apostila provao historia ens- medio

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NDICE

INTRODUO ......................................................................................................... CIVILIZAO ............................................................................................................ . Egito ........................................................................................................................ . Grcia ....................................................................................................................... . Roma ....................................................................................................................... IDADE MDIA ........................................................................................................... . Sistema Feudal ........................................................................................................ . A Igreja Medieval .................................................................................................... . Fim da Idade Mdia ................................................................................................ IDADE MODERNA .................................................................................................... . Estado Moderno ...................................................................................................... . Absolutismo Monrquico ........................................................................................ . Iluminismo ............................................................................................................... . Mercantilismo e Sistema Colonial ........................................................................... . Revoluo Industrial ................................................................................................ IDADE CONTEMPORNEA ..................................................................................... . Revoluo Francesa ................................................................................................. . A formao dos Monoplios .................................................................................... . Brasil: o incio e a consolidao da repblica ............................................................ . A Repblica Oligrquica .......................................................................................... . Primeira Guerra Mundial ......................................................................................... . O Socialismo e a Revoluo Russa .......................................................................... . A Reorganizao econmica e poltica do Brasil ..................................................... . Os Regimes Totalitrios ........................................................................................... . Segunda Guerra Mundial ......................................................................................... . Guerra Fria .............................................................................................................. . Poltica Neoliberal ................................................................................................... . A Crise do Socialismo ............................................................................................. HISTRIA DO ACRE ................................................................................................. . A Produo da Borracha .......................................................................................... . Anexao do Acre ao Brasil ..................................................................................... BIBLIOGRAFIA ..........................................................................................................

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CONTEDOS DE HISTRIA

1. A produo do conhecimento histrico a. Histria - Concepo de Histria - Periodizao - Tempo histrico - cronologia - Fontes histricas - Historiografia 2. A Sociedade Capitalista a. A consolidao do capitalismo - a Revoluo Industrial: origens fatores e processo - a formao da classe operria - industrializao e diviso social do trabalho b. O Liberalismo - o Iluminismo e o Liberalismo - a era das revolues * a Revoluo Inglesa * a Revoluo Francesa * a independncia das colnias americanas - o caso brasileiro c. A expanso do capitalismo monopolista e o imperialismo - a expanso dos mercados e o imperialismo - a partilha da frica e da sia - a consolidao do capitalismo nos EUA - a unificao Alem e Unificao da Itlia d. Contradies e contestaes do capitalismo monopolista - o movimento operrio: ideologias e organizao - a Comuna de Paris - a Revoluo Russa - a 1 Guerra Mundial - a industrializao e o Capitalismo brasileiro e a polarizao mundial - a crise de 1929 - os regimes totalitrios: Fascismo e Nazismo - a Liga das Naes - a 2 Guerra Mundial - a Guerra Fria - o Estado Novo (ditadura getulista) e. Desenvolvimento e subdesenvolvimento - a industrializao do 3 mundo - a classe operria nos pases subdesenvolvidos - a Revoluo Chinesa - o Leste Europeu * as mudanas no Leste Europeu - Alemanha * as mudanas na Unio Sovitica - As Repblicas Blticas e o fim Unio Sovitica - A dependncia brasileira em face do capitalismo internacional

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Obs.: Os contedos no contemplados neste material podero ser encontrados em outros livros.

INTRODUO

O Ensino Distncia uma modalidade de ensino que possibilita a concluso do Ensino Fundamental e/ou Mdio com maior rapidez. Contudo, necessrio ter claro que praticamente impossvel dar conta de todo o contedo num espao de tempo to reduzido. No caso da disciplina de Histria, optamos por tomar como ponto de partida as mudanas ocorridas no sistema capitalista na segunda metade do sculo XIX. Neste perodo, o desenvolvimento tcnico e a prpria luta entre os capitalistas para ganharem os mercados fizeram surgir os monoplios: grandes empresas que vencendo ou fazendo acordos com seus concorrentes atuam praticamente sozinhas no mercado, impondo os preos de seus produtos. Assim, a partir da formao dos monoplios que voc vai estudar as transformaes sociais que vem ocorrendo internacionalmente e, como no poderia deixar de ser, na sociedade brasileira. Ao estudar o contedo deste material, voc ter condies de entender muitas questes da atualidade, como a poltica neoliberal e o processo de globalizao. Para complementar e aprofundar seus estudos voc poder consultar outros livros de Histria do Ensino Mdio (2 grau). Vale ressaltar que o contedo desta apostila suficiente para responder as atividades propostas, mas correspondente a apenas 70% da avaliao escrita que voc ter que fazer no dia da prova. Em funo disto, necessrio ter conhecimento de todo o contedo que est relacionado no final desta apostila.

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CIVILIZAOEm vrias regies do mundo, as comunidades primitivas sofreram grandes transformaes culturais a partir da revoluo neoltica. O conjunto dessas transformaes marca um novo estgio no desenvolvimento social conhecido como civilizao. O surgimento da civilizao costuma ser assinalado pelos seguintes eventos: Aparecimento de classes sociais - desenvolveu-se a desigualdade social, surgindo ricos e pobres, exploradores e explorados. Formao do Estado - organizou-se um governo para administrar a sociedade e controlar a fora militar (exrcito). Diviso social do trabalho - as atividades foram sendo divididas cada vez mais entre os membros da sociedade, surgindo trabalhadores especializados, como metalrgicos, ceramistas, banqueiros, vidraceiros, pastores, sacerdotes, comandantes militares etc. Aumento da produo econmica - O desenvolvimento das tcnicas agrcolas, da criao de animais e do artesanato propiciou o crescimento da produo econmica. Alm dos bens necessrios ao consumo imediato, as sociedades comearam a produzir excedentes, armazenando vrios produtos para a troca comercial. Registros escritos - acompanhando o crescimento das primeiras cidades, desenvolveramse a escrita, a numerao, o calendrio e o sistema de pesos e medidas. Relaes Sociais Das comunidades primitivas s sociedades civilizadas, as relaes sociais sofreram grandes mudanas. Nas comunidades primitivas, as relaes sociais baseavam-se nos laos de parentesco, nos usos e costumes comuns, na cooperao entre os membros do grupo. O alimento, a terra, o rebanho compunham a propriedade coletiva da comunidade. Cada pessoa desfrutava do patrimnio comum com os demais membros do grupo. Nas sociedades civilizadas, quase todo esses elementos se modificam. Em vez da cooperao, desenvolveu-se o esprito de competio social, surgindo a propriedade privada da terra, do rebanho, enfim, dos bens. O acmulo desigual de bens materiais pelos indivduos passou a diferenciar as pessoas, nascendo da a relao entre ricos e pobres, exploradores e explorados. Criou-se um estado governado pela minoria detentora dos poderes econmico (riqueza), poltico (fora) e ideolgico (saber). EGITO EGITO ANTIGO UM OSIS EM MEIO AO DESERTO A civilizao egpcia, que teve incio por volta de 4000 a.C., desenvolveu-se em uma estreita faixa de terra no nordeste da frica. Embora cercada por desertos, essa regio apresentava fatores que propiciaram a fixao da humanidade. gua - o rio Nilo fornecia a gua necessria sobrevivncia e ao plantio.

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Solos frteis - as cheias peridicas do rio Nilo depositavam uma rica camada de hmus em suas margens, fertilizando o solo. O Egito era, assim, um verdadeiro osis em meio ao deserto. Por isso o historiador grego Herdoto afirmou: o Egito uma ddiva do rio Nilo. Entretanto, somente os fatores naturais no so suficientes para explicar o desenvolvimento da civilizao egpcia. Deve-se considerar a atuao humana atravs do trabalho, da criatividade e do planejamento. Para proteger vilas e casas das inundaes, os egpcios construram diques e barragens. Construram tambm canais de irrigao para levar a gua do rio s regies mais distantes. Assim, aliando esforos e criatividade, os egpcios aproveitaram os recursos naturais, fazendo surgir uma das mais antigas civilizaes.

EVOLUO POLTICA A LONGA HISTRIA DA TERRA DOS FARAS A histria egpcia costuma ser dividida em: Perodo pr-dinstico - desde a formao das primeiras comunidades at a fundao da primeira dinastia dos faras; Perodo dinstico - abrange trs fases principais: Antigo Imprio, Mdio Imprio e Novo Imprio. Perodo pr-dinstico (5000 - 3200 a.C.) Desde 5000 a.C., o Egito era habitado por povos que viviam em cls, chamados nomos. Embora independente uns dos outros, os nomos cooperavam entre si para solucionar problemas comuns, como abertura de canais de irrigao, construo de diques etc. essas relaes evoluram e levaram formao de dois reinos: Reino do Baixo Egito, formados pelos nomos do norte; e Reino do Alto Egito, formado pelos nomos do Sul. Por volta de 3200 a.C., Mens unificou os dois reinos, fundando, assim, a primeira dinastia dos faras. O perodo pr-dinstico , portanto, poca anterior a essa primeira dinastia. Perodo dinstico (3200 1085 a.C.) Foi durante o perodo dinstico que se deu a construo de grandes pirmides, o crescimento territorial e econmico do Egito e sua expanso militar. Vejamos as fases desse perodo. Antigo Imprio (3200 - 2600 a.C.) - nessa fase, a capital do Egito foi, primeiro da cidade de Tinis; depois, a de Mnfis. Os faras conquistaram os poderes religioso, militar e administrativo, destacando-se Quops, Qufren e Mequerinos (IV dinastia), responsveis pela construo das mais famosas pirmides egpcias. Por volta de 2400 a.C., revoltas lideradas pelos administradores das provncias (nomos), que pretendiam enfraquecer a autoridade do fara, abalaram o imprio. A sociedade egpcia viveu um perodo de distrbios e guerra civil. Mdio Imprio (2160 - 1730 a.C.) - representantes da nobreza de Tebas, conseguiram acabar com as revoltas, e essa cidade tornou-se a capital do Egito. Dela surgiram novos faras que governaram o imprio nos sculos seguintes. Nessa fase, o Egito atingiu estabilidade poltica, crescimento econmico e florescimento artstico, impulsionando a ampliao de fronteiras. Conquistou Nbia, regio rica em ouro. Por volta de 1750 a.C., foi invadido pelos hicsos (povo nmade vindo da sia). Militarmente superiores aos egpcios, os hicsos dominaram a regio norte do Egito e estabeleceram a capital em varis, onde permaneceram por aproximadamente 170 anos. Novo Imprio (1500 - 1085 a.C.) - mais uma vez, a nobreza tebana conseguiu restaurar a unidade poltica do Egito, expulsando os hicsos. Essa fase caracterizou-se pela grande expanso

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da sia, dominando cidade como Jerusalm, Damasco, Assur e Babilnia. Tutms III, Amenfis IV e Ramss II foram os principais faras desse perodo. Por volta de 1167 a.C. o imprio foi agitado por revoltas populares, entretanto em um perodo de decadncia. DECADNCIA DO EGITO Depois do sculo XII a C., o Egito foi sucessivamente invadido por diferentes povos. Em 1670 a C., os assrios conquistaram o Egito, dominando-o por oito anos. Aps se libertar dos assrios, o Egito iniciou uma fase de recuperao econmica e brilho cultural, conhecida como renascena sata, por ter sido impulsionada pelos soberanos da cidade de Sais. Contudo, a prosperidade durou pouco, em 525 a C., os persas conquistaram o Egito. Quase dois sculos depois, os macednios, comandados por Alexandre Magno, derrotaram os persas. Finalmente em 30 a C., o Egito foi dominado pelos romanos. SOCIEDADE A PIRMIDE FORMADA POR DOMINANTES E DOMINADOS A sociedade egpcia era formada por diferentes camadas sociais, organizadas em cartas hereditrias, podendo ser representada na forma de uma pirmide - a mais clebre construo arquitetnica do Egito. No topo dessa pirmide encontrava-se o fara, que concentrava os poderes administrativos, militar e religioso. Considerado um verdadeiro deus na Terra, sua autoridade era absoluta. Abaixo do fara e de sua famlia, a sociedade dividia-se em dois grandes grupos: o dos dominantes e o dos dominados. Grupos dos dominantes A esse grupo pertencia a elite dirigente, que era formada por: Nobres - administradores das provncias ou comandante dos principais postos do exrcito. Seus cargos eram hereditrios. Sacerdotes - senhores da cultura egpcia; presidiam as cerimnias religiosas e administravam o patrimnio dos templos, desfrutando de riqueza proveniente das oferendas feitas pelo povo. Escribas - funcionrios da administrao. Sabiam ler, escrever e contar. Realizavam trabalhos como cobranas de impostos, fiscalizao da vida econmica, organizao das leis etc. Grupos dos dominados A esse grupo pertencia a maioria da populao egpcia, sendo formada por: Artesos - trabalhadores das cidades, como barbeiros, ferreiros, carpinteiros, banqueiros, teceles, ourives, ceramistas etc. Muitos trabalhavam na construo dos templos e das pirmides. Viviam na nobreza. Fels - camponeses e pessoas que trabalhavam na construo de obras pblicas, no transporte etc. Constituam a maioria do povo egpcio e viviam na misria. Escravos - estrangeiros capturados em guerra. Trabalhavam em servios pesados, por exemplo, nas pedreiras. Viviam em condies precrias, mas tinham alguns direitos civis. ECONOMIA O CONTROLE PELO ESTADO

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Na economia egpcia predominou o modo de produo asitico. O Estado, representado pelo fara, controlava as atividades econmicas. Era dono da terra e comandava o trabalho agrcola. Administrava as pedreiras, as minas e construo de canais, diques, templos, pirmides, estradas, alm de controlar o comrcio exterior. Assim, no havia no Egito pessoas atuando fora do controle do Estado. A maior parte delas vivia em regime de servido coletiva, obrigada a sustentar o fara e a elite dominante, pagando tributos em forma de bens ou de trabalho. ATIVIDADES ECONMICAS Entre as principais atividades econmicas desenvolvidas no Egito, citam-se: Agricultura - o cultivo de trigo, cevada, linho e papiro; Criao de animais - a criao de bois, asnos, carneiros, cabras, porcos e aves. A partir da invaso dos hicsos, comearam a criar cavalos; Comrcio exterior - importao e exportao de diversos produtos sob o controle do Estado, que enviava expedies para Creta, Fencia, Palestina. Exportava-se trigo, linho, cermica; importava-se marfins, perfumes, peles de animais. CULTURA A PROFUNDA INFLUNCIA DA RELIGIO A civilizao egpcia era profundamente influenciada pela religio; sobretudo a arte e a arquitetura. Contudo, os egpcios, buscando solues para problemas prticos, tambm nos deixaram um vasto legado cientfico. RELIGIO Os egpcios eram politestas e adoravam seus deuses em cerimnias patrocinadas pelo Estado (culto oficial) ou realizada espontaneamente pelo povo (culto popular). No culto oficial, destacava-se o deus Amon-R, fuso de R (deus do sol e criador do mundo) e Amon (deus protetor de Tebas). No culto popular, devotava-se, sobretudo, a Osris (deus da vegetao, foras da natureza e dos mortos), sis (deusa esposa e irm de Osris) e Hrus (deus do cu, filho de sis e Osris). Acreditando na ressurreio da alma, os egpcios preservavam o corpo dos mortos por meio da mumificao. Nos sarcfagos, junto das mmias, guardavam alimentos, roupas, jias e um exemplar do Livro dos Mortos, coleo de textos religiosos para serem recitados no tribunal de Osris. ESCRITA HIEROGLFICA E PAPIRO Assim como os sumrios, os egpcios, desenvolveram um tipo de escrita. Mas a dos egpcios era formada por sinais hierglifos*. Coube ao sbio francs Jean Franois Champolion a faanha de decifrar os hierglifos da famosa Pedra Roseta, em 1822. O registro escrito egpcio era feito em pedra, madeira ou papiro. ARQUITETURA Os egpcios construram obras monumentais, destacando-se as pirmides. As famosas pirmides de Qufem, Quops e Miquerinos encontram-se na regio de Giz. Para confundir possveis saqueadores, o interior das pirmides era um verdadeiro labirinto, e o sarcfago do fara ficava em uma cmara secreta. ARTE

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A escultura e a pintura egpcia eram diretamente influenciadas pela religio. A maior parte das estatuetas e das pinturas servia para decorar tmulos e templos. Tanto na pintura quanto na escultura, as figuras humanas eram representadas numa posio (postura hiertica). Esse tipo de representao constituiu uma caracterstica geral da arte egpcia, embora haja excees. CINCIAS Os egpcios desenvolveram o saber cientfico visando resolver problemas prticos e concretos. Qumica - a manipulao de substncias qumicas surgiu no Egito e deu origem a fabricao de diversos remdios e composies. A prpria palavra qumica vem do Egito kemi, que significa "terra negra". Matemtica - as transformaes comerciais e a administrao dos bens pblicos exigiam a padronizao de pesos e medidas, isto , um sistema de notao numrica e de contagem. Desenvolveu-se, assim, a matemtica, incluindo a lgebra e a Geometria. Astronomia - para a navegao e as atividades agrcolas, os egpcios orientavam-se pelas estrelas. Fizeram, ento, mapas do cu, enumerado e agrupando as estrelas em constelaes. Medicina - a prtica da mumificao contribuiu para o estudo do corpo humano. Alguns mdicos acabaram se especializando em diferentes partes do corpo, como olhos, cabea, dentes, ventre.

GRCIA

PERODOS HISTRICOS A histria grega dividida, tradicionalmente, nos seguintes perodos: - perodo Micnico ou Homrico - sculo XV a sculo VIII a.C.; - perodo Arcaico - sculo VIII a sculo VI a.C.; - perodo Clssico - sculo VI a sculo IV a.C.; - perodo Helenstico - sculo IV a sculo I a.C. CRETA: UMA DAS PRINCIPAIS CIVILIZAES PR-HELENSTICAS H quase 5 mil anos, desenvolveu-se na ilha de Creta uma das mais brilhantes civilizaes da Antigidade, a civilizao cretense. Devido a sua localizao, Creta se tornou ponto de encontro entre a Grcia e as civilizaes do Crescimento Frtil, o que contribuiu para o desenvolvimento de suas atividades martimas e comerciais. Uma poderosa monarquia instalou-se em Cnossos, entre 1700 e 1450 a C., perodo em que esta cidade deteve a supremacia de toda a ilha. Apoiada no poderio da marinha e na aliana com as classes mercantis, essa monarquia expandiu a dominao cretense, criando um verdadeiro imprio comercial - martimo, denominado talassocracia (grego talossos: mar, oceano: cracta: poder). Os reis dessas monarquias eram chamados de Minos, palavra que deu origem expresso civilizao minica, tambm utilizada para designar a civilizao crescente. As runas cretenses indicam a existncia de cidades planejadas, com ruas caladas, sarjetas, lojas de comrcio e bairros residenciais, uma vida predominantemente urbana. Entre as principais cidades destacam-se Cnossos, Fastos, Mlia, Tilisso e Girnia. A numerosa populao dessa cidade teve uma vida menos opressiva, se comparada a outras regies da Antigidade. Os achados arqueolgicos nos do conta de uma vida marcada por divertimentos pblicos, comodidades arquitetnicas etc. Isso se deu, talvez, economia dominante

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(artesanato e comrcio martimo) ter escapado a um controle rgido do Estado e estimulado o individualismo, o que no ocorreu com outros povos do Oriente. Aproximadamente em 1400 a.C., Creta foi invadida pelos Arqueus, que assimilaram grande parte de sua cultura, dando origem civilizao creto-micnica. Quase dois sculos depois os drios, hbeis guerreiros, possuidores de armas de ferro, invadiram e ocuparam Creta. As cidades foram saqueadas e arrasadas. Houve um retrocesso cultural, que marcou o fim da civilizao creto-micnica. PERODO MICNICO OU HOMRICO OS PRIMEIROS POVOS E OS GENOS As primeiras fontes histricas para o estudo desse perodo so as descobertas arqueolgicas e os poemas Ilada e Odissia, de Homero. Durante o perodo Homrico, chegaram Grcia, em sucessivas invases, quatro povos indo-europeus que l se estabeleceram, dando origem ao povo grego. Aqueus - chegaram por volta de 2000 a.C., e fundaram a cidade de Micenas. Conquistaram os cretenses e assimilaram parte de sua cultura. Da integrao cultural entre cretenses e aqueus originou-se a civilizao creto-micnica. Jnios - chegaram por volta de 1700 a.C., e fundaram a cidade de Atenas. Posteriormente, expandiram-se em direo sia Menor, onde fundaram cidades, como Mileto, feso, Esmirna. Elios - chegaram por volta de 1700 a.C., e fundaram a cidade de Tebas. Integraram-se na civilizao creto-micnica. Drios - chegaram por volta de 1200 a.C., e fundaram a cidade de Esparta. De esprito guerreiro, destruram a civilizao creto-micnica. Houve considervel retrocesso da vida urbana e a populao voltou a se organizar em grupos comunitrios (genos). GENOS Os aqueus, jnios, elios e drios eram povos de pastores seminmades. Vagando com seus rebanhos pelas plancies ou pelas montanhas, no chegaram a construir um Estado, mas organizaram-se socialmente em cls patriarcais. Esses cls, denominados genos, eram formados por famlias que descendiam de um mesmo antepassado e adoravam o mesmo deus. Os genos tinham estrutura comunitria: eram auto-suficientes e os bens (animais, pastos, terras agrcolas, colheitas) pertenciam a todos os seus membros, ou seja, a propriedade era coletiva. Os genos podiam associar-se, formando fratrias. As fratrias constituam corporaes de guerra que lutavam pelos interesses do grupo. A reunio de vrias fratrias formava uma tribo, comandada por um chefe, o basileu, que exercia funo militar; religiosa e jurdica. Aos poucos, os genos tornaram-se sedentrios, e as estruturas comunitrias foram decaindo medida que se estabeleciam: O direito herana paterna - o filho mais velho passou a herdar os bens do pai, com possibilidade de assumir seu papel social. Isso favoreceu a acumulao de riquezas e a manuteno do poder (religioso, militar e administrativo) de algumas famlias. A diferenciao de classes - comeou a se formar uma nobreza hereditria, que tinha privilgios sociais e econmicos sobre os membros da comunidade. Essa nobreza passou a apropriarse de bens mveis (rebanhos, metais preciosos, armas etc.). A generalizao do regime escravista - inicialmente a escravido era limitada aos prisioneiros de guerra. Com o tempo, desenvolveu-se a escravido por dvidas, atingindo os prprios membros da comunidade. Enfim, a estrutura comunitria dos genos enfraquecia-se medida que ganhavam foras as instituies que admitiam a propriedade privada e a acumulao de riquezas individuais. Entretanto, a deciso da sociedade em classe somente se consolidou com o aparecimento do Estado, ou seja, das cidades-Estado (polis).

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PERODO ARCAICO AS CIDADES-ESTADOS E A COLONIZAO GREGA A Grcia Antiga ou Hlade (expresso utilizada pelos gregos) no se constitua em Estado nico, com um governo para todos os gregos. Era, na verdade, um conjunto de cidades-Estado independentes (polis) e, s vezes, rivais. Cada uma tinha suas leis, seu governo e seus costumes. A populao dessas cidades raramente ultrapassava 30 mil habitantes, exceto nas grandes, como Atenas e Siracusa. Embora fossem independentes, as cidades gregas apresentavam certa unidade cultural, expressa em elementos como: lngua, crenas religiosas, sentimento comum de que eram diferentes dos povos que no falavam a lngua grega - os brbaros. Um exemplo de unidade cultural da Grcia so os jogos olmpicos, dos quais participavam as diversas cidades. Nas cidades-Estado, o cidado grego foi conquistando direitos e contribuindo para a vida social. Sentia-se como membro da polis e no como um objeto submisso e manobrado pelos governantes. A palavra poltico, de origem grega, primeiramente designou "o cidado que participava dos destinos da polis". Dentre as cidades-Estado gregas, destacam-se Esparta e Atenas. ESPARTA Esparta localizava-se na pennsula do peloponeso, na regio da Lacnia. Tinha boas terras para o cultivo de vinha e oliveira. Fundada pelos drios, desde sua origem Esparta foi militarista e oligrquica. O Estado espartano tinha como principal objetivo fazer de seus cidados um modelo ideal de soldados, bem treinados fisicamente, corajosos e totalmente obedientes s leis e s autoridades. Sociedade A sociedade espartana dividia-se, basicamente, em trs classes: Esparciatas - eram os cidados espartanos, que permaneciam disposio dos negcios polticos e serviam ao exrcito, tendo como misso reprimir escravos e combater inimigos externos. Em geral no podiam exercer o comrcio nem vender suas terras; Periecos - eram homens livres, dedicavam-se ao comrcio e ao artesanato. Serviam ao exrcito em caso de grande necessidade, mas no tinha direitos polticos (participavam de rgos do governo). Hilotas - eram servos presos terra dos esparciatas, sustentando-os com seu trabalho. Os hilotas insubmissos eram mortos sem julgamento. Apesar da opresso promoveram freqentes revoltas contra o Estado espartano. Analisando a situao das classes sociais espartanas, percebemos que somente os periecos, que dominavam o comrcio e o artesanato, podiam enriquecer; desfrutando de considervel liberdade e conforto material. Os especialistas, submetidos a pesadas obrigaes perante o Estado, acabavam tornando-se escravos das instituies militaristas. Quanto aos hilotas, sua vida no passava de opresso e misria. Poder Poltico Esparta era uma diarquia*. Era governada por dois reis, pertencentes a famlias diferentes e muitas vezes, rivais. Entre suas funes destacavam-se os servios de carter militar e religioso. A administrao poltica era exercida pelos seguintes rgos: - Gersia - conselho distribudo pelos dois reis e mais 28 esparcistas maiores de 60 anos (conselho dos ancios). Tinha funo administrativa (superviso), legislativa (elaborao de projetos de leis) e judiciria (julgamento em tribunal superior). - pela - assemblia formada pelos mais importantes cidados espartanos maiores de 30 anos. Possua as funes de eleger os membros da Gersia, exceto os reis, e do conselho dos foros, e de aprovar ou rejeitar as leis encaminhadas pela Gersia.

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- Conselho dos foros - grupo formado por cinco membros eleitos anualmente pela pela. Os foros eram os verdadeiros chefes do governo espartano. Comandavam as reunies da Gersia e da pela, controlavam a vida econmica e social de toda a cidade, podiam vetar os projetos de lei e at mesmo destruir os reis. O mandato dos foros era de um ano, mas se reelegiam indefinidamente. Devido ao enorme poder dos foros, o governo de Esparta era considerado uma oligarquia. ATENAS A cidade de Atenas, fundada pelos jnios, situa-se no centro da plancie da tica, a cinco quilmetros do mar Egeu. O centro original da cidade localiza-se numa colina alta, a acrpole *, tendo, assim, uma proteo natural contra ataques. Devido o solo pouco frtil da regio, os atenienses lanaram-se navegao martima, aproveitando a proximidade do litoral. Tornaram-se excelentes marinheiros, chegando a dominar grande parte do comrcio pelo Mediterrneo. Sociedade A sociedade ateniense estava dividida em trs classes principais: Euptridas - eram os cidados atenienses. Tinham direitos polticos e participavam do governo. Constituam a minoria da populao (cerca de 10%) sendo que mulheres e crianas no faziam parte desse grupo. Metecos - eram os estrangeiros que viviam em Atenas. No tinhas direitos polticos estavam proibidos de adquirir terras, mas podiam dedicar-se ao comrcio e ao artesanato. Em geral pagavam impostos para viver em Atenas e eram obrigados a prestar o servio militar. Escravos - formavam a grande maioria da populao ateniense. Para cada cidado adulto chegaram a existir cerca de 18 escravos. Trabalhavam no campo, nas minas e nas oficinas. Eram considerados propriedades do seu senhor, mas havia leis que os protegiam contra excessivos maus tratos. Evoluo poltica: da monarquia a democracia A monarquia foi poderosa at meados dos sculos VIII a.C., em Atenas. L o rei acumulava as funes de sacerdote, juiz e chefe militar. Depois, o poder em Atenas passou para as mos de uma oligarquia de nobres. Seus membros, os arcontes, comandavam o exrcito, a justia, a administrao pblica, entre outras funes. medida que os nobres atenienses tornavam-se donos da maior parte das terras cultivveis, os pequenos proprietrios empobreciam e suas dvidas aumentavam. Os nobres, ento, passavam a se apoderar dos prprios devedores, fazendo os escravos. Diante dos abusos da nobreza, muitos atenienses (comerciantes, artesos, camponeses) comearam a exigir reformas sociais. Nos sculos VII e VI a.C., surgiram reformadores como Drcon, que imps leis escritas acabando com as vedetas, e Slon, que libertou os cidados transformados em escravos. Tais reformas abriram caminho para a democracia ateniense. O criador da democracia em Atenas foi Clstenes, que ficou no poder de 510 a 507 a.C. Ele aprofundou as reformas e introduziu o regime democrtico, cujo princpio bsico dizia que "todos os cidados tm o mesmo direito perante as leis" - princpio da isonomia. Entretanto, na democracia ateniense apenas os euptridas, que constituam 10% da populao, eram considerados cidados. Consequentemente, os 90% restantes da populao (escravos, estrangeiros, mulheres e crianas) no tinham direitos polticos, sendo excludos da vida democrtica. A democracia ateniense era, portanto, elitista (porque s uma monarquia tinha direitos), patriarcal (porque exclua as mulheres) e escravista (porque eram escravos que sustentavam a riqueza dos senhores).

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Nos sculos V a C. Atenas atingiu grande esplendor sob a liderana de Pricles (499 - 429 a.C.), que durante 15 anos foi sucessivamente eleito para o governo, ocupando o cargo de estratego, isto , chefe do poder executivo. COLONIZAO GREGA No perodo arcaico, entre os sculos VII e VI a.C., inmeros gregos deixaram suas cidades, dirigindo-se para diversas reas do litoral do mar Mediterrneo e do mar Negro, e l fundaram colnias. Causas A crise econmica nas cidadesestados e conflitos entre a nobreza exploradora e a maioria dos povos gerou um clima de tenso social, que teve como vlvula de escape o movimento de colonizao de colonizao. Entre as causas especficas da colonizao destacam-se: - o aumento da populao em vrias cidades; - a produo insuficiente de alimentos; - busca de melhores condies de vida pelos camponeses; - fuga dos homens livres endividados, para evitar que fossem feitos escravos; - aspirao dos arteses bem-sucedidos por novos mercados. Conseqncias O movimento de colonizao teve como principais conseqncias: - a fundao de importantes cidades, como Bizncio (depois, chamada Constantinopla), Marselha, Odessa, Siracusa, Npolis, Nice e Cretona. - A difuso da cultura grega pela Europa Mediterrnea, norte da frica e sia Menor. - A expanso do comrcio martimo, que movimentou a troca de produtos como, arma de metal, cermicas, cereais, peles, madeiras e perfumes. PERODO CLSSICO AS LUTAS PELA HEGEMONIA GREGA No perodo clssico, a Grcia atingiu o seu apogeu, marcado por grande desenvolvimento econmico e esplendor cultural. Nesse perodo, Atenas e, depois, Esparta formaram-se as mais importantes cidades gregas. A ascenso econmica trouxe choques de interesses, levando os gregos a lutarem contra outros povos e tambm entre si. Entre as principais guerras desse perodo destacam-se: as Guerras Mdicas (ou guerras Greco-Persa) e Guerra do Peloponeso. GUERRAS MDICAS Expandido seu imprio, o rei persa Drio, aps ter submetido as cidades gregas da sia Menor, pretendeu subjugar as cidades gregas da Europa. Enfrentou, entretanto, dura resistncia de Atenas, Esparta, Ertria, Platia, entre outras, que se uniram para lutar contra o inimigo comum. No confronto com os persas, os gregos saram-se vitoriosos. As batalhas decisivas para a vitria grega foram: Batalha de Maratona (490 a.C.) - atacados pela plancie de Maratona, os gregos sob o comando de Milcades, derrotaram os exrcitos persas; Batalha naval de Salamina (480 a.C.) - os gregos derrotaram os persas, graas, principalmente, frota ateniense; Batalha de Platia (479 a.C.) - o exrcito grego, comandado pelo rei de Esparta, infligiu dura derrota aos persas.

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GUERRA DO PELOPONESO (431 - 404 a.C.) Atenas teve grande destaque na luta contra os persas. Assim quando terminaram as guerras, ela tornou-se a mais importante cidade grega, tanto no setor militar quanto no econmico. Era intenso o comrcio ateniense com diversas cidades, sobretudo colnias, que se valia, principalmente, do transporte martimo. LIGA DE DELOS E DOMNIO DE ATENAS Com o objetivo de proteger a Grcia contra um possvel ataque externo, Atenas organizou uma aliana de cidade gregas. Essa aliana, que chegou a reunir mais de 100 cidades, ficou conhecida como Liga de Delos, pois a sua sede era situada na ilha de Delos. As cidades aliadas eram independentes, mas Atenas exercia o comando militar da confederao de cidades submetidas ao imperialismo ateniense. Atenas transformou-se, ento, no centro de um grande imprio comercial e martimo alcanando grande desenvolvimento econmico e cultural. Seu perodo de apogeu durou quase 50 anos (450 - 404 a.C.). Muitas cidades, porm, comearam a se revoltar contra o crescimento poder ateniense. Entre essas cidades destacou-se Esparta LIGA DO PELOPONESO E DOMNIO DE ESPARTA Fundada a liga do Peloponeso (aliana poltico - militar), Esparta liderou um conjunto de cidades (Corinto, Megara e Tebas) que se opunham ao domnio de Atenas. Explodiu ento a Guerra do Peloponeso, que durou 27 anos, com breves intervalos de paz. Ao final do longo e desgastante conflito, Atenas foi derrotada, submetendo-se, ento, hegemonia de Esparta. A derrota de Atenas na Guerra Peloponeso significou o fim de um projeto imperialista Ateniense, que poderia levar unificao das cidades gregas. Com a vitria de Esparta, preservou-se a fragmentao poltica da Grcia, mantendo-se a autonomia das cidades - Estado. Vitoriosa na Guerra do Peloponeso, Esparta estendeu sua influncia sobre diversas cidades gregas, impondo sua hegemonia sobre a Grcia durante o perodo de 404 a 371 a.C. HEGEMONIA DE TEBAS Os projetos militares e econmicos de Esparta tiveram destaque durante cerca de 30 anos (404 - 371 a.C.). Ao final deste perodo, surgiram novas revoltas entre as cidades gregas, agora contra a autoridade de Esparta. Na liderana dessas insurreies estava a cidade de Tebas que tinha um poderoso exrcito. Aps vencer as tropas espartanas, Tebas assumiu a hegemonia das cidades gregas, no perodo de 371-362 a.C. PERODO HELENSTICO O DOMNIO MACEDNICO Aps tantos anos de penosas guerras, as cidades gregas estavam esgotadas, fracas e empobrecidas. Aproveitando-se da decadncia e da desunio que contaminava a Grcia, Felipe, rei da Macednia (regio situada ao norte da Grcia), preparou um poderoso exrcito e partiu para a conquista do solo grego. A batalha de Queronia, em 338 a.C. representou o marco decisivo da vitria dos exrcitos macednios sobre os gregos. Dois anos depois, Felipe foi assassinado, sucedendo-o no trono seu filho Alexandre.

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Dando continuidade poltica expansionista de Felipe, Alexandre sufocou definitivamente as revoltas nas cidades gregas, impondo-lhes seu domnio. Incansvel partiu com um exrcito de mais de 40 mil homens em direo ao Oriente, obtendo fulminantes vitrias na sia Menor, no Egito, na Mesopotmia, na Persa e em regies da ndia (at o vale do rio Indo). Em 10 anos de lutas, Alexandre Magno transformou o imprio macednico em um dos maiores Antigidade. No ano de 323 a.C., Alexandre morreu na Babilnia e o comando de seu imprio foi ento, partilhado entre os principais generais. Seleuco, Ptolomeu e Antgono. O Imprio macednico no conseguiu preservar a unidade. Com o tempo, os generais acabaram assumindo o ttulo de rei das regies sob seu comando e passaram a disputar outras reas sendo dominada pelos romanos. ECONONIA PRODUO DE RIQUEZA PELO TRABALHO ESCRAVO Na longa histria econmica da Grcia merece destaque, em termos gerais, o modo de produo escravista. Com esse modo de produo h um rompimento definitivo com a vida comunitria (genos). Assim, a maior parte das atividades econmicas (na agricultura, no comrcio, no artesanato e no transporte) dependia do trabalho dos escravos. A principal fonte de escravos era a priso de inimigos de guerra e, tambm, o nascimento de filhos de escravos. O trabalho escravo propiciou a liberao de uma parte da populao (donos de escravos) para atividades menos penosas. Para isso, o Estado teve tambm que assumir a funo coercitiva de obrigar os escravos a obedecer e trabalhar. Com o predomnio do modo de produo escravista, o trabalho braal foi considerado desprezvel pelos homens livres. Assim, por exemplo, em Atenas, uma famlia rica do sculo IV a.C. chegava a ter 20 escravos para os seus servios domsticos, justificando a opresso. O filsofo Aristteles dizia: "uns nascem para ser escravos para que os homens livres possam gozar de um modo mais nobre de vida". ASPECTOS DA ECONOMIA O solo grego era acidentado e pouco favorvel agricultura. Apesar disso, a atividade agrcola, impulsionada pelo trabalho escravo, foi a principal fonte de recursos econmicos. Os gregos cultivavam a cevada, o trigo, videiras e oliveiras. Criaram tambm cabras e carneiros, alm de bois, asnos e mulas. Nas cidades, o artesanato teve importncia varivel. Em Esparta, por exemplo, o que predominava era a agricultura dirigida por uma elite de grandes proprietrios. J em Atenas, que tinha um solo mais pobre, o artesanato urbano alcanou significativo desenvolvimento. As oficinas artesanais atenienses (ergasterions) utilizavam basicamente o trabalho escravo para produzir artigos como vidro, cermica, mveis, tecidos, armas, etc. A partir do perodo clssico, o comrcio adquiriu enorme importncia dentro da economia grega. Atenas tornou-se a principal cidade econmica da Grcia devido ao seu agitado movimento mercantil. Eram intensas e variadas as trocas comerciais que os atenienses realizavam com diversas cidades, sobretudo as colnias, utilizando principalmente o transporte martimo. Os navios atenienses, com aproximadamente vinte homens, saiam carregados de figos secos, l, prata, mrmores, armas, objetos de cermica, vasos com azeite e vinho. Na volta traziam alimentos (trigo seco, carne salgada, queijo e frutas), matrias-primas (ferro, madeira, marfim, peles, linho), produtos manufaturados (telhas de corinto, camas de quios, tapetes de persa, roupas simples de Ngara, tecidos finos do Egito, perfumes de Arbia). VIDA COTIDIANA O passado das pessoas comuns pode parecer pouco importante quando comparamos com o estudo dos sucessos dos grandes generais, dos governantes ou das guerras travadas em qualquer

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poca. No podemos, porm, conhecer bem uma civilizao se ignorarmos como era e como vivia o povo que a identificou. O grande quadro da histria da Grcia resultou principalmente do estudo da literatura e dos documentos histricos que restavam. A compreenso mais ampla da histria grega, entretanto, s foi possvel graas s revelaes da arqueologia. O LAR - REINO DA MULHER Nos primeiros tempos, as casas construdas pelos gregos eram muito simples. Em Micenas, por exemplo, elas se resumiam a quatro paredes levantadas em torno de um espao circular, onde se acendia o fogo. Sculos mais tarde, no Perodo Arcaico, as residncias ainda eram modestas. Maior refinamento somente podia ser encontrado nos edifcios pblicos. S na poca Clssica as casas passaram a ser um pouco mais confortveis, algumas at luxuosas. Em Atenas, naquele perodo, a maioria das habitaes no tinha aspecto exterior atraente. Pequenas e vulgares, mal construdas, desconfortveis e pouco higinicas, distriburam-se pelas ruas e vielas da cidade, sem obedecer nenhum critrio de alinhamento. Raramente contavam com mais de um andar. Quando possuam, o acesso ao pavimento superior era feito por meio de escadas externas. Somente as residncias dos ricos tinham maior conforto; nelas existia muitas vezes um ptio interno rodeado de colunas, em torno do qual se alinhavam quartos e salas para recepes e reunies. Os gregos usavam pedras apenas nos alicerces de suas casas. As paredes eram levantadas com um material muito frgil, o adobe, uma espcie de tijolo feito de argila socada ao sol. Poucas residncias utilizavam tijolos como os que conhecemos. Por esse motivo os assaltos eram freqentes. O piso das casas na maioria das vezes era de terra batida; as paredes recebiam como pintura uma camada de cal, e o teto era coberto com palhas. Nas casas das cidades, os gregos utilizavam telhas de madeira, de mrmore ou de barro. As casas eram muito escuras. Para compensar a falta de iluminao natural, seus moradores tinham de manter as luminrias acesas mesmo durante o dia. As lmpadas gregas consistiam em vasilhas de cermica ou de metal e eram abastecidas com azeite. Os gregos no utilizavam mveis sofisticados como os dos egpcios ou mesmo dos cretenses. Seu mobilirio no era luxuoso, mas revelava certa preocupao com o conforto. At o Perodo Arcaico, as pessoas se encarregavam de fabricar seus mveis. As mesas serviam como porta-objetos e normalmente no eram utilizadas para as refeies ou como lugar para ler e escrever. Cadeiras com encosto curvo, bancos e tamboretes foram as peas de moblia mais comum. A decorao interna se completava com almofadas, cortinas e tapearias. Nas camas eram utilizados colches, mantas e colchas. Quentes e abafadas no vero, provavelmente geladas durante o inverno, quando eram aquecidas por meio de braseiros portteis de cermicas, as casas gregas tinham condies mnimas de conforto e segurana para seus moradores. No de estranhar que os homens passassem fora delas a maior parte do seu tempo. Ocupados com os negcios, com a poltica ou o lazer, preferiam sair a ter de conviver com os problemas existentes em suas casas. O lar grego foi apenas um refgio para o homem, que no se importava em permitir que fosse o reino de sua mulher. A FAMLIA - ENTRE O AMOR E A SOBREVIVNCIA O aumento da populao foi motivo de preocupao no apenas para as famlias, mas tambm para o governo das cidades gregas. Para as famlias, o nmero excessivo de filhos prejudicava o equilbrio do oramento domstico. O problema no estava apenas em garantir a alimentao e a sobrevivncia de todos. Mais filhos representava tambm mais herdeiros para repartir os mesmos bens. Como as propriedades, base da riqueza, no eram muito extensas, dividi-las entre muitos filhos significava condenar a famlia misria.

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Assim, antes do Perodo Arcaico j existiam opinies contrrias ao grande nmero de filhos. O poeta Hesodo falava aos camponeses de sua poca sobre a convenincia de terem apenas um filho. O governo das cidades-Estado procurou resolver o problema da populao por meios de leis que autorizavam o aborto e o infanticdio. Em Atenas, os pais tinham o direito de matar ou expor abandonar na rua seus filhos recm-nascidos. Em Esparta, as crianas portadoras de qualquer defeito fsico podiam ser mortas. Essas medidas no alcanaram os resultados esperados. O aumento populacional das cidades s no chegou a ser catastrfico por diferentes motivos. A colonizao desviou parte da populao para lugares distantes. A mortalidade infantil, muito elevada, colaborou para manter em equilbrio o nmero de habitantes. DIREITO VIDA - DDIVA PATERNA O pai tinha cinco dias para resolver se aceitava ou no a criana recm-nascida. No dcimo dia depois do nascimento, no caso da aceitao da criana, era oferecido um banquete aos amigos da famlia. No sabemos exatamente como as crianas eram tratadas por suas famlias. As obras literrias do a entender que os pais e familiares dedicavam-lhes amor e carinho. Os meninos muitas vezes improvisavam seus prprios brinquedos, outros lhes eram comprados pelos pais. Quando em idade escolar gostavam de criar grilos e gafanhotos; na adolescncia, tinham especial interesse pelas brigas de galos e de ces, bem como pelos jogos de dados e de cara ou coroa. As meninas ganhavam presentes que contribuam para sua preparao como futuras mes e donas de casas. Casinhas feitas de barro, bonecas de argila, de madeira ou de dera acompanhavamnas durante a infncia. Aprendiam tambm a fazer roupinhas para suas bonecas, que somente abandonavam s vsperas do casamento. SEM ESCOLHA E SEM AMOR: O CASAMENTO Os gregos foram o primeiro povo da histria a valorizar o casamento monogmico. Casar apenas com uma mulher e ter filhos foi, nos primeiros tempos, uma espcie de obrigao cvica e sagrada: os homens no podiam ficar solteiros. Os homens casavam-se tarde, depois dos 30 anos. As mulheres j eram consideradas aptas para o matrimnio a partir dos 12 anos. O casamento se iniciava com um acordo entre o pai da noiva e seu futuro genro, em que se estabelecia inclusive a quantia a ser recebida como dote pelo noivo. Janeiro era o ms preferido para a realizao dos casamentos. O divrcio no era incomum na Grcia Antiga. O adultrio ou a esterilidade da mulher autorizava sua realizao. A mulher que traa seu marido podia ser punida com o apedrejamento at a morte. O adultrio masculino, porm, no era considerado merecedor de castigo. A MORTE E SEU RITUAL A religio contribua para que os gregos encarassem a morte com resignao. Suas crenas no previam nenhum castigo ou recompensa depois dela. Os gregos acreditavam que as sombras dos mortos eram conduzidas para um mundo subterrneo o Hades onde permaneciam para sempre. Para eles, os mortos passavam a ser uma espcie de divindade bondosa, que sempre beneficiava os vivos. Assim, na Grcia prestava-se um verdadeiro culto queles que morriam. Durante um dia inteiro o corpo ficava exposto em uma espcie de velrio, para o qual costumava-se contratar mulheres que cantavam com o acompanhamento de flautas. As mulheres da famlia costumavam mostrar seu sofrimento puxando de tal modo os cabelos de chegavam a arranclos. Um vaso cheio de gua era colocado perto da porta da casa para que os visitantes, ao deixar o local, pudessem se purificar do contato com a morte. Os enterros eram realizados pela manh, logo antes do nascer do sol. Quando se tratava da morte de uma pessoa ilustre, havia o costume de se realizarem banquetes e jogos fnebres em sua

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memria. Estes ltimos, comuns nos tempos mais antigos, serviam, de certo modo, como diverso para seus participantes. Durante o perodo de luto, as pessoas costumavam cortar os cabelos e vestir unicamente roupas escuras. Como os gregos acreditavam que os mortos passavam a ter uma espcie de segunda vida, em seus tmulos colocavam oferendas e derramavam bebidas sobre eles. Em fevereiro, em uma comemorao equivalente ao nosso dia dos finados, os atenienses recobriam os seus parentes com coroas de flores. Como os gregos acreditavam que depois da morte eram conduzidos ao Hades um local nada parecido com o paraso segundo nossa viso procuravam aproveitar a vida com disposio e alegria. HERANA CULTURAL GREGA A INFLUNCIA EM DIFERENTES REAS Os gregos lanaram os principais alicerces da civilizao ocidental. Encontramos razes gregas nas diferentes reas da cultura contempornea: artes, cincias, filosofia, poltica, linguagem. FILOSOFIA E CINCIAS EM DIFERENTES REAS A investigao intelectual e o esprito de curiosidade levaram os gregos a buscar explicaes racionais para a realidade do mundo. Explicaes diferentes daquelas apresentadas nas lendas, nos mitos ou nas crenas da razo humana para compreender o desconhecido. Da filosofia desmembram-se as cincias que aplicam a investigao sistemtica e racional aos fenmenos da natureza e da sociedade. Surgiram, assim, ramos especializados para o estudo desses fenmenos, como a Fsica, a Qumica, a Matemtica, a Biologia, a Medicina e a Astronomia. Entre os grandes nomes da cultura grega destacam-se: Hipcritas pai da medicina; Tales de Mileto e Pitgoras, grandes matemticos; Herdoto, pai da histria. ARTE Revelando brilho, talento e racionalismo, grandioso o conjunto de realizaes gregas no campo artstico. A arte grega clssica caracteriza-se pela busca de harmonia, unidade e equilbrio, sobretudo na arquitetura e na escultura. Literatura - os gregos aperfeioaram o alfabeto fencio, transmitindo-o a diversos povos. Por isso, encontramos palavras de origem grega em diferentes lnguas. Alm disso, difundiram seus gneros literrios (lrica, epopia e drama), dos quais derivam o romance, a novela, o ensaio, a biografia etc. Teatro - os espetculos criam basicamente os dois gneros dramticos: a tragdia e a comdia. Durante os espetculos, os atores usavam mscaras, chamadas persona (origem dos termos personagem e personalidade). As diferentes mscaras permitiam que um mesmo ator desempenhasse vrios papis na mesma pea. Entre os principais dramaturgos destacam-se squilo (Prometeu acorrentado), Sfocles (dio rei, Antgona), Euroedes (Mdia, Alceste) e Aristfanes (As nuvens). Os teatros, geralmente construdos numa colina eram abertos para aproveitar a acstica natural. Arquitetura - as colunas no estilo drico, jnico e corntio caracterizam a arquitetura. Dentre as construes, destacam-se os templos que tinham a forma retangular. Escultura - de modo geral, tinha como finalidade decorar ou complementar as obras arquitetnicas. Destacam-se as esttuas de figuras humanas, constituem modelos idealizados de perfeio fsica. RELIGIO E MITOLOGIA A religio, um dos elementos que dava unidade ao mundo grego, apresentava duas caractersticas fundamentais: o politesmo e o antropomorfismo.

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Alm dos deuses imortais (Zeus, Hera, Ares, Atenas etc.), os gregos cultuavam heris ou semideuses que eram filhos de um deus com uma pessoa mortal (Teseu, Hrcules, Perseu etc.). Relatado a vida dos deuses e dos heris, os gregos criam uma rica mitologia, constituda por numerosas histrias fabulosas e fascinantes, que inspiraram diversas obras de arte ocidental. CULTURA HELENSTICA A INTERAO CULTURAL COM O ORIENTE Com a expanso militar do Imprio Macednico, Alexandre Magno difundiu a cultura grega entre os povos do Oriente. Por sua vez, a cultura oriental tambm exerceu influncia na cultura grega. Desse processo de interao cultural surgiu a cultura helenstica, de natureza cosmopolita, em oposio ao regionalismo de polis grega. Os principais centros de difuso da cultura merecem especial destaque devido Biblioteca de Alexandria, que possua mais de 100 mil rolos de papiro, reunindo praticamente todo o saber cientfico e filosfico da poca. Filosofia - o campo filosfico foi denominado por um clima de incertezas, descrenas e materialismo. Destacam-se Zeno (336 - 263 a C.) fundador do estoicismo, e Epicuro (342 - 271 a C.), que pregava o hedonismo. Cincias - o intercmbio de conhecimentos entre sbios gregos e orientais impulsionou o avano cientfico. A Geometria desenvolveu-se com Euclides; a Astronomia e a Geografia, com Hparco e Eratstenes e a Fsica com Arquimedes. Artes - o equilbrio e o racionalismo do classicismo grego adquiriam um carter mais dramtico, plstico, emotivo. Como exemplos clebres da arte helenstica, podemos citar culturas, como a Morte de Laocoonte e de seu dois filhos e a Vnus de Milo; e as obras arquitetnicas, como o farol de Alexandria e o Colosso de Rodes, que demonstraram o estilo monumental influenciado pelo Oriente.

ROMA Entre os principais povos que ocupavam a Itlia Antiga, destacam-se os: Italiotas - chegaram pennsula Itlica por volta de 2000 a.C. e ocuparam a Itlia central. Esse povo subdividia-se em tribos, como a dos latinos, dos volcos, dos quios, dos mbrios, dos sabinos, dos saminitas etc. Etruscos - chegaram pennsula Itlica por volta do sculo VIII a.C. e ocuparam inicialmente a regio da Itlia central, entre os rios Arno e Tibre. Posteriormente, expandiram seus domnios para o norte (at a plancie do rio P) e para o sul (at Campnia). Gregos - chegaram tambm por volta do sculo VIII a.C. com o movimento da colonizao grega. Ocuparam a parte sul da Itlia diversas colnias, conhecidas em seu conjunto como Magna Grcia. ORIGEM E DESENVOLVIMENTO HISTRICO As pesquisas histricas indicam que o nascimento de Roma est ligado s tribos italiotas dos sabinos e latinos, que se instalaram na regio do Lcio. A fundaram vrias aldeias. Entre elas, Roma. Entretanto, foi somente sob o domnio dos etruscos, em seu movimento de expanso, que a primitiva aldeia romana foi transformada em cidade. Foram os etruscos que instituram a primeira forma de governo em Roma: a monarquia. A histria poltica de Roma dividida, tradicionalmente, nos perodos;

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Monarquia (753 - 509 a.C.) - perodo em que Roma era uma pequena cidade sob a influncia dos etruscos. Repblica (509 - 27 a.C.) - perodo durante o qual desenvolveu suas instituies sociais e econmicas e expandiu seu territrio, tornando-se uma das maiores civilizaes do mundo antigo. Imprio (27 a.C. - 476 d.C.) - perodo em que Roma enfrentou inmeros problemas internos. A combinao desses problemas levou a civilizao romana decadncia.

A LENDA DA LOBA E OS DOIS GNIOS Uma antiga lenda, relatada pelo poeta romano Virglio, conta que Roma foi fundada por dois irmos gnios, Rmulo e Remo. Eles eram netos do rei Numitor, de Alba Longa, cujo trono fora usurpado por Amlio. De posse do trono, o usurpador ordenou que Rmulo e Remo, recmnascidos, fossem colocadas dentro de um cesto e lanados nas guas do rio Tibre. Levado pela correnteza, o cesto navegou rio abaixo, encalhando junto ao monte Palatino. Ali os dois irmos foram encontrados por uma estranha loba, que os amamentou. Posteriormente, um pastor chamado Fautolo acolheu as duas crianas e deu-lhes sua guarda e educao. Quando adultos Rmulo e Remo reconquistaram o trono de Alba Longa para seu av. Receberam ento, permisso par fundar Roma na regio onde a loba os havia encontrado. Por ocasio da fundao da cidade, surgiu uma intensa disputa entre os dois irmos para definir quem reinaria. Rmulo matou Remo passando a reinar na cidade, fundada em 753 a.C. Do nome Rmulo deriva o termo Roma. MONARQUIA INCIO DA ORGANIZAO POLTICO-SOCIAL Por volta do sculo VII a.C., os etruscos impuseram seu domnio aos italiotas e a aldeia romana tornou-se uma cidade. Ao adquirir caractersticas de cidade, Roma iniciou um processo de organizao polticosocial que resultou na Monarquia. POLTICA: AS INSTITUIES Durante a monarquia, Roma foi governada por Rei, Senado* e Assemblia Curial. O rei era juiz, chefe militar e religioso. No desempenho de suas funes, submetia-se fiscalizao da Assemblia Curial e do Senado. So conhecidos sete reis romanos: Rmulo, Numa Pomplio, Tlio Hostlio, Anco Mrcio, Tarqunio Prisco (a Antigo), Srvio Tlio e Tarqunio (o Soberano). Provavelmente deve ter havido muitos outros, porm no h comprovaes histricas. Desses reis, os quarto primeiros eram italiotas e os trs ltimos, etruscos. O Senado era um conselho formado por cidados idosos, responsveis pela chefia das grandes famlias (genos). As principais funes do Senado eram: propor novas leis e fiscalizar as aes do rei. A Assemblia Curial compunha-se de cidados agrupados em crias*. Seus membros eram soldados em condies de servir o exrcito. A Assemblia tinha como principais funes eleger altos funcionrios, aprovar ou rejeitar leis e aclamar o rei. SOCIEDADE: A DIVISO DE CLASSES A sociedade romana estava dividida nas seguintes categorias: Patrcios - eram os cidados romanos, grandes proprietrios de terras, rebanhos e escravos. Desfrutavam de direitos polticos e podiam desempenhar funes pblicas no exrcito, na religio, na justia, na administrao.

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Clientes - homens livres que se associavam aos patrcios, prestando-lhes diversos servios pessoais em troca de auxlio econmico e proteo social. Plebeus - homens livres que se dedicavam ao comrcio, ao artesanato e ao trabalho agrcola. A plebe representava a maioria da populao romana, sendo constituda de imigrantes vindos, sobretudo, de regies conquistadas pelos romanos. Durante o perodo monrquico, os plebeus no tinham direitos de cidados, isto , no podiam exercer cargos pblicos nem participar da Assemblia Curial. Escravos - eram, em sua maioria, prisioneiros de guerra. Trabalhavam nas mais diversas atividades como, servios domsticos e trabalhos agrcolas. Desempenhavam funes de capatazes, professores, artesos etc. O escravo era considerado bem material, propriedade do senhor, que tinha de castiga-lo, vend-lo, alugar seus servios, decidir sobre sua vida ou morte. PASSAGEM PARA A REPBLICA Apesar dos progressos que Roma vinha alcanando com a Monarquia, no reinado de Tranqunio as famlias romanas poderosas (os patrcios) ficaram insatisfeitas com as medidas adotadas por esse rei etrusco em favor dos plebeus. Para controlar diretamente o poder em Roma, os patrcios, que formavam o Senado, rebelaram-se contra o rei, expulsando-o e estabelecendo uma nova organizao poltica: a Repblica.

REPBLICA NOVAS INSTITUIES POLTICAS E EXPANSO MILITAR Com a instalao da Repblica os patrcios organizaram uma estrutura social e administrativa que lhes dava o direito de exercer domnio sobre Roma e desfrutar os privilgios do poder. Os patrcios controlavam quase a totalidade dos altos cargos da Repblica. Esses cargos eram exercidos por dois cnsules e outros importantes magistrados. Na chefia da Repblica, os cnsules eram auxiliados pelo Senado, composto por 300 destacados cidados romanos. Havia, ainda, a Assemblia dos cidados, manobrada pelos ricos patrcios. CONFLITOS ENTRE PATRCIOS E PLEBEUS Embora os plebeus constitussem a maioria da populao, eles no tinham direito de participar das decises polticas. Tinham deveres a cumprir: lutar no exrcito, pagar impostos etc. A segurana de Roma dependia de um exrcito forte e numeroso. Os plebeus eram indispensveis na formao do exrcito, uma vez que constituam a maior parte da populao. Conscientes disso e cansados de tanta explorao os plebeus recusaram-se a servir o exrcito, o que representou duro golpe na estrutura militar de Roma. Iniciaram lutas para conquistar direitos, como o de participar das decises polticas, exercer cargos da magistratura ou casar-se com patrcios. CONQUISTAS DA PLEBE Para retomar o servio militar, os plebeus fizeram vrias exigncias aos patrcios e conquistaram direitos. Entre eles encontrava-se a criao de um comrcio da plebe, presidido por um tribuno da plebe. A pessoa do tribuno da plebe seria inviolvel *. Ela teria tambm poderes especiais para cancelar quaisquer decises do governo que prejudicassem os interesses da plebe. Outras importantes conquistas obtidas pela plebe foram: Leis das Doze Tbuas (450 a.C.) - juzes especiais (decnviros) decretariam leis escritas vlidas para patrcios, o cdigo escrito para dar as normas, evitando arbitrariedades; Lei canulia (445 a.C.) - autoriza o casamento entre patrcios e plebeus. Mas na prtica s os plebeus ricos conseguiam casar-se com patrcios;

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Eleio dos magistrados plebeus (362 a.C.) - os plebeus lentamente conseguiram ter acesso a diversas magistraturas romanas. Em 336 a.C., elegeu-se o primeiro cnsul, que era a mais alta magistratura; Proibio da escravido por dvida - por volta de 336 a.C. foi decretada uma lei que proibia a escravido de romanos por dvidas (muitos plebeus haviam se tornado escravos dos patrcios por causa de dvidas). Em 326 a.C., a escravido dos romanos foi definitivamente abolida.

REVOLTA DOS ESCRAVOS Na Repblica ocorreram tambm revoltas escravas. Inconformados com a explorao a que eram submetidos, os escravos organizaram vrias revoltas contra as classes dominantes. Entre 136 e 132 a.C., saquearam a Siclia. Mais tarde, em 72 a.C., quase 80 mil escravos, sob a liderana de Esprtaco, organizaram um forte exrcito, que ameaou o poder de Roma durante quase dois anos. S em 71 a C., uma fora de exrcito romano, sob o comando de Licno Crasso, conseguiu vencer o exrcito de escravos liderado por Esprtaco. Aps essa vitria, a represso romana aos escravos rebeldes foi extremamente dura, para servir de exemplo a todos. Mais de seis mil seguidores de Esprtaco foram presos e crucificados em diversos locais das estradas romanas. Esprtaco, porm, parece ter sido morto em batalha. CONQUISTAS MILITARES E EXPANSO TERRITORIAL A luta poltica entre patrcios e plebeus no chegou a desestabilizar o poder republicano. Prova disso que a Repblica romana expandiu notavelmente seu territrio atravs de vrias conquistas militares. As primeiras evidncias da expanso militar consistiam no domnio completo da pennsula itlica. Mais tarde tiveram incio as guerras contra Cartago (cidade no norte da frica), conhecidas como Guerras Pnicas*. Posteriormente veio a expanso pelo mundo antigo. Guerras Pnicas (264 - 146 a.C.) - a principal causa das guerras de Roma contra Catargo foi a disputa pelo controle do Mediterrneo, quando os romanos completaram o processo de conquista da pennsula Itlica. Catargo era uma prspera cidade comercial, que possua colnia no norte da frica, na Silcia, na Sardenha e na Crsega. Era, portanto, uma forte corrente dos romanos. Para impor sua hegemonia comercial e militar nas regies do Mediterrneo, os romanos precisavam derrotar Catargo. Aps batalhas violentas, desgastantes e com duras perdas, os romanos conseguiram arrasar Catargo em 146 a C. Expanso pelo mundo antigo - eliminada a rival (Cartago), os romanos abriram caminhos para a dominao das regies do Mediterrneo ocidental (pennsula Ibrica, Glia) e oriental (Macednia, Grcia, sia Menor). O mar Mediterrneo foi inteiramente controlado pelos romanos, que o chamavam de mare nostrum ("nosso mar"). CONSEQNCIAS DAS CONQUISTAS MILITARES As conquistas militares acabaram levando Roma as riquezas dos pases dominados. O estilo de vida romana, antes simples e modesto, evoluiu em direo ao luxuoso, ao requintado, ao exrcito. A elevao do padro e do estilo de vida romano refletia-se nas construes, que eram privilgios de uma minoria de patrcios e plebeus ricos. No plano cultural, as conquistas militares colocaram em contato com a cultura de outras civilizaes. Nesse estilo, deve-se destacar a grande influncia dos gregos sobre os romanos. A sociedade tambm sofreu transformaes. Os ricos, nobres romanos, em geral pertencentes ao Senado, tornam-se donos de grandes latifndios, que eram cultivados pelos escravos. Obrigados a servir no exrcito romano, muitos plebeus regressaram Itlia de tal modo empobrecidos que, para sobreviver, passaram a vender seus bens. Sem terras, inmeros camponeses plebeus emigraram para a cidade, engrossando a massa de desocupados, pobres e famintos.

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CRISE E FIM DA REPBLICA O aumento da massa de plebeus pobres e miserveis tornava cada vez mais tensa a situao social e poltica de Roma. A sociedade dividia-se em dois grandes plos. De um lado, o povo e seus lderes, que reiniciavam reformas sociais urgentes. De outro, a nobreza, formada por comerciantes abastados e grandes proprietrios rurais. A REFORMA DOS GRACO Diante do clima de tenso, os irmos Tibrios e Caio Graco, que eram tribunos da plebe, tentaram promover uma reforma social (133 - 132 a.C.) para melhorar as condies de vida da massa plebia. Entre outras medidas, propuseram a distribuio de terras entre os camponeses plebeus e limitaes ao crescimento de latifndios. Sofreram ento forte oposio do Senado romano. Acabaram sendo assassinados a mando dos nobres, que se sentiram ameaados pelo apoio popular que os irmos vinham recebendo. Fracassadas as reformas sociais dos irmos Graco, a poltica, a economia e a sociedade romanas entraram num perodo de grande instabilidade. A TRANSIO PARA O IMPRIO Com o agravamento da crise, tradicionais instituies foram questionadas, e um clima de desordem e agitao foi tomando conta da vida das cidades. Diversos chefes militares entraram, sucessivamente, em luta pelo poder, marcando o processo de transio para o imprio. Entre os principais acontecimentos desse processo destacam-se: Em 107 a.C., o general Caio Mrio tornou-se cnsul. Reformou o exrcito instituindo o pagamento de salrio (soldo) para os soldados. Em 82 a.C., o general Cornlio Sila, representando a nobreza, derrotou Caio Mrio e instituiu um governo ditatorial. Em 79 a.C., Sila foi forado a deixar o poder devido ao seu estilo antipopular de governo, pois a situao social estava incontrolvel. Em 60 a.C., estabeleceu-se o Primeiro Triunvirato*, formado por Pompeu, Crasso e Jlio Csar, para governar Roma. Pouco tempo depois de assumir o poder, Crasso foi assassinado. Surgiu, ento, sria rivalidade entre Pompeu e Jlio Csar. Csar saiu vitorioso e tornou-se ditador supremo de Roma. Promoveu, durante seu governo, diversas reformas sociais para controlar a situao. Em 44 a.C. foi assassinado por uma conspirao organizada por membros do Senado. Em 43 a.C., estabeleceu-se o Segundo Triunvirato, composto por Marco Antnio, Otvio e Lpido. O poder foi dividido em trs: Lpido ficou com os territrios Africanos, mas depois foi forado a retirar-se da poltica; Otvio responsvel pelos territrios ocidentais; e Marco Antnio assumiu o controle dos territrios do oriente. Surgiu imensa rivalidade entre Otvio e Marco Antnio, que se apaixonara pela rainha Clepatra, do Egito. Declarando ao Senado que Marco Antnio pretendia formar um imprio no oriente, Otvio conseguiu o apoio dos romanos para derrot-lo. Assim, tornou-se o grande senhor de Roma. IMPRIO APOGEU E QUEDA DE ROMA A partir de 27 a.C., Otvio foi acumulando poderes e ttulos, entre eles o de Augusto* e o de Imperador.

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Otvio Augusto tornou-se, na prtica, rei absoluto de Roma. Mas, assumiu oficialmente o ttulo de rei e permitiu que as instituies republicanas (Senado, Comcio Centurial e Tribal etc) continuassem existindo na aparncia. ALTO IMPRIO (27 a.C. - 235 d.C.) O Alto Imprio foi a fase de maior esplendor desse perodo. Durante o longo governo de Otvio Augusto (27 a.C. - 14 a.C.), uma srie de reformas sociais e administrativas foram realizadas. Roma ganhou em prosperidade econmica. O exrcito foi ainda mais profissionalizado. O imenso imprio passou a desfrutar um perodo de paz e segurana, conhecido com Pax Romana. Aps a morte de Otvio Augusto, o trono romano foi ocupado por vrios imperadores que podem ser agrupados em quatro dinastias: Dinastia dos Jlio - Claudius (14 a.C. 68 d.C.) - Tibrio, Calgula, Cludio e Nero; Dinastia dos Flvios (69 d.C. 96 d.C.) - Vespasiano e Domiciano; Dinastia dos autoninos (96 d.C. 192 d.C.) - Nerva, Trajano, Adriano, Marco Aurlio, Antinino Pio e Cmodo; Dinastia dos servos (193 d.C. 235 d.C.) - Stimo Severo, Caracala Macrino, Heliogrbalo e Severo Alexandre; BAIXO IMPRIO ( 235 d.C. 476 d.C.) O Baixo Imprio corresponde fase final do perodo imperial. Costuma ser subdividido em: Baixo Imprio pago (235 d.C. 305 d.C.) - perodo em que dominavam as religies no-crists. Destacou-se o reinado de Diocleciano, que dividiu o governo do enorme imprio entre quatro imperadores (retrarquia) para facilitar a administrao. Esse sistema de governo, entretanto, no se consolidou. Baixo Imprio Cristo (306 d.C. 476 d.C.) - nesse perodo, destacou-se o reinado de Constantino, que atravs do Edito de Milo, concedeu liberdade religiosa aos cristos. Consciente dos problemas de Roma, Constantino decidiu mudar a capital do Imprio para a parte oriental. Para isso, remodelou a antiga Bizncio (cidade fundada pelos gregos) e fundou Constantinopla, que significa "cidade de Constantino". CRISE DO IMPRIO O Baixo Imprio foi sendo corrodo por uma longa crise social, econmica e poltica. Entre os fatores que contriburam para essa crise, destacam-se: elevados gastos pblicos para sustentar a imensa estrutura do exrcito e da burocracia administrativa; crescimento do nmero de miserveis entre a plebe, os comerciantes e os camponeses; desordens sociais e polticas provocadas por rebelies tanto das massas internas quanto dos povos submetidos. Agravando ainda mais essa situao social e econmica, os romanos tiveram que enfrentar a presso dos povos brbaros* que invadiram suas fronteiras. Alm disso, Roma havia incorporado muitos brbaros a seu exrcito como mercenrios*. Chegou um momento em que os romanos perceberam que os soldados encarregados de defender Roma vinham dos prprios povos contra os quais eles (romanos) combatiam. DIVISO DO IMPRIO Com a morte de Teodsio, em 395 d.C., o grande Imprio Romano foi dividido em Imprio Romano do Ocidente, com sede em Roma; e Imprio Romano do Oriente, com sede em Constantinopla.

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A finalidade dessa diviso era fortalecer cada uma das partes do imprio para vencer a ameaa das invases brbaras. Entretanto, o Imprio Romano do Ocidente no teve organizao interna para resistir aos sucessivos ataques desses povos. Em 476 d.C., o ltimo imperador de Roma, Rmulo Augusto, foi disposto por Odoacro, rei de Hrculos, um dos povos brbaros. Quanto ao Imprio Romano do Oriente, embora com transformaes, sobreviveu at 1453, ano em que os turcos conquistaram Constantinopla. PRODUO ECONMICA A FORA ESCRAVA NA CONSTRUO DO GRANDE IMPRIO Da mesma maneira em que na Grcia, em Roma predominou o modo de produo escravista. O escravismo desenvolveu-se em Roma principalmente a partir da Repblica, pois, com a expanso militar, grande parte dos prisioneiros foi transformada em escravos. O escravo realizava inmeros trabalhos nos mais diversos setores da economia, agricultura, artesanato, comrcio, minas, pedreiras e servios especializados, como o de msico, professor etc. Assim, o cidado, senhor dos escravos, ficava com tempo livre para as atividades administrativas, a diverso e o descanso (cio). PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONMICAS Nos cinco primeiros sculos de sua histria, a agricultura e a criao de animais foram as principais atividades econmicas dos romanos. O trigo e a videira eram os produtos mais cultivados. No perodo republicano, as conquistas militares trouxeram a expanso territorial, o contato com novos povos e o desenvolvimento do comrcio. Conquistando Catargo, os romanos dominaram as rotas martimo-comerciais do Mediterrneo, que se tornou o principal elo de ligao comercial do mundo antigo. No perodo imperial, Roma tornou-se o centro dominador da Antigidade. O Imprio atingiu cerca de 3,5 milhes de quilmetros quadrados, com uma populao total de mais de 70 milhes de habitantes. A atividade desenvolveu-se intensamente, sendo impulsionada por fatores como, a criao de uma moeda comum, vlida nas diferentes regies, a generalizao das regras do direito romano e a construo de inmeras estradas ligando os diversos pontos do imprio, para facilitar, entre outras coisas, o escoamento dos produtos. Com o crescimento comercial, intensificou-se a produo artesanal, destacando-se artigos como vasos cermicos, vidros, objetos de bronze e ferro etc. INTERCMBIO COMERCIAL DE UMA PONTA A OUTRA DO MEDITERRNEO Nos dois primeiros sculos de nossa era, o imprio conheceu o seu perodo de glria: as provncias desfrutavam de paz, desenvolveu-se a agricultura, a indstria e o comrcio. As mercadorias eram trocadas de uma ponta a outra do Mediterrneo. Exploravam-se minas de ouro e prata na Espanha, Dcia e Bretanha (Inglaterra de hoje). O Egito era o celeiro do trigo do imprio. Armazenavam-se, em Alexandria, as riquezas vindas da ndia (algodo, especiarias, prolas e pedras preciosas), da Arbia (mirra, incenso e alabastro) e da longnqua e misteriosa China (sedas). A Glia enviava para a Itlia seus cavalos, produtos alimentcios e tecidos. Roma recebia, ainda, trigo da frica, mrmores preciosos da Numdia, da Sria e sia Menor. HERANA CULTURAL ROMANA

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CULTURA ROMANA Assimilao e aperfeioamento de elementos culturais Com as conquistas militares, os romanos entraram em contato com diversos povos, dos quais absorveram e desenvolveram muitos elementos culturais, principalmente dos gregos. O poeta romano Horcio (65 - 8 a.C.) lembrava: Vencidas pelas armas, a Grcia acabou conquistando seu rude vendedor. Os romanos deixaram belssimas obras arquitetnicas. Foram responsveis pela difuso do cristianismo e pelo surgimento de idiomas derivados do latim. Deles herdamos a concepo fundamental do direito e textos clssicos de poetas e escritores. Origem do mecenato No era apenas atravs da fora que os dominantes de Roma queriam impor-se aos povos conquistados. Desejavam, tambm, ser vitoriosos e grandes no plano cultural. O anseio de Roma por projeo cultural foi tambm compreendido por Otvio Augusto, que durante seu governo (27 a.C. - 14 d.C.), incentivou uma poltica de proteo a artistas e intelectuais. O objetivo dessa poltica cultural era estimular a produo de obras que exaltassem a glria de Roma e de seu governo. Durante o sculo de Augusto encontramos ricos cidados, como o clebre Mecenas, que concedia proteo a diversos artistas e intelectuais. Os poetas Virglio, Horcio e Ovdio e o historiador Tito Lvio so exemplos de responsabilidades favorecidas por esse tipo de proteo. Do nome Mecenas originou-se o termo mecenato, que designa "a atividade de proteo s artes e s cincias". DIREITO E ARTES Grandes heranas culturais Do contato com diferentes povos, os romanos assimilaram elementos culturais variados. Retrabalharam esses elementos, acrescendo-lhes caractersticas prprias. Entre essas caractersticas, destaca-se a organizao social, que se refletiu no Direito, e o senso prtico, que se refletiu nas Artes. Direito O direito uma das grandes contribuies legadas pelos romanos civilizao ocidental. Desenvolveu-se em Roma, pois uma das preocupaes bsicas do Estado era regular, por meios de normas jurdicas, o comportamento social de numerosas populaes do imprio. Podemos dividir o direito romano em dois ramos fundamentais: direito pblico (ius publicum), que se referia s relaes jurdicas em que o estado atua como parte, e direito privado (ius privatum), que se referia s relaes jurdicas entre particulares. Essa classificao ainda utilizada em nossos dias, da mesma forma que muitos preceitos do direito romano constituem fonte de inspirao para juristas modernos. At hoje, freqente advogados e juzes citarem frases latinas, que refletem princpios formulados na antiga Roma. Artes Na grande produo artstica de Roma destacam-se as reas de literatura, arquitetura e escultura. Literatura - destacam-se os escritores e poetas como Virglio (Eneida), Horcio, Ovdio, Ccero, Catulo e o historiador Tito Lvio. Arquitetura - imponente e grandiosa foi a arquitetura produzida por Roma. Preocupada com o carter funcional, soube aliar beleza e utilidade na construo dos mais variados edifcios: teatros, baslicas, aquedutos, circos, templos religiosos, palcios. Nessas construes, arcos, abbadas e cpulas consagravam o aspecto monumental da obra.

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Destacam-se tambm as belas e eficientes estradas e pontes que interligavam as mais diversas regies do imprio, facilitando o trnsito de pessoas e trfego mercantil. Escultura - destacam-se os retratos (cabea ou busto) e as esttuas eqestres. Os escultores preocupavam-se em conseguir a reproduo mais fiel possvel da realidade e no a idealizao de modelos, como faziam os gregos.

PO E CIRCO Formas de controlar a tenso popular Roma foi uma das maiores cidades do mundo antigo. No sculo II, ela contava com cerca de 1.200.000 habitantes. Para manter sob controle essa grande massa populacional, constituda por muitos desocupados que viviam pelas ruas, as autoridades romanas distriburam alimentos periodicamente (o po) e promoviam diversos espetculos pblicos (o circo). Assim, "po e circo" era a frmula utilizada para controlar o povo. Eram tantas as festas e espetculos que o calendrio romano chegou a ter 175 feriados por ano. Os gladiadores fazem o espetculo Entre os espetculos mais populares estava as lutas contra animais ferozes e os combatentes entre gladiadores. Os gladiadores eram, normalmente, escravos ou prisioneiros de guerra treinados em escolas especiais de lutas (ludus gladiatourius). No final de cada luta, vrios escravos limpavam a arena, recolhendo os cadveres com ganchos. Um dos anfiteatros mais utilizados para esses espetculos violentos foi o Coliseu, que tinha capacidade para abrigar quase 90 mil espectadores. O circo e o teatro Alm das lutas de gladiadores, os romanos adoravam os espetculos de circo e de teatro. Nos circos, os romanos assistiam a acrobacia realizada por ginastas e equilibristas. Havia tambm corridas de cavalos atrelados a carruagens. No circo mximo de Roma, aproximadamente 50 mil pessoas podiam assistir a essas corridas e fazer apostas. Nos teatros, os romanos assistiam a peas dos mais variados gneros: stiras, tragdias, pantomimas. Entre os grandes autores do teatro romano destacam-se: Plauto Terncio, Lvio Andrnico etc. RELIGIO Do politesmo ao deus nico Os romanos eram politestas, adoravam uma grande quantidade de deuses. Assimilaram dos gregos uma srie de divindades que, exceto Apolo, foram rebatizadas com nomes latinos. Interpretando a vontade dos deuses, os sacerdotes apontavam o que era lcito, em termos de comportamento pblico. Essa interpretao, porm, era manipulada ao sabor dos interesses das classes dominantes. A religio era um dos fundamentos do Estado romano, sendo utilizada em termos polticos. No perodo imperial, passou-se a venerar a figura do imperador, que depois da morte ocupava lugar entre os deuses tradicionais (apoteose). Cristianismo Durante o reinado do imperador Augusto (27 a.C. - 14 d.C.), nasceu na provncia romana de Belm, na Galilia, Jesus Cristo.

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Ao completar 30 anos, Jesus percorreu a Palestina, pregando ao povo uma nova doutrina religiosa o cristianismo que se baseava na crena no deus nico. Anunciou que era o messias, enviado por Deus. Depois da morte de Jesus, sua doutrina foi, aos poucos, sendo difundida pelo Imprio Romano atravs da pregao de seus discpulos. Era uma doutrina que, devido sua mensagem de esperana na vida eterna, alcanava grande aceitao entre as camadas pobres e de escravos da sociedade. O martrio dos cristos Durante o governo de Nero (54 a.C. 68 d.C.), tiveram incio as primeiras perseguies aos cristos. Essas perseguies perduraram, de forma intermitente, at o governo de Diocleciano, que promoveu a ltima e mais cruel delas (303 - 305). So muitas as causas que explicavam o combate violento aos cristos. Dentre elas, destacam-se: a oposio dos cristos religio oficial de Roma, aos cultos pagos tradicionais e ao culto pessoa do imperador romano; a negao da religio oficial implicava na oposio a diversas instituies romanas como, por exemplo, a recusa a servir no exrcito pago romano. A punio sangrenta aos cristos era aproveitada como um espetculo trgico, que divertia os pagos. Lanados numa arena, os cristos eram obrigados a enfrentar, desarmados, lees e outras feras. O martrio dos cristos tornou-se um espetculo de grande atrao pblica. O fim da perseguio Apesar dos anos de perseguio, o cristianismo conseguiu sobreviver e conquistar um nmero crescente de adeptos. Com as crises socio-econmicas de Roma, que se intensificaram a partir do sculo III, muitas pessoas das classes dominantes converteram-se ao cristianismo. Paralelamente a esse processo, a perseguio aos cristos foi tornando-se cada vez mais branda. Em 313, o imperador Constantino, que se convertera ao cristianismo, concedeu liberdade religiosa ao todo o Imprio Romano, atravs do Egito de Milo. Assim, cristos puderam construir suas igrejas e celebrar publicamente seu culto. Posteriormente, em 391, o cristianismo tornou-se a religio oficial de Roma e organizou-se a igreja Catlica, que construiu hierarquia tendo como modelo a estrutura administrativa do imprio.

IDADE MDIA

SISTEMA FEUDAL

FEUDALISMO A ORGANIZAO MEDIEVAL DO OCIDENTE EUROPEU De modo geral, o feudalismo desenvolveu-se em trs grandes etapas: formao (sculo V a LX); consolidao (sculos X a XIII); e decadncia (sculo XIV a XVI). A formao do sistema feudal teve incio com a desagregao do Imprio Romano e a instalao dos povos brbaros na Europa Ocidental. Por isso, a criao das instituies feudais deuse a partir de elementos de origens romana e germnica. ELEMENTOS ROMANOS Da herana romana podemos destacar:

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colonato - sistema de trabalho servil que se desenvolveu com a decadncia do Imprio Romano, quando escravos e plebeus empobrecidos passaram a trabalhar como colonos em terras de um grande senhor; fragmentao do poder poltico - no final do perodo imperial a administrao romana no tinha condies de impor sua autoridade em todas as regies. Com o enfraquecimento do poder central, os grandes proprietrios de terras foram ampliando seus poderes locais.

ELEMENTOS GERMNICOS Da herana germnica destacam-se: Economia agropastoril - a base da economia germnica era a agricultura e a criao de animais, sem a preocupao de produzir excedentes para a comercializao. Comitatus - instituio social que estabelecera laos de fidelidade entre o chefe militar e seus guerreiros. Beneficium - chefes militares germnicos costumavam recompensar seus guerreiros concedendo-lhes possesses de terra, que foram chamados mais tarde de feudos. O sistema feudal prevaleceu durante um longo perodo de tempo em toda a Europa Ocidental. Por abranger rea to extensa no foi idntico em todos os lugares. Pode-se, no entanto, apontar algumas caractersticas comuns: enfraquecimento do poder real, e fortalecimento dos poderes locais e regionais; existncia de vnculos pessoais de obedincia e proteo entre o mais poderosos e os mais fracos (suserania e vassalagem); uso generalizado de trabalho servil no campo; declnio das atividades comerciais urbanas e fortalecimento da vida rural. SOCIEDADE RIGIDEZ DOS ESTAMENTOS FEUDAIS A sociedade feudal dividia-se em estamentos, e a mobilidade era praticamente inexistente. Os principais estamentos eram: Nobreza - constitudas pelos proprietrios de terra, que se dedicavam basicamente s atividades militares. Clero - constitudo pelos membros da Igreja Catlica, destacando-se o alto clero, formado pelo bispo, abades e cardeais. Servos - constituam a maioria da populao camponesa. Realizava todos os trabalhos necessrios subsistncia da sociedade. Alm dos trs principais estamentos, havia na sociedade feudal: um reduzido nmero de escravos; os viles, homens livres que trabalhavam para os senhores feudais, no eram mais servos (no estavam presos terra); os ministeriais, homens que administravam o feudo em nome do proprietrio; e uma populao urbana formada por pequenos mercadores e artesos.

A IGREJA MEDIEVAL IGREJA CATLICA ORGANIZAO E CONFLITOS Em meio desorganizao do mundo antigo, provocada pela invaso dos bancrios e pelo colapso do imprio romano, praticamente apenas a igreja conservou sua identidade institucional.

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Consolidada sua estrutura, a igreja preservou elementos da cultura greco-romana, revistos pela tica crist, e difundiu o cristianismo entre os povos brbaros. Valendo-se de sua influncia religiosa, a igreja exerceu importante papel em diversos setores da vida medieval, tornando-se instrumento de unificao social, diante da fragmentao poltica do feudalismo. ORGANIZAO DO CLERO Os sacerdotes da igreja dividiam-se em duas grandes categorias: Clero secular - formado por sacerdotes que viviam fora do mosteiro, hierarquizados em padres, bispos, arcebispos etc. Clero regular - formado por sacerdotes que viviam nos mosteiros e obedeciam s regras de sua ordem religiosa (beneditos, franciscanos, dominicanos, carmelitas, agostinianos). No ponto mais alto da hierarquia eclesistica estava o papa, bispo de Roma, considerado sucessor do apstolo Pedro. Nem sempre a autoridade papal foi aceita por todos os membros da Igreja, mas em fins do sculo VI ela acabou se firmando, em grande parte devido ao talento poltico - administrativo do papa Gregrio Magno (540 - 604). PODER TEMPORAL DA IGREJA O papa, desde 756, era administrador poltico de So Pedro, o Estado da Igreja. Alm do poder religioso, ele contava com o poder temporal da Igreja, isto , com o poder de acumular riquezas de doaes de terras por fiis desejosos da salvao eterna. Calcula-se que a igreja catlica tenha chegado a controlar um tero das terras cultivveis da Europa ocidental. Era uma grande "senhora feudal", numa poca em que a terra constitua a principal base da riqueza. O poder temporal da igreja levou o papa a envolver-se em diversos conflitos polticos com monarquias medievais. Exemplo marcante desses conflitos a Questo das Investiduras, no sculo XI, quando se chocaram o papa Gregrio VIII e o imperador do Sacro Imprio Romano Germnico, Henrique IV. SACRO IMPRIO ROMANO GERMNICO Do processo de diviso do Imprio Carolngio formaram-se dois reinos: um que corresponde atual Frana, e o outro, atual Alemanha. Na regio da atual Alemanha, o ltimo rei Carolngio, Luiz, morreu em 911. A partir de ento, os duques germnicos passaram a escolher entre eles o rei. O mais famoso rei eleito por esse processo foi Oto I, o Grande, coroado em 936. Oto I era analfabeto, mas, hbil e dinmico, promoveu o desenvolvimento das artes e da cultura. Em 955, derrotou os hngaros, que ameaavam o leste europeu. Mais tarde, em 961, dominou os lambardos no norte da Itlia e deslocou-se para Roma, em atendimento a solicitao do papa, que lhe pedia proteo contra os inimigos da igreja. Em 962, o papa Joo XII corou Oto I com ttulo de imperador do Sacro Imprio Romano Germnico. Nascia assim um novo imprio, uma espcie de sucessor do Imprio Carolngio. O Sacro Imprio tornou-se o mais extenso Estado europeu e, apesar das transformaes que sofreu ao longo do tempo, sobreviveu durante quase oito sculos e meio, perdurando at 1806. QUESTES DAS INVESTIDURAS A quem caberia nomear sacerdotes para os cargos eclesisticos: ao papa ou ao imperador? Esse problema, conhecido como Questo das Investiduras, remonta a meados do sculo X, quando o imperador Oto I, do Sacro Imprio Romano Germnico, passou a investir nos assuntos da Igreja. Fundou bispados e abadias, nomeou seus titulares e, em troca da proteo que concedia igreja, controlava as aes do papa.

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As investiduras (nomeaes) feitas pelo imperador visavam interesses pessoais e do reino, dando margem corrupo entre os membros do clero. Bispos e padres colocavam seu compromisso com o soberano acima da finalidade ao papa. No sculo XI surgiu um movimento reformista liderado pela Ordem Religiosa de Cluny, que pretendia recuperar o poder da Igreja. Em 1073, os ideais de Cluny ganharam fora, com a eleio do papa Gregrio VIII. Ele adotou uma srie de medidas reformistas, entre as quais: a instituio do celibato (1074) e a proibio da investidura de sacerdotes a cargos eclesisticos pelo imperador (1075). Reagindo atitude do papa, Henrique IV, imperador do Sacro Imprio, considerou-o deposto, Gregrio VIII, em resposta, excomungou-o. Desenvolveu-se ento, um conflito aberto entre o Imperador e o papa. Esse conflito s foi resolvido em 1122, pela Concordata de Worms, que adotou uma soluo de meio termo: caberia ao papa a investidura espiritual dos bispos, e ao imperador a investidura temporal antes de assumir a posse da regio que foi designada (bispado), o bispo tambm deveria jurar fidelidade ao imperador. TRIBUNAIS DA INQUISIO A FACE CRUEL DA IGREJA Nos diversos pases cristos, nem sempre a f manifesta-se nos termos pretendidos pela doutrina catlica. Havia uma srie de crenas e aes, denominadas heresias, que se chocavam com os dogmas da Igreja. Para conhecer as heresias, o papa Gregrio IV criou em 1231, os tribunais da Inquisio, cuja misso era descobrir e julgar os herticos. Os condenados pelo tribunal eram entregues s autoridades do Estado, que se encarregavam da execuo das sentenas. As penas aplicadas iam desde a confiscao de bens at a morte em fogueiras. PAPEL POLTICO Os tribunais da Inquisio atuam em vrios reinos cristos: Itlia, Frana, Alemanha, Portugal e, sobretudo, Espanha. Nesse ltimo, a Inquisio penetrou profundamente na vida social, munida de gigantesca burocracia pblica com cerca de 25 mil funcionrios. Pressionada pela monarquia catlica, a Inquisio atuou no sentido de combater os movimentos contrrios ordem social dominante, ultrapassando o seu objetivo de perseguir apenas as heresias. Assim, acabou desempenhando tambm papel de represso scio-poltica. CRUZADAS A GUERRA SANTA DOS CRISTOS Em 1095, o papa Urbano II fez um grande apelo cristandade para que movesse uma guerra santa contra os povos muulmanos que dominavam lugares sagrados do cristianismo (a regio do Santo Sepulcro, em Jerusalm, por exemplo). Atendendo ao apelo do papa, os cristos organizaram expedies militares conhecidas como cruzadas. Alm da questo religiosa, outras causas motivaram a organizao das cruzadas, a mentalidade guerreira da nobreza feudal, canalizada pela Igreja contra inimigos do cristianismo (os muulmanos); e o interesse econmico em dominar importantes cidades do Oriente. De 1096 a 1270, a cristandade europia organizou oito cru