................................... 16

4.2.3- Teor alcoólico ........................................................................................... 17

4.2.4- Cinzas ........................................................................................................ 17

4.2.5- Determinação do pH ................................................................................. 18

5.RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 19

6.CONCLUSÕES ............................................................................................................ 23

7.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 24

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APROVEITAMENTO DA CASCA DE ABACAXI PARA UM PREPARO

DE FERMENTADO ALCOÓLICO

RESUMO

Os fermentados de frutas são as bebidas alcoólicas obtidas da fermentação do

mosto de fruta sã, fresca e madura, possuindo graduação alcoólica de 4 a 14% em

volume. Na literatura científica os fermentados de frutas são comumente chamados

de vinhos, desde que seja indicada a fruta usada como matéria-prima. Este

trabalho teve como objetivo elaborar um vinho da casca do abacaxi e fazer sua

caracterização físico-química (acidez total, teor alcoólico, pH, cinzas e extrato seco

total). Os abacaxis usados foram da variedade Pérola, que foram lavados com água

e solução sanitizante. Em seguida foram cortados em tiras de forma que contivesse

o mínimo possível de polpa. A dorna principal foi constituída de 3L de suco da

casca do abacaxi (com adição de água mineral). Efetuou-se a correção do Brix

através da adição de açúcar (sacarose) - até 24°Brix no suco. O pH do suco

manteve-se entre 4 e 5. Em seguida foi inoculado Saccharomyces Cerevisiae e

aguardou-se até o final da fermentação. Efetuou-se a clarificação com argila

bentonita. Os resultados das análises físico-químicas foram: acidez total: 52,0 meq

L-1, teor alcoólico: 13,9 ºGL, pH: 3,35, cinzas: 1,71 g L–1 e extrato seco total: 44,02

g L-1. O vinho de casca de abacaxi apresentou características físico-químicas de

qualidade similares aos valores de referência encontrados na literatura, e em

conformidade com os teores exigidos pela Legislação Brasileira.

PALAVRAS-CHAVE: Fermentado de frutas, vinho, casca de abacaxi, análises

físico-químicas.

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ABSTRACT

The fermented fruits are the beverages obtained from the fermentation of healthy,

fresh and ripe fruit must, having an alcohol content of 4 to 14% by volume. In the

literature, fruit fermented are commonly called wines, provided that said fruit is

indicated. This work aimed to elaborate a wine from the pineapple shell and to

make its physico-chemical characterization (total acidity, alcohol content, pH,

ashes and total dry extract). The pineapples used were of the Pérola variety,

which were washed with water and sanitizing solution. Then they were cut into

strips so as to contain as little pulp as possible. The main fermentation dorna

consisted of 3L of pineapple peel juice (with added mineral water). The brix was

corrected by the addition of sugar (sucrose) - up to 24 ° Brix in the juice. The pH of

the juice was maintained between 4 and 5. Saccharomyces cerevisiae was then

inoculated and waited until the end of the fermentation. Clarification was

performed with bentonite clay. The results of the physical-chemical analyzes were:

total acidity: 52.0 meq L -1, alcoholic content: 13.9 ºGL, pH: 3.35, ashes: 1.71 g L-

1 and total dry extract: 44.02 g L-1. The pineapple barley wine had physical-

chemical characteristics similar to the reference values found in the literature, and

in compliance with the levels required by the Brazilian Legislation.

KEYWORDS: Fermented fruit, wine, pineapple peel, physical-chemical analysis.

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1.INTRODUÇÃO

O abacaxi é um fruto muito apreciado e cultivado em todas as regiões do

mundo, constituindo-se num dos principais produtos da fruticultura nacional

(ARAÚJO et al., 2009). Quando se consome o abacaxi é comum gerar os

seguintes resíduos: a coroa, a casca, as extremidades e o cilindro central. Com

relação às cascas, estas juntamente com o cilindro central correspondem a 38%

do peso do fruto. Tanto a casca como o cilindro central do abacaxi podem ser

considerados boas fontes de fibra alimentar, que apresenta um papel importante

no processo digestivo (SARZI et al., 2002).

Em um estudo realizado por Zanella (2006), foi verificado que a casca do

abacaxi apresenta diversos nutrientes, tais como proteínas, lipídeos, fibras,

vitamina C, cálcio, potássio e fósforo. Com toda essa fonte de nutrientes, a casca

do abacaxi tem sido aproveitada para produção de geléia (SANTINI et al., 2013),

bolo (MARTIN et al., 2012) e farinha (MENDES, 2013). Entretanto, apesar da

abundância do cultivo dessa fruta no Brasil, o aproveitamento industrial ainda é

pequeno frente ao consumo da fruta in natura, sendo necessária a busca de

alternativas para o seu uso, visando o aproveitamento do excesso de safras,

principalmente pela indústria, para a fabricação de produtos não tradicionais

(ARAÚJO et al., 2009), como por exemplo fermentado alcoólico.

Sendo assim, este trabalho visou produzir um fermentado alcoólico a partir

da casca do abacaxi (“vinho da casca do abacaxi”) e fazer sua caracterização

físico-química comparando os parâmetros de qualidade analisados com os

valores propostos pela Legislação Brasileira que trata de fermentados de frutas e

também com trabalhos científicos similares.

É importante salientar que ainda não há na literatura trabalhos que

envolvam a produção de fermentado alcoólico obtido a partir da casca de abacaxi,

ou seja, “vinho de casca de abacaxi”, o que torna justificável este trabalho pela

inovação e inediticidade. Outra justificativa para execução deste trabalho é a

preocupação cada vez mais crescente com o meio ambiente, onde trabalhos e/ou

projetos que conduzem à sustentabilidade do sistema de produção, seja ele

familiar ou industrial ganha importância e significância, quer seja pelo

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aproveitamento de resíduos, minimizando-se o impacto ambiental, quer seja pela

agregação de valor ao transformar resíduos em produtos.

2.REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O abacaxi ou ananás, nomes utilizados tanto para a fruta como para a

planta, pertence à família Bromeliaceae e gênero Ananas Mill. Esse gênero é

vastamente distribuído nas regiões tropicais por intermédio da espécie Ananas

comosus (L.) Merr., a qual abrange todas as cultivares plantadas de abacaxi. O

fruto é normalmente cilíndrico ou ligeiramente cônico, constituído por 100 a 200

pequenas bagas ou frutilhos fundidos entre si sobre o eixo central ou coração. A

polpa apresenta cor branca, amarela ou laranja-avermelhada, sendo o peso

médio dos frutos de um quilo, dos quais 25% é representado pela coroa

(GIACOMELLI, 1981).

O fruto apresenta alto conteúdo de bromelina, que auxilia o processo de

digestão. Trata-se de mistura de enzimas proteolíticas que em meio ácido,

alcalino ou neutro, transforma as matérias albuminóides em proteoses ou

peptona. A bromelina pode ser isolada do suco da fruta ou do talo da planta,

ocorrendo em maior concentração no cilindro central do abacaxi (MEDINA, 1987).

A variedade Pérola é amplamente cultivada no Brasil, sendo também

conhecida como Pernambuco ou Branco de Pernambuco. A planta possui porte

médio e crescimento ereto; é vigorosa, com folhas com cerca de 65 cm de

comprimento e espinhos nos bordos. O pedúnculo do fruto é longo (em torno de

30 cm). Produz muitos filhotes (5 a 15) presos ao pedúnculo, próximos da base do

fruto, o qual apresenta forma cônica, casca amarelada (quando maduro), polpa

branca, suculenta, com sólidos solúveis totais de 14 ºBrix a 16 ºBrix, pouca

acidez, sendo agradável ao paladar do brasileiro (EMBRAPA, 1999).

O abacaxi é um fruto muito apreciado e cultivado em todas as regiões do

mundo, constituindo-se num dos principais produtos da fruticultura nacional

(ARAÚJO et al., 2009). Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE) referentes ao ano de 2016, o abacaxi posicionou-se como a

terceira frutífera com maior quantidade produzida, alcançando 1.734.627

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toneladas, ficando atrás somente da banana e laranja, que ocuparam o primeiro e

segundo lugar, respectivamente (IBGE, 2016). Entre as principais regiões

brasileiras produtoras de abacaxi predomina em primeiro lugar a Região Nordeste

com 567.500 toneladas e com participação de 32,7% da produção do país,

seguida pelo Região Norte com 566.196 toneladas com participação de 32,6% da

produção do país. Entre as variedades de abacaxi mais cultivadas no país

destacam-se a Pérola e a Smooth Cayenne, com predominância da primeira

(EMBRAPA, 2009).

Os significativos avanços no desempenho do agronegócio têm implicado,

entre outras coisas, na geração de resíduos nas atividades agropecuária e

agroindustrial (BRASIL, 2000). Estes resíduos, além de criar potenciais problemas

ambientais, representam perdas de matérias-primas e energia, exigindo

investimentos significativos em tratamentos para controlar a poluição

(TIMOFIECSYK; PAWLOWSKY, 2000).

O desperdício de alimentos ou de partes dos mesmos promove ainda um

impacto negativo no meio ambiente em função da inadequada deposição do lixo

alimentar no solo, tendo consequências danosas como o odor gerado pela

putrefação da matéria orgânica e a formação do chorume, que normalmente

encontra-se contaminado e tem potencial para atingir rios e os lençóis freáticos

(SANTOS, 2008).

Nos conceitos de agregação de valor a um produto, relata-se a busca pela

diferenciação (LAZZARINI; MACHADO FILHO, 1997). Agregar valor aos produtos,

tornou-se, atualmente, uma questão fundamental para quem os manejam, por

meio da qual podem permanecer e alcançar novos mercados. No entanto, no

ambiente rural ainda são poucas as tentativas de agregação de valor aos

produtos e também aos seus resíduos aproveitáveis, como é o caso da casca do

abacaxi, por exemplo.

A agregação de valor é frequentemente considerada o principal mecanismo

propulsor de desenvolvimento econômico. De fato, o apelo qualificativo

diferenciado que muitos produtos da agroindústria rural carregam consigo,

sobretudo aquela de base familiar (quais sejam: artesanalidade, tradição, saber-

fazer, origem, equidade social, etc.), permite aos produtores a obtenção de uma

“renda de qualidade diferenciada” derivada de particularidades sociais, ambientais

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e culturais que estão sendo crescentemente revalorizadas pelos consumidores

(TOUZARD, 2010).

Os saberes agroecológicos são uma constelação de conhecimentos,

técnicas, saberes e práticas diversas que respondem às condições ecológicas,

econômicas e culturais de cada geografia e de cada população. Estes saberes

agroecológicos buscam a valorização da tradição, da artesanalidade e do saber-

fazer (LEFF, 2002).

A sociedade, erroneamente, chama os resíduos sólidos de “lixo” (LIMA,

2007). Segundo Demajorivic (1995), resíduos sólidos diferenciam-se de lixo

porque, enquanto este último não possui nenhum tipo de valor, já que é aquilo

que deve apenas ser descartado, o primeiro possui valor econômico agregado,

por possibilitar reaproveitamento no próprio processo produtivo. A idéia implícita

neste trabalho é fazer com que o que seria descartado como resíduo (a casca),

passar a ter mais uma aplicabilidade, agregando valor ao consumo desta fruta,

com casca e polpa sendo totalmente aproveitados. No caso da casca do abacaxi

esta tem a possibilidade de ser utilizada como matéria-prima para a produção de

fermentado de fruta, ou seja, fermentado de casca de abacaxi.

Como grande parte de todos os alimentos, a casca comumente é

descartada como resíduo. Entretanto, deve-se ter uma atenção redobrada quando

se fala de casca, pois nesta parte do fruto pode estar uma maior concentração de

nutrientes que em sua polpa. Considerando-se especificamente a casca do

abacaxi, está comprovado cientificamente que a mesma possui mais nutrientes

que a parte comestível (Figura 1). O estudo realizado por Zanella (2006) verificou

que a casca do abacaxi apresenta mais proteínas, lipídeos, fibras, vitamina C,

cálcio, potássio e fósforo do que na polpa. Considerando-se especificamente os

teores de vitamina C nas cascas de abacaxi e de maçã (100g de cascas de cada

uma das frutas), constatou-se que o abacaxi chega a possuir quase 3 vezes mais

vitamina C em suas cascas quando comparado com a maçã (ZANELLA, 2006).

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Figura 1: Quantidades de nutrientes de algumas frutas

Fonte: ZANELLA (2006).

Segundo o Decreto nº 6871, de 04 de Junho de 2009, os fermentados de

frutas são as bebidas com graduação alcoólica de 4 a 14 % em volume, a 20 ºC,

obtidas da fermentação do mosto de fruta sã, fresca e madura, sendo

denominados "fermentado de ...", acrescido do nome da fruta utilizada (BRASIL,

2009). Estes fermentados de frutas são os “vinhos” obtidos de outra fruta que não

seja a uva. Desta forma, na literatura, os fermentados de frutas são comumente

chamados de vinhos, desde que seja indicada a referida fruta (por exemplo: vinho

de caju, vinho de laranja, etc) (AQUARONE et al., 1990).

Embora as bebidas alcoólicas sejam diferenciadas por suas propriedades,

tais como suas matérias primas e diferentes teores alcoólicos, todas elas têm uma

origem básica comum, isto é, derivam de um processo bioquímico denominado

fermentação alcoólica. A fermentação alcoólica é um tipo de reação química

realizada pela ação de microrganismos (leveduras) sobre os açúcares,

produzindo etanol e gás carbônico (FERREIRA; MONTES, 1999).

3.OBJETIVOS

Este trabalho teve os seguintes objetivos:

1- Produzir um fermentado alcoólico a partir da casca do abacaxi (“vinho

de casca de abacaxi”);

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2- Fazer a caracterização físico-química do vinho obtido, através das

análises de acidez total, pH, extrato seco total, cinzas e teor alcoólico;

3- Comparar os parâmetros físico-químicos de qualidade com os limites

propostos pela Legislação Brasileira que trata de fermentados de frutas;

4- Comparar os parâmetros físico-químicos de qualidade com os limites

encontrados em trabalhos científicos similares.

4. METODOLOGIA

Tanto o processo de produção do fermentado de casca de abacaxi como

as análises físico-químicas, foram efetuados no Laboratório de Bromatologia do

Instituto Federal de Sergipe-Campus São Cristóvão. Para a caracterização do

produto (“vinho da casca do abacaxi”) foram determinadas as seguintes análises

físico-químicas: acidez total, extrato seco total, teor alcoólico, pH e cinzas. Todas

as análises foram efetuadas em triplicata e calculado o desvio padrão (DP).

4.1- Processo de produção do fermentado de casca de abacaxi

4.1.1- Higienização do abacaxi

Os abacaxis utilizados foram da variedade Pérola, obtidos no Mercado

Central de Aracaju/SE. Os mesmos foram lavados inteiros com água corrente e

detergente, para remoção das sujidades mais grosseiras presentes na superfície

externa. Depois foram deixados em repouso por 15 minutos em solução

sanitizante (composta por 6 litros de água destilada e 6 colheres de sopa de

hipoclorito de sódio). Em seguida foram lavados em água corrente e cortados em

tiras de forma que contivesse o mínimo possível de polpa.

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4.1.2- Preparo do pé-de-cuba

O preparo do pé-de-cuba compreende a etapa de multiplicação das

leveduras em um volume menor de suco estéril, com os objetivos de fazer uma

economia das levedura e facilitar a multiplicação inicial das mesmas.

As cascas dos abacaxis foram pesadas, perfazendo um total de 250g.

Estas foram batidas em liquidificador com 1 litro de água mineral, e em seguida

coadas em peneira comum. Procedeu-se à correção do açúcar através da adição

de açúcar (sacarose) - até obtenção de 24°Brix no suco. Foi efetuada a

determinação do pH do meio (com uso de fita indicadora de pH), estando o

mesmo com faixa de pH entre 4 e 5, considerada adequada, de acordo com

Aquarone et al. (2001). Em seguida o suco foi dividido em recipientes diferentes

nos seguintes volumes: 10 mL (tubo de ensaio), 100 mL (erlenmeyer de 250 mL)

e 890 mL (erlenmeyer de 2000 mL). Foram aplicados choques térmicos aos três

recipientes, para esterilização do suco, procedendo-se, em seguida, à inoculação

da levedura Saccharomyces cerevisiae. Inicialmente a Saccharomyces cerevisiae

foi inoculada no pé-de-cuba de menor volume (10 mL) a uma concentração de 5g

L-1, onde passou 24h de adaptação ao meio, sendo depois transferida para o pé-

de-cuba seguinte (100 mL), onde passou 24h, sendo depois transferida para o

último recipiente do pé-de-cuba, que após 24h, estava preparado para ser

inoculado na dorna principal.

4.1.3- Preparo da dorna principal

A dorna principal é o volume total de suco que será utilizado no processo

de fermentação para produção do “vinho de casca de abacaxi”. Foi constituída de

3L de suco da casca do abacaxi, preparado com adição de água mineral. Em

seguida foi efetuada a correção do açúcar através da adição de sacarose - até

obtenção de 24°Brix no suco. Foi efetuada a determinação do pH do meio (com

uso de fita indicadora de pH), estando o mesmo com faixa de pH entre 4 e 5

(AQUARONE et al., 2001). Em seguida foi inoculado o volume do último pé-de-

cuba na dorna principal. Aguardou-se até o final da fermentação, que durou 15

dias.

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4.1.4- Clarificação

A clarificação corresponde à separação das partículas sólidas do mosto

após sedimentação espontânea ou provocada (RIZZON; MENEGUZO, 1996), ela

é uma fase final do processamento de vinho, antes do engarrafamento (SEMIÃO;

PINHO, 2010).

Para a clarificação do fermentado da casca do abacaxi foi utilizada argila

bentonita numa concentração de 70 g L-1. Foi realizado o “teste de jarro” para

saber o volume de solução de argila a ser utilizado. Neste procedimento foram

utilizados 5 béqueres de 50 mL, onde foram colocados 30 mL do fermentado em

cada béquer, e em seguida volumes variados da solução de argila (1 a 5 mL),

sendo efetuada a agitação manual por 1 minuto, com utilização de bastão de

vidro. Aguardou-se cerca de 15 minutos, e o melhor resultado de clarificação,

entre os 5 ensaios, foi utilizado no processo. Em seguida aguardou-se 2 dias para

a decantação dos flóculos suspensos no produto. Fez-se a separação do líquido

sobrenadante (fermentado de casca de abacaxi) usando-se o processo de

trasfegação com uso de mangueira de borracha previamente esterilizada com

álcool etílico 70%.

4.2 - Análises físico-químicas efetuadas no fermentado de casca

de abacaxi

4.2.1- Acidez Total: determinada por titulação com solução de hidróxido de sódio

(NaOH) 0,1M e uso do indicador fenolftaleína a 1% (IAL, 2008). Na Figura 2

estão ilustrados os principais equipamentos e vidrarias usados na determinação

da acidez total.

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Figura 2: equipamentos e vidrarias usados na determinação da acidez total.

4.2.2- Extrato seco total: foi determinado por evaporação da amostra em banho-

maria, seguida pela secagem em estufa a (100 ± 5)°C até peso constante (IAL,

2008). A determinação do extrato seco total avalia o resíduo seco (sólidos totais).

Na Figura 3 estão ilustrados os principais equipamentos e vidrarias usados na

determinação da acidez total.

Figura 3: equipamento (estufa) usado na determinação do extrato seco total.

Fonte: Arquivo Pessoal

Fonte: Arquivo Pessoal

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4.2.3- Teor alcoólico: determinado por destilação do álcool da amostra e

posterior quantificação pela medida da densidade relativa do destilado a 20°C,

com uso de um picnômetro, e conversão da mesma em porcentagem de álcool

em volume (IAL, 2008). Na Figura 4 estão ilustrados os principais equipamentos e

vidrarias usados na determinação do teor alcoólico.

Figura 4: Equipamentos e vidrarias usados na determinação do teor alcoólico

4.2.4- Cinzas: cinzas é o nome dado ao resíduo obtido por aquecimento de um

produto em temperatura próxima a (550-570)°C. Foi determinada por secagem da

amostra em banho-maria e em chapa elétrica, seguida pela carbonização em

temperatura baixa e incineração em mufla a 550ºC (IAL, 2008). Na Figura 5 está

ilustrada a mufla, principal equipamento usado na determinação das cinzas.

Fonte: Arquivo Pessoal

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Figura 5: A mufla - equipamento usado na determinação das cinzas.

4.2.5- Determinação do pH: foi usado o processo eletrométrico com emprego de

pHmetro, que é um potenciômetro especialmente adaptado e que permite uma

determinação direta, simples e precisa do pH. O mesmo foi calibrado com

soluções-tampão comerciais de pH 4,0 e 7,0 (IAL, 2008). Na Figura 6 está

ilustrado o pHmetro, principal equipamento usado na determinação do pH.

Figura 6: pHmetro - principal equipamento usado na determinação do pH.

Fonte: Arquivo Pessoal

Fonte: Arquivo Pessoal

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

O vinho da casca do abacaxi obtido apresentou aparência bastante

límpida, de coloração amarelo-âmbar e aroma característico do fruto do abacaxi

(Figura7).

Os resultados das análises físico-químicas estão apresentados na Tabela 1.

Tabela 1. Características físico-químicas do vinho da casca do abacaxi produzido

Análise* Média ± DP Limite –

Legislação1

Álcool (oGL) 13,9 ± 0,3 4-14

Acidez Total (meq L-1) 52,0 ± 1,0 50-130

pH

Extrato seco total (g L-1)

Cinzas (g L-1)

3,35 ± 0,00

44,02 ± 0,13

1,71 ± 0,04

-

-

* análises efetuadas em triplicata; DP: desvio padrão; 1 (BRASIL, 2008; 2009).

Fonte: Arquivo pessoal

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A acidez total de 52,0 meq L-1, apresentada pelo vinho da casca do

abacaxi, está em conformidade com os teores exigidos pela Legislação Brasileira

(entre 50 e 130 meq L-1) (BRASIL, 2008). Diniz et al. (2015) em trabalho similar de

produção e caracterização de fermentado de mangaba encontraram acidez total

de 69,0 meq L-1. De Paula et al. (2012), em um trabalho de produção e

caracterização físico-química de fermentado de umbu, encontraram acidez total

de 50,07 meq L-1. Ambos os trabalhos também apresentaram acidez total dentro

da faixa proposta pela Legislação Brasileira, e seus valores de acidez estiveram

próximos do valor encontrado no fermentado de casca de abacaxi produzido

neste trabalho.

O teor alcoólico do fermentado de casca do abacaxi produzido foi de 13,9

ºGL. Considerando que a Legislação Brasileira que trata de fermentados de fruta

estabelece limite de teor alcoólico na faixa de 4 a 14% oGL, o mesmo apresentou-

se de acordo com a faixa proposta por esta Legislação (BRASIL, 2009). Na

Tabela 3 estão ilustrados resultados de teores alcoólicos encontrados em

trabalhos similares de caracterização de fermentados de frutas que, comparados

ao valor obtido no fermentado de casca de abacaxi deste trabalho, também

encontram-se numa faixa próxima ao valor encontrado no mesmo e dentro da

faixa proposta pela Legislação.

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Tabela 2. Resultados de teor alcoólico do comparados a valores obtidos

em trabalhos similares.

Determinação de Teor Alcoólico em % vol. a 20°C

Trabalhos

Valores Obtidos

Legislação

Fermentado de casca de abacaxi 13,90 ± 0,50

4 a 14% oGL

De Paula et al. (2012), Fermentado

de umbu

11,20 ± 0,00

Torres Neto et al. (2006),

Fermentado de caju

11,5

Asquieri et al (2008), fermentado

jaca

13,00

O valor do pH é particularmente importante principalmente por seu efeito

sobre os microrganismos, devendo estar entre 3,0 e 4,0. Por exemplo, um vinho

com pH 3,4 apresenta melhor resistência a infecção bacteriana do que outro com

pH 3,8 (AQUARONE et al., 2001). Embora a Legislação Brasileira (BRASIL, 2008)

não estabeleça limites de pH para os fermentados de frutas, este parâmetro foi

analisado no fermentado de casca de abacaxi produzido, cujo valor apresentado

de pH foi de 3,35. Este valor de pH está na mesma faixa de valores encontrados

em trabalhos similares de caracterização físico-química de fermentado de

morango (pH= 3,69) (ANDRADE et al., 2013), fermentado de caju (pH= 3,5)

(TORRES NETO et al., 2006) e fermentado de jaca (pH= 3,91) (DE PAULA et al.,

2012.

O extrato seco total do fermentado de casca de abacaxi (44,02 g L-1)

apresentou valor bastante próximo aos que foram encontrados em trabalhos

similares realizados por Segtowick et al. (2013) em fermentado de acerola (41,37

g L-1) e De Paula et al. (2012) em fermentado de umbu (44,90 g L-1). É importante

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salientar que a Legislação Brasileira (BRASIL, 2008) não estabelece limites de

extrato seco total em fermentados de frutas.

As cinzas representam os elementos minerais presentes no fermentado e,

geralmente, correspondem a aproximadamente 10% do extrato seco reduzido

(RIZZON; MIELE, 2002). A Legislação Brasileira (BRASIL, 2008) não estabelece

limites de cinzas em fermentados de frutas. No caso de vinho de mesa comum

branco, a Legislação Brasileira estabelece o mínimo de cinzas de 1,3 g L–1

(BRASIL, 1988). Na Tabela 6 estão ilustrados resultados de determinação de

cinzas de alguns fermentados de frutas, comparados aos valores obtidos no

fermentado de casca de abacaxi deste trabalho. O valor de concentração de

cinzas encontrado para o vinho de casca de abacaxi foi de 1,71 g L–1, estando

entre a faixa de cinzas encontrada nos dois trabalhos de fermentado de mangaba

e umbu, citados na Tabela 6. Este valor de cinzas encontrado no fermentado de

casca de abacaxi está próximo da concentração estabelecida pela Legislação

Brasileira para vinho de mesa (1,3 g L–1). Pode-se explicar este teor de cinzas do

fermentado da casca de abacaxi, possivelmente, pela presença de minerais

advindos da casca da fruta.

Tabela 3. Resultados de cinzas do fermentado de casca de abacaxi comparados

aos valores obtidos em trabalhos similares.

Determinação de Cinzas, em g. L-1

Trabalhos

Valores Obtidos

Legislação

Fermentado de casca de abacaxi 1,71 ± 0,04

***

Diniz et al. (2015), Fermentado de

mangaba

1,022

De Paula et al. (2012), fermentado de

umbu

2,36

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6. CONCLUSÕES

O fermentado alcoólico de casca de abacaxi (“vinho da casca do abacaxi”)

obtido apresentou aparência límpida, coloração amarelo-âmbar e aroma

característico do fruto do abacaxi. Considerando-se os parâmetros analisados

(teor alcoólico, acidez total, extrato seco total, cinzas e pH), o fermentado da

casca do abacaxi produzido apresentou características físico-químicas de

qualidade similares aos valores de referência encontrados na literatura, e em

conformidade com os teores exigidos pela Legislação Brasileira.

Este trabalho apresentou-se de grande relevância, com relação à

importância socioeconômica, com valorização de um resíduo que seria

descartado, transformando-o em um fermentado alcoólico (“vinho da casca de

abacaxi”). Este aproveitamento de resíduo do abacaxi (casca) em conjunto com

os excelentes resultados de qualidade do produto abacado apenas ratificam sua

viabilidade e importância como um novo produto e “novo sabor”.

O reaproveitamento sustentável desse resíduo (a casca), dando uma nova

finalidade, surge como uma alternativa capaz de gerar renda para as indústrias e

até para o agricultor familiar. A produção do vinho da casca de abacaxi é

economicamente viável uma vez que se usa apenas 250g de casca de abacaxi

para 1 litro de água. Este reaproveitamento de resíduos envolve, entre outras

coisas, proteção do meio ambiente, minimização do desperdício de alimentos e

agregação de valor ao produto, com a casca, que muitas vezes é considerada

“lixo”, sendo totalmente aproveitada. Se for empregada uma tecnologia adequada,

este material pode ser convertido em produtos comerciais ou matérias-primas

para processos secundários, como é o caso do “vinho” obtido a partir da casca do

abacaxi. Considerada até então como “lixo”, a casca do abacaxi pode ser (re)

utilizada e transformar-se em um artigo de “luxo” se for empregada para a

produção de “vinho de casca abacaxi”. Com relação ao campo, esta (re) utilização

implicará também em uma grande contribuição social, com geração de renda para

o trabalhador rural.

Em última instância os resultados deste trabalho apontam para uma

significativa agregação de valor comercial ao fruto do abacaxi, onde suas cascas,

antes descartadas, surge como matéria-prima para elaboração de um produto

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novo (fermentado alcoólico) e, consequentemente, geração de mais renda tanto

para as famílias que cultivam essa fruta, como para indústrias que podem se

interessar pela produção desta bebida alcoólica em escala industrial.

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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