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Romantismo No universo das palavras, algumas foram agraciadas com o dom do uso do exagero. Entre os eleitos, romantismo ocupa lugar de destaque. Ora com uma força substantiva, ora escorado no meio tom do qualificativo, há quase dois séculos o termo romântico habita o vocabulário do homem das ruas, do adolescente sonhador, do artista, do circunspecto acadêmico, do cartaz publicitário, enfim, dos mais variados tipos de discursos. A palavra romântico enleva e humilha, pois pode referir-se a uma atitude positiva, um gesto condenável, um sonho, ou a um alimento para o pleno exercício do imaginário humano. Amor e glória, sedução e prazer, ou simplesmente irresponsabilidade e frustração, representam muitas das antinomias que já passaram pela cabeça do usuário do termo romântico com tais polaridades, qual a magia que se esconde atrás de seus múltiplos desdobramentos? I - INTRODUÇÃO 1.1. Duas publicações são consideradas o marco inicial do romantismo no Brasil, ambas lançada em Paris, por Gonçalves de Magalhães, no ano de 1836: a Niterói - Revista Brasiliense e o livro de poesias “Suspiros Poéticos e Saudades”.

II - ORIGEM DO ROMANTISMO O romantismo definiu-se como escola literária na Europa a partir do século XVIII. O romance Werther de Goethe, publicado na Alemanha em 1774, lança as bases definidas do sentimentalismo român-tico e do escapismo pelo suicídio. Na Inglaterra, o Romantismo se mani-festa nos primeiros anos do século XIX, com destaque para a poesia ultra-romântica de Lord Byron e para o romance histórico Ivanhoé, de

Walter Scott. Mas, se coube à Alemanha e à Inglaterra o papel de pionei-ros com relação à nova tendência, à França coube o de divulgá-la. III – MOMENTO HISTÓRICO O momento romântico coincidiu com o momento decisivo da definição da nacionalidade, com propósitos expressos de reconhecer e valorizar o nosso passado histórico. Bem pouco tempo antes de 1836, a Independência do Brasil fora proclamada (7 de setembro de 1822). Os autores viveram em plena época da efervescência urbana, quando o Rio de Janeiro era a sede da corte e capital do Brasil.

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Houve também as escolas de direito: uma em São Paulo, outra em Recife. Faculdades muito importantes. não só formavam advogados como propiciaram um debate amplo de idéias. Os jovens estudantes de-senvolviam atividades políticas, artísticas e intelectuais. Discutiam filo-sofia, divulgaram pelo Brasil as idéias novas que vinham da Europa. Os das Faculdades de Direito – futuros dirigentes do país – funcionavam como unificadores de cultura, como defensores do novo estilo revolucio-nário - O Romantismo. IV - DEFINIÇÃO O romantismo enquanto em estilo de época pode ser datado, ou pelo menos delimitado, a um período que vai aproximadamente do final do século XVIII e meados do século XIX. Ou seja, mais de meio século de duração de um movimento que apresentou em seu interior variáveis quase antitéticas, nuanças tão diferenciadas que se chegaria a construir em absurdo qualquer tentativa de pensar a existência de um único ro-mantismo; o correto será pluralizarmos o termo; ao invés de romantismo, romantismos. O romantismo nasceu marcado por um movimento contraditório, onde afirmação e negação possibilitavam a ampliação do conflito entre o eu e o mundo, o indivíduo e o estado, proporcionando a eclosão de um individualismo em grau e profundidade como talvez nunca antes se tenha assistido no Ocidente. O sujeito problemático, em desarmonia com seu tempo e com a história - que, por sinal, havia ajudado a criar. A extrema emotividade, o pessimismo, a melancolia, a valorização da morte, o dese-jo de evasão, são apenas algumas das muitas formas de o romântico re-velar sua perplexidade ante um momento cujos valores se tornaram ina-ceitáveis. V – CARACTERÍSTICA DO ROMANTISMO

5.1. O Sentimentalismo / Emoção O homem romântico vê o mundo através do sentimento, diferen-temente do homem clássico que observa o mundo através da razão. O romântico quer sentir, emocionar-se, encher-se de sentimentos. segue-se irrestritamente a emoção. O sentimentalismo é critério estético: a obra deve sensibilizar o leitor e para isso o poeta deve usar de todos os re-cursos disponíveis. Esta divisão do mundo gerou na produção romântica uma poesia confessional. 5.2. Subjetivismo Os artistas românticos praticam um subjetivismo muito grande. Por e-xemplo, ao escolher um tema, optam por um bem pessoal, bem subjetivo. A elevação do EU, a interiorização do poeta que dá um caráter confes-sional e sentimental, levando ao egocentrismo. A visão romântica do mundo é o sujeito. “Enfim te vejo! Enfim te posso, Curvado a teus pés, dizer-te, Que não cessei te querer-te “Pesar que quanto sofri”. (Gonçalves Dias)

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5.3. A Supervalorização do Amor Para o romântico o amor é o valor maior e, mesmo trazendo so-frimento, vale a pena. 5.4. Liberdade de Criação Talvez a principal característica do Romantismo seja a liberdade de criação enquanto os autores do estilo clássico voltavam-se para o passado em busca de modelos e inspiração, o romântico volta-se para o novo, o diferente, o pessoal. Para criar o novo, ele abandona e critica as regras clássicas. (o artista deve deixar a inspiração fluir para criar textos originais. A originalidade é fundamental para a criação romântica)

5.5. Evasão / Escapismo (o romântico foge da realidade, projeta-se no passado, num mundo idealizado)Para vencer o círculo de ferro, o romântico não tem senão evadir-se, e as-sim o evasionismo se torna outra característica marcante de seu perfil moral. Evasão para-doxal, ao fim de contas, em duas direções: o mergulho no

desespero até a morte, ou a fuga no tempo (idade média) ou no espaço (natureza, pátria, terras exóticas a infância, descrevendo cenários remo-tos, ruínas). a) No espaço “Contempla os índios valentes Das florestas do Pará Escuta os sons das cascatas E os cantos do sabiá” (Cantiga – Fagundes Varela) b) No tempo “Oh! Dias de minha infância! Oh! meu céu de primavera! Que doce a vida não era Nessa risonha manhã! (Meus oito anos – Casimiro de Abreu) 5.6. Presença de Morte

A morte liricamente emoldurada pela imaginação febril, acenava aos românticos como a saída natural para os problemas. 5.7. Panteísta Fundindo Deus e a natureza, por sua vez assume atitudes pante-ístas, de modo que o voltar-se para a segunda em busca de consolo signi-fica apelar ao primeiro. (o “fado” – destino – romântico somente pode ser explicado pela intervenção divina. O panteísmo é a utilização da natureza para expressar a religiosidade – “Deus está em tudo”) 5.8. Religiosidade A ida espiritual é enfocada como ponto de apoio ou válvula de escape diante das frustrações do mundo real. 5.9. Personificação da Natureza ou Animismo A natureza romântica é expressiva. Ao contrário da natureza árcade, decorativa. Ela significa e revela. Prefere-se a noite ao dia, pois a luz crua do sol real impõe-se ao indivíduo, mas é na treva que latejam as forças inconscientes da alma: o sonho, a imaginação. Ela é viva, dinâmi-ca e interage com os sentimentos descritos. 5.10. Nacionalismo

Os artistas do estilo romântico culti-vam um forte nacionalismo, isto é, amavam a pátria, vista por eles como uma entidade perfeita, acima de qual-quer crítica. Por isso, em suas obras, exaltavam a natureza pátria, os mo-mentos que formaram e criaram seus heróis nacionais. a “cor local”: tudo que é caracterizador de uma nação – fauna, flora, tradições, etnias...) 5.11. Idealização

A extrema valorização da subjetividade, como fez o Romantis-mo, leva muitas vezes à deformação. O artista romântico é motivado pela fantasia e pela imaginação. 5.12. Idealização do Índio

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O poeta romântico, baseando-se nos heróis europeus da idade média (cavaleiro medieval) cria o herói brasi-leiro na figura dos índios, onde os mesmos serão apresentados como heróis fabulosos, seres perfeitos, valentes, guerreiros capazes de realizar grandes proezas. . No entanto, não se trata de um índio real, mas de uma figura idealizada, aproximada ao Cavaleiro Medieval. 5.13. Indianismo O índio contrapondo-se ao Português colonizador e à sua cultura. 5.14. Egocentrismo A maior parte dos poetas românticos é voltado predominante-mente para o próprio eu. (o autor projeta sua vida pessoal no texto: tudo gira em torno de seu ego) 5.15. Individualismo ( é o gosto pelo particular, por oposição ao uni-versalismo clássico. O romântico fala do seu mundo, do seu país, da sua experiência amorosa, das suas frustrações) 5.16. Reação ao Clássico (busca de uma identidade própria, alheia às regras e convenções clássicas). 5.16. Medievalismo (o romântico se identifica com a Idade Média: espi-ritualidade, emotividade e como herói projeta o Cavalheiro Medieval – no Brasil, é o índio que cumpre o papel de herói nacional). 5.17. Ilogismo (são acontecimentos pouco prováveis – ilógicos. São comuns as personagens passarem da tristeza profunda para uma ale-gria superior do entusiasmo ao tédio. Além disso, o bom é recompensa-do, o bem vence o mal...) 5.18. Mistério / Exótico ( o sobrenatural ocupa um lugar de destaque. É ele- como a religiosidade – que explica o inexplicável dentro da visão romântica de mundo) 5.19. Sonho / Fantasia (para o romântico, há um mundo especial, regi-do pelas regras da imaginação) “Vai alta a lua!na mansão da morte Já meia-noite com vagar soou.

Que paz tranqüila; dos vaivéns da sorte Só tem descanso quem ali baixou. Que paz tranqüila!...mas eis longe,ao longe Funérea campa com fragor rangeu; Branco fantasma semelhante a um monge; Dentre os sepulcros a cabeça ergueu.” 5.20.Gosto pelo folclore (as lendas, as tradições são motivos de exal-tação por parte dos românticos) 5.21.O uso constante de comparações e metáforas, com a intenção de dar vazão à fantasia, à imaginação e à realização.

VI – AS GERAÇÕES ROMÂNTICAS 6.1. 1ª Geração - Geração Nacionalista, Indianista e Religiosa

Os primeiros poetas românticos foram marcados pelo domínio do naciona-lismo, do patriotismo, e da ênfase que deram à natureza brasileira e suas poesias, uma paisagem tropical – onde se realça a exuberância, o exotismo, em oposição à paisagem européia. Neste conceito tropical emergiu o Indianismo. O índio era enfocado na acepção de representante de um pas-sado histórico brasileiro, visto como

lenda e mito, à moda dos cavaleiros medievais enxergados pelos euro-peus. O índio apareceu como formador do povo brasileiro e, como tal foi idealizado: era visto sempre de um ângulo positivo; a ele foram atribuí-

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das características de herói, como acontecem nas obras de Gonçalves Dias. 6.1.1. Autor e Obras Gonçalves Dias foi o primeiro poeta autêntico a emergir o nosso Romantismo. Se manteve com a literatura do grupo de Magalhães mais de um contato (passadio, pendor filosofante), a sua personalidade de artista soube transformar os temas comuns em obras poéticas duradouras que o situam muito acima dos predecessores. Gonçalves Dias é responsável pela consolidação do Romantismo no Brasil. De fato, o poeta maranhense trabalhou de forma brilhante todos os temas iniciais do Romantismo, o Indianismo, a natureza pátria, a religiosidade, o medievalismo, o sentimentalismo. POEMA INDIANISTA Juca Pirama (pertencente aos Últimos Cantos) I No meio das tabas de amenos verdores, Cercadas de tronos cobertos de flores, Alteiam-se os tetos d’altiva nação; São muitos seus filhos, no ânimo fortes, Temíveis na guerra, que em densa coortes, Assombram das matas a imensa extensão. (...) No centro da taba se estende um terreiro, Onde ora se aduna o concílio guerreiro Da tribo senhora, das tribos servis: O s velhos sentados praticam d’outrora E os moços inquietos, que a festa enamora, Derramam-se em torno dum índio infeliz. Quem é? - ninguém sabe: seu nome é ignoto Sua tribo não diz - de um povo remoto Descende por certo - dum povo gentil; Assim lá na Grécia ao escravo insulano

Tornavam distintos do vil muçulmano As linhas corretas do nobre perfil. III Em larga roda de nóveis guerreiros Ledo caminha o festival Timbira. A quem do sacrifício cabe as honras. Na fronte o canitar sacode em ondas, O enduape na cinta se embalança, Na destra mão sopesa a iverapeme, Orgulho e pujante - Ao menor passo Colar d’alvo marfim, insígnia d’honra, Que lhe orna o colo e o peito, ruge e freme, Como que por feitiço não sabido Encantadas ali as almas grandes Dos vencidos Tapuias, inda chorem Serem glória e brasão d’inimigos feros. Da tribo pujante, Que agora anda errante Por fado inconsciente, Guerreiros, nasci: Sou bravo, sou forte, Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi. Já vi cruas brigas, De tribos inimigas E as duras fadigas Da guerra provei; Nas ondas mendances Senti pelas faces Os silvos fugaces Dos ventos que amei. Andei longes terras, Lidei cruas guerras,

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Vaguei pelas serras Dos vis Aimorés; Vi lutas de bravos. Vi fortes - escravos! De estranhos ignavos! Calcados aos pés. (...) Meu pai a meu lado Já cego e quebrado, De penas ralado, Firmava-se em mi: Nós ambos, mesquinhos, Por ínvios caminhos, Cobertos d’espinhos Chegamos aqui! (...) Então forasteiro, Cai prisioneiro De uns troços guerreiros Com quem me encontrei: O cru dessossego Do pai fraco e cego, Qual seja, - dizei! “Eis-me aqui, diz ao índio prisioneiro; “Pois que fraco, e sem tribo, e sem família, “As nossas matas devassaste ousado, “Morrerás morte vil na mão de um forte”. Vem a terreiro o mísero contrário; Do colo à cinta a muçurana desse; “Dize-nos quem és, teus feitos canta, “Ou se mais te apraz, defende-te.” Começa O índio, que ao redor derrama os olhos, Com triste voz que os ânimos comove.

IV Meu canto de morte, Guerreiros, ouvi; Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo Tupi. Não vil, não ignavo, Mas forte, mas bravo, Serei vosso escravo: Aqui virei ter. Guerreiros, não coro Do pranto que choro; Se a vida deploro, Também sei morrer. V Solta-o! diz o chefe! Pasma a turba; Os guerreiros murmuram: mal ouviam, Nem pode nunca um chefe dar tal ordem! Brada segunda vez com voz mais alta, Afrouxam-se as prisões, a embira cede, A custo sim; mas cede: o estranho é salvo. (...) Eu era o seu guia Na noite sombria, A só alegria Que Deus lhe deixou: Em mim se apoiava, Em mim se firmava, Que filho sou. Ao velho coitado De penas ralado,

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Já cedo e quebrado, Que resta? - Morrer. Enquanto descreve O giro tão breve Da vida que teve, Deixa-me viver! VIII “Tu choraste em presença da morte? Na presença de estranhos choraste? Não descende o cobarde do forte; Pois honraste, meu filho não és! Possas tu, descende maldito De uma tribo de nobres guerreiros, Implorando cruéis forasteiros, Seres presa de vis Aimorés. (...) “Um amigo não tenhas piedoso Que o teu corpo na terra Embalsame, Pondo em vaso d’argila cuidadoso Arco e flecha e tacape a teus pés! Sê maldito, e sozinho na terra; Pois que a tanta vileza chegaste, Que em presença da morte choraste, Tu, cobarde, meu filho não és.”

O poema épico de estilo indianista I_Juca_Pirama de Antônio Gonçalves Dias, relata a história de um guerreiro tupi, aprisionado por uma tribo antropófaga dos tabajaras e que, sacrificando a sua honra (que o obriga a aceitar a morte com coragem), prefere passar por covarde de modo a cuidar do seu pai, velho e doente. O pai, ao rever o filho e ao cheirar a tinta com que este está ungido para efeitos de sacrifício, e perceber a calva de prisioneiro, fica envergonhado da covardia do filho e envia-o de volta para a tribo tabajara onde este demonstrará a sua valentia.

Suas composições líricas enquadram-se dentro da visão de amor do ho-mem romântico, com profundos traços de subjetivismo e flagrante influ-ência de seus casos amorosos; são poesias marcadas por dor e sofrimen-to, beirando em alguns momentos o ultra-romantismo. POEMA NACIONALISTA Canção do Exílio Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrela, Nossas várzeas têm mais flores, Nossas flores têm mais vida, Nossas vidas mais amores. Em cismar sozinho, à noite, Mais prazer encontro lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, que tais não encontro eu cá; Em cismar - sozinho, à noite - Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra Sem que eu volte para lá; Sem que eu desfrute dos primores Que não encontro por cá; Sem q’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.

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(Coimbra, Julho de 1843) Leito de folhas Verdes

(Gonçalves Dias) Por que tardas, Jatir, que tanto a custo À voz do meu amor moves teus passos? Da noite a viração, movimento as folhas. Já nos cimos do bosque rumoreja. Eu sob a copa da mangueira altiva Nosso leito gentil cobri zelosa Com mimoso tapiz de folhas brandas, Onde o frouxo luar brinca entre flores. Do tamarindo a flor abriu-se há pouco, Já solta o bogari mais doce aroma! Como prece de amor, como estas preces, No silêncio da noite o bosque exala. Brilha a lua no céu, brilham estrelas, Correm perfumes no correr da brisa, A cujo influxo mágico respira-se Um quebranto de amor, melhor que a vida! A flor que desabrocha ao romper d’alva Um só giro do sol, não mais vegeta: Eu sou aquela flor que espero ainda Doce raio do sol que me dê vida. Sejam vales ou montes, lago ou terra, Onde quer que tu vás, ou dia ou noite, Vai seguindo após ti meu pensamento; Outro amor nunca tive: és meu, sou tua!

Meus olhos outros olhos nunca viram, Não sentiram meus lábios outros lábios, Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas. A arazóia na cinta me apertaram. Do tamarindo a flor faz entreaberta, Já solta o bogeri mais doce aroma; Também meu coração, como estas flores, Melhor perfume ao pé da noite exala! Não me escutas, jatir! Nem tardo acodes À voz do meu amor, que em vão te chama. Tupã! Já rompe o sol! Do leito inútil A brisa da manhã sacuda as folhas! POEMA LÍRICO Se Se Morre de Amor (fragmento) Se se morre de Amor! - Não, não se morre, Quando é fascinação que nos surpreende De ruidoso sarau entre os festejos. Quando luzes, calor orquestra e flores Assomos de prazer nos raiam n’alma, Que embelezada e solta em tal ambiente no que ouve, e no que vêm prazer alcança! Simpáticas feições, cintura breve, Graciosa postura, porte airoso, Uma fita, uma flor entre os cabelos, Um quê mal definido, acaso podem Num engano d’amor arrebatar-nos Mas isso amor não é; isso é delírio, Devaneio, ilusão, que se esvaece Ao som final da orquestra, ao derradeiro

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Clarão, que as luzes no morrer despendem: Se outro nome lhe dão, se amor o chamam, D’amor igual ninguém sucumbe à perda. Amor é vida; é ter constantemente Alma, sentidos, coração - abertos Ao grande, ao belo; é ser capaz de d’extremos, D’altas virtudes, té capas de crimes! Compr’ender o infinito, a imensidade, E a natureza e Deus; gosta dos campos, D’aves, flores, murmúrios solitários; Buscar tristeza, a soledade, ermo, E ter o coração em risco e festa; E à branda festa, ao risco da nossa alma Fontes de pranto, intercalar sem custo; Conhecer o prazer e a desventura No mesmo tempo, e ser no mesmo ponto O ditoso, o misérrimo dos entes: Isto é amor, e desse amor se morre! 6.2. 2ª Geração -Geração Byroniana, Mal-do-Século ou Ultra-romântica

Se a década de 40 amadureceu a tradição literária nacionalista, nos anos que se seguiam, ditos da “Segunda Geração Ro-mântica” a poesia brasileira percorrerá meandros do extre-mo subjetivismo, à Byron e à Musset. Alguns poetas adoles-centes, mortos antes de toca-

rem a plena juventude, darão exemplo de toda uma temática emotiva de amor e morte, dúvida e ironia, entusiasmo e tédio.

A segunda geração se caracteriza pelo individualismo, pela ideali-zação da mulher e do amor, pelo sofrimento e descontentamento que só vê solução na morte e se refugia no sonho. “...Morria – se jovem porque isso era triste, e sobretudo lamentável (...). Secreta ou confessadamente o homem romântico se inclinava a morrer moço. E quantos ,mas quantos não terão morrido apenas vítimas desse pressen-timento, nem vale pena imagi-

nar!... (Mário de Andrade) 6.2.1. Autor: Álvares de Azevedo

O ultra-romantismo está presente nas muitas faces da poesia de Álvares de Azevedo. Amou desenfreadamente e desejou morrer – uma vez condenado pela tubercu-lose – para se libertar. Duas situa-ções bem contrárias portanto: o desejo de amar e o desejo de morrer, que às vezes tornam a obra de Álvares de Azevedo um tanto tumultuada e pouco equilibrada. Podemos notar a predileção que o poeta tem pelas horas noturnas ou indefinidas do crepúsculo: outras vezes o que se torna notável é a

ironia.

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OBRAS Idéias Íntimas “O pobre leito meu desfeito ainda A febre aponta da noturna insônia Aqui lânguido à noite debati-me Em vão delírios anelando um beijo... E a donzela ideal dos róseos lábios, No doce berço do moreno seio Minha vida embalou estremecendo... Foram sonhos contudo. A minha vida Se gosta de ilusões. E quando a fada Que diviniza meu pensar ardente Um instante em seus braços me descansa. E roça o medo em meus ardentes lábios Um beijo que de amor me turva os olhos. Me ateia o sangue, me enlouquece, a fonte. Soneto

Pálida, à luz da lâmpada sombria Sobre o leito de flores reclinada, Como a lua por noite embalsamada, Entre as nuvens do amor ela dormia!

Era uma virgem do mar! Na escuma fria Pela maré das águas embalada! Era um anjo entre nuvens d’alvorada! Que em sonhos de banhava e se esquecia! Era mais bela! O seio palpitando... Negros olhos as pálpebras abrindo... Formas nuas no peito resvalando... Não te rias de mim, meu anjo lindo! Por ti - as noites eu velei chorando, Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo! Um espírito negro me desperta, O encanto do meu sonho se evapora E das nuvens da nácar de ventura Rolo tremendo à solidão da vida.” 6.3. 3ª Geração - Geração Social, Condoreira ou Hugoana O terceiro momento romântico transcorre, aproximadamente, entre 1870, quando se publicam as “Espumas Flutuantes”, de Castro Alves, e 1881, quando vem o lume “O Mulato”, de Aluísio Azevedo: um decênio, portanto, dura a última floração romântica, correspondente a profundas mudanças na realidade nacional, que preparam os tempos novos, cujo epicentro será a proclamação, em 1889. Na terceira geração a poesia deixa de ser apenas um lamento sentimental murmurado para ser também um grito de protesto político ou de reivindicação social. A campanha pela República e pela Libertação dos Escravos ganha as ruas, e o poeta mais do que nunca, procura ser porta-voz de seu povo, e o seu canto, a luz da liberdade e o protesto con-tra as injustiças, como declara enfaticamente Castro Alves, o poeta mais famoso deste período. Castro Alves, poeta da 3ª geração, educado pela literatura de Vitor Hugo, tem horizontes mais amplos, interessando-se não apenas

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pelo eu (como bom romântico, Castro Alves é egocêntrico), mas também pela realidade que o rodeava, um processo de universalização. Cantou o amor, a mulher, a morte, o sonho, cantou à República, o abolicionismo, a igualdade, os oprimidos. Se o poeta já respirava os primeiros ares da nova escola literária,, que negaria o Romantismo, apresentando em sua temática tendências realistas, é perfeitamente romântico na forma, no discurso, entregando-se alguns exageros nas metáforas, comparações grandiosas, antíteses e hi-pérboles arrojadas, típicos do condoreirismo. A poesia lírico-amorosa de Castro Alves evolui do campo da idealização para uma concretização das virgens sonhadas pelos românti-cos anteriores; agora temos uma mulher de carne e osso, sensual, amante, individualizada. JULIETA “Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora. A lua nas janelas bate em cheio. Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde... Não me apertes assim contra teu seio. Boa-noite!... E tu dizes - Boa-noite. Mas não digas assim por entre beijos... Mas não mo digas descobrindo o peito, - Mar de amor onde vagam meus desejos. (...) Mulher do meu amor1 Quando aos meus beijos Treme a tua alma, como a lira ao vento, Das teclas de teu seio que harmonias, Que escalas de suspiros, bebo atento!” �����������

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�Todavia Castro Alves tornou-se célebre por sua obra abolicionista. Na realidade o poeta buscava um grande sonho: A República, a solução de todos os problemas vividos pelo país. Navio Negreiro (fragmento) Eram um sonho dantesco... o tombadilho Que nas luzernas avermelha o brilho, Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar do açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas Rega o sangue das mães: Outras, moças... mas nuas, espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas, Em ânsia a mágoas vãs. E ri-se a orquestra, irônica, estridente E da ronda fantástica a serpente Faz doudas espirais...

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Se o velho arqueja... se no chão resvala, Ouvem-se gritos... o chicote estala, E voam mais e mais... Presa no elos de uma só cadeia, A multidão faminta cambaleia, E chora e dança ali! (...) Um de raiva delira, outro enlouquece... Outro, de martírios embrutece,

Cantando, geme e ri! No entanto o capitão manda a manobra E após, fitando o céu que se desdobra Tão puro sobre o mar, Diz do fumo entre os densos nevoeiros: “Vibrai rijo o chicote, marinheiros! Fazei-os mais dançar!...”

E rir-se a orquestra irônica, estridente... E da roda fantástica a serpente Faz doudas espirais... Qual num sono dantesco as sombras voam!... Gritos, ais, maldições, preces ressoam!

E rir-se Satanás!...

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Síntese do Romantismo. ��Período: 1836 a 1881 – Século XIX

Momento Histórico: Revolução Francesa No Brasil: Independência

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Romantismo: uma nova arte para uma nova sociedade: oooo Burguesia – o romantismo é o estilo da burguesia que, depois de ser por tanto tempo desprezada, assume o poder econômico e político no Ocidente. Romantismo e Burguesia são fenômenos inseparáveis. oooo Formação do Público Leitor – foi no Romantismo que a rigor se formou o público leitor. Contribuiu para isso, a iniciação da mulher como leitura, a comercialização das obras literárias e o estilo mais popular da escrita. oooo Romance de Folhetim – a imprensa escrita teve muita importância na divulgação das obras românticas. Ao publicar suas obras no jornal, o escritor garantia a repercussão da sua escrita e abria a possibilidade de comercializá-la. Além disso, o leitor ao texto foi facilitado como nunca havia sido na história da literatura. 1ª Indianista / Nacionalista Anti-lusitania

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� Cor local / Ufanismo da Natureza � Medievalismo � Índio Idealizado � Mulher: Superior / Vassalagem � Gonçalves Dias 2ª Mal do século /Ultra- romântica /Byroniana � Morte como evasão � Spleen: tédio de viver � Autocomiseração � Mulher: Inacessível / Virgens Sonhadas Álvares de Azevedo 3ª Condoreira / Social / Hugoana � Temática Social e Libertária � Linguagem Vibrante � Tom de oratório � Mulher: Rural/Carnal/Concreta Castro Alves

OO RRoommaannttiissmmoo eemm TTeexxttooss CCoonntteemmppoorrâânneeooss NACIONALISMO/INDIANISMO

ÍNDIO (Caetano Veloso)

Um índio descerá de uma estrela colorida, brilhante De uma estrela que virá numa velocidade estonteante E pousará no hemisfério sul, na América, num claro instante Depois de exterminada a última nação indígena, E o espírito dos pássaros das fontes de águas límpidas Mais avançado que a mais avançada das mais avançadas das tecnologias.

Virá Impávido que nem Murramed Ali

Virá que eu vi Apaixonadamente como Peri Virá que eu vi

Tranqüilo e infalível como Bruce Lee Virá que eu vi O Axé do afoxé filhos de Gandhi Virá!

Um índio preservado em pleno corpo físico Em todo sólido, todo gás e todo líquido Em átomos, palavras, alma, gestos, cheiros, cor, em luz, em som magnífico. Num ponto eqüidistante entre o Atlântico e o Pacífico Do objeto, sim, resplandecente descerá o índio E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer assim de um modo explicito.

E aquilo que neste momento se revelará aos povos Surpreenderá a todos, não por ser exótico, mas pelo fato De poder ter sempre estado oculto, quando terá sido óbvio.

ULTRA-ROMANTISMO / BYRONISMO

MENTIRAS (Adriana Calcanhoto) Nada ficou no lugar Eu quero quebras essas xícaras Eu vou enganar o diabo Eu quero acordar sua família Eu vou escrever no seu muro E violentar o seu gosto Eu quero roubar no seu jogo Eu já arranhei os seus discos

Que é pra ver se você volta Que é pra ver se você vem Que é pra ver se você olha pra mim.

Nada ficou no lugar Eu quero entregar suas mentiras Eu vou invadir sua aula Queria falar sua língua Eu vou publicar seus segredos Eu vou mergulhar sua guia Eu vou derramar nos seus planos O resto da minha alegria.

NEM UM DIA (Djavan)

(Bis) Um dia frio Um bom lugar pra ler um livro E o pensamento lá em você Eu sem você não vivo Um dia triste

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Toda a fragilidade incide E o pensamento lá em você E tudo me divide

Longe da felicidade De todas as suas luzes Te desejo como o ar mais que tudo És manhã da natureza das flores

Mesmo por toda riqueza Dos xeiques árabes Não te esquecerei um dia, nem um dia Espero com a força do pensamento Recriar a luz que me trará você

(Bis) E tudo nascerá mais belo Verde faz do azul com o amarelo Elo com todas as cores Pra enfeitar amores gris.

AMOR, I LOVE IOU Marisa Monte & Arnaldo Antunes

Deixa eu dizer que te amo Deixa eu pensar em você Isso me acalma, me acolhe a alma Isso me ajuda a viver

Hoje contei p’ras paredes Coisas do meu coração Passeei no tempo, caminhei’as horas Mais do que passo a paixão

É um espelho sem razão Quero amor, fique aqui Meu peito agora dispara Vivo em constante alegria É o amor que está.

Amor, I love you! Amor (4x) “Tinha suspirado. Tinha beijado o papel devotamente. Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades e seu orgulho dilatava-se ao calor amoroso que saía delas, como um corpo ressequido que se estira num banho tépido. Sentia um acréscimo de estima por si mesma e parecia que entrava em si uma existência superiormente interessante, onde cada hora tinha seu encanto diferente, e cada passo produzia um êxtase. E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações.”

XOTE DOS MILAGRES (Tato)

Escrevi seu nome na areia O sangue que corre em mim sai da tua veia Veja só você é a única que não me dá valor Então por que será

Que esse valor é o que eu ainda quero ter Tenho tudo nas mãos, mas não tenho nada Então melhor ter nada é lutar pelo que eu quiser

Ê, mas péra aê, Ouça o forró tocando E muita gente aê Não é hora pra chorar Porém não é pecado se eu falar de amor Se eu canto sentimento seja ele qual for Me leva onde eu quero ir Se quiser também pode vir Escuta o meu coração Que bate no compasso da zabumba de paixão Ê pra surdo ouvir, pra cego ver Que este xote faz milagre acontecer

Ê pra surdo ouvir, pra cego ver Falamansa faz milagre acontecer

PRIMAVERA/ (Tim Maia)

Quando o inverno chegar, eu quero estar junto a ti Pode o outono voltar que eu quero estar junto a ti Eu ( é primavera ) te amo (É primavera) Te amo, meu amor! Trago esta rosa para te dar Trago esta rosa para te dar Trago esta rosa para te dar, meu amor! Hoje o céu está tão lindo ( Vai chuva ) Hoje o céu está tão lindo ( Vai chuva ) Hoje o céu está tão lindo ( Vai chuva )

CONDOREIRISMO / GERAÇÃO SOCIAL

CONDOR (Oswaldo Montenegro)

Voa, condor, o céu por detrás Traz na asa o sonho Com o céu por detrás Voa, condor, que a gente voa atrás Voa atrás do sonho Com o céu por detrás

Ai! Que o vôo do condor, no sol, Trace a linha da nossa paixão Eu quero que seja Mostrada no meio da rua E rolando no chão.

Ai! Que a gente despedace-os

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Ah! Que Deus seja o que quiser Explode a cabeça com olho de bicho, Mas com o coração de mulher

Ah! Se fosse como a gente quer Ah! E se o planeta explodir Eu quero que seja Em plena manhã de domingo E que eu possa assistir.

Ah! Que a miserável condição Da raça humana procurando o céu Levante a cabeça E ao levantar, brincando, Escorregue o seu véu.

Exercício 1. A poesia classificada como social, e condoreira é atribuída ao poeta român-

tico: a) Castro Alves b)Álvares de Azevedo c)Casimiro de Abreu

d)Gonçalves Dias e)Fagundes Varela 2. “Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos

Treme tua alma, como lira ao vento, Das teclas do teu seio, que harmonias, Que escalas de suspiros, bebo atento!”

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a) Gonçalves Dias – 1ª geração romântica – pessimismo b) Gonçalves Dias – 1ª geração romântica – mal do século c) Castro Alves – 3ª geração romântica – realização plena, concreta do amor d) Álvares de Azevedo – 3ª geração romântica – pessimismo e) Castro Alves – 2ª geração romântica – condoreirismo 3. “Já da morte o palor me cobre o rosto

Nos lábios meus o alento desfalece, Surda agonia o coração fenece, E devora meu ser imortal desgosto!”

No trecho acima, notamos qual característica romântica?

a) mal do século d) condoreirismo b) bucolismo e) indianismo c) nacionalismo

4. A primeira obra genuinamente literária no Brasil:

a) A Confederação dos Tamoios b) O Guarani c) Suspiros Poéticos e Saudades d) Prosopopéia e) A Carta de Caminha

5. Identifique as gerações românticas a que pertence cada texto abaixo:

• “Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro! Não levo da existência uma saudade.”

• “Ó guerreiro da tribo Tupi, Ó guerreiros, meus cantos ouvi.”

• “Quebre-se o cetro do papa, Faça-se dele uma cruz! A púrpura sirva ao povo P’ra cobrir os ombros nus.”

• “Bom tempo foy o d’outrora Quando nas guerras de mouros

Era o rey nosso pendão.” A seqüência correta é: a) 1ª geração – 1ª geração – 2ª geração – 3ª geração b) 2ª geração – 1ª geração – 3ª geração – 1ªgeração c) 3ª geração – 1ª geração – 1ª geração – 2ª geração d) 3ª geração – 1ª geração – 3ª geração – 1ª geração e) 2ª geração – 3ª geração – 1ª geração – 2ª geração

6. Assinale:

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das obras mais originais da nossa literatura no século XIX. Seu autor é: a) Castro Alves d) Aluísio de Azevedo

b) Álvares de Azevedo e) Gonçalves Dias c) Machado de Assis

10. As poesias de Álvares de Azevedo desenvolvem atmosferas variadas que vão do lirismo mais ingênuo ao erotismo, com toques de ironia, tristeza, zombaria, sensualidade, tédio e humor. Estas características demonstram:

a) a carga de brasilidade de seu autor. b) a preocupação do autor com os destinos de seu país. c) os aspectos neoclássicos que ainda persistem nos versos desse autor. d) o ultra-romantismo marcante nesse autor. e) o aspecto social de seus versos. 11. Considere os versos e, em vista das características neles expressas, indique

a que movimento eles podem ser relacionados: “Lerás porém algum dia

Meus versos, d’alma arrancados D’amargo pranto banhados Com sangue escritos; e então Confio que te comovas, Que a minha dor te apiade Que chores, não de saudade, Nem de amor ¬ de compaixão.” a) Parnasianismo d) Simbolismo b) Barroco e) Arcadismo c) Romantismo 12. Considere as características enunciadas a seguir: I. A antítese foi um dos recursos estilísticos preferidos para expressar a opo-

sição entre a atração dos prazeres e o anseio espiritual. II. Poesia encarada como confissão emotiva dos estados de alma III. Atração por ambientes noturnos, paisagens solitárias, fazendo da natureza

uma confidente dos dramas sentimentais do poeta. 7�� ��� ������� ������� ������������� � ������ ���a) Arcadismo, Romantismo, Barroco b) Romantismo, Barroco, Barroco c) Barroco, Romantismo, Romantismo d) Arcadismo, Romantismo, Simbolismo e) Barroco, Romantismo, Arcadismo 13. Marque a opção que melhor se enquadra no posicionamento do poeta da

geração hugoana em relação à mulher: a) “Houve um tempo em que eu pedia

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Uma mulher ao meu Deus, Uma mulher eu amasse, Um dos belos anjos seus.”

b) “Oh! Virgem dos meus amores Dá-me essa folha singela! Quero sentir teu perfume Nos doces aromas dela.... E nessa alva maçã Sonhar teu seio, donzela!”

c) “... e que tem nas faces belas; Mas às faces graciosas Aos negros olhos, que matam, Não imitam, não retratam Nem auroras nem estrelas.”

d) “Boa noite, Maria! Eu vou-me embora. A lua nas janelas bate em cheio; Boa noite, Maria! É tarde... é tarde... Não me apertes assim contra teu seio.”

e) “Perdoa-me, visão dos meus amores, se a ti ergui meus olhos suspirando! Se eu pensava num beijo desmaiando, Gozar contigo uma estação de flores!”

14. Renovou a poesia lírica romântica com poemas vibrantes de amor sensual, rejeitando a visão extremamente idealizada da mulher. O poeta em questão

é: a) Castro Alves d) Junqueira Freire b) Gonçalves Dias e) Alvares de Azevedo c) Casimiro de Abreu

15. Siga o código: I.A poesia condoreira é de cunho declamatório. II. O elemento indígena alencarino é totalmente semelhante ao apresentado na

obra de Castro Alves. III. O medievalismo (evasão no tempo) é apresentado no Brasil através do

indianismo.

IV. A 2ª geração da poesia romântica é marcada pela influência byroniana. V. Spleen é uma das características da produção de Álvares de Azevedo.

a) Somente I, III, IV e V estão corretas b) II e III estão incorretas c) IV e V estão incorretas d) I, II e V estão corretas e) Todas estão incorretas

16. Aponte a alternativa cujo enunciado, integralmente, justifica o romantismo

enquanto desenvolvimento temático e treinamento estilístico: a) grande valor dado à natureza como base da harmonia e da sabedoria; apre-

ço pela convenção pastoral, pelos gêneros bucólicos; simplicidade formal, clareza e eficácia das idéias.

b) Realidade vista através de uma ótica unidimensional que só admite a dire-ção intimista apoiada no culto do eu; amplificação do vocabulário, liber-dade métrica, originalidade na invenção das imagens.

c) Observação da realidade, marcada pelo senso quase fatalista das forças naturais e sociais pesando sobre o homem; estilo nervoso, capaz de repro-duzir o relevo das coisas e sublinhar com firmeza a ação dos homens.

d) Apreensão descritiva da realidade, com preferência pela história antiga, cenas históricas, paisagens, gosto do exótico e do diferente; cuidado for-mal, vocabulário preciso, efeitos plásticos e sonoros.

e) Criação de uma realidade abstrata e intangível, presa aos temas da morte e das paisagens vagas, impregnada de misticismo e espiritualidade; ritmos mais musicais, aliterativos e sinestésicos.